trabalhar por projectos em educação
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Diferentes públicos, diferentes reacções face à escola.
A forma como se é implicado na azáfama do começo do ano lectivo varia muito, consoante o modo como cada um se relaciona com o início do ano escolar.
“colaboradores”
“parceiros” Pais “hostis”.
“Será a ida à escola uma perda de tempo?” “Para que serve lá ir e o que é que lá se aprende?”
“Menos uns braços… eu com a idade dele já trabalhava, ajudava os meus pais.” “Se não fosse esta coisa de rendimento mínimo…”
Muito do que se encontram na escola é-‐lhes estranho: estranhas as actividades e as regras, estranhas exigências e formas de estimular, estranhos os interditos.
Bernstein (1986) – problema da “recontextualização”. Esforço de adaptação dos alunos às regras e exigências das instituições.
Bourdieu e Passeron (1970) – exercício da “violência simbólica”. Imposição de valores e comportamentos que nem sempre coincidem com as regras dos meios onde foram socializados.
Heterogeneidade discente.
A escola começa a sentir-‐se impotente para resolver os problemas com que se depara.
CRISE SOCIAL IMPORTADA (Formosinho, 1992)
Visão, Missão, Valores de uma Organização.
Gestão estratégica Gestão da mudança Aprendizagem organizacional
Projecto: uma via possível
(…) torna-‐se evidente a necessidade de ocorrerem na escola mudanças significativas.
Poderá a introdução de uma área de projecto contribuir para que algumas dessas mudanças significativas aconteçam?
2 vias: Inovadora / Conservadora
1.ª Via: Tentar outras formas de pensar o currículo. Experimentar outras formas de trabalho. Adequar as técnicas às actuais populações
escolares.
2.ª Via: Continuar a ensinar conteúdos que se sabe
serem importantes. Aumentar o nível de exigência. Diminuir o clima de permissividade, de
balbúrdia. Eliminar os que perturbam o clima de
trabalho.
“o projecto é mais outra ideia”; “mais uma modernice”; “uma brincadeira”
Um debate sobre as questões do recurso.
Caracterização das personagens:
Prof. A – evidencia uma grande necessidade de ser esclarecido.
Prof. B – critica fortemente esta proposta (o projecto).
Prof. C – reconhece as dificuldades, mas está entusiasmado em implementar a proposta.
Prof. D – encontra-‐se muito dividido.
Aluno – preferiria não embarcar mais nesta proposta que não crê poder ser realizável nas actuais condições sociopolíticas.
Encarregado de Educação – evidencia uma posição muito crítica face a esta proposta de reorganização curricular.
Análise e interpretação do debate 1. “Antes de falarmos de projecto, é preciso sabermos do que estamos a falar.” O que é
um projecto?
2. “Porquê, agora, esta ideia de projecto em educação?”
3. “O que têm a ver estas áreas de projecto com o Projecto Educativo de escola?”
4. “O que traz de novo aos alunos a realização de projectos?”
5. “Como desenvolver um projecto?”
6. “Não irá o projecto prejudicar a aquisição de conteúdos?”
7. “Meter um projecto em horas! Hora do projecto! Um projecto tem de ser livre e ir ocupando o tempo, de acordo com as necessidades que ele próprio vai criando.”
8. “Eu creio, firmemente, que decidir que um projecto tem de ser avaliado é ‘matá-‐lo’.”
9. “Eles irão conseguir escolher e “impingir” temas para o projecto que pensem ser importantes.”
10. “Ouvi dizer que cada projecto irá ser orientado por dois professores... Por que razão se decidiu isto?”
1. “Antes de falarmos de projecto, é preciso sabermos do que estamos a falar.” O que é um projecto?
Projecto é: Termo ambíguo e polissémico. Plano de acção. Intenção. Desígnio. Intento. Programa. Projéctil. Roteiro. Esboço.
“Projecto de vida”; “projecto de viagem”; “projecto de acção”; “projecto de orçamentos”; etc.
“Projecto Educativo de Escola”; “Projecto Curricular de Escola e de Turma”; “Área de Projecto”; “Metodologia de Projecto”; etc.
O conceito de Projecto está associado:
A concepções de formação e educação que não se coadunam com a uniformização e que não se esgotam na instrução e acumulação de conhecimentos.
Ao reconhecimento da importância do envolvimento dos alunos e professores nos processos de construção de saberes significativos e funcionais.
Ao reconhecimento de que a qualidade do ensino e a capacidade de corresponder aos problemas do dia-‐a-‐dia passa pelo envolvimento das escolas e dos seus agentes.
“Mudar a atitude face à escola.”
Um projecto é um estudo em profundidade, um plano de
acção sobre uma situação, sobre um problema ou um tema.
Tempo de duração; negociar objectivos; elaborar o plano;
definir modos de acção e de pesquisa; construir instrumentos
de recolha de dados; inventariar recursos; calendarizar acções;
recolher e analisar os dados; reflectir sobre os percursos do
projecto e os efeitos por ele gerados; organizar a informação
e divulgá-‐la.
Apesar da polissemia, aqui ficam algumas definições de projecto:
“é um ideal muito querido, a concretizar através de um trabalho de grupo (…)”
“é uma tarefa definida e realizada em grupo (…)”
“é a estruturação e concretização de uma ideia e/ou interligação de ideias (…)”
Há que agir… passar do plano à acção!!!
Roegiers (1997): Projecto agido – o projecto não é apenas intenção, nem apenas plano, nem apenas acção e produto, mas sim o conjunto de todas as dimensões.
Projecto agido = projecto projectado + projecto-‐processo + projecto-‐produto
Projecto agido = projecto projectado + projecto-‐processo + projecto-‐produto
Projecto projectado = projecto visado + projecto plano
Projecto-‐processo – a acção que o irá concretizar.
Projecto-‐produto – que permite produzir efeitos.
Um projecto pressupõem a clarificação das intenções que o orientam e que o
justificam.
Um projecto pressupõem a concepção do plano que o organiza.
Para Escudero Muñoz (1988) um projecto deve definir claramente os perfis de mudança desejados e desenvolver-‐se por forma a caminhar nessa direcção.
Para Broch e Cros (1991) num projecto há uma dose de utopia e uma dose de organização.
O projecto está na charneira entre o desejo de se lançar na aventura e a própria realização da aventura, entre o querer e o fazer.
A ligação entre o sentido (a intenção) e a acção (a organização) não é fácil mas é preciso ser-‐se capaz de inspiração e de acção.
A recusa das acções (da organização) conduz apenas à utopia e a focagem exclusiva na organização ameaça a própria acção pela perda de sentido.
“mal-‐estar” no sistema educativo.
Problemas do SEP; as Escolas e os professores
Problemas da Sociedade: conflitos
e problemas do contexto económico
global
“bodes expiatórios”
Há que entender quais os problemas reais no quotidiano da escola.
Algumas reflexões:
Os jovens sempre foram irreverentes; em choque com gerações anteriores.
Conteúdos curriculares de relevância discutível.
“Educação Bancária” (Paulo Freire).
Industrialização & modernização da sociedade aumento da escolarização.
Escola homogénea torna-‐se disfuncional.
Tentações do meio exterior à escola.
Que fazer?
Eliminar os que perturbam?
Ou tentar introduzir mudanças no processo de ensino-‐aprendizagem?
Trabalho por Projectos
Não se trata de magia!!!
É preciso que vá ao encontro dos interesses dos alunos.
É preciso que mobilize diversos conteúdos disciplinares.
É preciso implicação no processo; envolvimento, cooperação!
Projecto Educativo de Escola: União dos diferentes actores educativos (interno ou externos à escola).
Projecto significativo cuja missão é a melhoria da escola.
Na origem do PEE está a aceitação que todos se implicam no processo. Está em causa o desenvolvimento do sentido de pertença à instituição escolar.
Políticas educativas de descentralização.
Processos de autonomia da escola.
Área de Projecto contributo para o reforço da identidade de cada escola.
O Projecto implica trabalho cooperativo & interdisciplinar.
Contexto de autonomia curricular pressupõe: Leitura da própria realidade. Identificação de problemas e necessidades. Reconhecimento da utilidade dos projectos e planos de
acção.
Para além da existência de um projecto educativo como símbolo máximo da autonomia da escola e dos projectos curriculares de escola, a Área de Projecto surge como um vector de integração curricular.
A Área de Projecto é:
Um espaço de debate (1) centrado no aluno, (2) nos processos colegiais de decisão dos professores e nas (3) parcerias com a comunidade educativa.
Um processo que envolve os alunos na: concepção, realização e avaliação do projecto.
Uma área privilegiada de construção e vivência da interdisciplinaridade.
Área de projecto:
Visa a concepção, realização e avaliação de projectos, através da articulação de saberes de diversas áreas curriculares, em torno de problemas ou temas de pesquisa ou de intervenção, de acordo com as necessidades e os interesses dos alunos.
Organização Curricular e Programas Ensino Básico -‐ 1.º Ciclo. Departamento da Educação Básica. ME
Um projecto constitui um espaço e um tempo privilegiado para que os alunos possam relacionar-‐se com o conhecimento através de realizações concretas.
É um espaço em que os alunos e os professores criam oportunidades para que a escola esteja no centro do conhecimento e da reflexão sobre os problemas sociais, económicos, etc.
Abordagem ecológico-‐sistémica.
Trabalho de projecto:
É um método de trabalho que requer a participação de cada membro do grupo, segundo as suas capacidades, com o objectivo de realizar um trabalho conjunto, decidido, planificado e organizado de comum acordo.
Thinés, G. Lempereur
Que características estão implícitas nesta metodologia de trabalho???
Trabalhar em projecto representa um desejo efectivo de produção de mudança.
Pelo TP adquire-‐se a capacidade de lidar com o imprevisto.
Pressupõe o desenvolvimento de competências de comunicação.
Pressupõe o desenvolvimento da análise crítica das realidades.
Trabalhar em projecto exige: planificação, antecipação e respostas a interrogações.
Exige uma planificação flexível; aberta e capaz de lidar com o imprevisto.
(destacar o segundo parágrafo da página 38 do documento em análise)
Trabalhar em projecto é caminhar, ao mesmo tempo, no sentir colectivo das orientações educativas, decididas em parceria, e na singularidade dos projectos curriculares!
Não há receitas em educação!
Nenhuma solução é válida para todas as situações!
Assim, quando estamos face a um problema é preciso estudá-‐lo, compreendê-‐lo e encontrar uma SUGESTÃO adequada para o enfrentar!
Analisar: p. 43 – Planificação e calendarização das fases de um projecto.
Análise crítica da realidade!
Planificação e calendarização das fases de desenvolvimento de um Projecto
1º
-‐ Discussão com toda a turma sobre os possíveis projectos a desenvolver.
-‐ Apelar aos interesses dos alunos.
-‐ Tomada de decisão.
-‐ Divulgar o Projecto juntos dos professores da turma e dos pais.
2º
-‐ Escolher o ?tulo do Projecto e elencar o que se tenciona fazer, ex.: o
que tenciona produzir; como organizar o trabalho; que dados são
necessários recolher, etc..
Pesquisa documental + Análise críHca dos dados + Interpretação da realidade
3º
-‐ Iniciar o trabalho de pesquisa.
-‐ Reformular o Projecto e a lista de intenções a realizar.
4º
-‐ ConHnuar o trabalho de pesquisa. Reformular o Projecto.
5º
-‐ ConHnuar o trabalho de pesquisa. Reformular o Projecto. Tem em conta a data de apresentação do
Projecto.
6º
-‐ ConHnuar o trabalho de pesquisa.
-‐ Produzir o primeiro rascunho.
7º
-‐ Produzir um segundo rascunho.
-‐ Produzir o relatório final.
8º
-‐ Alertar para os cuidados a ter com a apresentação oral
do Projecto.
-‐ Fazer a apresentação final do Projecto.
9º
-‐ Apresentar o Projecto em reunião alargada.
-‐ Escrever um arHgo para o jornal da escola.
-‐ Escrever um arHgo para um jornal.
A área de projecto permite, não só a aquisição de conteúdos, bem como o desenvolvimento de muitas outras competências.
Para além de poder contribuir para melhorar as condições de aprendizagens curriculares, pode ser uma outra forma de valorizar curricularmente a cultura do quotidiano dos alunos, dos seus saberes, dos seus contextos e dos seus problemas sociais.
Uma preocupação latente com a crise social importada.
A área de projecto permite a aprendizagem de saberes integrados e problematizados que tornam possível a aprendizagem significativa.
Assim sendo, relembramos as finalidades da AP…
Que finalidades?
desenvolver competências sociais, tais como a comunicação , o trabalho em equipa, a gestão de conflitos, a tomada de decisões e a avaliação de processos;
aprender a resolver problemas, partindo das situações e dos recursos existentes;
promover a integração de saberes;
desenvolver as vertentes de pesquisa e intervenção;
aprofundar o significado social das aprendizagens disciplinares.
A avaliação tem de estar sempre presente quando se desenvolve qualquer actividade, sobretudo se implica fazer opções significativas e delicadas.
Avaliar é “dar-‐se conta de”.
Avaliar é descobrir se se pode prosseguir ou se é necessário recomeçar!!!!