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Trabalho de Fim do Curso 1 UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AVALIAÇÃO DO PROGRAMA FORTALECIMENTO DAS FORMAS ORGANIZADAS DA SOCIEDADE CIVIL E LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS, DESENVOLVIDO PELA FDC NO PERÍODO (2004-2008) Por: Gil Tobias Zaqueu Supervisor: Dr. Amílcar Frederico Pereira Maputo, Setembro de 2010

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Trabalho de Fim do Curso

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO PÚ BLICA CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚB LICA

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA FORTALECIMENTO DAS FORMAS ORGANIZADAS DA SOCIEDADE CIVIL E LIDERANÇAS COMUNIT ÁRIAS,

DESENVOLVIDO PELA FDC NO PERÍODO (2004-2008)

Por: Gil Tobias Zaqueu Supervisor: Dr. Amílcar Frederico Pereira Maputo, Setembro de 2010

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ÍNDICE

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................... 4 1.2. PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................. 6 1.3.Pergunta de pesquisa .................................................................................................. 7 1.4. OBJECTIVOS ........................................................................................................... 8

1.4.1.Geral ..................................................................................................................... 8 1.4.2. Específicos ........................................................................................................... 8

1.5. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO ......... ..................................... 8

1.6. OBJECTO DE ESTUDO E DELIMITAÇÃO ........................................................ 9

1.7. CONCEPTUALIZAÇÃO ......................................................................................... 9 2. METODOLOGIA ........................................................................................................... 12

2.1. A Natureza da Pesquisa .......................................................................................... 12 2.2. Tipo de Estudo e Perspectiva da Pesquisa ............................................................ 12 2.3.Limitações do Estudo ............................................................................................... 13

3.QUADRO TEÓRICO ..................................................................................................... 14 3.1.Teorias sobre processos de Avaliação ..................................................................... 18

3.1.1.Tipos de Avaliação ............................................................................................. 19 3.1.2. Propósito Geral da Avaliação .......................................................................... 20

4. AVALIAÇÃO DO PROGRAMA FORTALECIMENTO DAS FORMAS ORGANIZADAS DA SOCIEDADE CIVIL E LIDERANÇAS COMUNIT ÁRIAS .... 21

4.1. Descrição dos Resultados do Campo ..................................................................... 21 4.1.1.O caso da Associação das Mulheres Agropecuárias de Changalane (AMPRODEC). ........................................................................................................... 21 4.1.2. O caso do Grupo Moçambicano da Dívida (GMD) ....................................... 22

4.2. Avaliação do Programa: Uma Análise de Dados .................................................. 25

5. CONCLUSÕES GERAIS .............................................................................................. 31 5.1. RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 35

Referências Bibliográficas ................................................................................................. 36

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1.INTRODUÇÃO

O trabalho, visa avaliar o programa “fortalecimento das formas organizadas da sociedade

civil e lideranças comunitárias” desenvolvido pela Fundação para o Desenvolvimento da

Comunidade (FDC) no período de 2004 a 2008. Este programa partiu da convicção de que

o desenvolvimento comunitário e o aprofundamento da democracia participativa em

Moçambique exigem um esforço continuado de promover a capacidade organizativa e de

intervenção das organizações da sociedade civil e suas lideranças comunitárias. Neste

sentido, a luz desse programa foram priorizadas acções tais como: a capacitação de

organizações parceiras, o fortalecimento de redes de organizações da sociedade civil e a

capacitação das lideranças comunitárias.

Este programa teve como beneficiários, as seguintes organizações parceiras e outras

envolvidas nos processos de desenvolvimento comunitário, nomeadamente: a Associação

Rural de Ajuda Mútua (ORAM); o Conselho Cristão de Moçambique (CCM); o Grupo

Moçambicano da Dívida (GMD); o Fórum de ONGs (TEIA); a Agricultura Biológica

Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável (ABIODES); o Fórum de ONGs (LINK); a

Associção das Mulheres Agro-pecuárias de Changalane (AMPRODEC); a Associação

Dinamarquesa para o Desenvolvimento (IBIS); a Associação das Mulheres Rurais (AMR);

a Associação de Apoio a Crianças Órfãs e Vulneráveis (UTOMI); os Fóruns provinciais de

ONGs (FPONGs); os Fóruns distritais de ONGs (FDONGs); a Rede Contra Drogas (RCD);

e a Associação Agrícola da Localidade de Chucha em Catuane (ALC).

A razão que nos leva a efectuar esta avaliação prende-se com o facto do programa ter

terminado no ano de 2008, e uma vez concluído, a avaliação do tipo final, permite-nos

determinar a relevância e a realização dos objectivos propostos pelo programa, verificar a

relação eficiência – eficácia, e sustentabilidade; saber quais foram os efeitos finais do

programa, quais os indicadores de sucesso e considerações para futuros projectos ou

programas.

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O trabalho está organizado da seguinte maneira: no primeiro capítulo aparecem, a

introdução, a contextualização, o problema de pesquisa, a pergunta de pesquisa, os

objectivos do estudo, a justificativa e relevância do estudo, o objecto de estudo e a

delimitação, e a conceptualização. No segundo capítulo temos a metodologia e as

limitações do estudo. Além disso, no terceiro capítulo aparece o quadro teórico; no quarto

capítulo aparece a Avaliação do Programa Fortalecimento das Formas Organizadas da

Sociedade Civil e Lideranças Comunitárias; no quinto capítulo temos as conclusões gerais e

recomendações; e no fim apresenta-se as referências bibliográficas.

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

A aprovação da nova Constituição em 1990 permitiu a introdução de estruturas políticas

democráticas em Moçambique. Dentro deste novo quadro, no xadrez político

moçambicano, surge a Lei 8/91, (de 18 de Julho), sobre associações. Esta contribuiu para a

proliferação de movimentos e organizações da sociedade civil (Lalá e Ostheimer, 2003).

Foi neste contexto que em 1990, surgiu a FDC, primeiro sob a forma de Associação para o

Desenvolvimento da Comunidade, uma instituição privada, sem fins lucrativos que visa

estabelecer parcerias para vencer a pobreza em Moçambique, através do fortalecimento e

apoio aos esforços de desenvolvimento da comunidade [FDC- Publicação (sd)].

Esta organização tem como principais valores: o respeito pela pessoa humana, a

solidariedade, a justiça social, o trabalho, a honestidade, a iniciativa; os seus membros

partilham a convicção de que os esforços de desenvolvimento da comunidade devem

sustentar-se a partir de dentro da sociedade moçambicana. Com base nas discussões com as

comunidades de todo o país, a organização constituiu-se numa Fundação, dotada de um

património, com a finalidade de financiar as comunidades, tornando-se uma fonte estável e

sustentável de recursos. Gradualmente este sonho ganhou forma, em Julho de 1994, a FDC

foi constituída como a primeira instituição do género em Moçambique [FDC- Publicação

(sd)].

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Desde a sua existência, a FDC criou espaços para debates e troca de experiências.

Igualmente tem realizado a facilitação do fortalecimento de redes sociais dentro da

sociedade moçambicana, bem como tem patrocinado a realização de seminários, simpósios,

conferências e pesquisas, tanto em Moçambique como na região da África Austral [FDC-

Publicação (sd)].

A FDC, igualmente dá apoio a projectos comunitários das ONGs e organizações

comunitárias de base (OCBs), com destaque para aqueles que visam desenvolver o

potencial humano (ex: educação, saúde e formação, etc), a geração de rendimentos e a

edificação de infra-estruturas básicas. Facilita programas que visam aumentar a

participação da sociedade civil em questões sociais cruciais: o micro-crédito, a educação da

rapariga, o desenho de políticas nacionais, entre outras [FDC- Publicação (sd)].

No âmbito destas acções a FDC, desenvolveu no período de 2004 a 2008, um programa

denominado “ Fortalecimento das Formas Organizadas da Sociedade Civil”, visando: i)

aumentar e melhorar os conhecimentos e habilidades das ONGs parceiras em assuntos de

gestão organizacional, governação de ONGs, mobilização de recursos, monitoria e

avaliação de projectos e assuntos de desenvolvimento sócio-económico do país e do

continente; ii) dar assistência técnica e financeira a organizações parceiras por forma a

desenvolver sistemas de gestão e suportar despesas de funcionamento; e iii) criar

mecanismos de comunicação e concertação com parceiros.

A componente do programa foi: o desenvolvimento institucional de ONGs; o

desenvolvimento institucional de fóruns de ONGs; desenvolvimento de OCBs; apoio

institucional à TEIA; e promoção de debates e reflexões com parceiros sobre assuntos de

desenvolvimento ou parcerias (FDC- Relatório de actividades, 2004).

De acordo com o relatório de actividades da FDC (2004) e o seu Plano Estratégico (2004-

2008), o grupo alvo do programa foram as organizações parceiras e outras envolvidas nos

processos de desenvolvimento comunitário: a ORAM; o CCM; o GMD; o TEIA; a

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ABIODES; o LINK; a AMPRODEC; a IBIS; a AMR; a UTOMI; os FPONGs; os

FDONGs; a RCD; e a ALC.

1.2. PROBLEMA DE PESQUISA

Em Moçambique tem surgido nos últimos anos, sobretudo, depois de 1990, várias

associações e organizações da sociedade civil, umas dedicando-se ao desenvolvimento,

visando ampliar as suas bases nas zonas rurais e outras centrando a sua conduta em

actividades de advocacia, através do empreendimento de debates relacionados com a dívida

externa, campanhas contra a proliferação de minas terrestres, HIV/SIDA, lei eleitoral e da

família (Lalá & Ostheimer, 2003:31).

Apesar disto, estas organizações não possuem uma índole própria de organização, a sua

maioria é constituída por elites urbanas e carecem de missão e de objectivos sócio-políticos

claros, para não referir a sua fraca capacidade de gestão. Isto levanta dúvidas quanto à

capacidade destas se envolverem de forma proactiva em actividades de advocacia e de

reagir atempadamente perante políticas governamentais de vulto que possam afectar a

sociedade. Uma vulnerabilidade adicional prende-se com o facto da maioria dos doadores

prestar apoio e proceder à concessão de fundos com base em projectos em vez de

programas, constrangendo deste modo a realização de actividades de longo prazo e a

criação/desenvolvimento de capacidade institucional (Lalá & Ostheimer, 2003:31).

Contudo, no período entre 2004 e 2008, figurava dentro dos objectivos estratégicos da

FDC, o desenvolvimento de um programa denominado “Fortalecimento das formas

organizadas da sociedade civil e lideranças comunitárias”, com enfoque para as suas

organizações parceiras e outras envolvidas nos processos de desenvolvimento comunitário.

Com este programa, a FDC, pretendia, aumentar e melhorar os conhecimentos e

habilidades das ONGs parceiras em assuntos de gestão organizacional, governação de

ONGs, mobilização de recursos, monitoria e avaliação de projectos e assuntos de

desenvolvimento sócio-económico do país e do continente. Ainda no âmbito do programa

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pretendia, dar assistência técnica e financeira a organizações parceiras de forma a

desenvolver sistemas de gestão e suportar despesas de funcionamento; criar mecanismos de

comunicação e concertação com os parceiros (FDC- Relatório de actividades, 2004).

No entanto, o Índice da Sociedade Civil em Moçambique (2007), indica que a amplitude da

participação dos cidadãos em acções apartidárias, de voluntariado e comunitária é

fraca/moderada. De acordo com a mesma fonte, esta apreciação foi reafirmada pelos

participantes no Seminário Nacional da Sociedade Civil de 4 de Dezembro de 2007, no

qual o sentimento geral predominante foi de que a participação da sociedade civil é fraca,

ela nunca se une em momentos críticos para a defesa dos interesses próprios, como por

exemplo: a subida de preços, maus tratos a outros cidadãos, danos e prejuízos causados por

negligência de instituições, entre muitos outros. Acrescenta afirmando que, em alguns

momentos sente-se que a sociedade civil se deixa instrumentalizar pelo Governo.

Quanto ao nível de organização, o Índice da Sociedade Civil em Moçambique (2007),

indica que a sociedade civil moçambicana possui um desenvolvimento organizacional

fraco. Estes aspectos nos levam a questionar a lógica do programa que a FDC terá

desenvolvido.

Este trabalho visa fazer uma avaliação do Programa “Fortalecimento das Formas

Organizadas da Sociedade Civil e Lideranças Comunitárias”, desenvolvido pela FDC no

período (2004 - 2008).

1.3.Pergunta de pesquisa

Esta avaliação pretende saber até que ponto, o Programa Fortalecimento das Formas

Organizadas da Sociedade Civil e Lideranças Comunitárias contribuiu para o

aprofundamento da democracia participativa e o desenvolvimento comunitário?

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1.4. OBJECTIVOS

1.4.1.Geral

- Avaliar a possibilidade do aprofundamento da democracia participativa e o

desenvolvimento comunitário, por meio da promoção da capacidade organizativa e de

intervenção das organizações da sociedade civil (ONGs, OCBs).

1.4.2. Específicos

- Identificar os tipos de apoio, que as organizações beneficiárias receberam no âmbito do

programa.

- Analisar os níveis de organização e de intervenção das organizações que se beneficiaram

do programa.

- Verificar com base em evidências, exemplos de democracia participativa e de

desenvolvimento comunitário, que tenham sido provocados pela acção das organizações

que se beneficiaram do programa após a implementação do mesmo.

1.5. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O tema mostra-se relevante no âmbito da governação democrática. Busca perceber o efeito

sinergético do fortalecimento das organizações da sociedade civil e das lideranças

comunitárias no aprofundamento da democracia participativa e no desenvolvimento

comunitário em Moçambique; num momento em que, de acordo com Abong (2003:60) é

preciso também identificar a importância crescente que vem assumindo a actuação das

redes de ONGs, movimentos, associações, sindicatos, no cenário internacional.

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As associações, movimentos e organizações são redes cada vez mais plurais na sua

composição, de entidades que fazem a mediação entre a política e as demandas sociais. E

essas redes também começam, nessa fase de globalização, a interferir nos espaços

internacionais, e começam a interferir mais do que tudo na opinião pública (Abong,

2003:60).

Essas iniciativas globais se combinam com as iniciativas locais, e essas redes fazem

justamente a ponte entre as entidades e as associações locais e este cenário internacional em

que os actores colectivos da sociedade têm de se expressar. A politização que esse processo

de mediação pode trazer é fundamental, interferindo em políticas mais amplas, em políticas

que, dialecticamente, acabam incidindo, por sua vez, no nível local e no quotidiano de cada

pessoa (Abong, 2003:60).

1.6. OBJECTO DE ESTUDO E DELIMITAÇÃO

O horizonte temporal do nosso estudo é de 2004 a 2008, e o espacial é a FDC. Este período

corresponde a duração da implementação do programa. Das organizações que se

beneficiaram do programa, o nosso estudo toma como referência duas organizações: o

GMD e a AMPRODEC.

1.7. CONCEPTUALIZAÇÃO

Segundo Heinrich, citado por Francisco (2008), Sociedade Civil é percebida como a arena,

fora da família, do Estado, e do mercado, onde as pessoas se associam para desenvolver

interesses comuns.

De acordo com William Minter (1998:326), no sentido corrente Sociedade Civil refere-se a

organizações e redes não-estatais que podem, idealmente, servir para controlar o poder de

uma elite estatal e fornecer o cimento que aglutina a esfera pública. Grupos de interesse

económico, grupos profissionais, meios de comunicação independentes, organizações

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comunitárias locais, associações culturais e religiosas, previdência, direitos humanos, e

outras organizações não-governamentais, podem interligar-se num complexo padrão que

assume muitos encargos do Estado, e promove a coexistência cívica, contribuindo para a

resolução pacífica das diferenças. Redes múltiplas ligam o contexto nacional com os seus

interlocutores regionais e locais, criando contactos nos dois sentidos, que impedem o

Estado de se afastar demasiadamente dos cidadãos.

As teorias Neoliberais, segundo Abrahamsson & Nilsson (1995), concebem o conceito de

sociedade civil como sendo a soma das organizações não governamentais actuando num

país. Por sua vez, Gramsci, citado em Abrahamsson & Nilsson (1995), defende a ideia de

que o conceito de sociedade civil vai além da simples soma das organizações não

governamentais. Todavia, Bobbio (1995), encara a sociedade civil como esfera de relações

entre indivíduos, entre classes sociais que se desenvolvem a margem das relações de poder

que caracterizam as instituições estatais. É representada como terreno de conflitos

económicos, ideológicos, religiosos, sociais, etc., que o estado tem a seu cargo resolver,

intervindo como mediador ou suprimindo-os. Com base nesses conflitos partem as

solicitações as quais o sistema político está chamado a responder como é o caso das várias

formas de mobilização, de associação e organização das forças sociais, que incitam a

conquista do poder político.

Para Bresser Pereira, citado por Vánia Mara Nascimento Gonçalves (2003:144), “... é

importante ver a Sociedade Civil como a sociedade organizada e ponderada de acordo com

o poder que detenham os diversos grupos e indivíduos. A Sociedade Civil é, de facto, um

conceito político, já que envolve poder. É formada por indivíduos com poder derivado de

sua riqueza, de seu conhecimento, ou de sua capacidade organizadora, por organizações

corporativas e por entidades públicas não-estatais, do terceiro sector”.

De acordo com Ernest Gelner, citado pelo Índice da Sociedade Civil em Moçambique

(2007:9), “Sociedade Civil é um conjunto de instituições e associações que são

suficientemente fortes para evitar a tirania, mas que, no entanto, são permeáveis para a livre

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entrada e saída pelos indivíduos em vez de impostas pela nascença ou mantidas por algum

ritual assombroso.

Dentre os vários conceitos avançados sobre sociedade civil, o estudo toma como base, o

conceito de Heinrich, citado por Francisco (2008), por ser do ponto de vista de formulação,

o mais representativo.

De acordo com Abong (2003: 47), democracia participativa é um conceito rico, um avanço,

do ponto de vista de formulação, é uma democracia representativa qualificada. Uma

democracia representativa qualificada, sobretudo, por um novo sistema de participação

popular, que considere a autonomia da sociedade nas decisões e no controle do exercício do

poder.

Segundo ela, o fortalecimento da democracia participativa acontece por intermédio da

criação de diversos espaços para a concertação entre o Estado e a sociedade civil, como

forma de exercício das decisões em diversos campos dos problemas públicos, como a

corrupção, a pobreza, e outros. A prioridade para fazer frente de modo acordado ao

problema básico que toda a sociedade deve resolver e que é a situação de pobreza em que

vive a maioria da sua população.

Desenvolvimento Comunitário é definido como sendo um método de ajuda às comunidades

locais para tornar lhes mais conscientes de suas necessidades, para apreciar seus recursos

em tal forma que satisfaçam algumas das necessidades por meio dos projectos de acção e

ao mesmo tempo adquirem atitudes, experiências e destrezas cooperativas para repetir este

processo uma e outra vez por iniciativa própria (Rodrigues, citado por Souza, 1987:56).

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2. METODOLOGIA

2.1. A Natureza da Pesquisa

Para atender os objectivos propostos e responder a pergunta de pesquisa, esta avaliação usa

uma abordagem qualitativa por ser capaz de alcançar um nível de realidade que não pode

ser quantificado, que se refere a valores, crenças, atitudes, e significados que correspondem

a um espaço mais profundo das relações pessoais e organizacionais.

2.2. Tipo de Estudo e Perspectiva da Pesquisa

Esta pesquisa é um estudo de caso de carácter descritivo na FDC, o que se aproxima muito

mais de um trabalho idiográfico do que nomotético. Babbie (1998), afirma que a pesquisa

qualitativa é mais apropriada para explanações idiográficas, enquanto que a pesquisa

quantitativa adequa-se melhor às explanações nomotéticas, e define ambas da seguinte

forma: “ explanações idiográficas buscam compreender casos específicos exaustivamente,

enquanto que explanações nomotéticas buscam a generalização através do entendimento

superficial de muitos casos (Babbie, citado por Gago, 2001:24)

Em relação ao tipo de estudo realizado, utilizou-se a pesquisa documental e bibliográfica.

A primeira comprendeu consultas que foram efectuadas nos principais relatórios sobre

avaliação do programa da sociedade civil para moçambique; relatórios sobre reforço da

sociedade civil, desenvolvimento participativo e desenvolvimento comunitário; ONGs e o

reforço da sociedade civil; ONGs e o reforço da democracia. A segunda consistiu na leitura

de obras existentes sobre sociedade civil; ONGs e reforço da sociedade civil; sociedade

civil e desenvolvimento comunitário; ONGs e democracia participativa, e teorias sobre a

avaliação, incluíndo outras obras relevantes, a fim de fundamentar a presente análise.

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O enfoque adoptado é descritivo, porque apresenta a realidade tal como se manifesta, e

avaliativo, porque observa o processo de mudança das organizações em estudo, a fim de

compreender o tema em questão.

Quanto aos instrumentos de colecta de dados, foram realizadas entrevistas semi –

estruturadas ao grupo alvo, num total de 15 (quinze) entrevistas, sendo 7 (sete) para a

AMPRODEC, e 8 (oito) para o GMD, a fim de alargar o campo de investigação e clarificar

algumas questões que não foram bem comprendidas na base das leituras efectuadas. A sua

escolha assenta justamente na “ (...) flexibilidade e fraca directividade do dispositivo, que

permite recolher os testemunhos e as interpretações dos interlocutores (...) ” (Quivy &

Compenhoudt, 1992:195).

2.3.Limitações do Estudo

Qualquer natureza de pesquisa, tanto a qualitativa como a quantitativa, está sujeita a

limitações. Assim, este estudo teve as seguintes limitações: existência de pouca literatura

disponível sobre o assunto nas principais bibliotecas, teve que recorrer aos centros de

documentação de algumas organizações da sociedade civil; barreiras burocráticas para a

liberalização de fontes; e problemas de deslocamento ao campo, no âmbito de recolha de

dados. Isto aconteceu aquando do deslocamento ao Posto Administrativo de Changalane,

no qual se notou constantes avarias por parte dos principais transportes semi-colectivos de

passageiros, para além da estrada que apresenta deficiências em termos estruturais.

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3.QUADRO TEÓRICO

De acordo com Abong (2003:54), a acção das redes de ONGs, associações nacionais e suas

articulações internacionais, funciona no sentido de construir uma mediação entre

organismos de base – que se acumularam nesse passado de organização da sociedade civil –

e o mundo da política. Um trabalho de mediação, é um trabalho que tem dois sentidos

fundamentais:

O primeiro, é o de politizar o social. Isso quer dizer que cada um dos moradores dessas

regiões, onde actuam as ONGs e as redes de movimentos, encaram as suas necessidades

quotidianas como demandas. Politizar o social significa reconhecer que essas demandas só

podem ser respondidas por Políticas Públicas. E essas demandas, então, precisam se

transformar em questões não mais de reivindicação, mas em questão de disputa de

alternativas de Políticas Públicas (Abong, 2003:54).

O segundo ponto fundamental para identificar o papel destas redes organizadas é a

socialização da política, em um momento de democratização dos nossos países. No entanto,

a transição é ainda limitada, muitas vezes conservadora, para tornar um indivíduo cidadão,

torná-lo capaz de ser activo em termos da construção de seus direitos, capaz de se

incorporar a colectivos e, por meio desses colectivos, disputar uma transformação social,

disputar a transformação das Políticas Públicas. Isso é atribuir à cidadania o papel do

exercício da política, é não reservar o exercício da cidadania apenas à esfera dos partidos, à

esfera do Estado, mas perceber que essa cidadania se permeia, se infiltra, se articula em

todo o meio social, em todo o tecido social, e é justamente essa articulação no tecido social

que permite a transformação de cada indivíduo, de um cidadão passivo, concebido pelos

regimes autoritários como um cidadão de segunda categoria, em um cidadão pleno, em um

cidadão activo, em um cidadão capaz de se articular colectivamente e fazer valer os seus

direitos (Abong, 2003:55).

Existem dois objectivos fundamentais dessa construção da cidadania, fortalecimento de

novos espaços públicos e da actuação das redes.

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Um dos objectivos é a democratização da democracia. Significa reconhecer que nós

vivemos em democracias mais formais do que efectivas, que as democracias, não

conseguiram socializar o poder, muitas vezes, ainda permanecem sob o controle das elites e

que precisam ainda de pressões da sociedade, para se alargar, para se ampliar, para estender

os seus direitos, para envolver o conjunto da sociedade (Abong, 2003:55).

O outro objectivo é a redistribuição da riqueza. A democracia só será substantiva se

construir mecanismos, Políticas Públicas, capazes de operar a redistribuição da riqueza. Os

países do sul passaram a década de 1990 e entraram no século XXI mantendo um padrão de

acumulação que ainda continua beneficiando apenas as elites (Abong, 2003:55).

Diante dessa realidade, o principal desafio que a cidadania e essas redes têm a enfrentar, na

politização do social, é o de desnaturalizar a pobreza e a exclusão social. É tornar visível,

para o conjunto da sociedade, que a pobreza é uma construção histórica, é uma construção

de séculos em nosso continente e ela depende fundamentalmente da acção do Estado e das

acções de Políticas Públicas para se efectivar nos processos de aumento da exclusão, nos

processos de aumento da pobreza, nos processos de aumento da desigualdade, e que isto

pode ser invertido com uma efectiva participação de formas organizadas da sociedade civil

no conjunto da formulação das Políticas Públicas. Um desenho no qual a necessidade de

apoio, de participação permanente da sociedade civil, é condição para que o Estado consiga

se reorientar, principalmente no novo modo de gestão democrático e participativo (Abong,

2003:59).

O papel de uma sociedade civil tem a ver com a ampliação da participação cidadã no

conjunto da formulação das Políticas Públicas, tem a ver com o exercício contínuo de uma

pressão que pode ajudar os governos comprometidos com objectivos sociais e democráticos

a enfrentar as contra pressões dos sectores conservadores e dos sectores que pressionam

para que as políticas permaneçam como estão (Abong, 2003:58).

Segundo ela, isto não se resume apenas numa série de obras ou influenciar o Estado a

atender uma série de demandas materiais, mas sim em reconhecer que a justiça social só

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Trabalho de Fim do Curso

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será possível com o fortalecimento do tecido social, a organização que vai dar a vida e a

continuidade nas relações políticas entre a sociedade civil e o Estado, para garantir e

sustentar os avanços que devem ser garantidos e sustentados.

De acordo com Nogueira (2005:102), o activismo civil funciona como uma espécie de fonte

geradora de energia com o qual se neutralizam as maldades do sistema político. Por detrás

de tudo, uma visão dicotómica das relações entre o Estado e sociedade civil que, em vez de

serem vistas como estruturadas por uma dialéctica de unidade e distinção, como, diria de

entre outros, Gramsci, ganhariam a imagem de uma disjunção, de uma separação, de uma

ausência de comunicação. Sataniza-se o espaço político para dar livre curso a uma

hipotética natureza virtuosa da sociedade civil.

Segundo ele nenhuma sociedade civil é imediatamente política. Sendo o mundo das

organizações, dos particularismos, da defesa muitas vezes egoísta e encarniçada de

interesses parciais. O choque, a concorrência e as lutas entre os diferentes grupos, projectos

e interesses funcionam como os móveis decisivos da sua politização. É dessa forma ou seja,

como espaço político, que a sociedade civil vincula-se ao espaço público democrático e

pode funcionar como base de uma disputa hegemónica e de uma oposição efectivamente

emancipadora, popular e democrática às estratégias de dominação (Nogueira, 2005: 103).

De acordo com Andrade (1992:67), as ONGs tem um papel intermediador e

simultâneamente catalizador de processos participativos da sociedade civil:

- Facilitar o diálogo entre as comunidades de base e os poderes instituídos, aos mais

diversos níveis, no sentido de provocar a participação daqueles na planificação e tomada de

decisões no que respeita aos seus direitos e problemas.

- Promover a pesquisa aplicada na perspectiva pesquisa – acção - desenvolvimento em

termos de reflexão teórica e correcção de práticas.

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Trabalho de Fim do Curso

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- Apoiar as comunidades de base a encontrarem elas próprias as soluções para os seus

problemas, numa perspectiva de desenvolvimento participativo. De acordo com a Agência

Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação no seu documento de avaliação do programa

sociedade civil para Moçambique – MOZ. 49 (1999:5), Contrariamente à abordagem topo –

base, em que o desenvolvimento é visto como um processo de modernização iniciado e

conduzido de fora das comunidades locais, uma abordagem participativa compreende o

desenvolvimento como um processo dos grupos de população preocupados. O

desenvolvimento não é trazido de fora, mas tem lugar quando as pessoas preocupadas

decidem agir e começar a mudar. O papel das organizações da sociedade civil, é por

conseguinte um papel de apoio e deve ser de natureza subsidiária. As organizações da

sociedade civil podem induzir, promover ou apoiar processos de desenvolvimento mas não

podem fazer desenvolvimento. A existência de organizações de base a nível da comunidade

facilita o desenvolvimento da colaboração entre organizações externas e aldeões. A

promoção de organizações de base é uma estratégia efectiva para fortalecer a capacidade

local para o desenvolvimento auto determinado e o empowerment.

- Promover projectos de desenvolvimento que visam satisfazer as necessidades das

populações, mas também atingir a auto – sustentabilidade em termos económicos e de

capacidade de gestão.

- Contribuir para a defesa dos interesses fundamentais das camadas beneficiárias junto das

instituições políticas, normalmente alheias aos problemas das comunidades de base.

- Promover debate de ideias e reflexão sobre a problemática de desenvolvimento e de

democratização aos diferentes níveis e com diferentes camadas da população, desde

políticos, académicos, intelectuais, empresários, entre outros.

Segundo Andrade, as ONGs não podem substituir o Estado, colocam-se numa postura e

atitude que permite facilitar o diálogo e estabelecer pontes entre comunidades de base e

diferentes tipos de instituições.

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Trabalho de Fim do Curso

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3.1.Teorias sobre processos de Avaliação

De acordo com Gago (2001:16), avaliação é a verificação formal e sistemática dos

resultados alcançados comparados com os padrões de desempenho estabelecidos; sendo os

padrões de desempenho, especificações dos resultados esperados em cada projecto ou

programa.

De acordo com o Independent Evaluation Group – World Bank (2007:1), avaliação é uma

verificação sistemática e objectiva do andamento ou finalização de uma política, programa

ou projecto, seu desenho, implementação e resultados. Tem como fim último, determinar a

relevância e a realização dos objectivos propostos, sua eficácia no desenvolvimento,

eficiência, impacto, e sustentabilidade.

De acordo com Pedone (1986:40), no concernente a avaliação de impactos das Políticas

Públicas, afirma que nesta, a preocupação é com a definição do “como” as Políticas

Públicas modificaram a sociedade e quais as suas consequências mais duradouras,

perguntando que diferença as políticas fizeram na sua área de actuação. Segundo ele, no

momento de análise faz-se, pois, ligação com as demandas sociais e com os tipos de apoio

que uma política pública recebeu na fase de formulação, a fim de verificar a ênfase dada a

certos valores e porque determinadas linhas de acção foram tomadas ao invés de outras. De

acordo com o mesmo autor, por meio deste tipo de análise torna-se mais precisa a

legitimidade, ou não, dos meios propostos para melhorar o atendimento das necessidades

sociais.

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Trabalho de Fim do Curso

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3.1.1.Tipos de Avaliação

De acordo com Independent Evaluation Group – World Bank (2007), a avaliação pode ser

conduzida de forma interna ou externa, e pode ser instrutiva ou de aprendizagem. Pode ser

projectada para um programa singular, no sentido de determinar a sua contribuição em um

ou mais objectivos de desenvolvimento, ou pode ainda ser uma avaliação plural ou

aglomerada, para avaliar diversos programas levados a cabo no mesmo sector ou país, ou

para avaliar esforços de cooperação.

A avaliação pode ser conduzida em qualquer momento, ao longo do programa, na fase

intermédia, no final ou depois da sua finalização.

Se por um lado é desejável para a prestação de contas, ou aprendizagem, aplica-se para

outros esforços de desenvolvimento. A avaliação do impacto de programas de actividade

selecionados pode ser orientada em ambos momentos, durante ou após o termo do

programa.

De acordo com Bastos (2004:8), existem quatro tipos de avaliação temporal:

Ex ante – acontece durante a elaboração do projecto ou programa (antes do início da sua

implementação), em que o grupo alvo deverá ser envolvido. Torna possível avaliar a

capacidade de implementação do projecto ou programa.

Intercalar ou intermédia – acontece durante a realização da acção. Utilizada para controlar

e verificar se o que está a ser realizado corresponde ao que era previsto, perceber a

evolução do projecto ou programa e lições a tirar de possíveis desvios ocorridos.

Final – consiste em saber quais os efeitos finais do projecto ou programa, quais os

indicadores de sucesso e considerações para futuros projectos ou programas. Permite

verificar a relação eficiência/eficácia.

Ex post ou de impacto – é efectuada dois ou três anos após o final do projecto ou programa

para verificar se os resultados e objectivos se observam a longo prazo.

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Trabalho de Fim do Curso

20

O nosso estudo consistirá na avaliação do tipo final, dado que o período da implementação

do programa a ser avaliado, terminou no ano de 2008.

3.1.2. Propósito Geral da Avaliação

De acordo com Independent Evaluation Group – World Bank (2007), o propósito geral da

avaliação é melhorar o desempenho do programa, na prossecução de seus objectivos ou

metas, providenciando as bases para a prestação de contas a doadores, beneficiários

directos (grupo alvo) e o público em geral.

Especificamente, a avaliação visa melhorar a relevância do programa, aumentar a

realização dos resultados, optimizar o uso de recursos e direccionar as questões no sentido

de satisfazer o grupo alvo. Com uma adequada participação dos beneficiários directos, a

avaliação pode promover diálogo e melhorar a cooperação entre parceiros e participantes,

com os ganhos resultantes do aumento de apropriação dos beneficiários das reformas

políticas ou novos tipos de intervenções. Com uma apropriada disseminação pode também

contribuir para uma aprendizagem organizacional e desenvolvimento de conhecimentos que

podem por sua vez beneficiar outros programas e esforços de desenvolvimento.

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Trabalho de Fim do Curso

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4. AVALIAÇÃO DO PROGRAMA FORTALECIMENTO DAS FORMAS ORGANIZADAS DA SOCIEDADE CIVIL E LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS

4.1. Descrição dos Resultados do Campo

4.1.1.O caso da Associação das Mulheres Agropecuárias de Changalane (AMPRODEC).

A AMPRODEC, tem como missão ajudar as mulheres para o desenvolvimento da

comunidade – ajuda para o desenvolvimento da comunidade.

Esta associação é composta por 250 mulheres, que fizeram questão de se associar para

ajudar a comunidade na base da alimentação.

No âmbito da parceria com a FDC, esta recebeu apoios tais como: Financiamento para a

construção de capoeiras; Equipamentos; e Empréstimo no valor de 70.000,00 MT (Setenta

mil meticais), para iniciar o projecto de criação de frangos para abate. Esta associação

conseguiu reembolsar o montante supracitado, de acordo com os nossos entrevistados,

durante duas prestações.

Segundo os nossos entrevistados, no âmbito do programa, a FDC, entregou 20 (Vinte)

cabeças de gado bovino a 20 (Vinte) mulheres dentro da associação, e, no âmbito da

recepção, pagava-se 2000,00MT (Dois mil meticais), depois do gado se multiplicar, cada

indivíduo, tinha que dar duas cabeças a outras pessoas membros da associação.

A FDC também forneceu charruas a associação.

Na leitura de uma das nossas entrevistadas e por sinal presidente da associação, o apoio da

FDC foi importante, apesar do calor que quebrou parte da produção. Esta indicou,

acrescentando que, por meio da associação, a FDC financiou para a construção de uma

escola a nível local, e, forneceu uma geleira para a conservação de vacinas no hospital

local.

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Trabalho de Fim do Curso

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Como resultado do apoio recebido, e por meio das acções da associação, houve mudanças

na dieta alimentar, a população local já compra frango na associação, e além disso, vem

apreendendo técnicas de produção de frangos.

A associação consegue vender o frango para a cidade, e tem um stock em que a procura não

consegue quebrar, a média tem sido segundo os nossos entrevistados de 2000 (Dois mil) a

1500 (Mil quinhentos) frangos mensais.

De acordo com os nossos entrevistados, os desafios que a associação enfrenta são: a quebra

da produção por causa da mudança do clima; a interferência do frango brasileiro no

mercado nacional, fez com que a associação tivesse que parar em algum momento, 3 a 4

(Três a quatro meses), durante o ano de 2009.

Questionados sobre quais poderiam ser as soluções a primeira vista para enfrentar estes

desafios, eles, afirmaram que, tinha que haver novas parcerias; acompanhamento do

projecto; cursos para actualização e gestão de stocks/gestão empresarial; e estudo do

mercado. Afirmaram terminando, que na altura da implementação do projecto, a FDC, fazia

acompanhamento.

4.1.2. O caso do Grupo Moçambicano da Dívida (GMD)

De acordo com o nosso entrevistado e por sinal, oficial para a área de comunicação nesta

organização, a sua instituição, tem como missão, promover um movimento de reflexão em

torno das questões do desenvolvimento económico e social equilibrado do país, quer

concorrendo no desenho de estratégias e políticas de erradicação da pobreza, quer

procurando gerar sinergias com outros segmentos da sociedade com vista a melhor gestão

de receitas provenientes de recursos públicos e eliminação de factores de dependência. De

um modo geral, de acordo com o nosso entrevistado, a missão do GMD, tem a ver com a

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Trabalho de Fim do Curso

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promoção de um movimento de reflexão em torno das políticas e programas públicos,

particularmente em torno da dívida pública.

Segundo ele, o GMD é parceiro da FDC, e a FDC é membro do GMD, desde a sua

fundação em 1996/1997, exemplo disso foi o “Orçamento da criança em Moçambique”.

Esta parceria é contínua. E indicou confirmando, que o programa da FDC, procurava

capacitar a sociedade civil (produção de sinergias, na atuação e intervenção em Políticas

Públicas e Programas Públicos). O nosso entrevistado reconheceu que já existe esta

capacidade de intervenção a nível da sua organização.

Avançando outros membros da organização entrevistados, indicaram que, a parceria que a

sua organização teve com a FDC, não tem nada a ver com parcerias financeiras, tem a ver

sim, com a capacitação de activistas em diversas matérias arroladas no programa.

Depois dos activistas beneficiarem desta capacitação, formação, adquiriram técnicas para

lobby e advocacia. Segundo os nossos entrevistados, o GMD agora consegue articular com

o parlamento. Há uma parceria forte com o parlamento a nível das comissões de trabalho,

dando exemplo, indicaram que, em 2005, o GMD submeteu com o MISA, a questão do

anteprojecto de liberdade das fontes de informação.

A partir da formação em advocacia, como resultado da parceria com a FDC, conseguiu-se

batalhar, e está-se a evidar esforços para entrar na plenária.

Já conseguiu também reunir parlamentares do círculo eleitoral de Inhambane para auscultar

os problemas da população. O GMD é que custeou fundos para tal; no encontro debruçou-

se dos problemas de cuidados de saúde dos mineiros. Segundo os nossos entrevistados, um

dos deputados que participou do encontro foi, o Muchanga, da Resistência Nacional

Moçambicana (RENAMO).

De acordo com os nossos entrevistados, na altura o GMD, estava num processo avançado

de elaboração de um guia para leitura e análise do Orçamento do Estado de 2009. Segundo

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Trabalho de Fim do Curso

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eles, presume-se que, com o documento, o povo possa perceber os passos, a lógica e os

resultados disso, vai ajudar a população a participar na elaboração do Orçamento.

Indicaram eles que, o parlamento excusou-se a realizar este trabalho alegando falta de

fundos.

Segundo eles o programa desenvolvido pela FDC foi importante, operou mudanças na

dinâmica de atuação da sua organização.

Quanto aos desafios que a organização vem enfrentando após a implementação do

programa, os nossos entrevistados apontaram, a questão da participação no desenho de

programas públicos. Segundo eles, muitas vezes, o Governo convida apenas a sociedade

civil para legitimar processos.

Os nossos entrevistados reconheceram a existência de mecanismos de participação como:

Observatório do Desenvolvimento e Revisão Conjunta Semestral e Anual, onde se decidem

as políticas e faz-se avaliação do que aconteceu, mas indicaram que isto era produto da

insistência dos doadores na participação da sociedade civil na monitoria e avaliação dos

programas públicos.

Quanto às soluções a primeira vista, os nossos entrevistados indicaram que Moçambique

importa políticas e não desenha políticas, e as políticas importadas segundo eles não se

adequam a realidade local, deram exemplo de que o PARPA, é uma política importada.

Para tal segundo eles, o Governo precisa desenhar suas próprias políticas que se adequem a

realidade, e é o Governo que tem que fazer isso acontecer, porque segundo eles, a

sociedade civil não tem autonomia para informar doadores para que tragam apenas

dinheiro.

Os nossos entrevistados reconheceram a existência do G19 (Parceiros de Apoio

Programático), mas alertaram, indicando que aí estão somente doadores, e é produto do

Banco Mundial, sem representação nacional.

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Os nossos entrevistados terminaram reconhecendo a importância do programa

desenvolvido pela FDC, ajudou a sociedade civil, e esta organização em particular, em

técnicas de intervenção para não serem “pisados” pelo Governo e os doadores.

4.2. Avaliação do Programa: Uma Análise de Dados

O programa denominado “Fortalecimento das Formas Organizadas da Sociedade Civil”,

visava: i) aumentar e melhorar os conhecimentos e habilidades das ONGs parceiras em

assuntos de gestão organizacional, governação de ONGs, mobilização de recursos,

monitoria e avaliação de projectos e assuntos de desenvolvimento sócio-económico do país

e do continente; ii) dar assistência técnica e financeira a organizações parceiras por forma a

desenvolver sistemas de gestão e suportar despesas de funcionamento; e iii) criar

mecanismos de comunicação e concertação com parceiros.

Este programa partiu da convicção de que o desenvolvimento comunitário e o

aprofundamento da democracia participativa em Moçambique exigem um esforço

continuado de promover a capacidade organizativa e de intervenção das organizações da

sociedade civil e suas lideranças comunitárias. Neste sentido, a luz desse programa foram

priorizadas acções tais como: a capacitação de organizações parceiras, o fortalecimento de

redes de organizações da sociedade civil e a capacitação das lideranças comunitárias.

A componente do programa foi: o desenvolvimento institucional de ONGs; o

desenvolvimento institucional de fóruns de ONGs; desenvolvimento de OCBs; apoio

institucional à TEIA; e promoção de debates e reflexões com parceiros sobre assuntos de

desenvolvimento ou parcerias (FDC- Relatório de actividades, 2004).

De acordo com Gago (2001:16), avaliação é a verificação formal e sistemática dos

resultados alcançados comparados com os padrões de desempenho estabelecidos; sendo os

padrões de desempenho, especificações dos resultados esperados em cada projecto ou

programa.

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Trabalho de Fim do Curso

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Fazendo uma ponte entre os padrões de desempenho estabelecidos no programa

desenvolvido pela FDC e os resultados alcançados, é possível verificar que parte dos

objectivos do programa foi cumprida.

A FDC, com o programa pretendia, dar assistência técnica e financeira a organizações

parceiras por forma a desenvolver sistemas de gestão e suportar despesas de

funcionamento, neste âmbito, no nível de desenvolvimento comunitário, foi concedido o

apoio técnico e financeiro a AMPRODEC, uma organização parceira desta. Esta associação

recebeu, financiamento para a construção de capoeiras; Equipamentos; e Empréstimo no

valor de 70.000,00 MT (Setenta mil meticais), para iniciar o projecto de criação de frangos

para abate. Esta associação conseguiu reembolsar o montante supracitado, de acordo com

os nossos entrevistados durante duas prestações.

Segundo os indivíduos abordados na entrevista, no âmbito do programa, a FDC, entregou

20 (Vinte) cabeças de gado bovino a 20 (Vinte) mulheres dentro da associação, e, no

âmbito da recepção, pagava-se 2000,00MT (Dois mil meticais), depois do gado se

multiplicar, cada indivíduo, tinha que dar duas cabeças a outras pessoas membros da

associação.

A FDC também forneceu charruas a associação.

Como resultado do apoio recebido, e por meio das acções da associação, houve mudanças

na dieta alimentar, a população local já compra frango na associação, e além disso, vem

apreendendo técnicas de produção de frangos.

A associação consegue vender o frango para a cidade, e tem um stock em que a procura não

consegue quebrar, a média tem sido segundo eles de 2000 (Dois mil) a 1500 (Mil

quinhentos) frangos mensais. Isto vem comprovar no campo teórico, aquilo que foi definido

por Rodrigues, citado por Souza (1987:56), que indica desenvolvimento comunitário como

sendo um método de ajuda às comunidades locais para tornar lhes mais conscientes de

suas necessidades, para apreciar seus recursos em tal forma que satisfaçam algumas das

necessidades por meio dos projectos de acção e ao mesmo tempo adquirem atitudes,

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Trabalho de Fim do Curso

27

experiências e destrezas cooperativas para repetir este processo uma e outra vez por

iniciativa própria.

De acordo com os nossos entrevistados, os desafios que a AMPRODEC enfrenta são: a

quebra da produção por causa da mudança do clima; a interferência do frango brasileiro no

mercado nacional, fez com que a associação tivesse que parar em algum momento, 3 a 4

(Três a quatro meses), durante o ano de 2009. Isto pode levar a um efeito de

insustentabilidade do projecto, significa que, antes do desenho do projecto não houve um

prévio estudo de viabilidade económica e ambiental, que pudesse evitar os acontecimentos

que a associação tem como desafio, e isso deveria ser o papel da própria FDC, no período

de acompanhamento do projecto. De acordo com Andrade (1992:67), as ONGs tem que

Promover projectos de desenvolvimento que visam satisfazer as necessidades das

populações, mas também atingir a auto – sustentabilidade em termos económicos e de

capacidade de gestão.

A associação clama por novas parcerias, e isto leva a questionar a lógica do programa

desenvolvido pela FDC, que visava, entre outros, criar mecanismos de comunicação e

concertação com parceiros.

Lembrando que, o programa partiu da convicção de que o desenvolvimento comunitário e o

aprofundamento da democracia participativa em Moçambique exigem um esforço

continuado de promover a capacidade organizativa e de intervenção das organizações da

sociedade civil e suas lideranças comunitárias; Para o caso do GMD, no nível de

aprofundamento da democracia participativa, pode-se dizer que parte dos objectivos

propostos pelo programa desenvolvido pela FDC, foi cumprida. Principalmente no que diz

respeito ao aumento e melhoria de conhecimentos e habilidades das ONGs parceiras em

assuntos de mobilização de recursos; monitoria e avaliação de projectos e assuntos de

desenvolvimento sócio-económico do país e do continente; assistência técnica e criação de

mecanismos de comunicação e concertação com parceiros.

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Trabalho de Fim do Curso

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Neste âmbito, avançando os nossos entrevistados indicaram que, a parceria que a sua

organização teve com a FDC, não tem nada a ver com parcerias financeiras, tem a ver sim,

com a capacitação de activistas em diversas matérias arroladas no programa.

Depois dos activistas beneficiarem desta capacitação, formação, adquiriram técnicas para

lobby e advocacia. Segundo os nossos entrevistados, o GMD agora consegue articular com

o parlamento. Há uma parceria forte com o parlamento a nível das comissões de trabalho,

dando exemplo, indicaram que, em 2005, o GMD submeteu com o MISA- Moçambique, a

questão do anteprojecto de liberdade das fontes de informação.

A partir da formação em advocacia, como resultado da parceria com a FDC, conseguiu-se

batalhar, e está-se a envidar esforços para entrar na plenária.

Já conseguiu também reunir parlamentares do círculo eleitoral de Inhambane para auscultar

os problemas da população. O GMD é que custeou fundos para tal; no encontro debruçou-

se dos problemas de cuidados de saúde dos mineiros. Segundo os nossos entrevistados, um

dos deputados que participou do encontro foi, o Muchanga da RENAMO.

De acordo com os nossos entrevistados, na altura o GMD, estava num processo avançado

de elaboração de um guia para leitura e análise do Orçamento do Estado de 2009. Segundo

eles, presume-se que, com o documento, o povo possa perceber os passos, a lógica e os

resultados disso, vai ajudar a população a participar na elaboração do Orçamento.

Indicaram eles que, o parlamento escusou-se a realizar este trabalho alegando falta de

fundos.

Os nossos entrevistados reconheceram a existência de mecanismos de participação como:

Observatório do Desenvolvimento e Revisão Conjunta Semestral e Anual, onde se decidem

as políticas e faz-se avaliação do que aconteceu, pese embora tenham considerado isto

como produto da insistência dos doadores na participação da sociedade civil na monitoria e

avaliação dos programas públicos.

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Trabalho de Fim do Curso

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Os nossos entrevistados terminaram reconhecendo a importância do programa

desenvolvido pela FDC, ajudou a sociedade civil, e esta organização em particular, em

técnicas de intervenção para não serem “pisados” pelo Governo e os doadores.

Estas realizações, são exemplos típicos que, multiplicados, podem levar a consolidação da

democracia participativa em Moçambique.

Estas realizações estabelecem a ponte com aquilo que, a nível teórico-conceptual foi dito

por Abong (2003: 47), indicando que, a democracia participativa é um conceito rico, um

avanço, do ponto de vista de formulação, é uma democracia representativa qualificada.

Uma democracia representativa qualificada, sobretudo, por um novo sistema de

participação popular, que considere a autonomia da sociedade nas decisões e no controle

do exercício do poder.

Segundo ela, o fortalecimento da democracia participativa acontece por intermédio da

criação de diversos espaços para a concertação entre o Estado e a sociedade civil, como

forma de exercício das decisões em diversos campos dos problemas públicos, como a

corrupção, a pobreza, e outros. A prioridade para fazer frente de modo acordado ao

problema básico que toda a sociedade deve resolver e que é a situação de pobreza em que

vive a maioria da sua população.

Também estabelece a ponte com aquilo que foi dito por Andrade (1992:67), a nível teórico

sobre papel das ONGs, e indica que estas devem:

- Facilitar o diálogo entre as comunidades de base e os poderes instituídos, aos mais

diversos níveis, no sentido de provocar a participação daqueles na planificação e tomada

de decisões no que respeita aos seus direitos e problemas.

- Promover a pesquisa aplicada na perspectiva pesquisa – acção - desenvolvimento em

termos de reflexão teórica e correcção de práticas.

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Trabalho de Fim do Curso

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Pode-se dizer ainda que a acção da FDC, junto do GMD, e os resultados disso, vem

corresponder aos pronunciamentos teóricos de Abong (2003:54), sobre papel das ONGs,

esta, indica que, a acção das redes de ONGs, associações nacionais e suas articulações

internacionais, funciona no sentido de construir uma mediação entre organismos de base –

que se acumularam nesse passado de organização da sociedade civil – e o mundo da

política, principalmente no campo de politização do social. Isso quer dizer que cada um

dos moradores dessas regiões, onde actuam as ONGs e as redes de movimentos, encaram

as suas necessidades quotidianas como demandas. Politizar o social significa reconhecer

que essas demandas só podem ser respondidas por Políticas Públicas. E essas demandas,

então, precisam se transformar em questões não mais de reivindicação, mas em questão de

disputa de alternativas de Políticas Públicas (Abong, 2003:54).

Uma inquietação que nos leva a questionar a lógica do programa desenvolvido pela FDC,

se situa a nível de um dos objectivos do programa, que era de dar assistência técnica e

financeira a organizações parceiras por forma a desenvolver sistemas de gestão e suportar

despesas de funcionamento. Os nossos entrevistados do GMD, afirmaram que, no âmbito

do programa, a parceria com a FDC, nunca se situou a nível financeiro.

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Trabalho de Fim do Curso

31

5. CONCLUSÕES GERAIS

O estudo chegou as seguintes conclusões:

- O programa Fortalecimento das Formas Organizadas da Sociedade Civil e Lideranças

Comunitárias desenvolvido pela FDC, no período 2004-2008, foi bem sucedido, a nível das

organizações que se beneficiaram do mesmo, no qual, o estudo toma como referência

apesar das deficiências registadas a nível do estudo de viabilidade económica e ambiental,

antes do desenho do projecto da AMPRODEC, e a nível de assistência financeira no GMD.

A título de exemplo, no nível de desenvolvimento comunitário, foi concedido o apoio

técnico e financeiro a AMPRODEC, uma organização parceira desta. Esta associação

recebeu, financiamento para a construção de capoeiras; Equipamentos; e Empréstimo no

valor de 70.000,00 MT (Setenta mil meticais), para iniciar o projecto de criação de frangos

para abate. Esta associação conseguiu reembolsar o montante supracitado, durante duas

prestações.

No âmbito do programa, a FDC, entregou 20 (Vinte) cabeças de gado bovino a 20 (Vinte)

mulheres dentro da associação, e, no âmbito da recepção, pagava-se 2000,00MT (Dois mil

meticais), depois do gado se multiplicar, cada indivíduo, tinha que dar duas cabeças a

outras pessoas membros da associação.

A FDC também forneceu charruas a associação.

Como resultado do apoio recebido, e por meio das acções da associação, houve mudanças

na dieta alimentar, a população local já compra frango na associação, e além disso, vem

apreendendo técnicas de produção de frangos.

A associação consegue vender o frango para a cidade, e tem um stock em que a procura não

consegue quebrar, a média tem sido de 2000 (Dois mil) a 1500 (Mil quinhentos) frangos

mensais.

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Para o caso do GMD, no nível de aprofundamento da democracia participativa, pode-se

dizer que parte dos objectivos propostos pelo programa desenvolvido pela FDC, foi

cumprida, principalmente no que diz respeito ao aumento e melhoria de conhecimentos e

habilidades das ONGs parceiras em assuntos de mobilização de recursos; monitoria e

avaliação de projectos e assuntos de desenvolvimento sócio-económico do país e do

continente; assistência técnica e criação de mecanismos de comunicação e concertação com

parceiros.

Neste âmbito, avançando os nossos entrevistados indicaram que, a parceria que a sua

organização teve com a FDC, não tem nada a ver com parcerias financeiras, tem a ver sim,

com a capacitação de activistas em diversas matérias arroladas no programa.

Depois dos activistas beneficiarem desta capacitação, formação, adquiriram técnicas para

lobby e advocacia. Segundo os nossos entrevistados, o GMD agora consegue articular com

o parlamento. Há uma parceria forte com o parlamento a nível das comissões de trabalho,

dando exemplo, indicaram que, em 2005, o GMD submeteu com o MISA-Moçambique, a

questão do anteprojecto de liberdade das fontes de informação.

A partir da formação em advocacia, como resultado da parceria com a FDC, conseguiu-se

batalhar, e está-se a envidar esforços para entrar na plenária.

Já conseguiu também reunir parlamentares do círculo eleitoral de Inhambane para auscultar

os problemas da população. O GMD é que custeou fundos para tal; no encontro debruçou-

se dos problemas de cuidados de saúde dos mineiros. Segundo os nossos entrevistados, um

dos deputados que participou do encontro foi, o Muchanga da RENAMO.

De acordo com os nossos entrevistados, na altura o GMD, estava num processo avançado

de elaboração de um guia para leitura e análise do Orçamento do Estado de 2009. Segundo

eles, presume-se que, com o documento, o povo possa perceber os passos, a lógica e os

resultados disso, vai ajudar a população a participar na elaboração do Orçamento.

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Indicaram eles que, o parlamento excusou-se a realizar este trabalho alegando falta de

fundos.

Os nossos entrevistados reconheceram a existência de mecanismos de participação como:

Observatório do Desenvolvimento e Revisão Conjunta Semestral e Anual, onde se decidem

as políticas e faz-se avaliação do que aconteceu, pese embora tenham considerado isto

como produto da insistência dos doadores na participação da sociedade civil na monitoria e

avaliação dos programas públicos.

Os nossos entrevistados terminaram reconhecendo a importância do programa

desenvolvido pela FDC, ajudou a sociedade civil, e esta organização em particular, em

técnicas de intervenção para não serem “pisados” pelo Governo e os doadores.

Os dois níveis de realizações (desenvolvimento comunitário no caso da AMPRODEC e

aprofundamento da democracia participativa no caso do GMD), encontram enquadramento

teórico-conceptual nos pronunciamentos, respectivamente de Rodrigues, citado por Souza

(1987:56), sobre desenvolvimento comunitário, que indica desenvolvimento comunitário

como sendo um método de ajuda às comunidades locais para tornar lhes mais conscientes

de suas necessidades, para apreciar seus recursos em tal forma que satisfaçam algumas

das necessidades por meio dos projectos de acção e ao mesmo tempo adquirem atitudes,

experiências e destrezas cooperativas para repetir este processo uma e outra vez por

iniciativa própria, e de Abong (2003: 47), sobre democracia participativa, indica que, a

democracia participativa é um conceito rico, um avanço, do ponto de vista de formulação, é

uma democracia representativa qualificada. Uma democracia representativa qualificada,

sobretudo, por um novo sistema de participação popular, que considere a autonomia da

sociedade nas decisões e no controle do exercício do poder.

Segundo ela, o fortalecimento da democracia participativa acontece por intermédio da

criação de diversos espaços para a concertação entre o Estado e a sociedade civil, como

forma de exercício das decisões em diversos campos dos problemas públicos, como a

corrupção, a pobreza, e outros. A prioridade para fazer frente de modo acordado ao

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problema básico que toda a sociedade deve resolver e que é a situação de pobreza em que

vive a maioria da sua população. Também na mesma vertente podemos citar os

pronunciamentos de Andrade (1992:67), sobre o papel das ONGs, indica que estas devem:

- Facilitar o diálogo entre as comunidades de base e os poderes instituídos, aos mais

diversos níveis, no sentido de provocar a participação daqueles na planificação e tomada

de decisões no que respeita aos seus direitos e problemas.

- Promover a pesquisa aplicada na perspectiva pesquisa – acção - desenvolvimento em

termos de reflexão teórica e correcção de práticas.

Ainda na mesma perspectiva sobre democracia participativa Pode-se concluir que, a acção

da FDC, junto do GMD, e os resultados disso, vem corresponder aos pronunciamentos

teóricos de Abong (2003:54), sobre papel das ONGs, esta, indica que, a acção das redes de

ONGs, associações nacionais e suas articulações internacionais, funciona no sentido de

construir uma mediação entre organismos de base – que se acumularam nesse passado de

organização da sociedade civil – e o mundo da política, principalmente no campo de

politização do social.

As realizações que aconteceram a nível das organizações que se beneficiaram do programa,

no qual o nosso estudo toma como referência, levam a responder a nossa pergunta de

pesquisa. A nossa pergunta de pesquisa pretendia saber por meio de avaliação, até que

ponto, o Programa Fortalecimento das Formas Organizadas da Sociedade Civil e

Lideranças Comunitárias contribuiu para o aprofundamento da democracia participativa e

o desenvolvimento comunitário? Olhando para o conjunto das realizações é possível

afirmar positivamente que o Programa Fortalecimento das Formas Organizadas da

Sociedade Civil e Lideranças Comunitárias desenvolvido pela FDC no período de 2004-

2008, contribuiu para o aprofundamento da democracia participativa e o desenvolvimento

comunitário, porque as evidências são claras.

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5.1. RECOMENDAÇÕES

O estudo propõe como recomendação:

No nível de desenvolvimento comunitário, é preciso nos próximos programas:

- Consolidar a base de realização de estudos de viabilidade económica e ambiental, antes do

desenho de projectos das organizações parceiras;

- Criação de mecanismos de comunicação e concertação com parceiros;

- Fazer acompanhamento consistente dos projectos;

- Promover cursos para actualização e gestão de stocks e empresarial.

No nível de aprofundamento da democracia participativa, será necessário nos próximos

programas:

- Envidar esforços para persuadir o Governo, a garantir a participação efectiva da sociedade

civil no desenho de programas públicos, e não convidar apenas a sociedade civil para

legitimar processos.

- Criar mecanismos consistentes para influenciar o Governo a desenhar suas próprias

políticas que se adequam a realidade;

- Influenciar ao Banco Mundial, para que o G19 (Grupo de Parceiros de Apoio

Programático), tenha representação nacional.

As realizações que aconteceram nestes dois níveis precisam ser replicadas e ampliadas em

outras organizações do género, nos próximos programas para uma abordagem integrada

nacional de desenvolvimento comunitário e aprofundamento da democracia participativa.

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