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Transferência Bilateral de Aprendizagem em Crianças. Um Estudo no Ballet Clássico. Catarina Machado de Oliveira Porto, 2012

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Transferência Bilateral de Aprendizagem em Crianças.

Um Estudo no Ballet Clássico.

Catarina Machado de Oliveira

Porto, 2012

Transferência Bilateral de Aprendizagem em Crianças.

Um estudo no Ballet Clássico

Dissertação apresentada com vista à obtenção do Grau

de Mestre em Ciências do Desporto na área de

especialização de Desenvolvimento Motor, nos termos do

Decreto-lei n.º 216/92, de 13 de Outubro. Orientador:

Professora Doutora Maria Olga Fernandes Vasconcelos

Catarina Machado de Oliveira

Porto, 2012

II

Oliveira, C. (2012). Transferência Bilateral de Aprendizagem em Crianças. Um

estudo no Ballet Clássico. Porto: Dissertação apresentada à Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto para a obtenção do gau de Mestre em

Ciências do Desporto, na área de Especialização em Desenvolvimento Motor.

Palavras-chave: TRANSFERÊNCIA BILATERAL DE APRENDIZAGEM;

BALLET CLÁSSICO; CRIANÇAS

AGRADECIMENTOS

III

AGRADECIMENTOS

Os meus sinceros agradecimentos, em especial:

À minha orientadora Professora Doutora Olga Vasconcelos por me iluminar o

caminho sempre com um sorriso no rosto e por contribuir para o

enriquecimento da minha aprendizagem.

Não encontro muitas palavras que descrevam o meu profundo agradecimento à

Professora Virgínia Cardoso por todos os momentos, por contribuir de forma

decisiva na pessoa que sou hoje e certamente na que serei no dia de amanhã.

Obrigado por tudo, particularmente por me cativar para o mundo da dança e do

ensino, pois é de facto onde me sinto mais feliz.

Às instituições que me autorizaram a realizar a minha pesquisa e permitiram a

recolha de dados, nomeadamente ao Colégio de São Gonçalo em Amarante, à

Associação Nuclisol Jean-Piaget e ao Centro Cultural, ambos de Vila Real.

Às Professoras Susana Silva e Ana Silva por contribuírem de forma pronta e

decisiva na avaliação das performances.

A todos os Encarregados de Educação e sobretudo às crianças que

participaram neste projeto com muito o empenho e dedicação.

À minha família e amigos:

Aos meus avós e verdadeiros exemplos de vida, Rosa Teixeira e Manuel

Machado, Natércia Barreira e Camilo Oliveira;

Aos meus pais, Isabel Machado e Délio Oliveira, pelo amor absoluto, por serem

os pilares que me sustêm e por nunca desistirem;

Ao meu irmão, Guilherme Oliveira, pelo esforço e ajuda incondicionais e que

não passam despercebidos;

Ao meu namorado, Carlos Alberto Silva, pelo amor, pelo apoio, pelas

chamadas à realidade e pela verdade.

O meu obrigada a todos.

ÍNDICE GERAL

V

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ........................................................................................ III

ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... IX

ÍNDICE DE TABELAS ....................................................................................... XI

RESUMO......................................................................................................... XIII

ABSTRACT ..................................................................................................... XV

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ................................................... XVII

CAPÍTULO I - INTRODUÇÂO .......................................................................... 19

1.1. Propósitos e finalidades do estudo ..................................................... 21

1.2. Estrutura da Dissertação ....................................................................... 23

1.3. Referências Bibliográficas ..................................................................... 24

CAPÍTULO II – Revisão da Literatura .............................................................. 25

2.1. Transferência de Aprendizagem ............................................................ 27

2.1.1. Definição e Conceitos ..................................................................... 27

2.1.2. Classificações ................................................................................. 28

2.1.3. Teorias explicativas da TBA ............................................................ 32

2.1.4. Transferência bilateral de aprendizagem e Ballet Clássico ............. 33

2.2 Referências Bibliográficas ...................................................................... 36

CAPÍTULO III – ESTUDO EMPÍRICO .............................................................. 39

Resumo ........................................................................................................ 41

Abstract......................................................................................................... 43

ÍNDICE GERAL

VI

Introdução ..................................................................................................... 45

Metodologia .................................................................................................. 46

Amostra ..................................................................................................... 46

Instrumento e Tarefa ................................................................................. 46

Delineamento Experimental e Procedimentos .......................................... 47

Resultados .................................................................................................... 51

Discussão dos Resultados ............................................................................ 57

Conclusões e sugestões para futuras investigações .................................... 61

Referências Bibliográficas ............................................................................ 63

CAPÍTULO IV – ANEXOS ................................................................................ 65

ANEXO 1: Pedido de autorização aos Encarregados de Educação ................ 67

ANEXO 2: Pedido de autorização à Royal Academy of Dance .................... 69

ANEXO 3: Dutch Handedness Questionnaire ............................................... 71

ANEXO 4: Parâmetros de avaliação ............................................................. 73

ANEXO 5: Exemplar da tabela de avaliação ................................................ 75

ÍNDICE DE FIGURAS

VII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Pontuação obtida pelas alunas em função da idade. ........................ 52

Figura 2: Pontuação média em ambos os exercícios em função da condição de

prática. ............................................................................................................. 53

ÍNDICE DE QUADROS

IX

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Média e desvio padrão da pontuação dos exercícios nº1 e nº2 nas

condições MP-MNP e MNP-MP, para a técnica, música e performance. ........ 51

Quadro 2: Resultados significativos do exercício 1 nos parâmetros técnica,

música e performance, valores de F e de p ..................................................... 53

Quadro 3: Resultados significativos do exercício 2 nos parâmetros técnica,

música e performance, valores de F e de p ..................................................... 54

Quadro 4: Valores médios do exercício 1 e do exercício 2. Resultados

significativos dos parâmetros técnica, música e performance, valores de F e de

p………………………………………………………………………………………..55

ÍNDICE DE TABELAS

XI

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Descrição dos exercícios da RAD (Primário). .................................. 48

Tabela 2: Descrição dos exercícios da RAD (Grau 1) ...................................... 49

RESUMO

XIII

RESUMO

A metodologia convencional utilizada no ensino do Ballet Clássico postula a

demonstração e prática inicial dos movimentos e elementos técnicos do lado

direito, geralmente o lado preferido. Após a aprendizagem e prática, os alunos

são incentivados a realizar a transferência para o lado não preferido. Este

estudo procurou investigar os efeitos da condição de aprendizagem e da idade

na transferência bilateral de aprendizagem, em 32 crianças do sexo feminino

dos 6 aos 11 anos de idade (8,76 ± 1,52 anos), sendo todas destrímanas e de

preferência pedal direita. A amostra foi dividida em 2 grupos de acordo com a

idade. Consideraram-se duas condições de transferência: as crianças que

iniciaram a aprendizagem da tarefa com os membros preferidos (MP) e as que

a iniciaram com os membros não preferidos (MNP). A tarefa proposta consistiu

em aprender 2 exercícios do antigo programa da Royal Academy of Dance,

adaptados à idade e experiência das crianças. Com o intuito de avaliar a TBA,

foi solicitada a realização do exercício proposto para o lado oposto ao qual

tinha sido aprendido. Cada performance foi avaliada de acordo com 3

parâmetros distintos (Técnica, Música e Performance). Utilizou-se a estatística

descritiva (média e desvio padrão) e a estatística inferencial (ANOVA II

Fatores). O nível de significância fixou-se em 5%. Os resultados revelaram: (i)

efeitos significativos na direção da transferência dos MNP para os MP; (ii)

efeitos significativos do factor idade, uma vez que as crianças mais jovens

obtiveram pontuações inferiores comparativamente às mais velhas; (iii) não se

verificaram efeitos significativos na interação das variáveis condição de prática

e idade. Estes resultados sugerem que os instrutores e professores de dança,

nomeadamente de Ballet Clássico, demonstrem os exercícios e iniciem a

prática com os MNP tendo em vista uma aprendizagem mais eficaz do ponto

de vista da simetria do movimento. Seria interessante um estudo com o mesmo

referencial teórico e metodológico mas com crianças sinistrómanas.

Palavras-chave

transferência bilateral de aprendizagem; ballet clássico; crianças.

ABSTRACT

XV

ABSTRACT

The conventional teaching methodology for dance classes postulates

movement demonstration on the right side, usually the dominant one. After

learning and practice, the students must transfer to the non-dominant side. This

experiment tested the effects of the practice condition and age in bilateral

transfer of learning. Subjects were 34 right-handed pre-pubertal females, aged

from 6 to 10 years old (8,76 ± 1,52 years). The sample was divided into two

groups according to age. The subjects were also divided into two transfer

conditions groups: those who initiated the task with the preferred members and

those who started with non-preferred members. The task consisted in learning

two exercises from the former Royal Academy of Dance’s syllabus, which are

adapted to the age and experience of the students. In order to evaluate the

bilateral transfer of learning, the subjects were asked to perform the proposed

exercise to the opposite side of which had been learned. An ANOVA yielded

significant main effects for direction of transfer from the non-preferred to

preferred side, and for age - the younger dance students obtained lower

performance scores that the older ones. It is suggested that the dance instructor

initiates the exercise demonstration on the non-dominant side, with the purpose

of a more effective learning. With the same theoretical and methodological

reference, it would be interesting to study children with left lateral preference.

Key-words

bilateral transfer of learning; classical ballet; children.

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

XVII

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

MNP Membro Não Preferido / Membros Não Preferidos

MP Membro Preferido / Membros Preferidos

NP

P

PM

Não Preferido

Preferido

Preferência Manual

RAD Royal Academy of Dance

TBA Transferência Bilateral de Aprendizagem

± Mais ou menos

=

Igual

Menor ou igual

19

CAPÍTULO I - INTRODUÇÂO

INTRODUÇÃO GERAL

21

1.1. Propósitos e finalidades do estudo

O presente estudo corresponde à dissertação de Mestrado em Ciências

do Desporto e está inserido no âmbito da área de especialização em

Desenvolvimento Motor. Esta dissertação, a ser apresentada na Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto, foi elaborada sob a orientação da

Professora Doutora Maria Olga Fernandes Vasconcelos.

Segundo Batalha (2004), a dança reflete uma forma de expressão, com

o propósito primordial de comunicar essencialmente através do corpo.

Enquanto arte e expressão de sentimentos, a dança remonta aos

primórdios da humanidade, com o objectivo de expressar variados aspectos do

quotidiano. Esta tendência mantém-se nos dias de hoje, traduzindo-se num

comportamento humano que inclui movimentos e gestos corporais, os quais

são organizados culturalmente e que atendem a desígnios e intencionalidades

dos bailarinos, inerentes a um forte valor estético (Quadros et al.; 1999).

Desta forma, consideramos relevante realçar o papel desempenhado por

esta forma de arte no desenvolvimento de movimentos originais, estimulando a

criatividade.

No decorrer da história, a dança clássica adquire grande relevo social

enquanto primeiro estilo de dança a alcançar o reconhecimento popular como

forma de arte internacional (Stevens, 1977). A história do Ballet continua a

transformar-se no decorrer da nossa contemporaneidade, aliando aspectos

técnicos e estéticos do corpo humano.

Atualmente, a performance de coreografias de Ballet associa-se

estreitamente com a prática de movimentos próprios e de habilidades técnicas

particulares, as quais são exercitadas ao longo de vários níveis de treino. No

decorrer deste processo, é natural que aumente o grau de exigência a nível

motor e ao nível da técnica específica.

INTRODUÇÃO GERAL

22

O processo de treino do Ballet é universal, baseando-se numa estrutura

básica de movimentos e passos originários das cortes francesas, com os quais

é possível criar combinações com diferentes sequências, níveis e tempos

(Farrar-Baker & Wiimerding, 2006).

No ensino do Ballet Clássico, a metodologia convencionalmente utilizada

assenta na demonstração e prática dos movimentos e elementos técnicos do

lado direito, geralmente o lado preferido. Após a aprendizagem e prática inicial,

os alunos devem transferir a aprendizagem para o lado não preferido.

A questão da transferência da aprendizagem, nomeadamente da

transferência bilateral de aprendizagem (TBA), tem suscitado o interesse de

professores e instrutores de dança como resultado da observação e da

experiência quotidiana no contexto das aulas.

Magill (2011) definiu a TBA como o processo através do qual a prática

de uma tarefa motora com um segmento corporal optimiza a aprendizagem e a

performance com o segmento contralateral homólogo.

Neste sentido, torna-se pertinente investigar se a quantidade de

transferência de aprendizagem é assimétrica, superior num sentido em

detrimento do outro [do membro preferido (MP) para o membro não preferido

(MNP) ou vice-versa] ou se, por outro lado, é simétrica, sendo transferida a

mesma quantidade de informação, cognitiva e motora, de um membro para o

outro.

Por outro lado, a compreensão a respeito da direção da transferência

pode fornecer-nos informações não só sobre a função e contribuição dos

hemisférios cerebrais no controlo motor, como também a respeito de como

será realizada a prática, tendo em vista atingir o desempenho ótimo de uma

habilidade motora específica (Vasconcelos, 2006a).

No âmbito do Ballet Clássico, e apesar da relevância do estudo da TBA

como instrumento de otimização da performance, não existem muitas

pesquisas que se debrucem sobre este assunto.

INTRODUÇÃO GERAL

23

Instrutores e professores de Ballet têm-se questionado sobre esta

questão, nomeadamente em como aprender e transferir habilidades e

combinações de movimentos dos MP para os MNP e vice-versa, como parte

integrante da aula de dança.

Assim, o objetivo principal deste estudo foi contribuir para o

conhecimento acerca da TBA, dos MP para os MNP e vice-versa, com o intuito

de fornecer um conjunto de informações que fundamentem a adoção de

estratégias de ensino e de prática do Ballet Clássico.

1.2. Estrutura da Dissertação

A presente dissertação foi organizada segundo o “Modelo Escandinavo”,

e dividida em 3 capítulos, os quais foram dispostos da seguinte forma:

No 1º capítulo realizamos uma introdução geral ao tema, apresentando

os propósitos e finalidades do estudo, assim como a sua organização

estrutural.

No 2º capítulo apresentamos uma revisão da bibliografia relativa ao

estado dos conhecimentos da área, abordando alguns conceitos

associados com a TBA.

No 3º capítulo apresentamos um estudo empírico, com o intuito de dar

resposta ao principal propósito da dissertação. Este contém uma breve

introdução ao tema, a metodologia utilizada, os resultados obtidos que

serviram de base à discussão, terminando com as principais conclusões

e algumas sugestões para estudos futuros.

O 4º capítulo corresponde aos anexos referentes a esta dissertação.

As referências bibliográficas serão apresentadas no final de cada capítulo.

INTRODUÇÃO GERAL

24

1.3. Referências Bibliográficas

Batalha, A. P. (2004). Metodologia do ensino da dança: Cruz Quebrada:

Faculdade de Motricidade Humana, Serviço de Edições.

Farrar-Baker, A., & Wiimerding, V. (2006). Prevalence of Lateral Bias in the

Teaching of Beginning and Advanced Ballet. Journal of Dance Medicine

& Science, 10(3/4), 81-84.

Magill, R. A. (2011). Motor Learning and Control (Nineth ed.): Mc-Graw Hill.

Quadros, C., Canfield, J., Streit, D. & Benetti, G. (1999). Desempenho do

professor no processo ensino-aprendizagem da técnica e da expressão

na dança. In A. Macara (Ed.), Continentes em movimento. Cruz

Quebrada: Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Motricidade

Humana. Actas da Conferência Internacional Novas Tendências no

Ensino da Dança, Oeiras, 1998, pp.53-55.

Stevens, F. (1977). O mundo da dança (Vol. X): Lidador.

Vasconcelos, O. (2006). Aprendizagem motora, transferência bilateral e

preferência manual. Brazilian Journal of Physical Education and Sport,

20, 37-40.

CAPÍTULO II – Revisão da Literatura

REVISÃO DA LITERATURA

27

2.1. Transferência de Aprendizagem

2.1.1. Definição e Conceitos

Segundo (Magill, 2011), a transferência de aprendizagem designa a

influência que experiências anteriores exercem no desempenho de uma

habilidade motora, quer relativamente a um novo contexto, quer na

aprendizagem de uma nova habilidade. Este fenómeno pode ser observado

quando a prática de uma tarefa motora com um membro resulta num aumento

na proficiência no desempenho da mesma com um membro contralateral, sem

qualquer envolvimento prévio deste na fase de aquisição.

Assim, transferência bilateral de aprendizagem ocorre quando a prática

de uma tarefa motora com um segmento corporal optimiza a aprendizagem e a

performance com o segmento contralateral homólogo (Magill, 2011). No que

concerne ao desporto, a capacidade de realizar, com o membro não preferido,

habilidades específicas de uma determinada modalidade, após estas terem

sido aprendidas com o membro preferido, tem sido associada aos efeitos da

TBA. Estes efeitos surgem após o treino com um membro, o que permite

partilha de componentes específicos da tarefa entre ambos os membros.

Os motivos que despoletam o interesse e a investigação desta questão

podem ser de cariz teórico ou prático. Do ponto de vista teórico, analisar a

direção da TBA pode permitir descobrir qual o papel desempenhado pelos

hemisférios cerebrais no que concerne ao controlo do movimento. O aspecto

prático relaciona-se com a possibilidade de transmitir informações relevantes a

treinadores, educadores e terapeutas, que permitam um melhor planeamento

do treino, com o intuito de optimizar a aprendizagem e a performance de

habilidades motoras especificas (Magill, 2011).

O estudo deste fenómeno popularizou-se no anos 30, especialmente

com as investigações de Cook (1936), as quais conduziram a evidências

consistentes que permitiram afirmar a ocorrência da TBA, referindo-se à

mesma como “educação cruzada”.

REVISÃO DA LITERATURA

28

Este investigador identificou um conjunto de características da TBA,

entre as quais se destacam os ganhos significativos dos diferentes segmentos

corporais após o treino com apenas um dos membros, o cariz simétrico ou

assimétrico da transferência, assim como a quantidade relativa de informação

transferida, a qual aumenta com o aperfeiçoamento da aprendizagem.

A TBA pode, ainda, ser mencionada como transferência intermanual,

inter-lateral ou contra-lateral. Estas denotações distintas foram surgindo na

literatura devido aos paradigmas da transferência que são utilizados para o

estudo de variadas questões de investigação, as quais abrangem diferentes

áreas de pesquisa, como a fisiologia, as ciências neurais, as ciências da saúde,

o desporto (Stöckel & Wang, 2011).

2.1.2. Classificações

A TBA pode ser classificada como positiva ou negativa, dependendo do

impacto que a experiência anterior exerce na aprendizagem de uma nova

habilidade. Quando a experiência anterior favorece a aprendizagem, do

membro contralateral, classificamos a TBA como positiva. Por outro lado, esta

pode ser negativa se a experiência prévia interfere de forma prejudicial na

aprendizagem ou na prática da habilidade motora por parte do membro do lado

oposto. Nos casos em que experiência anterior não surtiu qualquer efeito ou

influência na aprendizagem ou na prática da habilidade motora em questão, a

transferência é considerada neutra ou nula (Magill, 2011).

Este fenómeno constitui um alvo da literatura de investigação, sendo

amplamente estudado de há alguns anos a esta parte, nomeadamente no que

diz respeito aos motivos pelos quais ocorre, ou à direção de transferência.

No que concerne à direção, a TBA pode ser classificada como sendo

simétrica, isto é, quando a transferência é idêntica entre os membros, ou

assimétrica, quando esta é superior de um membro para o outro.

REVISÃO DA LITERATURA

29

A revisão da literatura revela que alguns estudos nesta área sugerem

uma direção assimétrica da TBA (e.g. (Criscimagna-Hemminger et al., 2003;

Parlow & Kinsbourne, 1989; Wang, 2004) enquanto outros, mais recentes,

apresentam resultados que indicam a simetria da TBA, verificando uma

transferência similar em ambas as direções (e.g. (Boroujeni & Shahbazi, 2011;

Koeneke et al., 2009; Schulze et al., 2002; van Mier & Petersen, 2006).

Neste sentido, van Mier &Petersen (2006) analisaram a transferência

intermanual de aprendizagem em 24 sujeitos de ambos os sexos (12

destrímanos e 12 sinistrómanos), através de uma tarefa denominada de maze-

learning, a qual consiste em mover uma caneta ao longo de um labirinto o mais

rapidamente possível. Os erros e a velocidade foram medidos em diferentes

condições: no desempenho inicial, após a prática no labirinto, durante a

transferência intermanual no mesmo labirinto e para o labirinto de espelhos. A

direção da transferência foi testada a partir da mão preferida para a não

preferida e vice-versa. Não foram encontradas diferenças significativas no que

concerne à lateralidade, ao género, e à direção da transferência.

Por sua vez, Koeneke, Battista, Jancke e Peters (2009) estudaram a

transferência intermanual e intramanual, com uma tarefa com dificuldade

intermédia (finger tapping), em 38 estudantes. Esta tarefa consiste na ação de

bater o dedo em sincronia com eventos rítmicos externos, tendo sido praticada

6 dias por semana durante 2 semanas. Não se verificaram diferenças

significativas quer na força de transferência a partir do dedo praticado para

outros dedos da mesma mão (transferência intramanual) ou para os dedos da

mão contralateral (transferência intermanual). Assim, os autores não

observaram uma assimetria dos efeitos de transferência.

Por outro lado, Boroujeni &Shahbazi (2011) investigaram a TBA numa

habilidade de serviço curto no badminton, estudando uma amostra constituída

por 36 estudantes do sexo feminino. Os resultados provenientes da análise da

performance de um exercício de serviço sugerem que a TBA ocorre do lado

preferido para o não preferido e vice-versa.

REVISÃO DA LITERATURA

30

Assim, a TBA é um processo complexo que associa as funções

sensoriomotoras inerentes à realização da tarefa, o sistema efetor envolvido e

as características particulares de cada sujeito (Vasconcelos, 2006).

Podemos referir um vasto leque de investigações que apontam

assimetria da TBA, a qual pode ser determinada por vários fatores, tais como a

sequência de aprendizagem (MP ou MNP em primeiro lugar), os parâmetros de

movimento a serem examinados, e a natureza das transformações sensório-

motoras associadas com o processo de aprendizagem (Wang, 2004).

Na literatura existem referências a TBA facilitada pela ordem de

instrução dos MNP para os MP (Kai & Watari, 2006; Kumar & Mandal, 2005;

Panzer et al., 2010; Senff & Weigelt, 2011; Stockel et al., 2011).

Kumar &Mandal (2005) estudaram a transferência de aprendizagem de

uma tarefa em 60 indivíduos, dos quais 40 destrímanos e 20 sinistrómanos. Os

autores sugerem que a magnitude da transferência não depende da

lateralidade dos sujeitos, variando de acordo com a ordem de instrução, sendo

superior quando a habilidade é aprendida do lado dominante, nomeadamente

no que respeita à velocidade de execução da tarefa.

Fries et al. (2010) conceberam uma experiência utilizando sequências

de movimento com múltiplos elementos. A tarefa proposta pelos autores

consistiu na movimentação de uma alavanca horizontal em direção a 16 metas

projetadas de modo sequencial. A amostra, constituída por 22 estudantes com

uma média de idades de 24,2 anos, sendo 12 sujeitos do sexo feminino e 10 do

sexo masculino. Estes foram divididos em dois grupos distintos: um grupo

praticou a sequência com o membro dominante, enquanto o outro grupo

praticava com o membro não dominante. Após o período de aquisição, ambos

os grupos foram testados relativamente à sequência aprendida com diferentes

níveis de carga. Os resultados indicam que tanto sujeitos destrímanos como

sinistrómanos são capazes de compensar o aumento da carga sem alterações

no desempenho com a sua mão dominante. Todavia, apenas os destrímanos

foram capazes de transferir a sequência e as diferentes cargas aplicadas para

a sua mão não dominante.

REVISÃO DA LITERATURA

31

Stockel et al. (2011) propuseram a prática de uma tarefa motora

associada ao drible no Basquetebol. Cerca de cinquenta e duas crianças, com

a idade média de 11,7 anos, praticaram essa mesma habilidade em 8 sessões,

no período temporal de 4 semanas. Os resultados indicam ganhos de

aprendizagem significativamente superiores para o grupo que realizou a

aprendizagem com o MNP e a performance como o MP, em comparação com

o grupo que realizou o processo inverso.

No âmbito da TBA assimétrica, algumas investigações indicam que os

ganhos de transferência são superiores do MNP para o MP.

Teixeira (2000) verificou a assimetria da transferência bilateral no

controlo da força, sendo significativa do membro preferido para o não preferido.

Contudo, num estudo mais recente, o mesmo autor verificou que determinados

componentes da tarefa motora são controlados com igual proficiência pelos

hemisférios cerebrais. Desta forma, Teixeira (2006) sugere que, para estes

componentes, ocorre uma simetria na transferência entre membros. Ainda

no âmbito da produção de força, Stöckel &Weigelt (2011) concluíram que a

prática inicial com a mão preferida permite uma transferência mais eficiente

para a realização de tarefas de força máxima, quando comparada com a

prática com a mão não preferida.

Criscimagna-Hemminger et al. (2003) testaram a TBA em indivíduos

destros. Um dos objetivos deste estudo incidiu em investigar a direção da

transferência (MP - MNP). Os resultados obtidos demonstram que a

generalização ocorreu somente a partir do MP para o MNP.

Teoricamente, a relevância em estudar e classificar a TBA como

simétrica ou assimétrica reside no facto de obtermos informações acerca do

papel desempenhado pelos hemisférios cerebrais no controlo do movimento.

Do ponto de vista prático, este conhecimento é indispensável para a orientação

para o modo como se irá praticar, com o intuito de facilitar o desempenho ótimo

para uma determinada habilidade motora (Vasconcelos, 2006b).

REVISÃO DA LITERATURA

32

2.1.3. Teorias explicativas da TBA

Os motivos pelos quais a TBA ocorre ainda é um tema controverso na

comunidade científica. Enquanto alguns autores postulam a explicação

cognitiva, outros defendem teorias baseadas no controlo motor (Magill, 2011).

Os modelos de Perícia (Laszlo et al., 1970) e de Cross-Activation

(Parlow & Kinsbourne, 1989) foram os pioneiros na tentativa de explicar os

motivos pelos quais a TBA ocorre.

O primeiro modelo defende a formação de programas motores de cariz

unilateral, que podem ser armazenados em áreas motoras contra-laterais.

Assim, quando o centro de controlo motor superior, localizado no hemisfério

esquerdo cerebral, é treinado, ocorre a transferência da informação para os

centros motores do hemisfério oposto. Esta situação verifica-se apenas da mão

dominante preferida para a não preferida, sugerindo que um sistema composto

por hemisfério e membro é superior ao outro.

Por sua vez, o modelo proposto por Parlow &Kinsbourne (1989) defende

a criação de um programa motor em cada hemisfério, os quais operam em

acoplação. Quando uma habilidade é aprendida com a mão preferida, essa

informação é armazenada em programas motores independentes do grau de

dominância do córtex. Uma vez que apenas o córtex motor dominante tem a

capacidade de aceder a programas motores superiores, a aprendizagem da

habilidade com a mão não preferida baseia-se em programas motores

inferiores. Desta forma, após a aprendizagem com a mão dominante, o

desempenho da habilidade com a mão não preferida é facilitado (Schulze et al.,

2002).

Por outro lado, Taylor &Heilman (1980) apresentaram o modelo de

Callosal Access, sugerindo que o padrão assimétrico de transferência resulta

da relevância do hemisfério dominante na organização e no controlo dos

movimentos, uma vez que os programas motores são armazenados no mesmo,

independentemente da mão ou segmento usados na aprendizagem. Desta

forma, a mão preferida acede diretamente a estes programas.

REVISÃO DA LITERATURA

33

Em contraste, a mão não preferida tem acesso aos mesmos de uma

forma indireta, através do corpo caloso.

Atualmente, com os resultados verificados na literatura, estes modelos

não parecem ser os mais apropriados para explicar este fenómeno. De acordo

com Magill (2011), a prática com o MP beneficia a aprendizagem da mesma

tarefa com o membro contra-lateral, comparativamente à situação oposta.

O autor defende que este facto ocorre devido à motivação, uma vez que

o desempenho efetuado na prática com o membro mais proficiente fomenta a

realização da tarefa com qualquer membro.

Descobertas recentes apontam para um modelo de lateralização motora

distinto, no qual ambos os hemisférios cerebrais e/ou segmentos corporais

encontram-se lateralizados de um modo funcional, isto é, cada sistema é

especializado em diferentes características do movimento (Bagesteiro &

Sainburg, 2003; Wang & Sainburg, 2004, 2006).

O MP apresenta vantagens na adaptação a novas condições de

dinâmica, nomeadamente no que concerne à coordenação entre segmentos

(Sainburg & Kalakanis, 2000). Contudo, e apesar dos erros de coordenação

intersegmentar verificados durante o movimento, o MNP apresenta melhor

precisão na posição final (Duff & Sainburg, 2007). Estes estudos sugerem que

o hemisfério não dominante pode ser especializado no controlo do estado

estacionário do membro (Wang & Sainburg, 2007).

Conjuntamente, estes resultados demonstram o papel especializado do

hemisfério dominante no controlo da trajetória inicial, assim como o do

hemisfério não dominante no controlo da posição final do membro, sugerindo

que as assimetrias na TBA são determinadas diretamente por essas

diferenciações hemisféricas (Stockel & Weigelt, 2012; Wang & Sainburg, 2006).

2.1.4. Transferência bilateral de aprendizagem e Ballet Clássico

No caso do Ballet Clássico, é desejável que o aluno seja capaz de

executar as suas tarefas de uma forma simétrica, tendo como objectivo tornar-

se um bailarino versátil. Deste modo, não só é possível alcançar a correção

REVISÃO DA LITERATURA

34

dos movimentos, como também é provável diminuir a ocorrência de lesões

(Steinberg et al., 2012).

Todavia, na iniciação da prática da Dança verifica-se alguma

discrepância em habilidades motoras básicas em termos de lateralização.

Em acréscimo, um bailarino inexperiente demonstra uma clara

preferência na aprendizagem e prática para um determinado lado (Kimmerle,

2010). Desta forma, consideramos relevante analisar a TBA, especialmente no

contexto das aulas de Ballet Clássico, uma vez que se podem colher benefícios

no desenvolvimento de estratégias de ensino e aprendizagem que promovam

a simetria do movimento.

Na literatura, os estudos que se debruçam sobre a TBA no ensino e

aprendizagem na dança, e mais especificamente no Ballet Clássico, são muito

reduzidos.

No âmbito das aulas de dança, o único estudo de que temos

conhecimento remonta à década de 80 do século passado, tendo sido

realizado por uma investigadora Alemã de nome Puretz. Esta autora, em 1983,

analisou a TBA em 40 estudantes de dança, todos destrímanos, com níveis de

experiência distintos. Os sujeitos foram distribuídos em dois grupos, em

conformidade com a sua experiência: um dos grupos era composto pelos

participantes que não tinham qualquer conhecimento de dança moderna ou

Ballet; os sujeitos com alguma experiência em dança formavam o outro grupo.

A TBA foi investigada através da prática de padrões de movimentos

complexos. A autora propôs a performance de sequências de movimentos, a

qual foi alvo de uma avaliação de acordo com um questionário criado pela

própria. O questionário era constituído por duas partes, as quais promoviam a

análise geral da sequência de movimentos, assim como a avaliação dos

parâmetros mais específicos do movimento.

Os resultados obtidos indicam uma transferência em maior escala dos

MNP para os MP. Todavia, a autora sugere que em estudos futuros a amostra

seja constituída por sujeitos com níveis técnicos claramente distintos, como por

exemplo em bailarinos profissionais e em sujeitos com exposição a

experiências de dança reduzida.

REVISÃO DA LITERATURA

35

Uma vez que este assunto não se encontra muito descrito e clarificado

na literatura, com este estudo pretendemos investigar e contribuir para a

compreensão acerca da TBA no Ballet, mais especificamente no que respeita à

direção da transferência e à influência exercida pela idade na aprendizagem de

elementos próprios do Ballet Clássico.

REVISÃO DA LITERATURA

36

2.2 Referências Bibliográficas

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CAPÍTULO III – ESTUDO EMPÍRICO

ESTUDO EMPÍRICO

41

Resumo

A metodologia convencional utilizada no ensino do Ballet Clássico postula a

demonstração e prática inicial dos movimentos e elementos técnicos do lado

direito, geralmente o lado preferido. Após a aprendizagem e prática, os alunos

são incentivados a realizar a transferência para o lado não preferido. Este

estudo procurou investigar os efeitos da condição de aprendizagem e da idade

na transferência bilateral de aprendizagem, em 34 crianças do sexo feminino

dos 6 aos 11 anos de idade (8,76 ± 1,52 anos), todas elas destrímanas. A

preferência manual e pedal foi avaliada através da aplicação de dois

questionários: Dutch Handedness Questionaire (van Strien, 2002) e Lateral

Preference Inventory (Coren, 1993) respetivamente. A amostra foi dividida em

2 grupos de acordo com a idade. Os sujeitos foram também divididos em duas

condições de transferência: os que iniciaram a tarefa com os MP e os que a

iniciaram com os MNP. A tarefa proposta consistiu em aprender 2 exercícios do

antigo programa da Royal Academy of Dance, adaptados à idade e experiência

das crianças. Com o intuito de avaliar a TBA, foi solicitada a realização do

exercício proposto para o lado oposto para o qual tinha sido aprendido. Cada

performance foi avaliada de acordo com 3 parâmetros distintos (Técnica,

Música e Performance). Utilizou-se a estatística descritiva (média e desvio

padrão) e a estatística inferencial (ANOVA II Fatores). O nível de significância

fixou-se em 5%. Os resultados revelaram: (i) efeitos significativos na direção da

transferência do MNP para MP; (ii) efeitos significativos do factor idade, uma

vez que as estudantes de dança mais jovens obtiveram pontuações inferiores

comparativamente às mais velhas; (iii) não se verificaram efeitos significativos

na interação das variáveis condição de prática e idade. Estes resultados

sugerem que os instrutores e professores de dança, nomeadamente de Ballet

Clássico, demonstrem os exercícios e iniciem a prática com os MNP tendo em

vista uma aprendizagem mais eficaz do ponto de vista da simetria do

movimento.

Palavras-chave

transferência bilateral de aprendizagem; ballet clássico; crianças.

ESTUDO EMPÍRICO

43

Abstract

The conventional teaching methodology for dance classes postulates

movement demonstration on the right side, usually the dominant one. After

learning and practice, the students must transfer to the non-dominant side. This

experiment tested the effects of the practice condition and age in bilateral

transfer of learning. Subjects were 34 right-handed pre-pubertal females, aged

from 6 to 10 years old (8,76 ± 1,52 years). Lateral preference was assessed by

applying two questionnaires: Dutch Handedness Questionnaire (van Strien,

2002) and Lateral Preference Inventory (Coren, 1993).The sample was divided

into two groups according to age. The subjects were also divided into two

transfer conditions groups: those who initiated the task with the preferred

members and those who started with non-preferred members. The task

consisted in learning two exercises from the former Royal Academy of Dance’s

syllabus, which are adapted to the age and experience of the students. In order

to evaluate the bilateral transfer of learning, the subjects were asked to perform

the proposed exercise to the opposite side of which had been learned. An

ANOVA yielded significant main effects for direction of transfer from the non-

preferred to preferred side, and for age - the younger dance students obtained

lower performance scores that the older ones. It is suggested that the dance

instructor initiates the exercise demonstration on the non-dominant side, with

the purpose of a more effective learning. With the same theoretical and

methodological reference, it would be interesting to study children with left

lateral preference.

Key-words

bilateral transfer of learning; classical ballet; children.

ESTUDO EMPÍRICO

45

Introdução

A performance do Ballet Clássico requer o treino de movimentos e

habilidades técnicas específicas, que são praticados ao longo de vários níveis

de formação.

Durante este processo, o nível de exigência aumenta, bem como a

intensidade e complexidade do movimento. É expectável que um estudante de

Ballet seja capaz de desempenhar as suas tarefas de uma forma simétrica, a

fim de se tornar um bailarino versátil e para prevenir possíveis lesões.

No entanto, no início da prática de dança verifica-se uma proficiência

discrepante no que respeita a habilidades motoras básicas em termos de

lateralização. Por outro lado, um bailarino inexperiente demonstra uma clara

preferência para a aprendizagem e prática de um movimento para um lado

específico (Kimmerle, 2010).

A investigação sobre a transferência de aprendizagem especificamente

no contexto da aula de Ballet pode beneficiar o desenvolvimento de estratégias

de ensino que promovam a simetria dos movimentos.

A TBA ocorre quando a prática de uma tarefa motora com um dos

segmentos do corpo melhora o desempenho com o membro contralateral

homólogo (Magill, 2011), constituindo um alvo literatura de investigação. Ao

longo dos anos, têm sido investigados diversos assuntos, tais como a razão

pela qual a TBA ocorre, ou a direção do montante superior da transferência.

Apesar de a TBA ter despoletado o interesse dos professores de dança

como resultado da experiência obtida no contexto da aula, verificamos a quase

inexistência de pesquisas desta matéria associadas à dança. Desta forma, o

objetivo de nosso estudo é investigar a direção da TBA especificamente no

Ballet Clássico.

Esta pesquisa procura testar a relação entre a prática e a preferência

lateral, assim como os seus efeitos sobre a transferência bilateral de padrões

de movimento complexos de dança.

ESTUDO EMPÍRICO

46

Metodologia

Amostra

Participaram no estudo 34 crianças do sexo feminino, com idades

compreendidas entre os 6 e os 11 anos de idade (8,76 ± 1,52 anos), sendo

todas elas destrímanas.

A preferência manual e pedal foram avaliados através da aplicação de 2

questionários: Dutch Handedness Questionaire (van Strien, 2002) e Lateral

Preference Inventory (Coren, 1993) respetivamente. A amostra foi dividida em

dois grupos de idade (6-8 anos, n=20 e 9-11 anos, n=14). Posteriormente, cada

grupo foi dividido de acordo com a ordem de prática dos exercícios propostos

(6-8 anos, MP-MNP, n=10; 6-8 anos, MNP-MP, n=10; 9-11 anos, MP-MNP,

n=7; 9-11 anos, MNP-MP, n=7).

Todas as crianças iniciaram a prática do Ballet Clássico com 5 anos.

Para além de duas aulas semanais de Ballet Clássico, nenhuma destas

crianças pratica ou realiza atividades desportivas, musicais ou plásticas a nível

extracurricular.

Instrumento e Tarefa

O autor e um professor credenciado da RAD conceberam um

questionário com escala, com o propósito de avaliar o desempenho dos

padrões de movimento. Os critérios para elaborar o questionário baseiam-se na

visão da própria academia, assim como nos seus objetivos e nas diferentes

especificações dos níveis de ensino (RAD, 2011). O questionário foi dividido de

acordo com a capacidade técnica (considerando a postura, alinhamento,

coordenação e equilíbrio), música (considerando o timing, tempo de resposta) e

desempenho (considerando expressão e comunicação). Estes parâmetros

foram classificados numa escala de Lickert de 1 a 5 pontos, recorrendo à

avaliação qualitativa: "muito pobre (1), pobre (2), suficiente (3), bom (4) e muito

bom (5)".

ESTUDO EMPÍRICO

47

Todas as performances foram gravadas no formato de vídeo com uma

câmara de filmar analógica CANON, modelo MV510. Os vídeos foram

analisados posteriormente por três juízes.

Para determinar a consistência inter-avaliadores, realizou-se uma

análise de variância, a qual não revelou diferenças significativas nas

classificações médias para os três parâmetros nas quatro sequências de

movimentos (Coeficiente de Kappa: entre 0.487 e 0.722; p = 0.000).

Delineamento Experimental e Procedimentos

O estudo realizou-se em três salas diferentes, sem marcas nem

referências assimétricas e familiares às alunas.

O fator idade envolveu dois níveis distintos, 6 a 8 anos e 9 a 11 anos.

Por sua vez, as condições de transferência foram as seguintes: MP-MNP e

MNP-MP.

As alunas foram aleatoriamente distribuídas para uma das duas

condições de tratamento referidas, tendo em conta uma distribuição

quantitativa idêntica em cada condição no que respeita à idade.

A tarefa consistiu em executar dois exercícios do antigo currículo da

RAD, os quais envolvem movimentos estáticos e dinâmicos: Step Close Step

Point e Walks and Point (Primary), Classical Walks e Transfer of Weight (Grade

1) representados e descritos na Tabela 1 e na Tabela 2.

ESTUDO EMPÍRICO

48

Tabela 1: Descrição dos exercícios da RAD (Primário).

Primeiro Exercício - Step Close Step Point

Tempos Descrição

Início 1a posição en face

Segurando na saia

Intro – 4 tempos

1 – 2 Passo para a direita e fecha em 1ª posição

3 Passo para a direita

4 Ponta com o pé esquerdo à frente com fondu

5 – 8 Repetir para o outro lado

1 – 8 Repetir tudo

Segundo Exercício - Walks and Point

Início 1a posição en face

Segurando na saia

Intro – 4 tempos

1 – 2 Dégagé pé direito à frente

1 – 3 3 passos para a frente

4 Dégagé pé esquerdo à frente em fondu

5 – 8 Repetir para o outro lado

1 – 8 Repetir tudo

ESTUDO EMPÍRICO

49

Tabela 2: Descrição dos exercícios da RAD (Grau 1)

Primeiro Exercício: Classical Walks

Tempos Descrição

Início

Colocação na parte superior do palco, à esquerda

1a posição natural

Voltado para a direita da parte inferior do palco

Bras bas

Intro - 6 counts

1 - 3

Espera

4 - 6

Dégagé direita, pé direito à frente

Membros superiores em demi-seconde

Cabeça voltada para o centro

1 – 8 8 passos para a frente, dirigindo-se para a direita

inferior do palco

9 Fechar em 1a posição

10 – 12 Meia volta para se direcionar para a esquerda inferior

do palco

1 – 12 Repetir para o outro lado

Segundo Exercício: Transfer of Weight

Início 1a posição

Bras bas

Intro – 4 tempos

1 – 4 2 Battement tendus para 2 a posição fechando em 1 a

posição

5 Dégagé para 2 a posição

Membros superiores para demi-seconde

7 Transferir peso e dégagé em 2 a posição

8 Fechar em 1 a posição

Bras bas

1 – 8 Repetir para o outro lado

ESTUDO EMPÍRICO

50

A instrução foi realizada por um professor credenciado da RAD. Foi

solicitado a cada grupo a aprendizagem e performance de dois exercícios, os

quais se encontram adequados à idade e nível técnico das alunas.

Em ambas a condições de tratamento, cada aluna realizou,

relativamente à sequência de movimentos solicitada, 5 tentativas na fase de

aprendizagem, 5 na de retenção e apenas 1 tentativa na avaliação final (fase

de transferência da aprendizagem). Nesta última fase, cada participante foi

convidada a realizar a performance para o lado oposto ao qual praticou, sendo

privada de qualquer instrução adicional. A fase de aquisição é relativa ao

processo de aprendizagem da sequência de movimentos propostos. Por sua

vez, a fase de retenção diz respeito à prática e aperfeiçoamento do

conhecimento adquirido durante a fase anterior. Desta forma, as fases de

aquisição e de retenção não foram consideradas para análise no presente

estudo, não sendo alvo de avaliação, tendo sido descritas na medida em que

fizeram parte do desenho experimental. Um dos motivos pelo qual não foram

avaliadas as performances nestas duas fases incide no facto de todas as

alunas que constituem a amostra terem os mesmos anos de prática de Ballet e

o mesmo número de treinos semanais, situando-se, segundo a opinião da

professora, no mesmo nível de desempenho. Por outro lado, os exercícios

propostos são constituídos por elementos técnicos frequentemente treinados

durante as aulas, como por exemplo os tendus e as transferências de peso.

Assim, não foram necessariamente aprendidos novos elementos técnicos, mas

apenas o seu enquadramento e encadeamento numa sequência de

movimentos e música específicas.

No que respeita ao cálculo do transfer, o nosso estudo encontra-se de

acordo com os procedimentos metodológicos propostos e realizados por Puretz

(1983), que considerou, como valor da transferência de aprendizagem, a

pontuação obtida pelas alunas na performance dos exercícios propostos para o

lado contrário ao inicialmente executado.

A TBA foi calculada de acordo com a média das pontuações dos dois

avaliadores em 3 parâmetros distintos (técnica, música e performance) na fase

de avaliação final (fase de transferência de aprendizagem).

ESTUDO EMPÍRICO

51

Resultados

O programa de estatística Statistical Package for the Social Science

(SPSS 20.0) foi o selecionado para o tratamento dos dados. Foi realizada uma

análise exploratória de dados com o objectivo de garantir a normalidade da

distribuição e excluir a eventual presença de outliers, através do teste de

Shapiro-Wilk e do teste de Levene.

Os quatro exercícios foram agrupados em duas variáveis: Exercício 1

para Step Close Step Point (Primário) e Transfer of Weight (Grau 1); Exercício

2 para Walks and Point (Primário) e Classical Walks (Grau 1). A performance

dos exercícios mencionados foi avaliada em três subsecções distintas:

capacidade técnica, música e performance.

Efetuámos a análise descritiva dos resultados, assim como uma ANOVA

II Fatores para examinar o efeito dos fatores idade e condição de transferência,

e suas interações relativamente à TBA. Foi calculada a média dos resultados

das subsecções de cada juiz, bem como os resultados dos dois exercícios de

Ballet específicos para cada grupo. A análise de variância foi realizada

posteriormente com estes resultados.

No Quadro 1 encontram-se descritos os resultados médios obtidos com

o desempenho dos exercícios.

Quadro 1: Média e desvio padrão da pontuação dos exercícios nº1 e nº2 nas

condições MP-MNP e MNP-MP, para a técnica, música e performance.

Condição MP MNP MNP MP

Idade 6 - 8 9 - 11 6 – 8 9 - 11

Exercício

1

Técnica 2.42 ± 0.67 2.75 ± 0,96 2.57 ± 0.89 3.50 ± 1.00

Música 2.50 ± 0.87 3.13 ± 1.31 3.00 ± 1.44 3.85 ± 1.27

Performance 2.31 ± 0.52 2.75 ± 0.95 2.57 ± 0.89 3.15 ± 0.67

Exercício

2

Técnica 2.12 ± 0.85 2.25 ± 0.50 3.00 ± 0.65 2.95 ± 0.93

Música 2.19 ± 0.93 2.50 ± 1.15 3.00 ± 0.58 3.20 ± 0.90

Performance 1.88 ± 0.55 2.38 ± 0.48 2.50 ± 0.76 2.80 ± 0.98

ESTUDO EMPÍRICO

52

Os resultados evidenciados no Quadro 1 revelam valores médios da

técnica, música e performance em ambos os exercícios predominantemente

superiores no grupo etário 9 – 11 anos, assim como na condição MNP – MP.

A Figura 1 ilustra as pontuações obtidas pelas alunas em ambos os

exercícios em função da sua idade, enquanto a Figura 2 evidencia as

pontuações obtidas em função da condição de prática (MP-MNP ou MNP-MP).

Figura 1: Pontuação obtida pelas alunas em função da idade.

O diagrama de extremos e quartis revela que os sujeitos cuja idade está

compreendida entre os 9 e os 11 anos de idade obtiveram melhores resultados

médios nos 2 exercícios propostos comparativamente às alunas mais jovens.

ESTUDO EMPÍRICO

53

Figura 2: Pontuação média em ambos os exercícios em função da condição de prática.

A Figura 2 evidencia melhores resultados médios das alunas que

aprenderam e a praticaram com os MNP e realizaram a performance com os

MP.

Seguidamente apresentamos os resultados significativos obtidos em

ambos os exercícios em cada um dos parâmetros em análise.

Quadro 2: Resultados significativos do exercício 1 nos parâmetros técnica, música

e performance, valores de F e de p.

Secção Fator F p Efeito

Técnica Idade 5.341 0.011 9 – 11 anos

Música Condição de prática

Idade

4.360

5.629

0.045

0.024

MNP – MP

9 – 11 anos

Performance Idade 6.857 0.013 9 - 11 anos

ESTUDO EMPÍRICO

54

Para o Step Close Step Point e Transfer of Weight, tanto os sujeitos do

grupo 6 – 8 anos como os do grupo 9 - 11 anos obtiveram melhor pontuação na

condição MNP-MP.

Através do Quadro 2, observou-se um maior efeito da condição de

prática na TBA no parâmetro relativo à música [F1,32=4,360; p=0,045]. Por sua

vez, o fator idade revelou efeitos estatisticamente significativos nos três

parâmetros em análise, principalmente no que concerne à técnica [F1,32=5,341;

p =0,01] e à performance [F1,32=6,857; p=0,01] nas idades 9 -11 anos.

Apesar dos valores de p se encontrarem muito próximos do nível de

significância considerado no presente estudo (p ≤ 0,05), não se verificaram

efeitos significativos da condição de prática na técnica [F1,32=4,027; p=0,053] e

na performance [F1,32=4,063; p=0,052].

A interação entre a idade e o sexo não se revelou significativa em

nenhum dos parâmetros em análise: técnica [F1,32=0,871; p=0,358], música [F1,

32=0,065; p=0,801] e performance [F1,32=0,066; p=0,799].

No Quadro 3 apresentamos os resultados das performances do

exercício nº2, constituído pelo Walks and Point (Primário) e Classical Walks.

(Grau 1).

Quadro 3: Resultados significativos do exercício 2 nos parâmetros técnica, música

e performance, valores de F e de p.

Secção Condição F p Efeito

Técnica Condição de prática 9.403 0.004 MNP – MP

Música Condição de prática 8.670 0.006 MNP – MP

Performance Condição de prática

Idade

7.125

4.742

0.012

0.037

MNP – MP

9 – 11 anos

ESTUDO EMPÍRICO

55

Pela análise do Quadro 3, observaram-se valores significativos na

condição MNP-MP em todos os parâmetros de avaliação do exercício 2, com

valores de p em consonância com o nível de significância considerado no

presente estudo.

De realçar os resultados obtidos ao nível da técnica na condição MNP-

MP [F1,32= 9,403; p= 0,004], muito embora os valores relativos aos restantes

parâmetros para a mesma condição de prática também se revelem

significativos [música: F1,32= 8,670; p= 0,006; performance: F1,32=7,125;

p=0,012].

No caso do exercício 2, o factor idade não revelou efeitos significativos

na TBA nos parâmetros técnica [F1,32=1,136; p=0,295] e música [F1,32=2,717;

p=0,109]. À semelhança dos resultados obtidos no exercício 1, a interação

entre os factores idade e sexo não se revelou significativa ao nível da técnica

[F1,32=0,092; p=0,764], da música [F1,32=0,027; p=0,870] e da performance

[F1,32=0,114; p=0,735].

No Quadro 4 apresentamos os resultados significativos obtidos tendo em

conta o movimento geral, isto é, a avaliação de cada parâmetro

independentemente do exercício.

Quadro 4: Valores médios do exercício 1 e do exercício 2. Resultados significativos

dos parâmetros técnica, música e performance, valores de F e de p.

Secção Condição F p Direção do Efeito

Técnica Condição de prática

Idade

8.188

4.471

0.007

0.042

MNP – MP

9 – 11 anos

Música Condição de prática

Idade

7.619

5.326

0.009

0.028

MNP – MP

9 – 11 anos

Performance Condição de prática

Idade

7.072

7.351

0.012

0.011

MNP – MP

9 – 11 anos

ESTUDO EMPÍRICO

56

De acordo com o apresentado no Quadro 4, e se considerarmos os

parâmetros de avaliação independentemente dos exercícios, verificamos

efeitos significativos tanto do factor idade como na condição de prática na

técnica, música e performance, sempre na direção MNP-MP.

Porém, a interação entre a idade e o sexo não se revelou significativa

tanto para a técnica [F1,32=0,141; p=0,701], como para a música [F1,32=0,007;

p=0,932] e performance [F1,32=0,003; p=0,955].

ESTUDO EMPÍRICO

57

Discussão dos Resultados

Os nossos resultados revelaram diferenças estatisticamente

significativas da TBA na técnica, música e performance, em ambos os

exercícios, na comparação entre as condições de transferência, tendo revelado

a condição MNP–MP valores mais elevados de transferência, e na comparação

entre os grupos de idade.

As meninas mais velhas (9 – 11 anos) apresentaram valores de

transferência significativamente mais elevados do que as mais novas (6-8

anos).

A TBA ocorre quando uma nova habilidade é aprendida primeiro para

um lado e, em seguida, transferida para o outro (Magill, 2011). Os instrutores e

professores de dança devem refletir sobre esta questão em termos de aula, a

fim de optimizar o processo de treino, facilitando a aprendizagem e a

transferência de habilidades motoras específicas.

Presumimos que os padrões motores usados nesta pesquisa são

sequências de movimentos complexos, que foram aprendidos para um lado do

corpo e transferidos para o lado oposto como resultado da prática. A razão que

motivou a escolha destes movimentos baseia-se no cariz específico das aulas

de Ballet Clássico, uma vez que estas raramente envolvem tarefas simples,

como as utilizadas tradicionalmente em estudos na área da TBA.

Por outro lado, os exercícios selecionados são parte integrante do

currículo precedente da RAD, estabelecendo uma relação muito próxima com

as aulas de Ballet, conferindo a esta pesquisa o caráter ecológico tido como

fundamental nos estudos sobre desenvolvimento e aprendizagem motora.

Ao longo dos últimos anos, um dos pontos de controvérsia sobre a TBA

refere-se à sua direção (Vasconcelos, 2006). Através da análise dos valores

obtidos no nosso estudo relativamente aos valores dos exercícios propostos

nos estudos constantes da literatura, quando consideradas as condições de

transferência e a idade, os nossos resultados revelaram diferenças

estatisticamente significativas na comparação entre os grupos quanto à

capacidade técnica, à música e à performance.

ESTUDO EMPÍRICO

58

Assim, no nosso estudo observámos uma TBA assimétrica,

corroborando estudos como o de Puretz (1983). Esta investigadora obteve

resultados significativos na transferência de sequências de dança, os quais

indicaram uma maior transferência do lado não preferido para o preferido. De

acordo com os resultados obtidos, a autora sugere o ensino da dança para o

lado não preferido dos sujeitos, “maximizando a aprendizagem através da

transferência bilateral”.

Puretz (1983) defende ainda que os professores de dança podem colher

benefícios do ensino para o lado não preferido, uma vez que, através da

prática, os MNP vão experienciar melhorias significativas e, em simultâneo, o

bailarino é capaz de manter um alto nível de performance para o lado preferido.

Os nossos resultados encontram-se em conformidade com esta perspectiva,

visto que as crianças que realizaram o treino com os MNP obtiveram melhores

resultados do que aquelas que aprenderam e praticaram com os MP.

Todavia, Magill (2011) defende que a prática com o MP beneficia a mais

aprendizagem da mesma tarefa com o membro contra-lateral,

comparativamente à situação oposta. O autor refere que este fenómeno ocorre

devido a factores motivacionais, visto que a prática com o membro mais

proficiente fomenta a realização da tarefa com o membro oposto.

Apesar de sentimos alguma dificuldade em comparar os padrões de

movimento específicos do Ballet com habilidades motoras discretas,

geralmente utilizadas em estudos na área da transferência de aprendizagem,

os resultados que obtivemos não se encontram na linha dos que são descritos

em grande parte dos estudos efetuados com sujeitos destrímanos.

Investigações recentes apontam para uma TBA simétrica (Gonçalves, 2011;

Magalhães, 2007; Teixeira, 2006). Segundo Teixeira (2006), determinados

componentes da tarefa motora são controlados com a mesma proficiência por

ambos os hemisférios cerebrais, sugerindo que ocorre uma simetria na

transferência entre membros. Contrastando com as investigações referidas, as

crianças que participaram no presente estudo obtiveram melhores pontuações

na performance dos exercícios com os MP quando a prática dos mesmos foi

realizada inicialmente com os MNP.

ESTUDO EMPÍRICO

59

Esta tendência encontra-se de acordo com o modelo de lateralização

motora no qual ambos os hemisférios cerebrais e/ou segmentos corporais

encontram-se lateralizados de um modo funcional, isto é, cada sistema é

especializado em diferentes características do movimento (Bagesteiro &

Sainburg, 2003; Wang & Sainburg, 2004, 2006). De acordo com os autores

referidos, ambos os membros têm acesso simétrico à informação adquirida,

mas quando ocorre uma competição entre os dois hemisférios cerebrais, cada

sistema é selecionado de acordo com a informação para a qual é

especializado, inibindo a utilização do hemisfério oposto. Esta teoria refere que

hemisférios encontram-se lateralizados de um modo funcional, em que cada

sistema é especializado em diferentes características do movimento. Enquanto

os MP revelam vantagens na adaptação a novas condições de dinâmica,

especialmente no que concerne à coordenação entre segmentos, os MNP

apresentam melhor precisão na posição final (Duff & Sainburg, 2007),

sugerindo que o hemisfério não dominante pode ser especializado no controlo

do estado estacionário do membro (Wang & Sainburg, 2007).

A presente investigação revela valores superiores de TBA no sentido

MNP–MP que, à luz da teoria explanada, pode ser explicado pela

predominância de movimentos dinâmicos nos exercícios propostos aos sujeitos

integrantes da amostra. Por outro lado, esta assimetria da TBA pode ser

explicada, em parte, devido ao ensino do Ballet privilegiar o treino com os MP,

pelo que existe maior facilidade e motivação em realizar os elementos técnicos

com os MP.

No que respeita à idade, verificamos melhores pontuações no grupo

etário dos 9 – 11 anos, tanto na capacidade técnica como na musicalidade e

performance dos exercícios, o que poderá ser explicado não só por factores de

crescimento e maturação, como também pela maior experiencia adquirida ao

longo dos anos de prática de Ballet.

Também Sá (2007) e Byrd et al. (1986) verificaram que a quantidade de

TBA aumenta com a idade, relacionando este facto com o aumento da

maturação física.

ESTUDO EMPÍRICO

60

O fator idade revelou efeitos significativos maioritariamente no exercício

1, enquanto a condição de prática se revelou mais significativa no exercício 2.

Pensamos que esta ocorrência se deve ao facto de o exercício 1 ser

constituído por movimentos ligeiramente mais exigentes sob o ponto de vista

técnico. Desta forma, as alunas mais velhas obtiveram melhores resultados

médios neste parâmetro comparativamente às mais novas.

O exercício 2 é constituído por elementos que constituem o exercício 2

envolvem deslocamentos com mudanças de direção, pelo que a condição de

prática pode ter contribuído para que as alunas sentissem maior ou menor

facilidade ao nível da orientação espacial, originando efeitos significativos

dessa mesma condição na performance dos exercícios.

ESTUDO EMPÍRICO

61

Conclusões e sugestões para futuras investigações

Apresentam-se de seguida as principais conclusões deste estudo:

(i) Observaram-se efeitos significativos da condição de transferência,

verificando-se valores superiores de transferência na direção MNP

para MP;

(ii) Ocorreram efeitos significativos do fator idade, observando-se

valores superiores de transferência nas bailarinas mais velhas;

(III) Não se verificaram efeitos significativos na interação das variáveis

condição de transferência e idade.

Concluímos que o facto de não existir, até à data, nenhum instrumento que

permita medir a aprendizagem de movimentos complexos próprios do Ballet

Clássico dificultou a nossa tarefa em mensurar a TBA. Desta forma, deixamos

em aberto a sugestão de criar um instrumento que permita mensurar a TBA

através da performance, que permita obter resultados menos ambíguos e mais

assertivos no que respeita a este domínio no Ballet Clássico. Na generalidade,

a pontuação média obtida nos exercícios foi baixa. Pensamos que um dos

motivos que explicam estes resultados incide sobre o reduzido número de

tentativas realizadas nas fases de aquisição e retenção, tendo em

consideração a tenra idade dos sujeitos. Recomenda-se, assim, um aumento

do número de tentativas nestas duas fases da aprendizagem motora.

Seria interessante não só aumentar a dimensão amostral, como também

abranger outras faixas etárias e níveis de especialização superiores, até ao

designado como profissional, de forma a caracterizar a TBA ao longo de todo o

processo de aprendizagem e desenvolvimento da técnica específica do Ballet

Clássico. Investigar se existem variações na direção e ou na quantidade de

informação transferida ao longo do desenvolvimento constituiria, certamente

um aliciante objetivo para futuros estudos.

ESTUDO EMPÍRICO

62

Seria igualmente relevante alargar o estudo da TBA a sujeitos

sinistrómanos, investigando como se relaciona a TBA com a preferência lateral

esquerda, ou mesmo alargar a investigação a sujeitos de preferência ipsilateral

ou cruzada no que respeita à relação entre os índices mão e pé.

A variável sexo também terá toda a pertinência de estudo, no sentido de

conhecer o seu efeito na TBA.

Por fim, pensamos que este tema poderia ser desenvolvido com maior

relevo nos membros superiores e cabeça, uma vez que os exercícios utilizados

para o presente estudo incidem maioritariamente nos membros inferiores,

apesar de os membros superiores terem estado também envolvidos.

ESTUDO EMPÍRICO

63

Referências Bibliográficas

Bagesteiro, L., & Sainburg, R. (2003). Nondominant arm advantages in load

compensation during rapid elbow joint movements. Journal of

Neurophysiology, 90(3), 1503-1513.

Byrd, R., Gibson, M., & Gleason, M. H. (1986). Bilateral transfer across ages 7

to 17 years. Perceptual and Motor Skills, 62(1), 87-90.

Coren, S. (1993). The Lateral Preference Inventory for measurement of

handedness, footedness, eyedness and earedness: norms for young

adults. Bulletin of the Psychotomic Society,, 31(1), 1-3.

Duff, S. V., & Sainburg, R. L. (2007). Lateralization of motor adaptation reveals

independence in control of trajectory and steady-state position. Exp Brain

Res, 179(4), 551-561.

Gonçalves, F. (2011). Transferência Intermanual de Aprendizagem numa

Tarefa de Antecipação-Coincidência. Estudo em Idosos de Diferentes

Contextos. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Relatorio

de Estagio apresentado a

Kimmerle, M. (2010). Lateral bias, functional asymmetry, dance training and

dance injuries. Journal of dance medicine & science : official publication

of the International Association for Dance Medicine & Science, 14(2), 58-

66.

Magalhães, M. (2007). Efeito da preferência manual e do sexo na destreza

manual e na transferência inter manual em crianças do 1º ciclo do

ensino básico. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Relatorio de Estagio apresentado a

Magill, R. A. (2011). Motor Learning and Contro. Concepts and Applications.

(9th ed.): Mc-Graw Hill.

Puretz, S. L. (1983). Bilateral transfer: the effects of practice on the transfer of

complex dance movement patterns (Le transfert bilateral: les effets de la

pratique sur le transfert de mouvements complexes en danse). Research

Quarterly for Exercise & Sport, 54(1), 48-54.

ESTUDO EMPÍRICO

64

RAD. (2011). RAD Level 1 Awards in Graded Examination in Dance: Grade 1 /

Grade 2 / Grade 3 (Ballet) Consult. 1 May, 2012, disponível em

http://www.rad.org.uk/files/ART370_20120111%20Level%201%20Grade

s%20Specification.pdf

Sá, C. (2007). Aquisição, retenção e transferência de habilidades motoras em

crianças de 7 e de 12 anos. . Universidade de São Paulo. Relatorio de

Estagio apresentado a

Teixeira, L. (2006). Intermanual transfer of timing control between tasks holding

different levels of motor complexity. Laterality, 11(1), 43-56.

van Strien, J. W. (2002). The Dutch Handedness Questionnaire. Erasmus

University Rotterdam: Relatorio de Estagio apresentado a

Vasconcelos, O. (2006). Aprendizagem motora, transferência bilateral e

preferência manual. Brazilian Journal of Physical Education and Sport,

20, 37-40.

Wang, J., & Sainburg, R. (2004). Interlimb transfer of novel inertial dynamics is

asymmetrical. Journal of Neurophysiology, 92(1), 349-360.

Wang, J., & Sainburg, R. L. (2006). The symmetry of interlimb transfer depends

on workspace locations. Exp Brain Res, 170(4), 464-471.

Wang, J., & Sainburg, R. L. (2007). The dominant and nondominant arms are

specialized for stabilizing different features of task performance. Exp

Brain Res, 178(4), 565-570.

65

CAPÍTULO IV – ANEXOS

ANEXOS

67

ANEXO 1: Pedido de autorização aos Encarregados de Educação

Autorização

Exmo. Encarregado(a) de Educação

Venho por este meio convidar o seu educando a participar num estudo de

Mestrado no âmbito da aprendizagem do Ballet Clássico associada ao

desenvolvimento motor.

Esta investigação realizar-se-á na Academia de Ballet do seu educando e em

data a determinar com a/o professor/a titular. A tarefa consiste na aprendizagem e na

performance de um exercício integrante do currículo do respectivo grau da Royal

Academy of Dance (RAD).

O ensino e a avaliação do exercício encontrar-se-ão a cargo de um Professor

creditado pela RAD. Para efeitos de avaliação, a performance terá de ser gravada no

formato de vídeo. De salientar que quaisquer informações ou imagens retiradas deste

processo serão utilizadas única e exclusivamente para efeitos de investigação

científica.

A participação do seu educando enquadra-se numa investigação realizada pelo

Laboratório de Aprendizagem e Controlo Motor da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto, a qual será levada a cabo por mim, Catarina Machado de

Oliveira, estudante de Mestrado em Desenvolvimento Motor da referida Faculdade e

autora do estudo Transferência Bilateral de Aprendizagem em Crianças. Um Estudo

no Ballet Clássico.

.

A mestranda, Catarina Machado de Oliveira

Eu, ______________________________, Encarregado de Educação do(a)

aluno(a)___________________________________ autorizo o meu educando

a participar no estudo dirigido pela Dra. Catarina Machado de Oliveira e

realizado no âmbito do Mestrado de Desenvolvimento Motor, em associação

com o Laboratório de Aprendizagem e Controlo Motor da Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto.

____________________________________________________________________________________

ANEXOS

69

ANEXO 2: Pedido de autorização à Royal Academy of Dance

Dear Dr. Carol Martin

My name is Catarina Oliveira and I am a student of the Faculty of Sports at the

Oporto University. At the moment I am attending at a Master Couse related with Motor

Development and I am really interested in investigate part of the learning process,

specifically in Classic Ballet.

I am also a student of Classical Ballet associated with Royal Academy of Dance

for many years, associated with Virginia Cardoso, accredited teacher of RAD in

Portugal.

I´ve been working with Dr. Olga Vasconcelos on the faculty’s Motor Learning

Laboratory and we are truly interested in study the direction of the transfer of learning

in Classical Ballet, as my investigation thesis. In a simplistic way, we wish to

investigate whether is easily to learn a sequence of movements or technical skills, from

right to left or the other way around. That kind of knowledge may allow a more efficient

practice and learning.

In order to do that, we need to evaluate or rate the performance of Ballet

students in a specific syllabus exercise. We thought that if we can use RAD’s

methodology and evaluation system, it would be a scientific and strict method. Both

teaching and evaluation processes might be naturally assured by accredited RAD’s

teachers who would like to take part on the university’s study. We are asking you for

your consent and help in establish evaluation criteria for a syllabus exercise that we

find to be more appropriated to investigate the transfer of learning.

As a researcher and a passionate of Dance, I believe it can transcend the

athletic and art features, to become also a scientific matter of interest.

Yours sincerely,

Catarina Machado de Oliveira

Motor Learning Laboratory

Faculty of Sports, University of Porto

Rua Dr. Plácido Costa, 91 - 4200.450 Porto. Portugal

Motor Learning Laboratory

Faculty of Sports

Oporto University

Portugal

ANEXOS

71

ANEXO 3: Dutch Handedness Questionnaire

QUESTIONÁRIO DE PREFERÊNCIA LATERAL

(Coren et al., 1981); (Van Strien, 2002)

Por favor, indique a sua preferência nas atividades abaixo indicadas.

Tente responder a todas as questões somente deixando em branco se não

tiver qualquer experiência com o objeto ou tarefa. Muito obrigado pela sua

colaboração.

Nome ____________________________________________ Idade _____

MÃO Esquerda Direita Qualquer

1– Qual das mãos prefere para pegar no lápis quando desenha?

2– Qual das mãos prefere para segurar a escova quando lava os

dentes?

3– Qual das mãos prefere para desenroscar a tampa de uma

garrafa?

4– Qual das mãos prefere para lançar uma bola?

5– Qual das mãos prefere para dar as cartas de um baralho?

6– Qual das mãos prefere para pegar numa raquete?

7– Qual das mãos prefere para abrir a tampa de uma caixa?

8– Qual das mãos prefere para pegar numa colher quando come

sopa?

9– Qual das mãos prefere para safar com uma borracha?

10– Qual das mãos prefere para abrir uma porta com uma

chave?

PÉ Esquerdo Direito Qualquer

1– Qual dos pés usa para saltar ao pé-coxinho?

2– Qual dos pés usa para chutar uma bola para um alvo?

3– Qual dos pés usa para fazer um desenho com o pé no chão?

4– Qual dos pés usa para subir para um plano superior?

5– Qual dos pés usaria se tivesses que apanhar uma pedrinha

com os dedos?

ANEXOS

72

Atualmente pratica algum desporto de rendimento em que seja atleta federado?

Sim Não Se SIM, Qual? _______________________

Que mão usas para escrever? Direita Esquerda Qualquer uma

Foi forçado(a) a usar a mão

direita para escrever?

Sim Não

ANEXOS

73

ANEXO 4: Parâmetros de avaliação

Laboratório de Aprendizagem e Controlo Motor

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

Parâmetros de Avaliação

Técnica

Postura, alinhamento dos segmentos

Coordenação

Uso do espaço, orientação espacial.

1 – muito pobre

2 – pobre

3 – suficiente

4 – bom

5 – muito bom

Música

Timming

Ritmo

Resposta

1 – muito pobre

2 – pobre

3 – suficiente

4 – bom

5 – muito bom

Performance Expressão

Comunicação

1 – muito pobre

2 – pobre

3 – suficiente

4 – bom

5 – muito bom

ANEXOS

75

ANEXO 5: Exemplar da tabela de avaliação

Laboratório de Aprendizagem e Controlo Motor

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

Tabela de Avaliação

Avaliador:

Data

Exercício:

Nº Aluno Parâmetro Rating (1-5)

Técnica

Música

Performance

Técnica

Música

Performance

Técnica

Música

Performance

Técnica

Música

Performance

Técnica

Música

Performance

Técnica

Música

Performance