trabalhabilidade: como nunca sair do mercado

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TRABALHABILIDADE: COMO NUNCA SAIR DO MERCADO Já se sabe que 2016 não está sendo um ano fácil para a economia, a política e consequentemente para o mercado de trabalho. A crise econômica está levando embora os postos de trabalho com carteira assinada no Brasil. Segundo dados do Ministério do Trabalho, desde o início do ano já foram perdidas mais de 319 mil vagas. Sendo que no mesmo período de 2015, o país havia registrado perda de 50.354 postos. A demissão de trabalhadores acontece em meio à forte queda do nível de atividade, com a economia brasileira passando pela maior recessão dos últimos 25 anos. No ano passado, o PIB "encolheu" 3,8% e, para este ano, a previsão do mercado financeiro é de um recuo de igual intensidade. O desemprego já atinge 10% dos brasileiros, sendo a situação pior entre os jovens: 20,8% deles estão desempregados. E pra citar apenas um exemplo de inúmeros outros que brotam diariamente, no começo deste ano, 1.800 trabalhadores foram demitidos da Usiminas, uma das maiores siderúrgicas do Brasil. São tantos demitidos, que a empresa mantém um funcionário trabalhando dentro do sindicato dos metalúrgicos para agilizar as homologações. Em matéria veiculada ontem, inclusive, pelo programa Profissão Repórter, segundo o sindicato, outras 50 empresas serão afetadas com as demissões na Usiminas. A empresa diz que está demitindo porque o consumo de aço no Brasil caiu 17% em 2015. Sendo a previsão para este ano de 5% de queda.

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Page 1: Trabalhabilidade: como nunca sair do mercado

TRABALHABILIDADE: COMO NUNCA SAIR DO

MERCADO

Já se sabe que 2016 não está sendo um ano fácil para a economia, a política e

consequentemente para o mercado de trabalho. A crise econômica está levando embora os

postos de trabalho com carteira assinada no Brasil. Segundo dados do Ministério do Trabalho,

desde o início do ano já foram perdidas mais de 319 mil vagas. Sendo que no mesmo período de

2015, o país havia registrado perda de 50.354 postos. A demissão de trabalhadores acontece em

meio à forte queda do nível de atividade, com a economia brasileira passando pela maior

recessão dos últimos 25 anos. No ano passado, o PIB "encolheu" 3,8% e, para este ano, a

previsão do mercado financeiro é de um recuo de igual intensidade.

O desemprego já atinge 10% dos brasileiros, sendo a situação pior entre os jovens: 20,8% deles

estão desempregados. E pra citar apenas um exemplo de inúmeros outros que brotam

diariamente, no começo deste ano, 1.800 trabalhadores foram demitidos da Usiminas, uma das

maiores siderúrgicas do Brasil. São tantos demitidos, que a empresa mantém um funcionário

trabalhando dentro do sindicato dos metalúrgicos para agilizar as homologações. Em matéria

veiculada ontem, inclusive, pelo programa Profissão Repórter, segundo o sindicato, outras 50

empresas serão afetadas com as demissões na Usiminas. A empresa diz que está demitindo

porque o consumo de aço no Brasil caiu 17% em 2015. Sendo a previsão para este ano de 5%

de queda.

Page 2: Trabalhabilidade: como nunca sair do mercado

O comércio também sente o aumento do desemprego. Com menos dinheiro circulando, o

faturamento de muitas lojas caiu e nesse ritmo, para muitos pequenos empresários, fechar as

portas é a melhor opção.

É triste ter que lhe fazer esta pergunta, próximo de comemorarmos o Dia do Trabalho (o Dia

do Trabalhador), mas... Você está preparado caso uma demissão o pegue de surpresa?

Uma recolocação no mercado de trabalho este ano não será fácil e pensar em fontes

alternativas de renda pode ser a sua melhor – ou única – opção. O emprego formal não

acabou, mas diminuíram as possibilidades. Isso porque o mercado corporativo não está

absorvendo a mesma quantidade de pessoas que estão saindo de seus empregos.

Em uma época complicada como a que passamos, temos de olhar outras formas de

trabalho e renda e momento de crise exige se preparar melhor. Crise demanda

aprimoramento.

Este é o momento das pessoas pensarem em “trabalhabilidade” e não em

“empregabilidade”.

Qual é a diferença entre os conceitos?

Empregabilidade é a capacidade de uma pessoa ser atrativa para várias empresas, onde o

foco é se aprimorar para manter um emprego formal. Já a Trabalhabilidade amplia esse

conceito para outras fontes de renda e possibilidades de trabalho, porque o emprego tem

limitações e não deve ser encarado como única opção. Assim, quando uma pessoa é

demitida, é bastante recomendável que ela olhe para todas as possibilidades, inclusive

formas alternativas de emprego que não sejam necessariamente um emprego formal no

mercado corporativo. Às vezes a pessoa é demitida antes de se aposentar, por exemplo, e a

melhor alternativa é ela procurar uma fonte alternativa de trabalho em vez de depender de

um emprego formal.

Em épocas de mercado de trabalho aquecido, as pessoas trabalham a sua empregabilidade

no ambiente corporativo, buscando estabilidade, segurança e retorno financeiro. Mas essa

não é a realidade e nem é o suficiente hoje. As pessoas precisam sair do hábito de achar

que a única forma de trabalhar e obter esses objetivos é estar dentro de uma empresa, já

que não necessariamente há empresas e cargos suficientes para todos.

Assim, o principal desafio hoje é perceber que o seu conhecimento e a sua experiência

construída até aqui pode ser útil de outra forma que só estar empregado, e transformá-los

em uma fonte de renda.

Page 3: Trabalhabilidade: como nunca sair do mercado

Onde está aquela segurança no trabalho que sempre buscamos?

É tempo de questionar a segurança de um emprego formal. A segurança de fato está em

você ter controle da sua vida e da sua carreira. Não há segurança hoje nem para o

presidente da empresa e nem para o funcionário na base da pirâmide. A segurança só está

no controle que você tem da sua vida e do seu trabalho. Já pensou nisso?

É preciso vencer a “síndrome do holerite” e romper a “algema” do trabalho com emprego.

Pois ao contrário, se eles desaparecem, a pessoa pode ficar paralisada. Muitos se

aprisionam na renda certa e depois, quando ocorre uma demissão, não conseguem sair e

buscar outras alternativas. Não enxergam novas possibilidades e oportunidades. A fonte

alternativa de renda pode ser um negócio próprio, mas também dar aulas e palestras, ser

sócio de uma empresa, prestar uma consultoria especializada, se tornar um prestador de

serviço ou fornecedor de mais de uma empresa. A sacada é perceber as necessidades das

pessoas e empresas e procurar atendê-las de alguma forma, seja com emprego ou sem

emprego.

Quem possui trabalhabilidade é aquele profissional que por competência é capaz de gerar o

próprio posto de trabalho e também, em muitos casos, para outros. É capaz de gerar renda,

prestar serviços e se manter em atividade colaborando para o bom funcionamento do

sistema.

Quais são as competências mais valorizadas pelo mercado hoje?

Em tempos como este de agora, métodos convencionais como entregar ou enviar por e-mail

currículos nas empresas e contratar agências de emprego também não funcionam tão bem

como antigamente. Hoje é preciso primeiro conhecer as novas exigências do mercado de

trabalho para competir no ambiente da nova ordem mundial. As competências mais

valorizadas pelo mercado hoje são: aplicar os conhecimentos adquiridos; ter flexibilidade e

inteligência emocional (competência interpessoal e equilíbrio intrapessoal); possuir

qualificação; ser o responsável por sua formação e aprimoramento; possuir autoconfiança e

valores sólidos; ser capaz de se ajustar as constantes transformações; ter bom

desempenho; possuir capacidade de assumir riscos; ter integridade pessoal e profissional;

aprofundar o autoconhecimento; aperfeiçoar a capacidade de atuar em parceria; assumir

posições de liderança; maximizar o aproveitamento do potencial dos indivíduos e grupos;

saber trabalhar sob pressão ou em situações de ambiguidade sem perder de vista os

resultados a serem alcançados; ter visão de futuro e orientação para processos, pessoas e

resultados; ter capacidade de gestão do capital humano, da imaginação, do conhecimento e

da informação – matérias primas virtuais cada vez mais importantes para o sucesso das

empresas.

Page 4: Trabalhabilidade: como nunca sair do mercado

A dica aqui é: mantenha as competências aqui mencionadas que você já possui e busque

desenvolver as que ainda lhe faltam.

# Benefícios de assumir uma postura de Trabalhabilidade

Quem foca a trabalhabilidade, ao invés da empregabilidade, adquire uma sensação de

autonomia na carreira. Não se trata aqui de tornar as coisas mais fáceis, e sim modificar o

foco. É assumir a capacidade de gerir a própria carreira, ou seja, ter a responsabilidade para

que a sua carreira dê certo. É a sensação de independência, porque você passa a ter mais

de uma fonte de renda. Outro aspecto relevante, é a sustentação da carreira no longo prazo,

já que nesta nova era tecnológica ninguém mais fica empregado a vida inteira. Desculpe te

dar essa notícia, mas as coisas mudaram e muito. E hoje você pode, e provavelmente terá,

vários empregos.

Como qualquer mudança, trabalhabilidade exige planejamento. Expandir e ampliar seu

potencial de trabalhabilidade tem de ser planejado. Quem quer abrir um negócio, por

exemplo, e não tem perfil empreendedor, corre enorme risco de queimar seu fundo de

garantia e ficar sem dinheiro. Por isso, é importante o preparo. Tome os devidos cuidados.

Outra avaliação relevante é reconhecer as nossas forças e fragilidades, e a forma mais

prática de fazer isso é perguntar para as pessoas que convivem conosco e que já

trabalhamos juntos. Um outro ponto importante é buscar meios de melhorar o perfil,

trabalhar as habilidades, participar de novos cursos, ou seja, aprimorar-se.

Em caso de demissão, o principal é manter a calma. Não é porque uma pessoa é desligada

que fará as coisas agora de forma desesperada. Para muitas pessoas que perdem o

emprego, a situação se torna oportunidade importante de mudança na vida. Superada a

frustração e a raiva, vá à luta! Dê um novo rumo! O presente e o futuro estão em suas mãos.

Um forte abraço recheado de trabalhabilidade e até o nosso próximo artigo.

Viviane Rodrigues

(Coach Executiva e Consultora em Desenvolvimento Humano e Organizacional)

[email protected]