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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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O GERENCIAMENTO DE MATERIAIS NO ALMOXARIFADO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO /TCE-RJ: O DESAFIO DE ADEQUAR AS NECESSIDADES DO USUÁRIO AOS MATERIAIS ADQUIRIDOS
Miguel Nepomuceno Neto – [email protected] – UFF/ICHS
Resumo
O Serviço de Almoxarifado (SAL) do TCE-RJ é o setor por onde ocorre o registro da
movimentação e a movimentação de material do Tribunal (TCE-RJ). No Almoxarifado (SAL)
os servidores conferem , recebem, registram, codificam , guardam,controlam entrada e saída
de material, catalogam, estocam e distribuem os bens de consumo. Um dos problemas
existentes no Serviço de Almoxarifado do TCE-RJ é o questionamento de servidores sobre a
qualidade de alguns materiais solicitados. Um bom termo de referência, com especificações
técnicas, pode diminuir estas discordâncias. É necessário capacitar requisitantes, servidores e
fornecedores para atuarem em cada instância da aquisição de materiais e interagirem.
Palavras-chave: Almoxarifado; Compras Públicas; Qualidade de Materiais Adquiridos.
1 - Introdução
Os bens adquiridos em organizações públicas têm sido motivo de polêmica entre
requisitantes, solicitantes, usuários e fornecedores. Existe, ainda hoje, uma grande dificuldade
para adquirir materiais que atendam às necessidades, dentro dos padrões de qualidade. Esta
dificuldade pode ser resultante de falhas no processo de compra e recebimento de materiais.
Mas sobre o fato é importante destacar que no serviço público ainda existe a crença de que a
qualidade de bens é desnecessária. Da mesma forma temos uma parte da sociedade que
acredita que os serviços públicos não podem ser bons, por serem “aparentemente” gratuito. A
administração ineficiente dos serviços públicos tem nítida relação com esta precarização. São
comuns as críticas ao material adquirido pelo processo de licitação de compras públicas,
apesar de a licitação ser feita para garantir a isonomia, ou melhor, para evitar que interesses
particulares se sobreponham ao público. O fato é que o processo de compras pode influenciar
na aquisição de materiais, pois quando se tenta assegurar o interesse público, principalmente
econômico, pode-se limitar a competitividade em razão do menor preço. O ato vinculado ao
menor preço pode não ser o de menor custo, ou seja, o mais vantajoso para a Administração
Pública. A pouca competitividade pode afetar na qualidade do material ou bem ofertado. Mas
não é só isto que afeta a aquisição de materiais de baixa qualidade. Pois se pudéssemos
escolher solicitaríamos um produto de marca renomada no mercado. A lei de licitações veda a
indicação de marcas, pois a indicação de marcas fere ao principio da isonomia. Esta condição
pode trazer uma situação cômoda e aparentemente insolúvel para o problema da aquisição de
materiais de qualidade questionável. Mas uma vez, podem colocar o problema da qualidade
do material nas leis e nos processos de licitação. Nestas condições, por diversas vezes,
ouvimos as reclamações em Universidades públicas sobre a caneta esferográfica que não
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escreve, por exemplo. Poucos sabem que a licitação pública e a Administração Pública tem
que seguir a o princípio constitucional da eficiência, buscando maior rapidez, qualidade e
eficiência nos produtos e serviços públicos. Nesta perspectiva que busco algumas medidas
administrativas no Serviço de Almoxarifado-SAL do Tribunal de Contas do Estado do Rio de
Janeiro para adquirir materiais que satisfaçam, de forma plena, as necessidades em equilíbrio
com a legitimidade da licitação e a legalidade.
2 –Apresentação do Caso
O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro é o órgão responsável pela
fiscalização da aplicação dos recursos públicos por parte dos governantes, tem como
competência: julgar as contas dos administradores inclusive do Chefe do Poder Executivo do
Governo do Estado do Rio de Janeiro e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores
públicos, das diversas entidades do Estado do Rio de Janeiro e de seus municípios (91
municípios), excluída a capital. O Tribunal de Contas também exerce a fiscalização
financeira, orçamentária, patrimonial e operacional, prestando auxílio à Assembléia
Legislativa e às Câmaras Municipais. Suas atribuições estão previstas na Constituição
Estadual, que no artigo 123 diz que “o controle externo, a cargo da Assembléia Legislativa,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado (...)".
Embora haja referência a Assembléia Legislativa, o Tribunal de Contas pode atuar
junto ao Executivo, Judiciário, Ministério Público, Receita Federal, demais tribunais de
contas e outros órgãos.
A fiscalização exercida pelo TCE-RJ é feita através da Secretária-Geral de Controle
Externo – SGE (vide organograma em anexo1), estrutura dividida em diferentes setores,
compostos por especialistas de diversos ramos profissionais, tais como advogados,
engenheiros, arquitetos, médicos, contabilistas, estatísticos e outros, que fazem a instrução
dos processos - relatados depois por um conselheiro que apresenta um voto, aprovado ou
rejeitado pelo Plenário do Tribunal, a instância suprema e soberana da Instituição constituída
pelo presidente (um conselheiro eleito presidente do TCE-RJ) e seis conselheiros.
Segundo organograma do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro: Cabe à SGE coordenar, supervisionar e controlar a realização de Auditorias
Governamentais objetivando a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional, patrimonial e dos atos de pessoal; o exame de editais e o
acompanhamento da execução de contratos, sob a ótica da legalidade, legitimidade e
economicidade, da administração direta e indireta dos poderes públicos estaduais e
municipais, incluídas as fundações por eles instituídas ou mantidas em todo o
território do Estado, com exceção dos poderes públicos do Município do Rio de
Janeiro, que é fiscalizado por tribunal próprio.
Cabe destacar que o controle e o acompanhamento das obras e serviços de engenharia
também se fazem in loco, analisando-se os aspectos ambientais envolvidos, sempre que
possível.
Para cumprir estas atribuições é necessário um suporte operacional, tático e estratégico
de apoio oferecido através das áreas de administração, finanças, informática, manutenção –
engenharia, etc. A SGA – Secretaria Geral de Administração exerce papel importante neste
sentido. Segundo organograma do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro:
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Compete à SGA a organização, o acompanhamento, o desenvolvimento das
atividades dos sistemas administrativo, financeiro, contábil, patrimonial, médico-
assistencial e de recursos humanos. A SGA coordena e controla, ainda, as atividades
relacionadas com o preparo de licitações para aquisição de materiais, equipamentos
e prestação de serviços, no âmbito do TCE-RJ. Além disso, orienta os servidores
para que desempenhem suas atividades proporcionando ao Tribunal os meios e
recursos necessários à consecução de sua missão constitucional.
Deste modo é mencionada a Coordenadoria de Atividades Gerais–CGA (subordinada
a SGA) que controla as compras, estoque e distribuição de bens permanentes e consumíveis,
serviços de zeladoria e protocolo interno. Destaca-se nesta Coordenadoria (CGA), a
Coordenadoria Setorial de Bens (CSB), mas especificamente o Serviço de Almoxarifado.
O almoxarifado é um setor estratégico na administração de materiais para uma
organização, uma vez que é a “porta” de entrada e saída de materiais. O controle de qualidade
e os resultados desempenho do setor de compras passam pelo almoxarifado, uma vez que no
recebimento de materiais é necessário a conferencia do material e da documentação.
Sobre o setor de compras Rosa (2011, p.119) contribui ,explicando:
O objetivo principal do setor de compras é comprar produtos e serviços
necessários para produção e o funcionamento da organização que possuam a
melhor qualidade possível, a quantidade correta no prazo solicitado, com preço
compatível com o mercado e, preferencialmente, até menor.
Na entrada de materiais ocorre à conferência dos dados cadastrais da nota e da
descrição dos materiais. Logo em seguida ocorre a conferencia quantitativa verificando as
quantidades, o estado do material(qualitativa) eas especificações (prazo de validade,
gramatura do material,as características físicas e os dados da nota fiscal, endereço de entrega,
data de entrega, normas especificas; ANVISA, ABNT, INMETRO, ISO, etc...).
Conforme Rosa (2011, p.135) destaca:
A função de recebimento inicia na recepção do material entregue pelo fornecedor e
finaliza com sua entrada nos estoques. Na recepção, deve ocorrer a conferência
quantitativa e qualitativa do material recebido. O recebimento compreende quatro
fases: entrada de materiais; conferência quantitativa; conferência qualitativa; e
regularização.
No Serviço de Almoxarifado (SAL), após a conferência, será atestada a nota fiscal
pelo requisitante ou pelo órgão Técnico responsável pelo pedido de material (bem de
consumo não estocável ou bem permanente) ou pelo responsável pelo Almoxarifado (bem de
consumo de estoque), emitido o ARM (Atestado de Recebimento de Materiais) para bens de
consumo ou, se for bem permanente o parecer da Comissão Recebimento de Material (CRM).
O bem permanente é encaminhado ao Serviço de Patrimônio (SEP), onde é catalogado e
recebe um número de registro de patrimônio ficando o zelo e guarda sob a responsabilidade
do setor que utilizará ou alocará. Em cada setor tem um agente de patrimônio que intermedia
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a transferência sendo responsável pela atualização de listagem de bens permanentes do seu
setor (vide fluxograma em anexo 2). Como descrito na questão anterior à distribuição física é
feita através do Almoxarifado.
A classificação do material é um do procedimento que tem que ser observado no
recebimento, pois facilitará a movimentação interna de materiaise o controle de estoque.
Rosa (2011, p.145) destaca que “A classificação de Materiais é elaborada e implantada
em quatro fases: identificação, codificação, cadastramento e catalogação”.
Como os materiais ou bens de estoque, em sua maioria, já estão cadastrados e
catalogados no recebimento ocorrerá à identificação e codificação. O bem ou material deverá
ser identificado e codificado através de um ERP (Enterprise Ressarce Planning): o ASI, que é
um sistema computacional que integra informações dos setores financeiros, compras, estoque,
patrimônio, entre outros.
Conforme Albuquerque (2011, p.68), o ERP integra e abre um canal de comunicação
entre diversos setores da organização, podendo facilitar a gestão, “um sistema de ERP visa
integrar o processo de gestão interna da organização, além de abrir canais de comunicação
com fornecedores e com parceiros externos”.
Após a identificação, codificação e nota fiscal atestada serão dadas a entrada no
sistema ASI e encaminhamento dos documentos. Pode-se afirmar que o processo de
recebimento de material termina quando todas as informações e documentações são
encaminhadas para a liquidação, fase anterior ao pagamento do fornecedor.
O problema esta na aquisição de materiais de qualidade duvidosa, a discordância entre
o que o usuário necessita o que solicita e o que chega ao almoxarifado. Este Relatório Técnico
tem objetivo abordar, este problema e propõe algumas soluções a serem implementadas. A
matriz SWOT possibilita verificar o cenário da Instituição diante do problema. Pode-se
verificar o grande potencial para melhorias diante das capacidades de recursos (forças
ilustradas na matriz SWOT) humanos, tecnológicos, estratégicos e financeiros. Apesar dos
pontos positivos mencionados através da matriz SWOT é possível ver através dos pontos
negativos (fraquezas) as características, não predominante, de um serviço público um pouco
“engessado” que demanda de Gestão de Pessoas e que tem relação com as ameaças (externas)
mencionadas na matriz SWOT ligada às questões politicas e culturais (falta de credibilidade
no setor público) Mas esta característica pode mudar melhorando. Como visto a imagem e a
dimensão social da Instituição são favoráveis a ações para melhoria no gerenciamento da
aquisição de materiais de qualidade.
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Matriz SWOT
Situação a ser solucionada sobre a qualidade de materiais adquiridos no Almoxarifado do TCE-RJ
(organização pública):
FORÇAS FRAQUEZAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS
-Competência do setor
de compras
-Baixa capacitação de
servidores em alguns
setores táticos e
operacionais
-Aumento da
necessidade de insumos
no TCE-RJ e
Administração Pública
(mercado crescente)
- Competitividade restrita a
preços baixos
- Politica Interna de
incentivo a
capacitação
-Dificuldade de
comunicação /
integração entre
servidores
-Novas exigências legais
voltadas para normas de
segurança e qualidade
de materiais
- Limitações orçamentárias
-Áreas funcionais
integradas com um
sistema computacional
do tipo ERP.
-Falhas nas
especificações de
materiais
-Estabilidade politica e
econômica
governamental
-Limitações legais para a
aquisição de alguns
materiais
-Gestão integrada de
estoques e compras
-Entraves hierárquicos -Atos governamentais
vinculados a leis, que
podem garantir
segurança na liquidez
da venda.
-Restrições legais à
negociação e
relacionamento com
fornecedores
-Existência de setores
estratégicos tais como
o de planejamento e
de Gestão de
Qualidade.
-baixa logística no
processo de
recebimento de material
-Melhoria dos Serviços
Públicos prestados
- Falta de credibilidade no
setor público
-Processo de
liquidação de compras
relativamente rápido,
o que pode atrair bons
fornecedores
-Falta de Recursos
Humanos operacionais
capacitados
-Busca de novos
mercados por parte de
fornecedores-
-Questões políticas externas
ao TCE-RJ
-Falta de alguns
planejamentos e
critérios mensuráveis de
qualidade (indicadores
de qualidade) para os
materiais adquiridos
-Imagem Institucional
confiável
Fonte: Elaborado pelo autor
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3 - Referenciais Teóricos
A qualidade de materiais é um problema que envolve o meio externo a organização e a
discordância entre o que o usuário necessita e o que recebe envolve o meio interno da
organização. O problema pode estar implícito no processo de compras e aquisição de
materiais. É necessário observar que a compra feita no Tribunal de Contas segue a um
contrato rigoroso fundamentado em leis, na qual se pode citar a Lei nº 8666/93 (contratos e
licitações), que oferece o bem compatível com o termo de referencia e considerando o melhor
preço ofertado. Meirelles (2013, p.223) destaca:
Contrato administrativo é o ajuste que a Administração Pública, agindo nessa
qualidade, firma com o particular ou outra entidade administrativa para a
consecução de objetivos de interesses pública, nas condições estabelecidas pela
própria Administração.
Conforme Inácio (2013, p35), no caso da aquisição de bens de consumo e permanentes
primeiro passo é formalizar o pedido, através de um termo de referencia, em que constarão as
especificações do bem, as justificativas para, aquisição, os prazos e formas de entrega à
conferência, montagem e/ou assistência técnica, entre outros. Todo o processo é registrado e
publicado.
O segundo passo é a escolha do fornecedor através dos termos legais da Lei nº
8666/93 (contratos e licitações), que oferece o bem compatível com o termo de referencia e
considerando o melhor preço ofertado que garanta vantagem para a administração. Após isto
o fornecedor entregará o bem conforme estabelecido no termo, que dará entrada na
Organização no setor de almoxarifado (recebe o bem). É verificado que existe uma relação
entre a movimentação de materiais com a movimentação financeira e orçamentária quando é
feito toda atestação de materiais recebidos no almoxarifado e encaminhamento (de
documentos) à liquidação.
Os atos para a aquisição de materiais pela Administração Pública, em sua maioria,
estão vinculados às leis e requerem formalidades.
A Lei nº8666, de 21 de junho de 1993 – Art.3؟º, justifica:
A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.
O problema é que o processo de venda para a Administração Pública pode demorar,
fazendo com que se diminua o interesse de fornecedores.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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Meirelles (2013, p.177) alerta: “Nessa categoria de atos, as imposições legais
absorvem, quase por completo, a liberdade do administrador, uma vez que sua ação fica
adstrita aos pressupostos estabelecidos pela norma legal para a validade da atividade
administrativa”.
Deste modo, ocorrendo demora ,podem-se atrair fornecedores de baixa competência e
fornecedores de material qualidade duvidosa com baixos preços.Este é o problema que
envolve o meio externo e assim, pode ocorrer à entrada de materiais que ocasionam
discordância das especificações e/ou qualidade do que foi pedido e o que foi entregue.
No caso de fornecedores, Medauar (1999, p.213) destaca:
Habilitação é a fase do processo licitatório em que se verifica se os licitantes
detêm condições para celebrar e executar o futuro contrato. Tais condições
referem-se à habilitação jurídica, à técnica, à qualificação econômico-financeira e
à regularidade social.
Deve-se lembrar de que é necessário destacar que se tenha (art. 36 da lei 8666/93):
a.) A Habilitação Jurídica que verifica ocorrências jurídicas do contratado
b.) A Regularidade Fiscal que verifica pendências e/ou débitos fiscais assim como
histórico fiscal nas diversas esferas governamentais
c.) A Qualificação Técnica: são verificadas as condições de desempenho profissionais
do contratado
d.) Qualificação Financeira que verifica as condições de gerir finanças e considerada o
histórico administrativo do contratado
Apesar de haver certo controle pela Administração baseada no art. 36 da lei nº 8666/93,
ainda há fornecedores que oferecem materiais de qualidade inferior por ver pouca liquidez
(processo demorado) e por estar num ambiente de negócios em que se que oferecem preços
baixos a qualquer custo.
O problema que envolve o meio interno está propriamente ligado à fase de
especificação do material
Conforme destaca a IN 02 / 2008:
Art.14. A contratação de prestação de serviços será sempre precedida da
apresentação de projeto básico ou termo de referencia, que devera ser
preferencialmente elaborado por técnico com qualificação profissional pertinente as
especificidades doserviço a ser contratado, devendo o projeto ou termo ser
justificado e aprovado pela autoridade competente.
Art.15. O projeto básico ou termo de referencia devera conter:
I.) A justificativa da necessidade da contratação, dispondo, dentre outros, sobre:
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A.) Motivação da contratação;
b.) benefícios diretos e indiretos que resultarão da contratação;
c.) Conexão entre a contratação e o planejamento existente;
d.) Agrupamento de itens em lotes;
e.) Critérios ambientais adotados, se houver;
f.) Natureza do serviço, se continuado ou não;
g.) Inexigibilidade ou dispensa de licitação, se for o caso, e
h.) Referencias a estudos preliminares, se houver.
II. ) O objetivo, identificando o que se pretende alcançar com a contratação;
III.) O objeto da contratação, com os produtos e os resultados esperados com a
execução do serviço.
O termo de referencia deve estabelecer uma padronização sem indicar preferência por
marca prevista nos termos § 7˚ do art.15 da lei 8666/1993, salvo quando devidamente
justificada por critérios técnicos ou expressamente indicativos da qualidade do material a
ser adquirido. O art. 13º do ato normativo TCE-RJ nº 85e art. 9º do decreto Federal nº
5450 /2005 atribuem o termo de referência ao setor requisitante da contratação. O art. 8º do
Decreto Federal nº3555/2000, por sua vez, estabelece que o termo de referência deverá ser
elaborado pelo requisitante em conjunto com a área de compras do órgão.
Conforme pode ser destacado por Inácio (2013, p.35), um bom Termo de Referencia
deve seguir os passos do modelo abaixo:
Termo de Referência (art. 9º, II) a) o objeto da contratação...; b) apresentação da
justificativa da necessidade da aquisição; c) orçamento detalhado, de modo a propiciar
avaliação do custo pela Administração; d) valor estimado com base no preço obtido através
da pesquisa de mercado; e) As condições quanto aos locais, prazos de entrega ou de
execução do objeto, forma de pagamento...; f) o preço unitário máximo que a
Administração se dispõe a pagar consideradas as regiões e as estimativas de quantidades a
serem adquiridas; g) o prazo de validade do registro de preço; h) os órgãos e entidades
participantes do registro de preço; i) a estimativa de quantidades a serem adquiridas,...; j) a
quantidade mínima de unidades a ser cotada; k) valor mínimo por Ordem de Compra ou de
Serviço; l) cronograma físico-financeiro se for o caso; m) critério de aceitação do objeto; n)
deveres do contratado; o) procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato,
quando este for aplicável; p) prazo de execução.
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4 – Plano de Ação
Sobre o ambiente interno, ao Coordenador de Bens e ao Secretario de Administração
pode ser proposto uma capacitação para servidores, sobre Termo de referencia e Projeto
Básico. Esta capacitação possibilitará evitar erros nos processos de licitação e na aquisição e
conferência de materiais no Serviço de Almoxarifado-SAL. Para funcionários do Serviço de
Almoxarifado – SAL será feito um treinamento gerencial contínuo no almoxarifado para o
aperfeiçoamento funcional. Inicialmente, para organizar o recebimento e facilitar a inspeção
de materiais, foi elaborado o fluxograma de recebimento de materiais (anexo2) que demonstra
os passos no recebimento de materiais.
Sobre materiais de estoque, em que o termo de referência é feito com auxílio
Coordenadoria Setorial de Bens-CSB e Serviço de Almoxarifado-SAL, será sugerido que as
especificações de material sejam feita observando informações/reclamações de servidores que
utilizam estes insumos. Através da melhoria de especificação no Termo de Referência pode-se
melhorar a qualidade da caneta esferográfica. As diferenças nas especificações podem ser
vistas abaixo:
Especificação anterior – caneta esferográfica, corpo plástico cilíndrico ou sextavado
transparente cristal, com ponta de latão + esfera de tungstênio, escrita média em cor azul.
Especificação atual - caneta esferográfica, escrita média azul, medindo
aproximadamente 14 cm de comprimento, corpo em resina termoplástica, translúcida,
sextavada com no mínimo 1,00 mm de espessura, ponta de latão, escrita resistente sem falhas,
sem borras, sem excesso de tinta durante o traçado, suportando esforço até o final da carga,
com selo de qualidade.
O setor de compras e almoxarifado deve estar presente no curso de capacitação
possibilitando uma melhor comunicação adequando às necessidades organizacionais e
estabelecendo uma rede de relacionamento interna. Para servidores especificados por setores
poderá ser criado um conselho de materiais, que além de se responsabilizar pelos termos de
referência participariam da pesquisa interna de materiais e disseminação de informações.
É necessário fazer para o caso dos fornecedores, um cadastro com uma planilha com
histórico de compras e disponibilizar no histórico de consumo e consulta de materiais. É
importante verificar a possibilidade aplicar sanções e notificar fornecedores em tempo hábil.
Outras possibilidades seriam com relação ao gerenciamento de suprimentos, tais qual a
reestruturação de relacionamentos com renegociação ao longo da execução contratual,
estabelecimento de relação com pregoeiros e comissões de licitação, melhoria de
especificação do produto, estudo para melhorar o ambiente de competição com busca por
melhores condições de custo, estabelecimento de planilha para acompanhar o nível de
qualidade do suprimento e um programa de Gestão de fornecedores e processos de
contratação.
Para todas estas ações cabe o acompanhamento e coordenação para verificar as
melhorias. O acompanhamento poderá ocorrer mediante pesquisa (questionário e/ou
entrevista) direcionada a servidores sobre materiais, evidenciando melhorias após as medidas
sugeridas.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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Ferramenta de Gestão 5WH
O que fazer?
(What?)
Onde?
(Where?)
Por quê?
(Why?)
Quando?
(When?)
Quem?
(Who?)
Como?
(How?)
Melhorar
especificações
dos materiais.
No Setor de
Compras e
Setores
Requisitantes
Para evitar a
compra duvidosa
Fazer o Termo
de Referência
O responsável
pelo pedido
(Termo de
Referencia)
Observando as
características
de qualidade e
normas
técnicas
Capacitar
funcionários
/servidores
Na Escola de
Contas e
Gestão e nos
diversos setores
Para evitar
discordâncias ou
duvidas sobre
materiais
Antes do pedido
de material ou
Termo de
Referencia
Funcionários
do
almoxarifado e
os que
solicitam/
requisitam
materiais
Através de
Instruções dos
setores de
compras,
almoxarifado
e Escola de
Contas (ECG).
Criar cadastro e
rede de
relacionamento
de fornecedores
No setor de
compras e/ou
no escritório do
almoxarifado
Para estabelecer
comunicação com
fornecedoresdentro
dos termos legais
Na adjudicação
da licitação
Funcionários
designadosdo
almoxarifado e
/ou do setor de
compras
Através de
meios de
comunicação
computacionai
s
Criar uma rede
de
relacionamento
com
requisitantes
técnicos
setoriais do
TCE-RJ e o
Almoxarifado
Nos diversos
setores
Para estabelecer
comunicação,esclar
ecer duvidas, trocas
de informações e
estudos técnicos
sobre materiais
Na elaboração
do Termo de
Referência, na
requisição,
norecebimento
de materiais
específicos
O responsável
pelo pedido
(Termo de
Referencia) e
funcionários
do
almoxarifado
Através de
reuniões e
encontros
Estabelecer uma
inspeção mais
rigorosa
No
almoxarifado
Para evitar que
reclamações sobre
qualidade de
materiais
No recebimento
(almoxarifado)
Funcionários
do
almoxarifado
Observando as
características
do material
Treinar
funcionários/
servidores
No
almoxarifado
Para tornar hábil,
confiável e preciso
os processos de
atendimento ao
público,
recebimento
,estoque e
expedição de
materiais .
De forma
contínua
Líderes do
Serviço de
almoxarifado-
SAL e da
CSB
Através de
instruções
programadas,
,manuais,
formulários,
fluxogramas
etc
Fonte: Elaborado pelo autor
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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5 - Conclusão
A fundamentação coerente com a legislação, com as necessidades físico-ambientais e
com as necessidades e condições econômicas contribuem para a aquisição de materiais
adequados evitando gastos maiores, terminando por atingir o principio da economicidade. No
caso vivenciado no Serviço á de Almoxarifado do TCE-RJ pode provocar uma redução do
acúmulo de materiais.
A melhoria da caneta ocorreu por que se tratava de material de estoque, no qual para a
compra, o Termo de Referência é feito na Coordenadoria Setorial de Bens que faz a Gestão de
Bens junto ao Setor de Compras, Setor de Patrimônio e o Almoxarifado. Deste modo é
necessário que se melhore também o Termo de Referência nos setores de Engenharia,
Informática, etc. Neste sentido capacitar servidores representa uma alternativa.
Após, instituir no meu plano de ações a capacitação de servidores descobri que no
Tribunal de Contas, há uma instituição que muito contribui neste sentido: a Escola de Contas
e Gestão, que já conta com uma capacitação para servidores de curso envolvendo o assunto
Termo de Referência e Projeto básico. É bom lembrar que a capacitação deve ocorrer
continuamente dentro do ambiente conforme menciono no caso do
treinamento/aperfeiçoamento contínuo. O fluxograma elaborado (anexo2) permitiu não só
melhorar o processo de recebimento de material, mas também serviu para que os servidores
do nível operacional do almoxarifado entendessem o funcionamento e a importância deste
setor para o Tribunal de Contas. Deste modo, o fluxograma a matriz SWOT e o plano 5WH
também contribuíram para capacitação e estruturação das ações. A idéia da rede de
relacionamento interna com requisitante e externa com fornecedores foi levada a
Coordenadoria Setorial de Bens, na qual está subordinado Serviço de Almoxarifado.
Possibilitaria prever sobre qualidade de material licitado, após a adjudicação. Sobre a rede de
relacionamento com fornecedores descobri que no almoxarifado existe um assessor que atua
no escritório do Almoxarifado faz um gerenciamento de suprimentos, que pode melhorar
processos de aquisição de materiais com boa qualidade ocasionando satisfação dos servidores
que adquirem o bem. A atuação deste servidor requer relatos, coordenação e
acompanhamento.
Tal fato é muito importante, pois no recebimento do material a equipe estaria alerta na
inspeção. Essas mudanças propostas no plano de ações possibilitaria algo muito importante
que é o diálogo sobre processos de aquisição de materiais, aproximando o meio externo e
meio interno da organização flexibilizando a satisfação e redução de custos financeiros e de
tempo.
Apesar do processo de aquisição de material no Tribunal de Contas do Estado do Rio
de Janeiro estar dividido em várias etapas, é possível torná-lo hábil e eficaz melhorando cada
etapa. Um grande passo é o diálogo com os envolvidos (almoxarifado, servidores,
fornecedores, compradores, entre outros). Um dos resultados da melhoria do processo é
melhores fornecedores com melhores materiais e servidores mais aptos.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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6–Referências
ALBUQUERQUE, Jader Cristiano Magalhães. Sistema de informações e comunicação no
setor público. Florianópolis: UFSC, 2011.
BARROS, Marcio dos Santos. 502 comentários sobre licitações e contratos
administrativos. 2. ed. São Paulo: NDJ, 2011.
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<www.portaldatransparencia.gov.br/glossario/>. Acesso em: 22 jul. 2015.
BRASIL.Decreto n° 3555, de 08 de agosto de 2000. Aprova o Regulamento denominado
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Fonte: http://www.tce.rj.gov.br/web/guest/organograma
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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ANEXO 2 – FLUXOGRAMA DE MATERIAIS
Fonte: Elaborado pelo autor