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Page 1: Texto - Os Mitos Romanos

Os Mitos Romanos

Prof. Marcello Paniz Giacomoni

Roma possui dois grandes mitos de fundação, e ambos falam muito sobre como os

romanos olhavam para si próprios.

O primeiro, em termos cronológicos, conta a saga de Enéias. Tal herói, filho do

príncipe troiano Anquises com a deusa Vênus (ou Afrodite), teria sido um dos poucos

sobreviventes de Tróia, destruída completamente pelos gregos. Após se destacar naquela

guerra por sua grande coragem, o jovem nobre vagou pela Macedônia, por regiões da Grécia,

pela Sicília, até aportar na região do Lácio. Ao chegarem, desprovidos de alimentos,

dedicaram-se aos saques e pilhagens. O mais antigo povo que ali vivia, chamados de

Aborígenes, eram comandados pelo rei Latino. Rogava a lenda que tais homens eram tão

selvagens e fortes, que haviam sido gerados das árvores do Lácio. Após alguns confrontos

iniciais, Latino e Enéias entram em um acordo, e com o casamento de Enéias com a filha do

rei, Lavínia, selam uma aliança. Amata, a rainha de Latino, e Turno, rei dos rútulos, para

quem Lavínia havia sido prometida, movem uma guerra, que termina com a vitória de Enéias,

em combate singular contra Turno. Nessa guerra morre o rei Latino, e Enéias, para

homenagea-lo, passa a denominar a fusão dos Troianos com os Aborígenes de Latinos, o

futuro povo romano, e funda uma nova cidade, Alba Longa.

Nesse mito, contado por Virgílio durante o Império de Augusto, somam-se as

melhores qualidades possíveis ao povo romano: é nobre e guerreiro, fruto da união da realeza

troiana com uma deusa; possui a força da natureza selvagem, fruto da comunhão dos homens

com o seu meio. Exatamente a imagem que os romanos faziam de si mesmos: nobres e

civilizados, mas ao mesmo tempo fortes e guerreiros.

O segundo mito, mais famoso, trata dos gêmeos Rômulo e Remo, descendentes de

Enéias. A versão mais corrente apresentava como pai dos gêmeos o deus Marte, da guerra,

que teria seduzido a princesa Reia Sílvia. Ao percebê-la grávida, seu tio Amúlio (que havia

destronado seu irmão Numitor) a encarcerou até as crianças nascerem, quando ordenou que as

mesmas fossem largadas ao rio Tibre. Colocadas em uma cesta para que os deuses decidissem

seu destino, esse cesto encalhou na margem do rio, próximo ao Palatino, uma parte da futura

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cidade de Roma. Lá chegando, os gêmeos teriam sido alimentados por uma loba, que

recentemente havia tido filhotes e apiedou-se das duas crianças. Como a loba é um animal

consagrado ao deus Marte, o mito considera que foi esse deus que a enviou para cuidar das

crianças.

As mesmas foram recolhidas pelo pastor Faustulus, que as entregou a sua mulher,

Acca Laurentia, para que as criasse. Quando cresceram, não se contentaram em ser apenas

pastores: caçavam para fortalecer os corpos, e atacavam bandidos, afim de tomarem os

despojos, estando a frente de um grupo numeroso de jovens. Em certa situação, os bandidos

espoliados se organizaram, Remo foi feito prisioneiro e entregue ao rei Amúlio, sob diversas

acusações. Faustulus conta o segredo de seu nascimento para Rômulo, que com um pequeno

exército de amigos liberta seu irmão, assassina Amúlio e devolve o trono ao avô Numitor.

Os irmãos decidem então fundar uma nova cidade, com a autorização do avô.

Escolhem justamente o local onde foram amamentados pela loba. Para ela acorrem todo o

excesso de habitantes de Alba Longa, mais os pastores. Durante a disputa para decidir quem

seria o rei, e denominaria a cidade, Rômulo foi preferido pelos augúrios (sinais que os deuses

enviavam aos homens): durante as cerimônias, Remo viu aparecerem 6 abutres, enquanto

Rômulo viu 12.

Ao delimitar onde seriam as muralhas da cidade cavando um sulco na terra, Remo

teria debochado e saltado sobre a linha. Rômulo então, enfurecido, assassina o irmão,

pronunciando as seguintes palavras:

– “Assim acontecerá no futuro a quem saltar sobre as minhas muralhas”

Rômulo tornou-se então senhor absoluto do poder e a cidade fundada tomou o seu

nome: Roma!

Bibliografia:

GRIMAL, Pierre. Dicionário de mitologia grega e romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992.

TITO LÍVIO. História de Roma. São Paulo: Paumape, 1995.

VIRGÍLIO. Eneida. Brasília: UnB, 1975