texto_4296421

Download texto_4296421

If you can't read please download the document

Upload: calourada-volta-as-aulas

Post on 15-Nov-2015

221 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

Te

TRANSCRIPT

Deciso: Municpio de Anpolis interpe tempestivo agravo regimental, contra deciso de minha lavra, na qual dei provimento ao recurso, com a seguinte fundamentao:

Municpio de Anpolis interpe recurso extraordinrio fundado na alnea a do permissivo constitucional contra acrdo do Tribunal de Justia do Estado de Gois, assim ementado: AGRAVO REGIMENTAL. TAXA DE RENOVAO ANUAL DE LICENA PARA LOCALIZAO E FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. FATO GERADOR. PODER DE POLCIA. abusiva e ilegal a cobrana anual de taxa de licena para localizao e funcionamento de estabelecimentos comerciais se inexiste contraprestao respectiva por parte dos municpio. A simples alegao de que o fato gerador est consubstanciado no exerccio do poder de polcia no suficiente para ensejar a cobrana da referida taxa anualmente. Assim, no comprovada efetivamente a prestao de servio, nos termos do art. 145, II, da CF, sua cobrana torna-se abusiva. AGRAVO CONHECIDO MAS IMPROVIDO. (fls. 1281). No apelo extremo, alega o recorrente violao ao art. 145, II, da Constituio Federal. Decido. A irresignao no merece prosperar. Verifico que o acrdo afastou a incidncia da chamada taxa de fiscalizao, em razo da ausncia de contraprestao de servios e do efetivo poder de polcia, capazes de justificar a cobrana, sob o argumento central de que o ora recorrente no comprovou a atuao estatal e que a citada taxa. Veja-se o excerto do referido acrdo: in casu no restou demonstrado o efetivo exerccio do poder de polcia do parte da entidade municipal anapolina, de modo a resguardar a renovao da cobrana da taxa de fiscalizao e funcionamento (fls. 1280) A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal pacfica no sentido de que a existncia de rgo administrativo especfico um dos elementos admitidos para se inferir o efetivo exerccio do poder de polcia, exigido constitucionalmente, como sobressai do julgado proferido pelo Tribunal Pleno, nos autos do RE n 588.322/RO, julgado em 16/6/10, conforme ementa que segue: Recurso Extraordinrio 1. Repercusso geral reconhecida. 2. Alegao de inconstitucionalidade da taxa de renovao de localizao e de funcionamento do Municpio de Porto Velho. 3. Suposta violao ao artigo 145, inciso II, da Constituio, ao fundamento de no existir comprovao do efetivo exerccio do poder de polcia. 4. O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exerccio do poder de polcia daquelas de utilizao de servios especficos e divisveis, facultando apenas a estas a prestao potencial do servio pblico. 5. A regularidade do exerccio do poder de polcia imprescindvel para a cobrana da taxa de localizao e fiscalizao. 6. luz da jurisprudncia deste Supremo Tribunal Federal, a existncia do rgo administrativo no condio para o reconhecimento da constitucionalidade da cobrana da taxa de localizao e fiscalizao, mas constitui um dos elementos admitidos para se inferir o efetivo exerccio do poder de polcia, exigido constitucionalmente. Precedentes. 7. O Tribunal de Justia de Rondnia assentou que o Municpio de Porto Velho, que criou a taxa objeto do litgio, dotado de aparato fiscal necessrio ao exerccio do poder de polcia. 8. Configurada a existncia de instrumentos necessrios e do efetivo exerccio do poder de polcia. 9. constitucional taxa de renovao de funcionamento e localizao municipal, desde que efetivo o exerccio do poder de polcia, demonstrado pela existncia de rgo e estrutura competentes para o respectivo exerccio, tal como verificado na espcie quanto ao Municpio de Porto Velho/RO 10. Recurso extraordinrio ao qual se nega provimento. Todavia, no caso dos autos o acrdo recorrido concluiu categoricamente pela ausncia de qualquer incio de prova da existncia do efetivo exerccio do poder de polcia e sequer mencionou a questo ftica concernente existncia ou no de aparato administrativo fiscalizatrio. Assim, considerando as balizas traadas no julgado do Tribunal de origem, a recorrente, em seu apelo extremo, ao sustentar a tese de existir, notoriamente, um Poder de Polcia Municipal desempenhado por rgo competente nos limites da lei (fls. 1451), inovou nas razes recursais, uma vez que tal fundamento no foi suscitado oportunamente, sequer por meio de embargos de declarao, de forma a tornar incontroverso a existncia de rgo administrativo especfico, um dos elementos admitidos por esta Corte para se inferir o efetivo exerccio do poder de polcia, carecendo, pois, do necessrio prequestionamento. Incide, na espcie, as Smulas 282 e 356 desta Corte. Ademais, para decidir diversamente do que assentado no Tribunal de origem, mister seria o revolvimento de fatos e provas, o que vedado em sede de recurso extraordinrio, a teor da Smula 279/STF. TAXA DE LICENCA DE FUNCIONAMENTO E FISCALIZAO, DECORRENTE DO EXERCCIO DO PODER DE POLICIA, SEGUNDO AFIRMA O ACRDO. INVIABILIDADE DO REEXAME DA MATRIA DE PROVA (SUMULA 279). DESCABIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINRIO. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. (AI 107.787/SP, AgR, Relator Ministro Djaci Falco , Segunda Turma, DJ 8/8/86) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINRIO. TAXA DE FISCALIZAO E FUNCIONAMENTO. ESCRITRIO DE ADVOCACIA. IMPOSSIBILIDADE DO REEXAME DE PROVAS (SMULA 279). AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (RE n 403.727/SP-AgR, Relatora a Ministra Crmen Lcia , Primeira Turma, 9/5/08) No mesmo sentido as seguintes decises monocrticas (RE n 600.609/SP, Relatora a Ministra Crmen Lcia, Dje 2/2/10; RE 473.531/SP, Relator o Ministro Marco Aurlio, Dje 2/2/10; RE n 583.172/SP-AgR, Ministro Ricardo Lewandowski, Dje 21/10/09). Ante o exposto, nego seguimento ao recurso extraordinrio.

Alega a agravante violao ao artigo 145, II, da Constituio Federal. Aduz que h efetivo exerccio de polcia e aparato administrativo fiscalizatrio no Municpio de Anpolis que legitima a cobrana de taxa pelo exerccio do poder de polcia. Decido.Exero juzo de retratao.O Plenrio desta Corte, quando do julgamento do RE n 588.322/RO, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, estabeleceu algumas balizas, do ponto de vista ftico probatrio, a serem observadas na concluso pela efetividade ou no do exerccio do poder de polcia. Em primeiro lugar, de acordo com os ditames constitucionais, a taxa em discusso, legitima-se pelo efetivo exerccio do poder de polcia e se identifica pela imprescindibilidade da atuao fiscalizatria estatal nesse liame.No referido julgado, propugnou-se, ainda, que, para configurao do efetivo exerccio do poder de polcia, a existncia de aparato administrativo fiscalizatrio na estrutura municipal prova hbil a essa efetividade, sem prejuzo de outras formas que demonstrem a efetiva fiscalizao dos sujeitos passivos da exao, sob pena de se desvirtuar a natureza jurdica das taxas estabelecidas pelo texto constitucional.Com efeito, aduziu o Ministro Relator Gilmar Mendes nos debates: Da a minha proposta de deixarmos definido que, claro, se houver rgo fiscalizador, j uma prova de que o Municpio exerce. Mas ele tambm pode provar o exerccio de poder de polcia pelo fato de exercer o poder de polcia. Ressalte-se que essa vigilncia pode ser realizada tanto de forma presencial (in loco), como de forma remota, desde que haja averiguao de regularidade das atividades desempenhadas pelo contribuinte, a partir dos requisitos estabelecidos pelo ente municipal.Por pertinente, transcrevo, tambm, trecho da deciso proferida no AI n 596.786/SP-AgR, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, Dje 29/8/12:

Saliento que a orientao firmada por esta Corte no coloca a Administrao em uma posio confortvel. Dizer que a incidncia do tributo prescinde de fiscalizao porta a porta no implica reconhecer que o Estado pode permanecer inerte no seu dever de adequar a atividade pblica e privada s balizas estabelecidas pelo sistema jurdico. A existncia do rgo de fiscalizao e a cobrana do tributo apenas reforam a responsabilidade do Estado e de seus agentes pelas consequncias advindas da inobservncia do regramento que justifica a tributao.

No caso dos autos, restou definido que inexiste contraprestao respectiva por parte dos municpio, sem, no entanto, avanar acerca de outros elementos probatrios, notadamente, aqueles balizados no julgamento desta Corte.Diante do exposto, reconsidero a deciso agravada e dou provimento ao recurso extraordinrio, determinando o retorno dos autos ao Tribunal de origem para prosseguimento do julgamento, com reexame do embate jurdico tomando como referncia o RE n 588.322/RO e suas premissas acerca da necessidade do exerccio efetivo de fiscalizao para cobrana da taxa e sua compreenso probatria para essa configurao.Publique-se. Braslia, 27 de fevereiro de 2013.

Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente