the genres of television - nuno margarido

Upload: nuno-ribeiro-margarido

Post on 29-Feb-2016

214 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

The Genres of Television escrito no âmbito do mestrado em Comunicação e Jornalismo na Universidade de Coimbra

TRANSCRIPT

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

Mestrado em Comunicao e Jornalismo2012/2013

Anne DunnThe Genres of TelevisionResenha Crtica

Seminrio: Estudos NarrativosDocente: Professor Doutor Carlos Reis

Discente: Nuno Ribeiro Margarido

Mestrado em Comunicao e JornalismoInstituto de Estudos Jornalsticos2012/2013

Anne DunnThe Genres of TelevisionResenha Crtica

Seminrio: Estudos Narrativos

Docente: Professor Doutor Carlos Reis

Data de entrega: 12/01/2013

"Cada medium desenvolve a sua prpria maneira de contar as histrias"[footnoteRef:1]. assim que o artigo de Anne Dunn sobre os gneros televisivos introduzido e isso que, segundo a mesma, define o enredo, os aspetos tcnicos, os cdigos e as convenes dos tipos de narrativas que so difundidas por cada medium. Por outras palavras, as possibilidades capacitadas por cada meio de comunicao verificam-se na diegese, isto , no ato de narrar uma histria, na mimese, ou seja, a figura de retrica em que o orador imita o gesto ou a voz de outrem, e na relao entre estas duas. So estas as categorias da narrativa que nos permitem a ns, audincia, e at mesmo aos produtores, de prever ou categorizar cada tipo de histria que podemos criar ou aceder. So estes tipos de histria que podemos caracterizar como gneros. Fazem parte desta categoria as notcias, o drama, o desporto, a comdia, os documentrios, a publicidade, entre outros. [1: Traduo livre do autor "Each medium develops its own ways of telling stories."]

Segundo Dunn, os gneros concedem-nos a possibilidade de perceber e enquadrar uma narrativa, oferecendo-nos como que um apoio para a compreenso da mesma. O facto de ser facultado o gnero de um certo tipo de discurso orienta os seus leitores para que atitudes, suposies e/ou expetativas tomar em relao ao mesmo. No entanto, a autora tambm considera que ao ser oferecida a oportunidade de conhecer, de antemo, o gnero de uma narrativa, isso pode limitar a nossa viso e compreenso acerca do texto.Na minha opinio, Anne Dunn no poderia estar mais certa na maneira como caracteriza as possibilidades oferecidas pela categorizao por gnero. Embora seja uma "bengala" que nos permite identificar os filmes aos quais nos podemos mostrar mais ou menos recetivos, podem "esteriotipar" certas narrativas merecedoras de um maior consumo. Posso fortalecer a minha argumentao fazendo meno ao filme Um violino no telhado (do ingls Fiddler on the roof), narrativa esta que se pode classificar como fazendo parte do gnero musical. Este gnero no merecedor de uma enorme audincia, no entanto, este um filme que, a meu ver, digno de ser visto e guardado.

Os gneros tambm podem ser escrutinados tendo em conta as caractersticas e os elementos de cada um. Segundo Dunn, ao mencionar Lacey, cada gnero tem a sua prpria maneira de organizar os elementos de uma narrativa e isso que nos permite fazer a sua distino. Estes elementos podem ser a narrativa em si, o estilo em que a mesma se compe, as personagens que a incorporam, a maneira como so dispostos os elementos visuais, a maneira de vestir e at mesmo os famosos indissociveis de cada gnero. Por exemplo, seria estranho, seno impensvel, ver um ator que geralmente atua em filmes de comdia, entrar no enredo de um filme dramtico. Embora seja natural esta assuno de um gnero para cada ator, esta acaba tambm por se tornar num limite artstico imposto pelo pblico e pelos fs aos artistas. No entanto, no fosse a tentativa de contrariar estas suposies, nunca veramos Adam Sandler a protagonizar 50 First Dates (em Portugal, A minha Namorada tem amnsia).Em relao s personagens, dentro de narrativas com o mesmo gnero, natural que elas sejam associadas a certos esteretipos, a certos comportamentos, a certos problemas e at mesmo a certos objetivos. J no que concerne iconografia, possvel afirmar que certos locais e certos perodos temporais podem ser indicadores do gnero de filme a que estamos a assistir. Isso tambm se verifica ao nvel da iluminao, dos sons e do enquadramento da cmara.

H uma diferena que deve ser imposta, segundo a autora, entre o gnero ideal e o gnero emprico. O primeiro faz referncia a uma utopia de gnero, ou seja, como ele deveria ser e como foi conceptualizado. No entanto, e para isso que surge o gnero emprico, as experincias e aquilo que acontece no permitem conceptualizar a ideia de gnero to veemente, pois este tem de estar aberto e dar resposta s constantes mudanas. Surge, assim, o conceito de gnero hbrido, ou seja, um tipo de gnero que combina duas ou mais categorias estilsticas e/ou temticas.O gnero , segundo autores citados por Dunn, um conceito definido pelo senso comum. do conhecimento geral que o gnero dramtico pressupe uma narrativa mais sombria e apelativa emoo. esse conhecimento partilhado tanto por produtores como consumidores que permite classificar os vrios textos mediticos.

At aqui, as definies e caractersticas que foram sendo atribudas fazem parte de um conceito hipottico geral de gnero para narrativas mediticas. No entanto, at este conceito deve ser dividido e definido tendo em conta o medium que difunde o discurso. Segundo Dunn, a televiso, como faz "parte da moblia", tem de se esforar muito mais do que o cinema para prender o espetador. Enquanto que no cinema o consumidor paga o bilhete para assistir a um filme sem ter, por exemplo, nenhum poder relativo s pausas ou ao volume, em casa possvel ligar, desligar o televisor, mudar de canal e subir ou descer o volume. necessrio perceber ento o tipo de narrativas que se enquadram na televiso e introduzir o conceito de formato. O formato tanto pode ser entendido como a forma de mediatizao da narrativa, como udio ou vdeo, ou como o tipo de programas que so feitos. Para um exemplo disto, podem considerar-se os programas Quem quer ser milionrio? e dolos, ambos pertencentes ao gnero game-show, no entanto, com formatos distintos. O primeiro inquire acerca da cultura geral dos participantes, o segundo desafia-os a cantar.O formato que se verifica nas televises um formato "open-ended", as narrativas so segmentadas e, embora um segmento no tenha obrigatoriamente de estar ligado ao seguinte, existe sempre uma coerncia interna que os une e que permite uma conformidade entre os factos e as ideias partilhados pelos vrios segmentos. Outra caracterstica destes segmentos que, apesar de serem emitidos em diferido, parecem estar a acontecer na altura em que so lanados.Existem dois tipos de formato considerados pela autora que merecem destaque: so eles as series e o seriado (do ingls series e serial, respetivamente). As sries so um conjunto de episdios onde cada um, narrativamente falando, acaba onde comeou, ou seja, acaba num ponto de equilbrio. Torna-se assim possvel, para o episdio seguinte, comear a partir de um ponto comum a todos os episdios anteriores. J um seriado uma narrativa mais longa, um conjunto de episdios com uma metanarrativa. Por outras palavras, uma nica e simples histria dividida em vrios episdios. Este segundo tipo de formato bastante mais desafiante para os produtores uma vez que obriga a audincia a uma adeso constante, o que tanto pode ser visto como um benefcio como tambm se pode considerar um malefcio.

Anne Dunn conclui o seu artigo referindo, no existe uma lista definitiva e consensual acerca de qualquer gnero televisivo. Este medium tem tendncia em abraar os gneros hbridos, procurando uma variao entre os vrios gneros disponveis, no respeitando os limites de cada um. Segundo a autora, e muito por questes de marketing como a mesma refere, os gneros servem apenas como distino para as vrias audincias, tanto aplicvel a narrativas mediticas como aos prprios canais televisivos, como por exemplo a to conhecida MTV (Music Television). E foi essa intruso e mistura de gneros que nos concedeu uma extensa e sofisticada habilidade para reconhecer os vrios gneros que se apresentam dentro das mais variadas narrativas mediticas.Para alm disso, o avano tecnolgico que hoje permite audincia um imediato feedback em relao s narrativas consumidas, concedem a possibilidade aos produtores de as adaptarem e ajustarem para que estas corresponder com os gostos e expetativas dos consumidores. Cria-se assim a possibilidade de mudar o formato, criando gneros novos ou ainda mais hbridos do que inicialmente se apresentavam.Esta necessidade de corresponder com as expetativas do pblico e das audincias pode, no poucas vezes, fazer com que uma narrativa se prolongue sem sentido, fugindo demasiado ao seu desfecho. Temos como exemplo, a srie Lost, que foi renovando a produo de temporadas, rebuscando demasiado a histria e acabou por perder uma pequena parte do seu pblico.

Este texto, elucidativo do ponto de vista das narrativas mediticas, mais propriamente no campo televisivo, acaba por se tornar uma boa adio e uma boa leitura para completar o estudo desenvolvido em aula, e como assinalado no plano curricular, sobre a problemtica dos gneros e a dinmica e os signos paracinematogrficos. Urge perguntar-se como poderemos categorizar um filme caso no estejamos totalmente abertos ao seu gnero. Uma coisa certa, h filmes que abraam vrios gneros merecedores de uma maior ateno por parte dos pblicos. Que estes nunca impeam uma obra prima de no conhecer os pncaros da arte.