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1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB Departamento de Fitotecnia e Zootecnia AVALIAÇÃO DAS NORMAS DA PRODUÇÃO INTEGRADA DE CAFÉ DA CAFEICULTURA FAMILIAR DO MUNICIPIO DE PIATÃ-BA João Paulo Rodrigues Pina 2011

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1

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

Departamento de Fitotecnia e Zootecnia

AVALIAÇÃO DAS NORMAS DA PRODUÇÃO

INTEGRADA DE CAFÉ DA CAFEICULTURA

FAMILIAR DO MUNICIPIO DE PIATÃ-BA

João Paulo Rodrigues Pina

2011

2

João Paulo Rodrigues Pina

Avaliação das Normas da Produção Integrada de Café da

Cafeicultura Familiar do Município de Piatã – Bahia

Monografia apresentada à

Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia, como parte

das exigências do programa de

Pós-Graduação em Lato Sensu

Gestão da Cadeia Produtiva de

Café com Ênfase em

Sustentabilidade, para obtenção

de título de “Especialista”.

Orientador (a):

Prof. Dr. Claudionor Dutra Neto

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

2011

3

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Departamento de Fitotecnia e Zootecnia

Núcleo de Apoio à Cafeicultura

DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO

Título: “Avaliação das Normas da Produção Integrada de Café da Cafeicultura Familiar do

Município de Piatã - BA”

Autor: João Paulo Rodrigues Pina

Aprovado como parte das exigências para obtenção do Título de ESPECIALISTA, pela

Banca Examinadora:

____________________________________

Prof. Claudionor Dutra Neto

Orientador

____________________________________

Prof. Hugo Andrade Costa, DEAS – UESB

____________________________________

Prof. Dr. Bernardo Van Raij, IAC - Campinas

Data da realização: 21 de Junho 2011.

4

Curso de Espacialização em nível Lato sensu em

Gestão e Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter nos dado o dom da vida, saúde e a força para sempre

acreditarmos em um mundo melhor, a minha familiar por todo apoio ao longo desses anos

a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia pela qual me formei e sempre tem apoiado a

nossas reivindicações a meu orientador o professor Dr. Claudionor Dutra Neto pela pessoa

maravilhosa que sempre foi ao longo desses períodos, a professora Sandra por ser a grande

responsável pelo curso de especialização e a todos os colegas pela qual tive a oportunidade

de conhecer ao longo desses 12 meses de convivência.

5

LISTA DE FIGURAS

Figura1. Vista da Serra da Santana da Cidade, ao fundo Serra da Tromba, e Localização

do Município na Chapada Diamantina.................................................................................15

Figura 2. Localização das Principais Comunidades Cafeeiras. Neste encontra-se as

comunidades cafeeiras e numeradas as comunidades aonde foram coletadas as

informações..........................................................................................................................16

Figura 3. Capacitação em praticas agronômicas na cafeicultura promovida pela Prefeitura,

EBDA e SENAR (2011).......................................................................................................17

Figura 4. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para a Capacitação dos

Produtores em Piatã – BA....................................................................................................18

Figura 5. Cafezais em sistemas orgânicos de produção, Fazenda Flor de Café – Piatã –

BA........................................................................................................................................19

Figura 6. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Gestão Ambiental

em Piatã – BA.......................................................................................................................19

Figura 7. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Material

Propagativo, Localização e Implantação de Cafezais em Piatã – BA..................................20

Figura 8. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Fertilidade do Solo

e Nutrição do Cafeeiro em Piatã – BA.................................................................................21

Figura 9. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Manejo do Solo e

da Cobertura Vegetal em Piatã – BA...................................................................................22

Figura 10. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Disponibilidade

de Água e Irrigação em Piatã – BA......................................................................................23

Figura 11. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Proteção

Integrada do Cafeeiro (1) em Piatã – BA.............................................................................24

Figura 12. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Proteção

Integrada do Cafeeiro (2) em Piatã – BA.............................................................................25

6

Figura 13. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Colheita em Piatã

– BA.....................................................................................................................................26

Figura 13.1. Colheita de frutos maduros de Piatã – BA......................................................26

Figura 14. Diferentes sistemas de processamento pos – colheita da cafeicultura familiar

em Piatã – ............................................................................................................................27

Figura 15. Secagem dos grãos de café em terreiro em Piatã -

BA........................................................................................................................................28

Figura 16. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Pré-

Processamento do café em Piatã – BA.................................................................................29

Figura 17. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Legislação

Trabalhista, Segurança, Saúde e Bem Estar do Trabalhador em Piatã – BA.......................30

Figura 18. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café para Contabilidade e

Economia da Produção em Piatã – BA................................................................................31

7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Principais comunidades cafeeiras do município de Piatã ...................................14

8

ANEXOS

Formulário. Questionário Modelo das Boas Práticas Agrícolas na Cafeicultura da

Produção Integrada de Café – PIC.......................................................................................36

9

SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................10

INTRODUÇÃO...............................................................................................10

JUSTIFICATIVA............................................................................................13

OBJETIVO......................................................................................................13

MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................13

RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................16

CONCLUSÕES...............................................................................................32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................33

ANEXOS.........................................................................................................36

10

AVALIAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS AGRICOLAS NA CAFEICULTURA

FAMILIAR DO MUNICIPIO DE PIATÃ – BA

Resumo: O presente trabalho visa à avaliação de conformidades das boas praticas

agrícolas voltadas à cafeicultura familiar no município de Piatã - BA seguindo as normas

da produção integrada de café que visa inserir a produção cafeeira no desenvolvimento

sustentável. Este estudo avaliou o grau de conformidade dos produtores através de

aplicação de 44 questionários de verificação PIC em seis comunidades cafeeiras de modo a

avaliar a situação de cada produtor familiar para pesquisar qual o grau de instrução destes

com relação à produção integrada nos quesitos: Capacitação, Gestão Ambiental, Material

Propagativo, Localização e Implantação de Cafezais, Fertilidade do Solo e Nutrição do

Cafeeiro, Manejo do Solo e da Cobertura Vegetal, Disponibilidade de Água e Irrigação,

Proteção Integrada do Cafeeiro, Colheita, Pré Processamento, Legislação Trabalhista,

Segurança, Saúde e Bem Estar, Contabilidade e Economia da produção e Registro de

Informações, Condições para Rastreabilidade e Verificação de Conformidade. Na

avaliação deste estudo nota-se que os cafeicultores do município necessitam de

conscientização em adotar as normas da Produção Integrada de Café para promover uma

auto-avaliação e aprimorar as decisões para garantir um melhor desempenho no

desenvolvimento das boas praticas agrícolas voltada a cafeicultura familiar.

Palavra chave: Avaliação cafeicultura, desenvolvimento sustentável, produção.

1. INTRODUÇÃO

O método de produção adotado na maioria das propriedades cafeeiras brasileiras

vem sendo bastante questionado nos dias atuais, no tocante à necessidade de certificação,

seja ela voluntaria ou não. Estes questionamentos fazem parte da busca por uma maior

estabilidade ou lucratividades do setor agrícola, além de exigências comerciais de alguns

mercados mais específicos (Baquião, 2008). Em todo o mundo, é cada vez maior a

tendência do consumidor moderno em buscar produtos naturais, livres de agrotóxicos e

produzidos de maneira que o meio ambiente sofra o mínimo de agressão possível (Barbosa,

2009).

11

O conceito de Boas Práticas Agrícola consiste na aplicação do conhecimento

disponível no uso sustentável dos recursos naturais básicos para a produção agrícola

(produtos alimentícios e outros usos), buscando a viabilidade econômica e social e gerando

produtos saudáveis, inócuos, isentos de contaminação e resíduos.

O Brasil figura atualmente como o maior produtor mundial de café. Desde sua

chegada ao país, ainda no século XVII, o café um dos produtos que mais gerou divisas à

nação. Ainda hoje, ele continua sendo um importante fomentador de riquezas (cerca de

U$$ 2,5 bilhões anuais), contribuindo com quase 2% do valor total das exportações

brasileira e correspondendo a mais de um terço da produção mundial.

Segundo a Organização Mundial do Café, o produto movimenta negócios da ordem

de 100 bilhões de dólares e um comercio de 130 milhões de sacas por ano, em media. A

atividade envolve, ainda, meio bilhão de pessoas da produção ao consumo final,

aproximadamente 7% da população mundial, de acordo com a referida instituição (Daniel

Manucci, 2011).

O café continua sendo um dos mais importantes produtos agrícolas de exportação,

gerando riquezas, divisas para o País e com grande função social. Entretanto, o produtor de

café brasileiro, ao longo dos anos, entendeu que é preciso produzir um produto

diferenciado, com qualidade, para vencer as barreiras impostas pelos importadores, que se

tornaram mais exigentes. Sabe-se que, para produzir um café com qualidade, é necessária a

adoção de tecnologias em toda a fase da cadeia produtiva.

Hoje em dia, o café constitui um dos produtos mais importantes no comercio

internacional, superado em valor apenas pelo petróleo. São mais de 20 milhões de pessoas

que vivem diretamente dessa cultura, e outros milhões que vivem indiretamente, tornando-

a assim, uma cultura geradora de empregos na economia mundial (DUTRA NETO, 2004).

Com a globalização, torna-se importante repensar a atividade cafeeira, visando

modernizá-la, para que o País se torne mais competitivo. A cadeia agroindustrial do café

requer que o produto seja diferenciado em termos de qualidade, produzido com

responsabilidade social, com o mínimo de agressão ao meio ambiente e que seja certificado

na origem. A sustentabilidade na cafeicultura está na busca do mercado diferenciado, na

preservação e na melhoria do agroecossistema onde o café é produzido e na diferenciação

do produto em termos de qualidade, para atender a uma sociedade cada vez mais exigente.

12

Para isso, torna-se necessária a busca constante de informação, que é a principal fonte de

poder e controle do agronegócio.

Apesar do crescimento do complexo do café e de sua crescente participação na

balança comercial nos últimos anos, a produção de café já foi a cultura mais importante

para a economia brasileira. Nos dias atuais, existem dois grandes gargalos que impedem

um crescimento ainda maior do café no Brasil, quais sejam: - a existência de países que

mantém preços artificiais elevados, conseguindo expandir suas áreas cultivadas,

beneficiando, assim, seus produtores, e, com isso, pressionando a redução da participação

brasileira; - e a qualidade do produto. Ao longo dos anos, à medida que foi se aprimorando

o nível de exigência dos consumidores, alguns brasileiros passaram a induzir

transformações significativas em seus produtos, que culminaram com uma maior

produtividade e uma melhoria na qualidade do produto ofertado, o que permitiu atender a

um mercado mais exigente ( Bitencourt, 2005).

Dessa forma, o problema de pesquisa consiste em verificar quais os itens que

definem a qualidade do café, visando colaborar com a melhoria dos cafés produzidos no

Brasil ( Bitencourt, 2005).

O acirramento da competição internacional está a exigir do cafeicultor uma maior

eficiência e essa será a condição para manter-se na atividade. Correm maiores riscos os

produtores com menores possibilidades de investir em tecnologia capaz de propiciar

produtividade mais elevada. A competitividade pode ser perseguida pela alta produtividade

dos cafezais, adequadamente cultivados. Uma maior rentabilidade pode ser obtida através

de adequada administração, de programação empresarial da atividade e de comercialização

eficiente.

A demanda de café commodity cresce em ritmo lento, enquanto o consumo de cafés

especiais cresce vigorosamente, caracterizando importante mudança no ambiente de

estabilidade da oferta, com redução de riscos de oscilações acentuadas nos preços,

constituem grandes desafios a serem enfrentados pelo setor. Há que se discutir novos

mecanismos de estruturação do setor, o papel da tecnologia e os mecanismos para sua

disseminação competitiva. A conjuntura recente sugere a necessidade crescente de avaliar

aspectos de competitividade do café brasileiro, em termos de ganhos de produtividade e

qualidade, visando adequar-se aos novos padrões de consumo. Aspectos de qualidade do

13

produto, cada vez mais presentes entre as exigências dos consumidores, com nichos de

mercado de elevado potencial, e a busca continua, além de diversos fatores que afligem a

competitividade dos cafés brasileiros.

2. JUSTIFICATIVA

A avaliação de conformidade da adoção das Boas Práticas Agrícolas pelos

cafeicultores familiares do município de Piatã pelas normas da Produção Integrada de Café

visa: oportunidade de organização na gestão da cadeia produtiva pelo cafeicultor, respeito

à natureza e possível adesão a certificação. Sendo a cafeicultura familiar do respectivo

estudo no município com áreas compreendidas entre 1 a 5 hectares de café com

produtividades medias entre 10 a 20 sacas por hectare com classificação dos solos como

latossolo amarelo, com textura argilo-arenosa e sistema de sequeiro, faz-se a necessidade

de avaliar o grau de conformidade adotado pelo cafeicultores em relação as Normas da

Produção Integrada de Café - PIC .

3. OBJETIVO

Com a crescente demanda por cafés especiais no mercado mundial o presente

estudo visa à avaliação das Boas Praticas Agrícolas da Cafeicultura Familiar do Município

de Piatã nas principais comunidades produtoras de cafés do município seguindo o modelo

da Produção Integrada de Café (PIC) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(Embrapa).

4. MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo abrange o Município de Piatã, Chapada Diamantina, Bahia que

possui uma área territorial de 1508km², índice pluviométrico de 1160mm, 1264m de

altitude e esta localizada na região central da Chapada Diamantina do estado da Bahia, na

latitude 13° 09' 07" S e longitude 41° 46' 22" O. O município é privilegiado por um conjunto

de serras como a Serra da Santana e a Serra da Tromba que proporciona um cenário

exuberante. (Figura 1).

14

O clima da região, conforme método de Köeppen é classificado como tropical de

altitude Csb, clima temperado úmido com verão seco e temperado.

Realizou-se a avaliação das Normas da Produção Integrada de Café da cafeicultura

familiar do município com área de café segundo SEI 2009 de 2.000 ha com produção de

aproximadamente 12 mil sacas pela aplicação de 44 questionários de adoção dos

indicadores da PIC em seis comunidades rurais (figura 2). Subsidiada por outros modelos

de produção com conotação agroecologica a Produção Integrada de Café, a PIC está

alinhada com a certificação internacional 4C – Código Comum para a Comunidade

Cafeeira, destinada a promover a sustentabilidade de todo setor cafeeiro. Tendo como

referências às etapas de capacitação, implantação da lavoura, manejo de solo e da

irrigação, proteção da planta, colheita e pós-colheita, desenvolvimento ambiental,

gerenciamento organizacional e tratamento social, proposto por Raij, Thomaziello (2003);

Zambolim & Zambolim (2007), em tramitação no Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA). Foram escolhidas as principais comunidades produtores de cafés

da região com perfil da agricultura familiar como a comunidade do Gerais, Ressaca,

Malhada de Areia, Cafundó, Santa Barbara e São Francisco .

Tabela 1. Principais comunidades cafeeiras do município de Piatã

Comunidade N° de produtores Produtores entrevistados

Santa Barbara 30 10

Cafundó 20 8

Gerais 15 6

Ressaca 20 8

São Francisco 12 6

Malhada de Areia 7 6

TOTAL 104 44

O Brasil possui capacidade real e potencial para oferecer cafés especiais e também

ampliar a oferta de cafés de qualidade superior.

Para realizar esse trabalho foram aplicados aos produtores da região 44

questionários de avaliação das normas PIC para avaliar o processo de boas praticas

agrícolas na cadeia produtiva da cafeicultura local (Tabela

15

1).

16

Figura 1. Vista da Serra da Santana da Cidade, ao fundo Serra da Tromba, e

Localização do Município na Chapada Diamantina.

Figura 2. Localização das Principais Comunidades Cafeeiras. Neste encontra-se as

comunidades cafeeiras e numeradas as comunidades aonde foram coletadas as

informações.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Por meio da interpretação dos gráficos foi possível analisar as principais

dificuldades enfrentadas pelos cafeicultores do município tendo como base as normas da

Produção Integrada de Café - PIC.

Observa-se que aproximadamente 70% dos produtores recebem orientação de

profissional em praticas agronômica (Figura 3). Geralmente esse agrônomo é da Prefeitura

Municipal em convênio de cooperação técnica com a EBDA (Empresa Baiana de

Desenvolvimento Agrícola), SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e pela

Associação dos Cafeicultores do Município de Piatã (ASCAMP). Entretanto existem

dificuldades para uma atuação mais presente por parte destes atores para promoverem uma

capacitação mais atuante neste setor.

17

Com relação à capacitação para agrotóxicos, treinamento, pragueiros, irrigação,

associativismo e gestão ambiental nota que mais de 60% dos participantes não foram

treinados ou participaram de palestras nestes setores. Ficando os maiores déficits nas

capacitações sobre segurança no trabalho e contabilidade com mais de 90% de falta de

capacitação profissional. Cabe aos órgãos responsáveis buscar parcerias para promoverem

a capacitação desses produtores.

Figura 3. Capacitação em práticas agronômica na cafeicultura promovida pela Prefeitura,

EBDA e SENAR (2011).

18

Figura 4. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para a capacitação

dos cafeicultores.

Em relação à avaliação da gestão ambiental, exige-se para atendimento às normas de

produção integrada especial atenção para práticas que promovam a conservação do ambiente

e de seu bioma (Figura 5). Torna-se importante que áreas naturais sejam preservadas, haja

vista os benefícios que elas proporcionam com relação à proteção dos recursos hídricos,

manutenção das características climáticas e conservação da biodiversidade (OLIVEIRA,

1989).

Observa-se que os cafeicultores pesquisados 20% já cultivaram café em áreas de

preservação permanente, e 90% não utiliza lenha destas áreas. Em relação a plano de registro

dos gastos com energia e combustível na propriedade não apresenta dados relevantes, devido

ao plano da tarifa verde beneficiar os produtores locais.

19

Figura 5. Cafezais em sistemas orgânicos de produção. Fazenda Flor de Café – Piatã – BA.

Figura 6. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para Gestão

Ambiental em Piatã – Bahia.

A escolha de variedade de café recomendadas para o solo e clima da região e tolerantes

a doenças são cuidados apresentados pela maioria dos produtores sendo as variedades mundo

novo, catucai, catuai e acauã as predominantes, entretanto as mudas não são adquiridas em

20

viveiros certificados pelo ministério da agricultura, mas os produtores aprovam a qualidade

do material que introduziram por apresentar bons resultados de acordo o seu nível

tecnológico. 93% dos produtores não adquirem mudas de origem desconhecidas sendo estas

ofertadas pela Prefeitura Municipal ou por produtor local (Figura 7).

Para atender as normas da Produção Integrada de Café a prefeitura municipal deverá

solicitar o registro do viveiro de mudas de café junto ao registro nacional de sementes e

mudas, RENASEM, vinculado ao ministério da agricultura regional localizado na cidade de

Vitória da Conquista – BA. Pois o plantio de mudas com bom aspecto vegetativo e

fitossanitário, bem como a analise de solo, correção e adubação devem ter especial atenção

do produtor.

Figura 7. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para Material

Propagativo, Localização e Implantação de Cafezais em Piatã - BA.

Com relação à aplicação de corretivos e fertilizantes, nota-se que 66,66% dos produtores

realizaram analise de solos e possuem recomendação disponível não alterando a aplicação

seguindo as normas técnicas (Figura 8). Devido a parceria no ano de 2010 entre a Heringer

Fertilizantes e a Prefeitura Municipal aonde os produtores adquirem o adubo direto da fabrica

21

e fizeram a analise de solos gratuitas no laboratório da UNITHAL, Campinas. Entretanto,

este percentual ainda é baixo, novas campanhas devem ser desenvolvidas para que 100%

possam realizar a análise de solos.

Em relação a analise foliar nota-se que 73,3% não fazem, havendo necessidade de uma

maior instrução sobre a importância da realização desta analise e de um laboratório no estado.

Estudo semelhante, com a cafeicultura familiar de Barra do Choça – BA (Pereira 2010). Faz

referencia de 90% não realizam analise foliar, pela ausência de laboratório no Estado da

Bahia.

Figura 8. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para Fertilidade do

Solo e Nutrição do Cafeeiro em Piatã - BA.

Sendo a erosão hídrica fator limitante na manutenção da capacidade produtiva dos solos

nota-se que 56,66% dos produtores entrevistados adotam técnicas de manejos para controle

da erosão e 40% para áreas em declive enquanto 60% não adotam a prática para manutenção

da malha viária interna (Figura 9).

Em relação ao manejo do solo e da cobertura vegetal observa-se que mais de 60% dos

entrevistados não praticam esta ação, entretanto nota-se que mais de 90% dos produtores

22

deixam o solo com cobertura a maior parte do ano tendo em vista os benefícios destes

métodos (Figura 9).

Quanto a realização da poda do cafeeiro nota-se que 80% dos produtores não fazem um

registro de podas ou desbrotas em suas propriedades e que metade dos entrevistados registra

arvores no cafezal como método de arborização e quebra ventos sendo predominante a

grevilha (Grevilha robusta), banana (Musa spp) e jaca (Artocarpus integrifolia L.f).

Figura 9. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para Manejo

do Solo e da Cobertura Vegetal em Piatã – Bahia.

Observa-se na figura 10, que mais de 90% dos entrevistados não possuem sistema de

irrigação devido a fatores como o custo do investimento, acesso aos recursos hídricos, má

distribuição das chuvas, existência de serras (Figura 1), limita a ocorrência de chuvas nos

diferentes locais onde cultiva o café no município, há necessidade de instalação de

pluviômetros para registros dessas informações durante o ano. Por estes fatores a maioria das

respostas corresponde à opção “Não se Aplica”, devido o café ser cultivado em sistema de

23

sequeiro.

Figura 10. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para

Disponibilidade de Água e Irrigação em Piatã – Bahia.

Para que seja desenvolvida uma maior proteção ao cafeeiro, exige-se o

cumprimento de praticas, como a aplicação do controle fitossanitário de pragas e doenças,

a utilização correta de defensivos agrícolas e a realização efetiva da poda de plantas

(SANTOS, et al 2008).

No controle fitossanitário, o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que integra

diferentes métodos de controle de insetos, suprime a dependência única dos defensivos

agrícolas, valorizando o controle biológico, o emprego de feromonios e o uso de plantas

resistentes às pragas (LIMA et al., 2003). Para o desenvolvimento e implantação do MIP,

três etapas são fundamentais: avaliação de pragas no ecossistema, tomada de decisão e

escolha da estratégia de controle a ser adotada.

24

Com relação à avaliação de proteção integrada do cafeeiro, verifica-se que 90% dos

produtores não registram a ocorrência de pragas e doenças, 83,33% não registram os casos

que atingiram o nível de dano econômico. Mais de 80% dos produtores não utilizam dados

climáticos para planejamento de controle de pragas e doenças (Figura 11).

Porem nota-se que mais de 60% dos produtores armazenam agrotóxicos em local

seguro, usam EPI, e seguem as regras de segurança antes das aplicações.

Figura 11. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para Proteção

Integrada do Cafeeiro (1) em Piatã – BA.

O atual modelo produtivo empregado na agricultura enfrenta desafios,

principalmente em relação à sustentabilidade do sistema de manejo. A adoção de práticas

(pacotes tecnológicos) oriundas da Revolução Verde conduziram, principalmente, ao

desequilíbrio ambiental. Não se pode negar que o emprego dos pacotes tecnológicos na

cafeicultura culminou com um aumento de produção e produtividade, mas também não se

pode negar que causaram e causam enormes danos ao meio ambiente e ao homem,

ocasionando ainda aumento das desigualdades sociais, caracterizadas pela dificuldade dos

agricultores, principalmente familiares, de se integrarem às cadeias produtivas,

25

ocasionando, em determinados casos, o êxodo rural (Martins, 2003). Faz-se necessário um

estudo referente à flutuação populacional das principais pragas e doenças do município

como a Ferrugem (Hemileia vastatrix), Cercospora (Cescospora coffeicola), Bicho mineiro

(Perileucoptera coffeella), Broca (Hipothenemus hampei), nematóides (Meloidogyne

incognita, M. exigua eM. paranaensis) e Acaro vermelho (Oligonychus ilicis).

Figura 12. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para Proteção

Integrada do Cafeeiro (2) em Piatã – BA.

A colheita do café é difícil de ser executada em razão da altura e da arquitetura da

planta, da desuniformidade de maturação e o teor de umidade elevado. Na figura 13,

oberva-se que 60% dos produtores separam o café do chão, mais de 60% mantém os

equipamentos limpos e minimizam o contato do café com fontes de contaminação do café.

Assim, os procedimentos realizados durante a operação de colheita são considerados

26

adequados pela maioria dos cafeicultores nas comunidades estudadas com media de

adoção de 70% para higiene dos equipamentos da colheita (Figura 13).

Figura 13. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para Colheita em

Piatã – BA.

Figura 13.1. Colheita de frutos maduros de café em Piatã – BA.

27

O processamento dos frutos de café, após a colheita, pode ser feito por meio de dois

processos: por via seca, resultando nos cafés naturais ou via úmida, originando os cafés

despolpados ou os cafés cerejas descascados (CD) (BORÉM, 2008). Segundo o mesmo

autor, são três os aspetos fundamentais para a escolha do método e processamento do café:

a relação custo benefício do método; a necessidade de atendimento à legislação ambiental;

e o padrão desejado de qualidade.

Nesta etapa nota-se que mais de 60% dos produtores não utilizam a água no

processamento sendo o processamento por “via seca” predominante nesta atividade

(Figura, 16). Produz um café natural e aromático, com colheita manual de frutos maduros

(Figura 13.1). Conforme a ilustração da figura 14 e 15 onde observa os cuidados praticados

durante o período de colheita e pós colheita nestas comunidades.

,

Figura 14. Diferentes sistemas de processamento Pós Colheita da cafeicultura familiar em

Piatã – BA.

28

Figura 15. Secagem dos grãos de café em terreiros em Piatã – BA.

29

Figura 16. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para Pré –

Processamento em Piatã – BA.

Conforme os dados da figura 17, sobre as normas relacionadas à Legislação

Trabalhista, verifica-se que 86% dos entrevistados não registram trabalhadores, por se

tratar de agricultores familiares, mais de 95% não praticam atos discriminatórios, trabalhos

forçados e impedimento da liberdade de expressão, 100% não possuem água potável por

não ser administrado pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A, EMBASA, no

município, 100% possuem plano de saúde publico oferecido pelo Sistema Único de Saúde

e 53% oferecem atividades de lazer após a colheita sendo comum os jogos de futebol e

churrasco ao final da colheita nas propriedades proporcionando uma boa relação entre

empregador e empregado.

30

Figura 17. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para Legislação

Trabalhista, Segurança, Saúde e Bem Estar do Trabalhador em Piatã - BA.

O processo administrativo numa propriedade rural deve ser composto por

planejamento, organização, direção e controle, ocorrendo nos níveis estratégicos, gerencial

e operacional, para que seja possível alcançar os objetivos (ANDRADE, 1999).

Quanto ao gerenciamento organizacional das propriedades avaliadas verifica-se que

(Figura 18) 60% dos produtores não registram quaisquer despesas referentes à atividade.

Sendo um fator limitante na produção integrada onde os produtores não sabem qual o custo

final de suas produções. Entretanto, todos os produtores entrevistados, demonstraram

interesse em realizar os registros e que necessitam de capacitação.

Estudos semelhantes verificou que 73,3% dos cafeicultores familiares em Barra do

Choça não realizam registros das despesas e 20% fazem uma anotação parcial (Pereira,

2010). No Cerrado Mineiro Santos el al (2008) verificou uma tendência dos cafeicultores

realizarem o registro e o controle de toda atividade financeira relacionada a receitas e

31

despesas com a cafeicultura e necessita criar mecanismos de aprimoramento para elevar os

índices de adoção nesta norma.

Figura 18. Adoção dos Indicadores da Produção Integrada de Café (PIC) para

Contabilidade e Economia da Produção em Piatã – BA.

32

6. CONCLUSÃO

Pela analise dos resultados obtidos por este estudo para avaliar o grau de

conformidade das normas da Produção Integrada de Café na cafeicultura familiar do

município e sendo a Produção Integrada de Café – PIC, o modelo aos requisitos para uma

nova forma de gerir a produção cafeeira, a partir de um conjunto de diretrizes técnicas com

a finalidade de garantir sustentabilidade econômica, social e ambiental ao agronegócio

café, observa-se que os produtores necessitam de uma maior conscientização para

promover a capacitação aos requisitos de gestão ambiental, capacitação técnica, proteção

integrada e registro para atender as normas da Produção Integrada de Café. Embora a PIC

não tenha interferência na formação de preço, a certificação dará ao cafeicultor maior

poder de negociação. Para isso, o marketing da certificação deverá ser um item prioritário,

diferenciando o café com selo PIC na preferência dos consumidores.

33

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8. ANEXOS