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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ADRIANA CANTALIXTO DE MELO
Trabalho de Iniciação Científica DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO ETANOL
BRASILEIRO NO CENÁRIO MUNDIAL
ITAJAÍ 2014
ADRIANA CANTALIXTO DE MELO
Trabalho de Iniciação Científica DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO ETANOL
BRASILEIRO NO CENÁRIO MUNDIAL
Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.
Orientadora: Profª. MSc. Silvana Rebelo D’Alascio de Mello
ITAJAÍ 2014
Agradeço em primeiro lugar a minha
família que sempre me apoiou e acreditou no meu sucesso e apesar da distância me deram forças para
seguir em frente nos momentos mais difíceis. Agradeço aos meus amigos pelo apoio e carinho. Agradeço aos
professores que estiveram presentes nesta jornada. E por fim agradeço a
minha orientadora Silvana Rebelo D’Allascio de Mello pela sua
paciência, dedicação e pelas conversas motivadoras.
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não
atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará
coisas admiráveis” (José de Alencar).
EQUIPE TÉCNICA
a) Nome da estagiária Adriana Cantalixto de Melo b) Área de estágio Economia c) Orientadora de conteúdo Profª. MSc. Silvana Rebelo D’Alascio de Mello d) Responsável pelo Estágio Profª. MSc. Natalí Nascimento
RESUMO
Atualmente, a demanda mundial por biocombustíveis tem crescido de forma gradativa devido à conscientização ambiental em estimular o consumo das fontes de energia renováveis como meio de amenizar os efeitos do aquecimento global e também por causa da possível escassez dos combustíveis fósseis nos próximos anos. Nesse contexto, o Brasil se destaca como um dos maiores produtores de etanol em razão da vasta experiência acumulada no setor sucroalcooleiro. Este fato deve-se principalmente a criação do Proálcool em 1975 que promoveu a produção e o consumo do combustível no país, sobretudo por causa das crises mundiais de petróleo e com o advento do veículo flex fuel em 2003 que consolidou o consumo etanol no Brasil. Todavia, para que o etanol responda as expectativas mundiais, grandes são os desafios a ser superados, uma vez que o biocombustível tem sido vinculado à falta de alimentos e ao desmatamento dos grandes biomas. Nessas condições, o presente trabalho tem como propósito analisar os programas de incentivo ao biocombustível desde o início de sua trajetória, bem como os desafios e as perspectivas enfrentados pelo etanol brasileiro. Para isso, a metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho foi de caráter qualitativo, com meios bibliográficos, fundamentado a partir de livros, revistas, artigos científicos e sites confiáveis. E quanto aos fins, a pesquisa foi de caráter descritivo. Palavras-chave: Etanol. Desafios. Perspectivas.
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LISTA DE SIGLAS
ABIC: Associação Brasileira da Indústria de Café
ANFAVEA: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
ANP: Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
BNDES: Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social
CENAL: Comissão Executiva Nacional do Álcool
CIMA: Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool
CONAB: Companhia Nacional de Abastecimento
CTC: Centro de Tecnologia Canavieira
EPE: Empresa de Pesquisa Energética
FIESP: Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
GEE: Gases de Efeito Estufa
GNV: Gás Natural Veicular
IAA: Instituto do Açúcar e do Álcool
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa
ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IICA: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados
MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MST: Movimento dos Trabalhadores Sem terra
OCDE: Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ONG: Organização não governamental
ONU: Organização das Nações Unidas para Direito à Alimentação
PIB: Produto Interno Bruto
PLANALSUCAR: Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar
PROÁLCOOL: Programa Nacional do Álcool
UDOP: União dos Produtores de Bioenergia
UNICA: União da Indústria de Cana-de-Açúcar
UNIVALI: Universidade do Vale do Itajaí
ZAE CANA: Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9 1.1 Objetivo geral .............................................................................................. 10 1.2 Objetivos específicos .................................................................................. 10 1.3 Justificativa da realização do estudo ........................................................... 10 1.4 Aspectos metodológicos ............................................................................. 11
1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados ..................................................... 12 2 PRINCIPAIS CICLOS ECONÔMICOS DO BRASIL ........................................... 13
2.1 O início do ciclo econômico brasileiro ......................................................... 13 2.2 Cana-de-açúcar .......................................................................................... 14 2.3 Algodão ....................................................................................................... 16 2.4 Café ............................................................................................................ 17
3 INCENTIVOS AO ETANOL COMBUSTÍVEL ..................................................... 19
3.1 Decreto n° 19.117 de 1931 ......................................................................... 20 3.2 Instituto do Açúcar e do Álcool .................................................................... 22 3.3 Proálcool ..................................................................................................... 26
3.3.1 Primeira fase do Proálcool: de 1975 a 1979 ........................................ 27
3.3.2 Segunda fase do Proálcool: de 1980 a 1985 ....................................... 30 3.3.3 Terceira fase do Proálcool: de 1986 a 1995 ........................................ 32
3.3.4 Quarta fase do Proálcool: de 1996 a 2000 .......................................... 34
3.3.5 Quinta fase do Proálcool: após 2000 ................................................... 35
4 DESAFIOS DO ETANOL BRASILEIRO ............................................................. 38 4.1 Etanol x Produção de alimentos ................................................................. 38
4.2 Desmatamento ............................................................................................ 41 4.3 Preços ......................................................................................................... 45 4.4 Estoques do etanol ..................................................................................... 49 4.5 Certificação do etanol ................................................................................. 51
5 PERSPECTIVAS E SITUAÇÃO ATUAL DO ETANOL BRASILEIRO ................ 54 5.1 Produção brasileira da cana-de-açúcar e unidades instaladas no Brasil .... 54
5.2 Produção do etanol de primeira geração .................................................... 57 5.3 O etanol de segunda geração ou celulósico ............................................... 59
5.4 Exportações do etanol brasileiro ................................................................. 62
5.5 Etanol e o meio ambiente ........................................................................... 64
5.6 O etanol como fonte de produção para outros produtos ............................. 67 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 69 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ...................................................................... 80
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1 INTRODUÇÃO
Com o desenvolvimento econômico e o crescimento da população global, as
nações buscam permanentemente fontes de energia para garantir o funcionamento
da sociedade. E com esse crescimento, prevê-se que as reservas de combustíveis
fósseis, no qual são as fontes de energia mais utilizadas, tendem a se tornar cada
vez mais escassas.
Diante desses aspectos, os combustíveis produzidos através de produtos
naturais, por ser uma fonte de energia limpa e renovável, surgem como uma grande
alternativa energética para a substituição e ou redução da dependência dos
combustíveis fósseis.
E nesse contexto, o Brasil se destaca como pioneiro na utilização do
bioetanol como combustível proveniente da cana-de-açúcar, no qual pode ser
produzido em abundância e de forma sustentável, o que se torna favorável para
atender a demanda mundial que é crescente.
Destaca-se também por ser o mais avançado tecnologicamente na produção
e no uso do etanol como combustível, utilizando de forma exclusiva o álcool como
combustível, diferentemente dos demais países que utilizam apenas a mistura de
álcool e gasolina, principalmente como forma de reduzir a emissão de gases que
provocam o efeito estufa.
Apesar da experiência acumulada acerca da produção do etanol desde a
década de 1970 e de sua vantagem competitiva, o Brasil não consegue elevar sua
capacidade máxima, onde uma experiência vista como modelo para o mundo inteiro,
pregando uma revolução energética com o combustível renovável, não tem
conseguido atender a demanda do mercado interno e o mercado mundial, agravado
por políticas desfavoráveis e pouco investimento nesse setor. (JUTTEL, 2009;
MEDEIROS, 2011).
É neste âmbito que o presente trabalho tem como objetivo apresentar os
desafios e as perspectivas do etanol brasileiro no cenário mundial.
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1.1 Objetivo geral
Apresentar os desafios e as perspectivas do etanol brasileiro no cenário
mundial.
1.2 Objetivos específicos
Identificar os programas de incentivo ao etanol combustível brasileiro.
Apresentar os desafios enfrentados pelo setor sucroalcooleiro com ênfase
na produção do álcool produzido no Brasil.
Analisar as perspectivas do etanol no cenário do comércio mundial.
1.3 Justificativa da realização do estudo
Atualmente o Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, e as
exportações do país para os Estados Unidos e União Européia continuam crescendo
de maneira estável, o que mantém o Brasil no domínio das exportações mundiais.
(FARIA, 2013).
Mediante esse fato, entende-se que este trabalho seja de suma importância
para o curso de Comércio Exterior, visto que o etanol tem um grande potencial para
aumentar suas exportações, sendo um potencial mercado de trabalho em ascensão.
Para a sociedade o trabalho proporciona o conhecimento de que à utilização
do etanol brasileiro como combustível representa a melhor opção para a redução
das emissões de gases que provocam o efeito estufa.
Para a acadêmica o estudo desse trabalho foi importante, pois proporcionou
um melhor conhecimento a respeito do assunto no qual é muito debatido atualmente
devido a política de um mundo mais sustentável e também a partir desse tema vê-se
11
a oportunidade de aprofundar-se no assunto com o intuito de desenvolver futuros
projetos.
Para finalizar, o estudo foi viável por ter material pertinente ao assunto, os
quais estão disponíveis principalmente em periódicos, livros, revistas e sites
especializados.
1.4 Aspectos metodológicos
Para elaboração desse trabalho de iniciação científica, foi utilizado o método
de pesquisa de natureza qualitativa. Malhota (2004, p. 155) descreve a pesquisa
qualitativa como “Metodologia de pesquisa não-estruturada que proporciona
percepções e compreensão do contexto do problema”.
Quanto aos meios, o trabalho foi fundamentado através da pesquisa
bibliográfica. Bibliográfica porque será utilizado na pesquisa toda ou qualquer fonte
já tornada pública, através de livros, revistas, teses, entre outros. E pode-se dizer
também que a pesquisa bibliográfica é a análise de um tema já escrito, mas com a
percepção e análise de outro autor. (MARCONI; LAKATOS, 2003).
Salientando também que “A principal vantagem da pesquisa bibliográfica
reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos
muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. (GIL, 2002, p.
45).
Com relação aos fins da pesquisa, o método utilizado foi o descritivo, no qual
tem como características, identificar, analisar, observar e descrever os fatos ou
fenômenos, com o intuito de esclarecer situações para decisões futuras.
(GRESSLER, 2004).
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1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados
A coleta de dados deste trabalho foi realizada através da consulta de fontes
secundárias em livros, revistas, sites especializados, entre outros, necessários para
a elaboração deste trabalho.
A apresentação dos dados coletados foi exposta de forma descritiva, além
disso foram utilizados tabelas e ilustrações para complementar o tema abordado.
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2 PRINCIPAIS CICLOS ECONÔMICOS DO BRASIL
A finalidade deste capítulo é abordar um breve contexto histórico sobre os
principais ciclos econômicos do Brasil.
2.1 O início do ciclo econômico brasileiro
Após a descoberta do Brasil e a expansão marítima, a história econômica do
país dividiu-se em sucessivos ciclos relacionados à produção para exportação de
produtos provenientes da colônia, com o intuito de também atender as necessidades
da metrópole.
Desta forma a primeira atividade da colônia portuguesa após a descoberta foi
à exploração do pau-brasil, cuja casca produzia um corante vermelho utilizado para
o tingimento de tecidos, e o algodão que crescia naturalmente nas Américas.
(BARCELOS, 2010).
A exploração do pau-brasil não deu origem a estabelecimentos ou povoados. Franceses e portugueses limitaram-se a construir feitorias, em trechos do litoral onde a madeira era mais abundante. Tratava-se de construções que serviam ao mesmo tempo de depósitos e fortalezas contra os concorrentes. (ARRUDA; PILETTI, 2000, p.190).
“Foi, portanto, a extração do pau-brasil que deu início ao primeiro ciclo
econômico brasileiro. Esse ciclo cujo término ocorreu no século XIX, é determinado
pela quase completa extinção da espécie nas matas”. (MARCONDES, 2005, p. 31).
Somente depois de meio século de desinteresse dos portugueses, que as
terras nativas foram colonizadas. Arruda e Piletti (2000, p. 190) ressaltam que “A
ocupação da América colocou o governo Português diante de um novo desafio:
tornar rentável um território ocupado por uma população que não produzia qualquer
excedente que pudesse ser comercializado”.
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Para isso, a solução encontrada foi à exploração agrícola, onde as primeiras
mudas de cana-de-açúcar foram trazidas para o Brasil, se tornando este o primeiro
agronegócio organizado no país, a fabricação do açúcar. (SANTO, 2001).
2.2 Cana-de-açúcar
Na época do descobrimento do Brasil, o açúcar era uma mercadoria escassa
na Europa e como os portugueses já cultivavam a cana nas ilhas da Madeira e em
Cabo Verde, porém em pequena escala, as extensas terras férteis e o clima
favorável do Novo Mundo se tornaram propícios para a produção do açúcar.
(MARCONDES, 2005).
O ciclo econômico da cana-de-açúcar se estendeu da faixa litorânea de São
Paulo até o Nordeste, no qual os principais centros de produção de açúcar se
encontravam principalmente nos Estados da Bahia e Pernambuco. Além das
excelentes condições de cultivo, a localização da região também favorecia o
embarque do produto para a Europa e o recebimento da mão-de-obra escrava da
África. (BAER, 2003).
E com a rápida expansão do cultivo da cana-de-açúcar, a região litorânea se
transformou em uma área de monocultura. Associada à grande propriedade rural e
ao trabalho escravo, o método de produção implantado no Brasil e em outras partes
da América, ficou conhecido como plantation. (BAER, 2003).
Esse método de produção tinha como objetivo cultivar produtos agrícolas
com baixo custo para as metrópoles em suas respectivas colônias de grande valor
comercial e altamente lucrativo na época, ou seja, o pacto colonial obrigava a
comercialização do açúcar apenas com Portugal, o que era desfavorável ao Brasil,
pois enquanto os produtos eram vendidos a preços baixos, Portugal se beneficiava
com a revenda da matéria prima a preços elevados para outros países. (ANDRADE,
1994; BAER, 2003).
Souza (2009) ressalta que a base desse sistema era arriscado tanto no
âmbito econômico, como também social e cultura, pois no que trata o modelo
15
agroexportador, a alocação dos recursos de maneira quase exclusiva para o
mercado externo, o tornava sujeito às variações de preço do mercado internacional.
Quanto ao latifúndio, característica esta das capitanias hereditárias e que
permaneceu no modelo açucareiro, demonstrava que a produção se tornaria
lucrativa apenas para aqueles que possuíssem grandes terras, embora que a
produção se tornasse lucrativa apenas com o cultivo em grandes volumes, assim
sendo necessárias grandes propriedades. (SOUZA, 2009).
Souza (2009, p. 180) reforça também que “O componente escravista do
sistema plantation foi, sem dúvida, o que mais provocou distorções na economia e
na sociedade brasileira, cujos reflexos se fazem sentir até hoje”.
Esse modelo de crescimento que já demonstrou suas potencialidades e
vantagens, implantado também em outras épocas no cultivo do algodão, do café e
outros produtos, apontou a necessidade para a diversificação de outras culturas e
desenvolvimentos de novos setores.
No entanto, é com base nessa estrutura agrícola que o açúcar se tornou um
produto competitivo. Já no fim do século XVI, o açúcar era o principal produto de
exportação do Brasil, no qual contribuía para assegurar a formação do capitalismo
português. (DIÉGUES JUNIOR, 2006).
Ao começar o século XVII a economia açucareira estava em plena prosperidade. Crescia o número de engenhos, aumentava a produção, o gênero exportava-se para a Europa, onde o consumo de açúcar era quase todo de procedência brasileira. O engenho constituía não apenas a base econômica constituía o mais importante núcleo social na vida da colônia. (DIÉGUES JUNIOR, 2006, p. 16).
E nesse período o “Brasil em pouco tempo, converteu-se no maior produtor
mundial de açúcar. O grande consumo de açúcar na Europa levou a formação de
poderosas empresas multinacionais, monopólicas por concessão real”. (SANTO,
2001, p. 18).
Contudo Arruda e Piletti (2000, p. 196) evidenciam que: “[...] os lucros obtidos
pelos senhores de engenhos eram baixos, pois a maior parte ficava com os
intermediários”.
Passado a euforia na Europa, o setor açucareiro sofreu o seu declínio no fim
do século XVII, causado em partes pela quantidade excessiva do produto nas
colônias inglesas, holandesas e francesas, que tinham acesso preferencial aos
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respectivos mercados dos países de origem, e pela concorrência do açúcar de
beterraba produzido na própria Europa. E mesmo assim, o açúcar continuou sendo
praticamente o único produto que manteve a economia colonial. (BAER, 2003).
A partir desse período, mesmo com as numerosas crises que ocorreram no
setor, a cana-de-açúcar continuou sendo o principal produto da balança comercial
brasileira provenientes da agricultura, perdendo mercado apenas quando o ciclo do
café se firmou. (SZMRECSÁNYI, 1979).
2.3 Algodão
A cultura do algodão também trouxe grandes benefícios para o país no
período colonial, embora já tenha sido cultivado pelo povo indígena mesmo antes da
chegada dos portugueses.
“Na época colonial, o algodão era cultivado na zona norte do País,
especialmente na Bahia, Pernambuco e Maranhão, primeiro para suprir as
necessidades dos distritos e gradualmente, para fornecer a outras do mundo”.
(XAVIER, 1922 apud ALBUQUERQUE; NICOL, 1987, p. 132).
O algodão brasileiro acabou se tornando um grande fornecedor de fibras para
as fiações inglesas que dominavam o mercado mundial de tecidos. E durante toda a
história do Brasil, o algodão se fez presente como uma cultura voltada para o
mercado externo, se fazendo presente sempre que havia problemas na produção
norte americana, como nos períodos de guerra. (EMBRAPA, 2006).
De acordo com Canabrava (2005), a cultura do algodão sofreu o seu declínio
no século XIX, devido às grandes safras de algodão dos Estados Unidos, em virtude
da mecanização do processo de beneficiamento. Deste modo inicia-se um novo ciclo
da grande lavoura no País, a produção do café.
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2.4 Café
O cultivo do café no Brasil desempenhou um papel importante para a sua
formação, onde criou e povoou cidades, modificou costumes e hábitos que se
formaram nas classes sociais, constituindo dessa forma a cultura do café que se fez
presente em vários momentos da fase socioeconômica brasileira.
E foi no início do século XVIII que as primeiras sementes do café foram
introduzidas no país, com o intuito de atender principalmente as necessidades do
mercado interno. Já a partir da segunda metade do século XVIII já se podia observar
uma participação moderada do café na pauta da exportação brasileira. (SAES,
1997).
Mas foi com o declínio dos preços internacionais do açúcar e a queda das
exportações do algodão no início do século XIX, que o café assumiu importância
comercial para Brasil, em função da alta dos preços no mercado internacional.
(VIGNOLI et al., 2011).
Inicialmente a produção cafeeira se concentrava no Vale do Paraíba, devido
ao clima favorável da região para o seu cultivo e também em decorrência da
proximidade do porto do Rio de Janeiro, o que facilitaria o transporte da produção.
Contudo após o declínio da produção no Vale do Paraíba no período de 1858 em
consequência do esgotamento do solo e da extinção das florestas primárias, a
produção do café se concentrou principalmente no Oeste de São Paulo que a partir
deste momento seguia em franca expansão. (MARCONDES, 2005).
De acordo com Marcondes (2005), por volta de 1880, São Paulo já havia se
tornado o principal produtor do café no Brasil, o que resultou no desenvolvimento
econômico da região, tanto pela produção do café como também pela construção
das ferrovias, bancos e comércio na região.
A produção do café, entretanto, cresceu demasiadamente e sucederam-se as primeiras crises. As altas cotações internacionais do café fizeram que os 141 milhões de cafeeiros de São Paulo, em 1886, em uma década chegassem a 386 milhões. Surgiu o desequilíbrio e a superprodução provocou a baixa dos preços, ocorrendo em 1896 a primeira grande crise com a baixa dos preços do café. (MARCONDES, 2005, p. 90).
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Diante desse problema, a produção do café continuou crescendo devido a
uma política governamental favorável ao setor cafeeiro, que promoveu a formação
de estoques para controlar a produção, porém mesmo com a interferência do
governo, a produção interna continuou crescendo mais que a procura do mercado
externo. E dessa forma, para reduzir a oferta e melhorar os preços, o governo de
Vargas ordenou a queima de todo o seu estoque excedente, e eliminou cafezais
pagando uma pequena indenização aos produtores. (ECCARDI; SANDALJ, 2003).
Com o tempo, a produção e a exportação estabilizaram-se, sob a supervisão do Instituto Brasileiro do Café (IBC), criado em 1952. Na década de 50 o Brasil permaneceu como o maior produtor mundial, mas seu reinado absoluto na economia brasileira chegou ao fim quando o setor industrial, a partir da segunda metade do século XX, se torna o carro chefe do desenvolvimento econômico nacional. (MARCONDES, 2005, p. 91).
Após este período, o café continuou fazendo parte da pauta exportadora
brasileira, deixando apenas de ser o principal produto de exportação. E isso se deve
as ações promovidas pelo Estado que visando tirar das mãos dos cafeicultores o
poder político-econômico, buscou estimular a atividade agrícola descentralizando de
certa forma a produção antes fortemente baseada no café. (LEWIN; RIBEIRO;
SILVA, 2005).
Atualmente, o café continua sendo de grande importância para a economia
brasileira, sendo o Brasil o maior produtor mundial de café no qual detém 25,41% da
exportação mundial, além de que boa parte da produção é destinada ao consumo
interno, e tudo isso devido à melhora na qualidade do café em razão dos
investimentos no setor cafeeiro. (ABIC, 2013).
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3 INCENTIVOS AO ETANOL COMBUSTÍVEL
O etanol como matriz energética surgiu inicialmente em 1855 na Europa com
o intuito de solucionar o excesso da produção de açúcar produzido pelas colônias
européias, sendo empregado inicialmente como meio de iluminação em substituição
aos aparelhos que utilizavam a querosene. (MEIRA, 2012).
Contudo, a utilização do álcool não ficou restrita apenas como fonte de
iluminação. Na Alemanha as primeiras experiências sobre o álcool-motor1 ocorreram
em 1894 e tanto Estados Unidos como na França, também se observava um avanço
nas pesquisas dos motores dos automóveis aonde já se adicionavam aos motores o
etanol. (MEIRA, 2012; NATALE NETTO, 2007).
O primeiro desses veículos que chegou ao Brasil foi o Peugeot da família Dumont, trazido em 1891 pelo filho Alberto que morava em Paris e lá estudava. Ao retornar pela primeira vez para rever a família o jovem trouxe no próprio navio em que viajou o vapor Portugal, o recém lançado modelo da Peugeot. (NATALE NETTO, 2007, p. 49).
Esse fato de utilizar o álcool como carburante chamou a atenção do
Presidente Rodrigues Alves, haja vista que o álcool a base da cana-de-açúcar
poderia ser produzido fartamente nos engenhos brasileiros e até mesmo ser mais
rentável que o próprio açúcar. A idéia se reforçou ainda mais quando provada a
qualidade do álcool como combustível e também pelo fato de ser um produto mais
limpo e bem diferente da querosene e do óleo de baleia comercializados a preços
exorbitantes. (NATALE NETTO, 2007).
Dessa forma o governo incentivou a realização de eventos que abordasse o
referido assunto. Assim em 1903 ocorreu na cidade do Rio de Janeiro a Exposição
Internacional de Aparelhos a Álcool, cujo objetivo era apresentar à sociedade todas
as funções em que se poderia utilizar o álcool como força iluminativa, o que permitiu
posteriormente substituir todos os aparelhos de iluminação a querosene por
aparelhos de álcool. (MEIRA, 2012; NATALE NETTO, 2007).
E neste mesmo ano ocorreu também o “I Congresso das Aplicações
Industriais do Álcool, durante o qual renomados especialistas estariam apresentando
1 O álcool-motor refere-se à mistura álcool gasolina e outras substâncias.
20
teses e trabalhos atestando a supremacia e a economicidade do produto nacional,
frente ao querosene”. (NATALE NETTO, 2007, p. 53).
Com o passar do tempo, boa parte do país estudava e empregava o etanol
como combustível, onde os usineiros passaram a produzir misturas à base do
etanol, como a Azulina, Nacionalina e a mais importante delas, a Usga. Entretanto o
uso do produto estava sendo usado de forma totalmente errada, já que os motores
dos carros não estavam adequadamente adaptados para uso exclusivo do etanol, o
que foi possível apenas a partir da década de 1970. (MENEZES, 1980; NATALE
NETTO, 2007).
Já na década de 1930, devido à grande depressão, pode-se observar uma
expansão dos canaviais em áreas que antes cultivava o café, ocasionando dessa
forma uma oferta excessiva de açúcar no mercado interno e também a sobra do
álcool nos engenhos do Nordeste. (MOREIRA, 2007).
“Por outro lado, havia a possibilidade de se poder aproveitar os excedentes
de matéria-prima na fabricação de álcool para serem utilizados como carburante”.
(SZMRECSÁNYI, 1979, p. 170).
Foi com base nessa circunstância que ocorreram os primeiros incentivos por
parte do governo à produção do álcool e a primeira medida nesse sentido foi o
decreto n° 19.117 de 1931.
3.1 Decreto n° 19.117 de 1931
O uso do etanol como combustível se deu de forma definitiva quando o
governo de Getúlio Vargas com o intuito de amenizar a crise do setor açucareiro, por
meio do Decreto n° 19.117 de 1931 determinou a adição de 5% de etanol na
gasolina importada. (NATALE NETTO, 2007).
O decreto estabelecia ainda a isenção dos impostos sobre o etanol produzido
no Brasil e tornava obrigatório o uso do combustível nos veículos automotores de
propriedade da União ou a serviço da União, dos Estados e dos municípios.
(SZMRECSÁNYI, 1979).
21
Essa medida permitia as usinas desviar parte da cana de açúcar para
produzir o etanol, o que garantia o controle da produção de açúcar no mercado
interno, visto que as produções do açúcar e do etanol se diferem apenas na
obtenção do suco, onde pode ser fermentado para a produção do álcool ou tratado
para a produção do açúcar. (MOREIRA, 2007).
O mencionado decreto garantia complementarmente, pelo prazo de um ano, a isenção de tarifas de importação para todo e qualquer material necessário à montagem de usinas para o fabrico e redestilação do álcool anidro, incluindo o material indispensável ao aperfeiçoamento e adaptação, para o preparo do álcool anidro, das destilarias existentes no país. (NATALE NETTO, 2007, p. 101).
Em seguida, o presidente determinou que fosse criada uma comissão
especial de estudos sobre o álcool motor, surgindo assim a Estação Experimental.
Desse modo faziam parte da comissão representantes do Ministério do Trabalho, da
Fazenda e da Agricultura, onde por meio do decreto de nº 20.356 de 1931 coube a
Estação a função de manter um serviço de fiscalização técnica da produção do
álcool anidro2. (SZMRECSÁNYI, 1979).
E este mesmo decreto conforme cita Szmrecsányi (1979, p. 171): “[...] fixou
um prêmio de 50:000$000 (cinqüenta conto de réis) para a primeira unidade de
produção que fosse instalada no País com uma capacidade mínima de 15 mil litros
diários [...]” até 31 de março de 1932. Entretanto para os produtores de cana de
açúcar esse valor era irrisório, pois não compensaria os custos com a construção da
usina, sendo assim terminando este prazo nenhuma destilaria de álcool anidro foi
montada.
Em função desse novo decreto três portarias foram assinadas pela Estação
regulamentando a entrega do álcool nas companhias de gasolina: a medição de
combustíveis líquidos importados a granel e as instruções para o exame, a
aprovação e a fiscalização das misturas carburantes a base de álcool a serem
implantadas no País. (NATALE NETTO, 2007).
Dessa forma a Estação Experimental proporcionou a perspectiva de
instalação de uma maior capacidade produtiva de álcool anidro, até então fabricado
em escala bastante reduzida. No entanto esses primeiros decretos sobre o álcool
2 O álcool anidro é usado como aditivo em combustíveis, sendo composto por 99,5% de álcool
puro e 0,5% de água. A gasolina recebe a adição do produto para substituir o chumbo, elemento químico e venoso prejudicial à saúde e ao meio ambiente.
22
não deram resultados práticos até a criação do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA)
em 1933. (SZMRECSÁNYI, 1979).
3.2 Instituto do Açúcar e do Álcool
Por meio do decreto nº 22.789 o governo federal criou, em 01 de junho de
1933, o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), que foi o órgão formulador e executor
responsável em controlar os efeitos da superprodução do açúcar, através do
incentivo a expansão da produção do álcool anidro. (SZMRECSÁNYI, 1979).
O advento do IAA se deu também após um estudo aprofundado sobre a
possibilidade de ser consolidado no Brasil e pela primeira vez no mundo, um
combustível renovável que fosse possível tornar a sociedade independente da
gasolina e livre daqueles que detinham o poder do petróleo nas mãos. Dessa forma
a intervenção do IAA foi mais intensa em relação ao álcool do que no setor
açucareiro. (NATALE NETTO, 2007).
Para tal, o instituto estabeleceu medidas como a fixação de cotas para o
plantio e fabricação do açúcar e do álcool para os Estados e para as usinas, bem
como o controle dos preços de compra e venda do produto no território nacional,
além de proibir a instalação de novas usinas e engenhos sem a prévia autorização
da diretoria técnica do IAA. (MARCONDES, 2005).
O IAA também procurou desviar parte da produção da cana para o
desenvolvimento de uma indústria alcooleira mais moderna, instalando destilarias de
propriedade do IAA em Pernambuco, Alagoas e Rio de Janeiro e financiou a
instalação de destilarias particulares para a produção do álcool anidro. Cabia ainda
ao instituto dar assistência técnica e financeira aos usineiros equipados ou
destinados a se equipar com destilarias de álcool anidro. (NATALE NETTO, 2007).
O desenvolvimento da indústria alcooleira era necessário, visto que
inicialmente a produção do álcool era destinada principalmente ao uso doméstico, a
indústria alimentícia e farmacêutica. E para que o álcool pudesse ser utilizado como
carburante, seria necessário desidratá-lo, ou seja, transformar em álcool anidro.
23
Para isso era necessário montar grandes destilarias com aparelhamento moderno.
(SZMRECSÁNYI, 1979).
Contudo “Foram numerosas as usinas que não implantaram destilarias
anexas, nos primeiros tempos, e empresas que continuaram a manter destilarias de
aguardente depois de implantadas as usinas”. (ANDRADE, 1994, p. 163).
Isso se deve ao fato do grande consumo de aguardente no país, no qual já
era produzido desde o período colonial pelas pequenas destilarias dos engenhos
banguês e engenhocas, responsáveis diretos pela produção da cachaça.
(ANDRADE, 1994).
Conforme pode se observar na Tabela 1, das 238 destilarias existentes para a
fabricação do álcool, 192 produziam álcool potável e apenas 46 destilarias
produziam álcool anidro. A capacidade diária de produção chegava a um total de
1.585.338 litros dos quais 858.338 litros eram de álcool potável e 727.000 de álcool.
Tabela 1 – Destilarias Existentes no País para a Produção do Álcool Potável e Anidro
Número de Destilarias Capacidade Diária (litros)
Estados Potável Anidro Total Potável Anidro Total
Pará
Maranhão
7
-
-
-
7
-
3.223
-
-
-
3.223
-
Piauí 1 - 1 1.200 - 1.200
Ceará 2 - 2 3.000 - 3.000
Rio Grande do Norte 1 - 1 1.800 - 1.800
Paraíba 7 - 7 14.050 - 14.050
Pernambuco 50 11 61 251.795 239.000 490.795
Alagoas 15 3 18 41.760 33.000 74.760
Sergipe 4 - 4 12.000 - 12.000
Bahia 4 - 4 20.500 - 20.500
Minas Gerais 17 2 19 41.950 15.000 56.950
Espírito Santo 2 1 3 3.700 5.000 8.700
Rio de Janeiro 25 15 40 135.400 272.000 387.400
Distrito Federal - 1 1 - 3.000 3.000
São Paulo 38 13 51 309.150 180.000 489.150
Paraná - - - - - -
Fonte: Adaptada pela acadêmica com base em IAA (1944).
24
“Continuação” Tabela 1 – Destilarias Existentes no País para a Produção do Álcool Potável e Anidro
Número de Destilarias Capacidade Diária (litros)
Estados Potável Anidro Total Potável Anidro Total
Santa Catarina 4 - 4 9.300 - 9.300
Rio Grande do Sul 6 - 6 3.530 - 3.530
Goiás - - - - - -
Mato Grosso 9 - 9 5.980 - 5.980
BRASIL 192 46 238 858.338 727.000 1.585.338
Fonte: Adaptada pela acadêmica com base em IAA (1944).
A partir de 1933 quando foi instalada a primeira destilaria para fabricação do
álcool anidro em Pernambuco, a produção diária chegava a 12.000 litros. Já em
1936, havia 26 destilarias no país com instalações para produzir o álcool anidro, com
uma capacidade diária de 275.000 litros. Passado dez anos, encontravam-se
devidamente cadastradas no IAA, 46 destilarias de anidro com uma capacidade de
727.000 litros/dia, ou seja, mais que o dobro do nível alcançado em 1936, conforme
mostra a tabela 2. (IAA, 1944).
Tabela 2 – Evolução das Destilarias Existentes de 1933 a 1943
Capacidade (litros)
Anos Destilarias existentes Diária Anual
1933 1 12.000 1.800.000
1934 5 48.000 7.200.000
1935 14 138.500 20.775.000
1936 26 275.000 41.250.000
1937 27 377.000 56.550.000
1938 30 427.000 64.050.000
1939 31 437.000 65.550.000
1940 38 572.000 85.800.000
1941
1942
1943
42
44
46
612.000
707.000
727.000
91.800.000
106.050.000
109.050.000
Fonte: Adaptada pela acadêmica com base em IAA(1944).
Ao finalizar o ano de 1943 o Brasil economizara com sua política de álcool-motor, Cr$ 229.891.000,00 correspondentes ao valor a bordo da gasolina substituída pelo álcool. [...] Tal economia de moeda de curso internacional que o país realizou em consequência da política alcooleira, constitui um dos mais evidentes acertos da mesma e assinala marco dos mais promissores na história da nossa emancipação econômica. (IAA, 1944, p. 18).
25
Nas décadas seguintes, o governo continuou a intervir de forma incisiva no
setor canavieiro, incentivando de diversas maneiras a produção da cana de açúcar
em sua transformação industrial para produção do álcool. Contudo a ideia de
transformar o produto em um carburante nacional foi deixada de lado quando o
governo optou em apoiar a indústria petrolífera, o que se confirmou com a criação da
Petrobras em 1943. (NATALE NETTO, 2007; SZMRECSÁNYI, 1979).
Entretanto, é somente em meados da década de 70 do século XX que o álcool passa efetivamente a desempenhar papel estratégico na economia brasileira, e isso em virtude da crise do petróleo que alertou o mundo da possibilidade de esgotamento dessa fonte de energia não-renovável. (MARCONDES, 2005, p. 50).
Em virtude do aumento dos preços do petróleo, nesse período os gastos com
a importação eram cada vez mais altos. As despesas com a importação do
combustível que era de US$ 606 milhões de dólares em 1973 passou para US$ 2
bilhões de dólares em 1974, o que correspondeu a um saldo da balança comercial
nesses dois anos de 7 milhões de dólares positivos para 4,7 bilhões negativos.
(NATALE NETTO, 2007).
Para isso, o governo procurou buscar alternativas capazes de substituir os
derivados do petróleo por outras fontes alternativas. Dessa forma a pedido do
Presidente Geisel, o renomado físico e engenheiro José Bautista Vidal e já nomeado
secretário de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e Comércio, foi
incentivado a criar um grupo de pesquisadores formados por engenheiros e físicos
de alta competência para averiguar as fontes de recursos energéticos produzidos no
país. (ALVES FILHO, 2003).
Após estudos minuciosos em relação à utilização do álcool-motor, os
pesquisadores concluíram que seria possível a adição de 15% de álcool anidro a
gasolina ao invés dos 10% já incorporados sem a necessidade de quaisquer
modificações nos motores usados na época, e com algumas adaptações esse teor
poderia ser ampliado em até 25%. (NATALE NETTO, 2007).
Já em Setembro de 1974, o secretário Bautista Vidal foi convidado a
apresentar a palestra de abertura do I Congresso Nacional da Indústria
Automobilística, realizado em São Paulo sobre as pesquisas voltadas ao etanol
como combustível. Em sua apresentação foi apresentado resultados convincentes
sobre a possibilidade de o álcool-motor vir a ser implantado sem maiores problemas
26
como único combustível para certos tipos de veículos produzidos no país. (NATALE
NETTO, 2007).
E após extenso período de pesquisas, já em 1975, a Secretaria de Tecnologia
Industrial elaborou e apresentou ao Presidente Geisel o documento Álcool Motor
aonde avaliava as perspectivas quanto à utilização do álcool-motor como
combustível. Essa sem dúvida foi o passo decisivo para a criação em 1975 do
Programa Nacional do Álcool (Proálcool). (ALVES FILHO, 2003).
3.3 Proálcool
O Proálcool, criado durante o governo do general Ernesto Geisel por meio do
decreto nº 76.593 em 14 de novembro de 1975, consistia basicamente na
substituição dos combustíveis derivados de petróleo por uma fonte alternativa e
renovável, ou seja, o uso exclusivo do álcool hidratado como combustível. (NATALE
NETTO, 2007).
Além de estimular o desenvolvimento de uma energia renovável, o Programa
significou para o Brasil um incentivo a agricultura por meio da expansão da matéria
prima com ênfase na produção do etanol a base de cana-de-açúcar, o que significou
também um estímulo ao setor açucareiro, bem como o desenvolvimento de novas
refinarias e destilarias, fazendo surgir assim novos empregos e indústrias
fornecedoras de equipamentos. (MARCONDES, 2005).
A política do Programa dividiu-se em cinco fases. A primeira fase compreende
o período de 1975 a 1979 que vai do surgimento do Proálcool até o segundo choque
do petróleo, a segunda fase vai de 1980 a 1985 aonde o Programa visava
principalmente à substituição da gasolina pelo etanol, a terceira fase de 1986 a 1995
compreende a fase de estagnação do programa, a quarta fase que corresponde ao
período de 1996 a 2000 é caracterizada pela fase de redefinição e afirmação do
Proálcool e a quinta e última fase corresponde após o ano de 2000 com o
lançamento da frota verde de veículos. (SILVA; FISCHETTI, 2008; VASCONCELOS,
2002).
27
3.3.1 Primeira fase do Proálcool: de 1975 a 1979
A primeira fase caracteriza-se basicamente para estimular a produção do
álcool anidro para ser utilizado como aditivo a gasolina. “Essa fase vai do surgimento
do PROÁLCOOL até o denominado segundo choque do petróleo, destacando a sua
implementação como solução para a crise do açúcar no mercado mundial e como
fonte de alternativa energética”. (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000, p. 57).
Com isso, a adição de álcool anidro neste período ficou entre 10% a 15% e já
no ano seguinte a mistura chegou a 20% em praticamente todo o território nacional,
sem provocar quaisquer danos aos motores dos veículos. (NATALE NETTO, 2007).
Inicialmente, o Programa enfrentou algumas disputas quanto a sua
administração e gerência, pois tanto a Petrobras, o IAA e o Ministério da Agricultura,
almejavam a liderança do programa e a solução encontrada foi confiar à direção do
Programa a Comissão Executiva Nacional do Álcool (CENAL) criada apenas para
este fim e composta por representantes dos Ministérios da Fazenda, Agricultura,
Indústria e Comércio, Minas e Energia, Interior e Planejamento, o que na prática
significava afastar o IAA de um ramo que sempre lhe pertenceu à administração.
(SZMRECSÁNYI, 1979).
Sendo assim, a CENAL tinha como objetivo inicial produzir 3,0 bilhões de
litros de etanol até 1980, correspondendo a uma economia de 70 mil barris diários
de petróleo, visto que na safra do ano de 1974/75, no começo do Programa, a
produção de etanol realizada foi de 625 milhões de litros. (MENEZES, 1980).
Porém, conforme mostra na Figura 1, a meta prevista foi ultrapassada no final
dessa fase na safra de 1979/80 com uma produção total de 3,83 bilhões de litros, o
que só foi possível devido à maior parte da produção de cana-de-açúcar ser
destinada a produção do etanol, já que o baixo preço do açúcar no mercado
internacional não favorecia a comercialização do produto. (MENEZES, 1980).
A maior parte do aumento dessa produção do etanol se deve as destilarias
anexas às usinas de açúcar. Entretanto, o Programa previa projetos para novas
destilarias, onde até 1979 foram aprovados 209 projetos de destilarias,
correspondendo a um total de 23,7 bilhões de cruzeiros de recursos, sendo que 18,7
bilhões seriam financiados por agências financeiras governamentais. (MENEZES,
1980).
28
Figura 1 – Produção de etanol no Brasil: Safras 1970/71 a 1979/80
Ano-Safra Anidro Hidratado Total
1970/71 252.397 384.841 637.238
1971/72 389.948 223.120 613.068
1972/73 388.891 292.081 680.972
1973/74 306.215 359.763 665.979
1974/75 216.529 408.457 624.985
1975/76 232.621 323.006 555.627
1976/77 300.339 363.682 664.985
1977/78 1.176.948 293.456 1.470.404
1978/79 2.095.867 395.006 2.490.873
1979/80 2.712.388 671.385 3.383.773
Fonte: (MELO; FONSECA,1981, p. 7).
E desses 209 projetos aprovados pela CENAL até o período de 1979, 136
projetos enquadrados seriam destinados a construção de destilarias anexas as
usinas de açúcar e 73 projetos seriam de destilarias autônomas, sendo que a
maioria dessas novas usinas seria formada principalmente por novos grupos que
não possuíam nenhuma tradição no setor açucareiro, com destaque para os Estados
do Paraná e Mato Grosso do Sul. (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000).
Nesse contexto, os Estados que mais receberam investimentos para a
construção de destilarias anexas e autônomas, foram os Estados tradicionalmente
açucareiros e capitalizados neste setor, como o Estado de São Paulo e Alagoas.
Também receberam um número significativo de projetos de destilarias anexas, os
Estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais, conforme observado na
Figura 2.
Figura 2 – Número de projetos de destilarias anexas e autônomas aprovados pela CENAL no período
de 1975 a 1979
ESTADO
ANEXAS AUTONOMAS
Número % Número %
Amazonas - - 1 1,37
Pará - - 1 1,37
Maranhão - - 1 1,37
Piauí - - 1 1,37
Ceará 1 0,73 2 2,74
Rio Grande do Norte 2 1,47 2 2,74
Fonte: (CENAL, 1984 apud BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000, p.60).
29
“Continuação” Figura 2 – Número de projetos de destilarias anexas e autônomas aprovados pela
CENAL no período de 1975 a 1979
ESTADO
ANEXAS AUTÔNOMAS
Número % Número %
Paraíba 3 2,21 4 5,48
Pernambuco 19 13,97 3 4,11
Alagoas 22 16,18 8 10,96
Sergipe 2 1,47 1 1,37
Bahia 1 0,73 1 1,37
NORTE-NORDESTE 50 36,76 25 34,25
Minas Gerais 7 5,15 2 2,74
Espírito Santo 1 0,73 2 2,74
Rio de Janeiro 11 8,10 1 1,37
São Paulo 64 47,07 23 31,50
Paraná 1 0,73 9 12,33
Santa Catarina - - 1 1,37
Mato Grosso 1 0,73 1 1,37
Mato Grosso do Sul - - 6 8,22
Goiás 1 0,73 3 4,11
CENTRO-SUL 86 63,24 48 65,75
BRASIL 136 100,00 73 100,00
Fonte: (CENAL, 1984 apud BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000, p.60).
É importante lembrar que o etanol produzido pelas destilarias anexas até este
período era oriundo do mel residual ou comumente conhecido como álcool residual3,
subproduto da produção do açúcar, já que as destilarias passaram a produzir o
etanol direto somente após a safra de 1976/1977. (THOMAZ JÚNIOR, 2002).
Já em 1976, após estudos aprofundados, a Fiat lançou o primeiro carro
brasileiro movido exclusivamente a álcool, o modelo Fiat 147. Porém, somente em
julho de 1979 que o veículo foi comercializado. Marcondes (2005, p. 52) ressalta que
“[...] com a criação de um carro que não consumia gasolina, o Brasil tornou-se o
único país do mundo que não era atingido pela crise mundial de energia”.
Entretanto, por causa dos problemas de corrosão e da partida do motor, os
consumidores ficaram temerosos em utilizar o novo combustível. Diante desta
situação, o Governo e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
3 O álcool residual é um resíduo natural da produção do açúcar, cujo subproduto é resultado
do processamento da garapa e do melaço pobre (sobra da produção do açúcar), originando assim o etanol residual com concentração de 97%.
30
Automotores (ANFAVEA) firmaram um acordo para que os fabricantes de
automóveis tivessem total acesso à tecnologia desenvolvida pelas estatais,
envolvidas com o Proálcool, além de incentivos financeiros para a produção do carro
movido a álcool. Sendo assim, estes problemas foram resolvidos no ano de 1981.
(SILVA; FISCHETTI, 2008).
O acordo também previa a redução do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para os carros movidos a álcool e fixava o preço do etanol
hidratado em 64,5% do preço da gasolina. (SILVA; FISCHETTI, 2008).
Com isso, o Brasil passou a ganhar notoriedade devido ao fato de ser o
primeiro País a produzir em grande escala o etanol como combustível. Assim,
graças ao Proálcool o país caminhava para se transformar na maior potência da
produção de energia limpa e renovável. (SAFATLE, 2011).
3.3.2 Segunda fase do Proálcool: de 1980 a 1985
A segunda fase (1980-1985) foi estimulada pela segunda crise do petróleo
provocado pela guerra entre o Irã e o Iraque, sendo estes os dois maiores
produtores de petróleo, onde o preço do barril passou de US$ 18,36 em 1979 para
US$ 30,72 em 1980. (CENTRO DE ESTUDOS DA CONSULTORIA DO SENADO,
2011; MORAES, 1987).
De acordo com Figura 3, o dispêndio com o combustível alcançou o seu valor
máximo em 1982, quando foram necessários 50,6% do valor total das exportações
nacionais para pagar as importações de petróleo e derivados. Por isso, em razão
dos gastos excessivos com a importação do petróleo, essa fase visava
principalmente à substituição da gasolina, com medidas voltadas para estimular a
produção e o consumo do álcool hidratado. (MORAES, 1987).
Para isso, a Cenal fixou uma meta bem mais ambiciosa do que na fase
anterior. Inicialmente o projeto tinha como objetivo alcançar uma produção de 10,7
bilhões de litros de álcool em um período de cinco anos, o equivalente a 170 mil
barris de petróleo-dia, mas após o novo aumento do petróleo importado no final do
ano de 1979, o Ministro da Indústria e Comércio anunciou uma nova meta para 14,0
31
bilhões de litros de álcool ou o equivalente a 222 mil barris de petróleo por dia.
(MELO; FONSECA, 1981).
Figura 3 – Importação e Preço do Petróleo - 1973 a 1985
Importação de Petróleo Bruto Consumo de
Petróleo Bruto
(1000 t)
Dispêndio com importações de
petróleo e derivados como
percentagem das exportações
(%)
Ano
Quantidade
(1000 t)
Valor
US$ bilhões
US$ / t
1973 32.111 606 19 39.522 11,5
1974 32.731 2.558 78 40.839 35,7
1975 34.607 2.704 78 42.170 33,2
1976 40.095 3.354 84 47.881 35,7
1977 40.089 3.602 90 47.926 31,5
1978 44.750 4.064 91 52.638 33,1
1979 50.158 6.264 125 58.303 42,0
1980 43.590 9.372 215 53.788 49,2
1981 42.209 10.604 251 50.658 47,2
1982 39.766 9.566 241 50.202 50,6
1983 36.452 7.822 215 47.699 37,2
1984 32.244 6.735 209 47.334 25,5
1985 25.840 5.410 209 57.664 22,0
Fonte: (MORAES, 1987, p. 15).
O aumento da produção do álcool indicava uma maior necessidade de terras
e outros recursos para a produção da cana-de-açúcar. Enquanto que no período de
1976/80, a área colhida chegou a 810 mil hectares, a estimativa para até 1985 seria
de 2.410 mil hectares de área cultivada. (MELO; FONSECA, 1981).
Com isso foi necessário o investimento de US$ 6 bilhões para atingir a meta
estipulada, o que até o final desta fase representou uma economia de US$ 8 bilhões
que seriam gastos com a importação do petróleo. (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000).
Nesta época o carro movido a 100% de etanol já estava sendo
comercializado e a relação custo benefício do novo combustível foi bem aceita pela
sociedade, visto que o preço do álcool hidratado era 50% mais baixo que o da
gasolina. Em pouco tempo a maioria dos carros vendidos pela indústria
automobilística eram movidos apenas a etanol. Em 1982, 4.258 carros movidos a
álcool foram vendidos, já no segundo semestre de 1983, haviam sido
32
comercializadas 50.277 unidades correspondendo a 80% das vendas do setor, o
que gerou uma grande procura ao etanol combustível. (SILVA; FISCHETTI, 2008).
Contudo a produção do carburante não foi suficiente para atender toda a
demanda, no qual os estoques do combustível registrados na safra 1985/1986
poderiam atender apenas três meses de consumo. (BRAY; FERREIRA; RUAS,
2000).
3.3.3 Terceira fase do Proálcool: de 1986 a 1995
Em 1986, 95% dos carros do ciclo Otto4 produzidos no país eram equipados
com motor a álcool hidratado. Em consequência do consumo exagerado nesse
período, à produção do combustível que atingiu 12 bilhões de litros, não foi
suficiente para atender toda a demanda. (SILVA; FISCHETTI, 2008).
Este fato foi relevante para a desestabilização do Proálcool, já que o tipo do
combustível a ser abastecido deveria ser escolhido no ato da compra e a falta do
etanol nas bombas dos postos só agravava a desconfiança do consumidor referente
ao carro a álcool. (CENTRO DE ESTUDOS DA CONSULTORIA DO SENADO,
2011).
“Assim, na década de 90, ocorreu o fim do ciclo dos carros movidos
exclusivamente a álcool hidratado no Brasil. De 1986 a 1995, as vendas anuais de
carro a álcool caíram de 700 mil para 50 mil unidades”. (LIMA, 2009, p. 03).
Pois, em um período aonde o preço da gasolina começava a cair, só restava
ao consumidor evitar a aquisição do carro movido a álcool. Além de que nessa fase,
os preços do petróleo caíram de US$ 30 para US$ 12 o barril, colocando assim em
risco o programa de substituir os combustíveis fósseis por uma fonte de energia
renovável. (CENTRO DE ESTUDOS DA CONSULTORIA DO SENADO, 2011;
SILVA; FISCHETTI, 2008).
A crise de abastecimento de álcool somente foi superada com a introdução no mercado do que se convencionou chamar de mistura MEG, que substituía, com igual desempenho, o álcool hidratado. Essa mistura (60% de
4 O ciclo Otto não inclui os veículos movidos a diesel.
33
etanol hidratado, 34% de metanol e 6% de gasolina) obrigaria o país a realizar importações de etanol e metanol (que no período entre 1989-95 superou a 1 bilhão de litros) para garantir o abastecimento do mercado ao longo da década de 1990. (SILVA; FISCHETTI, 2008, p. 96).
Diante dessa falta de álcool hidratado, os usineiros aceitaram em partes a
importação do metanol, tanto dos Estados Unidos como o da Rússia, que são os
principais produtores mundiais deste produto. Porém, não passou muito tempo para
as críticas ao metanol surgisse, já que a utilização do produto poderia acarretar
sérios danos a saúde dos usuários, além de representar um altíssimo risco a
poluição. (NATALE NETTO, 2007).
Na verdade, essa estagnação do Proálcool nesta fase ocorreu principalmente
porque muitos usineiros preferiram destinar a cana para a produção do açúcar ao
invés do etanol, em razão do alto preço do açúcar no mercado internacional. (SILVA;
FISCHETTI, 2008).
O volume total de açúcar exportado continuou crescendo durante esta
Terceira Fase (1986-1995). Segundo Bray, Ferreira e Ruas (2000), na Safra de
1985/86 foram exportados 1.903.900 toneladas de açúcar, já na Safra de 1994/95 o
volume exportado saltou para 4.340.200 toneladas.
Outro fator para a crise de abastecimento do etanol foi à falta de recursos
públicos para financiar os programas energéticos, em virtude das severas críticas
que o Proálcool sofreu por parte de diversos segmentos da sociedade neste período.
E com a interrupção dos financiamentos e subsídios oferecidos pelo Governo para a
ampliação e construção de novas destilarias, as empresas passaram a operar com
as condições existentes, mas com perspectivas bem menores ou pouco definidas
até o fim do ano de 1995. (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000; SILVA; FISCHETTI,
2008).
Além desse processo de desregulamentação da produção alcooleira, ocorreu
na década de 1990 a desativação do IAA e do principal órgão de pesquisa
canavieira do Brasil, o Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar
(PLANALSUCAR). (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000).
Dentre as medidas para a extinção do IAA, a principal para o setor açucareiro foi a saída do Estado do mercado mundial de açúcar, permitindo que as próprias usinas ou grupos de usinas passassem a exportar diretamente. Como a região Centro-Sul, e principalmente o Estado de São Paulo, sempre apresentou custos de produção baixos em relação aos custos nacionais, passou a ter vantagens na exportação do açúcar, isto em detrimento da produção do álcool. (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000, p. 75).
34
Porém, diferentemente do Centro-Sul que apoio prontamente a ideia, os
usineiros do Nordeste foram contrários a extinção do IAA, já que com o seu fim,
muitas usinas nordestinas entraram em grande endividamento por não conseguirem
adquirir novos empréstimos devido à desregulamentação do instituto. Com isso, o
setor canavieiro ficou enfraquecido com o fim do órgão público que mais incentivava
o setor. (LEWIN; RIBEIRO; SILVA, 2005).
3.3.4 Quarta fase do Proálcool: de 1996 a 2000
Esta fase de redefinição e afirmação do Proálcool coincide com a liberação
dos mercados do álcool anidro e hidratado, nas suas fases de produção, distribuição
e revenda no qual os preços passaram a ser definidos pela oferta e procura e não
mais por um órgão público como o IAA. (SILVA; FISCHETTI, 2008).
Porém foi questionado ao Brasil, como o setor seria gerenciado sem a
presença de uma entidade pública. Para tal, foi criado em 21 de agosto de 1997 o
Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (CIMA), cujo objetivo seria a de
acabar com as desconfianças e direcionar as políticas do setor sucroalcooleiro. O
Conselho é composto por representantes dos ministérios da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Fazenda, Minas e Energia e Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior. (BRASIL, 2013a; SILVA; FISCHETTI, 2008).
Outra questão importante ocorrida nesta fase foi o surgimento de uma nova
crise no início de 1996, devido a um novo aumento dos preços do biocombustível.
Este fato ocorreu devido à pressão dos usineiros para melhores preços do produto
revendido as distribuidoras, o que acabou acarretando na transferência deste
aumento para o consumidor final, ou seja, no preço das bombas dos postos de
combustíveis. Ao mesmo tempo falava-se na falta do álcool anidro para adicionar a
gasolina, o que eventualmente seria mais uma justificativa para a solicitação de
melhores preços por parte dos usineiros, causado principalmente pelo desvio da
cana para produção do açúcar. (BRAY; FERREIRA; RUAS, 2000).
Dessa forma, em meados de 2000, os brasileiros não acreditavam mais na
ascensão do Proálcool, até porque o Programa estava enfrentando mais um
35
obstáculo desde a sua criação, que foi o lançamento do Gás Natural Veicular (GNV).
Segundo Natale Netto (2007, p. 319): “[...] o gás natural veicular (GNV) foi
responsável pela substituição de aproximadamente 1 bilhão de litros de álcool,
gerando elevado dispêndio de nossas divisas e expressiva redução do nível de
empregos dentro da atividade canavieira”.
Entretanto, ao mesmo tempo em que o governo passava a incentivar o uso do
gás natural, o setor sucroalcooleiro estava colhendo a sua maior safra estimada em
298 milhões de toneladas, o que permitiria a produção de 14,4 bilhões de litros de
álcool, demonstrando que não havia motivo para temer o abastecimento do etanol.
(NATALE NETTO, 2007).
Contudo, os usineiros só voltaram a confiar no Programa após a chegada dos
carros flex fuel em 2003, que permitiam ao consumidor abastecer o veículo à álcool
ou gasolina.
3.3.5 Quinta fase do Proálcool: após 2000
Apesar do aumento do consumo e da produção do etanol, o conceito original
do Proálcool não existia mais. O crescimento do setor através da ampliação e
construção de novas usinas dependia praticamente de investimentos da iniciativa
privada, que estavam convictos da importância do etanol como combustível para o
Brasil e para o mundo.
“Entretanto, toda essa trajetória do álcool desde os anos 20, marcado por
percalços e intermitências, deixou como saldo positivo um estoque de conhecimento
e tecnologia, não obstante o aparente fracasso”. (WOSCH, 2010, p. 11).
Dessa forma, o Proálcool ganhou um novo fôlego nesta última fase, em razão
do novo aumento do preço do petróleo no mercado internacional, da conscientização
devido ao Protocolo de Kyoto5 e da introdução dos veículos flex fuel no mercado.
(MICHELON; SANTOS; RODRIGUES, 2008).
5 O Protocolo de Kyoto é um Tratado Internacional, cujo objetivo principal é fazer com que os
países desenvolvidos assumissem a responsabilidade de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa. A ideia inicial seria a de reduzir as emissões em 5,2% em relação aos níveis de 1990, para o período de 2008 a 2012.
36
“A nova alta do petróleo trouxe a tona novamente a discussão da
dependência do combustível fóssil, estimulando o debate e a busca de fontes
alternativas renováveis de energia”. (MICHELON; SANTOS; RODRIGUES, 2008, p.
08).
Com isso, surgiu neste período, um novo movimento mundial sensibilizado as
causas ambientais, viabilizado principalmente a partir do Protocolo de Kyoto. O
Tratado trouxe maior conscientização em relação ao aquecimento global, fazendo
ressurgir assim os projetos de substituição dos combustíveis fósseis para os
renováveis, que são menos poluentes. (MICHELON; SANTOS; RODRIGUES, 2008).
Já em março de 2003, com o intuito de resgatar o emprego do álcool nos
veículos brasileiros, ocorreu o lançamento do carro flex fuel, cuja tecnologia permite
que o veículo seja movido tanto a álcool como a gasolina. O primeiro modelo desse
tipo de veículo lançado no Brasil foi o Gol Total Flex da Volkswagen, vendido com o
mesmo preço do modelo comum, devido à redução da alíquota do IPI, o que acabou
quebrando as resistências ao novo produto. (SILVA; FISCHETTI, 2008; WOSCH,
2010).
Sob essa circunstância, a tecnologia flex fuel possibilitou ao consumidor mais
autonomia em casos de nova crise do combustível. Conforme Wosch (2010, p. 12)
complementa, dessa forma
O consumidor deixou de ser refém dos interesses dos agentes envolvidos na cadeia produtiva do álcool, os quais, diante de uma conjuntura mais favorável dos preços do açúcar, seguindo a lógica capitalista, geravam crises de escassez do álcool ao se dedicarem mais incisivamente a produção do açúcar.
Hoje em dia, os veículos tipo flex fuel ultrapassaram as vendas dos modelos
abastecidos a gasolina, sendo fornecida para quase todos os tipos de modelos
comercializados no mercado. Para atender o mercado brasileiro, “Marcas da China,
Coréia do Sul e México, passaram a desenvolver no exterior, motores específicos
para equipar os carros exportados para cá”. (CALMON, 2013, p. 37).
A respeito disso, Calmon (2013) complementa que a tecnologia flex está
disponível no país em 173 modelos de 15 marcas, nacionais e importados.
Conforme dados da ANFAVEA, de 2003 a 2013 foram vendidos mais de 17 milhões
de carros flex fuel. (ver Figura 4).
37
Figura 4 – Vendas de automóveis por tipo de combustível – 2003/2013
Fonte: (ANFAVEA , 2014, p. 62).
Portanto, o sucesso das vendas do flex fuel, deve-se ao avanço tecnológico
dos motores, que desmonstrou que o veículo é confiável quanto ao uso exclusivo do
etanol, desmitificando os mitos criados em torno dos flex. (CALMON, 2013).
38
4 DESAFIOS DO ETANOL BRASILEIRO
O Brasil possui áreas cultiváveis, condições climáticas e densidade
demográfica favorável para a produção dos biocombustíveis, o que o leva a ser
apontado como uma das melhores alternativas para diminuir a dependência dos
combustíveis fósseis, por ser uma fonte de energia limpa e renovável. Entretanto
essa oportunidade energética não significa apenas benefícios já que importantes e
novos desafios são relacionados ao biocombustível.
Desse modo, neste capítulo serão apresentadas as principais barreiras
enfrentadas pelo etanol que merecem atenção tanto de políticas públicas e ou
privadas.
4.1 Etanol x Produção de alimentos
Um dos desafios enfrentados pelo etanol e discutido desde a criação do
Proálcool seria o impacto da produção do etanol combustível em relação à produção
de alimentos, já que muitos críticos acreditam que a produção em massa do
carburante poderia afetar os preços mundiais dos alimentos em razão das terras
serem destinadas ao cultivo de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar, milho,
canola, soja e girassol para a conversão de fins energéticos ao invés de outras
culturas. (FRANCO, 2008; REISDORFER, 2007).
Em parte, essa questão poderá ocorrer na Europa e nos Estados Unidos,
aonde o assunto é mais recorrente, já que o etanol é produzido à base de grãos que
também são utilizados para a alimentação, como o etanol de milho ou soja, mas
dificilmente ocorrerá no Brasil, já que o país está utilizando menos de 1% de seu
território para a produção do etanol a base de cana, o que já vem ocorrendo a mais
de 30 anos. (PERINA, 2009; INSTITUTO CARBONO BRASIL, 201[?]).
Além de que, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Pesquisa (IBGE), a produção da cana-de-açúcar ocupou apenas 9,4 milhões de
hectares de área plantada, já a da soja foi de 24,9 milhões de hectares e do milho de
39
14,2 milhões de hectares no ano de 2012, ou seja, o cultivo da cana é bem menor
que a de soja, milho ou outro grão, destinados ao consumo. (IBGE, 2013).
A polêmica em torno do combustível se agravou após o relator especial da
Organização das Nações Unidas para Direito à Alimentação (ONU), o suíço Jean
Ziegler, salientar que os biocombustíveis seriam um dos principais motivos de
escassez de alimentos no mundo e por isso o relator solicitou uma moratória para a
produção do etanol. A proposta em questão seria a de evitar a expansão da
produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, milho ou qualquer outro produto
agrícola destinado à produção do combustível por cinco anos. (CHADE, 2007;
SOUSA, 2010).
Nos anos da moratória, os países deveriam acelerar as pesquisas e investimentos para o uso de resíduos, lixo e outros produtos como base para o etanol. A segunda geração de combustíveis, portanto, poderia acabar com a concorrência entre alimentos e combustível pela mesma terra. (CHADE, 2007, p. 01).
Segundo Abramovay (2009, p. 145), o relator da ONU “[...] insiste para que a
produção dos biocombustíveis seja baseada na agricultura familiar e não nos
modelos industriais da agricultura”.
Dessa forma, surgiriam mais empregos se a indústria fosse abastecida por
cooperativas formadas por pequenos agricultores ao invés de uma indústria
composta por terras altamente mecanizadas. (ABRAMOVAY, 2009).
A moratória proposta pela ONU em 2007 teve como principais simpatizantes,
as Organizações Não Governamentais (ONGs) avessos a agroenergia, o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no qual publicaram o manifesto
intitulado “Tanques cheios as custas de barrigas vazias”, e sobretudo os governos
da Bolívia , Cuba e Venezuela. (ABRAMOVAY, 2009; BIOCOMBUSTÍVEIS, 2008).
O presidente boliviano Evo Morales foi um dos principais defensores da moratória de cinco anos para a produção de etanol proposta pela ONU. Já o líder venezuelano Hugo Chavez temia que o crescimento do etanol no mercado internacional poderia prejudicar as exportações venezuelanas de petróleo – commodity da qual o país é um dos principais produtores. (BIOCOMBUSTÍVEIS, 2008, p. 05).
Em resposta as insistentes críticas ao etanol, o governo brasileiro convidou
representantes desses países para conhecer o processo do cultivo de cana e
salientou que o etanol produzido a 35 anos no país nunca implicou em uma redução
40
na área destinada a agricultura, além de que o desequilíbrio entre a oferta e
demanda de alimentos está relacionado a outros motivos do que propriamente o
aumento da produção do biocombustível. (BIOCOMBUSTÍVEIS, 2008).
De acordo com o diretor do departamento de agroenergia do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Alexandre Strapasson, a produção
do etanol brasileiro não contribuiu para a agroinflação ocasionada no fim do ano de
2007, e sim outros fatores estão relacionados a esta questão. Dentre os pontos
mais relevantes, o diretor cita o aumento do preço do petróleo, a valorização e
desvalorização do dólar e por fim o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB),
sobretudo nos países emergentes. (STRAPASSON, 2009a).
No que se refere ao custo do petróleo, quando ocorre um aumento do
combustível, há em contrapartida um aumento do custo do transporte, da logística, e
também dos custos agrícolas, principalmente os fertilizantes, o que dessa forma
acaba refletindo diretamente na alta dos preços dos alimentos. (STRAPASSON,
2009b; FRANCO, 2008).
Já a depreciação do dólar causa um aumento nos preços dos alimentos, pois
mesmo com a desvalorização do câmbio, o exportador precisa manter sua receita e
para manter a receita há um impacto nos preços dos alimentos, o que é bastante
representativo nesse contexto de agroinflação. (STRAPASSON, 2009b).
Em relação ao aumento do PIB e consequentemente o aumento da renda per
capita ocasionado principalmente nos países em desenvolvimento como Índia, China
e outros, o diretor do MAPA salienta que este fato por si só, causa um excesso de
consumo por alimentos. Entretanto, muito se foi falado que a demanda de consumo
desses países, no qual estaria impactando na alta dos preços dos alimentos, fosse
um problema, porém é importante salientar que esses países cuja população
adquiriu um maior poder aquisitivo nos últimos anos, viveram por anos em grande
miséria e conseguiram reverter à situação e melhorar a qualidade de vida da
população. (STRAPASSON, 2009b).
Tanto o açúcar quanto o etanol teve preço baixo na época da crise de alimentos. Se realmente o etanol estava impactando na crise, deveria ter um aumento do açúcar pelo menos, mas nem isso aconteceu. E outro aspecto importante, é que no Brasil houve um aumento de 9% na produção de grãos ao ano nos últimos dez anos. (STRAPASSON, 2009b, p. 02).
Portanto, o aumento dos preços dos alimentos está muito mais relacionado
aos aspectos citados anteriormente do que propriamente com o aumento da
41
produção do biocombustível nos últimos anos, além de que o Brasil também
aumentou a produção de leite, carne e grãos, ou seja, houve uma evolução muito
grande no agronegócio brasileiro, o que é possível ser feito em outros países para
que esse déficit de produção, tanto criticado, possa ser suprido. (STRAPASSON,
2009b).
4.2 Desmatamento
Outra controvérsia em relação ao etanol é o risco da ampliação do
desmatamento da Amazônia para o plantio da cana-de-açúcar, já que para os
representantes do setor sucroalcooleiro dos Estados Unidos como também os da
União Europeia, a destruição da Amazônia não é um problema apenas para o Brasil,
mas também para os produtores dos biocombustíveis dos demais países, uma vez
que a crítica ao etanol brasileiro poderia afetar o produto em geral. (RIVERAS,
2009).
Para Abramovay (2009), essa questão do desmatamento esta sendo
associado de maneira infundada à expansão dos canaviais, já que muitos acreditam
que a expansão do setor empurrará outras atividades como à criação de gado e o
cultivo de soja para regiões da floresta amazônica. Dessa maneira, Geckler (2010, p.
01) explica que
[...] embora os canaviais se multipliquem e tenha sido necessária a migração de alguns cultivos, não significa que o desmatamento vá aumentar. A ampliação da produção de cana, matéria prima do álcool combustível, ou etanol, ocorre somente em três Estados distantes da Amazônia: Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo, onde os canaviais ocupam terras de pastagem.
Contudo, essa expansão tem ocorrido basicamente em áreas de pastagens
de baixa produtividade, o que foi possível apenas porque nos últimos anos ocorreu
um aumento na produção de carne e leite, devido à tecnologia empregada no
campo. E com esse aumento da produtividade pecuária foi possível aumentar as
áreas de expansão para o cultivo da cana e alimentos sem ter que prejudicar o setor
pecuário, além de não ser necessário desmatar novas áreas, florestas ou qualquer
42
questão desta natureza, para o desenvolvimento desses setores. (PERINA, 2009;
BNDES, 2008).
Nesse contexto, o diretor da Organização de Plantadores de Cana da Região
Centro-Sul do Brasil (Orplana), Ismael Perina, complementa que cerca de 60% da
área de expansão da cana-de-açúcar tem ocorrido em áreas de pastagens, porque a
área de pastagem no Brasil é na ordem de 200 milhões de hectares e a de cana
consiste em 9,1 milhões de hectares, ou seja, existe uma imensa área de pastagem
para ser ocupada para a produção de cana, ao qual 5 milhões dessa área é
destinado a produção do etanol e os outros 3.8 milhões de hectares para a produção
de açúcar. (PERINA, 2009).
Além da imensa área disponível para o cultivo da cana, Perina (2009) e
Abramovay (2009) salientam que o etanol não causa o desmatamento já que 90%
da produção da cana-de-açúcar brasileira cresce na região Centro-Sul,
essencialmente no estado de São Paulo que fica a 2,5 mil quilômetros da Floresta
Amazônica. E os outros 10% são produzidos na região Nordeste, a 2 mil quilômetros
distante do bioma, conforme mostra a figura 5.
Figura 5: Áreas de cultivo da cana-de-açúcar no Brasil
Fonte: (NIPE-Unicamp, IBGE e CTC apud ABRAMOVAY, 2009, p. 22).
43
Outra questão a ser levantada é que os biomas não dispõe das condições
climáticas favoráveis para o cultivo da cana e logística adequada para o escoamento
da produção. Com isso, Abramovay (2009, p. 40) vem a esclarecer que
Além do fato de a produção de cana-de-açúcar não ser economicamente viável na floresta amazônica – por razões técnicas, como a ausência de alternância de estações secas e úmidas, fundamental para que a planta cresça e aumente seu teor de sacarose, essa região ainda não possui uma infraestrutura de transporte confiável para escoar o produto final (açúcar ou etanol, pois a cana não pode ser transportada a longas distâncias).
Outro ponto fundamental e que foi imprescindível para evitar as discussões
recorrentes sobre o desmatamento, foi à elaboração do Zoneamento Agroecológico
da Cana-de-Açúcar (Zae Cana), aprovado por meio do Decreto de nº 6.961 de
setembro de 2009, cuja finalidade primordial seria a de regulamentar a produção
sustentável de cana no Brasil e também a de indicar as áreas com potencial agrícola
para o cultivo vegetal. (PETROBRAS, 2011).
“A preservação da natureza e a minimização do desmatamento estão entre
as prioridades do Zae Cana, que delimita as regiões nas quais é possível expandir o
plantio da cana para a produção do etanol sem a utilização de irrigação”.
(PETROBRAS, 2011, p. 02).
No texto do zoneamento, o governo decidiu esclarecer que não era de
interesse para o país plantar cana na Amazônia, no Pantanal, na Bacia do Alto
Paraguai assim como nas áreas de conservação e proteção ambiental e terras
indígenas. Dessa maneira, as estimativas obtidas através do Zoneamento
Agroecológico apontam que existe cerca de 64,7 milhões de hectares de áreas
aptas para o plantio da cana, o que não seria necessário, até mesmo por questões
ambientais, permitir o cultivo nessas regiões. Para um melhor entendimento, segue
a figura 6 com as áreas de proteção descritas no Zae Cana. (EMBRAPA, 2009).
44
Figura 6: Áreas de estudo do Zoneamento Agroecológico da cana-de-açúcar
Fonte: (EMBRAPA, 2009, p. 12).
Dessa maneira, o Zae Cana vem a esclarecer “[...] que o país não necessita
incorporar áreas novas e com cobertura nativa ao processo produtivo, podendo
expandir ainda a área de cultivo da cana-de-açúcar sem afetar diretamente as terras
utilizadas para a produção de alimentos”. (EMBRAPA, 2009, p. 07).
Portanto, o Brasil com toda sua dimensão continental e suas terras aráveis,
tem capacidade suficiente para sustentar a produção agrícola de alimentos e de
etanol de cana-de-açúcar sem a necessidade de desmatar os biomas, mantendo
assim preservada as matas nativas e as grandes florestas. (SZWARC, 2008).
45
4.3 Preços
O fator preço é um dos quesitos mais relevantes para os proprietários dos
veículos flex fuel decidirem por qual tipo de combustível utilizar. Por isso a troca do
tradicional combustível fóssil para o etanol carburante somente ocorre se houver
uma vantagem econômica aparente.
Dessa maneira, para saber qual combustível é mais vantajoso, a maioria dos
motoristas realizam um cálculo antes de abastecer seu carro flex. “Para isso uma
antiga fórmula é aplicada: divide-se o preço do álcool pelo da gasolina e se o
resultado for menor que 0,70, significa que o preço do etanol é inferior a 70% do
preço do combustível concorrente e vale a pena optar pelo álcool”. (CRAIDE, 2014,
p. 01).
Entretanto, nem sempre esta diferença de preço chega a surpreender a
maioria dos consumidores. Para Batista (2013, p. 01)
[...] grande parte dos motoristas, por convicção ou desconhecimento, acredita que não basta o litro do etanol custar 70% do preço cobrado pela gasolina, considerado o ponto de equilíbrio econômico para sua competitividade energética. Para essa parcela, o etanol tem que custar ainda menos, em que pesem vantagens como seu menor impacto no ambiente, reconhecido no mundo todo.
A origem desse entendimento deve-se ao fato de o preço do etanol nos
postos de combustíveis chegou a valer 56% a menos que a gasolina no período de
2007 a 2009, sendo bem abaixo dos 70% considerado limite para manter a
competitividade do etanol em relação ao rival fóssil. Este grande consumo de etanol
ocorrido principalmente em 2009 foi causado pelo excesso do biocombustível no
mercado interno, fazendo com que os preços ficassem significativamente mais
atrativos em comparação com a gasolina. (BATISTA, 2013).
Outro ponto a ser considerado nesta escolha e que remete desde a época do
Proálcool é a desconfiança dos motoristas quanto à eficiência do motor abastecido
com etanol em relação à gasolina. Período no qual os motoristas tinham que esperar
alguns minutos para o veículo pegar e aquecer, principalmente em dias de frios.
Este problema não se refere aos dias atuais, já que os motores evoluíram em
46
relação à década de 1970, porém, este problema ainda é citado por algumas
pessoas. (BATISTA, 2013).
Nesse contexto, não é sempre que o etanol acaba sendo vantajoso para os
consumidores, variando de preço nas diferentes épocas do ano. Nos últimos meses
o etanol hidratado apresentou uma forte elevação dos preços, nas principais cidades
brasileiras, superando até mesmo os valores médios praticados no ano anterior.
Entretanto, várias causas motivaram o aumento dos preços, como por exemplo, a
oferta mais restrita da cana-de-açúcar no Centro-Sul devido à entressafra, período
ao qual não está ocorrendo à colheita da cana. (BATISTA, 2014a).
Somente no Centro-Sul, ao qual é a região responsável por 90% da safra da
cana-de-açúcar, a moagem “[...] correspondeu a 302 mil toneladas na segunda
quinzena de janeiro, volume 25,8% menor que o registrado no mesmo período do
ciclo anterior”. (CEPEA, 2014, p. 01).
Consequentemente, a produção do etanol hidratado registrada no começo do
ano de 2014, sofreu uma forte redução de 41% em relação ao mesmo período da
safra anterior. Dessa forma, a redução da produtividade da cana e do etanol nesta
região, ocorreu devido à escassez de chuva que se prolongou no período da
entressafra. Sem a presença da chuva, a cana não cresce e não desenvolve o fator
necessário de sacarose. (CEPEA, 2014).
As cotações do biocombustível geralmente começam a ceder em meados de abril, com o início da safra da cana-de-açúcar no Centro-Sul, principal região produtora do país. Só que a estiagem [...] tende a atrasar o início da temporada 2014/2015, já que os canaviais ainda estão longe do desenvolvimento ideal. (PREÇO, 2014, p. 01).
Além dos problemas climáticos, o aumento dos preços está associado à forte
demanda, em razão da maior oferta de etanol no mercado, devido ao crescente
aumento da frota dos carros flex fuel. É evidente que desde o lançamento dessa
tecnologia em 2003, a procura pelo combustível elevou-se, fazendo com que o setor
sucroalcooleiro se mobilizasse tanto para atender o mercado interno como o
mercado internacional, que também tem aumentado sua parcela de consumo do
biocombustível como forma de reduzir os efeitos causados pelo aquecimento global.
(A FAVOR, 2011; LISBOA, 2014).
47
Tabela 3 – Diferença de Preços entre o Etanol e a Gasolina – Fev./2014
Grandes Regiões e
Unidades de
Federação
Preço Médio de Revenda
Diferença % Etanol (R$/L) Gasolina (R$/L)
Região Norte 2,486 3,105 0,80
Acre 2,660 3,379 0,79
Amapá 2,629 2,933 0,90
Amazonas 2,468 3,090 0,80
Pará 2,607 3,090 0,84
Rondônia 2,501 3,131 0,80
Roraima 2,738 3,102 0,88
Tocantins 2,312 3,130 0,74
Região Nordeste 2,328 2,936 0,79
Alagoas 2,485 3,023 0,82
Bahia 2,280 3,050 0,75
Ceará 2,360 2,929 0,81
Maranhão 2,337 2,849 0,82
Paraíba 2,257 2,836 0,80
Pernambuco 2,301 2,911 0,79
Piauí 2,444 2,784 0,88
Rio Grande do Norte 2,508 2,979 0,84
Sergipe 2,479 2,903 0,85
Região Sul 2,176 2,974 0,73
Paraná 2,066 2,993 0,69
Rio Grande do Sul 2,457 2,962 0,83
Santa Catarina 2,479 2,969 0,83
Região Sudeste 2,003 2,911 0,69
Espírito Santo 2,545 2,988 0,85
Minas Gerais 2,149 2,963 0,73
Rio de Janeiro 2,378 3,085 0,77
São Paulo 1,946 2,837 0,69
Região Centro Oeste 2,181 3,085 0,71
Distrito Federal 2,362 3,069 0,77
Goías 2,150 3,088 0,70
Mato Grosso 2,142 3,098 0,69
Mato Grosso do Sul 2,198 3,114 0,71
Fonte: Elaborado pela acadêmica a partir dos dados publicados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP, 2014).
48
De acordo com a tabela 3, somente nos Estados de Goiás, Mato Grosso,
Paraná e São Paulo, o etanol é mais competitivo que a gasolina. Nestes estados, o
etanol hidratado custa em torno de 70% menos que a gasolina comum, sendo
economicamente propício ao consumidor abastecer com o etanol. (ANP, 2014).
Através dos dados apresentados, constata-se ainda que existe uma variação
no preço do etanol de um estado para outro. Esta diferença ocorre principalmente
por causa do imposto estadual cobrado sobre o combustível, o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que varia de 12% a 28%, sendo
fundamental para a formação do preço final do produto em cada região. (UNICA,
2010).
Neste caso, Pamplona (2013, p.04) explica que para
Os quatro Estados onde o etanol é hoje mais vantajoso do que a gasolina, têm algum tipo de benefício tributário para o biocombustível. Em São Paulo e no Paraná, o ICMS do derivado da cana é menor do que o cobrado sobre a gasolina. Em Mato Grosso e em Goiás, há incentivos fiscais para a produção de etanol, além de ICMS diferenciado.
A respeito disso, há outros Estados em que possuem uma pequena diferença
entre o etanol e a gasolina, e que em breve estarão nesta lista. Em Mato Grosso do
Sul a diferença é de 71% e nos Estados de Minas Gerais e Tocantins a diferença
entre os combustíveis é de 73% e 74% respectivamente. (ANP, 2014).
“Do outro lado da lista, há estados em que o produto não será competitivo
com a gasolina em condições normais, devido à grande distância que os separa dos
principais centros produtores”. (PAMPLONA, 2013, p. 04).
No Estado do Amapá, por exemplo, o litro do etanol custa o equivalente a
90% do preço da gasolina. E na região Nordeste, exceto a Bahia e Pernambuco,
este comparativo é superior a 80%. (ANP, 2014).
Nesse contexto, a soma dos problemas climáticos que vem afetando a
rentabilidade da produção nesta última safra, juntamente com a demanda aquecida,
explica boa parte do problema que vem acarretando a alta dos preços do etanol nos
postos de combustíveis.
Dessa maneira, a expectativa é que os preços nos demais Estados continuem
firmes até o início da safra 2014/2015 e que mesmo com a probabilidade de subir
mais, espera-se que isso não ocorra, porque senão o etanol deixará de ser
competitivo em relação à gasolina. Porém, diante da oferta reduzida e da demanda
49
elevada, os representantes do setor não descartam a possibilidade de importar o
etanol para atender o mercado interno, já que os estoques de anidro e hidratado,
poderão garantir o fornecimento até o fim de abril de 2014. (PREÇO, 2014).
4.4 Estoques do etanol
A cultura da cana-de-açúcar, como boa parte da atividade agrícola é
caracterizada pela descontinuação da produção, ou também chamada de
sazonalidade, visto que a colheita ocorre em certo período do ano. A cultural sazonal
está associada também às condições climáticas ideais para o cultivo da planta que
difere de uma região para a outra.
Para a região centro-sul, a colheita e moagem acontecem entre abril e novembro; já para o norte e nordeste, elas acontecem entre novembro e abril. Os períodos em que não há colheita e moagem em cada uma das regiões são denominados “entressafra” e é neles em que há o plantio e a reforma dos canaviais. (NOVA CANA, 2013, p. 01).
Os meses descritos da região Centro-Sul são propícios para a realização do
transporte e da concentração da sacarose na cana em razão do clima seco. Já para
os Estados da região Nordeste, as condições climáticas variam de acordo com a
localidade. Nos Estados que estão próximos ao litoral, o período é favorável para a
moagem da cana, e para os Estados nordestinos que se encontram na região não
litorânea, esses meses são relacionados ao fim do período chuvoso. (CONAB,
2010).
Um problema da descontinuação da produção é a escassez do produto no
período em que não há produção, causando as mudanças frequentes no preço do
combustível. Dessa forma, para evitar a alta volatilidade do preço do produto, “[...] é
necessário formar estoques no período da colheita para regularizar a oferta,
particularmente no período da entressafra, quando as destilarias estão desligadas e
não há produção”. (CONAB, 2010, p. 06).
Em virtude da crescente necessidade de capital financeiro para promover a
formação de estoques e fomentar a produção de etanol, o governo anunciou em
50
2013 uma série de medidas destinadas ao setor, além de aumentar a adição de 20%
para 25% de etanol anidro na gasolina. (BRASIL, 2013a).
Dentre as medidas anunciadas, o governo estabeleceu novas condições para
o financiamento de estocagem do produto. “Com recursos de R$ 2 bilhões (sendo
R$ 1 bilhão do BNDES e R$ 1 bilhão da poupança rural), esse crédito terá juros de
7,7% ao ano, menor, portanto, que os 8,7% anuais que valiam para essa linha até
agora”. (BRASIL, 2013b, p. 01).
Esse incentivo fiscal tem como objetivo estimular a produção do etanol e
reduzir os custos para as empresas, visando à oferta do produto de longo prazo, o
que possibilitaria na redução dos preços do etanol nos postos de combustíveis.
Haja vista que, “O aumento nos estoques de etanol nesta entressafra [Safra
2013/2014] da cana-de-açúcar não foi suficiente para forçar a redução dos preços
nos postos. A causa é a demanda provocada pelas vendas de veículos flex”.
(ESTOQUE, 2014, p. 01).
Segundo o autor, da mesma maneira que os estoques aumentaram em
relação à Safra 2012/2013, a frota dos automóveis flex cresceu em torno de 17%,
fazendo com que a demanda se mantenha aquecida e os preços aumentem até o
início da colheita da cana na região Centro-Sul, ou seja, é necessário a
armazenagem de uma maior quantidade do produto para que este seja capaz de
atender toda a demanda e assim se torne mais competitivo em relação a gasolina.
(ESTOQUE, 2014).
Outra medida tomada pelo governo para garantir a distribuição do
biocombustível, foi atribuir competência a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP) à regulamentação do mercado de etanol anidro, utilizado
na mistura da gasolina. (ANP, 2012).
Neste âmbito, por meio da Resolução de nº. 67/2011, a ANP estabeleu que
as usinas e distribuidoras serão obrigadas, a manter estoques mínimos de álcool
anidro em certas épocas do ano. (SCHARR, 2013).
A partir de 1º de abril de 2013, as distribuidoras serão obrigadas a manter um estoque de etanol anidro suficiente para 15 dias. Já os produtores terão que assegurar suprimento para cerca de 40 dias, ou 8,33% da produção, de acordo com Allan Kardec Duailibe, diretor da ANP. (DUAILIBE, 2011 apud LUNA, 2011, p. 01).
51
Essa medida imposta pela ANP tem como objetivo evitar que a falta de etanol
anidro ocorrida em 2011 não aconteça novamente. Em 2011, o governo se viu
obrigado a reduzir a mistura do combustível na gasolina e importar um volume muito
maior do que ano anterior. “Enquanto em 2010 a empresa importou 9.000 barris
diários de gasolina, em 2011 esse número pulou para 45 mil barris”. (LUNA, 2011, p.
04).
E este fato pode ocorrer novamente este ano, pois a longa estiagem que
afetou os preços do biocombustível e atrasou o início da safra, comprometeu
também os estoques do etanol que estão justos. De acordo com Datagro (2014 apud
PREÇO, 2014, p. 01): “[...] os estoques de etanol total (anidro mais hidratado) no
Centro-Sul devem totalizar apenas 295 milhões de litros. O consumo mensal de
hidratado, contudo, beira 1 bilhão de litros”.
Entretanto, para o início da safra de 2014/2015, a probabilidade é de que as
usinas dêem preferência para a produção do etanol ao invés do açúcar de
exportação, com o intuito de gerar fluxo de caixa mais rápido, já de que a
produtividade da cana este ano será menor e de qualidade inferior devido à seca.
(PREÇO, 2014).
4.5 Certificação do etanol
Ao mesmo tempo em que o etanol tem sido apontado como a melhor opção
para a produção sustentável de energia em larga escala, por ser uma das soluções
mais viáveis para a redução dos Gases de Efeito Estufa (GEE), ele tem sido
relacionado negativamente ao desmatamento da Amazônia e o aumento dos preços
internacionais de importantes commodities agrícolas. (ABRAMOVAY, 2009).
Alegou-se também ao biocombustível, a falta de responsabilidade social, com
desrespeito aos direitos humanos e trabalhistas, devido à incidência do trabalho
escravo e infantil no processo produtivo da cana-de-açúcar. (ESPÍNDOLA, 2009).
Com isso, o comércio mundial tem exigido cada vez mais garantias quanto à
qualidade do produto e quanto à sustentabilidade da cadeia produtiva. Para tal,
vários países da União Europeia têm sugerido rígidos processos de certificação para
52
garantir que a produção dos biocombustíveis seja atendida de forma sustentável.
(ABRAMOVAY, 2009; ESPÍNDOLA, 2009).
Diante disso, a Comissão de Minas e Energia (2008) e Espíndola (2009)
ressaltam que na medida em que as especulações direcionadas ao biocombustível
aumentaram a padronização exigida por esse mercado, passou a ser indispensável
atestar ao etanol, um selo de qualidade que pudesse lhe permitir um
reconhecimento socioambiental no comércio internacional.
Na diplomacia, a mudança de humor da Europa em relação ao etanol é muito séria. O Brasil tem o plano estratégico de tornar o etanol uma commodity mundial, mas para criar esse mercado, a UE é indispensável. Se o etanol ficar restrito a Brasil e Estados Unidos, perde escala internacional. A UE é decisiva porque, entrando no jogo, teria feito de demonstração para outros continentes. (COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA, 2008, p. 23).
Apesar dessa certificação obrigatória imposta tanto para os importadores
como também para os produtores europeus, vale ressaltar que os biocombustíveis
são parte importante para a União Europeia, visto que a Diretiva sobre Fontes
Renováveis de Energia, aprovada em 2008 “[...] impõe aos Estados Membros da UE
a utilização, a partir de 2020, de 20% de energias renováveis em sua matriz
energética, dos quais 10% deverão ser empregados no setor de transporte”.
(UNICA, 2009, p. 01).
Com isso espera-se que a maior parcela da meta estabelecida pela Diretiva
no segmento de transporte, seja cumprida pelo uso de biocombustíveis. (UNICA,
2009).
Dessa maneira, “As certificações serão fornecidas apenas a biocombustíveis
que emitem, no mínimo, 35% menos gases estufas do que os combustíveis fósseis,
da produção a utilização. O percentual vai para 50% em 2017 e para 60% em 2018”.
(UNIÃO EUROPEIA, 2011, p. 01).
E como o etanol produzido a base da cana-de-açúcar reduz a emissão de
gases causadores do efeito estufa em mais de 70%, os produtores brasileiros
poderão adquirir a certificação ambiental exigida para a sua comercialização,
principalmente no mercado europeu. (UNIÃO EUROPEIA, 2011).
No entanto, a maior dificuldade para realizar este processo de certificação no
Brasil está sendo encontrado principalmente pelos produtores de pequeno porte, já
53
que o tipo de documentação exigida é pensado principalmente nas grandes
empresas. (ESQUEMA, 2013).
Vale ressaltar que “Muitos esquemas de certificação exigem muitos dados ou
informações específicas, o que representa custos elevados para o pequeno
produtor”. (ESQUEMA, 2013, p. 01).
Contudo, o setor sucroalcooleiro entende que é importante participar desse
processo de certificação. Para Unica (2009, p.02): “Além de ser uma exigência
crescente dos consumidores, a certificação constitui excelente oportunidade
comercial, na medida em que impacta positivamente o acesso a mercados e capital”.
54
5 PERSPECTIVAS E SITUAÇÃO ATUAL DO ETANOL BRASILEIRO
O etanol tem despertado grande interesse do mercado mundial em virtude do
seu benefício ambiental e pelo fato de reduzir a dependência dos combustíveis
fósseis. Dessa forma, o presente capítulo tem como objetivo apresentar a situação
atual e quais as perspectivas esperadas do biocombustível.
5.1 Produção brasileira da cana-de-açúcar e unidades instaladas no Brasil
A produção da cana como mencionado anteriormente, se concentra
principalmente na Região Centro-Sul e Nordeste. Nestas regiões a safra ocorre em
dois períodos no ano, o que permite ao país produzir açúcar e etanol durante todo o
ano, para atender tanto o mercado interno como o externo. (IICA, 2008).
Sendo assim, a região Centro-Sul corresponde aos Estados de São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, totalizando cerca de 90% da produção canavieira. E a região
Nordeste composta pelos Estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Bahia, representam os 10% restantes da produção. (CONAB,
2014; EMBRAPA, 2009).
Quanto ao cultivo da cana-de-açúcar, a Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB), afirma que em relação à safra anterior houve uma
expansão na área cultivada nesta safra de 2013/2014, sobretudo na região Centro-
Sul, já que a Região Nordeste foi castigada pela falta da chuva, afetando dessa
maneira os canaviais em formação. Deste modo, Conab (2014, p. 04) cita que
O Brasil teve um acréscimo na área de cerca de 326,43 mil hectares na temporada 2013/2014, equivalendo a 3,8% em relação a safra 2012/2013. O acréscimo é reflexo do aumento de 5,1% (375,1 mil hectares) na área da Região Centro-Sul, o que compensou o decréscimo de 4,3% (48,6 mil hectares) na área da Região Norte/Nordeste. São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais foram os estados com maior acréscimo de áreas, com 132,6 mil hectares, 111,8 mil hectares, 92,5 mil hectares e 58,0 mil hectares, respectivamente.
55
O autor salienta que este acréscimo de novas áreas de plantio nesta safra de
2013/2014, deve-se, sobretudo as novas usinas que estão em funcionamento, e
também por causa dos investimentos e tratos culturais nesta região, ou seja, devido
às práticas empregadas no campo para aumentar a produção. (CONAB, 2014).
Entretanto, as dificuldades de plantio enfrentadas pela região Nordeste, tem
sido ocasionada, sobretudo por causa dos problemas naturais. Moura (2012, p. 124)
descreve que a partir do final dos anos 1990, houve uma migração de várias usinas
para a região Centro-Sul, “[...] com a finalidade de melhores condições de plantio
para a cana, fato que contribui para queda na participação da região Nordeste na
produção total”.
E é por este motivo que a região Centro-Sul é responsável pela maior
quantidade de usinas instaladas no país. Com base no cadastro do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) de Novembro de 2013, existem no
Brasil 387 usinas produtoras, no qual 259 são unidades mistas, ou seja, produzem
tanto açúcar como etanol, 117 são destilarias aonde produzem apenas o etanol e
apenas 11 unidades produzem exclusivamente o açúcar. Conforme mostra a figura
7.
Quanto à localização, estas unidades estão espalhadas em 23 estados
brasileiros, aonde a maior concentração das usinas se encontra principalmente no
estado de São Paulo, responsável por 43% do total das plantas instaladas do país,
seguido por Minas Gerais e Goiás, com 39 e 37 unidades instaladas
respectivamente, ou seja, participação total de 10% e 9%. (BRASIL, 2013c).
Em relação ao perfil das usinas, verifica-se que apenas 2,8% das usinas são
destinadas especificamente para a produção do açúcar. Este fato ocorre porque nos
últimos anos tem ocorrido uma mudança no cenário produtivo brasileiro, onde as
usinas que antes produziam apenas o açúcar ou o álcool como exclusividade têm
migrado para o processo de plantas mistas. (BRASIL, 2013c; MOURA, 2012).
56
Figura 7 – Usinas de açúcar e álcool no Brasil
Fonte: Elaborado pela acadêmica a partir dos dados do Brasil (2013c).
Dessa maneira, observa-se que do total das instalações produtivas, há uma
predominância das unidades mistas em ambas as regiões. Com isso, as usinas
mistas representam em torno de 68% do total, sendo o estado de São Paulo
responsável por 49% desse montante. (BRASIL, 2013c; MOURA, 2012).
57
Este fato deve-se porque este tipo de usina permite uma maior flexibilidade
quanto à produção além de deixar a empresa menos vulnerável às instabilidades do
mercado, tendo em vista a variação dos preços do açúcar e do etanol no mercado
brasileiro e internacional. Nesse sentido, Conab (2008, p.13) vem a esclarecer que
A possibilidade de destinar a mesma matéria-prima (o caldo da cana) para a fabricação de produtos alternativos se traduz em evidentes benefícios empresariais na gestão desse negócio, pois torna viável dar preferência ao produto que tenha, no momento, a melhor relação custo-benefício. Assim, por exemplo, nas épocas chuvosas e de muita umidade, quando o rendimento em sacarose está com baixos níveis, é preferível atingir o limite máximo de produção de álcool e reduzir ao mínimo necessário a produção de açúcar. Nos períodos secos, quando o rendimento em sacarose está no auge, a decisão pode ser inversa e privilegiar a produção de açúcar.
Quanto à ampliação do parque industrial para safra 2014/2015, a presidente
da União da Indústria da Cana-de-Açúcar, Elizabeth Farina que não há perspectiva
de abertura maciça de novas usinas, pois primeiramente é necessário explorar até o
limite a capacidade das usinas existentes. (FARINA, 2013 apud PONTES; POPOV,
2013)
Entretanto, a presidente salienta que “O país precisará de ao menos 100
novas usinas de cana-de-açúcar até 2020 para conseguir dobrar a produção de
etanol e atender a demanda crescente [...]”. (FARINA, 2013 apud ALVARENGA,
2013, p. 01).
Para que isso ocorra, a representante da Unica alerta que serão necessários
investimentos de mais de US$ 10 bilhões para a instalação das novas unidades
esperadas. Somente com este investimento o setor será capaz de atender a
demanda, já que se espera que o consumo de etanol deverá aumentar em 50% nos
próximos 8 anos. (FARINA, 2013 apud ALVARENGA, 2013).
5.2 Produção do etanol de primeira geração
A produção dos biocombustíveis renováveis inicia-se com a escolha da
matéria-prima ideal para a sua conversão em álcool. Nesse sentido, há uma
variedade de insumos utilizados para a sua produção, como a cana-de-açúcar, a
58
uva, a beterraba, a mandioca e uma variedade de grãos como o milho e a soja,
capazes de produzir amido em açúcar. (SZWARC, 2008).
No Brasil, a produção em larga escala do etanol está associada
principalmente à utilização da cana-de-açúcar como matéria prima, no entanto, com
o avanço da biotecnologia, o país passará a produzir também a partir do bagaço e
da palha da cana. Neste cenário, é importante destacar que o Brasil é o maior
produtor mundial de etanol feito a partir da cana, haja vista que o país possui clima e
condições favoráveis para o seu cultivo.
Dessa maneira, o etanol é produzido a partir da fermentação da cana e do
melaço, destinado em sua maior parte para a utilização como carburante, na forma
do etanol anidro ou hidratado. O etanol anidro é adicionado na produção da gasolina
antes da venda, podendo variar em sua proporção em torno de 20 e 25% de anidro,
já o etanol hidratado é usado diretamente no abastecimento dos veículos equipados
com motores movidos exclusivamente a etanol ou flex fuel. (ABRAMOVAY, 2009, p.
25).
“A diferença aparece apenas no teor de água contida no etanol: enquanto o
etanol anidro tem o teor de água em torno de 0,5%, em volume, o etanol hidratado
vendido nos postos de combustíveis, possui cerca de 5% de água em volume”.
(UNICA, 2007, p. 13).
Nesse contexto, vale destacar que o etanol brasileiro possui o maior
rendimento por litro em hectares em relação ao demais biocombustíveis produzido a
partir de outros insumos, bem como o menor custo de produção em relação aos
demais concorrentes, como o etanol de milho produzido nos Estados Unidos ou o da
beterraba proveniente da União Europeia. (MATÉRIA-PRIMA, 2011).
Com isso, a Comissão de Minas e Energia (2008, p. 12) explica que “Em um
hectare de cana-de-açúcar produz-se 7,5 mil litros por ano, enquanto em um hectare
de milho, matéria-prima utilizada para a produção do etanol norte-americano, são
produzidos apenas 3 mil litros”.
Apesar dos custos de produção mais barato, o setor perdeu capacidade de
moagem a partir de 2008 devido à crise financeira global, o que comprometeu os
investimentos para a expansão dos canaviais e também devido às mudanças
climáticas que afetaram a produção da cana-de-açúcar. Nesse sentido a FIESP
(2013, p. 37) diz que
59
Na Safra 2012/2013, a produção brasileira de etanol, impactada pelos problemas no clima e de produtividade, caiu para 23, 2 bilhões de litros, 4,3 bilhões a menos que no auge da produção em 2008/2009, que registrou 27,5 bilhões de litros. No entanto, em relação a 2000, a oferta brasileira aumentou em 120%. Entre 2000 e 2008, quando a expansão do etanol chegou ao seu auge, o crescimento foi de 160%, ofertando ao mercado um adicional de 16,9 bilhões de litros.
Já nesta última Safra de 2013/2014, a produção do etanol brasileiro fechou
em 27,96 bilhões de litros, ou seja, houve um acréscimo de 4,7 bilhões de litros em
relação à safra de 2012/2013. Deste total, 11,8 bilhões de litros correspondem ao
etanol anidro e 16,13 bilhões de litros ao etanol hidratado. (CONAB, 2014).
“Assim o etanol anidro teve um acréscimo de 20,02% na produção e o etanol
hidratado teve aumento de 17,00%, quando comparados com a produção de etanol
da safra anterior”. (CONAB, 2014, p. 07).
Já para a safra 2014/2015, independente da severa seca que atacou o
sudeste brasileiro, a Conab estima que o Brasil vá conseguir atingir volumes
recordes de cana, açúcar e etanol. Desse modo, a Conab estima que a produção do
etanol deva atingir 28,37 bilhões de litros, ou um acréscimo de 1,47% em relação
aos 27,96 bilhões de litros da safra anterior. (CONAB, 2014, SAMORA; MARCELLO,
2014).
5.3 O etanol de segunda geração ou celulósico
Atualmente, há uma forte demanda em potencial para o consumo do etanol
no mercado interno devido à expansão da frota do carro flex e no mercado
internacional devido aos mandatos que muitos países estão propondo para utilizar o
biocombustível no transporte como forma de reduzir a emissão do carbono. Porém,
observa-se uma grande dificuldade do setor sucroalcooleiro para atender essa
demanda. (FINGUERUT, 2011).
Haja vista, a volatilidade dos preços do combustível na última entressafra,
que por este motivo, o etanol chegou a custar tanto quanto a gasolina, deixando
dessa maneira de ser competitivo em boa parte dos Estados, gerando assim uma
60
série de consumidores insatisfeitos, apesar de eles poderem optar por abastecer o
carro a álcool ou a gasolina.
Uma das soluções encontradas para sanar a escassez do etanol e o tornar
mais competitivo, seria a de aumentar o volume da produção com um custo ainda
menor. Com isso, há alguns anos, vem sendo desenvolvida uma nova tecnologia
para a produção do biocombustível, produzido a partir de resíduos agrícolas e
biomassa. Esta tecnologia é conhecida como a segunda geração do etanol ou
também chamado de etanol celulósico. (MATÉRIA-PRIMA, 2013; FINGUERUT,
2011).
Este etanol celulósico, diferentemente da primeira geração, é feito a partir de
resíduos agrícolas, como folhas, caules, aparas de árvore e cavacos de madeira. No
Brasil a matéria prima a ser utilizada para esse processo será os restos da produção
do etanol de primeira geração, ou seja, a palha e o bagaço da cana. (MATÉRIA-
PRIMA, 2013).
Nesse contexto, Buckeridge (2011 apud MILENA, 2011, p. 02), explica que
O etanol de segunda geração é produzido a partir do bagaço que passa por um processo de lavagem e pré-tratamento para que sua superfície fique maior. Nele são aplicadas enzimas que quebram a celulose do material em glicose. “A glicose que sobra é a mesma substância que temos no caldo utilizado na primeira geração de etanol. Daí então é só aplicar a levedura e produzir o álcool”.
Dessa forma, espera-se que em 2015, o País já produza cerca de 130
milhões de litros de etanol de segunda geração a partir da biomassa da cana-de-
açúcar. Esta produção será realizada por dois projetos, um é o da Granbio e o
segundo é da Raízen, do Grupo Cosan. A Granbio que está localizada no Estado de
Alagoas deverá entrar em produção no segundo semestre de 2014, com a
estimativa de fabricar 90 milhões de litros do etanol celulósico. E a Raízen, que
entrará em produção em 2015, poderá fabricar 40 milhões de litros desse
combustível. (BRASIL, 2014).
O Processo produtivo de Raízen e Granbio foi desenvolvido por parceiros estrangeiros e adaptado para a utilização de cana como matéria-prima. A Granbio é parceira da italiana Beta Renewables, que inaugurou sua fábrica em outubro e foi a primeira no mundo a produzir etanol de segunda geração em escala comercial. Já a Raízen traz a tecnologia da canadense Iogen, uma empresa que tem a Shell entre os acionistas e investiu US$ 500 milhões na tecnologia nos últimos anos. (GAZZONI, 2013, p.02).
61
Já para viabilizar as pesquisas e acelerar a produção do etanol celulósico,
“[...] o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS), abriu uma
linha de crédito em 2012 que vem sendo utilizada por diversas empresas que atuam
no desenvolvimento do produto, como a Abengoa e a DuPont”. (MATÉRIA-PRIMA,
2013, p. 18).
Os investimentos no país, que já ultrapassam os R$ 2 bilhões, contribuem
para que o Brasil tenha uma parcela significativa na produção do etanol de segunda
geração, produzido também pelos Estados Unidos, Japão e Europa. (MATÉRIA-
PRIMA, 2013).
Para o gerente de desenvolvimento estratégico do Centro de Tecnologia
Canavieira (CTC), Finguerut (2011 apud MILENA, 2011, p. 01): “[...] o custo atual do
combustível a base de celulose já seria competitivo com o custo do etanol norte-
americano, hoje com valor superior entre 30% e 40% do etanol brasileiro de primeira
geração”.
No entanto, esses cálculos são apenas uma estimativa em cima de uma
produção em larga escala que ainda irá acontecer. Dessa maneira espera-se que o
etanol celulósico se torne mais competitivo que a produção convencional somente a
partir de 2015, quando a Granbio e a Raízen estiverem comercializando sua
produção. (MATÉRIA-PRIMA, 2013; MILENA, 2011).
Embora o etanol de segunda geração seja de grande importância para
complementar o volume produzido pelo processo convencional, à matéria prima
utilizada para essa produção já tem concorrentes dentro da própria usina. Para
Buckeridge (2011 apud MILENA, 2011, p. 02):
O bagaço que sobra do processo para obtenção do etanol de primeira geração, não é descartado e sim queimado em caldeiras e transformado em energia elétrica. A eletricidade excedente, não consumida pelas usinas, é de cerca 40%, geralmente vendida para o sistema interligado de distribuição elétrica nacional [...].
A respeito disso, o que ocorrerá futuramente é que se o etanol de segunda
geração for mais lucrativo que a energia elétrica, a matéria prima será utilizada para
a produção do etanol, em sentido inverso, o bagaço e a palha serão utilizados para
gerar a energia elétrica. É fato que este mesmo problema ocorre também na
produção do etanol de primeira geração, mas neste caso o combustível compete
62
com o mercado do açúcar, visto que ambos disputam o mesmo insumo para a
produção do seu produto, neste caso, a açúcar e o álcool.
Em um momento aonde a expansão da produção da cana-de-açúcar vem
sendo questionada e a demanda pelo produto no mercado interno vem aumentando
cada vez mais ao longo dos anos, o etanol de segunda geração surge como uma
fonte promissora de energia, pois com essa tecnologia espera-se poder aumentar a
produção com um custo menor, sem a necessidade de expandir a área da
plantação. (BARBOSA, 2013; ETANOL, 2010).
Com isso, a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Belém (2010 apud
ETANOL, 2010, p. 01) explica que “[...] a intenção das pesquisas em torno dessa
nova tecnologia não é substituir as formas tradicionais (cana e milho) pelo de
celulose, mas sim gerar uma alternativa e, assim, expandir a produção do
combustível no Brasil”.
Sendo assim, com a adição do bagaço da palha na produção do etanol, um
hectare da cana passará a produzir 10 mil litros ao invés dos 7 mil litros da produção
convencional, ou seja, com esse novo processo, a produção do etanol poderá
aumentar em até 50% utilizando apenas o bagaço e a palha da cana. (BARBOSA,
2013; MATÉRIA-PRIMA, 2013).
5.4 Exportações do etanol brasileiro
As exportações de etanol no Brasil foram realizadas inicialmente com o intuito
de escoar os excedentes da produção, sem a preocupação de manter laços
comerciais com cliente e mercados no exterior. Uma das principais razões para este
fato seria porque os preços do etanol no mercado interno era mais atrativo que os
preços praticados nos demais países, especialmente por causa das barreiras
tarifárias impostas pelos Estados Unidos e União Europeia. (NASTARI, 2005).
Dessa maneira, o fenômeno que deu origem as exportações de etanol no
Brasil foi à oferta. Com isso, para Nastari (2005, p. 01): “Foi assim que em 1984, o
Brasil exportou mais de 850 milhões de litros para, no final da década de 1980 e
63
início da de 1990, cair para praticamente zero e depois, lentamente, recuperar os
volumes exportados”.
Durante a década de 1990, as exportações de etanol continuaram a ser
influenciadas pela oferta, porém a partir de 1999 este cenário começou a mudar,
pois com a maior liberalização do câmbio e o afloramento da competitividade do
açúcar e do etanol brasileiro conquistado ao longo dos anos, o etanol passou a ser
competitivo com a gasolina e com isso a exportação deixou de ter como origem a
oferta e passou a ser influenciada pela demanda. (NASTARI, 2005).
[...] após o ano 2000, o Brasil apresentou trajetória crescente de sua quantidade exportada de etanol e já no ano de 2002 passou a ser o maior exportador mundial desse produto. Além disso, no período de 2006 a 2008, as exportações brasileiras de etanol representaram, em média, mais de 1% das exportações totais do país e valor superior a 36% das exportações mundiais do produto, revelando a grande importância do etanol na pauta de exportação brasileira. (BITTENCOURT; FONTES; CAMPOS, 2012, p. 06).
De acordo com os autores, o crescimento na demanda do etanol na década
de 2000 foi motivado, sobretudo por causa da aceitação dos consumidores em
relação aos veículos flex fuel lançado em 2003, já que a tecnologia possibilita ao
consumidor a autonomia de escolher o tipo de combustível a ser abastecido. E
também devido ao maior interesse de alguns países como os Estados Unidos,
Japão, China, e outros, pelo etanol brasileiro, motivado pelas questões ambientais
frente à necessidade de redução das emissões de gases de efeito estufa firmado no
Protocolo de Kyoto, fazendo com que esses países aumentassem a importação do
biocombustível para adicioná-lo a gasolina. (BITTENCCOURT; FONTES; CAMPOS,
2012).
Já após o fim das medidas protecionistas e de incentivo a produção
doméstica no final de 2011, que dificultava a entrada do etanol brasileiro no mercado
americano desde os anos 80, devido à cobrança da tarifa de 0,54 centavos de dólar
por galão ou 0,14 centavos de dólar por litro para o etanol importado, o volume das
exportações brasileiras do etanol aumentaram 55,3% somente em 2012. (BESSA,
2013).
E com isso as exportações brasileiras vêm crescendo nos últimos anos. O
volume exportado em 2013 só não foi maior, porque quase não há produto
disponível para venda no exterior, já que a oferta atual está comprometida com
contratos para atender o mercado interno. (BATISTA, 2014b).
64
Por fim, para Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)
“[...] as perspectivas do etanol brasileiro para o mercado externo são bem
satisfatórias, não só pelo país conseguir manter o baixo custo de produção, mas
também pela demanda mundial por biocombustíveis estar cada vez mais crescente”.
(IICA, 2008, p. 149).
5.5 Etanol e o meio ambiente
Notadamente, nos últimos anos observa-se cada vez mais um esforço
internacional para cumprir as metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto e
consequentemente reduzir a emissão dos gases de efeito estufa que causam o
aquecimento global.
Com isso, o biocombustível, por ser uma fonte de energia limpa e renovável,
vem sendo considerado como uma alternativa para atender esse objetivo por emitir
menos gás carbono que os combustíveis fósseis (derivados de petróleo, gás natural
e carvão mineral), haja vista que a energia fóssil, é uma importante fonte de emissão
dos gases na atmosfera. (SZWARC, 2008).
Nesse quadro, o etanol produzido a partir da cana, aparece como uma das
melhores soluções para ajudar o mundo a enfrentar as mudanças climáticas. De
acordo com o estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), divulgado em 2008, o etanol de cana-de-açúcar emite em torno
de 90% menos gases de efeito estufa que os combustíveis de origem fóssil.
(MATÉRIA-PRIMA, 2011).
No entanto, o Presidente da ETH Bioenergia, José Carlos Gubisich ressalta
que apesar do etanol de cana ter vantagem comparativa em relação aos demais
combustíveis renováveis, sobretudo em relação ao etanol de milho, os demais
biocombustíveis produzidos a partir de outras matérias-primas também contribuem
para a redução do problema, porém em menor escala. (GUBISICH, 2011).
A respeito disso, o estudo da OCDE divulgado em Paris em 2008, afirma que
“[...] os biocombustíveis produzidos a partir do milho, como nos Estados Unidos,
65
permitem reduzir as emissões apenas entre 20% e 50% [...]”. (FERNANDES, 2008,
p. 01).
Já para os outros biocombustíveis, como o etanol de trigo produzido em
alguns países da Europa, a organização relata que a diminuição das emissões de
CO² em relação aos combustíveis fósseis é de 30% a 60% e em se tratando do
etanol de beterraba, a redução das emissões varia entre 30 e 50%. (FERNANDES,
2008).
Porém, apesar dessa superioridade energética em relação aos demais
concorrentes, o etanol brasileiro passou a ser inserido no mundo de forma gradativa,
sobretudo por causa das barreiras protecionistas impostas pelos principais
mercados consumidores, os Estados Unidos e a Europa e também devido à
alegação da cana não ser limpa, já que em consequência ao seu plantio ela poderia
provocar o desmatamento da Floresta Amazônica e assim, anularia as vantagens do
biocombustível. Para Matéria-prima (2011, p. 13):
Um dos sinais mais importantes dessa mudança aconteceu em 2010 quando a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, a EPA finalizou a regulamentação para o programa de produção e utilização dos biocombustíveis no país, o Renewable Fuel Standard, ou RFS. De acordo com a agência, o etanol brasileiro foi designado como um “advanced biofuel”, ou seja, um biocombustível avançado, que segundo a EPA, reduz as emissões de gases causadores do efeito estufa em até 91% se comparado com a gasolina.
O reconhecimento da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
alterou também a percepção equivocada dos Estados Unidos e de outras partes do
mundo em relação ao etanol brasileiro, já que o biocombustível não é responsável
pelo desmatamento dos grandes biomas. Para tal, vários países passaram a adotar
a mistura do álcool anidro à gasolina. (MATÉRIA-PRIMA, 2011).
De acordo com a Unica (2014), cerca de 60 países ao redor do mundo
utilizam mandatos que prevêem a adoção de biocombustíveis, ou 30 países se
considerado a União Europeia como um só. Entretanto, o percentual desta mistura
varia de acordo com as políticas públicas e os acordos internacionais de cada país.
Ver figura 8.
66
Figura 8 – Programas de Biocombustíveis no mundo
Fonte: (UNICA, 2012a, p. 1).
Nos Estados Unidos, a mistura de etanol e gasolina difere em cada estado,
sendo Minnesota, o estado com maior nível de mistura, 10%. Com isso, além do
etanol de milho produzido em seu país, os norte americanos utilizam também o
etanol de cana para atender o consumo do seu mercado interno. (BRASIL, 2009).
Já “[...] a Alemanha que sempre resistiu à entrada do etanol no seu mercado,
projetou uma brecha na lei autorizando 10% de etanol mistura a gasolina, novidade
que passou a vigorar no início [de 2011]”. (MATÉRIA-PRIMA, 2011, p. 14).
Enquanto isso, na União Europeia, o uso do etanol iniciou-se após a Diretiva
não obrigatória da Comissão Europeia propor em 2003 aos países membros, a
incorporação de 5,75% de biocombustíveis nas misturas com gasolina e diesel até
2010. Já em 2007, uma nova meta da Diretiva foi proposta, no qual a UE deverá ter
uma participação mínima de 10% de biocombustíveis no setor de transporte até
2020. (BRASIL, 2009).
Na América do Sul, o Brasil é o país com a maior subsituição da gasolina por
etanol, com a adição de 25%. “O Paraguai vem na sequência com 24% de mistura.
Chile e Argentina, mais modestos, acrescentam 5% de biocombustível ao seu
combustível fóssil”. (UNICA, 2014).
67
Para a Unica (2014), apesar de outros países manifestarem interesse em
adotar a mistura de etanol e gasolina, o ideal seria uma melhor distribuição de
consumo dos biocombustíveis ao redor do mundo, haja vista que 85% da produção
e consumo se concentram nos três principais pólos: Brasil, Estados e União
Europeia.
5.6 O etanol como fonte de produção para outros produtos
“O etanol para uso não carburante é utilizado no Brasil basicamente na
produção de bebidas, cosméticos, produtos farmacêuticos e químicos”. (EMPRESA
DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2008, p. 21).
No entanto, com o avanço da tecnologia o etanol vem sendo utilizado como
matéria-prima na produção de outros produtos que não seja o carburante, como por
exemplo, os bioplásticos. Este fato deve-se porque tanto as indústrias nacionais
como as multinacionais, estão aplicando novos conhecimentos para o
desenvolvimento de novas técnicas de armazenamento de alimentos e outros
produtos, capazes de contribuir também com o meio ambiente. (FONTE, 2011).
A primeira empresa internacional a aderir ao produto foi a Coca Cola que tem
utilizado esta técnica para a fabricação das embalagens de 500 ml e 600 ml. De
acordo com o vice-presidente de Técnica e Logística, Rino Abbondi, (2011 apud
FONTE, 2011, p. 20) a Coca Cola
[...] tem se empenhado desde 2010 para oferecer seus produtos em uma nova embalagem mais “verde”. O resultado é uma garrafa plástica já lançada em diversos países e denominada PlantBottle, que contém 30% de matéria-prima proveniente de etanol da cana-de-açúcar. [...] A produção dessa garrafa emite 25% menos CO² do que a usada atualmente, feita com resina de petróleo.
Para a produção das garrafas a Coca Cola exporta o etanol brasileiro para a
Índia, onde o produto é transformado em um derivado utilizado para fabricar os
tubos de plástico e posteriormente são transformados nas garrafas. (FONTE, 2011).
O uso comercial dos novos bioplásticos fabricados a partir do etanol de cana-
de-açúcar tem sido utilizado também no desenvolvimento das embalagens
68
renováveis de grandes marcas do setor alimentício que adotam práticas
sustentáveis, como a Heinz, Tetra Park, Procter & Gamble, AT & T e Michelin.
(CAMPO, 2013).
Além da fabricação de embalagens, outros setores estão se mobilizando para
utlização do etanol como fonte renovável. Em vista disso, a empresa francesa líder
no ramo de cosméticos, L’Oréal, se tornou o primeiro grupo do mundo a substituir o
gás natural por energias renováveis na produção do vapor. (TERZIAN, 2013).
Desde o fim de 2012 a companhia implantou na fábrica de São Paulo a
tecnologia Caldeira Flex, que substitui o gás natural pelo etanol de cana-de-açúcar,
onde o mesmo investimento está sendo implantado na fábrica da L’Oréal localizada
no estado do Rio de Janeiro. (VICENT, 2013; TERZIAN, 2013).
De acordo com o Diretor de Meio Ambiente, Saúde e Segurança da L’oréal
América Latina, Gérald Vicent, a iniciativa da empresa é de reduzir em 100% as
emissões de CO², além de futuramente exportar esta tecnologia para as outras
unidades da L’Oréal localizadas em outros países do mundo. (VICENT, 2013),
Para o consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-
de-Açúcar, Alfred Szwarc (2012 apud UNICA, 2012, p. 01):
A diversificação no uso do etanol representa uma expansão das fronteiras do setor sucroenergético nacional. Os bioplásticos agregam valor às mercadorias, contemplam um número cada vez maior de consumidores em busca de produtos ambientalmente corretos, que apliquem na prática o conceito da sustentabilidade.
Com isso, o Brasil consolida-se como referência no desenvolvimento dos
bioplásticos e abre caminho para o desenvolvimento de outros produtos a partir do
etanol, o que também vem a confirmar as qualidades técnicas e ambientais do
etanol produzido no Brasil. (UNICA, 2012).
69
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista a evidente escassez dos combustíveis fósseis e a atenuada
preocupação com o meio ambiente em razão das emissões dos gases causadores
do efeito estufa oriundos dos combustíveis fósseis, as fontes renováveis tem se
destacado no cenário mundial como um importante aliado a problemática em
questão.
Nesse sentido, o amplo conhecimento do Brasil adquirido na área dos
biocombustíveis, sobretudo na produção do etanol de cana-de-açúcar tem muito a
contribuir com o mercado internacional principalmente como distribuidor do
combustível automotivo. E esta realidade só foi possível por causa dos
investimentos ao longo dos anos em tecnologia e pesquisa para a sua produção e
também por causa da política de incentivo ao consumo do etanol nacional no país.
Diante do exposto, o capítulo 3 procurou apresentar as informações
relacionadas ao primeiro objetivo do trabalho e dessa maneira descrever ao leitor
como ocorreu a trajetória do etanol no Brasil e as principais iniciativas públicas com
o intuito de fomentar o consumo e a produção do etanol de cana-de-açúcar. Com
isso, foram apresentados o Decreto nº. 19.117 de 1931 que determinou a adição do
etanol a gasolina importada, o Instituto do Açúcar e do Álcool que regulamentava o
setor sucroalcooleiro e o Proálcool que buscou estimular a produção do etanol
devido a crise mundial do petróleo além de ter sido fundamental para a inserção do
etanol na matriz energética brasileira.
No capítulo 4 buscou-se apresentar os desafios enfrentados pelo etanol
referente ao segundo objetivo específico do trabalho, pois ao mesmo tempo em que
o etanol brasileiro passou a ganhar espaço no mercado global, o biocombustível tem
enfrentado grandes obstáculos como, por exemplo, a associação com o
desmatamento dos grandes biomas e a falta de alimentos devido ao cultivo da cana-
de-açúcar em áreas de produção agrícola.
Já o último objetivo específico, através do capítulo 5, buscou elencar as
perspectivas favoráveis para o etanol devido a sua importância para o Brasil e para
o mercado mundial.
A partir da pesquisa, constatou-se que o cenário atual dos biocombustíveis é
marcado por incertezas, quanto à capacidade do Brasil em suprir o mercado interno
70
e mundial. Isso ficou evidenciado a partir dos baixos estoques do etanol nesta
última safra que acarretou o aumento dos preços nos postos de combustíveis. Os
questionamentos ao biocombustível devem-se também porque o setor está em
franca expansão, sobretudo por causa das questões ambientais, despertando um
maior interesse nas fontes alternativas para compor a matriz energética.
Assim é essencial que os interesses da iniciativa privada sejam apoiados pelo
poder público com a finalidade de garantir a produção do etanol e permitir que o país
tenha uma posição de destaque no mercado mundial.
Apesar da dificuldade em encontrar informações aprofundadas a respeito da
situação atual do etanol brasileiro, sendo esta a maior problemática para a
realização da pesquisa, entende-se que os objetivos específicos deste trabalho
foram alcançados.
Por fim, para a elaboração de futuros trabalhos acadêmicos relacionado ao
tema, sugere-se abordar sobre os principais parceiros do Brasil na área dos
biocombustíveis, uma vez que as políticas públicas e os acordos internacionais têm
promovido o consumo dos biocombustíveis, como forma de atender as metas
ambientais e assim manter a matriz energética limpa.
71
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80
ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS
Nome da estagiária Adriana Cantalixto de Melo
Orientadora de conteúdo Profª. MSc. Silvana Rebelo D’Alascio de Mello
Responsável pelo Estágio Profª. MSc. Natalí Nascimento