transformações químicas

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Transformações Químicas Descrição Este módulo apresenta algumas idéias sobre as transformações químicas importantes para todo o estudo da Química. O conhecimento das transformações químicas nos auxilia a compreender melhor muitos fatos do nosso dia-adia. Esse conhecimento também pode facilitar nossa atuação na sociedade, nos posicionando frente a questões sociais, pois podemos argumentar, também, com base no conhecimento científico. Você vai aprender como se pode reconhecer uma transformação química, através de evidências perceptíveis pelos nossos sentidos, ou pela caracterização dos produtos através de suas propriedades como temperatura de fusão, de ebulição, densidade e solubilidade. Para caracterizar um produto é necessário separá-lo através de processos adequados. Você vai aprender como separar uma substância por destilação, filtração, decantação, evaporação e cristalização. Você também vai estudar as relações de massa existentes em uma transformação química, através das leis de Lavoisier e Proust. Existe uma linguagem química que permite representar as substâncias e as transformações químicas. Você vai conhecer as fórmulas químicas e a linguagem das equações químicas. Conhecer os fatos é importante, porém, não suficiente para que possamos construir uma visão do mundo físico. Nesse sentido, devemos buscar explicações, construindo modelos capazes de explicar amplamente esses fatos.

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  • Transformaes Qumicas

    Descrio

    Este mdulo apresenta algumas idias sobre as transformaes qumicas importantes para todo

    o estudo da Qumica. O conhecimento das transformaes qumicas nos auxilia a compreender

    melhor muitos fatos do nosso dia-adia.

    Esse conhecimento tambm pode facilitar nossa atuao na sociedade, nos posicionando frente

    a questes sociais, pois podemos argumentar, tambm, com base no conhecimento cientfico.

    Voc vai aprender como se pode reconhecer uma transformao qumica, atravs de evidncias

    perceptveis pelos nossos sentidos, ou pela caracterizao dos produtos atravs de suas

    propriedades como temperatura de fuso, de ebulio, densidade e solubilidade. Para

    caracterizar um produto necessrio separ-lo atravs de processos adequados. Voc vai

    aprender como separar uma substncia por destilao, filtrao, decantao, evaporao e

    cristalizao.

    Voc tambm vai estudar as relaes de massa existentes em uma transformao qumica,

    atravs das leis de Lavoisier e Proust.

    Existe uma linguagem qumica que permite representar as substncias e as transformaes

    qumicas. Voc vai conhecer as frmulas qumicas e a linguagem das equaes qumicas.

    Conhecer os fatos importante, porm, no suficiente para que possamos construir uma viso

    do mundo fsico. Nesse sentido, devemos buscar explicaes, construindo modelos capazes de

    explicar amplamente esses fatos.

  • So propostos questes e exerccios ao longo do texto para que voc v formando e ampliando

    seus conhecimentos. So apresentados tambm, exerccios complementares para que voc

    possa aplicar seu conhecimento em situaes novas.

    Esse mdulo composto por 6 unidades sobre as transformaes qumicas:

    Unidade 1: reconhecimento das transformaes qumicas.

    Unidade 2: como obter substncias puras a partir de misturas que as contm.

    Unidade 3: a massa se conserva nas transformaes qumicas?

    Unidade 4: interpretando as transformaes qumicas.

    Unidade 5: representando as transformaes qumicas balanceamento de equaes qumicas.

    Unidade 6: previso das quantidades de reagentes e produtos formados.

    Transformaes qumicas: Relaes entre as

    quantidades envolvidas

    Muitos dos objetos que utilizamos cotidianamente provm de indstrias que

    transformam materiais em produtos. Isso com o objetivo bsico de nos auxiliar nas

    mais variadas tarefas. Para tanto, as transformaes qumicas envolvidas nesses

    processos so controladas das mais variadas formas.

    Um dos controles bsicos diz respeito s quantidades utilizadas e produzidas nas

    transformaes qumicas. Esse controle baseado na Lei da Conservao de Massa,

    de Antoine Laurent de Lavoisier, e na Lei das Propores Definidas, de Joseph Louis

    Proust.

    Lei de Lavoisier

    A Lei de Conservao de Massa resultante de estudos quantitativos sobre as

    transformaes qumicas. O trabalho de Lavoisier foi caracterizado pelo uso sistmico

    de instrumentos de medio e controle rigoroso das quantidades dos materiais

    envolvidos nas transformaes qumicas.

  • Entre seus experimentos, destaca-se o estudo com o aquecimento do mercrio

    lquido. Ele aqueceu em sistema fechado uma amostra de mercrio previamente

    mensurada e observou a formao de um slido vermelho, o xido de mercrio,

    verificando que a massa do xido formado era igual massa inicial dos reagentes.

    Veja uma representao da reao utilizada por Lavoisier:

    MASSA INICIAL = MASSA FINAL

    Massa de reagentes Massa de produto

    Materiais mercrio + gs oxignio xido de mercrio

    Caractersticas lquido prateado - gs incolor slido vermelho

    Lavoisier registrou em seus trabalhos que existe ainda uma relao entre as massas

    dos reagentes envolvidas e os produtos, na qual no se podem usar quaisquer

    quantidades de reagentes para obter uma quantidade arbitrria de produto(s). Ele

    chegou a essa concluso a partir de seu experimento envolvendo os gases oxignio e

    hidrognio, para obteno da gua em sistema fechado.

    A Tabela 1, a seguir, com dados similares aos adotados por Lavoisier em seus

    experimentos, pode ajudar no entendimento de sua postulao:

    TABELA 1 - DADOS SIMILARES AOS OBTIDOS EM 4 DAS EXPERINCIAS DE

    LAVOISIER

    Experincia Massa de gs

    oxignio (g)

    Massa de gs

    hidrognio (g)

    Massa de gua

    formada (g)

    Massa de oxignio

    que no reagiu (g)

    Massa de hidrognio

    que no reagiu (g)

    a 0,033 0,002 0,018 0,016 0,0

    b 0,033 0,004 0,037 0,0 0,0

    c 0,033 0,006 0,037 0,0 0,002

    d 0,085 0,0015 0,095 0,0 0,004

    Obs.: 0,001g para cima ou para baixo est dentro do considerado erro de pesagem da balana.

  • A relao entre reagentes e produtos verificada nos dados apresentados nos quatro

    ensaios (a, b, c, d). Considerando a preciso da balana, pode-se afirmar que

    realmente ocorreu a conservao da massa. Vejamos o caso do experimento b: foram

    utilizados 0,033 g de gs oxignio e 0,004 g de gs hidrognio para produzir 0,037 g

    de gua com nenhuma sobra de reagentes.

    Pode-se verificar que a massa de gua formada exatamente o somatrio das

    massas dos dois gases envolvidos. Essa concluso reforada ao observar a

    experincia c, na qual se utilizou 0,006 g de gs hidrognio, ao invs dos 0,004 g

    adotados no experimento b, pois a diferena entre os dois valores, 0,002 g, o exato

    valor que sobrou de hidrognio nessa experincia.

    Considerando tambm o experimento d como referncia de anlise, verifica-se que

    para formar 0,095 g de gua so necessrios 0,085 g de gs oxignio e 0,011 g de

    gs hidrognio, ou seja, dos 0,015 g de hidrognio utilizados restaram 0,004 g,

    demonstrando, assim, que existem quantidades especificas dos gases reagentes.

    Lei de Proust

    Em 1799, Joseph Louis Proust, com base no raciocnio da Lei da Conservao das

    Massas, estabeleceu a Lei das Propores Definidas (Lei de Proust), segundo a qual

    um determinado composto qumico sempre contm os seus elementos nas mesmas

    propores em massa.

    Como exemplo pode-se analisar a reao de combusto entre o metal magnsio e o

    gs oxignio. Veja a representao:

    TABELA 2 - VALORES DE TRS EXPERINCIAS ENVOLVENDO A COMBUSTO DO

    MAGNSIOR

    Experincia 2Mg + O2 ==> 2MGgO

    a 48,6 g 32 g 80,6 g

    b 97,2 g 64 g 161,2 g

    c 24,3 g 16 g 0,0 40,3 g

    Segundo a Lei de Proust, existe uma proporo definida entre as massas de

    reagentes para a formao de produtos. Por exemplo, no caso especfico da

    combusto do metal magnsio, representado na Tabela 2, a proporo constante,

    mesmo tendo sido utilizadas massas diferentes dos materiais nas trs experincias.

  • Vejamos o raciocnio matemtico:

    48,6 : 32 = 1,52

    97,2 : 64 = 1,52

    24,3 : 16 = 1,52

    A reao de formao do xido de magnsio apresentar sempre a mesma relao

    entre magnsio e oxignio, qualquer que seja a massa formada, ou seja, 1,52 partes

    de magnsio para 1 parte de oxignio.

    importante ressaltar que Lavoisier e Proust realizaram seus experimentos com

    quantidades de materiais possveis de serem mensuradas nas balanas existentes em

    suas pocas - e que, atualmente, trabalhos dessa natureza, realizados com balanas

    de ltima gerao, apontam para a confirmao das duas teorias.

    Erivanildo Lopes da Silva e Marcus Vinicius Bahia so professores do curso de Qumica da Universidade

    Federal da Bahia (campus ICADS-Barreiras).

    Bibliografia

    GEPEQ - Grupo de Pesquisa em Educao Qumica. Interaes e Transformaes I: elaborando conceitos sobre

    transformaes qumicas. So Paulo: Ed. EDUSP, 2001.

    LEMBO, A. Qumica - realidade e contexto: qumica geral. So Paulo: Editora tica, 2001.

    VANIN, J. A. Alquimistas e Qumicos: o passado, o presente e o futuro. So Paulo: Ed. Moderna, 1999.