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REFLEXÃO FINAL – MARÇO DE 2015 CURSO DE MEDIAÇÃO FAMILIAR (IMAP) Simone Guimas

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REFLEXÃO FINAL – MARÇO DE 2015

CURSO DE MEDIAÇÃO FAMILIAR (IMAP)

Simone Guimas

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FAMÍLIA

Temos de escutar e tentar perceber o que é família para os mediados. Trabalhar a família não significa trabalhar o casal ou os filhos. Há uma estrutura, um sistema inter-relacional tão forte que não podemos falar de um relacionamento sem considerar todos os outros. A nossa definição própria de família tem uma orientação - todos nascemos numa família, todos integramos uma família. Podemos mediar situações que nunca vivemos/experienciámos.Antes de trabalharmos a família, em mediação, trabalhamos a nossa própria família.

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EMOÇÕES

Numa situação de conflito, podemos sentir

RaivaDesesperoFrustraçãoMedoAngústiaImpotência (…)

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Como os mediados chegam à mediação

• Com uma visão ilusória, com uma visão parcial• Numa posição de competição – zangados, receosos, revoltados, com

vontade de vingança

O MEDIADOR DEVE DOMINAR A TÉCNICA DA NEGOCIAÇÃO COOPERATIVA PARA PODER PROMOVÊ-LA JUNTO DOS MEDIADOS

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Como os mediados chegam à mediação

A primeira coisa que se perde, num conflito familiar, é a confiança

Quando atribuímos intenções aos actos e/ou palavras de alguém chegamos a situações de bloqueio e muitas vezes esquecemos o objecto da discussão.

O MEDIADOR DEVE SEPARAR AS PESSOAS DOS PROBLEMAS

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Papel do Mediador

• Acolhemos o estado e o momento em que os mediados chegam• Numa segunda fase – sensibilizamos para a visão do OUTRO• Numa terceira fase – construímos – sabemos que temos visões

diferentes e pensamos no que vamos fazer com elas

• Falamos de motivações• Separamos pessoas de problemas• Alargamos a discussão a perspectivas diferentes• Promovemos o (auto-)questionamento nos mediados

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Papel do Mediador

• ADAPTAÇÃO: A forma de mediar, as técnicas a utilizar mudam consoante as pessoas que temos à nossa frente. Temos de integrar as características e adaptar• Evitamos palavras e expressões que possam ser associadas pelos

mediados a algo negativo (Ex: conflito, problema, dificuldade)• Quando falam, muitas vezes os mediados remexem no “lixo emocional”

do passado. Discutem certo e errado. Bom e mau. Para o mediador não há certo nem errado, verdade nem mentira.• Não diagnosticamos – levamos ao auto-diagnóstico. Promovemos que os

mediados se apropriem das suas vidas, integradas pelos seus conflitos.

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Comunicar é pôr em comum

• Encaramos o Ser Humano como um todo. Daí entendermos que não sabemos nada sobre este Ser Humano. • Analisamos o Ser Humano como um todo pois não o podemos dividir.

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O Respeito é difícil de se alcançar no dia-a-dia e ainda mais em sede de mediação

Temos de respeitar o outro mediado enquanto ser humano individual e ter vontade de querer com ele resolver a questão. O mediador deve promover o respeito entre os mediados. Pode

pedir-lhes que não se interrompam, que respeitem as intervenções do outro, assegurando que lhes será dada

oportunidade de responder e colocar todas as questões que considerem importantes.

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AUTO-COMPOSIÇÃO

O mediador não pode aceitar renúncias a interesses. Mas pode aceitar decisões que representem um passo atrás na posição assumida desde que seja considerada como um ganho perspetivado no futuro pelo mediado.

O mediador deve a todo o tempo procurar o equilíbrio do poder entre os mediados

Num acordo, temos de atender a todos os interesses. Quando chegamos a valores e critérios objetivos – numa fase mais avançada da negociação – são os mediados quem deve procurar a informação.

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ISENÇÃO

Enquanto mediadores, não vamos conseguir afastar em definitivo os nossos juízos de valor. Temos é de ter consciência dos mesmos para que não contaminemos as nossas intervenções.

Devemos estar atentos às emoções provocadas em nós pelo processo negocial e nas intervenções

Em mediação, preocupamo-nos com as pessoas e deixamos que elas se preocupem com os seus problemasAceito os LIMITES das nossas percepções e dos nossos pensamentos

COMO AUTO-AVALIAR-ME EM CONTÍNUO PARA ME ASSEGURAR DE QUE NÃO ME ENCONTRO NO CENTRO DA MESA DA MEDIAÇÃO?

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ISENÇÃO

Temos de utilizar mecanismos que nos permitam afastarmo-nos do que está em cima da mesa da mediação.Devemos despir-nos dos nossos conceitos e preconceitos – tentando aproximarmo-nos de uma visão de neutralidade. Usamos os parâmetros, ideologias e valores dos mediados.Devemos sempre compreender, não excluir, não julgar.

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A CONFIDENCIALIDADE É UM DOS PILARES DA MEDIAÇÃO E DEVE SER ASSEGURADA A TODO O TEMPO

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Papel do MediadorAuto-Questionamento

Somos seres humanos integrados num contexto familiar e social. Filhos de (…), pais de (…), cidadãos do país (…), com a profissão (…). Somos frequentemente invadidos por sentimentos – prazer, raiva, frustração, tranquilidade, amor (…) A forma como lidamos com esses sentimentos é influenciada por fatores internos e externos. Tal como também fatores internos e externos condicionam a forma como olhamos o mundo. Quando escutamos ou simplesmente observamos, atribuímos intençõe aos outros.

COMO PODEMOS DESPIR-NOS DE TODAS ESTAS CONDICIONANTES?

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ESCUTA

• Quando falamos, há uma emissão subjacente ao que dizemos (conteúdo interno e intenção)• Quem escuta:

• Processa (associa a conteúdos internos)• Atribui intenção• Descodifica

DEVEMOS ESCUTAR QUESTIONANDO SEMPRE

• Se quando contamos uma história retiramos o que consideramos acessório e acrescentamos consoante a imagem que formamos dentro de nós ou porque a sequência dos factos deixou de fazer sentido;• Quando escuto visualizo, ou seja, interpreto;

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SIMBOLOGIA

O acordo assinado no final do processo de mediação: primeiro documento que assinam em conjunto; significa que pela primeira vez estiveram de acordo em relação a algo

O final do processo de mediação, em sede de mediação familiar, pode provocar angústia e tristeza – simboliza o final daquela relação

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CAUSALIDADE

Numa primeira fase, os mediados tentam compor a história segundo eles a percebem. Quando os mediados falam, estruturam a sua narrativa numa perspetiva de causa/efeito. Nós, seres humanos, sentimos necessidade da causalidade. Quando estruturamos o nosso pensamento de forma causal estamos a tentar explicar os factos e criamos uma ilusão de compreensão. Devemos transformar esta causalidade numa causalidade circular.

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TÉCNICAS

CADEIRA VAZIAPretende-se que os mediados tomem consciência não só da sua própria vida mas também de que há outras pessoas que não estão a ser escutadas – colocamos assim os mediados no lugar do ausente. De forma simbólica, o terceiro está presente.

PERGUNTAS DE RESPONSABILIZAÇÃOHá momentos em que um dos mediados se vitimiza em contínuo até a vitimização se consolidar e se dar uma cristalização emocional. Devemos utilizar esta técnica para quebrar essa conduta – levando a vítima a perceber que está a (não) agir de forma a contribuir para essa situação.

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TÉCNICAS

PERGUNTAS ABERTASAuxiliam na investigação, na recolha de informação. Quanto maior a abertura da pergunta maior a possibilidade dos mediados abrirem o discurso. SEMÁFOROSExpressões utilizadas pelos mediados que nos chamam a atenção – objetivamos e questionamos.PERGUNTAS CIRCULARESPretendem quebrara linearidade do discurso, na procura da história estrutural. Para tal, através desta técnica, desconstruimos a ilusão e aprofundamos a comuncação

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TÉCNICAS

RESUMOSRESUMOS LINEARESO mediador repete as frases nas palavras exatas dos mediados para que o outro (ou o próprio) se aperceba da importância do que está a ser dito (do que diz). Esclarecemos, evidenciamos e não deixamos passar a informação que pode ser importante. RESUMOS COOPERATIVOSQuando percebemos que existem interesses/motivações que não estão em oposição – reforçamo-los, colocamo-los em evidência.

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TÉCNICAS

REFORMULAÇÃO POSITIVA Através desta técnica, o mediador troca o dedo acusador pela mão estendida. Enquadramos as acusações, agressões, no seu contexto motivacional

METÁFORASAssociamos elementos/ideias. Procuramos alterar o paradigma

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TÉCNICAS

PERGUNTA DO MILAGREQuando assistimos a:

Cristalização do discursoImpasserepetição no discurso

Formulamos a pergunta do milagre – para auxiliar os mediados a trazer outros cenários, desejos

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CRIANÇAS NA MEDIAÇÃO

Ter um filho responde a mandatos/determinismos sociaisO Ser Humano é o único animal que nasce completamente dependenteQuando os mediados falam dos seus filhos, falam de filhos “imaginários”.Contraímos uma dívida ao nascer – os nossos pais deram-nos a vida.Os pais exercem duas funções:

Materna: Procura a fusão com o filho e vê o filho como complemento;

Paterna: Separa os pais do filho para que este possa ter uma vida independente e passe a ter uma identidade propria

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CRIANÇAS NA MEDIAÇÃO

• É muito importante que os pais se apercebam da sua responsabilidade funcional: os filhos devem ser vistos como indivíduos e não como objectos dentro do relacionamento.• O mediador deve reforçar a função paterna – ajudando os mediados a

conhecer/compreender os seus filhos levando-os a aceitar que ambos têm uma função na vida das crianças que ambos vão ter de cooperar para a poderem exercer.• Os filhos podem ser convocados para a mediação pelo discurso dos

pais (convocação simbólica) ou presencialmente – quando persiste algum tipo de subjetividade.

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Papel do MediadorAutonomização dos Mediados

Devemos, portanto, passar despercebidos. Atuamos num momento inicial Vamos desaparecendo sem produzir efeito nocivo.Devemos promover a autonomia dos mediadosDevemos capacitar os mediados – não criamos dependência.

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