tradicional e nova conservação do solo e estruturas de cultivo

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Tradicional e Nova Conservação do Solo e Costas Kosmas Nicholas Yassoglou Aikatherine Kounalaki Estruturas de Cultivo Orestis Kairis Série do Fascículo: C Número: 2

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Page 1: Tradicional e Nova Conservação do Solo e Estruturas de Cultivo

 

                                                                                                                                   

 

 

 

Tradicional e Nova Conservação do Solo e

Costas Kosmas

Nicholas Yassoglou

Aikatherine Kounalaki

Estruturas de Cultivo

Orestis Kairis

 

Série do Fascículo: C             Número: 2  

Page 2: Tradicional e Nova Conservação do Solo e Estruturas de Cultivo

 

      

Conteúdos 

 

INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES 

A  criação  de  terraços  ou  socalcos  é  uma  das principais  técnicas  de  conservação  do  solo  e  de cultivo para combate à desertificação. É uma prática aplicada  para  prevenir,  que  o  excesso  de  água  de escorrência  superficial,  sobretudo  em  terrenos declivosos,  cause  severos  problemas  de  erosão  do solo.  Construir  terraços  é  criar  superfícies relativamente  planas  de  tamanho  razoável,  para permitir o cultivo em áreas declivosas. É conseguido removendo o solo paralelamente às curvas de nível e acumulando o material removido, sobre a superfície do  solo  abaixo  da  trincheira,  transformando  uma vertente  natural  num  ambiente  similar  a  escadas feitas  pelo  ser  humano.  Os  terraços  normalmente permitem  uma  melhor  gestão  de  solo  e  água, melhoram o acesso à terra e facilitam a agricultura e operações de lavoura. Os  terraços  estão  entre  as  características  mais particulares  das  paisagens  montanhosas.  Estas paisagens  encontram‐se  espalhadas  por  África, particularmente pela Etiópia,  são monumentais nos Andes  peruanos  e  ocupam  vertentes  de  desníveis vertiginosos  nos  Himalaias.  Na  China,  Japão,  e Sudeste  asiático  os  terraços  de  arroz  irrigados  são prodígios  da  engenharia  hidráulica.  Os  terraços 

Eles  encontram‐se,  para  Norte  na  Alemanha, normalmen

estendem‐se  igualmente  pela  Europa mediterrânea (Figura 1). 

te,  para  o  cultivo  da  vinha.  O  vale  do o eDour  no Norte de Portugal  stá bastante socalcado, 

mas não no Sul de Portugal. Na região de Alpujarra os  terraços  são  uma  arte, mas  na maior  parte  de resto de Espanha não  são comuns. Na Sardenha os terraços  são pontuais,  talvez  porque  os direitos  de propriedade desencorajaram os indivíduos a fazerem esforços, para cultivar a terra que pertencia a outro. As principais áreas de terraços na Sardenha são nos locais densamente povoados, circundantes de Bosa, de  cultivo  de  azeitonas  e  em Barbarian  no  interior montanhoso. O sector Este dos Pirenéus, Provença, Ligúria e Croácia, Creta,  ilhas Aegean e Maiorca são também áreas com terraços. 

Figura 1. Exemplo típico de terraços em vertentes declivosas na Europa Mediterrânea 

  uma  “tradição viva”, a construção destes é quase tão velha como a 

e e

Estruturas de conservação do solo 

Apesar  dos  terraços  serem  ainda

própria agricultura, para muitas civilizações antigas. A  construção  destas  infra‐estruturas  é  uma  das técnicas  mais  antigas  de  cultivo  e  protecção  das áreas montanhosas. Muitos estudiosos identificaram a existência de terraços em vários períodos antigos, mas por  vezes  com provas  insuficientes. Van Andel identificou, que a erosão do  solo no  Sul de Argolid (Grécia) possa ter sido controlada por terraços, tarde na  idade do Bronze, mas  as paredes do  terraço de Mycenaean,  não  estão  ainda  datadas  com segurança.  Há  no  entanto  antigos  terraços  na  ilha granítica de D los nas Cyclad s. 

INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES      1 Estruturas de conservação do solo  1 RAZÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE SOCALCOS OU TERRAÇOS  2 Descrição das antigas e modernas estruturas de terraços  

4  

DESIGN E CONSTRUÇÃO DE UM TERRAÇO MODERNO  5 

Gestão da terra em terraços   7 

PERSPECTIVAS E RECOMENDAÇÕES FUTURAS  10 LEITURA OU INFORMAÇÃO EXTENSIVA   11 

REFERÊNCIAS  11 

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Nas  áreas  montanhosas  na  ilha  grega  de  Lesvos cultivadas  com olivais  (com des

níveis normalmente 

s

superiores  a  6%)  foram  feitos  terraços  usando  a pedra  há  várias  centenas  de  anos. Os  olivais  nesta ilha cobrem uma área de 60,966 hectares. Terraços individuais  em  forma  de  círculo,  para  árvores individuais ou  lineares ao  longo das curvas de nível, têm  sido  cuidadosamente  construído   (Figura 2). O comprimento das paredes de pedra destes  terraços está  estimado  em  45,000  km.  Terraços  similares, podem  ser  encontrados  noutras  partes  da  Europa, como  na  Toscânia,  onde  os  mesmos  terraços  ou terraços  em  meio  circulo  são  uma  característica comum.  

 Figura 2. Terraços individuais em curva construídos na ilha de Lesvos para oliveiras individuais há 

écadas, nivelar a  terra e construir erraços,  tem  tido  um  importante  papel  na 

n

 

ERRAÇOS ou SOCALCOS  

igura 3) são a maior ão dos  terraços. 

  moderada 

centenas de anos  Nas últimas seis dtagricultura  da  Europa.  Em muitos  países  tal  como, Itália,  Hungria,  Portugal,  Espanha  e  Grécia,  esta técnica  têm‐se concentrado no cultivo mecânico de vinhas  ou  olivais.  A  superfície  de  culturas  de sequeiro  como  a  amendoeira  a  vinha  e  a  azeitona tem‐se  expandido  rapidamente  mesmo  nas  áreas marginais,  encorajada  pelas  políticas  da  agricultura comum  (PAC)  da  União  Europeia,  que  subsidiam directamente  a  modernização  de  plantações extensivas. Tal facto, levou a construção de terraços em  áreas  mo tanhosas,  para  reduzir  o  grau  de declive  e  remodelar  a  propriedade,  para  as modernas  plantações  mecanizadas.  Esta  técnica tornou‐se  mais  comum,  depois  da  introdução  do Regulamento  no  âmbito  da  política  da  União Europeia para as vinhas em 2000, onde os custos da construção de terraços foram subsidiados até 50%.  RAZÕES PARA A CONSTRUÇÃO de T

 A conservação do solo e água (Fstificação e benefício da  construçju

Estes reduzem tanto a velocidade como quantidade de água na superfície do solo o que reduz a erosão. Permitem assim, um cultivo mais intensivo, que seria de  outro modo  impossível. A  erosão  do  solo  é  um dos  processos  mais  importantes  de  degradação deste  e  da  desertificação,  nas  áreas  montanhosas mediterrâneas. A erosão inclui não só a remoção de partículas do solo, mas também a perda de matéria orgânica e nutrientes necessários às plantas. Reduz a produtividade  da  área  agrícola,  causa  poluição  das linhas de água e diminui o armazenamento de água em superfície e aquíferos. A  finalidade dos  terraços pode ser resumida da seguinte forma:  

Redistribuição  do  material  do  solo  em  áreas declivosas  com  pouca  ouprofundidade do solo 

Aumentar a profundidade do solo, para as raízes das  plantas,  permitindo  uma melhor  absorção dos nutrientes e água. 

Tornar a vertente menos íngreme melhorando o acesso, facilitando as operações agrícolas.  

Limpar  um  campo  de  pedras,  que  interferem com o cultivo e danifica a maquinaria agrícola 

Diminuição  da  escorrência  superficial  e aumentar  a  absorção  de  água  pelo  solo,  em 

h deventos de c uva  e grande intensidade.  Controlar a erosão do solo nas áreas declivosas  

 Figura 3.Exemplo de um terraço para a conservação do solo e água numa vertente 

do  solo,  declive  e 

n

U

a

 Muitos  investigadores  mostraram  que  o  coberto egetal,  o  tipo  de  uso vcomprimento  da  vertente,  são  os  factores  mais importantes,  que  co trolam  a  intensidade  e frequência  da  escorrência  superficial  e  perda  de sedimentos.  m  exemplo  destes  factores,  que afectam  fortemente  a  erosão  do  solo,  aparece  na Figura  4.  Existem  áreas  declivosas  nas  quais  a vegetação  “n tural”  foi  limpa,  através  de  lavouras 

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profundas  e  com  a  utilização,  bulldozers,  o  que pulveriza  mecanicamente  a  superfície  do  solo, aumentando  tremendamente  a  sua  erodibilidade. Esta acção é considerada, como a principal causa da degradação do solo e não propriamente a substituir da  vegetação  natural  pelos  olivais.  Se  depois  de reestruturar a  terra os olivais  forem plantados  sem serem  tomar medidas  para  evitar  a  escorrência  da água  em  superfície  e  reduzir  as  perdas  de  solo,  o problema de degradação do  solo é  agravado. Pode resultar  em  altas  taxas  de  erosão  por  escorrência superficial, durante e após grandes  tempestades de chuva  formando  sulcos  profundos  “gullies”  e transportando elevadas quantidades de solo. Nestas condições,  um  método,  para  proteger  o  solo  da erosão   a construção de terraços. Se a vegetação “natural” foi mantida ou restaurada e as  técnicas  de  lavra  são  mínimas  e  superficiais (Figura 4) aquando da plantação do

 

é

s olivais, a erosão 

   n o

  e 

b

m d

. Estudos  têm mostrado, que  terraços por 

do  solo  será  mínima.  Tal  facto  é  especialmente verdade  em  vertentes  suaves,  em  rocha‐mãe  de materiais não  consolidados,  como é provavelmente o  caso  na  Figura  4.  Nestas  condições  dever‐se‐ia examinar  e  compreender  os  méritos  de  uma perturbação mínima  do  solo  e  da  preservação  do histórico das plantas (como foi aplicado com sucesso no  Sul  da  Rússia),  em  comparação  com  a perturbação grave da paisagem causada pelo uso de maquinaria  pesada  na  construção  de  terraços  em rocha‐mãe de materiais ão c nsolidados. A  erosão  num  único  terraço  envolve  uma  série complexa  de  processos.  Locais  com  elevadas  taxas de  erosão,  são  normalmente  acompanhadasequilibradas  com  bolsas  deposição.  Quando  a superfície do solo na parte mais declivosa do terraço não  está  em  protegido  pela  vegetação,  a escorrência  superficial  gerada,  quando  ocorre  uma chuvada  intensa,  transporta  o  solo  da  parte  mais inclinada,  e  deposita‐o  na  parte  ais  plana  o terraço.  Um  terreno  declivoso,  pode  perder  50  a  250 toneladas  de  solo  por  hectare  ano,  se  não  for protegidopatamares, podem reduzir a erosão do solo de 90 a 95% em comparação com as vertentes em áreas com o  mesmo  declive,  mas  sem  estes.  Em  vertentes íngremes,  os  terraços  que  não  sejam  cuidados, podem  ser  cortados  e  formados  sulcos  “gullies”, havendo  assim  um  processo  de  erosão  acelerada, pela  água.  Em  vertentes  moderadas,  a  erosão  da água  combinada  com  a  erosão  mecânica  causada pelo  cultivo,  resulta  num  desabamento  e acumulação  do  solo  na  extremidade  dos  terraços, criando uma barreira. 

 Figure  4.  Vertente  cultivada  com  oliveiras  e  com elevadas  taxas  de  erosão,  devido  à  falta  de cobertura adequada de vegetação  A  construção  de  terraços  está  normalmente integrada com a construção de barragens, na medida em que os terraços são desenhados para melhorar o fluxo de água para a área de captação da barragem. Estas  infra‐estruturas  também  impedem  a  chegada de  silte à barragem. Para além disso, a  redução da escorrência  da  água  superficial,  reduz  a  poluição para os cursos de água de um dado campo ou área. Combater  a  seca é um dos objectivos primários do sucesso  da  agricultura  de  sequeiro,  sob  condições climáticas  do  Mediterrâneo.  Sob  condições climáticas semi‐áridas ou sub‐húmidas secas, todo o esforço tem de ser feito, para conservar a água, para armazená‐la  no  solo,  e  usá‐la  prudentemente.  O desenho  apropriado  de  terraços  promove  a conservação  da  água  ao  retardar  a  escorrência superficial,  permitindo  que  ela  se  infiltre  pelo  solo (Figura  3).  A  prática  moderna  de  construção  de terraços, no entanto, consiste na execução de canais ou níveis de  inferior  classificação para:  (a) permitir mais tempo para a  infiltração pelo solo, e (b) retirar o  excesso  de  água  da  chuva  a  velocidades  não erosivas (Figura 5). O princípio físico envolvido é que, quando  a  água  é  distribuída  numa  linha  de  água pouco  profunda,  o  fluxo  seja  retardado  pela rugosidade do fundo do canal e o seu poder de carga e ou erosivo reduzido. Canais menores servem para impedir a destruição de terra agrícola, pela formação de  sulcos  “gullies”,  e  devem  ser  complementados, por outras práticas de controlo de erosão, tais como rotações  de  leguminosas,  culturas  de  cobertura, cobrir com matéria vegetal, agricultura em curvas de nível, culturas em faixas, e aumentando o conteúdo de matéria orgânica do solo.    

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 Figure 5. Terraços de terra com canais inferiores para plantar pinheiros  e para  reduzir a  erosão do  solo e aumentar o armazenamento de água no solo (vala e combro)  Descrição de antigas e modernas estruturas de terraços  As  técnicas de  construção de  terraços mudaram ao longo  dos  séculos.  Nos  primeiros  exemplos,  o terreno  foi  transformado, numa  série de bancos de terra  nivelados,  ou  estruturas  do  tipo  degraus ligadas,  no  lado mais  baixo  por  uma  parede  quase vertical e normalmente protegida por pedras. Estas estruturas  são estreitas e com degraus  lado a  lado, assim o  cultivo  com  técnicas  convencionais é difícil ou  impossível.  A  prática  moderna  de  terraços, contudo, consiste da construção de canais ou diques, para  transporte  do  excesso  de  água  da  chuva  a velocidades  não  erosivas.  Estas  estruturas  são suficientemente  largas  para  serem  cultivadas, semeadas,  e  as  culturas  feitas  com  maquinaria comum.  Baseados  no  método  de  construção,  os terraços podem ser distinguidos da seguinte forma: 

 

 

Os  terraços  originais  de  banco,  adaptados  a vertentes  íngremes  (até  35%)  foram  trabalhosos  e caros  de  construir  e  nem  sempre  estão  bem adaptados  ao  equipamento  moderno  de  cultivo. Foram  construídos  transportando  solo  da  parte superior de uma  faixa para a parte baixa, até que o nível do degrau ou banco é  formado,  (Figura 6). Os terraços  modernos  em  banco  são  construídos movendo o solo  lateralmente ou tanto  lateralmente como longitudinalmente, usando terra e, maquinaria pesada de remoção, tal como uma retroescavadora. Onde  os  cortes  são  profundos  e  o  subsolo desfavorável  é  exposto,  o  solo  arável  deveria  ser salvo e espalhado por cima da área de subsolo. Estes terraços  são  largos,  permitindo  a  mecanização necessária  ao  cultivo  e  podem  ser  construídos  em áreas,  onde  o  solo  é  relativamente  profundo.  Em muitos casos estes novos terraços foram construídos com  um  planeamento  mínimo  da  paisagem.  Os terraços  de  banco  são  desenhados  para  regiões climáticas semi‐áridas, afim de minimizar a erosão do solo  ao  reduzir  o  comprimento  da  vertente  e  para conservar  água  ao  armazenar  a  proveniente  da escorrência  superficial.  A  parte  íngreme  do  terraço pode  ser  protegida  por  pedras  (uma  técnica muito comum  em  antigos  terraços)  ou  por  vegetação natural (Figura 7). Em muitos casos, causaram erosão acelerada do solo, especialmente, quando solos com elevada  erodibilidade  ficam  expostos  ou permaneceram sem cobertura vegetativa, durante o período  crítico.  A  duração  deste  período  depende das  condições  climáticas  locais,  da  topografia  e  do solo.  

 

Figure 6. Terraços de banco modernos com olivais ao longo de curvas de nível, permitindo a mecanização do cultivo 

Terraços em banco ou degrau, que são paralelos, ou  a  direito  ou  normalmente  decalcando  a curvatura das curvas de nível. O acesso é ou pelo terraço inferior ou por um caminho intersectando os terraços. 

Terraços  trançados,  que  fazem  um  ziguezague pela vertente acima, sendo unidos por caminhos em ziguezague nos  finais, para que os animais e os arados, possam subir. 

Terraços  em  bolso,  são  paredes  em  forma  de crescente proporcionando espaço para a  raiz de oliveiras  individuais, para olivais, castanheiros ou árvores de fruto. 

Terraço  de  base  larga,  ou  campos  de  terraços, que são campos quadrados em que um extremo é  desenvolvido  acima  da  ladeira  e  o  outro afundado. 

Terraços aluviais nos fundos de vale ou nos leitos de rios são mais usados, são a evidência concreta da erosão (acumulação de sedimentos). 

Terraços em bolso ou  trançados  são na  sua maioria estruturas  tradicionais,  que  podem  ser  construídas em áreas com solo delgado cobrindo uma camada de rocha  consolidada.  Nestes  casos,  as  pedras  são transportadas por animais para construir as paredes 

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em  sítios  seleccionados  na  vertente  e  depois  o terraço  é  enchido  com  solo  da  área  que  rodeia  o local  (Figura 3). Em outros casos os  terraços podem ser  escavados  na  vertente,  as  rochas  extraídas podem  ser  usadas  para  construir  a  parede  de retenção,  e  o  resto  empilhado  atrás.  A  construção destes  terraços  é  trabalhosa  e  cara  de  manter  e passível de se dar um colapso.  

 Figure 7. Exemplo da parede de protecção do terraço usando um muro de vegetação autóctone  Terraços  com  base  larga  são  construídos primeiramente para conservar água, onde as chuvas são  limitadas  e/ou  onde  o  solo  tem  taxa  de infiltração  suficiente,  para  que  o  escoamento  da água não ultrapasse o limite do terraço. Campos com vertentes, ligeiramente uniformes que não são muito declivosas  (geralmente menos de 8%) estão melhor adaptadas, para terraços de base larga. O terraço de base  larga  tem  a  característica  de  apresentar  uma boa capacidade de cultivo;  isto é, as culturas podem aqui ser cultivadas, e os trabalhados executados com a maquinaria, que é utilizada hoje em dia. 

A  água do  canal  é  espalhada pela  área  aterrada. O canal  pode  estar  aberto  ou  aberto  nas  pontas, controlando o escoamento da  água. A  caleira  serve para remover a água em excesso, eliminando assim o risco  de  corte  das  paredes.  Estes  terraços  são construídos  ou  para  remover  ou  reter  água  e, baseados  na  sua  primeira  função,  são  classificados por grau ou nível. 

Os terraços aluviais são construídos nos vales ou em  leitos de  rios para  reduzir  a erosão e  registar  a acumulação ou a diminuição de sedimentos pelo rio. A  acumulação  acontece,  quando  os  sedimentos provenientes  de  partes  mais  altas  da  bacia  de drenagem são demasiado abundantes ou demasiado 

grosseiros,  para  o  rio  transportar  para  jusante. Quando o  fornecimento é reduzido, ou o caudal e a velocidade  do  rio  aumenta,  este  irá  escavar  o  seu leito ou as suas margens, e aprofundar ou alargar o seu canal. 

Durante  uma  inundação,  vários  canais  são enchidos  com  água  e  são  transportados  materiais grosseiros.  As  pessoas  estão  acostumadas  a considerar  planícies  de  inundação,  onde  existem linhas de água entrecruzadas, como um desperdício de  terra, e  tentavam  construir bancos ou  canais de cimento  para  regularizar  o  curso  do  rio.  Todavia, após fortes chuvadas, os níveis de água normalmente sobem  acima  das  margens  do  canal,  cobrindo  a planície de inundação causando danos às culturas em desenvolvimento.  

DESIGN E CONSTRUÇÃO DE UM TERRAÇO MODERNO  Os  principais  tipos  de  terraços  construídos  até  ao momento  são  terraços de banco ou base  larga. Um campo  onde  vão  ser  feitos  terraços,  tem que  estar limpo de  vegetação ou  rochas, os  sulcos  anteriores tapados, e as pequenas cristas niveladas antes de se começar  a  construção. O melhor  intervalo  entre os terraços  é  aquele  que  proporciona  terra  cultivável, bem  como  o  controlo  de  erosão.  Quanto  mais permeável  é  o  solo,  menos  importante  é  a intensidade  da  chuva,  e  mais  resistentes  serão  as culturas  à  erosão,  maior  pode  ser  o  intervalo  de segurança  do  terraço,  num  determinado  declive  da vertente.  Normalmente,  não  se  recomenda  um intervalo  inferior  a  30 metros.  O  intervalo  vertical entre  dois  terraços  adjacentes  (Figura  8)  está principalmente relacionado com a precipitação, com o declive da vertente e o  tipo de  cultura. O melhor intervalo vertical  (VI em metros) pode  ser estimado pela  fórmula  dada  pelo  Serviço  de  Conservação  do Solo dos E.U.A: 

VI = xS + y  

onde  x  é  o  factor  precipitação,  S  é  o  declive  da vertente  (%), e y é o  factor solo e cultivo. O Serviço de  Conservação  do  Solo  dos  E.U.A.  recomenda valores  para  x  e  y  0.12‐0.24,  e  0.3‐1.2, respectivamente.  Se  o  solo  é  particularmente impermeável  e  a  cultura  fornece  pouca  cobertura, então é usado o valor 0.3 para y; é seleccionado 0.75 se  ou  o  solo  ou  a  cultura  favorece  o  controlo  da 

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erosão  do  solo.  É  usado  o  valor  1.2  para  solo permeável combinado com uma adequada cobertura dada  pela  cultura.  O  intervalo  horizontal  (HI  em metros) pode ser calculado a partir da equação:  

HI = (VI/S)*100  O  intervalo  horizontal  em  terra  cultivada  à  mão, pode  ser  consideravelmente mais estreito do que o que seria usado para agricultura mecanizada. 

 Figura  8.  Características  da  construção  de  um terraço em Banco   O  design  do  sistema  de  um  terraço  começa normalmente  com  uma  avaliação  técnica,  sobre  o regime da  água no  campo  através de observações, sondagens do solo, e outras  informações. A decisão seguinte  é  se  as  linhas  de  água  deveriam  seguir percursos  naturais  ou  serem  construídos  novos canais. Estas decisões  têm de  ser  tomadas,  colocar vegetação  nos  percursos  da  água  ou  linhas  de caleiras antes dos terraços serem construídos. Se os canais para a água e os  terraços  forem  construídos simultaneamente, os canais têm de ser  isolados dos terraços por bermas  (cristas de  terra camalhão) até estes  estarem  com  a  vegetação  adequada  para aguentar a água. A berma pode então ser removida e  o  solo  utilizado  para  preencher  o  sulco  “gullies”, que  se  desenvolveu,  quando  a  água  do  terraço passou  por  cima  da  berma.  Um  levantamento topográfico  pormenorizado  da  área,  onde  vão  ser construídos os terraços é uma excelente ferramenta, para quem tem que elaborar o processo de design e tomar a decisão. O canal ao longo do terraço, para remover o excesso de  água  de  escorrência  superficial,  deve  ter  pelo menos de 30 a 45 cm de profundidade, e por vezes ser consideravelmente mais profundo. O declive do canal do terraço deve ser o mínimo necessário para evitar  sítios  húmidos  e  favorecer  um  rápido 

escoamento  de maneira  a  evitar  o  transbordar.  O declive máximo admissível é de cerca de 0.4% para a maioria dos  solos, afim de evitar uma grave erosão de  canais  desprotegidos. Os  canais mais  declivosos deveriam ser protegidos por plantas perenes. O declive mínimo para mover água ao longo do canal sem  serem  criados  pequenos  lagos  em  micro‐depressões é de cerca de 0.1% em solos permeáveis e de cerca de 0.2% em solos menos permeáveis. Os declives mais  elevados,  são  possíveis  nos  sectores finais  superiores  dos  terraços  onde  é  transportada menos água, do que no sector final. A disposição do terraço  começa  do  ponto  mais  alto  do  campo.  A descida  vertical  e  o  declive  da  vertente  desde  o ponto  mais  alto  ao  sítio  aproximado  do  topo  do terraço, normalmente 30 a 50 metros pela vertente abaixo (dependendo do declive), é determinada com um nível utilizado em engenharia.  É normalmente preferível começar a colocar estacas para um terraço no canal de água e trabalhar até ao limite  superior,  especialmente  se  o  canal  é  para recolher água do  terraço nos dois  lados. A  linha de estacas  devia  ser  examinada,  depois  de  todas  as estacas  estarem  colocadas.  Normalmente  algumas estacas  precisam  ser  reposicionadas,  para  evitar curvas  curtas,  ou  acentuadas  e  para  tornar  o trabalho de campo mais  fácil e paralelo ao terraço. Os ajustes pela vertente acima têm de ser limitados, para  que  o  corte  extra  de  profundidade,  para  a construção do canal seja razoável.  Terraços  sucessivos  são  localizados  medindo  o intervalo vertical apropriado, pela vertente abaixo e colocando  estacas  na  linha  do  terraço  como anteriormente  descrito.  A  primeira  disposição  de um sistema de terraços raramente alcança o design mais  satisfatório. Alguma  característica  topográfica inesperada, pode aparecer e  ser necessário alterar uma  ou  mais  linhas  de  terraços.  Depois  de  ser disposto um conjunto razoavelmente satisfatório de linhas de terraços, a disposição deve ser examinada para  se  ver  os  ajustes  menores,  que  podem melhorar  o  uso  agrícola.  As  posições  finais  do terraço  deviam  ser  identificadas  pelos  sulcos  de arado  ou  outras marcas  de  ferramentas  antes  de começar a construção. A produtividade do solo do terraço é melhorada se o solo  arável  é  removido,  armazenado,  e mais  tarde espalhado  por  cima  do  terraço  à  medida  que  a construção  se está a  completar. Tal  facto, contudo, aumenta  tanto  o  custo  da  construção,  que raramente é  feito, a não ser que o subsolo exposto 

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seja  muito  desfavorável,  para  o  crescimento  de plantas. Terraços convencionais podem  ser construídos com 

provavelmente  as  mais 

   

escavadoras  para  terraplanagem,  e  uma  enorme variedade  de  máquinas  de  construção  e  com instrumentos  de  mãos,  cestos  bem  como  outros dispositivos de transporte. As  retroescavadoras  são económicas, para mover o solo em curtas distâncias enquanto  que  escavadoras  fazem  um  melhor trabalho  a suavizar  e  acondicionar  o terraço.  Pás raspadeiras  são  necessárias  para  terraços  que implicam mais corte e enchimento.  Sistemas  paralelos  de  terraços  em  linha  são mais convenientes para  cultivar do  que os  que  não  são paralelos,  porque  estes  requerem  corte  extra  e preenchimento  com  solo. Os declives variáveis dos canais  ajudam  a  tornar  os  terraços  rectos  e paralelos,  mas  normalmente,  têm  de  s r eacompanha os  p r  cortes  e  reenc ime tos, d o p h ndurante  a  con trução.  Os  terraços  raramente, sdeveriam  ser mais  extensos  o  que  600 m,  e  em dterrenos  que  anteriormente  tenham  tido  sulcos “gullies”,  não  ultrapassar  os  375  m.  Terraços maiores em extensão têm d  ser subdivididos, com eum  sector  de  descarga  proporcional  a  cada segmento. O espaço entre ambas as  vertentes de um  terraço de  base  larga,  têm  de  ser  suficientemente  amplo para  acomodar  o  equipamento,  que  vai  ser  usado no  campo,  geralmente  não  menos  que  4.5  m. Quanto menos declivosas  forem as vertentes, mais fácil  é  para  cultivar  mas  mais  caro  é  construir terraços. Hoje em dia, as práticas de conservação do solo são muito  ignoradas na fase de construção de terraços. Estudos  conduzidos  em  Espanha  (Catalunha) mostraram que  enormes quantidades  e materiais dsão  deslocados,  durante  a  construção  de  terraços paralelos  (5437  ±  517 m3  por  hectare)  resultando numa  transformação  extrema  da  paisagem  (Figura 6).  Na  actualidade  construir  terraços  é  um importante  processo  e  geomorfologia  antrópica, dreconstruindo o  terreno em muitas áreas ao  longo do Mediterrâneo.  Para  além  disso,  a  remoção  do solo  e  a  mistura  com  a  rocha‐mãe  subjacente resultou  no  desaparecimento  de  perfis  de  solo originais, alterando as propriedades do solo e a sua micro flora e micro fauna. 

Gestão da Terra em Terraços  Ao  longo  da  Europa  Mediterrânea  a  terra  em terraços  é  principalmente  cultivada  com  cereais, vegetais, videiras e oliveiras, podendo estas culturas coexistir  no  mesmo  terraço.  Terraços  em  bolso estão associados com oliveiras e outros pomares de árvores.  Terraços  bem  construídos,  nivelados,  são muitas  vezes  cultivados  com  videiras  ou  oliveiras. Terraços  pobremente  construídos,  trançados, especialmente  em  sítios  remotos  e  em  solos delgados, são muitas vezes cultivados com culturas anuais. O  cultivo  em  terraços  foi  adaptado  ao  poder  dos seres  humanos  e  dos  animais,  ou  das  máquinas pequenas  “burros  mecânicos”,  que  serviram  os agricultores durante a primeira metade do séc. XX. Hoje muitos dos  terraços  tradicionais em banco ou em bolso construídos então, não estão cultivados. É quase  impossível  usar  maquinaria  agrícola  nestas terras,  não  devido  à  falta  de  produtividade  e qualidade dos produtos, mas devido às dificuldades num cultivo mecanizado. Nas  áreas  de  terraços  modernos  o  cultivo  é totalmente  mecanizado.  Neste  tipo  de  campos, todas as operações agrícolas deviam  ser  realizadas paralelamente  ao  terraço,  sempre  que  possível, para  minimizar  o  movimento  da  água  e  do  solo, entre os terraços e para reduzir os danos nas cristas. O  efeito mais  evidente  das  operações  de  lavoura, após vários anos, é o aumento na amplitude da base do terraço. O melhor método de manter a forma da secção cruzada do  terraço e neutralizar a erosão a partir  da  área  entre  os  terraços,  é  lavrar  de  uma forma inversa.     Muitas  das  áreas  de  terraços  tradicionais  no Mediterrâneo  foram  abandonadas,  especialmente aquelas  cultivadas  com  cereais,  e  em  alguns  casos com  oliveiras  e  videiras  (Figura  9).  Nas  últimas épocas,  a  produção  agrícola  tem  estado concentrada  nos  terreno  mais  planos,  onde  as grandes  máquinas  agrícolas  podem  ser  usadas,  e serem  obtidos  maiores  rendimentos,  através  da irrigação,  aplicação  de  fertilizantes  e  pesticidas,  o que resulta, no abandono de terra com terraços nas áreas  montanhosas.  O  valor  dos  terraços tradicionais tem caído acentuadamente devido a: 

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 Figure  9.Olival  em  terraços  com  as  paredes  de pedras  a  desmoronar,  causando  elevadas  taxas  de erosão e diminuição na produção de azeite.  Abandono  de  terra  em  terraços  na  região  do Mediterrâneo pode resultar em efeitos positivos ou negativos  na  conservação  do  solo.  Este  fenómeno pode  ser  positivo  em  áreas  onde  as  condições geomorfológicas  e  climáticas  são  favoráveis  ao crescimento  natural  de  plantas,  enquanto  que  as práticas  culturais  aplicadas  anteriormente  eram prejudiciais  (Figura  10).  Em  Itália,  tais  condições ocorrem  em  vinhas  abandonadas,  em  declives suaves,  e  pastos  em  áreas  montanhosas  com vertentes  em  terraços,  naturalmente  estáveis.  Por outro  lado,  o  abandono  da  terra  pode  ter  efeitos negativos em áreas, onde a estabilidade do solo e da própria  vertente  foi  assegurado  pela  actividade agrícola,  como  nas  antigas  vertentes  declivosas  da Ligúria,  Campania,  Calábria  e  Sicília.  Uma  vez abandonadas, o colapso destas vertentes declivosas, pode  ser  rápido  e  o  solo  pode  ser  imediatamente degradado  pela  água  de  escorrência  superficial  e pela gravidade (Figura 11). 

 

(a) Dificuldades associadas com a acessibilidade e uso de maquinaria 

(b) Redução  de  preço  de  produtos  agrícolas  e aumento de custos de mão‐de‐obra 

(c) Elevado  investimento  inicial  em  áreas planas, 

(d) Elevado custo de manutenção, (e) Migração elevada de pessoas de áreas rurais 

para áreas urbanas. 

Figure  10.  Terraços  abandonados,  com  efeitos positivos na protecção da terra   Se  o  controlo da  erosão  é  o motivo  para  construir terraços,  o  fracasso  da  sua manutenção  é  possível que cause elevados níveis de erosão. É muitas vezes dito que o  abandono dos  terraços  resulta em mais erosão  do  que  se  os  terraços  nunca  tivessem  sido construídos.  O  aumento  da  escorrência  superficial transporta em poucos anos, grandes quantidades de solo,  que  tinham  sido  armazenadas  atrás  das paredes do terraço, sendo este  levado para o fundo do  vale,  na  forma  de  depósitos  torrenciais  de inundação. Os  terraços  e  especialmente  os  tradicionais,  não podem ser considerados separadamente das pessoas e  da  sociedade.  A  construção  de  terraços  requer muito trabalho. Podem ser necessários 1500 dias por hectare  para  construir  terraços  em  banco,  em vertentes declivosas e talvez 50 dias por hectare por ano,  para  a  sua  manutenção  regular.  Onde  os terraços  existem  hoje,  eles  estão  normalmente associado  com  elevadas  densidades  demográficas rurais,  como  foi  o  caso  em  outros  tempos. Normalmente,  a  manutenção  de  terraços  não precisa  ser mais do que o  substituir pedras  caídas. Os danos surgem devido às cabras que sobem pelas estruturas e à força de chuvas torrenciais.  

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 Figure 11. Terra em  terraços em vias de abandono, com efeitos negativos na protecção do solo  Os  terraços  variam  nas  suas  necessidades  de manutenção,  dependendo  das  condições topográficas,  do  material  usado  para  construir  as paredes,  das  características  climáticas,  e  das condições  de  gestão,  etc.  Muitos  terraços  em Maiorca,  Creta  e  nas  ilhas  do  Egeu  foram abandonados, durante pelo menos cinquenta anos e estão ainda em perfeitas  condições. Pelo  contrário, houve  terraços  que  desapareceram  quase completamente, após dezoito anos de não uso, em locais  na  região  Argolid  na  Grécia.  Em  geral,  os terraços  cuidadosamente  construídos,  com  grandes blocos  angulares,  precisam  de  pouca manutenção. Os que são apressadamente construídos de calhaus rolados  comuns  são  instáveis  e  o  colapso  ocorre facilmente. Estudos  detalhados  de  colapsos  do  terraços tradicionais  em  banco  e  em  bolso,  protegidos  por paredes  de  pedra  na  ilha  de  Lesvos,  elaborados durante  a  execução  do  projecto  MEDALUS  III revelaram,  que  a  sua  estabilidade  está principalmente  relacionada  ao  declive  da  vertente, tipo  de  solo,  composição  da  pedra  e  prática  de gestão.  As  pedras  usadas  para  a  construção  do terraço  têm diferentes  taxas de meteorização  e de desintegração,  por  isso  a  taxa  de  colapso  está relacionada com as rochas existentes. Como a Figura 12  mostra,  os  terraços  construídos  de  pedras derivadas  de  rochas  facilmente  meteorizadas  tais como  lava, xisto, entre outras,  têm uma maior  taxa de colapso em  função de uma maior meteorização, quando comparadas com pedras derivadas de rochas calcárias.  Os  terraços  construídos  com  pedras originadas a partir do calcário, ou mármore,  são os mais estáveis. 

 Figure  12.  Probabilidade  de  aparecimento  de diferentes  aspectos  nos  terraços  em  bolso (imperturbado,  expandido,  reparado)  medida  em olivais com solos formados em diferentes rocha‐mãe na ilha de Lesvos.   Outro  factor  importante  a  afectar  o  colapso  do terraço é o grau de  retracção ou expansão do solo. Isto está relacionado com o tipo de rocha‐mãe, que deu origem ao solo. A característica de expansão do solo  pode  ser  medida  pelo  coeficiente  de extensibilidade  linear  (COLE). Como mostra a Figura 13,  o  COLE  do  solo  usado,  para  encher  o  terraço afecta muito a sua estabilidade.  Se  o  valor  do  COLE  é  elevado,  a  expansão  do  solo depois  de  molhado  impõe  uma  forte  pressão horizontal  especialmente  na  base  da  parede  do terraço, causando aumento de volume, instabilidade e  finalmente o  colapso do  terraço. Os  valores mais elevados do COLE são esperados em solos formados em margas  e  rochas  ultrabásicas.  Os  valores mais baixos  do  COLE  podem  ser  encontrados  em  solos formados em xistos, lavas vulcânicas, rochas ígneas e metamórficas. 

 

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 Figure 13 Coeficiente médio de extensibilidade linear medida em solos  formados de várias rocha‐mãe em áreas  seleccionadas na Grécia  (MARGA  = depósitos de  marga,  PER  =  rochas  ígneas  básicas,  UNCO  = rocha  não  consolida,  IGN  =  ignimbrite  LAT  = conglomerados magmáticos,  SHA  =  xisto,  e  LAVA  = rochas ígneas ácidas)  O  declive  da  vertente  também  afecta  muito  a estabilidade  da  estrutura  do  terraço.  Estudos detalhados  conduzidos  na  ilha  Grega  de  Lesvos mostraram que podem  ser distinguidas  três  classes críticas de declive:  (a) menos de 15%, (b) 15‐35%, e (c) mais que 35% (figura 14). Os terraços construídos em  vertentes  com  declives  inferiores  a  15% permaneceram  quase  imperturbados  sob  as condições  existentes  de  gestão  na  área,  durante longos  períodos  de  tempo.  Contudo,  a  taxa  de colapso  aumentou  quase  linearmente,  com  o aumento  de  declive  da  vertente  entre  os15%  para 35%. A taxa de colapso  foi muito alta nas vertentes com declives superiores a 35%. 

10 

 Figure 14. Relação da estabilidade dos terraços com o declive da vertente, para olivais na ilha de Lesvos.    

PERSPECTIVAS E RECOMENDAÇÕES FUTURAS    A construção de terraços é uma intervenção humana nas  áreas  semi‐naturais  declivosas,  que  sofreram perdas,  em  parte,  na  sua  sustentabilidade  e elasticidade.  Se  as  áreas  declivosas  não  são protegidas por medidas de conservação, continuar a exploração estas  terras  irá  resultar  inevitavelmente numa  elevada  degradação  e  desertificação.  A medida mais eficaz seria repor a vegetação.  Construir  terraços  para  cultivo  em  terrenos declivosos  cria  paisagens  instáveis,  que  requerem entradas de energia e financeiras, para manter a sua produtividade.  Nas  condições  sócio‐económicas  do momento estas entradas podem ou não satisfazer as expectativas  dos  investidores.  Em  casos  onde  os resultados  não  são  satisfatórios,  a manutenção  de antigos  e  novos  terraços  pode  ser  interrompida, enquanto  que  a  exploração  continua,  resultando numa  grave  degradação  e  consequentemente  na desertificação. Nas  circunstâncias  actuais,  alguém  tem  de  decidir sobre a manutenção ou construção de terraços, mas com base em estudos sérios de viabilidade. Entre os parâmetros  e  condições  que  podem  ser considerados são os seguintes: 

 Nas  condições  sócio‐económicas  actuais  a construção  de  terraços  devia  ser  limitada  a  terras ligeiramente declivosas, potencialmente produtivas, evitando  as  rupturas  caras  da morfologia  do  solo. Deveria ser dada ênfase à estabilização dos terrenos declivosos aumentando os ecossistemas vegetativos sustentáveis “naturais” e cultivados. 

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11 

 

O risco existente de erosão do solo  As características de terreno  O  mínimo  de  profundidade  do  solo  e  a presença  de  horizontes  limitadores  à subsuperfície  do  solo  tais  como petrocálcico, marga muito calcária, camadas de  rochas,  outras  formações irreversivelmente impermeáveis 

A capacidade e utilidade do  solo para usos específicos 

A  magnitude  de  impactos  e  benefícios ambientais  

O  prejuízo  causado  à  paisagem  pela maquinaria agrícola 

A  compatibilidade  com  políticas  existentes (ex. CAP) 

O impacto nos recursos hídricos  O  impacto nas planícies, as suas estruturas e usos 

As  características  sócio‐económicas  e condições infra‐estruturais 

A esperada proporção de custo ‐ benefício  O acordo e compromisso entre os actores 

O  intervalo de declive da vertente, próprio para a construção de terraços 

LEITURA OU INFORMAÇÃO EXTENSIVA  Mediterranean  Desertification  and  Land  Use‐ 

MEDALUS  II.  1996‐1999.  European  Union Research project, Contract ENV4‐CT95‐0119. 

Combating desertification  in Mediterranean Europe: Linking  Science  with  Stakeholders  – DESERTLINKS.  2002‐2005.    European  Union research  project  .contract  No:  EVK2‐CT‐2001‐00109). 

 REFERÊNCIAS  Bensalm,  B.,  1977.  Examples  of  soil  and  water 

conservation  practices  in  North    African countries, Algeria, Morocco, and Tunisia.  In Soil Conservation  and   Management  in  Developing Countries. FAO, Rome, Italy, Soils Bull. 33, Paper No. 10, p. 151‐160 

Blakely,  B.  D.,  J.J.  Coule,  and  J.  G.  Steele,  1957. Erosion  on  cultivated  land.  In  Soil,  USDA Yearbook  of  Agriculture, Washington,  D.  C.,  p. 290‐307. 

Costs‐Folch R., Martinez‐Casasnovas J.A., and Ramos M.C.  2006.    Land  terracing  for  new  vineyard plantations  in  the  north‐eastern  Spanish Mediterranean  region:  Landscape  effect  of  the EU  Council  Regulation  policy  for  vineyards’ restructuring,    Agriculture,  Ecosystems  and Environment 115:88‐96.  

 Tendo  em  atenção  os  velhos  terraços  existentes construídos  com paredes de pedra, e  considerando que  tais  estruturas  protegem  o  solo muito  valioso, para  crescer  vegetação  natural  ou  agrícola,  a manutenção e protecção de terraços devia ser uma prioridade,  com  a  ajuda  de  esquemas  de consolidação  nacionais  ou  da  União  Europeia, particularmente nas áreas ambientalmente sensíveis à  desertificação.  Recentemente,  a  protecção  de terraços  foi  subsidiada na Grécia,  através do  apoio ao agricultor na reparação ou reconstrução dos que tinham  colapsos,  com  a  condição  de  que  os regulamentos  acerca  das  práticas  agrícolas sustentáveis  fossem  aplicados.  Tais  práticas  de gestão  da  terra  são:  redução  de  pastoreio,  apenas um  número  de  animais  sustentável,  redução  dos fertilizantes  e  pesticidas  aplicados,  e  mínimas  ou nenhumas operações de lavoura. 

Grone, A.T.,  and Oliver Rackham, 2001. The nature of Mediterranean Europe: an ecological history. Yale University Press, New Haven,  London, 384 p.  

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