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Universidade Federal Fluminense Instituto de Cincias Humanas e Filosofia Disciplina: Sociologia IV

Professora: Letcia Veloso

Aluna: Caroline Caillaud

Trabalho sobre o livro Comportamento em lugares pblicos: notas sobre a organizao social dos ajuntamentos.

Niteri 2010

O objetivo de Goffman neste livro foi desenvolver um estudo capaz de abordar uma rea, que segundo ele muito negligenciada: o comportamento social em lugares pblicos e semipblicos. Goffman considera que as diversas caractersticas da interao face a face ou engajamentos de face, termo utilizado por ele, possui uma riqueza de fluxo de informaes, seja atravs conduta do indivduo, das mensagens lingusticas ou linguagem corporal, todas elas so meios pelo qual o indivduo disponibiliza informaes aos participantes do engajamento. Ou seja, Goffman faz uma analise uma de como os indivduos agem e quais os fatores que levam os leva a se comportam de uma determinada maneira em lugares pblicos e semipblicos. Regras de condutas em ruas, parques, restaurantes, teatros, lojas, pistas de dana, salas de reunio e outros lugares de ajuntamento de qualquer comunidade nos dizem muito sobre suas formas mais difusas de organizao social. Sua anlise foi de grande importncia na rea das interaes sociais. Goffman analisa como se estabelece a estrutura da conduta pblica. Segundo o autor, adotamos determinados comportamentos adequados que so exigidos de acordo com as normas do ajuntamento e do ambiente em que nos encontramos e buscamos na maioria das vezes no transgredi-las, pois buscamos nesses ajuntamentos sermos aceitos socialmente pelos indivduos participantes. Somos educados a participar corretamente nas ocasies sociais, mostrando que estamos atentos, alegres, srios; gargalhamos, no disfaramos o prazer quando encontramos pessoas que nos so estimveis, no fazemos alarde nas bibliotecas, respeitamos as convenes, deixamos passar o carro dos bombeiros ou a ambulncia. O nosso corpo, nossos gestos e as nossas atitudes atuam, exprimem, submetem-se a tais convenes, com disciplina ou com espontaneidade, o nosso corpo revela como nos situamos bem ou sentimos constrangimento. Goffman realiza reflexes sobre normas de etiqueta de comportamento em pblico, sobre os cdigos de conduta que direcionam as aes e atitudes dos indivduos. Goffman cita a existncia de diferenas regionais com relao ao envolvimento e ao autoenvolvimento permissveis na presena de outros. A regulamentao do envolvimento varia de local e ambiente, as normas que iro direcionar a conduta do indivduo mudam. Como por exemplo, no Brasil considerado normal um casal de namorados se beijarem ou darem as mos em pblico, entretanto na Finlndia o toque, a troca de carcias entre namorados visto pela populao em geral como algo que no deve ocorrer em pblico, mas sim na intimidade do casal, no Japo h diferenciao na fala entre homens e mulheres, por exemplo, uma mulher no deve fazer uso da expresso boku (eu), as mulheres que a usam so vista como mal educados e transgressoras de uma regra que deve ser seguida, tal expresso vista como algo de uso essencialmente masculino. Ou da conduta que devemos ter em trens e metros, no Japo h placas explicando o que deve ou no ser feito, como no falar alto, no rir alto e a populao educada para segui-la com rigidez, no ocidente normal ocorrer borborinhos nestes locais.

I- Introduo Captulo I - O problema Observa que a regra fundamental em todas as situaes a de que a pessoa deve permanecer no esprito ou no ethos da situao. Captulo II - Definies introdutrias Goffman exibe os conceitos a serem usados no livro e explora como o indivduo pode estar numa situao totalmente capacitado socialmente e a partir disso, analisa quais formas pelas quais a presena insuficiente pode se manifestar. II- Interao desfocada Captulo III - Envolvimento Goffman analisa o envolvimento do corpo. A linguagem do corpo vai acontecer atravs de gestos, posturas, vestimentas, aes, etc. Os indivduos j comeam uma comunicao s de estar na presena dos outros, a mera presena do indivduo, independentemente de sua conduta enquanto presente o indivduo comunica alguma coisa, o simples fato de estar em um engajamento, significa que ele est transmitindo algum tipo de informao. Significaes diferentes para as linguagens corporais de acordo com cada sociedade e com a poca. O indivduo deve transmitir e deixar de transmitir as mensagens certas para os outros de acordo determinados momentos. Captulo IV - Algumas regras sobre a alocao do envolvimento O envolvimento a capacidade que um indivduo possui de voltar a sua ateno de maneira concentrada a alguma atividade disponvel. Atividade ocasionada /envolvimento principal /envolvimento lateral /envolvimento dominante /envolvimento subordinado. Captulo V - Algumas regras sobre os objetos do envolvimento Autoenvolvimento: prprio envolvimento do indivduo com seu prprio corpo ou objeto associado ao corpo./Distante: desvio de ateno do indivduo por um momento conscientemente. /Envolvimentos ocultos: estados delirantes, quando o indivduo no tem conscincia que est distante. III- Interao focada Captulo VI - Engajamentos de face Desateno civil: ainda que voc no conhea uma pessoa haver uma interao. / A estrutura dos engajamentos de face/ Acessibilidade/ Direitos de partido Captulo VII - Conhecimento Ocorre quando dois indivduos podem identificar pessoalmente o outro atravs de conhecimento que distingue este outro de todas as outras pessoas , e quando um indica para o outro

que este estado de informao mtua existe. Relao social de conhecimento/ Duas instituies do conhecimento: Reconhecimento Cognitivo e Reconhecimento Social/ Questo sobre o corte social/ Diferenas de comportamento variam entre sexos e sociedades/ Conhecimento formal e informal. Captulo VIII - Engajamentos entre os quais no se conhecem Goffman trata de circunstncias onde permissvel algum tipo de engajamento entre pessoas que no se conhecem: Posies expostas/ Posies de abertura/ Abertura mtua/ Evases e infraes. IV Engajamentos acessveis Captulo IX - Fronteiras de comunicao Goffman busca examinar as regulamentaes que se aplicam a um engajamento de face depois que ele se formou, analisa as fronteiras das prprias situaes sociais. 1. Fechamento situacional convencional So barreiras comunicativas que criam a possibilidade de um fechamento situacional convencional quando h a ausncia de um fechamento fsico real. Como portas. Ex: Nos vrios hospitais psiquitricos em que as estaes das enfermeiras um posto de observao envidraado, os pacientes precisam ser treinados a no ficar parados perto das janelas olhando o que acontece l dentro. 2. Engajamentos acessveis quando um engajamento de face precisa ocorrer numa situao que contm espectadores. Todas as pessoas no ajuntamento em geral estaro imersas num conjunto de interao desfocada onde cada pessoa, por sua mera presena, modos e aparncia transmite alguma informao sobre si mesma para todos na situao. E alm dessa participao, os membros autorizados de um engajamento particular participaro em interao focada, onde uma mensagem comunicada por uma pessoa tem a inteno de fazer uma contribuio especfica ao assunto em questo e normalmente endereada a um receptor particular enquanto os outros participantes tambm devem receb-la. 3. Fechamento de engajamento convencional So certas obrigaes e esforos da parte dos participantes e espectadores para agir como se o engajamento estivesse bloqueado fisicamente do resto da situao. E Goffman trata de alguns elementos de organizao social que este fechamento causa. Parasitismo convencional: a expresso de desateno e no envolvimento exibida por aqueles que esto fisicamente prximos a um encontro do qual no participam. Por exemplo, uma jovem psictica que observei sentava-se ao lado de sua me e olhava diretamente para frente enquanto estava engajada numa conversa com uma enfermeira, mantendo o que parecia ser desateno em relao ao engajamento vizinho p.172

Ou em momentos onde os indivduos podem ficar to prximos que impossvel manter qualquer fingimento de no escutar. Participantes e espectadores precisam ajudar a manter a integridade do engajamento, mantendo suas fronteiras, evitando que ele seja tragado pelo ajuntamento, tanto participantes quanto espectadores tero que regular a sua conduta apropriada. O cuidado que um espectador obrigado a exercer com um encontro acessvel, incluindo tambm a questo de como e onde ele pode se apresentar para uma participao oficial. O espaamento garante que linhas de fala estejam abertas, quer dizer, que as pessoas que falam umas com as outras num encontro no tero nenhuma obstruo fsica. Situao multifocada: quando uma situao se transforma de uma com muitos encontros, em que uma se limita a um nico engajamento que a tudo abrange. Por exemplo, ao meio-dia numa enfermaria do Hospital Central, quando o mdico grita Hora da boia! ele est falando com o lugar inteiro, e , onde quer que o som de sua voz alcance, o significado de suas palavras tambm devem ser compreendido. p.180 Captulo X A regulao do envolvimento mtuo 1. Restries Goffman trata das restries quanto ao modo em que os indivduos num encontro acessvel podem se entregar apropriadamente um ao outro, quer dizer, envolver-se me envolvimentos mtuos que esto expostos a espectadores, dando a oportunidade de examinar o que os participantes do encontro devem ao ajuntamento geral. O indivduo obrigado a ter controle sobre todos os seus envolvimentos. Por exemplo: Um casal se agarrando ou discutindo no meio da rua, considerado uma invaso de questes privadas em lugares onde se exige uma orientao mais pblica Haver tentativas de impedir envolvimentos mtuos inapropriados, que retraiam os participantes do ajuntamento. 2. Envolvimento mtuo ocasionado A regra obriga indivduos a manter um envolvimento mtuo ocasionado, onde o engajamento do indivduo pode ocorrer para no causar nenhuma ofensa para o ajuntamento como um todo e a ocasio social, levando o indivduo a obrigao de manter um envolvimento ocasionado com outras pessoas, por exemplo. Eles so obrigados a manter sua atividade sintonizada com o ethos da ocasio social, demonstrando um certo nimo e envolvimento ocasionados. 3. Deriva O fenmeno da deriva ocorre quando uma ocasio social manisfeste um contorno de envolvimento e o indivduo se desloca para longe do ajuntamento e de sua ocasio social. Goffman d o exemplo de um pate-papo em um velrio que comea em voz baixa, mas

acaba ficando cada vez mais alto at que sua interao se torne deslocada, sendo necessrio ser trazido de volta ao ambiente. Ou ento quando algum do ajuntamento encontra-se com a mente em outro lugar. 4. Proteo Proteo a possibilidade de manter uma atividade oculta dentro de conversas, de forma que duas fases diferentes de uma ocasio social podem ocorrer simultaneamente no mesmo lugar entre os mesmos participantes. Por exemplo, comparecer a funerais era obrigatrio para estes enlutados ficar em p quietos e calmos fora da cabana em que o falecido estava sendo velado. Mas, enquanto ficavam parados l, era bastante permissvel entabular bate-papos animados com seus colegas. Certamente, o volume destas conversas e as expresses dos falantes eram modulados respeitosamente de acordo com os requerimentos funreos, mas o contedo da fala seguia outra direo. p.193 Captulo XI - Participao incontida Goffman sugere que o comportamento do indivduo numa situao guiado por valores e por normas tratando dos envolvimentos com outros. Ele foca em certas normas para no se parecer esnobado num ajuntamento e nem comprometer totalmente o outro indivduo que fica desolado se um resolver sair de um engajamento. Ele explora as formas de trair um encontro e abandon-lo, formas de no totalidade de participao nos engajamentos. V- Interpretaes Captulo XII - A estrutura e funo de propriedades situacionais Com as noes de estrutura do envolvimento na situao / Propriedades situacionais e ocasio social / engajamento e ambiente, Goffman mostra que a vida social conjunta sustentada pelo ajuntamento uma incorporao da prpria ocasio como um todo. Captulo XIII - Firmeza e frouxido Goffman usa esses termos para explicar que h situaes que cobram um comportamento e envolvimento firme dos indivduos e outras situaes que cobram um comportamento e envolvimento frouxo. Esse comportamento varia conforme o grau de disciplina da situao. Captulo XIV - A significncia sintomtica de impropriedades situacionais O estudo das situaes firmes e frouxas importante, pois atravs desses eventos que grande parte da nossa vida social organizada. As pessoas que praticam certo idioma de envolvimento sentem que essas regras nos ajuntamentos so cruciais para o bem estar da sociedade. E para que esse bem estar no tenha suas regras questionadas, os indivduos passam a olhar o infrator como no ser humano, assim as infraes passam a ser reflexo do infrator e no do que ele ofendeu. uma maneira de conservar as regras, excluir dos ajuntamentos os que no respeitam, colocando-os como errado, infrator ou anormal por infringir.

Captulo XV - Concluso Este estudo se preocupou com o comportamento em lugares pblicos, especificamente o aspecto de ordem pblica que trata da conduta dos indivduos que ocorre devido a sua presena entre outros. Goffman deu mais ateno a apenas alguns dos crculos do eu que pessoas presentes traam em torno de si, e pelos quais o indivduo obrigado a demonstrar vrias formas de respeito. Sua anlise restringiu-se a regulao de atos comunicativos, expressivos e lingusticos, e especialmente a atos cuja importncia se estendia alm de crculos de conversas para a situao em geral. Trs unidades sociais bsicas: Engajamento de face ou encontro: Consiste de um crculo, tipicamente de conversa, onde um nico foco de ateno visual e cognitiva ratificado como obrigatrio mutuamente para os participantes. Ocasio social: Consiste de uma unidade sociopsicolgica mais ampla que fornecem o esquema de referncia em termos do qual os engajamentos ocorrem. Ajuntamento social: Inicialmente foi definido como o conjunto inteiro de pessoas presentes mutuamente durante qualquer perodo contnuo de tempo, e sua presena delineava uma situao social; a saber, um ambiente de possibilidades de monitorao em que um ingressante, ao entrar em qualquer lugar dele, se tornaria um participante do ajuntamento localizado nele. Perto do final do estudo, comeou a receber um significado adicional. Por estarem numa situao social que esto, por sua vez, dentro de uma ocasio social, os indivduos modificam sua conduta de muitas formas orientadas normativamente. Para Goffman, na presena de outros, o indivduo orientado por um conjunto especial de regras, que ele chamou de de propriedades situacionais. Segundo ele, estas regras governam a alocao do envolvimento do indivduo dentro da situao, expressado atravs de um idioma convencionalizado de deixas comportamentais. A interao com o outro cheia de obrigaes de envolvimento. E melhor que o indivduo mostre que um membro em boa situao, pois a penalidade final por quebrar as regras severa. Assim como enchemos nossos presdios com a queles que transgridem a ordem legal, enchemos nossos sanatrios em parte com aqueles que agem inapropriadamente o primeiro tipo de instituio usado para proteger nossas vidas e propriedades; o segundo, para proteger nossos ajuntamentos e ocasies. p.263 Goffman em seu estudo est preocupado com os comportamentos na interao face-a-face, na comunicao com o corpo, com os gestos, em situaes sociais em que os participantes precisam se comportar de maneira evasivos (desvios, envolvimento mtuo ocasionado) ou controlados (devido as normas de conduta que regem o comportamento dos indivduos). O que ele pretende

centrar seu estudo na anlise sobre a ordem pblica que trata da conduta dos indivduos em presena de outros, tanto pode ser a relao em crculo social com conversa, um indivduo est condicionado por regras mais ou menos pr-estabelecidas socialmente, para compreender a estrutura normativa das interaes face a face. Logo, ele busca compreender a concepo de um espao interacional no qual os indivduos se movimentam, em co-presena, onde todos os participantes ajudam inevitavelmente a estruturar. Esta sociedade consagra-se tambm pelos lugares pblicos que so marcados por uma complexidade e automatismos onde ordenamos a nossa comunicao e onde a nossa imagem tem extrema importncia, a nossa autonomia ditada pela forma como a respeitamos ou repudiamos os cdigos normativos que nos so socialmente impostos. Uma fato negativo que pode ser citado da obra de Goffman se d ao fato de que sua anlise ter como foco a sociedade ocidental, mas precisamente a americana sendo assim, seus estudos no so muito bons para associ-lo as sociedades no ocidentais ou mesmos nas quais a prpria sociedade americana no considera como ocidental. Referncia bibliogrfica: GOFFMAN, Erving. Comportamento em Lugares Pblicos: notas sobre a organizao social dos ajuntamentos. Editora Vozes, 2010. Folha utilizada na apresentao realizada em sala.