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TEXTO 55
Potências pressionam Irã por negociação 'séria' sobre programa nuclear
Seis potências mundiais reforçaram nesta quinta-feira o pedido para que o Irã retome negociações "sérias" e sem "pré-condições" sobre seu programa nuclear, um dia após a União Europeia (UE) ter divulgado o lançamento da nova rodada de conversações.
Reunidos em Viena, os integrantes do grupo
conhecido como P5+1 (Grã-Bretanha,
Estados Unidos, França, Alemanha, Rússia
e China) emitiram um comunicado
pressionando Teerã para dar início a um
diálogo que produza "resultados concretos".
Para o especialista em assuntos
diplomáticos e de defesa da BBC, Jonathan
Marcus, este pode ser o último esforço
diplomático para resolver a crise em torno do
programa nuclear iraniano. Se ele falhar,
segundo Marcus, uma ação militar se
tornará muito mais provável.
O texto do P5+1 diz ainda que as
negociações devem dar atenção às
"continuadas preocupações da comunidade
internacional e que devem incluir ainda
sérias discussões sobre medidas concretas
para restaurar a confiança" no programa
nuclear da República Islâmica.
O grupo também mostrou-se preocupado
com as últimas visitas de inspetores da AIEA
(Agência Internacional de Energia Atômica,
ligada à ONU), que não resolveram
questões importantes como a situação no
complexo de desenvolvimento nuclear de
Parchin.
Membros da agência estiveram no local pela
última vez em 2005, e tiveram acesso
negado no mês passado.
Na última segunda-feira, o país disse que
está preparado, sob certas condições, para
permitir a entrada de inspetores a essas
instalações consideradas estratégicas ao
programa iraniano.
O complexo, localizado 30 km ao sudeste de
Teerã, é destinado à pesquisa,
desenvolvimento e produção de munição,
foguetes e explosivos.
'Diálogo construtivo'
Na quarta-feira, a chefe da diplomacia da
União Europeia, Catherine Ashton - que
havia escrito para o negociador iraniano,
Saeed Jalili, em outubro passado, com uma
oferta de novos diálogos - disse que
Bruxelas espera que o Irã entre em "um
processo sustentado de diálogo construtivo
que traga progresso verdadeiro para acabar
com as antigas preocupações da
comunidade internacional sobre seu
programa nuclear".
PS NEWS
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Segundo a chefe da diplomacia europeia, o
"objetivo geral continua sendo uma solução
abrangente, negociada e de longo prazo,
que restaure a confiança internacional na
natureza exclusivamente pacífica do
programa nuclear iraniano".
Em sua correspondência, Jalili disse que o
Irã estava pronto para o diálogo em torno de
vários temas.
Ele disse que dá boas-vindas à afirmação
das seis potências de que respeitaria o
direito do Irã de usar a energia nuclear
pacificamente.
Já o primeiro-ministro de Israel, Binyamin
Netanyahu, disse na segunda-feira, em
Washington, que o "tempo estava correndo"
para dar um fim ao programa atômico
iraniano, alertando que Israel não "viveria à
sombra da aniquilação".
O presidente americano, Barack Obama,
também afirmou que todas as opções estão
na mesa, mas disse que ainda há tempo
para uma saída diplomática.
Por sua vez, o secretário de Defesa
americano, Leon Panetta, disse que a ação
militar é a última alternativa sempre, mas
ressaltou que seu país "vai agir se for
obrigado a tanto".
Acesso a Parchin
Os inspetores da AIEA pretendiam visitar as
instalações em fevereiro, para esclarecer as
"possíveis dimensões militares" do programa
atômico iraniano, mas tiveram negada sua
entrada.
Os diálogos entre a UE e o Irã já foram
retomados e cancelados em várias ocasiões.
A última rodada de conversações acabou
fracassando, em janeiro de 2011.
De acordo com Jonathan Marcus, a
disposição do Irã em permitir o acesso dos
inspetores a Parchin será um teste crucial
nesta nova abertura diplomática do país
persa.
O correspondente da BBC afirma que uma
enorme câmara de testes de explosivos está
no topo da lista das instalações que a AIEA
pretende inspecionar em Parchin.
BBC - BRASIL