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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JOANA SPENGLER COELHO Trabalho de Iniciação Científica A INFLUÊNCIA DA POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM DA UNIÃO EUROPEIA NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DA COMUNIDADE ITAJAÍ 2012

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Page 1: Trabalho de Iniciação Científica A INFLUÊNCIA DA POLÍTICA ... · • Identificar o funcionamento atual da política agrícola no continente europeu. 1.3 Justificativa da realização

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JOANA SPENGLER COELHO

Trabalho de Iniciação Científica A INFLUÊNCIA DA POLÍTICA AGRÍCOLA

COMUM DA UNIÃO EUROPEIA NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DA

COMUNIDADE

ITAJAÍ 2012

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JOANA SPENGLER COELHO

Trabalho de Iniciação Científica A INFLUÊNCIA DA POLÍTICA AGRÍCOLA

COMUM DA UNIÃO EUROPEIA NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DA

COMUNIDADE

Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí

Orientador: Profª. MSc. Jacqueline Márcia Ferreira Furlani.

ITAJAÍ 2012

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Agradeço aos meus pais, por todo suporte e apoio prestados desde o

início de minha educação até a finalização de mais esta etapa.

Agradeço ao meu namorado, André

por todo incentivo e paciência durante este período.

Aos meus colegas, Maria Eduarda,

Maria Amália, Malu, Ramon e Ronaldo, que foram amigos que

fizeram parte de toda minha trajetória acadêmica.

Agradeço da mesma forma, à minha

orientadora Jacqueline pela dedicação e colaboração na

realização deste trabalho.

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“O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”

Aristóteles

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário Joana Spengler Coelho b) Área de estágio Economia Internacional c) Orientador de conteúdo Profª. MSc. Jacqueline Márcia Ferreira Furlani d) Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimento

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RESUMO

Com a evolução dos processos de integração, fez-se necessária a adoção de políticas cada vez mais completas e estruturadas. Partindo deste princípio, o processo de integração mais evoluído do mundo, a União Europeia, apoia cada vez mais reformas em sua política agrícola, a qual tem extrema importância para o desenvolvimento do bloco e das economias nacionais de seus países membros. Essas reformas visam minimizar os impactos ocasionados a cada novo alargamento que ocorre no âmbito do bloco europeu. Tais alargamentos ocasionam mudanças políticas, econômicas e também culturais cada vez que acontecem, e, para que se tornem eficazes, exige-se que a política agrícola esteja sempre bem-estruturada a fim de evitar conflitos e possibilitar a distribuição de benefícios a todos. Criada como meio de suprir as necessidades pós-guerra, a política agrícola encontra-se em um estágio no qual não somente aspectos econômicos ou de pura sobrevivência são levados em consideração, mas também aspectos que visem garantir a qualidade de vida, por meio de ações sustentáveis e disponibilidade de produtos que sejam produzidos dentro de normas estabelecidas. A Política Agrícola Comum da União Europeia mostra que quanto mais unidos estiverem os países-membros, trabalhando em prol de um benefício comum, mais sucesso pode ser obtido. Através desta conduta, a União Europeia se manterá durante muito tempo como o bloco que mais longe chegou no que diz respeito à integração com abrangência global, Palavras-chave: Integração. Alargamentos. Política Agrícola.

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LISTA DE SIGLAS

ALCA – Área de Livre Comércio das Américas

CdE – Conselho da Europa

CECA – Comunidade Europeia do Carvão e do Aço

CEE – Comunidade Econômica Europeia

EBA – Everything But Arms

ECO – Europa Central e Oriental

EURATOM – Comunidade Europeia de Energia Atômica

FEDER – Fundos Estruturais para o Desenvolvimento Regional

FEOGA – Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola

FSE – Fundo Social Europeu

GATT – General Agreement on Tariffs and Trade

MDIC – Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

NAFTA – North American Trade Agreement

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Europeu

OCM’s – Organizações Comuns de Mercados

OECE – Organização Europeia de Cooperação Econômica

OMC – Organização Mundial do Comércio

PAC - Política Agrícola Comum

PIB – Produto Interno Bruto

SFP – Single Farm Payment

TEC – Tarifa Externa Comum

UE – União Europeia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 10

1.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 10

1.3 Justificativa da realização do estudo .............................................................. 11

1.4 Aspectos metodológicos ................................................................................. 11

1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados ......................................................... 12

2 COMÉRCIO INTERNACIONAL ........................................................................ 13

2.1 Blocos Econômicos ........................................................................................ 13

2.1.1 MERCOSUL ................................................................................................ 15

2.1.2 NAFTA ........................................................................................................ 17

2.1.3 ALCA ........................................................................................................... 18

2.1.4 Tigres Asiáticos ........................................................................................... 18

2.1.5 União Europeia ........................................................................................... 19

3 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO EUROPEU .................................................. 23

3.1 Fases do processo de integração ................................................................... 23

3.1.1 Fase de preparação .................................................................................... 24

3.1.2 Organizações Comunitárias e Instituições .................................................. 25

3.1.3 Evolução das Organizações e Construção da União Europeia ................... 26

3.2 Alargamentos da Comunidade ....................................................................... 26

3.3 Impactos da PAC no processo de integração ................................................. 28

3.4 Posição das nações europeias frente a PAC ................................................. 30

4 POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM ........................................................................ 33

4.1 Objetivos de sua criação ................................................................................ 33

4.2 Contribuição para o cenário econômico europeu ........................................... 34

4.3 Impactos causados pela existência da PAC ................................................... 36

4.4 A PAC no cenário europeu atual .................................................................... 37

4.4.1 A Reforma de 1992 ..................................................................................... 38

4.4.2 A Reforma de 2000 ..................................................................................... 39

4.4.3 A Reforma de 2003 ..................................................................................... 39

4.4.4 A Reforma de 2008 ..................................................................................... 40

4.4.5 Futuras Reformas ....................................................................................... 41

4.5 Principais produtos protegidos pela política ................................................... 44

4.5.1 Importância da qualidade ............................................................................ 49

4.5.1.1 Agricultura Biológica ................................................................................... 50

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 52

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ...................................................................... 60

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do Comércio Internacional foi intensificado com a

necessidade das nações de realizarem trocas bem como atender às necessidades

de seus mercados consumidores e possibilitar a estas nações que a comercialização

de seus produtos pudesse ser realizada fora de suas fronteiras.

Tal necessidade serviu como base para que as nações dessem início a

processos que as unissem à outras com o intuito de facilitar tais trocas.

A existência de blocos econômicos no cenário econômico global, permite que

o processo de integração entre as nações aconteça de maneira mais eficaz

possibilitando o alcance de seus interesses, seja em âmbito econômico ou até

mesmo político e social.

O bloco hoje conhecido como União Europeia, assim denominado a partir do

Tratado de Maastrich em 1992, e que teve como marco de seu processo de

integração o tratado de Roma em 1957, nesta época denominando – se

Comunidade Econômica Européia (CEE), surge com a finalidade de reconstrução

dos países europeus devastados após a Segunda Guerra Mundial.

Atendendo ao interesse de reconstrução, os países membros da CEE se

unem a fim de promover uma nova política econômica.

A Política Agrícola Comum (PAC), a qual foi implementada com a finalidade

de estimular a produção de alimentos, garantindo assim um teto mínimo de renda

para os agricultores e minimizando os desabastecimentos ocorridos na época é a

proposta principal de estudo deste trabalho.

A partir desse estudo foi possível vizualizar o porquê de a política ser

considerada uma plataforma de crescimento para todo o continente e, ao mesmo

tempo, gerar insatisfação por parte de seus contribuintes.

Ao descrever a PAC, este trabalho discorreu sobre a influência que ela gerou

e continua gerando no processo de integração da comunidade europeia, através de

medidas colocadas em prática a fim de defender e manter o funcionamento da

política.

Para isso, no capítulo I foram apresentados os objetivos, a justificativa de

realização do estudo e os aspectos metodológicos utilizados para seu

desenvolvimento.

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O Capítulo II abordou os principais blocos econômicos existentes no comércio

internacional atual e dividiu-se em cinco partes: a primeira dedicando–se ao

MERCOSUL; a segunda ao NAFTA; a terceira a ALCA; a quarta aos Tigres Asiáticos

e a quinta, construindo assim uma ligação para o início do próximo capítulo, abordou

a União Européia.

O Capítulo III teve como objetivo apresentar como ocorreu a integração da

comunidade europeia a partir da criação da PAC, quais foram os fatores que tiveram

maior influência neste processo, e como as nações se posicionaram frente a ela.

O Capítulo IV discutiu a criação da PAC, a partir desta criação o capítulo se

dividiu em cinco partes: a primeira discutiu o objetivo da criação da política; a

segunda a sua contribuição para o desenvolvimento econômico da comunidade; a

terceira os impactos causados por sua existência; a quarta sua situação no cenário

europeu em 2012 e a quinta os principais produtos protegidos por ela.

O Capítulo V trouxe as perspectivas gerais do trabalho e as conclusões

observadas quanto à influência da PAC no processo de integração da comunidade

europeia.

Foi utilizada uma pesquisa qualitativa, com fins bibliográficos para a realização

da pesquisa.

1.1 Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo geral apresentar a influência ocasionada

pela política agrícola comum da União Europeia no processo de integração

europeu.

1.2 Objetivos específicos

• Descrever os processos de integração existentes em âmbito global;

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• Apresentar o processo de integração da comunidade europeia a partir da

criação da política agrícola comum;

• Identificar o funcionamento atual da política agrícola no continente

europeu.

1.3 Justificativa da realização do estudo

Este trabalho de iniciação científica possibilitou um maior conhecimento do

assunto abordado àqueles para quem o trabalho foi disponibilizado.

Para a acadêmica o trabalho ampliou seus conhecimentos teóricos, podendo

utilizá–lo como meio de melhor compreender o comportamento da política agrícola

presente no continente europeu há muitas décadas.

Para a Universidade, sua importância será constituída através das fontes de

informações atualizadas que virão a ser utilizadas, sempre fundamentadas em

fontes seguras, servindo assim de base para futuros estudos.

Para a sociedade, o trabalho também terá sua importância ao disponibilizar

fonte confiável de pesquisa acerca do tema abordado, sendo de fácil compreensão e

pesquisa.

1.4 Aspectos metodológicos

O método de pesquisa deste trabalho de iniciação científica foi de caráter

qualitativo, que segundo Goldenberg (1999, p.49): “[...] os métodos qualitativos

enfatizam as particularidade de um fenômeno [...]”.

Em relação aos meios, nessa pesquisa, o método utilizado foi o bibliográfico,

o qual de acordo com Vergara (1998, p.46): “Pesquisa bibliográfica é o estudo

sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas,

jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público geral.”.

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Com relação aos fins da pesquisa foi utilizado o método descritivo. Tal

método tem como objetivo descrever características de uma população ou de um

fenômeno, ou ainda, identificar a relação entre diversas variáveis. (GIL, 1996).

Assim sendo, esta pesquisa descreveu através de dados coletados, a

influência da política agrícola comum no processo de integração da comunidade

europeia.

1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados

A pesquisa apresentou os dados coletados através de livros, revistas e sites

especializados.

Os dados coletados foram analisados, interpretados e apresentados através

de textos descritivos, podendo ser utilizados também gráficos que visem o melhor

entendimento do leitor.

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2 COMÉRCIO INTERNACIONAL

O aumento do fluxo de comércio após a transposição de fronteiras é nítido e

traz como objetivo do comércio internacional: “[...] promover o bem estar dos povos

através do aumento de sua renda real proporcionada pela expansão do fluxo

comercial entre as nações.”. (DI SENA JÚNIOR, 2003, p.49).

Uma das principais razões da existência do comércio entre nações é que

isoladamente nenhum país consegue produzir tudo aquilo que necessita. A escolha

dos bens que farão parte deste comércio está diretamente relacionada à

disponibilidade de recursos naturais de cada país, suas condições climáticas e

tecnológicas para gerar fatores de produção. Desta forma: “[...] cada país deve

concentrar – se em produzir aquilo que lhe é naturalmente vantajoso, [...] seja por

seus recursos minerais abundantes, seja pela qualificação de seus trabalhadores, ou

ainda por uma localização geográfica privilegiada.”. (BORTORO et al, 2004, p. 78).

A partir do momento em que uma nação se sente segura no que diz respeito

a sua economia, esta passa a interagir com outras nações através de acordos e

tratados, proporcionando assim um maior crescimento e desenvolvimento de sua

população.

A tendência a partir da existência de acordos e tratados é a de formação de

blocos econômicos, criados com a intenção de facilitar o comércio entre os países

membros.

O capítulo que segue, terá como tema principal os blocos econômicos de maior

importância no cenário mundial atual e como eles estão classificados atualmente.

2.1 Blocos Econômicos

Para o estabelecimento de formas de cooperação ou na tentativa de criar

esquemas de integração regional, muitos países se unem. Existem diversos motivos

por trás destas tomadas de decisão: um país pode analisar sua participação nas

trocas comerciais mundiais com descrença e negativismo, outros mantém

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sentimentos de insegurança externa e ainda existem os que veem na integração um

meio de consolidação de sua soberania. (PLA, 1994).

Sejam quais forem seus motivos, ainda segundo Pla (1994, p. 24): “[...] as

regiões descobriram na integração a panacéia para acelerar seu crescimento

econômico, aperfeiçoar suas estruturas produtivas, atingir um grau maior de

participação no comércio mundial, bem como conter as ameaças externas de

dominação.”.

Considerando a opinião de Gandolfo (1994), os benefícios da integração

regional serão maiores quando as nações participantes tiverem um maior grau de

competitividade, devido à expansão das indústrias mais eficientes, e quanto maior

for o bloco aumenta a possibilidade de criação de comércio. Com isso, a formação

de blocos regionais traz maiores ganhos para nações cujas economias sejam

inicialmente competitivas, mas potencialmente complementares.

Os processos de integração dependem da necessidade de cooperação dos

países envolvidos para que haja uma maior gama de resultados. Estes processos

podem ser apresentados em diferentes níveis de integração, sendo eles: zona de

preferência tarifária, zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum,

união econômico monetária e união política. As características de cada um destes

níveis de integração são:

I. Zona de Preferência Tarifária: Admitida por alguns autores como um processo

antecedente à zona de livre comércio ela permite que seus países membros

concedam preferências tarifárias reciprocamente em detrimento dos não membros

(Beçak, 2000).

II. Zona de Livre Comércio: É denominada como a mais simples e antiga forma

de integração, visando à eliminação completa de barreiras tarifárias e de qualquer

tipo de obstáculo no comércio de mercadorias entre os Estados membros, sendo

que estes continuam mantendo relações comerciais independentes com países

terceiros. (OLIVEIRA, 2005).

III. União Aduaneira: “Além da livre circulação de mercadorias existe uma tarifa

externa comum aplicada em todas as fronteiras da união.”. (THORSTENSEN, 1992,

p.43). Por apresentar maior profundidade no processo de integração, a união

aduaneira difere–se da zona de livre comércio ao impedir que os países membros

conduzam sua política comercial com países terceiros de maneira independente.

(OLIVEIRA, 2005).

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IV. Mercado Comum: Esta forma de integração é aplicada com a finalidade de

permitir a livre circulação de fatores de produção, sendo eles: pessoas, serviços ou

capitais. (THORSTENSEN, 1992). Ainda segundo Thorstensen (1992, p. 43),

“implica a adoção de políticas comuns, coordenação e harmonização de legislações

fiscais, trabalhistas e de sociedades.”.

V. União Econômico Monetária: A União econômica acontece a partir do

momento em que existe harmonia nas legislações nacionais de políticas

econômicas, financeiras e monetárias. A partir da instituição de uma moeda única e

existência de política monetária unificada e controle das taxas de câmbio e reservas

por parte da união, há uma integração monetária. (THORSTENSEN, 1992)

IV. União Política: De acordo com Oliveira (2005, p.39): “[...] além da

coordenação e unificação das economias nacionais dos Estados Membros, há um

Parlamento comum, uma Política Exterior de Defesa e Segurança e de Interior de

Justiça também comuns.”. “O ponto final do processo seria a adoção da Federação

dos Estados com uma autoridade única”. (Thortensen, 1992, p.44).

Os processos que dão motivação à existência de blocos econômicos podem

também acarretar algumas consequências às empresas e à população dos países

integrantes. Como produtos que acabam entrando com melhores preços em um país

devido às políticas econômicas aplicadas nos blocos, os consumidores podem ser

prejudicados com a falta de emprego, ocasionada pela diminuição de produção das

empresas locais que não conseguem concorrer com os preços de tais produtos.

Apesar destas implicações, os blocos têm sua atuação voltada para uma

maior participação da sociedade nas decisões, mesmo que estas ainda sejam

tomadas pela elite econômica e governantes.

Para a sequência do tema abordado, nos próximos tópicos serão

apresentados cinco processos de integração de importância mundial.

2.1.1 MERCOSUL

Criado a partir do Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991, o bloco

tem diversos fatores que o definem, tais como: a eliminação de barreiras tarifárias e

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não tarifárias entre os países–membros com o intuito de propiciar a livre circulação

de bens, serviços e fatores de produção; a adoção de uma Tarifa Externa Comum

(TEC), esta que caracteriza o bloco como sendo união aduaneira e a coordenação

de políticas macroeconômicas e setoriais. (SEGRE, 2010).

O MERCOSUL, originado em 1991 tem como países membros desde então:

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, os quais formaram um alicerce para a

formação de uma nova conformação geopolítica. (CHALOULT et al, 1999). Não pode

ser considerada uma união aduaneira perfeita e ainda restam alguns degraus para

atingir o ápice do edifício almejado pelo Tratado de Assunção – o Mercado Comum.

Para que o resultado obtido seja uma verdadeira organização comunitária faz-se

necessária muita paciência no que se refere às negociações entre estados

membros. (PAULA, 2007).

Em relação ao sistema de solução de controvérsias do MERCOSUL, Gomes

et al. (2012, p.9) citam: “ [...] pauta - se pela consensualidade e pela celeridade na

solução dos casos que são a ele submetidos, primando pela solução das contendas

através de negociações diretas ou pela intervenção do Grupo do Mercado Comum ”.

Assim sendo, todos os países membros tendem a prezar pelo consenso no

que diz respeito à solução de qualquer problema que venha a ser gerado em

negociações que digam respeito ao bloco. Ao agir desta forma estarão colaborando

para que os objetivos sejam alcançados de uma maneira que satisfaça a todos e

proporcione assim um desenvolvimento econômico e político do bloco como um

todo.

Partindo deste princípio, foi suspenso no mês de junho de 2012, o Paraguai,

após o impeachment de seu até então presidente Fernando Lugo. Esta suspensão

segundo Carmo (2012) foi decidida ao constatar-se que não existia mais uma plena

vigência democrática no Paraguai, a qual é considerada condição essencial para o

processo de integração.

Com a suspensão do Paraguai, abriu-se a possibilidade da integração da

Venezuela ao bloco, afinal o Paraguai era o único que se opunha até então a tal

adesão. Com isso, no dia trinta e um de julho de 2012, de acordo com publicado por

Fellet (2012, p.1): “[...] a Venezuela sela sua adesão ao MERCOSUL, e inicia assim

um período de aceleração da história.”.

Desta forma, a situação do bloco no mês de outubro de 2012 é: há a

suspensão do Paraguai e o ingresso da Venezuela faz com que o bloco atue de

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maneira ativa com quatro membros, sendo eles: Brasil, Uruguai, Venezuela e

Argentina.

2.1.2 NAFTA

O NAFTA é caracterizado como uma zona de livre comércio e teve como

primeiro passo de seu processo de integração um Acordo de Livre Comércio firmado

entre Canadá e Estados Unidos, concluído no final de 1988, e que em 1992 após

uma terceira fase de negociações comerciais bilaterais, contou com a adesão do

México. (CHALOULT et al, 1999).

De acordo com Segre, (2010, p. 41) “Em dezembro de 1992, o Canadá, os

Estados Unidos e o México assinaram o North American Trade Agreement (NAFTA),

que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1994. O acordo prevê redução gradativa

das tarifas aduaneiras no comércio de bens entre os três países”.

A mais recente declaração dada pelos três representantes dos Estados

membros do NAFTA: o embaixador dos Estados Unidos, Ron Kirk; o Ministro de

Comércio Internacional do Canadá, Edward Fast e o Secretário da Economia do

México, Bruno Ferrari no dia três de abril de 2012, apresentam os principais

resultados da reunião realizada nesta mesma data entre eles.

Nesta declaração eles afirmam que acordam no fato de que o bloco

econômico continua tendo como prioridade o crescimento econômico sustentável e a

criação de empregos. Como há, entre eles, uma divisão dos benefícios adquiridos

pela existência do bloco, eles afirmam estar de acordo a respeito de ações que

visem expandir o comércio e investimentos e reduzir custos administrativos tendo

como finalidade o fortalecimento da competitividade dos países que representam.

(CANADÁ, 2012).

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2.1.3 ALCA

A Cúpula das Américas é considerada o ponto de partida para a criação da

Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Tal Cúpula foi realizada em Miami no

ano de 1994, durante o governo do até então presidente dos Estados Unidos, Bill

Clinton. Ela envolve trinta e quatro países das Américas com exceção de Cuba e se

sustenta em três princípios básicos: o fortalecimento das democracias, a proteção

dos direitos humanos e a promoção de oportunidades econômicas através do livre

comércio. (RATTNER, 2002).

Existe um fator que vem gerando bastante dúvida no que diz respeito à

implementação definitiva da ALCA, sendo assim alvo de inúmeras discussões.

Conforme informação publicada pela Comissão Parlamentar Conjunta do

MERCOSUL no ano de 2012:

A ALCA tem o prazo mínimo de sete anos para sua formação, a partir de 2005, mas neste instante enfrenta oposição para sua implementação, tanto do Congresso dos Estados Unidos, cujos congressistas historicamente defendem os interesses locais dos seus eleitores, quanto dos demais países do Continente Americano.

O fracasso nas negociações pode ser definido como consequência da

tentativa dos Estados Unidos de dominar economicamente o restante do continente,

tentativa esta que conta com a desaprovação dos outros países membros. Com isso,

o cenário atual do bloco limita–se a acordos bilaterais que continuam sendo

celebrados entre os Estados Unidos, maior interessado na implementação da ALCA

desde a Cúpula das Américas e o restante dos países do continente.

2.1.4 Tigres Asiáticos

Os tigres asiáticos é um grupo de economias altamente diversificadas,

diferenciando–se em políticas econômicas, cultura, população e recursos naturais. O

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grupo é composto pelos sete países asiáticos que seguem: Coréia do Sul, Taiwan,

Hong Kong, Cingapura, Tailândia, Malásia e Indonésia. (MDIC, 2012).

Ainda de acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

(2012):

A característica marcante deste grupo é que suas economias tiveram um crescimento rápido e sustentado no período de 1960 a 1990, devido ao alto índice de investimentos e rápido crescimento da poupança interna. [...] Com relação a perspectivas futuras podemos inferir que Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura tiveram sucesso em transformar o potencial produtivo local em produtos com preços competitivos com demanda nos mercados mundiais e em estabelecer o desenvolvimento sustentável, cabendo agora enfrentarem a transformação para um sistema político mais democrático.

Por fazerem parte de um processo de integração ainda recente, há muito a

ser desenvolvido e mudado nos sistemas político e econômico que unem este grupo

de países. Uma das características marcantes dos tigres asiáticos é sua atenção

voltada ao mercado externo, havendo mais atividades exportadoras do que

importadoras. Este dado preocupa ao gerar muita dependência de seus mercados

compradores, entretanto, somente com a existência de planejamento de novas

políticas de desenvolvimento os tigres asiáticos conseguirão se tornar mais

independentes politicamente.

2.1.5 União Europeia

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Europa encontrava–se

em uma situação na qual tinha questões econômicas e políticas para serem

resolvidas, primeiramente a necessidade de reconstrução de casas e fábricas e

reorganização econômica e em seguida evitar a eclosão de novos conflitos, que

trouxessem conseqüências mundiais.

Diversas foram as fases que levaram a União Europeia ao estágio em que se

encontra em 2012.

O primeiro passo foi dado logo após o fim da Segunda Guerra pelos Estados

Unidos, através da apresentação do Plano Marshall, no ano de 1948, este que

visava a reconstrução dos Estados europeus, mas, na verdade, as reais razões para

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o interesse dos Estados Unidos nesta reconstrução segundo Oliveira, (2005, p.88),

eram: “[...] primeiro: os países europeus poderiam formar um valioso mercado;

segundo: seus governos ainda colaborariam na missão de frear o ímpeto expansivo

da União Soviética [...]”.

A adesão ao Plano Marshall foi feita por dezesseis países, entretanto, quando

o plano de reconstrução passou a tomar formas e dimensões econômicas de caráter

capitalista, com traços de poderosa cooperação, os Estados Unidos se opuseram.

(OLIVEIRA, 2005).

Foi a partir deste plano que houve a criação da Organização Européia de

Cooperação Econômica (OECE), que em 2012 é conhecida como Organização para

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), através dela foi feita a análise

da criação de uma união aduaneira.

Durante este mesmo período houve a criação do Conselho da Europa (CdE),

este que mesmo contando com o apoio dos Estados Unidos, foi uma iniciativa direta

das forças europeias, com grande destaque aos governos inglês e francês,

podendo assim gerar forte influência sobre o processo de integração. (HERZ,

HOFFMANN, 2004).

Ainda no ano de 1948, durante a Conferência de Haia, duas correntes

europeias foram definidas, a primeira dos adeptos à cooperação intergovernamental

e a segunda dos adeptos à integração federal. A corrente federalista não estava

satisfeita com o Conselho da Europa e contava com o apoio da proposta francesa de

criação da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA). (OLIVEIRA, 2005).

A ideia de criação desta comunidade partiu do princípio de que a produção

siderúrgica representava o setor de maior importância nos processos de

industrialização e desenvolvimento econômico, tendo caráter simbólico no que

remete à produção de armamentos. (HERZ, HOFFMANN, 2004).

A CECA entrou em vigor em 1952, após ser criada durante o Tratado de

Paris, dispondo de dois objetivos, conforme citado por Oliveira, (2005, p. 95):

[...] a) de cunho geral, voltado à expansão eminentemente econômica, melhoria do nível de vida dos países participantes dessa nova organização e a harmonização dos Estados Membros através do estabelecimento de um mercado comum; b) de cunho imediato, direcionado a eliminar as restrições internas do comércio do carvão e do aço, impulsionar a liberação do comércio, desmantelar as políticas e práticas discriminatórias às competências supranacionais desse setor.

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Alguns autores, por sua vez, dão como início do processo de integração

europeu, o tratado assinado no ano de 1957 em Roma, pelos países: França,

Alemanha, Países Baixos, Itália, Luxemburgo e Bélgica (países membros da CECA),

cujo objetivo central girava em torno da aproximação das políticas econômicas dos

Estados membros e a criação de um mercado comum.

No início da década de 1990, após acontecimentos como a dissolução da

União Soviética, a queda do Muro de Berlim e a reunificação alemã, a Europa

buscou seu espaço na nova ordem internacional. A partir da assinatura do Tratado

de Maastricht em fevereiro de 1992, criou – se uma nova organização: a União

Europeia (UE). (HERZ, HOFFMAN, 2004).

O Tratado estabeleceu novas metas para a União Europeia, designando a

esta, a competência de elaborar projetos e ações em áreas como meio–ambiente,

indústria e coesão social, além disso, propôs medidas com a finalidade de aprimorar

a finalização do mercado comum e a introdução de uma moeda comum. (HERZ,

HOFFMAN, 2004).

O desenvolvimento do sistema monetário que implementou a moeda única

para o bloco: o euro, foi baseado em medidas que visavam manter a estabilidade da

moeda e evitar a desvalorização dela. Apesar do Tratado de Maastricht ter

estabelecido prazos para a adoção da moeda única, Reino Unido e Dinamarca não

aderiram.

Em 1998, onze países constituíram a Zona do Euro, são eles: Alemanha,

Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países

Baixos e Portugal. No primeiro mês do ano de 2002 o euro entrou em circulação e a

partir da retirada das outras moedas de circulação, passou a ser a única moeda

válida em todos os países da Zona do Euro.

Quando instituído, o euro contou com certa dificuldade de aceitação por parte

da população, entretanto a partir do momento em que foram surgindo facilidades,

como a eliminação das conversões de moeda e tranqüilidade nos processos de

negociação em viagens tanto de turismo quanto comerciais, ela acabou sendo mais

bem aceita. Atualmente, o euro é um símbolo de soberania estatal. (HERZ,

HOFFMAN, 2004).

No tocante à coletividade dos cidadãos europeus, o Acordo de Schengen de

1995, incorporado ao Tratado de Amsterdã em 1997, implementou a liberdade de

circulação de pessoas no mercado comum.

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A União Europeia conta com diversos órgãos, os quais representam enorme

importância para a sobrevivência do bloco, são eles: o Conselho da União Européia

(ex-conselhos de ministros), o Tribunal de Contas Europeu, o Tribunal de Justiça das

Comunidades Europeias, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia. O

Conselho Europeu, que não é considerado um órgão, tem sua importância baseada

em fatores como as Conferências Intergovernamentais, que são processos

efetuados por ele para a aprovação de qualquer modificação nos Tratados da UE.

Como citado por Herz e Hoffman (2004, p. 192), os processos decisórios de

alguns destes órgãos são os seguintes:

Conselho Europeu: votação por unanimidade, busca de consenso, declarações não obrigatórias; Conselho da União Européia: votação por unanimidade ou maioria qualificada dependendo da área temática, decisões obrigatórias; Comissão Europeia: votação por maioria simples entre os comissários, busca de consenso para propostas legislativas; Parlamento Europeu: votação por maioria simples ou 2/3, decisões de caráter recomendatório ou obrigatório dependo da área temática.

Em 2012, formada por vinte e sete países e sendo designada como uma

União Econômica e Monetária, a União Europeia destaca–se por ser o bloco

econômico mais desenvolvido em termos globais.

No próximo capítulo, será apresentado o processo de integração europeu e

como este se atrela à política agrícola deste continente.

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3 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO EUROPEU

Com uma consolidação adquirida ao longo dos anos, o processo de

integração da União Europeia teve que transpor inúmeros obstáculos e desafios.

Para tanto, faz-se necessário o estudo das etapas que permitiram a existência da

Europa Comunitária. Esta comunidade conta, em 2012, com um ramo do direito

conhecido como Direito Comunitário, o qual se constitui por uma ordem jurídica que

se sobrepõe à ordem jurídica interna de seus estados membros. Este fator, aliado a

diversos outros, discutidos ao longo deste estudo, permite que se diga que o

processo de integração europeu é o mais bem sucedido e avançado da história.

Partindo desta premissa, este capítulo tem por objetivo apresentar a

integração europeia, como este processo foi influenciado por sua Política Agrícola

Comum, e quais as nações integrantes da UE que mais se beneficiaram ou se

prejudicaram ao longo da história da PAC.

Para dar início ao estudo destes itens relacionados, são apresentados os

alargamentos da UE desde 1951, de acordo com Herz e Hoffmann (2004):

- 1951: Bélgica, Alemanha, Franca, Itália, Luxemburgo, Países Baixos;

- 1973: Dinamarca, Irlanda, Reino Unido;

- 1981: Grécia;

- 1986: Portugal, Espanha;

- 1995: Áustria, Finlândia, Suécia;

- 2004: Chipre, Eslovênia, Eslováquia, Estônia, Hungria, Lituânia, Letônia,

Malta, Polônia, República Tcheca.

Além destes, também houve a adesão em 2007 de Romênia e Bulgária.

3.1 Fases do processo de integração

Para que se possam avaliar as origens históricas do processo de integração

europeu, é necessário voltar bastante no tempo, mais precisamente entre os anos

de 1814 e 1815. Partindo da ideia exposta por Conde Henri de Saint-Simon em seu

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projeto apresentado no Congresso de Viena, uma organização europeia com moldes

de confederação poderia existir, partindo de uma aproximação entre França e

Inglaterra. (Herz, Hoffmann, 2004).

A ideia, no entanto, não teve aprovação, contudo serviu como base para

futuras tentativas e fortalecimento de opiniões neste sentido.

De acordo com Fernandes (1998), o processo de integração europeu passou

por três fases ao longo de sua evolução: a primeira de preparação; a segunda de

criação das organizações comunitárias e instalação das instituições e a terceira de

evolução das organizações comunitárias e instituição da União Europeia.

Cada uma destas fases foi alocada pelo autor nos seguintes períodos de

tempo: a primeira antecedeu a criação da CECA, que ocorreu no ano de 1951; a

segunda no período de abril de 1951 a abril de 1965; e a terceira no período de oito

de abril de 1965 prologando-se até hoje em 2012.

3.1.1 Fase de preparação

Reuniram-se para o Congressso de Haia em maio de 1948 representantes de

inúmeros movimentos que tinham como intuito unir a Europa, como por exemplo: o

“Movimento Socialista para os Estados Unidos da Europa”, as “novas equipes

internacionais” e o “Movimento para a Europa Unida”. Tais grupos pretendiam criar

base para uma futura União Europeia e como principal resultado deste Congresso

houve a aprovação do estatuto do Conselho da Europa. (Duverger, 1994)

O Congresso ocorreu em um momento no qual a Europa encontrava-se

devastada pelos resultados da Segunda Guerra Mundial, estando arruinada em

âmbito econômico e político.

Desta forma, as medidas que foram tomadas para solucionar os efeitos da

crise pela qual passava o continente europeu, caracterizam-se como protagonistas

desta fase de preparação, pois foi nesta fase que o Plano Marshall foi

implementado, a OECE foi instituída e foi criada a Autoridade Internacional de Rur,

que está ligada à criação da primeira organização comunitária, a CECA, esta que

deu início a segunda fase de integração da União Europeia. (Fernandes, 1998).

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3.1.2 Organizações Comunitárias e Instituições

Em 1951, institui-se a primeira organização comunitária, a partir da idéia de

Robert Schumann de que uma autoridade comum se responsabilizasse pelos

recursos de carvão e aço dos países europeus, demonstrando assim fortes raízes de

supranacionalidade, que é o modelo político que define a União Europeia atual.

A ideia de Schumann acabou por instituir a CECA, colocando assim sob-

responsabilidade de um único organismo as indústrias dos setores de carvão e aço

da Alemanha, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, sendo estes

considerados os países que deram início ao que hoje, em 2012, conhecemos como

União Europeia.

Esta foi a primeira vez em toda a história que os governos permitiram que

uma autoridade pudesse tomar decisões em defesa de um interesse comum,

sobrepondo-se desta maneira à soberania de cada Estado membro. (Fernandes,

1998).

Estes mesmos seis países, que ao longo dos anos foram se encorajando ao

tomar como base o sucesso da CECA, propuseram abrir negociações a outros

países europeus a fim de criar novas comunidades e trabalhar em novas políticas

comuns. Apesar da negativa de países europeus, como por exemplo, o Reino Unido,

entrou em vigor no ano de 1958 o Tratado de Roma, assinado pelos seis Estados-

membros e instituindo a Comunidade Econômica Européia (CEE) e a Comunidade

Européia de Energia Atômica (EURATOM).

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3.1.3 Evolução das Organizações e Construção da União Europeia

A terceira fase teve seu início ao realizar a fusão dos executivos, ou seja,

unificar as três Comunidades – CECA, CEE e EURATOM – em um só Conselho e

Comissão, sendo assim de extrema importância para a construção de uma Europa

Comunitária.

Desde esta fusão, a construção da Comunidade Europeia tem passado por

vários alargamentos, os quais contribuíram para um melhor relacionamento político e

comercial entre os países europeus, tendo em vista que tem que responder aos

mesmos organismos, por fazerem parte da política supranacional.

3.2 Alargamentos da Comunidade

Enquanto os primeiros alargamentos da União Europeia visavam construir

uma Europa livre e unida, os atuais exigem, de acordo com Kok (2003), que os

novos países se comportem de acordo com cinco premissas, sendo elas:

- Agir em conjunto na Europa: definindo políticas genuinamente europeias na

UE alargada.

- Dinamizar a economia europeia: proporcionando reformas que permitam um

crescimento de competitividade e também de empregos no mercado alargado.

- Tornar a Europa mais segura: aprimorando os níveis de cooperação em

matéria de justiça e segurança.

- Desenvolver parceria com países europeus vizinhos: ao possibilitar uma

política de vizinhança que proporcione prosperidade.

- Dar voz a Europa no cenário global: quanto maior a quantidade de membros,

maior deve ser a influência do bloco no cenário global.

Com isso, tanto os alargamentos mais antigos, quanto os atuais, contribuíram

para o desenvolvimento europeu, e estiveram por muitas vezes atrelados à Política

Agrícola Comum. Para tanto, tais alargamentos ocorreram em uma sequência

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cronológica, por vezes bastante próxima, e em outras tendo bastante tempo

separando-os.

Enquanto apenas os seis países integrantes da CECA faziam parte da CEE,

muitos outros notaram que as medidas adotadas por eles vinham sendo bem

sucedidas, e com isso o número de interessados na integração a este seleto grupo

foi crescendo.

No ano de 1973 foram acolhidas Dinamarca, Irlanda e Reino Unido, que

haviam apresentado seu pedido de adesão já no ano de 1961. Os entraves neste

processo foram, em sua grande parte, ocasionados pelo governo francês que se

opunha a permitir a entrada dos ingleses. Ainda neste primeiro alargamento houve a

rejeição da entrada da Noruega, a qual entrou com o pedido no ano de 1962 e teve

em 1973, 53% dos votos contra sua adesão.

Em 1981, tem aprovada sua adesão a Grécia, após a instauração de regime

democrático no país. Seguindo esta mesma premissa democrática, enquadram-se

ainda no segundo alargamento a Espanha e Portugal, que tiveram sua adesão

aprovada pelos Estados membros no ano de 1986.

Foi aprovado, no ano de 1993, a partir do “critério de Copenhague”, pelos até

então doze países membros, um alargamento da União Europeia aos Países da

Europa Central e Oriental e divulgadas também algumas exigências em torno desta

adesão, sendo elas de acordo com Kok (2003, p. 30): “possuir instituições estáveis

que garantam a democracia; a existência de uma economia de mercado em

funcionamento e assumir responsabilidades decorrentes da adesão.” Ainda referente

ao que fora acordado em Copenhague, Glenn (2003) afirma que: “A adesão passa a

depender também de uma avaliação da capacidade objetiva da UE em absorver os

novos membros.” Desta forma, são aprovados no ano de 1995, os pedidos de

adesão de Áustria, Finlândia e Suécia. A Noruega, tentando novamente sua adesão,

tem por mais uma vez, seu pedido negado.

No ano de 2002, o Conselho Europeu se reúne em Copenhague, e toma de

acordo com a própria Comissão Europeia (2003), uma decisão de enorme dimensão

política e moral, ao aceitar a adesão de dez novos países membros à União

Europeia, sendo oito deles antigos países comunistas. A adesão de tais países

ocorreu em maio de 2004, sendo eles: Chipre, Eslovênia, Eslováquia, Estônia,

Hungria, Lituânia, Letônia, Malta, Polônia e República Tcheca.

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Aprovados também em Copenhague em 2002, os pedidos de adesão de

Romênia e Bulgária vieram a se concretizar no ano de 2007, aumentando o número

total de membros para vinte e sete, número este que se mantém até o ano de 2012.

3.3 Impactos da PAC no processo de integração

O processo de integração europeu se atrela à criação da PAC após a

formalização do Tratado de Roma em 1957, o qual instituiu a CEE. Neste processo,

os seis países integrantes deram uma grande ênfase ao desenvolvimento da

agricultura na região, a fim de garantir a segurança alimentar e a autossuficiência.

Esta ênfase foi utilizada como motivação por trás da criação da PAC.

Conforme os alargamentos foram ocorrendo, a União Europeia encontrou a

necessidade de demonstrar solidariedade a seus novos membros, executando

reformas em sua política, não somente para poupar dinheiro, mas também para que

a política fosse posta em prática de maneira satisfatória. De acordo com Fouillex

(2003), o sucesso ou fracasso na administração e estabilização da política agrícola

tem sido um importante informativo do esforço geral rumo à integração europeia. Isto

se deve ao fato de a PAC ser a principal política de distribuição da comunidade,

retendo a maior parte do orçamento e fazendo com que os custos financeiros de

cada alargamento sejam bastante visíveis e quantificáveis (RYAN, 2005).

No que tange à política agrícola comum e seu impacto na integração

europeia, o primeiro exemplo ocorre já no alargamento de 1973 quando houve a

tentativa de gerir de forma a contrabalancear os efeitos da adesão de Dinamarca,

Reino Unido e Irlanda, pois no que dizia respeito ao Reino Unido, de acordo com

Barbosa (2006), este não tinha como objetivo investir de maneira significativa no

orçamento comunitário pró-agrícola, pois não condizia com sua capacidade

produtiva. Esta falta de ajuda poderia, de certa maneira, inviabilizar o processo.

Já no segundo alargamento, o qual permitiu a adesão de Grécia em 1981 e

Portugal e Espanha em 1986, houve a criação dos Programas Mediterrâneos

Integrados, que de acordo com Glenn (2003): “agiam em favor dos membros já

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existentes que se sentiam de certa forma ameaçados pelos novos entrantes.” No

mesmo período deste alargamento foi instituído o Fundo de Coesão, o qual

beneficiou especialmente a Espanha, país que enfrentava inúmeras restrições no

que dizia respeito a sua participação na PAC.

O terceiro alargamento ficou marcado pela economia firme dos novos

membros, mas estes tiveram que se adpartar à mudanças que vinham sendo

aplicadas à legislação tanto na comunidade, quanto no âmbito da PAC. Foram

providenciadas também, ajudas através de Fundos Estruturais para áreas de baixa

densidade populacional, a fim de ocupá-las e possuir maior utilização e

aproveitamente de espaços, com fins produtivos e de desenvolvimento econômico.

Com isso, nota-se que historicamente há reformas na estrutura da PAC que

precedem cada alargamento da comunidade. Como divulgado pela própria

Comissão Europeia (1999), através de um documento referente à reforma efetuada

no ano de 2000: “a pré-condição imposta para futuros alargamentos na comunidade,

com a finalidade de permitir a entrada de países da Europa Central e Oriental (ECO)

era que houvesse uma reforma na política agrícola.”.

Com a Agenda de 2000, permitiu-se então uma melhor avaliação da entrada

dos países da Europa Central e Oriental, a qual foi vista durante algum tempo como

problemática por diversos motivos. Os mais significantes eram a grande diferença de

preços existente entre os países da Europa Central e Oriental e os países já

integrantes, bem como os baixos custos de produção daqueles, devido à baixa

pressão salarial instalada sobre eles. (Barbosa, 2006).

A preocupação no que se refere à livre circulação de pessoas e serviços

também existia, pois o ocasionamento de migrações de áreas urbanas para rurais

poderia ocasionar uma desindustrialização.

Outro motivo era o fato de os novos membros terem sua produção agrícola

voltada majoritariamente a produtos que foram em várias situações, problemáticos

dentro do sistema da PAC, sendo causadores de suas principais despesas, podendo

ser citado neste caso: açúcar, leite, cereal e carne. (FULLER, BEGHIN, 2000).

Depois de sanadas as dúvidas e temores e com o intuito de evitar

descontroles no orçamento, a UE propôs que a adesão dos novos entrantes na

União Europeia e também em seu âmbito agrícola fosse feito de maneira gradativa,

sendo 25% em 2004, passando para 30% em 2005, chegando aos 100% em 2013.

A proposta contou conforme relatou Glenn (2003) com oposição por parte da Polônia

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que era um dos países aderentes, e também de países já integrantes como

Alemanha, que afirmava que esta entrada gradativa causaria problemas distributivos

futuros.

Todos os impasses referentes a esse novo alargamento só foram sanados

quando houve concordância entre países que geralmente adotam opiniões opostas

quanto à política agrícola. Para que esses acordos sejam compreendidos, faz-se

necessário que seja descrita a posição das nações européias frente à esta política.

3.4 Posição das nações europeias frente a PAC

Desde o primeiro passo dado quanto à integração europeia, a necessidade de

incluir o setor agrícola nos acordos comunitários foi incontestável por todos os

membros.

Inúmeros foram os motivos relatados para a inclusão da política agrícola

nestes acordos. Muito deles, deviam-se ao fato de os benefícios prestados a

algumas economias, quando permitido que a política agrícola se mantivesse no

âmbito dos governos nacionais. Afinal, os países que pudessem praticar preços

baixos com relação à atividade agrícola, poderiam obter vantagens comparativas

também em outros setores econômicos.

O primeiro embate no que se refere ao estabelecimento da política que muitos

creem ter acontecido entre Franca e Alemanha, ocorreu, na verdade, de acordo com

Buckwell (1997), entre França e Holanda. Enquanto a primeira era grande defensora

do protecionismo, a segunda sempre defendeu uma política agrícola comum o mais

reduzida possível.

Para que a série de disparidades que ocorriam com relação à política agrícola

fosse amenizada, foram criados em 1974, os Fundos Estruturais para o

Desenvolvimento Regional (FEDER), que unidos aos já existentes: Fundo Sociai

Europeu (FSE) e Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA),

formaram os Fundos Estruturais. Estes fundos constituem-se de ajudas não

reembolsáveis que além de reduzir as disparidades entre as regiões da

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Comunidade, ajudavam a definir quais eram as prioridades para aplicação de

recursos. (Stuart, 2005).

A partir da criação destes fundos, ocorreu logo após a adesão de Portugal e

Espanha, uma enorme barganha entre os países membros, pois a Espanha defendia

um aumento deles. A França, país de grande importância e presença durante toda a

história da política agrícola se opôs durante algum tempo a tal aumento, mas acabou

por ceder e apoiar a duplicação dos fundos.

Com o apoio de todos e os membros agindo de forma cooperativa, as nações

se posicionaram a fim de canalizar as ajudas para países com PIB mais baixo, como

Espanha, Grécia, Portugal e Irlanda. Além disto, estas quatro nações adicionadas à

França e Reino Unido receberam ajudas no sentido de combater o desemprego.

(Stuart, 2005)

Após este acordo na década de 70, as nações encontraram-se em um

embate novamente no início da década de 90. Enquanto caminhavam para a

insitutição da União Política e Monetária, a questão de desequilíbrio entre nações

ricas e pobres voltou novamente a ser discutida. A Espanha posicionou-se

novamente de forma bastante firme, e a criação de um novo Fundo, o Fundo de

Coesão. Mesmo com uma reprovação da Dinamarca em um primeiro momento e

uma aprovação mínima da França, o Fundo foi aprovado e entrou em vigor no

tratado de Masstricht em 1992. (Delors,1993).

Já no ínicio dos anos 2000, surge novamente uma tensão entre os Fundos

Estruturais e a Política Agrícola. Enquanto o primeiro visava permitir o

desenvolvimento de políticas que se adequassem a realidade europeia a fim de

permitir novos alargamentos, a segunda sofria pressão para que houvesse

diminuição de subsídios, tendo em vista o peso que estes representavam em termos

econômicos para a União Europeia.

Neste âmbito de negociações encontraram-se três grupos distintos, os quais

segundo Stuart (2005), “Alemanha, Áustria, Holanda e Suécia exigiam reformas

tanto na PAC quanto nos Fundos; o segundo formado por Espanha, Portugal, Grécia

e Irlanda, se posicionaram em defesa somente dos Fundos; enquanto o terceiro

grupo formado por França, Itália, Dinamarca, Bélgica e Luxemburgo serviam de

intermediadores.”.

A decisão de tal impasse deu-se ao manter tanto a PAC quanto os Fundos,

sem que se aumentassem os recursos exigidos para suas manutenções.

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Esta decisão tem resultado satisfatório no continente europeu, apesar de

ainda existir desigualdade entre muitos países membros, pricipalmente após a

adesão de dez novos membros em 2004, adesão esta que ainda segundo Stuart

(2005, p.11): “fez com que a UE ganhasse um novo perfil, com aproximadamente um

terço de sua população abaixo da média do PIB per capta da UE.”.

Desta forma, para que se faça compreensível o esforço empregado pelos

países europeus em avançar a partir de reformas em suas políticas públicas, de

maneira a apresentar uma coesão econômico-social, é preciso que a política

agrícola, a qual esta conectada ao processo de integração da UE desde suas raízes

seja estudada. Através deste estudo será possível avaliar seus principais objetivos,

contribuições, impactos, reformas e produtos protegidos.

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4 POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM

Este capítulo tem como objetivo expor as razões que levaram a Política

Agrícola Comum (PAC), a se consolidar tanto na sociedade europeia quanto em

suas instituições reguladoras.

Por estar diretamente ligada aos interesses dos agricultores no cenário

europeu pós-guerra, sua criação no ano de 1962 foi baseada em princípios e

objetivos básicos e teve seus esforços concentrados na reorganização do espaço

europeu nos âmbitos físico, produtivo e social.

Apresentou desde sua criação grande contribuição para o desenvolvimento

do cenário econômico europeu, e através de suas reformas, que continuam

acontecendo, tem adquirido força em algumas situações. Apesar disto, neste mesmo

cenário, ela apresentou alguns impactos negativos ao longo dos anos, que vieram a

causar um desconforto e ameaça à sua sobrevivência.

Por intermédio de práticas protecionistas, foram adotadas políticas de preços

para diversos produtos, com a finalidade de facilitar seu comércio e produção.

4.1 Objetivos de sua criação

Para assegurar seu funcionamento na defesa dos interesses dos produtores

agrícolas, fossem eles de pequeno ou grande porte, a PAC se baseou em alguns

objetivos, os quais estão delineados no artigo 39 do Tratado de Roma:

a) aumentar a produtividade da agricultura, desenvolvendo o progresso técnico, assegurando o desenvolvimento racional da produção agrícola, bem como o melhor aproveitamento dos fatores de produção, nomeadamente da mão–de–obra; b) assegurar, assim, um nível de vida justo à população agrícola, nomeadamente, pelo aumento do rendimento individual dos que trabalham na agricultura; c) estabilizar os mercados; d) garantir a segurança dos abastecimentos; e) assegurar preços razoáveis no fornecimento aos consumidores. (NOUSCHI, 1996. p. 113).

Para que houvesse, em termos econômicos, uma união dos Estados

membros da União Europeia em prol da eficácia desta política, ela fundamentou-se

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em três princípios: a unicidade de mercado onde há livre circulação de produtos

agrícola, e os direitos aduaneiros estão ausentes existindo preços únicos comuns

entre os Estados membros; o segundo, a solidariedade financeira, onde existe a

participação de todos os Estados membros e cada qual contribui proporcionalmente,

através de critérios como Produto Interno Bruto (PIB) e população; e por fim a

preferência comunitária, que se caracteriza pela defesa da produção interna da

concorrência externa através da estruturação de uma Tarifa Externa Comum.

(Thorstensen, 1992).

Com isso, foi dado o passo inicial para uma política em que há um estímulo

na produção de alimentos, fazendo com que os Estados membros sejam

autossuficientes e a população adquira um padrão de vida justo. Assim sendo, esta

mesma população atende às expectativas políticas, ao apoiar o projeto de

integração europeu.

Desta forma, segundo Abramovay (1999), o início da PAC, deu–se através da

aliança entre profissionais agrícolas e autoridades europeias em torno da

necessidade de organização de um único estabelecimento produtivo.

4.2 Contribuição para o cenário econômico europeu

Por meio do controle da produção doméstica e dos preços de importação, a

PAC consegue administrar a oferta agrícola local e trabalhar para o alcance de

metas internas de preços. (USDA, 2001)

Tal feito, aliado à diversas medidas protecionistas, garante a competitividade

dos produtos comunitários e a exportação de excedentes, os quais vem crescendo

ao longo dos anos devido a sucessivos aumentos de produção. A garantia de que

estes excedentes serão vendidos se dá através de subsídios concedidos às

exportações.

Para que as medidas já citadas e outras também existentes sejam cumpridas,

existem as Organizações Comuns de Mercados (OCM’s), definidas como um

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conjunto de regras que ordenam o tratamento da PAC para setores e/ou produtos

agrícolas.

De acordo com Thorstensen (1992, p.92): “[...] estão inclusas nas OCM’s:

regulamentação de preços, subsídios à produção e comercialização, livre circulação

dentro do mercado comum e regime de trocas com países terceiros[...]”

Como princípios das OCM’s são definidos, ainda segundo Thorstensen (1992,

p.93): “a) livre circulação e concorrência no interior da Comunidade Europeia; b)

tratamento idêntico a todos os produtos com relação à países terceiros; c) formação

livre de preços no mercado; d) financiamento comum”.

Na prática, as OCM’s atuam da seguinte forma: os preços normalmente

operados pela União Europeia estão acima do mercado mundial, quando há uma

queda no preço de referência na esfera local, órgãos de intervenção compram o

excedente da produção local.

Enquanto no que diz respeito à esfera externa, há um incentivo das

exportações comunitárias; os altos preços da esfera local, já citados anteriormente

são compensados por meio de restituições às exportações, assim, a diferença

existente entre o preço mundial de exportação e o de mercado interno europeu é

coberta. Ainda como maneiras de proteção de ameaças externas, são praticadas

tarifas de importação elevadas, impedindo que a oferta de produtos agrícolas de

outros países consiga entrar em mercado europeu com preços acessíveis.

Como cita Alvim (2003), sua importância encontra-se no fato de viabilizar o

mercado comum agrícola, eliminando obstáculos ao livre comércio dos produtos

agropecuários, ao mesmo tempo em que mantem barreiras aduaneiras comuns aos

produtos dos países não pertencentes ao bloco.

A fim de promover a contribuição da política para o cenário europeu, a

Comissão Europeia disponibiliza regularmente informações acerca da política,

afirmando que o objetivo da PAC é apoiar os rendimentos dos agricultores ao

mesmo tempo em que os incentiva a criar produtos de alta qualidade, de acordo com

as exigências do mercado, e a procurar novas oportunidades de desenvolvimento,

nomeadamente fontes de energia renováveis mais “verdes”. (Comissão Europeia,

2012).

Ao promover melhorias na produção agrícola local, a política contribuiu para

que a União Europeia se tornasse um parceiro importantíssimo no mercado mundial

de produtos agrícolas, se posicionando - segundo dados publicados do ano de 2005

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- como maior importador de produtos agrícolas e segundo maior exportador destes.

(Comissão Europeia, 2012).

4.3 Impactos causados pela existência da PAC

A existência da PAC é considerada por muitos autores como um dos

principais desequilíbrios no orçamento da União Europeia. Segundo dados da

Comissão Europeia: “Durante os primeiros anos de existência da UE, a PAC

representou uma parcela significativa das despesas orçamentarias, mais de dois

terços em determinados momentos.” Atualmente, em 2012, a PAC custa cerca de 55

bilhões de euros por ano, o que representa 40% do orçamento total da UE, menos

do que 0,5% de seu PIB.

As medidas tomadas a fim de ajudar no desenvolvimento da política, como os

subsídios aplicados para combater os excedentes ou até mesmo a eliminação

destes no espaço comunitário, acabaram por ocasionar uma elevação nos custos

orçamentários, não despertando, desta forma, interesse nos agricultores e causando

distorções em inúmeros mercados consumidores. Esta impopularidade junto a

consumidores e contribuintes causada pelo aumento dos custos mostrou um dos

impactos negativos da política.

Como é esperado em se tratando de uma política que envolve vários países

membros, também existe entre eles muitas opiniões divergentes, principalmente

quando uns acabavam se beneficiando mais do que outros. No que se refere à

esfera agrícola a França é de acordo com Savini (2001): “a mais beneficiada”, sendo

ela o caso mais notório de absorção de recursos por meio da política. Tal fato

explica o porquê deste país ser o maior defensor do modelo exportador e

“produtivista” da PAC, enquanto por outro lado governos como o alemão e

dinamarquês criticam tal sistema, utilizando como argumentos crises causadas pela

síndrome da “vaca louca” e da febre aftosa. (SAVINI,2001).

Através do estudo dos fatores que tornavam o desenvolvimento não somente

da política, como do bloco econômico como um todo bastante complicado, medidas

foram sendo tomadas através de reformas ao longo dos anos. Estas reformas

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37

fizeram com que a PAC mostrasse sua força através do que representa na história

do continente Europeu e também no seu cenário atual.

4.4 A PAC no cenário europeu atual

Em 2012, existe um aprimoramento dos objetivos traçados a partir da criação

da PAC. Hoje em dia, ela preza pela produção de alimentos seguros, de elevada

qualidade e em quantidade suficiente para os consumidores europeus, além de

contribuir de forma plena para o desenvolvimento econômico diversificado das zonas

rurais, visando respeitar normas que fazem menção à proteção do meio-ambiente e

bem estar dos animais.

A PAC no cenário atual é orientada para a procura por produtos. A partir da

sua nova visão de compreender o interesse de agricultores e consumidores, acabou

por conferir aos agricultores europeus a liberdade de produzirem o que o mercado

procura. Anteriormente, se os níveis de produção eram elevados, os agricultores

recebiam mais subsídios. Agora, a maioria da ajuda atribuída aos agricultores não é

paga em função das quantidades produzidas.

Neste novo sistema, os agricultores ainda recebem apoio direto ao seu

rendimento, entretanto, a relação com o produto produzido foi eliminada. Foi exigido

aos agricultores, respeito às normas já citadas de proteção ao meio-ambiente e bem

estar animal. Aqueles que se opuserem ao respeito destas normas estarão sujeitos à

redução em seus pagamentos diretos. A eliminação da relação entre subsídios e

produção - geralmente designada por dissociação - tem como meta que os

agricultores da UE se orientem mais pelas regras do mercado. Assim, terão

liberdade de optar por produções mais rentáveis, desfrutando ao mesmo tempo da

estabilidade necessária em termos de rendimento.

Todas estas mudanças foram sendo conhecidas ao longo dos anos através

de reformas efetuadas no âmbito da política agrícola. Estas reformas são de extrema

importância para o continente europeu como um todo e tem suas principais

contribuições muito bem traçadas.

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4.4.1 A Reforma de 1992

Conhecida também como reforma de McShary, a reforma de 1992 teve como

principal objetivo resolver os inúmeros problemas que a PAC enfrentava tanto em

âmbito externo quanto interno. Estas dificuldades precediam, no âmbito interno, do

grande aumento dos excedentes agrícolas, que, por sua vez, existiam devido aos

crescentes subsídios disponibilizados às exportações e altos índices de intervenção

no mercado. Já no âmbito externo, as dificuldades eram causadas por conflitos

comerciais com outros países exportadores e as pressões impostas por organismos

internacionais como o GATT e a OMC, a fim de reduzir os níveis de proteção à

agricultura. (Regulamentos CEE 1765 e 1766/92).

A reforma também procurou combater os apoios a um pequeno número de

produtores e a intensificação de métodos com efeitos poluentes ao meio-ambiente.

Desta maneira, a reforma de 1992 resultou em inúmeros fatores. O primeiro deles

foi à contenção de produção sempre que necessário, possibilitando um equilíbrio do

mercado a fim de evitar acúmulo de excedentes e aumento de despesas. O segundo

foi o reconhecimento de interdependências internacionais, fazendo com que a União

Européia assumisse seu papel como um dos principais agentes do comércio

mundial. O terceiro fator foi o aumento no número de agricultores a fim de preservar

o ambiente natural e promover, desta forma, uma melhor repartição do apoio

prestado, levando em consideração as situações difíceis pelas quais determinados

agricultores e regiões foram obrigadas a passar anteriormente. (Regulamentos CEE

2078 a 2080/92).

Com esta reforma, alguns instrumentos de apoio à produção, como o sistema

de pagamentos diretos foram complementados por um controle de oferta que foi

implantado através de uma retirada obrigatória das terras de produção. A partir dela

também se destacaram o apoio a medidas agroambientais e de florestação de terras

agrícolas, demonstrando assim uma inclinação para o início da vertente ambiental e

territorial da PAC.

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4.4.2 A Reforma de 2000

Conhecida também como Agenda 2000, aprofundou e ampliou a reforma de

1992, fazendo com que os objetivos de sustentabilidade e competitividade da

agricultura da União Europeia fossem reforçados. Com a finalidade de estímulo de

crescimento do mercado e maior participação europeia no cenário mundial no que

diz respeito à competitividade, foram adotadas medidas para redução dos preços.

Para que estas reduções fossem compensadas, houve um aumento na ajuda direta.

Já no que diz respeito à sustentabilidade, a PAC apresentou duas divisões, a de

apoio aos mercados e a de desenvolvimento rural, que passaram a ser um dos

pilares da PAC, proporcionando um maior ordenamento do espaço e proteção da

natureza. (Regulamento UE 1257/99).

Desta forma, destacam-se, de forma sucinta como sendo os pontos principais

da Agenda de 2000, a política mais competitiva nos mercados mundiais, a maior

acessibilidade para o consumidor, prioridade ao desenvolvimento rural e

preocupações ambientais.

4.4.3 A Reforma de 2003

Antes mesmo que a Agenda de 2000 fosse implementada, diversas

mudanças foram propostas, cujos objetivos eram preparar o setor agrícola para

novos desafios. Desta maneira, no ano de 2003 uma nova reforma foi apresentada,

tendo como principais desafios, segundo Europa (2012):

- A promoção de uma agricultura sustentável: ao permitir que os agricultores

produzissem se adaptando às necessidades do mercado, a PAC reduziria a ligação

entre subsídios e produção, permitindo que os agricultores se tornem mais

competitivos.

- A promoção da qualidade dos alimentos, respeitando as normas e meio-

ambiente: os agricultores sendo remunerados quando tomam medidas com a

finalidade de preservação de recursos naturais, patrimônio rural e segurança

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alimentar. Assim sendo, unindo os componentes do ambiente, segurança alimentar e

bem-estar animal, a PAC vai ao encontro das necessidades impostas pela opinião

pública europeia e garante o funcionamento das prioridades estabelecidas para o

setor.

- A reforma no sistema de ajuda direta: ao simplificar este sistema, inicia-se

uma redução da carga burocrática, a qual se relaciona com as declarações de

produção e também aos cultivos.

- A estabilidade das despesas: com um número crescente de despesas ao

longo dos anos, fez-se necessária uma nova diretriz para as despesas agrícolas. Tal

diretriz, estabelecida no ano de 2003, congelou despesas e criou um mecanismo de

disciplina financeira.

- Aumento da forca da UE perante OMC: com a diminuição das ajudas à

produção, exigidas através das pressões feitas sobre a UE, conseguiu se

reposicionar de maneira positiva no contexto das negociações da OMC.

Os objetivos listados serão alcançados através de um equilíbrio entre os dois

principais pilares da política agrícola, o segundo pilar relacionado às medidas

estruturais e as de efeito territorial e ambiental, terá um aumento de seus fundos

através da transferência das ajudas do primeiro pilar, o qual incorpora apoios à

gestão de mercado e principalmente ao rendimento.

4.4.4 A Reforma de 2008

No ano de 2007, a Comissão Europeia avaliou a reforma da PAC de 2003

com o intuito de introduzir os ajustes necessários para o processo de preparação da

agricultura europeia para um ambiente de rápida mutação.

Já no ano de 2008, precisamente no dia 20 de novembro, uma nova Reforma

foi introduzida, também conhecida como “Exame de Saúde”. Os ministros da

Agricultura da UE chegaram a um acordo político sobre a PAC, cujo objetivo era

modernizá-la, simplificá-la e racionalizá-la a partir da remoção de restrições aos

agricultores, ajudando-os a responder de maneira mais eficiente aos sinais do

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mercado e a enfrentar novos desafios, como as alterações climáticas, a gestão da

água e bio-energia.

Paralelamente aos objetivos citados, a UE publicou respostas à crise

alimentar mundial. Para além da modernização da PAC, é recomendada a aplicação

de medidas destinadas a garantir a segurança do abastecimento alimentar e a

melhoria da cooperação internacional com os países pobres.

A resposta política pela Comissão Europeia em 2012, esta assentada em três

vertentes:

Em curto prazo: “exame da saúde” da Política Agrícola Comum e acompanhamento do setor retalhista no âmbito da Revisão do Mercado Único em conformidade com os princípios da concorrência e do mercado interno; b) em longo prazo: iniciativas destinadas a aumentar a oferta de produtos agrícolas e garantir a segurança alimentar, mediante a promoção de critérios sustentáveis para os bicombustíveis e o desenvolvimento das futuras gerações de bicombustíveis na Europa e no âmbito internacional, e reforço da investigação no setor agrícola e da divulgação dos conhecimentos, nos países em desenvolvimento; c) iniciativas destinadas a contribuir para o esforço global no sentido de lutar contra os efeitos dos aumentos dos preços junto das populações mais pobres, incluindo: uma resposta internacional mais coordenada à crise alimentar, designadamente no contexto da ONU e do G8, busca de uma política comercial aberta que ofereça aos países mais pobres do mundo um acesso preferencial ao mercado da UE, resposta rápida às necessidades humanitárias imediatas em curto prazo, orientação da ajuda ao desenvolvimento para projetos a mais longo prazo, a fim de revitalizar a agricultura dos países em desenvolvimento.

Ao se posicionar desta maneira, a UE mostra o quanto suas reformas tem

evoluído e demonstrado a cada atualização sua preocupação com um

desenvolvimento sustentável não somente no âmbito Europeu, como também nos

demais mercados com os quais mantem negociações.

4.4.5 Futuras Reformas

Durante as negociações da rodada de Doha, a UE propôs que se

eliminassem os subsídios à exportação até 2013, da mesma forma que fossem

reduzidos de maneira significativa os direitos de importação aplicáveis aos produtos

agrícolas. A partir destas mudanças um novo plano financeiro a PAC está sendo

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criado, com o intuito de ser aplicado no ano de 2013, como sendo uma nova reforma

a ter seus resultados aplicados no período de 2014 a 2020.

Nesse novo plano está inclusa a duplicação da produção alimentar até 2050,

tendo em vista o grande crescimento demográfico e aumento do consumo de carne,

tendo ao mesmo tempo impactos nas alterações climáticas (como perda de

biodiversidade, deterioração da qualidade dos solos e da água). Medidas para

preservação dos recursos naturais são, portanto, de extrema necessidade para o

futuro europeu.

Além disso, quaisquer novos conhecimentos que venham a agregar valor no

que diz respeito à facilidade para os agricultores em combater seus futuros desafios,

também são valorizados.

Esta nova reforma está dividida em dois grupos, o primeiro encabeçado pela

França, sendo composto pelos países que mais se beneficiam com a PAC, os quais

defendem a agricultura como sendo um setor estratégico para a UE; o outro liderado

pelo Reino Unido, composto por países que afirmam estar pagando valores

absurdos ao orçamento da comunidade, defendendo uma grande redução no

orçamento agrícola. Este segundo grupo acredita ser uma união política capaz de

decidir o futuro das próximas negociações.

As futuras reformas estão condicionadas segundo Cunha (2010), por dois

fatores: o primeiro deles o fato de as negociações tratarem de um pacote muito

vasto de reformas, o segundo as pressões orçamentárias, considerando que o limite

máximo para políticas da União era em 2010 de 1,24% do PIB da União Europeia.

Ainda de acordo com Cunha (2010), as próximas reformas abordarão cinco

temas, sendo eles:

- Os custos de oportunidade da PAC: este tema vincula-se diretamente a

debates inerentes a orçamento e interesses divergentes de Estados membros.

Através da enorme pressão para combater as despesas e a necessidade de

direcionar mais recursos à outras prioridades da União, como por exemplo, combate

ao desemprego, exclusão social, incentivo à inovações e alterações climáticas. A

PAC tem a necessidade de avaliar se as despesas tem prejudicado tais

investimentos necessários.

- Os alargamentos: vinculados também às dificuldades orçamentárias, tendo

em vista que não se pode incluir novos membros a União Europeia sem que haja um

aumento de despesas.

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- Distribuição e desligamento da ajuda direta: indo na contramão do corte de

despesas, a necessidade da sociedade europeia de possuir um grande conjunto de

bens que somente a agricultura pode assegurar acaba por causar algumas

contradições no que se refere às futuras reformas. Estes bens são caracterizados

por sua segurança e qualidade, bem como suas regras de sustentabilidade, evitando

também a necessidade de compra de países terceiros. Como não havia

remunerações suficientes para a produção de tais produtos, houve a aplicação de

políticas públicas, através de subsídios e ajuda direta. Como esta ajuda era

direcionada com bases históricas de produção por agricultor, a reforma de 2003

acabou por desligar a maior parte delas.

Em 2010, foi avaliado que a ajuda existente tinha níveis totalmente desiguais

entre países; os pagamentos eram feitos de forma proporcional as produções, ou

seja, estava sendo pago mais àqueles que menos precisavam, pois os produtores

de produção mais elevadas acabavam por receber quantias maiores. Desta maneira,

a PAC enfrenta problemas para definir o futuro das negociações no que diz respeito

às ajudas diretas, afinal, por um lado está a opinião pública, defendendo a queda do

orçamento agrícola, e no outro a necessidade de não haver queda no orçamento, a

fim de possibilitar a melhor distribuição desta ajuda por agricultores e territórios.

- Equilíbrio entre pilares: a necessidade de equilíbrio entre os pilares já existe

desde a reforma de 2000, entretanto, enquanto o primeiro pilar, de gestão de

mercado e rendimentos, é financiado inteiramente pela UE, o segundo, relativo às

medidas estruturais e de efeito ambiental e territorial, não recebe o mesmo

tratamento.

Como já estudado ao longo deste trabalho, um aumento da ajuda para o

segundo pilar acontecerá à medida que forem diminuídas as ajudas do primeiro.

Com o cenário apresentado em 2012, existem distorções de concorrência entre

Estados membros, pois os países mais pobres têm menor capacidade de financiar

seus orçamentos, seguindo como perdedores com relação aos que possuem

melhores condições de financiamento.

- A PAC e a Organização Mundial do Comércio: todas as reformas aplicadas na

PAC visaram ser compatíveis com as regras da OMC, para que pudesse contar não

somente com o apoio da organização, mas como de seus países integrantes, afinal,

muitas opiniões divergentes no que diz respeito à aplicação da política são

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discutidas ao redor do mundo. As futuras reformas tem a mesma intenção, caminhar

lado a lado com as ações da OMC.

Todas as estratégias para a concretização das reformas da política agrícola

devem ser muito bem traçadas. Não existe futuro definido, no caso de apoio as duas

correntes de ação, sejam elas a de modelo francês, a qual defende a gestão de

mercado e orçamentos, ou de modelo britânico, a qual apóia mudanças estruturais

no que diz respeito ao financiamento prestado ao segundo pilar.

Ambas as correntes somente conseguirão chegar a um acordo sobre como

agir, a partir do momento que se propuserem a enxergar tudo que as restringe, e a

partir destas restrições, serem capazes de alcançar pelo menos uma parte de seus

objetivos. Somente através de consenso nas negociações e a união destas

correntes, o futuro de uma evolução positiva para toda a UE estará garantido.

4.5 Principais produtos protegidos pela política

Ao promover o desenvolvimento agrícola e proteger as atividades praticadas

em seu mercado local a PAC encontra-se na necessidade de criar regimes especiais

para defender suas produções locais de certa gama de produtos. Nas últimas

reformas os principais produtos que tiveram ajustes foram: grãos, arroz, laticínios,

carne bovina, oleaginosas, açúcar, frutas e verduras, algodão, tabaco, azeite e

lúpulo.

De acordo com dados coletados pelo Departamento de Agricultura dos

Estados Unidos (USDA, 2012), seus regimes passaram a funcionar como segue: 1

- Grãos: a PAC cobre a maior parte de grãos produzida pela UE e importados

para os países da UE (trigo, cevada e milho). No entanto, os altos preços de alguns

grãos elevam de maneira indireta os preços de grãos que não tem o suporte do

regime. Tal como acontece com outras matérias primas, os mecanismos de apoio

aos grãos incluem uma mistura de suportes de preços e controles de abastecimento.

As reformas da PAC afetaram o regime de grãos principalmente ao permitir

1 Dados referentes aos produtos protegidos pela política, constantes em 3.5, extraídos do portal do United States

Department of Agriculture. Tradução Livre da autora.

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que os agricultores produzissem para o mercado durante a recepção de pagamentos

diretos para apoiar renda.

A reforma de 2003 aboliu o apoio da intervenção para o centeio e exigiu um

pagamento dissociado para pelo menos 75% da cultura arável. Uma vez que um

pagamento dissociado não requer uma cultura a ser plantada ou produzida, os

agricultores estão livres para plantar qualquer cultura que for de sua vontade ou não

plantar nada. Para o trigo bruto, foi permitido um pagamento de 40% acoplado em

áreas tradicionais para que os agricultores fossem mantidos nas terras, enquanto o

apoio para o trigo em áreas não tradicionais foi abolido. Além disso, os pagamentos

de armazenamento de grãos foram cortados em 50%. No entanto, os preços dos

grãos da UE provavelmente permanecerão acima dos preços mundiais na maioria

das vezes, mas, os recursos não irão acumular tantas vezes quanto antes, porque

os grãos vão para o mercado, em pequenas quantidades necessitando de

intervenção.

- Arroz: seu regime foi radicalmente alterado pela reforma de 2003. O preço de

intervenção do arroz foi reduzido em 50% e a quantidade de intervenção anual foi

limitada a 75.000 toneladas métricas. Os pagamentos diretos foram introduzidos

para compensar 88% da redução do preço. Parte do pagamento foi incluída no

Single Farm Payment (SFP) e parte convertida em cultura específica de ajuda para

permitir que os agricultores transitassem para culturas alternativas. As intervenções

haviam crescido rapidamente e a Everything But Arms (EBA) acordo de comércio

com 49 países menos desenvolvidos permitiu a importação de arroz polido, com

taxas diminuindo para zero em 2009.

- Laticínios: o regime de laticínios é dominado por um sistema de cotas que é

estabelecido nacionalmente. A produção de leite acima da quota está sujeita à

multas proibitivas chamadas "superimposições." Produtos abrangidos pelo regime de

laticínios incluem leite fresco, concentrado e em pó; creme, manteiga, queijo e

coalhada. A produção leiteira é protegida por meio de tarifas sobre as importações

de produtos lácteos e apoiada por subsídios à exportação e a intervenção na

compra dos excedentes de produtos lácteos. A reforma de 2003 cortou os preços da

manteiga em 25% e os preços de leite em pó em 15%. As compras de intervenção

de manteiga são limitadas a 30.000 toneladas métricas por ano. A compensação

para a redução de preços dos lácteos foi incorporada no início dos SFP entre os

anos de 2006 e 2007. Em 2008, foi permitido um aumento de 1% anual na cota

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leiteira entre os anos de 2009 e 2013. A proposta também pediu para a abolição das

cotas leiteiras em 2015.

- Carne Bovina: o regime da carne bovina conta com o apoio de preços e

tarifas elevadas para manter os preços de mercado acima dos preços mundiais.

Pagamentos diretos aos produtores de carne são baseados em números históricos

de bovinos machos, vacas em aleitamento (vacas com bezerros), um pagamento

especial de abate para novilhas e "intensificação" da produção pecuária, em que os

produtores devem observar as taxas de lotação máxima (cabeças normais por

hectare) para se qualificar para os pagamentos. Como parte da Agenda 2000, o

preço de suporte para a carne foi reduzido em 20% de 2000 a 2003, mas foi

parcialmente compensado pelo aumento dos pagamentos diretos. As reformas de

2003 proporcionaram aos países membros alternativas de apoio à carne bovina.

Essas reformas tem resultado no fato de a UE se tornar um importador de carne,

considerando também o fato de ser, anteriormente, o maior exportador do mundo

deste produto.

- Oleaginosas: o setor de oleaginosas caracteriza-se pelo nível relativamente

baixo de autossuficiência, em grande parte, devido ao clima adverso e condições de

solo na Europa. Há uma tarifa zero em soja e farelo de soja e uma tarifa baixa ou

nominal em outros óleos vegetais do azeite por causa de um acordo de 1956 no

âmbito do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio, precursor da OMC.

Enquanto as reformas de 2003 não afetam diretamente as oleaginosas, os

produtores tem mais liberdade para tomar decisões de plantio, o que poderia afetar

a produção de oleaginosas através de uma realocação de área e recursos. Uma

diretiva relativa aos biocombustíveis foi aprovada em 2008 determinando que 10%

dos combustíveis para transportes da UE fossem compostos de combustíveis

renováveis até 2020. Desde que o óleo de colza é a principal matéria-prima usada

para produzir biodiesel na UE, a expansão da produção de colza aumentou e

provavelmente continuará aumentando dentro dos limites agroclimáticos.

- Açúcar: a produção de açúcar na UE tem sido apoiada por uma mistura de

apoio aos preços e controles de abastecimento. O apoio da PAC ao açúcar se

restringe à produção dentro da cota, o que eleva os preços do açúcar para os

consumidores. As compras de intervenção de produtos processados (açúcar em

bruto ou branco) suportam o preço da matéria-prima (beterraba de açúcar em sua

maioria). Os produtores também tem que pagar para dispor de excedentes. O

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princípio de produtores que pagam para o escoamento dos excedentes, o chamado

"princípio da corresponsabilidade", foi mais rigorosamente aplicado aos produtores

de açúcar, que carregam o custo total da alienação. As importações para a UE são

efetivamente bloqueadas por tarifas elevadas. No entanto, existe um acesso

liberalizado incomum com taxas nulas dentro de uma cota para o açúcar bruto de ex-

colônias Africanas, das Caraíbas e do Pacífico (ACP), e de açúcar bruto sem tarifas

de importação para países menos desenvolvidos a partir de 2009 com o acordo de

comércio EBA.

Em fevereiro de 2006, a UE aprovou uma reforma em seu setor de açúcar,

entrando em vigor em junho do mesmo ano. A reforma prevê um corte de 36%, o

preço mínimo garantido do açúcar e compensa os agricultores da perda de receitas.

Mais notavelmente, ele cria um fundo de reestruturação, com incentivos financeiros

para encorajar os produtores de açúcar menos competitivos a abandonar o setor ou

diversificar suas produções para outras commodities. Um decréscimo esperado em

suas exportações de açúcar deverá permitir à UE cumprir seus compromissos na

OMC. Desde a reforma, a UE passou de um grande exportador de açúcar para um

importador.

- Frutas e vegetais: o regime inclui todas as frutas e vegetais cultivados na UE,

com exceção de batatas, ervilhas e feijões para forragem, uvas para vinho,

azeitonas, milho doce, bananas, e para as quais existem acordos separados em

operação. Os preços de mercado são suportados por um sistema de compensação

por saques limitados de produtos do mercado, conforme necessário para manter os

preços em patamares desejados. Devido à perecibilidade do produto, o sistema de

suporte de preços não é projetado para alcançar um preço garantido durante

períodos de excesso ou escassez, como é feito com algumas outras mercadorias

sujeitas à intervenção. Pelo contrário, ela atua como uma rede de segurança para os

produtores em tempos de excesso de oferta. Tarifas sazonais e quotas tarifárias em

mais de 100 acordos comerciais preferenciais são os principais meios de proteção à

importação. Processadores de alguns produtos também recebem tratamento de

subsídios para ajudar a custear os altos custos da compra de matérias primas da

UE.

- Algodão: um pagamento dissociado de pelo menos 65% dos pagamentos

entre os anos 2000 e 2002 começou a ser feito em 2006. Pagamentos associados

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de até 35% são permitidos, com uma base máxima de 455.360 hectares divididos

entre a Grécia, Portugal e Espanha.

- Tabaco: um pagamento dissociado de pelo menos 40% dos pagamentos

entre os anos 2000 e 2002 começou a ser feito entre 2006 e 2009. A parcela

aumenta para 100% a partir de 2010. Cinqüenta por cento do pagamento vai para os

SFP, com o restante transferido para um fundo de reestruturação. Entre 2006 e

2009, 60% dos pagamentos podem ser acoplados, com qualquer restante indo para

melhorias de qualidade.

- Azeite: um pagamento dissociado de pelo menos 60% começou em 2006. Os

países podem escolher dois anos entre 2000 e 2003, para o período de análise de

pagamentos. O pagamento é apenas para as áreas plantadas antes de 1° de maio

de 1998. Estados membros podem utilizar até 10% dos seus envelopes nacionais de

azeite (nível pagamento total nacional) para melhorar a qualidade do óleo.

- Lúpulo: um pagamento dissociado de pelo menos 75% dos pagamentos

obtidos entre os anos de 2000 e 2002 começou a ser feito em 2005. Até 25% dos

pagamentos podem ser acoplados e serão pagos diretamente aos agricultores ou

por intermédio de grupos de produtores.

Todas estas reformas no tratamento da produção e comércio dos produtos

tem por objetivo não somente contribuir para um desenvolvimento econômico do

bloco como um todo, mas também contribuir para a produção de alimentos seguros,

com qualidade elevada e em quantidades suficientes; contribuir para o

desenvolvimento econômico diversificado das zonas rurais e, além disso, respeitar

as normas que remetem à proteção ambiental e bem estar dos animais. (EUROPA,

2012).

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Gráfico 1: Principais produtos da UE, porcentagem de produção. Dados de 2005,

publicados em: http://ec.europa.eu/agriculture/capexplained.

Os produtos citados ao longo deste capítulo foram os que sofreram mudanças

significativas com as reformas da política agrícola, entretanto outros produtos

também são fortemente protegidos, como os que estão apresentados no gráfico.

Alguns deles se repetem e outros complementam a lista de produtos de maior

destaque na política.

4.5.1 Importância da qualidade

Visando atender às exigências de seus consumidores e aumentar a

competitividade de seus produtos, a PAC adotou rótulos de qualidade, os quais

indicam a origem geográfica do produto, a utilização de métodos de produção ou

ingredientes tradicionais. (EUROPA, 2012).

Os esforços para aumentar a qualidade alimentar, sempre fizeram parte dos

objetivos da PAC, constando como aspectos dominantes da PAC atual. Alguns

exemplos destes esforços são os sistemas de identificação da carne bovina e

normas de rotulagem de carne, especialmente concebidos para permitir que a

carne desde os pontos de venda, seja rastreada até a exploração agrícola de

origem; incentivos financeiros para os agricultores melhorarem a qualidade dos

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produtos; incentivos específicos para a conversão para a agricultura biológica. Desta

forma, os três rótulos de qualidade criados pela União Européia são:

- Denominação de Origem Protegida: os produtos rotulados com denominação

exclusivamente da qualidade das terras e das competências dos produtores da

região de produção à qual está associado.

- Indicação Geográfica Protegida: os produtos que tem a descrição de seu

rótulo como sendo indicação geográfica protegida devem possuir características que

o associem à determinada zona onde é realizada pelo menos uma fase do processo

de produção.

- Especialidade Tradicional Garantida: os produtos rotulados com o logotipo

especialidade tradicional garantida devem possuir características peculiares, que

possuem ingredientes tradicionais ou que tenham sido produzidos mediante

métodos de produção tradicional.

Para que a utilização destes rótulos seja feita de maneira eficiente, são

traçadas, segundo (EUROPA, 2012) as seguintes vantagens de utilização: oferecer

garantias relativas à origem dos produtos e seus respectivos métodos de produção;

transmitir mensagens comerciais eficazes sobre produtos de elevado valor e apoiar

as empresas rurais que produzem produtos de qualidade, protegendo o rótulo contra

falsas imitações.

4.5.1.1 Agricultura Biológica

Como meio de garantir não só a qualidade dos produtos como o bem estar

dos solos e animais, é praticada dentro do continente europeu a agricultura

biológica. Ela evita o uso de produtos autorizados na agricultura convencional, como

pesticidas sintéticos, herbicidas, fertilizantes químicos e promotores de crescimento.

Dentro deste tipo de agricultura existem técnicas que ajudam a sustentar

ecossistemas e reduzir a poluição.

Normas instituídas pela comunidade europeia garantem a autenticidade de

produtos agrícolas biológicos, independendo do local onde são produzidos e

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garantindo assim, a qualidade e confiança do produto biológico adquirido.

(EUROPA, 2012).

Também existem, no caso dos produtos agrícolas biológicos, rótulos, que

garantem que pelo menos 95% dos ingredientes utilizados na produção daqueles

produtos foram produzidos biologicamente, além de que o produto cumpre as

normas exigidas e ostenta o nome de seu produtor, bem como do organismo

responsável por sua inspeção.

Todas as inovações ao longo da história da PAC sejam as que estão ligadas aos

produtos protegidos ou as que se conectam às medidas econômicas, estiveram

sempre alinhadas a seu processo de integração e todas as novas economias que

foram sendo inseridas a ela. Partindo deste princípio, fez-se necessário, ao longo

deste estudo, relacionar o desenvolvimento da integração europeia com a evolução

da política agrícola europeia, tendo em vista a grande quantidade de mercados

optantes pela política.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apresentam-se neste capítulo as considerações finais, ligando-as aos

objetivos específicos e gerais que fizeram parte do desenvolvimento deste trabalho.

Primeiramente, são expostas as considerações mediante os objetivos

específicos, para por fim apresentar as devidas considerações a respeito do objetivo

geral do trabalho.

De acordo com os objetivos específicos propostos para este trabalho, podem

ser destacadas as principais informações obtidas.

Ao descrever os processos de integração existentes em âmbito global foi

possível traçar as principais características referentes aos processos de integração.

A partir das características apresentadas, os principais blocos econômicos mundiais

foram descritos, bem como os níveis nos quais estes se encontram.

Primeiramente, foi apresentado o MERCOSUL, que é uma União Aduaneira

com os seguintes membros: Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela (aderida em

2012) e Paraguai (suspenso em 2012) e segue em busca de tornar-se um Mercado

Comum, objetivo este traçado desde sua criação; em sequência é apresentado o

NAFTA, que é classificado como Zona de Livre Comércio, sendo composto por

México, Estados Unidos e Canadá e que conta com o apoio dos três países

membros para investimentos em prol do desenvolvimento econômico sustentável do

bloco; posteriormente é descrita a ALCA, que é um processo ainda indefinido e que

tem por objetivo ser uma Zona de Livre Comércio dos países da América, com

exceção de Cuba, mas que ainda conta com inúmeras restrições no que se refere a

sua definitiva criação; os Tigres Asiáticos são classificados como um grupo de

economias altamente diversificadas, e por ser um processo de integração bastante

recente não está classificado dentro de etapas de integração. Nas etapas citadas

permite que se verifique o quão evoluídos são os blocos, pois medem a quantidade

de medidas adotadas na direção de proporcionar uma maior união de seus países

membros. Com a evolução destas medidas, muitos blocos encontram-se hoje em

uma etapa de parceria bastante satisfatória, entretanto, nenhum deles foi capaz de

alcançar o mesmo patamar da União Europeia, a qual representa o processo de

integração mais evoluído mundialmente.

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Ao adotar uma política baseada na supranacionalidade, o bloco União

Europeia possui órgãos aos quais foi repassado um nível de soberania que os

permite agir de maneira mais soberana que seus próprios Estados membros. As

características marcantes deste bloco são também discutidas dento da descrição

dos processos de integração.

Ao se aprofundar do processo de integração europeu, este trabalho permitiu

que tal processo fosse atrelado à política agrícola comum deste mesmo continente.

Inciando com o estabelecimento das fases que marcaram tal processo, sendo

elas: a fase de preparação,que antecedeu à criação da CECA; seguida pela fase

das organizações comunitárias e instituições, onde os Estados membros existentes

trabalharam em políticas e organizações que visassem o desenvolvimento do bloco;

e por fim a fase da evolução das organizações e criação da União Europeia, onde as

organizações acabaram se fundindo, fazendo com que depois de alguns anos o que

era conhecida como Comunidade Econômica Europeia passasse a ser então a

União Europeia.

Dentro desta última fase aconteceram os alargamentos do bloco, sendo que

em cada um deles novos membros eram inclusos. Foram um total de cinco

alargamentos - considerando que os que aconteceram em 1981 e 1986 fazem parte

de um mesmo – e após o último deles no ano de 2007, quando foi aprovada a

adesão de Romênia e Bulgária, a União Europeia passou a contar com um total de

vinte e sete Estados membros. Ainda com relação aos alargamentos, são expostas

as exigências definidas pelos países membros para que as propostas de adesão das

demais nações fossem aceitas.

Os alargamentos citados se atrelam ao desenvolvimento da política agrícola

da União Europeia. Através desta ligação faz-se possível mensurar os impactos

causados pela política nas negociações referentes a novos entrantes. Estes

impactos foram tanto negativos quanto positivos. No primeiro caso, existiram, por

exemplo: a falta de interesse por parte do Reino Unido em investimentos pró-

agrícolas ainda no primeiro alargamento e os baixos valores de produção adotados

pelos países que foram inseridos no ano de 2004. Com relação aos impactos

positivos pode-se citar o espírito de solidariedade adotado para com os novos

entrantes visando o sucesso da política agrícola e também a adoção de Fundos

Estruturais, os quais serviam como maneira de promover o crescimento de países

que apresentavam maiores dificuldades em seu âmbito agrícola.

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O modo como as nações europeias se posicionaram frente a PAC também foi

levado em conta, seja por meio de posições voltadas para o desenvolvimento

sustentável da política ou um desenvolvimento econômico que visasse prestar ajuda

àqueles que apresentavam maiores necessidades. Entretanto, para que tudo isso

fosse discutido, foi necessário que a política fosse apresentada.

Com isso, o quarto capítulo deste trabalho visou atender ao terceiro objetivo

específico que é identificar o funcionamento atual da política agrícola no continente

europeu. A partir desta necessidade, a política agrícola foi apresentada desde sua

criação. Trouxe os objetivos nos quais ela está fundamentada, bem como as formas

com as quais ela contribui para o desenvolvimento da UE, através de políticas de

preços e órgãos de intervenção. Todas estas formas visavam eliminar obstáculos

que se pusessem a frente do comércio agrícola e também manter as barreiras contra

a entrada de produtos de nações não pertencentes ao bloco. Ela também buscou

mostrar sua importância ao incentivar a busca pelo desenvolvimento de energia

renovável e produtos “verdes”.

Para que a PAC fosse aperfeiçoada e se desenvolvesse em prol do benefício

de todos os Estados-membros da UE, foram realizadas reformas durante todo o

tempo em que ela está em vigor. A primeira delas no ano de 1992, a segunda no

ano de 2000, a terceira no ano de 2003, a quarta em 2008. Além das reformas já

aplicadas existem novas ideias sendo discutidas e melhorias a serem postas em

prática. Estas ideias e melhorias farão parte das futuras reformas programadas para

a PAC nos próximos anos.

Neste mesmo capitulo foram tratados também os principais produtos

protegidos pela política. Dentre eles, muitos sofreram alterações no que diz respeito

à proteção exposta a eles e as políticas de preços que os defendem. Para que

mudanças ocorram no que diz respeito a produto são avaliados sempre o retorno por

parte dos países-membros de como se comporta a cultura de cada um deles em

seus espaços agrícolas.

Também foi dada ênfase à importância da qualidade destes produtos, não só

para que estes estejam dentro dos níveis de concorrência, mas para que também

garantam um consumo saudável. Este controle é feito através de rotulagens de

produtos e também por meio do incentivo à agricultura biológica.

Este trabalho, portanto, conseguiu atingir a seu obejtivo geral que era

apresentar a influência ocasionada pela política agrícola comum da UE no processo

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de integração europeu, através de dados seguros e atualizados. Assim sendo, foi

possível provar que a política agrícola esta conectada desde seus primórdios ao

processo de integração europeu. Por habitar um universo que é de extrema

importância para o desenvolvimento de qualquer nação ou bloco, a política agrícola

conta, para seu sucesso, com a união dos Estados, estes que agem em prol da

garantia de suficiência alimentar segura, conseguindo, ao mesmo tempo, aprimorar

seu processo de integração.

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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Nome do estagiário Joana Spengler Coelho

Orientador de conteúdo Profª. MSc. Jacqueline Márcia Ferreira Furlani

Responsável pelo Estágio Profª Natalí Nascimento