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LEVANTAMENTO E ESTUDOS DE REINTRODUÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS NO ARTESANATO GUARANI (ALDEIA KRUKUTU – PARELHEIROS / SP): BUSCA DE UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL DE EXTRATIVISMO Thais Massanet Profª Drª Dagmar Santos Roveratti 2009

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LEVANTAMENTO E ESTUDOS DE REINTRODUÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS NO ARTESANATO GUARANI (ALDEIA KRUKUTU – PARELHEIROS / SP): BUSCA DE UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL DE EXTRATIVISMO. Thais Massanet Profª Drª Dagmar Santos Roveratti 2009. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA. - PowerPoint PPT Presentation

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LEVANTAMENTO E ESTUDOS DE REINTRODUÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS NO ARTESANATO GUARANI

(ALDEIA KRUKUTU – PARELHEIROS / SP):BUSCA DE UMA ALTERNATIVA

SUSTENTÁVEL DE EXTRATIVISMO

Thais Massanet Profª Drª Dagmar Santos Roveratti

2009

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INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A riqueza representada pela Mata Atlântica vai além de sua biodiversidade, proteção de solos e mananciais, sendo a base para grande parte da cultura nacional. (RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA - RBMA, 2007).

Atualmente existem mais de setenta áreas indígenas na região da Mata Atlântica, influenciando, de maneira direta, a cultura nacional.

Baseando-se nesse contexto torna-se clara a importância de estudos etnobotânicos nesse bioma e no Brasil.

Definição: estudo das sociedades humanas e suas interações ecológicas, genéticas, evolutivas, simbólicas e culturais com as plantas (BECK E ORTIZ, 2004);

Segundo a Comissão Pró-Índio de São Paulo, na década de 50 os grupos guarani que vivem em território brasileiro foram classificados pelo antropólogo Egon Shaden em três grandes grupos: Kaiowa, Nhandeva e Mbya, tendo como base para essa classificação suas diferenças de costumes, línguas, crenças e tradições.

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INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

“No Brasil calcula-se a população guarani em torno de 35 mil pessoas, sendo 20 mil Kaiowa, 18 mil Nhandeva e 7 mil Mbya”, sendo que no estado de São Paulo, apesar do pouco conhecimento por parte da população local da existência de povos indígenas na região, a maior parte que vive em terras indígenas pertence aos grupos Guarani Mbya e Nhandeva (LADEIRA, 2004).

A Aldeia Krukutu está localizada às margens da Represa Billings, em região de domínio de Mata Atlântica e Área de Proteção a Mananciais, no distrito de Parelheiros, município de São Paulo.

População constituída por famílias guarani do grupo Mbya.

Pode-se afirmar que o artesanato é a principal fonte de renda dessa população, já que os mesmos raramente trabalham fora da comunidade e quando isso ocorre é sempre de forma temporária (ISA, 2007).

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INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O artesanato guarani utiliza-se basicamente de recursos vegetais para seu desenvolvimento;

A Aldeia Krukutu, por ser uma região rodeada por sítios, sofre com o desmatamento em seu entorno e dificuldades na preservação de seus recursos naturais.

Tendo em vista que: a matéria-prima base para a produção do artesanato na Aldeia Krukutu vêm da Mata

Atlântica que envolve as proximidades da comunidade ou do intercâmbio de sementes existente entre as aldeias mais próximas;

que a falta deste recurso faz com que a população utilize-se de meios artificiais para a produção dos mesmos;

que a aldeia tem o artesanato como sua maior fonte de renda e que este foi o meio encontrado pelos guarani de inserir-se na sociedade e fortalecer sua cultura

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INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O presente projeto propôs levantar as espécies vegetais utilizadas para a fabricação do artesanato na Aldeia Krukutu, estudando meios de preservá-las e reintroduzi-las em seu habitat natural de maneira que este continue sendo uma alternativa sustentável de exploração no bioma, podendo gerar renda às populações locais que o praticam.

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OBJETIVOS OBJETIVO GERAL: Realizar o levantamento das espécies vegetais utilizadas no

artesanato Guarani da Aldeia Krukutu, analisando meios de preservação e reintrodução das espécies mais empregadas através do estudo de obtenção de mudas e plantio das mesmas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Identificar as espécies vegetais através de comparação com literatura específica,

destacando nome popular, família e espécie botânica;

Dar suporte no desenvolvimento de um catálogo explicativo sobre as espécies identificadas como de uso no artesanato local, visando auxiliar a população na busca de renda;

Analisar meios de obtenção de mudas e plantio destas espécies;

Estudar propostas de reintrodução de tais espécies no local.

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METODOLOGIA As pesquisas de campo foram realizadas junto à comunidade guarani no período de janeiro de

2008 a janeiro de 2009.

O objeto de estudo desse trabalho foi a comunidade indígena residente na Aldeia Krukutu, situada às margens da Represa Billings, no distrito de Parelheiros, zona sul do município de São Paulo e constituída por famílias Guarani do grupo Mbya.

Inicialmente foi desenvolvido o levantamento do referencial teórico das espécies vegetais utilizadas no artesanato local através de dados obtidos em visitas periódicas, entrevistas informais realizadas juntamente com os artesãos e mulheres da aldeia e pesquisa bibliográfica específica.

A aproximação com a comunidade em estudo foi realizada através de visitas periódicas e participação em atividades relacionadas com a aldeia, sendo estendida até o término do projeto.

Tais espécies foram fotografadas e identificadas por comparação com literatura específica a fim de se buscar informações como: nome científico, nome popular, nome indígena, parte da planta utilizada, tipo de artesanato produzido e localização da espécie na aldeia.

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RESULTADOS

Através de visitas periódicas, conversas informais, entrevistas não estruturadas, registros fotográficos e confecção de exsicatas foram identificadas dezesseis espécies regularmente utilizadas na produção de cestarias, colares, pulseiras, chocalhos, figuras esculpidas e cachimbos, sendo estas: Coix lacryma – jobi L, Ormosia arborea (Vell.) Harms, Philodendron imbe Schott, Bixa orellana L, Euterpe oleracea Mart, Hovenia dulcis Thunb, Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Burret, Cecropia glaziovi Snethlage, Lagenaria sp, Genipa americana L, Bambusa sp, Tabebuia cassinoides (LAM.) DC, Araucaria angustifólia (Bertol.) Kuntze, Merostachys claussenii Munro, Chusquea ramosissima Lindm. e Guadua trinni Rupr.

Dados como nome indígena da planta e parte utilizada no artesanato também foram levantados

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RESULTADOSNOME POPULAR NOME CIENTÍFICO NOME GUARANI FAMÍLIA BOTÂNICA PARTE

UTILIZADAARTESANATO PRODUZIDO

Açai Euterpe oleracea Arecaceae semente colares,brincos

Bambu Bambusa sp takua rembo guaxu Poaceaecaule

(colmo e fibras) cestos, balaios

BrejaúvaAstrocaryum aculeatissimum mbokaja Palmae fruto arco e flecha

Cabaça ou Porongo Lagenaria sp kayguá Curcubitaceae fruto chocalhos

Caxeta Tabebuia cassinoides tajy Bignoneaceae esculturas de animais

Cipó imbé Philodendron imbe mebepi Araceae bainha da folha cestaria em geral

Embaúba Cecropia glaziovi amba'y Urticaceae caule pau-de-chuva

Jenipapo Genipa americana ñandy paguasu Rubiaceae suco do fruto coranteLágrima de nossa senhora ou capiá Coix lacryma – jobi kapi'i'a Poaceae semente colares, brincos

Nó de pinho(Pinheiro do paraná) Araucaria angustifólia Araucariaceae petyngua

Olho de cabra Ormosia arbórea kuruvai᷉ Leguminosae semente colares, brincos

Taquaras

Merostachys clausseniiChusquea ramosissimaCuadua trinni

takuapitacuarembotaquarusu Graminae

tubo do cachimbocestaria em geral

Urucum Bixa orelana uruku Bixaceae semente corante

Uva japonesa Hovenia dulcis Rhammaceae semente colares, brincos

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RESULTADOS

Embaúba Pau-de-chuva

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer do estudo foi verificada a inexistência de algumas espécies na área da aldeia, atualmente coletadas principalmente no litoral paulista ou obtidas por meio de intercâmbio com aldeias próximas.

Após a análise das espécies mais prejudicadas e a verificação da real necessidade de reintrodução das mesmas na área de estudo pudemos concluir que de nada serviria dar-lhes as mudas e sementes das espécies desejadas se antes não fosse desenvolvido um trabalho de conscientização, onde monitores indígenas pudessem aprender as técnicas de plantio e cultivo de mudas e sementes e multiplicar estas informações para toda a comunidade.

Sendo assim, o “Projeto Arandu Porã: Educação e Sabedoria da Mata Atlântica e das Águas entre os Guaranis - Aldeia Krukutu”, patrocinado pela Petrobrás e parceiro deste projeto possibilitou que alguns monitores indígenas da comunidade participassem de um curso específico para a criação de um banco de sementes na aldeia e aprendizagem de técnicas para obtenção e cultivo de mudas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Está em andamento a construção de uma estufa em local escolhido pelos próprios indígenas na aldeia, a qual possibilitará a produção de mudas e o replantio das espécies necessárias não somente para o uso do artesanato, mas também na agricultura de subsistência dessa população.

As conclusões deste estudo permitiram a avaliação da situação atual dos recursos e a determinação da importância da reintrodução e preservação das espécies vegetais na aldeia.

Ao longo do trabalho pudemos perceber que, de fato, muito ainda precisa ser feito em relação a preservação dos recursos naturais utilizados na fabricação do artesanato guarani na Aldeia Krukutu.

Como retorno à comunidade, sugere-se ainda desenvolver um catálogo explicativo a respeito do artesanato local com o material fotografado e as fichas de identificação elaboradas no decorrer deste trabalho.

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COLABORADORES

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EQUIPE

• DAGMAR SANTOS ROVERATTI      • RICARDO ANDRADE ZAMPIERI    • THAIS MASSANET                              • PATRICIA SANCHEZ PERES              • VANESSA FUENTES SUGUIYAMA      • MAURA SARTORI CASARI                  • SILVIA MANUELA SANCHES              • MARTA ÂNGELA MARCONDES         • LUCIANO POLAQUINI         • HUMBERTO PESSOA• ISAAC RODRIGUES JÚNIOR                 • EDISON GIMENES DA ROCHA                 • MICHELLY RODRIGUES DO PRADO                                                • PRISCILA FERREIRA M. DOS SANTOS   • MARÍLIA G. G. GODOY                       • FABIANA ANDRADE• MARILENA WACKLER