tic acessíveis e ensino personalizadopara alunos com deficiências:

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1 Setor de Comunicação e Informação Divisão das Sociedades do Conhecimento Relatório da Reunião de Consultoria Especializada TIC Acessíveis e Ensino Personalizado para Alunos com Deficiências: Um diálogo entre Educadores, Indústria, Governo e Sociedade Civil 17 – 18 de novembro de 2011 Sede da UNESCO, Paris

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    Setor de Comunicao e Informao Diviso das Sociedades do Conhecimento

    Relatrio da Reunio de Consultoria Especializada TIC Acessveis e Ensino Personalizado para Alunos com Deficincias: Um dilogo entre Educadores, Indstria, Governo e Sociedade Civil 17 18 de novembro de 2011 Sede da UNESCO, Paris

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    UNESCO Setor de Comunicao e Informao Diviso das Sociedades do Conhecimento 1, rue Miollis 75732 Paris Cedex 15, Frana Imagem da Capa: imagem criada por Yasuko Takenaga (Japo) O relatrio da reunio est disponvel no site da UNESCO:

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    Relatrio da Reunio de Consultoria Especializada TIC Acessveis e Ensino Personalizado para Alunos com Deficincias: Um dilogo entre Educadores, Indstria, Governo e Sociedade Civil 17 18 de novembro de 2011 Sede da UNESCO, Paris

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    Agradecimentos Este relatrio contou com o apoio do setor de Comunicao e Informao da UNESCO, Diviso de Sociedades do Conhecimento, e da Microsoft Corporation. Somos especialmente gratos a Donal Rice, do Centro de Leis e Polticas para Deficincias, da Universidade Nacional da Irlanda, Galway (Irlanda), que elaborou o relatrio da reunio com base nas recomendaes, estudos de caso e outras informaes fornecidas pelos organizadores e participantes da reunio. O documento foi enriquecido pelos comentrios relevantes e construtivos dos seguintes especialistas: Luiz M. Alves dos Santos, Amy Goldman, Axel Leblois, bem como dos colegas da Microsoft Corporation LaDeana Huyler, Gary Moulton, James Thurston , e da UNESCO Irmgarda Kasinskaite-Buddeberg e Zeynep Varoglu.

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    Sumrio executivo O ensino personalizado requer ateno s necessidades especficas de todos os alunos com diferentes graus de habilidade, reconhecendo que cada um tem estilos diferentes de aprendizado, incluindo aqueles com deficincias leves, moderadas ou graves. O uso da tecnologia na educao desempenha o papel vital de permitir o desenvolvimento de um currculo flexvel e de ajudar os alunos com deficincias a participar de maneira mais igualitria da experincia de ensino. A tecnologia tambm ajuda a prepar-los para o aprendizado ao longo da vida, bem como para o entretenimento e para o trabalho fora do ambiente escolar. Com a implementao da Conveno da Organizao das Naes Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficincias em todo o mundo, os Estados signatrios da Conveno mantm esforos com o objetivo de garantir um Ensino Inclusivo para que os alunos com deficincias tenham acesso pleno de forma igualitria aos demais alunos s escolas regulares e ao aprendizado. No total, estima-se que 186 milhes de crianas com deficincias em todo o mundo no concluram o ensino primrio.1 Portanto, as crianas com deficincias constituem a maior e mais desprivilegiada minoria do mundo em termos de educao. Ao mesmo tempo, os governos e as autoridades em educao se deparam com o desafio de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio, que determinam que todas as crianas devem estar matriculadas e concluir o ensino primrio at 2015.2 A Cpula Mundial da Sociedade da Informao (CMSI) recomenda o uso das tecnologias de informao e comunicao (TIC) em todos os nveis de educao, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos (Declarao dos Princpios: Artigo 30).3 Conforme os lderes da rea educacional implementam reformas e mudanas para vencer este desafio, o uso das TIC acessveis emerge sistematicamente como um componente fundamental para permitir que os alunos aprendam de forma compatvel com as suas habilidades e estilos de aprendizado individuais. As recomendaes contidas neste relatrio so destinadas a professores, desenvolvedores de polticas e administradores. As principais recomendaes focam determinados temas centrais, incluindo: Maximizar o uso das diversas ferramentas de acesso disponveis nas principais TIC,

    como computadores pessoais, tablets, telefones celulares, entre outras, j utilizadas nas salas de aula;

    1 UNESCO, Empowering Persons with Disabilities through ICTs, 2009, disponvel no endereo eletrnico: 2 Objetivos de Desenvolvimento do Milnio da ONU: Objetivo 2: Alcanar ensino primrio universal; Meta Garantir que at 2015, as crianas em todo o mundo, tanto meninos quanto meninas, possam concluir o curso completo do ensino primrio. 3 Cpula Mundial sobre a Sociedade da. Informao, disponvel no endereo eletrnico ; ONU/ITU ; CMSI, Declarao de Princpios , disponvel no endereo eletrnico:

    http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001847/184704e.pdfhttp://www.itu.int/wsis/index.htmlhttp://www.itu.int/wsis/documents/doc_multi.asp?lang=en&id=1161|0

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    Capacitar alunos a se "autoadaptar" e entender suas preferncias e configuraes ideais no uso de tecnologias para o aprendizado;

    Remover barreiras comportamentais ao uso da tecnologia para o ensino inclusivo, especificamente as dos professores que podem ter dificuldades com as TIC modernas;

    Apoiar professores, alunos e suas famlias no uso de tecnologias para o aprendizado, atravs do desenvolvimento de equipes locais e redes de conhecimento sobre as TIC acessveis;

    Desenvolver polticas nacionais e regionais e estratgias para as TIC em nvel escolar que incorporem de maneira consistente o uso das TIC acessveis como uma ferramenta essencial para tornar realidade o ensino inclusivo;

    Desenvolver e comparar referncias sobre as posturas, habilidades e conhecimentos que professores precisam ter para desenvolver as habilidades necessrias para incorporar as TIC acessveis, de modo a garantir o ensino inclusivo em sala de aula e onde quer que o aprendizado ocorra.

    Nos dias 17 e 18 de novembro de 2011 a UNESCO, juntamente como a Microsoft Corporation, convocou uma reunio consultiva de dois dias com 30 especialistas de mais de 10 pases. Os participantes incluram professores que trabalham com crianas com dificuldades de aprendizado e deficincias fsicas, administradores de escolas, especialistas da indstria de TI, representantes de organizaes no governamentais e organizaes de pessoas com deficincia. O objetivo da reunio foi determinar: Solues prticas e boas prticas para o uso das tecnologias de informao e

    comunicao (TIC) acessveis para melhorar o aprendizado personalizado para todos os alunos, incluindo alunos com deficincias;

    Habilidades essenciais aos professores para aprender e utilizar as TIC acessveis, que complementaro a recente publicao da UNESCO Marco de Competncia em TIC para Professores (em ingls, ICT Competency Framework for Teachers).4

    Outros assuntos abordados pelos especialistas na reunio incluram o potencial e os desafios implementao das TIC acessveis em sala de aula. Os especialistas relataram os progressos obtidos, bem como estudos de casos interessantes e informativos de todo o mundo. A reunio tambm evidenciou o volume substancial de informaes disponveis aos professores sobre as TIC acessveis. As maiores frustraes continuam sendo os baixos nveis de conscientizao e implementao das TIC acessveis para a incluso de um maior nmero de alunos de maneira eficaz nas salas de aula do ensino regular. Essa frustrao se torna ainda mais amarga quando se considera que a maior parte das tecnologias em uso nas escolas hoje em dia possui ferramentas que permitem aos usurios personalizar a aparncia e o uso da interface de modo a adapt-la s

    4 Disponvel no endereo eletrnico

    http://www.unesco.org/new/en/unesco/themes/icts/teacher-education/unesco-ict-competency-framework-for-teachers/http://www.unesco.org/new/en/unesco/themes/icts/teacher-education/unesco-ict-competency-framework-for-teachers/

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    necessidades de acessibilidade dos mesmos. Da mesma forma, os modernos aplicativos para a elaborao de documentos e apresentaes dispem de "verificadores de acessibilidade" que podem ajudar professores e outros a criar contedos acessveis para a sala de aula. Em vista dessas tendncias e avanos tecnolgicos, o apoio e o treinamento de professores de modo que possam aprender e facilitar o uso dessas funcionalidades, bem como de outras formas de tecnologias acessveis e assistivas (TA) em sala de aula foram considerados fundamentais por todos os especialistas diante do potencial que as TIC acessveis possuem para ajudar a tornar a Educao Inclusiva uma realidade.

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    Estrutura do relatrio Parte 1 Explica os principais temas identificados pelos especialistas durante a reunio. Identifica uma srie de recursos prticos, estudos de caso e boas prticas que podem ser utilizados pelos professores para embasar as estratgias de uso das TIC nas escolas. Parte 2 Apresenta uma descrio detalhada de todas as recomendaes feitas pelos especialistas. Parte 3 Descreve os aspectos relativos s polticas relevantes para desenvolvedores de polticas e administradores. Parte 4 Discorre sobre as habilidades e apoio que os professores necessitam para promover e apoiar o uso personalizado e a tecnologia acessvel em sala de aula. Inclui tambm a estrutura e contedo propostos para um "Guia Prtico" complementar publicao recente da UNESCO Marco de Competncia em TIC para Professores (ICT Competency Framework for Teachers). Os Anexos do relatrio incluem a bibliografia, a agenda da reunio, as perguntas utilizadas para estimular as discusses e as reflexes nas sesses extras com os especialistas, a lista de participantes, alm de uma lista de referncias e leituras recomendadas. O relatrio da reunio est disponvel no site da UNESCO:

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    Resumo das principais recomendaes

    Solues prticas para o uso das TIC acessveis 1. Maximizar o uso dos recursos de acessibilidade nas tecnologias disponveis hoje em dia. A maior parte das TIC tradicionais, como computadores, tablets e outras tecnologias usadas nas escolas, contm inmeros recursos que, por meio das opes de configurao, podem ajudar muitos alunos a acessar o currculo e manter registros do trabalho feito. 2. Facilitar a "autoadaptao" dos alunos por meio da identificao dos recursos computacionais que melhor se adequem s suas necessidades. A habilidade de personalizar a tecnologia para atender s suas preferncias e necessidades pessoais um aprendizado para a vida toda que beneficiar o aluno em sua jornada pelo sistema de ensino. 3. O potencial dos avanos recentes e das tecnologias em vias de serem lanadas para vencer os desafios atuais deve ser monitorado e explorado. As tendncias tecnolgicas que valem a pena monitorar incluem o ensino com telefones celulares, solues baseadas na tecnologia em nuvem pela internet (em ingls, cloud), telas sensveis ao toque, interfaces interativas com sensores de movimento e pesquisas sobre o uso de consoles de jogos para o aprendizado. 4. Desenvolver uma postura inclusiva e positiva perante o uso de tecnologias para o aprendizado. Barreiras comportamentais e medo das tecnologias por parte de professores, pais e administradores reduzem significativamente as chances de os professores explorarem os benefcios das TIC acessveis, mesmo em ambientes com abundncia de recursos. 5. Treinamento e apoio aos professores so fundamentais. O sucesso em convencer os professores do valor das TIC acessveis em sala de aula depende, primeiramente, de que eles tenham as necessrias habilidades, atitudes e sabedorias. 6. O fornecimento, treinamento e apoio contnuo necessrio ao uso efetivo das TIC acessveis formam um esforo coletivo. Um ecossistema funcional envolvendo as TIC acessveis requer sintonia de pensamento no mbito das polticas e na comunicao entre todos os atores locais, incluindo especialistas em tecnologia assistiva. 7. Um currculo inclusivo requer que as necessidades dos alunos sejam consideradas desde os estgios iniciais de desenvolvimento. O desenvolvimento de um currculo, que contemple desde o incio o maior nmero possvel de alunos, reduzir a necessidade de reavaliaes (desenho universal) custosas e dispendiosas. 8. Levar em considerao as TIC acessveis fundamental para as polticas nacionais e regionais. O potencial das TIC acessveis deve ser explorado integralmente pelas autoridades educativas nacionais e ministrios, com o objetivo de atualizar as polticas nacionais e regionais, de modo a promover seu uso como ferramenta para a obteno de um Ensino Inclusivo.

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    9. O uso das TIC acessveis deve ser includo no plano de uso das TIC de uma escola. Os principais aspectos a serem considerados em nvel escolar no plano de acessibilidade s TIC so: (I) O que as TIC podem oferecer aos alunos e aos funcionrios e que no poderia ser proporcionado de outra maneira? (II) Como as TIC podem ajudar alunos e professores a acessar uma variedade de atividades relacionadas a todo currculo? (III) Como as TIC podem promover igualdade de oportunidades?

    Utilizando o "Marco de Competncia em TIC para Professores (ICT-CFT)" da UNESCO para sensibilizar e capacitar para o uso das TIC acessveis. 1. Desenvolver um "Guia Prtico" para acompanhar o ICT-CFT. A estrutura e um esboo inicial do contedo do Guia feito pelos especialistas foram descritos na Parte 4. 2. Professores devem incorporar ativamente o uso das TIC acessveis em sala de aula. Foi desenvolvida uma lista inicial das atitudes sugeridas, das habilidades e dos conhecimentos necessrios aos professores para ser utilizada no "Guia Prtico". 3. O "Guia Prtico" estar disponvel na Internet e poder ser acessado e atualizado por especialistas, professores e alunos. A partir do volumoso contedo reunido neste relatrio da Reunio Consultiva, o "Guia Prtico" ser um documento on-line "vivo", que ser ampliado e atualizado com o tempo, funcionando como um recurso til para professores, autoridades educacionais, alunos e pais.

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    ndice

    Sumrio executivo .......................................................................................................... 5 Estrutura do relatrio ...................................................................................................................................................... 8 Resumo das principais recomendaes ................................................................................................................... 9

    ndice ............................................................................................................................. 11 Glossrio ................................................................................................................................................................ .............. 12

    1. Solues prticas e estratgias ................................................................................ 14 Desafios abrangentes ..................................................................................................................................................... 15 Tecnologias computacionais tradicionais - um vasto reservatrio de recursos de acessibilidade subutilizados ................................................................................................................................................................ ..... 17 Polticas inclusivas e integradas para as TIC nas escolas ............................................................................... 24

    2. Resumo dos pontos-chave e das recomendaes para solues em tecnologia ............. 32

    3. Consideraes para as polticas de uso das TIC acessveis no aprendizado personalizado e no Ensino Inclusivo .......................................................................... 36 Panorama dos Marcos Polticos Internacionais .................................................................................................. 38 UNESCO e Educao Inclusiva .................................................................................................................................... 40

    4. Marco de Competncia em TIC para Professores, da UNESCO .............................. 43 Treinamento de professores nas TIC acessveis ................................................................................................. 43 Promovendo o ICT-CFT ................................................................................................................................................. 44 Resumo das principais recomendaes feitas em relao ao "Marco de Competncia em TIC para professores da UNESCO .............................................................................................................................................. 45

    Apndice A: Justificativas da Reunio e Agenda ............................................................... 52 Agenda................................................................................................................................................................ .................. 54

    Apndice B: Lista de participantes .................................................................................... 56

    Apndice C: Questes usadas para estimular as discusses e reflexes nas sesses de discusso ......................................................................................................................... 59

    Referncias: ..................................................................................................................... 60

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    Glossrio Acessibilidade Acessibilidade refere-se ao grau de acesso permitido por um

    ambiente, servio ou produto ao maior nmero de pessoas possvel, particularmente pessoas com deficincias.

    AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem. Em ingls: Virtual Learning Environment (VLE).

    CDPD/ONU Sigla que significa Conveno da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia. Em ingls: United Nations Convention on the Rights of Persons with Disabilities (UN CRPD).

    CIF Classificao Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Sade. Em ingls: International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF).

    CMSI Cpula Mundial da Sociedade da Informao. Em ingls: World Summit on the Information Society (WSIS).

    Deficincia Refere-se a incapacidades, limitaes a atividades e restries participao, denotando aspectos negativos da interao entre um indivduo (com um problema de sade) e os elementos contextuais do mesmo (fatores ambientais e pessoais).

    DU Desenho Universal o modelo de produtos, de ambientes, de programas e de servios a ser usado por todas as pessoas, da maneira mais abrangente possvel, sem a necessidade de adaptao ou design especializado. O conceito de "Modelo Universal" no exclui dispositivos assistivos para grupos especficos de pessoas com deficincias quando necessrio. Em ingls: Universal Design (UD).

    Educao Inclusiva Ensino baseado no direito de todos os alunos educao de qualidade adequada s necessidades bsicas de aprendizado e que enriquea a vida. Com foco principal nos grupos vulnerveis e marginalizados, ele busca desenvolver o potencial mximo de cada indivduo. O Ensino Inclusivo garante que "pessoas com deficincias no sejam excludas do sistema de ensino regular por causa da sua deficincia, e que crianas com deficincia no sejam excludas do ensino primrio gratuito e obrigatrio, ou do ensino secundrio, por causa da sua deficincia" (Artigo 24 CDPD/ONU).

    ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milnio

    ONU Organizao das Naes Unidas

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    PDF Formato de Documento Porttil. Em ingls: Portable Document Format (PDF).

    SO Sistema Operacional (por exemplo Windows, Mac OS e Linux). Em ingls: Operating system (OS).

    Sociedade inclusiva Sociedade que cria espaos livremente para acomodar qualquer portador de alguma deficincia, sem restries ou limitaes.

    Software leitor de tela Uma tecnologia assistiva potencialmente til para as pessoas cegas, com viso debilitada, analfabetas ou com dificuldades especficas de aprendizado. Os leitores de tela tentam identificar e decifrar o que est sendo exibido na tela e representar essa interpretao atravs de cones sonoros que convertem texto em voz, ou dispositivos que convertem em braille.

    TA Tecnologia Assistiva. No contexto das TIC, a TA garante o acesso e fornece servios alm dos oferecidos pelas TIC usadas para suprir as necessidades dos usurios com deficincias. Em ingls: Assistive Technology (AT).

    TIC Tecnologia de Informao e Comunicao. Em ingls: Information and Communication Technology (ICT).

    UNESCO Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura

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    1. Solues prticas e estratgias

    Estima-se que existam 150 milhes de crianas com deficincias no mundo e 80% delas se encontram nos pases em desenvolvimento... Alm dos efeitos imediatos relacionados sade, as deficincias fsicas e mentais so acompanhadas de um estigma que frequentemente leva excluso da sociedade e da escola5 O nmero de crianas com necessidades educacionais especiais aumentou nos ltimos 20 anos devido maior diversidade nas comunidades e s melhores ferramentas diagnsticas. De acordo com a Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico, chega a 35% o nmero de alunos em idade escolar que necessitam de algum tipo de apoio especial ou que foram diagnosticados com necessidades especiais.6 A incluso de crianas com deficincias nas escolas regulares promove concluso universal do ensino primrio, apresenta uma boa relao custo-benefcio e contribui para a erradicao da discriminao.7

    TIC Acessveis para o Ensino Inclusivo Ensino personalizado requer ateno s necessidades especficas de todos os alunos com diferentes graus de habilidade, reconhecendo que cada um tem estilos diferentes de aprendizado, incluindo aqueles com dificuldade de aprendizado ou deficincias leves, moderadas e graves. A tecnologia desempenha um papel fundamental em garantir um ensino personalizado possibilitando o desenvolvimento de um currculo flexvel e ajudando os alunos com deficincias a participar, atravs das TIC acessveis, de maneira igualitria na experincia de aprendizagem. importante que o uso da tecnologia para o ensino no contribua de forma alguma para a perpetuao de qualquer tipo de estigma ou rtulo presente em outras esferas da sociedade. As TIC acessveis para a educao incluem: Tecnologias tradicionais, como computadores, navegadores, processadores de texto,

    quadros brancos e telefones celulares equipados com recursos de acessibilidade; Tecnologias assistivas, como aparelhos de audio, leitores de tela, teclados

    adaptados, dispositivos de comunicao aumentativa, etc.; e Mdias e formatos acessveis, como HTML (Hypertext Markup Language), vdeos com

    legenda, DAISY (Digital Accessible Information System) livros, etc.8 5 UNESCO Education for All Global Monitoring Report, 2010. Disponvel em 6 Microsoft Accessibility A Guide for Educators. Pgina 8. Disponvel em 7 Organizao Mundial da Sade e Banco Mundial World Report on Disability, 2011. Disponvel em 8 Rice, D. Uso das TIC para promover educao e qualificao profissional para pessoas com deficincias em Connect a School, Connect a Community, ITU, 2009. Disponvel em

    http://www.unesco.org/new/en/education/themes/leading-the-international-agenda/efareport/reports/2010-marginalization/http://www.unesco.org/new/en/education/themes/leading-the-international-agenda/efareport/reports/2010-marginalization/http://www.microsoft.com/enable/educationhttp://www.who.int/disabilities/world_report/2011/en/index.htmlhttp://www.connectaschool.org/

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    Outras TIC para o aprendizado incluem programas (software) educativos e Ambientes Virtuais de Aprendizado (AVA). A base instalada de TIC em salas de aulas varia significativamente em todo o mundo, mas continua a aumentar.9 Apesar dessas variaes, houve consenso geral entre os especialistas que as solues para os obstculos remanescentes em sistemas educacionais com 'recursos abundantes', que podem j dispor de programas e sistemas de TIC acessveis implementados h anos, tambm so relevantes e so fontes de aprendizado para os pases que esto comeando a analisar o tema e a desenvolver programas. Este relatrio e outros documentos internacionais revelam que a aplicabilidade das TIC acessveis mais ampla para todos os estudantes. Portanto, fundamental que as autoridades educacionais adotem uma abordagem do Desenho Universal, conforme disposto no Artigo 4 da CDPD/ONU, ao adquirir TIC acessveis, considerando a questo da acessibilidade desde os estgios iniciais do processo de aquisio. Isso garantir que essas tecnologias posteriormente necessitem do mnimo de adaptaes, e que estas adaptaes s necessidades especficas dos usurios sejam a menos custosa possvel.

    Desafios abrangentes Muitos dos desafios em usar tecnologias acessveis para promover a aprendizagem personalizada so anlogos aos desafios de implementao das metas de Ensino Inclusivo. Em grande parte das discusses dos especialistas, os sucessos e desafios vivenciados costumam ser casos especficos de desafios maiores implementao do Ensino Inclusivo. De modo geral, portanto, a discusso girou em torno dos desafios relativos aos seguintes temas: Disponibilidade dos recursos de TIC adequados, bem como uso eficaz dos recursos

    existentes; Conscientizao dos professores para os benefcios do uso das TIC; Atitude dos professores em relao ao uso das TIC em sala de aula; Conscientizao e postura dos alunos e pais perante as TIC; Flexibilidade, ou falta dela, no currculo atual, nos mtodos de ensino e mtodos de

    avaliao; Desafios de abordar uma ampla gama de diferentes estilos de aprendizado dos

    alunos em face s estruturas atuais.

    Postura em relao tecnologia A postura de pais e professores em relao o uso da tecnologia em sala de aula para possibilitar a realizao de atividades essenciais, como acesso ao currculo e

    9 Experincias relatadas pelos especialistas na Reunio Consultiva revelaram que, por exemplo, o acesso Internet em sala de aula varia de quase zero em alguns pases em desenvolvimento a 95% ou mais em pases como a Dinamarca. Portanto, as recomendaes dos especialistas contidas neste Relatrio buscam se abster de fazer quaisquer inferncias sobre a disponibilidade de recursos e as condies dentro de um pas.

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    preenchimento de exerccios, pode ser negativa, uma vez que estes no esto familiarizados com a mesma, ou tem certa familiaridade, mas se sentem pouco a vontade para us-la. Por exemplo, quando as calculadoras foram introduzidas nas escolas pela primeira vez o seu uso era restrito, uma vez que a viso predominante era de que o seu uso prejudicaria a capacidade dos alunos de realizar funes aritmticas bsicas. Hoje em dia, as calculadoras so usadas livremente como uma ferramenta em sala de aula. Da mesma maneira, ainda existem obstculos comportamentais ao uso de ferramentas como corretores ortogrficos, teclado inteligente, conversores de texto em voz e outras tecnologias de apoio ao desempenho, das quais os alunos com deficincias de aprendizado frequentemente necessitam. Essa postura de desconfiana em relao s referidas tecnologias, vistas como uma espcie de muleta, deve ser reconhecida e superada.

    BOA PRTICA:

    "TIC na Educao para Pessoas com Deficincias - Avaliao de Prtica Inovadora" O trabalho de outras organizaes de reunir exemplos de boas prticas foi reconhecido pelos especialistas. Um relatrio de 2010 da Agncia Europeia para o Desenvolvimento da Educao para Pessoas com Necessidades Especiais, em parceria com o Instituto de Tecnologias da Informao na Educao (IITE) da UNESCO, reuniu exemplos concretos de prticas de uso das TIC com pessoas com deficincias em diferentes contextos e ambientes educacionais.10

    BOA PRTICA:

    "Utilidade da Msica na Incluso Social de Crianas (UMISC)"

    O projeto "Utilidade da Msica na Incluso Social de Crianas (em ingls, Usability of Music for Social Inclusion of Children UMSIC) desenvolveu um ambiente mvel e interativo de aprendizagem para estimular a criatividade musical, com o objetivo de promover a incluso social de crianas portadoras do transtorno do dficit de ateno com hiperatividade (TDAH) ou com problemas lingusticos (por exemplo, as crianas recm-imigradas, devido herana cultural).

    Relatou-se que ao "tentar realizar o experimento de campo com crianas novas de uma instituio especializada e, sobretudo, com um grupo especfico de imigrantes, a professora encarregada se recusou a permitir que a equipe de pesquisa conduzisse as sesses utilizando telefones celulares/computadores portteis. Ela afirmou categoricamente que seria necessrio obter o consentimento expresso dos pais para que os seus filhos pudessem usar telefones celulares na escola".

    10 Em ingls, ICTs in Education for People with Disabilities - Review of Innovative Practice

    http://www.european-agency.org/publications/ereports/ICTs-in-Education-for-People-With-Disabilities/Review-of-Innovative-Practicehttp://www.european-agency.org/publications/ereports/ICTs-in-Education-for-People-With-Disabilities/Review-of-Innovative-Practice

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    No entanto, apesar dessas barreiras comportamentais, relatou-se tambm que "[] para a maioria das crianas, foi a primeira vez que ouviram a prpria voz gravada e puderam explorar os recursos de gravao". [] As crianas com dificuldade de articulao (L. com 3 anos e C. com 5 anos) aparentemente foram capazes de ouvir as slabas ou fonemas pretendidos, e se sentiram altamente motivadas a aprender e ouvir novamente as melhorias nas gravaes. [] As gravaes claramente ajudaram as crianas a identificar os eventos fundamentais, a conversar entre elas e a assumir o controle. [] Notamos que o nvel de participao de uma das crianas aumentou. Os educadores foram receptivos mudana, porque a atitude anterior de C. era muito passiva. Os seus pais no foram considerados bem-integrados.11

    Tecnologias computacionais tradicionais - um vasto reservatrio de recursos de acessibilidade subutilizados A maior parte das TIC tradicionais, como os computadores pessoais usados nas escolas, contm inmeros recursos que, por meio das opes de configurao ou de outros recursos, podem ajudar muitos alunos a acessar o currculo e manter registros do trabalho feito. Recursos como o "Centro de Facilidade de Acesso" (em ingls, Ease of Access Center) e o "Centro de Personalizao" (em ingls, Personalization Center) no Painel de Controle do sistema operacional Windows da Microsoft e o "Acesso Universal" (em ingls, Universal Access) do sistema operacional Mac da Apple, contm diversas configuraes que os usurios podem optar para tornar o computador mais fcil e prtico de usar. Esses recursos no so funes adicionais, eles vm embutidos no SO do computador. Professores e alunos s precisam saber que eles existem e experimentar para ver o que funciona melhor para eles. Os computadores tradicionais tambm permitem aos usurios salvar as suas preferncias para que elas continuem disponveis da prxima vez que o usurio se conectar. Isso possvel tanto em computadores isolados utilizados em uma nica sala de aula, quanto em sistemas de computadores em rede em um campus.

    RECURSOS de acessibilidade nas tecnologias "tradicionais":

    * O "Guia Prtico" de acessibilidade da BBC contm informaes sobre os recursos de acessibilidade dos Sistemas Operacionais (SO) mais comumente usados, como Windows, Mac ou Linux. Disponveis no endereo eletrnico

    Cada fabricante de SO oferecem recursos de acessibilidade: * Microsoft (Windows): 11 O UMSIC um projeto patrocinado pela EU FP7. Trecho do texto do Projeto D9.2. Relatrio disponvel em

    http://www.bbc.co.uk/accessibility/guides/http://www.microsoft.com/enable/http://www.microsoft.com/education/guideshttp://www.microsoft.com/enable/products/windows7/http://www.umsic.org/html/deliverables.html

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    * Apple (Mac): * Linux: * OpenOffice.org:

    REFERNCIAS:

    1. Uma referncia se chama Acessibilidade: Um Guia para Educadores (em ingls, Accessibility: A Guide for Educators) da Microsoft. Este recurso contem informaes sobre os recursos de acessibilidade do SO Windows, mas tambm inclui informaes sobre os diferentes tipos de TA disponveis de acordo com as necessidades funcionais do aluno.

    Alm disso, a publicao Referncias Curriculares para Educao Especial com Windows 7 e Office 2010 (em ingls, Curriculum Resources for Special Education for Windows 7 and Office 2010) inclui opes especficas no Windows 7 e no Office 2010 para alunos com diversos tipos de deficincias, bem como informaes sobre como os professores podem utilizar o Office 2010 para salvar arquivos acessveis para alunos cegos ou que apresentem outras deficincias de leitura.

    Disponvel em:

    2. Definies e uma breve avaliao das principais categorias de tecnologias assistivas. Disponvel em:

    Apesar de a maioria dos Sistemas Operacionais e aplicativos mais comumente usados estarem disponveis em diversos idiomas, a localizao das Tecnologias Assistivas foi identificada como um problema em algumas partes do mundo. Um modelo de boa prtica identificada foi o NVDA, um leitor de tela de cdigo aberto para Windows, para o qual diversos recursos de fala foram localizados por ONGs locais em todo o mundo.12 A identificao precoce de necessidades especficas para a aprendizagem, incluindo a necessidade de tecnologias acessveis, aumenta significativamente as chances de interveno e solues bem sucedidas. Teste de preferncias, como que tamanho de fonte mais confortvel para a leitura ou que velocidade ao clicar o mouse mais fcil de usar, proporcionam um grande nmero de informaes sobre os diferentes nveis de habilidade e estilos de aprendizagem dos alunos. 12 NonVisual Desktop Access (NVDA) em portugus, Acesso No Visual rea de Trabalho. um leitor de tela gratuito, de cdigo aberto, para o sistema operacional Windows da Microsoft. Disponvel em

    http://www.apple.com/accessibility/http://www.apple.com/accessibility/macosx/vision.htmlhttp://www.apple.com/accessibility/resources/macosx.htmlhttp://www.apple.com/education/special-education/http://tldp.org/HOWTO/Accessibility-HOWTO/http://www.openoffice.org/ui/accessibility/quickstart.htmlhttp://download.microsoft.com/download/0/7/3/073c1245-78c9-4790-ba41-73132204e43e/AccessibilityCurriculumWindows7Office2010.dochttp://download.microsoft.com/download/0/7/3/073c1245-78c9-4790-ba41-73132204e43e/AccessibilityCurriculumWindows7Office2010.dochttp://www.microsoft.com/enable/education/http://www.youtube.com/watch?v=HXchQnJ6PoEhttp://www.nvda-project.org/

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    Autoengajamento como uma habilidade para toda a vida Personalizar o aprendizado por meio da tecnologia uma habilidade para a vida toda. Todos os alunos precisam adquirir a habilidade de personalizar a sua tecnologia e de se autoadaptar. Alguns casos de sucesso ao 'transferir o controle sobre o processo de aprendizagem para os alunos' foram relatados pelos especialistas. Na prtica, em um dos casos, o projeto foi elaborado para ajudar os alunos a se 'autoengajar' em relao s suas necessidades ao longo da sua jornada pelo sistema de ensino.

    BOA PRTICA:

    Alunos de nove a doze anos que participaram de um projeto de um ano sobre os seus estilos de aprendizado, tambm adquiriram uma habilidade fundamental para a vida toda: "autoadaptao".

    Facilitou-se o processo de descoberta e registro pelos alunos das suas preferncias em uma srie de atividades em sala de aula, por exemplo, em que local da sala precisavam se sentar para aprender melhor o que estava sendo ensinado. Com relao s TIC, o processo envolveu descobrir as suas preferncias de configurao do computador.

    Os alunos receberam treinamentos presenciais e multimdia em computao e desenvolveram uma lista de verificao das suas preferenciais individuais e estilos de aprendizado. Este processo ensinou os alunos a habilidade de se "autoadaptar" ao longo da vida e capacitou-os a se "autoengajar" em relao s suas necessidades, incluindo as suas preferncias de uso do computador, ao longo da vida escolar.

    BOA PRTICA:

    Marco de autoadaptao bsica no Reino Unido

    No Reino Unido, diversas escolas introduzirem um marco de autoadaptao bsica durante a semana de iniciao para novos alunos na escola. Usando materiais simples de autoajuda, mostrou-se aos alunos como ajustar configuraes de acessibilidade nos computadores Windows e como us-las de maneira mais fcil, particularmente tornando a leitura da tela mais fcil.

    Isso permite que os alunos se autoidentifiquem atravs das configuraes de acessibilidade do Windows no questionrio do "Centro de Facilidade de Acesso". Um benefcio dessa abordagem que ela no requereu que os alunos se identificassem como portadores de alguma deficincia fsica ou de aprendizado. Os alunos no eram excludos e todos tiveram a oportunidade de customizar o seu computador.

    Quando os recursos de acessibilidade do Windows no eram suficientes para atender a todas as necessidades individuais de acessibilidade, a responsabilidade era dos alunos de identificar sua prpria necessidade de Tecnologia Assistiva. Alm disso, todos os alunos criaram um perfil de roaming que salvou as suas preferncias. Quando usaram

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    algum outro computador em rede, por exemplo, o computador da biblioteca da escola, o computador "se lembrou" das suas preferncias de acessibilidade.

    Os alunos que necessitaram de tecnologia assistiva usaram pen drives (unidades mveis com entrada USB) para levarem a sua TA consigo, de modo que pudessem us-la na biblioteca, em casa, etc. Disponibilizou-se tambm um sistema que oferecia suporte personalizado. Os alunos que no foram capazes de se adaptar de maneira completa, buscaram e receberam a ajuda dos professores.

    Em situaes em que isso ainda no foi suficiente, os especialistas em TA puderam ento fazer uma reviso e anlise mais detalhada.

    Os professores usaram a mesma ferramenta de autoadaptao para reduzir determinadas limitaes na estao de trabalho. Os professores tambm foram treinados em algumas outras ferramentas de cdigo aberto que poderiam ser agregadas para tornar o computador mais acessvel. Essas ferramentas incluram software como o Vu-Bar13 e o Screentinter Lite14.

    Continuidade do uso e 'apropriao' da tecnologia Os alunos precisam ter acesso a solues apropriadas e adequadas em TA que permitam a continuidade do uso de uma turma ou escola para outra. Quando possvel, deve-se permitir que o aluno tome posse da TA, evitando a perda da mesma ou a necessidade de reaplic-la vrias vezes. A apropriao da TA pelo aluno permite melhor continuidade do uso na transio de uma turma ou escola para outra. A portabilidade de solues de software de alta tecnologia, como leitores de tela, teclados inteligentes podem ser melhoradas usando uma alternativa que possa ser salva em um pen drive ou baseada nos computadores em nuvem na internet (em ingls, cloud). Os estudos de caso acima ilustram a tendncia emergente, conforme destacado tanto na literatura quanto pelos especialistas na Reunio Consultiva, de os alunos se tornarem agentes eficazes e ativos na sua prpria educao em sistemas de Ensino Inclusivo. No entanto, os especialistas tambm concordaram que o aluno a principal fonte para determinao do que funciona ou no para ele. A implementao de TA tambm requer com frequncia um trabalho em equipe, envolvendo a famlia do aluno, a equipe de ensino e, quando necessrio, especialistas em TA. Uma questo relacionada autoadaptao que precisa ser considerada com cuidado refere-se privacidade e segurana dos perfis de usurio, especialmente em sistemas e aplicativos baseados em nuvem pela internet ou em computadores pblicos, como os de uma biblioteca.

    13 O Vu-Bar "til em cases de dislexia, quando o usurio pula uma linha ou passa de uma linha para outra. 14 O Screentinter Lite "permite que as cores do plano da frente e de fundo da tela sejam trocadas ao clicar um boto".

    http://www.oatsoft.org/Software/vu-bar-4http://www.thomson-software-solutions.com/html/screen_tinter.html

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    Materiais didticos: do impresso para o digital A atual prtica restritiva de usar materiais didticos na forma textual como a principal modalidade de ensino inibe a aprendizagem personalizada e o fornecimento de outros formatos quando necessrio. Uma implicao imediata para as polticas que se deve buscar e adquirir contedo educativo com termos flexveis de direitos autorais, como Recursos Didticos Abertos RDA (em ingls, Open Educational Resources OER), que protegem os direitos autorais do autor, mas tambm permitem a reproduo do contedo em formatos acessveis para o maior nmero possvel de alunos. Como resultado dessa prtica atual de usar materiais textuais, os professores se deparam frequentemente com a falta de recursos textuais acessveis aos alunos que no conseguem assimilar ou usar esse contedo. Os professores precisam aprender sobre os efeitos de uma mdia em particular e como esta se relaciona com as forma de aprendizagem de portadores de deficincias, por exemplo, como usar mdias aumentativas e alternativas para assimilao mais efetiva e duradoura de determinado contedo. No entanto, os professores precisam tambm entender como criar contedo digital acessvel, uma vez que nem tudo o que ensinado em sala de aula se encontra nos livros didticos, mas frequentemente produzido pelo professor antes da aula. Portanto, os professores precisam ser equipados com os recursos adequados, alm de serem treinados e capacitados para criar contedo digital acessvel.

    ESTUDO DE CASO:

    "Estudante cega chega ao topo da turma com a tecnologia acessvel"

    Ignacia Picas, aluna do Colegio San Benito uma escola de ensino primrio em Santiago , usa um computador com recursos de acessibilidade do Sistema Operacional e ferramentas embutidas nos aplicativos, alm de um software leitor de tela para participar integralmente da aula. Isso permite a Ignacia manter uma mdia de notas quase perfeita.

    Assista o seu vdeo (WMV 29.3MB) ou leia a sua histria. Disponvel em:

    VDEOS DE BOAS PRTICAS:

    1. Introduzindo iPods no Ensino para Alunos Especiais: Disponvel em ingls: 2. Reconhecimento Avanado de Caracter ptico e Aplicativo Conversor de Texto para Voz: Disponvel em ingls:

    http://mediadl.microsoft.com/mediadl/www/c/casestudies/Files/4000011355/ColegioSanBenito_IgnaciaPica_1140kbps.wmvhttp://www.microsoft.com/casestudies/Case_Study_Detail.aspx?CaseStudyID=4000011355http://www.microsoft.com/casestudies/Case_Study_Detail.aspx?CaseStudyID=4000011355http://www.microsoft.com/casestudies/Case_Study_Detail.aspx?CaseStudyID=4000011355http://www.youtube.com/watch?v=VTSM0m6aT9Mhttp://www.youtube.com/watch?v=Lf-0Dj95SgYhttp://mediadl.microsoft.com/mediadl/www/c/casestudies/Files/4000011355/ColegioSanBenito_IgnaciaPica_1140kb

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    Um passo prtico que os professores podem dar aprender sobre o uso dos recursos de acessibilidade do software que usam para escrever documentos e criar apresentaes. Os "verificadores de acessibilidade" (em ingls, accessibility checkers) podem ajudar os professores a 'embutir' acessibilidade, ao criar documentos como documentos do Word, PDFs ou apresentaes.

    REFERNCIAS:

    1. Curriculum resources for Special Education um guia prtico da Microsoft que inclui um captulo sobre como tornar documentos e apresentaes acessveis usando o Office 2010. Disponvel em ingls: www.microsoft.com/education/enable/

    2. Accessibility Quick Reference Card da Adobe oferece suporte na converso de documentos do Word em PDF acessvel. Disponvel em ingls:

    REFERNCIAS:

    Uma srie de folhetos informativos e lista de verificao sobre a elaborao de materiais didticos esto disponveis no site ACCESS-ed15. Ele inclui:

    * Designing an Accessible Syllabus - este pequeno documento em PDF inclui instrues para garantir que os seus currculos sejam acessveis.

    * Top 10 Tips for Accessible Slide Presentations - este pequeno documento consiste em um guia para criar slides e apresentaes mais acessveis em PowerPoint.

    * Font Size for Accessible Media in the Classroom - esses dois slides do PowerPoint apresentam uma diretriz para garantir que os tamanhos de fonte nas mdias impressas sejam acessveis quando projetados.

    * Accessible Test checklist - esta auditoria utilizada para avaliar a acessibilidade de uma prova.

    Para maiores informaes veja:

    * Mtodos de Ensino:

    * Mdia e materiais:

    15O ACCESS-ed uma iniciativa do Centro R2D2 da Universidade de Winscosin-Milwaukee, EUA. Disponvel em

    http://www.microsoft.com/education/enable/http://blogs.adobe.com/accessibility/files/accessibility/assets/WordToPDFReferenceCard_v1.pdfhttp://blogs.adobe.com/accessibility/files/accessibility/assets/WordToPDFReferenceCard_v1.pdfhttp://access-ed.r2d2.uwm.edu/Virtual_Campus/Instructional_Methods/http://access-ed.r2d2.uwm.edu/Virtual_Campus/Media_Materials/http://access-ed.r2d2.uwm.edu/

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    Uma novidade, que usa a abordagem do Desenho Universal para a elaborao de materiais didticos digitais, foi apresentada por um dos especialistas. Ela contm "categorias" que permitem alunos com estilos diferentes de aprendizagem acessar o mesmo contedo. Esses recursos didticos divididos em categorias incluem contedo em diversos formatos como texto, imagens e udio/vdeo, todos com suporte para traduo e legendagem.

    REFERNCIAS:

    Para ver exemplos de materiais didticos digitais em categorias, veja:

    * Rede Educativa Centro de Alfabetizao (Literacy Center Education Network):

    * O crebro (The Brain):

    * Olimpadas de Inverno de 2012:

    Recursos Didticos Abertos Os Recursos Didticos Abertos RDA (em ingls, Open Educational Resources OERs) so materiais didticos disponveis gratuitamente para uso, adaptao e redistribuio.16 Apesar de existirem vrios RDA disponveis na Internet, muitos deles podem no ser acessveis a pessoas com deficincias. As recomendaes para a elaborao de polticas nessa rea poderiam incluir a questo da cooperao internacional com outros pases ou projetos existentes de RDA para desenvolver tecnologias acessveis a pessoas com deficincias, alm de desenvolver estratgias para fornecer sistematicamente os RDA existentes em formatos acessveis. Pode ser necessria a flexibilizao das condies de direitos autorais em diversos casos para permitir o fornecimento dos RDA acessveis.

    16O termo "Open Educational Resources" (em portugus, "Recursos Didticos Abertos") foi adotado pela primeira vez no Frum sobre o Impacto dos Materiais Didticos no Ensino Superior em Pases em Desenvolvimento da UNESCO. Recursos Didticos Abertos so materiais de ensino, aprendizagem ou pesquisa de domnio pblico, ou que foram publicados com direitos de propriedade intelectual que permitem uso, adaptao e distribuio. Maiores informaes sobre o trabalho da UNESCO no site:

    http://www.literacycenter.net/lessonview_en.phphttp://thebrain.mcgill.ca/flash/index_d.htmlhttp://www.tieredwebpages.com/static/examples/olympics/http://www.unesco.org/new/en/communication-and-information/access-to-knowledge/open-educational-resources/http://www.unesco.org/new/en/communication-and-information/access-to-knowledge/open-educational-resources/

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    Polticas inclusivas e integradas para as TIC nas escolas A educao inclusiva requer que as tecnologias tradicionais disponveis para os alunos em sala de aula sejam acessveis para quem precisar dela. Portanto, as polticas sobre o provimento e uso das TIC em sala de aula precisam integrar as polticas de TIC como um todo em nvel nacional, regional e educacional. O desenvolvimento de polticas especficas para 'alunos deficientes' promove a desigualdade e tambm ineficaz na garantia dos benefcios da utilizao das TIC acessveis a um vasto nmero de alunos que poderiam se beneficiar do seu uso generalizado em sala de aula. O uso das TIC s benfico quando feito de modo eficaz em sala de aula e em toda a escola. Para atingir esta meta, o uso das TIC deve ser abordado no Plano de Desenvolvimento da Escola e revisado anualmente. As escolas que atendem a alunos com necessidades importantes e complexas devem incluir um Plano de Desenvolvimento das TIC convincente e crvel. Este plano deve: Descrever o objetivo e funo das TIC no contexto geral de ensino da escola; Incluir uma declarao da situao atual do uso das TIC na escola; Mudanas e melhorias almejadas no prximo ano; Alocao realista dos recursos (funcionrios, tempo e dinheiro) para alcanar esses

    objetivos; Como parte do Plano de Desenvolvimento da Escola, o Plano de Desenvolvimento das TIC deve ser elaborado com base nas 'boas prticas' de TIC e estar relacionado s metas da escola e dos governos locais e regionais. Acima de tudo ele deve ser: Gerencivel; Envolver a equipe snior no planejamento; Ter um impacto no planejamento de aulas; Estar relacionado avaliao e o desempenho dos alunos; Contar com o apoio de todos os participantes incluindo as associaes de pais; Ser integrado no planejamento financeiro e oramentrio da escola; Considerar as opinies dos especialistas e a experincia das pessoas e dos

    professores com deficincia; Implementar o desenvolvimento profissional contnuos das equipes.17 O modelo descrito a seguir foi um consenso entre os especialistas como representante do que acontece na prtica e que pode ser usado em qualquer sistema de ensino para determinar qual estgio se encontra a estratgia de provimento de uso de TIC acessveis e, principalmente, para onde ela precisa ir.

    Uma abordagem do Desenho Universal Os sistemas focados em acomodar as necessidades individuais dos alunos no relacionados ao ambiente geral do ensino so sempre reativos. A adaptao reativa tende a ser focada no fornecimento de solues tcnicas individualizadas, que, por sua vez, tendem a ser caras, demoradas e excludentes. A abordagem de garantir que o maior nmero de alunos possvel seja considerado na escolha e elaborao do currculo e

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    http://www.inclusive.net/resources/units/unitb/unitb_10.shtml

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    polticas e programas para as TIC apresentou uma relao custo-benefcio melhor e mostrou-se menos discriminatria do que as abordagens tradicionais reativas. Conforme mostrado na Figura 1, o modelo A3 ilustra a oscilao dos esforos necessrios para possibilitar a acessibilidade universal.18 Na primeira fase, concentram-se os esforos jurdicos e/ou de mudana de polticas para promover a conscientizao em relao desigualdade, alm de destacar a necessidade de mudana do sistema para atender s necessidades dos indivduos com deficincias.

    Figura 1: Modelo A3 e Transio de Abordagem

    A resposta tpica do engajamento no tema so as adaptaes. Na sala de aula, elas podem envolver, por exemplo, o fornecimento de um determinado dispositivo de entrada para a tecnologia tradicional utilizada por um aluno com uma deficincia fsica ou uma verso em braille de um texto para um aluno cego. Ambientes e materiais inacessveis so, portanto, modificados e disponibilizados na fase 2. Tipicamente, as adaptaes so fornecidas mediante solicitao. Embora isso represente uma melhora significativa em relao s situaes encontradas na fase anterior, as adaptaes tendem a perpetuar a desigualdade uma vez que pode haver atraso (por exemplo, o tempo necessrio para converter o texto do formato impresso para braille), pode ser necessrio um esforo extra para obt-las (por exemplo, ligar com antecedncia), ou ainda pode ser necessrio o deslocamento a algum local especial (por exemplo, o nico computador com software leitor de tela fica na biblioteca). Na fase 3, a acessibilidade descreve um ambiente em que o acesso igualitrio fornecido a todos ao mesmo tempo. Casos histricos de sucesso, como rebaixamento de caladas e

    18Schwanke, T. D., Smith, R. O., e Edyburn, D. L. (2001, 22-26 de junho de 2001). A3 Model Diagram Developed As Accessibility And Universal Design Instructional Tool. RESNA 2001 Annual Conference Proceedings, 21, RESNA Press, 205-207.

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    computadores com painis de controle de acessibilidade, so exemplos de como um projeto criado para deficientes teve um impacto subsequente maior na populao como um todo. Portanto, os esforos atuais para criar um Desenho Universal so altamente promissores. As propores ilustradas no grfico revelam os esforos relativos a cada uma das trs fases em qualquer momento do processo quanto ao impacto da estratgia geral sendo aplicada (defesa em favor da necessidade, adaptao para mitigar a inacessibilidade e acessibilidade e quando o acesso universal garantido a todos). A tecnologia assistiva fornecida por meio de um modelo de adaptaes individualizadas. Ou seja, um indivduo com deficincia deve ser encaminhado para avaliao para que os dispositivos e servios de tecnologia assistiva possam ser fornecidos. Por outro lado, as intervenes no DU so disponibilizadas a todos, partindo do pressuposto de que os que necessitarem de apoio especializado usaram as ferramentas quando necessitarem delas (ou seja, suporte imediato embutido). Em muitos casos, os suportes tecnolgicos fornecidos a todos provaram ser eficazes como Tecnologias Assistivas para indivduos com deficincias.

    Desenvolvendo uma poltica de TIC acessveis As principais questes a serem consideradas em nvel escolar na poltica de TIC so: O que as TIC podem oferecer aos alunos e funcionrios que no pode ser

    proporcionado de outra maneira? Como as TIC podem ajudar alunos e professores a acessar uma variedade de

    atividades relacionadas a todo currculo? Como as TIC podem promover igualdade de oportunidades? Qual seria o impacto sobre os alunos se os computadores e outros tipos de TIC no

    estivessem disponveis?19

    Dados necessrios ao planejamento eficaz De acordo com o Relatrio de Monitoramento Educao para Todos de 2006, as pessoas com deficincias so frequentemente invisveis nas estatsticas oficiais.20 Muitos dos especialistas citaram esta carncia generalizada de dados confiveis sobre portadores de deficincias na educao como uma barreira ao desenvolvimento de polticas baseadas nas evidncias para apoiar o uso das TIC acessveis. A coleta de dados relevantes vital, e a educao precisa ser um empreendimento cada vez mais baseado em dados, obviamente, desde que as questes de privacidade e segurana sejam devidamente consideradas. A coleta de dados na educao tradicionalmente focou primordialmente no desempenho acadmico dos alunos. Cada vez mais a coleta de dados precisa estar focada nas necessidades dos alunos e na relao custo-benefcio de intervenes como o fornecimento das TIC.

    19 Ver Writing a school ICT policy do ICTS em 20UNESCO, Education for All Global Monitoring Report, 2006

    http://www.inclusive.net/resources/units/unitb/unitb_10.shtmlhttp://www.uis.unesco.org/Library/Documents/gmr06-en.pdf

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    Esta carncia generalizada de dados agravada pelas dificuldades de comparar dados disponveis entre diversos pases, particularmente em funo das diferentes definies e classificaes das deficincias. Dados confiveis sobre a eficcia de adaptaes utilizando as TIC acessveis so especialmente importantes para o desenvolvimento de programas locais e nacionais sustentveis e multiplicveis. Um foco nesse tipo de dado permitir aos desenvolvedores de polticas educacionais estabelecerem um equilbrio entre: As necessidades e as preferncias dos alunos; As necessidades e as preferncias dos educadores; Prestao de servios de qualidade; e Relao custo-efetividade e custo-eficincia21. Embora tenha sido consenso entre os especialistas que o uso consciente e eficaz das TIC acessveis em sala de aula tem um efeito em rede adicional beneficiando o aluno individualmente e a turma como um todo, atualmente existem poucos dados que corroboram esta viso.

    Implementando os planos de TIC das escolas - papis e parcerias Na implementao do plano de TIC da escola, os professores precisam saber a quem contatar ou onde encontrar informaes sobre as TIC acessveis sobre dados gerais e, em alguns casos, sobre um recurso especfico de TA. Ao mesmo tempo em que importante o papel do aluno em se autoidentificar e em se autoadaptar s suas prprias necessidades, o professor tem um papel fundamental na identificao de necessidades e em oferecer suporte extra. Quando necessrio, um especialista em TIC acessveis pode trabalhar como parte da equipe, em parceria com o aluno, seus professores e pais para identificar e apoiar o uso da Tecnologia Assistiva e outras TIC acessveis necessrias.

    Desenvolvimentos tecnolgicos atuais e possibilidades futuras

    Computao em nuvem A computao em nuvem (em ingls, cloud computing) representa atualmente uma mudana de paradigma em que os recursos computacionais, como software, so colocados na Internet e fornecidos a computadores e outros dispositivos quando solicitado.22 Os aplicativos de software de TA no so instalados em um aparelho especfico, mas so acessveis por meio da Internet de qualquer computador ou outro dispositivo, como tablets ou telefones celulares. 21 Isso se assemelha discusso que ocorre no mbito mais abrangente sobre o fornecimento de TA. Para maiores informaes, ver as consideraes de Marcia Scherer em Living in the State of Stuck : How Assistive Technology Impacts the Lives of People with Disabilities. 22

    http://www.matchingpersonandtechnology.com/StuckWorkbook.htmlhttp://en.wikipedia.org/wiki/Cloud_computing

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    As primeiras iniciativas nessa rea, como os leitores de tela on-line, obtiveram "resultados promissores no sentido de promover uma web mais inclusiva, removendo tanto as barreiras econmicas quanto de acessibilidade".23 A computao em nuvem oferece o potencial de acesso onipresente a contedos e aplicativos e, em termos de Ensino Inclusivo, possibilita que alunos e professores acessem e usem o currculo a qualquer momento e em qualquer lugar.24

    BOA PRTICA:

    LUCY e-Education na Tanznia

    Na Tanznia, o projeto LUCY e-Education d acesso Internet, aos contedos educativos on-line e ao contedo on-line em geral, independentemente de idade, condio econmica ou deficincia.25

    O objetivo deste projeto fornecer acesso eficaz com um custo acessvel aos servios de TIC para comunidades que, de outra forma, no teriam o devido acesso para montar tais facilidades uma infraestrutura de TIC chamada LUCY, baseada em nuvem na internet, e que inclui aplicativos de software, contedo e servios localizados para os cidados tanzanianos e seu ambiente.

    O projeto dar ateno especial aos grupos vulnerveis, que incluem mulheres, crianas, jovens e pessoas com deficincias ou analfabetos, garantindo a instalao da infraestrutura de TIC e que os servios oferecidos na plataforma LUCY sejam integralmente acessveis e estejam de acordo com os padres internacionais, bem como com os princpios de desenho universal. Os servios tambm devero ser oferecidos levando em considerao as minorias lingusticas (por exemplo, o suali).

    Tecnologia mvel para o aprendizado Da mesma maneira, atitudes culturais perante o uso de telefones celulares podem representar um obstculo para que os alunos os usem como uma ferramenta de comunicao, acesso ao currculo ou para fazer uma tarefa. Uso da tecnologia mvel no aprendizado uma rea que vem crescendo e, em muitas partes do mundo, a nica tecnologia disponvel que pode ser usada para acessar a Internet.26 Os telefones celulares so comumente os dispositivos de mais fcil acesso e uso pelos alunos. O uso

    23 24Projetos como o Infraestrutura Inclusiva Pblica Global (Global Public Inclusive Infrastructure - GPII) e o Cloud4All tm como objetivo impulsionar a nuvem, de modo que "todos os que se depararem com obstculos acessibilidade devido a deficincias, analfabetismo ou idade, independentemente de recursos econmicos, possam acessar e usar a Internet e todas as suas informaes, comunidades e servios relativos educao, trabalho, vida cotidiana, participao cvica, sade e segurana". Esses projetos esto desenvolvendo as ferramentas e a infraestrutura necessria para permitir que as pessoas com deficincia tenham acesso s TA por um custo acessvel de qualquer lugar e em qualquer computador. 25Este um projeto conjunto entre a Fundao Dominic, a Unio Internacional da Telecomunicao e o Ministrio da Comunicao, Cincia e Tecnologia da Tanznia. 26 Por exemplo, aproximadamente 5 milhes de novos assinantes de telefones celulares se juntaram crescente rede de usurios todos os meses em 2006. Em comparao, a penetrao dos computadores pessoais foi de 5 milhes entre 2005 e 2006. Veja: Nokia India. Position Paper Mobile Internet UX for Developing Countries

    http://www.w4a.info/http://raisingthefloor.net/projectshttp://research.nokia.com/files/Joshi-MIUXforDevelopingCountries.pdf

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    de telefones celulares para o aprendizado (em ingls, Mobile phones for learning ou M-learning) tambm possibilita aos alunos acessar o currculo fora da sala de aula. Entretanto, muitos pais e professores podem se mostrar resistentes quanto a permitir que os seus filhos tenham acesso a um telefone celular. E essas atitudes e consideraes culturais devem ser levadas em considerao ao escolher quais tecnologias usar para o aprendizado. Veja os anais do Frum Regional Pacfico-Asitico sobre Acessibilidade das TIC para Pessoas com Deficincia ITU/UNESCAP/G3ict Bangkok, 2009 (em ingls, Asia-Pacific Regional Forum on Mainstreaming ICT Accessibility for Persons with Disabilities) sobre o acesso internet para pessoas com deficincias por meio de telefones celulares e o uso de telefones celulares por crianas com deficincias.

    BOA PRTICA:

    Momaths no ensino de matemtica

    "Momaths" (juno das palavras "telefone celular" e "matemtica" em ingls) uma interveno educativa inovadora que usa telefones celulares para conectar alunos por meio dos seus telefones celulares para aprender matemtica. Encabeado pela Nokia em parceria com diversos parceiros globais e sul-africanos, o projeto tem obtido sucesso em atender s necessidades dos alunos por meio do uso de uma tecnologia com a qual esto familiarizados. O Momaths oferece:

    - descries tericas de temas relacionados e exerccios de matemtica; - provas de matemtica e relatrios de desempenho individuais; - uso comparativo, resultados e competies.

    O Momaths um exemplo de ensino oferecido em uma plataforma e atravs de uma tecnologia com a qual os alunos esto familiarizados e se sentem confortveis.27

    REFERNCIA:

    "Estratgias com telefones celulares para apoiar o Aprendizado de Alunos com Deficincias As 99 ferramentas do bolso mgico de Aki-chan" (em ingls, Mobile Phone strategies to support Learning for Students with Disabilities - The 99 tools from the magical pocket of Aki-chan), elaborado por Takeo Kondo e Kenryu Nakamura, do Centro de Pesquisas em Cincia e Tecnologia Avanada, Universidade de Tquio.

    Este projeto de pesquisa d dicas sobre como os telefones celulares podem oferecer estratgias para envolver os alunos no aprendizado de modo a se adequar s suas necessidades. Ele inclui leitura, escrita, anotaes e armazenamento, entendimento do tempo, atividades de planejamento, exerccios de udio, clculos e utilizao do dicionrio, navegao na Internet, ligao e envio de mensagens para amigos, enfim, todas as atividades que podem ser feitas por meio de um telefone celular. Disponvel em:

    27

    http://www.itu.int/ITU-D/asp/CMS/Events/2009/PwDs/programme.asphttp://www.itu.int/ITU-D/asp/CMS/Events/2009/PwDs/programme.asphttp://www.itu.int/ITU-D/asp/CMS/Events/2009/PwDs/abstract.asphttp://www.itu.int/ITU-D/asp/CMS/Events/2009/PwDs/abstract.asphttp://www.itu.int/ITU-D/asp/CMS/Events/2009/PwDs/programme.asphttp://g3ict.org/resource_center/publications_and_reports/p/productCategory_whitepapers/subCat_9http://g3ict.org/resource_center/publications_and_reports/p/productCategory_whitepapers/subCat_9

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    Potencial das ferramentas tecnolgicas para ajudar os educadores a identificar deficincias Os sistemas de software educativos podem ser usados como ferramenta para ajudar professores e alunos a identificar dificuldades de aprendizado ou deficincias fsicas leves. Podem ser coletados dados sobre erros repetitivos como queles de ortografia que indicam dislexia ou os outros que, ao apertar a mesma tecla diversas vezes de modo involuntrio, indicam certa dificuldade de destreza. No entanto, as implicaes ticas devem ser consideradas ao longo de todo o processo, bem como o envolvimento de especialistas e membros da famlia.

    Redes sociais Foi relatado que, na Dinamarca, alguns alunos usam as redes sociais para se conectar, conseguir o apoio de outros alunos que enfrentam desafios semelhantes incluindo o compartilhamento de informaes sobre as TA que usam e o que funciona para eles. Mesmo no mbito local, tambm se enfatizou o valor da transferncia do conhecimento de um aluno para outro. Neste caso, um aluno que tenha dominado determinada tecnologia ou recurso de acessibilidade pode ajudar outros com necessidades semelhantes. Esses tipos de atividades so consequncias naturais de diversos alunos compartilhando conhecimentos sobre tecnologias como telefones celulares, jogos e aplicativos. Essa curiosidade natural, esse compartilhamento de habilidades e conhecimento entre os prprios alunos deve ser conscientemente potencializado para que as pessoas com necessidades e requisitos semelhantes possam compartilhar sua experincia sobre quais TIC acessveis funcionam melhor para elas. Acima de tudo, so as TIC acessveis que permitem que os alunos participem de redes sociais e se sintam menos marginalizados de tais oportunidades.

    REFERNCIA:

    Ao para os Cegos no Reino Unido

    O programa Action for Blind People oferece diversos modos por meio dos quais os usurios do servio e visitantes podem se comunicar uns com aos outros e com a comunidade relacionada deficincia visual de um modo geral, utilizando diversas ferramentas das mdias sociais. Disponvel em:

    Sistemas de jogos Os sistemas de jogos, como o Nintendo Wii e o Xbox Kinect, vem sendo alvo de muita ateno na comunidade de pesquisas em educao. Apesar de ambos j estarem sendo usados para a reabilitao de crianas e adultos com deficincias, os esforos de pesquisa se concentram tambm em como as chamadas "Interfaces Naturais de Usurio"

    http://www.actionforblindpeople.org.uk/other-pages/what-is-social-media/http://www.actionforblindpeople.org.uk/other-pages/what-is-social-media/

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    (em ingls, Natural User Interface), de sistemas como o Kinect, podem ser utilizadas para permitir que alunos com deficincias participem do ensino baseado em jogos.

    OUTRAS REFERNCIAS:

    (aceita leitor de tela)

    http://www.7128.com/http://www.20q.com/http://audiogames.net/http://allinplay.com/http://www.blindadrenaline.com/http://www.pcsgames.net/game-co.htmhttp://gameaccessibility.com/http://www.playinginthedark.net/http://www.bavisoft.com/

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    2. Resumo dos pontos-chave e das recomendaes para solues prticas em tecnologia 1. Maximizar o uso dos recursos de acessibilidade nas tecnologias disponveis

    hoje em dia. A maior parte das TIC tradicionais usadas nas escolas, como os computadores, contm inmeros recursos que, por meio das opes de configurao, podem ajudar muitos alunos a acessar o currculo e manter registros do trabalho feito. Promover o uso de recursos como o "Centro de Facilidade de Acesso" disponvel

    no Painel de Controle do sistema operacional Windows e o "Acesso Universal" do sistema operacional Mac da Apple, que contm diversas configuraes que os usurios podem optar para tornar o computador mais fcil e prtico de usar.

    Investigar o potencial de novos pacotes de aplicativos para escritrio para a criao de documentos e apresentaes contendo "verificadores de acessibilidade" que podem ajudar professores a criar contedos acessveis para as aulas.

    2. Facilitar a "autoadaptao" dos alunos por meio da identificao dos recursos

    computacionais que melhor se adequem s suas necessidades. A habilidade de personalizar a tecnologia para atender s suas preferncias e necessidades pessoais um aprendizado para a vida toda que beneficiar o aluno em sua jornada pelo sistema de ensino. Planejar a deteco precoce de preferncias de aprendizagem/acessibilidade,

    uma vez que isso melhora significativamente a chance de se implementar intervenes e solues eficazes. Testes de preferncias aplicados a alunos produzem um volume considervel de informaes sobre as suas diferentes habilidades e estilos de aprendizado.

    Possibilitar aos alunos entender e aprender como personalizar e customizar as suas preferncias de usurio no computador para torn-lo acessvel a eles.

    Permitir aos alunos salvar as suas preferncias de usurio no computador para que as mesmas sejam mantidas e estejam disponveis para elas na prxima vez que se conectarem.

    A apropriao da Tecnologia Assistiva pelo aluno permite melhor continuidade do uso na transio de uma turma ou escola para outra. Na medida do possvel, solues 'portteis' devem ser investigadas, como a variedade de tecnologias assistivas para pen drives ou em nuvem por meio da internet.

    3. O potencial dos avanos recentes e das tecnologias em vias de serem lanadas

    para vencer os desafios atuais deve ser monitorado e explorado. As tendncias tecnolgicas que valem a pena monitorar incluem o ensino com telefones celulares, solues baseadas em tecnologias de nuvem, interfaces de usurio interativas com sensores de movimento e pesquisas sobre o uso de consoles de jogos para o aprendizado. Telefones celulares so uma tecnologia barata e que pode ser encontrada em

    qualquer lugar. Eles vm sendo usados para criar solues de ensino em pases em desenvolvimento.

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    O uso de solues baseadas na nuvem na qual o contedo e os aplicativos, incluindo as tecnologias assistivas, so teoricamente disponibilizados para qualquer computador ou dispositivo com acesso Internet oferece possibilidades interessantes para superar as questes de acessibilidade do custo e disponibilidade, especialmente das necessidades em tecnologia assistiva de diversos alunos.

    Sistemas de jogos podem permitir que o ensino baseado em jogos seja acessvel para todos os alunos, especialmente os alunos com deficincias por meio das Interfaces Naturais de Usurio.

    4. Desenvolver uma postura inclusiva e positiva perante o uso de tecnologias

    para o aprendizado. Barreiras comportamentais e medo das tecnologias por parte de professores, pais e administradores reduzem significativamente as chances de os professores explorarem os benefcios das TIC acessveis, mesmo em ambientes com recursos em abundncia. O uso das TIC acessveis para o Ensino Inclusivo deve buscar apoiar todos os

    alunos, no somente os que apresentem dificuldades fsicas ou dificuldades profundas de aprendizagem.

    O uso da tecnologia para permitir que um estudante participe de maneira igualitria de uma atividade de aprendizagem no deve ser visto como uma 'muleta' para o aprendizado. Os recursos e ferramentas de acessibilidade, como os verificadores de ortografia, softwares educativos especializados e tecnologias assistivas so ferramentas que devem ser disponibilizadas quando necessrio.

    5. Treinamento e apoio aos professores so fundamentais.

    O sucesso em convencer os professores do valor das TIC acessveis em sala de aula depender, primeiramente, de estes terem as habilidades, atitudes e conhecimento necessrios. Quando uma necessidade especfica identificada em um aluno, os professores

    precisam saber onde encontrar informaes sobre como ajudar esse aluno, alm de onde encontrar informaes sobre o uso das TIC acessveis.

    Os professores devem superar quaisquer restries que tenham em relao s tecnologias e explorar o potencial que elas representam para os alunos e para o seu aprendizado por toda a vida. Deve ser considerada a possibilidade de aprender com os alunos sobre as tecnologias.

    Os professores precisam de treinamento nas TIC acessveis. Eles precisam saber como as tecnologias assistivas especializadas e os recursos de acessibilidade das tecnologias tradicionais, como computadores, podem permitir que alunos com os mais variados nveis de habilidade e deficincias aprendam. Eles tambm precisam saber como produzir materiais e adapt-los digitalmente para atender os requisitos de acessibilidade dos alunos.

    O treinamento de professores em TIC acessveis deve ocorrer tanto na fase de preparao do mesmo quanto na fase prtica, quando o professor j estiver trabalhando com os alunos.

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    6. O fornecimento, treinamento e apoio contnuo necessrio ao uso efetivo das TIC acessveis um 'trabalho coletivo'. Um ecossistema funcional envolvendo as TIC acessveis requer sintonia de pensamento em termos de polticas e de comunicao entre todos os atores locais. Os Educadores precisam ter acesso a informaes gerais sobre diferenas de

    aprendizado e deficincias, bem como informaes mais detalhadas sobre as necessidades especficas de algum aluno em particular.

    Os professores e as escolas devem buscar parceiros envolvidos com as TIC acessveis, particularmente especialistas em tecnologias assistivas e profissionais na regio e comunidade locais.

    O envolvimento dos alunos, dos seus pais e responsveis na disponibilizao e uso das TIC acessveis um ponto crtico, especialmente para que os alunos possam incorporar o uso das tecnologias assistivas fora da sala de aula e nas suas vidas cotidianas.

    7. Um currculo inclusivo requer que as necessidades dos alunos sejam

    consideradas desde os estgios iniciais de desenvolvimento do mesmo. O desenvolvimento de um currculo elaborado desde o incio para atender o maior nmero possvel de alunos reduzir a necessidade de reavaliaes dispendiosas (desenho universal). O uso das TIC acessveis deve ser considerado em todas as atividades educativas,

    avaliaes, interaes e tambm as de comunicao. Padres e procedimentos para a produo e/ou disponibilizao de recursos

    didticos devem ser implementados para garantir que estes sejam fornecidos nos formatos adequados e em tempo hbil.

    8. Levar em considerao as TIC acessveis fundamental para as polticas

    nacionais e regionais. O potencial das TIC acessveis deve ser explorado exausto pelas autoridades e ministrios, o que resultar na reviso e atualizao das polticas nacionais e regionais. Polticas pblicas de prospeco para sistemas escolares devem incorporar os

    requisitos de acessibilidade em todas as aquisies das TIC tradicionais, como computadores, softwares educativos e outros contedos e servios eletrnicos. como Ambientes Virtuais de Aprendizado. Isso garantir que, ao longo do tempo, o conjunto de TIC acessveis melhore e se adapte a um nmero maior de alunos, sem a necessidade de adaptaes e acomodaes especializadas.

    Deve-se considerar, especialmente, a compra de materiais didticos como livros-texto de editoras e a possibilidade de receb-los em formatos digitais acessveis, como DIASY, HTML ou arquivos de texto.

    Devem ser tomadas providncias para a aquisio de TIC especializadas, conforme necessrio, com a melhor relao custo-benefcio possvel.

    A poltica das TIC acessveis deve ser baseada em dados, como a base instalada de TIC nas escolas, as necessidades dos alunos, os resultados das intervenes e apoios e a relao custo-benefcio das intervenes com TIC acessveis.

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    9. O uso das TIC acessveis deve ser includo no plano de uso das TIC de uma escola. Os principais aspectos a serem considerados em nvel escolar no plano de

    acessibilidade s TIC so: O que as TIC podem oferecer aos alunos e funcionrios que no pode ser

    proporcionado de outra maneira? Como as TIC podem ajudar alunos e professores a acessar uma variedade de

    atividades relacionadas a todo currculo? Como as TIC podem promover igualdade de oportunidades?

    Autoridades em Educao e Escolares devem incluir a acessibilidade como um critrio na compra de qualquer software e hardware didtico, como: Programas de ensino; Sistemas de gerenciamento de contedo; Ambientes de gerenciamento do aprendizado; Softwares educativos; Teclados e mouses; Notebooks e computadores de mesa; Tablets; Lousas eletrnicas; e Jogos.

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    3. Consideraes para as polticas de uso das TIC acessveis no aprendizado personalizado e no Ensino Inclusivo De acordo com o "Relatrio Mundial sobre a Deficincia" (em ingls, World Report on Disability) de 2011, produzido pelo Banco Mundial e pela Organizao Mundial da Sade (OMS), estima-se que mais de um bilho de pessoas, ou 15% da populao mundial, vivam com algum tipo de deficincia.28 O relatrio constatou que os alunos com deficincia apresentam menor probabilidade de frequentarem, progredirem e conclurem sua educao escolar do que os seus colegas. As diferenas nas porcentagens de frequncia, desempenho e concluso do ensino escolar entre os alunos com deficincias e seus colegas variam consideravelmente de um pas para o outro. No entanto, o relatrio constatou que "mesmo nos pases com altos ndices de matrculas no ensino primrio, como os pases do leste europeu, muitas crianas portadoras de deficincias no frequentam a escola". No total, estima-se que 186 milhes de crianas com deficincias em todo o mundo no concluram o ensino primrio.29 Portanto, as crianas com deficincias constituem a maior e mais desprivilegiada minoria do mundo em termos de educao.30 O Ensino Inclusivo continua a ser um agente eficaz para quebrar as barreiras comportamentais e sociais e aumentar as condies de igualdade em relao frequncia, desempenho e concluso do ensino pelos alunos portadores de deficincias. A Educao Inclusiva requer que as tecnologias tradicionais disponveis para o alunos em sala de aula sejam acessveis, seu custo no seja proibitivo e sejam adaptveis para os que precisam dela. O grau de predominncia dos alunos com deficincia nas salas de aula regulares reflete at que ponto a Educao Inclusiva tem sido definida como uma meta e progressivamente seguida em um pas ou sistema de ensino. Conforme avana a implementao do princpio de Educao Inclusiva nos sistemas de ensino em todo o mundo, a conscientizao e a necessidade de avaliar o grau de diferena entre os estilos de aprendizagem dos alunos tambm continuam a aumentar. Um nmero crescente de alunos com diferentes tipos de deficincias fsicas esto presentes nas escolas regulares e sendo educados com os seus colegas. Esses alunos recebem usualmente algum tipo de interveno e apoios especializados nas regies em que existem sistemas de apoio implementados. A visibilidade e reconhecimento dos alunos com deficincias leves tende a ser em menor grau do que dos alunos com deficincias fsicas e sensoriais mais 'bvias'. Em locais em que existem planos educacionais para cada aluno31 ou outros tipos de relatrios de avaliao disponveis para os professores, estes mesmos docentes tendem

    28 29UNESCO, Empowering Persons with Disabilities through ICTs, 2009, disponvel no endereo eletrnico: 30

    http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/TOPICS/EXTSOCIALPROTECTION/EXTDISABILITY/0,,contentMDK:23063040~menuPK:282704~pagePK:148956~piPK:216618~theSitePK:282699,00.htmlhttp://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/TOPICS/EXTSOCIALPROTECTION/EXTDISABILITY/0,,contentMDK:23063040~menuPK:282704~pagePK:148956~piPK:216618~theSitePK:282699,00.htmlhttp://unesdoc.unesco.org/images/0018/001847/184704e.pdfhttp://www.un.org/disabilities/default.asp?id=18

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    a ser mais sensibilizados s dificuldades de aprendizado e deficincias fsicas dos alunos em suas salas de aula. Entretanto os professores so mais conscientes das deficincias fsicas e sensoriais, do que das deficincias leves e dificuldades de aprendizado.

    BOA PRTICA:

    Polticas de Educao Inclusiva nos EUA

    Os Estados Unidos so um pas com dados estatsticos detalhados e disponveis sobre o impacto da Educao Inclusiva.32 O impacto nos nveis de reteno para alunos com deficincias de aprendizado, por exemplo, bastante notvel.

    Em 2008, 62% dos alunos com deficincias de aprendizado passaram 80% ou mais do seu tempo na escola em salas de aula regulares. Isso representa um aumento em relao aos 40% encontrados em 2000. A taxa de evaso do ensino mdio entre os alunos com deficincias foi de 22% em 2008, uma reduo dos 40% do que foi encontrado em 1999. Como resultado, mais alunos com deficincias de aprendizado esto se formando com diplomas do ensino regular (64% em 2008), nmero que aumentou dos 52% encontrados na dcada anterior.33

    Entretanto, muitos desafios ainda persistem. Por exemplo, a taxa de alunos com dificuldades de aprendizado que continuam os estudos aps o nvel secundrio muito menor do que entre os colegas no portadores de deficincias. A porcentagem de alunos com deficincias de aprendizado encontrada no ensino secundrio foi de 42%, contra apenas 9% dos alunos no ensino superior com alguma deficincia registrada. Embora a maior parte dos alunos com deficincias de aprendizado seja educada em salas de aula regulares, 60% deles tm professores com formao tradicional de ensino que recebem algum tipo de informao sobre as suas necessidades. E apenas metade do total de alunos tem professores que so aconselhados por educadores especializados ou outros funcionrios sobre como atender a essas necessidades. Essa previsibilidade afeta o uso, a disponibilidade e a combinao de tecnologias assistivas utilizadas nas escolas para atender aos alunos com deficincias. Apenas 6% dos alunos com dificuldades de aprendizado usavam um computador para as suas atividades (quando o uso do computador no era permitido aos outros alunos). Apenas 8% usavam textos gravados, como livros em udio, e apenas 1% usava programas de computador especficos para alunos com deficincias.

    31 Nos Estados Unidos esses programas so chamados de Programas de Educao Individualizado, comumente conhecidos como IEP. No Canad e no Reino Unido, h um documento equivalente chamado de Plano Educacional Individual. 32 O mbito das polticas pblicas nos EUA se relaciona, mas no se limita Lei da Educao para as Pessoas com Deficincias (Individuals with Disabilities Education Act - IDEA) de 1990. 33 Dados do Estudo-2 de Transio Longitudinal Nacional (National Longitudinal Transition Study-2 -NLTS2), disponveis em

    http://www.nlts2.org/

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    Panorama dos Marcos Polticos Internacionais O corpo de leis e textos internacionais contm obrigaes importantes relativas aos direitos humanos e algumas metas de desenvolvimento sobre o provimento de TIC acessveis. O principal pilar legislativo e regulatrio da Reunio Consultiva foi a Conveno da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficincias. Esta a principal legislao internacional que serve de ba