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HOJE É dia de decisões nos longos estaduais. Alguém disse que eles são muito curtos, pois, quando fi- cam bons, emocionantes, acabam. No passado, os estaduais eram os principais campeonatos do país. Em minha infância e adolescência, eu ia em quase todos os domingos com meu pai, de ônibus, ao estádio Inde- pendência, sentado, ao lado da jane- la, para ver a festa das torcidas. Elas se cruzavam, sem violência. No está- dio, eu ficava no primeiro degrau da arquibancada, poucos metros acima do gramado, para ver, de perto, os jo- gadores com suas faces de tensão, alegria e tristeza. Era futebol ao vivo. Muitas pessoas não entendem como era possível em todos os clás- sicos ter torcidas igualmente divi- didas. Também não compreendem como dá para viver sem celular, in- ternet ou WhatsApp. Ainda man- tenho vários hábitos daquela épo- ca. Uso o celular apenas para fa- zer e receber ligações, compro jor- nais na banca, converso com o ge- rente no banco, pego táxi na rua, sem aplicativo e tantas outras coi- sas que se tornaram obsoletas. Sobrevivo, com prazer, graças à ajuda tecnológica de pessoas pró- ximas e queridas. Se eu chegar aos 80 anos, serei expulso do planeta, por inadaptação ao mundo virtual. Aos 16 anos, em 1963, comecei a jogar os estaduais, já como titular do Cruzeiro. A partir de 1965, com a inauguração do Mineirão, o Cruzei- ro foi pentacampeão mineiro. Te- nho saudades dessa época. O Cruzeiro jogava com um volan- te (Piazza) e dois meias ofensivos (eu e o cracaço Dirceu Lopes). A se- leção, contra a Rússia, atuou assim, com Casemiro de volante, mais os meias Paulinho e Coutinho. Carpe- giani fez o mesmo no Flamengo, ao escalar o volante Cuellar e os mei- as Diego e Paquetá. Teve alguns bons momentos, como na vitória so- bre o Emelec, quando o time foi bas- tante elogiado. Em seguida, foi exe- crado, por perder do Botafogo. O Manchester City também joga com um volante (Fernandinho) e dois meias (De Bruyne e David Silva). Na derrota para o Liverpool, por 3 a 0, Guardiola surpreendeu e tro- cou o ponta aberto (Sterling) por mais um armador (Gündogan). De- ve ter ficado preocupado com a sa- ída de bola da defesa, pois sabia que o Liverpool pressionaria Fernandi- nho. Deu errado. O City ficou torto, sem um jogador pela direita, e não conseguiu trocar passes desde a de- fesa. O Liverpool, no primeiro tem- po, recuperou a bola facilmente, per- to do gol. Como Guardiola é um mi- to, quase não foi criticado. O mesmo ocorre com Tite, na sele- ção, e com Renato Gaúcho, no Grê- mio. Mesmo se fizerem alguma coisa errada, não serão criticados. Sem comparar a qualidade técnica de Guardiola e Renato Gaúcho nem a importância que cada um tem para o futebol, Guardiola está para o mun- do como Renato Gaúcho está para a torcida do Grêmio, do Flamengo e de muitas outras equipes brasileiras que gostariam de tê-lo como treinador. O Liverpool, dirigido pelo alemão Jürgen Klopp, valorizado, mas não tanto quanto Guardiola, deu uma aula para os técnicos brasileiros de como pressionar quem está com a bola, com intensidade, em todo o campo, sem fazer tantas faltas, sem levar cartões e sem tumultuar o jo- go. Isso não significa que todas as equipes devem usar a mesma estra- tégia. Há várias maneiras de jogar bem e de vencer. O futebol é muito complexo. Os que acham que sabem tudo, ou os que não sabem nada, são que tentam simplificá-lo. Futebol é complexo TOSTÃO Espero ver, nas decisões estaduais, em todo o país, bons jogos, sem violência e sem excesso de faltas MARCELO LAGUNA DE SÃO PAULO Ao ficar com o vice-campe- onato do Aberto do Qatar de tênis de mesa no início de março, o brasileiro Hugo Cal- derano mudou de patamar na modalidade. Para chegar à fi- nal do torneio (equivalente a um Grand Slam no tênis), ba- teu dois rivais entre os qua- tro melhores do mundo, um deles da China, país que há anos domina a modalidade. Por isso, não chegou a ser uma surpresa sua presença na 12ª posição na mais recen- te atualização do ranking mundial da ITTF (Federação Internacional de Tênis de Me- sa), divulgada no último dia 1º. É a melhor já alcançada por um brasileiro na história. E isso com apenas 21 anos. Considerado um prodígio do tênis de mesa do país — vem sendo convocado para seleções brasileiras desde os 14 anos—, Calderano tem a convicção de que logo estará figurando entre as principais estrelas da modalidade. “Sei que quanto mais cedo subir no ranking, estarei pre- parado para encarar os me- lhores do mundo. Mas hones- tamente, já jogo no nível dos top 10”, afirmou. Para ajudar a tornar seu plano real, resolveu alterar até sua dieta. Desde agosto do ano passado, Calderano tornou-se vegetariano. “Vi um documentário ex- plicando várias coisas sobre o vegetarianismo e decidi mu- dar. Passei a me sentir mais disposto nos treinos”, afirma prodígio Aos 21 anos, Hugo Calderano aposta em dieta vegetariana, cubo mágico e treinos na Alemanha para brigar por medalha na Olimpíada de 2020 Vi um documentário explicando várias coisas sobre o vegetarianismo e decidi mudar. Passei a me sentir mais disposto nos treinos, mas ainda não afetou diretamente no meu desempenho nas partidas Tenho ainda um longo caminho pela frente, preciso focar para evoluir aos poucos. De qualquer forma, acredito que terei chances reais de buscar um lugar no pódio na Olimpíada de Tóquio HUGO CALDERANO Mesa-tenista do Brasil Nome Hugo Calderano Nascimento e local 22.jun.96 (21 anos), no Rio de Janeiro (RJ) Altura e peso 1,82 m e 74 kg Principais conquistas na carreira 9º lugar na Olimpíada Rio- 2016; ouro (individual e equipe) no Pan-Americano de Toronto-2015; bronze (individual) na Olimpíada da Juventude de Nanquim-2014 Ranking atual 12º lugar na lista da ITTF (abril/2018) RAIO-X HUGO CALDERANO 2009, na seleção brasileira, e que após a Olimpíada Rio- 2016 seguiu com ele, desta vez de forma individual. “Melhorei muito desde que começamos a trabalhar jun- tos. Acredito que ele me co- locou no caminho certo. O Mounier trouxe uma menta- lidade diferente para o Bra- sil, uma mentalidade de alto nível”, afirma Calderano. Ao menos para ele, vem dando certo. Após ficar em nono lugar na Olimpíada Rio-2016, igua- lando o melhor resultado do Brasil na competição (que pertencia ao xará Hugo Hoy- ama, em Atlanta-1996), Cal- derano vem tendo uma as- censão constante no ranking mundial, especialmente este ano. Foram cinco posições conquistadas em apenas qua- tro meses, após ter iniciado a temporada em 17º lugar. Se as projeções se confir- marem, a expectativa é de chegar em condições de bri- gar por medalha na Olimpía- da de Tóquio, em 2020. “Tenho ainda um longo ca- minho pela frente, preciso fo- car para evoluir aos poucos. De qualquer forma, tenho confiança de que terei chan- ces reais de buscar um lugar no pódio”, diz o brasileiro. O candidato a novo ídolo do esporte brasileiro diz ter como sonho tornar o tênis de mesa mais popular no país. “Lembro bem das imagens do ginásio lotado na Olimpíada no Rio, com a galera torcen- do bastante. Eles viram que o tênis de mesa pode ser emo- cionante”, afirma Calderano. o brasileiro. Mesmo para quem vive em um país onde há uma forte culinária baseada em carne de porco, a mudança não foi tão traumática assim. “O im- portante é saber como consu- mir os nutrientes necessári- os, como as proteínas. Op- ções sempre existem”, diz Calderano, que ainda não viu os efeitos da nova dieta nas competições. “Já ouvi alguns atletas ve- ganos dizendo que se sentem com a mente mais clara, mas ainda não afetou diretamen- te no meu desempenho”, ex- plica o mesa-tenista. Além da dieta, Hugo Cal- derano também tem um hob- by diferente para poder rela- xar das tensões das partidas. Por influência do pai, apren- deu a montar cubos mágicos (quebra-cabeças coloridos que foram febre nos anos 80) aos dez anos de idade. Ele curtiu tanto o brinquedo que se especializou em montá-lo, ou seja, deixar todos os lados da mesma cor, no menor tem- po possível. “Hoje consigo fazer em cer- ca de 10s, mas meu recorde é de 6s”, revela, sem valorizar tanto o feito. “Se você treina bastante, vira algo automáti- co”, explica Calderano, que já viu viralizar na internet al- guns vídeos seus montando cubos dos mais variados ta- manhos. Nem por isso ele se acha um “atleta nerd”. “Sempre fui bom aluno, ti- nha facilidade para aprender idiomas e área de exatas. Mas não ficava estudando o tem- po todo. Praticava vários es- portes na escola”, ressalta. LONGE DE CASA Com uma dose de confian- ça que não deve ser confun- dida com arrogância, o cari- oca Hugo Calderano foge dos padrões para um atleta de sua idade. Uma prova disso foi abrir mão da zona de confor- to da família e escolher a Ale- manha como base para seus treinos e competições. Desde 2014, Calderano vi- ve na pequena cidade alemã de Ochsenhausen, com me- nos de dez mil habitantes e localizada no sul do país, on- de defende o Liebherr Ochse- nhausen na liga alemã e nas competições europeias. A Alemanha é considera- da, abaixo da China e ao la- do de alguns países da Ásia (Japão e Coreia do Sul, por exemplo), como uma das po- tências do tênis de mesa. “No início, foi uma adap- tação complicada, mas o fa- to de eu já ter morado três anos antes longe de casa [de- fendeu o São Caetano entre 2011 e 14], ajudou”, relembra. Para atingir um nível ja- mais alcançado por outro brasileiro em sua modalida- de—até então, o melhor joga- dor do país havia sido Ubira- ci da Costa, o Biriba, 19º no mundo nos anos 60—, Hugo Calderano não contou ape- nas com seu talento. Ele reconhece a importân- cia do trabalho do treinador francês Jean-René Mounier na evolução de seu jogo. Uma convivência iniciada em Douglas Pingituro/Folhapress Hugo Calderano vive desde 2014 na pequena cidade de Ochsenhausen (ALE) DOMINGO, 8 DE ABRIL DE 2018 esporte B11 ab

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Page 1: TOSTÃO - Hugo Calderano · 2018. 4. 9. · Hoje édia de decisões noslongos estaduais. Alguém disse que eles são muitocurtos,pois,quando fi-cambons,emocionantes,acabam. Nopassado,osestaduaiseramos

Hoje é dia de decisões nos longosestaduais. Alguém disse que elessão muito curtos, pois, quando fi-cam bons, emocionantes, acabam.Nopassado, osestaduais eramos

principaiscampeonatosdopaís.emminha infânciaeadolescência, eu iaem quase todos os domingos commeupai, de ônibus, ao estádio Inde-pendência,sentado,aoladodajane-la,paravera festadas torcidas.elassecruzavam,semviolência.Noestá-dio, eu ficava no primeiro degrau daarquibancada,poucosmetrosacimadogramado,paraver,deperto,os jo-gadores com suas faces de tensão,alegriaetristeza.erafutebolaovivo.Muitas pessoas não entendem

comoerapossível em todos os clás-sicos ter torcidas igualmente divi-didas. Tambémnão compreendemcomodá para viver sem celular, in-ternet ou WhatsApp. Ainda man-tenho vários hábitos daquela épo-ca. Uso o celular apenas para fa-

zer e receber ligações, compro jor-nais na banca, converso com o ge-rente no banco, pego táxi na rua,sem aplicativo e tantas outras coi-sas que se tornaram obsoletas.Sobrevivo, com prazer, graças à

ajuda tecnológica de pessoas pró-ximas e queridas. Se eu chegar aos80 anos, serei expulso do planeta,por inadaptação aomundo virtual.Aos 16 anos, em 1963, comecei a

jogar os estaduais, já como titulardoCruzeiro.Apartir de 1965, comainauguraçãodoMineirão, oCruzei-ro foi pentacampeão mineiro. Te-nho saudades dessa época.oCruzeiro jogava comumvolan-

te (Piazza) e dois meias ofensivos

(eu eo cracaçoDirceuLopes). A se-leção, contraaRússia,atuouassim,com Casemiro de volante, mais osmeias Paulinho e Coutinho. Carpe-giani fez omesmo no Flamengo, aoescalar o volante Cuellar e os mei-as Diego e Paquetá. Teve algunsbonsmomentos, comonavitória so-breoemelec, quandoo time foibas-tante elogiado. emseguida, foi exe-crado, por perder do Botafogo. oManchester City também joga com

um volante (Fernandinho) e doismeias (De Bruyne e David Silva).Na derrota para o Liverpool, por

3 a 0, Guardiola surpreendeu e tro-cou o ponta aberto (Sterling) pormais um armador (Gündogan). De-ve ter ficado preocupado com a sa-ídadeboladadefesa,poissabiaqueo Liverpool pressionaria Fernandi-nho. Deu errado. o City ficou torto,sem um jogador pela direita, e nãoconseguiu trocarpassesdesdeade-fesa. o Liverpool, no primeiro tem-po, recuperouabola facilmente,per-to do gol. Como Guardiola é ummi-to, quase não foi criticado.omesmoocorrecomTite,nasele-

ção, e com Renato Gaúcho, no Grê-

mio.Mesmosefizeremalgumacoisaerrada, não serão criticados. Semcomparar a qualidade técnica deGuardiola e Renato Gaúcho nem aimportância que cada um tem paraofutebol,Guardiolaestáparaomun-docomoRenatoGaúchoestáparaatorcidadoGrêmio,doFlamengoedemuitasoutrasequipesbrasileirasquegostariamde tê-lo como treinador.oLiverpool, dirigidopeloalemão

jürgen Klopp, valorizado, mas nãotanto quanto Guardiola, deu umaaulapara os técnicos brasileiros decomo pressionar quem está com abola, com intensidade, em todo ocampo, sem fazer tantas faltas, semlevar cartões e sem tumultuar o jo-go. Isso não significa que todas asequipesdevemusaramesmaestra-tégia. Há várias maneiras de jogarbem e de vencer. o futebol é muitocomplexo.osqueachamquesabemtudo, ou os que não sabem nada,são que tentam simplificá-lo.

Futebol é complexoT O S T Ã O

Espero ver, nas decisõesestaduais, em todo o país,bons jogos, sem violênciae sem excesso de faltas

Marcelo lagunaDe sãopaulo

Aoficarcomovice-campe-onato do Aberto do Qatar detênis de mesa no início demarço,obrasileiroHugoCal-deranomudoudepatamarnamodalidade.Parachegarà fi-nal do torneio (equivalente aumGrandSlamno tênis), ba-teu dois rivais entre os qua-tro melhores do mundo, umdeles da China, país que háanos domina amodalidade.Por isso, não chegou a ser

uma surpresa sua presençana12ªposiçãonamais recen-te atualização do rankingmundial da ITTF (FederaçãoInternacionaldeTênisdeMe-sa), divulgada no último dia1º. É a melhor já alcançadaporumbrasileironahistória.E isso com apenas 21 anos.Considerado um prodígio

do tênis de mesa do país —vem sendo convocado paraseleções brasileiras desde os14 anos—, Calderano tem aconvicçãodeque logo estaráfigurandoentreasprincipaisestrelas damodalidade.“Sei quequantomais cedo

subirno ranking, estarei pre-parado para encarar os me-lhoresdomundo.Mashones-tamente, já jogo no nível dostop 10”, afirmou.Para ajudar a tornar seu

plano real, resolveu alteraraté sua dieta. Desde agostodo ano passado, Calderanotornou-se vegetariano.“Vi um documentário ex-

plicando várias coisas sobreovegetarianismoedecidimu-dar. Passei a me sentir maisdispostonos treinos”, afirma

prodígioAos 21 anos,HugoCalderanoaposta emdieta vegetariana, cubomágico etreinosnaAlemanhaparabrigar pormedalhanaOlimpíadade 2020

“ Vi umdocumentárioexplicando váriascoisas sobre ovegetarianismoedecidimudar. Passeiame sentirmaisdisposto nos treinos,mas aindanãoafetoudiretamentenomeudesempenhonaspartidas

Tenho aindaumlongo caminhopelafrente, preciso focarpara evoluir aospoucos. De qualquerforma, acreditoque terei chancesreais de buscar umlugar nopódionaOlimpíadadeTóquioHugOCalderanOMesa-tenista do Brasil

nomeHugo Calderano

nascimento e local22.jun.96 (21 anos), noRio de Janeiro (RJ)

altura e peso1,82m e 74 kg

Principais conquistasna carreira9º lugar na Olimpíada Rio-2016; ouro (individual eequipe) no Pan-Americanode Toronto-2015; bronze(individual) na Olimpíada daJuventude de Nanquim-2014

ranking atual12º lugar na lista daITTF (abril/2018)

raIo-XHugo Calderano

2009,na seleçãobrasileira, eque após a Olimpíada Rio-2016 seguiu com ele, destavez de forma individual.“Melhoreimuitodesdeque

começamos a trabalhar jun-tos. Acredito que ele me co-locou no caminho certo. OMounier trouxe uma menta-lidade diferente para o Bra-sil, umamentalidade de altonível”, afirma Calderano.Ao menos para ele, vem

dando certo.Após ficar em nono lugar

naOlimpíadaRio-2016, igua-lando omelhor resultado doBrasil na competição (quepertencia ao xará HugoHoy-ama, em Atlanta-1996), Cal-derano vem tendo uma as-censãoconstanteno rankingmundial, especialmente esteano. Foram cinco posiçõesconquistadasemapenasqua-tromeses, após ter iniciadoatemporada em 17º lugar.Se as projeções se confir-

marem, a expectativa é dechegar em condições de bri-gar pormedalhanaOlimpía-da de Tóquio, em 2020.“Tenhoaindaumlongoca-

minhopela frente,preciso fo-car para evoluir aos poucos.De qualquer forma, tenhoconfiança de que terei chan-ces reais de buscar um lugarno pódio”, diz o brasileiro.O candidato a novo ídolo

do esporte brasileiro diz tercomosonho tornaro tênisdemesa mais popular no país.“Lembrobemdasimagensdoginásio lotado na Olimpíadano Rio, com a galera torcen-do bastante. Eles viram queotênisdemesapodeseremo-cionante”, afirmaCalderano.

o brasileiro.Mesmoparaquemviveem

um país onde há uma forteculinária baseada em carnede porco, amudança não foitão traumática assim. “O im-portanteésabercomoconsu-mir os nutrientes necessári-os, como as proteínas. Op-ções sempre existem”, dizCalderano,queaindanãoviuos efeitos da nova dieta nascompetições.“Já ouvi alguns atletas ve-

ganosdizendoquesesentemcomamentemais clara,masainda não afetou diretamen-te nomeudesempenho”, ex-plica omesa-tenista.Além da dieta, Hugo Cal-

derano tambémtemumhob-by diferente para poder rela-xardas tensõesdaspartidas.Por influência do pai, apren-deu amontar cubosmágicos(quebra-cabeças coloridosque foramfebrenosanos80)aos dez anos de idade. Elecurtiu tantoobrinquedoqueseespecializouemmontá-lo,ouseja,deixar todosos ladosdamesmacor,nomenor tem-

po possível.“Hojeconsigofazeremcer-

cade 10s,masmeu recorde éde 6s”, revela, sem valorizartanto o feito. “Se você treinabastante, vira algoautomáti-co”, explica Calderano, quejá viu viralizar na internet al-guns vídeos seus montandocubos dos mais variados ta-manhos. Nem por isso ele seacha um “atleta nerd”.“Sempre fui bomaluno, ti-

nha facilidadeparaaprenderidiomaseáreadeexatas.Masnão ficava estudando o tem-po todo. Praticava vários es-portes na escola”, ressalta.

lOngE DE casaComumadosedeconfian-

ça que não deve ser confun-dida com arrogância, o cari-ocaHugoCalderano fogedospadrõesparaumatletadesuaidade. Uma prova disso foiabrirmãoda zona de confor-toda família eescolheraAle-manha como base para seustreinos e competições.Desde 2014, Calderano vi-

ve na pequena cidade alemã

de Ochsenhausen, com me-nos de dez mil habitantes elocalizadanosuldopaís, on-dedefendeoLiebherrOchse-nhausen na liga alemã e nascompetições europeias.A Alemanha é considera-

da, abaixo da China e ao la-do de alguns países da Ásia(Japão e Coreia do Sul, porexemplo), comoumadaspo-tências do tênis demesa.“No início, foi uma adap-

tação complicada, mas o fa-to de eu já ter morado trêsanosantes longedecasa [de-fendeu o São Caetano entre2011e14], ajudou”, relembra.Para atingir um nível ja-

mais alcançado por outrobrasileiro em sua modalida-de—atéentão,omelhor joga-dor do país havia sidoUbira-ci da Costa, o Biriba, 19º nomundo nos anos 60—, HugoCalderano não contou ape-nas com seu talento.Ele reconhece a importân-

cia do trabalho do treinadorfrancês Jean-René Mouniernaevoluçãodeseu jogo.Umaconvivência iniciada em

Douglas pingituro/Folhapress

Hugo calderanovive desde 2014 napequena cidade deochsenhausen (ale)

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