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Trajetórias de uma historiografia: memória e cultura afro brasileira na Baixada Fluminense ELIANA LAURENTINO* Pensar a relação entre ensino e pesquisa do patrimônio, memória e cultura afro brasileira na Baixada Fluminense 1 exige um esforço metodológico. São diferentes e inúmeros os agentes sociais envolvidos na produção historiográfica e com ações importantes voltadas para o ensino na região. Nesse sentido, o recorte temático sobre Cultura Afro brasileira é rico para entender a formação da sociedade e suas relações sociais. Ao longo das últimas duas décadas, os estudos sobre escravidão, diáspora africana, cultura afro brasileira e a condição do negro na Baixada Fluminense tem se multiplicado como temas de projetos pedagógicos, de pesquisa e de extensão e em diferentes instituições da região. Tal temática na Baixada Fluminense permite entender as teias que os agentes construíram, sendo necessário pensar as referências sócio históricas como lugares de pesquisas e ensino. A proposta é acompanhar o processo das produções historiográficas na região, e dos agentes dessa historiografia na Baixada Fluminense. Considerei oportuno apresentar um panorama dos autores e alguns estudos que tiveram ação pioneira. Contudo, nesse trabalho terá destaque os atores que estiveram ou estão envolvidos com a temática da cultura afro brasileira, ou seja, os trabalhos que abordam desde a história da África e do afro descente incluindo as experiências históricas da população escravizada, que após a travessia do Atlântico incorporaram elementos africanos ao seu dia-a-dia e construíram uma nova identidade. Também são considerados os estudos que refletem sobre a discriminação racial e valorização da diversidade étnica, entre outros que envolvem a questão negra e afrodescendente. Trabalhos inseridos ...em uma perspectiva historiográfica que tem no estudo passado um caminho para construir reflexões sobre as contradições sociais do presente, a escravidão e o tráfico são temáticas privilegiadas para problematizar sobre a sociedade brasileira e suas singularidades.” (BEZERRA, 2014, p.1) * Mestranda da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF- UERJ) e Membro do Grupo de Pesquisa A cor da Baixada, Casa da Pesquisadora/Feuduc. 1 A Baixada Fluminense pode ser defina como o conjunto de municípios localizados na região metropolitana da atual Cidade do Rio de Janeiro. De acordo com a classificação da FUNDREM (Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro) a Baixada Fluminense compõe os seguintes municípios: Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Queimados, Mesquita, Japeri. Ver (BRAZ, 2010. p.10)

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Trajetórias de uma historiografia: memória e cultura afro brasileira na Baixada

Fluminense

ELIANA LAURENTINO*

Pensar a relação entre ensino e pesquisa do patrimônio, memória e cultura afro brasileira na

Baixada Fluminense1 exige um esforço metodológico. São diferentes e inúmeros os agentes

sociais envolvidos na produção historiográfica e com ações importantes voltadas para o

ensino na região. Nesse sentido, o recorte temático sobre Cultura Afro brasileira é rico para

entender a formação da sociedade e suas relações sociais. Ao longo das últimas duas décadas,

os estudos sobre escravidão, diáspora africana, cultura afro brasileira e a condição do negro na

Baixada Fluminense tem se multiplicado como temas de projetos pedagógicos, de pesquisa e

de extensão e em diferentes instituições da região. Tal temática na Baixada Fluminense

permite entender as teias que os agentes construíram, sendo necessário pensar as referências

sócio históricas como lugares de pesquisas e ensino.

A proposta é acompanhar o processo das produções historiográficas na região, e dos

agentes dessa historiografia na Baixada Fluminense. Considerei oportuno apresentar um

panorama dos autores e alguns estudos que tiveram ação pioneira. Contudo, nesse trabalho

terá destaque os atores que estiveram ou estão envolvidos com a temática da cultura afro

brasileira, ou seja, os trabalhos que abordam desde a história da África e do afro descente

incluindo as experiências históricas da população escravizada, que após a travessia do

Atlântico incorporaram elementos africanos ao seu dia-a-dia e construíram uma nova

identidade. Também são considerados os estudos que refletem sobre a discriminação racial e

valorização da diversidade étnica, entre outros que envolvem a questão negra e

afrodescendente. Trabalhos inseridos

“...em uma perspectiva historiográfica que tem no estudo passado um caminho para

construir reflexões sobre as contradições sociais do presente, a escravidão e o tráfico

são temáticas privilegiadas para problematizar sobre a sociedade brasileira e suas

singularidades.” (BEZERRA, 2014, p.1)

* Mestranda da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF- UERJ) e Membro do Grupo de Pesquisa

“A cor da Baixada”, Casa da Pesquisadora/Feuduc. 1 A Baixada Fluminense pode ser defina como o conjunto de municípios localizados na região metropolitana da

atual Cidade do Rio de Janeiro. De acordo com a classificação da FUNDREM (Fundação para o

Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro) a Baixada Fluminense compõe os seguintes

municípios: Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Queimados, Mesquita,

Japeri. Ver (BRAZ, 2010. p.10)

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Através de um levantamento inicial dos trabalhos já existentes sobre a historiografia local e

das produções sobre a temática da cultura afro brasileira em revistas locais, foi possível

apresentar as contribuições dessas produções para a renovação da história local, das políticas

e campanhas em defesa do patrimônio e da memória da região da baixada Fluminense.

Desse modo, disposta a entender como as produções recentes sobre a temática da cultura afro

brasileira foram se configurando, apresento na primeira parte do texto um breve balanço já

produzido sobre as obras tidas como pioneiras na região, através do estudo de Nielson Rosa

Bezerra (2014) em seu artigo “A historiografia tradicional e a invisibilidade da escravidão na

Baixada Fluminense”. O autor oferece um rico debate sobre o processo da escrita na região e

como a temática ora proposta vai se construindo nos debates locais.

Relaciono o estudo de Bezerra com o significado da escrita da história regional no cenário

fluminense, através do estudo realizado por Rui Aniceto Fernandes (2009). O trabalho de

Fernandes permite compreender o significado da histórica local dentro da produção

historiográfica fluminense, inserida na perspectiva de um projeto nacional, visto que a questão

regional está presente na historiografia brasileira desde o século XIX.

Já na segunda parte do texto, apresento um levantamento dos trabalhos produzidos em alguns

periódicos locais diretamente relacionados a temática da cultura afro. São as seguintes

revistas: Pilares da História, Revista Recôncavo, Revista FEUDUC e a Revista Hidra de

Igoassú. A partir do levantamento, considerei pertinente abrir um diálogo com estudo já

realizado sobre as trajetórias de alguns desses autores através do trabalho produzido por Ana

Lucia da Silva Enne (2002). O estudo de Enne permitiu recuperar alguns nomes de autores

considerados por ela responsáveis por uma produção universitária em oposição aos estudos

anteriores, considerados memorialistas. Não pretendo me deter aos resultados das pesquisas

das trajetórias realizadas por Enne, mas sim, seguir o caminho metodológico realizado por

ela, ou seja, seguir os percursos de alguns nomes mencionados que aparecem como autores

nos artigos pesquisados, objetivando entender a relação pessoal com as produções realizadas.

Assim, esse trabalho busca apresentar alguns estudos realizados sobre a temática da cultura

Afro Brasileira e como eles estão relacionados a identificação e divulgação de locais de

memória da escravidão africana e do tráfico de escravos na Baixada Fluminense.

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I – O negro na historiografia da Baixada Fluminense: comparações e vertentes atuais

Cabe compreender como a escrita regional se configura e como os estudos produzidos na

Baixada Fluminense se inserem em uma dinâmica nacional. Nesse sentido, torna-se relevante

destacar que no século XIX a escrita da história, que se estabeleceu cientifica, visava construir

identidades nacionais. Rui Aniceto Fernandes chama atenção para o papel da escrita regional.

“...como lidar com a diversidade, o específico, o regional. Na associação entre

História e Geografia, campos que se institucionalizavam à época, surge a história

regional. (...) A história regional era reconhecida como a possibilidade de construção

do conhecimento histórico desde que tivesse essa pretensão à unidade da nação, sem

se perder em particularismos.” ( FERNANDES, 2009:p.53)

Fernandes salienta que os estudos regionais geraram várias apreensões e diversos usos. Ele

cita por exemplo Capistrano de Abreu, que elegeu uma região como símbolo da brasilidade: o

sertão. O autor chama atenção que Abreu não fez uma história regional, mas que a questão da

região se fazia clara em sua obra.

O que se pretende aprender da análise de Fernandes é que em princípios do século XX

conhecer o interior era importante em oposição as obras que identificavam o litoral como

força motriz de formação do país. O autor destaca que a história regional, influenciada pelo

pensamento geográfico, mostrava-se como uma possibilidade de construção da história do

país.

“Nesse caso, o recorte regional foi apreendido de maneiras diferenciadas. O recorte

geográfico tinha uma escala variável. Podia ser uma localidade, uma província/estado ou um

espaço que englobasse vários locais.”(FERNANDES, 2009:p.54) O autor nos permite

compreender que a historiografia regional produzida na primeira metade do século XX

dialogava com outras áreas do conhecimento, em especial com a geografia, e que a história

regional firmou-se no final do século XIX e na primeira metade do século XX como um

discurso legitimo de construção do conhecimento histórico. O autor se propôs pensar como

se escreveu a história fluminense de 1930 a 1950, observando a biografia dos autores

analisados no período. Assim, Fernandes considera os autores, quando produziram, quem

editava, fontes utilizadas, e principalmente que eram esses ‘fluminenses” e como a história

fluminense associava-se ao projeto implementado por Amaral Peixoto entre as décadas de

1930-1950 no Estado do Rio de Janeiro. Através das analise dos autores e das obras

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historiográficas produzidas no período, o autor segue as biografias, considerando os usos

políticos dos historiadores. (FERNANDES, 2009)

Entender o uso político dos autores e os lugares e espaços de suas escritas, nos capacita para

uma leitura mais crítica da produção na Baixada Fluminense, sem, simplesmente, rotular os

estudos pioneiros de “memorialistas”, mas compreende-los em seus contextos. Do mesmo

modo, permite acompanhar como determinadas temáticas se configuram.

No artigo “A historiografia tradicional e a invisibilidade da escravidão na Baixada

Fluminense” Bezerra (2014) oferece contribuições pertinentes para entender o processo de

construção da historiografia local. Através da análise dos autores e obras a seguir é possível

identificar como a escravidão e o negro eram apresentados na historiográfica da região.

Bezerra aponta que a historiografia tradicional sobre a Baixada Fluminense, tem nos trabalhos

de Waldick Pereira (1977) um ensaio a uma “história problema”, com um esforço teórico para

análise, elaboração de hipótese e um cuidado de mencionar as fontes consultadas e as

referências. Os trabalhos de Waldick apontam algumas questões sobre a presença dos

africanos na Baixada Fluminense, mas não aprofunda a análise, muito menos os considera

protagonistas da história na região. Além disso, sua obra é marcada por uma visão político-

administrativa da História, como pode ser observado em “Cana, café e laranja: história

econômica de Nova Iguaçu”, nesse trabalho os produtos que se tornaram “ciclos econômicos”

de Iguaçu, são o foco de sua análise. Isso reflete as influências historiográficas de Pereira.

Dentre essas influências, Bezerra destaca José Matoso Maia Forte (1933) com sua obra

“Memória da Fundação da Vila de Iguassu”, considerada fundadora da historiografia

tradicional sobre a Baixada Fluminense. Nesse trabalho, chama atenção como Maia Forte

apresenta a mão de obra africana, pois ele destaca que produção de açúcar, por exemplo, é

realizada pelo engenho e não pelos escravos, ou seja, a condição de escravizado, na visão do

autor, despersonalizava aqueles sujeitos e nesse sentido, seriam como meras ferramentas

utilizadas no engenho.

Assim, Bezerra entende que essa historiografia é baseada em um ponto de vista de que a

História é a ciência dos grandes homens, com carácter exemplar para a sociedade. Nesse caso,

predomina uma visão política e administrativa da história da Baixada Fluminense, sendo os

africanos praticamente invisíveis nessas primeiras obras. A mão de obra africana é relatada

em listas documentais para exemplificar a riqueza dos proprietários de canaviais ou de

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armazéns de café. Tanto os africanos e os afrodescendentes são elencados como componentes

para a produção na região.

Todavia, em 1990 alguns trabalhos que consideravam as contribuições da escravidão na

formação da sociedade brasileira elegeram a Baixada Fluminense como recorte espacial em

seus estudos. Dentre eles, os estudos de Flávio dos Santos Gomes (GOMES, 1992) e Jorge

Luís Rocha da Silveira (SILVEIRA, 1998), nos quais a geografia da região foi favorável às

propostas de pesquisas desses autores. Esses trabalhos são relevantes para as produções

acadêmicas futuras, mas podemos considera-los com uma produção historiografia da Baixada

Fluminense e não na Baixada Fluminense, uma vez que, a região serviu como base para

análise das condições geográficas favoráveis. (BEZERRA, 2014)

Relevante salientar que a historiográfica do Rio de Janeiro, por um longo tempo, se

caracterizou pelos relatos descritivos, normalmente seguindo uma ordem cronológica, baseada

nas memórias de estrangeiros e nacionais. Com o estabelecimento dos cursos de pós

graduação a partir de 1970, o ensino da teoria e metodologia nas Universidades e a criação de

centros de pesquisas com a Casa de Rui Barbosa e o CPDOC, esse quadro se modificou.

(FERNANDES, 2009)

Bezerra então considera que é possível perceber que a partir da década de 1990 há um

movimento de produção historiográfica sobre a Baixada Fluminense. Entre os diferentes

temas estudados nessa região, as pesquisas sobre a escravidão, diáspora africana, cultura afro

brasileira e a condição do negro na sociedade tem sido privilegiada.

Nesse sentido, se encaminha a minha busca das trajetórias dos autores da Baixada Fluminense

e como esses agentes realizaram iniciativas de catalogação, inventário e preservação das

referências culturais na região. Destacando as diferentes concepções dos distintos interesses

políticos, instituições, sujeitos e como se manifestação os diferentes modos de conceber a

escrita da história e produzir memórias.

II - A renovação historiográfica da história local em periódicos

A partir da década de 1990, muitos agentes realizaram esforços para preservação das

diferentes leituras do vivido na região ao longo do processo histórico de construção de sua

população. Destacando a importância de entender como a produção de memória na região se

insere em uma escrita da história no âmbito nacional (FERNANDES, 2009).

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Realizei um levantamento prévio em algumas revistas da região: Revista Pilares da História,

Revista Feuduc, Revista Recôncavo e Revista Hidra de Igoassú. Isso permitiu alguns

cruzamentos entre nomes e produções.

Periódicos

Revista

Pilares da

História

Revista

FEUDUC

Revista Hidra de

Igoassú

Revista Recôncavo

Ano da primeira edição

2002

1999

1999

2011

Quantidade de artigos -

Cultura afro

14

0

5

15

Ano da última edição/

atual

2014

2002

2012

2014

Periodicidade da Revista

Semestral/

Anual

Anual

Anual

Semestral

Vinculo Institucional Instituto

Histórico-

CMDC

Feuduc

APPH-Clio/

CEMPEDOCH-BF

Uniabeu

*Levantamento realizado em março de 2015.

Na Revista FEUDUC, que teve seu primeiro número em 1999, não foi publicado

especificamente artigos sobre a temática da Cultura Afro. Contudo logo na primeira edição

de agosto de 1999 consta o artigo de José Claudio de Souza (1999) “A História de um código

genético social (Antecedentes do poder, da violência e da região) e na edição de 2000 o artigo

de Marlucia Santos de Souza (2000) “Imagens da Cidade de Duque de Caxias”, Esses

trabalhos consideram uma análise das tensões e contradições existentes na região através de

um diálogo entre a sociedade e o espaço. Isso já apresenta o novo olhar desses estudos na

região, que lançam luz aos demais agentes envolvidos na formação da sociedade.

A Revista FEUDUC foi criada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Duque de

Caxias, não está em circulação e sua última edição ocorreu em 2002. Cabe esclarecer que a

Revista possuía um perfil interdisciplinar, e, com isso, contemplava apenas um trabalho para

o grupo de História, estando a revista disponível para as demais áreas.

Outra revista que não está em circulação é a Revista Hidra de Igoassú Cadernos de textos

sobre a história local e regional Baixada Fluminense, vinculada a APPH-CLIO (Associação

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de professores e pesquisadores de História). A revista não recebe financiamento de

Instituições públicas e/ou privada, o que gerou um limite de publicações. Duas edições

ocorreram em 1999 e duas em 2000, com uma interrupção até 2012 quando aconteceu um

esforço da própria equipe em realizar uma nova edição que saiu em fevereiro de 2012.

Contudo, cinco artigos da revista se destacam nesse período: “Pau para toda obra: A

importância da madeira na história econômica do Recôncavo Guanabarino” (BEZERRA,

1999); “ ‘De quando dar os anéis’: a estrutura fundiária da Baixada Fluminense e suas

transformações” (ROCHA, 2000); “Memória de Joões: Exilio e sobrevivência na Baixada

Fluminense”(GREGÓRIO, 2001); “A busca da construção do movimento negro em Duque de

Caxias e São João de Meriti nos anos 80 e inicios dos anos 90: CEB’s, Identidade Negra e

Cidadania’(OLIVEIRA, 2000) “Rebeldia e Repressão na Baixada Fluminense- séc. XIX”

(BEZERRA,2001). Ercilia Coelho de Oliveira e Nielson Rosa Bezerra, respectivamente.

Trabalhos preocupados com ação de resistência dos escravos, e as ações de resistências nos

pós abolição.

Assim, é possível perceber que a partir da década de 2000, ocorre um crescimento na

produção da vertente historiográfica que oferece destaque para a escravidão, cultura afro

brasileira e a condição do negro como temas centrais para compreender a sociedade na região

da Baixada Fluminense. Na Revista Pilares da História2, a partir de 2003, foi possível

identificar quatorze artigos que abordam a temática, dentre eles: “Tensões e interações das

relações sociais em torno do regime escravista na freguesia de Santo Antônio da Jacutinga”

(BEZERRA, 2003); “O debate étnico e a união dos homens de cor em Duque de

Caxias”(SOUZA, 2003); “As chaves da Liberdade: estratégias de resistência escrava na

ferrovia”(BEZERRA, 2004); “A trajetória do movimento negro em Duque de Caxias: uma

análise em construção”(PEREIRA, 2004); “O candomblé na Baixada Fluminense”(ISAAC,

2006); “Mercado Negro – Escravidão e Liberdade”(PERES, 2007); “Movimento Negro –

celebrando 25 anos na Baixada Fluminense”(OLIVEIRA, 2010).Percebe-se que a

invisibilidade do negro vai sendo abandonada, como reforça Bezerra (2014).

Na Revista Recôncavo3 com primeira edição em 2011, vai se configurando um crescimento

continuo de apresentação de trabalhos que abordam a temática. Constam dezesseis artigos

2Artigo foram consultadas as revistas que estão disponíveis na versão digital no site: http://www.cmdc.rj.gov.br

A Revista Pilares da História é realizada pelo Instituto Histórico da Câmara Municipal de Duque de Caxias com

Associação dos Amigos do Instituto Histórico 3 A revista Recôncavo continua em circulação e é vinculada a UNIABEU. Universidade que possui campus em

Belford Roxo, Nova Iguaçu, Angra dos Reis e Nilópolis.

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desde a primeira publicação, sendo os oitos aqui apresentados diretamente ligados a temática

da cultura afro na Baixada Fluminense. São eles: “Marinheiros e barqueiros africanos no

Recôncavo da Guanabara –século XIX” (BEZERRA, 2011); “Escravidão, cor e raízes sociais

no Recôncavo da Guanabara”(SOARES, 2013); resenha “Religiosidade banta no Recôncavo

da Guanabara: um objeto historiográfico” (POSSIDONIO, 2013); “As Irmandades dos

homens de cor na América Portuguesa: à guisa de um balanço historiográfico”(OLIVEIRA,

2013); “Cadernos/diários de asé - escritas de candomblé”(FERREIRA, 2013); “Rosa Maria

da Silva e Gracia Maria: escravidão, trabalho, família e mobilidade social em piedade de

Iguaçu e Santo Antônio de Jacutinga”(SOARES, 2014); “o rei do candomblé nas páginas da

revista: Joãozinho da Goméia em o cruzeiro (1967)”(MENDES, 2014); “O sítio morro da

saudade: práticas de arrendamento e redes de sociabilidade na freguesia de Marapicu na

segunda metade do oitocentos”(MACHADO, 2014); “Os possíveis encontros entre a história

e a literatura: uma análise sobre escravidão, poder senhorial e o ponto revista dos

dominados na obra de Machado de Assis”(RODRIGUS, 2014).

Assim, os artigos das revistas acima possuem algo em comum: todos versam sobre a

participação do negro na formação da sociedade brasileira, considerando-os como atores e

agentes de sua história. São trabalhos que lançam luz aos atores que foram ignorados na

produção historiográfica brasileira e regional. Isso é relevante, considerando que a produção

historiográfica delimita identidades (HERMAN, 1983), e que as práticas preservacionistas

apoiam-se em uma produção historiográfica. Assim, as disputas em torno do que se deve ou

não ser preservado passa necessariamente no nível da escrita (LOWANDE, 2012).

Desse modo, seguirei, inicialmente, o percurso de pesquisa realizado por Ana Lucia Enne

(2002)4, que partiu das trajetórias individuais dos diversos agentes na Baixada Fluminense

para entender suas inserções coletivas e seus pertencimentos em termos de identidades

sociais. Considero alguns dos atores apresentados por Enne que estavam envolvidos em

atividades acadêmicas que sinalizam para a produção historiográfica na Baixada Fluminense,

apresentado dados das suas trajetórias atuais.

É importante salientar os agentes que a autora classificou como “acadêmicos”.5 Enne chama

atenção que, nesse grupo, quase todos são professores da rede pública na Baixada

4 Enne refletiu sobre a importância de estudar a memória relacionada à identidade, privilegiando como princípio

metodológico o objeto/sujeito para pensar as redes e sub-redes que deseja analisar. 5 Anne considera acadêmicos os agentes que possuem pós graduação e uma produção historiográfica, entre

artigos e monografias. Também leva em consideração o vínculo com instituições universitárias e a oposição a

uma história “positivista”, o que para a autora seria um compromisso com a “ciência”.

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Fluminense, o que gera uma ponte entre o fazer historiográfico e a preocupação com a

didática em sala de aula. A autora realiza um mapeamento das trajetórias desses autores,

através de entrevistas. Dentro desse grupo estariam: Antônio Jorge Matos, Antônio Augusto

Braz, Marlucia dos Santos Souza, Alexandre dos Santos Marques, Paulo Pedro da Silva,

Ercilia Coelho de Oliveira, Maria do Carmo Gregório, Shirley da Silva Costa, Maria José

Rodrigues de Carvalho, Marize Conceição de Souza, Elizabeth Silva de Oliveira, Cecília

Cunha França, Nádia Aparecida Felix, Nielson Rosa Bezerra, Jorge Luis Rocha, Rodinei

Knopp, Otair Fernandes, Valéria Lima Guimarães, Raquel Paz dos Santos, Linderval Augusto

Monteiro e Josinaldo Aleixo (ENNE, 2002:p.14).

Devido aos limites de espaço para o presente trabalho serão, nesse momento, serão

considerados somente dois nomes, ora mencionados. O critério para tal seleção serão os

autores que publicaram, nos artigos da revista Pilares, Revista Iguassu, Revista FEUDUC

e/ou Revista Recôncavo e que hoje estão diretamente envolvidos com instituições de memória

e patrimônio.6 O objetivo é apresentar as trajetórias atuais identificando as ações realizadas

pelos diferentes agentes sociais, na busca de continuidade ou rupturas com seus discursos de

memória e patrimônio na Baixada Fluminense, em especial os temas ligados a cultura afro

brasileira.

Cabe avaliar se os agentes ora mencionados seguiram na chamada linha acadêmica, se estão

envolvidos em outras linhas de militância e/ou permanecem voltados à educação básica.

Seguindo a linha metodológica da trajetória individual, inserções institucionais e atividades

desenvolvidas na região, será possível acompanhar as pesquisas, os impactos dos trabalhos

para região e quais agentes permaneceram e/ou se envolveram com a temática da cultura afro.

Foi possível perceber que alguns autores já teriam sido mencionados na pesquisa de Enne,

como: Marlucia Santos de Souza e Nielson Rosa Bezerra. Contudo a pesquisa de Enne foi

realizada há doze anos, assim, cabe, problematizar quem são os agentes que continuam

envolvidos com a temática e como suas obras se relacionam com a memória na região,

privilegiando o que se deseja esquecer ou lembrar sobre o passado (LE GOFF, 2003)

Os autores que produziram nas revistas não necessariamente seguiram a “carreira

universitária”. Um instrumento que permite avaliar bem suas condições acadêmicas é o

6 Importante destacar que esses autores não são os únicos, mas são os que durante esse processo da pesquisa foi

possível identificar suas trajetórias atuais. Minha pesquisa em curso no Programa de Mestrado da Faculdade de

Educação da Baixada Fluminense pretende avançar nessa análise.

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próprio currículo desses agentes, a partir da Plataforma Lattes7. Assim, como um primeiro

exercício na busca das trajetórias pessoais na região, coube esse instrumento de pesquisa.

Contudo, pretendo realizar entrevista com alguns agentes sociais, especialmente, os ligados a

atividades ao patrimônio, memória e cultura afro na Baixada Fluminense. Visto a hipótese que

eles estão engajados em movimentos de militância ou mesmo direcionados para atividades na

educação básica voltados para temática, só será possível mediante uma análise das ações

individuais.

Um dado interessante a partir desse estudo foi que quase todos continuam ligados a

instituições preocupadas com questão da conservação do Patrimônio na região, o que será

possível perceber a partir de trajetórias que seguem.

Marlucia dos Santos de Souza relata em um artigo publicado no livro “Professoras pensam a

Cidade” como se construí essa relação e as produções geradas...

“Na FEUDUC, encontrei outras pessoas que militavam nos movimentos sócias

negros, no SEPE – Núcleo de Duque de Caxias (Sindicato Estadual dos Profissionais

de Educação), nos partidos políticos recém- criados após a instalação do

multipartidarismo. O incômodo era coletivo. A lógica partilhada do homem como

sujeito de seu tempo trazia reflexões acerca do nosso lugar e do homem enquanto

construtor de sua História.” (SOUZA, 2011: p. 201).

Souza é indicativo que esses atores estão intimamente atuantes com a relação entre Memória e

Patrimônio. Mestre pela Universidade Federal Fluminense, em 2002, defendeu sua dissertação

“Escavando o Passado da Cidade: História Política da Cidade de Duque de Caxias (1900-

1960)”(Souza, 2002). Atualmente é Coordenadora Geral do Centro de Referência Patrimonial

e Histórico de Duque de Caxias. Seu currículo sugere que Marlucia não seguiu voltada para

uma carreira Universitária, mas permanece atuando na educação básica, em atividades no

Museu Vivo do São Bento e leciona na Fundação Educacional de Duque de Caxias –

FEUDUC.

A proposta estava marcada por uma intenção de romper o silêncio da História da resistência e

dos movimentos sociais e sindicais na cidade. Souza, destaca que ingressando no corpo

docente da FEEUDUC, no Departamento de História, uma equipe de professores e alunos

7 O currículo lattes se tornou uma referência para as universidades e instituições de pesquisa dos pais, sendo

adotado por estudantes e pesquisadores. Dessa forma, aquele que pretende seguir uma carreira acadêmica não

pode se abster de atualizar seu currículo com as produções e projetos. Através de um levantamento a partir da

base de dados da Plataforma lattes, foi possível considerar alguns apontamentos, como: atividade atual; produção

acadêmica, entre outros. Esse levantamento foi realizado na base de da plataforma Lattes em Fevereiro de 2015.

http://lattes.cnpq.br/

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iniciou um processo de estudo e mapeamento das fontes relativas à História Local à partir de

1992. Esses professores passaram a realizar suas próprias produções, realizaram oficinas,

material didático, cursos com professores nos anos 80 e 90, em parceria com o SEPE, entre

outras atividades.

Nesse sentido, Souza sinaliza que ocorre um movimento para o reconhecimento acadêmico

das ações:

“Apesar do alargamento das fronteiras do trabalho realizado, enfrentávamos as

dificuldades da ausência de recursos financeiros e de tempo; assim como, dos limites

de nossa própria formação. Professores da FEUDUC e formados pela instituição

decidiram organizar um grupo de estudos para melhor qualificar o fazer docente e

ampliar as possibilidades de pesquisa.” (SOUZA, 2011:p.202)

Assim, vejo necessário abrir um diálogo com o trabalho de Enne, pois considero que

“acadêmicos” não seria o termo adequado para essa geração de pesquisadores. Através das

atividades dos agentes apresentados a seguir, é possível estabelecer um elo entre as

experiências das produções em curso realizadas por eles com a necessidade de diálogo com

outras produções dentro do espaço acadêmico, mas não que suas trajetórias sejam voltadas

para uma carreira universitária, o que esse seja o canal de atuação dos mesmos.

Assim, entendo que esses atores continuaram suas carreiras por distintos caminhos, e que a

feitura do mestrado sinaliza para uma exigência acadêmica no sentido de dar continuidade as

suas ações na Baixada Fluminense. Seria então, o Mestrado um meio de legitimar as

narrativas realizadas por esses agentes em seus campos de atuação? Como foram

estabelecendo as práticas e as escolhas de pesquisa?

Nesse momento, é relevante acompanhar os autores que continuam vinculados a uma carreira

acadêmica. Dentre eles, destaca-se Nielson Rosa Bezerra que realizou três pós doutorados,

pela York University, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Univerty of

West Indies. Ligado a projetos significativos, tais como Testemunhos de Africanos no Brasil:

biografias, trajetórias individuais e identidades coletivas (século XVII e XIX); SHADD

biography Project: Testimonies of West Afriacans from the Era of the Slave Trade Africa e

Mundo atlântico, além de projetos de extensão, como Patrimônio, Memória e Cultura Afro

Brasileira na Baixada Fluminense e Juventude Semeando a Memória e a Cidadania. O autor

possui sete livros publicados, todos envolvidos com as temáticas em questão.

A relação entre a narrativa, patrimonialização e práticas educativas pode também ser

percebido através das ações coordenadas por Bezerra. Em novembro de 2014,

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especificamente, no dia 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra – como atividade de

Culminância do Curso Patrimônio, Memória e Cultura Afro Brasileira na Baixada

Fluminense, Bezerra realizou a edição e lançamento de dois livros8: “Vestidos de Realeza

Fios e nós centro-africanos no candomblé de Joaozinho da Goméia” (MENDES, 2014); e

“Mulato, Homossexual e Macumbeiro: que rei é este? Trajetória de João da Goméia (1914-

1971) (GAMA, 2014). O lançamento dos livros ocorreu no mesmo evento que comemorava o

centenário de Joaozinho da Goméia, com a inauguração do busto desse ícone que foi

considerado o pai de santo mais conhecido no Brasil.

Bezerra também apresenta muitos desdobramentos de suas pesquisas através de suas conexões

entre trabalho e estudo. Como exemplo, é possível destacar o grupo de pesquisa “A cor da

Baixada”, coordenado por Bezerra. Esse grupo proporcionou um novo espaço de reflexões e

debate sobre a temática.

Já no evento regional da Anpuh de 20149, Bezerra coordenou, em conjunto com Amália Dias,

o Simpósio Temático “Baixada Fluminense: Historiografia, Pesquisa e Ensino”. Nessa

ocasião, foram apresentados sete trabalhos que envolviam diretamente a temática, tanto de

iniciação cientifica, como resultados de pesquisa em diferentes programas de Mestrado.10

Assim, é possível perceber que a Baixada Fluminense é um campo fértil para o estudo sobre

os projetos pessoais e profissionais dos agentes e agências envolvidos nessa teia de memória e

história da região, sendo possível afirmar, pela análise inicial aqui empreendida, a relevância

da temática da escravidão e do pós-abolição nos estudos realizados.

Considerações Finais

Marizete Lucini destaca que ao “ao refletirmos sobre a memória como instrumento de

resistência por um determinado grupo social, nos parece pertinente refletir sobre como esse

grupo trabalha com a memória, no sentido de produzi-la e transformada em patrimônio

constantemente atualizado através de sua prática social.” (LUCINI, 2014: 19-41)

Tanto Patrimônio, quanto Memória são categorias de análise social que estão diretamente

envolvidas com a Cultura, aqui entendida com uma teia de significados (GERRTZ, 2008), que

possibilita uma melhor compreensão das relações forjadas na longa duração. Desse modo, a

8 Esses livros inauguram a coleção “Recôncavo da Guanabara “organizada também por Nielson Bezerra. A

proposta da coleção é contemplar os diferentes estudos produzidos sobre a Baixada Fluminense. 9 XVI Encontro Regional de História da Anpuh Rio: Saberes e Práticas Científicas 10 Os resumos dos trabalhos podem ser conferidos em Caderno de Resumos ISBN 978-85-65957-02-1

http://www.pr.anpuh.org/

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geração presente pode forjar seus interesses para encaminhar os projetos sociais e políticos de

acordo com as referências do passado. Os agentes envolvidos nessa teia de significados e suas

trajetórias permitem compreender as relações sociais.

Nesse sentido, para a compreensão da produção historiográfica é necessário pensar o lugar do

autor, como já destacava Michel de Certeau (CERTEAU, 1995: 1-48), lugar marcado por

interesses pessoais e profissionais/instituições. Esses interesses podem explicar os ditos e os

não ditos da escrita história. (FERNANDES, 2009).

Dessa forma, segue esse estudo em busca dos agentes e agencias envolvidos na construção da

memória na Baixada Fluminense, e das relações entre as pesquisas desenvolvidas e a

penetração das mesmas nas práticas de ensino da história local na região.

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