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TOXICIDADE CRÔNICA DAS ÁGUAS DE ESCOAMENTO DE LAVOURAS DE ARROZ, PALMARES DO SUL, RS Introdução e Objetivo A planície costeira do Rio Grande do Sul constitui um sistema ecológico único no mundo, caracterizado por uma grande quantidade de lagoas de água doce próximas ao mar. O município de Palmares do Sul localiza-se no litoral médio do RS (Figs. 1 e 2) e sua principal atividade econômica é o cultivo de arroz. Patrocínio Projeto: LACOS II www.projetolacos.blogspot.com www.ucs.br/site/lacos2 Realização Resultados Em 48 horas de exposição à amostra, os organismos não apresentaram imobilidade em nenhuma das 5 concentrações. Não houve mortalidade no controle. Nenhum dos agroquímicos investigados foi detectado na amostra. Valores elevados de metais foram encontrados para ferro, manganês e chumbo. Metodologia As amostras de água foram coletadas no canal de deságue em abril de 2012. A presença de metais e 93 agroquímicos foi analisada e efetuadas as medidas de fosfato, nitrato e amônia. A toxicidade aguda foi avaliada por meio de ensaio usando Daphnia magna - NBR 12713 (ABNT, 2009). Discussão A presença de manganês, geralmente associada a compostos de ferro, decorre das características geológicas da região, constituindo uma contaminação natural. A constatação de chumbo está possivelmente relacionada às práticas de manejo da lavoura de arroz irrigado por inundação que devem evitar ao máximo a saída da água das lavouras, sendo recomendado um mínimo de 30 dias após a aplicação de agrotóxico (Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado, 2010). Nesse caso é recomendada a análise da toxicidade crônica a fim de confirmar a ausência de contaminação ambiental. Referências Bibliográficas ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR-12713 (2009). Ecotoxicologia aquática Toxicidade Aguda Método de Ensaio com Daphnia spp (Crustacea, Cladocera). Rio de Janeiro. 23p. Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado (2010). Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil/28. XXVIII Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado, 11 a 13 de agosto de 2010, Bento Gonçalves, RS. Porto Alegre: SOSBAI, 188p. Centro Tecnológico CETEC, Laboratório de Toxicologia e Limnologia, Universidade de Caxias do Sul. Caxias do Sul, RS, Brasil. [email protected] ; [email protected] Lucas Matzenbacher Dalla Porta ; Rosane Lanzer Foto : Alois Schäfer Figura 3: Canal de escoamento da lavoura de arroz. Foto : Alois Schäfer Figura 2: Vista aérea de Palmares do Sul, RS. Considerações Finais A análise de toxicidade aguda, embora importante na determinação do risco, deve ser complementada pela avaliação da toxicidade crônica. No controle, foi usado meio de cultivo. Foram feitas quatro replicatas, com cinco indivíduos em 30 mL, totalizando 20 organismos por diluição (Fig. 4). A mobilidade dos organismos foi verificada em 24 e 48 horas. Oxigênio dissolvido, condutividade e pH foram medidos e registrados, e o ensaio foi considerado válido quando a mortalidade no controle não foi superior a 20%. Para proteção contra plantas daninhas, doenças, insetos e outros fitófagos no cultivo de arroz irrigado são utilizados 62 insumos químicos, entre inseticidas, herbicidas e fungicidas. A localização das lavouras, próximo a fontes de água, e o extravasamento da água ao final do ciclo (Fig. 3) podem ocasionar uma série de impactos ambientais negativos. O estudo visa verificar a toxicidade da água do deságue de lavouras de arroz ao final do período produtivo, avaliando o risco de contaminação do corpo receptor. Os organismos foram expostos às concentrações de 6,25%, 12,5%, 25%, 50% e 100%, mantidos à 20ºC, em fotoperíodo de 16 horas-luz e sem alimentação. Figura 4: Esquema do ensaio agudo com Daphnia magna, segundo ABNT 12713 (2009). A: Organismo-teste. Fonte : http://en.wikipedia.org/ wiki/Daphnia_magna A Figura 1: Município de Palmares do Sul, Rio Grande do Sul. Cultivo de arroz PIBIC EM - CNPq

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TOXICIDADE CRÔNICA DAS ÁGUAS DE

ESCOAMENTO DE LAVOURAS DE

ARROZ, PALMARES DO SUL, RS

Introdução e Objetivo

A planície costeira do Rio Grande do Sul constitui um sistema

ecológico único no mundo, caracterizado por uma grande

quantidade de lagoas de água doce próximas ao mar. O

município de Palmares do Sul localiza-se no litoral médio do RS

(Figs. 1 e 2) e sua principal atividade econômica é o cultivo de

arroz.

Patrocínio Projeto: LACOS II

www.projetolacos.blogspot.com

www.ucs.br/site/lacos2

Realização

Resultados

Em 48 horas de exposição à amostra, os organismos não

apresentaram imobilidade em nenhuma das 5 concentrações.

Não houve mortalidade no controle.

Nenhum dos agroquímicos investigados foi detectado na

amostra. Valores elevados de metais foram encontrados para

ferro, manganês e chumbo.

Metodologia

As amostras de água foram coletadas no canal de deságue

em abril de 2012. A presença de metais e 93 agroquímicos foi

analisada e efetuadas as medidas de fosfato, nitrato e amônia. A

toxicidade aguda foi avaliada por meio de ensaio usando

Daphnia magna - NBR 12713 (ABNT, 2009).

Discussão

A presença de manganês, geralmente associada a

compostos de ferro, decorre das características geológicas da

região, constituindo uma contaminação natural. A constatação

de chumbo está possivelmente relacionada às práticas de

manejo da lavoura de arroz irrigado por inundação que devem

evitar ao máximo a saída da água das lavouras, sendo

recomendado um mínimo de 30 dias após a aplicação de

agrotóxico (Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado, 2010).

Nesse caso é recomendada a análise da toxicidade crônica a

fim de confirmar a ausência de contaminação ambiental.

Referências Bibliográficas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR-12713 (2009).

Ecotoxicologia aquática – Toxicidade Aguda – Método de Ensaio

com Daphnia spp (Crustacea, Cladocera). Rio de Janeiro. 23p.

Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado (2010). Arroz irrigado:

recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil/28. XXVIII

Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado, 11 a 13 de agosto de

2010, Bento Gonçalves, RS. Porto Alegre: SOSBAI, 188p.

Centro Tecnológico – CETEC, Laboratório de Toxicologia e Limnologia, Universidade de Caxias do Sul.

Caxias do Sul, RS, Brasil. [email protected]; [email protected]

Lucas Matzenbacher Dalla Porta; Rosane Lanzer

Foto : Alois Schäfer

Figura 3: Canal de escoamento da lavoura de arroz.

Foto : Alois Schäfer

Figura 2: Vista aérea de Palmares do Sul, RS.

Considerações Finais

A análise de toxicidade aguda, embora importante nadeterminação do risco, deve ser complementada pela avaliaçãoda toxicidade crônica.

No controle, foi usado meio de cultivo. Foram feitas quatro

replicatas, com cinco indivíduos em 30 mL, totalizando 20

organismos por diluição (Fig. 4).

A mobilidade dos organismos foi verificada em 24 e 48 horas.

Oxigênio dissolvido, condutividade e pH foram medidos e

registrados, e o ensaio foi considerado válido quando a

mortalidade no controle não foi superior a 20%.

Para proteção contra plantas daninhas, doenças, insetos e

outros fitófagos no cultivo de arroz irrigado são utilizados 62

insumos químicos, entre inseticidas, herbicidas e fungicidas. A

localização das lavouras, próximo a fontes de água, e o

extravasamento da água ao final do ciclo (Fig. 3) podem

ocasionar uma série de impactos ambientais negativos.

O estudo visa verificar a toxicidade da água do deságue de

lavouras de arroz ao final do período produtivo, avaliando o risco

de contaminação do corpo receptor.

Os organismos foram expostos às concentrações de 6,25%,

12,5%, 25%, 50% e 100%, mantidos à 20ºC, em fotoperíodo de

16 horas-luz e sem alimentação.

Figura 4: Esquema do ensaio agudo com Daphnia magna, segundo ABNT 12713 (2009). A: Organismo-teste.

Fonte : http://en.wikipedia.org/ wiki/Daphnia_magna

A

Figura 1: Município de Palmares do Sul, Rio Grande do Sul.

Cultivo de arroz

PIBIC – EM -CNPq