texto de apoio - economia politica i - 2010
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Universidade Politécnica
A POLITÉCNICA
Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologia
Curso de Ciências Políticas
ECONOMIA POLÍTICA I
Texto de Apoio
Elaborado por:
Agostinho Machava Master in Economics
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 1
INTRODUÇÃO
A economia política aparece para dar noções fundamentais da economia sem as quais estaria
inviabilizado outras áreas das ciências políticas e juridíco-económicas.
I. Objectivos
No final da disciplina o estudante deve ser capaz de:
Entender a problemática da Economia e sua inserção na sociedade politicamente
organizada, que no contexto interior das soberanias nacionais, sobretudo de Moçambique,
quer no contexto mais amplo, de todo o mundo envolvente.
Avaliar os fenómenos económicos em função do desenvolvimento do seu país e do
universo circundante e de como a legislação pode comandar e ser comandado por esses
mesmos fenómenos.
II. Plano Temático:
Nº
Tema
Tema Horas por
Tema
1 Fundamentos da Economia, Conceitos Básicos 3
2 Sistemas Económicos 3
3 O Mercado 6
4 O Papel Económico do governo 9
5 Micro-economia 6
6 Teoria do Consumidor 3
7 Teoria de Produção 4
8 Análise de Custos 4
9 Teoria de Distribuição do Rendimento 6
10 Duas Avaliações 4
Total 48
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 2
III. Avaliação
A avaliação a esta cadeira será feita com base em 2 (dois) testes escritos de igual peso e
um ensaio em grupos de 4 a 5 elementos, nas semanas indicadas no plano analítico anexo.
V. Bibliografia
V.1 - Bibliografia de base:
Os estudantes são fortemente encorajados a criar hábitos de leitura como complemento das
matérias ministradas nas aulas. Os manuais básicos recomendados são:
Mankiw, N. Gregory (2001) Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Editora
Campus Ltda.
Neves, João Luis Cesar das (2001) Introdução à Economia. 6a Edição. Lisboa –
São Paulo: Editorial Verbo.
Rossetti, José Paschoal (2003) Introdução `a Economia. 20ª Edição. São Paulo:
Editora Atlas S.A.
Samuelson, Paulo A. e William D. Nordhaus (2005) Economia. 18ª Edição. Lisboa:
McGraw-Hill.
V.2 - Bibliografia auxiliar:
A Biblioteca tem outros Manuais de Economia à disposição. No entanto, aconselha-se
a leitura das edições mais actualizadas.
Texto de Apoio da Disciplina.
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 3
ANEXO
VIII. PLANO ANALÍTICO (detalhado):
Semana 1: 14 a 18 de Fevereiro
CAPITULO 1 Fundamentos da Economia, Conceitos Básicos BIBLIOGRAFIA OU
MATERIAL DE APOIO
AULA 1 Apresentação do Docente e dos docentes, do programa da
disciplina e definição das regras do curso.
Samuelson Cap. 1
Mankiw, Cap. 2
Rossetti, Cap. 1, 2 e 4
Texto de apoio
AULA 2
1.1 Economia como ciência e seu objecto de estudo;
1.2 Organizações e sistemas económicos da economia;
1.3 Problemas fundamentais de economia
1.4 Necessidades e tipos de bens económicos;
1.5 Factores de produção
1.6 Escassez, escolha e custo de oportunidade ( FPP)
Semana 2: 21 a 25 de Fevereiro
CAPITULO 2 Sistemas Económicos B/MA
AULA 3
2.1 Problemas de organização económica
2.2 Principais Formas de Organização Económica
2.3 Economia de Mercado (laissez faire)
2.4 Actividade Económica e os Agentes
económicos
Samuelson Cap. 1
Mankiw, Cap. 2
Rossetti, Cap. 1, 2 e 4
Texto de apoio
Semana 3: 28 de Fevereiro a 4 de Março
CAPITULO 3 O Mercado B/MA
AULA 4
3.1 Noções de Mercado, tipos e estruturas, circuitos
económicos
Das Neves: Cap. II(B)
Mankiw: Cap. 4, 14, 15, 16,
17 e 24
Rossetti: Cap. 8
Samuelson: Cap. 2,8,9 e 10
AULA 5 3.2 Teoria elementar da procura
Das Neves: Cap. II(B)
Mankiw: Cap. 4, 14, 15, 16,
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 4
17 e 24 - Rossetti: Cap. 8
Samuelson: Cap. 2, 8, 9 e 10
Semana 4: 07 a 11 de Março
CAPITULO 2 O Mercado B/MA
AULA 6
3.3 Teoria elementar da oferta
Das Neves: Cap. II(B)
Mankiw: Cap. 4, 14, 15, 16,
17 e 24
Rossetti: Cap. 8
Samuelson: Cap. 2, 8, 9 e 10
AULA 7
3.4 Equilibrio de mercado Das Neves: Cap. II(B)
Mankiw: Cap. 4, 14, 15, 16,
17 e 2
Rossetti: Cap. 8
Samuelson: Cap. 2, 8, 9 e 10
Semana 5: 14 a 18 de Março
CAPITULO 3 O Papel Económico do Governo B/MA
AULA 8 3.1 – Da teoria económica à política económica -
Introdução Texto de Apio
AULA 9 3.2 – A ligação entre o Estado e a Economia Texto de Apoio
Semana 6: 21 a 25 de Março
CAPITULO 4 O Papel Económico do Governo B/MA
AULA 10
3.3 Estado, Funções e Políticas de Intervenção na
Economia
3.4 Introdução ao Estudo da Política Económica
Texto de Apoio
AULA 11 3.5 Política económica à luz da ligação entre Estado e
“mão-invisível”. Texto de Apoio
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 5
Semana 7: 28 de Março a 01 de Abril
AULAS
PRÁTICAS
B/MA
AULA 12 Exercícios sobre os módulos 1 e 2 Ficha de Exercícios
AULA 13 Exercícios sobre os módulos 1 e 2 Ficha de Exercícios
Semana 8: 11 a 15 de Abril
CAPITULO 4 Micro-economia B/MA
AULA 14 4.1 Funcionamento dos mercados
Texto de Apoio
AULA 15 4.2 Organização da produção
Texto de Apoio
Semana 9: 18 a 22 de Abril
CAPITULO 4 Micro-economia
AULA 16 4.3 Política governamental e regulamentação
Texto de Apoio
AULA 17 4.4 Demanda e Oferta no Mercado de Factores;
Texto de Apoio
Semana 10: 25 a 29 de Abril
CAPITULO 6 Teoria do Consumidor B/MA
AULA 18 6.1 Introdução à teoria do consumidor
6.2 Lei da Utilidade marginal Texto de Apoio
AULA 14 6.3 Curva de Indiferença
6.4 Restrição orçamental Texto de Apoio
Semana 11: 02 a 06 de Maio
CAPITULO 7 Teoria do Consumidor B/MA
Aula 19 6.5 Equilibrio do consumidor Texto de Apoio
Aula 20 6.6 IPC e custo de vida Texto de Apoio
Texto de Apoio – Economia Política I
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Semana 12: 09 a 13 de Maio
CAPITULO 8 Teoria da Produção B/MA
Aula 21 8.1 Introdução à teoria do produtor
8.2 Lei dos Rendimentos decrescentes Texto de Apoio
Aula 22 8.3 Estágios de Produção
8.4 Maximização da produção Texto de Apoio
Semana 13: 16 a 20 de Maio
CAPITULO 9 Teoria de Custos B/MA
Aula 21 9.1 Introdução à teoria do consumidor Texto de Apoio
Aula 22 9.2 Custos fixos e variáveis
9.3 Isoquantas e isocustos Texto de Apoio
Semana 14: 23 a 27 de Maio
CAPITULO 10 Teoria de Distribuição de Rendimentos B/MA
Aula 21 10.1 Introdução – Conceitos básicos Texto de Apoio
Aula 22 10.2 Factores que determinam distribuição de
rendimentos
10.3 Meios e objectivos da distribuição de
rendimentos
Texto de Apoio
Semana 15: 30 de Maio a 03 de Junho
AULAS
PRÁTICAS
B/MA
Aula 21 Exercícios sobre os módulos 5 a 7 Ficha de Exercícios
Aula 22 Exercícios sobre os módulos 8 a 10 Ficha de Exercícios
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 7
CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DA ECONOMIA, CONCEITOS BÁSICOS
1. Definição de economia
A palavra economia deriva do grego oikonomía: oikos - casa, moradia; e nomos -
administração, organização, distribuição. Deriva também do latim oeconomìa: disposição,
ordem,. A Economia, ou atividade económica, consiste na produção, distribuição e consumo
de bens e serviços.
Como ciência, a economia faz parte das chamadas ciências sociais, e consiste no estudo da
forma como as sociedades utilizam de forma eficiente os recursos escassos para produzir
bens com valor e como os distribuem entre os individuos.
Para podermos compreender e explicar a realidade social (do homem em sociedade), temos de
recorrer a uma análise multidiciplinar das ciências sociais. As ciências sociais são
interdependentes e complementares e todas elas são necessárias à compreensão da realidade
do homem em sociedade, poís, cada uma estuda apenas uma das faces do fenómeno social.
2. Ciências sociais ligadas à economia
Psicologia (Expectativas, pressuposto de racionalidade, teoria de jogos);
História (uso de dados do passado para fazer projecções de comportamentos futuros);
Direito ( regulamentos de actividades económicas, ex: lei de concorrência);
Antropologia (decisão sobre a implantação de uma indústria de processamento de
carne de vaca na Índia);
Sociologia ( relação entre o sistema social e a organização da actividade económica);
Política (relação entre o sistema político e a organização da actividade económica);
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 8
3. Fenómenos Sociais e Fenómenos Económicos
Cada ciência estuda a mesma realidade social, ou seja, os mesmos fenómenos, mas em
prespectivas e dimensões diferentes. Não há verdadeiramente fenómenos exclusivamente
económicos, sociais ou políticos, poís os fenómenos são totais. À economia interessam todos
os fenómenos, estudando-os de forma específica e utilizando um método próprio. Os
fenómenos sociais são totais, podendo, no entanto, ser estudados sob perspectivas específicas,
daí podermos falar em fenómenos económicos.
4. Objecto de estudo da Ciência Económica
A natureza oferece ao homem um vasto conjunto de recursos que este transforma, de maneira
a satisfazer as suas necessidades. Porém estes recursos não são ilimitados, pelo contrário, eles
são escassos e finitos, havendo que ponderar a sua utilização.
Assim torna-se necessário realizar escolhas a fazer opções de como utilizar os recursos
escassos para satisfazer as necessidades humanas, que são múltiplas e ilimitadas.
Escassez: Numa situação de escassez os bens são limitados relativamente aos desejos – a
escassez é o problema central da ciência económica. Deste modo é importante que uma
economia faça o melhor uso dos seus recursos limitados, ou seja que os utilize de forma
eficiente.
Eficiência corresponde à utilização mais efectiva de recursos de uma sociedade na satisfação
das necessidades da população.Uma economia está a produzir de forma eficiente quando não
pode aumentar o bem-estar económico de um indivíduo sem prejudicar o de outro indivíduo
qualquer.
Outro objecto de estudo da ciência econômica a considerar é a atividade econômica exercida
pelo homem dentro de uma sociedade.
A economia é geralmente dividida em dois grandes ramos: a microeconomia, o ramo da
economia que estuda o comportamento de entidades individuais como os mercados, as
empresas e as famílias. Adam Smith é considerado o fundador da microeconomia tendo escrito
a obra de referência A Riqueza das Nações (1776); e a macroeconomia que estuda o
desempenho global da economia como o crescimento económico, a inflação, o desemprego, o
investimento e o consumo global. John Maynard Keynes é considerado o fundador da
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 9
macroeconomia tendo escrito a obra de referência Teoria Geral do Emprego, do Juro e do
Dinheiro (1936).
Actualmente, a economia aplica o seu corpo de conhecimento para análise e gestão dos mais
variados tipos de organizações humanas (entidades públicas, empresas privadas, cooperativas
etc.) e domínios (internacional, finanças, desenvolvimento dos países, ambiente, mercado de
trabalho, cultura, agricultura, etc.).
Outras formas de divisão da disciplina são:
a distinção entre economia positiva ("o que é", que tenta explicar o comportamento ou
fenômeno económico tal qual esse se apresenta) e economia normativa ("o que deveria
ser", que tenta explicar o comportamento ou fenômeno económico de acordo com a
norma ou com o “ideal”, frequentemente relacionado com políticas públicas);
a distinção entre economia ortodoxa, aquela que lida com o nexo "racionalidade-
individualismo-equilíbrio", e a economia heterodoxa, que pode ser definida por um
nexo "instituições-história-estrutura social".
5. Objectivo da ciência económica
É o de analisar os problemas económicos e formular soluções para resolvê-los, de forma a
melhorar nossa qualidade de vida.
6. Falácias na ciência económica
Tal como nas demais ciências socias, em economia por vezes se cometem erros de
raciocínio, ou seja, falácias. Os mais típicos são:
(i) A falácia da composição é uma falácia que ocorre sempre que se admite que
aquilo que é verdade para uma parte do sistema, então também é verdade para
todo o conjunto, sendo muito frequente no raciocínio económico. Por exemplo,
se a quantidade de peixe pescado por uma traineira num determinado dia for
excepcionalmente elevada, o rendimento dos seus pescadores aumentará;
contudo, é natural que, se todas as traineiras conseguirem pescar quantidades de
peixe muito elevadas, o rendimento do conjunto dos pescadores seja mais
baixo. Concluir o contrário seria cair na armadilha da falácia da composição
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 10
(ii) Post hoc é a abreviatura de post hoc, ergo propter hoc, que traduzida
literalmente do latim significa "a seguir a isto, logo necessariamente, por causa
disto". A falácia do post hoc é uma falácia que tem a haver com a dedução de
causalidade, sendo muito frequente no raciocínio económico. Esta falácia
ocorre sempre que, pelo simples facto de um determinado acontecimento
preceder um outro, se conclui que o primeiro acontecimento é causa do
segundo.
7. Outros conceitos básicos
Custo de oportunidade – valor da melhor alternativa sacrificada.
Necessidade Humana é a sensação de falta de alguma coisa unida ao desejo de
satisfazê-la. As necessidades biológicas do ser humano renovam-se dia-a-dia. Nem
todas as necessidades humanas podem ser satisfeitas. A elevação do padrão de vida e a
evolução tecnológica fazem surgir novas necessidades.
Um bem é procurado, porque é útil.
A Utilidade é a capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana.
Bem é tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana, podem ser materiais e
imateriais.
Os Bens são classificados quanto à sua raridade: Bens Livres e Bens Económicos.
Bens Livres: São aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com
pouco ou nenhum esforço humano, ou seja, sua utilização não implica relações de ordem
econômica. Bens Livres não possuem preço, isto é, tem preço zero, como o mar, a luz solar, o
ar. O ar é um bem livre, pois a terra oferece ar para todas as pessoas em quantidades maiores
do que as desejadas por todos os indivíduos.
Bens Económicos: São relativamente escassos e supõe a ocorrência de esforço humano na sua
obtenção, por esse motivo, possuem preço, ou seja, preço maior que zero.
Os Bens Económicos se classificam quanto à sua natureza:
(i) Bens Materiais são tangíveis, e podemos atribuir características como peso, altura etc.
Por exemplo: alimentos, roupas, livros, eletrodomésticos.
Texto de Apoio – Economia Política I
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Bens Materiais classificam-se quanto ao seu destino em: Bens de Consumo e Bens de Capital.
Bens de Consumo: são aqueles diretamente utilizados para a satisfação das
necessidades humanas. Podem ser duráveis, usados por muito tempo, como os móveis,
os eletrodomésticos, ou não duráveis, desaparecem uma vez utilizados, como
alimentos, cigarro.
Bens de Capital ou Bens de Produção: são aqueles que permitem produzir outros bens.
Como as máquinas, computadores, equipamentos, instalações, edifícios.
Tanto os Bens de Consumo como os Bens de Capital podem ser classificados como Bens
Finais Bens Intermediários.
Bens Finais são aqueles que já passaram por todos os processos de transformação,
estão acabados.
Bens Intermediários são aqueles que ainda precisam ser transformados para atingir sua
forma definitiva.
Bens Privados: são os produzidos e possuídos por particulares. Como por exemplo, os
automóveis, eletrodomésticos.
Bens Públicos: são o conjunto de bens gerais fornecidos pelo setor público.Como a
educação, a justiça, segurança, transporte.
(ii) Bens Imateriais (ou Serviços) - "Serviço são bens imateriais, não podem ser tocados e
nem estocados, pois são intangíveis". Fazem parte dessa categoria de bens os cuidados
de um médico, os serviços de um advogado. Acabam no mesmo momento de sua
produção.
Recursos Produtivos ou Factores de Produção: São elementos utilizados no processo de
fabricação dos mais variados tipos de bens ou serviços, para a satisfação das
necessidades. Classificam-se em: Recursos Naturais, Mão de Obra, Capital, Capacidade
Empresarial ou Know How.
Recursos Naturais: Os recursos naturais ou reservas naturais constituem a base sobre a
qual se exercem as atividades dos demais recursos, pois se encontram na origem de
Texto de Apoio – Economia Política I
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todo o processo de produção.Compreende todos recursos da natureza, como florestas,
recursos minerais e hídricos, energia solar, ventos, marés, a gravidade da Terra, que
são utilizados na produção de bens económicos.
Mão de Obra: todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de bens
e serviços. Como o trabalho no sentido económico do serviço prestado de um médico,
do operário da construção civil, a supervisão de um gerente de banco, o trabalho de
um agricultor no campo.
Capital ou Bens de Capital: o conjunto de bens fabricados pelo homem e que não se
destinam ao consumo para a satisfação das necessidades, mas utilizados no processo
de utilização de outros bens. É o conjunto de riquezas acumuladas pela sociedade,
destinadas à produção de novas riquezas. Inclui,além de máquinas e equipamentos,
ferramentas e instrumentos de trabalho, infra-estrutura econômica e social.São todos
os edifícios e todos os estoques dos materiais dos produtos, incluindo os bens
intermediários (parcialmente acabados) e os finais (acabados).
Capacidade Empresarial ou Know How: alguns economistas incluem como fator de
produção por ser uma função fundamental no processo produtivo, por organizar a
produção, reunindo e combinando os demais factores de produção. É o conjunto de
habilidades e de conhecimento que dão sustentação ao processo de produção, os
franceses chamam de saber fazer (savoir faire), e os ingleses de como fazer (know
how).
A característica básica de que os recursos produtivos ou factores de produção são
limitados.são limitados e escassos, ou seja, não existem em quantidade suficiente para
produzir todos os bens desejados pela sociedade. Implica que a sua utilização irá constituir
rendimento, uma remuneração, aos proprietários desses factores, na seguinte ordem:
Texto de Apoio – Economia Política I
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Factor de Produção Remuneração
Recursos Naturais (Terra) Renda
Mão-de-obra (Trabalho) Salário
Capital Juros
Capacidade Empasarial Lucro
Para efeitos de simplificação de análise, considera-se os seguintes recursos produtivos pu
factores de Produção:
A terra (A) – representa a dádiva da natureza para os processos produtivos: terra
para agricultura, habitação, fábricas e estradas; recursos energéticos utilizados nos
transportes e aquecimento; recursos não energéticos como o cobre, o ferro e a
areia. Actualmente o conceito de recursos naturais inclui os recursos ambientais
tais como o ar puro e a água potável.
O trabalho (L) consiste no tempo dispendido pelos indivíduos nos processos de
produção. É o factor de produção mais comum e mais crucial numa economia
avançada.
O capital (K) é formado pelos bens duráveis de uma economia que se destinam à
produção de outros bens. Os bens de capital incluem máquinas, estradas,
computadores, martelos, camiões, máquinas de lavar e edifícios.
Mercado é um local ou um contexto em que compradores e vendedores de bens ,
serviços ou recursos estabelecem contatos e comercializam.
Os mercados estão no centro da atividade econômica.
Um mercado usa preços para conciliar decisões sobre consumo e produção.
Texto de Apoio – Economia Política I
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(iii) Possibilidades tecnológicas da sociedade - Recursos limitados implicam escolhas
Cada espingarda que é fabricada, cada barco de guerra que é lançado ao mar, cada míssil
que é disparado significa, em última instância, um roubo a quem tem fome e não tem o que
comer.
“Every gun that is made, every warship launched, every rocket fired signifies in the final
sense, a theft from those who hunger and are not fed, those who are cold and are not
clothe”d.
Presidente Dwight D. Eisenhower
16 Abril 1953
A Fronteira das Possibilidades de Produção - FPP - representa o máximo que uma
economia pode produzir usando todos oes recursos disponíveis, incluindo tecnologia.
Exemplo de Fronteira das Possibilidades de Produção - FPP Espingardas vs manteiga
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Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 15
CAPÍTULO II
SISTEMAS ECONÓMICOS
A palavra sistema significa conjunto organizado e/ou estruturado; a palavra económico
refere-se a algo que é relativo à economia; portanto, a expressão sistemas económicos
significa a forma como a sociedade está organizada para desenvolver as atividades
económicas. O Sistema Económico é que rege as atividades económicas de produção, troca e
consumo de bens e serviços. São todas as regras existentes em uma economia.
O Sistema Económico é constituído por todas as leis, regulamentos, costumes e práticas
tomadas em conjunto, e suas relações com os componentes de uma economia (agentes
económicos). O Sistema Económico é o reflexo da essência doutrinária de teorias económicas
e sociais e retrata a vida econômica em cada momento histórico
O homem ao abandonar a vida nômade de coleta de meios de subsistência, estabelecendo-se
em locais fixos para cuidar do cultivo do solo e de colheitas, ao manter rebanhos e
desenvolver rudimentares atividades artesanais e de serviços de apoio à vida sedentária, teve
a necessidade de organizar-se, portanto, os países se organizam economicamente.
1. Problemas de organização económica
Existem três principais problemas da organização económica a saber:
(i) Quais os bens a produzir ?
Uma economia tem de determinar quanto deve produzir de cada um dos inúmeros bens e
serviços possíveis e quando deverão ser produzidos. Devemos produzir manteiga ou
espingardas ?
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 16
(ii) Como são os bens produzidos?
Uma economia tem de determinar como deve produzir cada um dos bens e serviços, ou seja
quem produz, com que recursos e com que tecnologia. Quem cultiva a terra e quem ensina ?
(iii) Para quem são os bens produzidos ?
Uma economia tem de determinar quem irá usufruir dos bens e serviços produzidos. Qual é a
distribuição justa do rendimento e da riqueza ?
2. Principais Formas de Organização Económica
(i) Economia de mercado
Numa economia de mercado os indivíduos e as empresas privadas tomam as decisões sobre a
produção e o consumo. Um sistema de preços, de lucros e prejuízos, de incentivos e prémios
determina o quê, como e para quem.
(ii) Economia dirigida
Numa economia dirigida o governo toma todas as decisões importantes acerca da produção e
distribuição dos bens e serviços. O Estado possui a maior parte dos meios de produção, é o
maior empregador e dirige a actividade das empresas.
(iii) Economia mista
Uma economia mista combina elementos de mercado e de direcção central. Nunca existiu
uma economia de mercado pura embora a Inglaterra do século XIX se aproxime dessa
situação.
Texto de Apoio – Economia Política I
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3. A Economia de Mercado
Numa Economia de Mercado, como dos países capitalistas, o Mercado é que dá respostas para
as questões fundamentais da economia. Toda economia opera segundo um conjunto de regras
e regulamentos. A sociedade desenvolve suas atividades segundo esse sistema de regras e
regulamentos em termos políticos, económicos e sociais.
O sistema económico de uma Economia de Mercado (de países capitalistas) pode ser:
1. Sistema de concorrência pura (sem interferências do governo)
"Laissez-faire": O mercado resolve os problemas económicos fundamentais (o que e quanto,
como e para quem produzir), como guiados por uma mão invisível, sem a intervenção do
governo.
Características:
Promove o equilíbrio dos mercados pelo mecanismo de preço;
Promove o equilíbrio dos mercados com base na filosofia do liberalismo económico.
Advoga a soberania do mercado, sem interferência do Estado. Este deve
responsabilizar mais com justiça, paz, segurança, e deixar o mercado resolver as
questões económicas fundamentais).
2. Sistema de concorrência mista (com interferência governamental)
Uma economia mista é uma economia em que o governo e o mercado compartilham decisões
de o que, como e para quem produzir.
Características:
O mercado sozinho não garante que a economia opere sempre com pleno emprego dos
seus recursos. Necessitando de maior atuação do Setor Público na economia.
Agentes Económicos integrantes de um Sistema Económico de Concorrência Mista
(Com a Interferência do Governo):
(i) Unidades Familiares englobam diferenciadas formas de unidades domésticas,
unipessoais e familiares, segundo as quais a sociedade se encontra segmentada.
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 18
São essas unidades que detém a posse e domínio dos factores de produção,
colocando-os à disposição das empresas.
(ii) Empresas tem como principal característica comum a intertividade, isto é,
nenhuma subsiste isoladamente, cada uma depende direta ou indiretamente de
todas as demais e as operações produtivas descrevem-se por um permanente e
complexo processo de entradas-e-saídas.
(iii) Governo interagindo com as unidades familiares e as empresas, o governo destaca-
se como agente económico produtor de bens e serviços públicos, além de ser um
centro de geração, execução e julgamento de regras básicas para a sociedade como
um todo.
4. Actividade Económica e os Agentes económicos
Actividade Económica: Conjunto de relações que os homens estabelecem com os bens e
serviços e com os recursos disponíveis visando a satisfação das necessidades e a resolução
dos problemas económicos.
A nossa vida quotidiana identifica-se com a actividade económica, visto que a maioria das
tarefas e realizações do Homem visam a satisfação das necessidades. Essa actividade é
económica porque produz bens e serviços utilizando convenientemente os recursos escassos.
O funcionamento da actividade económica exige a realização e a dinamização de várias
actividades: o Consumo, a Produção, a Distribuição, a Repartição do rendimento e a
Acumulação.
A venda da produção gera um conjunto de rendimentos que são repartidos pelos vários
intervenientes sob a forma de salários, lucros, rendas e juros
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 19
CAPÍTULO III
O MERCADO
3.1 Conceito de Mercado
Em economia, o termo mercado designa um local, físico ou não, no qual os compradores e os
vendedores se confrontam para estabelecer o preço e a quantidade de um determinado bem
que pretendem transaccionar.
Em qualquer mercado, o mecanismo regulador é o preço; se comprador e vendedor chegam a
acordo no preço relativamente a determinado bem, isso significa que para o comprador o bem
vale tanto ou mais do que o preço estabelecido e que para o vendedor o bem vale tanto ou
menos do que o preço estabelecido. Além disso, os preços estabelecidos no mercado
funcionam como verdadeiros sinais para toda a economia: se, por exemplo, os consumidores
aumentarem o seu desejo por determinado bem, o preço desse bem tem tendência a aumentar,
dando assim um sinal aos produtores que devem produzir mais quantidade desse mesmo bem.
O inverso acontecerá se os compradores passarem a desejar menos quantidade do bem.
Quando se fala em mercado, pode-se falar em mercado de bens de consumo (por exemplo,
mercado das batatas) ou mercado dos factores produtivos (por exemplo, mercado petrolífero,
mercado financeiro ou mesmo mercado de trabalho). As leis e mecanismos que se aplicam ao
mercado dos bens de consumo e ao mercado dos factores produtivos são as mesmas: por
exemplo, no mercado de trabalho também existe um encontro entre a oferta
(famílias/trabalhadores) e a procura (empresas/empregadores), formando-se um preço que
regulará esse mercado (o salário); da mesma forma, no mercado financeiro existe o encontro
entre quem tem dinheiro para emprestar ou aplicar e quem dele necessita, formando-se um
preço que é a taxa de juros.
3.2 Classificação dos Mercados
O mercado é o local onde se encontram os vendedores e compradores de determinados bens e
serviços. Antigamente, a palavra mercado tinha uma conotação geográfica que hoje não mais
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subsiste, uma vez que os avanços tecnológicos nas comunicações permitem que hajam
transações econômicas até sem contato físico entre o comprador e o vendedor, tais como nas
vendas por telefone e/ou Internet.
Os economistas classificam os mercados as seguinte forma:
1. Concorrência perfeita – Trata-se de um mercado caracterizado pelos seguintes fatores:
a) Existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores;
b) O produto transacionado é homogêneo;
c) Há livre entrada e saída de empresas no mercado;
d) Perfeita transparência, ou seja, perfeito conhecimento pelos compradores e vendedores,
de tudo o que ocorre no mercado;
e) Perfeita mobilidade dos recursos produtivos.
Como se percebe por suas características, o mercado de concorrência perfeita não é
facilmente encontrado na prática, embora possa se afirmar que os mercados que mais se
aproximam dela são os mercados de produtos agrícolas.
O mercado de concorrência perfeita é estudado pelos economistas para servir como um
paradigma (referencial de perfeição) para análise dos outros mercados.
2. Monopólio – é o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor. O
monopólio pode ser legal ou técnico. Ex: Electricidade de Moçambique,
Telecomunicações de Moçambique, Águas de Moçambique.
3. Oligopólio – é o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em que,
apesar de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a
maior parte do mercado. Ex: Moçambique Celular e Vodacom Moçambique.
4. Monopsônio – é um mercado em que há apenas um único comprador.
5. Oligopsônio – é o mercado caracterizado pela existência de um pequeno número de
compradores ou ainda que, embora haja um grande número de compradores, uma pequena
parte destes é responsável por uma parcela bastante expressiva das compras ocorridas no
mercado.
Texto de Apoio – Economia Política I
Economia Política I – CP/CJ- ESGCT | Agostinho Machava 21
6. Concorrência Monopolística – trata-se de um mercado em que apesar de haver um grande
número de produtores (e, portanto, ser um mercado concorrencial), cada um deles é como
se fosse monopolista de seu produto, já que este é diferenciado dos demais.
Esta não é a única classificação possível dos mercados, embora seja a mais utilizada.
Uma importante diferenciação entre as estruturas de mercados reside no grau de controle
que vendedores e compradores têm sobre o preço pelo qual o produto é transacionado no
mercado.
Na concorrência perfeita, nenhum vendedor ou comprador, considerado isoladamente, tem
influência sobre o preço de mercado. Neste mercado, portanto, é somente a influência
conjunta de todos os vendedores e de todos os compradores quem determina o preço de
mercado.
Nas demais estruturas de mercado, ou o vendedor ou o comprador, isoladamente, pode impor
um preço ao mercado.