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TRANSFERÊNCIA DOS ATIVOS DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM M INAS G ERAIS: A EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO DE CONSÓRCIOS INTERMUNICIPAIS DÉBORA DIAS DO CARMO

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TRANSFERÊNCIA DOS ATIVOS DA ILUMINAÇÃO

PÚBLICA EM MINAS GERAIS: A EXPERIÊNCIA DE

FORMAÇÃO DE CONSÓRCIOS INTERMUNICIPAIS

DÉBORA DIAS DO CARMO

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Painel 42/129 Organização em rede para a gestão Interfederativa de políticas públicas

TRANSFERÊNCIA DOS ATIVOS DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA

EM MINAS GERAIS: A EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO DE CONSÓRCIOS INTERMUNICIPAIS

Débora Dias do Carmo

RESUMO

A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu art. 30, inciso V, a competência

municipal para a prestação de serviços públicos de interesse local. Partindo desta premissa, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, por meio da Resolução

no 414/2010 obriga as distribuidoras a transferirem a manutenção dos ativos da iluminação pública aos municípios. No caso mineiro, a Cemig Distribuição S.A. – CEMIG detêm a concessão de manutenção de iluminação pública em 774

municípios. Destes serviços, o município assumirá a manutenção, operação e reposição de peças/equipamento referente à iluminação pública. Uma solução

vislumbrada para tratar deste problema é a formação de consórcios intermunicipais multifinalitários, regulados pela Lei Federal 11.107/2005. Neste sentido, a SEDRU, em parceria com a CEMIG e o TCE, elaborou um estudo de competitividade para

formação de consórcios, contendo recomendações e sugestões de editais para nortearem os municípios. O artigo em questão apresenta os processos de redução

de preço dos serviços, além do ganho de escala nos processos licitatórios e o atual panorama de Minas Gerais na transferência destes ativos.

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1 INTRODUÇÃO

Ao final de 2014, os municípios brasileiros assumirão um novo serviço

público; a gestão da iluminação pública. Neste sentido, os municípios serão

responsáveis pela gestão e promoção do serviço de iluminação pública (IP); a

manutenção, operação e reposição de peças e equipamentos necessários à

iluminação pública. Dentro da reposição de peças destaca-se a reposição de

lâmpadas, bem como, a de luminárias, braços e materiais de fixação e componentes

eletrônicos (reles, reatores, cabos, suporte de chaves, dentre outros).

No entanto, cabe destacar que esta nova competência ainda enfrenta

problemas, devido à capacidade técnica e financeira dos municípios e pelo contexto

e maturidade política de cada um. A distribuição de recursos entre os entes

municipais ainda é um desafio para o cumprimento de políticas públicas. Segundo

Bremaeker (2007), em 2005 os municípios detinham apenas 16,4% de recursos

disponíveis para a execução de todas as atribuições municipais.

Tabela 1 – Distribuição Federativa dos recursos disponíveis para cada um dos entes federados – Brasil – 1960 a 2005

ANOS UNIÃO (%) ESTADOS (%) MUNICÍPIOS (%)

1960 59,5 34,1 6,4

1965 54,8 35,1 10,1

1970 60,8 29,2 10,0

1975 68,0 23,3 8,7

1980 68,1 23,3 8,6

1985 62,7 26,2 11,1

1990 58,9 27,6 13,5

1995 56,2 27,2 16,6

2000 56,7 26,4 16,9

2005 55,2 28,4 16,4

Fonte: (VERSANO et al., 2004, apud BREMAEKER, 2007)

Neste contexto, Minas Gerais, e seus vários atores envolvidos, uniram

forças para a busca de melhores alternativas para a prestação dos serviços de

iluminação pública. Atualmente, Minas Gerais é o Estado da federação com mais

municípios em seu território, totalizando 853; destes, 92% tem uma população

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inferior a 50 mil habitantes. A baixa densidade populacional dificulta, principalmente,

na atratividade de proposta, pois apresentam menor número de ativos de IPs,

dificultando assim, no ganho de escala do processo de aquisição dos serviços.

Tabela 2 – Distribuição municípios em relação ao número de habitantes – Minas Gerais – 2010

Faixa de População (hab.) Quantidade de municípios

% de municípios

Até 5.000 hab. 241 28%

Entre 5.000 <= 10.000 hab. 250 29%

Entre 10.000 <= 50.000 hab. 296 35%

Acima de 50.000 hab. 66 8%

Fonte: IBGE. Censo, 2010.

Segundo um balanço realizado em dezembro de 2014, pela Agência

Nacional de Energia Elétrica – Aneel, apenas 19 dos 853 municípios transferiram os

ativos de iluminação pública em Minas Gerais. Esta realidade é espelhada em parte

no território nacional; dos 5.564 municípios brasi leiros, 1.809 (33%) não tinham

assumido os ativos.

Retomando ao universo mineiro, a Cemig Distribuição S/A – CEMIG,

empresa do Grupo Cemig responsável pela distribuição de energia, detém a

concessão do serviço de energia elétrica em 774 municípios (91% do total) e conta

com uma rede de, aproximadamente, dois milhões de pontos de iluminação. A

Energisa, DME de Poços de Caldas e a CPFL atuam nos demais municípios.

Neste sentido, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional,

Política Urbana e Gestão Metropolitana – SEDRU, em conjunto com a Associação

Mineira de Municípios – AMM, o Tribunal de Contas do Estado – TCE e a Cemig

Distribuição S/A – CEMIG D propuseram um trabalho, em conjunto, para auxiliar na

proposta de transferência e atenuar os gastos municipais. A principal saída foi

formatação, em conjunto com os municípios e estes atores citados, de consórcios

intermunicipais, buscando a promoção e a integração dos municípios. Em função

desta institucionalização, cerca de 600 municípios estão envolvidos em processos

de criação ou estruturação de consórcios públicos para a prestação dos serviços de

iluminação pública.

5

2 HISTÓRIO E METOLOGIA DO TRABALHO

O presente trabalho desdobrou-se de uma série de interlocuções entre os

órgãos supracitados, os quais serão mencionados ao decorrer deste texto.

Inicialmente, a AMM, cujo papel é articular os municípios mineiros, assumiu após a

publicação da Resolução ANEEL no 414/2010 – que rege sobre a transferência dos

ativos – uma postura contrária à transferência, contribuindo de forma significante

para o adiamento desta determinação. Inicialmente, o prazo foi prorrogado para

janeiro de 2014, com o intuito de realizar alguns estudos para apoio aos municípios.

Cabe destacar, que mesmo com a protelação do prazo, as prefeituras apontaram as

diversas dificuldades principalmente devido a grande renovação de prefeitos na

última eleição municipal (2012), além da necessidade de ajustes referentes à

Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública, ou em alguns casos, a criação

da mesma.

A partir deste cenário, a ANEEL estruturou a audiência pública no

107/2013 sobre a prorrogação do prazo durante o período de 26/9/13 a 8/11/13, com

etapas presenciais nas seguintes capitais: São Paulo, Belo Horizonte e Recife; neste

período receberam 94 contribuições. Após este momento de escuta, a Diretoria da

ANEEL ampliou o prazo, inclusive para os municípios acima de 50 mil habitantes,

para o final do exercício de 2014, mas ressaltou:

Entendo que esta segunda prorrogação aqui proposta deverá ser considerada como a última concedida e que as distribuidoras e os municípios devem se antecipar o máximo possível nesse processo para

garantir que a transferência seja efetuada dentro do prazo agora estipulado. (ANEEL, 2013).

Perante isto, a AMM contratou a elaboração de estudo para subsidiar os

municípios na contratação e especificação destes novos serviços, por meio da

modalidade licitatória Sistema de Registro de Preço. Foi elaborada uma cartilha com

orientações e modelos que poderiam ser adaptados a realidade dos municípios.

Esta foi apresentada em março aos municípios, em conjunto com uma nota técnica.

Em maio a CEMIG D e o TCE firmaram o Termo de Cooperação Técnica

com intuito de alinhamento do processo de transferência dos ativos de IPs.

Originário deste termo elaborou-se a Portaria no 036/PRES/14, cujo objetivo foi

6

criação do grupo de trabalho, multidisciplinar, para superar possíveis dificuldades e

proposição jurídicas sobre a operacionalização das transferências, tanto no nível

técnico, bem como, contábil.

Paralelo a estas atividades, a CEMIG D também firmou um termo de

parceria com a SEDRU e a AMM para o auxílio, junto aos municípios, sobre a

possiblidade de estruturação de consórcios intermunicipais, resultando em um grupo

de trabalho para prestar esclarecimentos e proposição de ações. A primeira ação

deste grupo foram reuniões nas associações microrregionais, aproveitando uma

estrutura já existente. As reuniões iniciais tiverem o intuito de nivelar e esclarecer as

informações sobre a transferência dos ativos do IPs, incluindo o marco regulatório,

formas de contratação, estimação de custos, disponibilização de dados sobre os

quantitativos dos ativos por município ou associação. Estiveram presentes cerca de

750 prefeitos municipais, 500 vereadores, além, de promotores públicos, agentes do

setor elétrico, dentre outros.

Todo este esforço teve o intuito de fomentar o consorciamento e

parametrizar os estudos e processos licitatórios, obtendo assim, ganhos de escala,

redução de preços e possíveis contratações regionalizadas. Outro ponto abordado,

exaustivamente, foram as possíveis consequências de assumir e operar diretamente

os serviços necessários aos ativos de IP; incluindo os riscos de acidentes e

indenizações, além da exposição e responsabilização dos próprios gestores

municipais caso a contratação não tenha a devida qualificação técnica.

Em setembro de 2014, a CEMIG D e a SEDRU, representados pelos

técnicos1, elaboram relatório que abordava os principais aspectos técnicos relativos

à transferência e gestão dos ativos, bem como, o estágio do processo. Este relatório

subsidiou a Orientação Técnica publica em dezembro de 2014 no site do TCE-MG.

1 José Firmo do Carmo Júnior e Kelson Dias de Oliveira, Assessoria Especial da Gerência de Relacionamento com Clientes Especiais (CEMIG D); Paulo Mendes, Diretor de Assistência Técnica

e de Fomento aos Consórcios (SEDRU).

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3 TRANSFERÊNCIA DOS ATIVOS DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM MINAS GERAIS

3.1 Marco regulatório dos ativos de iluminação pública

A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu art. 30, inciso V, a

competência municipal de “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de

concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local” (BRASIL, 1988).

Dispõe ainda no art. 149-A a possibilidade de instituição de contribuição para custeio

dos serviços de iluminação, mediante lei especifica, conforme trecho, “os Municípios

e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para

o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III”

(BRASIL, 1988). Esta cobrança é intitulada como Contribuição de Iluminação Pública

– CIP.

Segundo a ANEEL, entende-se como i luminação pública:

o serviço que tem por objetivo prover de luz ou claridade arti ficial, no período noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais, os logradouros públicos. (...) Inclui -se neste conceito os logradouros públicos que

necessitam de iluminação permanente no período diurno. (ANEEL, 1998).

Ainda segundo a agência caracteriza-se como iluminação pública o:

fornecimento de energia elétrica para iluminação de ruas, praças, avenidas, túneis, passagens subterrâneas, jardins, vias, estradas, passarelas, abrigos de usuários de transportes coletivos, e outros logradouros de domínio

público, de uso comum e livre acesso, cuja responsabilidade pelo pagamento das contas e pelas demais obrigações legais, regulamentares e contratuais seja assumida, exclusivamente, por pessoa jurídica de direito

público. (ANEEL, 1998).

A transferência dos serviços de IP englobam a manutenção, implantação,

expansão das instalações. Para a CEMIG D integram as instalações destinadas a de

iluminação pública:

Lâmpadas, luminárias, braços e suportes para instalação de equipamentos

de Iluminação Pública, projetores, conectores, condutores, reatores, relés fotoelétricos, tomadas para relés fotoelétricos, interruptores, contatores, caixas de comando, postes, transformadores e eletrodutos quando

destinados exclusivamente à iluminação de logradouros públicos . (CEMIG D, s.d).

8

Baseado nos dizeres constitucionais, a Resolução ANEEL no 414/2010

instrui as distribuidores a transferirem a implantação, manutenção e expansão das

instalações de IP. Segundo o art. 21 da resolução a “elaboração de projeto, a

implantação, expansão, operação e manutenção das instalações de iluminação

pública são de responsabilidade do ente municipal ou de quem tenha recebido deste

a delegação para prestar tais serviços” (ANELL, 2012).

Conforme mencionado no art. 218 do mesmo documento, “a distribuidora

deve transferir o sistema de iluminação pública, registrado como Ativo Imobilizado

em Serviço – AIS, à pessoa jurídica de direito público competente.” Inicialmente o

prazo para transferência era 31 de janeiro de 2014, no entanto, foi promulgada a

Resolução Normativa ANEEL no 587/2013, que altera o prazo para o final do

exercício de 2014 e inclui a responsabilização da qualidade do sistema de

iluminação pública a ser transferido, conforme trecho:

A distribuidora deve encaminhar a ANEEL (...) o termo de responsabilidade

em que declara que o sistema de iluminação pública está em condições de operação e em conformidade com as normas e padrões disponibilizados pela distribuidora e pelos órgãos oficiais competentes, observado também o disposto no Contrato de Fornecimento de Energia Elétrica acordado entre a

distribuidora e o Poder Público Municipal, conforme Anexo da Resolução Normativa n

o 587, de 10 de dezembro de 2013.

3.2 Objeto da transferência

O sistema de iluminação pública abrange todo o território municipal –

perímetro urbano, zonas de expansão, distritos e zonas rurais – e somente poderão

ser executados nos locais caracterizados conforme conceitos da ANEEL, já

mencionados no item anterior. O sistema de IP consiste em “elaboração de projeto,

a implantação, expansão, operação e manutenção das instalações de iluminação

pública” (ANELL, 2012), incluindo materiais, equipamentos e mão de obra.

Segundo o art. 68 da Resolução ANEEL no 414/2010 são objetos dos contratos dos

serviços de i luminação pública:

I – especificação da propriedade dos ativos das instalações;

II – forma e condições para prestação dos serviços de operação e

manutenção, conforme o caso;

III – procedimentos para alteração de carga e atualização do cadastro;

IV – procedimentos para revisão do consumo de energia elétrica ativa,

vinculado à utilização de equipamentos de controle automático de carga;

9

V – tarifas e tributos aplicáveis;

VI – condições de faturamento, incluindo critérios para contemplar falhas no funcionamento do sistema;

VII – condições de faturamento das perdas referidas no Art. 94;

VIII – condições e procedimentos para o uso de postes e da rede de distribuição; e

IX – condições para inclusão da cobrança de contribuição social padrão,

custeio do serviço de iluminação pública na fatura de energia elétrica, quando cabível, em conformidade com o estabelecido por lei municipal.

Destes, o principal custo será a manutenção. Inicialmente, consideram-se

os serviços de manutenção as ações corretivas, bem como, as ações de prevenção.

O serviço de manutenção consiste nos cuidados técnicos necessários para

assegurar o pleno funcionamento do sistema de IP em todo o território municipal.

Este serviço versa sobre o atendimento telefônico, conforme preconiza o art. 183 da

Resolução ANEEL no 414/2010, sistemas de gerenciamento das informações e troca

dos ativos e componentes danificados.

Tais serviços podem ser descritos como:

Inspeção das conexões e pontos de iluminação, promovendo a

correção, no caso de inconformidades;

Atendimento ao consumidor, dentro dos prazos estabelecidos na

Resolução ANEEL no 414/2010;

Substituições ou reparos de componentes do sistema de IP dentro dos

prazos determinados em resolução.

Software para identificação dos pontos e gerenciamento dos sistemas.

3.3 Formas mapeadas de transferências dos ativos de IP

Segundo as informações levantadas nos processos de consulta e

reuniões técnicas, principalmente descritas no relatório elaborado pela CEMIG D e

SEDRU, até o presente momento, foram vislumbradas quatro agentes capazes de

assumir os serviços de iluminação pública, sendo eles, o município, as associações

microrregionais, os consórcios e as agências de desenvolvimento metropolitano.

Segue o detalhamento de cada um deles:

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1. Município: O município como agente responsável pelo sistema de

iluminação pública. Atualmente 45 municípios, sob concessão da

CEMIG D, assumiram isoladamente a manutenção. Muitos outros

estão em processo, inclusive, permitindo outros municípios sejam

caronas nos registros de preço já realizados.

1.1. Serviço operado diretamente: neste caso a prefeitura assume,

em seu corpo técnico, o serviço especializado, inclusive

maquinários específicos para o fornecimento do serviço.

Segundo estimativa realizada pelos envolvidos CEMIG D e

SEDRU, seria necessário um investimento de aproximadamente

R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), além de assumir

presumidamente, os riscos de acidentes trabalhistas e

respectivas indenizações.

1.2. Prestação do serviço: neste procedimento, a prefeitura municipal

contrata o serviço de manutenção dos ativos, delegando a

empresa o fornecimento de mão de obras e estruturas

necessárias ao funcionamento do sistema, inclusive a reposição

de componentes. Provavelmente esta opção será a adotada

pelos municípios que optarem por agirem isoladamente.

1.2.1. Registro de Preço: o município organiza uma

concorrência ou pregão, conforme art. 15 da Lei 8.666/93,

para a contração do serviço. Nesta modalidade os

municípios poderão entrar como caronas no processo.

1.3. Parceria Público-Privada (PPP): As PPP são contratos

administrativos de concessão regulados pela Lei no 11.079/04.

Necessariamente, o investimento deverá ser acima de R$

20.000.000,00 (vinte milhões de reais) e duração entre 5 a 35

anos. Atualmente nenhum município optou por esta modalidade

e a mesma somente seria viável caso quando incorporarmos os

princípios de eficiência energética, implicando a substituição de

equipamentos.

11

2. Associação Microrregional: As associações microrregionais são

pessoas jurídicas de direito privado. Foram criadas a partir da década

de 70 com o intuito de organizar os municípios e planejar politicas

públicas de forma regionalizada, obtendo maior ganho de escala.

Segundo entendimento do TCE, na consulta no 731.118/2009, as

associações podem ser consideradas consórcios públicos, conforme

rege a Lei Federal no 11.107/2005. Segundo o relator Conselheiro

Eduardo Carone Costa:

(...) em se tratando de associações microrregionais constituídas por

diversos Municípios, entendo que tais entidades revestem-se de natureza jurídica similar aos consórcios públicos, (...) razão pela qual não se deve conferir t ratamento díspare no tocante à observância às regras

relacionadas. (TCE, 2009).

3. Consórcios Públicos: Os consórcios públicos, regulados pela Lei

Federal 11.107/2005, são pessoas jurídicas de direito público, de

natureza autárquica. Os consórcios têm por princípio a racionalização

de recursos e a eficiência dos recursos humanos e logísticos.

3.1. Serviço operado diretamente: neste caso o consórcio assume,

em seu corpo técnico, o serviço especializado, inclusive

maquinários específicos para o fornecimento do mesmo. A

estimativa de custo é análoga ao município.

3.2. Prestação do serviço: nesta modalidade, o consórcio contrata o

serviço, conforme os ditames da Lei Federal no 8.666/93. Neste

sentido, o consórcio precisa se dotar de infraestrutura, para

regular e fiscalizar a prestação do serviço.

3.3. Prestação do serviço do processo licitatório: nesta situação, os

consórcios públicos apenas realiza a licitação, obtendo contratos

individuais entre os municípios e a empresa vencedora do

certame. Neste caso, não há transferência de recursos entre as

partes e não há necessidade de ampliação da infraestrutura dos

consórcios, uma vez que a gestão ainda será municipalizada.

Segundo estimativas da SEDRU, cerca de 90% dos consórcios

pretendem utilizar estes moldes.

12

3.4. Parceria Público-Privada (PPP): alguns consórcios já

constituídos vislumbram, no futuro, a realização de PPP,

principalmente, na renovação dos ati vos de IP.

4. Agências de desenvolvimento metropolitano: normalmente autarquias

especiais de direito público, as agências metropolitanas possuem

caráter técnico-executivo e são providas de autonomia administrativa

e financeira, cujo objetivo principal é promover a gestão compartilhada

de questão de interesse metropolitano. Neste sentido, a agência

poderia assumir, tal como o consórcio, o papel de agente licitante. No

caso mineiro, a Agência de Desenvolvimento Metropolitano da Região

Metropolitana de Belo Horizonte – ARMBH, regulamentada pela Lei

Complementar no 107/2009, irá realizar uma licitação para os

municípios integrantes da região metropolitana de Belo Horizonte e

colar. É necessário que os municípios que tiverem interesse aderirem

ao processo.

3.4 A experiência de formação de consórcios intermunicipais em Minas Gerais

Segundo o Decreto Federal no 6.017/2007, em seu art. 2o, inciso I,

entende-se como conceito de consórcio público:

Pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da Federação, na forma da Lei n

o 11.107, de 2005, para estabelecer relações de cooperação

federativa, inclusive a realização de objetivos de interesse comum, constituída como associação pública, com personalidade jurídica de direito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado

sem fins econômicos. (BRASIL, 2007).

Por sua vez, a Lei Estadual no 18.036/2009 que dispõe sobre a

constituição de consórcios públicos no Estado de Minas Gerais, em seu art. 2o,

menciona que os consórcios públicos serão constituídos por contrato, precedidos

pela subscrição do protocolo de intenções, e posteriormente aprovados mediante lei.

Dentro das possíveis atribuições do consorcio, destaca-se nesta legislação o art. 3o,

possibilitando ao consórcio intermunicipal:

I – firmar convênios, contratos e acordos de qualquer natureza e receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo;

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(...)

III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação, dispensada a licitação;

IV – emitir documentos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de

tarifas e outros preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos administrados por eles ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação consorciado; e

V – outorgar concessão, permissão ou autorização de obras ou serviços públicos mediante autorização prevista no contrato de consórcio público, que deverá indicar de forma específica o objeto da concessão, permissão

ou autorização e as condições a que deverá atender, observadas as normas gerais aplicáveis. (MINAS GERAIS, 2009).

No caso dos ativos da IP os municípios outorgariam a permissão do

serviço público ao consórcio intermunicipal para seu gerenciamento. Neste sentido,

a delegação ao consórcio não precisaria ser precedida de licitação, devido sua

dispensa, e ainda poderia exercer atividades de arrecadação. Todas estas

atribuições seriam precedidas de autorização prévia do poder público municipal.

Além destas vantagens já mencionadas, segundo a literatura, os

consórcios intermunicipais possuem diversos benefícios, a saber:

Ganho de escala partindo do rateio de custos fixos proporcionais a

maior adesão de municípios, além da otimização dos processos

gerenciais, proporcionando maior racionalidade e transparência.

O processo licitatório, devido à ampliação dos limites das modalidades

(Lei Federal no 8.666/93, art. 23, § 8o), a redução de custos

individualizados e licitações regionalizadas;

Descentralização de recursos técnicos e financeiros e maior

cooperação entre os entes municipais;

Especialização da capacidade técnica e gerencial nas temáticas

abordadas pelos consórcios intermunicipais.

Considerando a realidade do Estado de Minas Gerais, com 853

municípios, uma possível solução para a transferência dos ativos do IP é o consórcio

público intermunicipal. Partindo desta premissa, o Estado de Minas Gerais elaborou

um estudo sobre as possíveis contratações dos serviços referentes a IP.

Inicialmente verificou-se a possibilidade de agregar todos os serviços a serem

licitados a apenas um contrato administrativo. Segundo o TCE-MG este processo

licitatório poderia ferir os principio da economicidade e da competividade. Segundo a

Lei Federal no 8.666/93, art. 23, § 1o:

14

As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão divididas

em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da com petitividade sem

perda da economia de escala. (BRASIL, 1993)

No caso dos ativos de IP um contrato que abrangesse todos os serviços

necessários a sua gestão restringiria a competividade dos serviços, e em algumas

localidades e consórcios, inviabilizaria o processo como um todo. Neste sentido, o

TCE-MG em sua orientação técnica, menciona modalidades e sistemas licitatórios

passíveis de utilização, que são eles:

I – Registro de Preços: deverá ser realizada concorrência ou pregão, conforme art. 15 da Lei 8.666/93, para a terceirização do serviço, com a

possibilidade de que outros Municípios serem participantes ou caronas, com a ressalva do art. 22, § 2

o do Decreto Federal n

o 7.892/2013;

II – Pregão, nos termos da Lei no 10.520/2002, para parcela referente à

manutenção dos ativos da iluminação pública já existente;

III – Pregão, nos termos da Lei no 10.520/2002, para contratação da parcela

referente ao call center e software;

IV – Concorrência para expansão e “eficientização” da rede: deve ser realizada concorrência porquanto esses serviços demandam estudos, projetos e obras. (TCEMG, 2014)

O processo licitatório, modalidade Pregão Presencial, até o presente

momento está sendo o sistema mais utilizado para a contratação da manutenção

dos ativos de IP e dos serviços de call center e software de gerenciamento. Sugere-

se apenas que o vencedor de um certame não disponibilize ou opere o outro

sistema, visto que o principal objetivo do call center e do software de gerenciamento

é o controle da qualidade da prestação do serviço de manutenção.

E por fim, O TCE-MG ainda discorre sobre os processos de expansão e

eficientização dos sistemas. Entende-se que este processo, por se tratar de estudos,

projetos e obras não poderia ser feita mediante pregão, sendo necessário, portanto a

concorrência. Ainda segundo o egrégio Tribunal o processo de concorrência poderá

ser dispensável nas contratações pelos consórcios intermunicipais, “desde que, antes

da deflagração da licitação, os Municípios consorciados apresentem, por meio de

empresas devidamente cadastradas junto à concessionária local, os seus projetos,

baseados nas suas respectivas demandas”. Para auxilio aos municípios, a CEMIG D

disponibiliza uma tabela de balizamento de preços para a prestação de serviços de

expansão que ajudam ao município no dimensionamento de suas demandas.

15

Partindo para a análise sobre a forma de agrupamento, em Minas Gerais,

566 municípios optaram por contratarem os serviços por meio de consórcios

públicos, o que representa 66% do total de municípios. Cabe destacar também, a

modalidade via Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Minas

Gerais (ARMBH), que montou um processo único para os municípios da região

metropolitana. Neste processo foram desconsideramos os grandes municípios, tais

como Belo Horizonte, Contagem, Betim e Nova Lima, dentre outros, devido sua auto

eficiência nos processos individuais.

Tabela 3 – Quantidade de municípios por modalidade de agrupamento

Modalidade No de municípios

Consórcio municipal 566

Licitação via ARMBH 23

Individual 45

RP 16

MOP/ITER 12

Indefinidos 45

Sem informação 146 Total 853

Fonte: Mendes (2015)

Partindo para a análise dos preços, inicialmente estimaram-se os valores

dos serviços para a contratação, via consórcios públicos, conforme tabela abaixo:

Tabela 4 – Estimativa de preços para os processos licitatórios

Situação Valor por Ponto de IP (R$)

Somente Manutenção a partir de 5,94

Somente Call Center 0,35 a 0,45

Somente Software 0,85 a 1,00

Manutenção + Call Center 6,47 a 13,00

Manutenção + Call Center + Obras de Ampliação + Eficientização

38,00 a 71,47

Fonte: Mendes César (2014)

Cabe ressaltar que estas estimativas já estavam muito superiores aos

valores pagos pelas concessionárias de energia. Segundo informações do TCE-SP

o custo do ponto de IP variava de R$ 1,50 a R$ 2,00, enquanto no processo de

responsabilidades dos municípios este custo seria de R$ 8,00 a R$ 9,00. Percebe-se

claramente que a mudança da atribuição incorreu no aumento significativo no preço

16

médio, cerca de 500% de aumento. Esta mudança de preço é decorrente,

principalmente, referente aos serviços de call center e software de gerenciamentos;

custos estes, antes dissolvidos com outros serviços.

Inicialmente foi elaborado um estudo para saber o impacto nas finanças

municipais com a nova prestação do serviço. Estima-se que o impacto será de 8

milhões mensais para os municípios mineiros. A tabela explicita os cálculos a partir

da quantidade de pontos com base o preço hipotético, por microrregião.

Tabela 5 – Detalhamento do custo adicional após a transferência por associação microrregional

Rótulos de

Linha

Soma

de Quant.

de

Pontos

de IP

Soma de

Quant. de

Pontos Mantido/

mês

Soma de Preço

Hipotético por Ponto Mantido

Soma de Custo

com a MIP

Soma de

Diferença tarifa B4b – B4a

Soma de Aumento de Custo Após a

Transferência da

IP

Soma de Saldo

Mensal da CIP

AMAG 36719 1101,57 R$ 5.940,00 R$ 198.282,60 R$ 43.337,20 R$ 154.945,40 -R$ 162.276,60

AMAJE 25697 770,91 R$ 3.960,00 R$ 138.763,80 R$ 22.594,80 R$ 116.169,00 -R$ 62.777,00

AMALG 42749 1282,47 R$ 3.420,00 R$ 230.844,60 R$ 50.603,24 R$ 180.241,36 -R$ 123.201,02

AMALPA 37321 1119,63 R$ 3.780,00 R$ 201.533,40 R$ 43.361,49 R$ 158.171,91 -R$ 369.169,15

AMAMS 123854 3715,62 R$ 14.400,00 R$ 668.811,60 R$ 134.113,70 R$ 534.697,90 -R$ 122.858,07

AMAPAR 49068 1472,04 R$ 2.520,00 R$ 264.967,20 R$ 57.038,64 R$ 207.928,56 R$ 234.006,47

AMAPI 16425 492,75 R$ 3.420,00 R$ 88.695,00 R$ 18.928,40 R$ 69.766,60 -R$ 62.782,23

AMARP 23935 718,05 R$ 2.340,00 R$ 129.249,00 R$ 28.863,28 R$ 100.385,72 -R$ 2.103,80

AMASF 26503 795,09 R$ 2.700,00 R$ 143.116,20 R$ 30.745,90 R$ 112.370,30 -R$ 18.104,39

AMASP 25465 763,95 R$ 2.880,00 R$ 137.511,00 R$ 31.469,63 R$ 106.041,37 R$ 14.227,39

AMAV 44705 1341,15 R$ 2.880,00 R$ 241.407,00 R$ 55.589,30 R$ 185.817,70 R$ 24.137,59

AMBAJ 14846 445,38 R$ 2.880,00 R$ 80.168,40 R$ 12.506,94 R$ 67.661,46 -R$ 49.160,23

AMBAS 14651 439,53 R$ 3.600,00 R$ 79.115,40 R$ 13.851,36 R$ 65.264,04 R$ 3.505,95

AMBASP 58475 1754,25 R$ 3.600,00 R$ 315.765,00 R$ 69.012,11 R$ 246.752,89 R$ 124.881,80

AMBAV 20731 621,93 R$ 1.800,00 R$ 111.947,40 R$ 22.035,98 R$ 89.911,42 -R$ 167.440,17

AMDI 30569 917,07 R$ 1.980,00 R$ 165.072,60 R$ 35.509,01 R$ 129.563,59 R$ 190.113,70

AMECO 34550 1036,5 R$ 2.160,00 R$ 186.570,00 R$ 42.943,52 R$ 143.626,48 R$ 44.742,80

AMEG 45998 1379,94 R$ 3.780,00 R$ 248.389,20 R$ 66.997,27 R$ 181.391,93 -R$ 598.091,51

AMEJE 18024 540,72 R$ 2.880,00 R$ 97.329,60 R$ 15.002,12 R$ 82.327,48 -R$ 151.782,47

AMEPI 33375 1001,25 R$ 2.340,00 R$ 180.225,00 R$ 37.732,10 R$ 142.492,90 R$ 193.269,95

AMERP 2190 65,7 R$ 720,00 R$ 11.826,00 R$ 2.526,48 R$ 9.299,52 -R$ 11.607,33

AMESP 40417 1212,51 R$ 3.420,00 R$ 218.251,80 R$ 48.147,77 R$ 170.104,03 R$ 208.810,43

AMEV 26392 791,76 R$ 1.980,00 R$ 142.516,80 R$ 28.743,99 R$ 113.772,81 -R$ 12.276,98

AMINC 32499 974,97 R$ 1.440,00 R$ 175.494,60 R$ 32.179,94 R$ 143.314,66 -R$ 290.300,65

AMMA 20987 629,61 R$ 2.880,00 R$ 113.329,80 R$ 25.494,29 R$ 87.835,51 R$ 58.089,85

AMMAN 7755 232,65 R$ 540,00 R$ 41.877,00 R$ 8.511,90 R$ 33.365,10 R$ 22.290,55

AMME 6098 182,94 R$ 1.980,00 R$ 32.929,20 R$ 4.914,90 R$ 28.014,30 -R$ 37.730,59

AMMESF 24493 734,79 R$ 1.980,00 R$ 132.262,20 R$ 27.560,95 R$ 104.701,25 -R$ 156.102,97

AMNOR 39140 1174,2 R$ 3.420,00 R$ 211.356,00 R$ 38.996,98 R$ 172.359,02 -R$ 229.932,12

AMOC 26928 807,84 R$ 5.400,00 R$ 145.411,20 R$ 29.230,50 R$ 116.180,70 R$ 142.743,45

AMOG 24649 739,47 R$ 2.340,00 R$ 133.104,60 R$ 28.369,68 R$ 104.734,92 -R$ 120.166,55

17

AMPAR 60095 1802,85 R$ 4.140,00 R$ 324.513,00 R$ 91.763,41 R$ 232.749,59 -R$ 65.091,83

AMPLA 27982 839,46 R$ 2.340,00 R$ 151.102,80 R$ 35.613,47 R$ 115.489,33 -R$ 60.305,90

AMUC 34238 1027,14 R$ 5.220,00 R$ 184.885,20 R$ 33.479,76 R$ 151.405,44 R$ 54.101,52

AMVA 29533 885,99 R$ 1.800,00 R$ 159.478,20 R$ 39.620,39 R$ 119.857,81 R$ 219.776,14

AMVALE 52166 1564,98 R$ 1.800,00 R$ 281.696,40 R$ 68.509,24 R$ 213.187,16 -R$ 182.853,81

AMVAP 139970 4199,1 R$ 4.320,00 R$ 755.838,00 R$ 169.521,15 R$ 586.316,85 R$ 333.116,60

AMVER 29727 891,81 R$ 3.780,00 R$ 160.525,80 R$ 34.389,64 R$ 126.136,16 -R$ 148.261,37

AMVI 81615 2448,45 R$ 4.140,00 R$ 440.721,00 R$ 94.811,57 R$ 345.909,43 R$ 45.963,01

ARDOCE 45586 1367,58 R$ 4.680,00 R$ 246.164,40 R$ 53.611,96 R$ 192.552,44 R$ 140.681,21

ASSOLESTE 7246 217,38 R$ 1.980,00 R$ 39.128,40 R$ 7.185,49 R$ 31.942,91 R$ 15.315,39

GRANBEL 455557 13666,71 R$ 5.760,00 R$ 2.460.007,80 R$ 537.879,52 R$ 1.922.128,28 R$ 3.854.039,14

Total Geral 1938923 58167,69 R$ 139.320,00 R$ 10.470.184,20 R$ 2.273.298,95 R$ 8.196.885,25 R$ 2.719.436,20

Fonte: Mendes (2015)

Sobre os processos pós-licitação, percebe-se que poucos consórcios

licitaram os serviços na integra. Apenas 14 consórcios intermunicipais finalizaram

seus processos licitatórios, conforme tabela abaixo:

Tabela 6 – Valores licitados, por ponto de iluminação pública, dos consórcios públicos em

Minas Gerais.

CONSÓRCIO NÚMER O DE PONTOS IP

VALOR

LICITADO MANU TENÇÃ

O IP (RS)

VALOR

LICITADO CALL CENTER

(RS)

VALOR

LICITADO SOFTW ARE

(RS)

MANU TENÇÃO CALL

CENTER

SOFTW ARE (R$)

CIMCENTRAL (Sete Lagoas) 49.050 4,4 0,54 0,9 5,84

CIMVALPI (Ponte Nova) 94.291 4,51 ** ** -

CIESP 8.378 4,85 ** ** -

CONSMEPI (João Monlevade) 30.046 4,9 0,33 0,18 5,41

CIMAJE (Diamantina) 23.149 5,09 ** - -

CIMERP (Muriaé) * 5,34 ** - -

CIMEV (Corinto) 27.974 5,4 ** - -

CIMDOCE (Governador Valadares) 25.000 5,58 0,46 0,45 6,49

COMASF (Luz) 33.372 5,7 0,45 0,19 6,34

CIDES (Uberlândia) 50.234 5,94 * ** -

COMVALES (Urucuia) 40.333 6,48 ** **

CIMME (Conceição do Mato Dentro) 13.709 6,69 0,41 *

CISPAR (Patos de Minas) 33.611 7,5 * *

CASIP (Cons. Lafaiete) 18.427 7,53 ** **

Nota: *Sem a informação até a presente data/** Produto não licitado.

Fonte: Mendes (2015)

Ainda sobre a ótica destas informações, percebe-se que é baixa a

correlação entre no de IPs e valor licitado de manutenção. Conforme gráfico abaixo,

este correção é positiva, no entanto, apenas 12,62% da variável dependente

consegue ser explicada.

18

Gráfico 1 – Correlação quantidade de pontos de IP em relação ao valor licitado

Fonte: Elaboração própria

4 CONCLUSÃO

Os Consórcios Públicos são importantes instrumentos para a promoção

da política pública, focados na otimização do gasto público e o planejamento

regionalizado. Segundo o técnico Paulo Cesar Mendes (2014)

A história da iluminação pública está bem longe de ter ponto final. Precisa

ser reescrita diariamente, pois sua importância vai além do embelezamento da cidade. Trata-se de peça fundamental para a segurança pública. Uma gestão mais eficiente e cada vez mais próxima dos munícipes facilitará a

percepção dos entes responsáveis sobre as formas de como podem atuar contribuindo para que essa história seja reescrita com maior agilidade, segurança e eficácia, ampliando os benefícios para a sociedade. (MENDES,

2014).

Minas Gerais apresenta bons resultados, mas ainda está longe do ideal.

Conforme demonstrado ao decorrer do trabalho, este será um custo a mais para a

gestão municipal, podendo inclusive, prejudicar a prestação de outros serviços, além

de dificultar o equilíbrio financeiro dos municípios.

O embate sobre a legalidade da competência da gestão dos ativos da

iluminação pública ainda será amplamente discutido, inclusive no judiciário.

Atualmente 33 municípios mineiros ajuizaram processos contestando a legalidade

da responsabilização.

Concluindo, a transferência dos ativos até o presente momento, não

beneficiou nenhuma das partes envolvidas, nem os municípios e nem as

concessionárias de energia. Acredita-se que a transferência poderá incorrer na

perda da capacidade técnica da prestação do serviço, principalmente nos municípios

19

de menor porte. A gestão de contratos compartilhados também será um desafio na

gestão municipal, principalmente após o próprio período eleitoral. Neste sentido, é

necessário em investimento e acompanhamento, em âmbito estadual e nacional, da

prestação de serviços sobre os ativos de iluminação pública para garantirem a

mesma qualidade da prestação de serviço.

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Estabelece as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica para Iluminação Pública. Brasilia, 1998. Acesso em http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia_publica/audiencia_proton/ap007/AP00

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do cronograma de transferência dos ativos de iluminação pública, previsto no art. 218 da Resolução Normativa no 414/2010, consolidada após avaliação das contribuições apresentadas na Audiência Pública no 107/2013, Brasília, 2013.

Relator: Diretor Romeu Donizete Rufino. Acesso em http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/arquivo/2013/107/resultado/voto_do_di

retor_relator.pdf, 06 mar. 2015.

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2010/2007/decreto/d6017.htm, 06 mar. 2015.

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pública. Brasília, 2004. Acesso em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm, 06 mar. 2015.

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contratação de consórcios públicos e dá outras providências. Brasília, 2005. Acesso em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm, 06 mar.

2015.

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AUTORIA

Débora Dias do Carmo – Departamento de Obras Públicas de Minas Gerais. Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas.

Endereço eletrônico: [email protected]