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D. José I e o seu Reinado: Marquês de Pombal e a modernização do Estado

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Page 1: Trabalho de história-Carolina- 11º F

D. José I e o seu Reinado:

Marquês de Pombal e a modernização do Estado

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O Reinado de D. José I e a modernização de Estado

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Escola Secundária Inês de Castro

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Grupo de trabalho:

Carolina Rebelo

Joana Martins

Júlia Marinho

Laura Teixeira

Letícia Costa

Docente:Professora Carla Teixeira

Canidelo, 2010/2011

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Índice

Introdução 4

D. José I de Bragança: A sua vida… 5,6,7,8

Despotismo Esclarecido: Analogia 9

D. José I e o Estado Português 10,11,12,13,14,15,16,17,18

Esquema síntese 19

Conclusão 20

Bibliografia 21

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Introdução

No âmbito da disciplina de História, foi-nos proposto pela professora, Carla Teixeira, a realização de um trabalho que irá abordar um dos temas presentes na unidade um do nosso manual escolar: “Cadernos de História A4”. Dentro do respectivo tema nós escolhemos a primeira opção: “ O reinado de D. José I e a modernização do Estado”, porque é um assunto sobre o qual podemos desenvolver uma pesquisa mais abrangente e, também, porque temos um grande interesse pelo poder exercido por Marquês de Pombal durante o reinado de D. José de Bragança.

Ao longo deste trabalho vamos apresentar o tema estruturado da seguinte forma: primeiramente, iremos apresentar uma biografia de D. José I; em segundo lugar, iremos caracterizar o Despotismo Esclarecido; seguidamente, iremos caracterizar a organização política do Estado Português durante o reinado de D. José I; para terminar, iremos abordar as medidas tomadas pelo Marquês de Pombal, em relação à igreja e grupos sociais, para reforçar o poder do rei.

O objectivo deste trabalho será demonstrar a evolução política, social e cultural que Portugal sofreu durante o reinado de D. José I com Marquês de Pombal.

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D. José de Bragança:A sua vida…

José Francisco António Inácio Norberto Agostinho de Bragança, D. José I, monarca português da dinastia de Bragança. Filho primogénito de D. João V e D. Maria Ana de Áustria.

Iniciou o seu reinado tardiamente, aos 36 anos, na data de 7 de Setembro de 1750. Homem robusto de estrutura mediana, rosto arredondado e olhos castanhos. Casou com D. Mariana Vitória, filha de Filipe V de Espanha, com quem teve quatro filhas, D. Maria Francisca, D. Maria Ana Francisca, D. Maria Francisca Doroteia e D. Maria Francisca Benedita. Sendo a sua primogénita D. Maria Francisca, que mais tarde será a sua sucessora ao trono – Maria I, a piedosa.

Era um monarca inteligente e instruído devido aos seus vastos e cuidados estudos, dirigidos, desde muito cedo, por sua mãe, tendo como mentores membros da companhia de Jesus. Aprendeu, entre outras, as disciplinas de latim, geografia e náutica.

Ainda que casado, diz-se que o monarca levava uma vida de boémia em relação a mulheres, sendo que teve muitas amantes. O que desde logo causou grande desassossego à rainha. A mesma, contrariamente a grande parte da população do seu tempo, era contra o adultério, de forma que tomou medidas que visavam a distracção do rei, de modo a afasta-lo das suas amantes. Para este efeito a rainha organizava uma série de eventos distractivos. Organizava caçadas, festas, bailes, espectáculos, banquetes, touradas e idas à ópera. Todos estes eventos afastaram o rei, não só das suas amantes, mas também do seu reino. Tal afastamento foi permitido, pois o monarca convocou para junto de si homens da sua confiança. Entre eles destacou-se Sebastião José de carvalho e Melo, no qual D. José I tinha a maior das confianças.

Sebastião José Carvalho e Melo ficou conhecido por Marquês de Pombal, título que lhe proporcionou a sua marca na história portuguesa. Devido à confiança que o monarca depositava em si, este conseguiu modernizar Portugal. Esta modernização feita por Sebastião, juntamente com o abandono das responsabilidades do reino por parte do monarca fez com que a sua época fosse designada de pombalina e não de josefina.

Na história da humanidade verifica-se, em inúmeras épocas e reinados, situações em que o poder do monarca foi arrebatado por grandes acontecimentos ou grandes personalidades que foram mais salientes que eles próprios. Mas há que fazer notar que, nunca se

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tinha assistido, em lugar algum, um caso como o de D. José de Bragança. A figura deste monarca foi, completamente, ofuscada por Marquês de Pombal, que exerceu o seu poder ao longo de trinta e dois anos. Poder que, nem o próprio monarca ousou questionar.

Foi então, com a chegada de Marquês de Pombal, que o monarca ficou conhecido por – D. José I o reformador. Foi-lhe atribuído esse cognome devido às reformas feitas por Sebastião Melo durante o seu reinado. Reformas que dinamizaram o país, principalmente a nível industrial.

A 1 de Novembro de 1755, apenas com 5 anos de reinado, D. José I assistiu a uma grande catástrofe que destruiu, em parte, a capital do país. Foi devido ao terramoto de Lisboa, terrível catástrofe, que o Marquês de Pombal teve a sua oportunidade de, finalmente, “tomar” o controlo do reino. Pois elaborou uma série de medidas que protegiam a população de doenças e epidemias e providenciavam a reconstrução da cidade. Tais medidas necessitaram de aprovação régia, que segundo o que se diz, o monarca concedeu colocando o seu selo nos documentos, sem suscitar qualquer tipo de questão.

Três anos passados, no dia 13 de Setembro de 1758, o monarca sofreu uma emboscada, aquando do seu regresso, de carruagem, do Palácio da Ajuda, onde havia estado com a sua amante, marquesa de Távora. Atingido no braço direito, sem grande gravidade, por alguns tiros de bacamarte, disparados por desconhecidos. O rei escapou vivo ao atentado. Passado o alvoroço, as suspeitas do atentado caíram, de imediato, sobre o marquês de Távora e sua família, que foram condenados à morte. À que salientar que as suspeitas caídas sobre os Távora foram fruto de uma enorme injustiça inquisitória, pois nesta altura o Marquês de Pombal estava focado em retirar poder às famílias nobres que lhe faziam sombra, passando-as todas pela inquisição, de modo a retira-lhes todos os seus poderes. A par da condenação dos Távora, Sebastião Melo acusou os Jesuítas de instigarem a emboscada sofrida pelo rei, embora esta acusação não estivesse provada, o primeiro-ministro da coroa conseguiu confiscar-lhes todos os seus bens e expulsa-los do país e das colónias.

Após a emboscada, o monarca começou a aparecer cada vez menos em público, receando novos atentados. Este receio fortaleceu a amizade e confiança que D. José tinha no Marquês de Pombal, em quem tinha várias razões para acreditar.

Em 1774 o rei apresentava uma grande noção de escrúpulos e ansiava por passar o resto da sua vida na busca pela salvação da sua alma. Mais tarde, já nos finais de 1776 o monarca impede Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, de entrar na sua câmara. Iniciando assim a decadência de Sebastião Melo. Nesse mesmo ano, a 29 de Novembro, o monarca ‘caiu’ doente entregando a regência á sua rainha.

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Acabando, assim, por falecer aos sessenta e três anos, em Fevereiro de 1777. Encontrando-se sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora.

Fig. 1 Exemplar de uma bacamarte. Arma utilizada no atentado feito a D. José I

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Documento 1: Os estudos do Rei D. José I

“entrou o Príncipe de tenros anos a aplicar-se á língua latina em que o instruiu Padre António Stieff, da Companhia confessor da Rainha sua mãe religioso douto e mui versado nas humanidades (…) e entrou em outros estudos, tomando lições de geografia, e náutica, que lhe explicava Manuel Pimentel (…). Na mesma ocupação lhe sucedeu o brigadeiro Manuel da Maia (…). Entrou por diversas partes da matemática com tão admirável compreensão que soube aritmética tão perfeitamente e com tanta exacção que não é fácel achar nos tribunais muitos oficiais da Fazenda que o compitam e ninguém que o iguale na geometria de Euclides e na prática. Fez-se senhor das línguas italiana, francesa e espanhola (…) como da história profana, eclesiástica e matemáticas militares de fortificação, ofensa e defesa de praças, aquartelamento de exércitos, formas de batalha e todas as sortes de manejos de esquadrões em que fundamentalmente é muito dextro e igualmente na geografia, náutica, artilharia, estática, mecânica, gnomónica, e usos de instrumentos matemáticos”.

Descrição feita por D. António

Documento 2: O terramoto de Lisboa

“ (…) Estamos todos vivos e de boa saúde, mil graças a Deus. Sentimos o mais horrível tremor de terra, fugimos para o campo com grande dificuldade pois não nos aguentávamos em pé. Eu corri pela escada árabe onde certamente, sem a ajuda de Deus, teria partido a cabeça ou as pernas pois não me podia aguentar e estava aterrorizada (…). O rei veio também comigo, mas mais tarde, pois tinha fugido por outro lado (…). As minhas filhas juntaram-se-me pouco depois. Desde aí estamos em tendas no jardim grande. Em Lisboa está quase tudo por terra… e por acréscimo de infelicidade o fogo consumiu uma grande parte da cidade. O nosso Palácio [da Ribeira] ficou meio em ruínas e o que restou ardeu quase tudo o que tinha dentro (…). Há desgraças horríveis e a desolação é geral”.

Carta da Rainha Mariana de Espanha a sua mão, in História de Portugal: dicionário de

Documento 3: A morte os Távora

“D. Leonor foi degolada e morreu nobremente. Seguiu-se o segundo filho, quase imberbe e louro (…) Estenderam-no sobre a aspa, quebrara-lhe os ossos a maço e garrotaram-no; mas como a corda partiu, o infeliz acabou lentamente. Apareceu então o marquês de Távora, cuja mulher passava por amante do rei. D. José, dizia-se, desonrara-o primeiro: depois matava-o barbaramente. Veio logo o conde de Atouguia e mais três cúmplices (…) Depois de um descanso, prosseguiu a hecatombe. Entrou primeiro em cena o velho marquês de Távora: mostraram-lhe os cadáveres da esposa

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Fig.2 Expulsão dos Jesuítas. Ordenada por Marquês de Pombal

Fig. 3 A manhã do dia 1 de Novembro de 1755.

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Documento 3: A morte os Távora

“D. Leonor foi degolada e morreu nobremente. Seguiu-se o segundo filho, quase imberbe e louro (…) Estenderam-no sobre a aspa, quebrara-lhe os ossos a maço e garrotaram-no; mas como a corda partiu, o infeliz acabou lentamente. Apareceu então o marquês de Távora, cuja mulher passava por amante do rei. D. José, dizia-se, desonrara-o primeiro: depois matava-o barbaramente. Veio logo o conde de Atouguia e mais três cúmplices (…) Depois de um descanso, prosseguiu a hecatombe. Entrou primeiro em cena o velho marquês de Távora: mostraram-lhe os cadáveres da esposa

Documento 4: medidas tomadas perante o terramoto

“Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.

Citação proferida pelo Marquês de Pombal em relação ás medidas a tomar perante o desastre do

terramoto de Lisboa

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O despotismo esclarecido:

Analogia

O despotismo esclarecido ou absolutismo ilustrado surgiu como um reforço ao absolutismo. Esta estratégia política visava a junção do poder régio absoluto com as inovações culturais do iluminismo, sendo que propõe o progresso e reforma do país de forma a desenvolver o mesmo e a centralizar o poder absoluto. Obviamente, não foi um movimento político levado totalmente a cabo, pois em alguns casos só algumas ideias iluministas foram contempladas.

O absolutismo esclarecido teve lugar, inicialmente, no leste da Europa, nomeadamente na Rússia, Prússia e Áustria, pois eram países fracamente desenvolvidos. Subsistiam de uma agricultura pouco desenvolvida, juntamente com uma burguesia igualmente fraca, que por sua vez proporcionavam um poder político atrasado. Deste modo estes países abandonaram a iniciativa privada, desenvolvendo reformas administrativas e jurídicas, dirigindo a economia e orientando a educação. Conseguindo, então, modernizar os seus países e diminuir a oposição aos seus governos.

Ao nível religioso, o despotismo esclarecido não encontrou uma homogeneidade, ou seja, em certos casos, conseguiu concretizar uma aliança com a igreja, noutros, encontrou uma barreira nessa relação com a mesma.

Os déspotas esclarecidos não exerciam o seu poder de forma uniforme, de modo que, para apoiar essa uniformidade, apoiavam-se em certos argumentos. Inicialmente, apoiaram-se na teoria do contrato social de Thomas Hobbes que defendia o poder divino dos monarcas. Apoiaram-se, ainda, no argumento que defende que os reis governam por saber fazê-lo e que, por isso, tinham de assegurar o progresso do seu povo (ethos das luzes), mas à que fazer notar que no desportismo esclarecido o monarca não respondia perante ninguém, nem mesmo Deus, sendo que deixou de ter limitações.

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Fig.4 Os principais déspotas esclarecidos (Frederico II, Catarina II e José II)

D. José I e o Estado Português:

A organização política de Marquês de Pombal

Sebastião José de Carvalho e Melo, nascido a 3 de Maio de 1699 foi um grande estadista Português, que vingou durante o reinado de D. José I. Tornando-se, assim, um dos maiores vultos da história portuguesa.

Descendente de uma família nobre, que não era dotada de grandes fortunas, estudou na universidade de Coimbra, onde não ficou muito tempo pois, desde logo, encontrou dificuldades em aceitar algumas disciplinas.

Mais tarde, já no inicio da sua carreira politica recebeu a ajuda de D. João da Mota. Ajuda que fez com que fosse nomeado representante de Portugal em Londres, cargo de grande importância, visto que, fazia a supervisão de tratados que equilibravam as relações económicas entre Portugal e Inglaterra, sendo mais tarde enviado para Viena. Dai encontra-se de regresso a Portugal, Lisboa, após o falecimento de sua esposa.

Já em Portugal, após o falecimento de D. João V, que por sua vez nada gostava de Carvalho, e com a subida ao trono de D. José I, Sebastião foi nomeado Secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Seis anos mais tarde foi nomeado ministro do Reino. Com este cargo e com a sua soberba inteligência, pôde, rapidamente, verificar que Portugal precisava de várias mudanças, de modo a tornar o reino mais desenvolvido.

Com a sua estadia em Inglaterra e Áustria, Marquês de Pombal apercebeu-se que faltava algo no estado Português. Faltavam as ideias iluministas a par com as medidas económicas e políticas que desenvolviam ambos os países. Foi, então, com esta noção de desenvolvimento que o Marquês instalou em Portugal o despotismo esclarecido. Tal como já foi referido, o absolutismo ilustrado é uma forma de centralizar e reforçar o poder régio absoluto, juntamente com o desenvolvimento económico, social e cultural do país. À que referir que este desenvolvimento era uma forma de fortalecer o

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regime absolutista, que necessitava de elevados recursos financeiros para vingar.

Posto isto, podemos enumerar várias reformas feitas pelo Marquês de Pombal quer a nível económico e político-administrativo, quer a nível social e cultural.

A sua administração ficou, vincadamente, marcada por duas contrariedades célebres. Inicialmente, deparou-se com o Terramoto de 1755, que deitou por terra mais de metade da cidade. Um violento tremor de terra, seguido por um maremoto e um grande incêndio, que destruíram casas, pertences, mercadorias e, mais importante que tudo isto, ceifaram mais de dez mil vidas… Ora, um acontecimento histórico que foi mau para todos, não foi mau para o Marquês, pois este ficou muito famoso pelas medidas que tomou fase tamanho caos e pela reconstrução inteligente que mandou fazer da cidade. Estas medidas tornaram-no popular entre a população, mas tornaram-no mais popular, ainda, perante D. José I, que aumentou a sua confiança neste. De facto, a confiança que o rei tinha no Marquês de Pombal aumentou de tal forma, que a partir dai começou a conceder-lhe, gradualmente, o poder total do reino.

Apenas três anos mais tarde, um outro acontecimento marcante veio delinear a administração de Marquês de Pombal, o processo dos Távora. Após o atentado contra o rei, o Marquês de Pombal culpabiliza toda a Família dos Távora e o Duque de Aveiro. À que fazer notar que, a culpa atribuída aos Távora e ao Duque derivou, puramente, de uma mediada politica promulgada por Marquês de Pombal, que queria reforçar o poder do rei através da submissão da nobreza, grupo privilegiado. Os Távora e o Duque foram executados de formas cruéis à vista de todos, servindo, assim, de exemplo a todos os que se opusessem ao poder do rei. Pela acção rápida que Carvalho teve fase o processo do Távora, o rei atribui-lhe o título de Conde de Oeiras em 1759. Atribuindo-lhe, em 1770 o título de Marquês de Pombal.

Com todos os títulos que vinha a adquirir por parte do monarca e com os dois acontecimentos referidos anteriormente, o Marquês de Pombal angariou um vasto poder, que lhe permitiu fazer uma série de reformas, sem qualquer tipo de intromissão por parte do rei, de modo a desenvolver o reino português.

Primeiramente desenvolveu uma série de medidas que visavam o desenvolvimento económico. Para tal deu-se início a uma política marcadamente mercantilista. Com esta politica, o Marquês desenvolveu as manufacturas, atribuindo-lhe privilégios e isenção de impostos; desenvolveu novas manufacturas de lanifícios, na Covilhã e Portalegre; desenvolveu a indústria de vidro, na marinha grande; introduziu os têxteis de algodão; desenvolveu a industria cerâmica e do sabão; desenvolvei a construção naval; contratou empresários estrangeiros e mão-de-obra especializada; publicou as leis

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pragmáticas; criou companhias monopolistas, a modos de trazer para a metrópole todas as riquezas adquiridas; criou a companhia do Grão-Pará e Maranhão e a companhia da agricultura do alto Douro, que foi a primeira região demarcada para a produção de vinho do Porto, assegurando a sua qualidade; criou a junta do comércio, que controlava toda a actividade comercial; criou a Vila Real de S. António e a Companhia Geral das Reais Pescarias do Reino do Algarve, que se destinavam a controlar a zona pesqueira do sul; reformou o sistema fiscal, que visava os, já mencionados, privilégios financeiros às manufacturas; e, por fim, criou uma outra medida proteccionista, de elevada importância, que visava uma balança comercial positiva, que, por sua vez, garantia o escoamento das manufacturas portuguesas e baixava a concorrência estrangeira existente no país sobre as mesmas, dando-se assim o fim do tratado de Methuen e a acumulação de metais preciosos nos cofres do Estado. Ao promover o desenvolvimento do comércio e da indústria, permitiu-se o surgimento de uma Burguesia mais poderosa, com mais cargos administrativos e, por consequência, mais rica.

De seguida, fez também alterações a níveis estatais, para reforçar o Estado e garantir que o poder absoluto do monarca, D. José I, era totalmente respeitado, por tudo e todos. E claro, não podemos esquecer que estas medidas vieram, também, ajudar no desenvolvimento político do país. A primeira mediada tomada a este nível foi a criação de novas instituições de Administração Central: a junta do comércio, que já referimos anteriormente, que tinha como objectivo o controlo da actividade comercial e o fomento da indústria; a Real Mesa Censória, que foi criada para censurar os livros e as diferentes publicações, com o objectivo de defender a teoria do direito divino dos reis e de perseguição à teoria do pacto de sujeição do rei à soberania da comunidade defendida pelos jesuítas; a Intendência Geral da Polícia, que visou a separação da função judicial (dos tribunais) da polícia; e, em último lugar, criou o Erário Régio, que se destinava a controlar as receitas e despesas públicas. A par destas medidas tomou uma série de outras medidas. Tais como: a abolição da descriminação dos cristãos-novos, proibindo, totalmente, a distinção entre os novos e os velhos cristãos; a abolição da escravatura nas Índias portuguesas e dos autos de fé; tomou posse da Inquisição, que começou a utilizar como meio de descartar as classes sociais que lhe faziam frente; reorganização do exército e da marinha, prevenindo-se de guerras e assegurando a protecção em caso de ataques inimigos; fez a primeira compilação dos direitos civis, que substituía o direito canónico; cortou relações com a Santa Sé devido aos conflitos com a igreja católica; por fim, fundaram o Banco Real, que consistia nos fundos monetários do rei e a Real Fazenda de Lisboa, que era uma nova estrutura de cobrança de impostos.

Sebastião Melo governou com mão de ferro, impondo leis a todas as ordens sociais, desde o simples plebeu ao grande senhor nobre. Podemos começar por dizer que foram, como todas as outras

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medidas, medidas tomadas para fortalecer o poder absoluto do rei. Como principal medida estabeleceu a submissão dos grupos privilegiados, que visava o afastamento do poder dos membros da nobreza que desempenhava cargos importantes e que, por isso, faziam frente ao rei. Obrigaram-se os casamentos entre a “primeira nobreza da corte” e classes sociais inferiores, de modo a retirar poderes à mesma e atribuí-los à burguesia. Pois, uma das medidas sociais era a ascensão da burguesia, através da atribuição de cargos e casamentos com nobres. Foi desta altura a morte dos Távora, que como já foi referido, diz-se que atentaram contra o rei, sendo que foram punidos, sem provas, em praça pública para serviram de exemplo a todos que se opusessem ao poder real. Acabando, assim, com as disputas entre o rei e a nobreza. Marquês de Pombal foi, ainda, o grande responsável pela expulsão dos jesuítas da metrópole e das colónias. Esta expulsão foi feita com base em duas grandes razões expostas por Carvalho Melo. Primeiramente, a expulsão ocorreu um ano depois do atentado sofrido pelo rei, de modo que o Marquês explicou a expulsão dizendo que estes foram os instigadores desse mesmo atentado e por isso os queria fora do país. Em seguida, explicou tal expulsão dizendo que a Companhia de Jesus agia como um poder autónomo dentro do Estado Português e que, por isso, atrasava o desenvolvimento do país.

Por último, Sebastião Melo fez, também, algumas reformas ao nível da educação. De modo que expulsou os jesuítas das universidades e proibiu a utilização de manuais e métodos do ensino dos mesmos; extinguiu a universidade de Évora e reformou a de Coimbra, criando disciplinas baseadas nas ideias iluministas; fundou o Real Colégio dos Nobres; e, reformou, ainda, os graus de ensino criando as Escolas menores (ensino básico: ler, escrever, contar, etc…) e as Escolas Régias (onde se aprendia Grego, Latim, Hebreu, etc…).

Foi através de todos estes feitos que Sebastião José de Carvalho e Melo - Marquês de Pombal e Conde de Oeiras - conseguiu um desenvolvimento notável do país, a todos patamares: económico, político-administrativo, social e religioso. Foram, também, estes feitos que fizeram de Carvalho, uma das personagens mais carismáticas e controversas da história portuguesa.

Um poder mais soberano que o do próprio rei, que perdurou durante todo o reinado de D. José I, até que a sua sucessora, D. Maria I subiu ao trono e iniciou o principio do fim de Marquês de Pombal.

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Documento5: Portugal visto por um estrangeirado

“ Lamentam os sábios, e com razão, que as luzes da ciência experimental moderna (…) sejam desconhecidas em Portugal, devido à dificuldade com que ali entram os livros estrangeiros, á facilidade com que se ali condena e proíbe a leitura e pela supersticiosa e triste ignorância em que se acham os homens (…). Tem mostrado a experiência que os Portugueses têm sido obrigados a escolher os seus talentos, a esconder as suas luzes, a afogar as suas ideias, a sufocar os seus pareceres (…). Os ministros (…) deverão persuadir o seu soberano a abolir para sempre um tribunal que, implantado em Portugal, é o escândalo de todos os povos do mundo.”

Francisco Xavier de Oliveira, Reflexões, 1741-42.

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Documento7: Consequências do terramoto de 1755

“O fogo lavrou com grande violência durante oito dias, tendo as pessoas fugindo para os campos meio despidas. O incêndio consumiu todo o tipo de mercadorias, artigos domésticos e vestuário, de forma que mal sobrou alguma coisa para lhes cobrir a nudez, restando-lhes viver em tendas nos campos. Se o incêndio não tivesse ocorrido as pessoas teriam recuperado os seus bens das ruínas, mas este deixou um cenário de desolação e miséria. Os palácios do rei na cidade estão totalmente destruídos. O armazém do tabaco e outros, com cargas de três trotas do Brasil, partilharam o mesmo destino; em resumo, poucas mercadorias sobraram em toda a cidade”.

Carta anónima, Lisboa, 19 de Novembro de 1755, cit. in

Documento6: O Déspota Esclarecido

“(…) os cidadãos entregam o poder a um rei para que este vigie o cumprimento da lei, aplique a justiça, impeça a corrupção dos bons costumes, defenda do Estado dos seus inimigos . O monarca deverá vigiar a agricultura, proporcionar abundância de alimentos, encorajar a indústria e o comércio. (…) o rei representa o Estado: ele e os seus súbditos formam um só corpo, que apenas será feliz quando todos o sejam.”

Frederico II da Prússia, Ensaio sobre as Formas de Governo (1788).

Documento 8: A reconstrução de Lisboa

“ Em 1758, foi aprovado o projecto definitivo para a reconstrução de Lisboa. As ruas largas e com passeios foram traçadas de forma geométrica. Os foram normalizados, ou seja, foi adoptada uma tipologia rigorosa em que não era permitido o mais pequeno ornamento que os individualizasse. Nas janelas, flores e alegretes foram proibidos. Como técnica anti-sísmica, instalou-se nos edifícios a estrutura da gaiola, uma estrutura interna de madeira que evitava a derrocada. Para evitar a propagação dos fogos, introduziu-se o corta-fogo, distância calculada entre os edifícios. Os prédios, com fachadas sóbrias e iguais tinham quatro andares. Sendo o rés-do-chão para lojas.”

Reconstrução da cidade de Lisboa, in HISTÓRIA 8 (manual escolar).

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Fig.5 Atentado ao rei D. José I no dia 3 de Setembro 1758

Fig.6 O processo dos Távora - Mortos em praça pública

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Documento 9: Vinho do Porto

“ O vinho do povo dos princípios do século XVIII não era igual ao de hoje. Os exportadores limitavam-se a adicionar aguardente ao vinho, sem o deixarem envelhecer primeiro. Até ao fim do século era uma bebida para trabalhadores. Os exportadores de Porto, no entanto, aprenderam que deviam deixar envelhecer a mistura durante três anos. O vinho do Porto envelhecido na garrafa só se pode fazer quando apareceram as garrafas cilíndricas, por volta de 1770. Estas, diferentes das garrafas altas e de gargalo que se usavam antes, podiam ser armazenadas na posição horizontal, som o vinho em contacto com a rolha, o que era necessário para que se desse o envelhecimento.”

Susan

Documento 10: Pragmática

“ Dom Pedro, por Graça de Deus Príncipe de Portugal e dos Algarves (…). Primeiramente ordeno e mando que nenhuma pessoa de qualquer condição, grau, qualidade, título, dignidade, por maior que seja, (…) possa usar, nos adornos das suas pessoas, filhos e criados, ouro ou prata fina ou falsa (…).

Nenhuma pessoa se poderá vestir de pano que não seja fabricado neste Reino (…).”

Lisboa, 25 de Janeiro de 1677.

Documento 11: Tratado de Mutuem

“Art.1º. – Sua Majestade, El-rei de Portugal, (…) promete admitir para sempre, daqui em diante, no reino de Portugal, os panos de lã de Inglaterra, como era costume até ao tempo em que foram proibidos pelas leis (…).

Art.2º. – É estipulado que sua majestade britânica (…) será obrigada, daqui em diante, a admitir na Grã-Bretanha os vinhos de Portugal, de sorte que em tempo algum (…) não se poderá exigir os direitos de alfândega (…) mais que se costuma pedir para igual quantidade ou medida de vinho de França.”

Citado in A.H. de Oliveira Marques, História de Portugal, vol. II (adaptado).

Documento 12: 1759 – Expulsão dos jesuítas

“ Declaro os súbditos regulares (da companhia de Jesus) na referida forma corrompidos, deploravelmente alienados do seu santo instituto, e manifestamente indispostos com tantos, tão abomináveis, tão inveterados e tão incorrigíveis vícios para voltarem observância dele, por notórios rebeldes, traidores, adversários e agressores, que tem sido e são actualmente, contra a minha real pessoa e Estados, contra a paz pública dos meus reinos e demónios, e contra o bem comum dos meus fieis vassalos; ordenando que como tais sejam tidos, havidos e reputados; e os hei-de desde logo, em efeito desta presente lei, por desnaturalizados, por proscritos e exterminados; mandando que

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Fig.7 Selo utilizado no Erário Régio. Arquivo Histórico do Tribunal de Contas.

Fig.8 Planta da Baixa Pombalina de Lisboa

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Documento 12: 1759 – Expulsão dos jesuítas

“ Declaro os súbditos regulares (da companhia de Jesus) na referida forma corrompidos, deploravelmente alienados do seu santo instituto, e manifestamente indispostos com tantos, tão abomináveis, tão inveterados e tão incorrigíveis vícios para voltarem observância dele, por notórios rebeldes, traidores, adversários e agressores, que tem sido e são actualmente, contra a minha real pessoa e Estados, contra a paz pública dos meus reinos e demónios, e contra o bem comum dos meus fieis vassalos; ordenando que como tais sejam tidos, havidos e reputados; e os hei-de desde logo, em efeito desta presente lei, por desnaturalizados, por proscritos e exterminados; mandando que

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Fig.9 Actuação da Inquisição

Fig.10 Efeitos do terramoto: o grande incêndio a devorar Lisboa

Fig. 11 Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal

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Fig.13 Imponente Estatua de Marquês de Pombal, manda construir em 1934, por Oliveira Salazar

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Esquema Síntese

Conclusão

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Absolutismo:

D. José I

Despotismo Esclarecido:

Marquês de Pombal

Nova concepção de Estado e

espaço urbano.

Nova concepção de

comércio e melhoria de

manufacturas.

Submissão da nobreza, ascensão da burguesia e

expulsão dos jesuítas.

Reforma iluminista do

ensino.

Desenvolvimento do país & centralização do poder absoluto

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Chegado o final deste trabalho é, também, chegada a hora de tirarmos algumas conclusões. Podemos, então, dizer que foi realmente um trabalho muito envolvente, na medida que foi muito trabalhoso e longo. A realização do mesmo teve duas vertentes que despertaram as nossas emoções, isto é, alguns factos, tais como, a reconstrução de Lisboa e as medidas tomadas a nível de desenvolvimento do país, despertaram admiração e orgulho, por serem medidas inteligentes tomadas no nosso país. Já o processo dos Távora, a nosso ver, foi um acontecimento tétrico que desperta um sentimento de, alguma, revolta.

Concluímos, ainda, que o período do reinado de D. José I foi, efectivamente, uma período de glória para Portugal, mas este não se deveu ao monarca. Deveu-se ao, ilustríssimo, Marquês de Pombal que, com a sua essência iluminista permitiu que Portugal alcança-se o nível de desenvolvimento de países como Inglaterra, Holanda e França.

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Bibliografia

OLIVEIRA, Ana, História 8, Texto Editores, Lisboa, 2005, páginas 110,114,116,132

RIBEIRO, Alexandre, História de Portugal, vol. VI, Redacção QuiNovi, Matosinhos, 2004, páginas 37-75

História de Portugal, vol. XVI, Redacção QuiNovi, Matosinhos, 2004, páginas 60-64

História de Portugal, vol. XVII, Redacção QuiNovi, Matosinhos, 2004, páginas 86, 87

Livre, A wikipédia, Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, 20 de Novembro 2010

Imagens, Google, Marquês de Pombal, 20 de Novembro de 2010

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