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3 WEEC, Rio de Janeiro, FioCruz, 2004 Educação Ambiental em internatos urbanos, Rio de janeiro, RJ. O lúdico como estratégia contextual. Alexandre de Gusmão Pedrini, Marta Scardini Alves Batista 1 , Ana Paula Mugrabi Pinto 2 , Elaine Moscoso Gomes 3 , Janaína Fernandes Costa 4 , Carlos Alexandre Julio Celano 5 e Flavia Soares Pessoa 6 . Laboratório de Ficologia e Educação Ambiental do Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rua São Francisco Xavier, 524, Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, sala 525/1, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; [email protected] Resumo O Grupo multidisciplinar Voluntários da Pátria (VP’s) é integrado por alunos da disciplina universal de Educação Ambiental Comunitária (EAC) oferecida semestralmente,a todos o alunos de graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo formativo deste grupo é ser capacitado a realizar campanhas teórico-práticas em EAC em comunidades urbanas. Esta atividade é realizada no Educandário Gonçalves de Araújo (EGA), bairro de São Cristóvão, cidade do Rio de Janeiro. Em 2004, um grupo de estudantes de Biologia e Química, após receberem noções em pesquisa qualitativa e metodologia construtivista em EA (segundo a conceituação metodológica da codificação de Tbilisi) desenvolveram uma campanha no internato do EGA, previamente construída coletivamente com o professor. Esta atividade consistiu das seguintes etapas: a) apresentação da proposta dos VP’s; b) entrosamento com 16 meninas pré-adolescentes internadas; c) aplicação de pré-teste; d) dramatização coletiva contextualizada da estrutura e funcionamento da Teia da Vida; e) aplicação de um jogo para o entendimento do que representa atividades nocivas e benéficas para o planeta; f) oferta de uma dinâmica sobre direitos da cidadania ambiental; g) realização da Simulação de uma Audiência Pública (SAP) sobre uma ameaça de destruição do internato para a construção de um Posto de Gasolina; h) aplicação do pós-teste e i) encerramento coletivo com um lanche. Em outro dia foi feita uma auto-avaliação do desempenho dos VP’s no internato e da metodologia empregada no contexto. A análise do pré e pós-teste mostraram que houve um acréscimo significativo de conexões entre o pós-teste e o pré-teste (17%), sugerindo que a intervenção foi eficaz. O jogo das carinhas mostrou ser adequado para despertar o senso crítico em relação a questão sócioambiental de modo lúdico. A avaliação pela SAP mostrou que as meninas souberam se manifestar, segundo uma conduta ética e consciente na conservação da vida na sua comunidade. Deste modo, a metodologia empregada mostrou ser adequada para o contexto em que foi aplicada, podendo ser transposta para outros contextos se devidamente reelaborada e recontextualizada, considerando o pacto social local. Introdução A Educação Ambiental Comunitária, no Brasil, tem sido realizada em vários contextos sócioambientais. Pode-se perceber que os educadores que atuam nestes contextos buscam seriamente realizar sua parte do Contrato Social da Ciência (cf. Dietz, 1994; Machado, 1998; Silveira, 2000; Jacobi, 2001; Sato & Santos, 2001;Pedrini, 2002; Loureiro, 2004). Exemplos deste enorme esforço podem ser verificados em várias partes do Brasil. Serão ressaltados alguns exemplos nas suas regiões sudeste, centro-oeste e sul. 1Aluna do curso de graduação em Química da UERJ 2Aluna do curso de Biologia da UERJ 3Aluna do curso de Biologia da UERJ 4Aluna do curso de graduação em Química da UERJ 5Aluno do curso de Biologia da UERJ 6Aluna do curso de Biologia da UERJ

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3 WEEC, Rio de Janeiro, FioCruz, 2004

Educação Ambiental em internatos urbanos, Rio de janeiro, RJ. O lúdico como estratégia contextual. Alexandre de Gusmão Pedrini, Marta Scardini Alves Batista1, Ana Paula Mugrabi Pinto2, Elaine Moscoso Gomes3, Janaína Fernandes Costa4, Carlos Alexandre Julio Celano5 e Flavia Soares Pessoa6. Laboratório de Ficologia e Educação Ambiental do Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rua São Francisco Xavier, 524, Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, sala 525/1, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; [email protected]

Resumo O Grupo multidisciplinar Voluntários da Pátria (VP’s) é integrado por alunos da disciplina universal de Educação Ambiental Comunitária (EAC) oferecida semestralmente,a todos o alunos de graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo formativo deste grupo é ser capacitado a realizar campanhas teórico-práticas em EAC em comunidades urbanas. Esta atividade é realizada no Educandário Gonçalves de Araújo (EGA), bairro de São Cristóvão, cidade do Rio de Janeiro. Em 2004, um grupo de estudantes de Biologia e Química, após receberem noções em pesquisa qualitativa e metodologia construtivista em EA (segundo a conceituação metodológica da codificação de Tbilisi) desenvolveram uma campanha no internato do EGA, previamente construída coletivamente com o professor. Esta atividade consistiu das seguintes etapas: a) apresentação da proposta dos VP’s; b) entrosamento com 16 meninas pré-adolescentes internadas; c) aplicação de pré-teste; d) dramatização coletiva contextualizada da estrutura e funcionamento da Teia da Vida; e) aplicação de um jogo para o entendimento do que representa atividades nocivas e benéficas para o planeta; f) oferta de uma dinâmica sobre direitos da cidadania ambiental; g) realização da Simulação de uma Audiência Pública (SAP) sobre uma ameaça de destruição do internato para a construção de um Posto de Gasolina; h) aplicação do pós-teste e i) encerramento coletivo com um lanche. Em outro dia foi feita uma auto-avaliação do desempenho dos VP’s no internato e da metodologia empregada no contexto. A análise do pré e pós-teste mostraram que houve um acréscimo significativo de conexões entre o pós-teste e o pré-teste (17%), sugerindo que a intervenção foi eficaz. O jogo das carinhas mostrou ser adequado para despertar o senso crítico em relação a questão sócioambiental de modo lúdico. A avaliação pela SAP mostrou que as meninas souberam se manifestar, segundo uma conduta ética e consciente na conservação da vida na sua comunidade. Deste modo, a metodologia empregada mostrou ser adequada para o contexto em que foi aplicada, podendo ser transposta para outros contextos se devidamente reelaborada e recontextualizada, considerando o pacto social local.

Introdução

A Educação Ambiental Comunitária, no Brasil, tem sido realizada em vários contextos sócioambientais. Pode-se perceber que os educadores que atuam nestes contextos buscam seriamente realizar sua parte do Contrato Social da Ciência (cf. Dietz, 1994; Machado, 1998; Silveira, 2000; Jacobi, 2001; Sato & Santos, 2001;Pedrini, 2002; Loureiro, 2004). Exemplos deste enorme esforço podem ser verificados em várias partes do Brasil. Serão ressaltados alguns exemplos nas suas regiões sudeste, centro-oeste e sul.

1Aluna do curso de graduação em Química da UERJ

2Aluna do curso de Biologia da UERJ

3Aluna do curso de Biologia da UERJ

4Aluna do curso de graduação em Química da UERJ

5Aluno do curso de Biologia da UERJ

6Aluna do curso de Biologia da UERJ

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Na cidade do Rio de Janeiro podem ser citados os trabalhos de: a) Vasconcelos (2002) com comunidades no Vale da Gávea; b) Carvalho (2002) na construção da Linha Amarela e c) Pedrini & De-Paula (2002) com comunidades de meninas em internatos urbanos. Em Minas Gerais, Fernandes (1997) trabalhou a EA com comunidades faveladas e trabalhadores rurais. Na região centro-oeste, estado de Goiás, há o trabalho de Martins (2000) em que aplicou a EA com trabalhadores do Movimento Nacional dos sem Terra (MST) num acampamento de trabalhadores rurais sem terra numa fazenda. Na região sul do país há trabalhos como os de: a) Machado (1998) com assentamentos rurais em Ipe'r, estado de São paulo; b) Silveira (2002) com comunidades dos sem teto de Pelotas; c) Velasco (2002) com comunidades sem teto na cidade do Rio Grande; d) Silva, Funez & Costa (2003) com o Movimento dos Atingidos por Barragens no estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Para capacitar educadores ambientais para cumprirem este desafio, existem várias estratégias metodológicas possíveis e disponíveis na literatura (Andrade, 1993; Dias,1993; Sato ; Guimarães,1995; Viezzer & Ovalles, 1995; Guerra, 2002; Pedrini & De-Paula, 2002, Berna, 2004).

De um modo geral, nestes trabalhos tem sido adotada a pesquisa-participante ( Loureiro, 1992) e a pesquisa–ação sensu Thiollent (1985) que são opções metodológicas recomendadas para a EAC por vários autores (cf. Vasconcellos, 2002). O conceito de Educação Ambiental praticado também tem sido avançado, adotando os referenciais teórico-metodológicos das declarações dos eventos internacionais de EA de Tbilisi e Moscou. A aplicação de atividades lúdicas são recomendadas nas codificações antes citadas, como estratégias pedagógicas fundamentais para o processo de EA (cf. Taylor, 1978; Dias, 1993; Guimarães, 1995;Telles et al. (2002) ; Berna (2004) ; dentre outros autores).

A aplicação de simulações já foi relatada por Tanner (1978) para os EUA na década de setenta e Pedrini & De-Paula (2002) para o Brasil na década de noventa. Foram aplicados vários jogos e simulações de enfrentamento de problemas ambientais. Assim, é interessante uma apresentação detalhada dos jogos e brincadeiras utilizados em um trabalho de EAC para que tenhamos mais possibilidades metodológicas, principalmente, no contexto latinoamericano.

O presente trabalho tenciona apresentar uma campanha do Grupo Voluntários da Pátria em EAC num internato urbano da cidade do Rio de Janeiro centrada essencialmente em atividades lúdicas. Uma breve experiência foi relatada em Pedrini et al. (1999), mas sem abordar atividades lúdicas. Busca detalhar o procedimento metodológico de suas atividades lúdicas, tendo como chamada central a adoção do jogo das carinhas, a simulação de uma audiência pública e o uso de pré/pós-testes.

Metodologia

O Grupo multidisciplinar Voluntários da Pátria (VP’s) foi criado formalmente, em 1993. Ele é integrado por alunos da disciplina universal de Educação Ambiental Comunitária (EAC) oferecida semestralmente,a todos o alunos de graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e como isolada para estudantes de qualquer curso de outras universidades. O objetivo formativo deste grupo (formado pelos alunos inscritos) é dele ser capacitado a realizar campanhas teórico-práticas em EAC com comunidades urbanas. Esta metodologia, em termos gerais, está detalhada no trabalho de Pedrini & De-Paula (2002).

Esta atividade é realizada no Educandário Gonçalves de Araújo (EGA), bairro de São Cristóvão, cidade do Rio de Janeiro. Em 2004, um grupo de estudantes de Biologia e Química, após receberem noções em pesquisa qualitativa e metodologia construtivista em EA (segundo a conceituação metodológica da codificação de Tbilisi) desenvolveram uma campanha no internato do EGA, previamente planejada e construída coletivamente com o professor. Foi feito previamente um Diagnóstico Sócioambiental das condições contextuais, levantando-se a fauna, flora, atmosfera, comunidade humana, água e solo. O objetivo da elaboração deste diagnóstico era o de disponibilizar os elementos contextuais que poderiam ser adotados no planejamento das atividades da campanha no internato, incluindo características do cotidiano das meninas.

A campanha consistiu das seguintes etapas: a) apresentação da proposta dos VP’s; b) dinâmica de entrosamento com 16 meninas pré-adolescentes internadas; c) aplicação de pré-teste (vide anexo); d) dramatização coletiva contextualizada da estrutura e funcionamento da Teia da Vida no internato; e) aplicação do Jogo das Carinhas para o entendimento do que representa atividades nocivas e benéficas para o planeta; f) realização de uma dinâmica sobre direitos da cidadania ambiental; g) realização da Simulação de uma Audiência Pública (SAP) sobre uma

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ameaça de destruição do internato para a construção de um Posto de Gasolina; h) aplicação do pós-teste (vide anexo) e i) encerramento coletivo com um lanche.

Em outro dia foi feita uma auto-avaliação do desempenho dos VP’s no internato, da metodologia empregada no contexto e iniciado o trabalho de organizaç.ão, tratamento e análise dos dados levantados.

Resultados

Os resultados serão apresentados, iniciando-se pelo roteiro resumido das atividades realizadas e depois pelo detalhamento das atividades lúdicas mais importantes da campanha. 1. Roteiro-resumo da campanha no internato 14:00 – 14:15 APRESENTAÇÃO - Identificação das meninas via crachá. - Apresentação formal, com cada um de nós falando o nome, o que faz, o que gostaria de fazer,

etc. A finalidade desta fase do trabalho foi um “quebra-gelo” com as meninas e apresentação da proposta dos VP’s.

14:16 – 14:30 PRÉ-TESTE (veja detalhamento a seguir) 14:31 – 15:00 DRAMATIZAÇÃO - Cada um dos VP’s assumiu um personagem que representou um compartimento

sócioambiental do contexto trabalhado. Cada VP teve 5 minutos para apresentar a importância sócioambiental individual de seu personagem ao meio, suas interações com os outros compartimentos e enfim, da demanda coletiva de todos os compartimentos entre si, formando a Teia da Vida.

Os VP’s foram de calça “jeans” e com a cor da camisa de acordo com seu personagem (Vide quadro 1). Quadro 1. Personagens e o nome do aluno (VP) respectivo e cor de sua camisa da dramatização da Teia da Vida.

Personagem Aluno Cor da blusa

Água Marta Azul Ar Janaína Branco Vegetação Ana Paula Verde Sol Carlos Amarelo Animais Elaine Caqui / Bege / Laranja

Pessoas Flávia Vermelho 15:01 – 15:30 JOGO DAS CARINHAS (veja o detalhamento a seguir) 15:31 – 15:50 CONCEITOS DE CIDADANIA - Leitura do artigo 6 da Constituição Federal do Brasil. - Estudo em grupo do texto lido, com discussões das palavras-chaves previamente destacadas. 15:51 – 16:30 SIMULAÇÃO DA AUDIÊNCIA PÜBLICA

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(veja o detalhamento a seguir) 16:31 – 16:45 PÓS – TESTE - O grupo de meninas foi dividido e cada um dos VP’s entrevistou no pós-teste o mesmo grupo

de meninas que no pré-teste. 16:46 – 17:00 ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES - Foi oferecido lanche e tiradas fotografias de cada menina com o fim de presenteá-las. Esta

confraternização foi importante para todos os que participaram. 2. O Jogo das Carinhas

O objetivo desta atividade lúdica foi conhecer o nível de conhecimento sócioambiental das meninas por meio de figuras de caráter geral que se adaptariam ao contexto trabalhado. O jogo das carinhas foi preparado de modo a que cada uma das dezesseis meninas tivesse uma figura representando um fato socioambiental que se aproximasse ao máximo de situações contextuais Logo, o número de figuras foi exatamente igual ao número de participantes. Isto é, selecionou-se situações próprias para o grupo, não fugindo muito do cotidiano das meninas envolvidas. Houve a preocupação de se equilibrar a quantidade de figuras com situações boas e ruins, para ter-se um equilíbrio no jogo. O jogo começou com a apresentação das regras. Apresentou-se o que cada carinha representava:

- Carinha Verde : boa situação – o meio ambiente está aceitável - Carinha Amarela : Atenção à situação - Carinha Vermelha: situação ruim – o meio ambiente não está bem.

Esta representação pode ser apresentada com outras palavras, desde que, a carinha verde esteja associada a coisas boas e a vermelha a ruins. A carinha amarela, significou uma dúvida entre a vermelha e a verde.

Em seguida, cada menina ganhou uma figura. Daí, iniciou-se o jogo com cada menina

(uma por vez), explicando “o que via na figura” para todos os participantes e relacionou sua figura com uma carinha. Depois todas as outras avaliaram a figura da colega. E assim foi até que todas já tivessem visto suas próprias figuras e a das colegas.

Imediatamente após mostrar a sua figura a todos e selecionada a carinha que

representasse sua percepção socioambiental da figura ela e todas a soutras meninas colavam a carinha de sua preferência numa cartolina branca previamente preparada para receber as carinhas e que estava afixada na parede.(vide figura....).

Ao final da apresentação de cada figura e da fixação das carinhas, passou-se a contar.

Cada carinha indicada pelo gabarito valeu 1 ponto. Carinhas amarelas ou falta de carinhas não somaram ponto.

• A tabela de percepção foi de acordo com a seguinte pontuação:

12 – 15 pontos = ótimo 09 – 11 pontos = bom 06 – 08 pontos = regular Menor que 06 = insuficiente

• A figura que obteve resultado regular ou insuficiente foi comentada pela menina

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Quadro 2. Apresentação dos resultados previstos do jogo.

N0 da figura gabarito pontuação avaliação discussão (S/N)

1 Verde 14 ótimo Não 2 Vermelho 12 ótimo Não 3 Vermelho 9 bom Não 4 Vermelho 7 regular Sim 5 Verde 15 ótimo Não 6 Verde 8 regular Sim 7 Verde 15 ótimo Não 8 Vermelho 12 ótimo Não 9 Vermelho 14 ótimo Não 10 Vermelho 10 bom Não 11 Verde 15 ótimo Não 12 Vermelho 8 regular Sim 13 Vermelho 7 regular Sim 14 Verde 15 ótimo Não 15 Verde 12 ótimo Não

Conforme previsto nas regras foram comentadas as figuras com resultado regular:

• As figures 4 e 12 foram fábricas emitindo gases na atmosfera, como ocorre no bairro de São Cristóvão onde se situa o inetrnato. Talvez as meninas não tenham entendido bem o que isto representava para o meio ambiente. A fábrica não é um elemento cotidiano na vida delas, apesar de ser do macrocontesto,por isso a dúvida.

• A figura 6 foi o de uma paisagem de praia com o tempo nublado. Talvez elas possam ter

interpretado as nuvens como poluição, por isso pode ter surgido dúvida.

• A figura 13 foi o de uma floresta com depósito de pneus. Talvez elas não tenham entendido que os pneus usados não poderiam ficar ali, até por não estar claro na foto que se trata de uma floresta.

Figura 1: Cartolina contendo a afixação de carinhas feita por cada menina.

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O método de aplicado foi eficaz e adequadamente indicado para meninas na faixa etária

pretendida, pois as mesmas já tem um entendimento razoável sobre as situações cotidianas. Conseguem, ainda, perceber uma situação ambiental facilmente após uma orientação educacional sobre o assunto. De uma forma simples e criativa o jogo atingiu seu objetivo.

3. Simulação da Audiência Pública Na simulação da audiência pública (SAP) foi apresentado como situação problema para ser enfrentado pelas meninas a construção de um posto de gasolina que extinguiria o prédio do internato. Cada VP arrolou duas meninas e passou a orientá-las sobre como defender o interesse de cada ator social envolvido na simulação. Os VP's orientadors são indicados no Quadro 3. Quadro 3: Relação dos atores sócioambientais envolvidos na simulação da audiência pública.

Ator social Aluno

FEEMA (órgão de controle ambiental)

Marta

PREFEITURA Flávia

DONO DO POSTO Carlos

FIRMA DE CONSULTORIA

Janaína

ONG Elaine

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES

Ana Paula

Ao final da SAP, após cada grupo de meninas representando um dos atores exporem e defenderem seus interesses, coube ao professor da disciplina, no papel da Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA) anunciar se a concessão da licença ambiental seria concedida. Considerando que houve uma postura ética de todos os grupos, inclusive dos interessados em obter os lucros do posto, foi negada a licença. Assim, a SAP mostrou-se válida como estratégia qualitativa para identificar que os seus participantes haviam aprendido a legislação básica de cidadania ambiental e o conteúdo socioambiental. 4. Avaliação do Pré e Pós-teste

Serão apresentados na ordem em que as atividades foram se desencadeando, exceto o pré e pós-testes que permitem uma análise global da campanha. Deles, também podem ser obtidos outros dados que serão posteriormente apresentados. A confrontação dos resultados de pré e pós-teste permitiu que se construísse o Quadro I. Nele, são mostrados o número de conexões atribuídas a cada compartimento sócioambiental por cada uma das meninas mediante entrevista pessoal. Quadro 4: Número de conexões totais entre compartimentos sócioambientais existentes no contexto do Educandário Gonçalves de Araujo, Rio de Janeiro, em maio de 2004.

Meninas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Total Pré-teste 23 14 20 26 14 26 23 14 10 27 14 10 16 14 18 12 281

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Pós-teste 26 25 25 24 16 27 26 14 20 23 16 20 20 18 22 18 340

Diferença +3 +11 +5 -2 +2 +1 +3 0+10 -4 +2 +10 +4 +4 +4 +6 +59

O Quadro 4 mostra que os pré-testes que possibilitam identificar a “bagagem” das meninas quanto a intervenção a ser realizada na campanha, evidenciou que o conhecimento de que eram portadoras quanto a estrutura e dinâmica de uma teia sócioambiental era razoável, pois variou de 10-27 conexões no pré-teste e apenas 14-27 conexões no pós-teste. Isto sugere que a informação passada pelo ensino formal e informal na área ambiental foi importante contribuição na formação teórica das meninas. Mesmo assim, houve um acréscimo de cerca de 17% no número de conexões no grupo de meninas. Isto pode indicar que a campanha foi eficiente neste particular. Nas meninas quatro e dez, ocorreu uma perda do número de conexões o que pode ter sido a pressa na coleta de dados, pois nem todas têm a mesma velocidade de resposta a entrevista.

Conclusão O presente trabalho pode mostrar que atividades lúdicas adaptadas como estratégias de

ensino em EA são efetivas e úteis para trabalhos que busquem cumprir o contrato social da ciência.

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LOUREIRO, C. F. B. Educação Ambiental e Classes Populares. Dissertação de Mestrado em

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acampamento de trabalhadores rurais na Terra de Água Fria, Goiás. In: NOAL, F. O , REIGOTA, M. & BARCELOS, V. H. de L. Tendências da Educação Ambiental Brasileira. Santa Cruz do Sul, EDUNISC, 2000, 2 ed., 263 p.

PEDRINI, A de G. Introdução. In: PEDRINI, A de G. (Org.) O Contrato Social da Ciência; unindo

saberes em Educação Ambiental. Petrópolis, Vozes, 2002, 267 p. PEDRINI, A G. & DE-PAULA, J.C. Educação Ambiental; críticas e propostas. In: PEDRINI, A G.

(Org.) Educação Ambiental; Reflexões e Práticas Contemporâneas. Petrópolis, Vozes, 5 ed., 2002, 267 p.

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Anexos

Anexo 1. Apresentação do instrumento de pré e pós-testes aplicados na campanha de 2004 no Internato Gonçalves de Araújo, Rio de Janeiro, RJ.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DISCIPLINA : EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMUNITÁRIA COORDENADOR : PROF. ALEXANDRE G. PEDRINI GRUPO: VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA DATA:____/____/____

AVALIAÇÃO ESCRITA DO EXERCÍCIO DA TEIA DA VIDA ����

PRÉ-TESTE/PÓS-TESTE Nome todo:__________________________________________________ Idade:_____

Ligue com um traço (----) os elementos sócioambientais, apresentados abaixo, que você acha que dependem mutuamente uns dos outros para sobreviver: � Pessoas (professoras, irmãs)

? Sol � Água (chuva) � Animais Ar (pombo, cachorro)

` Planta/Solo (violeta, samambaia, árvore)

e solo

O que você faria se o Governo destruísse o Internato Gonçalves de Araújo para fazer um Posto de Gasolina?