trab.vertissolo

6
Solos com plintita e concreções ferruginosas ocorrem em grandes extensões no Brasil (Anjos et al., 1995; Batista & Santos, 1995). As principais áreas de solos com plintita ou petroplintita no País ocorrem na região Amazônica (alto Amazonas), Amapá, Ilha de Marajó, Baixada Maranhense, Piauí setentrional, sudoeste de Tocantins, norte de Goiás, Pantanal Matogrossense e Ilha do Bananal (Embrapa, 1981). Apesar de pouco documentadas, a petroplintita e a plintita ocorrem de forma freqüente nos solos derivados da Formação Adamantina, regiões norte e oeste do Estado de São Paulo; muitas vezes são verificados perfis completamente dominados por essas feições (Coelho et al., 2001). No Estado do Maranhão, no Nordeste do Brasil, esses solos são formados a partir de arenitos ferruginosos da Formação Itapecuru ou sedimentos coluviais, em clima tropical subúmido (Anjos et al., 1995), onde condições de alta precipitação pluviométrica se alternam com período prolongado de decréscimo acentuado das chuvas. A plintita é definida como uma formação constituída de mistura de material de argila com grãos de quartzo e outros minerais, pobre em carbono e rica em Fe, ou Fe e Al, que, sob vários ciclos de umedecimento e secagem, se consolida irreversivelmente (Embrapa, 1999; Oliveira, 2001). Sua gênese está relacionada à segregação, mobilização, transporte e concentração de íons e compostos de Fe. O Fe ora existente tanto pode ser proveniente do material de origem, como translocado de outros horizontes ou proveniente de áreas adjacentes mais elevadas (Driessen & Dudal, 1989). Segundo Embrapa (1999, 2006), Plintossolos são solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte plíntico ou litoplíntico ou concrecionário iniciando dentro de 40 cm, ou dentro de 200 cm quando imediatamente abaixo do horizonte A ou E, ou de outro horizonte que apresente cores pálidas, variegadas ou com mosqueados em quantidade abundante. O horizonte diagnóstico plíntico é definido de acordo com a quantidade de plintita, e sua extensão deve ter no mínimo 15 cm de espessura e conter mais de 15 % de plintita por volume. Esta classe compreende solos formados sob condições de restrição à percolação da água, sujeitos ao efeito temporário de excesso de umidade, que tem como conseqüência a formação de um horizonte plíntico (Embrapa, 1999, 2006). O impedimento à livre drenagem pode ser resultante da existência de um lençol freático mais superficial em algum período do ano, o que ocorre em áreas de cotas inferiores com relevo plano, como depressões, baixadas, terços

Upload: isonil-pantoja

Post on 11-Aug-2015

257 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Solos com plintita e concreções ferruginosas ocorrem em grandes extensões no Brasil (Anjos et al., 1995; Batista & Santos, 1995). As principais áreas de solos com plintita ou petroplintita no País ocorrem na região Amazônica (alto Amazonas), Amapá, Ilha de Marajó, Baixada Maranhense, Piauí setentrional, sudoeste de Tocantins, norte de Goiás, Pantanal Matogrossense e Ilha do Bananal (Embrapa, 1981). Apesar de pouco documentadas, a petroplintita e a plintita ocorrem de forma freqüente nos solos derivados da Formação Adamantina, regiões norte e oeste do Estado de São Paulo; muitas vezes são verificados perfis completamente dominados por essas feições (Coelho et al., 2001). No Estado do Maranhão, no Nordeste do Brasil, esses solos são formados a partir de arenitos ferruginosos da Formação Itapecuru ou sedimentos coluviais, em clima tropical subúmido (Anjos et al., 1995), onde condições de alta precipitação pluviométrica se alternam com período prolongado de decréscimo acentuado das chuvas.A plintita é definida como uma formação constituída de mistura de material de argila com grãos de quartzo e outros minerais, pobre em carbono e rica em Fe, ouFe e Al, que, sob vários ciclos de umedecimento e secagem, se consolida irreversivelmente (Embrapa, 1999; Oliveira, 2001). Sua gênese está relacionada à segregação, mobilização, transporte e concentração de íons e compostos de Fe. O Fe ora existente tanto pode ser proveniente do material de origem, como translocado de outros horizontes ou proveniente de áreas adjacentes mais elevadas (Driessen & Dudal, 1989). Segundo Embrapa (1999, 2006), Plintossolos são solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte plíntico ou litoplíntico ou concrecionário iniciando dentro de 40 cm, ou dentro de 200 cm quando imediatamente abaixo do horizonte A ou E, ou de outro horizonte que apresente cores pálidas, variegadas ou com mosqueados em quantidade abundante. O horizonte diagnóstico plíntico é definido de acordo com a quantidade de plintita, e sua extensão deve ter no mínimo 15 cm de espessura e conter mais de 15 % deplintita por volume.Esta classe compreende solos formados sobcondições de restrição à percolação da água, sujeitosao efeito temporário de excesso de umidade, que temcomo conseqüência a formação de um horizonte plíntico(Embrapa, 1999, 2006). O impedimento à livredrenagem pode ser resultante da existência de umlençol freático mais superficial em algum período doano, o que ocorre em áreas de cotas inferiores comrelevo plano, como depressões, baixadas, terçosinferiores de encostas, ou devido à existência decamadas concrecionárias ou materiais de texturasargilosas, como nas áreas de surgente em condiçõesde clima tropical úmido.Embora esta classe de solos esteja associada aambientes de formação de solos com alto grau deintemperismo, nos quais a mineralogia resultante égeralmente caulinítica ou oxídica, em alguns estudos,como os de Daugherty & Arnold (1982), UFRRJ (1986),Oliveira et al. (1992), Anjos et al. (1995) e Lima et al.(2006), foram caracterizados Plintossolos com argilade atividade alta (CTC estimada da fração argila maiorque 27 cmolc kg-1 de argila).

PlintossolosPLINTOSSOLO HÁPLICO Eutrófico solódico A moderado textura argilosa constitui osolo de menor proporção da unidade de mapeamento GZn.São solos formados a partir de condições restritivas à percolação da água, sujeitos

ao efeito temporário do excesso de umidade, imperfeitamente ou mal drenados eque caracterizam-se fundamentalmente por apresentar mistura de argila, pobre emcarbono orgânico e rica em ferro, compondo material brando ou semibrando,individualizado como porções avermelhadas a vermelho-escuras (plintitas).Apresentam seqüência de horizontes A—Bfn.A seção superficial é de coloração cinzenta muito escura e de desenvolvimentopouco expressivo, aproximadamente 25 cm, caracterizando um horizonte Amoderado. A textura é argilo-arenosa e a estrutura em blocos subangulares eangulares. A consistência do solo seco é ligeiramente dura, quando úmido é firme equando molhado é ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa.Abaixo do horizonte A destaca-se a presença de seção de coloração brunoamarelada,com mosqueados de coloração vermelho-escura. Neste horizontedestaca-se ainda, saturação por sódio acima de 20%, constituindo o carátersolódico. A textura é argilosa e a estrutura é em blocos angulares e subangulares. Aconsistência do solo seco é dura, quando úmido é firme e quando molhado é muitoplástica e muito pegajosa.Os Plintossolos são encontrados em áreas mais baixas, com topografia horizontal,onde os declives são pequenos, inferiores a 3%. A vegetação predominante nestessolos são espécies que perdem parcialmente as folhas no período de maior falta deágua, além da ocorrência de espécies típicas do Chaco. Os teores de nutrientes nosolo, segundo Raij et al. (1996), podem ser classificados como: cálcio (Ca) - médio;magnésio (Mg) - baixo; potássio (K) - baixo; fósforo (P) - muito baixo (Tabela 4).São solos que apresentam restrições ao aproveitamento agrícola, devidoprincipalmente às oscilações do lençol freático, inundações periódicas e presença daplintita. Segundo Oliveira et al. (1992), a plintita quando submetida a secamento eumedecimento sistemáticos, transforma-se gradualmente em petroplintita. Quandoa petroplintita encontra-se pouco profunda e formando uma camada contínua eespessa, as limitações do solo à utilização agrícola tornam-se ainda mais sérias, poisa permeabilidade, a restrição ao enraizamento das plantas e o impedimento ao usode equipamentos agrícolas podem tornar-se críticos. Portanto, as pastagens nativastolerantes à presença de sódio constituem a melhor opção para o aproveitamentoagrícola dos Plintossolos (Embrapa, 1987).

VertissolosVERTISSOLO HIDROMÓRFICO Órtico chernossólico textura média/argilosa constituio solo representativo da unidade de mapeamento VGo3, a qual ocorre emaproximadamente 380 ha, representando cerca de 16% da área total doAssentamento. VERTISSOLO EBÂNICO Órtico chernossólico textura média/argilosaconstitui o solo representativo da unidade de mapeamento VEo3, a qual ocorre emaproximadamente 160 ha, representando cerca de 6% da área total doassentamento.São solos com restrição temporária à percolação de água, apresentam comocaracterísticas determinantes a presença de horizonte subsuperficial com teor deargila de 30% ou mais ao longo do perfil, pronunciada mudança de volume deacordo com a variação da umidade, tendo como feições morfológicascaracterísticas a presença de fendas de retração largas e profundas que se abremdo topo do perfil, nos períodos de seca, superfícies de fricção em seções maisinternas do perfil, portadoras de unidades estruturais grandes e inclinadas emrelação ao prumo do perfil (Oliveira et al., 1992).Apresentam seqüência de horizontes A-Cv ou A-Cvg, cuja principal diferença, é apresença do horizonte subsuperficial influenciado pelo lençol freático elevado emarcado por redução de ferro (horizonte glei), característico do VERTISSOLOHIDROMÓRFICO Órtico chernossólico; e a coloração quase preta na maior parte dohorizonte subsuperficial (caráter ebânico), comum ao VERTISSOLO EBÂNICO Órticochernossólico.

Ambos apresentam seção superficial de cor escura, com elevados teores de cálcio emagnésio e rica em matéria orgânica, caracterizando o horizonte A chernozêmico.Em geral, a estrutura do horizonte A apresenta-se em blocos subangulares eangulares; a consistência do solo seco é dura, quando úmido firme e quandomolhado, muito plástica e muito pegajosa.A seção subsuperficial de espessura variável, apresenta baixa porosidade total,refletindo em lenta permeabilidade e drenagem imperfeita, e por vezes, com elevadoteor de CaCo3. Apresentam textura argilosa ou muito argilosa e estrutura em blocosangulares e subangulares. A consistência do solo seco é extremamente dura,quando úmido muito firme e quando molhado, muito plástica e muito pegajosa.São solos com pH próximo à neutralidade na camada superficial e fortementealcalinos, nas camadas subsuperficiais. Apresentam elevado potencial nutricionalrepresentado por elevados valores de soma de bases trocáveis (S), capacidade detroca de cátions (T) e saturação por bases (V) (Tabelas. 5 e 6).Os Vertissolos são encontrados em áreas planas, com declividade inferior a 3% e,às vezes, mais movimentada, com declives entre 3 a 8%. É predominante nestesVertissolos, vegetação nativa marcada por árvores que perdem totalmente as folhasno período de maior deficiência de água.Estes solos apresentam diferentes potencialidades de aproveitamento agrícola. Nocaso de VERTISSOLO EBÂNICO Órtico chernossólico, embora suas limitações àdeficiência de água, impedimento à mecanização e deficiência de oxigênio,decorrentes de suas características físicas, restrinjam seu potencial, seu cultivoagrícola é possível. Por outro lado, o aproveitamento agrícola do VERTISSOLOHIDROMÓRFICO Órtico chernossólico com culturas de sequeiro é bastante restritadevido, principalmente, à sua drenagem imperfeita e pouca permeabilidade, fazendocom que o solo permaneça encharcado por muito tempo durante o período chuvoso(Harris, 1989).Aptidão agrícola

Classe de Solo: PlintossoloCompreende solos minerais hidromórficos ou com séria restrição à percolação de

água. Apresentam horizonte plíntico dentro dos 40 cm superficiais, ou a maiores profundidades quando subsequente a horizonte E, ou subsequente a horizonte(s) com muito mosqueado de redução, ou subsequente a horizonte(s) essencialmente petroplínticos.

A classe de Plintossolos engloba uma gama muito ampla de solos, os quais apresentam, em comum, apenas a presença de horizonte plíntico a certa profundidade.

Do ponto de vista agronômico, portanto, podem ser desde solos com alto potencial nutricional até muito baixo, incusive com problemas de toxicidade por alumínio, como nos álicos.

Abstraindo a grande variabilidade do ponto de vista químico, importa ter em conta a profundidade de ocorrência do horizonte plíntico e o seu comportamento físico, pois ele pode se apresentar em grau de coesão e compacidade muito variado. A plintita, quando sujeita a secamento e umedecimento repetitivos, transforma-se gradualmente em petroplintita. É comum a plintita e a petroplintita ocorrerem num mesmo perfil, sendo que a última, geralmente, revela maiores concentrações nos horizontes superiores, onde há maior oxidação.

Quando a petroplintita se encontra pouco profunda e formando uma camada contínua e espessa, as limitações para a utilização agrícola do solo tornam-se mais

sérias, pois a permeabilidade, a restrição ao enraizamento das plantas e o entrave ao uso de equipamentos agrícolas podem se tornar críticos.

Conforme já exposto, essa classe compreende solos de drenagem variável. Portanto, há ocorrência de solos nos quais há excesso d'água temporário e outros com excesso prolongado durante o ano, condições que constituem limitações importantes a seu aproveitamento.

Nos solos com acentuado aumento de argila dos horizontes A + E para o Btf ou Btfg, o contraste de propriedades daí decorrente impõe condições discrepantes de comportamento entre essas seções. Assim, à semelhança dos Planossolos e Solonetz-Solodizados, verifica-se agravamento de limitação referente à erodobilidade, ainda que sejam suaves as declividades.

Em algumas áreas, cultiva-se arroz, sendo, porém muito mais frequente o uso com pastagens. No Maranhão, além do arroz, verifica-se consorciação de pastagens com babaçu nativo.Plintossolo – (derivado da plintita), solo hidromórfico (excesso de água), apresentando segregação de ferro em subsuperfície, constituindo manchas de cores variadas, chamadas de plintita.

Vertissolo – (vertere = inverter), solo com alta capacidade de contração e expansão;