os quintais como espaços de conservação e cultivo de alimentos um estudo

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Bol. Mus. Para. Emlio Goeldi. Cincias Humanas, Belm, v. 3, n. 3, p. 329-341, set.- dez. 2008

Os quintais como espaos de conservao e cultivo de alimentos: um estudo na cidade de Rosrio Oeste (Mato Grosso, Brasil) Home gardens as conservation and food cultivation spaces: a case study in the town of Rosario Oeste (Mato Grosso, Brazil)Cleomara Nunes do AmaralI Germano Guarim NetoII

Resumo: Os quintais so uma das formas mais antigas de manejo da terra. Esses sistemas consistem em uma combinao de rvores, arbustos, herbceas, algumas vezes associados a pequenos animais domsticos, crescendo prximos residncia. Com o objetivo de identificar as espcies vegetais que compem o verde dos quintais de Rosrio Oeste, Mato Grosso, e que fazem parte da alimentao de seus moradores, seguiu-se a metodologia de pesquisa sugerida por estudos etnobotnicos, com base em anlises qualitativa e quantitativa. A coleta de dados etnobotnicos foi realizada por meio de visitas domiciliares, utilizando-se a tcnica de bola de neve. Foram identificadas 94 espcies vegetais, utilizadas especialmente na alimentao das famlias. Apesar de terem importante funo ecolgica e de conservarem alta diversidade de plantas na sua composio, garantindo a variabilidade gentica de muitas espcies, esses quintais, enquanto sistemas agrcolas tradicionais, voltados para a subsistncia, esto se desarticulando e perdendo espao para a agroindstria e para outras atividades comerciais que ganham, cada vez mais, impulso no campo. Palavras-chave: Quintais. Plantas alimentcias. Sistemas agrcolas tradicionais. Conservao. Etnobotnica. Abstract: Home gardens are one of the oldest forms of land management. These systems consist of a combination of trees, shrubs and herbs, sometimes associated with small domestic animals, growing next to residences. To identify the plant species used as food that constitute the home gardens in the town of Rosrio Oeste, Mato Grosso State, Brazil, we used qualitative and quantitative methodologies suggested by other ethnobotanical studies. We collected ethnobotanical data by visiting homes and applying the snow-ball technique. We identified 94 plant species used as food by the local families. Even though traditional agricultural systems such as home gardens play important ecological roles and conserve high plant species diversity while maintaining these species genetic variability, these subsistence systems are becoming disarticulated and are losing space to agroindustry and other commercial activities that are of ever increasing economic importance in rural areas. Keywords: Home gardens. Food plants. Traditional agricultural systems. Conservation. Ethnobotany.

I II

Universidade Federal de Mato Grosso. Varzea Grande, Mato Grosso, Brasil ([email protected]). Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Biocincias. Cuiab, Mato Grosso, Brasil ([email protected]).

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INTRODuONo Brasil, quintal o termo utilizado para se referir ao terreno situado ao redor da casa, definido, na maioria das vezes, como a poro de terra prxima residncia, de acesso fcil e cmodo, na qual se cultivam ou se mantm mltiplas espcies que fornecem parte das necessidades nutricionais da famlia, bem como outros produtos, como lenha e plantas medicinais (Brito; Coelho, 2000). O termo varia de acordo com os pases e a lngua utilizada. Nair (1993) relaciona a existncia de vrios tipos de quintais ou homegardens, em diferentes locais, cada qual com caractersticas particulares. De acordo com Kumar e Nair (2004), homegardens possuem longa tradio em pases tropicais, onde esses sistemas consistem, geralmente, em uma combinao de rvores, arbustos, trepadeiras, herbceas, algumas vezes em associao com animais domsticos, crescendo adjacentes residncia (Nair, 1993). Por sua vez, Oakley (2004) enfatiza a funo dos quintais domsticos como reservatrios de biodiversidade em comunidades mundo afora. Em muitas culturas, as mulheres so as responsveis pela manuteno desse sistema. Essa tarefa cotidiana garante o acesso das famlias a uma dieta saudvel e adequada ao gosto e s tradies locais. O mesmo autor afirma, ainda, que as mulheres preservam a biodiversidade por meio de plantaes com alta densidade de espcies subutilizadas, transformando seus quintais em laboratrio de experincias para a adaptao de variedades locais e no-domesticadas. Os quintais so uma das formas mais antigas de manejo da terra, fato esse que, por si s, indica sua sustentabilidade. Embora esse sistema de produo de mltiplas espcies tenha provido e sustentado milhes de pessoas economicamente, pouca ateno cientfica tem sido destinada ao assunto. Nesse sentido, a presente pesquisa foi realizada com a finalidade de ampliar o conhecimento sobre a produo domiciliar de plantas alimentcias nos quintais urbanos de Rosrio Oeste, no Mato Grosso (MT). As espcies vegetais presentes nesses

quintais e suas formas de consumo foram identificadas, buscando as caractersticas e informaes etnobotnicas, de modo a analisar a importncia do cultivo de tais plantas para a alimentao de seus moradores.

PROCEDIMENTO METODOLGICO rEa dE EstudoO municpio de Rosrio Oeste encontra-se a 124 km da capital do Mato Grosso, Cuiab, trafegando pela BR-163. Est localizado na latitude 145010 sul e na longitude 562539 oeste, a 192 metros de altitude, com extenso territorial de 8.530,37 km (Figura 1). Os quatro distritos do municpio so: Arruda, Bauxi, Marzago e a sede, local da pesquisa (Ferreira, 2001). O municpio de Rosrio Oeste teve sua origem com o incio do movimento garimpeiro do sculo XVIII. Por volta de 1747, o local servia de passagem entre Diamantino e Cuiab. Em 1751, Incio Maciel de Tourinho e sua mulher fundaram um stio margem direita do ribeiro Monjolo, passando o local a ser conhecido pelo nome do ribeiro. A agricultura e a pecuria foram rendendo e a povoao foi se firmando no stio. Com a abertura do garimpo em Diamantino, o povoado de Nossa Senhora do Rosrio foi se desenvolvendo como ponto de pouso. Atualmente, as principais atividades econmicas da regio so a pecuria, a agricultura, principalmente de arroz e milho, e o comrcio, alm do potencial para o ecoturismo (Ferreira, 2001). Os quintais amostrados localizam-se na rea urbana do municpio. Para a coleta das informaes, foram escolhidos intencionalmente dois bairros tradicionais da cidade, o de Nossa Senhora Aparecida e o bairro Monjolo, localizados nos dois extremos da cidade (Figura 2).

mtodosA freqncia das visitas nos dois bairros foi mensal, de setembro a dezembro de 2006, durante as quais se realizou o estudo sobre a utilizao de plantas com finalidade alimentar por moradores. A coleta de dados

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Figura 1. Localizao do municpio de Rosrio Oeste, Mato Grosso, Brasil. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ros%C3%.

se deu atravs de visitas domiciliares, priorizando amostras intencionais (Thiollent, 1996). O contato foi facilitado por meio da tcnica de bola de neve (Bayley, 1994). Nessa tcnica, a pesquisa comea com um informante-chave, uma pessoa culturalmente competente, geralmente idosa, bastante popular na regio e com grande conhecimento a respeito da utilizao das plantas,

que recomenda outro informante de competncia similar, repetindo-se o processo a partir dos novos includos. Assim, um entrevistado foi indicando outros potenciais informantes, at atingir o total de 62 entrevistados. As amostras foram limitadas atravs do procedimento adaptado ao conceito de curva espcie-rea (ACIESP, 1997). A cada entrevista foram acrescentadas somente as espcies novas mencionadas,

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Figura 2. rea urbana de Rosrio Oeste. Esquema dos quintais pesquisados nos bairros Monjolo e Nossa Senhora Aparecida. Fonte: Biblioteca Municipal de Rosrio Oeste-MT (Adaptado).

resultando em uma curva que foi se estabilizando a partir do 50. informante, no momento em que novas espcies deixavam de ser citadas. Durante a pesquisa, aplicaram-se entrevistas semiestruturadas, com questes norteadoras do tipo abertas e fechadas (Ludke; Andr, 1986; Richardson, 1999; Amorozo et al., 2002), contendo uma srie de perguntas buscando informaes socioeconmicas dos moradores e dados relevantes sobre as espcies vegetais e seus quintais, como nome da planta, tipos de consumo, parte utilizada, cuidados com a planta e com o quintal. Alm da gravao de entrevistas, foram utilizados como ferramentas o dirio de campo, a observao direta e os registros fotogrficos, sempre previamente autorizados pelos informantes.

anlisE quantitativaCom a finalidade de identificar o grau de importncia que uma determinada espcie possui para a populao estudada, foram calculados o Nvel de Fidelidade (NF) de cada planta citada por mais de trs informantes; o Fator de Correo (FC); e a Porcentagem de Concordncia quanto aos Usos Principais (CUP), que calculada para neutralizar a maior ou menor popularidade da espcie. Os ndices foram calculados de acordo com Friedman et al. (1986), adaptados por Amorozo e Gly (1988): NF = IP x 100 IU Onde: IP = n de informantes que citaram o uso principal IU = n de informantes que citaram qualquer uso da espcie

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FC = IU / n de informantes que citaram a espcie mais citada CUP = NF x FC

idEntiFicao botnicaAs espcies vegetais foram identificadas no local e o material botnico que se encontrava em perodo frtil foi coletado e devidamente encaminhado ao Laboratrio de Botnica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e ao Herbrio Central da UFMT, onde foi identificado e se encontra depositado.

RESuLTADOS E DISCuSSOA idade mdia dos informantes que participaram da pesquisa foi de cinqenta anos, sendo 51 do sexo feminino e 11 do masculino. Com relao aos entrevistados, 50 so do municpio de Rosrio Oeste, especialmente da zona rural; dez informantes nasceram em outros municpios do estado de Mato Grosso; e apenas dois informantes vieram de outros estados, um de So Paulo e outro de Gois. De modo geral, os informantes apresentaram baixa escolaridade (83%), sendo que 68% deles no possuem o 1 grau completo e 15% nunca freqentaram a escola. De acordo com Amorozo (2002), o cultivo em comunidades agrcolas tradicionais algo que se aprende muito cedo, medida que as crianas acompanham os adultos s roas. Quem se acostuma a plantar, dificilmente deixa de exercer tal atividade, mesmo quando migra para reas mais urbanizadas. Tal fato pode ser observado no estudo, pois a maioria dos informantes veio de reas rurais, trabalhava nas roas com os pais, com quem aprendeu o ofcio, e continuou com a prtica do cultivo em quintais aps mudar para a cidade. Segundo Emperaire e Ludivine (2008), o estreitamento de relao entre comunidades florestais e reas urbanas um fenmeno observvel, especialmente na regio amaznica. As atividades de produo, entre as quais a agricultura, originalmente praticadas em contextos florestais, esto sendo modeladas por novos condicionantes oriundos da

esfera urbana, em particular, novos modelos culturais e novas condies fundirias. Cada sistema de quintais apresenta particularidades que lhe so prprias, definidas pelas condies agroecolgicas e pelas caractersticas socioculturais (Brito; Coelho, 2000). Segundo Ferreira (1995), no quintal que se encontra a fornalha de fazer rapadura, o varal de secar a carne e o peixe, o pilo onde se pila o arroz e soca-se a paoca. no quintal que se abrigam as ferramentas, prepara-se o fumo, a comida e as rezas. ali que ocorrem as conversas entre vizinhos. Assim, os habitantes de Rosrio Oeste mantiveram sua essncia rural e fizeram pequenas roas de seus domiclios urbanos, onde cultivam suas plantas, criam seus animais domsticos e mantm alguns hbitos, costumes e objetos do campo, como foges de lenha, fornalhas, piles e jiraus. A rea mdia dos quintais analisados foi de 622 m2, incluindo a rea do domiclio, sendo que todos os terrenos possuam o formato retangular. Os cuidados que os moradores apresentam com seus quintais inclui a utilizao de tcnicas simples de manejo, como capinas peridicas, irrigao, limpeza e adubao. Outro costume apresentado por alguns informantes foi a utilizao de cal e sal no cultivo do coco-da-Bahia (Cocos nucifera) e de esterco de gado ou de galinha para adubao das hortalias. Esse dado tambm foi apresentado por Santos (2004) em estudo sobre os quintais de Alta Floresta (MT), onde, segundo a autora, essas prticas tradicionais refletem importantes processos ecolgicos de uso e conservao dos recursos vegetais. Com relao ao aspecto fsico, os quintais de Rosrio Oeste possuem caractersticas semelhantes s descritas por Noda (2000) e por Santos (2004), consistindo em espaos destinados ao manejo de rvores, arbustos e ervas, para diferentes finalidades, com cultivos perenes e anuais, cultivados em consrcio com pequenos animais, sendo a responsabilidade de manuteno exercida, principalmente, pelas mulheres. Por sua vez, Pasa (2004) observou que a estrutura espacial dos vegetais presentes nos quintais da comunidade ribeirinha do rio Aric-A apresenta, em mdia, trs estratos: o arbreo, o arbustivo/subarbustivo

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e o herbceo. Os quintais dos bairros de Nossa Senhora Aparecida e de Monjolo, em Rosrio Oeste, tambm apresentam esses estratos. O estrato arbreo se encontra representado por rvores como a mangueira (Mangifera indica), o mamoeiro (Carica papaya), o coco-da-Bahia e o buriti (Mauritia flexuosa). No estrato arbustivo, esto presentes a laranjeira (Citrus aurantium), o limoeiro (Citrus limonum) e o algodoeiro (Cochlospermum regium). O estrato herbceo representado, principalmente, por hortalias

como a alface (Lactuca sativa), a rcula (Eruca sativa) e a cebolinha (Allium schoenoprasum). Algumas espcies, como o cajueiro (Anacardium occidentale), a erva-doce (Pimpinella anisum), a hortel (Mentha villosa) e o coco-da-Bahia, alm de servirem na alimentao, so utilizadas na preparao de remdios caseiros. Assim, em alguns casos, as plantas alimentcias apresentam uma acumulao de usos, sendo que 27% das 94 espcies registradas so tambm utilizadas pela populao para finalidade medicinal (Tabela 1).

Tabela 1. Espcies alimentcias cultivadas nos quintais de Rosrio Oeste (MT). AL = Alimentar; ME = Medicinal; Av = Arbreo; Arb = Arbustivo; Herb = Herbceo; Trep = Trepadeira. Famlia Nome popular Caj-manga Anacardiaceae Cajueiro Jacote Mangueira Annonaceae Ata Graviola Cenoura Coentro Apiaceae Coentro-da-ndia Erva-doce Salsinha Araceae Inhame Babau Buriti Arecaceae Bocaiva Coco-da-Bahia Gueraba Asteraceae Alface Almeiro Couve Brassicaceae Rabanete Repolho Rcula Bromeliaceae Caesalpiniaceae Abacaxi Tamarindo Nome cientfico Spondias mombin L. Anacardium occidentale L. Spondias purpurea L. Mangifera indica L. Annona squamosa L. A. muricata L. Daucus carota L. Coriandrum sativum L. Eryngium foetidum L. Pimpinella anisum L. Petroselinum sativum subsp. sativum Colocasia esculenta (L.) Schott Attalea speciosa Mart. ex Spreng. Mauritia flexuosa L.f. Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. Cocos nucifera L. Syagrus oleracea (Mart.) Becc. Lactuca sativa L. Chicorium endivia L. Brassica oleracea L. Raphanus sativus L. Brassica capitata L. (H.) Lv. Eruca sativa Mill. Ananas comosus (L.) Merr. Tamarindus indica L. Uso AL AL/ME AL AL AL AL AL AL AL ME/AL AL AL AL AL/ME AL/ME AL/ME AL AL AL AL/ME AL AL AL AL AL/ME Parte usada Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Folha Folha Folha Semente Folha Raiz Fruto Fruto Fruto Fruto Palmito (caule) Fruto Fruto Folha Raiz Folha Folha Fruto Fruto

(continua) Hbito Av Av Av Av Av Av Herb Herb Herb Herb Herb Herb Av Av Av Av Av Herb Herb Herb Herb Herb Herb Herb Av

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Tabela 1. Espcies alimentcias cultivadas nos quintais de Rosrio Oeste (MT). AL = Alimentar; ME = Medicinal; Av = Arbreo; Arb = Arbustivo; Herb = Herbceo; Trep = Trepadeira. Famlia Caricaceae Convolvulaceae Nome popular Mamoeiro Batata-doce Abbora Cucurbitaceae Maxixe Melancia Pepino Car-branco Dioscoreaceae Car-roxo Car-fujo Car-mo-de-anta Euphorbiaceae Mandioca Amendoim Feijo-andu/doce Fabaceae Feijo-orelha-de-padre Feijo-catador Feijo-de-corda Ing Lamiaceae Lauraceae Hortelzinha Manjerico Abacate Canela Alho-de-folha Liliaceae Malvaceae Malpighiaceae Marantaceae Cebolinha Nir Quiabo Acerola Araruta Amora Moraceae Figo Fruta-po Jaca Musaceae Myrtaceae Bananeira Ara Ameixa, Jambolo Goiabeira Jabuticaba Nome cientfico Carica papaya L. Ipomoea batatas (L.) Lam. Cucurbita pepo L. Cucumis anguria L. Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. & Nakai Cucumis sativus L. Dioscorea bulbifera L. Dioscorea sp. Dioscorea sp. Dioscorea trifida L.f. Manihot esculenta Crantz. Arachis hypogaea L. Cajanus cajan (L.) Millsp. Phaseolus sp. Phaseolus vulgaris L. Vigna unguiculata L. Walp. Inga sp. Mentha villosa Huds. Ocimum basilicum L. Persea americana Mill. Cinnamomum zeylanicum Blume. Allium sp. Allium schoenoprasum L. Allium tuberosum Rottl. Ex Spreng. Hibiscus esculentus L. Malpighia glabra L. Maranta arundinacea L. Morus nigra L. Ficus carica L. Artocarpus altilis (Parkins) Artocarpus integrifolia L.f. Musa paradisiaca L. Psidium araca Raddi Syzygium cumini (L.) Skeels Psidium guajava L. Myrciaria cauliflora (DC.) Berg. Uso AL/ME AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL/ME AL AL AL AL AL/ME AL ME/AL AL AL AL/ME ME/AL AL AL/ME AL AL/ME AL AL AL AL AL ME/AL AL/ME AL Parte usada Fruto Raiz Fruto Fruto Fruto Fruto Tubrculo Tubrculo Tubrculo Tubrculo Raiz Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Folha Folha Fruto Casca Folha Folha Folha Fruto Fruto Raiz Fruto/ Folha Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto

(continua) Hbito Av Herb Herb Herb Herb Herb Herb Herb Herb Herb Arb Heb Arb Trep Trep Trep Arb Herb Herb Av Av Herb Herb Herb Arb Arb Herb Av Arb Av Av Arb Av Av Av Arb

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Tabela 1. Espcies alimentcias cultivadas nos quintais de Rosrio Oeste (MT). AL = Alimentar; ME = Medicinal; Av = Arbreo; Arb = Arbustivo; Herb = Herbceo; Trep = Trepadeira. Famlia Jambo Pitanga Oxalidaceae Passifloraceae Pedaliaceae Piperaceae Poaceae Carambola Maracuj Maracujina Gergelim Pariparoba Pimenta-do-reino Cana Capim-cidreira Milho Punicaceae Rosaceae Rubiaceae Rom Ma Caf Jenipapo Laranjeira Laranja-lima Rutaceae Limoeiro Mexerica Poc Tangerina Sapotaceae Sapindaceae Fruta-banana Pitombeira Jil Pimenta-chumbinho poca/bode Solanaceae Pimenta-de-cheiro Pimenta-malagueta Pimento / Pimenta-roxa Tomate Sterculiaceae Vitaceae Zingiberaceae Cacau Cupuau Uva Aafro Nome popular Nome cientfico Eugenia malaccensis Lin. Eugenia uniflora L. Averrhoa carambola L. Passiflora edulis Sims Passiflora sp. Sesamum indicum DC. Pothomorphe umbellata (L.) Miq. Piper nigrum L. Saccarum officinale L. Cymbopogum citratus L. Zea mays L. Punica granatum L. Malus domestica Borkhausen. Coffea arabica L. Genipa americana L. Citrus aurantium L. Citrus limetta Risso Citrus limonum Osb. Citrus deliciosa L. Citrus sp. Citrus reticulata Blanco Ecclinusa ramiflora Mart. Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk Solanum jilo Radi. Capsicum baccatum L. Capsicum odoratum Steud. Capsicum frutescens L. Capsicum annuum L. Lycopersicon esculentum Mill. Theobroma cacao L. Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Vitis vinifera L. Curcuma longa L. Uso AL AL/ME AL/ME AL/ME AL AL AL/ME AL AL ME/AL AL AL/ME AL AL AL/ME AL/ME AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL AL Parte usada Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Semente Folha Fruto Caule Folha Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Fruto Raiz

(concluso) Hbito Av Arb Arb Trep Trep Herb Herb Herb Arb Herb Arb Arb Arb Arb Av Av Av Av Av Av Av Av Av Herb Herb Herb Herb Herb Herb Av Arb Trep Herb

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As 94 espcies vegetais cultivadas com a finalidade de complementao da dieta alimentar so representadas nesse estudo, principalmente, por espcies frutferas, como o cajueiro, o mamoeiro e a bananeira (Musa paradisiaca). Em geral, as partes dos vegetais utilizadas so as folhas, o caule, o fruto, a semente e a raiz (Figura 3). O fruto a parte mais consumida (72%). Alm de ser consumido in natura,

Figura 3. Partes das plantas cultivadas nos quintais de Rosrio Oeste (MT) utilizadas como alimento.

utilizado na preparao de doces, compotas, gelias, chs e sucos. As hortalias constituem importantes fontes de alimento, principalmente atravs do consumo das folhas em saladas, como os casos da alface (Lactuca sativa), da couve (Brassica oleracea) e do almeiro (Chicorium endivia). De acordo com Pasa (2004), a produo nos quintais, especialmente a hortifrutfera, permite populao manter uma baixa dependncia de produtos adquiridos externamente, ocasiona impactos mnimos sobre o ambiente, conserva os recursos vegetais e a riqueza cultural, fundamentada no saber e na cultura dos moradores locais. Ao mesmo tempo, o quintal fortalece os vnculos sociais da comunidade por meio da utilizao do espao para atividades sociais, como rezas, festas e lazer.

Valado et al. (2006) destacam a importncia da produo domiciliar de plantas alimentcias. As verduras, frutas e legumes constituem valiosas fontes de nutrientes para a famlia, uma alternativa econmica para o consumo de produtos em pocas de crise, e que, de outra maneira, seria de difcil obteno, fato este relatado pela maioria dos entrevistados durante a pesquisa. A renda familiar dos moradores de Rosrio Oeste , geralmente, baixa, em mdia de trs salrios mnimos (SEPLAN, 2004). Na pesquisa, a renda mensal variou entre um e trs salrios, sendo que a aposentadoria constitui uma importante fonte de renda para grande parte das famlias envolvidas. Percebe-se que os quintais urbanos rosarienses representam para seus moradores, assim como o proposto por Niez (1984), uma estratgia adaptativa na economia de famlias com baixo poder aquisitivo, como as que fizeram parte dessa pesquisa. Niez (1984) e Santos (2004) destacam, ainda, a possibilidade de complementao da renda familiar com a venda de alguns vegetais produzidos domiciliarmente, especialmente de plantas olercolas. Em Rosrio Oeste, apesar dos moradores possurem hortas caseiras e espcies frutferas em seus quintais, a maioria das plantas destinada apenas para consumo prprio. Somente o excedente vendido, conforme mencionado por uma moradora: (...) a gente s vende as verduras, quando algum procura... seno s pro consumo mesmo (D.J.). Gutberlet (1994) revela, em informaes levantadas na baixada cuiabana, que essas populaes utilizam com freqncia, alm das frutferas nos quintais, os recursos naturais oriundos do cerrado e das matas ciliares, aumentando, assim, seus meios de subsistncia. No estudo dos quintais rosarienses, as espcies exticas foram as mais freqentes. Entretanto, foi possvel encontrar nesses espaos algumas espcies da flora local, como a bocaiva (Acrocomia aculeata), o jenipapo (Genipa americana) e o buriti. As espcies

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nativas so provenientes de mudas oriundas de matas, stios e outras reas de cerrado prximas cidade. Em poucos casos ocorrem espontaneamente nos quintais. Apesar de representadas em menor nmero em relao s plantas exticas, o cultivo das espcies nativas constitui importante banco de germoplasma, que garante a variabilidade gentica de muitas dessas espcies (Brito; Coelho, 2000). A maioria das espcies vegetais encontradas nos quintais rosarienses foi adquirida por meio da doao por parentes, vizinhos e amigos. Nenhum morador mencionou a compra de plantas. Pode-se observar, ainda, que algumas plantas, especificamente as herbceas, so removidas por convenincia, de acordo com a funo ou necessidade do mantenedor. As rvores frutferas raramente so retiradas. Santos (2004) constatou que, em quintais de Alta Floresta, algumas plantas, ainda pouco adaptadas ao local devido ao clima ou solo, so objeto de constantes experimentaes atravs do plantio de sementes e de mudas. Em Rosrio Oeste, esse fato tambm pode ser observado, especialmente por meio do cultivo de plantas como a uva (Vitis vinifera) e a ma (Pirus malus), espcies ainda no adaptadas ao local, mas em fase de experimentao por parte de dois moradores. Pedroso Junior et al. (2008) tambm destacam o importante papel das populaes tradicionais no processo de cultivo e experimentao, considerando as populaes que praticam a agricultura como mantenedoras da diversidade gentica de vrias espcies agrcolas.

imPortncia rElativa das EsPciEsForam calculados o Nvel de Fidelidade (NF) e a Concordncia quanto ao Uso Principal (CUP) para as 44 espcies citadas por mais de trs informantes (Tabela 2). O NF serve para avaliar a importncia de cada espcie para uma finalidade particular. A CUP utilizada para neutralizar, atravs do Fator de Correo (FC), a maior ou menor popularidade de uma espcie (Frana, 2006). Segundo Jorge (2001), o NF igual a 100% indica que

existe uma consistncia cultural quanto ao uso da espcie na comunidade em estudo. Os valores da CUP so geralmente mais baixos, pois so relativos s plantas com maior nmero de citaes. Apesar de esses ndices serem utilizados, inicialmente, em estudos sobre plantas medicinais, a utilizao dos mesmos nesse trabalho tem como objetivo detectar as espcies vegetais mais utilizadas e importantes para a populao, servindo de base para a conservao das mesmas. Soma-se, ainda, o fato de vrias das espcies alimentcias encontradas serem, tambm, utilizadas pela populao como medicinais. Como uso principal foi considerado o tipo de consumo mais mencionado pelos informantes. Na maioria dos casos, o consumo in natura, especialmente de frutas e verduras, foi o mais citado. Outro tipo de consumo registrado entre os moradores foi o de utilizao das plantas como condimento: a pimenta (Capsicum sp.), a hortel (Mentha villosa) e o manjerico (Ocimum basilicum), por exemplo. Todas as plantas cultivadas e utilizadas na alimentao dos informantes tiveram um consenso quanto a seus usos principais. O NF foi calculado acima de 60%, ou seja, em geral, a populao rosariense conhece e utiliza as plantas mencionadas para uma mesma finalidade (Tabela 2). A planta mais citada foi a bananeira, encontrada em 71% dos lares estudados, obtendo 44 citaes exclusivamente para o uso alimentar. Esses resultados demonstram a importncia das plantas cultivadas em quintais para a alimentao das famlias de Rosrio Oeste, especialmente a bananeira, a acerola (Malpighia glabra), o coco-da-Bahia e a mangueira, espcies amplamente citadas e encontradas em mais da metade dos quintais pesquisados (Tabela 2). Essas espcies representam uma importante fonte de nutrientes para as pessoas do domiclio, sendo a produo desses alimentos uma alternativa econmica encontrada para o consumo de uma maior quantidade de vitaminas e sais minerais.

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Tabela 2. Usos principais e Concordncia quanto ao uso das plantas alimentcias citadas por mais de trs informantes nos bairros Nossa Senhora Aparecida e Monjolo, em Rosrio Oeste (MT). IU = N. entrevistados que citou uso da espcie; IP = N. pessoas citando uso principal; NF = Nvel de Fidelidade (%); FC = Fator de Correo; CUP = Concordncia quanto ao Uso Principal. (continua) Nome vulgar Abacateiro Abacaxi Abbora Acerola Alface Alho-de-folha Amora Ata Bananeira Bocaiva Cacau Caf Caj-manga Cajueiro Cana Carambola Cebolinha Cenoura Coentro Couve Coco-da-Bahia Figo Fruta-banana Goiabeira Hortelzinha Jabuticaba Jaca Jil Laranjeira Laranja-lima Limoeiro Mamoeiro Mandioca IU 11 10 8 34 4 4 3 19 44 8 5 8 3 23 20 3 38 3 4 8 32 3 4 22 16 5 4 4 17 5 28 31 27 N. usos citados 4 1 1 3 2 1 2 1 1 2 1 1 1 4 1 1 2 1 1 2 3 1 1 3 7 1 1 1 2 1 1 1 1 Uso principal In natura In natura In natura In natura In natura Condimento In natura In natura In natura In natura In natura In natura In natura In natura In natura In natura Condimento In natura Condimento In natura In natura In natura In natura In natura Condimento In natura In natura In natura In natura In natura In natura In natura In natura IP 11 10 8 32 4 4 2 19 44 8 5 8 3 21 20 3 37 3 4 8 29 3 4 21 12 5 4 4 17 5 28 31 27 NF % 100 100 100 94,12 100 100 66,6 100 100 100 100 100 100 91,30 100 100 97,36 100 100 100 90,62 100 100 95,45 75 100 100 100 100 100 100 100 100 FC 0,25 0,23 0,18 0,77 0,09 0,09 0,07 0,43 1,00 0,18 0,11 0,18 0,07 0,52 0,45 0,07 0,86 0,07 0,09 0,18 0,73 0,07 0,09 0,50 0,36 0,11 0,09 0,09 0,39 0,11 0,64 0,70 0,61 CUP 25,00 22,73 18,18 72,73 9,09 9,09 4,55 43,18 100,00 18,18 11,36 18,18 6,82 47,73 45,45 6,82 84,09 6,82 9,09 18,18 65,91 6,82 9,09 47,73 27,27 11,36 9,09 9,09 38,64 11,36 63,64 70,45 61,36

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Os quintais como espaos de conservao e cultivo de alimentos: um estudo na cidade de Rosrio Oeste (Mato Grosso, Brasil)

Tabela 2. Usos principais e Concordncia quanto ao uso das plantas alimentcias citadas por mais de trs informantes nos bairros Nossa Senhora Aparecida e Monjolo, em Rosrio Oeste (MT). IU = N. entrevistados que citou uso da espcie; IP = N. pessoas citando uso principal; NF = Nvel de Fidelidade (%); FC = Fator de Correo; CUP = Concordncia quanto ao Uso Principal. (concluso) Nome vulgar Mangueira Maracuj Milho Pimenta-dedo-de-moa/poa Pimenta-de-cheiro Pimenta-do-reino Pimenta-malagueta Pimento Poc Rcula Salsinha IU 31 3 5 17 3 2 5 13 10 6 3 N. usos citados 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Uso principal In natura In natura In natura Condimento Condimento Condimento Condimento Condimento In natura In natura Condimento IP 31 3 5 17 3 2 5 13 10 6 3 NF % 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 FC 0,70 0,07 0,11 0,39 0,07 0,05 0,11 0,30 0,23 0,14 0,07 CUP 70,45 6,82 11,36 38,64 6,82 4,55 11,36 29,55 22,73 13,64 6,82

CONSIDERAES FINAISApesar dos quintais estudados se localizarem na rea urbana do municpio, a populao mantm uma estreita relao com a natureza, fato este comprovado pela diversidade de espcies encontradas naqueles locais. Essas espcies constituem valiosas fontes de nutrientes para as famlias rosarienses, uma alternativa econmica encontrada pelos moradores da cidade para o consumo de alimentos necessrios e saudveis, proporcionando s famlias uma maior segurana alimentar e melhor qualidade de vida. Os quintais localizados na rea urbana de Rosrio Oeste mantm a tradio e os aspectos tpicos de um ambiente rural, onde seus moradores tiveram origem. As pessoas reproduzem nesses espaos reduzidos suas antigas roas, especialmente de espcies alimentares, ao mesmo tempo em que criam pequenos animais domsticos, como ces, gatos e galinhas. No mesmo local, podem-se observar outros costumes e objetos tpicos do campo, como piles, foges a lenha, fornalhas e jiraus. Assim, os quintais rosarienses apresentam uma srie de funes, da conservao biolgica sociabilidade dos moradores,

podendo ser resumidas nos seguintes itens: econmica, agroecolgica e sociocultural. Nesse sentido, esses espaos representam mais do que um simples sistema de produo, pois a maioria das atividades domsticas ocorre fora da residncia, onde a reproduo de um saber local exercitada cotidianamente nas mais diferentes situaes.

AGRADECIMENTOSAo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), pelo apoio financeiro destinado ao Grupo de Pesquisa da Flora, Vegetao e Etnobotnica (FLOVET), da Universidade Federal do Mato Grosso, do qual esse trabalho faz parte; Coordenao de Aperfeioamento de Pessoa de Nvel Superior (CAPES), pela bolsa de mestrado concedida primeira autora; aos informantes de Rosrio Oeste, que gentilmente nos receberam e sem os quais no seria possvel a realizao da pesquisa.

REFERNCIASACIESP. Academia de Cincias do Estado de So Paulo. Glossrio de Ecologia. 2. ed. So Paulo: ACIESP, 1997. (Publicao ACIESP, n. 103).

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