texto sobre fontes energéticas.2015

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A energia que vem do lixo por Felipe Rousseaux de Campos Mello — publicado , última modificação 14/05/2015 21h28 Tecnologia italiana chega ao Brasil por meio da Unicamp e pode mudar o tratamento de resíduos industriais Hoje, 3% a 5% da matriz energética brasileira é gerada pela incineração do bagaço da cana de açúcar. A inciativa, positiva, poupa a energia gerada em hidrelétricas, por exemplo. A indústria, contudo, queima também resíduos como o enxofre e o cloro, emissores de grande quantidade de poluentes, como dioxinas e furanos, considerados cancerígenos. Esse quadro pode começar a mudar com os frutos da parceria fechada entre o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e a empresa brasileira Innova- Energias Renováveis. O convênio com a Universidade Estadual de Campinas consiste na implementação de um laboratório de pesquisa, já em funcionamento no parque científico, para o aprimoramento e a adequação da tecnologia italiana à realidade brasileira. Divulgação Maquinário para o processamento de resíduos no parque científico da Unicamp O resultado pode mudar a forma de lidar com o processamento de lixo urbano e a geração de energia elétrica. Na Europa a tecnologia da Innova é conhecida como RH2INO, foi desenvolvida Main Engineering Srl e trata-se de um processo oposto ao da incineração. Ele decompõe os resíduos mais complicados sem utilizar oxigênio, ou seja, sem queimá-los. Assim, não há emissão de poluentes. O processo recebe o nome de pirólise lenta e é realizado em um tambor rotativo. O gás obtido no reator passa por um sistema de limpeza e purificação afim de remover resíduos nocivos, como o ácido clorídrico e sulfídrico, que porventura tenham surgido durante o processo. Ao final, resta um gás que, a temperatura ambiente, é tão limpo quanto o gás natural. Deste produto, 70% vai para a geração de energia elétrica e os 30% restantes são reutilizados no processo, para reaproveitar mais material que seria incinerado. Outra utilidade importante do processo criado pelos italianos é a geração de vapor, também este podendo ser utilizado como um auxiliar na produção de energia térmica. Além disso, o material sólido resultante do processamento de determinados resíduos pode ser transformado em produtos de uso agrícola (adubo) e industrial (carvão ativado). Segundo o diretor da Innova, Fernando Reichert, 32 anos, formado em física na Unicamp e em engenharia de energia na Itália, o Brasil está 30 anos atrasado –“as usinas europeias já utilizam este tipo de tecnologia desde 1982”. E complementa: “O RH2INO é um gás muito flexível, limpo e sustentável. Pode ser gerado a partir do tratamento de lixo urbano, hospitalar e industrial, medicamentos vencidos e resíduos de couro, entre outros”. E o objetivo do trabalho do laboratório do Parque Científico e Tecnológico é justamente trazer esta tecnologia para a realidade da indústria nacional, ou seja, utilizar a parceria firmada para desenvolver aplicações desta tecnologia visando a demanda brasileira. O trabalho está apenas começando, e hoje nenhuma indústria do País utiliza-se desse sistema de decomposição e tratamento de resíduos. Para tentar resolver esta situação na prática, a Unicamp está oferecendo a empresas como a Goodyear, a International Paper e a Ajinomoto uma assessoria para a possibilidade de trabalhar com a Innova como uma alternativa ao gás natural, este um combustível fóssil não renovável, de alto custo e bastante utilizado pelas indústrias no Brasil. Ainda há de se aguardar os primeiros resultados, mas uma nova forma de tratar resíduos industriais no Brasil pode estar a caminho. http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/a-energia-que-vem-do-lixo-6490.html

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  • A energia que vem do lixo por Felipe Rousseaux de Campos Mello publicado , ltima modificao 14/05/2015 21h28 Tecnologia italiana chega ao Brasil por meio da Unicamp e pode mudar o tratamento de resduos industriais

    Hoje, 3% a 5% da matriz energtica brasileira gerada pela incinerao do bagao da cana de acar. A inciativa, positiva, poupa a energia gerada em hidreltricas, por exemplo. A indstria, contudo, queima tambm resduos como o enxofre e o cloro, emissores de grande quantidade de poluentes, como dioxinas e furanos, considerados cancergenos.

    Esse quadro pode comear a mudar com os frutos da parceria fechada entre o Parque Cientfico e Tecnolgico da Unicamp e a empresa brasileira Innova- Energias Renovveis. O convnio com a Universidade Estadual de Campinas consiste na implementao de um laboratrio de pesquisa, j em funcionamento no parque cientfico, para o aprimoramento e a adequao da tecnologia italiana realidade brasileira.

    Divulgao

    Maquinrio para o processamento de resduos no parque cientfico da Unicamp

    O resultado pode mudar a forma de lidar com o processamento de lixo urbano e a gerao de energia eltrica.

    Na Europa a tecnologia da Innova conhecida como RH2INO, foi desenvolvida Main Engineering Srl e trata-se de um processo oposto ao da incinerao. Ele decompe os resduos mais complicados sem utilizar oxignio, ou seja, sem queim-los. Assim, no h emisso de poluentes. O processo recebe o nome de pirlise lenta e realizado em um tambor rotativo. O gs obtido no reator passa por um sistema de limpeza e purificao afim de remover resduos nocivos, como o cido clordrico e sulfdrico, que porventura tenham surgido durante o processo.

    Ao final, resta um gs que, a temperatura ambiente, to limpo quanto o gs natural. Deste produto, 70% vai para a gerao de energia eltrica e os 30% restantes so reutilizados no processo, para reaproveitar mais material que seria incinerado. Outra utilidade importante do processo criado pelos italianos a gerao de vapor, tambm este podendo ser utilizado como um auxiliar na produo de energia trmica.

    Alm disso, o material slido resultante do processamento de determinados resduos pode ser transformado em produtos de uso agrcola (adubo) e industrial (carvo ativado).

    Segundo o diretor da Innova, Fernando Reichert, 32 anos, formado em fsica na Unicamp e em engenharia de energia na Itlia, o Brasil est 30 anos atrasado as usinas europeias j utilizam este tipo de tecnologia desde 1982. E complementa: O RH2INO um gs muito flexvel, limpo e sustentvel. Pode ser gerado a partir do tratamento de lixo urbano, hospitalar e industrial, medicamentos vencidos e resduos de couro, entre outros.

    E o objetivo do trabalho do laboratrio do Parque Cientfico e Tecnolgico justamente trazer esta tecnologia para a realidade da indstria nacional, ou seja, utilizar a parceria firmada para desenvolver aplicaes desta tecnologia visando a demanda brasileira.

    O trabalho est apenas comeando, e hoje nenhuma indstria do Pas utiliza-se desse sistema de decomposio e tratamento de resduos. Para tentar resolver esta situao na prtica, a Unicamp est oferecendo a empresas como a Goodyear, a International Paper e a Ajinomoto uma assessoria para a possibilidade de trabalhar com a Innova como uma alternativa ao gs natural, este um combustvel fssil no renovvel, de alto custo e bastante utilizado pelas indstrias no Brasil.

    Ainda h de se aguardar os primeiros resultados, mas uma nova forma de tratar resduos industriais no Brasil pode estar a caminho.

    http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/a-energia-que-vem-do-lixo-6490.html

  • (artigo sem data. Provavelmente publicado em 2013)

    Brasil faz placa solar mais eficiente a custos menores Tecnologia nacional de produo de energia solar, entretanto, ainda no produzida em escala por Denise Dalla Colletta

    Pesquisadores da PUC do Rio Grande do Sul desenvolveram placas de captao de energia solar mais eficientes que a mdia mundial, a custos menores, mas ainda no conseguiram ganhar escala no mercado brasileiro. Usamos a mesma matria-prima do exterior com uma receita brasileira de forma mais econmica, diz Adriano Moehlecke um dos responsveis pela pesquisa. Moehlecke afirma que foram feitas estimativas mostrando reduo de gastos na fabricao em comparao com os padres internacionais, mas que ainda no pode divulgar esses nmeros. Sobre a eficincia, a clula nacional converte 15,4%

    As placas tm eficincia acima da mdia

    da energia solar em eltrica. Pode parecer pouco, mas a mdia mundial de 14%. As melhores placas solares comercializadas do mundo convertem cerca de 16%.

    Atualmente, a tentativa de produzir de forma vivel as placas fotovoltaicas feita em uma mini fbrica dentro da PUC. A ideia dos pesquisadores, que trabalham h 10 anos no projeto, desenvolver um meio de gerar este tipo de energia e comercializ-lo no pas, com materiais encontrados no mercado nacional. O setor tem acumulado crescimento. A indstria de mdulos fotovoltaicos cresce a uma mdia de 80 % ao ano no mundo, diz Moehlecke. Foram produzidos 7.900 megawatts entre 2007 e 2008. A energia gerada equivalente a metade da gerao da Usina Hidreltrica de Itaipu. A cada dois anos, saem das fbricas, uma Itaipu solar, mas o Brasil est fora de tudo isso, as aplicaes so muito tmidas ainda, a maioria em sistemas isolados da rede eltrica, diz. Moehlecke estuda a produo de energia solar desde 1997 em parceria com a pesquisadora Izete Zanesco. O trabalho foi iniciado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ganhou notoriedade em 2002 quando os pesquisadores venceram o Prmio Jovem Cientista.

    Eles j receberam cerca de R$ 6 milhes em investimento do Governo Federal, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Petrobrs, Eletrosul e Companhia Nacional de Energia Eltrica (CNEE). Isso tudo, no entanto, ainda insuficiente para que essas placas sejam produzidas em grande escala. Foram entregues 200 unidades aos patrocinadores do projeto, Petrobrs, Eletrosul e outras empresas. Os mdulos sero instalados e testados em maro. Por que no temos

    So diversas as razes que podem explicar a falta de incentivo a esse tipo de energia no Brasil. Um deles o preo, a energia ainda mais cara que as demais. Mas este valor est caindo ano a ano. Clculos da Universidade Federal de Santa Catarina revelam que em 2013 o quilowatt-hora produzido pela rede eltrica convencional brasileira e aquele produzido pelas redes solares tero o mesmo valor na regio Nordeste. Outra razo para o aparente desinteresse em investir em fontes de energias limpas a muleta das hidreltricas: ter uma energia limpa hoje, dificulta o desenvolvimento de novas energias mais limpas. Mas temos que pensar no futuro sem carvo ou nuclear, no vamos conseguir aproveitar os rios eternamente. A falta de mercado imediato tambm faz com que investidores no queiram apostar nesta tecnologia: O governo diz que no haver incentivo produo enquanto no houver mercado. A empresas no se interessam em produzir porque no h incentivo do governo, um ciclo, diz Moehlecke.

  • Como funcionam placas fotovoltaicas Primeiro a clula solar, dispositivo que vai receber luz solar e transformar em energia eltrica, deve ser fabricada. Dentro dela so criados vrios processos fsicos e qumicos. Ela uma lmina fina e quebradia de silcio, por isso colocada entre de chapas de vidro. Uma clula solar sozinha produz meio volt. Vrias clulas devem ser associadas em srie para formar uma placa a fim de que seja obtida a energia necessria. A placa colocada no telhado da casa. Ela capta a luz e produz energia eltrica durante o dia. Um aparelho chamado inversor que vai transformar corrente contnua em alternada, ou seja, energia solar em eltrica. um eletrodomstico que em vez de consumir energia vai produzi-la, explica Moehlecke. Se no h ningum consumindo energia no momento em que ela gerada, o medidor de luz passa a girar ao contrrio. No daria para zerar a conta, porque temos que ter uma forma de ter energia para a noite, assim h um balano entre o consumo da fonte tradicional de energia. Para armazenar energia teramos que usar bateria. No nosso caso, usaramos as hidreltricas como bateria. Se no usamos a energia das hidreltricas, podemos fechar os reservatrios que eles enchem. No perodo de seca h muito

    sol e no de chuvas, temos as hidreltricas. Temos uma complementaridade muito boa. O investimento atual para abastecer uma residncia com energia solar seria em torno de R$20 mil, tendo como base preos europeus. Isso renderia em torno de 130 quilowatts-hora por ms, de acordo com clculos feitos na cidade de Porto Alegre. A residncia mdia gacha consome 160 quilowatts-hora por ms, de acordo com o pesquisador. Hoje, com materiais importados, levaramos cerca de 12 anos para recuperar o investimento.

    http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI116820-17770,00-BRASIL+FAZ+PLACA+SOLAR+MAIS+EFICIENTE+A+CUSTOS+MENORES.html

    Produo de biodiesel deve crescer 25% no Brasil em 2015 Reao do setor, que teve recuo em 2014, alicerada na supersafra de soja, principal matria-prima, e na lei que ampliou adio de biocombustvel no diesel Por: Fernanda da Costa - 07/04/2015 - 06h01min

    Aps amargar o abandono de investimentos no incio do ano passado, o setor de biodiesel brasileiro, que tem o Rio Grande do Sul como maior expoente, agora v um futuro promissor. A aprovao de lei que ampliou para 7% a adio de biocombustvel no diesel, em setembro passado, faz a Associao dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) projetar um aumento de 25% na produo em 2015. H um ano, o cenrio era rido para o setor. Tida como o mercado do futuro em 2004, quando o governo federal lanou o Programa Nacional de Produo e Uso do Biodiesel (PNPB), com a meta de incentivar a produo do combustvel verde no pas, a indstria viveu momentos de incerteza e abandono de investimentos no ltimo ano.

    Rio Grande do Sul o estado que mais produz biodiesel no Brasil Foto: Diogo Zanatta / Especial

    Com a mistura obrigatria de biodiesel no diesel estagnada em 5% desde 2010, o pas ingressou 2014 com uma ociosidade industrial de 56%. A demanda estvel e a falta de competitividade para exportar fizeram pelo menos 20 indstrias que produziam biocombustvel fecharem as portas ou migrarem de setor.

  • As empresas passaram anos sem ter conhecimento da demanda de biodiesel a longo prazo e houve sobreoferta. Ento, algumas no conseguiram manter os investimentos que fizeram explica Leonardo Botelho Zilio, assessor econmico da Associao Brasileira das Indstrias de leos Vegetais (Abiove). O alento para o setor s veio em 2014, quando uma lei ampliou a mistura para 6% em setembro e, a partir de novembro, para 7%. Alm disso, outros dois fatores contriburam: o bom desempenho no campo, que favorecer a oferta de matria-prima, e a desistncia da Petrobras em construir duas refinarias, que abrir espao no mercado de combustveis. Diante do novo cenrio, a previso de que a ociosidade das empresas diminua para 44%. A ociosidade demonstra a necessidade de programas de longo prazo para o setor. Lutamos pelo aumento da mistura para 10% nos prximos dois anos e medidas que deixem o mercado competitivo internacionalmente afirma o presidente da Aprobio, Erasmo Carlos Battistella. Alm de benfico para o ambiente e para a sade humana, o biodiesel tambm favorece a balana comercial brasileira. Battistella explica que, com o aumento da mistura, o pas precisar importar menos diesel. Ao produzir 3,42 bilhes de litros de biodiesel em 2014, o pas economizou US$ 2,59 bilhes em importao de diesel no ano, de acordo com levantamento da Aprobio. No cenrio de preos atual, a tendncia de que o maior uso de biodiesel torne o diesel mais barato no pas, aponta Luiz Fernando Gutierrez Roque, consultor da Safras & Mercado. No entanto, caso o valor do gro tenha alta, ele pondera que as indstrias tero dificuldades para comprar sua principal matria-prima, e o valor do diesel subir. Apesar do risco de oscilaes, Roque avalia o aumento da mistura como positivo para a economia, j que incentiva o suprimento da demanda interna por combustvel com a produo nacional. Indstria pede incentivo para exportar

    Em um pas onde a produo de biodiesel depende do consumo interno, a exportao seria uma sada para diminuir a ociosidade industrial. Graas a incentivos tributrios, hoje s a Argentina e a Indonsia exportam o produto, conforme a Aprobio. O biocombustvel desses pases representa apenas uma parte do consumo da Europa, mercado que as indstrias brasileiras sonham em conquistar. Primeira indstria do pas a exportar biodiesel, a gacha BSBIOS, instalada em Passo Fundo, no norte do Estado, levou cerca de 40 mil toneladas do produto para a Holanda nos dois ltimos anos. Atualmente, porm, reclama da falta de incentivos para a venda no Exterior. Estamos sempre de olho no mercado internacional, mas os custos de produo no pas tornam a exportao invivel afirma Erasmo Carlos Battistella, diretor-presidente da BSBIOS e presidente da Aprobio. Para que o produto brasileiro se torne competitivo, o governo precisa dar incentivos tributrios s empresas e melhorar a logstica, observa o assessor econmico da Abiove Leonardo Botelho Zilio.

    http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/campo-e-lavoura/noticia/2015/04/producao-de-biodiesel-deve-crescer-25-no-brasil-em-2015-4731798.html

    Produo de Energia o caminho mais rpido para a recuperao do setor sucroenergtico 19/03/2015 - Portal CanaOnline

    O Brasil precisa urgentemente de maior produo de energia eltrica e a biomassa da cana-de-acar pode atender a esse chamado. Considerando dados de 2013 e 2014, Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da UNICA, destaca que a biomassa responsvel atualmente por aproximadamente 4,5% do consumo de energia eltrica do Brasil, sendo que o bagao e a palha da cana-de-acar correspondem a mais de 80% de todas as fontes de biomassa utilizadas no pas.

  • Atualmente, a energia da biomassa da cana gera 21 GW/h, mas, se todo o bagao e palha fossem aproveitados pelas usinas, seria possvel gerar seis vezes mais energia do que o patamar atual. Se acontecer esse investimento para maior produo da luz gerada pela biomassa canavieira, alm de ajudar ao Brasil a no ficar no escuro, a medida ir revigorar a cadeia sucroenergtica. Acredito que, no curto prazo, o que possibilitar um aquecimento de investimento no setor a gerao de energia. As condies objetivas para um plano de expanso esto dadas. Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do Ceise Br (Centro Nacional das Indstrias do Setor Sucroenergtico e Biocombustveis), Tonielo Filho lembra que o pas tem tecnologia e matria-prima (bagao e palha) disponveis. Um plano de aumento de capacidade instalada de energia gerada no setor, trar encomendas para a indstria de base, que encontra-se estagnada e com ociosidade de aproximadamente 50% de sua capacidade instalada. A efetivao deste programa ser injeo na veia da indstria de base, e produzir resultados imediatos, possibilitando o incio de um crculo virtuoso no setor. Ao falar sobre um programa de expanso de energia eltrica voltado s unidades j em operao, Tonielo Filho se refere a realizao do chamado Retrofit, termo em ingls que significa reformar, porm adotando tecnologias de ltima gerao, que permitem indstria se tornar mais eficiente, produzindo mais com menor custo. No s entidades do setor se empenham para a criao de polticas pblicas para o incremento na energia da biomassa, empresas parceiras tambm, como o caso da TGM, sedidada em Sertozinho, SP. Com tecnologia 100% brasileira, a TGM responde pela maior parte das aplicaes de turbinas a vapor, redutores planetrios e turborredutores no mercado nacional e a maior exportadora deste segmento. De acordo com Antonio Gallati, diretor da TGM, a empresa pode de imediato, a baixo custo e fcil instalao, incrementar o montante de 9,5 GWh de energia eltrica em pelo menos 230 Usinas. Com isso, possvel melhorar a eficincia das plantas, tornando-as mais competitivas e garantir a operao da usina com o compromisso de entregar ao mercado: etanol, acar e incrementar a gerao de energia eltrica. Mas para que isso ocorra, segundo ele, preciso que haja uma flexibilizao nas regras que permitem a conexo das plantas geradoras com as subestaes e linhas de transmisses existentes. necessrio tambm que a remunerao por essa energia, que definida em leilo, possua valor atrativo de maneira a viabilizar os investimentos. A TGM j iniciou negociaes com seus clientes para que no prximo ano essas usinas possam incrementar a parte da energia gerada atravs do Retrofit no sistema eltrico nacional.

    http://www.unica.com.br/na-midia/2746099392031101093/producao-de-energia-e-o-caminho-mais-rapido-para-a-recuperacao-do-setor-sucroenergetico/

    Projeto estuda relao entre produo de biocombustveis e segurana alimentar

    03 de Agosto de 2010

    O aumento da demanda por biocombustveis afeta o preo dos alimentos? Quais so as implicaes do uso da terra e da gua na produo dos biocombustveis para a segurana alimentar das famlias mais pobres?

    Para comear a responder essas perguntas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (Embrapa) e a Universidade de Stanford (EUA) iniciaram nesta tera-feira, 3 de agosto, um projeto de cooperao tcnica com o objetivo de discutir a relao entre a produo de biocombustveis e a produo de alimentos. A ideia encontrar um equilbrio entre produo de energia para satisfazer as necessidades e formas de preservar as fontes de sustento.

    A iniciativa conta com a participao de pesquisadores das Universidades de Stanford e de Rutegers e do Insti-

  • tuto Internacional de Pesquisas em Polticas Alimentares (IFPRI), dos Estados Unidos, e da Academia Chinesa. Pela Embrapa, participam pesquisadores da Secretaria de Gesto Estratgica (SGE), da Secretaria de Cooperao Internacional, do Centro de Estudos Estrat-gicos e da Embrapa Agroenergia. Eles esto reunidos desde segunda-feira (2) para traar planos na implementao do projeto no Brasil.

    O modelo que dever ser aplicado aqui no pa-s tem como objetivo responder ou pelo menos abrir discusses para a segurana alimentar das populaes que esto em rea de cultivo energtico. As respostas s dvidas existentes podero direcionar e orientar as polticas

    Projeto tem o objetivo de discutir a relao entre a produo de biocombustveis e a produo de alimentos/Foto: John Isaac/UN

    pblicas nos setores econmicos, sociais e ambientais dos programas de biocombustveis.

    Impactos

    De acordo com o coordenador de Avaliao de Impactos da Secretaria de Gesto Estratgica da Embrapa, Antnio Flvio, o modelo implantado no Brasil ser uma adaptao ao projeto existente na China, porm, a partir da realidade brasileira.

    O estudo vai avaliar a distribuio dos impactos [produo de biocombustveis]. A adaptao desse modelo a partir da experincia de outros pases ser importante para levantar novos estudos e pensar em polticas pblicas que ajudem a encontrar solues de interesse social, explicou o representante da Embrapa. O pesquisador acrescentou ainda que a China, alm de detentora do modelo, j possui uma anlise de resultados satisfatrios. H aproximadamente 15 anos o pas investe nesse tipo de estudo.

    A pesquisadora da Secretaria de Gesto Estratgica Danielle Torres, que j participou da primeira fase do treinamento na Universidade de Stanford, ressaltou que as parcerias sero fundamentais para avaliar os impactos e as solues que possam abranger a produo de biocombustveis e a segurana alimentar.

    As parcerias nessa fase inicial so fundamentais. Quanto mais informaes tivermos sobre a produo agrcola brasileira, mais produtivos sero nossos encontros na Academia Chinesa. Faremos ao longo do processo simulaes e apoio das unidades regionais que devem consolidar os dados da prpria Embrapa." Alm da parceria Brasil, Estados Unidos e China, o projeto tem a participao da ndia, de Moambique e Senegal.

    Tendncia

    Em maio deste ano, voc viu aqui no EcoD que, apesar do avano das lavouras de cana-de-acar sobre reas destinadas pecuria e agricultura nos ltimos anos, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) aponta que o pas no perder potencial como produtor de alimentos em funo de tal crescimento. No entanto, o estudo Biocombustveis no Brasil: Etanol e Biodiesel ressalta a necessidade de o Estado regular a fabricao de etanol e priorizar a produo de alimentos com financiamento e infraestrutura.

    Com informaes da Agncia Brasil http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/projeto-estuda-relacao-entre-producao-de

    Tecnologia nacional para extrair petrleo e gs do pr-sal Produo em 2020 dever atingir mais de 1,8 milho de barris/dia Flvia Gouveia

    Desde o anncio da existncia de reservas de petrleo e gs na faixa do subsolo ocenico brasileiro que antecede a densa camada de sal o chamado pr-sal muito se tem noticiado sobre o tema: regulamentaes, sistemas de

  • explorao e produo, privilgios, concorrncia, investimentos e retornos. Mas para entender as discusses preciso tambm conhecer os aspectos cientficos e tecnolgicos e seus desdobramentos.

    A descoberta do ouro negro na bacia sedimentar de Santos (RJ e SP) e no Parque das Baleias (ES pertencente Bacia de Campos) data de 2006 e tem desviado as atenes do mundo, ento focadas na produo da cana-de-acar para fabricao de etanol, no contexto de crise energtica e preocupaes ambientais.

    O petrleo encontrado situa-se numa rea de 800 quilmetros de extenso entre os estados do Esprito Santo e Santa Catarina, em profundidades que ultrapassam os 7 mil metros em relao ao nvel do mar, o que exige um domnio tecnolgico nada trivial para que seja extrado e bem aproveitado. As reservas do pr-sal ainda no foram totalmente identificadas e mensuradas. Apenas os volumes de produo potencial nas reas de Tupi, Iara, Guar e Parque das Baleias foram anunciados (ver mapa), o que j representa mais que o dobro da produo originada pelas demais reservas j conhecidas no pas.

    Os volumes totais previstos vo de 10,6 a 16 bi-lhes de barris de leo equivalente (boe - que in-clui petrleo e gs) recuperveis, assim distribu-dos: 5 a 8 bilhes de boe em Tupi; 3 a 4 bilhes de boe em Iara; 1,1 a 2 bilhes de boe em Guar e 1,5 a 2 bilhes de boe no Parque das Baleias (que inclui Jubarte, Baleia Branca e Baleia Azul). A Petrobras prev que esses campos produziro mais de 1,8 milho de barris por dia em 2020. Somando-se o restante da produo brasileira, o pas dever gerar cerca de 4 milhes de barris/dia. Mas essas estimativas dependero tambm da taxa de sucesso atingida, que considerada alta quando o aproveitamento das jazidas de 70 a 80%, explica Jos Goldenberg, professor do Programa de Ps-graduao em Energia do Insti-tuto de Eletrotcnica e Energia (IEE) da USP.

    Toda a euforia em torno da descoberta de petrleo no pr-sal explica-se no contexto de previses de aumento da demanda mundial e de aproximao do prazo de esgotamento das jazidas conhecidas, de extrao mais fcil. Infelizmente, o mundo ainda muito dependente desse recurso no-renovvel, diz Goldenberg. Segundo as

  • previses da Agncia Internacional de Energia (AIE) para 2010, a demanda mundial de petrleo deve crescer, em funo da recuperao da economia mundial e sobretudo da ndia, China e pases ricos do Ocidente , para quase 1,5 milho de barris por dia, chegando a 86,3 milhes de barris dirios. TECNOLOGIA PARA A DESCOBERTA Mas o petrleo existente na camada pr-sal no de fcil extrao e mesmo sua descoberta envolveu esforos significativos. Graas aos avanos na rea de ssmica de reflexo foi possvel detectar jazidas abaixo de uma camada salina que chega a 2 mil metros de espessura e com temperaturas muito elevadas. Os materiais para prospeco e extrao so submetidos a variaes de temperatura superiores a 80 C. Atualmente, a geofsica capaz de oferecer novas tecnologias capazes de melhorar o imageamento dos dados em profundidade, como fontes acsticas com maior potncia, coletas repetitivas (4D) e tcnicas wide azimuth para melhorar a resoluo do sinal ssmico no reservatrio.

    A prospeco do petrleo em grandes profundidades feita principalmente por meio de atividades ssmicas, autorizadas somente com a obteno de licena do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama). A Petrobras obteve essa licena em reas localizadas na Bacia de Santos e estimou que, para os campos de Tupi e Iracema, do bloco chamado BM-S-11, as reservas so de 5 a 8 bilhes de barris de leo recuperveis.

    QUALIDADE SUPERIOR O leo do pr-sal de densidade considerada mdia, baixa acidez e baixo teor de enxofre, caractersticas de um leo de boa qualidade e preo satisfatrio no mercado petrolfero. A qualidade do petrleo medida pela escala API, desenvolvida pelo Instituto Americano de Petrleo (API, na sigla em ingls), segundo a qual um leo com densidade maior que 30 API classificado como leve, enquanto um leo pesado tem menos de 19 e apresenta alta viscosidade e alta densidade. A referncia internacional de alta qualidade o petrleo com mais de 40 API, como o petrleo rabe. No Brasil, o petrleo de melhor qualidade foi descoberto em 1987, em Urucu, na Amaznia, e possui 44 API. Por ser um leo muito leve, a partir dele so produzidos principalmente derivados de alto valor agregado, como o diesel e a nafta. No entanto, a produo diria de 50 mil barris desse leo de excelente qualidade muito pequena, esclarece o engenheiro Antnio Pinto, gerente de concepo e alinhamento de projetos da Petrobras.

    Na Bacia de Campos, responsvel por aproximadamente 90% do petrleo produzido em territrio nacional (extrado da camada ps-sal), a densidade mdia do leo extrado prxima de 20 API, ou seja, um leo mais pesado. A extrao desse leo muito mais complexa e cara do que a do leo leve. Seu refino torna-se tambm mais dispendioso, em muitos casos inviabilizando comercialmente a produo.

    A baixa qualidade desse leo explica porque a autossuficincia volumtrica alcanada pela Petrobras em 2007 no a livrou da dependncia de importaes do leo leve, usado para fazer um mix que torne o processo menos oneroso. Por isso a empresa importa leo leve, e exporta petrleo pesado, desequilibrando sua balana comercial. Por sua qualidade superior, o leo encontrado no pr-sal de Tupi, na Bacia de Santos, com 28,5 API, traz boas perspectivas, mesmo diante dos altos custos de extrao, diz Antnio Pinto. A Petrobras a operadora desse campo, onde detm 65% de participao, sendo que a empresa britnica British Gas (BG Group) possui 25%, e a portuguesa Petrogal/Galp, 10%.

    A empresa brasileira desenvolveu projetos de perfurao que permitiram atravessar a camada de sal e perfurou o primeiro poo para buscar petrleo no pr-sal (Parati) em 2005. O processo demorou mais de um ano para ser concludo e custou US$ 240 milhes. Segundo o assistente da rea de explorao e produo da Petrobras no pr-sal, Alberto Sampaio, a companhia j consegue perfurar um poo em um perodo de trs a quatro meses, a um custo de US$ 100 milhes. Estamos trabalhando para reduzir cada vez mais o tempo de perfurao e seu custo. Essas so metas constantes para a Petrobras, diz Sampaio.

    Quanto qualidade do gs do pr-sal, Sampaio explica que se trata de um gs rico, no qual se encontra uma grande va-riedade de componentes intermedirios (como propano, butano e outros) que permitem a extrao de muitos produtos de valor alto. O ponto negativo, lembra Sampaio, que o gs de alguns reservatrios do pr-sal contaminado com uma grande quantidade de dixido de carbono (CO2). Em Tupi, a presena de CO2 pode variar de 8 a 12%. Vamos separar o CO2 do gs por meio da tecnologia de separao por membranas, desenvolvida por fornecedores. O equipa-mento identifica as molculas e as separa. A contaminao desaparece, mas, evidentemente, o custo aumenta, diz Antnio Pinto.

    GRANDES DESAFIOS O campo de Tupi est operando em teste de longa durao (TLD) desde maio do ano passado e a previso que essa fase termine em outubro deste ano. A produo estimada inicialmente para o TLD de Tupi era de 14 mil boe por dia, mas aps a ltima paralisao das operaes (ocorreram duas, por razes tcnicas), em setembro de 2009, foi ampliada a vazo dos poos, levando a uma produo constante de 20 mil boe por dia. Dessa forma, poderemos cumprir a previso inicial de produo para o perodo do TLD feita junto ANP, diz Antnio Pinto. Jubarte tambm iniciou a

  • fase de TLD, em agosto de 2009, mas apenas Tupi entrar em fase experimental de produo em 2010, no ms de dezembro. Esse o prazo estabelecido para a declarao de comercialidade da rea de Tupi junto Agncia Nacional do Petrleo (ANP). S ento ser possvel obter a concesso definitiva.

    O piloto de Tupi ter produo de 100 mil barris por dia, segundo Antnio Pinto, e j poder ser explorado comercialmente. Para ele, muitos desafios tero de ser vencidos at l. As necessidades de reduo de custos no estaro todas solucionadas, o preo do petrleo no mercado internacional ser outro parmetro importante, mas isso no impedir a produo do piloto para fins comerciais.

    Entre os grandes desafios est o barateamento do custo de produo e do transporte do gs, da plataforma costa, economicamente invivel se ocorrer apenas por gasodutos. Ainda assim, temos um projeto de construo de um gasoduto que ligar Tupi ao campo de Mexilho, na Bacia de Santos, diz Sampaio. Outras alternativas podem ser aplicadas, como GTL (gas to liquid) e GTS (gas to solid). A primeira delas est sendo desenvolvida pela Petrobras em parceria com empresas estrangeiras que detm essa tecnologia. A outra sada a queima do gs, mas o limite de queima permitido pela ANP muito inferior ao que dever ser gerado na produo dos poos de petrleo do pr-sal. Assim, para que a produo dos poos da rea do pr-sal tenha sucesso comercial, esse gargalo precisa ser resolvido. No transporte do leo, a Petrobras informou que ter provavelmente a convivncia entre navio e oleoduto.

    Para a extrao de petrleo, a grande dificuldade tecnolgica relaciona-se menos profundidade do que instabilidade da camada de sal. A Petrobras possui vrios poos de extrao de petrleo em guas profundas e domina essa tecnologia, mas a primeira vez que enfrenta o desafio de atravessar uma camada salina menos dura do que a rochosa, mas tambm menos estvel. Essa tecnologia pioneira est sendo desenvolvida em parceria com o Ncleo de Transferncia de Tecnologia (NTT) da Coordenao dos Programas de Ps-Graduao de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que h anos trabalha em parceria com a Petrobras.

    A corroso tambm um obstculo a ser enfrentado para a perfurao dos poos no pr-sal. Os tubos e as vlvulas instaladas no fundo do mar tero de resistir alta concentrao de CO2 e enxofre de alguns poos, e agressividade qumica do sal. Para lidar com esse problema, Sampaio informa que a Petrobras utiliza ligas de ao especiais, desenvolvidas por empresas multinacionais.

    A resistncia do ao contra possveis trincas no ambiente hostil do pr-sal dever ser aumentada com a introduo no mercado da tecnologia CLC (Continuous on Line Control) pela Usiminas, prevista para 2011. A empresa fez um acordo de transferncia dessa tecnologia com uma de suas acionistas, a japonesa Nippon Steel. Darcton Damio, diretor de pesquisa e inovao da Usiminas, explica que a tecnologia baseia-se num sistema de resfriamento acelerado das chapas de ao. o estado da arte em resistncia de ao e atender s necessidades da indstria de leo e gs, sobretudo para operaes no pr-sal, diz.

    Outro importante desafio compreender melhor a formao geolgica do petrleo e do gs do pr-sal. O sucesso da explorao dos novos campos depende de uma maior familiaridade com as to particulares caractersticas das rochas carbonticas microbianas brasileiras, as nicas no mundo que alojam hidrocarbonetos. preciso investigar mais sobre essas rochas e as trs camadas rochosas onde esto o petrleo e o gs do pr-sal: rocha geradora, rocha reservatrio e rocha selante (camada de sal). Para isso, a Petrobras firmou uma parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp).

    A organizao logstica mais um gargalo: como suportar o transporte das pessoas e o suprimento de cargas e diesel para a operao das sondas e das plataformas de produo? A distncia das acumulaes do pr-sal da costa de aproximadamente 300 quilmetros, que o alcance mximo da autonomia de voo da maior parte dos helicpteros. O tempo de navegao dos rebocadores tambm relativamente grande, em funo dessa distncia. A soluo, ainda em avaliao pela empresa, pode incluir a implantao de bases intermedirias entre a plataforma e a costa (hubs), onde haja diesel e carga armazenados e transferncia de pessoas de um transporte para outro.

    Outras pesquisas sobre o pr-sal e formas de vencer seus desafios vm sendo desenvolvidas em parcerias entre empresas, universidades e institutos de pesquisa, muitas em carter sigiloso, visto que a explorao desse mercado parece muito atraente e envolve interesses concorrentes. Segundo Sampaio, no h barreiras para a produo originria das acumulaes do pr-sal.

    QUEM PARTICIPA A petroleira nacional Petrobras, empresa com maior presena nas atividades de explorao e produo do pr-sal, pos-sui inmeros projetos de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias ligadas ao pr-sal. Seu centro de pesquisas, o Cenpes, est organizado em 30 unidades-piloto e 137 laboratrios. Um dos programas do Cenpes o Pr-Sal Progra-ma Tecnolgico para o Desenvolvimento da Produo dos Reservatrios Pr-Sal , que tem dezenas de projetos volta-dos para a busca de solues nas reas de engenharia de poo, engenharia de reservatrio e garantia de escoamento.

  • Alm disso, a Petrobras realiza parcerias tecnolgicas no mbito da Rede Galileu uma rede de alto desempenho envolvendo quinze universidades brasileiras, especializada em mecnica computacional e visualizao cientfica para solucionar seus problemas de engenharia e em acordos de cooperao com vrias universidades e institutos de pesquisa, como a Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de So Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de So Carlos (UFSCar), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo (IPT) e outros. Conforme informou a Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, entre 2006 e 2009 a empresa investiu cerca de R$ 1,8 bilho em universidades e institutos de pesquisa brasileiros. As obrigaes dos contratos de concesso levaram a empresa a instituir o modelo de redes temticas em 2006, e desde ento o nmero de temas abordados cresceu. Hoje j so 50 redes, reunindo 80 instituies no pas.

    Parques tecnolgicos, como o de Santos e do Rio, abrigam unidades de vrias empresas e institutos de pesquisa em projetos conjuntos sobre o pr-sal. O parque da UFRJ destaca-se tambm na incubao de empresas. Das 53 empresas nascidas no parque, 40% so da cadeia de petrleo, a exemplo da TGT, Ambidados, Virtually e Pam Membranas, diz Maurcio Guedes, diretor do parque.

    Participam tambm dos estudos e desenvolvimentos sobre o pr-sal diversas outras empresas de diferentes portes que atuam em mercados afins, com ou sem parcerias com a Petrobras como os fornecedores Schlumberger, Usiminas, Baker Hughes, Confab, StrataGeo Solues Tecnolgicas, Flamoil Servios, Lupatech, Fugro Lasa, PGS Petroleum Geo Services, CGG Veritas, entre outros.

    Grandes multinacionais concorrentes do prprio ramo do petrleo tambm se destacam na introduo de tecnologias desenvolvidas no mundo todo para explorao do pr-sal, como as norte-americanas Exxon, Amerada Hess e Anadarko, as portuguesas Galp e Partex, a espanhola Repsol, a anglo-holandesa Shell e a inglesa BG.

    RISCOS AMBIENTAIS Se muitas perspectivas econmicas apontam para a lucratividade dos negcios ligados ao pr-sal, o que dizer dos riscos ambientais envolvidos? O CO2, principal gs causador do efeito estufa, est presente em alta concentrao nos hidrocarbonetos do pr-sal. Separ-lo do gs natural e reinjet-lo em seu reservatrio subterrneo uma das propostas de soluo da Petrobras, que declarou intenes de no lanar o CO2 na atmosfera, o que exige mais investimentos e tecnologia.

    Ainda que a concepo do processo de reinjeo do gs no subsolo tenha sucesso, o refino do petrleo, bem como a fabricao de seus derivados e os subprodutos de sua utilizao so fortemente emissores de CO2, sem falar nos tradicionais riscos de vazamentos no mar e as srias consequncias sobre a vida marinha e as cadeias alimentares do planeta. Solues para esses problemas tambm devem entrar na pauta dos investidores no pr-sal.

    Dois projetos da Petrobras desenvolvidos por docentes do campus da Unesp do litoral paulista, em So Vicente, e aprovados pelo Promimp, buscam garantir aes rpidas e eficientes contra acidentes associados extrao e produo de petrleo na Bacia de Santos. Um deles prope a instalao de filtros base de carvo ativado no fundo do mar, para a absoro do leo em casos de vazamentos em navios ou plataformas. O outro visa implantao de um centro de referncia regional para estudos, controle e monitoramento de ambientes aquticos e terrestres, com o objetivo de proteger a biodiversidade das regies exploradas.

    A obteno da licena do Ibama para a prospeco do subsolo por atividades ssmicas depende da avaliao do estudo de impacto ambiental apresentado pela empresa que recebeu a concesso da rea, em conformidade com as normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). As reas de guas rasas (de profundidade at 400 metros) e do entorno do Atol de Abrolhos (BA) habitat de baleias jubarte so protegidas pelo Ibama e no podem receber atividades de explorao. Mas suspeita-se que, nas regies prospectadas, os pulsos sonoros da atividade ssmica possam ser causadores de desequilbrios na fauna marinha, resultando em encalhes de golfinhos e baleias, bem como de alteraes nos comportamentos de acasalamento e desova, e mesmo no desvio de rotas de tartarugas marinhas.

    Fonte: http://inovacao.scielo.br/pdf/cinov/v6n1/10.pdf , in: Conhecimento & Inovao v.6 n.1 Campinas 2010