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Faculdade de Engenharia Departamento de Arquitetura e Urbanismo Nádia de Oliveira Camacho REQUALIFICAÇÃO DE UM CONJUNTO HABITACIONAL DE INTERESSE SOCIAL NA CIDADE DE JUIZ DE FORA COM BASE EM PRINCÍPIOS DE SUSTENTABILIDADE Monografia apresentada ao curso de Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Engenharia, da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho Final de Graduação I. Orientadora: Prof. Letícia Maria de Araújo Zambrano Juiz de Fora Abril, 2013

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Page 1: TFG I - Monografia Nádia Camacho

Faculdade de Engenharia Departamento de Arquitetura e Urbanismo

Nádia de Oliveira Camacho

REQUALIFICAÇÃO DE UM CONJUNTO HABITACIONAL DE INTERESSE SOCIAL NA CIDADE DE JUIZ DE FORA COM BASE EM

PRINCÍPIOS DE SUSTENTABILIDADE

Monografia apresentada ao curso de Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Engenharia, da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho Final de Graduação I.

Orientadora: Prof. Letícia Maria de Araújo Zambrano

Juiz de Fora Abril, 2013

Page 2: TFG I - Monografia Nádia Camacho

II

Dedico este trabalho à família que possuo e a

que escolhi. Vocês são o que me estrutura.

Page 3: TFG I - Monografia Nádia Camacho

III

Agradecimentos

Agradeço à toda minha família, principalmente Cláudia, Newton, Henrique, Alexandre,

Rita, e Vô Newton (in memoriam), por todo apoio incondicional de sempre em tudo o

que eu decidi fazer, por terem me dado a educação que recebi e a sensibilidade de

ver o mundo de forma mais humana.

Ao meu companheiro e melhor amigo, Hermano, que nunca mediu esforços para estar

sempre ao meu lado me apoiando, muito obrigada!

Aos meus grandes, bons, velhos e novos amigos, em especial à Isabela pela força de

sempre e que muito contribuiu para que este, e outros trabalhos se realizassem.

Aos mestres e professores, em especial à Letícia Zambrano, que tive a oportunidade

de conhecer, aprender e me inspirar contribuindo para que eu buscasse sempre o

meu melhor vencendo meus medos e desafios.

E por fim, à todos que contribuíram para este trabalho, o meu agradecimento eterno.

Page 4: TFG I - Monografia Nádia Camacho

IV

“O binômio habitação/meio ambiente está relacionado a um universo complexo de questões e situações” e “a simples localização de uma habitação no tecido urbano tem implicações que vão desde a estrutura atual da sociedade, passando por questões técnicas como os sistemas de transporte até os “aspectos psicossociais (que) não podem ser ignorados”.

FREITAS et al, 2001.

Page 5: TFG I - Monografia Nádia Camacho

V

Resumo

Frente ao contexto da produção habitacional brasileira e no município de Juiz Fora, o

debate sobre a questão habitacional é fundamental para a revisão de paradigmas bem

como para a condução de melhorias em todos os aspectos que envolvem o tema. É

necessário avaliar o que se tem produzido no âmbito habitacional para a população de

baixa renda. O atual déficit deve ser suprido de quantitativa, mas principalmente de

forma qualitativa além de incluir a produção participativa como essencial para o

atendimento real das demandas.

A incorporação dos princípios do desenvolvimento sustentável eleva a qualidade das

moradias e qualidade de vida, e, ainda melhora imensuravelmente a relação do

homem como meio em que se insere, de forma que este possa atender suas

necessidades sem que se comprometa o atendimento das necessidades e anseios

das gerações futuras.

O presente trabalho, sobre habitação de interesse social e sustentabilidade, tem como

objetivo promover um espaço para a reflexão sobre o assunto, apresentar iniciativas

interessantes e promover um diagnóstico a partir de uma avaliação da qualidade

socioambiental com base princípios sustentáveis de um conjunto habitacional na

cidade de Juiz de Fora. Essa avaliação permitirá traçar diretrizes e gerar subsídios

para o Trabalho Final de Graduação II que tem como proposta a Requalificação deste

mesmo conjunto de acordo com as necessidades encontradas.

Este trabalho pretende também representar, ainda que de forma geral, uma pequena

colaboração para um debate de vital importância para boa parte da sociedade, o que,

infelizmente, é ignorado por boa parte dos profissionais de arquitetura e urbanismo.

Palavras-chave

Habitação de Interesse Social. Sustentabilidade. Requalificação.

Page 6: TFG I - Monografia Nádia Camacho

VI

Sumário

Introdução..................................................................................................................... 1

Objetivos....................................................................................................................... 2

Procedimentos metodológicos................................................................................. 3

1. Habitação de Interesse Social e Sustentabilidade............................................... 5

1.1. Habitação de Interesse Social: Contextualização Brasileira.................................. 6

1.1.1. O programa Minha Casa Minha Vida................................................................. 10

1.2. Desenvolvimento Sustentável .............................................................................. 13

1.3. Metodologias para a implantação de práticas sustentáveis à empreendimentos

habitacionais de interesse social .................................................................................. 15

1.3.1 Selo Casa Azul CAIXA - Classificação Socioambiental de Projetos de

Empreendimentos Habitacionais .................................................................................. 16

1.3.2. Avaliação da Qualidade Socioambiental de Projetos Habitacionais s de

Interesse Social............................................................................................................... 17

2. Estado da Arte ........................................................................................................ 25

2.1. Produção Habitacional com a adoção dos princípios do desenvolvimento

sustentável...................................................................................................................... 25

2.1.1. Estudo de caso: Programa Habitacional Paraisópolis....................................... 26

2.1.2. Estudo de caso: Chapéu Mangueira e Babilônia............................................... 31

3. Produção Habitacional na cidade de Juiz de Fora.............................................. 41

3.1. Contextualização da problemática habitacional e sua produção em Juiz de

Fora............................................................................................................................... 41

3.2. Objeto de Estudo: Condomínio Vivendas Belo Vale I .......................................... 48

3.2.1 Avaliação Socioambiental do Condomínio Vivendas Belo Vale I................... 54

Conclusão ..................................................................................................................... 73

Bibliografia .................................................................................................................... 75

Anexos .......................................................................................................................... 79

Page 7: TFG I - Monografia Nádia Camacho

Introdução

Os conjuntos habitacionais, geralmente implantados longe das áreas centrais das

cidades, são, muitas vezes, desprovidos de infraestrutura e distantes das oportunidades

de trabalho e de lazer. Em muitos casos, tornam-se guetos ou, como define Ermínia

Maricato, depósito de gente. As habitações mínimas dificilmente atendem às

necessidades das famílias e o processo de favelização se torna praticamente inevitável

quando não há uma administração nestes conjuntos ou na comunidade. A partir deste

breve panorama é importante ressaltar que observa-se hoje um retorno do debate

sobre a questão habitacional que é fundamental para a revisão de paradigmas bem

como para a condução de melhorias em todos os aspectos que envolvem o tema.

O programa Minha Casa Minha Vida, financiado (e em parte subsidiado) pela Caixa

Econômica Federal junto ao Governo Federal, possui diversos problemas conceituais e

de implantação, porém é inegável que resgatou um espaço na agenda nacional, criando

uma oportunidade ímpar de mudança quando aos antigos modelos implantados, além

de incorporar a proposta de se repensar a ocupação dos centros urbanos com

moradias.

Observa-se, contudo, interesses políticos e estratégias de mercado interferindo no

planejamento urbano. Além disso, as construtoras com base no sentido mercadológico

e não qualitativo da produção de grandes empreendimentos, utilizam projetos

padronizados reforçando a ideia de que habitação social para baixa renda, se constitui

em uma abordagem empobrecedora da arquitetura que “admite” baixo conforto, baixo

desempenho, baixos padrões construtivos, estéticos e de sustentabilidade, refletindo

diretamente na qualidade de vida dos moradores e consequentemente nas cidades.

O presente trabalho sobre habitação e sustentabilidade tem como objetivo promover um

espaço para a reflexão sobre o assunto, apresentar iniciativas interessantes e promover

um ensaio a partir de uma requalificação com princípios sustentáveis de um conjunto

habitacional na cidade de Juiz de Fora implantado dentro do programa Minha Casa

Minha Vida, fase 1.Trata-se, de uma forma geral, de uma pequena colaboração para

um debate de boa parte da sociedade que, infelizmente, existem profissionais que

persistem em ignorar.

Page 8: TFG I - Monografia Nádia Camacho

2

Objetivos

Objetivo geral: produção de uma proposta de requalificação com base em princípios

de sustentabilidade e em critérios avaliados através de pesquisa aplicada em um

conjunto habitacional de interesse social, implantado no município de Juiz de Fora.

Objetivos específicos:

1. Análise e avaliação do conjunto habitacional Condomínio Vivendas Belo Vale

I, na cidade de Juiz de Fora quanto a características arquitetônicas, características

construtivas, inserção urbana, análises quanto a critérios de sustentabilidade do

empreendimento.

2. Produzir um diagnóstico com diretrizes de intervenções as serem

desenvolvidas através do projeto do Trabalho Final de Graduação II, no sentido de

promover uma melhoria no conjunto habitacional selecionado e na qualidade de

vida da população residente.

Page 9: TFG I - Monografia Nádia Camacho

3

Procedimentos metodológicos

O trabalho se desenvolve em 3 etapas descritas a seguir.

Primeira etapa - Revisão bibliográfica

A revisão bibliográfica envolve as seguintes temáticas, consideradas fundamentais para

a compreensão do todo, assim como no desenvolvimento da metodologia aqui

apresentada.

1. Contextualização da problemática brasileira no âmbito da produção habitacional

recente e sua relação com o emergente desenvolvimento sustentável.

2. Levantamento do Programa Minha Casa Minha Vida - fase 1.

3. Pesquisa sobre a produção dos empreendimentos do MCMV em Juiz de Fora, e dos

respectivos indicadores para sistematização das informações de análise dos mesmos.

3. Estudos de caso que apresentem iniciativas para o enfrentamento da problemática

habitacional atual considerando os princípios do desenvolvimento sustentável.

4. Aplicação parcial da metodologia que encontra-se em fase desenvolvimento em

paralelo, pela pesquisa de Iniciação Científica “Avaliação da qualidade sócio-ambiental

de projetos de habitações de interesse social”, com vistas à avaliação e produção de

um diagnóstico do objeto de estudo com bases nos princípios do desenvolvimento

sustentável.

Segunda etapa - Levantamento no local

Engloba a avaliação qualitativa do empreendimento alvo, Condomínio Vivendas Belo

Vale I. As avaliações focalizam-se nos aspectos ambientais, projetuais e de conforto a

partir da observação no local, com base em uma lista de verificação proposta pela

metodologia em desenvolvimento na pesquisa supracitada. Além da lista de verificação,

foram ainda aplicadas entrevistas semiestruturadas com atores sociais envolvidos,

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buscando observar por meio das lideranças locais a articulação e relação dos

moradores com suas moradias e vizinhança.

A pesquisa qualitativa engloba levantamento técnico e fotográfico das condições das

edificações e do conjunto como um todo, quanto as questões de acessibilidade;

condições da infraestrutura bem como sua gestão (transporte, vias, água, energia,

esgoto), suprimento de serviços; e condições ambientais. Como complementação e

fundamentação da avaliação incluem-se ainda entrevistas semiestruturadas no sentido

de reforçar ou detectar pontos importantes não observados na avaliação dos aspectos

físicos do local.

A metodologia, a ser utilizada parcialmente neste trabalho, contempla ainda a aplicação

de questionários junto às famílias que vivem no empreendimento, no sentido de

produzir um diagnóstico social e averiguar se as questões físicas estão de acordo com

as expectativas dos usuários. Contudo, por uma questão de aprimoramento do

instrumento em relação aos prazos que este trabalho possui, essa etapa ocorrerá

posteriormente ao término deste trabalho.

A terceira etapa – Análise, diagnóstico e resultados

Nesta etapa realiza-se a sistematização dos dados obtidos nas etapas anteriores com

vistas elaboração do diagnóstico. A partir da compreensão do estado atual do

empreendimento bem como das pressões que geraram tal estado é possível conduzir

medidas (respostas) para a melhoria do conjunto habitacional baseadas em princípios

sustentáveis (Geo Cidades, 2001). A partir da conclusão desta etapa são traçadas

diretrizes para o desenvolvimento do projeto para o Trabalho Final de Graduação II.

Page 11: TFG I - Monografia Nádia Camacho

5

1. Habitação de Interesse Social e Sustentabilidade

No Brasil existem diversos programas que têm como objetivo principal sanar a

demanda habitacional das classes menos favorecidas economicamente. No entanto,

para suprimir esse déficit é essencial classificar a demanda habitacional do ponto de

vista quantitativo, ou seja, estimar a quantidade de unidades necessárias para atender

a demanda; e do ponto de vista qualitativo, levantando as inadequações à vida humana

presentes na maioria das habitações. (UNEP, 2002).

A produção habitacional ao longo dos anos não tem suprido deficiência das unidades

pois, mesmo que a produção esteja crescendo em um ritmo acelerado, a população

que deveria ser contemplada com as novas moradias não dispõe de condições

financeiras para sua aquisição o que desencadeia numa uma ampla ocupação ilegal e

predatória da terra urbana (MARICATO, 2003).

Para o enfrentamento do problema existem, entre outras, ações necessárias como: a

requalificação e urbanização de áreas de ocupação informal, o fornecimento de

infraestrutura básica, produção de moradias novas adequadas bem como a adequação

das existentes, a integração sociocultural e espacial com a cidade formal, fornecimento

de suporte aos serviços, sendo estes acessíveis e eficientes, mobilidade urbana, cultura

e lazer, e criação de oportunidades de trabalho para que essa população tenha o direito

à cidade.

No sentido de ampliar a qualidade das ações necessárias, inclui-se o desenvolvimento

sustentável, segundo o qual, as sociedades devem desenvolver-se considerando o

respeito às condições igualitárias de oportunidades entre os indivíduos, gerações

presentes e futuras, e de localização no espaço. As ações devem ser conduzidas de

forma a respeitar os limites da natureza, reduzir os impactos negativos ao meio

ambiente e preservar os recursos naturais, principalmente aqueles não renováveis. Os

interesses econômicos coletivos devem sobressair aos interesses individuais e, as

decisões de custos e de benefícios econômicos devem ser pautadas em custos e

benefícios ambientais e sociais envolvidos (ONU – COMISSÃO BRUNDTLAND, 1987).

Page 12: TFG I - Monografia Nádia Camacho

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Frente à necessidade do desenvolvimento sustentável, nota-se ainda uma grande

dificuldade por parte dos projetistas no que se refere ao desenvolvimento de projetos

mais sustentáveis que atendam, de forma mais eficaz, aos requisitos necessários. Um

empreendimento deste tipo exige uma visão global e trabalho integrado entre equipes

projetistas, com base nas diretrizes de sustentabilidade desde a fase de concepção e

as demais etapas as quais incluem projeto/obra/pós-ocupação.

Alguns pesquisadores afirmam que os métodos de avaliação de sustentabilidade tem

como objetivos garantir a compreensão adequada entre desenvolvimento sustentável e

edifícios/ambiente construído e as partes interessadas, buscando uma comunicação

clara e eficiente (ALUCINO, 2000). Contudo, a aplicação de grande parte dos métodos

existentes ocorre ainda de forma voluntária e funciona como uma forma do mercado

reconhecer os esforços dos empreendedores de melhorar o desempenho ambiental de

seus produtos (COLE, 1999).

Diante deste grande desafio, a produção de habitações de interesse social deve ser

conduzida com base nos princípios de sustentabilidade, perpassando de um simples

problema quantitativo até a adequação dessas moradias de forma a garantir uma vida

digna e saudável. Ressalta-se ainda que a produção deva atender ainda à preços

tangíveis, além de aplicar técnicas e soluções projetuais que reduzam os impactos ao

meio ambiente.

1.1. Habitação de Interesse Social: Contextualização Brasileira

A primeira iniciativa brasileira de criação de uma política habitacional de abrangência

nacional aconteceu em 1964, com a alteração da lei nº 4.380/64, com objetivos e

metas definidos, fontes de recursos permanentes e mecanismos próprios de

financiamento. Tal lei instituiu, entre outras medidas, o Sistema Financeiro de

Habitação - SFH, o Banco Nacional da Habitação - BNH e a correção monetária nos

contratos imobiliários de interesse social. A partir desse momento, o Governo

Federal ficou responsável pela formulação da Política Nacional de Habitação e

também pela coordenação das ações públicas e privadas no sentido de estimular a

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7

construção e o financiamento para a aquisição de moradias de interesse social

(CAIXA, 2011).

A política realizada pelo BNH tinha como objetivo a viabilização do acesso à

moradia focada principalmente nas famílias de média e baixa renda e foi financiada

através de recursos do SFH advindos do Sistema Brasileiro de Poupança e

Empréstimo e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) (CAIXA, 2011).

Foram derivados da crise econômica do final da década de 1970, a inflação,

desemprego, queda dos salários, alterações nas regras monetárias e

consequentemente, a extinção do BNH, e em 1986, suas funções foram distribuídas

para outros órgãos do governo. Foi nesse momento que a CAIXA se tornou executor

das políticas habitacionais do Governo Federal, administrando os feitos deixados

pelo BNH (CAIXA, 2012).

O quadro de crise, a pressão populacional, desemprego, elevados custos do solo

urbano aliado à falta de uma política habitacional tiveram como consequência a

busca das famílias de menor renda por alternativas precárias de moradia. Tal

processo desencadeou a favelização, ocupações irregulares nas periferias e áreas

de risco, configurando assim o atual panorama dos problemas urbanos brasileiros, e

a situação só foi se agravando com a deficiência das ações governamentais.

A criação do Ministério das Cidades em 2003 e a aprovação da Política Nacional de

Habitação - PNH em 2004 propuseram uma visão ampliada e integrada das

questões de desenvolvimento urbano nas cidades. Os programas oriundos do

Sistema de Habitação de Interesse Social contemplam urbanização de favelas,

realocação das famílias que moram em áreas de risco, alagadiças e em cortiços

(CAIXA, 2011).

Foram criados ainda o Plano Nacional de Habitação, e programas como o Programa

de Aceleração do Crescimento (PAC) e mais recentemente o Programa Minha Casa

Minha Vida que será melhor descrito no item 1.1.1. Houve um estímulo maior à

construção civil visto a demanda habitacional brasileira, sempre crescente. Contudo

é importante observar a fundo a questão das demandas e déficits atuais.

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8

Tanto demandas quantitativas como qualitativas estão concentradas nas faixas menos

favorecidas economicamente, em sua maior parte localizadas nas áreas urbanas,

principalmente nas regiões metropolitanas (BRASIL, 2005). Além disso, a qualidade das

unidades existentes deve ser observada, uma vez que a maioria das moradias

apresenta um padrão construtivo muito baixo trazendo riscos às famílias. Outro ponto

que deve ser destacado e que contribui para o descaso em relação à produção

habitacional brasileira é o adensamento demasiado nas unidades, já que as mesmas,

projetadas no intuito de atender a demanda, não atendem ao perfil das famílias que

nelas irão habitar.

Somando, há ainda questões como a situação fundiária, acesso aos serviços, e

equipamentos urbanos, entre outros, que demonstram a fraca relação entre os

programas habitacionais com a política do desenvolvimento urbano (uso e ocupação do

solo, infraestrutura, saneamento) e fragilizam, portanto, todo o processo da produção

habitacional.

“A dificuldade de acesso à terra regular para habitação é

uma das maiores responsáveis pelo explosivo crescimento

das favelas e loteamentos ilegais nas perigerias nas

cidades.” (MARICATO, 2011).

Sendo assim, é impossível desvincular o déficit o habitacional dos outros déficits

(saúde, educação coleta e destinação do lixo, cultura e lazer). Todos deveriam ser

tratados de forma conjunta e estruturada. Porém, ao logo da história, o que tem se

percebido é a locação de pessoas para fora das cidades gerando patologias urbanas

como formação de gangues, tráfico de drogas, e ausência de respeito à coletividade

humana (MARICATO, 2009).

A questão fundiária se relaciona de forma direta à política de planejamento territorial e

gestão do solo urbano, causando impacto tanto no processo de expansão de

assentamentos precários como na produção habitacional. Historicamente, na maioria

das cidades brasileiras, o planejamento urbano, a gestão de uso e ocupação do solo

bem como a regulação urbanística estiveram voltados para o mercado da classe média

e empreendedores. A inexistência de uma política fundiária adequada é ainda

responsável pela péssima localização de conjuntos habitacionais de interesse social,

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uma vez que a especulação de vazios urbanos ocasionado pelas lógicas do mercado

imobiliário, agrava as condições de moradia das famílias de baixa renda. Essas, por sua

vez, acabam por ocupar loteamentos informais aumentando a segregação urbana e

exclusão territorial que tem como consequência a contribuição com todo o processo de

formação de favelas e todas as suas implicações físicas e sociais (BRASIL,2005).

Ainda que não tenham sido qualificados, há ainda imóveis vazios nos centros urbanos

que não estão ajustados à demanda habitacional, tanto no que se refere à sua

adequação para moradia, como para atendimento aos grupos sociais mais carentes,

com baixos rendimentos, nos quais se concentra o maior déficit habitacional. A

ocupação desses imóveis, de forma adequada, poderia ser um meio de reinserção da

população menos favorecida nas cidades, bem como de reduzir o déficit.

Um outro fenômeno que tem se intensificado é o crescimento de aluguel de cômodos

em favelas mais consolidadas e em áreas periféricas, promovendo o adensamento

desses assentamentos. Apesar desse fenômeno demonstrar, por um lado, alguma

capacidade de pagamento de uma parcela da população de baixa renda, por outro ele

expõe uma certa incoerência do mercado de locação, que não se demonstrou eficaz em

equilibrar a oferta (imóveis vagos) com a demanda mais necessitada (BRASIL,2005).

Há ainda o crescimento e o adensamento da periferia, a fragmentação do espaço

urbano, o agravamento da segregação e da exclusão sócio-territorial, apontados como

as principais características do processo de urbanização brasileiro. Em resposta as

questões habitacionais, muitas vezes os modelos implantados dos conjuntos agrava

ainda mais as exclusões.

Reforçando a problemática, um ponto delicado e responsável pelo agravamento das

disfunções urbanas é a questão da mobilidade que gera enormes pressões sobre o

sistema de circulação. Em relação ao transporte coletivo, há o custo das viagens, com o

maior gasto de tempo e menos acesso ao sistema, devido ao espalhamento e

desagregação da área urbanizada. Em relação ao transporte individual ocorre uma forte

pressão sobre o poder público, para que aumente os investimentos no sistema

rodoviário. A partir disto, tem-se como resultado uma considerável deterioração nas

condições de mobilidade urbana, comprometendo a qualidade de vida dos habitantes.

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10

De uma forma ampla, as práticas que visam solucionar os problemas descritos

anteriormente não tem sido eficientes, e somando-se a isso, a articulação dos setores

que deveriam enfrentar tais desafios tem se tornado cada vez mais frágil, devido à falta

de transparência na elaboração de estratégias e regulação urbanística.

A fragilidade política atrelada às condições financeiras e institucionais, que visam

ampliar a oferta de moradias dignas, não apenas tornam ineficientes as políticas de

regularização e urbanização, mas também contribuem para a ocupação de terras

irregulares uma vez que a precariedade e a irregularidade são crescentes.

Com o agravamento dos problemas colocados anteriormente, os custos das soluções

tendem a subir, e em função das limitações financeiras, há uma queda qualidade da

produção habitacional como um todo. Além disso, segundo ORNSTEIN (1992), no

Brasil, não há a prática de controlar a qualidade (atendimento às necessidades dos

usuários e seu grau de satisfação) das habitações produzidas em massa.

Para tanto, faz-se necessário avaliar a situação dos conjuntos construídos em relação à

qualidade construtiva da unidade habitacional e do conjunto como um todo, como

também em relação às condições ambientais, no intuito de promover o cultivo e a

melhoria da cultura urbana, nos hábitos de viver em comunidade, no exercício de

direitos e deveres e no respeito aos direitos do próximo. É preciso ainda, identificar a

qualidade das relações dos moradores com suas novas moradias, como ser apropriam

delas, como adéquam-na e como a alteram.

Outro fator que deve ser apontado, e que contribui para a má qualidade da moradias e

dos conjuntos, é a falta de conhecimento dos profissionais envolvidos na elaboração

deste tipo de projeto, pois ignoram necessidades, valores e percepções.

1.1.1 Programa Minha Casa Minha Vida

O programa Minha Casa Minha Vida, desenvolvido pela Caixa Econômica Federal em

parceria com o governo federal, tem como objetivo facilitar a aquisição de

empreendimentos na planta, para famílias menos favorecidas economicamente.

O programa atende a diferentes faixas de renda, o que possibilita uma maior

participação da população interessada, mas que não possui renda suficiente para

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adquirir sua moradia. O presente trabalho tratará de um empreendimento produzido

para a Faixa 1 (onde a renda bruta mensal familiar pode chegar até R$ 1600,00), pelo

FAR – Fundo de Arrendamento Residencial, em parceria com o Poder Público (estados

e municípios).

O programa abrange capitais estaduais bem como suas respectivas regiões

metropolitanas, região metropolitana de Campinas, baixada santista, Distrito Federal

e municípios com população igual ou superior a 50.000 habitantes.

Podem ser considerados ainda, municípios com população entre 20.000 e 50.000

habitantes, no sentido de implantar operações de aquisição de imóveis, desde que:

- a população urbana seja pelo menos de 70% da população total;

- a taxa de crescimento populacional do município entre 2000 e 2012 seja superior a

do estado;

- e a taxa de crescimento populacional entre 2007 e 2010 tenha sido maior que 5%.

Poderão ainda ser considerados os municípios independentemente do porte de sua

população, que tenham tido crescimentos populacionais resultante de impactos

devido à implantação de grandes empreendimentos, ou municípios em situação de

calamidade pública e emergente, reconhecidos por portaria da Secretaria Nacional

de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional.

Funcionamento do programa:

Primeiramente a união destina recursos por área do território nacional, com base no

levantamento do déficit habitacional de 2000 (Mcidades, 2000) e contagem

populacional de 2008, promovido pelo IBGE. Posteriormente os estados e

municípios realizam, de forma gratuita, o cadastramento das famílias interessadas,

que se enquadram nos critérios de prioridades descritos no programa e indicam as

famílias para à Caixa Econômica Federal, no sentido de validar a inscrição, com

base nas informações do Cadastro Único (CADÚNICO) e de outros cadastros.

A etapa seguinte consiste na apresentação de projetos pela construtoras às

Superintendências Regionais da CAIXA, com a possibilidade de construí-los em

parceria com estados e municípios. Após a análise simplificada, a CAIXA contrata a

operação, acompanha a execução da obra pela construtora, fornece os recursos

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conforme cronograma e, finalizado o empreendimento, contrata o parcelamento com

as famílias selecionadas.

Existem critérios de prioridades para a execução de projetos, que têm como base:

- o envolvimento do município no sentido de facilitar a promoção da realização de

novos empreendimentos;

- ampliação da sua participação no programa sob forma de contribuições financeiras,

bens ou serviços economicamente mensuráveis, necessários à realização das obras

e serviços do empreendimento;

- unidades habitacionais com menor valor de aquisição;

- existência prévia de infraestrutura (água, esgoto e energia);

- existência prévia de equipamentos sociais, compatíveis com a demanda do projeto;

– implantação pelos municípios dos instrumentos da Lei nº 10.257, de 10 de julho de

2001, voltados ao controle da retenção das áreas urbanas em ociosidade;

– implantação do empreendimento em municípios integrantes de territórios da

cidadania, nos casos de municípios com população entre 20 e 100 mil habitantes;

O empreendimento pode ser constituído de diferentes tipologias, como casas térreas

e apartamentos de acordo com as especificações e custos pré-definidos. O limite do

número de unidades habitacionais por empreendimento é calculado em função do

projeto e da área, porém o máximo por módulo chega a 500 unidades. Como

repostas a problemas já identificados pelo número exorbitantes de unidades que era

permitido, ficou instituído que a partir do dia primeiro de janeiro de 2012, os

empreendimentos no formato de condomínio devem ser fragmentados em 300

unidades no máximo, o que ainda é considerado um número elevado.

As especificações pré-determinadas pela Caixa Econômica Federal para a tipologia

que foi implantada no objeto de estudo deste trabalho encontram-se no Anexo 1.

Devido a falhas ou mesmo à falta de fiscalização, por parte dos órgãos competentes

e pela própria Caixa, muito dos empreendimentos vinculados ao programa Minha

Casa minha vida são entregues sem atender as especificações do governo e do

próprio programa, com qualidade e localidade duvidosas, ou até mesmo sem

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infraestrutura básica para receber as novas famílias. Além disso, ocorrem ainda,

atrasos, quanto aos prazos previstos no contrato, na entrega do imóvel.

1.2. Desenvolvimento Sustentável

A crise socioambiental, pautada no determinismo econômico e individualismo,

apresenta inúmeros impactos negativos. Entre eles estão, por exemplo, a poluição

do ambiente natural, a extinção de recursos naturais, a deterioração da qualidade de

vida, a pobreza, a miséria, a má distribuição de renda, a devastação dos recursos

naturais, entre outros.

Este cenário fez com que surgisse a discussão, não só sobre os limites do crescimento

e da conservação dos recursos necessários ao seu desenvolvimento, mas também

sobre a construção de um novo modelo de desenvolvimento que buscasse equilibrar

estes dois fatores, sem colocar em risco nenhum deles, e menos ainda, a existência

humana (ABIKO, 2009).

Atualmente existem muitas referências que trazem a definição do desenvolvimento

sustentável. O relatório Brundtland, de 1987, um dos referenciais mais conhecidos,

mesmo com críticas feitas por alguns autores, descreve a essência deste tipo de

desenvolvimento:

“O desenvolvimento sustentável é um processo de

transformação no qual a exploração dos recursos, a direção

dos investimentos, a orientação do desenvolvimento

tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e

reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender as

necessidades e aspirações humanas (ONU; COMISSÃO

BRUNDTLAND, 1987).”

Muitos dos atuais esforços para atender as necessidades humanas e realizar seus

desejos são simplesmente insustentáveis. Segundo este princípio, a humanidade deve

ser capaz de garantir um desenvolvimento que atenda as necessidades do presente,

sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também às suas.

Contudo, o desenvolvimento sustentável possui certos limites impostos pelo estágio

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atual da tecnologia e da organização social no tocante aos recursos ambientais. É

necessário adotar estilos de vida compatíveis com os recursos ecológicos do planeta –

quanto ao consumo de energia por exemplo.

O atendimento das necessidades básicas demanda, não só uma nova era de

crescimento econômico para as nações cuja maioria da população é pobre, como

também requer a garantia de que esses pobres recebam uma parcela justa dos

recursos necessários para manter esse crescimento (NOSSO FUTURO COMUM,

1991).

O desenvolvimento sustentável será, portanto considerado, como um modelo a ser

alcançado, um novo processo em construção, compatível com as necessidades e

expectativas da sociedade, a fim de garantir o seu atendimento em todas as dimensões,

sem colocar em risco os recursos naturais necessários para este atendimento, tanto no

presente como no futuro (ABIKO, 2009).

Para todo e qualquer tipo de ação deve-se considerar sempre o planejamento e

desenvolvimento sustentável, sejam ações físicas, como a construção de cidades,

por exemplo, sejam ações sociais, que criem uma nova ótica sobre a atuação

humana no planeta, visando o bem estar da coletividade e uso racional e equilibrado

recursos naturais.

A incorporação dos princípios do desenvolvimento sustentável deve ser garantido

em todas as camadas sociais, em projetos de arquitetura compatíveis, socialmente e

economicamente, com as demandas. A nova política habitacional brasileira e toda a

sua produção intensificada de números exorbitantes de unidades, que mesmo assim

ficam aquém da demanda, deveria ser conduzida embasada nesses princípios,

tendo com uma de suas justificativas, grandes modificações espaciais e sociais,

transformando cidades e comunidades.

Em alguns países, algumas metodologias para a adesão do desenvolvimento

sustentável, para as classes menos favorecidas economicamente, já estão sendo

adotadas, mesmo que muitas vezes de forma voluntária (COLE, 1999 apud

ALUCINO, 2000). Essa nova ótica sobre uma problemática tão séria nas realidades

brasileiras é de suma importância para os rumos que se deseja para as cidades. O

Page 21: TFG I - Monografia Nádia Camacho

15

item a seguir descreve duas metodologias que incorporam ações mais sustentáveis

na produção de habitações de interesse social.

Reforçando a qualidade dos empreendimentos, a incorporação de critérios de

sustentabilidade nos projetos, no caso, os de interesse social, não implica

obrigatoriamente em custos iniciais maiores. Essa inclusão amplia as qualidades, no

sentido de empreendimentos que sejam socialmente mais inclusivos no âmbito urbano

e espacialmente adaptáveis às necessidades de usos atuais e futuros (ZAMBRANO,

MAYA-MONTEIRO, MUCHINELLI E FONSECA, 2012).

1.3. Metodologias para a implantação de práticas sustentáveis à empreendimentos habitacionais de interesse social

As metodologias para avaliação e implantação de práticas sustentáveis nos

empreendimentos habitacionais de interesse social integram aspectos econômico-

financeiros, físicos, culturais e socioambientais. Trazem o desafio da construção

sustentável modificando a mentalidade dos cidadãos, no sentido de promover o respeito

pelo meio ambiente e melhoria sua relação com ele.

As avaliações presentes nos métodos a serem descritos a seguir partem de

indicadores de sustentabilidade, que podem ser definidos por uma variável sintética,

que representa diversos aspectos ambientais, econômicos ou sociais relativos à

qualidade de vida, integrada com o sistema, capaz de auxiliar na decisão e

desenvolvimento de um projeto. O indicador deve ir além de uma simples medição,

deve ser um agregado que represente diversos aspectos ao mesmo tempo, e deve

significar ou indicar algo exequível. A qualidade do ambiente urbano ou no caso de

estudo, habitacional, depende de muitas variáveis, bem como, das inter-relações

entre as mesmas. Ao longo dos anos, a produção dos indicadores evoluiu no sentido

de inclusão orgânica nas tomadas de decisões participativas e integradas,

ocasionando a ampliação e diversificação da gama de usuários e objetivos

almejados com os indicadores. (GEO CIDADES, 2001)

Aqui serão descritas duas metodologias que incorporam o desenvolvimento sustentável

em empreendimentos habitacionais de interesse social. A primeira delas é o Selo Casa

Page 22: TFG I - Monografia Nádia Camacho

16

Azul desenvolvido pela Caixa Econômica Federal. A segunda é uma metodologia em

desenvolvimento em Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica no Departamento de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora. Esta última

metodologia é fundamentada em outras metodologias, inclusive no próprio Selo Casa

Azul, e é um produto em desenvolvimento, que almeja gerar um instrumento mais

completo do que os existentes atualmente. Este instrumento será utilizado de forma

parcial no objeto de estudo deste trabalho, o Condomínio Vivendas Belo Vale I que será

descrito no capítulo 3, e sua aplicação tem o intuito de testá-lo e de aprimorá-lo.

1.3.1. Selo Casa Azul CAIXA - Classificação Socioambiental de Projetos de Empreendimentos Habitacionais

O Selo Casa Azul CAIXA, é um selo de classificação de qualidade socioambiental de

projetos habitacionais, e seu cumprimento pelos empreendimentos se dá de forma

voluntária. São dispostos no guia, 53 critérios de sustentabilidade distribuídos em seis

categorias de avaliação: qualidade urbana, projeto e conforto, eficiência energética,

conservação de recursos materiais, gestão da água e práticas sociais; e é aplicável a

projetos de financiamento ou de repasse.

A referência brasileira almeja reconhecer, por meio de classificação de projetos como

ouro, prata e bronze, empreendimentos que demonstram contribuições para a redução

de impactos ambientais, sendo o mínimo para o recebimento do selo bronze de

construção sustentável, o atendimento de 19 dos 53 critérios propostos no guia, sendo

estes obrigatórios e específicos. O Selo Casa Azul contém informações relevantes para

os empreendedores e profissionais de projeto, organizadas de forma didática, para

auxiliá-los na tarefa de planejar habitações mais sustentáveis.

Com a implantação do Selo Casa Azul CAIXA, pretende-se incentivar o uso mais

racional de recursos naturais na construção de empreendimentos habitacionais, reduzir

o custo de manutenção dos edifícios e as despesas mensais de seus usuários, bem

como promover a conscientização de empreendedores e moradores sobre as

vantagens das construções sustentáveis.

Page 23: TFG I - Monografia Nádia Camacho

17

Alguns empreendimentos de interesse social já foram contemplados com o Selo Casa

Azul de Construção Sustentável. São eles os condomínios “G” e “E” do Projeto de

Urbanização de Paraisópolis, na cidade de São Paulo e o Projeto de Urbanização das

comunidades Chapéu Mangueira e Babilônia, que serão melhores descritos no capítulo

seguinte.

1.3.2 Avaliação da Qualidade Socioambiental em Projetos de HIS

A pesquisa intitulada “Avaliação da qualidade socioambiental de Projetos de

Habitações de Interesse Social”, se encontra em fase de desenvolvimento por meio

de Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica, junto ao NEHab – Núcleo de Estudos

em Habitação, do CNPQ, e ao Laboratório de Conforto Ambiental e Sustentabilidade

– ECOS, do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de

Fora. O trabalho se focaliza na construção de um instrumento de avaliação

socioambiental baseado nos princípios da sustentabilidade, e tem como referenciais

as seguintes metodologias internacionais e nacionais: HQE²R1, GEO Cidades2,

ZED3, e Selo Casa Azul.

1 O procedimento francês HQE²R - Haute qualité environnementale dans les projets d’aménagement

et de renouvellement urbain (Alta qualidade ambiental em projetos de planejamento e renovação urbana) foi desenvolvido com o objetivo de apoiar a integração do desenvolvimento sustentável em projetos de planejamento e renovação urbana. Visa proporcionar e disseminar uma nova abordagem reprodutível com métodos operacionais e ferramentas para uma renovação do planejamento urbano e, com isso melhorar a qualidade de vida nos bairros, levando em conta as necessidades dos usuários e a qualidade ambiental, integrando assim, a renovação urbana por gestão e reciclagem dos recursos naturais (HQE²R, 2003). 2 O relatório GEO Cidades: Indicadores Ambientais Urbanos (2001) tem por objetivo permitir um

melhor entendimento da dinâmica das cidades e seus ambientes. É fundamentado na matriz Pressão (causa dos problemas ambientais), Estado (condição ou qualidade do meio ambiente) Impacto (orientados a captar os efeitos do estado do meio ambiente sobre a qualidade de vida, economia urbana, os ecossistemas, vulnerabilidade urbana, e o nível político e institucional) e Resposta (ações desenvolvidas com o objetivo de prevenir impactos ambientais negativos, corrigir danos ambientais ou conservar os recursos naturais). 3 O projeto ZED - Towards zero emission urban development (Alvos para desenvolvimento urbano

com emissão zero), uma parceria entre laboratórios de estudos urbanos de Toulouse (França), Berlim e Colônia (Alemanha), e Londres (Inglaterra), foi desenvolvido com vistas a apoiar diagnósticos do desenvolvimento urbano em uma escala que varia do bairro à cidade, facilitando o desenho e planejamento, além de um monitoramento urbano no longo prazo, de políticas ambientais locais, bem como gestão da terra e seus recursos. Em um estágio inicial, o projeto visa manipular os aspectos qualitativos de um número de interesses (construções, serviços, transportes, energia, emissões, padrões urbanos, paisagem e meio). Aborda questões urbanas, de forma holística e de perspectivas diversas, de modo a identificar as questões chave e necessidades futuras, em matéria de integração de energias renováveis. Para dar conta da complexidade envolvida, o método integra a dupla

Page 24: TFG I - Monografia Nádia Camacho

18

Os métodos referenciais tem propósito de avaliação da sustentabilidade, contudo,

focalizam-se prioritariamente na avaliação da qualidade ambiental urbana.

Considerando que o foco de estudo se refere a empreendimentos habitacionais de

interesse social, foi preciso adaptar alguns indicadores bem como incluir outros para

que o estudo do empreendimento fosse além de sua relação com o ambiente urbano

considerando também a esfera local.

No processo de desenvolvimento da metodologia, foram necessárias diversas

revisões no aprimoramento do instrumento, como por exemplo, a inclusão de

indicadores que o grupo de pesquisa identificou como necessários, no sentindo de

complementar o método, fazendo com que a avaliação se adapte a realidade

brasileira. Estas inclusões foram nomeadas “sugestão dos autores” conforme será

visto nas tabelas de 1 a 4.

Foram ainda acrescentados indicadores sugeridos pelo Centro de Pesquisas Sociais

da Universidade Federal de Juiz de Fora (CPS/UFJF), por ocasião da elaboração e

revisão dos questionários e entrevistas, que serão utilizados parcialmente neste

trabalho. A experiência em abordagens junto à população de baixa renda pelo CPS

demonstrou-se essencial na identificação de lacunas na avaliação social.

A conformação atual do instrumento de avaliação se organiza em aspectos

ambientais, sociais, projeto e conforto, e estes aspectos foram divididos em

dimensões desdobradas em indicadores.

aproximação na definição de um sistema de indicadores objetivos (coleta de dados e informações) e subjetivos (percepção dos usuários).

Page 25: TFG I - Monografia Nádia Camacho

19

Para cada indicador foram identificados os atores envolvidos, bem como a forma de

abordagem de cada um deles, conforme pode ser observado nas tabelas de 1 a 4.

De uma maneira geral, os tipos de instrumentos utilizados são:

- questionários para a população residente do empreendimento;

- ficha de avaliação de aspectos físicos para o avaliador preencher a partir de

observações no local e levantamento de documentos e dados (Anexo 2);

- entrevistas abertas para representantes locais, assistentes sociais e a construtora

envolvida no projeto arquitetônico e urbanístico implantado (Anexo 3) ;

O fato de a metodologia adotada para a avaliação do empreendimento estar em fase

de desenvolvimento, sua aplicação neste trabalho, se dará de forma parcial,

utilizando das abordagens supracitadas, a ficha de avaliação dos aspectos físicos e

entrevistas abertas específicas para cada ator envolvido.

As tabelas a seguir demonstram a relação das dimensões, indicadores, os atores

envolvidos, a forma de abordagem para cada um deles, e ainda, as referências de

onde foram selecionados os indicadores.

A tabela 1 apresenta os indicadores do aspecto ambiental. Tem-se por objetivo na

avaliação deste aspecto, identificar a qualidade do ambiente em que o

Figura 1 - Esquema da relação dos aspectos, dimensões e indicadores que compõem o instrumento de avaliação (ZAMBRANO, CAMACHO, CANONICO, 2012)

Page 26: TFG I - Monografia Nádia Camacho

20

empreendimento está inserido, dentro das seguintes dimensões: Ar, Solo, Água,

Vegetação, Materiais e Resíduos, Eficiência energética e Qualidade urbana do

entorno.

Tabela 1 - Indicadores de sustentabilidade do aspecto Ambiental e os atores envolvidos na avaliação

AS

PE

CT

O

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ATORES ENVOLVIDOS E

ABORDAGEM MÉTODO REFERENCIAL

AM

BIE

NT

AL

Ar

Qualidade do ar Avaliador - observação in loco HQE²R

So

lo Controle da expansão urbana

Dados prefeitura – Plano diretor e Lei uso e ocupação do Solo

GEO Cidades/ HQE²R

Riscos de deslizamentos Avaliador - observação e Entrevista Construtora

ZED

Ág

ua

Qualidade da gestão das redes de abastecimento

Entrevista Representante Local e Questionário Moradores

HQE²R/ Sug. Aut*/CPS

Qualidade da água Órgão responsável pelo abastecimento

HQE²R

Ve

ge

taçã

o Preservação e valorização da paisagem e a

qualidade visual Avaliador - observação in loco HQE²R

Zonas Naturais Avaliador - observação in loco, mapas e fotos aéreas

ZED

Investimentos em áreas verdes Avaliação – análise projeto GEO Cidades

Ma

teria

is/

Re

síd

uos

Disponibilidade do material na região do empreendimento

Entrevista Construtora Sug. Aut.*

Qualidade da gestão de resíduos na fase de uso

Entrevista Construtora HQE²R

Qualidade dos materiais Entrevista Construtora Selo Casa Azul

Uso de madeira certificada Entrevista Construtora Selo Casa Azul

Eficiê

ncia

en

erg

ética

Consumo de energia Questionário Moradores HQE²R

Uso de fontes alternativas de energia Avaliador - análise projeto Selo Casa Azul

Qu

alid

ad

e U

rba

na

- E

nto

rno Iluminação pública Avaliador – observação in loco Selo Casa Azul/ZED

Disponibilidade de infraestrutura para os diferentes tipos de transporte/deslocamento

Avaliador – observação in loco HQE²R

Sistema de Transporte Coletivo Dados prefeitura (quantitativo) e Questionário Moradores (qualitativo)

Selo Casa Azul/ZED

Sistema de Transporte Coletivo Multimodal Dados prefeitura (quantitativo) e Questionário Moradores (qualitativo)

Selo Casa Azul/ZED/HQE²R

Disponibilidade de equipamentos de lazer Avaliador – Observação in loco ZED

Disponibilidade de equipamentos urbanos Avaliador – Observação in loco Selo Casa Azul/CPS

Presença de fatores de risco Avaliador – Observação in loco ZED/CPS

Page 27: TFG I - Monografia Nádia Camacho

21

A tabela 2 visa apoiar a avaliação do Projeto em suas duas escalas, do

empreendimento como um todo, bem como a escala da habitação, avaliando a

sustentabilidade das diretrizes e elementos projetuais e de infraestrutura na

comunidade e na habitação.

Tabela 2 - Indicadores de sustentabilidade do aspecto Projeto e os atores envolvidos na avaliação

AS

PE

CT

O

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ATORES ENVOLVIDOS E

ABORDAGEM MÉTODO REFERENCIAL

PR

OJE

TO

Em

pre

en

dim

en

to

Adequação às condições físicas do terreno Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul - verificar

Medição individualizada de água** Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul

Dispositivos economizadores ** Avaliador – análise projeto Selo Casa Azul

Aproveitamento de águas pluviais Avaliador – análise projeto Selo Casa Azul

Retenção de águas pluviais Avaliador – análise projeto Selo Casa Azul

Áreas permeáveis Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul

Arborização Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Sug. Aut.*

Paisagismo Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul

Facilidade de Manutenção (diretrizes de projeto)

Avaliador – análise projeto Selo Casa Azul

Local para Lixo Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul

Local para coleta seletiva Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul

Local para transporte alternativo não poluente

Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Sug. Aut.*

Sistema de aquecimento solar Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul

Sistemas de aquecimento à gás Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul

Dispositivos Economizadores – água Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul

Dispositivos economizadores – luz Avaliador – Observação in loco e análise projeto

Selo Casa Azul

Otimização no consumo de materiais de construção e sua gestão

Entrevista Construtora Selo Casa Azul

Ha

bitaçã

o

Flexibilidade do projeto Avaliador – projeto Selo Casa Azul

Adequação do dimensionamento questionário pop. Sug. Aut.*

Adequação do espaço ao número de habitantes

Avaliador – obs. Local e projeto Selo Casa Azul

Aproveitamento de águas pluviais Avaliador – obs. Local e projeto Selo Casa Azul

Retenção de águas pluviais Avaliador – obs. Local e projeto Selo Casa Azul

Page 28: TFG I - Monografia Nádia Camacho

22

Áreas Permeáveis Avaliador – obs. Local Selo Casa Azul

Medição individualizada – gás Avaliador – obs. Local Selo Casa Azul

Medição individualizada de água Avaliador – obs. Local Selo Casa Azul

Dispositivos Economizadores – água Avaliador – obs. Local Selo Casa Azul

Dispositivos economizadores - luz Avaliador – obs. Local Selo Casa Azul

A tabela 3, a seguir, objetiva avaliar o desempenho da edificação no aspecto do

conforto ambiental também em suas duas escalas, do empreendimento como um todo

e da unidade habitacional.

Tabela 3 - Indicadores de sustentabilidade do aspecto Conforto e os atores envolvidos na avaliação

AS

PE

CT

O

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ATORES ENVOLVIDOS E

ABORDAGEM MÉTODO

REFERENCIAL

CO

NF

OR

TO

Em

pre

en

dim

en

to

Presença da Perturbação Sonora Avaliador – obs. local e questionário pop.

HQE²R

Ha

bitaçã

o

Desempenho térmico – vedações 1.Avaliador – obs. local e questionário pop.

Selo Casa Azul

Desempenho térmico – orientação ao sol e ventos

2. Avaliador – obs. local e projeto Selo Casa Azul

Desempenho térmico - ventilação natural 3. Avaliador – obs. local e questionário pop.

Selo Casa Azul

Desempenho acústico 4. Avaliador – obs. local e questionário pop.

Selo Casa Azul

Desempenho luminoso 5. Avaliador – obs. local e questionário pop.

Selo Casa Azul

A tabela 4 traz a relação dos indicadores do aspecto social. Conforme o método ZED,

utilizado como um dos referenciais, é necessário integrar fatores objetivos e subjetivos,

qualificando o empreendimento a partir da percepção dos usuários (STEEMERS,1995).

Page 29: TFG I - Monografia Nádia Camacho

23

Tabela 4 - Indicadores de sustentabilidade do aspecto Social e os atores envolvidos na avaliação

AS

PE

CT

O

DIM

EN

O

INDICADORES DESUSTENTABILIDADE ATORES ENVOLVIDOS E

ABORDAGEM MÉTODO

REFERNCIAL

SO

CIA

L

Ed

uca

ção

Nível médio de alfabetização Questionário população GEO Cidades

Nível médio de educação/consciência ambiental

Questionário população GEO Cidades

Sa

úd

e Condições de limpeza, a higiene e a saúde Avaliador – obs. local HQE²R

Condições de segurança e a gestão dos riscos

Questionário população HQE²R

Mo

bili

dad

e

Favorecimento do acesso da população ao emprego, aos serviços e equipamentos da cidade através de meios de transporte acessíveis, eficazes e de custo acessível

Questionário população HQE²R

Disponibilidade de infraestrutura para os diferentes tipos de deslocamento/transportes

Avaliador – obs. local HQE²R

Disponibilidade em transporte público “multimodal” considerando um baixo impacto ambiental

Avaliador – obs. local GEO Cidades/ HQE²R/ ZED

Qualidade dos passeios Avaliador – obs. local ZED

Existência de veículos privados Questionário população ZED

Prá

ticas S

ocia

is

Estímulo ao desenvolvimento dos níveis de educação e a qualificação profissional

Quest. População, Entrevista Assist. Social

HQE²R

Capacitação para Gestão Quest. População, Entrevista Construtora e Assist. social

Selo Casa Azul

Educação Ambiental Quest. População, , Atores - dados Selo Casa Azul

Capacitação Profissional Quest. População, Entrevista Construtora

Selo Casa Azul

Inclusão de trabalhadores locais Quest. População, Entrevista Construtora

Selo Casa Azul

Participação da comunidade na elaboração do projeto

Quest. População, Entrevista Construtora

Selo Casa Azul

Orientação aos moradores Quest. População, Entrevista Construtora

Selo Casa Azul

Capacitação para gestão do empreendimento

Quest. População, Entrevista Construtora e Assist. social

Selo Casa Azul

Ações para mitigação de riscos sociais Entrevista Assist. Social e PJF Selo Casa Azul

Ações para geração de emprego e renda Entrevista Assist. Social e PJF Selo Casa Azul

Favorecimento à redes de solidariedade e de capital social

Entrevista Assist. Social e PJF HQE²R

Presença de atividades de Agenda 21 Local

Levantamento de dados - PJF GEO Cidades

Co

mun

id

ad

e Garantia da diversidade da população Questionário população HQE²R

Garantia da diversidade de funções (econômicas e sociais)

Questionário população HQE²R

Page 30: TFG I - Monografia Nádia Camacho

24

Existência/Qualidade de atrativos no bairro frente à cidade, criando espaços de convívio e de encontro para todos os habitantes

Avaliador – obs. local HQE²R

Existência/Qualidade de integração social e participação

Quest. População, Entrevista Assist. Social

HQE²R

Qualidade das inter-relações de vizinhança Quest. População, Entrevista Assist. Social

ZED

A aplicação do método permite tanto o apoio à elaboração de projetos, quanto a

avaliação pós-ocupação dos empreendimentos de caráter social. Os resultados

esperados da avaliação socioambiental vão além do o auxílio nas tomadas de

decisão no que tange a produção de novos projetos, visam também estratégias de

melhorias naqueles já implantados (CAMACHO, 2011).

Page 31: TFG I - Monografia Nádia Camacho

25

2. Estado da arte

Este capítulo traz um breve panorama da produção habitacional de interesse social em

que foram adotados os princípios do desenvolvimento sustentável. Serão descritos dois

estudos de caso brasileiros que incorporaram as práticas sustentáveis ao projeto e

receberam a qualificação Ouro do método Selo Casa Azul, descrito anteriormente.

Tal panorama revela o que se tem de mais recente em relação à habitação de interesse

social e sustentabilidade no Brasil, e através deste cenário observa-se que há uma

preocupação positiva, por parte dos empreendedores e dos órgãos governamentais, em

mudar o contexto atual das políticas habitacionais. Esses exemplos são importantes

para gerar uma reflexão do quanto é possível obter uma melhoria contínua na

construção de novas moradias e requalificação urbana, na relação destas com seus

moradores e também com o meio ambiente. Somando a isto, os estudos foram cruciais,

não somente para a produção do diagnóstico do objeto de estudo deste trabalho, mas

possibilitou também apoiar a geração de diretrizes para a requalificação do Condomínio

Vivendas Belo Vale I.

2.1. Produção Habitacional com a adoção dos princípios do desenvolvimento sustentável

As decisões tomadas no desenvolvimento do projeto de um conjunto habitacional de

interesse social, como por exemplo na sua implantação, muitas vezes definem de

maneira irreversível, a qualidade do projeto. A inserção de novos projetos estabelece

uma nova morfologia urbana que determinará, em grande parte, a qualidade de vida

dos moradores e a sustentabilidade na região. Contudo, a localização desses novos

empreendimentos e o direcionamento das famílias a estes, devem estar acompanhados

de uma série de fatores que quando ignorados, podem gerar um novo processo de

favelização contribuindo para diversas patologias urbanas.

Assim sendo, nos estudos de casos a seguir, foram consideradas diversas diretrizes

para a sustentabilidade do empreendimento. Como exemplos têm-se a questão da

territorialidade, onde as famílias permanecem próximas ao local onde moravam,

fortalecendo os vínculos sociais; produção participativa integrando os futuros moradores

Page 32: TFG I - Monografia Nádia Camacho

26

na sua nova região e valorizando as suas moradias; acessibilidade; utilização de

materiais de baixo impacto ambiental; conforto térmico; eficiência energética; e muitos

outros que serão melhor explicados conforme cada estudo de caso a seguir.

2.1.1 Estudo de Caso 1: Programa Habitacional Paraisópolis

Figura 2 – Paraisópolis e a localização do Conjunto Habitacional – em amarelo (Fonte: Google Earth, 2013)

Paraisópolis era considerada a segunda maior favela da cidade de São Paulo antes do

início do processo de reurbanização, contando com 70.000 habitantes. Por meio da

Superintendência de Habitação Popular (HABI), a prefeitura de São Paulo dotou a

comunidade com equipamentos urbanos e sociais além de infra estrutura.

Cerca de mil famílias tiveram suas casas removidas das áreas alvo de reurbanização,

uma vez que o programa objetiva a inserção de novos edifícios, integrando a

comunidade existente com os bairros adjacentes, Morumbi e Vila Sônia.

Page 33: TFG I - Monografia Nádia Camacho

27

Figura 3 – Vista do Conjunto Habitacional Paraisópolis e sua relação com o entorno (Fonte: ELITO, 2012)

O Programa Habitacional Paraisópolis foi desenvolvido pelo escritório Elito Arquitetos

Associados Ltda., entre os anos de 2008 e 2009, e é constituído por 7 Condomínios

independentes entre si: A, B, C, D, E, F e G, configurando, ao todo, 42 edifícios

habitacionais em uma área construída de 66.300,00 m².

Com exceção do condomínio D, o restante é constituído por blocos lineares, possuindo

módulos conectáveis com 4 pavimentos superiores, acima de um pavimento

considerado como térreo, e de 1 a 4 pavimentos inferiores em escalonamento que

varia com a declividade do terreno. Situa-se no pavimento designado como térreo, a

circulação coletiva, que promove o acesso às prumadas de circulação vertical

(escadas), com espaços previstos para a instalação de atividades comunitárias como

educação, lazer, centro comunitário , convivência de crianças, jovens e idosos, etc.

Em cada condomínio, determinados blocos terão unidades acessíveis neste pavimento

térreo. Cada pavimento dos blocos possui 4 unidades habitacionais e prumadas

distintas de escadas distribuem os fluxos destinados aos pavimentos acima e abaixo do

térreo.

Page 34: TFG I - Monografia Nádia Camacho

28

Figura 4 – Corte transversal mostrando o pavimento intermediário acessível por passarelas (Fonte: ELITO, 2012)

Figura 5 – Fotografia mostrando o pavimento intermediário acessível por passarelas (Fonte: ELITO, 2012)

Page 35: TFG I - Monografia Nádia Camacho

29

Os condomínios E e G, foram os primeiros edifícios habitacionais de caráter Social a

receber o Selo Casa Azul Ouro de Construção Sustentável. Dos 53 critérios contidos no

Guia, foram atendidos 39, perpassando por todas as categorias, qualidade urbana,

projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, gestão da

água e práticas sociais.

Entre as ações necessárias para receber o selo no quesito qualidade urbana, o projeto

foi implantado em uma área com acesso facilitado à escolas, transporte público, áreas

de lazer, saúde e segurança. Foi feita ainda a recuperação de áreas ambientalmente

degradadas no entorno.

Para os quesitos projeto e conforto, foram utilizados materiais que propiciam melhores

condições para a insolação e ventilação. As janelas de correr pela face externa das

paredes permitem a abertura total do vão visando à melhoria das condições de

ventilação e iluminação dos ambientes, melhorando assim o nível de higiene e conforto.

Além disso, o projeto contempla um local para coleta seletiva, e tratamento paisagístico,

prevendo áreas sombreadas, que promovem o resfriamento do ar quente, e forração e

gramados com espécies nativas do Brasil.

No critério de eficiência energética, além das lâmpadas econômicas, foram instalados

dispositivos economizadores de energia nas áreas comuns e medição individual de gás.

No quesito conservação dos recursos materiais, no sentido de evitar o desperdício dos

materiais de construção, foi utilizada a coordenação modular. A medição individual de

água e a utilização de bacia sanitária com duplo acionamento também foram adotadas,

além de arejadores nas torneiras e reguladores de vazão.

As áreas úmidas das unidades habitacionais formam o núcleo hidráulico, e são

concentradas junto à entrada da unidade, no intuito de permitir maior flexibilidade na

divisão de seus ambientes internos. O projeto das unidades, de 45m² cada, conta com

subdivisão em dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. A flexibilidade do

projeto da unidade admite que sejam retiradas as paredes internas e reordenadas,

permitindo novos layouts conforme a necessidade do usuário. As paredes estruturais

autoportantes estão localizadas na periferia de cada unidade e as paredes internas são

Page 36: TFG I - Monografia Nádia Camacho

30

simplesmente de divisão, sem caráter estrutural, para permitir sua flexibilização já

mencionada.

Figura 6 – Planta do pavimento térreo mostrando a relação entre as unidades e as paredes portantes (externas à unidade) e as de vedação (internas à unidade). (Fonte: ELITO, 2012)

Figura 7 – Fotografia da unidade habitacional (Fonte: ELITO, 2012)

Page 37: TFG I - Monografia Nádia Camacho

31

As áreas de lazer externas foram contempladas com equipamentos fabricados em

madeira certificada, como por exemplo, os bancos e brinquedos para crianças.

Quanto à acessibilidade, foram destinadas aos portadores de necessidades especiais

ou deficientes, unidades localizadas no pavimento térreo intermediário, com acesso do

nível da entrada do condomínio até estas unidades, além do acesso às áreas de uso

comuns e aos equipamentos.

Figura 8 – Área de lazer no Conjunto Habitacional de Paraisópolis (Fonte: ELITO, 2012)

No quesito práticas sociais, segundo a superintendente regional da Caixa Econômica

Federal, foram realizadas ações educacionais e de capacitação, além do envolvimento

dos moradores na elaboração do projeto.

A ficha completa de atendimento aos critérios de sustentabilidade do Selo Casa Azul

encontra-se no Anexo 4.

2.2. Estudo de caso 2: Chapéu Mangueira e Babilônia

Chapéu Mangueira e Babilônia são comunidades vizinhas do bairro Leme, Zona Sul do

Rio de Janeiro e juntas possuem em média 6 mil pessoas, e cerca de 1300 moradias.

As comunidades possuem em suas proximidades o Pão de Açúcar, Enseada de

Botafogo e a orla do Leme e de Copacabana, e no morro estão inseridas há uma Área

Page 38: TFG I - Monografia Nádia Camacho

32

de Proteção Ambiental (APA), que passou por um processo de reflorestamento para

recuperar áreas de Mata Atlântica.

Figura 9 – Fotografia aérea da região onde as Comunidades estão implantadas - Em amarelo, Babilônia e em Vermelho, Chapéu Mangueira (Fonte: Google Earth, 2013)

O projeto nas comunidades foi resultado de um projeto piloto, realizado pelo Conselho

Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), e contou com a

participação de doze empresas e o apoio de quatro instituições, em parceria aos

programas da Prefeitura e do Governo do Estado.

As empresas responsáveis pelas iniciativas e ações do projeto nas comunidades

são: Itaú e Bradesco; Phillips, Michelin, Votorantim e Dow; Souza Cruz, Goodyear,

Vale, Even, Coca-Cola e Hydronorth com apoio do Sebrae e da Caixa Econômica

Federal.

Page 39: TFG I - Monografia Nádia Camacho

33

Figura 10 – Vista das Comunidades e sua relação com o entorno (Fonte: Desconhecido)

O programa está inserido na iniciativa Um Mundo de Cidades Sustentáveis (A World of

Sustainable Cities), lançado em 2010 pelo WBCSD (World Business Council for

Sustainable Development) na cidade de Turku, Finlândia.

O Complexo Chapéu Mangueira e Babilônia faz parte do Programa de Aceleração

do Crescimento (PAC), de urbanização de assentamentos precários e recuperação

de áreas degradadas. A reabilitação urbana do Complexo contempla a implantação

de políticas públicas ligadas a iniciativas de parceiros privados, no sentido de gerar

ações que promovam a sustentabilidade e erradicação da pobreza.

Foram ouvidos cerca de 40% dos chefes de família que moram nas comunidades,

com objetivo de buscar a independência das comunidades, com soluções que gerem

o censo de propriedade, o desenvolvimento socioeconômico local e inserção das

comunidades no contexto urbano.

O objetivo do projeto é implantar soluções que possam ser replicáveis de infraestrutura

urbana e social, a partir das diretrizes do desenvolvimento sustentável e conta com as

seguintes frentes de atuação:

1. Melhoria habitacional sustentável;

2. Infraestrutura utilizando materiais e processos sustentáveis no projeto de

urbanização da prefeitura;

Page 40: TFG I - Monografia Nádia Camacho

34

3. Agricultura urbana orgânica: plantio para geração de renda para a comunidade e

consumo próprio;

4. Turismo comunitário que busca valorizar seu patrimônio histórico e preservando

sua riqueza ambiental;

5. Sustentabilidade nos lares e nas escolas difundindo os princípios e valores à

comunidade;

6. Gestão comunitária de resíduos sólidos estimulando a abertura de pequenos

negócios e aproveitamento econômico de materiais recicláveis;

7. Desenvolvimento de empreendedores locais.

As capacitações das frentes foram realizadas no Galpão de Artes do Chapéu

Mangueira, que representa um espaço histórico de convivência cultural, pratica

artística e de resgate da memória. Os moradores e líderes das comunidades são os

principais envolvidos nos projetos, debatendo iniciativas e atividades que levem à

construção de um ambiente futuro idealizado pelo grupo.

Na frente de Melhoria Habitacional Sustentável, os cursos realizados foram de

pedreiro, serralheiro, bombeiro hidráulico e eletricista, e a proposta é que com essa

capacitação os moradores estejam aptos para realizar as obras, por meio de

trabalho cooperativo, e tenham ainda, uma melhor oportunidade de se inserirem no

mercado de trabalho.

Dentro da frente Agricultura Urbana Orgânica, o objetivo foi capacitar alunos na

construção e manutenção de hortas, em produção contínua, em quintais e lajes,

além de oferecer oficinas de alimentação saudável.

Page 41: TFG I - Monografia Nádia Camacho

35

Figura 11 – Curso de capacitação de horas nas lajes (Fonte: Rio Cidade Sustentável 2012)

Figura 12 – Formatura dos alunos do curso de capacitação de Agricultura Orgânica (Fonte: Rio Cidade Sustentável 2012)

No sentido de desenvolver o cooperativismo na comunidade e o senso de

colaboração mútua para o bem comum e de pertencimento, o projeto Rio Cidade

Sustentável realiza mutirões entre os alunos que frequentam os cursos de

capacitação. As obras estão organizadas no cronograma das aulas práticas e são

realizadas nas habitações dos moradores das duas comunidades que têm interesse,

e possuem recursos próprios para a execução das reformas prioritárias em suas

casas.

Page 42: TFG I - Monografia Nádia Camacho

36

Figura 13 – Reunião com os moradores das comunidades (Fonte: Rio Cidade Sustentável 2012)

Figura 14 – Sustentabilidade nas escolas e nos lares (Fonte: Rio Cidade Sustentável 2012)

Page 43: TFG I - Monografia Nádia Camacho

37

Figura 15 – Curso de capacitação (Fonte: Rio Cidade Sustentável 2012)

A partir da capacitação realizadas com os moradores das duas comunidades, as

reformas realizadas se deram por meio de mutirões que, primeiramente, tem como

objetivo a reforma de 50 casas, melhorando suas condições, implantando sistemas que

visem o uso racional da água, redução de infiltrações, conforto térmico, melhoria da

ventilação e circulação de ar, e eficiência energética.

Cada melhoria implantada se deu a partir de vistorias realizadas, levando em conta

critérios como a situação socioeconômica das famílias e os problemas relacionados à

umidade, iluminação, ventilação, infiltração, instalações sanitárias, e questões

estruturais que afetem a segurança da construção. Entre as patologias mais

diagnosticadas nas moradias estão infiltrações, falta de ventilação e iluminação. É

importante ressaltar que as atuações ocorrem por meio de intervenções e não reformas,

viabilizando o que for possível, como por exemplo, a instalação de sistemas de

aquecimento solar e captação de águas pluviais, além de melhorias em instalações

melhorando eficiência energética e uso racional da água.

Para ser contemplada com a reforma, a residência deve estar regularizada na

prefeitura, na companhia de energia da cidade, e na companhia de fornecimento de

água. As reformas não são gratuitas, os interessados tem acesso a uma linha de

crédito, pagando o preço de custo pelo material.

Page 44: TFG I - Monografia Nádia Camacho

38

O projeto do Complexo Chapéu Mangueira e Babilônia foi contemplado pelo Selo Casa

Azul na qualificação máxima, ou seja, Ouro. Para a qualificação, a CAIXA analisou os

critérios que visam reconhecer as iniciativas direcionadas para construções

sustentáveis. Entre os 53 critérios que o Selo Casa Azul possui, o projeto do Chapéu

Mangueira e Babilônia atendeu a 32.

No quesito Qualidade urbana, o projeto foi implantando em comunidade já consolidada

dotada de serviços e infraestrutura o que confere a população acesso a serviços,

comércio, escola e transporte coletivo, áreas de lazer, atendimento de saúde e

segurança. Ainda foram realizadas obras de melhoria no entorno e na recuperação de

áreas ambientalmente (recuperação da Mata Atlântica) e socialmente degradadas.

Ainda neste quesito a empresa Michelin doou 33 toneladas de granulados de borracha

feitos de pneus reciclados que quando misturados no concreto podem ser usados na

pavimentação das ruas que dão acesso às comunidades. Segundo a empresa, a

durabilidade do produto é 40% maior que o asfalto convencional e ainda, a borracha

substitui em 20% o uso da brita utilizada no concreto, que não é um material renovável.

Figura 16 – Aplicação do granulado de borracha de pneus reciclados no concreto para a pavimentação de ruas e calçadas (Fonte: Rio Cidade Sustentável 2012)

Em relação à iluminação pública das principais vias das comunidades, outra empresa

privada, a Phillips, propôs o uso de lâmpadas de LED, e nas demais vias, lâmpadas de

vapor metálico ou brancas, além disso, a empresa ainda oferece curso de capacitação

de eletricistas para os moradores.

Page 45: TFG I - Monografia Nádia Camacho

39

Figura 17 – Ilustração do projeto de requalificação urbana das comunidades (Fonte: Google Imagens, 2012)

Dentro de Projeto e Conforto, buscou-se utilizar materiais que promovam condições

favoráveis ao isolamento e ventilação, além disso, há um projeto de paisagismo para a

região, local para coleta seletiva, espaços para lazer e convívio social aproveitando

topografia do terreno.

A empresa AkzoNobel concederá tintas para pintura das unidades no âmbito do

projeto "Tudo de Cor para o Rio de Janeiro”. O programa de caráter sustentável,

mobiliza a comunidade em busca de melhoria de qualidade de vida e de sua auto

estima. A iniciativa propõe uma reflexão da comunidade sobre os pontos mais

deteriorados no bairro, buscando soluções através da pintura e da utilização de

cores.

Visando a Eficiência Energética, foi prevista, nas unidades habitacionais, a substituição

de lâmpadas incandescentes por lâmpadas econômicas, além do uso de dispositivos

economizadores em áreas comuns e medição individualizada de gás, garantindo a

gestão do consumo.

Além das intervenções pontuais no quesito de eficiência energética, a

concessionária de energia do Rio de Janeiro, Light, ofereceu palestras com o foco

na importância do consumidor ter seu fornecimento de energia regularizado, visto

que a ligação clandestina é uma prática ilegal e perigosa, podendo, inclusive, causar

graves acidentes.

Page 46: TFG I - Monografia Nádia Camacho

40

No quesito conservação dos Recursos materiais, o projeto foi desenvolvido de forma

modular, evitando perdas e desperdício de materiais de construção. A proposta

considera ainda a instalação de medidores individuais de água e a substituição das

bacias sanitárias por aquelas que possuem duplo acionamento, além de outros

dispositivos economizadores como arejadores nas torneiras e reguladores de vazão.

A ficha completa de atendimento aos critérios de sustentabilidade do Selo Casa Azul

está no Anexo 5.

Page 47: TFG I - Monografia Nádia Camacho

41

3. Produção Habitacional de Interesse Social em Juiz de Fora

A atual produção da habitação de interesse social brasileira tem se caracterizado de

forma massiva e excessivamente padronizada de baixa qualidade. As soluções

apresentadas em diversos projetos e tipologias possuem alternativas rígidas,

configurando espaços ambientes mínimos que apresentam sua qualidade projetual e

construtiva questionável. Em muitos casos, as moradias são edificadas com materiais

de custo mínimo e baixa vida útil, conflitando com o aspecto permanente demandado

pela habitação.

Este capítulo tratará do histórico da produção habitacional de interesse social realizado

nos últimos anos e a relação com o Programa Minha Casa Minha Vida - PMCMV na

cidade de Juiz de Fora. Além disso, será apresentado neste capítulo o objeto de estudo,

o Condomínio Vivendas Belo Vale I, um dos nove conjuntos que foram implantados na

cidade na fase 1 do PMCMV. Será exposto o diagnóstico atual do empreendimento,

obtido por meio das avaliações realizadas conforme o método “Avaliação da qualidade

socioambiental de Projetos de Habitação de Interesse social”.

Por fim, serão traçadas as diretrizes, no sentido de gerar melhorias arquitetônicas,

urbanísticas e sociais, com base no diagnóstico levantado, para a condução do

Trabalho Final de Graduação II.

3.1. Contextualização da problemática habitacional e sua produção em Juiz de

Fora

O município de Juiz de Fora se localiza na região da Zona da Mata do estado de Minas

Gerais. De acordo com o censo realizado em 2010, sua população é cerca de 516 mil

habitantes, e se caracteriza como cidade de porte médio pela sua população, padrão de

crescimento, situação que ocupa na rede urbana (BASTOS e LAWAL 2012 apud

ZAMBRANO et. al, 2012).

No final da década de 70, foi instituído na Prefeitura de Juiz de Fora o IPPLAN –

Instituto de Pesquisa e Planejamento - demonstrando preocupações e iniciativas

voltadas para o planejamento urbano. O Instituto foi responsável pela elaboração de um

Page 48: TFG I - Monografia Nádia Camacho

42

Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) no ano de 1996, onde foi revisada a

Lei que dispõe sobre o “Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo” no Município de

Juiz de Fora datada de 1986.

Em 1997, outra equipe da Prefeitura de Juiz de Fora elaborou o Plano Estratégico de

Juiz de Fora – PlanoJF, que se sobrepunha ao PDDU e contava com parcerias público-

privadas, com vistas a impulsionar projetos específicos que desenvolvessem atividades

variadas, como a indústria do conhecimento e do agronegócio, por exemplo

(ZAMBRANO, MAYA-MONTEIRO, MUCHINELLI E FONSECA, 2012).

Somente quatro anos após sua elaboração, ou seja, no ano de 2000, o PDDU foi

implantado pela Secretaria de Planejamento e Gestão Estratégica – SPGE – órgão

pertencente à prefeitura do município e que assumiu as ações do IPPLAN visto que no

mesmo ano este foi extinto.

Com o foco em projetos que valorizassem a centralidade do município, através do

PlanoJF, houve um grande estímulo no desenvolvimento econômico e profissional, por

meio da ampliação do acesso à educação básica, ao emprego e inserção social. Esses

fatores contribuíam para ampliar a competitividade com outros municípios da região e

traçava caminhos para atingir o objetivo do PlanoJF, que era consolidar a cidade de

Juiz de fora como polo da Zona da Mata Mineira.

Nesse sentido, Juiz de Fora passou a sobrepor os interesses econômicos sobre os

demais, atuando com base na especulação e valorização da terra percorrendo um

caminho contrário aos princípios do planejamento urbano adequado, que almeja a

equidade socioespacial e melhoria constante da qualidade de vida da população. Esse

quadro é reforçado com o que já foi mencionado no Capítulo I quando se aborda a

questão das especulações como agentes causadores do processo de favelização.

Quando o PDDU foi implantado, houve a necessidade de se ter um olhar especial para

as regiões da cidade como, por exemplo, as Áreas de Especial Interesse Social (AEIS).

Em 2001foram mapeadas 87 áreas de ocupação subnormal na cidade (PJF, 2004).

Nesta ocasião, a Prefeitura candidatou-se aos recursos financeiros do Programa

Habitar Brasil em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento do

Governo Federal, apresentando o Plano Estratégico Municipal para Assentamentos

Page 49: TFG I - Monografia Nádia Camacho

43

Subnormais - PEMAS (ZAMBRANO, MAYA-MONTEIRO, MUCHINELLI E FONSECA,

2012).

Este Plano trouxe, entre outros, a atualização de dois instrumentos que são o

Diagnóstico Habitacional da Cidade de Juiz de Fora que apontou um déficit de 14.201

unidades, sendo que 60% da demanda possui a renda mensal de até 3 salários

mínimos; e o Plano Municipal de Habitação – PMH que constituiu em instrumento de

política e reuniu um conjunto de ações, diretrizes e estratégias que devem ser

desenvolvidas pelo Município, no sentido de urbanizar assentamentos existentes bem

como viabilizar a construção de novas moradias.

Por meio de tais instrumentos, o mapeamento atualizado das AEIS apontou as

prioridades de intervenção, bem como áreas de especial interesse social que seriam

alvos para implantação de novos empreendimentos. Foram ainda identificados 40.589

lotes disponíveis na cidade, sendo que cerca de 31% destes são destinados para

habitações de interesse social e já estão inseridos em áreas urbanizadas e dotadas de

infraestrutura (BASTOS e LAWALL, 2012 apud ZAMBRANO, MAYA-MONTEIRO,

MUCHINELLI E FONSECA, 2012).

Frente ao Programa Minha Casa Minha Vida, o município não conseguiu manter o

controle das ações orientadas, nem pelo Programa Habitar Brasil, nem pela Política

Nacional de Habitação. Contudo, a Prefeitura atuou ativamente na viabilização, na

primeira fase do programa, da construção de 2632 unidades, número este considerado

expressivo perante outros municípios.

A seguir tem-se um mapa que relaciona as Áreas de Especial Interesse Social com os

empreendimentos implantados através do PMCMV, sua articulação com a malha

urbana e limites como as rodovias e o rio Paraibuna. Observando o mapa é possível

constatar que há uma dissonância ente as Áreas de Especial Interesse Social e as

áreas onde foram implantados os empreendimentos. Este fato é justificado pela

conveniência de disponibilidade de terras a baixo custo, ao invés de serem baseadas

nos estudos de localização considerados prioritários de acordo com o Plano Municipal

de Habitação e com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (ZAMBRANO, MAYA-

MONTEIRO, MUCHINELLI E FONSECA, 2012).

Page 50: TFG I - Monografia Nádia Camacho

44

Page 51: TFG I - Monografia Nádia Camacho

45

Com essa contextualição de Juiz de Fora, fica clara a desarticulação entre

planejamento urbano e o enfrentamento do déficit habitacional. Através do mapa

anterior constata-se que os empreendimentos foram construídos fora da malha urbana

existente, o que se justifica pela busca do menor custo possível no investimento nas

moradias, devido à questão já mencionda: escolhas de terrenos mais baratos que são

desvinculados de serviços e ausentes de infraestrutura adequada (ZAMBRANO,

MAYA-MONTEIRO, MUCHINELLI E FONSECA, 2012).

Em relação aos projetos implantados na cidade, observam-se 3 tipologias nos

empreendimentos: unifamiliares (casas) e multifamiliares (conjuntos de edifícios de

apartamentos e conjuntos do tipo sobrado). Ambos configuram uma paisagem

repetitiva, ausentes de elementos que proporcionem uma identidade ao local, conforme

demonstram as fotografias de três empreendimentos.

Figura 18 - Parque das águas e Nova Germânia – Tipologia unifamiliar (Fonte: Google Imagens, 2013)

Page 52: TFG I - Monografia Nádia Camacho

46

Figura 19 - Residencial Belo Vale I - Tipologia multifamiliar: edifícios de apartamentos (Fonte: Google Imagens, 2013)

Figura 20 - Residencial Miguel Marinho - Tipologia Multifamiliar: Sobrados (Fonte: Google Imagens, 2013)

Page 53: TFG I - Monografia Nádia Camacho

47

O tabela e o mapa a seguir apresentam a listagem e local de implantação dos nove

empreendimentos implantados em Juiz de Fora, viabilizados pelo Programa Minha

Casa Minha Vida na Fase 1.

Tabela 5 – Relação dos empreendimentos Minha casa Minha Vida implantados em Juiz de Fora

EMPREENDIMENTO LOCALIZAÇÃO Nº DE

UNIDADES

Condomínio Vivendas Belo Vale Bairro São Geraldo 128

Residencial Belo Vale I Bairro Barbosa Laje 240

Residencial Belo Vale II Bairro Barbosa Laje 200

Residencial Araucárias Bairro Sagrado Coração 380

Residencial Miguel Marinho Bairro Benfica 344

Loteamento Parque das Águas Bairro Carlos Chagas 565

Loteamento Nova Germânia Bairro Carlos Chagas 329

Residencial Bela Vista Bairro Nova Era 206

Residencial Paraíso Bairro Nova Califórnia 240

TOTAL 2.632

Page 54: TFG I - Monografia Nádia Camacho

48

Todo este cenário revela na cidade, a repetição de experiências problemáticas

implantadas no Brasil, que já foram apontadas por diversos autores. Nestes modelos de

configuração homogênea estão embutidas significativas perdas culturais e sociais

causando sérios danos à qualidade urbana. Além disso, é clara a utilização de materiais

de baixa vida útil, os projetos são incompatíveis com o perfil das famílias, e implantados

em locais onde o vínculo com a cidade é tênue. As cidades necessitam de inovações

que respeitem a flexibilidade, as necessidades, e as relações sociais, uma vez que

estes modelos rígidos refletem diretamente na vida dos moradores, e em suas relações

sociais, como poderá ser percebido no objeto de estudo a seguir.

3.2. Objeto de Estudo: Condomínio Vivendas Belo Vale

Page 55: TFG I - Monografia Nádia Camacho

49

Figura 21 – Localização do Bairro São Geraldo na Zona Sul de Juiz de Fora (Fonte: Google Earth, 2013)

O Condomínio Vivendas Belo Vale localiza-se no bairro São Geraldo na Zona Sul de

Juiz de Fora. Foi o primeiro empreendimento habitacional de interesse social

contemplado na cidade, pelo programa Minha Casa Minha Vida da Caixa Econômica

Federal, em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora através do programa

Prefeitura Casa Própria, a ser entregue aos moradores.

Os equipamentos comunitários mais próximos ao empreendimento são: Unidade

Básica de Saúde do Ipiranga, Escola Municipal São Geraldo que atende pré-escola

e 1ª série, Colégio Municipal São Geraldo que atende o ensino fundamental, Creche

pública do Ipiranga. Quanto ao transporte coletivo urbano, os moradores do

empreendimento são atendidos pelas linhas 129 (Previdenciários), 130

(Bandeirantes – Alto São Geraldo), 131 (Bandeirantes – São Geraldo) e 138 (Arco-

Íris). Além de um pequeno comércio local, como mercearia e bares, ainda foram

verificados o SESC – Sede Campestre dos Comerciários, Clube dos Metalúrgicos.

Page 56: TFG I - Monografia Nádia Camacho

50

Figura 22 – Localização do Empreendimento no Bairro São Geraldo (Fonte: Google Earth, 2013)

As obras tiveram início em dezembro de 2009, com data prevista de finalização após

15 meses, ou seja, março de 2011. Contudo, os imóveis foram entregues as

respectivas famílias no final de julho de 2011, um atraso de quatro meses.

Figura 23- Vista da entrada do Condomínio (Fonte: Nádia Camacho, 2013)

Page 57: TFG I - Monografia Nádia Camacho

51

Figura 24 – Vista interna do Condomínio (Fonte: Nádia Camacho, 2013)

A escolha por esse condomínio tem como justificativa seu reduzido número de

unidades habitacionais em relação aos demais implantados na cidade (conforme

visto na tabela 5); sua tipologia em sobrados, diferenciando-se dos edifícios e

unidades unifamiliares que exaurem a paisagem; e por fim, sua entrega antecipada

em relação aos demais, fazendo com que a população ali residente, em tese, já

tenha se adaptado ao local, bem como identificado as lacunas e falhas não só do

empreendimento, mas também de seu entorno.

O projeto inclui 32 sobrados com quatro unidades habitacionais, duas no pavimento

térreo e duas no pavimento superior, resultando num total de 128 unidades. O

condomínio possui área de lazer de uso comum, com churrasqueira e equipamentos

infantis, portaria na entrada e depósito para lixo.

Page 58: TFG I - Monografia Nádia Camacho

52

Figura 25 – Planta de Implantação do Conjunto – Sem escala (Fonte: RJ Engenharia, 2010)

Page 59: TFG I - Monografia Nádia Camacho

53

Cada unidade habitacional possui dois quartos, um banheiro, cozinha com área de

serviço conjugada e sala de estar. Esta configuração permitiria, em teoria, que as

famílias vivessem confortavelmente se cada uma delas tivessem no máximo quatro

membros, ou seja, dois em cada dormitório.

Figura 26 – Planta Baixa Térreo – (Fonte: RJ Engenharia, 2010)

Page 60: TFG I - Monografia Nádia Camacho

54

Figura 27 – Fachada de um dos sobrados (Fonte: Nádia Camacho, 2013)

Figura 28 – Vista interna da unidade habitacional Figura 29 – Vista do banheiro (Fonte: PJF, 2011) (Fonte: PJF, 2011)

O sorteio para acesso às unidades habitacionais se deu entre as famílias

cadastradas no Cadastro Único, que é um instrumento de coleta de dados e

informações com o objetivo de identificar todas as famílias de baixa renda existentes

no País. Neste cadastro, cada família deve informar: características do domicílio,

composição familiar, identificação e documentação de cada componente da família,

qualificação escolar dos componentes da família, qualificação profissional e situação

no mercado de trabalho remuneração e despesas familiares (aluguel, transporte,

alimentação e outros).

Page 61: TFG I - Monografia Nádia Camacho

55

Dos dados obtidos por meio da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de

Juiz de Fora, para este trabalho, os mais relevantes até o presente momento foram:

a quantidade de membros que cada família possui, sua composição, e a data de

nascimento de cada um deles, o que permite traçar um perfil da população local.

De acordo com o cadastro atualizado em janeiro deste ano, das 128 unidades do

condomínio, 41 possuem mais de quatro pessoas por unidade, algumas delas

chegam a dez pessoas.

Segundo relatos de moradores locais, alguns dos proprietários não ocuparam a

unidade ou desistiram do local, deixando os imóveis vazios e facilitando o processo

de invasão, que segundo os mesmos, totalizam 11.

A organização comunitária do condomínio Vivendas Belo Vale I se compõe de um

síndico acompanhado de mais cinco pessoas formando um Conselho. Este grupo

busca realizar reuniões semanais com o objetivo de sanar problemas identificados,

contribuindo com a melhoria constante do local. Entretanto, os representantes do

condomínio encontram-se desestimulados em relação à resolução dos problemas

comuns, devido ao desinteresse por parte dos outros moradores que não se fazem

presentes nas reuniões, demonstrando uma falta de articulação na vizinhança.

Tal desarticulação é refletida em diversos problemas identificados no

empreendimento, como por exemplo, roubos, tráfico de drogas que agravam o

quadro de violência no local, além da ocorrência de depredação das residências e

das partes comuns.

Essas e outras questões serão levantadas no tópico a seguir, onde será possível

observar a avaliação final, onde foi produzido um diagnóstico ambiental e social do

empreendimento como um todo.

3.2.1 Avaliação Socioambiental do Condomínio Vivendas Belo Vale I

A aplicação parcial do método “Avaliação da Qualidade Socioambiental em Projetos

de Habitação de Interesse Social” no Condomínio Vivendas Belo Vale I se deu a

partir do preenchimento de uma Ficha de Avaliação dos Aspectos Físicos (Anexo 2)

por meio de observações no local e levantamento de dados junto à Prefeitura,

Page 62: TFG I - Monografia Nádia Camacho

56

Jornais, Projeto, etc. Essa verificação e avaliação foi complementada por

informações extraídas de entrevistas (Anexo 3) realizadas com atores sociais

envolvidos no empreendimento, que foram: um representante da construtora que

elaborou o projeto; um representante da empresa responsável pelo trabalho social

exigido pela CAIXA, durante os primeiros seis meses após o sorteio das famílias; e

uma moradora que é representante da comissão administrativa do condomínio.

Esses diversos tipos de abordagem tem como objetivo produzir um estudo avaliativo

o mais completo possível.

Em entrevista realizada com um representante da empresa responsável pela

elaboração do projeto arquitetônico do condomínio Vivendas Belo Vale I, objetivou-

se levantar questões técnicas, construtivas e de execução do empreendimento.

A entrevista feita com uma representante do conselho do condomínio Vivendas Belo

Vale I, teve como objetivo coletar informações gerais sobre a gestão do condomínio,

envolvendo questões físicas (estado de conservação e demanda por manutenção

das unidades e coletas de lixo), e questões sociais (integração e participação da

vizinhança).

A terceira e última entrevista realizada com um representante da empresa de

assistência social que atuou no local, teve por objetivo levantar o trabalho social

realizado no condomínio, averiguar o grau de participação dos moradores nas

atividades realizadas, e investigar o porquê do condomínio estar com o quadro

social tão crítico, que é refletido na depredação física do empreendimento.

Nas tabelas que se seguem serão expostas as avaliações qualitativas de boa parte

dos indicadores de sustentabilidade socioambiental do Condomínio Vivendas Belo

Vale I. As avaliações se deram a partir do cruzamento de dados e informações

obtidas de um mesmo indicador. Alguns indicadores não puderam ser avaliados

para esta etapa e serão justificados caso a caso. Logo a seguir de cada tabela

serão expostas observações e as diretrizes de projeto que poderão ser

desenvolvidas no Trabalho Final de Graduação II, no sentido de reverter o quadro

negativo quando este for encontrado.

Page 63: TFG I - Monografia Nádia Camacho

57

Tabela 6 – Tabela de Avaliação da Qualidade Ambiental I

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDA

DE

DO ASPECTO AMBIENTAL A

VA

LIA

ÇÃ

O

OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR

(Observação local e análise de dados)

CONSTRUTORA

(Entrevista)

ASSIST. SOCIAL

(Entrevista)

REPRESENT. MORADORES DO

CONDOMÍNIO

(Entrevista)

Ar

Qualidade do ar Bom

No dia da visita não foi percebido nenhuma fonte poluidora ou presença de odores no local.

----- -----

A caixa de esgoto fica porta das moradias causando odores ruins, mas não ocorre todos os dias.

So

lo

Controle da expansão urbana

Péssimo O empreendimento foi implantado fora de AEIS.

----- ----- -----

Riscos de deslizamentos

Baixo -----

Foi detectada uma área de risco dentro do empreendimento, mas já houve reparo pela construtora.

----- -----

Ág

ua

Qualidade da gestão das redes de abastecimento (abastecimento de água e esgoto)

Ruim

Há inadequações quanto ao sistema de abastecimento planejado e o oferecido pela concessionária, além de problemas administrativos internos do condomínio.

A construtora alega que a rede de abastecimento no local é imprópria para a instalação hidrossanitária feita no condomínio. As unidades possuem hidrômetros individuais que não funcionam. A medição é coletiva.

O problema da inadequação do abastecimento (que já causou falta de água) aliado à falta de controle administrativo do condomínio geraram conflitos sociais internos.

As inadimplências de alguns condôminos quanto ao pagamento das contas, que reflete no abastecimento que pode ser retirado e nas relações sociais entre os condôminos havendo relatos de ameaças por parte de moradores aos que realizam administração interna.

Qualidade da água Boa ----- ----- ----- -----

Ve

ge

taçã

o

Preservação e valorização da paisagem e a qualidade visual (Impacto do empreendimento na paisagem)

Baixo impacto

A tipologia dialoga com o entorno esteticamente, com gabaritos e materiais de acabamento parecidos.

----- ----- -----

Zonas Naturais Ruim

Há algumas zonas naturais no entorno do bairro, mas no bairro em si não há zonas consideráveis.

----- ----- -----

Investimentos em áreas verdes

Péssimo Não há. A ausência desqualifica o projeto.

----- ----- -----

Page 64: TFG I - Monografia Nádia Camacho

58

A partir da analise da tabela anterior notam-se problemas como localização da caixa

de esgoto na entrada das residências, o que gera odores, tanto dentro das casas

quanto no ambiente do empreendimento como um todo. Segundo a moradora, em

dias quentes o mau cheiro é acentuado. Para solucionar este problema, deve ser

estudada nova localização dessas caixas.

Em relação à questão do Controle da Expansão Urbana, embora o empreendimento

se encontre fora de uma AEIS, ele está próximo a uma, e no desenvolvimento da

requalificação, e se for o caso o redirecionamento das famílias, essas áreas

próximas poderiam ser ocupadas com novas unidades e equipamentos de interesse

social.

Outro ponto muito ressaltado por todos os atores envolvidos foi o abastecimento e

gestão das redes de esgoto. É preciso que os hidrômetros individuais estejam em

pleno funcionamento, isso reduziria em muito os problemas atuais do condomínio,

como inadimplência e confrontos sociais.

Figura 30 – Hidrômetros individuais do condomínio (Fonte: PJF, 2011)

Por fim, é necessário investimentos em áreas verdes nas partes internas do

condomínio: elas refletem em conforto ambiental, permeabilidade do solo, além da

estética.

Page 65: TFG I - Monografia Nádia Camacho

59

Tabela 7 - Tabela de Avaliação da Qualidade Ambiental II

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDAD

E

DO ASPECTO AMBIENTAL A

VA

LIA

ÇÃ

O OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR

(Observação local e análise de dados)

CONSTRUTORA

(Entrevista)

ASSIST. SOCIAL

(Entrevista)

REPRESENT. MORADORES DO

CONDOMÍNIO

(Entrevista)

Ma

teria

is/

Resíd

uo

s

Disponibilidade do material na região do empreendimento

Boa -----

Na região há um bom abastecimento. Mais da metade dos materiais foram comprados na Zona da Mata.

----- -----

Qualidade da gestão de resíduos na fase de uso

Péssimo. -----

Na cidade não há um local adequado para o direcionamento de resíduos gerados pela construção civil.

----- -----

Qualidade dos materiais

Boa. -----

Todos os materiais que foram utilizados no empreendimento possuíam alguma certificação de qualidade. (Exigência da CAIXA)

-----

Ruim. Há queixas em relação à portas e janelas metálicas que estão empenando.

Uso de madeira certificada

Muito bom.

----- Exigência da CAIXA. A empresa ainda é cadastrada no IBAMA.

----- -----

Eficiê

ncia

ene

rgé

tica

Consumo de energia ----- Ainda não foi possível avaliar.

----- ----- -----

Uso de fontes alternativas de energia

Péssimo

Não há. A ausência

desqualifica o projeto.

Não foram

considerado o uso de fontes alternativas de energia.

----- -----

De acordo com a tabela anterior, é necessário implantar no município um local

apropriado para o descarte de resíduos gerados pela construção civil, porém este

tipo de equipamento foge da escala do projeto que será desenvolvido para o

Trabalho Final de Graduação II.

Em relação à qualidade dos materiais empregados há reparos pontuais que

poderiam ser realizados, como por exemplo, observar ou até mesmo substituir as

esquadrias empenadas e enferrujadas. Para esse tipo de reparo, seria necessário

realizar um mapeamento de danos do empreendimento, identificando quais são os

pontos de intervenção e as técnicas apropriadas para cada uma delas.

Page 66: TFG I - Monografia Nádia Camacho

60

Outra ineficiência apontada pela tabela seria a implantação de fontes alternativas de

energia no empreendimento, como por exemplo, placas de aquecimento solar. Esta

intervenção deverá atender todas as unidades bem como as partes comuns do

condomínio.

Tabela 8 - Tabela de Avaliação da Qualidade Ambiental III

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDA

DE

DO ASPECTO AMBIENTAL A

VA

LIA

ÇÃ

O

OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR CONSTRUTORA ASSIST. SOCIAL

REPRESENTANTE MORADORES

Qu

alid

ad

e U

rba

na

- E

nto

rno

Iluminação pública Boa

No momento da verificação, era dia e não foi possível observar se estão funcionando. Porém há postes suficientes dentro do condomínio e no entorno.

----- ----- -----

Pavimentação do sistema Viário

Ruim

A pavimentação do sistema viário no geral é bom, porém, há trechos sem calçadas.

----- ----- -----

Disponibilidade de infraestrutura para os diferentes tipos de transporte/ deslocamento

Péssimo Não há. A ausência desqualifica o projeto.

----- ----- -----

Sistema de Transporte Coletivo

Ruim ----- ----- -----

Não houve aumento no número de linhas que já não atendiam bem a região nos horários mais críticos.

Sistema de Transporte Coletivo Multimodal

Péssimo

Não há estímulo nem infraestrutura urbana adequada na cidade que estimulem os diferentes tipos de transporte.

----- ----- -----

Disponibilidade de equipamentos de lazer

Péssimo

No entorno não foi localizada uma praça com equipamentos de lazer, só há clubes onde o acesso é limitado. No interior há um playground completamente depredado.

----- ----- -----

Disponibilidade de equipamentos urbanos

Ruim

No bairro em si não há muitos equipamentos alem de escola, comércio local, dependendo dos bairros vizinhos para suprirem as

----- ----- -----

Page 67: TFG I - Monografia Nádia Camacho

61

demais demandas

Presença de fatores de risco

Considerável

Cavalos soltos pelo bairro. ----- ----- Um morador cria galinhas.

Entre as diretrizes de projeto para a requalificação do Condomínio Vivendas Belo

Vale I, em relação à Qualidade Urbana, estariam a requalificação do sistema viário

do entorno e a inserção de calçadas acessíveis nos trechos que faltam,

infraestrutura para diferentes tipos de transportes, inserção de uma praça no bairro e

equipamentos urbanos, como uma unidade básica de saúde, escolas do nível que é

mais necessário.

Tabela 9 - Tabela de Avaliação da Qualidade do Projeto (Empreendimento)

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDA

DE

DO ASPECTO PROJETO A

VA

LIA

ÇÃ

O

OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR CONSTRUTORA ASSIST. SOCIAL

REPRESENTANTE MORADORES

Em

pre

en

dim

en

to

Adequação às condições físicas do terreno

Boa

Segundo o projeto, houve a preocupação em não fazer grandes alterações no terreno original.

Houve preocupação para evitar cortes no terreno e gastos. Porém devido às chuvas parte do terreno colocou em risco a edificação próxima. O problema já foi sanado com uma contenção.

----- -----

Medição individualizada de água**

Ruim

Incompatibilidade da estrutura do condomínio com a estrutura de abastecimento municipal.

Foram instalados hidrômetros individuais.

-----

A conta é conjunta e existem sérios problemas quanto ao pagamento, muitos condôminos não efetuam o mesmo.

Dispositivos economizadores **

Péssimo A ausência desqualifica o projeto.

Não há. ----- -----

Aproveitamento de águas pluviais

Péssimo A ausência desqualifica o projeto.

Não há. ----- -----

Retenção de águas pluviais

Péssimo A ausência desqualifica o projeto.

Não há. ----- -----

Áreas permeáveis Muito Bom

O projeto possui áreas permeáveis nas artes comuns, como na frente dos sobrados, no playground, e na utilização de blocos intertravados que contribui para a permeabilização do solo.

----- ----- -----

Page 68: TFG I - Monografia Nádia Camacho

62

Arborização Péssimo A ausência desqualifica

o projeto. ----- ----- -----

Paisagismo Ruim

O projeto de paisagismo só indica as áreas permeáveis e não há um projeto específico.

----- ----- -----

Facilidade de Manutenção (diretrizes de projeto)

Ruim

Embora haja o manual, os proprietários fazem as manutenções e adaptações de acordo com o poder aquisitivo que possuem, que acaba por desqualificar o projeto.

Foi entregue um “Manual de Uso e Operação do Imóvel” para os moradores, porém só contempla a unidade e não o condomínio como um todo.

----- -----

Local para Lixo Bom Possui capacidade adequada à população do condomínio.

----- -----

Os moradores não respeitam o espaço nem o depósito adequado do lixo.

Local para coleta seletiva

Péssimo A ausência desqualifica

o projeto. Não há. ----- -----

Local para transporte alternativo não poluente

Péssimo A ausência desqualifica

o projeto. Não há. ----- -----

Sistema de aquecimento solar

Péssimo A ausência desqualifica

o projeto. Não há. ----- -----

Sistemas de aquecimento à gás

Não se aplica.

A região é desprovida do encanamento de gás urbano. Portanto isso depende de cada localidade, não se aplicando à Juiz de Fora.

----- ----- -----

Dispositivos Economizadores – água

Péssimo A ausência desqualifica

o projeto. Não há. ----- -----

Dispositivos economizadores – luz

Péssimo A ausência desqualifica

o projeto. Não há. ----- -----

Otimização no consumo de materiais de construção e sua gestão

Bom -----

Houve preocupação em otimizar o consumo no sentido de evitar perdas econômicas e residuais.

A caixa ainda estipula um máximo de perdas de materiais nas obras

----- -----

Em relação ao Aspecto Projeto, a tabela anterior traz a avaliação qualitativa do

empreendimento como um todo. Entre os pontos negativos que foram levantados e

até mesmo os que foram considerados bons, mas que também requerem melhorias,

são necessárias as seguintes intervenções: instalação de dispositivos

Page 69: TFG I - Monografia Nádia Camacho

63

economizadores de água e luz; Inserção de um sistema de captação, retenção e

aproveitamento de águas pluviais; arborização aliada a um projeto de paisagismo

considerando a orientação solar com vistas à melhoria do desempenho térmico das

habitações e do empreendimento; inclusão de um local para transporte alternativo

não poluente, e adequação do local do lixo com vistas à separação para coleta

seletiva.

Segundo a entrevista realizada com a representante do condomínio, os moradores

foram instruídos a colaborar com a separação do lixo já que havia catadores que

passavam na região, porém, como a população não colaborava, os catadores

tinham que separar esse lixo. Com a infraestrutura adequada para a separação do

lixo, será mais fácil para a população depositar o lixo de forma apropriada. Contudo,

é importante frisar que a instrução contínua da população é fundamental, para que

os mesmos valorizem e cuidem do espaço onde moram, no sentido de gerar o

sentimento de pertencimento do condomínio. Esse acompanhamento contemplaria

vários indicadores que já foram citados, como por exemplo, a “facilidade de

manutenção”, além de outros que ainda serão apontados.

Figura 31 – Vista da área permeável na frente das unidades considerada pelo projeto como área de paisagismo (Fonte: Nádia Camacho, 2013)

Page 70: TFG I - Monografia Nádia Camacho

64

Figura 32 – Local para depósito do lixo (Fonte: Nádia Camacho, 2013)

Tabela 10 - Tabela de Avaliação da Qualidade do Projeto (Habitação)

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDA

DE

DO ASPECTO PROJETO A

VA

LIA

ÇÃ

O

OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR CONSTRUTORA ASSIST. SOCIAL

REPRESENTANTE MORADORES

Ha

bitaçã

o

Flexibilidade do projeto

Péssima

A alvenaria estrutural limita a flexibilização das unidades para futuras adaptações das famílias que ocuparam os imóveis.

Alvenaria estrutural

----- -----

Adequação do dimensionamento

Péssimo

Há discordância entre as especificações da CAIXA e da legislação local, que determina.

----- ----- -----

Adequação do espaço ao número de habitantes

Péssimo O programa MCMV ignoram os perfis das famílias que ocuparão os imóveis.

----- ----- -----

Aproveitamento de águas pluviais

Péssimo A ausência desqualifica o

projeto. Não há. ----- -----

Retenção de águas pluviais

Péssimo A ausência desqualifica o

projeto. Não há. ----- -----

Áreas Permeáveis Bom

A tipologia sobrado complica a existência de áreas permeáveis para o segundo pavimento. Mas, há uma parcela de área permeável para cada sobrado na parte frontal da edificação.

----- ----- -----

Medição individualizada – gás

Não se aplica.

A região é desprovida do encanamento de gás urbano. Portanto isso depende de cada localidade, não se aplicando à Juiz de Fora.

----- ----- -----

Page 71: TFG I - Monografia Nádia Camacho

65

Medição individualizada de água

Péssimo A ausência desqualifica o

projeto. Não há. ----- -----

Dispositivos Economizadores – água

Péssimo A ausência desqualifica o

projeto. Não há. ----- -----

Dispositivos economizadores - luz

Péssimo A ausência desqualifica o

projeto. Não há. ----- -----

Em relação à avaliação dos indicadores descritos na tabela anterior, é possível notar

que muitos se repetem em relação ao empreendimento. Isso ocorre porque o

método propõe a avaliação para as diferentes tipologias de conjuntos habitacionais

unifamiliares (loteamentos e condomínios), e multifamiliares (sobrados e

apartamentos). Portanto, questões como instalação de dispositivos economizadores

e captação, retenção e aproveitamento de águas pluviais se repetem para a escala

da habitação. Como o objeto de estudo trata-se de um condomínio, o projeto de

paisagismo juntamente com a arborização do local será tratada para todo o

empreendimento.

Contudo, esta tabela levanta questões particulares da habitação que precisam ser

revistas e solucionadas, como a flexibilidade do projeto, adequação ao número de

habitantes, e adequação ao dimensionamento. E aqui se encontra o ponto chave do

projeto de requalificação do empreendimento, contemplando intervenções nos

âmbitos arquitetônico e urbanístico, nas seguintes escalas: habitacional,

empreendimento como um todo e bairro.

O levantamento do número de componentes de cada família a partir do Cadastro

Único foi um indicativo para a intervenção a ser proposta no TFG II. Será necessário

averiguar, no condomínio, a composição familiar de cada unidade habitacional,

identificando imóveis que possuem um número excessivo de moradores em relação

ao dimensionamento da moradia (mais de quatro membros por unidade), bem como

a verificação do atendimento às necessidades dessas famílias.

Uma questão levantada pela representante do condomínio foram os imóveis vagos

no empreendimento, que segundo a mesma, algumas famílias não ocuparam as

unidades dentro do prazo estipulado pela prefeitura, e outras desistiram de continuar

no local, em função da inadequação do espaço para a família, ou por causa da

Page 72: TFG I - Monografia Nádia Camacho

66

violência que se desenvolveu no condomínio. Para tanto, esses imóveis vagos

poderão servir de suporte para a adequação das unidades lotadas, propondo-se

possíveis permutas e remembramentos.

Entretanto, é importante ressaltar que o tipo de alvenaria utilizada no projeto é de

caráter estrutural, o que engessa a unidade e impossibilita os moradores de se

adequarem ao espaço. Esse fator necessitará de um tratamento estrutural especial,

para permitir a flexibilização do projeto, na adaptação das unidades em relação a

cada demanda identificada.

Tabela 11 - Tabela de Avaliação da Qualidade do Conforto

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDA

DE

DO ASPECTO CONFORTO A

VA

LIA

ÇÃ

O

OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR CONSTRUTORA ASSIST. SOCIAL

REPRESENTANTE MORADORES

Em

pre

en

dim

en

to

Presença da Perturbação Sonora

-----

Não foi possível

realizado medições com

aparelhos adequados

para realizar a avaliação

----- -----

Há reclamações

quanto ao

desrespeito dos

horários de silêncio.

Ha

bitaçã

o

Desempenho térmico – vedações

-----

Não foi possível

realizado medições com

aparelhos adequados

para realizar a avaliação

----- ----- -----

Desempenho térmico – orientação ao sol e ventos

-----

Não foi possível

realizado medições com

aparelhos adequados

para realizar a avaliação

----- ----- -----

Desempenho térmico - ventilação natural

-----

Não foi possível

realizado medições com

aparelhos adequados

para realizar a avaliação

----- ----- -----

Desempenho acústico

-----

Não foi possível

realizado medições com

aparelhos adequados

para realizar a avaliação

----- ----- -----

Desempenho luminoso

-----

Não foi possível

realizado medições com

aparelhos adequados

para realizar a avaliação

----- ----- -----

Page 73: TFG I - Monografia Nádia Camacho

67

Considerado um fator crucial, que traz melhorias significativas à qualidade de

projetos, destaca-se o conforto ambiental. Contudo, como observado na tabela 11,

por diversos motivos, ainda não foi possível realizar medições e avaliações

adequadas, que gerem as diretrizes necessárias para a melhoria deste aspecto. A

proposta da continuação deste trabalho envolverá essas questões mais

profundamente, uma vez que são de suma importância para a salubridade da

habitação e melhoria na qualidade de vida dos moradores.

Tabela 12 - Tabela de Avaliação da Qualidade Social (Saúde e Educação)

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDAD

E

DO ASPECTO SOCIAL A

VA

LIA

ÇÃ

O

OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR CONSTRUTORA ASSIST. SOCIAL

REPRESENTANTE MORADORES

Ed

uca

ção

Nível médio de alfabetização -----

Não foi possível realizar os

questionários de onde essa

informação será obtida.

----- ----- -----

Nível médio de educação/consciência ambiental

-----

Não foi possível realizar os

questionários de onde essa

informação será obtida.

----- ----- -----

Sa

úd

e

Condições de limpeza, a higiene e a saúde

-----

Não foi possível realizar os

questionários de onde essa

informação será obtida.

----- ----- -----

Condições de segurança e a gestão dos riscos

-----

Não foi possível realizar os

questionários de onde essa

informação será obtida.

----- ----- -----

A abordagem ideal para a avaliação qualitativa de alguns indicadores do aspecto

social é a aplicação de questionário, que se encontra em fase de desenvolvimento

pela equipe de pesquisadores que elaborou a metodologia de avaliação que está

sendo aplicada parcialmente neste trabalho. Portanto, a tabela anterior mostra que

não foi possível realizar a avaliação das dimensões “Educação” e “Saúde” para esta

etapa do trabalho.

A avaliação dessas duas dimensões será importante no sentido de averiguar o nível

de educação da população residente, identificando a melhor abordagem dos temas

necessários para conscientização ambiental, além da possibilidade de oferta de

cursos de capacitação para a inserção destes moradores no mercado de trabalho.

Page 74: TFG I - Monografia Nádia Camacho

68

Qualificar e educar a população reflete diretamente qualidade de vida e

sustentabilidade do empreendimento e da habitação. Por exemplo, a melhoria

financeira, por meio da inserção dessas pessoas qualificadas no mercado de

trabalho, permite o investimento na família e na habitação.

Tabela 13 - Tabela de Avaliação da Qualidade Social (Mobilidade)

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDA

DE

DO ASPECTO SOCIAL A

VA

LIA

ÇÃ

O

OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR CONSTRUTORA ASSIST. SOCIAL

REPRESENTANTE MORADORES

MO

BIL

IDA

DE

Acesso da população ao emprego, aos serviços e equipamentos da cidade através de meios de transporte acessíveis, eficazes e de custo acessível.

Ruim ----- ----- -----

As linhas de ônibus

urbanos que atende

a localidade são

insuficientes

considerando a

demanda.

Disponibilidade de infraestrutura para os diferentes tipos de deslocamento/transportes

Péssimo

Para a localidade só há

infraestrutura para

transporte motorizado. E

alguns trechos das vias

internas estão depredadas.

----- ----- -----

Disponibilidade em transporte público “multimodal” considerando um baixo impacto ambiental

Péssimo

O município não dispõe

transportes multimodais

para a população. Os

transportes de caráter

público são os ônibus. Não

há estímulo nem

infraestrutura para uso de

bicicletas, por exemplo.

----- ----- -----

Qualidade dos passeios

Ruim

No empreendimento só há

calçadas em um lado das

vias,e o acesso às moradias

são dos dois lados.

----- ----- -----

Existência de veículos privados -----

Não foi possível realizar os

questionários de onde essa

informação será obtida.

----- ----- -----

Em relação aos indicadores que foram avaliados da tabela 13, observa-se que a

questão da mobilidade é um ponto crítico e carece de intervenções, tais como

melhorias do transporte coletivo urbano como um todo, para que este se torne mais

eficaz e a preço acessível; a requalificação urbana que contemple a infraestrutura

Page 75: TFG I - Monografia Nádia Camacho

69

para os diferentes tipos de deslocamentos, bem como a disponibilização também a

custos acessíveis dos diferentes meios de transporte; e a reforma das vias internas

e construção das calçadas.

Tabela 14 - Tabela de Avaliação da Qualidade Social (Práticas Sociais)

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDA

DE

DO ASPECTO SOCIAL A

VA

LIA

ÇÃ

O

OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR CONSTRUTORA ASSIST. SOCIAL REPRESENT. MORADORES

Prá

ticas S

ocia

is

Estímulo ao desenvolvimento dos níveis de educação e a qualificação profissional

___

Houve um estímulo

iniciado pela

empresa cadastrada

na CAIXA, mas que

não foi continuado.

___ ___ ___

Capacitação para Gestão

___ ___ ___

A capacitação dos

moradores e das

equipes administrativas

aconteceu durante todo

o período em que

estiveram no local (5

meses)

___

Educação Ambiental

___ ___ ___

Diversos, durante todo

o período de

intervenção, com a

participação mais

efetiva de crianças e

adolescentes.

___

Capacitação Profissional ___ ___ ___

na área de

alimentação. Todos os

inscritos participaram.

___

Inclusão de trabalhadores locais

Bom ___

A equipe que

trabalhou é do

município, mas

não do local

específico.

___ ___

Participação da comunidade na elaboração do projeto

Péssimo ___

Não houve.

___ ___

Orientação aos moradores

___ ___ ___

A capacitação dos

moradores e das

equipes administrativas

aconteceu durante todo

o período em que

estiveram no local (5

___

Page 76: TFG I - Monografia Nádia Camacho

70

meses)

Capacitação para gestão do empreendimento

___ ___ ___

A capacitação dos

moradores e das

equipes administrativas

aconteceu durante todo

o período em que

estiveram no local (5

meses)

Ações para mitigação de riscos sociais

Péssimo

O condomínio

encontra-se em uma

situação social

crítica, com relatos

de ameaças,

mortes, e violências,

e até o presente

momento não houve

atuações para a

mitigação.

___ ___ ___

Ações para geração de emprego e renda ___ ___ ___

Na área de

alimentação. Todos os

inscritos participaram.

___

Favorecimento à redes de solidariedade e de capital social

___ ___ ___ ___ ___

Presença de atividades de Agenda 21 Local

Péssimo Não houve. ___ ___ ___

Muito dos indicadores da dimensão Práticas Sociais ainda não puderam ser

avaliados pelo mesmo motivo apresentado anteriormente, a abordagem para a

extração das informações necessárias à avaliação se darão por meio dos

questionários a serem aplicados em todas as unidades e fase posterior.

Porém, alguns indicadores já puderam ser avaliados como:

- a inclusão dos trabalhadores do município na execução do projeto;

-não houve a participação dos moradores na fase de elaboração do projeto, o que

fragiliza o vínculo com o local, os cuidados com a nova moradia, e um projeto não

participativo gera também problemas quanto o não atendimento às reais

necessidades dos usuários;

Page 77: TFG I - Monografia Nádia Camacho

71

- o condomínio encontra-se em um quadro social frágil e delicado, e não há

atualmente ações que promovam a mitigação dos problemas levantados como, por

exemplo, o tráfico de drogas, ameaças, entre outros;

- e não houve atividades da Agenda 21 local com os moradores, que poderia ter

evitado o descaso da população com a questão do depósito do lixo inadequado, por

exemplo.

Tabela 15 - Tabela de Avaliação da Qualidade Social (Comunidade)

DIM

EN

O

INDICADORES DE SUSTENTABILIDA

DE

DO ASPECTO SOCIAL A

VA

LIA

ÇÃ

O

OBSERVAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

AVALIADOR CONSTRUTORA ASSIST. SOCIAL

REPRESENTANTE

MORADORES

Co

mun

idad

e

Garantia da diversidade da população

-----

Não foi possível

realizar os

questionários de onde

essa informação será

obtida.

----- ----- -----

Garantia da diversidade de funções (econômicas e sociais)

-----

Não foi possível

realizar os

questionários de onde

essa informação será

obtida.

----- ----- -----

Existência/Qualidade de atrativos no bairro frente à cidade, criando espaços de convívio e de encontro para todos os habitantes

Péssimo

Não há no bairro

espaços que estimulem

o convívio. Porém

dentro do condomínio

há, mas frente aos

problemas sociais

encontrados, o espaço

está depredado e não é

atrativo.

----- ----- -----

Existência/Qualidade de integração social e participação

Péssima ----- -----

No início era

boa, mas com o

os problemas

que surgiram, a

população ficou

violenta e

desintegrada.

Qualidade das inter-relações de vizinhança

Péssima ----- ----- -----

A vizinhança

pensa que os

moradores do

condomínio

são culpados

Page 78: TFG I - Monografia Nádia Camacho

72

pelos

problemas

que surgiram

no bairro. A

vizinhança

denominou o

conjunto de

“Carandiru”.

Figura 33 – Estado atual da área de Convívio e Lazer do condomínio (Fonte: Nádia Camacho, 2013)

Figura 34 – Depredação da Área de lazer Figura 35 – Depredação do parquinho infantil (Fonte: Nádia Camacho, 2013) (Fonte: Nádia Camacho, 2013)

Os indicadores que puderam ser avaliados na tabela 15 demonstram que as

relações sociais internas e externas são críticas e o tangível de ser tratado no

projeto de intervenção, na continuidade desde trabalho, seria criar espaços

adequados para o convívio e para a realização de atividades comunitárias para todo

o bairro, promovendo a integração do condomínio com o restante do bairro.

Page 79: TFG I - Monografia Nádia Camacho

73

Contudo, mais uma vez, é essencial um acompanhamento de outros profissionais,

como assistentes sociais, que atuem de forma objetiva e eficaz melhorando as

relações sociais e também as relações dos moradores e com o espaço em que

vivem.

Page 80: TFG I - Monografia Nádia Camacho

74

Conclusão

Foram apontadas nesse trabalho diversas questões dentro de duas grandes áreas que

devem compor o mesmo universo: “habitação de interesse social” e “sustentabilidade”.

Foi possível perceber que ao longo dos anos a incorporação de práticas sustentáveis, a

todo é qualquer tipo de projeto, é necessário e emergente.

O trabalho foi estruturado de maneira que o leitor pudesse ter uma visão abrangente

entre as teorias e práticas da produção habitacional e como os princípios do

desenvolvimento sustentável podem ser integrados neste tipo de projeto. Os estudos de

caso apresentados no segundo capítulo foram fundamentais para comprovar que é

possível construir moradias dignas e mais sustentáveis e que isso não deve de forma

alguma estar atrelado à condição financeira do morador.

A partir do método aplicado mesmo que de forma parcial, pôde-se ter um bom

panorama do estado atual do objeto de estudo, considerando como parâmetros os

princípios do desenvolvimento sustentável, foi possível ainda traçar diretrizes de

intervenção para a continuidade do desenvolvimento do projeto no Trabalho Final de

Graduação II.

A requalificação, com princípios sustentáveis do Condomínio Vivendas Belo Vale I, se

dará a partir das diretrizes a seguir divida em três escalas: do bairro, do condomínio e

da habitação. Essas diretrizes foram apontadas segundo o diagnóstico produzido.

1. Escala Bairro: requalificação urbanística levando em consideração

infraestrutura viária para diferentes tipos de deslocamentos, calçamento

acessível, inserção de equipamentos sociais que o bairro demanda (UBS,

escola, praça e local de convívio para integração do bairro com o

empreendimento).

2. Escala condomínio: requalificação da infraestrutura interna como adequação

das calçadas, reparos nas vias, relocação do sistema de esgoto, adequação

do abastecimento de água para o sistema de medição individualizada,

investimento em áreas verdes internas por meio de um projeto paisagístico,

Page 81: TFG I - Monografia Nádia Camacho

75

requalificação do local de depósito de lixo considerando a coleta seletiva,

local para transporte alternativo não poluente, mapeamento de danos das

partes depredadas bem como a requalificação das mesmas, instalação de

fontes alternativas de energia, tanto para partes comuns quanto para as

unidades.

3. Escala Habitação: requalificação nas unidades habitacionais das famílias que

possuírem mais do que quatro membros por casa (serão levantados o

número de unidades vazias para que seja possível propor permutas e

adaptações como, por exemplo, a junção de duas ou mais unidades)

flexibilizando o projeto, instalações de dispositivos economizadores de água e

luz, inclusão de sistema de captação e retenção de águas pluviais.

A segunda etapa deste trabalho, a ser realizado na disciplina Trabalho Final de

Graduação II, tratará das questões de projeto que contribuirão para reverter o

quadro encontrado no local a partir das avaliações. Todavia deve-se reconhecer que

a questão social é tão importante quando a projetual e ambas tem que conduzir

juntas todo e qualquer planejamento, principalmente os de caráter social.

Page 82: TFG I - Monografia Nádia Camacho

76

Bibliografia

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Page 86: TFG I - Monografia Nádia Camacho

80

Anexos

Anexo 1 – Lista de especificações da CAIXA para a tipologia apartamento/sobrado.

Page 87: TFG I - Monografia Nádia Camacho

81

Anexo 2 - Ficha de avaliação da metodologia

AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS AMBIENTAL A

SP

EC

TO

DIM

EN

O

INDICADOR

Ex

iste

nte

Ine

xis

ten

te

Escala de avaliação

Observações ++ + - - -

o s

e a

plic

a

AM

BIE

NT

AL

Ar Qualidade do ar

So

lo

Controle da Expansão Urbana

Risco de Deslizamentos

Ág

ua

Abastecimento de Água

Rede de Esgoto

Ve

ge

taç

ão

Impacto do empreendimento na paisagem

Zonas Naturais

Investimentos em áreas verdes

Ma

teri

ais

e R

es

ídu

os Disponibilidade do Material na Região

do Empreendimento

Qualidade da gestão de resíduos na fase de obra

Qualidade dos materiais

Uso de madeira certificada

Otimização no consumo de materiais de construção e sua gestão

Efi

ciê

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erg

éti

ca Consumo da energia

Uso de fontes alternativas de energia

Qu

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na

- E

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ala

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Iluminação pública

Pavimentação Sist. Viário

Pavimentação calçadas

Coleta de Lixo

Coleta Seletiva

Sistema de transporte público

Fatores de risco na localidade: Depósito de inflamáveis/combustíveis

Fatores de risco na localidade: Vias expressas

Fatores de risco na localidade: Ferrovias

Fatores de risco na localidade:Linhas de transmissão/alta tensão

Page 88: TFG I - Monografia Nádia Camacho

82

Fatores de risco na localidade: Aterro sanitário ou depósito de lixo

Fatores de risco na localidade:Fonte de poluição do ar

Fatores de risco na localidade:Criação de animais

Acessibilidade urbana

Posto de Saúde

UBS

Hospital

Campo de Futebol

Quadra Esportiva

Praça

Playground

Centro Comunitário

Associação do Bairro

Escola

Creche

Biblioteca

Comércio local

AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS PROJETO E CONFORTO (EMPREEND.)

AS

PE

CT

O

DIM

EN

O

INDICADOR

Ex

iste

nte

Ine

xis

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te

Escala de avaliação

Observações ++ + - - -

o s

e a

plic

a

PR

OJ

ET

O E

CO

NF

OR

TO

Adequação às condições físicas do terreno

Em

pre

en

dim

en

to c

om

o u

m t

od

o

Medição individualizada de água**

Dispositivos economizadores **

Aproveitamento de águas pluviais

Retenção de águas pluviais

Áreas permeáveis

Paisagismo

Arborização

Facilidade de Manutenção (diretrizes de projeto)

Local para coleta seletiva

Local para transporte alternativo não poluente

Orientação da implantação

Sistema de aquecimento solar

Sistemas de aquecimento a gás

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83

Dispositivos Economizadores – água

Dispositivos economizadores – luz

Presença da Perturbação Sonora

Presença de odores

AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS PROJETO E CONFORTO (HABITAÇÃO)

AS

PE

CT

O

DIM

EN

O

INDICADOR

Ex

iste

nte

Ine

xis

ten

te

Escala de avaliação

Observações ++ + - - -

o s

e a

plic

a

PR

OJ

ET

O E

CO

NF

OR

TO

Un

ida

de

ha

bit

ac

ion

al

Flexibilidade do projeto

Adequação do dimensionamento

Adequação do espaço ao número de habitantes

Aproveitamento de águas pluviais

Retenção de águas pluviais

Áreas Permeáveis

Medição individualizada – gás

Medição individualizada de água

Dispositivos Economizadores – água

Dispositivos economizadores - luz

Presença da Perturbação Sonora

Presença de odores

Desempenho térmico – vedações

Desempenho térmico – orientação ao sol e ventos

Desempenho térmico - ventilação natural

Desempenho acústico

Desempenho luminoso

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84

Anexo 3 – Entrevistas utilizadas com os atores

ENTREVISTA – ASSISTENTE SOCIAL

1. Como ocorreu a escolha da ASP para o desenvolvimento do trabalho

social no Condomínio Vivendas Belo Vale I?

2. Qual foi a composição da equipe que desempenhou o trabalho no

local?

3. Qual foi o período de atuação da empresa no local? Qual era a

frequência das visitas?

4. Quais foram os trabalhos e projetos desempenhados pela empresa no

condomínio? (Explique cada um, duração, carga horária, horários...)

5. Como foi a recepção dos moradores em relação a empresa?

6. De que forma os moradores participavam dos trabalhos?

7. Como você qualifica a participação dos moradores?

8. Como era a relação de vizinhança do bairro com o novo condomínio?

9. Houve alguma contato com a associação de moradores do bairro São

Geraldo? Como foi?

10. Houve algum curso de capacitação profissional? Qual(ais)? Como você

qualifica a participação?

11. Houve algum curso de educação ambiental? Qual(ais)? Como você

qualifica a participação?

12. Houve algum curso de gestão do condomínio? Qual(ais)? Como você

qualifica a participação?

13. Houve alguma ação para a geração de emprego e renda? Qual(ais)?

Como você qualifica a participação?

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85

14. Houve alguma parceria com a Agenda 21 local? Como foi?

15. Como você qualifica a integração social dos moradores?

16. Quais foram os principais problemas enfrentados pela empresa no

local?

17. Você poderia apontar quais foram as principais falhas encontradas no

local.

18. Você poderia apontar quais foram as principais qualidades encontradas

no local?

19. Quais seriam as ações necessárias para você que deveriam ter sido

feitas na época da entrega das casas?

20. Quais as ações que você julga necessárias que devem ser feitas

atualmente?

21. Outras observações que você julga pertinentes.

ENTREVISTA - CONSTRUTORA

1. O projeto foi suficientemente detalhado em relação à especificações

de materiais e detalhes construtivos?

2. Em relação à pergunta anterior, foi possível na execução seguir o

indicado no Projeto? Explique.(Compra de materiais disponíveis na

região. Critérios dos materiais: qualidade, preço. Normas específicas).

3. Na fase de projeto houve a preocupação em priorizar a compra de

materiais na/da região (Zona da Mata)?

4. Foi preciso comprar material fora da região (Zona da Mata)? Por

qual motivo (tinha ou não na região)? Onde foi comprado (estado / qual

estado mais distante)?

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86

5. Quais foram os critérios para a escolha dos materiais na fase de

compra? (Preço,Qualidade.)

6. O Sr conseguiria estimar quanto do material utilizado foi comprado

aqui na região?

7. As madeiras utilizadas são certificadas? Qual a certificação?

8. O projeto ou a obra considerou a redução de perdas de material de

construção? Quais medidas foram adotadas?

9. Como foi conduzida a gestão de resíduos produzidos na fase da

obra? (Houve aproveitamento de resíduos? Qual o destino dos

resíduos? Houve uso de caçambas?)

10. Como foi composta a mão de obra para o desenvolvimento do

empreendimento? (Que tipo de profissional teve que ser contratado

fora da cidade? Que tipo de profissional houve maior dificuldade para

contratar? O Sr considera a mão de obra local suficiente e de

qualidade?)

11. Segundo a reportagem divulgada no dia 19 de julho de 2012 no site

da RJ Engenharia, foi dito pelo Engenheiro Cesar Alves de Morais “Os

moradores dos dois residenciais (Vivendas Belo Vale e Condomínio

residencial Nova Muriaé) terão, certamente, a oportunidade de

vivenciar o benefício da moradia própria, com o acréscimo dos valores

da qualidade de vida – um marco de nosso trabalho com foco no

desenvolvimento sustentável”. O Sr. Poderia especificar melhor quais

são as características do desenvolvimento sustentável presentes no

trabalho da empresa? Quais os principais reflexos dessa inovação na

vida dos moradores?

12. Quais os principais problemas enfrentados durante a obra?

13. Qual a sua posição em relação ao programa Minha Casa Minha

Vida?

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87

ENTREVISTA – Síndico ou representante local

1. Como o Sr. Chegou na posição de síndico/administrador do

condomínio? Existe algum tipo de organização comunitária? Como é a

rotina desse grupo organizado? (cooperação entre os moradores,

espírito de comunidade)

2. Como é feita a gestão de resíduos gerados pelas unidades? Como é

feita a coleta do lixo? O local para o depósito do lixo atende a

quantidade de lixo gerado no condomínio? O caminhão do DEMLURB

coleta o lixo quantas vezes por semana? Essas visitas são suficientes

para atender o condomínio? Os moradores respeitam os locais de

depósito do lixo?

3. Você percebe alguma presença de odores, ou poeiras – fora do

normal? Qual? (rever o local dessa pergunta)

4. Os moradores se queixam a respeito da qualidade dos materiais

empregados nas residências? Quais são as principais queixas? Há

registro de rachaduras, janelas quebradas/empenadas, pisos

estufando/soltando, problemas no encanamento/na caixa d’água,

infiltração/umidade/vazamentos no teto?

5. Há demanda por manutenção constante? Considerar as partes

comuns também.

6. Quais são as principais queixas dos moradores com relação a

questões diversas (convivência com vizinhos do condomínio e da

região, violência no condomínio e na região, falta de limpeza, animais

na rua, barulho, falta de infraestrutura (abastecimento de água, energia

elétrica, transporte público, escola, praça, posto de saúde)?

6. Quais são as principais queixas dos moradores com relação a

questões diversas (convivência com vizinhos do condomínio e da

região, violência no condomínio e na região, falta de limpeza, animais

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88

na rua, barulho, falta de infraestrutura (abastecimento de água, energia

elétrica, transporte público, escola, praça, posto de saúde)?

7. Em sua opinião, quais são os pontos mais críticos neste

condomínio?

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Anexo 4 – Critérios atendidos pelo Projeto Paraisópolis

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Anexo 5 – Critérios atendidos pelo Projeto Chapéu Mangueira e Babilônia

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91

COLE AQUI O ENVELOPE COM O DC-ROM OU DVD_ROM