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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DE SÃO PAULO CAPITAL Entre as sociedades modernas, esse grande aparelho de elaboração e depuração reside na publicidade organizada, universal e perene: a imprensa. Eliminai-a da economia desses seres morais, eliminai-a, ou envenenai-a, e será como se obstruísseis as vias respiratórias a um vivente, ou pusésseis no vazio, ou o condenásseis à inspiração de gases letais. Tais são os que uma imprensa corrupta ministra aos espíritos, que lhe respiram as exalações perniciosas. Um país de imprensa degenerada ou degenerescente é, portanto, um país cego e um país miasmado, um país de idéias falsas e sentimentos pervertidos, um país, que, explorado na sua consciência, não poderá lutar com os vícios, que lhe exploram as instituições. [...] Mas o fino da esperteza consistiria, principalmente, em que, contestando a imprensa com a imprensa, fronteando com a imprensa veraz a imprensa professa na mentira, açulando contra a imprensa incorrupta uma imprensa de todas as corrupções, lograria este sistema desatinar a opinião pública, deixá-la muitas vezes indecisa entre o rasto da verdade e o da mentira, ou, muitas outras, induzi- la a tomar a pista falsa pela verdadeira. ("A imprensa e o dever de verdade" - Rui Barbosa) 1 CANAL TL PRODUCAO DE VIDEOS E CURSOS LTDA (TERÇA LIVRE), inscrita no CNPJ nº .............. e ALLAN LOPES DOS SANTOS, brasileiro, casado, jornalista, sócio e representante do Terça Livre, inscrito no CPF de nº ..............................., ambos com endereço comercial à ....... ........................................, vêm a V. Ex.ª, por seus advogados (procuração anexa), com escritório à .................... .......................... ............. .. , propor a seguinte AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER em face de PATRÍCIA TOLEDO DE CAMPOS MELLO, brasileira, jornalista, ..................................., FOLHA DA MANHÃ S/A, inscrita no CNPJ ................, (matriz), ambos com sede de redação e administração à ........................................................ ......... e UNIVERSO ONLINE S/A, inscrita no CNPJ .................., com endereço à ...................................... ............ ... ........ ... ............. .. .. , tudo pelos fatos e fundamentos que passa a expor: 1 Disponível em: (http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/rui_barbosa/FCRB_RuiBarbosa_AImprensa_eo_dever_da_verdade.pdf )

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DE SÃO PAULO CAPITAL

Entre as sociedades modernas, esse grande aparelho de elaboração e depuração reside na publicidade organizada, universal e perene: a imprensa. Eliminai-a da economia desses seres morais, eliminai-a, ou envenenai-a, e será como se obstruísseis as vias respiratórias a um vivente, ou pusésseis no vazio, ou o condenásseis à inspiração de gases letais. Tais são os que uma imprensa corrupta ministra aos espíritos, que lhe respiram as exalações perniciosas. Um país de imprensa degenerada ou degenerescente é, portanto, um país cego e um país miasmado, um país de idéias falsas e sentimentos pervertidos, um país, que, explorado na sua consciência, não poderá lutar com os vícios, que lhe exploram as instituições. [...] Mas o fino da esperteza consistiria, principalmente, em que, contestando a imprensa com a imprensa, fronteando com a imprensa veraz a imprensa professa na mentira, açulando contra a imprensa incorrupta uma imprensa de todas as corrupções, lograria este sistema desatinar a opinião pública, deixá-la muitas vezes indecisa entre o rasto da verdade e o da mentira, ou, muitas outras, induzi-la a tomar a pista falsa pela verdadeira. ("A imprensa e o dever de verdade" - Rui Barbosa)1

CANAL TL PRODUCAO DE VIDEOS E CURSOS LTDA (TERÇA LIVRE), inscrita

no CNPJ nº .............. e ALLAN LOPES DOS SANTOS, brasileiro, casado,

jornalista, sócio e representante do Terça Livre, inscrito no CPF de nº

..............................., ambos com endereço comercial à .......

........................................, vêm a V. Ex.ª, por seus

advogados (procuração anexa), com escritório à ....................

.......................... ............. .. , propor a seguinte

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER

em face de PATRÍCIA TOLEDO DE CAMPOS MELLO, brasileira, jornalista,

..................................., FOLHA DA MANHÃ S/A, inscrita no

CNPJ ................, (matriz), ambos com sede de redação e

administração à ........................................................

......... e UNIVERSO ONLINE S/A, inscrita no CNPJ ..................,

com endereço à ...................................... ............ ...

........ ... ............. .. .. , tudo pelos fatos e fundamentos

que passa a expor:

1 Disponível em: (http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/rui_barbosa/FCRB_RuiBarbosa_AImprensa_eo_dever_da_verdade.pdf)

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DOCUMENTOS QUE INSTRUEM ESTA AÇÃO

1. Matéria publicada na edição de 09/05/2020 do jornal Folha de São Paulo, capa e página A4: Verba publicitária de Bolsonaro irrigou sites de jogos de azar e de fake news na reforma da Previdência; 2. Verbas de publicidade Folha de São Paulo e UOL (dados IAP); 3. Reportagem DCM - Diário do Centro do Mundo “Frota: ‘Allan dos Santos recebe dinheiro do governo e mente ao dizer que não’”, de 09/05/2020; 4. Verbas de publicidade Revista IstoÉ (dados IAP); 5. Reportagem Revista IstoÉ “Verba publicitária de Bolsonaro abasteceu sites de jogos de azar e fake news, diz jornal”, de 09/05/2020; 6. Verbas de publicidade DCM-Diário do Centro do Mundo (dados IAP); 7. Reportagem DCM-Diário do Centro do Mundo “Governo Bolsonaro gastou verba de publicidade até com sites de jogos de azar e fake news” de 09/05/2020; 8. Verbas de publicidade Revista Fórum (dados IAP); 9. Reportagem Revista Fórum “Bolsonaro gastou dinheiro público em sites de fake news e jogo do bicho para fazer propaganda da reforma da Previdência”, de 09/05/2020; 10. Verbas de publicidade portal Brasil247 (dados IAP); 11. Reportagem portal Brasil247 “Verba publicitária sobre reforma da Previdência irrigou sites de fake news, infantis e até de jogo do bicho”, de 09/05/2020; 12. Código de Ética dos jornalistas FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas, 2010).

I - DO RITO

Sabidamente, a ação de direito de resposta possui o rito especial

da Lei 13.188/15. Contudo, sendo o direito de resposta um direito

constitucional (art. 5º, V da CRFB) de “eficácia plena” (ADPF 130), nada

obsta, portanto, que seja exigido em ação de obrigação se fazer no rito

ordinário com a inteligência do art. 12 da Lei 13.188/15 2.

II - DOS FATOS

De 06 de junho a 13 de julho de 2019, o Terça Livre TV recebeu, via

Google AdSense, 1.447 anúncios da campanha Nova Previdência, tendo

recebido em tese (não há confirmação de pagamento) o valor de R$ 21,4

(vinte um reais e quatro centavos) do Google AdSense.

2 Art. 12. Os pedidos de reparação ou indenização por danos morais, materiais ou à imagem serão deduzidos em ação própria, salvo se o autor, desistindo expressamente da tutela específica de que trata esta Lei, os requerer, caso em que o processo seguirá pelo rito ordinário.

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Em 09/05/2020, foi publicada pelas Rés a matéria intitulada “Verba

publicitária de Bolsonaro irrigou sites de jogos de azar e de fake news

na reforma da Previdência”3(doc. 1).

Na matéria, sem qualquer cautela, as Rés:

(i) submetem o canal do YouTube protagonizado pelo Autor – Terça

Livre TV 4 a um rol de veículos definidos como “fake news”;

(ii) dão a entender que o governo direcionou verbas de publicidade

para aliados políticos.

(iii) insinuam ser o Autor beneficiário de verbas de publicidade do

Governo Federal e

(iv) utilizam-se das palavras proferidas pelo Autor em depoimento

na CPMI no intuito de desacreditá-lo ou, ainda, sugerir contradição da

sua fala.

Ocorre que, infelizmente, OU a matéria redigida não é dotada de

animus informandi, tendo as Rés optado pelo animus diffamandi ao trazer

uma redação maliciosa com propósito de atacar a imagem e a honra do

Autor OU por negligência e imprudência, não houve suficiente apuração

dos fatos, senão vejamos:

Atendo-se aos fatos, é preciso compreender a dinâmica dos gastos do

Governo Federal com publicidade na campanha da Nova Previdência.

II.I - DAS RELAÇÕES CONTRATUAIS

É fato que o Governo Federal contrata campanha publicitária

exclusivamente com a agência de publicidade vencedora de licitação para

esse fim, no caso da campanha da Nova Previdência, a vencedora do

certame foi a Artplan Comunicação S/A, CNPJ 33.673.286/0004-785.

3 Matéria com destaque de capa na versão impressa. Disponível na versão online em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/05/verba-publicitaria-de-bolsonaro-irrigou-sites-de-jogos-de-azar-e-de-fake-news-na-reforma-da-previdencia.shtml> que foi compartilhada nos perfis do Twitter @folha, disponível em: <https://twitter.com/folha/status/1258966685127761922> e @UOLNoticias, disponível em: <https://twitter.com/UOLNoticias/status/1259068922898382849>. 4 Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UC7qK1TCeLAr8qOeclO-s39g. 5 Contrato 29/2017, Processo nº 00170.000307/2016-24, e respectivos Termos Aditivos 01 a 06. Disponível em: http://www.secom.gov.br/acesso-a-informacao/licitacoes-e-contratos/contratos-de-publicidade-1

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Já a Artplan comprou espaços de publicidade na internet pelo Google

Ads, uma solução de publicidade on-line que empresas usam para promover

produtos e serviços na internet 6.

Neste quadro, então, o que vemos é uma relação jurídica na qual o

Governo Federal figura como contratante e a agência de publicidade

Artplan, como contratada.

Segundo Plácido e Silva 7, a definição de CONTRATO considera que:

(...) O contrato, pois, ocorre quando as partes contratantes, reciprocamente, ou uma delas assume a obrigação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Evidencia-se, por isso, que o contrato tem por efeito principal a criação de obrigações, que são assumidas pelas partes contratantes ou por uma delas. Em razão disso, fundamentalmente, o concurso de vontades das partes contratantes (consentimento) mostra-se elemento de valia para a sua feitura. (...) Sem a manifestação da vontade das partes contratantes, isto é, sem o consentimento delas, que tanto pode ser expresso, como tácito (Vide: Consentimento), não se forma o contrato.(...)

Destarte, tendo havido um CONTRATO (concurso de vontade) entre o

Governo Federal e a agência Artplan, é correto afirmar que Governo

Federal remunerou a Artplan para a execução da campanha da Nova

6 Disponível em: https://ads.google.com/intl/pt-BR_br/home/faq/ 7 Silva, De Plácido e Vocabulário Jurídico / atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho - Rio de Janeiro, 2007.

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Previdência, ou, noutras palavras, que a Artplan recebeu verbas de

publicidade do Governo Federal.

Então, como é possível atribuir ao Autor o recebimento de verbas do

governo e ainda insinuar que o Autor mentiu no depoimento à CMPI?

As Rés, seja por animus diffamandi, seja por negligência e

imprudência na apuração dos fatos, induzem o leitor a crer que o Autor

recebeu dinheiro do Governo com a afirmação de que o Terça Livre TV

recebeu 1.447 anúncios do Governo, logo, Allan dos Santos teria mentido

na CPMI.

Ocorre que esse raciocínio das Rés é enganoso, pois, a relação

jurídica que permitiu que anúncios do Governo Federal fossem veiculados

na página de internet do Autor é uma relação jurídica diversa da relação

estabelecida entre o governo e a agência de publicidade, senão vejamos:

O Autor é um cliente do Google AdSense 8, ferramenta para os sites

de internet na qual os produtores de conteúdo da Web vendem seu espaço

na internet para a veiculação de anúncios.

Assim, existe, pois, um CONTRATO (concurso de vontades) entre o

Autor e o Google AdSense.

8 Disponível em: https://www.google.es/adsense/start/

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Destarte, é correto afirmar que o Google AdSense remunera o Autor

na compra e venda de espaço em seu site que é utilizado para veicular

publicidade dos mais diversos anunciantes.

Ou seja, o Autor NÃO contrata (concurso de vontades) com os

anunciantes clientes do Google. O Autor contrata apenas com o Google

AdSense, não havendo então qualquer relação jurídica do Autor com os

anunciantes.

Vale esclarecer ainda que o Autor NÃO decide sequer quais anúncios

serão exibidos no seu site 9, pois a ferramenta AdSense usa um sistema de

leilão virtual de anúncios 10 que seleciona automaticamente os anúncios

exibidos.

Ressalte-se que todas as informações acima, que deixaram de constar

da matéria das Rés, estão disponíveis no site do Google para a consulta.

Vejamos um print da página sobre as características do AdSense:

Nessa dinâmica, em resumo:

O Governo Federal é cliente da Artplan agência de publicidade;

A Artplan é cliente do Google Ads;

O Autor é cliente do Google AdSense, NÃO havendo, pois, qualquer

contrato (concurso de vontades) do Autor - Terça Livre com o

Governo Federal;

9 Eu preciso escolher quais anúncios exibir no meu site? - Disponível em: https://support.google.com/adsense/answer/6242051?hl=pt-BR&ref_topic=1319753 10 Sobre o leilão de anúncios: https://support.google.com/adsense/answer/160525

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O Autor não participa de contrato de publicidade com o governo; não

venceu licitação específica para esse fim; não manifesta vontade em

contratar (aspecto volitivo) com o governo e não assume qualquer

obrigação com o governo, NÃO sendo possível, de boa-fé, afirmar que

o Autor recebeu dinheiro do governo.

Ainda que a demasia, imagine-se que o Governo pague auxílio

emergencial (COVID) a um cidadão. Esse cidadão efetua uma compra no

comércio local e o dono do comércio local compra um carro de luxo.

Seria correto afirmar que o auxílio emergencial do Governo

favoreceu a compra de carro de luxo por empresário?

Notadamente, tal afirmação induz o leitor a compreender que o valor

do auxílio emergencial foi entregue a empresário para compra de carro de

luxo, quando, na realidade, não há causalidade adequada entre o auxílio

emergencial do governo recebido por cidadão e a compra do carro pelo

empresário.

Da mesma forma, não há causalidade adequada entre as verbas de

publicidade federal pagas para a Artplan e os valores supostamente

recebidos pelo Autor via Google AdSense.

Não obstante, o Terça Livre possui como valor agregado a diretriz

de manter-se exclusivamente com financiamento privado - sem verbas

governamentais 11.

Essa diretriz é reiterada diariamente, em todas as transmissões

realizadas pelo Terça Livre 12.

Deste modo, o Terça Livre tem sido voz ativa no debate público,

posicionando-se enfaticamente contra o pagamento de verbas de

publicidade do Governo Federal nos veículos de mídia, como é o caso das

Rés.

11 Nesse sentido, é o enunciado 13 da DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS SOBRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO DA OEA. “13. A utilização do poder do Estado e dos recursos da fazenda pública; a concessão de vantagens alfandegárias; a distribuição arbitrária e discriminatória de publicidade e créditos oficiais; a outorga de freqüências de radio e televisão, entre outras, com o objetivo de pressionar e castigar ou premiar e privilegiar os comunicadores sociais e os meios de comunicação em função de suas linhas de informação, atentam contra a liberdade de expressão e devem estar expressamente proibidas por lei. Os meios de comunicação social têm o direito de realizar seu trabalho de forma independente. Pressões diretas ou indiretas para silenciar a atividade informativa dos comunicadores sociais são incompatíveis com a liberdade de expressão” (Disponível em: http://www.oas.org/pt/cidh/expressao/showarticle.asp?artID=26&lID=4 ). 12 Vale conferir no link o comercial padrão nas exibições do Terça Livre: https://www.youtube.com/watch?v=IDMIhljdk7M&t=23s

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Conforme os dados do IAP 13, o Grupo Folha recebeu R$ 503.808.021,58 14 de verbas de publicidade federal entre os anos de 2000/2016.

Receita anual com verbas da publicidade do

governo federal para o Grupo Folha (Folha de São Paulo e portal UOL)

2016 R$ 18.219.396,30 2015 R$ 30.543.874,35 2014 R$ 36.515.648,82 2013 R$ 33.914.674,50 2012 R$ 35.047.582,76 2011 R$ 28.931.285,44 2010 R$ 32.105.323,97 2009 R$ 31.807.747,41 2008 R$ 26.125.548,80 2007 R$ 22.513.337,76 2006 R$ 21.026.548,38 2005 R$ 24.276.835,90 2004 R$ 29.936.951,69 2003 R$ 19.448.745,46 2002 R$ 22.615.834,93 2001 R$ 31.393.454,12 2000 R$ 59.385.230,99

Total 2016/2000 R$ 503.808.021,58

Atualizado 06/2020 R$ 597.735.470,08

13 IAP - Instituto para a Acompanhamento da Publicidade - Entidade paraestatal que monitorava os gastos com publicidade do governo federal até março de 2017. 14 Segundo os dados consolidados pelo Instituto de Acompanhamento da Publicidade entre os anos de 2000 e 2016, conforme apurado e publicado pelo jornalista Fernando Rodrigues em: https://www.poder360.com.br/midia/acesse-a-integra-dos-arquivos-sobre-publicidade-da-uniao-de-2000-a-2016/ . Valores atualizados pelo IGP-M até 2016. (doc. 2)

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Assim, ao induzir o leitor a crer que Autor recebeu dinheiro do

Governo as Rés prejudicam o Autor, fazendo pairar sobre ele a pecha de

mentiroso (e até criminoso), prejudicando ainda a empresa Terça Livre,

aviltando conceito importante da marca que está intimamente ligado à

reputação comercial da mesma.

Não obstante, a matéria das Rés induz o leitor a crer que o

governo direcionou verbas de publicidade para aliados políticos. Ocorre,

porém, que o simples exame do documento citado na matéria (PLANILHA DA

SECOM) é suficiente para comprovar que isso não ocorreu, senão vejamos:

II.II - DA PLANILHA DA SECOM

Ad argumentandum tantum, consideremos o seguinte texto:

Deputado Paulo Pimenta (PT) nega ter recebido dinheiro de Bolsonaro

para divulgar a reforma da previdência.

Planilha da SECOM, porém, comprova que Paulo Pimenta, deputado

federal, líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, foi irrigado

com verbas de Bolsonaro para divulgar a reforma da previdência.

No texto, todos os “elementos de informação” possuem lastro na

realidade, contudo, devido a combinação de (i) ardil semântico e (ii)

omissão deliberada, o texto desinforma e induz o leitor a crer numa

falsa realidade.

Nessa falsa realidade, Paulo Pimenta, homem da política, pessoa de

convicções ideológicas, homem que trabalhou para obstruir a votação da

reforma da previdência, homem que votou contra a reforma da previdência,

aparece como um traidor das próprias convicções, de seus representados e

do seu partido (PT).

Afinal, por que afirmamos que a matéria acima possui “elementos de

informação” com lastro na realidade?

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Simples, o “Canal da Resistência” 15, que pertence ao Deputado Paulo

Pimenta, consta na PLANILHA DA SECOM 16, tendo recebido 26.778 17 anúncios

da Reforma da Previdência.

Oras, mas é a mesma PLANILHA DA SECOM objeto da reportagem das Rés?

Sim. É a mesma planilha. E na mesma planilha nós encontramos vários

canais/sites que são críticos e até opositores ao governo, tais como:

Canal Filósofo Paulo Ghiraldelli com 17.278 18 anúncios da Reforma

da Previdência.

Site da Revista Forum com 54.876 19 anúncios da Reforma da Previdência.

Site Diário do Centro do mundo com 1.601 anúncios da Reforma da

Previdência.

Canal Catraca Livre com 10.965 20 anúncios da Reforma da

Previdência.

Site ISTOÉ com 25.494 21 anúncios da Reforma da Previdência.

Site O ANTAGONISTA com 22.348 22 anúncios da Reforma da Previdência; 15 Canal da Resistência - Paulo Pimenta. Disponível em: < http://youtube.com/channel/UC9dBF5Mxf5pMAc7fXdEi8AQ >. 16 A planilha encontra-se disponível para download no site do Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-SIC) – na parte final do processo nº 00077.003303/2019-17, em: <http://www.consultaesic.cgu.gov.br/busca/dados/Lists/Pedido/Item/displayifs.aspx?List=0c839f31-47d7-4485-ab65-ab0cee9cf8fe&ID=824047&Web=88cc5f44-8cfe-4964-8ff4-376b5ebb3bef>. 17 18,5 vezes mais anúncios que o Autor (1.447). 18 11,9 vezes mais anúncios que o Autor (1.447). 19 37,9 vezes mais anúncios que o Autor (1.447). 20 7,5 vezes mais anúncios que o Autor (1.447). 21 17,6 vezes mais anúncios que o Autor (1.447).

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Canal TV 247, com 395 anúncios da Reforma da Previdência.

Canal MBL com 10 anúncios da Reforma da Previdência.

Canal Nando Moura com 60 anúncios da Reforma da Previdência.

Nessa vereda, com tantos sites e canais de críticos e opositores ao

governo, o que motivou o destaque do Autor na matéria das Rés? Por que

nenhum site/canal de crítico/opositor do governo que consta na PLANILHA

da SECOM foi mencionado na matéria?

Por que as Rés omitiram os valores supostamente pagos pelo Google

AdSense aos sites/canais da internet que constam da Planilha? Será que a

matéria teria a mesma repercussão caso as Rés apontassem o valor

supostamente recebido pelo Autor (R$ 21,4 vinte um reais e quatro

centavos) via Google AdSense?

Estariam as Rés interessadas em atacar o modelo atual de

distribuição de publicidade via internet? Haveria um viés ideológico

obnubilando o profissionalismo das Rés? Ou as Rés, por falta de cautela,

não checaram o documento primário que embasou a matéria?

Qualquer que sejam as respostas aos questionamentos, notadamente,

do exame da PLANILHA da SECOM, resta claro que NÃO HOUVE direcionamento

de publicidade para apoiadores do governo, como a matéria induz a crer.

Noutro giro, como já esclarecemos, a remuneração de sites/canais é

feita pelo Google AdSense, com distribuição de impressões por algoritmo,

num leilão virtual, sem contrato entre os sites e o Governo Federal.

Entender de forma diversa é considerar que o deputado Paulo Pimenta

(e outros), líder do PT na Câmara, recebeu dinheiro do Governo para

divulgar a Nova previdência, o que não merece prosperar.

Assim, duas hipóteses se abrem no caso em tela:

A) OU a matéria redigida não é dotada de animus informandi, tendo

as Rés optado pelo animus diffamandi, trazendo uma redação

maliciosa com propósito de atacar a imagem e a honra do Autor,

22 15,5 vezes mais anúncios que o Autor (1.447).

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B) OU por negligência e imprudência, não houve suficiente apuração

dos fatos com esclarecimento das relações contratuais existentes na

campanha da Nova Previdência, nem exame do documento primário da

matéria (PLANILHAS DA SECOM).

De todo caso, a matéria veiculada ofende publicamente o requerente

em sua dignidade e reputação, tudo feito sem sequer ouvi-lo previamente.

II.III - DA REPERCUSSÃO DA MATÉRIA

A primeira Ré não apenas compartilhou, como também comentou a

matéria em seu perfil @camposmello no Twitter, esforçando-se a destacar

parte da matéria que trata do Autor, confira-se:

URL: https://twitter.com/camposmello/status/1259106405526712320

Notadamente, a repercussão de tal matéria foi enorme. Somente no

Twitter da primeira Ré, em que ela não apenas divulgou a matéria em

questão como também a comentou (vale frisar), foram 1.000 (mil)

comentários e retweets e 3,6 mil curtidas.

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Só na parte que se se refere ao Autor, foram 740 comentários, 463

retweets e 1,7 mil curtidas. Vale conferirmos alguns comentários:

URL: https://twitter.com/RafalimaAlves/status/1259115207328227329

URL: https://twitter.com/ROVENAGMARSHALL/status/1259221300545032195

URL: https://twitter.com/marcoacacao/status/1259109633454637056

URL: https://twitter.com/Joaocf1988/status/1259111427597533184

URL: https://twitter.com/EngDeEsquerda/status/1259162651776757761

URL: https://twitter.com/docasteloalto/status/1259107812896133120

Ainda no Twitter, na postagem da Folha de S. Paulo foram 166

comentários, 1,3 mil retweets e 4,2 mil curtidas, disponível em:

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URL: https://twitter.com/folha/status/1258966685127761922

Já na conta do Twitter da Folha Poder, foram 66 comentários, 576

retweets e 1,9 mil curtidas, disponível em:

URL: https://twitter.com/folha_poder/status/1258955864146358272

No Twitter UOL Notícias, 101 comentários e retweets e 325

curtidas, disponível em:

URL: https://twitter.com/UOLNoticias/status/1259068922898382849

Já a página da Uol Notícias do Facebook, que conta com 5,9 milhões

de seguidores, a matéria teve 1,3 mil curtidas, 518 comentários e 839

compartilhamentos, disponível em:

URL: https://www.facebook.com/UOLNoticias/posts/4247853055229478

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Vale destacar alguns comentários no site da segunda Ré, disponível

em:

URL: https://comentarios1.folha.uol.com.br/comentarios/6135285?skin=folhaonline

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Voltando ao Twitter, vale mencionar o compartilhamento de

jornalistas como Guga Chácara (101 comentários, 524 retweets e 2,8 mil

curtidas) e Xico Sá (27 comentários, 365 retweets e 1,3 mil

curtidas)23.

Também no mesmo dia da publicação das Rés, Nando Moura, músico e

Yutuber, com 286.171 seguidores no Twitter e 3,22 milhões de inscritos

no YouTube publicou o seguinte comentário e o trecho da matéria:

QUE VERGONHA. A VERDADE VAI TODA APARECER. “O canal de YouTube Terça Livre TV, que pertence ao blogueiro Allan dos Santos, consta na planilha da Secom de veículos que receberam anúncios do governo. Segundo o documento, houve 1.447 anúncios no canal."

URL: https://twitter.com/moura_101/status/1259075327881551874

Seu Tweet somou 374 comentários e retweets e 2,5 mil curtidas.

23 Perfis do Twitter: @xicosa, disponível em Link: https://twitter.com/xicosa/status/125909183675856486, e @gugachacra, disponível em: https://twitter.com/gugachacra/status/1259143428547448832.

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Seu segundo Tweet, com outro trecho da matéria das Rés, somou 81

comentários e retweets e 1,2 mil curtidas. Destaque de comentários:

URL: https://twitter.com/Alexmabastos/status/1259077436983083008

URL: https://twitter.com/luizlopes_ba/status/1259163923129008128

URL: https://twitter.com/olhosalvinegros/status/1259086692528590853

URL: https://twitter.com/renanmsousa/status/1259076379695632391

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URL: https://twitter.com/jaimelevita/status/1259075777724854278

URL: https://twitter.com/ZecaSinatra/status/1259146698703634433

URL: https://twitter.com/ZecaSinatra/status/1259146698703634433

URL: https://twitter.com/john_sotnas/status/1259224884934254593

Também no YouTube, a matéria das Rés serviu de base para

comentários pejorativos sobre o Autor em vídeo de Nando Moura.

URL: https://www.youtube.com/watch?v=Z66T14KKym0

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Outro veículo de grande alcance nas redes sociais que reproduziu a

matéria das Rés foi o site O ANTAGONISTA, que conta com mais de 1,2

milhões de seguidores no Twitter.

A reprodução de O ANTAGONISTA teve 604 retweets e 2,1 mil curtidas,

com retweets de FELIPE MOURA BRASIL e ALEXANDRE FROTA. disponível em: O

ANTAGONISTA https://twitter.com/o_antagonista/status/1259157490157129729

; FELIPE MOURA BRASIL

https://twitter.com/FMouraBrasil/status/1259172762788212736 e ALEXANDRE

FROTA https://twitter.com/alefrota77/status/1259180513836838927.

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Destaque de comentários:

URL: https://twitter.com/Alexandr_FCosta/status/1259174366664888321

URL: https://twitter.com/alander1989/status/1259180723887579143

URL: https://twitter.com/souzaailtonsou1/status/1259192818557497345

O Tweet do deputado foi destacado em publicação do DIÁRIO DO CENTRO

DO MUNDO com o título: “Frota: “Allan dos Santos recebe dinheiro do

governo e mente ao dizer que não” 24.

Nas redes sociais do deputado/SP “Mamãe Falei”, a publicação das

Rés serviu de matéria prima para comentários pejorativos sobre o Autor

em vídeo:

No Youtube com 361.643 visualizações, 51 mil curtidas:

https://www.youtube.com/watch?v=gJ_aQ5rsSkQ;

No Instagram do deputado com 79.200 curtidas

https://www.instagram.com/tv/CADUlC7AqtK/;

Também no Facebook do deputado

https://www.facebook.com/mamaefalei/posts/2669740143260324:

24 Disponível em: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/frota-allan-dos-santos-recebe-dinheiro-do-governo-e-mente-ao-dizer-que-nao/ (doc. 3).

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No Facebook do MBL o mesmo vídeo aqui

https://www.facebook.com/mblivrerj/posts/2594574290790890 e aqui

https://www.facebook.com/mblivrecaxias/posts/233557975007532:

No Instagram do MBL, com 6.429 curtidas, disponível em:

URL: https://www.instagram.com/p/B_-sc92gHy1/

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Cabe esclarecer que, conforme divulgado pela imprensa 25, o site

Brasil 247 foi acusado de receber propina do “petrolão” em troca de

apoio ao Partido dos Trabalhadores. A comparação, notadamente, possui

caráter pejorativo.

Noutro giro, merece destacar que a notícia das Rés serviu de

matéria prima para compartilhamento em outros veículos da imprensa

nacional.

A revista ISTOÉ que recebeu R$ 296.300.270,86 verbas de publicidade

federal entre os anos de 2000/2016 26 publicou o seguinte texto: “Verba

publicitária de Bolsonaro abasteceu sites de jogos de azar e fake news,

diz jornal“ 27.

O site DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO, veículo que recebeu R$ 1.408.079

de verbas de publicidade federal entre os anos de 2013/2016 28 publicou

seguinte texto: “Governo Bolsonaro gastou verba de publicidade até com

sites de jogos de azar e fake news“ 29.

Já o site REVISTA FÓRUM, que recebeu R$ 4.201.695,24 de verbas de

publicidade federal entre os anos de 2003/2016 30, publicou: “Bolsonaro

25 Disponível em : Revista Veja <https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/site-brasil-247-recebeu-dinheiro-do-petrolao-a-pedido-do-pt-diz-despacho-do-juiz-moro/>; O Globo <https://oglobo.globo.com/brasil/editora-247-recebeu-propina-pedido-de-vaccari-diz-moro-em-despacho-17065296>; Congresso em Foco <https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/editora-247-recebeu-propina-a-pedido-de-vaccari-diz-lobista/>; Gazeta do Povo <https://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/editora-247-recebeu-propina-para-apoiar-o-pt-diz-moro-em-despacho-484hcz7s7di5r4itf36maoe6s/>; Folha de São Paulo

<https://m.folha.uol.com.br/poder/2015/08/1663849-delator-na-lava-jato-diz-ter-pago-site-pro-governo-com-dinheiro-de-propina.shtml>; e O Antagonista <https://www.oantagonista.com/brasil/os-colaboradores-de-lula/>.

26 Segundo os dados consolidados pelo Instituto de Acompanhamento da Publicidade entre os anos de 2000 e 2016, conforme apurado e publicado pelo jornalista Fernando Rodrigues em: https://www.poder360.com.br/midia/acesse-a-integra-dos-arquivos-sobre-publicidade-da-uniao-de-2000-a-2016/ . Valores atualizados pelo IGP-M até 2016 (doc. 4). 27 Disponível em https://istoe.com.br/verba-publicitaria-de-bolsonaro-abasteceu-sites-de-jogos-de-azar-e-fake-news-diz-jornal/ (doc. 5). 28 Segundo os dados consolidados pelo Instituto de Acompanhamento da Publicidade entre os anos de 2000 e 2016, conforme apurado e publicado pelo jornalista Fernando Rodrigues em: https://www.poder360.com.br/midia/acesse-a-integra-dos-arquivos-sobre-publicidade-da-uniao-de-2000-a-2016/ . Valores atualizados pelo IGP-M até 2016 (doc. 6). 29 Disponível em https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/governo-bolsonaro-gastou-verba-de-publicidade-ate-com-sites-de-jogos-de-azar-e-fake-news/ (doc. 7). 30 Segundo os dados consolidados pelo Instituto de Acompanhamento da Publicidade entre os anos de 2000 e 2016, conforme apurado e publicado pelo jornalista Fernando Rodrigues em: https://www.poder360.com.br/midia/acesse-a-integra-dos-arquivos-sobre-publicidade-da-uniao-de-2000-a-2016/ Valores atualizados pelo IGP-M até 2016 (doc. 8).

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gastou dinheiro público em sites de fake news e jogo do bicho para fazer

propaganda da reforma da Previdência” 31.

Também o site BRASIL 247, que recebeu R$ 6.745.767,05 de verbas de

publicidade federal entre os anos de 2011/2016 32, publicou: “Verba

publicitária sobre reforma da Previdência irrigou sites de fake news,

infantis e até de jogo do bicho”33.

Destaque de comentários do site Brasil 247:

Notadamente, é impossível nos dias de hoje rastrear e indicar de

maneira exaustiva todos os espaços de circulação da matéria maliciosa

das Rés, mas é de se supor que outros veículos tenham reverberado a

matéria. Aqui, citamos alguns pela indicação de links da internet:

1. https://muitainformacao.com.br/post/9409-verba-publicitaria-de-

bolsonaro-irrigou-sites-de-jogos-de-azar-e-de-fake-news-na-reforma-

da-previdencia;

2. https://www.folhadedourados.com.br/noticias/brasil-mundo/verba-

publicitaria-de-bolsonaro-irrigou-sites-de-jogos-de-azar-e-de-fake-

news-na-reforma-da-previdencia;

3. https://www.bahianoticias.com.br/noticia/248100-bolsonaro-irrigou-

sites-de-jogos-de-azar-e-fake-news-com-publicidade-da-

previdencia.html;

31 Disponível em: https://revistaforum.com.br/politica/bolsonaro/bolsonaro-gastou-dinheiro-publico-em-sites-de-fake-news-e-jogo-do-bicho-para-fazer-propaganda-da-reforma-da-previdencia/ (doc. 9). 32 Segundo os dados consolidados pelo Instituto de Acompanhamento da Publicidade entre os anos de 2000 e 2016, conforme apurado e publicado pelo jornalista Fernando Rodrigues em: https://www.poder360.com.br/midia/acesse-a-integra-dos-arquivos-sobre-publicidade-da-uniao-de-2000-a-2016/ Valores atualizados pelo IGP-M até 2016 (doc. 10). 33 Disponível em: https://www.brasil247.com/brasil/verba-publicitaria-sobre-reforma-da-previdencia-irrigou-sites-de-fake-news-infantis-e-ate-de-jogo-do-bicho-3hchy95e (doc. 11).

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4. https://lfnews.com.br/bolsonaro-irrigou-sites-de-jogos-de-azar-e-

fake-news-com-publicidade-da-previdencia/;

5. https://popularmais.com.br/noticia/2550/verba-publicitaria-de-

bolsonaro-sobre-reforma-da-previdencia-irrigou-sites-de-jogo-do-

bicho-fake-new.html;

6. http://claudiotognolli.com.br/verba-publicitaria-sobre-reforma-da-

previdencia-irrigou-sites-de-fake-news-infantis-e-ate-de-jogo-do-

bicho/;

7. https://vermelho.org.br/2020/05/27/bolsonaro-tem-publicidade-em-

sites-de-fake-news-e-ate-de-jogo-do-bicho/;

8. https://www.esmaelmorais.com.br/2020/05/bolsonaro-gasta-com-

publicidade-em-sites-de-fake-news-e-ate-jogo-do-bicho-diz-pt/.

II.IV - AFINAL O QUE É O TERÇA LIVRE?

Criado por quatro amigos numa terça-feira, em 17 de novembro de

2014, o Terça Livre nasceu com a simples proposta de comentar, sempre às

terças-feiras e em transmissões ao vivo pela internet, as principais

notícias veiculadas na grande mídia.

Sem qualquer experiência com transmissões ao vivo pela internet,

equipamentos precários e nenhum roteiro, o início do Terça Livre foi

muito atrapalhado e divertido.

Porém, apesar da péssima qualidade técnica das transmissões, aos

poucos, o número de pessoas que acompanhavam o Terça Livre crescia e o

público do programa passou a financiar pequenas melhorias nos

equipamentos através das plataformas apoia.se

(https://www.apoia.se/tercalivre) e patreon

(https://www.patreon.com/tercalivre)

Pessoas fatigadas com o formato enlatado do jornalismo convencional

encontravam no Terça Livre um canal onde as notícias eram apresentadas

de maneira honesta e sem o script envernizado de meros leitores de

teleprompter, pois o Terça Livre nunca escondeu sua identificação com

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valores cristãos e conservadores, nem sua indignação com o panorama

político.

O público do Terça Livre passou a demandar por uma plataforma que

reunisse o conteúdo dos vídeos e assim nasceu o portal de notícias do

Terça Livre https://www.tercalivre.com.br/.

Desde o início, o público participava ativamente das transmissões

ao vivo do Terça Livre, sempre interagindo com os apresentadores e

outros espectadores, sempre comentando em tempo real todos os assuntos

abordados no programa.

Em janeiro de 2017, a plataforma YouTube lançou o recurso Super

Chat. Com ele, o usuário poderia pagar para ter seu comentário destacado

em transmissões ao vivo. A partir de então, o Super Chat tornou-se uma

nova forma de financiamento do canal.

Em 2018, a plataforma YouTube lançou o recurso Channel Memberships,

o que permitiu aos criadores cobrarem uma taxa mensal para assinantes

interessados em conteúdos exclusivos dos canais.

O formato despojado do programa, com apresentadores que assumiam

suas convicções e não buscavam aparentar neutralidade ou infalibilidade

em todos os assuntos, gradualmente cativava mais e mais pessoas e muitas

pessoas se tornaram membros do Canal Terça Livre no YouTube.

Rapidamente e de forma orgânica, pessoas que desejavam ampliar seus

conhecimentos culturais, filosóficos e políticos, encontraram no Terça

Livre um ambiente de livre pensar onde a educação, a alta cultura e os

valores morais eram valorizados e compartilhados.

Não demorou para que no Terça Livre abrisse um franquia de livraria

virtual (https://livraria.tercalivre.com.br/), onde o público poderia

encontrar as obras de referência que eram comentadas nos programas.

Entre as pessoas que acompanhavam o Terça Livre surgiram grupos de

estudo sobre diversos assuntos, e aos poucos, os grupos de estudos

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passaram a ser organizados como cursos livres em plataforma online - o

Terça Livre Cursos.

Paulatinamente a quantidade de cursos oferecidos foi se ampliando,

e hoje o Terça Livre oferece um total de 20 cursos no

https://www.tercalivre.com.br/tlescola/.

São eles: 1) Latim, 2) Latim-Gramática, 3) Inglês, 4) Francês, 5)

Espanhol, 6) Língua Portuguesa, 7) Leitura e Interpretação de Textos, 8)

Literatura, 9) Filosofia do Cinema, 10) História do Brasil, 11) História

da Filosofia, 12) História da Arte, 13) História da Música, 14) História

do Socialismo, 15) História Geral, 16) Biolivre, 17) Tomismo, 18)

Educação Moral e Cívica,19) Música e 20) Pensamentos de Plínio.

Mais tarde, o Terça Livre criou o Terça Livre - Academia

https://www.tercalivre.com.br/tl-academia/cursos/, uma nova plataforma

de estudos com os seguintes cursos: 1) O Estado e a Política Segundo

Tomás de Aquino, 2) Brasil - Terra de Santa Cruz, 3) Filosofia do

Direito e 4) Filosofia da Educação.

Por fim, o Terça Livre lançou a Revista Terça Livre, que atualmente

está na sua 58° edição.

Então, em resumo, por quais meios o Terça Livre financia suas

atividades?

Apoia.se https://apoia.se/tercalivre; Patreon

https://www.patreon.com/tercalivre; Terça Livres Cursos

https://cursos.tercalivre.com.br/; Terça Livre Academia

https://cursos.tercalivre.com.br/terca-livre-academia__1; Livraria

Terça Livre https://livraria.tercalivre.com.br/; Revista Terça

Livre https://revistatercalivre.com.br/app/; Super Chat e Channel

Memberships no YouTube http://bit.ly/MEMBROTL e Coletando doações e

promovendo seus produtos de segunda a sexta feira (manhã, tarde e

noite) nas transmissões ao vivo e às vezes também nos finais de

semana.

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Assim, desde a publicação da matéria até o ajuizamento da presente,

o Autor vem experimentando uma série de prejuízos de ordem material e

moral.

O Autor foi atingido em sua dignidade, teve sua imagem manchada e

sua honra maculada.

Sentindo-se impotente perante a situação, o Autor encontra-se

totalmente frustrado em suas legítimas expectativas, tendo de arcar com

os prejuízos advindos da matéria das Rés.

Sem esperanças de uma composição amigável dos prejuízos que sofreu,

vê-se o Autor obrigado, em ultima ratio, a socorrer-se no Poder

Judiciário com a propositura da presente demanda para salvaguarda dos

seus direitos violados.

III - DO DIREITO

O cerne da demanda é o embate entre garantias constitucionais: a

liberdade de expressão jornalística e a inviolabilidade da intimidade,

privacidade, honra e imagem.

Aqui, porém, não se discute se a matéria das Rés deve ou não ser

suscetível de censura. Aqui se discute se a matéria das Rés deve ou não

acarretar reparação (responsabilidade a posteriori).

Embora a Carta Magna garanta o direito de livre expressão à

atividade de comunicação, independente de censura ou licença (inciso IV

do art. 5º e art. 220), é certo que esse direito não pode exceder a

narrativa dos fatos de forma a induzir o leitor a erro e ofender a honra

alheia.

Noutras palavras, deve haver ampla liberdade de imprensa, porém,

com a devida responsabilidade.

Ademais, a liberdade responsável da mídia é regra ínsita ao § 1º do

art. 220, da CRFB/88, que prescreve a observância das disposições do

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art. 5º da CRFB/88, notadamente aquelas prescrições que asseguram ao

cidadão o direito à inviolabilidade da honra e imagem, bem como o

direito a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação.

“§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV”.

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:[...] IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”

Assim, a imprensa deve ter ampla liberdade para informar a

sociedade acerca de fatos de interesse público, porém o direito de

informação não protege a divulgação de notícias mentirosas, enganosas ou

fraudulentas, que exponham indevidamente a intimidade ou acarretem dano

injusto à honra e imagem dos indivíduos.

Nesse contexto, resta caracterizado o abuso e a ilicitude na

divulgação da notícia maliciosa das Rés.

Vale consignar que no Código de Ética dos jornalistas FENAJ

(Federação Nacional dos Jornalistas, 2010) 34 encontram-se vários

dispositivos que remetem à obrigação de relatar a verdade. Vale

conferir:

Art. 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que:

34 Disponível em: https://fenaj.org.br/wp-content/uploads/2014/06/04-codigo_de_etica_dos_jornalistas_brasileiros.pdf (doc. 12).

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I - a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas;

II - a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público; [...] Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação. Art. 7º O jornalista não pode: [...] II - submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação; Art. 11. O jornalista não pode divulgar informações: II - de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes; Art. 12. O jornalista deve: [...] VI - promover a retificação das informações que se revelem falsas ou inexatas e defender o direito de resposta às pessoas ou organizações envolvidas ou mencionadas em matérias de sua autoria ou por cuja publicação foi o responsável;

Noutro giro, o Código de Ética dos jornalistas FENAJ também contém

dispositivos que remetem à obrigação de respeitar a intimidade e a honra

do cidadão. Vale conferir:

Art. 6º É dever do jornalista: VIII - respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão;

Outrossim, o Código de Ética dos jornalistas FENAJ também contém

dispositivos que remetem ao dever de ouvir as partes envolvidas na

notícia divulgada. Vale conferir:

Art. 7º O jornalista não pode: III - impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias; Art. 12. O jornalista deve: I - ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e

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instituições envolvidas em uma cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não suficientemente demonstradas ou verificadas; II - buscar provas que fundamentem as informações de interesse público;

Dessa feita, resta caracterizado o abuso e a ilicitude na

divulgação da notícia maliciosa das Rés também pela ausência de oitiva

do Autor antes da publicação da matéria.

Destarte, OU na publicação da matéria as Rés optaram pelo animus

diffamandi, trazendo uma redação maliciosa com propósito de atacar a

imagem e a honra do Autor OU por negligência e imprudência, não houve

suficiente apuração dos fatos.

Eis que, em tese, configura-se o ato ilícito por parte das Rés, na

forma dos art.186 c/c 927 do CC/02, quando, procederam a divulgação da

matéria, dando azo à consequente prejuízo de ordem material e imaterial

para o Autor.

Ademais, a pretensão autoral escuda-se também na norma prescrita

no art. 12 e art. 20 do CC/02 que garante ao ofendido o direito de

reclamar indenização nos casos de lesão à direitos da personalidade.

Desta feita, a responsabilidade civil das Rés pelo ato ilícito

cometido aponta para o dever de indenizar, pois presentes os seus

elementos caracterizadores (dano, nexo e culpa).

De outra forma, ao exercer de maneira manifestamente abusiva a sua

posição jurídica de vantagem, a responsabilização das Rés fundamenta-se

também no critério objetivo-finalístico, independente de culpa e nada

obsta a possibilidade da indenização reconhecer função punitiva ou

pedagógica que desestimule a reincidência da conduta 35.

35 “A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”. Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil - CJF. “O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil”. Enunciado 379 da IV Jornada de Direito Civil - CJF.

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IV- DO DANO MORAL

Até pouco tempo, defendia-se a ideia de que o dano imaterial

estava relacionado a uma conotação psíquica da vítima, sendo assim

compreendido como a dor, o vexame, o sofrimento e a humilhação. Contudo,

tal definição anímica já não serve mais ao agasalho conceitual de dano

moral.

Modernamente, doutrina e jurisprudência entendem de que dano moral

é aquele que advém de circunstância que atenta contra a dignidade da

parte, a teor do que prescreve o enunciado 455 do CJF 36.

Nesse passo, à luz da CRFB/88, notadamente dos incisos V e X do

art. 5º, a visão obtusa do instituto cede lugar ao reconhecimento do

dano imaterial nas mais diversas situações existenciais.

Assim, no atual cenário de legalidade constitucional que reconhece

clara primazia das situações existenciais, não é aceitável que o ser

humano receba tratamento ‘coisificante’ em detrimento de sua dignidade

humana.

Desta feita, pela cláusula geral de tutela da dignidade humana

(art. 1º, III da CFRB/88), o dano moral na presente causa existe in re

ipsa, pois a divulgação sensacionalista de notícia maliciosa pelas Rés

configurada a violação a atributos da personalidade do Autor e encerra,

pois, iniludível força ofensiva à sua honra e imagem.

Neste particular, são valiosas as considerações do Professor Sérgio

Cavalieri Filho, que, ao discorrer sobre a prova do dano moral, afirma:

“O dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre gravidade do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão por si só justifica a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral existe in re ipsa, deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral a guisa de uma presunção natural, uma presunção hominis ou facte que decorre das regras da experiência comum (in Programa de Responsabilidade Civil, Malheiros Editores, São Paulo, 1996).”

36 - “Dano moral indenizável não pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento” - Enunciado 455 da V Jornada de Direito Civil - CJF.

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Noutro giro, a empresa Terça Livre possui como valor agregado aos

seus produtos a diretriz de manter-se exclusivamente com financiamento

privado - sem verbas governamentais 37.

Assim, ao insinuar de maneira maliciosa que o Autor recebeu

dinheiro do Governo e mentiu em depoimento à CPMI, as Rés prejudicam a

empresa Terça Livre, aviltando conceito importante da marca Terça Livre

e sua reputação comercial (honra objetiva).

Destarte, a notícia das Rés causa danos morais também ao Terça

Livre. Nesse sentido é o enunciado nº 277 do STJ, verbis: A pessoa

jurídica pode sofrer dano moral. (Súmula 227, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em

08/09/1999, DJ 08/10/1999 p. 126)

Por conseguinte, tem-se que o comportamento das Rés ferem os

princípios da razoabilidade e proporcionalidade, o que reclama tutela

específica do Poder Judiciário, especialmente o direito de resposta dos

ofendidos.

V - DO TEXTO PARA DIREITO DE RESPOSTA

Em 09/05/2020, foi publicada a matéria intitulada “Verba publicitária de Bolsonaro irrigou sites de jogos de azar e de fake news na reforma da Previdência”

A matéria levou muitos leitores a crerem que, segundo informações que constam de planilha enviada pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação da Presidência):

1. o governo direcionou verbas de publicidade para canais de aliados políticos e

2. que valores teriam sido pagos pelo governo a esses canais, em especial, ao Terça Livre TV, que foi mencionado na matéria.

Assim, cabe esclarecer:

37 Nesse sentido, é o enunciado 13 da DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS SOBRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO DA OEA: “ A utilização do poder do Estado e dos recursos da fazenda pública; a concessão de vantagens alfandegárias; a distribuição arbitrária e discriminatória de publicidade e créditos oficiais; a outorga de freqüências de radio e televisão, entre outras, com o objetivo de pressionar e castigar ou premiar e privilegiar os comunicadores sociais e os meios de comunicação em função de suas linhas de informação, atentam contra a liberdade de expressão e devem estar expressamente proibidas por lei. Os meios de comunicação social têm o direito de realizar seu trabalho de forma independente. Pressões diretas ou indiretas para silenciar a atividade informativa dos comunicadores sociais são incompatíveis com a liberdade de expressão” (Disponível em: http://www.oas.org/pt/cidh/expressao/showarticle.asp?artID=26&lID=4 ).

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a) que na planilha enviada pela Secom, constam diversos sites/canais de críticos e até opositores do governo, entre os quais:

Canal “Filósofo Paulo Ghiraldelli”, com 17.278 anúncios da Reforma da Previdência.

Site da “Revista Forum”, com 54.876 anúncios da Reforma da Previdência.

Site “Diário do Centro do mundo”, com 1.601 anúncios da Reforma da Previdência.

Canal “Catraca Livre”, com 10.965 anúncios da Reforma da Previdência.

Site “ISTOÉ”, com 25.494 anúncios da Reforma da Previdência. Site “O ANTAGONISTA”, com 22.348 anúncios da Reforma da

Previdência; Canal “TV 247”, com 395 anúncios da Reforma da Previdência. Canal “MBL”, com 10 anúncios da Reforma da Previdência. Canal “Nando Moura”, com 60 anúncios da Reforma da Previdência.

b) que a remuneração dos sites/canais é feita pelo Google AdSense, com distribuição de anúncios por algoritmo, num leilão virtual, sem qualquer contrato entre os sites/canais e o Governo Federal e

C) que de 06 de junho a 13 de julho de 2019, o Terça Livre TV recebeu, via Google AdSense, 1.447 anúncios da campanha Nova Previdência, tendo recebido em tese (não há confirmação de pagamento) o valor de R$ 21,4 (vinte um reais e quatro centavos) do Google AdSense e não do Governo Federal.

VI - CONCLUSÃO

Em 09/05/2020 as Rés publicaram matéria que (i) submete o canal do

YouTube protagonizado pelo Autor – Terça Livre TV a um rol de veículos

definidos como “fake news”; (ii) induz o leitor a crer que o governo

direcionou verbas de publicidade para aliados políticos. (iii) insinua

ser o Autor beneficiário de verbas de publicidade do Governo Federal e

(iv) utiliza-se das palavras proferidas pelo Autor em depoimento na CPMI

no intuito de desacreditá-lo ou, ainda, sugerir contradição da sua fala.

Ao contrário do que a matéria das Rés leva a crer, o Autor (i) não

participa de contrato de publicidade com o governo; (ii) não venceu

licitação específica para esse fim;(iii) não manifesta vontade em

contratar (aspecto volitivo) com o governo; (iv) não assume qualquer

obrigação com o governo e não é remunerado pelo governo.

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O esclarecimento das relações contratuais na publicidade do governo

federal em cotejo com o documento primário a que alude a matéria das Rés

corroboram com as teses aqui defendidas, com danos ao Autor comprovados

por farta colheita de material no ecossistema da internet.

Destarte, a matéria prejudica o Autor, fazendo pairar sobre ele a

pecha de mentiroso (e até criminoso), prejudicando ainda a empresa Terça

Livre, aviltando conceito importante da marca que está intimamente

ligado à reputação comercial da mesma, tudo feito sem sequer ouvi-lo

previamente.

Assim, duas hipóteses se abrem no caso em tela:

A) OU a matéria redigida é dotada de animus diffamandi, trazendo

uma redação maliciosa com propósito de atacar a imagem e a honra do

Autor

B) OU por negligência e imprudência, não houve suficiente apuração

dos fatos, com esclarecimento das relações contratuais existentes

na campanha da Nova Previdência e cautela de exame no documento

primário da matéria (PLANILHA DA SECOM).

Destarte, em qualquer das hipóteses, o Autor faz jus a direito de

resposta em desagravo. Alternativamente, havendo negativa das Rés na

publicação de direito de resposta, o Autor faz jus a compensação a

título de danos morais.

VII - DOS PEDIDOS

Do exposto, respeitosamente, requer-se a Vossa Excelência:

1. O recebimento desta ação e a citação postal das Rés, com a

designação de audiência de conciliação, nos termos do art. 319,

VII do CPC;

2. Oferecido o contraditório, seja a ação julgada procedente para

condenar solidariamente as Rés em obrigação de fazer

consubstanciada na publicação de direito de resposta com o mesmo

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destaque, publicidade, periodicidade e dimensão da matéria que o

ensejou, sob pena de multa diária arbitrada por V. Ex.ª;

3. Alternativamente, havendo negativa das Rés na publicação de

direito de resposta, requer-se a condenação solidária das Rés ao

pagamento de compensação a título de danos morais, na forma do

art. 944 do CC/02, atendendo-se ao princípio da reparação integral

no seu tríplice aspecto: pedagógico, punitivo e compensatório no

valor de R$ 20.000,00 em face do dano moral in re ipsa

experimentado pelo Autor;

4. Ao final do processo, requer-se a condenação solidária das Rés nas

custas processuais, bem como em honorários advocatícios no valor

de 20% da condenação;

5. Requer, por fim, que as intimações e as publicações sejam

dirigidas aos Drs. JULLIANO DE CASTRO GOMES - OAB/RJ 174.798 e

RENOR OLIVER FILHO - OAB/SP nº. 254.673.

Protesta-se por provar o alegado por todos os meios de provas

admitidas em direito, em especial a colheita de depoimento pessoal da

primeira Ré, Patrícia Toledo de Campos Mello, membro do conselho

editorial do jornal Folha de São Paulo e autora da matéria que deu

origem a propositura da ação.

Dá-se a causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

N. termos, respeitosamente

P. deferimento.

Rio de Janeiro/São Paulo, 25 agosto 2020.

JULLIANO DE CASTRO GOMES

OAB/RJ 174.798

RENOR OLIVER FILHO

OAB/SP 254.673