trabalho infantil.doc

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  • 7/25/2019 trabalho infantil.doc

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    Introduo

    Olarias, plantaes, oficinas mecnicas, cermicas, pedreiras, aterros sanitrios, ruas, praas...No mundo inteiro, crianas e adolescentes continuam sendo explorados no trabalho, exercendoatividades perigosas e insalubres, num grave atentado aos seus direitos mais elementares.

    Erradicar a explorao econmica abusiva da mo!de!obra infanto!"uvenil # um desafiomundial $ %odavia, como # poss&vel vencer esse desafio ' Nessa caminhada, rumo ( efetivao dosdireitos e ( vida digna, o primeiro passo # o conhecimento da realidade. )onhecer para transformar $

    *ssim, o presente trabalho busca, na verdade, desmistificar a cultura do trabalho infantil e,revelar, de modo mais organi+ado, os focos de explorao da mo!de!obra infanto! "uvenil em nossoEstado, bem como suas caracter&sticas, condies, riscos e aes implementadas para combat!los.

    *final, acreditamos -ue libertar nossas crianas e adolescentes dessa explorao cruel eopressiva no e apenas necessario e urgente, mas tamb#m poss&vel.

    /

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    0 que trabalho infantil 1

    Nem todas as formas de trabalho infantil so combatidas pelas entidades de defesa dos direitosdas crianas e adolescentes. Na realidade, as crianas reali+am uma grande diversidade de trabalhos emcondies -ue variam enorrnemente. 0uitos 1trabalhos1 at# so ben#ficos, -uando integram o1processo sociali+ador e represeniam um momento de passagern do saber dos pais para os filhos1, posto-ue promovem ou contribuem para o desenvolvimento f&sico, mental, espiritual, moral ou social dacriana, sem interferir em sua educao escolar, sua recreao e seu descanso.

    2ortanto, -uando falamos em combater o trabalho infantil no estamos nos referindo, porexemplo, ( colaborao de crianas nos pe-uenos afa+eres dom#sticos. Estamos falando, isto sim, decrianas -ue levam prematuramente vida de adulto, trabalhando horas a fio, por remuneraoinsignificante, em condies pre"udiciais ( sua sa3de e ao seu desenvolvimento f&sico e mental.

    Na verdade, o 4N5)E6 e a O5% " esclareceram -ue o trabalho infantil ad-uire caracter&sticas de

    explorao -uando envolve7

    ! *tividade em per&odo integral -uando a criana ainda # muito "ovem8 muitas horas deatividade7

    atividade -ue provo-ue excessivo estresse f&sico, emocional ou psicol9gico7: atividade e vida nas ruas em ms condies8: remunerao inade-uada8: responsabilidade excessiva,: atividade -ue impea o acesso ( educao7: atividade -ue comprometa a dignidade e a auto!estima da criana, como escravido outrabalho servil e explorao sexual!

    atividade pre"udicial ao pleno desenvolvimento social e psicol9gico.

    1;

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    1< impacto do trabalho sobre o desenvolvimento da criana constitui o fator bsico para -ue sepossa determinar se esse trabalho passa a constituir um problema. 4ma forma de trabalho nopre"udicial a um adulto pode ser extremamente pre"udicial a uma criana1.

    < trabalho infantil ameaa o desenvolvimento da criana em vrios aspectos, tais como7

    ! desenvolvimento f&sico ! inclusive saide, coordenao, resistncia f&sica, viso e audio8o desenvolvimento cognitivo ! inclusive alfabeti+ao, aprendi+ado e a-uisio dosconhecimentos necessrios vida normal8

    desenvolvimento emocional ! inclusive n&veis ade-uados de autoestima, de ligao familiar,de sentimentos de amor e de aceitao8! desenvolvimento social e moral ! inclusive um sentido de identidade de grupo, a habilidadede cooperar com outras pessoas e a capacidade de distinguir entre o certo e o errado.

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    fe

    Desmistificando a cultura do trabalho infantil 1

    No =rasil, sete milhes e meio de crianas e adolescentes entre de+ e de+essete anos trabalham.

    >uase ?uanto aos adolescentes, -ue, a partir dos -uaior+e anos podem trabalhar sob o amparo dalegislao, em condies dignas e com direitos assegurados, esto, em sua maioria, sendo abusivamenteexplorados. Ae cada

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    Vejamos:

    o ! < %*=*FGO 5N6*N%5F H NE)EIIJ5O, 2O>4E * )5*NK* EI%J*D4A*NAO I4* 6*0&F5* * IO=EL5LE.

    Ora, a fam&lia -ue deve amparar a criana, no o inverso $ >uando a fam&lia no tem condies

    de cumprir esta obrigao, cabe ao Estado e ( Iociedade apoi!la, no (s crianas $ Expor uma crianaa danos f&sicos, intelectuais e emocionais # um preo alto demais. E um preo alt&ssimo no s9 para ascrianas, mas tamb#m para toda a sociedade, pois ao priv!las do acesso ( educao e ( formao

    profissional, estamos redu+indo as possibilidades dessas pessoas se desenvolverem pessoal esocialmente e impedindo, assim, o pr9prio desenvolvimento do pa&s no futuro.

    M! ! * )5*NK* >4E %*=*FG* 65)* 0*5I EI2E%*, *2ENAE * F4%* 2EF*L5A* E %E0 )ONAKEI AE LEN)E 2O65II5ON*F0EN%E >4*NAO *A4F%*.

    )onversa fiada $ Esse o discurso da pedagogia da pobre+a repetida, c&clica $ * excluso domundo escolar impe a diviso social do trabalho. *os -ue permanecem na escola cabero o exerc&cio

    das funes intelectuais e de poder. *os exclu&dos do acesso ao saber dominante de forma completa,resta o subemprego, a explorao, o 1bico1, a subcidadania $

    < trabalho infantil impede as crianas de reali+arem as atividades ade-uadas ( sua idade7explorar o mundo, libertar a imaginao, experimentar diferentes possibilidades, sistemati+arconhecimentos, vivenciar o ortunidapdes. H atrav#s da educao -ue a criana pode desenvolver suas potencialidades e, a& sim, preparar!se,verdadeiramente, para vencer profissionalmente -uando adulta $ *final, como vencer profissionalmentesem conhecimentos, instruo, formao t#cnica, -ualificao, enfim, sem educao '$

    M/

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    P ! < %*=*FGO ENO=E)E * )5*NK*. *N%EI %*=*FG* >4E O4=*.

    * delin-Qncia ! o roubo ! no # uma alternativa ao trabalho infantil*final, uma criana -ue no trabalha no necessariamente ir roubar ou furtar. < trabalho infantilsim # -ue marginali+a a criana empobrecida das oportunidades -ue lhe so devidas, impedindo seu

    pleno desenvolvimento. 1)rianas e adolescentes -ue trabalham em condies desfavorveis, pagam

    com o pr9prio corpo o alto preo das duras tarefas. %amb#m pagam com a alma, -uando perdem apossibilidade de uma vida escolar. de uma formao profissional, compelidas ( situaes dedegradao1.

    Escola. farrulia, comunidade, la+er, esporte. cultura, .... estas sim as verdadeiras alternativasao trabalho infantil. * educao # -ue enobrece a criana$

    )omo se v, lodos os argumentos favorveis ao trabalho infantil so frgeis. alienadores ediscriminat9rios

    >uando convivemos passivamente com a explorao abusiva das crianas e adolescentes.estamos admitindo, criminosamente, a permanncia das duas infncias7 a infncia fam&lia!escola e ainfncia trabalho!expl orao. 4ma # a"udada pela fam&lia, a outra # obrigada a a"ud!la 4ma estsendo preparada idadania, a outra, para a mis#ria. < nome disso # discriminao

    para a c

    *demais, permitir -ue uma criana trabalhe e, em ra+o disso, no fre-uente a escola. # duranegligncia < trabalho infantil, ao pre"udicar a sa3de

    Rda escolar da crian I-e a vi a. em troca de uns 1trocados1. # explorao. E discriminar. negli oenciar e explorar # violncia

    No h como negar -ue uma criana -ue tem sua sa3de e escolari+ao pre"udicadas pelotrabalho infantil est sendo oprimida, ou se"a, impedida de desenvolver!se como pessoa e comocidad, por omisso e transgresso da fam&lia, da sociedade e do Estado.

    2orianto, trabalho infantil # discriminao, negligncia, explorao, violncia, crueldade eopresso$ No d pr tolerar$

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    0 que est por trs do trabalho infantil

    2obre+a, mis#ria, analfabetismo e desescolari+ao, desemprego, concentrao de terra erenda , desrespeito ( legislao e a ideologia do trabalho infantil como soluo so as causas bsicasdo trabalho infantil no =rasil e no resto do mundo.

    *-ui, no 2iau&, acrescenle!se o prevalecimento de prticas pol&ticas caracieri+adas peloclientelismo S atender o povo com coisas pe-uenas e pessoais para ser retribu&do com o voto naseleiesT8 nepotismo beneficiar os parentes com os cargos p3blicosT8 ausncia de esp&rito p3blico Samaioria dos candidatos eleitos no tem compromisso com o =em )omum mas sim com pe-uenosgruposT8 falta de plane"amento S a maioria dos governantes no sabe se-uer para -ue foram eleitos,nem possuem um programa de metas organi+ado, administrando e governando conforme ascircunstnciasT8 investimentos duvidosos Sa maioria dos pol&ticos, durante o mandato, consegue um

    patrimnio inve"vel, imposs&vel de ser ad-uirido apenas com o salrio -ue ganham no cargoT.

    H isso7 corrupo tamb#m gera trabalho infantil$

    No h d3vidas -ue combater a pobre+a e melhorar as condies gerais de vida dascomunidades # um passo fundamental para resolver o problema do trabalho infantil, num esforo-ue integre crescimento econmico estvel, pol&ticas de emprego, estrutura social mais igualitria edistribuio de renda e de bens "usta.

    E embora estas metas paream ut9picas, -uando as tradu+imos em termos de realidade local,elas podem ser reali+adas. Em muitos munic&pios brasileiros. governos e sociedades esto se unindoe U( conseguiram mais "ustia e e-uidde para todos os seus habitantes.

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    H preciso ter claro -ue o trabalho infantil # fruto da pobre+a e contribui para perpetu!la.

    *demais, a falta de informaes mais precisas sobre a situao do trabalho infantil # uma dasmaiores limitaes para o plane"amento e para a elaborao de pol&ticas pblicas eficientes e efica+es,

    pois impede uma compreenso da situao desse problema em nosso Estado.

    Iubstituir a cultura da mis#ria pela cultura da cidadania

    um grande desafio$ 2or isso. urie 1rnobili+ar um esforo global -ue vise proteger e promover os direitos de todas as crianas ,especialmente os direitos de recebei!em uma educao gratuita e de boa -ualidade, e de viverem livresda explorao econmica. bem como da reali+ao de -ual-uer trabalho -ue possa ser danoso ao seudesenvolvimento f&sico, espiritual, mental, moral ou social1.

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    0 que diz a legislao sobre o trabalho infantil

    * Aeclarao 4niversal dos Aireitos Gumanos e a )onveno riternacional dos Aireitos da)riana e do *dolescente afirmam, expressamente, a necessidade imperiosa de respeito aos direitosmais elementares das crianas e adolescentes em todo o mundo.

    *cerca do trabalho infantil, especificarnente, a )onveno V da O5% !Organi+ao5nternacional do %rabalho, estabelece a idade m&nima de ? anos para os pa&ses em desenvolvimentoou subdesenvolvidos, bem como determina -ue os governos devem 1 seguir uma pol&tica nacional-ue assegure a efetiva abolio do trabalho infantil e eleve, progressivamente, a idade m&nima deadmisso a emprego ou a trabalho a um n&vel ade-uado ao pleno desenvolvimenio f&sico e mental do

    "ovem1.

    Nossa )onstituio 6ederal, em seu art. BU, inciso WWW555, igualmente estabelece a idademinima de ? anos e5 M anos -uando na condio de aprendi+ , sendo -ue em seu art. MMB estabelece-ue7

    rt! ""# $ %& de'er da fam(lia) da sociedade e do *stado assegurar) +s crianas eadolescentes) com absoluta prioridade) os direitos 'ida) + sa,de) + alimentao) + educao)ao -azer) + profissionalizao) + cultura) + dignidade) ao respeito) + liberdade e + con'i'.nciacomunitria) alm de coloc$las + sal'o de todas as formas de discriminao) neglig.ncia)e/plorao) 'iol.ncia) crueldade e opresso!%

    < Estatulo da )riana e do *dolescente ! Fei 6ederal riU V.

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    * proposta pretende retirar da legislao brasileira tal permisso, posto -ue a rnesma tem sidoutili+ada para "ustificar, no raras ve+es, explorao de mo!de!obra de adolescentes com um disfarcede legalidade.

    < Estatuto garante a proteo ao trabalho dos adolescentes, assegurando!lhes os direitostrabalhistas e previdencirios e vedando expressamente7

    trabalho noturno, reali+ado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do diaseguinte8

    ! trabalho perigoso, insalubre ou penoso7! trabalho reali+ado em locais pre"udiciais ( sua formao e ao seu desenvolvimento f&sico,

    ps&-uico, moral e social7! trabalho reali+ado em horrios e locais -ue no permitam a freZ-Qncia ( escola.

    < respeito ( condio peculiar de pessoa em desenvolvimento e a capacitao profissionalade-uada ao mercado de trabalho so os principais aspectos a serem observados -uanto ao direito (

    profissionali+ao e ( proteo do adolescente no trabalho.

    *demais, o E)* determinou a criao dos )onselhos de Airellos e %utelares -ue, fortalecidos,devero garantir -ue a legislao se"a aplicada e o direito restabelecido.

    * )onstituio, o E)* e a )F% ! )onsolidao das Feis do %rabalho no se excluem. mas,. naverdade, reforam!se mutuamente, complernentandose e convergindo para o ob"etivo maior de protegernossas crianas e adolescentes contra a explorao. o abuso e a deoradao no mundo do trabalho.

    2or isso reafirmamos -ue a eliminao do trabalho infantil # condio fundamental para a carantDa dos direitos das crianas$ )rianas e adolescentes so su"eitos de direitos -ue precisam ser

    respeitados em sua condio peculiar de desenvolvimento.. e -ue devem, para isso, obier prioridadeabsoluta, pois todas as formas de explorao abusiva de crianas e adolescentes no trabalho socondenveis e no deverri ser admitidas sob -ual-uer forma ou pretexto$