texto narrativo (6)

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1. Categorias da narrativa 2. Estrutura de uma narrativa completa Narrador Personagens Acção Tempo (Quando?) Espaço (Onde?) participante ou presente na acção não-participante ou ausente da acção personagem principal ou protagonista personagem secundária figurantes Situação inicial Desenvolvimento 1 Conclusão 2 3. Modos de representação do discurso no texto narrativo Narração Descrição Diálogo ou discurso directo Texto narrativo O texto narrativo narra (conta, relata) uma história, ou seja, um acontecimento ou um conjunto de acontecimentos reais ou imaginados. 1. Categorias da narrativa Numa história distinguimos os seguintes elementos: narrador, personagens, acção, tempo e espaço. Estes elementos são designados por «categorias da narrativa». 1.1. Narrador O narrador não se deve confundir com o autor. O narrador é uma entidade fictícia que é a origem (fonte) da narrativa. Presença do narrador Narrativa na 1. a pessoa Narrativa na 3. a pessoa Narrador participante ou presente na acção: participa nos acontecimentos que narra, sendo uma das personagens da história. Quando o narrador está presente na acção, encontram-se marcas da sua presença ao longo da narrativa, ou seja, pronomes, determi- nantes e formas verbais da 1.ª pessoa gramatical: eu, me, minha, nossa, nós, etc. Ex.: «Embora, como disse, o Marcelino tenha quase a mesma idade que eu, às vezes, parece muito mais velho. Explicaram-me, em minha casa, que isto tem a sua razão de ser.» (pág. 40) Narrador não-participante ou ausente da acção: narra os acontecimentos sem neles intervir. Quando o narrador está ausente da acção, não se encontram marcas da sua presença, mas apenas pronomes, determinantes e formas verbais da 3.ª pessoa gramati- cal: ele, sua, lhe, si, etc. Ex.: «[Ele] Vendeu o carvão e o burro na cidade, [ele] vestiu-se com as sacas do car- vão e foi-se sentar na ponte a comer côdeas de pão de milho porque o dinheiro não dava para comprar bolos.» (pág. 22) 27 1 O desenvolvimento é também designado por «complicação». 2 A conclusão é também designada por «desfecho», «desenlace» ou «resolução».

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Page 1: Texto narrativo (6)

1. Categorias da narrativa

2. Estrutura deuma narrativacompleta

Narrador

Personagens

Acção

Tempo (Quando?)

Espaço (Onde?)

participante ou presente na acção

não-participante ou ausente da acção

personagem principal ou protagonista

personagem secundária

figurantes

Situação inicial

Desenvolvimento1

Conclusão2

3. Modos de representação do discurso no textonarrativo

Narração

Descrição

Diálogo ou discurso directo

Texto narrativo

O texto narrativo narra (conta, relata) uma história, ou seja, um acontecimento ou umconjunto de acontecimentos reais ou imaginados.

1. Categorias da narrativaNuma história distinguimos os seguintes elementos: narrador, personagens, acção,

tempo e espaço. Estes elementos são designados por «categorias da narrativa».

1.1. NarradorO narrador não se deve confundir com o autor. O narrador é uma entidade fictícia que é

a origem (fonte) da narrativa.

Presença do narrador

Narrativana

1.a pessoa

Narrativana

3.a pessoa

Narrador participante ou presente na acção: participa nos acontecimentos quenarra, sendo uma das personagens da história. Quando o narrador está presente na acção,encontram-se marcas da sua presença ao longo da narrativa, ou seja, pronomes, determi-nantes e formas verbais da 1.ª pessoa gramatical: eu, me, minha, nossa, nós, etc.

Ex.: «Embora, como disse, o Marcelino tenha quase a mesma idade que eu, às vezes,parece muito mais velho. Explicaram-me, em minha casa, que isto tem a sua razão deser.» (pág. 40)

Narrador não-participante ou ausente da acção: narra os acontecimentos semneles intervir. Quando o narrador está ausente da acção, não se encontram marcas da suapresença, mas apenas pronomes, determinantes e formas verbais da 3.ª pessoa gramati-cal: ele, sua, lhe, si, etc.

Ex.: «[Ele] Vendeu o carvão e o burro na cidade, [ele] vestiu-se com as sacas do car-vão e foi-se sentar na ponte a comer côdeas de pão de milho porque o dinheiro nãodava para comprar bolos.» (pág. 22)

271 O desenvolvimento é também designado por «complicação».2 A conclusão é também designada por «desfecho», «desenlace» ou «resolução».

Page 2: Texto narrativo (6)

1.2. Personagens

As personagens agem, ou seja, são elas que provocam o desenrolar da acção. Podem serseres humanos, animais, objectos ou mesmo fenómenos naturais, como a chuva, o vento, orelâmpago, etc.

Importância da personagem

Personagemprincipal ouprotagonista

Personagemsecundária

Figurantes

Tem o papel central na acção. Pode ser uma personagem individual (um herói ouuma heroína que, por vezes, dá o título à própria história) ou colectiva (como aconteceem alguns romances e novelas).

Exs.: Protagonista singular: o carvoeiro, em «O Doutor Grilo» (pág. 22). Protago-nista colectivo: o Júlio, a Ana, o David, a Zé e o cão Tim, em Os Cinco, de Enid Blyton.

É uma personagem com quem a personagem principal se vai relacionando ao longoda história e que, com as suas palavras e os seus actos, também faz avançar a acção.

Exs.: os estudantes, o rei, os dois criados, a princesa e os enfermos, em «O DoutorGrilo» (pág. 22).

São personagens, mencionadas ao longo da história, que ajudam a criar um ambiente.Ex.: os colegas do Marcelino, do Janeca e do Flávio, em «Uma História Verdadeira»

(pág. 40).

1.3. Acção ou intriga

A acção é a sequência de acontecimentos que constituem a história. Esses aconteci-mentos desenrolam-se num determinado espaço e num determinado tempo.

1.4. Tempo

A acção desenrola-se num espaço temporal, a época ou o momento em quedecorrem os acontecimentos. O leitor pode identificar a época ou o momento atravésde expressões de tempo que vão aparecendo ao longo da narrativa ou através docomportamento, modo de vestir, hábitos das personagens, etc.

Ex.: em «Uma História Verdadeira» (pág. 40), a história decorre na época actual enum dia lectivo.

1.5. Espaço

A acção desenrola-se num espaço geográfico, o lugar ou os lugares onde semovem as personagens. O leitor identifica esses espaços através das expressões delugar que vão aparecendo ao longo da narrativa. O lugar ou local da acção pode apre-sentar um determinado ambiente: calmo, romântico, monótono, agressivo, ameaça-dor, tempestuoso, etc.

Ex.: em «Uma História Verdadeira» (pág. 40), a história desenrola-se na escola. Estelocal tem, em determinados momentos da acção, um ambiente agressivo.

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2. Estrutura de uma narrativa completaNuma narrativa completa e pouco extensa, como, por exemplo, o conto popular, distin-

guimos facilmente os seguintes momentos na acção:

Quando?

Onde?

Page 3: Texto narrativo (6)

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3. Modos de representação do discurso no texto narrativoQuando falamos ou escrevemos, usamos a nossa língua: o Português. O que dizemos ou

escrevemos é o discurso. No texto narrativo encontramos, normalmente, três formas de discurso:

A professora perguntou-lhe: — Como te chamas?— Mindinho, minha senhora — respondeu o moço, a rir. Toda a aula se riu com ele. Até a professora.O Mindinho, que também se chamava

Pedro, era um miúdo feliz. À suavolta, espalhava alegria. Só de olharpara ele, um pitorrinho remexido esempre risonho, ficava uma pessoabem-disposta. Nem se reparava seera ou não o mais curto da aula.

António TORRADO, «Minorcas e Maiorcas»,in História do Dia, 3 de Outubro de 2003,

http://www.historiadodia.pt

Situaçãoinicial

Princípio

Desenvolvimento:peripécias e clímax

MeioConclusão,

desfecho oudesenlace

Fim

A situação inicial pode conter uma breve descrição de personagens, locais ouqualquer aspecto importante para a história. Apresenta-se também o problemaque altera a rotina ou vida habitual da(s) personagem(ns), produzindo desequilí-brio (a necessidade de concretizar um desejo, a revelação de um segredo, umacontecimento inesperado, etc.).

Ex.: em «O Doutor Grilo» (pág. 22) há um acontecimento inesperado: o car-voeiro descobre que os estudantes comem bem e decide tornar-se estudante.

Acontecimentos ou peripécias da história. O conjunto desses acontecimentosé a intriga. O ponto culminante da intriga é o clímax.

Ex.: em «O Doutor Grilo» (pág. 22), há um conjunto de peripécias que resul-tam da decisão do carvoeiro e que se encontram assinaladas ao longo da história.

Resolução do problema que deu origem à intriga. O final pode ser esperadoou inesperado, feliz ou trágico.

Ex.: em «O Doutor Grilo» (pág. 22), o problema que deu origem à história, ouseja, a necessidade que o carvoeiro sente de melhorar a sua vida, tornando-seestudante, realiza-se e o final é feliz.

Narração

Descrição

Diálogo oudiscurso directo

Quando a acção avança porque algo acontece: as personagens movem-se,falam, decidem, caminham, actuam. O verbo é a palavra essencial.

Quando são dadas informações sobre as personagens, os locais, os objectos,etc. Corresponde a uma pausa na acção.

Quando as personagens falam e o seu discurso é reproduzido directamente.

Ex.:

Narração

Diálogo

Descrição