tiao paraiso homem ate debaixo

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Tião Carreiro & Paraíso – Homem até debaixo d’água

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Marreta do desprezo Paraíso / Lourival dos Santos / Carminha Meu Deus é muita pancada num peito só Minha vida não é vida é uma tormenta A mareta do desprezo é tão pesada A pedreira do meu peito já não agüenta Martelo do desengano está na mão da paixão Bate o prego da saudade no meu pobre coração Nas cordas da falsidade me amarrei de pé e mão Nas grades do sofrimento só recebo solidão Meu Deus é muita pancada num peito só Minha vida não é vida é uma tormenta A mareta do desprezo é tão pesada A pedreira do meu peito já não agüenta Há muito tempo estou preso na ilha da judiação De um lado só tenho mágoa no outro desilusão Pelas mãos da hipocrisia fui levado ao paredão Para ser executado com balas de ingratidão Meu Deus é muita pancada num peito só Minha vida não é vida é uma tormenta A mareta do desprezo é tão pesada A pedreira do meu peito já não agüenta Noites de angústia Dino Franco / Tião Carreiro Sei que nunca mais voltarei aos braços de quem tanto amo Embora eu tenho que me esforçar para esquecer Esta saudade que fere meu peito sempre me acompanha E sei também que por muito tempo irei padecer Amei demais fui abandonado inocentemente Por isso mesmo aquela mulher eu não quero ver Ela foi cruel ao renunciar meu amor sincero Agora do mundo nada mais espero Nem mesmo que outra possa me querer Que noites tão longas são as minhas noites Olho seu retrato e não posso dormir Daquele dia que você meu bem destruiu meu sonhos Esteja certa que por toda vida eu também morri

Mulher modelo Tião Carreiro / Dalvan Eu queria ser a cama onde ela deita Eu queria ser seu primeiro amor Eu queria ser o seu travesseiro Pra encostar no rosto da mais linda flor Eu queria ser aquela camisola Pra cobrir o corpo da mulher mais bela Eu queria ser o batom que ela usa

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Pra sentir o mel que tem nos lábios dela Eu queria ser o homem que ela ama Que ganha seu beijo e abraço apertado Na face da Terra eu sou tão pequeno Sou menos que nada sou um pobre coitado A mulher modelo não pode ser minha Pode ser o fim desse apaixonado A sua beleza clareia meu mundo Neste mundo eu vivo sonhando acordo Mulher maravilha, modelo do mundo Minha pirâmide só de sucesso Para o mundo inteiro revelo cantando Cair nos seus braços para Deus eu peço Ela vai na praia bronzear o corpo Eu queria ser grãozinhos de areia Pra colar no corpo da mulher mais linda E ver bem de perto uma linda sereia Eu queria ser aquele sabonete Que no corpo dela inteirinho passeia E pra terminar eu queria ser O seu par de ligas que segura a meia

Berrante de ouro Carlos Cezar / José Fortuna Vê ali está, o meu berrante no mourão do ipê Vou cuidar melhor porque foi ele que me deu você Nesta casinha junto ao estradão faz muito tempo que eu parei aqui Vem minha velha vamos recordar quantas boiadas eu já conduzi Fui berranteiro e ao me ver passar você surgia acenando a mão Até que um dia eu aqui fiquei preso no laço do seu coração Vê ali está, o meu berrante no mourão do ipê Vou cuidar melhor porque foi ele que me deu você Me lembro o dia que eu aqui parei naquela viagem não cheguei ao fim Foi a boiada e com você fiquei e os peões dizendo adeus pra mim Vem minha velha e veja o estradão e o berrante que uniu nos dois Nuvens de pó que para trás deixei recordações do tempo que se foi Vê ali está, o meu berrante no mourão do ipê Vou cuidar melhor porque foi ele que me deu você Daquele tempo em que bem longe vai do meu berrante repicando além Ecos de choros vindos do sertão ao recordar fico a chorar também Não é de ouro meu berrante não, mas para mim ele tem mais valor Porque foi ele que me deu você e foi você quem me deu tanto amor Vê ali está, o meu berrante no mourão do ipê Vou cuidar melhor porque foi ele que me deu você Aos pés do altar

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Ronaldo Adriano / Rubens Avelino Estou triste muito triste nesta hora E me esforço pra não dar demonstração Choro por dentro, porém conservo o sorriso por fora Pra esconder a grande mágoa do meu coração Quem tanto amo vai casar neste momento É o casamento mais feliz dessa cidade E eu maldigo a santa lei do casamento Que destruiu meu lindo sonho de felicidade No momento que a multidão se cala Ouço o ciúme a gritar dentro de mim Eu gostaria que minha amada perdesse a fala E não tivesse condições de dizer o sim A vingança que o meu coração deseja É uma loucura que eu não posso aceitar O que eu queria era roubar a noiva da igreja E deixar o noivo falando sozinho aos pés do altar No momento que a multidão se cala Ouço o ciúme a gritar dentro de mim Eu gostaria que minha amada perdesse a fala E não tivesse condições de dizer o sim A vingança que o meu coração deseja É uma loucura que eu não posso aceitar O que eu queria era roubar a noiva da igreja E deixar o noivo falando sozinho aos pés do altar Tarde de mais Ronaldo Adriano / Tião Carreiro Tarde demais, tarde demais Não fique a minha espera Aquele amor já era e não volta mais Tarde demais, tarde demais A sua ingratidão feriu meu coração É tarde demais. Você jurou um amor eterno puro e sincero e eu acreditei Com todas as forças do meu coração sem pensar em traição à você me entreguei Agora eu vejo quanto fui errado, pois fui enganado passado pra trás O seu novo amor também lhe deu o fora e você volta agora tarde demais Tarde demais, tarde demais Não fique a minha espera Aquele amor já era e não volta mais Tarde demais, tarde demais A sua ingratidão feriu meu coração

Minha vida, minha cruz Dino Franco / Tião Carreiro Não esqueças nunca que Jesus um dia Renasceu das águas do rio Jordão Ensinou a lei pra muitos doutores

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Respondeu ao ódio com o seu perdão Curou os leprosos e endemoniados Fez também o injusto se arrepender Mostrou o caminho, a luza da verdade E pra nos salvar chegou até morrer Oh meu Jesus Cristo, eu estou sofrendo Quero tua força quero tua luz Vivo me arrastando às vezes caindo Por não suportar esta pesada cruz Também fui traído por um outro Judas Sigo meu caminho busco meu calvário O mundo me bate com tala de espinhos De abrolhos fizeram meu pobre rosário Perdão meu Jesus por estar comparando Com as suas penas os meus tristes ais Tu ressuscitaste ao terceiro dia Porém eu se morro não volto jamais Oh meu Jesus Cristo, eu estou sofrendo Quero tua força quero tua luz Vivo me arrastando às vezes caindo Por não suportar esta pesada cruz

Chega de sujeira Lourival dos Santos / Paraíso / Arlindo Rosas Na beira de um grande abismo eu vejo o mundo pendendo Sei que vai quebrar o nariz quem errado esta vivendo Na unha de quem não presta tem gente boa sofrendo Tem homem de duas caras sem palavra se vendendo Chega de tanta sujeira eu vou começar varrendo Nos quatro cantos do mundo o respeito esta morrendo Sei que tem homem casado do juramento esquecendo Atrás de mocinhas novas é ouro que vai correndo Esposa de quem não presta osso duro esta roendo Chega de tanta sujeira eu vou começar varrendo Pra não casar na justiça tem malandro se escondendo Casamento é muito pouco e filharada esta nascendo Pra criar filhos sem pai tem avô que esta gemendo Também as custas do sogro tem genro que esta vivendo Chega de tanta sujeira eu vou começar varrendo Igualzinho cão e gato pai e filhos se mordendo Quando o pai vai dar conselho só coice vai recebendo Do jeito que o diabo gosta tudo vai acontecendo Os velhos fora de casa tem muitos filhos querendo Chega de tanta sujeira eu vou começar varrendo A moral esta tão baixa lá do alto deus tá vendo Que a falta de respeito dia a dia vai crescendo Palavrões que arrepia vejo criança dizendo Vou por o mundo no eixo nem que eu morra combatendo Chega de tanta sujeira eu vou começar varrendo

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Homem até de baixo d'água Lourival dos Santos / Tião Carreiro / Arlindo Rosas Um caboclinho de sangue na veia vergonha na cara e bastante opinião A filha mais nova de um fazendeiro ele namorava com boa intenção O velho cismou de impedir o romance e num gesto severo chamou a atenção Você não passa de um pé rapado levar minha filha não dou permissão Minha filha nasceu no conforto você não tem aonde cair morto nunca passa de um pobre peão O pobre rapaz escutava calado igual a um aluno aprendendo a lição No outro dia fugiu com a menina os dois foram viver nos confins do sertão Ombro a ombro eles trabalharam a noite dormiam num velho galpão A menina dormia na cama e o caboclinho dormia no chão Foi a primeira vez na história que uma rolinha teve glória ser protegida por um gavião O caboclinho de fibra e talento enfrentando garimpo trabalho cruel Sol a sol a procura do ouro sem ver pela frente o azul do céu Respeitando a menina que amava o caboclo fez um bonito papel Tão pertinho da fonte do amor morrendo de sede por ser tão fiel Ele foi um gavião sem asa com a menina dentro de casa bem distante da lua de mel De volta pra casa do velho disse o caboclinho sem temer castigo Roubei sua filha com boa intenção pra cumprir meu dever voltei como amigo Que é do homem o bicho não come sou filha nasceu pra se casar comigo Já não sou mais um pé de chinelo posso dar pra ela o melhor dos abrigos Dois anos a luta foi dura mas ela voltou virgem e pura no meu lado não correu perigo O velho muito arrependido abraçou sua filha pedindo perdão Pro mocinho ele foi dizendo entre eu e você acabou o paredão Seu talento e moral foi a flecha que fez meu orgulho tombar sobre o chão Minha filha vai ser a rainha lá no seu castelo em eterna união De você já não tenho mágoa foi homem até debaixo d’água Vai ser o genro do meu coração

Adeus rio Piracicaba Jesus Belmiro / Tião Carreiro / Craveiro Adeus rio Piracicaba adeus terra tão querida Estou chorando a despedida Piracicaba, Piracicaba, é minha vida. Já foi o rio mais bonito só quem viu que acredita Da linda Piracicaba foi o cartão de visita A cachoeira murmurante de água pura e cristalina Era o véu que enfeitava nossa noiva da colina. Adeus rio Piracicaba adeus terra tão querida Estou chorando a despedida Piracicaba, Piracicaba, é minha vida. Entre águas poluídas vejo lágrimas correndo São as lágrimas do povo pelo rio que está morrendo Eu também estou chorando e a tristeza não acaba Eu choro por ver morrendo o rio de Piracicaba. Adeus rio Piracicaba adeus terra tão querida Estou chorando a despedida Piracicaba, Piracicaba, é minha vida.

Candeeiro da fazenda Jesus Belmiro / Tião Carreiro / Lourival dos Santos Chibante, Valente, Bordado e Coração

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Marmelo, Marcante, carreiro Pai João Na frente o candieiro menino de pé no chão Ele era apaixonado pela filha do patrão Ai meu Deus o menino era eu, ai meu Deus o menino era eu A paixão virou ferrão como fere o peito meu A menina se formou tem um diploma na mão Eu na escola do mundo não aprendi a lição Hoje ela é casada está morando na cidade Esta nos braços de outro e eu nos braços da saudade Ai meu Deus o menino era eu, ai meu Deus o menino era eu A paixão virou ferrão como fere o peito meu Pai João já foi pro céu sua boiada morreu O velho carro de boi nem sei o que aconteceu Eu não bati na boiada mas o mundo me bateu A paixão virou ferrão o boi de carro sou eu Ai meu Deus o menino era eu, ai meu Deus o menino era eu A paixão virou ferrão como fere o peito meu

Mineirinho de fibra Jesus Belmiro / Tião Carreiro / Lourival dos Santos Um mineirinho de fibra neto de um velho escravo Da pele bem bronzeada cor de canela com cravo Criado no sertão bruto no meio de bicho bravo Dentro da sua razão ele gastava um milhão pra defender um centavo Na sua cama de esteira sonhava com o tesouro Decidiu ganhar dinheiro mas sem levar desaforo Com esperança e coragem chegou na terra do ouro Onde a lei era o patrão e quem lhe disse se não ali deixava seu couro Mas o mineiro de fibra com boato não se zanga Na luta em busca do ouro ele arregaçou as mangas Encontrou uma fortuna sofrendo igual boi de canga Foi receber seu quinhão mas encontrou seu patrão entre um bando de capangas Como estava acostumado seu patrão falou assim Tudo que sai dessa terra pertence somente a mim Ou você volta sem nada ou vai encontrar seu fim Mineirinho respondeu vou levar o que é meu foi pra isso que eu vim Começou o jogo da morte aonde o ouro era taça Mas só se via capanga tombando entre a fumaça Patrão deu a sua parte deixou de fazer trapaça Não viveu mais na pobreza mas pra ter sua riqueza mineirinho mostrou raça

Sertão vazio Toninho / Tião Carreiro / Arlindo Rosas Sertão vazio gigante adormecido coração ferido por golpes fatais Ninho sem ave, jardim sem flor, começo de dor final de uma paz No teu recanto cheio de tristeza chora natureza o riacho murmura Vivo na cidade sou um pobre coitado longe do roçado colhendo amargura Os donos do mundo com golpes vibrantes meu sertão gigante fez adormecer Velhas tradições caíram pra sempre ficando somente a brisa a gemer Descendo serra entre o verde mato soluça o regato despertando a fonte

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Até a lua que era risonha parece tristonha lá na horizonte Sertão vazio devagar vai morrendo em silêncio sofrendo a destruição Igual tecido desfeito em retalhos gotas de orvalho sumindo no chão Lágrimas de sangue derramando eu vejo muitos sertanejos com alma ferida Meu sertão vazio dorme soluçando acorda chorando nas manhãs sem vida Aqui bem distante um grande desgosto sentindo no rosto meu pranto cair Sertão vazio é um reinado sem rei seu nome gritarei pra cidade ouvir As grandes cidade sem agricultura ninguém segura sua marcha ré Querido sertão poderosa raiz sem você meu país não agüenta em pé

Carga pesada Carlos Cezar / José Fortuna

Eu vou pela estrada Guiando meu caminhão Com a sua carga pesada Colado no para brisa tem um retrato que diz Papai eu espero em casa você chegar feliz Por isso durmo primeiro para depois prosseguir São Cristóvão que me guia por onde eu devo ir Eu vou pela estrada Guiando meu caminhão Com a sua carga pesada Estrada noiva da noite pelas baixadas do rio O véu de neblina branca cobre seu corpo frio Uma cruz de alguém que um dia por ela se destraiu Morreu porque o perigo na serração não viu Eu vou pela estrada Guiando meu caminhão Com a sua carga pesada Barranco de lado a lado parece um risco no chão Na estrada que não termina la vai o caminhão Quantos pássaros desperta o acelerado motor Caminhoneiro carrega saudade paz e amor Eu vou pela estrada Guiando meu caminhão Com a sua carga pesada Subindo e descendo serra o caminhoneiro vai Cobrindo a carga pesada se a tempestade cai Auroras e horizontes ele deixou para traz Flores campos e lugares que já não voltam mais Eu vou pela estrada Guiando meu caminhão Com a sua carga pesada