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PARTE I ‐ MICROECONOMIA CAPÍTULO I – Do conhecimento corrente ao conhecimento científico 1) Do conhecimento corrente ao conhecimento científico Para a construção do conhecimento científico podem considerar‐se 3 situações: Real: aquilo que nos rodeia (por exemplo, um gato); Real observado; O trabalho sobre o real observado: o Recolha de informação; o Técnicas de captação e trabalho de informação; o Metodologia científica; o Conceitos e sua validação. No real observado é necessário considerar: Noção do acontecimento e capacidade cognitiva de apreensão; Facilidade de explicar o real observado; Explicações ao sabor da apreensão (“senso comum”). Na construção do conhecimento científico, é necessário ter em conta: Recolha de informação; Técnica de captação e trabalho da informação; Metodologias científicas; Do empirismo à construção científica. O conhecimento científico é então realizado com base em: Definições Teoria Objeto teórico da ciência Validação 2) Falácias coeteris paribus, composição e post‐hoc a. Falácia coeteris paribus

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PARTE I ‐ MICROECONOMIA

CAPÍTULO I – Do conhecimento corrente ao conhecimento científico

1) Do conhecimento corrente ao conhecimento científico

Para a construção do conhecimento científico podem considerar‐se 3 situações:

Real: aquilo que nos rodeia (por exemplo, um gato); Real observado; O trabalho sobre o real observado:

o Recolha de informação;o Técnicas de captação e trabalho de informação;o Metodologia científica;o Conceitos e sua validação.

No real observado é necessário

considerar:

Noção do acontecimento e capacidade cognitiva de apreensão; Facilidade de explicar o real observado; Explicações ao sabor da apreensão (“senso comum”).

Na construção do conhecimento científico, é necessário ter em conta:

Recolha de informação; Técnica de captação e trabalho da informação; Metodologias científicas; Do empirismo à construção científica.

O conhecimento científico é então realizado com base em:

Definições TeoriaObjeto teórico

da ciênciaValidação

2) Falácias coeteris paribus, composição e post hoc‐

a. Falácia coeteris paribus

Nesta falácia compreendem‐se as situações em que há uma generalização de conceito, aplicado a todos. Esta generalização está geralmente ligada à necessidade de existir um modelo que cubra praticamente todas as opções possíveis, apesar de haver uma minoria que se pode desviar do modelo previsto. Pode ocorrer também quando se

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pretende simplificar uma realidade.

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b. Falácia da composição

Esta falácia ocorre quando se aplicar ao geral aquilo que se aplica ao particular. Ou seja, aplicar as mesmas medidas a todos, quando estas funcionam num caso particular. É uma situação onde se valoriza o método indutivo e, para evitar esta falácia, só se deve aplicar a casos iguais o que é igual.

c. Falácia post hoc‐

Falácia baseada no método dedutivo, com nexo‐causalidade. Ocorre quando se supõe que aplicar uma dada situação leva a um dado efeito. Por exemplo, supor que um aumento de polícia na rua é derivado de um aumento do crime pode ser um caso em que existe esta falácia, se considerarmos que a situação real de haver mais polícia na rua é o aumento da população.

CAPÍTULO II – Definição de Economia

1) Breve referência aos autores

Como principais autores da origem da Economia e da sua definição, encontram‐se:

Adam Smith: fundador da Economia Moderna, sobretudo pelos seus escritos em “Riqueza das Nações”; Alfred Marshall: propunha o estudo do ser humano, da sociedade e dos assuntos correntes da vida. Publicou

os “Princípios de Economia” e foi também o autor das “curvas Marshallianas” da oferta e procura; Paul Samuelson: Refere que e a Economia é o estudo da forma como são utilizados recursos escassos para

produzir bens com valor (utilidade) e como se distribuem entre os indivíduos.

2) Problematização da organização económica

A Economia tende a responder a 3 questões fundamentais:

Que bens produzir?o Que produtos, quantidades, quando? O que procuram os consumidoreso Relacionado com a economia de procura (consumidor)

Como produzir?o Por quem? De que forma produzir e qual a tecnologia a usar?o Relacionado com a economia de oferta (produtores)

Para quem produzir?o Quem beneficia com a produção?o Como dividir a produção entre as diversas famílias?

No final da unidade curricular, estes conceitos deverão estar todos respondidos, pois é para eles que se vão trabalhar os conceitos de microeconomia.

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CAPÍTULO III – Princípios básicos da Economia

Os fundamentos para os princípios básicos da Economia são:

Tomada de decisão pelas pessoas (consumidores vs produtores); Interação entre as pessoas (mercado); Economia global.

1) Tomada de decisões pelas pessoas

Na base da tomada de decisões encontram‐se os conceitos de:

Tradeoff Decisão racional vs vantagem marginal Custo de oportunidade Racionalidade vs incentivos

a. Princípio A – Tradeoff

As pessoas escolhem permanente, realizando tradeoff, tentando tomar a melhor decisão possível pois nada é grátis. Implicitamente está o conceito da tomada de decisão racional. No entanto, surgem dois obstáculos:

Problema de eficiência: melhor resultado com menor custo; Problema de equidade: comprar de forma igual o que é igual e de forma diferente o que é diferente.

b. Princípio B – Custo de oportunidade

Custo de oportunidade: aquilo que é preciso abdicar para ter algo em troca. Por exemplo, do que tenho de abdicar para ir à aula? Do que tenho de abdicar para passar a tarde na esplanada? Qual a quantidade de milho que abdico se só semear batatas?

c. Princípio C – Racionalidade

As pessoas racionais decidem e comparam os sacrifícios com as vantagens marginais, aplicando o princípio da racionalidade e do equilíbrio. Se é necessário tomar uma decisão na margem de lucro ou perda, tem de se comparar o sacrifício com a vantagem, podendo haver situações em que é indiferente a decisão.

d. Princípio D – Incentivos

O ser humano tende a responder a incentivos e, por vezes, estes tentam que se decida de forma irracional, algo que é necessário contrariar para poder maximizar o proveito.

2) Interação entre as pessoas

Na base da interação entre as pessoas encontram‐se os conceitos de:

Busca de ganho para todos Mercados regulam as trocas

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Exceções do mercado

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a. Princípio A – Busca de ganho para todos

Todos tentam ganhar, através de trocas que estabelecem no mercado, com vista a garantir a sobrevivência humana.

b. Princípio B – Mercados regulam as trocas

Os mercados onde se efetuam e regulam as trocas são o espaço da organização económica ‐> Adam Smith.

Mercado: lugar de troca; Limite do mercado ‐> se o mercado passar a gerir tudo, poderá existir problemas nas trocas (poderá ser

importante a existência da “mão invisível” como regulador).

c. Princípio C – Exceções do mercado

Em certos casos onde haja excesso de mercado, podem existir exceções com a atuação do Governo, que assegure uma melhor equidade e eficiência do mercado ‐> papel regulador relacionado com o princípio B.

3) Economia global

Na base da economia global encontram‐se os conceitos de:

Padrão de vida do país Inflação/moeda/desemprego Globalização da economia

a. Princípio A – Padrão de vida do

país O padrão de vida de um país depende

de:

Capacidade de produzir bens e serviços; Bens produzidos com base nos recursos utilizados (vide “Produtividade”).

Com este princípio percebe‐se que a economia vai discriminar os que produzem, os que não produzem e os que produzem de forma mais eficiente.

b. Princípio B – Inflação/moeda/desemprego

A inflação tem tendência a subir sempre que há aumento da procura do bem ou aumento da moeda em circulação. Contudo, o emprego só cresce com crescimento económico, mas neste caso é preciso ter cuidado com as falácias.

c. Princípio C – Globalização da economia

A sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre a inflação e o emprego: ou há inflação ou há emprego.

4) Curva de Phillips e contributo de Edmund Phelps

a. Curva de Phillips

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Segundo este autor, há um tradeoff de curto prazo entre a inflação e o emprego, que permite perceber a relação entre ambos. Esta relação explica que uma menor taxa de inflação leva a uma maior taxa de desemprego e vice‐ versa. Acontece que esta teoria apresenta limitações a longo prazo, na medida em que se verificou que nem sempre tal acontece nas chamadas economias desenvolvidas.

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Perante esta situação, verifica‐se também que a longo prazo o mais importante factor não vai ser apenas o valor da taxa de inflação mas sim a forma como ela varia.

b. Contributo de Edmund Phelps

Este autor revê a curva de Phillips e verifica que a relação entre inflação e desemprego não é inversa no longo prazo, pois há alterações das duas de forma simultânea, sobretudo em alturas de crise. Assim, Phelps propõe que tal situação pode ocorrer quando há um equilíbrio salarial que está acima do equilíbrio de mercado (por exemplo, devido aos sindicatos).

CAPÍTULO IV – Ferramentas de apoio à compreensão dos fenómenos económicos

Conceitos fundamentais para representar, analisar e compreender os fenómenos económicos:

Mancha e reta de valores, que permitem traçar curvas de dispersão ou regressão; Coordenadas cartesianas: conjunto de valores, em par, que se representam sobre um eixo ortonormado (por

exemplo, o par preço/quantidade); Inclinação da recta: calculada através do seu declive; Obliquidade da recta; Inclinação num dado ponto: calculada através do declive da recta tangente a esse ponto; Deslocação:

o Ao longo da curva: quando vamos sobre uma curva e analisamos os vários pares de valores;o Da curva: quando a curva altera o seu local no gráfico, refletindo uma nova situação.

Inclinação vs elasticidade.

1) Inclinação, obliquidade, relação direta e inversa

∆y

a. Inclinação vs obliquidade: a inclinação é dada pelo cálculo do declive da reta, ou seja, ∆x

.

b. Relação direta e inversa

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2) Eficiência, ineficiência e impossibilidade

De acordo com os gráficos traçados sobre um eixo cartesiano, é possível perceber de que forma há uma relação entre as variáveis. Desta forma, é também possível distinguir 3 zonas:

Zona de ineficiência: aquela em que não se tira o máximo proveito da relação que temos; Zona de máxima eficiência: ocorre sobre os pontos da curva, designando‐se também por “pontos óptimos

de Pareto” ou apenas “óptimos de Pareto”; Zona de impossibilidade: quando estamos fora da curva, pelo que nem sequer poderá ser considerado.

CAPÍTULO V – Procura e oferta em mercados perfeitos

NOTA: Apesar de nas aulas ter sido dado o conceito de “elasticidade” antes da curva de oferta e procura, e atendendo a que os termos a utilizar em termos de elasticidade levam à necessidade de compreensão destes conceitos, alterou‐se a ordem pela qual foi dada nas aulas, referindo‐nos primeiro à procura e oferta e, a posteriori, ao conceito de elasticidade.

Na Microeconomia tenta‐se compreender o comportamento de pessoas, famílias e empresas, em cada um dos mercados que compõem a economia. Assim, tenta‐se perceber o que produzir e para quem/como produzir.

Mercado: lugar de trocas por excelência, sendo hoje em dia “substituído” pelo mercado sob a forma digital.Este lugar de trocas, antigamente, era físico mas, com a evolução da tecnologia, um computador poderá ser o local de trocas e, por isso, fazer automaticamente parte de todo o “mercado” digital.

1) Mercado de concorrência perfeita (teórico)

Para melhor se compreender o funcionamento do mercado, torna‐se necessário compreender diversos modelos. O mais simples é o modelo de mercado de concorrência perfeita, onde será baseado grande parte do estudo a efetuar. Mais tarde, passar‐se‐á para os mercados de concorrência imperfeita (reais), aqueles que são os que acontecem no quotidiano. Os conhecimentos apreendidos em mercado de concorrência perfeita são aplicáveis aos restantes mercados, pese embora a existência da falácia coeteris paribus, que tem de se ter em conta.

Como premissas de um mercado de concorrência perfeita, tem‐se:

Número ilimitado de agentes compradores: isto significa que os consumidores são “infinitos”; Número ilimitado de agentes vendedores: corresponde a um número ilimitado de produtores; Produtos similares; Plena disponibilidade de informação aos agentes económicos: apenas possível em mercados de

concorrência perfeita, dado que no mercado real – imperfeito – podia dizer‐se que “o segredo é a alma do negocio”;

Preço de mercado como um dado inalterável; Entrada e saída de empresas do mercado, de forma livre e em qualquer altura.

2) Função, determinante e lei

Função: relação matemática entre duas variáveis; Determinantes: corresponde a todas as variáveis que se poderiam considerar para a formação de uma lei,

donde se vão extrair as mais importantes, uma vez que é impossível considerar todas as variáveis para a

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formação da lei (atenção à falácia coeteris paribus...).

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Uma função corresponde a uma relação matemática entre duas variáveis, da qual costuma resultar uma lei. Contudo, é necessário ter em atenção que, até se encontrar uma função e, consequentemente, uma lei, é necessário passar por um processo de “afinação”, tendo em conta todos os determinantes de uma possível situação.

Como exemplo, imagine‐se que se quer formar uma lei que preveja o número de idas ao shopping nos domingos à tarde. Como determinantes, poderíamos ter os seguintes:

Trânsito que vou encontrar (nº de automóveis que circulam); Dinheiro que tenho para gastar; Vontade de ir ao shopping; Necessidade de ir comprar algo; Facilidade de estacionamento; Número de lojas existentes; Amigos que posso encontrar; Quantidade de brindes que posso receber.

Como se pode ver, nenhum destes critérios é uma lei mas deles podemos extrair, por hipótese, um que melhor se relacione com o número de vezes que se vai ao shopping num domingo à tarde. Se após um aturado estudo se concluísse que a melhor hipótese para descrever o comportamento das pessoas era o factor “trânsito que vou encontrar”, então a função que iria criar era função IDA = função “número de automóveis a circular” vs “número de idas ao shopping”, do qual resultaria uma possível lei, que era a lei “Ida ao shopping”.

Esta lei poderia traduzir‐se em: “Quanto maior for o número de automóveis a circular, menor é o número de idas ao shopping”. Isto poderia ser expresso por um gráfico idêntico ao seguinte:

Como é óbvio, esta lei – tal como as restantes que veremos – padecem da falácia coeteris paribus, na medida em que nem todas as pessoas deixam de ir ao shopping por causa do trânsito que encontram, mas este poderia ser um possível modelo que descreveria a maioria da população, pelo que seria o modelo a ter em conta.

Desta forma, percebe‐se então a aplicação das falácias às funções Oferta e Procura que se verão de seguida.

3) Função/lei da PROCURA

Determinantes da função procura:

Preço; Quantidade procurada pelos consumidores; Rendimento médio disponível; Preço dos produtos relacionados (substitutos ou sucedâneos); Conjuntura da economia; Gostos pessoais, etc.

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Ora, como se pode ver, existem variadíssimos determinantes para os consumidores, na medida em que os factores que os levam a procurar um bem ou serviço podem ser imensos. Contudo, a microeconomia conclui que, dos vários factores apresentados, existem dois que permitem explicar a grande maioria dos casos que ocorrem no dia‐a‐dia. Estes factores são preço e quantidade.

Assim, uma função PROCURA terá sempre de ser uma relação entre os factores preço e quantidade, mas esta relação não é uma lei! Esta função dá é origem a uma lei, que é a lei da procura.

Lei da procura: “A quantidade procurada de um bem no mercado varia na razão inversa do seu preço”

A leitura desta lei é relativamente simples: se o preço de um bem sobe, a quantidade procurada desce e se o preço desce, a quantidade procurada aumenta. É a realidade diária de todos os consumidores…

Graficamente, esta lei é representada pela seguinte figura:

Atrás vimos os determinantes que melhor explicariam a relação entre as variáveis que mais interessam aos consumidores: preço e quantidade.

4) Determinantes e variações da lei da PROCURA

A lei da procura pode sofrer desvios, que podem ser de variados tipos. No entanto, como é uma relação entre duas variáveis, estes desvios têm de estar relacionados com o factor preço e o factor quantidade.

Diz‐se então que a lei da procura também tem determinantes, dos quais se destacam:

Efeito rendimento: variação no rendimento do consumidor (dinheiro que tem para gastar na compra dos produtos);

Efeito substituição: possibilidade de substituir um bem por outro semelhante (por exemplo, óleo por azeite).

Na prática, o que estes efeitos pretendem demonstrar é a deslocação da curva da procura em função do aumento ou diminuição do rendimento do consumidor e da possibilidade de substituir uns bens por outros, na relação preço/quantidade.

No caso do primeiro efeito – efeito rendimento – dá‐se uma variação em função do aumento ou da quebra do rendimento por parte do consumidor, podendo haver deslocação da curva em ambos os sentidos.

Já no segundo efeito – efeito substituição – o mais provável é que seja uma deslocação da curva no sentido de se aproximar do vértice (valor zero), pois s quando há efeito de substituição há uma queda de preço, uma vez que o consumidor passa a preferir consumir marcas mais baratas (é o que acontece em alturas de crise, em que as marcas

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brancas aumentam o volume de venda).

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Figura 1 ‐ Efeito do aumento (esq.) e diminuição do rendimento (dir.)

Ao conjunto de todas as curvas de procura dá‐se o nome de “procura agregada”, que traduz a procura global do mercado, ou seja, o consumo nacional.

5) Função/lei da OFERTA

Sendo esta uma função que diz respeito sobretudo aos produtores, os determinantes da função oferta podem ser:

Preço; Quantidade produzida e disponível para ser vendida; Custos de produção (factores de produção); Preços dos bens relacionados; Políticas governamentais; Externalidade, etc.

Note‐se que estes determinantes estão relacionados com aquilo que qualquer produtor pretende: produzir o máximo para obter o maior lucro, ao menor custo. Da mesma forma que no caso da função de procura, também a função oferta é definida pela relação entre a quantidade e o preço, pelo que são desconsiderados os restantes determinantes enunciados.

Contudo, ao contrário da função procura, a função oferta relaciona quantidade e preço de forma proporcional, ou seja, quanto maior é um factor, maior é o outro. Isto na prática pode parecer um consenso, pois tem‐se sempre a ideia de que há uma descida de preço se a oferta aumenta; no entanto, o que a lei da oferta vai traduzir é uma situação contrária:

Lei da oferta: “Quanto maior é o preço que é pago pelo mercado, maior é a quantidade que o produtor tende a oferecer ao mercado”

Isto é coerente com os conceitos explicados pois, afinal, o objetivo de qualquer é ganhar o máximo possível com o negócio e, havendo mercado para comprar os produtos mesmo que estes aumentem depreço, há que fornecê‐los ao mercado.

Resumindo: na prática, a função oferta relaciona quantidade e preço de forma direta e a lei da oferta traduz isso, na medida em que refere que quanto maior é o preço que um mercado paga por um produto, maior é a quantidade que o produtor está disposto a colocar à venda, pois um preço mais elevado incentiva a produção.

Mais uma vez, é preciso não esquecer a falácia coeteris paribus, na medida em que esta lei apenas é um modelo que representa a maioria do mercado, mas que pode não se

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aplicar em todos os casos.

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6) Determinantes e variações da lei da OFERTA

Da mesma forma que a lei da procura tem factores que a podem influenciar, também a lei da oferta padece do mesmo problema, sendo que neste caso apenas se aplica um efeito:

Lei dos rendimentos marginais decrescentes: esta lei diz‐nos que, à medida que os produtos vão sendo produzidos em maior quantidade, o rendimento marginal vai decrescendo. Esta lei também é conhecida como “lei das produtividades marginais decrescentes”.

7) Equilíbrio do mercado

No caso dos mercados perfeitos, o equilíbrio é atingido entre a procura e a oferta, uma vez que os produtores e consumidores são infinitos, tal como se viu nas premissas para considerar o mercado perfeito. Assim, o preço de equilíbrio é atingido quando se verifica que há um ponto de equilíbrio entre procura/oferta. É aquilo a que se chama a representação da cruz Marshalliana:

Zona de excedente de produto: há mais produto do que aquele que o mercado precisa

Preço de equilíbrio Zona de escassez de produto: há

menos produto do que aquele que o mercado precisa

CAPÍTULO VI – Mercados imperfeitos

Nos mercados imperfeitos, deixa de haver as condições previstas anteriormente para os mercados perfeitos. Assim, passa a haver situações de concorrência, que pode ser mais ou menos agressiva, e que são:

1. Monopólio é o caso extremo de concorrência imperfeito. Um único vendedor com controlo total sobre um ramo de actividade. É a única empresa a produzir no respectivo sector de actividade e não existe outro sector de actividade e não existe outro sector a produzir um produto substituto próximo. Os verdadeiros monopólios hoje em dia são raros. No longo prazo, nenhum monopolista se encontra completamente livre de ser atacado por concorrentes.

Ex: uma companhia farmacêutica que descobre um novo medicamento fantástico será protegida por uma patente que lhe dá controlo de monopólio sobre esse medicamento durante um certo nº de anos.

1. Oligopólio: Significa “poucos vendedores”. Poucos, neste contexto, podem ser apenas 2 ou de 10 a 15 empresas. O aspecto importante é que cada empresa individualmente pode influenciar o preço de mercado. Os sectores são oligopolísticos são bastante comuns nas economias desenvolvidas.

Ex: No sector da aviação, a decisão de uma única companhia de baixar as tarifas pode desencadear uma guerra de preços que força a descida das tarifas de todas as suas concorrentes.

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1. Concorrência monopolística: Ocorre qiando um nº elevado de vendedores produz produtos diferenciados. Esta estrutura de mercado faz lembrar a concorrência perfeita pelo facto de existirem muitos vendedores, nenhum dos quais tem uma grande quota de mercado, mas difere pelo facto dos produtos vendidos por empresas diferentes não serem idênticos.

Ex: O caso clássico é o mercado de retalho das gasolinas. Pode ir ao posto local da bomba X ainda que tenha um preço ligeiramente superior porque fica a caminho. Mas se o preço da bomba X sobe mais do que uns milésimos acima da concorrência, você pode mudar para o posto Y que fica um pouco mais longe.

Nota: O “monopólio” é também conhecido como “monopólio puro”, pese embora nas aulas ter sido referido como “monopólio puro” o que tem apenas 1 ou 2 produtores e como “monopólio” aquele que tem alguns (muito poucos) produtores.

Apesar de num oligopólio existirem diversos produtores ou na concorrência monopolística existirem muitos produtores, isso não elimina a competição entre eles, muitas vezes baseada em factores de produção e competitividade, tal como se verá mais adiante.

Assim, é necessário considerar também que neste tipo de mercados há que ter em conta:

Controlo de propriedade ≠ controlo de gestão: conceito de “corporate governance”; Informação e inovação são fundamentais; Correções aos desvios do mercado.

Corporate Governance

Quando uma empresa cresce e opera no mercado imperfeito, pode ocorrer uma separação entre quem é o dono e quem é o gestor. Neste caso, há a necessidade de o gestor prestar contas aos donos (que podem ser acionistas), tendo em conta a equidade no tratamento dos stakeholders, dos direitos dos acionais e da proteção dos trabalhadores, bem como de credores e outros. Visa ainda promover a transparência da gestão e a competividade das empresas.

1) Informação e inovação

Segundo Joseph Schumpeter, há a necessidade de actos empreendedores por parte de empresários que sejam também eles empreendedores. Este autor defendia a economia da oferta, em que haja difusão da informação e inovação, sendo este factor primordial para que a economia cresça. Para tal, é necessário ter em conta:

Só com lucro aliciante se aceita o risco: ninguém investe (arrisca) sem a perspetiva de poder lucrar bastante com isso. Como exemplo, temos a Bayer que investiu milhões na descoberta da Aspirina, correndo o risco de não obter vantagem caso toda a investigação falhasse mas, como o lucro em caso de descoberta era enorme, valia a pena correr o risco;

A informação é normalmente negligenciável em mercado concorrência imperfeita;

Custos de I&D só possíveis com elevados custos;

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Patentes de investigação + direitos de propriedade industrial.

Como é fácil perceber, a segunda premissa está diretamente relacionada com as últimas duas.

2) Desvios e correções do mercado

Por vezes, o mercado tende a dominar posições e podem ocorrer desvios ao regular funcionamento dos mercados (por exemplo, situações de monopólio). As entidades reguladoras têm por missão evitar (ou pelo menos, tentar evitar) que tal aconteça, pelo que é necessário ter em conta que nos mercados imperfeitos é preciso, segundo Milton Freedman:

Políticas anti‐trust; Incentivos à concorrência; Regulamentação; Propriedade estatal e controlo administrativo de preços; Impostos e taxas.

CAPÍTULO VII – Elasticidade

1) Elasticidade

a. Conceito de elasticidade

Elasticidade: é a forma como uma variável reage à evolução de outra variável, ambas em termos percentuais.

Enquanto o conceito de função está diretamente relacionado com uma relação, o conceito de elasticidade está relacionado com o conceito de reação. Por exemplo, se aumenta a idade, aumenta o número de cabelos brancos (relação idade/cabelos brancos). Se aumenta o lucro de uma empresa cotada em bolsa em 20%, há uma reação proporcional de subida dessas ações em bolsa, também em termos percentuais.

b. Tipos de elasticidade

A elasticidade permite perceber as relações percentuais entre as variáveis, em termos de reação de mercado, sendo que existem 4 situações possíveis:

Elastic demand Unit‐elastic Demand Inelastic Demand ‐> preço rígido Straight‐line

Para a microeconomia, os tipos de elasticidade mais importantes são:

Elasticidade de procura (demand): ED ‐> Importante para o produtor

Variação % da quantidade procurada de um bem ou de um factor de produção, quando há uma variação % no preço de um bem ou factor de produção.

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Esta elasticidade, tal como a curva da procura, varia na razão inversa, ou seja, quando se diz que ED = 5, significa que uma variação de 1% no preço de um bem implica uma queda de 5% na quantidade procurada.

Elasticidade de oferta (supply): ES ‐> Importante para o consumidor

Variação % da quantidade oferecida de um bem ou de um factor de produção, quando há uma variação % no preço de um bem ou factor de produção.

Esta elasticidade, tal como a curva da oferta, varia na razão direta, ou seja, quando se diz que ES = 3, significa que uma variação positiva (aumento) de 1% no preço de um bem implica um aumento de 3% na quantidade oferecida pelo produtor. Isto significa que, mesmo com uma pequena oscilação de subida do preço, há um aumento elevado da oferta.

Elasticidade do rendimento (yield): EY ‐> Importante para o produtor

Variação % da quantidade procurada de um bem ou de um factor de produção, quando há uma variação % no rendimento daquele que procura o bem (consumidor).

Varia na razão direta. Resumidamente, interessa para o produtor perceber o que pode acontecer em termos de procura de um bem, quando há uma variação no rendimento disponível dos consumidores. Isto significa que, sendo uma proporção direta entre ambos, se o rendimento disponível aumenta, a quantidade procurada do bem também tem tendência a aumentar, ainda que possa não ser na mesma quantidade. Note‐se que, sendo elasticidade, referimo‐nos sempre em termos percentuais.

Elasticidade cruzada ‐> Importante para o produtor

Variação % da quantidade procurada de um bem ou de um factor de produção, quando há uma variação %:

o Em bens complementares: bens consumidos com outros bens. Por exemplo, pão com manteiga: se o preço da manteiga baixar drasticamente, o mais provável é que haja um maior aumento do consumo de manteiga, consequentemente, aumentar o consumo de pão;

o Em bens substitutos ou sucedâneos: bem que pode ser consumido para substituir outro (por exemplo, azeite pode ser substituído por óleo, manteiga pode ser substituída por margarina).

CAPÍTULO VIII – Consumidores

1) Procura e comportamento dos consumidores

O consumidor racional busca sempre o melhor compromisso entre aquilo que o mercado oferece (bens e serviços) e o preço que é exigido.

Questão: Como escolhe o consumidor?Resposta: Racionalmente, escolhe sempre o bem/serviço a que atribui maior valor/utilidade/satisfação pessoal.

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a. Conceito de utilidade do ponto de vista do consumidor

Utilidade é o gozo ou satisfação pessoal que retiro ao consumir um bem ou serviço.

b. Conceito de valor

Valor está associado aquilo que se convencionou que o bem ou serviço vale em termos monetários (por exemplo, o valor de uma nota de 5 euros só é 5 euros porque todos acreditamos nisso, sendo os bens transacionados com base nessa crença coletiva).

Note‐se que o conceito de valor é diferente do conceito de utilidade, pois podem existir situações de bens muito úteis e pouco valiosos (por exemplo, água) ou de bens pouco úteis e muito valiosos (por exemplo, ouro).

c. Excedente do consumidor

Excedente do consumidor refere‐se aquilo que podemos retirar a mais do bem, sem pagar mais por ele (no caso do produtor, este conceito é diferente). É, no fundo, a satisfação que retiro a mais de um bem sem despender mais por isso.

Exemplo: se uma pessoa estiver cansada, retira maior satisfação ao sentar‐se num banco de jardim que outra que não esteja cansada. (ambas pagam o mesmo, mas a primeira usufruiu mais do descanso).

d. Lei da utilidade marginal decrescente

À medida que vamos consumindo um bem, a satisfação que vamos retirando desse consumo é cada vez menor.

Exemplo: se estiver a passear num jardim e estiver muito cansado, a satisfação que retiro ao sentar‐me pela primeira vez é maior do que da 10ª vez em que resolver descansar no mesmo jardim, pois a satisfação de descansar é diferente (menor).

Esta lei terá aplicabilidade quando o consumidor for fazer compras, uma vez que a questão que vai colocar é se vale a pena comprar maior quantidade de um bem em relação ao qual não vai retirar mais satisfação. Por exemplo, para quê comprar 30 embalagens de iogurtes se só lhe apetece comer um? (No fim das 30 caixas, o mais certo é estar enjoado!)

a. Paradoxo do valor

De acordo com o que foi dito para a lei da utilidade marginal decrescente, ocorre o paradoxo do valor: quanto maior for a quantidade de um bem, menor é o seu valor relativamente à última unidade consumida.

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CAPÍTULO IX – Produtores

1) Oferta e comportamento dos produtores

Pelo lado dos produtores, há sempre a preocupação da obtenção do máximo lucro com menor custo, para os bens/serviços oferecidos.

a. Teoria da produção e função produção

Produção: Determina a quantidade de produto que pode ser produzida, com um determinado conjunto de fatores de produção.

Função produção: relação entre os inputs e outputs da produção, contemplando vários determinantes.

Factor de produção: instrumento ao serviço do produtor para transformar recursos em bens. Os factores de produção são quatro e serão estudados mais adiante:

Factor trabalho; Factor terra; Factor capital; Factor gestão e organização (management).

b. Produção

Produção total: diz respeito à quantidade de produto obtido num dado período de tempo (por exemplo, o número total de pares de sapatos que uma fábrica produz durante um dia);

Produção média: total de bens / variável, ou seja, é o total de bens que produzo a dividir pela variável que considero (por exemplo, uma hora, um dia, etc);

Produção marginal: total produzido a mais quando tomo a decisão de produzir na margem (por exemplo, o número total de pares de sapatos que produzo se fizer uma hora extra de trabalho).

Nota: no caso dos produtores, a produção marginal é muito importante quando se pretende verificar se vale a pena trabalhar mais uma hora extra, com os encargos que daí advém. Contudo, e no mercado real, verifica‐se que pode ser importante não obter mais lucro com esta produção a mais, mas pode ser importante ponderá‐la quando se pretende satisfazer o cliente. Ocorre assim um compromisso entre o que posso ter no presente em relação ao que posso vir a ter no futuro.

c. Lei dos rendimentos marginais decrescente (ou lei da produtividade marginal decrescente)

Tal como para os consumidores existe a lei da utilidade marginal decrescente, também existe uma lei equivalente para os produtores. Esta lei traduz‐se em “à medida que um produtor vai adicionando mais quantidade de um factor

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(por exemplo, factor trabalho), o rendimento marginal vai decrescendo”.

Isto significa que, variando um factor de produção e mantendo fixos, há uma altura em que há uma inversão da produção e começa a haver um produto marginal tendencialmente decrescente.

Um exemplo seria o de que, ao longo do dia, o trabalhador vai perdendo capacidade, pelo que aumentar o número de horas pode traduzir‐se numa perda de rendimento marginal, uma vez que mais horas implica amior cansaço e poderá aumentar o número de erros que o trabalhador comete, diminuindo o produto marginal. Geralmente, esta lei é considerada no curto prazo e com um factor fixo e um variável.

Por exemplo, num escritório, se tiver 3 trabalhadores cada um no seu computador, há uma determinada produção. Se duplicar o número de trabalhadores (aumento do factor trabalho) e não aumentar o número de computadores (manter o factor capital, onde são refletidos os equipamentos), a minha produção diminui pois não é possível ter 2 trabalhadores por cada computador a trabalhar simultaneamente.

2) Função produção e avanço tecnológico

a. Produtividade diferente de competividade- ( capacidade de, baseados em produtividade crescente, (rendimentos à escala) potenciar a conquista de mercados por recursos a diferenciação, inovação, etc )

Produtividade relaciona a produção total e a média de fatores necessários para obter essa produção.No caso da produtividade, não interessa o total de bens produzidos mas antes a quantidade que consigo produzir em função dos recursos que tenho. De nada interessa produzir muito e mal ou “desaproveitar” recursos. Assim, produtividade e produção são conceitos diferentes.

Deste conceito surge alguma confusão no dia‐a‐dia quando se diz que as empresas apresentam uma fraca produtividade. Isto porque, em muitas empresas, apenas há a preocupação de produzir em quantidade, mesmo que com os mesmos factores se pudesse produzir mais e melhor.

Um caso típico desta situação é o aumento de produtividade que se pode conseguir ao dispor as máquinas de outra maneira ou ao colocar uma máquina a fazer uma tarefa repetitiva, com vista a aumentar a quantidade produzida com este novo recurso. O gráfico ao lado ilustra esta situação.

b. Produtividade Marginal

É a produtividade obtida na margem, ou seja, a produtividade que se consegue obter quando há um aumento marginal de um factor de produção. Por exemplo, se comprar uma máquina nova, qual o ganho a mais na produtividade?

c. Rendimentos à escala

Rendimento à escala: ocorre quando uma empresa varia os seus factores de produção e estes podem levar a uma alteração substancial quantidade produzida do produto. Estes podem ser:

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Rendimentos crescentes à escala: um aumento dos factores de produção leva a um forte aumento da quantidade produzida (por exemplo, gastei 10 mas obtive uma produção de 20). É o caso em que um pequeno investimento numa máquina pode levar a que a produção aumente 20 vezes mais;

Rendimentos constantes à escala: o aumento dos factores de produção é proporcional ao aumento da quantidade produzida (por exemplo, gastei 10 mas obtive apenas uma produção de 10);

Rendimentos decrescentes à escala: o aumento dos factores de produção é inversamente proporcional ao aumento da quantidade produzida (por exemplo, gastei 10 mas obtive uma produção de apenas 5).

d. Custos de produção

Deve ter‐se em atenção para não confundir custos com gastos, dado que são conceitos diferentes. Os custos de produção são quatro e compreendem:

Custos fixos: aqueles que se tem de pagar, independentemente de se estar a produzir ou não. Por exemplo, a renda, o aluguer do telefone ou do contador de luz, etc.;

Custos variáveis: aqueles que poderão variar em função da produção. Por exemplo, o custo das matérias primas – pode variar se são nacionais ou importadas – ou o custo do combustível, pois só é gasto se houver algo a transportar;

Custos totais: dado pela soma de custos fixos + custos variáveis; Custos unitários:

custo total

unidades produzidas (acaba por ser o custo por unidade);

Custos marginais: aqueles custos que a empresa tem quando decide trabalhar na margem. Por exemplo, o custo associado a fazer horas extras.

Pese embora não seja incluído nos custos de produção, existe ainda um outro tipo de custo – custo de contexto – como é o caso, por exemplo, da lentidão na justiça, a formação das pessoas, etc.), que poderá influenciar nas decisões dos produtores e que será discutido aquando dos factores de produção, nomeadamente no “management”.

e. Excedente do produtor

O excedente do produtor é aquilo que o produtor consegue ganhar a mais por ser mais eficiente do que os restantes produtores. Quando não há excedente de produtor, significa que se está a trabalhar sem vantagem, pelo que um pequeno “deslize” e entra‐se na situação de insolvência, devido à concorrência do próprio mercado.

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Em termos mais simples, poder‐se‐ia afirmar que o excedente do produtor é uma espécie de “prémio de eficiência”, na medida em que favorece aqueles que são mais eficazes.

Excedente do consumidor

Excedente do produtor

Zona de excedente

Nota: “zona de excedente” do mercado é um conceito diferente de “excedente do consumidor” ou “excedente do produtor”, na medida em que traduz uma zona onde há maior oferta que procura e não está relacionada com utilidade ou eficiência.

CAPÍTULO X – Factores de produção

Os factores de produção são quatro e permitem perceber todos os custos associados à produção e organização industrial. Pretendem ainda dar resposta ao “Como se produz?” e ao “Para quem se produz?”. Contudo, é necessário ter em conta dois conceitos associados:

Rendimento: fluxo permanente de valores eu recebo como factor de produção. Está associado ao conceito de rendibilidade;

Riqueza: resultado acumulado de rendimentos, durante um certo período de tempo. Está associado ao conceito de rentabilidade.

1) Factor TRABALHO (L ‐ labour)

Este factor está associado ao número de horas de trabalho. Como conceitos relacionados, temos:

Salário: é o custo do factor trabalho e pode ser bruto, nominal ou real; Salário bruto: é a soma do salário pago ao trabalhador mais a soma dos seus impostos e da entidade

patronal (descontos para I.R.S. + Seg. Social); Salário nominal: aquilo que recebo em euros; Salário real: aquilo que consigo comprar com o que recebo em euros, ou seja, com o salário nominal.

Quando há diminuição do salário real, é comum falar‐se em “perda do poder de compra”.

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a. Curva da procura do factor trabalho

Quando se está no mercado, há necessidade de mão‐de‐obra para trabalhar. Desta forma, existe a curva de procura do factor trabalho, vista como a curva que relaciona o salário nominal e quantidade procurada do factor trabalho. De acordo com esta curva, quanto maior é a oferta do factor trabalho, menor é o seu preço e vice‐versa.

b. Razões para a deslocação da curva da procura do factor trabalho

Entre as razões para a deslocação desta curva, encontram‐se:

Progresso tecnológico: a evolução tecnológica permite dispensar trabalhadores, baixando os custos; Desemprego estrutural: a conjuntura poderá levar a um aumento de desemprego, com maior número de

desempregados e isso traduz‐se num abaixamento do valor a pagar em termos de salário; Deslocalização industrial e protecionismo: ao deslocalizar‐se uma industria, poderá haver diminuição dos

custos do factor trabalho; Imigração/emigração: acumulação de capital humano ou falta dele; Etc.

c. Curva da oferta do factor trabalho

Esta curva estabelece a relação entre o salário nominal e a quantidade oferecida. É a única curva que pode inverter, a partir do momento em que se verifica que não compensa continuar a trabalhar, levando assim a que haja uma inversão. Por exemplo, quando alguém já obteve rendimentos suficientes para poder ir jogar golf, pode deixar de trabalhar por entender que tem mais “utilidade” ir jogar golf do que trabalhar.

Isto acontece porque o efeito sobre o rendimento é agora maior que o efeito da substituição, ou seja, a utilidade de uma hora extra de lazer é maior do que a utilidade obtida com o rendimento do trabalho.

d. Razões para a deslocação da curva da oferta do factor

trabalho Entre as razões para a deslocação desta curva, encontram‐se:

Número de horas disponíveis para trabalho por cada trabalhador; Quadro reivindicativo (sindicatos); Efeito rendimento: quando uma pessoa está a trabalhar mas aquilo que ganha não compensa e, nesse caso,

deixa de trabalhar, passando a preferir receber subsídio de desemprego. Também está relacionado com o deixar de compensar trabalhar devido ao aumento da carga fiscal;

Efeito substituição: quando é possível substituir um empregado. Por exemplo, quando posso substituir 2 engenheiros por um engenheiro e um técnico, baixando assim os salários;

Etc.

2) Factor TERRA (l ‐ land)

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Factor terra: é considerado todo o conjunto da crosta terrestre em que é possível transformar as matérias‐ primas em bens e serviços.

O factor terra pode ir variando, uma vez que é possível descobrir novos locais ou recursos que podem ser transformados. Por exemplo, se de repente se descobrisse petróleo no meio de uma serra onde só existissem pedras, aumentava‐se o factor terra dessa área, pois passava a ser possível utilizar uma área que, neste momento, não é possível utilizar.

Contudo, a terra é um factor de investimento, uma vez que não há quem fabrique mais, pelo que a sua oferta é fixa. Assim, apenas se pode comprar mais terra a alguém, portanto não há curvas de oferta mas sim pontos de oferta, em função do preço.

a. Renda económica pura

Renda económica pura consiste no pagamento de qualquer factor de produção que tenha uma oferta fixa.Neste caso, fala‐se de renda porque está associado ao conceito de riqueza e fala‐se de pura porque não é negociada.

3) Factor CAPITAL (K)

Factor capital: é o factor de produção de natureza financeira, monetário ou técnico (bens de capital); Bens de capital: é o capital técnico que é necessário para a produção (por exemplo, imóveis, equipamentos,

existências, etc.);

a. Remuneração dos bens de capital

A remuneração dos bens de capital pode ser realizada de duas formas distintas, em função do tempo que decorre para tal. Desta forma, tem‐se:

Temporariamente: geralmente associado ao conceito “sem propriedade”, referindo se‐ a:

o Renda se aplicado aos bens imóveis ou que necessitem de registo (carros, aviões, etc.)o Aluguer se aplicado aos bens móveis

Por muito tempo: geralmente associado ao conceito “com propriedade”, referindo se‐ a:

o Amortização: quando se fala de bens intangíveis, ou seja, aqueles que não são físicos (por exemplo, pagamento de um empréstimo ao banco);

o Reintegração: quando se fala de bens tangíveis, ou seja, aqueles que são materialmente físicos (por exemplo, uma máquina).

Nota: as amortizações e reintegrações são fundamentais para as empresas, na medida em que é necessário refletir todos os bens associados à empresa, com vista à compreensão das contas, geralmente sob a forma de balanços ou relatórios de contas.

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b. Ativos financeiros/poupanças/juros

Juro: preço a pagar pelo capital ou por um bem financeiro/monetário; Taxa de juro: medida do juro; Taxa de juro nominal: aquela que vem no contrato e que tenho de receber/pagar ao banco; Taxa de juro real: aquela que efetivamente traduz o que tenho de receber/pagar. Isto significa que, se tiver

uma determinada taxa de juro nominal mas a taxa de inflação subir, a taxa de juro real tem um impacto muito maior.

Exemplo: No caso de uma aplicação em que deposito dinheiro no banco, a taxa de juro nominal seria, por hipótese 3%. Isto é o valor declarado pelo banco no contrato que assume e que, no final do período estabelecido (por exemplo, 1 ano), seria pago pelo banco. Contudo, se a inflação subir 2%, a taxa de juro real é de apenas 1%, pois é a diferença entre o que o banco paga e o que perco com a subida dos preços.

c. Spread e cálculo das taxas de juro

Existem diversas taxas de juro, nomeadamente a Euribor, Libor, TAEG, TANB e TAEL. Contudo, a Euribor é uma das que mais afeta a economia europeia, na medida em que é uma taxa de referência da Zona Euro, funcionando como um indexante para a maioria dos créditos realizados pela banca. Para tal, recomenda‐se uma leitura das aulas práticas.

Spread consiste no prémio de risco que se tem, sendo por vezes conhecido como “o lucro do banco” no que toca a empréstimos. Por exemplo, atualmente os spreads para compra de habitação são elevados porque o risco de incumprimento das famílias perante a banca é elevado, dada a atual conjuntura económica, rondando os 5%. Já em 2008, antes do agravamento da crise económica, o spread situava‐se, em média, nos 0,5%.

4) Factor ORGANIZAÇÃO E GESTÃO (M ‐ management)

Este é um factor recente, o qual integra sobretudo os recursos humanos necessários para gerir uma empresa. Este factor é o que gere os 3 factores anteriores, sendo pago por duas vias:

Pelo salário do gestor; Pela existência/aumento de lucro.

Desta forma, é necessário ter em consideração o lucro (diferença entre receitas e custos) que daí pode advir, bem como os ganhos (por exemplo, de eficiência). Os determinantes para os lucros são:

Rendibilidade implícita: rendimentos de factores produtivos de que a empresa é proprietária; Como prémio pela assunção do risco: quando uma empresa é sensível a riscos e poderá receber um prémio

em função destes. Por exemplo, quando uma empresa decide investir num novo produto, sem saber se este irá ter retorno;

Como prémio pela inovação: quando uma empresa inova e retira vantagem sobre os restantes.

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CAPÍTULO XI – Autarcia vs comércio internacional

Autarcia: pode ser definida como uma sociedade que vive sem trocas comerciais com o exterior, sendo uma sociedade autossuficiente. Está implícita a ideia de que é uma sociedade que não necessita de importações pois, sendo autossuficiente, consegue produzir tudo o que consome.

Comércio internacional: visto como a transação de todos os bens e serviços, em mercado internacional, em contraposição ao que acontece com a autarcia.

Desde o século XVI, o que mais contribui para a pujança económica de um país é a quantidade de metais preciosos que o país tem. O comércio internacional é a melhor forma de obter esses metais preciosos.

No sentido mais profundo, comércio é comércio, quer envolva pessoas que vivem no mesmo país, ou pessoas de países diferentes. Há, contudo, três significativas diferenças entre o comércio interno (autarcia) e o internacional, as quais têm consequências económicas e práticas importantes:

- Maiores oportunidades de comércio: o comércio internacional expande os horizontes comerciais. Se as pessoas fossem forçadas a consumir apenas o que se produz no seu país, o mundo ficaria mais pobre, tanto no aspecto material, como no espiritual.

- Países soberanos: Cada país é uma entidade soberana que regula o fluxo de pessoas, bens, finanças que cruzam as suas fronteiras. Ao contrário do que acontece com o comércio interno em que existe moeda única, o comércio e as pessoas circulam livremente dentro das fronteiras e as pessoas migram facilmente. No comércio internacional são levantadas barreiras políticas e são definidas taxas alfandegárias e quotas de importação (protecionismo).

- Taxa de câmbio: O sistema financeiro internacional tem de assegurar um fluxo contínuo de dólares, ienes e outras moedas – ou, de outra forma, há uma paralisação do comércio.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA:

- Adam Smith, em Teoria das vantagens absolutas, no século XVIII, defende que:

A especialização na produção e na exportação de bens deve privilegiar bens cuja produção seja mais eficiente, ou seja, aqueles que consomem o menor número de horas trabalhadas. Exclusividade na opção para o fator trabalho o único considerado produtivo.

- David Ricardo – século XIX – a Teoria das vantagens comparadas defende que:

Para este autor, o único factor de produtividade é o trabalho, devendo a especialização ser no bem em que a produtividade é a mais elevada. Mesmo que num país haja a produção de dois bens, deve dar se primazia aquele em que se é mais eficiente. Este modelo não tem em conta ‐a disponibilidade de mão de obra ou de capital, uma vez que foca toda a produtividade no ‐ ‐factor trabalho. Ex: Vinho e tecido

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- Eli hecksher e Bertil Ohlin – 2ª metade século xx - Teoria da proporção dos fatores defende que:

Considera como factores de produção o factor capital, terra e trabalho, devendo dar se lugar à‐ exportação do bem onde é máxima a eficiência dos 3 factores anteriores. Este modelo tem por objetivo a incorporação do preço do produto na teoria do comércio internacional, sendo defendido que deverá exportar aqueles bens que fazem uso de um factor onde o país é abundante.

- Paul Krugman (1985) – Teoria do comércio em mercados imperfeitos

Primeiro abordagem do conceito de competitividade, ao considerar como factor de produção o factor “gestão e organização”, a par dos conceitos de rendimento à escala e de eficiência como prémio, para a afirmação no comércio internacional. Tem ainda em conta o conceito de inovação.

- Michael Porter (1990) – Vantagens competitivas das nações

A competitividade das nações depende da capacidade da sua indústria em inovar e reagir às mudanças. As empresas ganham vantagem competitiva por causa dessas mudanças e ameaças. Nesse sentido, a competitividade no mercado interno e a procura interna beneficia as empresas nacionais. A procura interna ganha, ainda, com a agressividade dos fornecedores internos na busca de quotas de exportação.

PROTECCIONISMO

As restrições ao comércio internacional, pela via do protecionismo, podem assentar em duas grandes opções:

- Políticas de restrição aduaneira;

- Restrição de quantidades.

Contudo, do ponto de vista de mercado internacional, o protecionismo poderá ser imposto quando se está numa situação de perigo. Foi o que aconteceu com a restrição à importação de carne da Inglaterra com a “doença das vacas loucas”, mas poderá também acontecer quando existem países que não cumprem determinadas diretrizes de organismos internacionais (por exemplo, quando um país não respeita as decisões da O.N.U. e os restantes limitam as importações desse país). As restrições podem ainda ter caráter permanente ou temporário.

PARTE II ‐ a macroeconomia

CAPÍTULO I – A Macroeconomia

1) Conceito

A macroeconomia compreende o estudo do comportamento dos agentes económicos

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que funcionam de forma global, ou seja, à escala nacional, regional, continental e mundial.

Desta forma, reserva para si o estudo das matérias que dizem respeito a:

Razões de crescimento/decrescimento económico; Flutuação de curto prazo do produto de um país e do emprego; Ciclos económicos; Tendência do produto de um país e nível de vida/crescimento económico; Distribuição equitativa/desigual do produto de um país.

Surge no séc. XX, na década de 30, em resposta à “Grande Depressão” (1929/1932) pela mão de John Maynard Keynes. Assim, se a microeconomia tende a dar resposta ao comportamento do consumidor, do produtor e do mercado, já a macroeconomia tende a perceber os fenómenos que ocorrem à escala de um país, de uma região, continente ou até ao nível mundial.

2) Objetivo das políticas macroeconómicas

O objetivo primordial das políticas macroeconómicas prende‐se com o bem‐estar dos países, com vista a obter:

Crescimento do PIB real (conceito abordado mais à frente); Aumento do emprego; Estabilidade de preços;

Para atingir estes objetivos, é necessário considerar as seguintes rubricas:

Políticas orçamentais: receitas, despesas, operações de capital público, défice e superavit;

A política orçamental dá conta do uso dos impostos e da despesa pública. A PO portuguesa não é totalmente livre, encontra-se condicionada pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento da UE.

Políticas monetárias e cambiais*: controle da moeda, taxa de juro, inflação e valor de moedas no negócio internacional (câmbios);

É o segundo instrumento mais importante da politica macroeconómica, que o governo conduz através da gestão da moeda, do crédito e do sistema bancário. A restrição da oferta da moeda, por exemplo, leva a taxas de juro mais elevadas e à redução do investimento que, por sua vez, origina uma redução do PIB e uma menor inflação. Políticas de rendimentos: preços e salários;

Esta é uma politica em desuso e, embora continue a pertencer ao Ministro das Finanças de cada país existem, sobretudo, ou são praticadas em países relativamente subdesenvolvidos. Através dela, o Estado decide intervir para defender os fracos ou para controlar os fortes.

Políticas comerciais e de gestão financeira*: fluxos com o exterior ao nível de

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mercadorias e capitais.

As políticas comerciais consistem em impostos alfandegários, quotas, e outros expedientes para restringir ou incentivar as importações e exportações. A partir da integração da UE espaço de livre circulação de bens, pessoas e capitais, estabeleceu-se. Igualmente, o fim das taxas aduaneiras entre os países que a compõe. A nível mundial, destaca-se o esforço da OMC para a liberalização do comércio.

* No caso europeu, estas políticas estão dependentes das decisões dos organismos da União Europeia (ex. BCE).

CAPÍTULO II – Produto Interno Bruto (P.I.B.)

1) Conceito de PIB – critério de territorialidade

O produto interno bruto traduz a soma de todos os bens e serviços finais (metodologia do valor agregado), produzidos num país, durante um período de tempo definido (geralmente, é um ano). Só são considerados os bens e serviços finais para evitar que haja uma dupla contabilização em termos de PIB, sendo calculado numa perspetiva de incorporar a produção, a renda e a despesa.

Para medir o PIB, são considerados 4 factores:

C – Consumo privado: todos os bens e serviços consumos pelos particulares;

I – Investimento Privado Interno Bruto: todos os investimentos realizados pelos

particulares. Neste caso, relaciona se‐ com a “Formação Bruta de Capital Fixo

(FBCF)”;

G – Gastos do Governo: soma das despesas correntes e despesas de capital. As

despesas correntes são as despesas de curto prazo que o Governo tem (por

exemplo, o papel das impressoras nos organismos do Estado) e as despesas de

capital são as despesas de longo prazo (por exemplo, o investimento público em

estradas). É assim constituído pelas parcelas de Consumo Público + Investimento

Público;

X – Saldo líquido da balança comercial: corresponde às exportações líquidas, ou

seja, à diferença entre o total de exportações realizadas pelo país e o total das

importações que realiza. Neste campo, incluem‐se as diferenças cambiais.

Resumindo:

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PIB = Cprivado + Iprivado + G(consumo público + investimento público) + X

Nota: As amortizações e reintegrações entram nos campos de Investimento Privado (I) e Gastos com Investimento Público do Estado

O PIB pode ainda ser medido pela relação entre os custos e a soma dos rendimentos dos factores de produção.

2) PIB oficial vs PIB efetivo

Além dos valores representados no PIB, existem situações que fogem ao controlo do Estado, nomeadamente através de mecanismos de licitude discutível. Desta forma, é possível considerar que o PIB não traduz de forma verdadeira toda a economia que ocorre dentro de um país, dando lugar ao PIB efetivo, o qual contabiliza as situações de economia legal não registada. No caso português, este tipo de economia rondava os 25% do PIB em 2010.

Economia subterrânea: toda aquela economia que, sendo legal, não é declarada e foge ao controlo do Estado pela via de:

o Evasão fiscal: quando alguém, no exercício das suas atividades, não declara o valor recebido/pago (por exemplo, quando um mecânico faz a revisão do carro de alguém e, no final, não emite factura). Esta situação é punida pela lei, caso seja detetada;

o Elisão fiscal: quando alguém utiliza um subterfúgio legal para escapar ao pagamento de impostos.Por exemplo, se duas pessoas fizerem uma sociedade para declarar os seus rendimentos, utilizam o facto de uma sociedade apenas pagar 10% de imposto em sede de IRC, em vez dos valores aplicáveis em sede de IRS, cujo valor poderá ir acima dos 40%;

o Incumprimento de normas: por exemplo, quando alguém não paga uma taxa de ambiente que é devida pela instalação de uma empresa;

Economia informal: geralmente a economia que resulta de “biscates” ou do princípio de “uma mão lava a outra”. Este é o tipo de economia onde há uma troca amigável entre duas pessoas, como é o caso de uma situação em que eu corto a relva do jardim do vizinho e ele muda‐me a torneira da cozinha.

Economia de auto‐consumo: aquela economia que resulta da produção própria e que não é registada, como é o caso de produzir batatas no quintal para consumo doméstico, em que evito de as comprar no supermercado mas que não traz benefício ao Estado;

Deficiências no registo estatístico: situação residual em que há uma deficiência no registo de um valor. Por exemplo, ocorre quando se entrega uma declaração de retificação de IRS, em que já não é contabilizado o valor real para o PIB do ano

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a que a declaração diz respeito.

Figura 2‐ Economia legal não registada

3) PIB nominal, real e potencial

PIB Nominal: valor do PIB a preço do dia, mês ou ano. Também é conhecido como “PIB a preços correntes”, na medida em que traduz o valor nominal do PIB;

PIB Real: valor do PIB a preço constante, ou seja, PIB corrigido pelo deflator do PIB, sendo utilizado para comparar preços iguais. Este PIB é calculado em relação a um ano base, retirando‐se o efeito da inflação, o que permite comparar de forma efetiva o preço de bens de um ano para outro;

PIB potencial: PIB que se poderia obter caso houvesse uma conjuntura de estabilidade de preços e de emprego elevado. Neste caso, corresponderia ao PIB em que existisse a máxima capacidade instalada, refletindo a capacidade de crescimento de uma economia em termos futuros.

Deflator do PIB: é um índice que está relacionado com todos os bens e serviços que compõem o PIB (C, G, I,X) e que, ao ser aplicado ao valor do PIB nominal, permite obter o PIB real. Este índice é traduzido numa base 100, sendo a base calculada a partir do ano em que se pretende comparar preços. (vide aulas práticas 19/11).

4) Produto nacional bruto/líquido e Rendimento Nacional Bruto – critério de propriedade

Produto Nacional Bruto (PNB): é o produto resultante da produção de propriedade nacional, ou seja, traduz a riqueza material que é realizada dentro do país por nacionais (portugueses) somada à que é produzida por empresas nacionais fora do território nacional (empresas portuguesas no estrangeiro. Por não ser única e exclusivamente limitado ao território, diz‐se que goza do critério de propriedade;

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Produto nacional líquido (PNL): é idêntico ao valor do PIB, subtraindo‐se o valor das amortizações;

Rendimento Nacional Bruto (RNB): é considerado como o fluxo de rendimentos, ou seja, é a quantidade monetária do P.N.B. Na prática traduz o conjunto de fluxos resultantes da riqueza criada em território nacional e estrangeiro pelas empresas nacionais (PNB) abatendo‐se os fluxos da riqueza criada por estrangeiros em Portugal.

A relação entre os factores PNB, RNB e PIB permite compreender se há uma tendência de crescimento ou decrescimento, uma vez que pode haver uma subida do PIB mas uma descida do PNB, o que poderia levar a concluir que está a sair mais do que aquilo que entra. Esta situação geralmente ocorre devido ao investimento estrangeiro, podendo ser favorável se isso criar melhores condições aos nacionais mas, em casos onde só é aproveitada a mão‐ de‐obra nacional, poderá ser desfavorável, na medida em que não gera riqueza para o país.

INFLAÇÃO - DEFLAÇÃO

Inflação: Aumento do nível geral de preços no consumidor. Relacionada e calculada pelo IPC (índice de preços no consumidor).

Deflação: Quebra geral dos preços dos bens e serviços, associada a uma contração da procura, da produção e do emprego.

Como se calculam?

Índice de preços: é a medida do nível geral de preços. Revelam a variação dos preços relativamente a um ano tomado por base. Permite conhecer a evolução com base no ano A = 100,do nível geral de todos os preços dos produtos que compõe o PIB. Existem 3 tipos de índices de preços mais importantes:

- O deflator do PIB1 (todos os bens que fazem parte da riqueza criada no pa+is)- Índice de preços no consumidor (IPC) 2(medida mais utilizada na inflação)- Índice de preços no produtor (IPP)3: evolução com base no ano A=100 do nível geral

de todos os preços ao nível do produtor pelas vendas líquidas de cada bem.

ÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR (IPC)

Conceito: Evolução com base no ano A=100, apenas do nível de preços dos bens incluídos num cabaz normalizado e estável de bens de consumo e, além disso, ponderados pela importância económica dos bens em questão.

O IPC abrange apenas bens de consumo e apenas contempla uma parte desses bens de consumo. É calculado com base num cabaz base, um cabaz de bens e serviços que 1 Não está no powerpoint sebenta2 Existe ainda o IPCH – índice de preços no consumidor harmonizado3 Não está no powerpoint aula nº9 sebenta

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representam a maior fatia de bens de consumo, os mais regulares e com maior peso. Este cabaz varia de país para país. Os bens considerados não têm todos a mesma importância (regra da ponderação). Deve ter-se em conta que o IPC é um índice aproximativo, não é exacto.

ÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR HARMONIZADO (IPCH)

Evolução com base no ano A=100, apenas do nível de preços dos bens incluídos num cabaz normalizado e estável de bens de consumo e, além disso, ponderados pela importância económica dos bens em questão e pelo nível de vida associado de cada país do bloco económico que importa comparar.

INFLAÇÃO ≠ TAXA DE INFLAÇÃO

Taxa de inflação: Representa a taxa de crescimento do IPC entre duas datas.

- Taxa de inflação homóloga: compara a taxa de inflação num mês com o mesmo mês do ano anterior.

- Taxa de inflação média: média aritmética simples das últimas doze taxas homólogas. Expressa a tendência de evolução de preços.

Problemas: podem ser resultado de um deficiente cálculo do IPC para efeitos da determinação da taxa de inflação; outros que tenham a ver com o mesmo momento histórico em que se faz análise.

DEFLAÇÃO - DESINFLAÇÃO

Deflação: Quebra geral dos preços dos bens e serviços, associada a uma contração da procura, da produção e do emprego.

Desinflação: descida da taxa de inflação de ano para ano, ou seja, a desaceleração do ritmo de crescimento dos preços.

PERIGOS DA DEFLAÇÃO: a economia demora muito tempo a recuperar; quem sai prejudicado são sempre os produtores, visto que os produtos perdem qualidade pela falta de meios para produzir, originando falências.

EMPREGO4 E DESEMPREGO

Pessoas empregadas: todas as pessoas que desempenham uma função remunerada, estando ou não no seu posto de trabalho (baixa, greves, férias). Têm um contrato de trabalho, um vínculo jurídico implícito ou explícito com uma determinada entidade empregadora. É este conjunto de pessoas que cria riqueza.

O vínculo jurídico pode ser:

- Explícito: está escrito, expresso, reduzido a um contrato de trabalho.

4 ≠trabalho

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- Implícito: Trabalhadores por conta própria que depois estabelecem contratos com n empregados. Profissionais liberais que trabalham a recibos verdes. O vínculo é estabelecido entre empregado e empregador. Ex: médicos e advogados.

- Longo prazo: Termo incerto; sem limite;

- Curto prazo: contratos a termo

Pessoas desempregadas: Todas as pessoas que estão activamente à procura de emprego ou de regressar ao trabalho por interrupção temporária e com idades compreendidas entre os limites legais autorizados.

- Desemprego voluntário: aplica-se a trabalhadores que não estão dispostos a trabalhar com o nível salarial corrente, ou então, a pessoas que quebram o vínculo jurídico ou para melhorar a sua formação ou porque têm expectativa de conseguir em emprego melhor.

o Desemprego friccional: resulta da mobilidade da mão-de-obra entre empregos, entre os locais de residência, de mudança na vida das pessoas. É apenas momentâneo.

- Desemprego Involuntário: decorrente de reivindicações.o Desemprego estrutural: desequilíbrio entre a oferta e a procura de

trabalhadores em determinados sectores, ocupações, regiões. Resulta, por vezes, da quebra do vínculo contratual por falta de competência do emprego ou por incapacidade da entidade empregadora.

o Desemprego cíclico: resultado de grandes crises económicas, sendo a procura de trabalhadores, no conjunto da actividade económica, muito reduzida. O desemprego generaliza-se a toda a economia.

o Desemprego Natural:nível de desemprego que é aceitável, uma vez que hoje não existe o pleno emprego, ou seja, taxa de desemprego = 0.

População Activa: Força de trabalho disponível de um país num dado momento. Esta parte da população será composta por todos os indivíduos que trabalham e recebem uma remuneração por essa actividade, ou não o fazem por motivos fortuitos. (Empregados + desempregados)

População total: População activa + outros …

PIB e EMPREGO/DESEMPREGO (o desemprego e os efeitos no PIB)

Arthur Okun estudou, de modo empírico, a relação entre emprego e o PIB.

A lei de Okun estabelece um nexo de causalidade entre estas duas variáveis económicas, através de uma recta de dispersão.

LEI DE OKUN: “Por cada 2% de quebra do PNB relativamente ao PNB potencial a taxa de desemprego aumenta 1&.” Por ex: Se o PNB se reduz de 100% do seu potencial para 98%, a taxa de desemprego aumenta em 1%, por exemplo, de 6 para 7%.

Esta é uma lei de tendência, tal como as restantes leis económicas. A relação é aproximativa não é exacta.

Consequência: o PIB efectivo tem de crescer tão rapidamente quanto o PIB potencial para que a taxa de desemprego não aumente. Para baixar a taxa de desemprego, o PIB efectivo tem de crescer ais rapidamente do que o PIB potencial.

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Função consumo

relaciona o consumo e o rendimento. Mostra a relação entre o nível das despesas de3 consumo e o nível de rendimento disponível pessoal.Determinantes da função consumo:- rendimento disponível corrente;- rendimento permanente;- riqueza;-idade ( há tendência para se consumir à medida que se é mais jovem)

Propensão marginal para o consumo (mede a tendência para consumir) – é o montante adicional de consumo em resposta à disponibilidade de uma unidade monetária adicional de rendimento. É uma tendência. No limite, a propensão marginal para o consumo é L ( PmC = L. a inclinação da função consumo que mede a variação de consumo por cada unidade monetária de variação do rendimento é a propensão marginal para o consumo.

Função poupança ( gémea da função consumo)Relaciona a poupança e o rendimento. Mostra a relação entre o nível de poupança e o rendimento. Se aquilo que não é consumido é poupado, então, a imagem da função poupança é simétrica da função consumo.Determinantes da função poupança:- são as mesma da função consumo, mas vista de uma perspetiva oposta.

Propensão marginal para a poupança ( mede a tendência para poupar PMP) :Parcela de uma unidade monetária adicional de rendimento disponível que se destina a poupança adicional.

Balança ComercialEntende-se por balança comercial o registo em quadros comparativos, dos valores das exportações de mercadoria realizadas por um país durante determinado período de tempo, normalmente uma ano. Se p valor total das importações de um país for inferior ao valor total das respetivas exportações, a balança comercial apresenta um superavit, se o valor da exportações é inferior ao valor das respetivas importações, a balança comercial apresenta um défice.

Balança de transações correntesAs relações económicas internacionais não se esgotam na compra e venda de mercadorias. Uma parte importante de fluxos económicos que se estabelecem entre os diversos países diz respeito à compra e venda de serviços, ao rendimento de capitais e às transferências unilaterais de capitais.PTC ( balança de transações correntes = PC balança comercial + BS balança de serviços + BR balança de rendimentos – entrada e saida de rendimentos correspondentes ao pagamento de juros e lucros resultantes de capitais investidos + BTU balança de transferências unilaterais – relações económicas que se traduzem em fluxos monetários, de entrada e saída, os quais não têm qualquer contrapartida real)

Balança de capitais

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As relações económicas entre um pais e o resto da comunidade internacional não se limitam ao movimento corrente de importações de bens e serviços, as transferências privadas e unilaterais de capitais ou ao rendimento de capitais ( juros e lucros). À que ter em conta os movimentos monetários relativos a participações do próprio capital em empresas, a empréstimos contraídos ou concedidos, etc, isto é, os movimentos internacionais de capitais. balança de capitais corresponde a movimentos de capitais que se destinam a ser aplicados na atividade económica, destinadas a financiar a economia.