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1 CONTEMPLAR O FIRMAMENTO, ENVOLVER-SE NA PRÁTICA DA INSERÇÃO SOCIAL OU ESTUDAR OS DINOSSAUROS: TUDO SE TRANSFORMA EM CAMINHOS PARA AMPLIAR O CONHECIMENTO E LIGAR-SE À VIDA REVISTA DO COLÉGIO SANTA MARIA - N 0 39 TODO LUGAR É ESPAÇO DE APRENDIZAGEM ALUNO DO 8 O ANO EM AULA SOBRE FUNDAMENTOS DE ASTRONÁUTICA

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CONTEMPLAR O FIRMAMENTO, ENVOLVER-SE NA PRÁTICA DA INSERÇÃO SOCIAL OU ESTUDAR OS DINOSSAUROS: TUDO SE TRANSFORMA EM CAMINHOS PARA AMPLIAR O CONHECIMENTO E LIGAR-SE À VIDA

REVISTA DO COLÉGIO SANTA MARIA - N0 39

TODO LUGAR É ESPAÇO DE APRENDIZAGEM

ALUNO DO 8O ANO EM AULA SOBRE FUNDAMENTOSDE ASTRONÁUTICA

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A fi nal, quem são os professores do Colégio Santa Maria? Vocês sabem seus nomes, ou os conhecem por

meio das múltiplas reuniões pedagógicas neste bimestre; mas, na verdade, foram apresentados a um grupo bastante redu-zido. Como vão verifi car no conjunto de artigos nesta edição da Caleidoscópio, os alunos e professores têm muitos mestres: o céu, a Terra, os jornalistas e produtores de documentários, as pessoas que exercem profi ssões diversas e até os dinossauros. As atividades que promovem novas compe-tências, sejam elas curriculares, sejam ex-tracurriculares, também educam a pessoa, às vezes inconscientemente.

Os alunos, refl etindo sobre essas novas aprendizagens, começam a manifestar sensibilidades, percepções e novas consci-ências; além de desenvolver competências, começam a se envolver mais nos estu-dos, a ajudar quem precisa de ajuda para aprender, a aplicar práticas de reciclagem e reaproveitamento. O esporte e o teatro revelam novos talentos e podem superar certos medos, limites e até timidez.

Temos que olhar, sim, o céu, e desco-brir que fazemos parte de uma criação sem limites conhecidos e com potencialidades que, para acioná-las, precisamos focar nos-sa energia e imaginação, juntarmo-nos a outros aprendizes e fazer uso dessa energia e desse amor à vida.

O CÉU É O LIMITE

Equipe de redaçãoIrmã Diane Clay Cundiff; Irmã Anne V. Horner Hoe; João Luiz

Muzinatti; Maria Rita Moraes Stellin; Paula Bacchi; Sonia Regina Yamadera; Suzana Prudente Corrêa; Tânia Maria Uehara Alves

COLÉGIO SANTA MARIAAv. Sargento Geraldo Santana, 890/901

Jardim Marajoara, São Paulo, SP Telefone (11) 5687-4122 www.colsantamaria.com.br

[email protected]

Produção editorialEditor: Ricardo Marques da Silva; Editora de arte: Maila Blöss;

Fotos: Éric B., Sister Diane e acervo do Santa Maria; Impressão: CompanyGraf; Foto da capa: Éric B.

Revista bimestral do Colégio Santa Maria

No 39 - Mar./abr. de 2007

LEMBRANÇAS MARAVILHOSAS“Ingressei no Santa Maria aos 6 anos e estudei até a 4a série, quando então minha família mudou-se para o Rio de Janeiro, no início de 1956. Tenho muitas lembranças, misturadas com fantasia, pois naquele tempo criança era criança e bem menos ‘plugada’ que as de hoje. Entrei no Pré em 1950, e fi cávamos na edícula atrás da Casa das Sisters (hoje Prisma).

Naquele tempo estavam sendo construídos os prédios. O ensino era bilíngüe, com freqüência mis-ta (meninos e meninas). Guardo maravilhosas lem-branças, principalmente da Sister Mildred Louise. Gostaria de manter contato com pessoas que tenham estudado naquela época, para ‘trocar fi gurinhas’.”Sandra Marilyn Hanftwurzel de Mattos, ex-aluna

ALICERCE DE CIDADANIA“Sou ex-aluno do Santa Maria. Nunca fui bom alu-no, que eu me lembre. Fiz coisas que não deveria, e algumas que deveria fazer eu não fi z. Estou enviando esta mensagem porque queria agradecer pelo alicer-ce de cidadania que conquistei no Colégio. Trabalho numa empresa de assistência técnica e estou muito contente por essa conquista, a qual dedico uma par-te aos estudos que obtive no Santa Maria.

Obrigado, mesmo, a todos do Colégio. Um abra-ço especial ao ex-professor de Matemática, senhor João, que agora é coordenador do Ensino Médio. Hoje em dia vejo que suas lições me ajudaram e me ajudam muito, muito mesmo. Outro abraço espe-cial para a Cidinha e a Márcia, da 8a série, e para os auxiliares do Ensino Fundamental.”Kleber Parigi Pinto, ex-aluno

Irmã Diane Clay CundiffDiretora-geral do Colégio Santa Maria

MENSAGEM CARTAS

Fábio Bertassi (à esquerda) e o amigo Felipe Silveira Barra.

ABRAÇOS GRÁTIS“Num domingo, nós, Fábio e Felipe, grandes ami-gos e companheiros de intervenções por um mundo mais belo, observando que a cidade está muito fria e violenta, resolvemos agir de forma simples, com um ato praticado por todos, mas, infelizmente, às vezes esquecido: o abraço. Pedalamos até a avenida Paulista e escrevemos num papelão o que estávamos oferecendo: ‘Abraços grátis’. Foi incrível. Abraça-mos homens, mulheres, velhos, crianças, travestis, gays, guardas, mendigos, pipoqueiros, árvores e até cachorros. Também presenciamos abraços entre ca-sais, parentes e amigos. Entramos em lanchonetes, cinemas e galerias. Mas a atenção principal foi para as ruas. As expectativas foram mais do que supera-das. A ‘terapia do abraço’ surtiu efeitos positivos. O sentimento de paz e amor transbordou por todos os poros do nosso corpo.

Ficou evidente que essa atitude, praticada por apenas duas pessoas, modifi cou um pouco a energia local. Por isso resolvemos convidar todos os interes-sados em participar da campanha pró-abraço. Nos-sa idéia é percorrer parques, praças e ruas, lançando no ar um toque de paz. Entretanto, a campanha também pode e deve ser realizada dentro de casa, no trabalho ou em qualquer lugar e com qualquer pes-soa. Quem quiser participar conosco é só entrar em contato: [email protected]. Abrace esta idéia!”Fábio Bertassi, ex-aluno do Santa Maria, turma de 2002

Quem tem recebido correspondência do Colégio reparou, no alto da página, no logotipo “60 anos”, que representa as seis décadas que as Irmãs da Santa Cruz estão no Brasil, e na imagem do Padre Moreau, fundador da nossa Congregação, mantenedora do Santa Maria. Este ano, em 15 de setembro, o Padre Moreau será beatifi cado pelo Papa Bento XVI, em Le Mans, na França. No mesmo dia, essa solenidade será comemorada aqui no Colégio.

COLÉGIO SANTA MARIA

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A rquiteta bem-sucedida, presidente da Arcadis Tetraplan, empresa de consultoria, a ex-aluna Maria do Carmo Bicudo Barbosa, da turma de

1966, formou-se em 1972, fez doutorado na USP e mestrado na Universidade da Califórnia-Berkeley, é casada e mãe de três fi lhos, também ex-alunos do Santa Maria – Patrícia, Juliana e Guilherme.

Caleidoscópio – Qual foi a importância do Santa Maria na sua formação, analisando sua época e hoje?Maria do Carmo – O Colégio garantiu-me uma exce-lente formação. Além das matérias normais, tínha-mos outras atividades, como coral, artes, costura, teatro, jornais e tarefas como dar aula de catecismo

A mensagem de Maria do Carmo aos alunos do

Colégio: “A formação não deve se limitar ao estudo,

mas levar à refl exão. Vulgar é estudar, raro é refl etir,

e o Santa Maria da minha época e de meus fi lhos

deixou-nos esse grande legado, num mundo em que

viver conscientemente é indispensável”.

em escolas públicas, visitar asilos de idosos. Tudo isso foi muito valioso para mim, como mãe e pro-fi ssional. O Colégio cresceu muito, e acompanho as notícias pela Caleidoscópio. Outro dia tive uma grata surpresa quando ouvia a rádio CBN e falava-se muito bem do Santa Maria. Isso mostra o quanto a instituição é moderna e viva.

Como era a escola na sua época? A minha turma era muito pequena no Colegial, 25 alunas no clássico e no científi co. Fiz parte da se-gunda turma a se formar, com apenas sete alunas. Assim, as aulas eram quase particulares. Hoje deve estar muito diferente. Os nossos encontros não são freqüentes, mas quando acontecem se tornam im-portantes. Temos uma colega, a Nádia Kijanitza, o grande elo da nossa turma, que sempre sabe notícias da maioria das colegas.

Houve algum professor que marcou sua época? No primário, a dona Dirce, da 4a série, foi uma grande professora, com a qual muito me identifi -quei. No ginásio, dona Terezinha, de Matemática, era a minha preferida. Enérgica, mas extremamente justa nas suas avaliações. No Colegial, gostaria de homenagear a Sister Aline, que foi nossa professora de Lógica e, além disso, nossa orientadora, sempre atenta à nossa formação.

Qual era o seu lugar favorito no Colégio? Hoje já não existe, mas havia um bosque de araucá-rias perto do prédio antigo, ao lado do riacho. An-dar por ali era bonito e fresco. Manuela Dias, coordenadora de Comunicação

LEMBRANÇAS DE UM PASSADO ENCANTADOR

E x-aluna do Santa Maria (turma de 1968), 57 anos, formada em Pedagogia na USP, Tiyomi

Misawa é a educadora mais antiga do Colégio. Ca-sada, duas fi lhas – Marta, de 28 anos, e Ana Lúcia, de 26, e avó de Victor, 9 anos, terceira geração da família a estudar no Santa, Tiyomi é querida pelos alunos e tem orgulho em trabalhar na escola em que se formou e iniciou parte da história de sua vida.

Caleidoscópio – O Colégio foi seu primeiro trabalho?Tiyomi – Vim trabalhar aqui em 1973, como pro-fessora de Português e Estudos Sociais na antiga 4a série. Em 1994, assumi o cargo de orientadora. Nes-ses 34 anos, participei das mudanças pedagógicas e acompanhei as modifi cações físicas do Colégio.

Do que mais gosta na profi ssão?Meu dia-a-dia é rico em experiências. Vivencio o mo-vimento dialético de aprendizagem nas relações com professores, pais, alunos e funcionários. Adoro traba-lhar com essa faixa etária, que tem muita vivacidade e está sempre pronta a superar desafi os.

Qual é a sua mensagem para os alunos?Dediquem-se aos estudos, aproveitem ao máximo cada vivência e experiência. O Colégio representa paixão, gratidão, trabalho, esperança, futuro.

Manuela Dias, coordenadora de Comunicação

EDUCANDO COM AMOR

MEMÓRIA: MARIA DO CARMO BICUDO BARBOSA PERFIL DOS FUNCIONÁRIOS

H á 21 anos no Santa Maria, casado, 40 anos, pai de quatro fi lhos – Fábio, de 21 anos; Nathalia,

17; Lucas, 11, e Anny Vitória, 2 –, o encarregado da segurança Jacinto Rodrigues da Silva é conhecido no Colégio pela simpatia e dedicação ao trabalho. Con-fi ante e otimista, adora pescar e viajar e tem muito orgulho de suas conquistas pessoais e profi ssionais.

Caleidoscópio – Como conheceu o Colégio?Jacinto – Em 1983, aos 15 anos, comecei a trabalhar na Cúria, hoje o prédio do Prisma, como boy, e em 1986 fui para a área de segurança do Colégio. Estu-dei no Supletivo do Santa Maria e estou sempre me atualizando, fazendo cursos.

Como é o seu trabalho e do que mais gosta nele?É dinâmico e prazeroso. É preciso estar sempre aten-to para garantir a segurança dos alunos e funcioná-rios, apoiar e supervisionar a equipe. Estou sempre aprendendo e interagindo com os alunos, pais, pro-fessores, funcionários e visitantes. É ótimo esse con-tato com pessoas diferentes.

Quais são os seus planos para o futuro?Estou sempre me atualizando por meio de cursos específi cos e, em breve, pretendo fazer um curso téc-nico, na área de segurança.

SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR

Mensagem de Jacinto aos alunos: “Formem-se cidadãos de bem”.

“Luto para que o futuro seja mais justo, menos violento e com esperança”

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EDUCAÇÃO INFANTIL

E ssa questão vai muito além de saber quantos tipos de dinossauro existiram e por que foram extintos. O mais importante é o caminho que

a criança percorre até chegar a uma aprendizagem signifi cativa. Há uma questão entre fantasia e rea-lidade que realmente fascina as crianças dessa ida-de. Os dinossauros, diferentemente dos dragões dos contos de fada, realmente existiram, mas foi há tanto tempo que se torna uma grande aventura imaginar (e procurar saber) como era a Terra naquela época.

Nosso ponto de partida foi deixar que soltassem a imaginação, enquanto compunham o cenário da pré-história e lidavam com as hipóteses construídas com fragmentos de conhecimento, combinados com elementos da fantasia. À medida que lemos livros ma-ravilhosos (muitos trazidos pelas próprias crianças), trabalhamos com as habilidades de relacionar, com-parar, identifi car e nomear, entre tantas outras que selecionamos em nossos objetivos de ensino.

Partilhar os dados coletados em casa traz a opor-tunidade de aprender em grupo, com toda a riqueza que isso representa: ouvir os relatos e simbolizar; con-cordar e acrescentar; discordar e argumentar. Quanta complexidade num tema apaixonante! (Ou será jus-tamente por isso que esse aprendizado é signifi cativo para a construção de competências tão importantes?)

Aprofundamos as pesquisas, selecionando mate-rial de apoio para ampliar o conhecimento (um dos objetivos do tema). Livros científi cos e de fi cção, vídeos, reportagens e miniaturas encheram a nossa sala. As aprendizagens centraram-se nas característi-cas de cada tipo de dinossauro, seu hábitat, a alimen-tação, as formas de ataque e defesa, a reprodução e as possíveis causas de sua extinção. Novas pergun-tas mobilizaram novas pesquisas: “Por que algumas espécies viviam em grupo e outras não?” “Por que alguns eram carnívoros, como os que costumam ser mostrados em fi lmes, e outros eram herbívoros?” “Por que algumas espécies eram mais velozes que outras?” “Que animal poderia ser o predador do dinossauro se ele não tivesse sido extinto?”

De forma dinâmica, respondendo a questões como essas, as crianças aprendem como a pesquisa é importante para a ciência, como coletar dados e construir uma história que aconteceu há tanto tem-po. Acima de tudo, demonstram grande prazer e sa-tisfação em aprender. É a paixão pelo conhecimento que faz os olhos delas brilharem a cada descoberta.

Rita Lázaro, Mônica Farinelli, Rosana Pereira e Gabriela Herane, professoras do Pré

POR QUE ESTUDAMOS OS DINOSSAUROS NO PRÉ?

PROJETO DA SÉRIE: 7º ANO

D evemos fazer projetos com os nossos alunos, e não para os nossos alunos.” Essa frase, dita pelo professor Nilson Machado na palestra

de abertura do ano letivo, demonstra que a equipe de educadores do 7o ano tem buscado formas de en-volver o educando em atividades refl exivas e trans-disciplinares que os transformem em sujeitos ativos e construtivos da realidade.

Escolhemos como meta do nosso projeto “Ser generoso e descobrir a solidariedade” e, para os bi-mestres, defi nimos os seguintes eixos estruturado-res: ouvir e ver para compreender; conhecer, con-viver e comungar com o outro; rejeitar a violência; respeitar a vida e preservar o planeta. Como eixos complementares, destacam-se uma discussão sobre a Amazônia, o tema da campanha da fraternidade, os 60 anos das Irmãs da Santa Cruz no Brasil e a canonização do Padre Moreau, que acontecerá em setembro de 2007.

Serão muitas as atividades, como a vivência com os funcionários do Colégio – um dia memorável, em que os alunos passam por quase todos os setores, aprendendo a valorizá-los a partir da partilha e do convívio –, a missa do 7o ano, que celebrará o traba-lho e os trabalhadores; a vivência com os alunos do Supletivo, que ocupam a mesma sala de aula, mas com histórias de vida e perspectivas tão diferentes, e as interfaces com o Ecoestudantil, preparando nos-sos alunos para um amanhã melhor.

Por fi m, um momento especial para nós: o encer-ramento do projeto do ano, quando nos reunimos para celebrar o encontro que será futuro, embasado no passado de nossas vivências de 7o ano e vislum-brando um porvir que começamos a edifi car em 29 de janeiro de 2007.André Luiz Sabino, Paula C. Marques Cardoso Mathias Pinto e Inês A. Namour, professores do 7o ano

SER GENEROSO, REDESCOBRIR A SOLIDARIEDADE

A TERRA NA UTI? A Matemática, no projeto, é uma das muitas possibilidades

de inter-relações como área de conhecimento, abordando

conteúdos e conceitos específi cos.

Como os alunos se vêem diante de mega-soluções para

um megaproblema? Na busca de soluções, a identifi cação

dos maiores emissores de gás carbônico do planeta e das

maneiras de reduzir a quantidade desse dióxido pode

proporcionar indícios para a solução do problema, fazendo-

os perceber os limites das diferentes propostas para conter

o aquecimento global.

Estatisticamente, ouvir e ver para compreender é a meta.

“A esperança está na intenção e na ação de cada um de nós,

para atingirmos a consciência planetária.”

Inês Angelini Namour, professora de Matemática

Acima, análise de um dos gráfi cos relacionados ao

problema, feita pelos alunos e alunas do 7o ano, em

Matemática.

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O TEATRO NO COLÉGIO: VEÍCULO DE EXPRESSÃO

I nício de ano. Classe nova e muita vontade de apren-der. Quando chegam ao 2o ano, estão ávidas por sa-

ber escrever mais e melhor. Assim, o papel da lingua-gem é fundamental. Mais do que simples auxiliar do pensamento, é uma poderosa “ferramenta cultural”, que modifi ca os rumos do desenvolvimento.

O processo de aquisição da leitura e da escrita de-pende da interação das crianças com os outros. É a fase das dúvidas sobre os sons das letras e de como se escrevem as palavras. No início, perguntam: “Como se escreve amizade?”. Tempos depois, a pergunta muda: “Amizade é com s ou com z?”.

Iniciamos o nosso trabalho com textos que já sa-bem de memória, como adivinhas, parlendas, can-tigas e trava-línguas. O aluno recorre ao que já co-nhece para elaborar outras hipóteses e compartilhar seu conhecimento com o grupo. Nesse processo de

COM QUE LETRA?

COMPONENTES CURRICULARES

dúvidas e confi rmações, trabalham em duplas e em quartetos para discutir opiniões, confrontar hipóte-ses e encontrar respostas. Não há certo ou errado, mas sim uma análise do caminho que, para eles, na-quele momento, parece ter mais signifi cado.

A cada dia, a cada escrita, a cada conquista, per-cebem o quanto já sabem. Tornam-se confi antes e procuram avançar. O desafi o aumenta a cada passo. Criativos, divertidos, curiosos, fl uentes, mostram o que aprenderam sobre a linguagem. Aprendem o que representa o uso social da escrita e a importância de expressar-se oralmente com clareza. Percebem que a leitura faz parte da vida e que ela é fundamental nesse processo de sistematização da alfabetização.

Dora Cristina Tanese e Lara Helena Pecora Polazzo, professoras do 2o ano do Ensino Fundamental

a liberdade de ser, estar, escolher; de encontrar ou reencontrar seu “eu interior”.

Ampliar o olhar do aluno sobre as possibilidade de expressão na arte por meio de diferentes lingua-gem artísticas é um dos objetivos das aulas de Teatro no Santa Maria. Levar o indivíduo a compreender a linguagem cênica como veículo de expressão de idéias e sentimentos, desenvolvendo sua sensibilida-de, solidariedade e espírito crítico.

Aplicar e aperfeiçoar os elementos cênicos apre-endidos durante sua trajetória escolar, sem perder de vista o espírito lúdico, mágico e de fantasia que essas aulas proporcionam. Instantes mágicos que dese-nham o espaço com o corpo, voz, cor, movimento, sentimento e vida. Assim é o teatro!Sergio Seixas, professor de Teatro

E stamos iniciando mais um ano do curso de Te-atro aqui no Colégio. Novos desafi os, experiên-

cias sempre mais ricas a cada dia e frutos do tra-balho de anos anteriores sendo colhidos. Desde as antigas civilizações, a arte deu ao homem o direito de pensar, sentir, refl etir, amar, experimentar e criar;

A arte dá ao homem o direito de não abandonar seus

sonhos, seus desejos e sua liberdade

de expressão.

É um ano muito gratifi cante para nós, professores, para as famílias, que vivenciam a evolução de seus fi lhos, e para os

alunos, que percebem que com empenho e perseverança não há

o que não possam aprender.

A PALAVRA DO ALUNO

A TERRA PEDE SOCORRO

Alunos: Andreas Genesi e Silva, Fernanda Franceschi Guedes, Vivian Barion Martins, Caio Santa Rita Emi-dio, Felipe Maziero Mourão e Leticia Harumi Yada

ALUNOS DO 5O ANO EM...

Esta beleza está ameaçada, sabiam?...

Ultimamente, temos falado muito nas aulas, visto na tevê e lido nos jornais sobre o aquecimento global. Você sabe o que é isso?

E aqui no Brasil? O que vai acontecer?...

Bem, a Floresta Amazônica poderá se transformar em um deserto antes do fi m do século.

Os cientistas se reuniram em Paris, no mês de fevereiro, e disseram que até 2100 a temperatura do planeta irá subir.

Nossa! Dêem uma olhada no que irá acontecer no resto do mundo: a neve dos Alpes deverá desaparecer, os furacões serão mais fortes no Caribe...

Será que a gente não pode fazer nada, pessoal? Lembrem-se: pequenos atos do dia-a-dia, na escola e em casa, podem fazer toda a diferença para o nosso meio ambiente.

Discutir esse assunto todos os dias, como temos feito aqui na escola, já é um começo. Reciclar o lixo, plantar árvores, tudo isso é importante!

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ASTRONOMIA

N ove horas da noite de 27 de março de 2007. Céu claro, sem nuvens, ofuscado apenas pe-las luzes artifi ciais da cidade. Coordenadas

geográfi cas: latitude 23:32:51 sul, longitude 46:38:10 oeste. Montamos avidamente os telescópios, o que já constitui uma aventura. Imaginar que uma aparente simplicidade técnica guarda séculos de pesquisa sobre ótica e que esses aparelhos ajustáveis à nossa fi siologia ocular servem para amplifi car a visão do homem. Ser-vem para levar o pensamento para bem distante, para além de sua curta existência, seu mínimo tamanho, suas limitações de tempo e espaço.

A Lua surge a noroeste, crescente, oferecendo-se intensa à observação. Suas crateras bem nítidas em contrastes de luz e sombra, suas cordilheiras de montanhas, seus mares de lava vulcânica, de um vulcanismo extinto que deixou marcas em toda a sua superfície. Imaginar que vulcões não existem apenas na Terra não é tarefa das menores: tem que ver para crer. E esse astro tão próximo não está fi xo. Move-se e foge da mira do espelho de 90 mm do nosso telescópio Cassegrain-Maksutov. Mas o que realmente está se movendo? Copérnico, Kepler e Galileu iluminam, nesta noite, as nossas dúvidas.

Logo acima da Lua um ponto luminoso, com jeito de estrela, revela-se fantástico através do teles-cópio. A olho nu ninguém diria que esse astro está

cercado por anéis. Isto mesmo, é Saturno, a jóia do sistema solar. Os anéis são verdadeiros, não habitam apenas as imagens dos livros e revistas. Mas, Saturno não está só. Nosso telescópio nos permite ver, além dos magnífi cos anéis, Titã, o seu maior satélite, que o acompanha no seu trajeto em torno do Sol.

Para além da Lua o céu não se entrega facilmente. A vista precisa ser treinada e orientada. Os mapas celestes e o planisfério nos guiam neste “mar de cor-pos celestes” que nos lembra que navegamos neste planeta, “perdido”, pelo universo. Uma técnica car-tográfi ca aplicada à abóbada celeste, um sistema de coordenadas que mapeia o quase nada demonstra a genialidade da humanidade, que, apesar de mesqui-nha, é grandiosa. O tamanho e o tempo são imensos a ponto de não caberem em nossos instrumentos de medida, porém, podem ser abarcados por nossa in-ventividade e imaginação.

Posicionamos nossos olhares para o sul, com a ajuda da constelação do Cruzeiro do Sul. Com essa primeira referência, identifi camos prontamente as constelações de Carina e Vela, daí encontramos Ca-nopus com seu brilho intenso. Essas identifi cações não são fáceis. A vista precisa de exercício e orien-tação. Sozinhos seríamos cegos. Regulus em Leão e Spica em Virgem são localizadas. Como são bonitos e misteriosos os nomes das estrelas, vêm de muito

CRÔNICA SOBRE UM CÉU PERSCRUTÁVEL

longe, do antigo desejo da humanidade de compre-ender a infi nitude do céu. Infelizmente, a constela-ção de Orion já não está visível, escondida atrás dos bambus da quadra descoberta, próxima ao rio. Não foi possível, portanto, ver sua nebulosa. Mesmo as-sim identifi camos Canis Major e sua brilhante es-trela Sírius, a mais brilhante do céu, e Canis Minor, com sua estrela Procyon bem nítida.

Com a visão ampliada mais de cem vezes, descobri-mos que Alpha Centaurus, a estrela mais próxima de nós, situada a 4,2 anos-luz, não é apenas uma estrela, mas um conjunto de três estrelas que giram uma em torno da outra. Ao telescópio, vemos duas das três.

De volta ao Cruzeiro do Sul. Quantas maravilhas da natureza se localizam entre essa constelação e o “falso Cruzeiro do Sul” (duas estrelas da Constela-ção de Vela e duas da Constelação de Carina). Aglo-merados de estrelas. O primeiro deles a “Caixinha de Jóias” próxima à sua estrela beta. O Cruzeiro do Sul é uma riqueza de didática celeste: além de indi-car o sul na abóbada, possui estrelas binárias físicas, de diferentes magnitudes e cores.

OBRA DIVINAA oeste, a Constelação de Leão nasce “feroz”. E mais feroz nasce a Constelação de Escorpião, exibindo sua Gigante Vermelha, Antares. Junto a Escorpião nasce exuberante Júpiter, com três de suas luas visí-veis. No princípio, próximo ao horizonte, mostra-se com uma cor débil. Com o passar das horas, mo-vendo-se na eclíptica em direção ao zênite, aparece detrás do planeta sua quarta lua. Provando que estas realmente orbitam em torno desse planeta.

Poderíamos escrever um relatório técnico-científi -co. Mas não nesta primeira noite. Incendiamos-nos

de êxtase, fi camos perplexos. A hora passou, venceu-nos o cansaço da jornada diária. Porém, voltamos para nossos lares para sonhar e nos sentir parte dessa obra divina e maravilhosa que é o universo.

Queremos que os nossos alunos também se admi-rem. E que noites de observações como essa possam aguçar a sede de conhecimento sobre o mundo e so-bre si mesmos. Que se encharquem de curiosidade. Que não olhem mais para o céu com a indiferença da ignorância. Que aqueles telescópios comprados há algum tempo, guardados, saiam de suas caixas e e apontem novamente para o céu. E para fi nalizar, quem disse que não se pode ver nada no céu notur-no de São Paulo?

P.S.: agradecemos à direção do Colégio, à equipe técnica e aos seguranças que possibilitaram a nossa primeira observação astronômica neste ano.

Professores Bartolomeu Ferreira e Ednilson Oliveira

OLIMPÍADA BRASILEIRA DE ASTRONÁUTICA

Para estimular o interesse dos jovens pelas diferentes áreas de ciências, alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio participaram da 10a Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), representados pelo professor de Física Ednilson Oliveira (Ensino Médio), em 4 de maio.

O Santa Maria investe e incentiva a participação em eventos como a 10ª OBA, que encorajam o gosto e o interesse pelo conhecimento científi co – mais um caminho para que o estudante perceba a complexidade e a beleza do Universo. No segundo semestre, o Ensino Médio tem a disciplina curricular Astrofísica, para o 3º ano.

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E stamos iniciando mais um ano aqui no Ensino Médio. Novos desafi os, experiências sempre ri-

cas a cada dia e frutos do trabalho de anos anteriores sendo colhidos. Vejam o que diz a aluna Lia Spadini da Silva: “Acredito que a escola não possua apenas o papel de ensinar conteúdos, e sim ensinar a apli-cá-los ao contexto político-social que o aluno vive fora da sala de aula. Eu vou à escola e aprendo, não só pensando e planejando o meu futuro, mas, sim, vivenciando o meu presente, aumentando o meu conhecimento por meio dos conteúdos ensinados em sala de aula.”

Alunos antigos voltando com nova garra, a qual devemos, também, em muito, às famílias que os in-centivam e os alertam para a seriedade que os curtís-simos três anos de Ensino Médio requerem. Alunos novos chegando com as dúvidas e expectativas mais variadas, mas com a postura de quem quer vencer esse desafi o que começa agora e termina quando as faculdades dos seus sonhos forem conquistadas. Os formandos se mobilizam para que o vestibular – no fi m do ano – seja feito com tranqüilidade e muita competência. É! Chegou a hora, pessoal! Que o ano de 2007 nos traga a força de que necessitamos para a empreitada que se inicia e, no fi nal, possamos come-morar muitas vitórias. Abraços e boa sorte a todos.João Muzinatti, diretor do Ensino Médio

CHEGOU A HORA!

A escola, no nosso modelo de sociedade, se consti-tui como um ambiente de estudo, uma vez que é

reconhecida como instituição de ensino que prepara os jovens para se tornarem adultos aptos a fazer es-colhas conscientes no campo profi ssional, político-social ou existencial. É comum ouvirmos, por parte dos jovens, justifi cativas sobre o porquê de estudar, relacionadas à necessidade de cursar uma graduação para ingressar no mercado de trabalho e, com isso, ter a garantia de independência fi nanceira. Em ou-tros casos, são explicitadas motivações ligadas à ne-cessidade de ampliar repertório e conhecimento.

O estudo, em qualquer contexto, signifi ca bus-car soluções viáveis para problemas estabelecidos. Esses, por sua vez, são defi nidos culturalmente. O que afeta um indivíduo ou um grupo está vincula-do, ao mesmo tempo, à subjetividade e ao contex-to social e cultural.

A identifi cação dos problemas mobiliza o uso da inteligência para o desenvolvimento de saberes, vin-dos do processo de aprendizagem que se organiza.

Diante disso e da nossa condição de educadores, podemos considerar a escola como possibilidade para o exercício do aprender a aprender. É o espaço para propostas e desafi os que venham a mobilizar atitudes de busca pelo conhecimento.

Torna-se, assim, espaço de libertação, já que acessar mecanismos de aprendizagens e conteúdos amplia signifi cativamente a visão de si mesmo e do mundo em que se vive.

Vem daí a convicção de que estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de problemas co-locados, na procura de compreender as coisas e os fatos que são observados, sendo necessárias dedica-ção e persistência.

E quem disse que é fácil? Mas quem, tendo vivi-do intensamente a experiência, há de negar o prazer e a libertação que o estudo e a compreensão geram? Cristina Forti, professora de Geografi a do Ensino Médio

ESTUDAR É PRECISO

COMPORTAMENTO

Professor João e a aluna Lia Spadini: chega o momento de colher os frutos.

SUPLETIVO

O Curso de Alfabetização de Adultos do Colé-gio Santa Maria foi destaque numa das últi-mas edições do Jornal do Pedreiro, informa-

tivo bimestral da empresa Votorantim Cimentos, dirigido aos profi ssionais do ramo da construção. O redator, Fernando Gomes, publicou uma repor-tagem de página inteira com declarações do diretor do Supletivo, professor Elias Esaú, e de três alunos que exercem a profi ssão de pedreiro: Severino Bar-boza Neto, de 74 anos; Guilherme Dias de Almei-da, 58 anos, e Rogério Cícero Rufi no, de 34 anos. Vale a pena ver o que eles disseram.

Severino, pernambucano de Bom Jardim, veio para São Paulo há quase 50 anos e conta que fazia os desenhos e as medições de uma obra, mas não sabia escrever, e pedia à mulher que fi zesse isso: “Ela teve um derrame, não podia mais me ajudar, e decidi que tinha de aprender por minha conta. Já freqüento a escola faz quatro anos e gosto tanto que só saio quando não me quiserem mais. Como é bom ler um jornal, entrar no supermercado e sa-ber as ofertas, tomar o ônibus sem perguntar para os outros. Eu era como um cego e não sabia”.

Guilherme nasceu em Olindina, Bahia, veio para São Paulo em 1969 e admite que não aproveitou bem o seu tempo de moço: “Eu queria era me di-vertir, sem pensar no futuro. Nem número eu sabia. Entrei na escola, mas saí por causa de uma namora-da que arranjei. Depois fi quei sem namorada e sem escola. Só voltei agora, porque um colega de servi-ço me animou. Estou no 3o ano e nunca mais paro de estudar. Venho até no sábado. Minha vida fi cou mais fácil. Parece que penso mais rápido, sou um profi ssional melhor. Se eu soubesse...”

EXEMPLOS DE DETERMINAÇÃO

Rogério, paulista de Guarulhos, diz que perdeu boas oportunidades de trabalho porque não tinha estudo: “Eu olhava uma planta e não entendia. Ti-nha vergonha que os outros soubessem que eu era analfabeto. Estava meio inseguro quando me ma-triculei, tinha medo de enfrentar a situação. Ainda bem que não recuei. Hoje estou no 2o ano. Leio bem. Melhorei na profi ssão. E passei a entender e gostar de política. Posso analisar o que é certo e o que é errado”.

O QUE SIGNIFICA APRENDER A LER E A ESCREVER, NA VISÃO DE TRÊS PEDREIROS QUE ESTUDAM NO SUPLETIVO SANTA MARIA

Da esquerda para a direita, Severino, Rogério e Guilherme: nunca é tarde para começar a descobrir o mundo novo aberto pela alfabetização.

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ESPORTES INFORMÁTICA

D ireita, esquerda, para a frente, para trás! Quem passou pelo Laboratório de Informá-tica durante as aulas do 3o ano do Ensino

Fundamental, no início de março, deve ter pensa-do que estava no meio de uma aula de street dance ou, quem sabe, de um treinamento militar. Porém, tratava-se de uma divertida aula com a linguagem Logo, e com uma participação especial.

Era notável a expressão de surpresa no rosto dos alunos. A tartaruga, que na 1a série de 2006 passea-va pela tela do computador, transformou-se em um simpático e inusitado robô desenvolvido na ofi cina

O robô “fantasiado” de tartaruga encantou os alunos e as alunas do 3o ano, que apreenderam conceitos de Mecatrônica como se estivessem brincando.

de Mecatrônica (extracurricular), sutilmente dis-farçado como uma tartaruga de pelúcia. “Como ela anda?”, perguntavam as crianças, curiosas. “Eu sei!”, respondeu Paulo Vitor, aluno do 3o A: “Ela está ligada por fi os ao computador. Quando você aperta o botão ‘para a frente’ na tela, ela anda”.

A partir daí, o desafi o era conduzir o robô-tarta-ruga por um labirinto, movimentando-o por todo o Laboratório. “Para saber que decisão tomar, é preciso colocar-se na posição da tartaruga”, ensina a professora Beth aos alunos do 3o G. Beth nos conta que os alunos chegaram radiantes no retor-no à classe. Ficou um saboroso gostinho de “quero mais” entre as crianças.

Para as professoras, além de ser um valioso ins-trumento na construção de conceitos

dentro da Geometria, o Logo permite à criança dar asas à

criatividade, desenvolvendo projetos livres, de composi-ções gráfi cas, a partir de tra-ços, giros e formas trabalha-

das. Por trás de uma simples tartaruga que passeia pela tela

e cria desenhos, existe toda uma metodologia de ensino e uma fi losofi a educacional, em que a criança aprende de forma prática, envol-vente e divertida. Atividades como essa, envolvendo diferentes tecnologias, aliadas a uma boa proposta pedagógica, dinamizam nosso trabalho e despertam maior interesse nos alunos, contribuindo para um aprendizado mais agradável e efi caz.

Joyce Willis e Muriel Vieira Rubens, professores de Informática

UM CONVIDADO MUITO ESPECIAL

ALUNOS VIBRAM COM A POSSIBILIDADE DE COMANDAR UM ROBÔ PELO COMPUTADOR

E sporte: paixão desenfreada, sem limites, sem fronteiras; faz parte do mundo dos ricos e dos pobres; contagia multidões, gera negócios

milionários, anestesia cidadãos pelo mundo afora. Evoluiu? Transformou-se? Perdeu a característica do prazer, do lúdico, da diversão? Enfi m, o esporte mu-dou. Será o que quisermos e o que fi zermos dele.

Na Educação Física escolar, o esporte ajuda a in-troduzir o aluno no universo das atividades físicas, a incorporar e a aprender habilidades, atitudes e conhecimentos que o ajudam a dominar melhor os valores e os padrões da cultura corporal.

A compreensão da experiência corporal e do movi-mento relacionado aos esportes é fundamental pa ra a Educação Física, pois oferece aos alunos uma diversi-dade de conteúdos e amplia a capacidade de movimen-to e de relacionamento com o mundo. É importante que se formem signifi cados próprios de movimento, por meio de múltiplas vivências corporais.

A Educação Física no Colégio Santa Maria pos-sibilita aos alunos autênticas experiências corporais,

Futebol e frescobol adaptado, nos Jogos

de Integração, realizados em 31 de

março.

tentando, por meio do movimento, resgatar a sensi-bilidade, a criatividade, a expressividade e a capaci-dade de comunicação. Prioriza e reforça os aspectos positivos dos esportes, apontando para a necessida-de de transformação, para se tornar um fator de hu-manização dos alunos.

Um esporte com caráter lúdico, que confraterni-ze, sem ameaças, sem violência, em que o movimen-to e o prazer sejam fi ns em si mesmos. O esporte que propomos fundamenta sua prática em valores educativos para que o aluno aprenda a lidar com o potencial do seu corpo, não como instrumento em que prevaleçam as habilidades técnicas, mas que se paute na refl exão e no diálogo. Deve ser um espaço no qual o aluno possa vivenciar situações de compa-nheirismo, cooperação, deliberação coletiva. Enfi m, um maneira de contribuir para a formação da crian-ça e do jovem, como agentes de mudanças sociais.

Ednéa Daniel Carvalho e Athos Lucas de Souza Filho, professores de Educação Física

EXPERIÊNCIAS CORPORAIS, PAIXÃO, LIÇÕES DE VIDA

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H á muitas palavras para descrever a sensação de passar no vestibular e entrar na universidade.

Talvez as mais importantes sejam escolha, ansiedade e descoberta.

Escolha porque não é fácil decidir se a melhor opção é fazer cursinho, abandonando todas as ati-vidades extracurriculares que o Santa Maria propor-ciona, ou prosseguir com estas e estudar por conta própria. Fiquei com a segunda opção, que exigiu um tanto de esforço, mas que se baseou principalmente na confi ança que tinha no conhecimento acumula-do durante o Ensino Médio e no apoio que teria dos meus professores.

Então surge a ansiedade, que, ao contrário do que eu pensava, não está só no vestibular em si, nas semanas que antecedem o exame e na espera do re-sultado. A ansiedade reaparece também mais tarde, quando fi nalmente se consegue a vaga na faculdade pública pela qual se batalhou o ano todo.

E agora? Como será ingressar em um mundo tão diferente do ambiente do Colégio? É aí que começa a descoberta. Porque a USP não é apenas um espaço a ser conhecido e desvendado: é também um uni-verso novo, com inúmeros textos, autores e idéias a serem exploradas.

É uma nova etapa na nossa vida, também re-pleta de escolhas, ansie-dades e descobertas.

Marina Mazze Cerchiaro, ex-aluna aprovada no vestibular da faculdade de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo

ESCOLHAS, ANSIEDADES E DESCOBERTAS

H á algum tempo o Ensino Médio vem desenvol-vendo um projeto de monitoria, em que cada

professor da área de Ciências da Natureza e Mate-mática designa alunos para atuarem como monitores de suas respectivas matérias. O objetivo é ampliar as possibilidades de orientação aos alunos nas discipli-nas de Física, Química, Matemática e Biologia. O aluno-monitor assume parte da responsabilidade de um professor, que orientará o colega quando este requisitar ajuda. Mas sempre é bom lembrar: o mo-nitor não substitui o professor.

Os benefícios existem para ambos os lados: para o monitor, que fi xa o conteúdo aprendido e tem uma experiência da vida acadêmica, interagindo com alunos com alguma difi culdade, e também para o colega, que tem a oportunidade de rever o conteúdo ensinado pelo professor. No fi m do ano letivo, os monitores recebem um certifi cado de participação emitido pelo Colégio.

Considero que a experiência vivida em 2006 foi positiva, fazendo com que eu voltasse a participar do projeto no decorrer deste ano letivo.

André Oku, aluno da 3a série B do Ensino Médio, monitor de Física e Matemática

APOIO PERMANENTE

ENSINO MÉDIO EXTRACURRICULARES

A cada ano os cursos extracurriculares do Co-légio Santa Maria têm atendido um número maior de alunos. Começaram timidamente,

como lembra a professora de Educação Física Ná-dia Barelli: “Em 1994, tínhamos no máximo 40 alunos, que escolhiam entre ginástica olímpica, a denominação da época, e ofi cina de esportes”.

Novas opções foram gradativamente inseridas devido ao aumento na procura. Hoje, os extra-curriculares contam com quase 1.300 alunos, que fi zeram suas escolhas entre 28 cursos, e formam aproximadamente 100 turmas, da Educação In-fantil ao Ensino Médio.

Com tantas opções oferecidas às crianças e aos jovens, percebemos o quanto temos contribuído para que experimentem novas possibilidades e de-senvolvam outras habilidades, conhecendo-se me-lhor e testando seus limites. Um dos fatores que caracterizam a participação ativa e a motivação de todos nesses cursos é a possibilidade de escolha de acordo com necessidades ou desejos físicos, inte-lectuais ou artísticos.

Alguns jovens percebem que o extracurricular faz parte de sua história no Colégio. Por exemplo, Matheus Gihad Khaled, do 7o ano B, que atual-mente participa das aulas de futsal, explica: “Faço extracurricular desde que estava na 1a série. Apren-di fundamentos de futebol, basquete, vôlei e han-debol, que nunca pensei que pudesse praticar. Isso é uma coisa diferente aqui no Santa. Eu pude ir me aprimorando com a ofi cina e, na 5a série, escolhi o futsal, esporte de que gosto muito.”

Alguns procedimentos já fazem parte da rotina do Colégio, como a apresentação dos cursos que

oferecemos no início do ano letivo para as famílias interessadas, sempre com participação signifi cativa. Muitas das pessoas presentes aproveitam esse mo-mento para conhecer a proposta dos professores, tirar dúvidas ou arriscar a fazer alguns movimentos na aula de ioga, entre várias opções.

O desempenho das crianças e dos jovens e o re-sultado do trabalho que os professores desenvolvem poderão ser apreciados nos dois grandes eventos de nosso departamento: o 9o Torneio Desportivo, de 22 a 26 de setembro, e a 10a Mostra de Arte, entre 24 de novembro e 1o de dezembro.

Nesses três anos em que acompanho o desem-penho das crianças e dos jovens, fi quei gratifi cada em descobrir bailarinas, atores, atrizes, esportistas, músicos, judocas e capoeiristas tão empenhados, esforçados e felizes com seu desempenho.

Adriana S. G. Tiziani, coordenadora dos cursos extracurriculares do Santa Maria

TALENTOS MUITO GRATIFICANTES

André atuando como monitor de um colega: parceria em que todos ganham.

Acima, treino de frescobol adaptado; no alto, Gabriel de Godoy Carmelo, do 2o E, durante aula de capoeira.

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INSERÇÃO SOCIAL

O s alunos do 3o ano do Ensino Fundamental iniciaram o projeto “Aprendendo com a me-lhor idade”, cujo principal objetivo é cons-

truir, em parceria com a família e a comunidade, o conceito do envelhecimento com dignidade, respei-to e preservação dos direitos fundamentais à vida.

Dentre as diversas atividades realizadas, merece destaque a participação no projeto das mulheres aposentadas da Vila Joaniza. A equipe de professo-res e funcionários visitou a comunidade São João, a fi m de produzir um vídeo para os alunos sobre a

A equipe do 3o ano visitou a Vila Joaniza (no alto) e conheceu

um grupo de senhoras que levam a vida

com coragem e determinação, como

dona Helena (ao lado).

importância da aposentadoria, e contou com os en-sinamentos das senhoras Josefa, Judite, Ivani, Nair, Helena e Jesuíta. Nas entrevistas concedidas, elas apresentaram dados cruciais para o trabalho e relata-ram a difi culdade de viver com um salário mínimo e o esforço necessário para sus ten tar a família que, em muitos casos, ainda vive com elas.

As imagens e informações coletadas na comuni-dade estão sendo organizadas em DVD e serão mos-tradas aos alunos como objeto de conhecimento e aprendizagem no decorrer das aulas. Depois, as apo-sentadas virão ao Colégio conversar com os alunos.

Todos terão a oportunidade de vivenciar uma ex-periência única, que educará não só as crianças, mas também toda a equipe, que poderá vivenciar um mo-mento signifi cativo de partilha e sabedoria com essas senhoras que nos ensinam, a cada contato, a impor-tância de envelhecer com coragem e dignidade.

Ana Cláudia Florindo, professora do 3o ano EF

VILA JOANIZA PRESENTE NO COTIDIANO DO 3O ANO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

E ducação ambiental, preservação da natureza, tratamento do lixo e consumo responsável: esses são os focos do trabalho do 4o ano em

2007. Esses temas deveriam aparecer com urgência também na agenda de cada cidadã e cidadão do Bra-sil e do mundo, como resposta às espantosas mu-danças que acontecem no planeta, que não suporta o ritmo de exploração que o homem lhe impõe.

Existem muitas maneiras de participar dessa luta ambiental. O início pode ser a transformação indi-vidual de hábitos – consumo excessivo de materiais, desperdício etc. Com essa meta, convidamos os alu-nos a uma refl exão sobre o papel que cada um de-sempenha ou pode vir a desempenhar em relação ao ambiente. As turmas do 4o ano tornaram-se parceiras da Cooperativa da Capela do Socorro (Coopercaps) na coleta seletiva de material reciclável, meio efi caz de preservação ambiental. A cooperativa tem como supervisor o senhor Joaquim Urias Sobrinho, que no dia 9 de fevereiro esteve no Colégio conversando com os alunos do 4o ano sobre a cooperativa.

Na primeira quinzena de março visitamos a coo-perativa. Durante uma semana, os alunos estiveram em contato com os cooperados e observaram o tra-balho de seleção e armazenamento do material reci-clável. Entrevistaram os cooperados e conheceram detalhes da vida deles, recebendo, ao mesmo tempo, um estímulo para realizar sistematicamente a coleta seletiva em casa e na escola. Passaram a selecionar e trazer material reciclável para o Colégio e, toda sex-ta-feira, o caminhão da cooperativa vem retirá-lo.

A responsabilidade pela preservação da natureza é de todos. Se cada um fi zer a sua parte, a Terra será um lugar melhor.

Mônica de Castro Capella Bardi e Vanini Andolfato Mesquita, professoras do 4o ano do Ensino Fundamental

Depois da visita dos alunos do 4o ano à Coopercaps (acima), já se percebem mudanças de hábitos e atitudes quanto ao meio ambiente, à solidariedade e à cidadania.

CONHECER PARA PRESERVAR

ENXERGANDO O LIXO DE OUTRO JEITO

“Nós, do 4o ano, estamos fazendo o projeto com a Coopercaps para melhorar o meio ambiente. No dia 9 de fevereiro, o senhor Joaquim veio nos visitar e falou sobre o funcionamento da Coopercaps e os problemas que o lixo causa. Quando visitamos a cooperativa, ele nos contou muito mais sobre a Coopercaps, e pude observar que quase todo o material reciclável é retirado da natureza, e aí eu vi a importância da reciclagem. Vi quantas coisas podemos fazer com material reciclável e quantas pessoas sobrevivem do lixo. Agora sei como a reciclagem é importante.”Gabriel Takeshi Medeiros Yamasaki, 4o ano A

“Esse projeto me ajudou a perceber que o mundo corre perigo.”Eduardo Stein Taniguti, 4o ano A

“Minha família sempre separa o lixo. Agora estamos ajudando as minhas irmãs a entender para também participarem.”Júlia Domingues Candelária, 4o ano A

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O QUE EU AMO NO SANTA

COLÉGIO SANTA MARIAAV. SARGENTO GERALDO SANTANA, 890/901JARDIM MARAJOARA – 04674-225 – SÃO PAULO – SP(11) 5687-4122, RAMAL 114 – WWW.COLSANTAMARIA.COM.BR

“Do que eu mais gosto no Santa é ter um bosque para pesquisar o nascimento e o crescimento das plantas, junto com meus amigos e minha amigas.” Paulo Henrique Ingegneri de Almeida, 1o ano

INSTITUTO DAS IRMÃS DA SANTA CRUZ

COLÉGIO SANTA MARIACOLÉGIO SANTA MARIA

“A Biblioteca é o nosso lugar preferido. Adoramos ler, porque é gostoso e desperta a nossa imaginação. Parece que nós fazemos parte das histórias! Estamos encantados com tantos livros.” Henrique Mesquita, 3o ano do Ensino Fundamental”

“O que eu amo no Santa são os amigos que conquistei e a paz que encontrei.” Ananda Koja, 8o ano F (à esquerda)“Estudo no Santa há oito anos, desde o Pré. Em cada canto tem um pouco da minha história, no campão, no teatro, na capela, no Tronco da Amizade e na 6a D, que foi a melhor classe até hoje. Amo muito tudo isso.” Giullia Marino, 8o F (acima, à direita)