outros percursos 11º ano

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Page 4: Outros Percursos 11º Ano

Matriz dos Testes de Avaliação Formativa ................................... 3

Sequência 1Outros Percursos… Pelos Media

Teste A................................................................................... 4Teste B ................................................................................... 7

Sequência 2Outros Percursos… Pelos Textos Argumentativos

Teste A................................................................................... 11Teste B ................................................................................... 15

Sequência 3Outros Percursos… Pelos Textos Dramáticos

Teste A................................................................................... 19Teste B ................................................................................... 23

Sequência 4Outros Percursos… Pelos Textos Narrativos/Descritivos

Os MaiasTeste A................................................................................... 26Teste B ................................................................................... 30

O Primo BasílioTeste...................................................................................... 34

Sequência 5Outros Percursos… Pelo Texto Poético

Teste A................................................................................... 38Teste B ................................................................................... 42

Propostas de correção e cotações .............................................. 45

ÍNDICE

NotaTodos os testes se encontram disponíveis, em formato editável, em

Page 5: Outros Percursos 11º Ano

GRUPOS COMPETÊNCIAS E OBJETIVOS TIPOLOGIADE ITENS

COTAÇÃO(em pontos)

I CompetênciasLeitura e Expressão EscritasObjetivos– explicitar o sentido global do texto;– processar a informação veiculada pelo texto, em função de um

determinado objeto;– detetar linhas temáticas e de sentido, relacionando os diferentes

elementos constitutivos do texto;– inferir sentidos implícitos a partir de indícios vários;– determinar a intencionalidade comunicativa;– identificar elementos de estruturação do texto, ao nível das

componentes genológica, retórica e estilística;– avaliar aspetos textuais relativos à dimensão estética e simbólica da língua;– formular juízos de valor fundamentados;– interpretar relações entre linguagem verbal e códigos não verbais;– identificar funções do texto icónico;– produzir um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático,

semântico, pragmático, ortográfico e da pontuação;

Respostarestrita

e

respostaextensa

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30

II CompetênciasFuncionamento da LínguaObjetivos– identificar elementos básicos da língua nos planos fónico,

morfológico, lexical, sintático, semântico e pragmático;– identificar/analisar diferentes tipos de nexos interfrásicos (estruturas

de coordenação e de subordinação);– reconhecer valores semânticos da estrutura frásica;– reconhecer a função de marcadores de continuidade e de progressão

textual;– (...)

Escolhamúltipla;associação;V/F;completa-mento

50

III CompetênciasExpressão EscritaObjetivos– planificar a atividade de escrita de acordo com a tipologia textual

requerida;– adequar o discurso à situação comunicativa;– expressar ideias, opiniões, vivências e factos, de forma pertinente,

estruturada e fundamentada;– estruturar um texto, com recurso a estratégias discursivas adequadas

à explicitação e à defesa de um ponto de vista ou de uma tese;– cumprir as propriedades da textualidade (continuidade, progressão,

coesão e coerência);– produzir um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático,

semântico, pragmático, ortográfico e da pontuação;– (...)

Respostaextensa

50

Os testes de avaliação formativa que se apresentam contemplam a estrutura do exame nacional dePortuguês - 12.º ano, pelo que os objetivos que se elencam foram retirados do documento do GAVE orientadorda prova de exame.

MATRIZ DOS TESTES DE AVALIAÇÃO FORMATIVA

Page 6: Outros Percursos 11º Ano

Nome Turma Data

› SEQUÊNCIA 1

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A1Grupo I

A

4 Outros Percursos 11

Lê, atentamente, o texto.

Os combustíveis atingem preços nunca vistos, sem razões, pelo menos aparentemente, que o justi-fiquem. É preciso perceber: nada, em termos energéticos, voltará a ser como antes.

A questão não é nova, mas agora se levanta pela sua indiscutível atualidade. Quais as alternativas aum mundo movido à base de combustíveis fósseis? Desiludam-se os que acreditam que o preço da gaso-lina e do gasóleo vai regressar a preços sustentáveis. Nas palavras dos especialistas, isso não passa de umsonho irrealizável.

O que nos resta fazer? Enquanto o salário encolhe, o preço que pagamos quando abastecemos depó-sito do automóvel cresce na proporcionalidade. Nem tudo é negativo. Olhemos para a crise energéticacomo uma oportunidade. Mudar de meio de transporte pode ser uma possibilidade para quem não pre-tende queimar parte significativa do ordenado, na estrada, a caminho do trabalho.

Transportes públicos? Claro. Desde que existam e respondam às necessidades dos cidadãos que delesprecisam. Nunca é de mais lembrar aos responsáveis pela gestão dos transportes o seguinte: é necessárioadaptar a mobilidade à realidade do novo século.

Uma oportunidade, dizíamos. Embora a empresa se afigure tormentosa. Os responsáveis políticos -a mudança de paradigma só é possível com envolvimento desta gente - andam há anos a falar de eficiênciaenergética, da troca dos combustíveis fósseis por fontes renováveis. A realidade, contudo, segue o ritmoe a práxis antigos, com estradas apinhadas de veículos alimentados a gasolina e a gasóleo. Aqui estão osprincipais responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa. Mudar as lâmpadas em casa é umgesto louvável, mas insuficiente.

E não nos venham dizer que não existe um relação direta entre as enxurradas no Rio de Janeiro, o de-gelo na Polónia e o efeito de estufa! Que são ideias de fundamentalistas, movidas por inconfessáveis in-teresses. O melhor mesmo, até prova em contrário, é prevenir. Nas grandes cidades, pelo menos, é possíveluma mobilidade amiga do ambiente e mais suave para a bolsa. Fica o carro em casa, apanha-se o metro.A bicicleta também pode vir: na última carruagem, sem algum custo adicional. Antes que seja tarde.

in www.jn.pt (19/1/11)

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20

CRISE ENERGÉTICA FEITA OPORTUNIDADE RENOVÁVEL

1. Responde às questões com frases completas.

1.1. Identifica o assunto do texto.1.2. Expõe três aspetos que são motivo de crítica evidentes no texto, recorrendo à fundamentação textual.1.3. Considera a frase: “Uma oportunidade, dizíamos.” (linha 14).

1.3.1. Explicita a “oportunidade” referida.1.4. Retira do texto exemplos dos seguintes recursos retóricos, comentando o seu valor expressivo.

1.4.1. Metáfora.1.4.2. Ironia.1.4.3. Antítese.

1.5. Demonstra o caráter diretivo de algumas passagens textuais.1.6. Justifica o recurso aos exemplos “enxurradas no Rio de Janeiro, o degelo na Polónia e o efeito de

estufa” (linhas 20-21).

Page 7: Outros Percursos 11º Ano

Outros Percursos... pelos Media

5

B

Outros Percursos 11

Observa, atentamente, a imagem que se segue.

Num texto, entre oitenta e centoe trinta palavras, refere-te à intençãodo cartoonista, analisando os diversoscomponentes da figura.

Grupo II

Lê, atentamente, o texto.

A vida marinha esteve demasiado tempo totalmente exposta à exploração por parte de quem pos-suísse meios para o fazer. Os rápidos avanços tecnológicos implicaram que, atualmente, a capacidade, oalcance e a potência das embarcações e do equipamento usados para explorar a vida marinha exceda delonge a capacidade da Natureza de a preservar. Se isso não for controlado, terá amplas consequências noambiente marinho e nas pessoas que dele dependem. A vida nos oceanos possui um incrível conjunto deformas e dimensões – desde o plâncton microscópico até à maior das grandes baleias. Apesar disso, muitasespécies foram levadas à extinção, ou aproximam-se dela, devido a devastadores impactos humanos. (…)

As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas. Por um lado, os navios gi-gantes, utilizando equipamentos de ponta, podem localizar com precisão cardumes de peixe rapida-mente. As frotas de pesca industrial ultrapassaram os limites ecológicos do oceano. À medida que o peixemaior é exterminado, os objetivos passam a ser as espécies seguintes de peixes mais pequenos, e assimsucessivamente (…).

Em segundo lugar, a aquacultura é frequentemente apresentada como o futuro da indústria de ali-mentos marinhos. Mas a aquacultura de camarão é talvez a indústria de pesca mais destrutiva, insusten-tável e injusta no mundo. O desmatamento de mangais, a destruição do pescado, o assassínio edesmatamento de terrenos comunitários têm sido amplamente divulgados. (…)

in www. greenpeace.org/Portugal/oceanos (texto adaptado e com supressões)

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EM DEFESA DOS OCEANOS

A. No segmento “Os rápidos avanços tecnológicos implicaram que, atualmente, a capacidade (…)”(linha 2), a palavra sublinhada é um pronome relativo.

B. Em “(…) a capacidade da Natureza de a preservar.” (linha 4), a palavra destacada retoma o re-ferente “Natureza”.

C. O terceiro período do texto é composto por três orações.

1. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F).

htt

p://

pen

atos

ambi

enta

lista

s.bl

ogsp

ot.c

om

Page 8: Outros Percursos 11º Ano

D. O sujeito da oração “(...) que dele dependem” (linha 5) é composto.

E. No último período do primeiro parágrafo, todas as frases estão na voz ativa.

F. Na frase “As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas.” (linha 8), aoração subordinada adjetiva relativa nela inserida acrescenta uma informação acessória aogrupo nominal que a antecede.

G. Com o complexo verbal sublinhado, em “Por um lado, os navios gigantes, (…), podem localizar

com precisão (…)” (linhas 8-9), evidencia-se um exemplo de modalidade epistémica de possi-

bilidade.

H. “(...) cardumes de peixe” (linha 9) corresponde ao complemento direto da oração subordinante.

I. Entre os dois primeiros períodos do último parágrafo verifica-se uma relação de causa.

J. A palavra sublinhada em “(...) têm sido amplamente divulgados.” (linha 16) é um modificador.

6 Outros Percursos 11

2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, demodo a obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.

COLUNA A COLUNA B

2.1. Com o recurso ao pronomepessoal “o”, em “para o fazer”(linha 2), ...

2.2. Com a frase “terá amplasconsequências no ambientemarinho e nas pessoas quedele dependem.” (linhas 4-5), ...

2.3. Com o uso da locuçãosubordinativa “Apesar disso” (linha 6), ...

2.4. Com a oração gerundiva“utilizando equipamentos deponta” (linha 9), ...

2.5. Com a expressão “e assimsucessivamente” (linhas 11-12), ...

a) o enunciador apresenta uma situação possível deacontecer, dependendo da concretização da açãoreferida anteriormente.

b) o enunciador dá conta de uma progressão deacontecimentos de forma ordenada.

c) o enunciador apresenta a condição do que refereposteriormente.

d) o enunciador retoma uma informação apresentadaanteriormente.

e) o enunciador estabelece uma relação de finalidade.

f) o enunciador introduz uma conexão concessiva.

g) o enunciador apresenta o conteúdo da frase comouma impossibilidade.

h) o enunciador dá conta de uma sucessão dehipóteses.

Grupo III

Em tempos de crise, os comportamentos economicistas estão na linha da frente.

Partindo da perspetiva exposta na frase acima transcrita, apresenta uma reflexão, entre duzentas etrezentas palavras, sobre a importância dos atos economicistas e sobre as formas de os pôr em prática.

Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um delescom, pelo menos, um exemplo significativo.

› SEQUÊNCIA 1

Page 9: Outros Percursos 11º Ano

7Outros Percursos 11

Lê, com atenção, o texto.

LEVAR A SÉRIO OS ENJOOS DA GRAVIDEZ

As grávidas continuam a ser as maiores vítimas dos tabus com que todos nós, homens e mulheres,continuamos a rodear a ideia de mulher, sobretudo a da mulher-mãe. Demasiado cristalizados por dentropara podermos entender que todas as coisas boas têm sempre lados maus, sem deixarem, por isso, de sermaravilhosas, endeusámos aqueles nove meses de espera e proclamámos que o “parirás com dor” era umdesígnio divino, como se o sofrimento fosse condição imprescindível ao milagre.

Ainda me lembro de há 20 anos ter feito uma reportagem na Maternidade Alfredo da Costa, paraconstatar que as mulheres que recebiam uma muito desejada analgesia para o parto imploravam aos mé-dicos que não revelassem a “fraqueza” aos maridos. Não queriam que eles soubessem, diziam “que nãotinham sido suficientemente mulheres para aguentar a prova de que mereciam ser mães”. Não lhes pas-sava pela cabeça (será que agora passa?) nem a elas, nem aos maridos, nem tão pouco à medicina, per-guntar por que é que, então, se arrancavam dentes com anestesia...

Os enjoos na gravidez são outro dos “episódios” reduzidos a simples incómodo de percurso. Aliás, oúnico medicamento que atenua os sintomas tem, pelo menos, 50 anos e quem é que duvida que, se fossemos homens a engravidar, por esta altura a indústria farmacêutica já teria inventado trezentos remédiospara os eliminar? Felizmente os tempos estão a mudar, provavelmente com a ascensão das mulheres alugares de decisão no mundo da ciência.

Prova disso é a decisão da Sociedade inglesa de Obstetrícia de agendar o tema para um debate uni-versitário. Alertam os médicos que as náuseas e vómitos são insuportáveis e graves em muitas gravidezes,provocando depressão e levando 2% das mulheres ao internamento hospitalar. Apelam, por isso, a queos médicos os levem a sério, e os cientistas investiguem as causas e procurem tratamento. Finalmente.

in www.destak.pt/ (texto adaptado)

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EDITORIAL

30 | 06 | 2010 09.06HISABEL STILWELL | [email protected]

1. Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário.

1.1. Propõe uma explicação para a metáfora “(...) endeusámos aqueles nove meses de espera” (linha 4).

1.2. Identifica os elementos linguísticos que marcam a presença de dois tempos.

1.3. Explicita a intenção da autora do texto quando relata um episódio ocorrido há vinte anos.

1.4. Demonstra como o enunciado apresenta características do texto de opinião.

Nome Turma Data

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B1Grupo I

› SEQUÊNCIA 1

A

Page 10: Outros Percursos 11º Ano

8 Outros Percursos 11

Observa a imagem.

Redige um texto publicitário, entre oitenta e cento etrinta palavras, que alerte para a realidade representada nafigura. Para tal, segue as orientações:

– descrição da situação;

– medidas a tomar para evitar graves danos;

– discurso apelativo.

Grupo II

Lê, atentamente, o texto que se segue.

Estamos perante as primeiras gerações de crianças e jovens que crescem, uti-lizando quotidianamente a internet. A rede é cada vez mais utilizada para satis-

fazer um maior número de necessidades. À vertente de investigação e deconhecimento, soma-se ainda a vertente de consumo, publicidade, lazer eainda de convivialidade. Esta disseminação é fomentada por ministérios da

educação de diversos países, não sendo acompanhada pela correspondente ne-cessidade de formação.

Os desenhos animados dos mais novos existem online e disponibilizam pequenas atividades. As redessociais disputam também este público mais jovem com jogos dirigidos às suas idades. Para os adolescen-tes, a tudo isso somam-se as já tradicionais salas de chat ou programas de troca de mensagem instantâneacomo os vários messenger existentes no mercado.

Temos, pois, amplas franjas da população para as quais a internet é algo de evidente. A rede trans-formou-se num espaço de estar e de viver que, forçosamente, replicará formas de mal-estar social e psi-cológico. Mas que formas de mal-estar e de disfuncionalidade serão essas? A interrogação tem aindapoucos dados que possibilitem respostas. No imediato, podemo-nos socorrer de figuras que já fizeramalgum furor mediático: a do viciado que privilegia a net sobre todas as outras áreas da sua vida pessoal;a do marido ou esposa mal casado que encontra uma aventura no mundo virtual; ou ainda a do jovemque é alvo de um predador que o ludibria na rede ou atrai-o ainda para alguma armadilha no mundo real.Está claro que existem ainda inúmeras nuances entre estes grandes esboços…

A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA NA INTERNET: QUAIS SERÃO AS NOVASFORMAS DE ADOECER?

Rui Tinoco (Psicólogo clínico)

› SEQUÊNCIA 1

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Page 11: Outros Percursos 11º Ano

9Outros Percursos 11

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Interessa-nos ainda o modo como certas pessoas com dificuldades de relacionamento interpessoalse reinventam na rede como outro eu; ou ainda como outros dão azo a esferas dos seus eus, a desejosocultos e as afirmam de uma forma, desbragada até, no contexto de certas plataformas virtuais…

Quais serão as consequências destes movimentos de centrifugação do eu no desenvolvimento psi-cológico? De que forma a perda da necessidade de coerência em plataformas internáuticas ou da ausênciade consequências para determinados comportamentos virtuais (passe-se a contradição dos termos) serãorefletidas no sujeito psicológico?

O uso intensivo de computador pode até, fazer esquecer ou adiar certas necessidades corporais e fi-siológicas… A multiplicação de identidades virtuais poderá ainda reforçar essa tendência de dissipação.

O que será, para os vindouros, existir?

in www.psicologia.com.pt/ (texto adaptado e com supressões)

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.

1.1. De acordo com a informação do texto, cada vez mais crianças utilizam a internet para...

a) recolha de informação.

b) se informar, divertir e conviver.

c) aceder a bens de escassa comercialização.

d) investigar e socializar.

1.2. Se os problemas familiares e relacionais provocados pelo “vício” da internet preocupam o autor dotexto, um há que merece uma especial atenção:

a) a infidelidade de um dos cônjuges.

b) a rede de pedofilia.

c) a marginalidade.

d) a criação de novas identidades em indivíduos de difícil relacionamento.

1.3. A forma verbal “replicará” (linha 13), no contexto em que surge, é sinónima de...

a) desencadeará.

b) resultará de.

c) responderá.

d) copiará.

1.4. O segmento sublinhado em “(...) soma-se ainda a vertente de consumo, publicidade, lazer e aindade convivialidade” (linhas 4-5) corresponde…

a) ao complemento direto.

b) ao complemento indireto.

c) ao sujeito.

d) a um modificador.

Outros Percursos... pelos Media

Page 12: Outros Percursos 11º Ano

1.5. O enunciador, ao servir-se das expressões “dos mais novos” (linha 8) e “este público mais jovem”(linha 9), recorre a um mecanismo de...

a) coesão lexical por substituição.

b) coesão lexical por pronominalização.

c) coesão referencial.

d) coesão frásica.

1.6. A palavra destacada na frase “Está claro que existem ainda inúmeras nuances entre estes grandesesboços (….)” (linha 19) é...

a) um pronome relativo.

b) uma conjunção subordinativa causal.

c) uma conjunção subordinativa completiva.

d) uma conjunção subordinativa consecutiva.

1.7. A frase “O uso intensivo de computador pode, até, fazer esquecer ou adiar certas necessidades cor-porais e fisiológicas.” (linhas 27-28) possui um verbo auxiliar modal com valor de...

a) obrigatoriedade.

b) possibilidade.

c) probabilidade.

d) necessidade.

2. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F).

A. O sujeito da primeira frase do texto é nulo expletivo.

B. O segundo período do texto contém uma oração subordinada adverbial final.

C. O sublinhado em “Esta disseminação é fomentada por ministérios de educação de diversospaíses” (linhas 5-6) corresponde ao complemento agente da passiva.

D. As duas orações que iniciam o segundo parágrafo são subordinadas.

E. Na frase “No imediato, podemo-nos socorrer de figuras que já fizeram algum furor mediático:a do viciado que privilegia a net sobre todas as outras áreas da sua vida pessoal; a do maridoou esposa mal casado que encontra uma aventura no mundo virtual; ou ainda a do jovem queé alvo de um predador que o ludibria na rede ou atrai-o ainda para alguma armadilha no mundoreal.” (linhas 15-18), os sublinhados correspondem a pronomes relativos.

10 Outros Percursos 11

Grupo III

Redige um artigo de apreciação crítica, entre duzentas e trezentas palavras, que pudesse ser publicadono jornal da tua escola, sobre um dos seguintes temas:

A. um filme que te tivesse marcado.

B. um livro que nunca tenhas esquecido.

Atenção, deves fazer referência, entre outros aspetos:

— ao título; — ao autor;— às personagens; — ao realizador;— aos atores; — a momentos marcantes...

› SEQUÊNCIA 1

Page 13: Outros Percursos 11º Ano

11

A

Outros Percursos 11

Lê o texto seguinte.

Mas para que, da admiração de uma tão grande virtude vossa, passemos ao louvor ou inveja de outranão menor, admirável é igualmente a qualidade daquele outro peixezinho, a que os latinos chamaramtorpedo. Ambos estes peixes conhecemos cá mais de fama que de vista; mas isto têm as virtudes grandes,que quanto são maiores, mais se escondem. Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a boiasobre a água, e em lhe picando na isca o torpedo começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, maisbreve e mais admirável efeito? De maneira que, num momento, passa a virtude do peixezinho, da bocaao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador.

Com muita razão disse que este vosso louvor o havia de referir com inveja. Quem dera aos pescadoresdo nosso elemento, ou quem lhes pusera esta qualidade tremente, em tudo o que pescam na terra! Muitopescam, mas não me espanto do muito; o que me espanta é que pesquem tanto e que tremam tão pouco.Tanto pescar e tão pouco tremer!

Pudera-se fazer problema; onde há mais pescadores e mais modos e traças de pescar, se no mar ouna terra? E é certo que na terra. Não quero discorrer por eles, ainda que fora grande consolação para ospeixes; baste fazer a comparação com a cana, pois é o instrumento do nosso caso. No mar, pescam ascanas, na terra, as varas (e tanta sorte de varas); pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastõese até os cetros pescam, e pescam mais que todos, porque pescam cidades e reinos inteiros. Pois é possívelque, pescando os homens cousas de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?! Se eu pregara aos ho-mens e tivera a língua de Santo António, eu os fizera tremer.

Vinte e dois pescadores destes se acharam acaso a um sermão de Santo António, e às palavras doSanto os fizeram tremer a todos de sorte que todos, tremendo, se lançaram a seus pés; todos, tremendo,confessaram seus furtos; todos, tremendo, restituíram o que podiam (que isto é o que faz tremer maisneste pecado que nos outros); todos enfim mudaram de vida e de ofício e se emendaram.

Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos peixes com um, que não sei se foi ouvinte deSanto António e aprendeu dele a pregar. A verdade é que me pregou a mim, e se eu fora outro, tambémme convertera. Navegando de aqui para o Pará (que é bem não fiquem de fora os peixes da nossa costa),vi correr pela tona da água de quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia;e como me dissessem que os Portugueses lhe chamavam quatro-olhos, quis averiguar ocularmente arazão deste nome, e achei que verdadeiramente têm quatro olhos, em tudo cabais e perfeitos. Dá graçasa Deus, lhe disse, e louva a liberalidade de sua divina providência para contigo; pois às águias, que são oslinces do ar, deu somente dois olhos, e aos linces, que são as águias da terra, também dois; e a ti, peixe-zinho, quatro.

Mais me admirei ainda, considerando nesta maravilha a circunstância do lugar. Tantos instrumentosde vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastíssimas, onde permite Deus queestejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos! Oh quão altas e incompreen-síveis são as razões de Deus, e quão profundo o abismo de seus juízos!

“Sermão de Santo António”, Padre António Vieira,in Sermão de Santo António e outros textos, Oficina do Livro, 1.ª Ed., agosto de 2008

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Nome Turma Data

› SEQUÊNCIA 2

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A2Grupo I

Page 14: Outros Percursos 11º Ano

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Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Insere o excerto na estrutura interna e externa da obra.

2. Reflete sobre a crítica feita aos homens, tendo por base a simbologia do peixe-torpedo.

3. Explicita a alusão a Santo António.

4. Clarifica as interrogações que se coloca o pregador sobre a região do Maranhão, a partir das caracterís-ticas do peixe quatro-olhos.

BComenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a centro e trinta palavras, baseando-te

nos conhecimentos adquiridos sobre Padre António Vieira e a sua produção literária.

Grupo II

Lê, agora, o seguinte texto.

Em janeiro, a UNESCO publicou um relatório sobre a avaliação global doprograma “Educação Para Todos”. Trata-se de uma avaliação intercalar do objetivo que tinha sido apontado para que, em 2015, todas as crianças domundo tivessem acesso à educação primária. Os resultados são dececionantes.

O relatório refere que 72 milhões de crianças estão ainda fora da escola eque, por este andar, 56 milhões ainda o estarão em 2015. E isto porquê?

Segundo Irina Bokova, diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciênciae a Cultura (UNESCO), “enquanto os países ricos alimentam a sua recuperação económica, muitos paísespobres enfrentam um cenário iminente de atrasos educacionais. Não podemos permitir-nos criar umageração perdida de crianças privadas da sua oportunidade de educação, que as poderia elevar do seu es-tado atual de pobreza”. No mesmo sentido, o coordenador do relatório, Kevin Watkins, escreve: “os paísesricos mobilizam montanhas financeiras para estabilizar os seus sistemas financeiros e proteger a sua in-fraestrutura social e económica, mas só conseguiram mobilizar pequenas colinas para os pobres domundo”. E, na verdade, estima-se que faltam 16 mil milhões de dólares para conseguir atingir o objetivoda educação primária em todo o mundo em 2015.

Estes números e opiniões são eloquentes. (...) A educação é a primeira e essencial condição para aexistência de um desenvolvimento sustentado, contudo, verificamos que muitos Estados não colocamesta prioridade entre as mais prementes. Por outro lado, os países mais desenvolvidos não apostam sufi-cientemente em criar as bases que poderão levar os países mais pobres a sair da pobreza. (...) Assim, aretórica de dinamizar o desenvolvimento local nos países pobres, para evitar as desesperadas migraçõespara os países mais ricos, não é fundamentada em medidas concretas. (...)

É tempo, pois, de encararmos de que forma um sistema mundial sem solidariedade, sem justiça eautocentrado tem contribuído para que os países mais pobres não disponham de meios que lhes permitamassumir os destinos das suas crianças.

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› SEQUÊNCIA 2

Outros Percursos 11

O Padre António Vieira começou a desenvolver importante atividade missionária junto dos índios bra sileiros. E isso faz dele um homem notável. “É o lutador pela liberdade dos índios, nações, cul turase povos com identidade própria, num tempo em que a regra era precisamente a da es cra vatura, do-mínio e subjugação”, aponta Marcelo Rebelo de Sousa.

http://www.rtp.pt

Page 15: Outros Percursos 11º Ano

› Outros Percursos... pelos Textos Argumentativos

13Outros Percursos 11

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É tempo de pensar que a Educação Inclusiva, para além de uma reforma educacional que se passaem cada um dos países (ricos ou pobres), é também uma postura ética mundial. Uma postura que recusao fatalismo da exclusão escolar ou o acesso a uma Escola tão debilitada que seja incapaz de promover amobilidade social.

Já sabíamos que era difícil pensar uma Escola Inclusiva numa sociedade que não o fosse. Sabemosagora, pelos dados deste relatório, que o caminho da inclusão não deve respeitar fronteiras. Não são ape-nas as crises que são mundiais; as soluções também têm que o ser. (...)

16 milhões de dólares!?...

David Rodrigues, in A Página da Educação, Ed. Profedições, primavera de 2010 (adaptado e com supressões)

1. Seleciona, em cada um dos itens, a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.

1.1. A utilização das aspas em “Educação Para Todos” (linha 2) justifica-se por...

a) se tratar de uma frase que não pertence ao autor do texto.

b) ser um título de um livro.

c) ser o nome de um projeto.

d) se referir a uma secção da UNESCO.

1.2. A locução sublinhada em “para que, em 2015, todas as crianças do mundo tivessem acesso à edu-cação primária”(linhas 3-4) introduz uma oração...

a) final.

b) consecutiva.

c) concessiva.

d) completiva.

1.3. Em “Os resultados são dececionantes.” (linha 4), a palavra sublinhada desempenha a função sin-tática de...

a) complemento direto.

b) sujeito.

c) predicativo do complemento direto.

d) predicativo do sujeito.

1.4. O constituinte sublinhado em “que as poderia elevar do seu estado atual de pobreza” (linhas 10-11)substitui o grupo nominal...

a) “oportunidade de educação.”

b) “crianças.”

c) “geração.”

d) “geração perdida.”

1.5. No segmento textual “os países ricos mobilizam montanhas financeiras” (linhas 11-12), a palavrasublinhada desempenha a função sintática de...

a) modificador apositivo do nome.

b) modificador restritivo do nome.

c) predicativo do sujeito.

d) complemento direto.

Page 16: Outros Percursos 11º Ano

14 Outros Percursos 11

1.6. O tipo de sujeito em “Estes números e opiniões são eloquentes.” (linha 16) é...

a) composto.

b) simples.

c) nulo expletivo.

d) nulo indeterminado.

1.7. O recurso retórico presente na expressão “… um sistema mundial sem solidariedade, sem justiçae autocentrado” (linhas 22-23) é uma...

a) metáfora.

b) adjetivação.

c) enumeração.

d) perífrase.

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo aobteres afirmações verdadeiras.

COLUNA A COLUNA B

2.1. Com a utilização da construçãosintática “enquanto os paísesricos…” muitos países pobres”(linhas 8-9), …

2.2. Ao utilizar o complexo verbal“Não podemos permitir-noscriar…” (linha 9), …

2.3. Na expressão “Estes númerose opiniões são eloquentes.”(linha 16), …

2.4. Na expressão “Assim, a retóricade dinamizar…” (linhas 19-20), …

2.5. Com a pontuação doparágrafo final (linha 32), …

a) o enunciador pretende exprimir, simultaneamente,perplexidade e incredulidade.

b) o enunciador socorre-se de um verbo transitivoindireto.

c) o enunciador destaca a realização em simultâneo deduas ações.

d) o enunciador utiliza a modalidade deôntica com valorde proibição.

e) o enunciador emprega um verbo copulativo.f) o enunciador utiliza um marcador discursivo com valor

conclusivo.g) o enunciador pretende exprimir interesse e

persistência. h) o enunciador utiliza um marcador discursivo com

valor consecutivo.

Grupo III

Tendo presente a sociedade tua contemporânea, apresenta uma reflexão sobre este tema.

Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamenteso teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.

› SEQUÊNCIA 2

Ao longo da História são diversos os exemplos de povos ou grupos discriminados em virtude daetnia a que pertencem, da religião que professam, da opinião política que defendem.

Page 17: Outros Percursos 11º Ano

15Outros Percursos 11

Lê, com atenção, o texto que se segue.

Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra, que senão deixa salgar, que se lhe há de fazer? Este ponto não resolveuCristo Senhor nosso no Evangelho; mas temos sobre ele a resoluçãodo nosso grande português Santo António, que hoje celebramos, ea mais galharda e gloriosa resolução que nenhum santo tomou.Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino, contra oshereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento sãodificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegouo povo a se levantar contra ele, e faltou pouco para que lhe não ti-rassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grandeAntónio? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha emoutro lugar? Mas António com os pés descalços não podia fazer estaprotestação; e uns pés, a que se não pegou nada da terra, não ti-nham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dis-simularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a

prudência, ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu asemelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina.Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que menão querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Oh, maravilhas do Altíssimo! Oh, poderes do quecriou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores,os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e eles ou-viam.

Se a Igreja quer que preguemos de Santo António sobre o Evangelho, dê-nos outro. Vós estis sal terrae.É muito bom o texto para os outros santos doutores; mas para Santo António vem-lhe muito curto. Osoutros santos doutores da Igreja foram sal da terra. Santo António foi sal da terra e foi sal do mar. Este éo assunto que eu tinha para tomar hoje. Mas há muitos dias que tenho metido no pensamento que nasfestas dos santos é melhor pregar como eles, que pregar deles. Quanto mais que o são da minha doutrina,qualquer que ele seja, tem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, queé força segui-la em tudo. Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de tarde,de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a que mais neces-sária e importante é a esta terra, para emenda e reforma dos vícios que a corrompem. O fruto que tenhocolhido desta doutrina, e se a terra tem tomado o sal, ou se tem tomado dele, vós o sabeis e eu por vós osinto.

Isto suposto, quero hoje, à imitação de Santo António, voltar-me da terra ao mar e, já que os homensse não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto que bem me ouvirão. Os demais podem deixaro sermão, pois não é para eles. Maria, quer dizer. Domina maris: “Senhora do mar”; e posto que o assuntoseja tão desusado, espero que me não falte com a costumada graça. Ave Maria.

“Sermão de Santo António”, Padre António Vieira,in Sermão de Santo António e outros textos, Oficina do Livro, agosto de 2008

A

Nome Turma Data

› SEQUÊNCIA 2

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B2Grupo I

5

10

15

20

25

30

35

Page 18: Outros Percursos 11º Ano

16 Outros Percursos 11

Responde com clareza e correção às seguintes perguntas.

1. Insere o excerto na obra a que pertence, atendendo à sua estrutura interna.

2. Expõe as razões da referência a Santo António neste passo do Sermão.

2.1. Apresenta três traços caracterizadores da figura referenciada, recorrendo à fundamentaçãotextual.

3. Identifica, justificando, no segmento textual apresentado, as razões da pregação deste sermão doPadre António Vieira.

4. Procede ao levantamento de dois recursos expressivos, comentando a sua expressividade.

BNum texto, entre oitenta e cento e trinta palavras, refere-te ao modo como as duas obrigações do sal se

concretizam no Sermão de Santo António, de Padre António Vieira.

Grupo II

Lê, com atenção, o texto que se segue.

No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem, promovendo a in-teração de figuras projetadas com o discurso de Vieira, o espaço cénico e as ações do ator, de uma formaabsolutamente orgânica. Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, evitámos a merailustração do sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridaspelo texto, já de si muito rico e profuso. A relação entre a multimédia, o teatro e as artes plásticas desen-volveu-se pelo processo de identificação, incorporação e fusão de elementos expressivos, e não pela suasimples combinação sequencial.

Existe, ainda, na abordagem interpretativa do Sermão, uma questão importante: a oratória funcionacomo discurso direto, objetivo e frontal, procurando convencer o público, argumentando, provando,lançando reptos e propondo respostas. É um instrumento moralizador e edificante, no intuito de corri-gir/melhorar a humanidade. Esta característica, que em Vieira ultrapassa os recursos do contador de es-tórias, é comum a todos os que têm o ofício de sal — políticos, professores, legisladores, religiosos — econcentra a ação dramática do ator (construindo alguma dessas personagens) no exercício da pregação,na sua profunda e intensa oralidade. Em Payassu, o parateatral sobrepõe-se ao teatro, na perspetiva dopúblico, que vê um pregador religioso. Mas o teatro esconde-se na oratória, pois não temos orador, temosator; não temos sermão; temos teatro. Para mais, no Sermão de Santo António aos Peixes, existe outrojogo de metalinguagem, que confunde e complica este juízo de frontalidade: Vieira não prega aos homens,prega aos peixes para pregar aos homens. Um jogo de ilusão, um malabarismo dialético, tanto barrococomo contemporâneo, um caminho tão válido hoje como ontem. Evidente é que tudo isso dificulta otrabalho do ator, que tem de percorrer um labirinto de olhares, insinuações, alternâncias e subtilezas,oscilando entre um público real e um mundo aquático virtual.

Payassu, o Verbo do Pai Grande (caderno de criação do espetáculo), Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde (texto adaptado e com supressões)

5

10

15

20

› SEQUÊNCIA 2

Page 19: Outros Percursos 11º Ano

1. Seleciona a opção correta.

1.1. De acordo com a informação do texto, o espetáculo Payassu...

a) oferece uma diversidade de recursos complementares ao discurso vieiriano.

b) é uma representação teatral em que o ator joga apenas com o discurso de P.e António Vieira.

c) apresenta-se como a atualização da mensagem de P.e António Vieira.

d) reveste-se de uma plasticidade surpreendente, de forma a superar a ausência do texto vieiriano.

1.2. Tanto no Sermão de Santo António aos Peixes, de P.e António Vieira, como em Payassu, ...

a) a reação do público é imprescindível à atuação.

b) há pregação religiosa, pelo facto de ambos se assumirem como sermões.

c) verifica-se o recurso ao discurso indireto.

d) assiste-se a um jogo de linguagens.

1.3. O sujeito da oração “fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem” (linha 1) é...

a) nulo subentendido.

b) nulo indeterminado.

c) nulo expletivo.

d) simples.

1.4. O segmento “a interação de figuras projetadas com o discurso de Vieira, o espaço cénico e as açõesdo ator” (linhas 1-2) corresponde...

a) ao sujeito.

b) ao modificador.

c) ao complemento direto.

d) ao predicativo do sujeito.

1.5. Na expressão “quer plásticos quer cénicos” (linha 3), verifica-se uma relação de...

a) oposição.

b) alternância.

c) condição.

d) adição.

1.6. No segmento “todos os que têm o ofício de sal – políticos, professores, legisladores, religiosos”(linha 12), entre o primeiro sublinhado e o segundo destaca-se uma relação de...

a) meronímia-holonímia.

b) hiperonímia-hiponímia.

c) hiponímia-hiperonímia.

d) holonímia-meronímia.

1.7. A oração “que vê um pregador religioso” (linha 15) é uma...

a) oração subordinada adjetiva relativa explicativa.

b) oração subordinada substantiva completiva.

c) oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

d) oração subordinada adverbial causal.

17Outros Percursos 11

› Outros Percursos... pelos Textos Argumentativos

Page 20: Outros Percursos 11º Ano

18 Outros Percursos 11

Grupo III

O significado de Herói tem sofrido algumas transformações ao longo dos tempos, nomeadamentecom a massificação dos meios de comunicação social, misturando-se com a conceção de Ídolo.

Partindo da perspetiva exposta no excerto acima transcrito, apresenta uma reflexão, entre duzentase trezentas e cinquenta palavras.

Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um delescom, pelo menos, um exemplo significativo.

› SEQUÊNCIA 2

2. Considera as seguintes frases.

a) “No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem, promovendo ainteração de figuras projetadas com o discurso de Vieira (…)” (linhas 1-2).

b) “Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, evitámos a mera ilustração dosermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridas pelotexto, já de si muito rico e profuso.” (linhas 3-5).

c) “(…) concentra a ação dramática do ator (construindo alguma dessas personagens) no exercício dapregação (…)” (linha 13).

2.1. Reescreve a frase a), de forma a incluir-lhe uma oração subordinada adverbial final, fazendoas alterações necessárias.

2.2. Expande a frase b), incluindo-lhe uma oração subordinada adverbial causal.

2.3. Reescreve a frase c), substituindo o segmento sublinhado por uma oração subordinada adjetivarelativa explicativa.

Page 21: Outros Percursos 11º Ano

19Outros Percursos 11

1 Grandes castiçais para colocar as tochas ou as velas.2 Castiçais altos que terminam em lanterna, na parte superior, e que se colocam ao lado da cruz alçada nas procissões.3 Utensílios e alfaias necessários ao serviço divino, ao culto.4 Caixão.5 Irmandades, congregações, associações para fins religiosos.6 Sigla que Pilatos mandou colocar sobre a cruz de Jesus Cristo e que significa Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.7 Cadeiras de braços sem espaldar.8 Mesa que se coloca ao pé do altar para aí colocar as galhetas e outros acessórios da missa.

Lê o texto seguinte.

Parte baixa do palácio de D. João de Portugal, comunicando, pela porta à esquerda do espetador coma capela da Senhora da Piedade na igreja de S. Paulo dos Domínicos de Almada: é um casarão sem ornatoalgum. Arrumadas às paredes, em diversos pontos, escadas, tocheiras1 cruzes, ciriais 2 e outras alfaias eguisamentos 3 de igreja, de uso conhecido. A um lado um esquife 4 dos que usam as confrarias 5, do outro,uma grande cruz negra de tábua com o letreiro J.N.R.J.6, e toalha pendente como se usa nas cerimóniasda semana santa, mais para a cena uma banca velha com dois ou três tamboretes 7: a um lado, uma to-cheira baixa, com tocha acesa e já bastante gasta: sobre a mesa, um castiçal de chumbo, de credência 8,baixo e com vela acesa também, e um hábito completo de religioso domínico, túnica, escapulário, rosário,cinto, etc. No fundo, porta que dá para as oficinas e aposentos que ocupam o resto dos baixos do palácio.É alta noite.

Manuel de Sousa, sentado num tamborete, ao pé da mesa, o rosto inclinado sobre o peito, os braçoscaídos e em completa prostração de espírito e de corpo; num tamborete, do outro lado, Jorge, meio en-costado para a mesa, com as mãos postas e os olhos pregados no irmão.

MANUEL — Oh! minha filha, minha filha! (Silêncio longo.) Desgraçada filha, que ficas órfã!... órfãde pai e de mãe... (Pausa.) e de família e de nome, que tudo perdeste hoje... (Levanta-se com violentaaflição.) A desgraçada nunca os teve. Oh! Jorge, que esta lembrança é que me mata, que me desespera!(Apertando a mão do irmão, que se levantou após dele e o está consolando do gesto.) É o castigo terríveldo meu erro... se foi erro... crime sei que não foi. E sabe-o Deus, Jorge, e castigou-me assim, meu irmão.

JORGE — Paciência, paciência: os seus juízos são imperscrutáveis (Acalma e faz sentir o irmão; tornama ficar ambos como estavam.)

MANUEL — Mas eu em que mereci ser feito o homem mais infeliz da terra, posto de alvo à irrisão eao discursar do vulgo?... Manuel de Sousa Coutinho, o filho de Lopo de Sousa Coutinho, o filho do nossopai, Jorge!

JORGE — Tu chamas-te o homem mais infeliz da terra... Já te esqueceste que ainda está vivo aquele…

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa

Cena I

Nome Turma Data

› SEQUÊNCIA 3

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A3Grupo I

5

10

15

20

25

A

Page 22: Outros Percursos 11º Ano

20 Outros Percursos 11

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Faz a caracterização espácio-temporal, destacando o seu aspeto funesto.

2. Mostra de que modo o espaço contribui para o adensamento trágico da ação.

3. Manuel de Sousa mostra-se desesperado.

3.1. Evidencia de que forma essa aflição se manifesta.

3.2. Explicita a sua maior preocupação.

5

10

15

B

Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-tenos conhecimentos que possuis sobre Frei Luís de Sousa.

Lê, agora, o seguinte texto.

O planeta poderá, em breve, tornar-se um lugar pouco reco-mendável para viver. Seremos mais, mas as nossas vidas serão maisdifíceis, mesmo com a ajuda da tecnologia. Portugal sairá a ganhar,se souber aproveitar uma nova potência chamada África.

O mundo está a mudar. E mudará ainda mais até 2025. Emmuitos aspetos, ficará irreconhecível. Exemplos? O Ocidente entrará em declínio, a idade da reforma es-tender-se-á para além dos 70 anos, África será o continente mais jovem e populoso, o México destronaráa China no mercado global e esta pode, até, atravessar uma recessão.

Um cenário por vezes apocalíptico é o que resulta da análise das tendências mundiais para 2025 tra-çadas pelo think-tank global Business Policy Council (GBPC), da consultora internacional A.T. Kearney.Dirigido pelo historiador e jornalista Martin Walker, o estudo, a que a Visão teve acesso, levanta-nos adúvida de saber se, em 2025, o mundo será um lugar melhor para viver. À primeira vista, a resposta é ne-gativa. A crise financeira de 2008 tarda a dar tréguas, os países ocidentais estão em recessão ou registamcrescimentos anémicos, os preços das matérias-primas não param de subir, os recursos naturais escas-seiam e as alterações climáticas ameaçam o ecossistema.

Mas Walker, o autor do estudo, acredita que estamos a tempo de evitar o pior: “O mundo poderá serum lugar melhor, se alguma tecnologia mais recente vier a ser adotada”. Apesar das dificuldades que seanteveem para 2025, o autor do estudo não hesita em escolher a Europa como a melhor região para viver,“desde que a idade da reforma seja atrasada e o sistema de pensões e as universidades reformados”. (…)

in Visão, n.º 930, 30 de dezembro de 2010 (com supressões)

Por Clara Teixeira

› SEQUÊNCIA 3

Grupo II

Almeida Garrett afirma na “Memória ao Conservatório Real” que se contenta com a designação dedrama para a sua obra, reconhecendo, todavia, que, “se na forma desmerece da categoria

(de tragédia), pela índole há de ficar pertencendo sempre ao antigo género trágico”.

Page 23: Outros Percursos 11º Ano

21Outros Percursos 11

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentidodo texto.

1.1. No segmento textual “pouco recomendável para viver “(linhas 1-2), a palavra sublinhada introduzuma oração subordinada adverbial…

a) final.

b) consecutiva.

c) concessiva.

d) condicional.

1.2. O conector sublinhado na frase “as nossas vidas serão mais difíceis, mesmo com a ajuda da tecnologia.”(linhas 2-3) introduz no discurso uma ideia que…

a) é uma consequência da anteriormente expressa.

b) é a causa da anteriormente expressa.

c) funciona como concessão à ideia anteriormente expressa.

d) é impossível de realizar.

1.3. Na frase “Em muitos aspetos, ficará irreconhecível.” (linhas 5-6), a palavra sublinhada desempenhaa função sintática de…

a) complemento direto.

b) sujeito.

c) predicativo do complemento direto.

d) predicativo do sujeito.

1.4. O constituinte destacado em “e esta pode, até, atravessar uma recessão” (linha 8) pode ser substi-tuído por...

a) desenvolvimento.

b) progresso.

c) retrocesso.

d) aumento.

1.5. O adjetivo sublinhado em “África será o continente mais jovem...” (linha 7) encontra-se no grau...

a) normal.

b) comparativo de superioridade.

c) superlativo absoluto sintético.

d) superlativo relativo de superioridade.

1.6. O segmento sublinhado em “Dirigido pelo historiador e jornalista Martin Walker, o estudo…”(linha 11) desempenha a função sintática de...

a) sujeito.

b) complemento agente da passiva.

c) complemento direto.

d) complemento indireto.

› Outros Percursos... pelos Textos Dramáticos

Page 24: Outros Percursos 11º Ano

22 Outros Percursos 11

COLUNA A COLUNA B

2.1. Com a utilização do complexoverbal em “O planeta poderá,em breve, tornar-se umlugar” (linha 1), ...

2.2. Ao utilizar a conjunção “se” nafrase “se souber aproveitaruma nova potência…” (linha 4), ...

2.3. Com a utilização do pronomerelativo em “é o que resultada análise das tendências”(linha 9), ...

2.4. Na expressão “acredita queestamos a tempo de evitar opior” (linha 16), ...

2.5. Com o uso da locução subordinativa “Apesar das”(linha 17), ...

a) o enunciador socorre-se de uma conjunçãocompletiva.

b) o enunciador utiliza um mecanismo de coesãoreferencial.

c) o enunciador faz depender a concretização da açãode uma condição.

d) o enunciador utiliza a modalidade deôntica com valorde proibição.

e) o enunciador socorre-se de um verbo modal paraapresentar uma possibilidade.

f) o enunciador apresenta uma situação que se realizaráno futuro.

g) o enunciador introduz uma conexão concessiva.

h) o enunciador utiliza um marcador discursivo comvalor consecutivo.

Tendo presente a sociedade tua contemporânea e o seu comportamento perante o planeta Terra,apresenta uma reflexão sobre este tema.

Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamen-tes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.

Grupo III

› SEQUÊNCIA 3

1.7. A utilização das aspas em “O mundo poderá ser um lugar melhor, se alguma tecnologia maisrecente vier a ser adotada.” (linhas 16-17) justifica-se por se tratar…

a) de uma frase em discurso direto.

b) da opinião da autora do texto.

c) da previsão de um acontecimento.

d) de uma frase condicional.

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo aobteres afirmações verdadeiras.

O planeta sofre, todos os dias, diferentes tipos de agressões. Se quisermos continuara habitá-lo, de forma confortável, devemos preservá-lo através de comportamentos equilibrados.

Page 25: Outros Percursos 11º Ano

23Outros Percursos 11

Lê, atentamente, a cena seguinte.

MADALENA — Jorge, meu irmão, meu bom Jorge, vós, que sóis tão prudente e refletido, não dais nenhumpeso às minhas dúvidas?

JORGE — Tomara eu ser tão feliz que pudesse, querida irmã.

MADALENA — Pois entendeis?...

MANUEL — Madalena… senhora! Todas estas coisas são já indignas de nós. Até ontem, a nossa desculpa,para com Deus e para com os homens, estava na boa fé e seguridade de nossas consciências. Essa acabou.Para nós já não há senão estas mortalhas (Tomando os hábitos de cima da banca) e a sepultura de umclaustro. A resolução que tomámos é a única possível; e já não há que voltar atrás… Ainda ontem,falávamos dos condes de Vimioso… Quem nos diria… oh, incompreensíveis mistérios de Deus… Ânimo,e ponhamos os olhos naquela cruz! Pela última vez, Madalena… pela derradeira vez neste mundo,querida… (Vai para a abraçar e recua). Adeus, adeus! (foge precipitadamente pela porta da esquerda).

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa

MADALENA, MANUEL DE SOUSA, JORGE

Apresenta, de forma completa e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

1. Insere, justificadamente, a cena selecionada ao nível da estrutura interna da obra a que pertence.

2. D. Madalena ainda manifesta uma réstia de esperança.

2.1. Explica de que modo.

3. Uma vez mais, Manuel de Sousa mostra-se mais racional do que D. Madalena.

3.1. Indica de que forma se manifesta essa racionalidade.

3.2. Justifica, explicitando, a réplica de Manuel de Sousa: “Até ontem, a nossa desculpa, para com Deuse para com os homens, estava na boa fé e seguridade de nossas consciências.” (linhas 7-8)

Redige um texto de oitenta a cento e trinta palavras, no qual confirmes a veracidade da afirmação,fazendo referência aos aspetos simbólicos associados quer à ação quer às personagens.

Cena I

5

10

B

Nome Turma Data

› SEQUÊNCIA 3

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B3Grupo I

A

Em Frei Luís de Sousa há vários elementos carregados de valor simbólico, alguns apontandoo desenrolar da ação, outros pressagiando a desgraça das personagens.

Page 26: Outros Percursos 11º Ano

24 Outros Percursos 11

Grupo II

Lê, agora, a introdução de uma entrevista à viúva de José Saramago.

13.11.2010 - 15:24 Por Isabel Coutinho, em São Paulo

A viúva de José Saramago, a tradutora e jornalista espanhola Pilar delRío, não para. Dá-nos uma lição sobre o que fazer quando a morte nos es-traga a vida.

Novembro é o mês de José Saramago. Numa entrevista à Visão, em2005, o Prémio Nobel da Literatura 1998 contou que a determinada alturada sua vida foi “à procura da grande biblioteca, as Galveias, que não seriatão grande assim, mas para (ele) era o mundo”.

Na próxima terça-feira, dia em que o escritor português faria 88 anos, é atribuído o nome “Sala JoséSaramago” à principal sala da Biblioteca Municipal Palácio Galveias, em Lisboa. No dia anterior é lançadoo livro José Saramago nas Suas Palavras, com organização e seleção do espanhol Fernando Gómez Aguilera(Ed. Caminho) e a 18 de novembro, no Palácio Galveias, realiza-se uma leitura da tradução de José Sara-mago do romance Anna Karenina, na iniciativa León Tolstoi e José Saramago - Dois Aniversários. Nessanoite, no Lux-Frágil, há o concerto de apresentação da banda sonora do filme José e Pilar, de Miguel Gon-çalves Mendes, que se estreia também neste dia nas salas de cinema portuguesas.

Pilar del Río estará em Lisboa na próxima semana, mas em São Paulo, na cerimónia do PrémioPortugal Telecom de Literatura 2010, onde o seu marido foi homenageado, falou com o P2 sobre os novosprojetos da Fundação José Saramago, de que é presidente. A casa de ambos em Lanzarote irá funcionarcomo casa-museu com “cheiro a café português” e terá uma residência para escritores seniores. Liçãosobre o que fazer quando a morte nos estraga a vida.

in www.publico.pt

1. Seleciona, em cada um dos itens, a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.

1.1. O texto anterior põe em destaque…

a) algumas das iniciativas de José Saramago.

b) a ação de Pilar del Río após a morte do marido.

c) as comemorações da morte de Saramago.

d) o aniversário de José Saramago.

1.2. O Nobel português faria 88 anos…

a) na próxima terça-feira.

b) no dia 24 de novembro de 2010.

c) no dia 17 de novembro de 2010.

d) em novembro de 2005.

1.3. A atribuição do nome de Saramago a uma sala da biblioteca de Galveias precederá…

a) o lançamento do livro José Saramago nas Suas Palavras.

b) a leitura da tradução saramaguiana de Anna Karenina.

c) a apresentação da banda sonora do filme José e Pilar.

d) a estreia do filme José e Pilar nas salas de cinema portuguesas.

5

10

15

› SEQUÊNCIA 3

Page 27: Outros Percursos 11º Ano

25Outros Percursos 11

1.4. Entre os novos projetos de Pilar del Río, conta-se…

a) a abertura da fundação José Saramago.b) a transformação da casa de Lanzarote num museu.c) a receção de novos escritores em Lanzarote.d) a organização da homenagem ao marido em S. Paulo.

1.5. No primeiro período do texto, verifica-se…

a) o emprego de um sujeito nulo subentendido.b) a inexistência de tempos verbais.c) o recurso a um verbo transitivo direto.d) a utilização de um modificador apositivo.

1.6. A oração subordinada adverbial temporal “quando a morte nos estraga a vida” (linhas 2-3) apresenta…

a) complemento direto e indireto.b) complemento oblíquo e sujeito.c) predicado e predicativo do complemento direto.d) predicado e predicativo do sujeito.

1.7. A oração “que a determinada altura da sua vida foi, “à procura da grande biblioteca…” (linhas 5-6)classifica-se como…

a) subordinada adjetiva relativa.b) subordinada adverbial final.c) subordinada substantiva relativa.d) subordinada substantiva completiva.

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo aobteres afirmações verdadeiras.

COLUNA A COLUNA B

2.1. No segmento “A viúva de JoséSaramago” (linha 1), ...

2.2. Na forma verbal utilizada em“era o mundo” (linha 7), ...

2.3. Com a oração “que não seriatão grande assim” (linhas 6-7), ...

2.4. Em “Dois Aniversários” (linha 12), ...

2.5. Em “banda sonora” (linha 13), ...

a) o enunciador fornece a explicitação de uma ideia.

b) o enunciador socorre-se de um verbo transitivoindireto.

c) o enunciador serve-se de um adjetivo relacional.

d) o enunciador apresenta o sujeito do primeiro períododo texto.

e) o enunciador emprega um advérbio conectivo.

f) o enunciador utiliza um quantificador numeral.

g) o enunciador recorre a um verbo copulativo.

A partir da leitura do texto apresentado no Grupo II, é possível perceber a importância que a literaturae leitura têm em qualquer sociedade. Contudo, os livros não são a única fonte de informação.

Partindo das afirmações anteriores, redige um texto de opinião, com duzentas a trezentas palavras, ondefundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.

Grupo III

› Outros Percursos... pelos Textos Dramáticos

Page 28: Outros Percursos 11º Ano

Nome Turma Data

› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A4Grupo I

26 Outros Percursos 11

Lê o texto seguinte.

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— Quanto ganha você? exclamou Teles da Gama, assombrado.Carlos não sabia. No fundo do chapéu já reluzia ouro. Teles contou, com o olho brilhante.— Você ganha doze libras! disse ele maravilhado, e olhando Carlos com respeito.Doze libras! Esta soma espalhou-se em redor, num rumor de espanto. Doze libras! Em baixo os

amigos de Darque, agitando os chapéus, davam ainda hurras. Mas uma indiferença, um tédio lento, iapesando outra vez, desconsoladoramente. Os rapazes vinham-se deixar cair nas cadeiras, bocejando,com um ar exausto. A música, desanimada também, tocava coisas plangentes da “Norma”.

Carlos, no entanto, num degrau da tribuna, com a ideia de descobrir o Dâmaso, sondava de binóculoo recinto das carruagens. A gente, agora, ia dispersando pela colina. As senhoras tinham retomado a imo-bilidade melancólica, no fundo das caleches, de mãos no regaço. Aqui e além um dog-cart, mal arranjado,dava um trote curto pela relva. Numa vitória estavam as duas espanholas do Euzebiosinho, a Concha e aCarmen, de sombrinhas escarlates. E sujeitos, de mãos atrás das costas, pasmavam para um char-à-bancsa quatro atrelado à Daumont onde, entre uma família triste, uma ama de lenço de lavradeira dava demamar a uma criança cheia de rendas. Dois garotos esganiçados passeavam bilhas de água fresca.

Carlos descia da tribuna, sem ter descoberto o Dâmaso — quando deu justamente de frente com ele,dirigindo-se para a escada, afoguedado, flamante, na sua sobrecasaca branca. (…)

— Escuta lá homem, tenho que te dizer... Então, essa visita aos Olivais?... Nunca mais apareceste...tínhamos combinado que fosses convidar o Castro Gomes, que viesses dar a resposta... Não vens, nãomandas... O Craft à espera... Enfim um procedimento de selvagem.

Dâmaso atirou os braços ao ar. Então Carlos não sabia? Havia grandes novidades! Ele não voltara aoRamalhete, como estava combinado, porque o Carlos Gomes não podia ir aos Olivais. Ia partir para oBrasil. Já partira mesmo, na quarta-feira. A coisa mais extraordinária... Ele chega lá, para fazer o convite,e Sua Excelência declara-lhe que sente muito, mas que parte no dia seguinte para o Rio... E já de malafeita, já alugada uma casa para a mulher ficar aqui à espera três meses, já a passagem no bolso. Tudo derepente, feito de sábado para segunda-feira... Telhudo, aquele Castro Gomes.

— E lá partiu, exclamou ele, voltando-se a cumprimentar a viscondessa de Alvim e Joaninha Vilarque desciam das tribunas. Lá partiu, e ela já está instalada. Até já antes de ontem a fui visitar, mas nãoestava em casa... Sabes do que tenho medo? É que ela, nestes primeiros tempos, por causa da vizinhança,como está só, não queira que eu lá vá muito... Que te parece?

— Talvez... E onde mora ela?Em quatro palavras, Dâmaso explicou a instalação de madame. Era muito engraçado, morava no pré-

dio do Cruges! A mamã Cruges, havia já anos, alugava aquele primeiro andar mobilado: o inverno passadoestivera lá o Bertoni, o tenor, com a família. Casa bem arranjada, o Castro Gomes tinha tido dedo...

— E para mim, muito cómodo, ali ao pé do Grémio... Então não voltas cá acima, a cavaquear com ofemeaço? Até logo... Está hoje chic a valer a Gouvarinho! E está a pedir homem! Good-bye.

Eça de Queirós, Os Maias, 28.ª edição, s/data, Ed. Livros do Brasil, Lisboa

A

Page 29: Outros Percursos 11º Ano

Em Os Maias, o velho Guimarães assume o papel de mensageiro da desgraça, desenterra o passadorevelando os laços de parentesco entre Carlos e Maria Eduarda, o que, inevitavelmente, conduzirá

ao fim trágico de várias personagens.

27Outros Percursos 11

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Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Insere este excerto na obra.

2. Caracteriza o ambiente em que decorre a ação narrada.

3. Explica a urgência de Carlos em encontrar Dâmaso.

4. Infere da simbologia da vitória de Carlos nas apostas das corridas de cavalos.

B

Num texto coerente, entre oitenta e cento e trinta palavras, comenta a afirmação supracitada.

Lê, com atenção, o texto que se segue.

A simples leitura do título e do subtítulo da obra – Os Maias – Episódios da vida romântica – situa-nosnum tempo, um tempo vago, o tempo da vida romântica, mas um tempo coletivo, no qual se move umafamília. E o facto de o narrador qualificar este tempo coletivo de romântico é desde logo uma sugestão deleitura do Portugal seu contemporâneo. (…) E ao longo destes episódios, vamo-nos dando conta de que,apesar da passagem do tempo, apesar de algumas modificações introduzidas pela civilização, tão apre-ciadas, talvez desde diferentes pontos de vista, por Dâmaso ou Gouvarinho quanto odiadas por Alencar,o mundo em que se move a aristocracia e a alta burguesia lisboetas nos finais da década de 70 é substan-cialmente idêntico àquele em que se moveu Pedro da Maia ou até o velho Afonso. Isto torna-se por demais evidente quando, em 1887, dez anos volvidos sobre o fim trágico da ação, que se situa entre outubrode 1875 e o fim do ano de 1876, Carlos, regressando da sua segunda viagem pelo mundo, encontra Lisboaimutável e constata que “Nada mudara.” (…) Parece que o tempo coletivo de há muito se encontra sus-penso, o que aliás é simbolicamente transmitido por aquela “sentinela sonolenta”, talvez mesmo ador-mecida, (…) “em torno à estátua triste de Camões”.

Jacinto do Prado Coelho considera que este tempo coletivo é um tempo “parado, estagnado, umtempo fora do tempo”, um tempo “coletivo, português” que contrasta com o tempo da ação em queCarlos é envolvido. Aí há progressão, há peripécias, “No tempo coletivo não há princípio, meio e fim:nada acontece. Imobilismo versus dinamismo”.

Cremos que esta oposição imobilismo/dinamismo pode funcionar como uma importante pista deleitura do romance, dirigindo uma outra, morte/vida. Com efeito é este imobilismo, este tempo parado,que naturalmente o leitor só vai apreendendo como tempo português à medida que avança na leitura doromance, que, envolvendo tudo e todos e abafando qualquer vento inovador, acaba por comandar adesilusão. (…) E é curioso notarmos desde já que tudo o que perturbe, de qualquer forma, tal imobilismoem que o universo português está envolto vem do exterior, é estrangeiro.

Isabel Pires de Lima in As Máscaras do Desengano – Para uma Abordagem Sociológica de “Os Maias” de Eça de Queirós, Ed. Caminho, Lisboa (1987: 55-56).

Grupo II

› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

Page 30: Outros Percursos 11º Ano

28 Outros Percursos 11

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentidodo texto.

1.1. Entre “título” e “obra” (linha 1), verifica-se uma relação de...

a) holonímia-meronímia.

b) hiperonímia-hiponímia.

c) hiponímia-hiperonímia.

d) meronímia-holonímia.

1.2. O sujeito do predicado “(…) situa-nos num tempo (…)” (linhas 1-2) é...

a) nulo subentendido.

b) simples.

c) composto.

d) nulo indeterminado.

1.3. Em “(…) apesar da passagem do tempo (…)” (linha 5) , com o articulador utilizado, depreende-seuma ideia de...

a) alternância.

b) tempo.

c) concessão.

d) condição.

1.4. Em “(…) Carlos, (…) constata que “Nada mudara.” (linhas 10-11), a palavra sublinhada é...

a) um pronome relativo.

b) uma conjunção subordinativa completiva.

c) uma conjunção subordinativa consecutiva.

d) uma conjunção subordinativa condicional.

1.5. O segmento textual sublinhado em “(…) este tempo coletivo é um tempo “parado, estagnado, umtempo fora do tempo” (…)” (linhas 14-15) corresponde ao...

a) complemento direto.

b) complemento agente da passiva.

c) predicativo do sujeito.

d) complemento indireto.

1.6. Em “dirigindo uma outra, morte/vida” (linha 19) , os termos sublinhados mantêm entre si uma re-lação de...

a) oposição contraditória.

b) oposição conversa.

c) inclusão.

d) sinonímia.

› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias

Page 31: Outros Percursos 11º Ano

29Outros Percursos 11

1.7. Na frase “E é curioso notarmos desde já que tudo o que perturbe, de qualquer forma, (…)” (linha 22), apalavra sublinhada é um...

a) determinante.

b) pronome pessoal.

c) pronome demonstrativo.

d) pronome possessivo.

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo aobteres afirmações verdadeiras.

COLUNA A COLUNA B

2.1. No segmento “é desde logouma sugestão de leitura”(linhas 3-4), …

2.2. No segmento “tãoapreciadas” (linhas 5-6), …através do recurso ao termosublinhado, …

2.3. No segmento “em torno àestátua triste de Camões”.(linha 13), …

2.4. Através do recurso aocomplexo verbal “podefuncionar como” (linha 18), …

2.5. No segmento “tudo o queperturbe” (linha 22), …

a) o enunciador pretende estabelecer uma comparação.

b) o enunciador recorre a um verbo copulativo.

c) o enunciador apresenta a situação como possível.

d) o enunciador recorre a um verbo transitivo predicativo.

e) o enunciador recorre a um verbo no imperativo.

f) o enunciador pretende marcar a intensidade.

g) o enunciador recorre a um verbo presente doconjuntivo.

h) o enunciador recorre à hipálage.

Partindo das interrogações do excerto, redige um texto de opinião, com duzentas a trezentas pa-lavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplosignificativo.

Grupo III

› Outros Percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

“Afinal o que é estudar? Ir à escola? Ficar sentado a ouvir o professor, ler atentamente um livro?Fazer os trabalhos de casa? Na verdade é tudo isto e também observar o ambiente, as pessoas e o mundoà nossa volta.”

in Revista Escolhas, n.º 16, setembro de 2010

Page 32: Outros Percursos 11º Ano

Nome Turma Data

› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B4Grupo I

A

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Os velhos amigos de Afonso da Maia que vinham fazer o seu whist a Benfica, sobretudo o Vilaça, oadministrador dos Maias, muito zeloso da dignidade da casa, não tardaram em lhe trazer a nova daquelesamores do Pedrinho. Afonso já os suspeitava: via todos os dias um criado da quinta partir com um granderamo das melhores camélias do jardim; todas as manhãs cedo encontrava no corredor o escudeiro, diri-gindo-se ao quarto do menino, a cheirar regaladamente o perfume dum envelope com sinete de lacredourado; — e não lhe desagradava que um sentimento qualquer, humano e forte, lhe fosse arrancando ofilho à estroinice bulhenta, ao jogo, às melancolias sem razão em que reaparecia o negro ripanço...

Mas ignorava o nome, a existência sequer dos Monfortes; e as particularidades que os amigos lhe re-velaram, aquela facada nos Açores, o chicote de feitor na Virgínia, o brigue Nova Linda, toda a sinistralegenda do velho contrariou muito Afonso da Maia.

Uma noite que o coronel Sequeira, à mesa do whist, contava que vira Maria Monforte e Pedro passeandoa cavalo, “ambos muito bem e muito distingués”, Afonso, depois dum silêncio, disse com um ar enfastiado:

— Enfim, todos os rapazes têm as suas amantes... Os costumes são assim, a vida é assim, e seriaabsurdo querer reprimir tais coisas. Mas essa mulher, com um pai desses, mesmo para amante acho má. (…)

No verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que os Monfortes tinham lá alugado uma casa. Diasdepois o Vilaça apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cartório, pe-dira-lhe informações sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro. Ele lá lhe dissera queem setembro, chegando à sua maioridade, tinha a legítima da mamã...

— Mas não gostei disto, meu senhor, não gostei disto...— E porquê, Vilaça? O rapaz quererá dinheiro, quererá dar presentes à criatura... O amor é um luxo

caro, Vilaça.— Deus queira que seja isso, meu senhor, Deus o ouça!E aquela confiança tão nobre de Afonso da Maia no orgulho patrício, nos brios de raça de seu filho,

chegava a tranquilizar Vilaça.Daí a dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte. Tinha jantado na quinta do Sequeira ao pé de

Queluz, e tomavam ambos o seu café no mirante, quando entrou pelo caminho estreito que seguia o muroa caleche azul com os cavalos cobertos de redes. Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia umvestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro sentado ao seu lado: asfitas do seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor-de-rosa: e asua face, grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos dumazul sombrio, entre aqueles tons rosados. No assento defronte, quase todo tomado por cartões de modista,encolhia-se o Monforte, de grande chapéu panamá, calça de ganga, o mantelete da filha no braço, oguarda-sol entre os joelhos. Iam calados, não viram o mirante; e, no caminho verde e fresco, a calechepassou com balanços lentos, sob os ramos que roçavam a sombrinha de Maria. O Sequeira ficara com achávena de café junto aos lábios, de olho esgazeado, murmurando:

— Caramba! É bonita!Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate, que agora se inclinava sobre

Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a ca-leche sob o verde triste das ramas.

Eça de Queirós, Os Maias, 28.ª edição, s/data, Ed. Livros do Brasil, Lisboa

Lê o texto seguinte.

Page 33: Outros Percursos 11º Ano

31Outros Percursos 11

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Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Insere, justificadamente, o excerto na estrutura da obra.

2. Apesar de Afonso não atribuir grande importância aos encontros de Pedro e Maria Monforte, isso des-perta-lhe um sentimento ambivalente.

2.1. Aponta algumas razões para esse comportamento.

3. A despreocupação de Afonso contrasta com a apreensão de Vilaça.

3.1. Explica esta atitude do procurador dos Maias.

4. A atitude de Afonso muda quando vê Maria Monforte e Pedro juntos.

4.1. Explicita o que faz o pai de Pedro mudar de opinião.

BComenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te

nos conhecimentos adquiridos sobre Os Maias.

Grupo II

Lê, agora, o seguinte texto.

Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam queexiste, para além do talento pessoal, da perseverança, do oti-mismo ou mesmo dos genes herdados, um elemento que agena sombra e que se revela determinante: a sorte. (…)

Quando nos interrogamos sobre os motivos do êxito ou dofracasso, há quem coloque a ênfase na sorte ou no azar, enquanto outros evocam o talento ou a sua ausên-cia, o esforço ou a abulia, a inteligência, as aptidões sociais, o dom da oportunidade, o faro para os negó-cios… A verdade é que costumamos atribuir os nossos êxitos ao mérito pessoal, e os dos outros àscircunstâncias (sorte, cunhas…). Os nossos fracassos, pelo contrário, devem-se ao azar ou injustiça; os dosrestantes, ao comportamento das pessoas em causa.

Em psicologia, essa forma de ver as coisas é designada por “erro fundamental de atribuição”. Consisteem colocar a ênfase ou sobrevalorizar as características da personalidade e as motivações psicológicas, e emmenosprezar ou ignorar fatores exteriores quando se pretende explicar o comportamento de alguém numasituação. Esse desvio está também relacionado com aquilo que Julian Rotter, psicólogo da Universidade deConnecticut, denomina “locus de controlo”, pelo local onde situamos as causas do que nos acontece. (…)

A educação é, também, um fator fundamental. No meio familiar, as crianças aprendem muito aoobservar o que fazem os pais, incluindo a atitude perante a vida. A hereditariedade não é apenas genética,também se manifesta pela forma como se copiam comportamentos. O êxito pode também ser condicio-nado pela educação e pela cultura em que vivemos. Há famílias que incentivam a procura de iniciativas,enquanto outras atribuem maior importância ao aspeto económico e material.

DINÂMICA DE VITÓRIA

› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

Em Os Maias existem diversas situações, espaços, elementos que pressagiam e concorrem para o fim trágico da família Maia.

Page 34: Outros Percursos 11º Ano

32 Outros Percursos 11

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentidodo texto.

1.1. Em “revelam que existe, para além do talento pessoal” (linhas 1-2), a palavra sublinhada é…

a) um pronome relativo.

b) uma conjunção subordinativa consecutiva.

c) uma conjunção subordinativa completiva.

d) um pronome interrogativo.

1.2. Na frase “há quem coloque a ênfase” (linha 6), o constituinte sublinhado pode ser substituído por…

a) ostentação.

b) realce.

c) exibição.

d) dignidade.

1.3. A palavra sublinhada em “os dos restantes, ao comportamento das pessoas em causa” (linhas 9-10)retoma o segmento…

a) êxitos.

b) outros.

c) nossos.

d) fracassos.

1.4. Na frase “Consiste em colocar a ênfase ou sobrevalorizar” (linhas 11-12), a conjunção sublinhadaapresenta um valor…

a) disjuntivo.

b) copulativo.

c) adversativo.

d) consecutivo.

1.5. O constituinte sublinhado em “Julian Rotter, psicólogo da Universidade de Connecticut” (linhas

14-15), o conector sublinhado desempenha a função sintática de…

a) sujeito.

b) modificador apositivo do nome.

c) modificador restritivo do nome.

d) complemento direto.

E não podemos esquecer o esforço. Herbert Simon, Prémio Nobel da Economia, estimou que énecessário, para ser um perito internacional em qualquer especialidade, dedicar pelo menos 40 horaspor semana ao trabalho, 50 semanas por ano, durante uma década. Outros falam em dez mil horas de es-forço como fórmula para alcançar a glória, e o senso comum costuma situar-se entre estas duas teorias.

in Super Interessante, n.º 150, outubro de 2010, pp. 22 a 24 (com supressões)

› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias

Page 35: Outros Percursos 11º Ano

33Outros Percursos 11

1.6. No segmento textual “situamos as causas do que nos acontece” (linha 15), o constituinte subli-nhado desempenha a função sintática de…

a) sujeito.

b) complemento indireto.

c) complemento direto.

d) complemento oblíquo.

1.7. Na frase “E não podemos esquecer o esforço.” (linha 21), está representada a modalidade...

a) deôntica, valor de permissão.

b) epistémica, valor de possibilidade.

c) apreciativa.

d) deôntica, valor de proibição.

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo aobteres afirmações verdadeiras.

COLUNA A COLUNA B

2.1. Para elencar alguns fatoresque podem conduzir aosucesso (1.º parágrafo), …

2.2. Com a utilização do conectorsublinhado em “Quando nosinterrogamos” (linha 5), …

2.3. Na frase iniciada em “O êxitopode também” (linha 18), …

2.4. Com a utilização do conectorsublinhado em “para ser umperito internacional emqualquer especialidade…”(linha 22), …

2.5. Com o sublinhado na frase “e o senso comum costuma situar-se entre estas duasteorias” (linha 24), …

a) o enunciador marca a temporalidade da ação.

b) o enunciador introduz no discurso a ideia definalidade.

c) o enunciador serve-se de uma enumeração.

d) o enunciador expressa um modificador restrito donome.

e) o enunciador serve-se de um complexo verbal queindica obrigação de realização da ação .

f) o enunciador serve-se de um verbo auxiliar modalcom valor de possibilidade.

g) o enunciador recorre a uma frase que representa amodalidade deôntica.

h) o enunciador apresenta a situação como obrigatória.

Partindo da perspetiva acima exposta, apresenta uma reflexão sobre este tema.Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes

o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.

Grupo III

› Outros Percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam que existe, para além do talento pessoal, da perseverança, do otimismo ou mesmo dos genes herdados, um elemento que age na sombra e quese revela determinante: a sorte.

in Super Interessante, n.º 150, outubro de 2010, pp. 22 a 24 (com supressões)

Page 36: Outros Percursos 11º Ano

Nome Turma Data

› SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA4

34 Outros Percursos 11

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Luísa olhava, calada. A multidão crescera. Nas ruas laterais, mais espaçosas, frescas, passeavam ape-nas, sob a penumbra das árvores, os acanhados, as pessoas de luto, os que tinham o fato coçado. Toda aburguesia domingueira viera amontoar-se na rua do meio, no corredor formado pelas filas cerradas dascadeiras do asilo: e ali se movia entalada, com a lentidão espessa de uma massa mal derretida, arrastandoos pés, raspando o macadame, num amarfanhamento plebeu, a garganta seca, os braços moles, a palavrarara. Iam, vinham, incessantemente, para cima e para baixo, com um bamboleamento relaxado e umrumor grosso, sem alegria e sem bonomia, no arrebatamento passivo que agrada às massas mandrionas:no meio da abundância das luzes e das festividades da música, um tédio morno circulava, penetrava comouma névoa; a poeirada fina envolvia as figuras, dava-lhes um tom neutro; e nos rostos que passavam sobos candeeiros, nas zonas mais diretas de luz, viam-se desconsolações de fadiga e aborrecimentos de diasanto.

Defronte, as casas da Rua Ocidental tinham na sua fachada o reflexo claro das luzes do Passeio;algumas janelas estavam abertas; as cortinas de fazenda escura destacavam sobre a claridade interior doscandeeiros. Luísa sentia como uma saudade de outras noites de verão, de serões recolhidos. Onde? Nãose lembrava. O movimento então retraía-a; e encontrava em face, fitando-a numa atitude lúgubre, osujeito da pera longa. Debaixo do véu sentia a poeira arder-lhe nos olhos: em redor dela gente bocejava.

D. Felicidade propôs uma volta. Levantaram-se, foram rompendo devagar; as fileiras das cadeirasapertavam-se compactamente, e uma infinidade de faces a que a luz do gás dava o mesmo tom amareladoolhavam de um modo fixo e cansado, num abatimento de pasmaceira. Aquele aspeto irritou Basílio, ecomo era difícil andar lembrou – “que se fossem daquela sensaboria”.

Saíram. Enquanto ele ia comprar os bilhetes, D. Felicidade, deixando-se quase cair num banco soba folhagem de um chorão, exclamou aflita:

- Ai, filha! Estou que arrebento!Passava a mão no estômago, tinha a face envelhecida.- E o Conselheiro, que me dizes? Olha que já é pouca sorte! Hoje que eu vim ao Passeio…

Eça de Queirós, O Primo Basílio (cap. IV), Ed. Livros do Brasil, Lisboa

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Apresenta três traços caracterizadores do ambiente descrito no excerto.

2. Identifica os elementos textuais que remetem para a época histórica que serve de pano de fundo a estaobra queirosiana.

3. Explicita o modo como as três personagens do romance presentes neste excerto se inserem no ambientedescrito.

4. Identifica um exemplo de hipálage e comenta o seu valor expressivo.

Lê, com atenção, o texto que se segue.

A

Grupo I

Page 37: Outros Percursos 11º Ano

35Outros Percursos 11

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Grupo II

Lê, atentamente, o excerto.

A valorização da família irá conduzir a alguns avanços na condição social da mulher, sobretudo noque respeita à sua instrução. E, embora se esteja longe do otimismo manifestado por Victor Hugo – que,em meados do século, vaticinava que, se “o século XVIII foi o século dos direitos do homem, oséculo XIX será o dos direitos da mulher” -, registaram-se alguns progressos neste domínio.

De acordo com princípios tradicionais, a educação reservada às raparigas destinava-se a convertê-lasem mulheres ociosas, sinal de prosperidade e de êxito material dos respetivos esposos.

Considerava-se axiomático que a função social da mulher era a de ser esposa e mãe, e que paradesempenhar esse papel necessitava sobretudo de valores morais e sentimentais. Nesta linha de domes-ticidade, o conteúdo intelectual da educação feminina era praticamente nulo. Saber ler, escrever e contar,ter alguns rudimentos de línguas vivas, em especial francês, doutrina cristã, princípio e regras de civili-dade e uma aprendizagem apurada das “prendas próprias do sexo feminino”, em particular dos trabalhosde agulha, constituía a essência de um ensino que não se destinava a formar literatas, mas a preparar asraparigas para as nobres funções de esposa e mãe de família, sabendo receber e dirigir uma casa.

Ora, a Regeneração irá imprimir algumas alterações neste modelo educacional. A necessidade derecuperar o atraso que nos separava dos países mais cultos e civilizados, que promoviam a educação damulher, e o reconhecimento de que a instrução feminina era um contributo indispensável ao projeto demodernização do País fizeram-na avançar.

Neste período de triunfo do capitalismo, em que se afirmavam em todos os domínios as noções derentabilidade, eficácia e utilidade social dos indivíduos relativamente à sociedade, a mulher não podiaficar alheia. As suas funções tradicionais como esposa e mãe, sobretudo como educadora da primeirainfância, tendem a ser valorizadas. (…)

Mas, para além da valorização da família, assumia ainda particular relevância no quadro dos valoresburgueses a importância dada às regras de etiqueta e às boas maneiras. Estas noções de civilidade visavamproporcionar o prestígio e o luzimento que a aquisição de um título só por si não conferia. Porém, ao criarnovos valores, adoptará uma característica “revolucionária” relativamente aos hábitos da antiga nobreza.

Nesta medida, a compostura e o porte ou, como se diz atualmente, a linguagem corporal, foram objetode um discurso normativo no que concerne aos cuidados de higiene, ao vestuário e adornos, ao modo deandar e de falar. Recomendava-se a reserva e o comedimento. O porte deveria ser sério e grave, de modoa conquistar a aprovação dos outros, os gestos comedidos. Não se deveria falar alto ou gesticular e, poroutro lado, deveria evitar-se tudo o que pudesse chamar a atenção para o corpo, que era proscrito docódigo das boas maneiras: abafava-se a tosse, escondiam-se os bocejos. O mesmo era válido para asefusões de riso ou de choro, “vulgares” e comuns entre “gente sem qualidade”.

José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa (texto adaptado e com supressões)

B

Em O Primo Basílio, a aventura romântica de Luísa, despida de qualquer romantismo, foi objeto de uma análise naturalista, método adotado por Eça de Queirós como forma de traçar um quadro

crítico da sociedade portuguesa.

Comenta a frase supracitada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, fundamentando-teno romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós.

› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

Page 38: Outros Percursos 11º Ano

36 Outros Percursos 11

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta, deacordo com as afirmações do texto.

1.1. Assistiu-se a uma evolução no que diz respeito à condição social feminina...

a) em meados do século XVIII.

b) porque Victor Hugo assim o vaticinou.

c) aquando da proclamação dos direitos humanos.

d) motivada pela política nacional da Regeneração.

1.2. Os novos hábitos burgueses...

a) sentiram-se exclusivamente no seio das famílias.

b) implicavam comportamentos de recato e moderação.

c) prendiam-se essencialmente com valores nobiliárquicos.

d) implicavam uma participação mais ativa da mulher, tanto na esfera social como na política.

1.3. A palavra sublinhada em “registaram-se alguns progressos neste domínio.” (linha 4) é...

a) um “se” passivo.

b) um pronome pessoal reflexo.

c) um pronome pessoal recíproco.

d) uma conjunção subordinativa condicional.

1.4. A forma verbal “convertê-las” (linha 5) encontra-se no...

a) presente do indicativo.

b) imperativo.

c) presente do conjuntivo.

d) infinitivo.

1.5. Na frase “Considerava-se axiomático que a função social da mulher era a de ser esposa e mãe, e quepara desempenhar esse papel necessitava sobretudo de valores morais e sentimentais.” (linhas 7-8),as palavras destacadas são...

a) pronomes relativos.

b) conjunções subordinativas causais.

c) conjunções subordinativas completivas.

d) conjunções subordinativas consecutivas.

1.6. O segmento sublinhado na frase “o conteúdo intelectual da educação feminina era praticamentenulo.” (linha 9) corresponde ao...

a) sujeito.

b) predicativo do sujeito.

c) complemento direto.

d) complemento oblíquo.

› SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio

Page 39: Outros Percursos 11º Ano

37Outros Percursos 11

1.7. A forma verbal do predicado “constituía a essência de um ensino que não se destinava a formar lite-ratas” (linha 12) encontra-se no singular, visto que...

a) se trata de um sujeito composto, mas formado por verbos no infinitivo.

b) se trata de um sujeito simples.

c) o sujeito é nulo subentendido.

d) o sujeito é nulo indeterminado.

2. Faz corresponder a cada um dos cinco segmentos da coluna A um segmento da coluna B, de modo aobteres afirmações corretas.

COLUNA A COLUNA B

2.1. Com o uso da conjunçãosubordinativa “embora”(linha 2), …

2.2. Com a oração “que não sedestinava a formar literatas”(linha 12), …

2.3. Na frase “O porte deveria sersério e grave, de modo aconquistar a aprovação dosoutros” (linhas 28-29), …

2.4. Com a repetição de formas doverbo auxiliar modal “dever”(linhas 28-30), …

2.5. Na última frase do texto, aoservir-se de um pronomedemonstrativo, …

a) o enunciador apresenta o facto e a respetivafinalidade.

b) o enunciador introduz uma relação de disjunção.

c) o enunciador pretende transmitir uma ideia deobrigatoriedade, como se se tratasse de um discursonormativo .

d) o enunciador introduz uma conexão aditiva.

e) o enunciador introduz uma conexão concessiva.

f) o enunciador clarifica a referência de uma expressãoverbal.

g) o enunciador desvaloriza a importância dos factosapresentados.

h) o enunciador restringe um grupo nominal.

i) o enunciador retoma informação antecedente.

Grupo III

A relação da mulher com o lar e com os filhos foi-se perdendo com os tempos.

Partindo da perspetiva exposta na frase supracitada, apresenta uma reflexão, entre duzentas a tre-zentas palavras, sobre as consequências da evolução da condição feminina.

Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um delescom, pelo menos, um exemplo significativo.

› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

Page 40: Outros Percursos 11º Ano

Nome Turma Data

INo campo; eu acho nele a musa que me anima:A claridade, a robustez, a ação.Esta manhã, saí com minha prima,Em quem eu noto a mais sincera estimaE a mais completa e séria educação.

IICriança encantadora! Eu mal esboço o quadroDa lírica excursão, de intimidade.Não pinto a velha ermida com seu adro;Sei só desenho de compasso e esquadro,Respiro indústria, paz, salubridade.(…)

VINuma colina azul brilha um lugar caiado.Belo! E arrimada ao cabo da sombrinha,Com teu chapéu de palha desabado,Tu continuas na azinhaga; ao ladoVerdeja, vicejante, a nossa vinha.

VIINisto, parando, como alguém que se analisa,Sem desprender do chão teus olhos castos,Tu começaste, harmónica, indecisa,A arregaçar a chita, alegre e lisaDa tua cauda um poucochinho a rastos.(…)

IXE, como quem saltasse, extravagantemente,Um rego de água sem se enxovalhar,Tu, a austera, a gentil, a inteligente,Depois de bem composta, deste à frenteUma pernada cómica, vulgar!

XExótica! E cheguei-me ao pé de ti. Que vejo!No atalho enxuto, e branco das espigasCaídas das carradas no salmejo,

Esguio e a negrejar em um cortejo,Destaca-se um carreiro de formigas.

XIElas, em sociedade, espertas, diligentes,Na natureza trémula de sede,Arrastam bichos, uvas e sementes;E atulham, por instinto, previdentes,Seu antros quase ocultos na parede.

XIIE eu desatei a rir como qualquer macaco!“Tu não as esmagares contra o solo!”E ria-me, eu ocioso, inútil, fraco,Eu de jasmim na casa do casacoE de óculo deitado a tiracolo!

XIII“As ladras da colheita! Eu se trouxesse agoraUm sublimado corrosivo, uns pósDe solimão, eu, sem maior demora,Envenená-las-ia! Tu, por ora,Preferes o romântico ao feroz.(…)”

XVIVibravam, na campina, as chocas da manada;Vinham uns carros a gemer no outeiro,E finalmente, enérgica, zangada,Tu inda assim bastante envergonhada,Volveste-me, apontando o formigueiro:

XVII“Não me incomode, não, com ditos detestáveis!Não seja simplesmente um zombador!Estas mineiras negras, incansáveis,São mais economistas, mais notáveis,E mais trabalhadoras que o senhor.”

Cesário Verde

38 Outros Percursos 11

Lê, com atenção, o texto poético que se segue.

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

DE VERÃOA Eduardo Coelho

› SEQUÊNCIA 5

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A5Grupo I

A

Page 41: Outros Percursos 11º Ano

39Outros Percursos 11

5

10

15

Responde com clareza e correção às seguintes perguntas.

1. Caracteriza o espaço que serve de cenário à ação descrita no poema.

2. Atendendo ao caráter dicotómico da poesia de Cesário Verde, associa cada uma das personagens a umdeterminado espaço, justificando com expressões textuais.

3. Apresenta uma possível explicação para os versos “Não pinto a velha ermida com seu adro;/ Sei sódesenho de compasso e esquadro.” (vv. 10-11).

4. A “ação” associada ao campo é motivo de inspiração do “eu”.4.1. Confirma-o, com exemplos textuais.

5. Identifica dois recursos estilísticos, comentando o seu valor expressivo.

B

A poesia de Cesário Verde revela a sua faceta de um observador atento da realidade da sua época.

Num texto coerente, entre oitenta e cento e trinta palavras, aborda a opinião apresentada na frasesupracitada, fundamentando com a obra poética de Cesário Verde.

Ascensão da burguesia e reforço da sua mentalidade é um dado a reter na evolução deste impor-tante grupo social no decurso do século XIX. E se, numa primeira fase, a condição de burguês era tran-sitória e intermédia, visto que, à medida que enriquecia, procurava adquirir o título com que seintegrava na nobreza, progressivamente este modelo foi desaparecendo, na mesma proporção em queganhava consciência política e social. Os escritores “malditos” ou os caricaturistas, ao caírem sem dónem piedade sobre os parvenus, contribuíram indiretamente para “desmoralizar” o enobrecimento detodos aqueles que “se deitavam simples João Fernandes e que de repente acordavam Visconde Fernan-des ou Conde João”.

O despertar de uma nova mentalidade, quer no domínio da moral familiar, quer na imposição denovos hábitos de convívio, traduz esta afirmação social, que se acentua nas últimas décadas do século.Mais do que em qualquer outro período, a cultura burguesa difunde-se, dispondo de meios de influênciadecisivos na transformação das mentalidades. A escola primária e a imprensa são dois dos principais ins-trumentos que a possibilitam.

Lenta, mas inexoravelmente, a sociedade “emburguesa-se”, difundindo-se novos gostos, novoscostumes, que vão minando, aos poucos, as velhas estruturas sociais. Mas, tudo tem limites… A fraquezanumérica da burguesia permanecerá como um condicionalismo, que limitará, na prática, o seu progressoe capacidade interventiva.

José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa

Grupo II

Outros Percursos... pelo Texto Poético

Lê, atentamente, o texto.

Page 42: Outros Percursos 11º Ano

40 Outros Percursos 11

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta, deacordo com as afirmações do texto.

1.1. Ao longo do século XIX, afirmou-se um relevante grupo social, especificamente, …

a) a nobreza, com a influência da burguesia.

b) a burguesia.

c) os escritores “malditos”.

d) os caricaturistas.

1.2. No final do século XIX, assistiu-se a uma transformação das mentalidades, motivada…

a) exclusivamente pela ascensão do novo grupo social.

b) essencialmente pela ação da imprensa.

c) pelos novos hábitos que surgiram.

d) fundamentalmente pelo acesso à instrução e pela imprensa.

1.3. O segmento sublinhado em “a condição de burguês era transitória e intermédia” (linhas 2-3)corresponde ao...

a) sujeito.

b) complemento direto.

c) predicativo do sujeito.

d) modificador restritivo do nome.

1.4. Na frase “procurava adquirir o título com que se integrava na nobreza” (linhas 3-4), a oraçãosublinhada...

a) corresponde ao modificador restritivo, dado sob a forma de uma oração subordinada adjetivarelativa restritiva.

b) desempenha a função sintática de complemento direto, dado sob a forma de uma oração su-bordinada substantiva completiva.

c) é o modificador apositivo, dado sob a forma de uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa.

d) desempenha a função sintática de sujeito, dado sob a forma de uma oração subordinada subs-tantiva completiva.

1.5. O complexo verbal “foi desaparecendo” (linha 4) transmite o valor aspetual...

a) de uma ação concluída.

b) de uma ação ainda a concluir.

c) do início de uma ação.

d) de uma ação prolongada no tempo.

1.6. O sujeito do predicado “traduz esta afirmação social” (linha 10) é...

a) nulo subentendido.

b) nulo expletivo.

c) simples.

d) nulo indeterminado.

› SEQUÊNCIA 5

Page 43: Outros Percursos 11º Ano

41Outros Percursos 11

1.7. A palavra sublinhada na frase “que limitará” (linha 16) retoma o referente...

a) “um condicionalismo” (linha 16).

b) “A fraqueza numérica” (linhas 15-16).

c) “burguesia” (linha 16).

d) “A fraqueza numérica da burguesia” (linhas 15-16).

2. Completa o texto que se segue, selecionando a opção correta, a partir das propostas apresentadas.

aqueles, todos, simultaneamente, abertos, fechados, particulares, simples, público, clausura, hera, uns, ascendentes, gradeamento, sentimental, contudo, igrejas, era, outros, estes, Lisboa,

românticas, casadas, paraíso, social

Grupo III

Produz um texto argumentativo, entre duzentas e trezentas palavras, sobre a importância dos mo-mentos de lazer na vida das pessoas.

Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um delescom, pelo menos, um exemplo significativo.

› SEQUÊNCIA 5

Um dos símbolos da civilização oitocentista (do seu sistema político e do seu modo de vida) foi, sem

dúvida, o passeio a) ________________, lugar privilegiado de sociabilidade das classes b) ________________.

Quase todas as principais povoações do País entram na c) ________________da vida d) ________________ ao

ar livre, preferindo os espaços e) ________________ e arborizados à f) ________________ dos palácios e das

g) ________________ do Antigo Regime. (…)

h) _________________________, o exemplo paradigmático é o do Passeio Público do Rossio, em Lisboa. Para

i) ________________, ele era a “gaiola dos Lisboetas” (uma alusão ao j) ________________ que o cercava a toda

a volta); para k) ________________, era uma espécie de l) ________________ das jovens m) ________________ e

dos namorados piegas, n) ________________ o coração físico e o) ________________ da capital.

José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa

(texto adaptado e com supressões)

Outros Percursos... pelo Texto Poético

Page 44: Outros Percursos 11º Ano

42 Outros Percursos 11

Naquele “pic-nic” de burguesas, Houve uma cousa simplesmente bela, E que, sem ter história nem grandezas, Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal azul de grão-de-bico Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos, Nós acampámos, inda o Sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda Dos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merenda O ramalhete rubro das papoulas!

Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde, Paisagem Editora, 1982

Apresenta, de forma completa e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

1. O poema apresentado é passível de uma divisão tripartida.1.1. Delimita-o, justificando essa tripartição.

2. No texto poético esboça-se uma estrutura narrativa.2.1. Explicita a afirmação anterior.

3. O uso de diferentes sensações é apanágio de Cesário Verde.3.1. Confirma o recurso às sensações visuais, gustativas e táteis.

4. Analisa o poema a nível versificatório.

BComenta a afirmação, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te nos conhecimen-

tos adquiridos sobre Cesário Verde e a sua produção poética.

Nome Turma Data

Lê atentamente o poema seguinte.

DE TARDE

› SEQUÊNCIA 5

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B5Grupo I

A

5

10

15

“Os grandes motivos de inspiração de Cesário aprendeu-os ele na escola da vida e do dia a dia;entraram-lhe na alma através de todos os sentidos e a expressão saiu mais do seu intelecto do que dasubordinação às exigências do coração.”

In “Considerações introdutórias à vida e à obra de Cesário Verde”, 1982, Paisagem Editora

O pic-nic, Claude Monet.

Page 45: Outros Percursos 11º Ano

43Outros Percursos 11

Grupo II

Lê, agora, a parte inicial da seguinte reportagem.Por Isabel Lacerda, 11-11-2010

Na igreja, as pessoas começavam a desesperar. Faltava um dia para as festividades da vila e ninguémsabia do padre. Já o tinham procurado em casa e nos cafés, já lhe tinham ligado para o telefone – masnada. Estava desaparecido e isso era estranho. Educado no Opus Dei e membro da obra, disciplinado erespeitoso, nunca falhara na coordenação do evento, momento alto do ano religioso na paróquia. Sóuma razão fortíssima poderia justificar a sua ausência. As hipóteses sobre o seu paradeiro multiplica-ram-se quando, de repente, uma mulher, transtornada, irrompeu na igreja. Era a mãe da chefe dascatequistas: “O padre fugiu com a minha filha. Estão os dois em parte incerta.”

A notícia circulou rapidamente pela freguesia com perto de três mil habitantes, na zona centro do País,apanhando quase toda a gente de surpresa. A chefe das catequistas, casada, sempre de blusa e saia travada,pertencia a uma família “rica mas rude” da vila, e era um símbolo de devoção católica. O padre, por sua vez,apesar de ainda ter 30 e poucos anos (como ela) revelava uma ortodoxia inabalável. “Era muito puritano.Dizia aos adolescentes que a masturbação estava errada, que o esperma era naturalmente expelido atravésda urina”, recorda um dos moradores, na altura muito próximo do pároco. “Às mulheres que ousassem subirao altar de pernas à mostra, durante a missa repreendia-as no momento”, acrescenta.

Só os mais atentos tinham desconfiado. Uma funcionária da autarquia, sexagenária, lembra que“o carro dele era visto muitas vezes em frente à vivenda dela, e vice-versa, e toda a gente sabia que omarido, devido ao seu emprego, passava muito tempo fora de Portugal”. Um outro residente da vila,de 78 anos, ia para o emprego às 13 h, voltando ao fim do dia, e durante esse período via sempre oautomóvel da catequista estacionado na garagem da casa paroquial. Outra pessoa afirma ainda que, adada altura, os horários começaram a esticar-se pela madrugada. Alguns também sabiam que ambostinham sido colegas no secundário, antes de ele entrar no seminário. (…)

www.sabado.pt

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentidodo texto.

1.1. Pode dizer-se que o texto pretende salientar que…

a) o Opus Dei impõe regras muito rígidas.b) os padres têm todos uma vida escondida.c) as tentações sexuais não poupam os padres.d) a vida religiosa é demasiado castradora.

1.2. A história narrada pode ser entendida como…

a) a pretexto para desenvolver um tema polémico e atual.b) o principal objetivo da cronista.c) exemplo da vida sexual dos padres.d) alerta para a instituição eclesiástica.

1.3. As certezas de que algo de grave se teria passado para explicar a ausência do pároco deviam-se…

a) à irregularidade revelada pelo padre na organização de eventos.b) ao cumprimento escrupuloso das obrigações paroquiais.c) ao puritanismo que o padre sempre demonstrou.d) à educação, disciplina e respeito revelados pelo pároco.

5

10

15

20

Outros Percursos... pelo Texto Poético

Page 46: Outros Percursos 11º Ano

44 Outros Percursos 11

1.4. A fuga inusitada do padre foi rapidamente espalhada, visto que…

a) a chefe das catequistas também estava envolvida.b) a mãe da catequista fez circular a notícia da fuga da filha.c) toda a população já se tinha apercebido do caráter do padre.d) a freguesia tinha apenas cerca de três mil habitantes.

1.5. Os depoimentos de alguns habitantes da aldeia vêm confirmar…

a) a surpresa causada pelo acontecimento.b) as suspeitas que recaiam sobre o pároco.c) a falsa moralidade da mulher que o acompanhou.d) a atenção que os mais velhos dedicam à vida religiosa.

1.6. O primeiro período do texto apresenta…

a) um complemento direto.b) um complemento indireto.c) um modificador.d) um predicativo do sujeito.

1.7. Os pronomes “o” e “lhe” (linha 2) retomam…

a) ambos o padre.b) o padre e a casa, respetivamente.c) o telefone e o padre.d) um dia e o padre.

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo aobteres afirmações verdadeiras.

COLUNA A COLUNA B

2.1. Em “uma mulher, transtornada,irrompeu na igreja” (linha 6), …

2.2. Em “A notícia circulourapidamente pela freguesia”(linha 8), …

2.3. Com o grupo nominal “umsímbolo de devoção católica”(linha 10), …

2.4. Ao utilizar a locução “apesarde” (linha 11), …

2.5. Com a forma verbal“ousassem” (linha 13), …

a) o enunciador recorre a um complemento oblíquo.

b) o enunciador regista o predicativo do sujeito.

c) o enunciador evidencia o complemento direto.

d) o enunciador emprega um modificador apositivo donome.

e) o enunciador sugere uma ideia consecutiva.

f) o enunciador recorre ao conjuntivo para sugerir apossibilidade.

g) o enunciador impõe uma lógica concessiva à frase.

h) o enunciador serve-se de um advérbio de predicado.

Grupo III

Partindo das afirmações anteriores, redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a tre-zentas palavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, umexemplo significativo.

› SEQUÊNCIA 5

O celibato é um dos votos a que os padres estão obrigados. Contudo, são várias as vozes que criticama inflexibilidade da igreja católica, defendendo, inclusive, o casamento para os servos eclesiásticos.

Page 47: Outros Percursos 11º Ano

45Outros Percursos 11

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES

GRUPO I A

1.1. O aumento dos preços dos combustíveis comoforma de renovação dos hábitos/comportamentosdos cidadãos, nomeadamente a troca dos trans-portes privados pelos públicos.

1.2. - Aumento dos combustíveis (“Os combustíveisatingem preços nunca vistos” – linha 1);

- Cortes salariais (“Enquanto o salário encolhe”– linha 7);

- Desadequação entre os transportes públicos eas necessidades dos cidadãos (“Desde queexistam e respondam às necessidades dos ci-dadãos que deles precisam.” – linhas 11-12).

1.3.1. A oportunidade de mudar de meio de transporte.

1.4.1. Metáfora – “para quem não pretende queimarparte significativa do ordenado” (linhas 9-10) – aoserviço da crítica da autora, denunciando as di-ficuldades económicas de muitos cidadãos.

1.4.2. Ironia – “Nem tudo é negativo.” (linha 8) – aoserviço da crítica da autora, propondo uma al-ternativa, irrealizável, para atenuar a negativi-dade da situação.

1.4.3. Antítese – “Enquanto o salário encolhe, o preçoque pagamos quando abastecemos o depósitodo automóvel cresce na proporcionalidade.” (li-

nhas 7-8) – ao serviço da crítica da autora, inten-sificando as dificuldades económicas de muitoscidadãos.

1.5. O uso da frase interrogativa (linha 7); os conselhosque se depreendem no último parágrafo.

1.6. Recurso à exemplificação para confirmar a li-gação entre a indiferença dos responsáveis po-líticos relativamente às questões ambientais e ascatástrofes que têm ocorrido.

B

Resposta de caráter pessoal. No entanto, o alunodeverá:

— referir-se à intenção do cartoonista (cartoon reve-lador de preocupações ambientais);

— construir um texto coerente, baseando-se nos ele-mentos que compõem a imagem (analisar, porexemplo, o contraste entre as cores);

— respeitar o limite de palavras proposto.

GRUPO IA1.1. .................................................................................................................................... 10 pontos

1.2..................................................................................................................................... 15 pontos

1.3.1. ................................................................................................................................. 10 pontos

1.4.1. ................................................................................................................................. 5 pontos

1.4.2.................................................................................................................................. 5 pontos

1.4.3.................................................................................................................................. 5 pontos

1.5..................................................................................................................................... 10 pontos

1.6. ................................................................................................................................... 10 pontos

B....................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1. ...................................................................................................................................... 30 pontos

2. ...................................................................................................................................... 20 pontos

GRUPO III .......................................................................................................................... 50 pontos

Teste ASEQUÊNCIA 1 (pp. 4-6)

Page 48: Outros Percursos 11º Ano

46 Outros Percursos 11

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES

Assinala corretamente:

10 afirmações – 30 pontos; 9 afirmações – 24 pontos;7 ou 8 afirmações – 18 pontos; 5 ou 6 afirmações – 12pontos; 3 ou 4 afirmações – 6 pontos.

4 ou 5 correspondências corretas – 20 pontos; 2 ou 3correspondências corretas – 12 pontos; 1 correspondên-cia correta – 4 pontos.

GRUPO I A

1.1. Valoriza excessivamente o período de gestação,entendido como uma fase da vida feminina emque a dor estaria associada à vida.

1.2. Passado

– verbos no pretérito perfeito: “endeusámos”,proclamámos” (…);

– verbos no pretérito imperfeito: “recebiam”,“imploravam” (…);

– expressão temporal: “há 20 anos”;Presente– verbos no presente do indicativo: “continuam”,

“são” (…);– advérbio de tempo: “agora”.

1.3. Realçar o modo de pensar da época, nomeada-mente o facto de a sociedade considerar que a

mulher que recorria a analgésicos para atenuar ador do parto não reunia as qualidades necessáriaspara ser mãe.

1.4. – marcas da 1.ª pessoa: “Ainda me lembro”; (linha 6)

– advérbios: “Felizmente” (linha 15), “Finalmen -te” (linha 20);

– expressão parentética: “(será que agora pas -sa?)” (linha 10);

– adjetivação expressiva: “cristalizados” (linha 2);“desígnio divino” (linha 5).

BResposta de caráter pessoal. No entanto, espera-seque o aluno oriente o seu texto, obedecendo aos aspetoselencados, para o cuidado que se deve ter relativamenteao fácil acesso das crianças aos medicamentos/deter-gentes...

GRUPO I A1.1........................................................................................................................................ 15 pontos

1.2. ...................................................................................................................................... 15 pontos

1.3. ...................................................................................................................................... 20 pontos

1.4 ....................................................................................................................................... 20 pontos

B ......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1. ......................................................................................................................................... 35 pontos

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos

GRUPO II

1. A) F; B) F; C) V; D) V; E) F; F) F; G) V; H) V; I) F; J) V.

2.1. d); 2.2. a); 2.3. f); 2.4. c); 2.5. b).

GRUPO III

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os cri -térios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno).

Teste BSEQUÊNCIA 1 (pp. 7-10)

Page 49: Outros Percursos 11º Ano

47Outros Percursos 11

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os cri té -rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno)

GRUPO II1.1. b); 1.2. d); 1.3. c); 1.4. a); 1.5. a); 1.6. c); 1.7. b). 2. A. – F; B. – V; C. – V; D. – F; E. – V.

GRUPO III

GRUPO I A1. O excerto insere-se no desenvolvimento, terceiro

capítulo, no momento em que orador distingue,individualmente, as virtudes dos peixes, concre-tamente, o passo em que evidencia as qualidadesde torpedo e quatro-olhos.

2. Torpedo apresenta como característica principal ofacto de, no momento em que está a ser pescado,evitar que isso se concretize, utilizando, para se de-fender, descargas elétricas que fazem tremer obraço do pescador, obrigando-o a largar a cana. Opregador, estabelecendo um paralelismo entre ospescadores do mar e os pescadores da terra, refleteacerca da inúmera variedade deste últimos, meta-forizados nas “varas”, “ginetas”, “bengalas”, “bas-tões” e “cetros”, afirma a sua “voracidade” e omodo como se apropriam dos bens, (cidades, rei-nos), interrogando-se e mostrando o seu espantopela inatividade dos que estão a ser “pescados”,“Pois é possível que, pescando os homens cousasde tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?!” (linhas 16-17).

3. Santo António, através da sua palavra (fez tremer22 pescadores destes), conseguiu comover edemover aqueles que tinham comportamentos de-sonestos, levando-os não só a emendar-se mastambém a devolver o fruto dos roubos, elevando,assim, o valor da doutrina pregada pelo Santo.

4. Após ter descrito os quatro-olhos como peixinhosdotados da capacidade de se livrarem dos perigosvindos de dois elementos, uma vez que Deus lhesdeu “quatro-olhos”, interroga-se sobre os desígniosdo próprio Deus, pois dota uns de grandes capaci-dades para se defenderem e permite que outrosvivam cegos e na ignorância, numa alusão clara aospovos indígenas do Maranhão que vivem abando-nados e maltratados.

B

A vida de Vieira decorreu, essencialmente, no Brasilonde se dedicou à pregação, o que no século XVIIconstituía uma maneira de ser escutado por todas ascamadas sociais.

Elegeu o Maranhão como seu local predileto, aípregou o “Sermão de Santo António”. Pretendendo

GRUPO I A1........................................................................................................................................... 15 pontos2. ......................................................................................................................................... 20 pontos3. ......................................................................................................................................... 15 pontos4. ......................................................................................................................................... 20 pontos

B ......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos

Teste ASEQUÊNCIA 2 (pp. 11-14)

Page 50: Outros Percursos 11º Ano

48 Outros Percursos 11

alcançar os fins da oratória, docere, delectare, movere,aí se tornou um acérrimo defensor dos direitos dosíndios, vítimas da ganância e corrupção dos colonos.A sua luta não se ficou pelas críticas, às quais nem aIgreja escapou. Vieira agia, tendo mesmo obtido do rei

um documento reconhecendo aos Jesuítas a jurisdiçãosobre os Índios. Visando “preservar o são para que senão corrompa”, metaforizou nos peixes os homens esatirizou a sociedade do seu tempo: os vaidosos, osparasitas, os traidores, os ambiciosos. (129 palavras)

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES

GRUPO II1.1. c); 1.2. a); 1.3. d); 1.4. a); 1.5. b); 1.6. a); 1.7. c). 2.1. c); 2.2. d); 2.3. e); 2.4. f); 2.5. a).

GRUPO III

GRUPO I A

1. Exórdio – final do capítulo I do Sermão de Santo An-tónio, de Padre António Vieira; momento da refe-rência a St.º António e justificação da escolha doauditório – peixes, tal como o fez o santo referido.

2. St.º António, exemplo de homem/pregador a se-guir, pelas virtudes que apresenta; comemoraçãodo dia do santo (13 de junho de 1654), festividadeque, segundo Padre António Vieira, deverá impli-car uma pregação seguindo o modelo do santo(“nas festas dos santos é melhor pregar como eles,que pregar deles.” – linhas 26-27);

2.1.– pregador (“Pregava Santo António em Itália” –linha 6);

– homem puro (“uns pés, a que se não pegou nadada terra, não tinham que sacudir.” – linhas 13-14);

– perseverante (“mas não desistiu da doutrina.” –linha 17); (…):

3. De acordo com o excerto, emendar os vícios daterra (“Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja,e noutras, de manhã e de tarde, de dia e de noite,sempre com doutrina muito clara, muito sólida,muito verdadeira, e a que mais necessária e impor-tante é a esta terra, para emenda e reforma dos ví-cios que a corrompem.” (linhas 29-31);

GRUPO I AA1........................................................................................................................................... 15 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos2.1. ....................................................................................................................................... 10 pontos3. ......................................................................................................................................... 15 pontos4. ......................................................................................................................................... 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO IIII ............................................................................................................................ 50 pontos

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os cri té -rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno).

Teste BSEQUÊNCIA 2 (pp. 15-18)

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49Outros Percursos 11

4. Interrogação retórica – “Que faria neste caso oânimo generoso do grande António? Sacudiria o pódos sapatos, como Cristo aconselha em outrolugar?” (linhas 10-12) – de forma a captar a atençãodo público e a fomentar a reflexão.

Paralelismo anafórico – “Começam a ferver as ondas,começam a concorrer os peixes” (linha 20) – para real-çar os efeitos que as palavras de Santo António cau-saram nos seus recetores (peixes).

BResposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno de-verá:– referir-se às duas obrigações do sal: louvar o bem

para o preservar e repreender o mal para se livrardele;

– exemplificar com os louvores em geral (cap. II) e emparticular (cap. III) e as repreensões no geral (cap.IV) e em particular (cap. V);

– construir um texto coerente;– respeitar o limite de palavras proposto.

GRUPO I A1........................................................................................................................................... 20 pontos2. ......................................................................................................................................... 20 pontos3.1. ....................................................................................................................................... 15 pontos3.2........................................................................................................................................ 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO II .............................................................................................................................. 50 pontos

GRUPO II

1.1. a); 1.2. d); 1.3. a); 1.4. c); 1.5. b); 1.6. b); 1.7. a).2.1. “No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecno-

logias de manipulação de imagem, para promovera interação de figuras projetadas com o discursode Vieira.”

2.2. “Como o texto de Vieira é muito rico e profuso,na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos

quer cénicos, evitámos a mera ilustração do ser-mão e a coincidência de signos, especialmente osconcorrentes com as imagens sugeridas pelotexto.”

2.3. “(…) concentra a ação dramática do ator, queconstrói alguma dessas personagens, no exercícioda pregação (…).”

GRUPO III

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os crité-rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno)

Teste ASEQUÊNCIA 3 (pp. 19-22)

GRUPO I A

1. A ação decorre madrugada alta, num espaço exí-guo, sem decoração, apenas se veem objetos reli-giosos, escuro, sóbrio, havendo, portanto, entre

espaço e tempo uma correlação. O caráter funestoé evidente nos objetos: cruzes, tochas, umaenorme cruz negra e outros que se prendem coma realização de funerais.

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PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES

Outros Percursos 11

GRUPO I A1. Esta cena (VIII) de Frei Luís de Sousa pertence ao

ato III, uma vez que o diálogo apresentado ocorre

quase no final da obra, no momento em que osdois esposos veem, como salvação das suas almas,o ingresso na vida conventual.

GRUPO I A1........................................................................................................................................... 15 pontos2.1. ....................................................................................................................................... 20 pontos3.1. ....................................................................................................................................... 15 pontos3.2........................................................................................................................................ 20 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO IIII ............................................................................................................................ 50 pontos

GRUPO II

1.1. a); 1.2. c); 1.3. d); 1.4. c); 1.5. d); 1.6. b); 1.7. a). 2.1. e); 2.2. c) 2.3. b); 2.4. a); 2.5. g).

GRUPO III

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os crité-rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno)

Teste BSEQUÊNCIA 3 (pp. 23-25)

2. À medida que a ação se vai aproximando do fim trá-gico, o espaço físico vai afunilando, vai perdendoclaridade e harmonia, revestindo-se, pelo contrá-rio, de elementos que provocam o adensamentotrágico.

3.1. Manuel de Sousa está desesperado, atribuindo acausa da situação que está a viver ao seu casa-mento com D. Madalena, que, nas suas palavras,“foi um terrível erro.” O modo como nos é des-crito, “o rosto inclinado sobre o peito, os braçoscaídos e em completa prostração de espírito e decorpo”, é revelador do desalento e da extenuaçãosentidas. A prová-lo está também o discurso sin-copado e o recurso constante a interjeições e asfrases exclamativas.

3.2. A sua maior preocupação é a sua filha Maria ea tragédia que se abaterá sobre ela e que a deson-rará.

B

Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno de-verá abordar alguns dos seguintes tópicos:

Conteúdo

– Drama - não está escrita em verso; não tem cincoatos; o assunto não é fornecido pela mitologia nempela história grega.

– Índole trágica – assunto nacional ao gosto român-tico; número reduzido de personagens; unidade deação; o pathos apodera-se das personagens; osacontecimentos progridem dramaticamente até aoclímax; personagens cuja função se aproxima da docoro da tragédia clássica (Telmo Pais e Frei Jorge).

Forma

– construir um texto coerente;

– respeitar o limite de palavras proposto.

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51Outros Percursos 11

GRUPO II

GRUPO III

1.1. b); 1.2.c); 1.3.a); 1.4.b); 1.5.d); 1.6.a); 1.7.d). 2.1. d); 2.2. g); 2.3. a); 2.4. f); 2.5. c).

GRUPO I A1........................................................................................................................................... 15 pontos2. ......................................................................................................................................... 20 pontos3. ......................................................................................................................................... 20 pontos4. ......................................................................................................................................... 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos

Teste A

SEQUÊNCIA 4 - Os Maias (pp. 26-29)

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os crité-rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno)

2.1. D. Madalena não quer aceitar que a solução passepela dissolução do seu matrimónio e, por isso,ainda duvida que o seu primeiro marido possaestar vivo, questionando frei Jorge sobre a possi-bilidade de o romeiro não ter dito a verdade.

3.1. A racionalidade de Manuel de Sousa manifesta-seem toda a sua intervenção, embora esta seja aindamais evidente no momento em que se dirige aD. Madalena para a abraçar e reconfortar, mas, ime -diatamente, recua (“Vai para a abraçar e recua”).

3.2. Manuel de Sousa pretende assegurar que até àchegada do romeiro ninguém os poderia acusarde má fé, que a sua união violara as leis da igreja,uma vez que desconheciam a verdade e, como tal,ambos estiveram de consciência tranquila. Con-tudo, a partir da descoberta da verdade, seria im-possível viverem sem remorsos ou sem pecado.

B

Em Frei Luís de Sousa há elementos carregados desimbolismo que surgem ao longo da obra.

Assim, logo no início, D. Madalena lê o episódiode Inês de Castro, sugerindo a vivência de um amorfugaz e impuro que terminará de forma trágica. Aonível das notações temporais, a sexta-feira surgeassociada a acontecimentos que marcaram o percursode vida da personagem: numa sexta-feira casou comD. João de Portugal, viu Manuel de Sousa pela primeiravez e o romeiro regressou.

A numerologia adquire igualmente valores sim-bólicos inigualáveis, particularmente o número 7:D. Madalena esperou sete anos pelo regresso de D. João,esteve casada 14 com Manuel de Sousa e o primeiromarido regressa ao fim de 21. Também o 13 pode sugerirazar, idade com que Maria morre. (129 palavras)

GRUPO I A1. O texto é um excerto do capítulo X, onde se insere

o episódio das corridas de cavalos, cujo objetivo éapresentar uma visão irónica e satírica da sociedade

lisboeta que, apesar do seu provincianismo, sejulga cosmopolita e elegante.

2. O ambiente é de desalento e abatimento, como sepode observar pela descrição dos comportamentos

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PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES

Outros Percursos 11

GRUPO II

GRUPO III

1.1. d); 1.2. b); 1.3. c); 1.4. b); 1.5. c); 1.6. a); 1.7. c). 2.1. b); 2.2. f); 2.3. h); 2.4. c); 2.5. g).

GRUPO I A

1. O excerto pertence à intriga secundária e relatafactos ocorridos após a morte de Maria EduardaRuna, mãe de Pedro, precisamente o momento

em que Pedro se apaixona por Maria Monforte e saida abulia em que caíra.

2.1. Afonso, por um lado, fica agradado com a ideia deque Pedro possa estar interessado por uma mulher,

GRUPO I A1........................................................................................................................................... 20 pontos2.1. ....................................................................................................................................... 20 pontos3.1. ....................................................................................................................................... 15 pontos4.1........................................................................................................................................ 15 pontos

B ......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos

Teste B

SEQUÊNCIA 4 - Os Maias (pp. 30-33)

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os crité-rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno).

dos que assistiam às corridas – os rapazes deixavam--se cair nas cadeiras, bocejando; a música tocavacoisas plangentes; até as senhoras voltavam àquietude tristonha. Um momento que se pretendeelegante e de diversão é, afinal, encarado de formaentediada e sem entusiasmo.

3. Carlos procurava ansiosamente Dâmaso, pois estedeveria tê-lo já apresentado a Castro Gomes, “ma-rido” de Maria Eduarda, o que não se verificara.Por outro lado, as corridas, sendo um aconteci-mento em que a alta sociedade lisboeta se encon-trava, seriam uma hipótese para ele rever Maria.Como o único conhecido da família Castro Gomesem Lisboa era Dâmaso, seria de esperar que este osacompanhasse e, assim, Carlos teria hipótese derever a sua amada.

4. A sorte de Carlos nas apostas, apesar de seremsobre um cavalo não favorito, são bem sucedidas,indiciando um final infeliz para o seu amor, o quese verificará.

B

Carlos e Maria Eduarda foram separados pelo des-tino, mas o destino fê-los reencontrarem-se à portade um hotel.

A beleza e a elegância de ambos atrai-os irresisti-velmente e fá-los protagonistas de uma história deamor. O mesmo destino que os uniu separa-os, reti-rando de uma caixa de velhos papéis, confiada a umamigo, a sua consanguinidade. Contudo, Carlos, mes -mo tendo consciência da gravidade da situação, co-mete o incesto. O caráter funesto deste ato provoca ofinal trágico de Afonso, ao saber que o neto sucumbiuao incesto, apesar da educação que lhe proporcionou.

O que o destino não conseguira alcançou a reali-dade. A perceção de que a dor tinha matado o avô levaCarlos a terminar o romance e a separar-se da irmã.

(122 palavras)

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53Outros Percursos 11

GRUPO II1.1. c); 1.2. b); 1.3. d); 1.4. a); 1.5. b); 1.6. b); 1.7. d). 2.1. c); 2.2. a); 2.3. f); 2.4. b); 2.5. d).

GRUPO III

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os crité-rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno).

GRUPO I A1........................................................................................................................................... 20 pontos2. ......................................................................................................................................... 20 pontos3. ......................................................................................................................................... 15 pontos4. ......................................................................................................................................... 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos

SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio (pp. 34-37)

GRUPO I A1. Caracterização do ambiente:

– lento (“com a lentidão espessa de uma massamal derretida”) (linha 4);

– passivo (“no arrebatamento passivo que agradaàs massas mandrionas”) (linha 7);

– entediante (“um tédio morno circulava”) (linha 8);

uma vez que isso poderá contribuir para o afastarda letargia em que caíra por causa da morte damãe. Contudo, quando toma conhecimento dosfactos que no passado foram protagonizados pelopai de Maria, fica apreensivo e afirma mesmo que:“essa mulher, com um pai desses, mesmo paraamante acho má.” (linha 14)

3.1. Vilaça mostra-se preocupado, pois corre a contara Afonso, e a outros amigos o passado do pai deMaria Monforte. Mais preocupado se mostraquando o jovem Maia decide informar-se sobreas suas capacidades financeiras, pois antevê queessa atitude não é motivada só pelo facto de que-rer oferecer presentes à amada.

4.1. Quando Afonso vê Maria, fica surpreendido coma sua beleza “e a sua face, grave e pura como ummármore grego” (linhas 29-30). Contudo, um factodeixa-o apreensivo: a sombrinha escarlate deMaria que cobria Pedro assemelhava-se a umamancha de sangue que o envolvia.

B

Resposta de caráter pessoal. No entanto, o alunodeverá abordar alguns dos seguintes tópicos:

Conteúdo– Espaços: descrição do jardim do Ramalhete quando

é feito o restauro: o cipreste, o cedro, a fonte e a es-tátua de Vénus;

- descrição de alguns objetos que adornam a Toca: oquadro de São João Batista degolado; a tapeçaria re-presentando os amores de Vénus e Marte;

- a lenda referida por Vilaça de que as paredes do Ra-malhete são fatais aos Maias;

- a vitória de Carlos nas apostas na corrida de cavalos,contra todas as expectativas (...)

Forma- construir um texto coerente;- respeitar o limite de palavras proposto.

Page 56: Outros Percursos 11º Ano

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PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES

Outros Percursos 11

GRUPO II

1.1. d); 1.2. b); 1.3. a); 1.4. d); 1.5. c); 1.6. b); 1.7. a). 2.1. e); 2.2. h); 2.3. a); 2.4. c); 2.5. i).

GRUPO III

Teste A

SEQUÊNCIA 5 (pp. 38-41)

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os crité-rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno).

GRUPO I A1........................................................................................................................................... 15 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos3. ......................................................................................................................................... 10 pontos4.1........................................................................................................................................ 15 pontos5. ......................................................................................................................................... 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos

2. Época histórica retratada - segunda metade doséculo XIX:

– “burguesia domingueira” (linha 3) – ascensão daclasse burguesa;

– “o macadame” (linha 5) – tipo de pavimento daépoca;

– “poeirada fina” (linha 9) – resultante do piso deterra;

– “os candeeiros” (linha 10) – iluminação pública;– “Debaixo do véu” (linha 16) – peça de vestuário/

acessório da época;– “a luz do gás dava o mesmo tom amarelado”

(linha 18) – iluminação pública a gás.

3. Luísa: retraída pela inadaptação ao espaço ondese encontra, sentindo saudades do lar, da priva-cidade: “Luísa sentia como uma saudade (…) deserões recolhidos”; “O movimento então retraía--a (…)”;

Basílio: irritado pela inadaptação ao espaço ondese encontra e devido ao ar abatido dos transeun-tes: “(…) num abatimento de pasmaceira. Aqueleaspeto irritou Basílio (…)”;

D. Felicidade: desanimada, frustrada devido à au-sência do conselheiro Acácio.

4. “Bamboleamento relaxado” – com a atribuição doadjetivo “relaxado”, normalmente associado apessoas, ao nome “bamboleamento”, o narradorpretende destacar a impressão dominante, nestecaso, a de relaxamento, inércia da massa humanaque se passeava pelo Passeio.

B

De facto, a aventura romântica de Luísa foi “pin-tada” à luz naturalista, método adotado por Eça deQueirós, de modo a criticar, de forma demolidora esarcástica, os costumes da pequena burguesia lis-boeta da época retratada.

Luísa surge-nos descrita como uma mulher ro-mântica, sentimental, ociosa, sem valores espirituais,que, na ausência do marido, se entrega a uma relaçãoadúltera com o primo Basílio, aventura que a leiturade romances lhe despertara. No primeiro capítulo,Eça prepara o leitor para os futuros comportamentosda personagem, destacando o seu envolvimento como primo, antes de conhecer Jorge, e o interesse damãe de Luísa naquela relação, pois “Basílio era rico”.

Ora, a origem social, a educação e influências ex-ternas são os fatores determinantes do comporta-mento da personagem eciana. (126 palavras)

Page 57: Outros Percursos 11º Ano

GRUPO I A1. Espaço rural, luminoso:

“No campo” (linha 2); “A claridade” (linha 3); “velhaermida com seu adro” (linha 10); “Numa colina azulbrilha um lugar caiado” (linha 15); “azinhaga” (linha 18);(…)

2. Sujeito poético – citadino: “E ria-me, eu ocioso,inútil, fraco,/Eu de jasmim na casa do casaco/Ede óculo deitado a tiracolo” (linhas 48-50).A prima do sujeito poético – campestre/rural“chapéu de palha” (linha 17); “Sem desprender dochão teus olhos castos,/Tu começaste, harmónica,indecisa,/A arregaçar a chita, alegre e lisa” (linhas

22-24); “Tu, a austera, a gentil, a inteligente,/Depoisde bem composta, deste à frente/Uma pernada có-mica, vulgar!” (linhas 30-32); (…)

3. Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno po-derá orientar a sua resposta para o rigor, a exatidãoque Cesário Verde pretende com os seus versos, dis-tanciando-se, deste modo, da poesia romântica.

4.1. A energia e a desenvoltura da prima, rapariga docampo; “A claridade, a robustez, a ação.” (linha 3)

do espaço campesino transmitem ao poeta forçae vitalidade, daí ser um local que lhe serve de“musa” e “ que [o] anima” (linha 2).

5. A (dupla) adjetivação expressiva: “completa eséria educação” (linha 6); “alegre e lisa” (linha 24) –ao serviço do caráter impressionista da poesia deCesário Verde, de modo a realçar as característicasdo que observa e os sentimentos que o observadodespertam no observador.Enumeração – “Respiro indústria, paz, salubri-dade” (linha 12) – realçando os aspetos positivos doespaço onde o “eu” se encontra. (…)

B

Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno de-verá:– referir-se ao caráter deambulante da poesia de Ce-

sário Verde;– fazer alusão aos espaços/figuras antagónicos(as) ob-

servados(as) e descritos(as) pelo poeta;– construir um texto coerente;– respeitar o limite de palavras proposto.

55Outros Percursos 11

GRUPO II1.1. b); 1.2. d); 1.3. c); 1.4. a); 1.5. d); 1.6. c); 1.7. a). 2. a) público; b) ascendentes; c) era; d) social; e) aber-

tos; f) clausura; g) igrejas; h) contudo; i) uns; j) gradeamentos; k) outros; l) paraíso; m) român-ticas; n) simultaneamente; o) sentimental.GRUPO III

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os crité-rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno).

Teste B

SEQUÊNCIA 5 (pp. 42-44)

GRUPO I A1.1. ....................................................................................................................................... 20 pontos2.2........................................................................................................................................ 20 pontos3.1. ....................................................................................................................................... 15 pontos4. ......................................................................................................................................... 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos

GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos2. ......................................................................................................................................... 15 pontos

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos

Page 58: Outros Percursos 11º Ano

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PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES

Outros Percursos 11

GRUPO I A

1.1. A primeira quadra constitui a introdução dopoema; nas segunda e terceira quadras descreve-sea ação levada a cabo pela dama que desce doburrico e vai colher o “ramalhete de papoulas” eacampam para fazer um pic-nic. A última estrofeconstitui a conclusão, fixando o “supremo en-canto da merenda.”(V. 15);

2.1. No poema é possível encontrar categorias pró-prias do discurso narrativo, nomeadamente a lo-calização no tempo (“De tarde”, “Pouco depois/… inda o Sol se via”), no espaço (campo – “umgranzoal”, “em cima duns penhascos”), a inter-venção de personagens (“burguesas”, “tu”, “Nós”)e ação (um “pic-nic”, “descendo do burrico,/Foste colher…”, “Nós acampámos…”).

3.1. É notória a utilização de várias sensações. Assim,o recurso à sensação visual é percetível em versoscomo: “granzoal azul”, “ramalhete rubro de pa-poulas”, “inda o Sol se via”. A sensação gustativasalienta-se na referência aos alimentos (“E pão deló molhado em malvasia”) e, finalmente, a tátilem expressões como “molhado em malvasia” e“seios como duas rolas”, percecionando a humi-dade e a suavidade, respetivamente.

4. O poema é constituído por quatro quadras, comversos decassilábicos, com rimas cruzadas e gravesem todas as estrofes, exceto nos versos 10 e 12 ondea rima é aguda. O ritmo é conferido pelas rimas epelas aliterações em “r” e em “m”.

B

Cesário Verde marcou uma rutura com a poéticatra dicional e romântica principalmente porque seinspi rou em motivos prosaicos, abandonando a sen ti -mentalidade característica do movimento literário an-terior.

Na verdade, a poesia cesariana reflete a dupla vi-vência do poeta, a qual oscilou entre a cidade e o cam -po, e foi nestes cenários que Cesário se inspirou edeles falou nos seus textos. Contudo, para que essarealidade pudesse chegar ao leitor de forma mais con-creta, vai lançar mão dos órgãos dos sentidos de modoa descrever a realidade como se de um pintor se tra-tasse.

E porque conseguiu pintar por letras e sinais o seuquotidiano, pode dizer-se que a subjetividade ou aemotividade foi preterida por este poeta que tanto seaproximou do impressionismo. (123 palavras)

GRUPO II

1.1. c); 1.2. a); 1.3. b); 1.4. d); 1.5. a); 1.6. c); 1.7. a). 2.1. d); 2.2. a); 2.3. b); 2.4. g); 2.5. f).

GRUPO III

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os crité-rios de classificação para a produção de um texto quevisa avaliar a expressão escrita do aluno).