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“O Grito” Edvard Munch Trabalho realizado por: Miguel Carvalho nº 7488

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Page 1: Trabalho De Grupo Semiotica Da ComunicaçAo O Grito

“O Grito”

Edvard Munch

Trabalho realizado por:

Miguel Carvalho nº 7488Nuno Monteiro nº 7720Nuno Granada nº 7584Ricardo Filipe nº 7613

Page 2: Trabalho De Grupo Semiotica Da ComunicaçAo O Grito

Semiótica da comunicação“O Grito”

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Índice Pág.

Introdução 3

Movimento expressionista 3

O Quadro “O Grito” 5

Entropia de “O Grito” 5

A Denotação e conotação de imagem 7

Analise Denotativa 7

Analise Conotativa 9

Conclusão 10

Bibliografia 11

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Semiótica da comunicação“O Grito”

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Introdução

Com este trabalho pretendemos analisar de uma forma mais aprofundada o

quadro de Edvard Munch, “O Grito”. Para tal, tivemos que fazer uma pesquisa mais

abrangente relativamente à sua história, ao contexto da sua construção, e toda a

envolvência que esta obra gerou. Recorrendo à ajuda da semiótica, tentaremos

descodificar a imagem em toda a sua significação e misticidade.

Movimento expressionista

Nos finais do século XIX e no princípio do século XX, surgiu na Alemanha um

movimento artístico desenvolvido como reacção ao Impressionismo. O trabalho de arte

deixou de representar a realidade, passando para o sentimento interior do artista, o seu

estado emocional e a sua visão do meio ambiente.

O artista tentava representar o seu estado emocional na sua forma mais

completa, sem se preocupar com a natureza externa, mas antes com a sua natureza

interna e as emoções que desperta no observador; para atingir isto, os temas são

exagerados e distorcidos de forma a intensificar a comunicação do artista.

O termo Expressionismo não se aplicou à pintura antes de 1911, e as suas

características encontram-se em quase todos os países e períodos. No entanto, os

autênticos precursores do expressionismo moderno apareceram nos finais do século

XIX e inícios do século XX, especialmente o pintor Edvard Munch, que criou um dos

quadros mais importantes da história.

O autor da obra “O Grito” e impulsionador do expressionismo é Edvard

Munch.

Edvard Munch nasceu em Löten, na Noruega, em 12 de Dezembro de 1863, e

estudou arte em Oslo. "Moças na ponte" e "Noite branca" são alguns dos seus últimos

trabalhos (1911) e podem ser vistos no museu de Oslo que recebeu o seu nome.

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Semiótica da comunicação“O Grito”

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O maior pintor norueguês e mais importante inspirador do movimento

expressionista foi sempre um marginal, pensativo e melancólico que chamava aos seus

quadros de filhos. A sua neurose tem início numa infância traumática: a mãe e a irmã

mais velha morreram de tuberculose quando era pequeno e ele foi criado pelo pai, que

era um fanático religioso. Munch tinha tanto medo do pai que exigiu que “Puberdade”,

o seu primeiro nu, permanecesse coberto numa exposição em Oslo, a que seu pai

compareceu.

Munch ganhou uma bolsa de estudos em 1889. Viveu em França, na Alemanha

e em Itália, e somente após 18 anos regressou à terra natal. Em Paris, teve contacto com

os pós-impressionistas, especialmente Toulouse-Lautrec e Gauguin, de quem recebeu

reconhecida influência. Em Berlim, entre 1892 e 1908, conheceu August Strindberg e

influiu na evolução do expressionismo alemão.

O quadro foi exposto pela primeira vez em 1903, como parte de um conjunto

de seis peças, intitulado Amor. A ideia de Munch era representar as várias fases de um

caso amoroso, desde o encantamento inicial a uma rotura traumática. “O Grito”

representava a última etapa, envolta em sensações de angústia.

A recepção crítica foi duvidosa e o conjunto Amor foi classificado como arte

demente (mais tarde, o regime nazi classificou Munch como artista degenerado e retirou

toda a sua obra em exposição na Alemanha). Um crítico considerou o conjunto, e em

particular O Grito, tão perturbador, que aconselhou mulheres grávidas a evitar a

exposição. A reacção do público, no entanto, foi a oposta e o quadro tornou-se um

motivo de sensação. O nome “O Grito” surge pela primeira vez nas críticas e

reportagens da época.

A carreira desta obra enquanto ícone cultural começou no período pós-segunda

grande guerra. Com a popularização da obra, “O Grito” tornou-se num dos quadros

mais reproduzidos de sempre, não só em posters como também em canecas, canetas e

porta-chaves.

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O quadro “O Grito”

A entropia de “O Grito”

Mesmo após a atenta observação desta obra, é impossível sem a legenda, neste

caso o título, o visionador compreender o que o quadro realmente representa, isto é,

qualquer um de nós ao ver o quadro pode fazer várias interpretações diferentes, levando

assim a aumentar significativamente o grau de entropia desta imagem.

Senão vejamos:

O grau de entropia desta imagem é

elevado, pois o leitor não pode dizer com

certeza, qual o verdadeiro intuito do quadro,

ou mesmo o que o homem representado na

imagem se encontra a fazer e quais os

motivos para o fazer. A legenda, neste caso,

faz todo o sentido pois, sem ela, não

poderíamos dizer com clareza que se trata de

um grito. Podemos assim especular dizendo

tratar-se de uma angústia, de uma dor ou de

qualquer outro sentimento negativo. Muito

provavelmente, diferentes leitores teriam diferentes interpretações sem o conhecimento

da legenda associada a este quadro.

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Semiótica da comunicação“O Grito”

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Os próximos exemplos servem para nos apercebermos que existem quadros

menos entrópicos e de fácil leitura.

Já nesta imagem é facilmente perceptível qual a

razão pela qual o homem representado na figura se

encontra com a boca aberta e com as mãos nos ouvidos,

uma vez que um avião a jacto se encontra a passar

muito perto dele, e como devem calcular deve ser um

barulho ensurdecedor. Daí a facilidade de leitura da

imagem. Esta imagem é então extremamente

redundante.

Uma imagem é tanto mais redundante quanto mais fácil é a sua leitura.

Esta é outra excelente imagem que elucida o

que afirmámos anteriormente.

É impossível nesta representação alguém fazer

qualquer outro tipo de interpretação que não seja, a de

que o homem se encontra a gritar apavorado com o

ataque dos cães. Logo, é mais um caso de uma imagem

redundante.

Claramente, a primeira imagem opõe-se às duas seguintes, pois no primeiro

caso é difícil descodificar o significado da mesma sem o auxílio de uma legenda (neste

caso o titulo). Nos outros dois exemplos seguintes, mesmo sem a legenda, é fácil e

simples a sua descodificação ou interpretação.

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Denotação e Conotação da imagem

O Grito, 1893

“Eu caminhava com dois amigos ao longo da estrada e o Sol pôs-se; de

repente, o céu tornou-se vermelho como o sangue. Parei; apoiei-me na cerca,

inexplicavelmente cansado. Línguas de fogo e sangue estendiam-se no fiorde azul

negro. Os meus amigos continuaram a caminhar enquanto eu permaneci a tremer de

medo, e senti um grito infinito, enorme, da natureza.”

Edvard Munch, numa reflexão sobre o seu quadro “O Grito”.

Análise Denotativa

Signos: Pintura “O Grito” de Edvard Munch.

Referente: Desespero.

Objecto imediato: O objecto tal como está representado.

Fundamento do signo: A ideia do “medo”.

Interpretante imediato: O sentido da pintura tal como o artista quis

transmitir através da atitude e sentimento dos seus elementos.

Do suporte: O original de 1893 tem um formato de 91x73,5cm, numa

técnica de óleo e pastel sobre cartão, é em formato vertical.

Da composição: Como espaço plano gráfico, o suporte estabelece uma

composição central de frente para o observador e numa atitude menos

contemplativa e mais desesperada.

Os elementos morfológicos básicos são: Uma mistura de cores

quentes com cores frias, característica do expressionismo.

O Grito como singular: Toda a obra de arte é um existente singular.

Uma única vez. No caso da pintura o que temos neste nível de análise

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são interacções entre os diversos elementos espaciais como que

reproduzindo o grito dado pela figura.

O objecto imediato: O contraste das cores.

O conjunto iconográfico: Os elementos descritos quase todos estão

tortos como reproduzindo o grito dado pela figura.

O espaço de representação: É do tipo topológico, isto é com um

espaço concreto e físico no qual os elementos se espalham conforme a

lógica do lugar onde se encontram.

O Grito como signo de qualidade: como ícone O grito fundamenta-se

na qualidade de imagem ou “texto não verbal” que pretende transmitir

em essência a ideia de desespero, ansiedade, angustia, medo e

sofrimento. Estes são contudo comunicados de uma forma ambígua.

Em primeiro lugar, “O Grito” é uma imagem que descreve uma narração

temporal mas não cronológica dos acontecimentos.

Sendo o ícone um tipo de signo cujas qualidades sensíveis se assemelham às do

objecto é, por isso mesmo, um signo capaz de provocar na mente receptora sensações

análogas às que o objecto provoca.

Esta descrição é feita topologicamente e assim podemos ver as figuras a

adaptarem-se, ocupando e preenchendo toda a cena do espaço plástico da representação.

Esta sintaxe é expressionista, representa o seu estado emocional na sua forma

mais completa e as emoções que desperta no observador.

Num segundo nível, temos uma descrição que indicia, isto é, as figuras não se

apresentam de forma verosímil e sim de forma exageradamente distorcida como

corresponde à sintaxe expressionista.

A linguagem narrativa é do tipo causal, é realista, pois há na imagem, como

num todo, uma relação de causa-efeito. Isto é, há acções precedentes que provocam

acções subsequentes.

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Análise conotativa

• A fonte de inspiração de “O Grito” pode ser encontrada na própria vida de

Munch, um homem educado por um pai controlador que assistiu em criança à morte da

mãe e de uma irmã. O quadro foi exposto pela primeira vez, em 1893, como parte de um

conjunto de 6 peças, intitulado Amor. “O Grito” reapresentava a última etapa, em volta

de sensações de angústia. O tema da pintura aborda o medo e a solidão do Homem.

Vemos ao fundo um céu de cores quentes, em oposição ao rio em azul (cor

fria) que sobe acima do horizonte, característica do expressionismo (onde o que

interessa para o artista é a expressão das suas ideias e não um retrato da realidade).

Vemos que a figura humana também está em cores frias, azul, como a cor da angústia e

da dor, sem cabelo, para demonstrar um estado de saúde precário. Os elementos

descritos estão tortos, como que a reproduzir o grito dado pela figura, como a entortar-

se com o berro, algo que transmita as ondas sonoras. Quase tudo está torto, menos a

ponte e as duas figuras que estão no canto esquerdo. Tudo que se abalou com o grito e

com a cena presenciada está torto, quem não se abalou (supostamente os seus amigos,

como descrito acima) e a ponte, que é de concreto e não é "natural" como os outros

elementos, tudo continua recto.

A dor do grito está presente não só na personagem, mas também no fundo, o

que destaca que a vida para quem sofre não é como as outras pessoas a vêem, é dolorosa

também, a paisagem fica dolorosa e talvez por essa característica do quadro é que nos

identificamos tanto com ele e podemos sentir a dor e o grito dado pelo personagem. Se

entrarmos no quadro, passamos a ver o mundo torto, disforme e isso afecta-nos

directamente e participamos quase interactivamente na obra.

Há também outra interpretação para o quadro "O Grito". Na verdade, Munch

colocou no quadro o desespero das pessoas de uma ilha onde ocorreu um Tsunami e

uma erupção vulcânica. É por isso que podemos ver o céu todo laranja, representando a

erupção vulcânica, e o rio, representando o Tsunami. Claro que esta versão é uma mera

especulação, pois de uma certa forma encaixa, na sua leitura mas não é tão credível

como a anterior.

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Conclusão:

Após a realização deste trabalho podemos concluir que a obra de Edvard

Munch é de leitura entrópica uma vez que ao analisarmos o quadro sem prévio

conhecimento do mesmo não conseguimos afirmar qual o seu verdadeiro intuito. Logo,

a legenda faz todo o sentido, pois sem ela o leitor não compreenderia a mensagem que

está subjacente.

Podemos concluir também que o passado do autor foi uma das principais

influências para que exista todo este negativismo no quadro. Quer a nível denotativo,

quer a nível conotativo as análises evidenciam a tal negatividade que é transposta da

cabeça do artista para a tela gerando a obra que analisámos.

Os significados que “O Grito” produziu em 114 anos de existência, caracterizam-

se pelo grande investimento ideológico dos espectadores. “O Grito” simboliza o medo e

a solidão.

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Bibliografia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Edvard_Munch

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Grito_(Edvard_Munch)

http://www.pitoresco.com.br/universal/munch/munch.htm

http://muse.calarts.edu/~rjaster/edvard-munch/gallery/anxiety/scream.htm

http://www.educared.net/PrimerasNoticias/hemero/2003/dici/cult/grito/grito.htm

http://www.epdlp.com/pintor.php?id=321

http://html.rincondelvago.com/edvard-munch_2.html

http://christiangg.eresmas.com/arte/munch.html

Informação retirada das aulas de Semiótica da Comunicação

Documentos tirados do Emule (pesquisa Edvard Munch)

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