testes temporais para estudo do processamento …...teste padrão de duração (tpd) e a criação...

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central Cristina Jordão Nazaré Porto, Setembro de 2009

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Page 1: Testes Temporais para Estudo do Processamento …...Teste Padrão de Duração (TPD) e a criação do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI), através da realização

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Testes Temporais para Estudo do

Processamento Auditivo Central

Cristina Jordão Nazaré

Porto, Setembro de 2009

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

Dissertação submetida para satisfação dos requisitos do grau de

Mestre em Engenharia Biomédica

pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Cristina Jordão Nazaré

Licenciada em Audiologia

pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra

Dissertação realizada sob supervisão de:

Professor Doutor Rui Paulo Soares Ribeiro,

do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial

da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Professor Doutor Armando Luís Dinis Mónica Oliveira,

da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

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Dedico aos meus Pais

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Agradecimentos

Agradeço imenso a todos os que tornaram possível a elaboração deste trabalho

O meu muito obrigado pelo vosso apoio, disponibilidade e incentivo:

Ao Doutor Fernando Monteiro

Ao Doutor Rui Ribeiro

Ao Doutor Armando Oliveira

Ao Doutor António Carvalho

Ao Doutor Joaquim Gabriel

À minha amiga Dr.ª Cláudia Reis

À minha amiga Mestre Elsa Martins

Ao Mestre João Figueiredo

À Mestre Margarida Serrano

Ao Mestre Jorge Martins

À Mestre Carla Silva

Aos meus Pais

À minha Família

Aos meus Amigos

Aos Alunos do Curso de Audiologia da ESTeSC

Às Crianças que participaram no estudo

Aos Encarregados de Educação das Crianças

Aos indivíduos da amostra

Aos Colegas da ESTeSC

E todos os que directa ou indirectamente participaram no estudo

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IX

Resumo

O estudo pretende ser um ponto de partida para o crescimento de instrumentos de avaliação do

processamento auditivo central em Portugal. Um dos resultados principais do trabalho está relacionado

com o facto de se ter desenvolvido testes que permitem avaliar o processamento auditivo temporal, o

Teste Padrão de Duração (TPD) e a criação do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI),

através da realização de rotinas em MATLABTM, para a apresentação de sequências de sons com

características específicas. Outros resultados provêm da aplicação dos testes a 41 indivíduos normo-

ouvintes com idades entre os 7 e os 37 anos. Esta amostra foi dividida em três grupos: o grupo de

crianças, com idades dos 7 aos 12 anos, e dois grupos de adultos, o grupo controlo e o grupo com

queixas de dificuldades de percepção auditiva e/ou histórico de patologias que podem afectar o sistema

nervoso central. Ao grupo das crianças foi aplicado o TPD-VI e aos dos adultos o TPD, o TPD-VI assim

como o Teste Padrão de Frequência (TPF). Os resultados indicam que os valores obtidos no TPD são

superiores e diferem estatisticamente dos do teste referência de Musiek et al. em 1990. Não existem

diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de adultos, porém os resultados são inferiores

no grupo de adultos com queixas e/ou histórico em todos os testes. Existe correlação entre o

desempenho obtido no TPD e no TPD-VI que não se observa entre o TPD e o TPF. Verifica-se inexistência

de diferenças nos resultados entre o ouvido direito e esquerdo no TPD e no TPD-VI. Observa-se também

que as variáveis idade e prática musical têm influência no desempenho dos indivíduos no teste TPD-VI.

Palavras-chave

Processamento Auditivo Central, Processamento Auditivo Temporal, Ordenação Temporal, Teste Padrão

de Duração, Teste Padrão de Duração – Versão Infantil, Teste Padrão de Frequência

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XI

Abstract

The study intends to be a starting point for the growth of instruments of evaluation of the central

auditory processing in Portugal. One of the main results of the work is related with the fact of to have

been developed tests that allow to evaluate the temporal auditory processing, the Duration Pattern Test

(DPT or TPD from the Portuguese short form) and the Duration Pattern Test - Child Version (DPT-CV or

TPD-VI), through the creation of routines in MATLABTM for the presentation of sequences of sounds with

specific cues. Other results come from the application of the tests to 41 normal hearing individuals with

ages between the 7 and the 37 years. This sample was divided in three groups: the children's group,

with ages of the 7 to the 12 years, and two groups of adults, the control group and the group with

auditory perception difficulties and/or historical of pathologies that can affect the central nervous

system. To the children's group were applied the TPD-VI and to the adults the TPD, the TPD-VI as well as

the Frequency Pattern Test (TPF). The results indicate that the values obtained in TPD are superior and

different when compared with of the original test of Musiek et al. in 1990. Statistically significant

differences don’t exist among the adults' groups; however the results are inferior in the adults' group

with auditory perception difficulties and/or historical background. Correlation exists between the

performances obtained in TPD and in the TPD-VI and that it is not observed between TPD and TPF.

Inexistence of differences is demonstrated in the results among the right and left ear in TPD and in the

TPD-VI. It is also observed that the variables age and musical practice have influence in the individual’s

performance in the TPD-VI test.

Key-Words

Central Auditory Processing, Temporal Auditory Processing, Temporal Ordering, Duration Pattern Test,

Duration Pattern Test – Child Version, Frequency Pattern Test.

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Índice

XIII

Índice

Agradecimentos ......................................................................................... VII 

Resumo .................................................................................................IX 

Palavras-chave ..........................................................................................IX 

Abstract ................................................................................................XI 

Key-Words ..............................................................................................XI 

Índice ................................................................................................ XIII 

Índice de Figuras ....................................................................................... XVI 

Lista de Abreviaturas e Símbolos .......................................................................... XX 

1  Introdução à Dissertação ................................................................................................. 1 1.1  Introdução ................................................................................. 3 

1.2  Organização da Dissertação ............................................................ 4 

2  Anatomo-Fisiologia do Sistema Auditivo ..................................................................... 5 2.1  Sistema Auditivo Periférico ............................................................. 7 

2.1.1  Ouvido Externo ............................................................................ 8 

2.1.2  Ouvido Médio .............................................................................. 9 

2.1.3  Ouvido Interno .......................................................................... 10 

2.1.4  Nervo Auditivo ........................................................................... 12 

2.2  Sistema Auditivo Central ............................................................... 12 

2.2.1  Núcleo Coclear .......................................................................... 13 

2.2.2  Complexo Olivar Superior ............................................................. 14 

2.2.3  Lemnisco Lateral ........................................................................ 15 

2.2.4  Colículo Inferior ......................................................................... 15 

2.2.5  Corpo Geniculado Médio ............................................................... 15 

2.2.6  Córtex Auditivo .......................................................................... 15 

2.2.7  Vias Inter-hemisféricas ................................................................. 18 

2.3  Maturação do Sistema Auditivo ....................................................... 19 

3  Processamento Auditivo Central .................................................................................. 21 3.1  Alterações de Processamento Auditivo Central .................................... 24 

3.2  Avaliação do Processamento Auditivo Central ...................................... 26 

4  Processamento Auditivo Temporal ............................................................................. 35 4.1  Resolução Temporal .................................................................... 39 

4.1.1  Importância da Capacidade de Resolução Temporal .............................. 40 

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Índice

XIV

4.2  Integração Temporal.................................................................... 41 

4.2.1  Moledo Clássico de Integração Temporal ........................................... 42 

4.2.2  Moledo “Multiple Looks” ............................................................... 43 

4.2.3  Importância da Capacidade de Integração Temporal ............................. 44 

4.3  Mascaramento Temporal ............................................................... 45 

4.3.1  Efeito de Máscara Antecipado (Forward Masking) ................................. 46 

4.3.2  Efeito de Máscara Atrasado (Backward Masking) .................................. 47 

4.4  Ordenação Temporal ................................................................... 48 

4.4.1  Factores que influenciam a capacidade de ordenação temporal ............... 48 

4.4.2  Reconhecimento do Padrão Temporal ............................................... 52 

4.4.3  Importância da Capacidade de Ordenação Temporal ............................. 53 

4.5  Alterações do Processamento Auditivo Temporal .................................. 54 

4.6  Avaliação do Processamento Auditivo Temporal ................................... 55 

4.6.1  Frequency Pattern Test (FPT) ou Pitch Pattern Sequences (PPS) Test ......... 55 

4.6.2  Auditory Repetition Test (ART) ou Auditory Repetition Task (ART)............. 57 

4.6.3  Psychoacoustic Pattern Discrimination Test (PPDT) ............................... 58 

4.6.4  Duration Pattern Test (DPT) ou Duration Pattern Sequence (DPS) Test ........ 58 

4.6.5  Auditory Fusion Test-Revised (AFT-R) ............................................... 60 

4.6.6  Random Gap Detection Test (RGDT) e Random Gap Detection Test- Expanded

(RGDT-EXP) ......................................................................................... 61 

4.6.7  Gap-In-Noise (GIN©) Test .............................................................. 62 

5  Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento

Auditivo Central ............................................................................................................................. 65 5.1  Selecção dos Testes de Processamento Auditivo Temporal ...................... 67 

5.2  Metodologia Usada na Criação dos Testes ........................................... 68 

5.2.1  Descrição das Etapas ................................................................... 68 

5.2.1.1  1ª Etapa – Criação dos Estímulos ..................................................... 68 

5.2.1.1  2ª Etapa – Criação dos Padrões de Estímulos ....................................... 72 

5.2.1.2  3ª Etapa – Organização de listas de Padrões ....................................... 73 

5.2.1.3  4ª Etapa – Criação dos comandos de identificação e armazenamento de dados

74 

5.2.1.4  4ª Etapa – Criação dos comandos para a apresentação dos padrões ........... 74 

5.2.1.1  5ª Etapa – Execução dos comandos .................................................. 75 

6  Aplicação dos Testes de Processamento Auditivo Central .................................. 77 

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Índice

XV

6.1  Definição da População e da Amostra ............................................... 79 

6.1.1  Critérios de Inclusão .................................................................... 79 

6.2  Instrumentos Utilizados ................................................................ 80 

6.3  Metodologia Utilizada na Recolha de Dados ........................................ 80 

6.4  Formulação das Questões de Investigação .......................................... 84 

6.5  Características Gerais da Amostra .................................................... 85 

7  Análise dos Resultados ................................................................................................... 91 7.1  Resultados ................................................................................ 93 

8  Discussão dos Resultados ............................................................................................. 111 

9  Conclusões ........................................................................................................................ 121 9.1  Síntese e Conclusão ................................................................... 123 

9.2  Limites do Estudo ..................................................................... 125 

9.3  Perspectivas de Trabalhos Futuros ................................................. 125 

10  Referências Bibliográficas ........................................................................................... 127 

11  Anexos .............................................................................................................................. 139 

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Índice

XVI

Índice de Figuras

Figura 2.1 - Representação esquemática do sistema auditivo periférico. ....................................... 7 Figura 2.2 - Sistema auditivo periférico. .............................................................................. 8 Figura 2.3 – Ouvido Médio. .............................................................................................. 9 Figura 2.4 – Amplificação do ouvido médio. .......................................................................... 9 Figura 2.5 - Cadeia ossicular do ouvido médio. .................................................................... 10 Figura 2.6 - Efeito de alavanca da cadeia ossicular do ouvido médio. ......................................... 10 Figura 2.7 – (a) Ouvido interno. (b) – Secção da cóclea. (c) - Órgão de Corti. (d) - Célula ciliada interna.

............................................................................................................................. 11 Figura 2.8 – Sistema Auditivo Central. ............................................................................... 13 Figura 2.9 - Representação esquemática das vias auditivas do sistema auditivo central. .................. 14 Figura 2.10 – Córtex Auditivo Primário e o Córtex Auditivo de Associação. ................................... 16 Figura 2.11- Córtex Auditivo .......................................................................................... 16 Figura 2.12 – Estruturas do sistema nervoso central. ............................................................. 19 Figura 4.1 - Representação esquemática de um exemplo de detecção de intervalos ou interrupções. .. 39 Figura 4.2 -Integração temporal. ..................................................................................... 42 Figura 4.3 – Integração temporal. .................................................................................... 43 Figura 4.4 – Representação esquemática do mascaramento temporal. ........................................ 45 Figura 4.5 – Efeito de máscara antecipado (Forward Masking). ................................................. 46 Figura 4.6 - Efeito de máscara atrasado (Backward Masking). .................................................. 47 Figura 4.7 – Representação esquemática dos mecanismos que envolvidos o processamento de padrões

temporais. ................................................................................................................ 52 Figura 4.8 - Teste Padrão de Frequência - Frequency (Pitch) Patterns. L- Low (Baixo); H - High (Alto). 56 Figura 4.9 - Teste Padrão de Frequência (TPF) .................................................................... 57 Figura 4.10 – Durations Patterns - Padrão de Duração. L – Long (Longo); S – Short (Curto) ................ 59 Figura 4.11 - Exemplo de três itens do GIN© Test, mostrando a durações do estímulo, intervalos inter-

estímulos (ISI) e durações de intervalos de silêncio (Gap). ...................................................... 62 Figura 5.1 – Ilustração dos componentes de duração de um sinal tone burst. ................................ 68 Figura 5.2 - Envelope da subida (rise) do tone burst, t1=0:Ta:p1, p1= 0.005 s ............................... 69 Figura 5.3 - Envelope do plateau do tone burst, t2=p1:Ta:p2, t2(1)=[ ]; p2=0.245 s ........................ 69 Figura 5.4 - Envelope da descida (fall) do tone burst, t3=p2:Ta:p3, t3(1)=[ ]; p3=0.250 s. ................ 70 Figura 5.5 - Envelope do tone burst de 250 ms ttotal=0:Ta:p3 .................................................. 70 Figura 5.6 – Forma onda do início do sinal tone burst de 250 ms ............................................... 71 Figura 5.7 – Representação esquemática da forma onda do sinal tone burst total, de 250 ms. Nota: A

representação não está à escala. .................................................................................... 71 Figura 5.10 - Representação esquemática da forma onda do padrão LCC. A representação não está à

escala. .................................................................................................................... 72 Figura 5.8 – Representação esquemática do padrão LCC do TPD. ............................................... 72 Figura 5.9 - Representação esquemática do padrão LCC do TPD – VI. .......................................... 72 Figura 6.1 – Representação esquemática da ligação dos equipamentos para a realização do TPD, TPD-VI e

TPF. ....................................................................................................................... 82 Figura 6.2 - Representação esquemática dos seis padrões de duração usados no TPD e TPD-VI. .......... 83 

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Índice de Gráficos

XVII

Índice de Gráficos

Gráfico 6.1 – Distribuição dos grupos da amostra. ................................................................. 85 Gráfico 6.2 – Distribuição do género (Feminino, Masculino) nos grupos de adultos com e sem queixas

e/ou histórico e do grupo de crianças. .............................................................................. 86 Gráfico 6.3 - Distribuição da variável Idade no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico (grupo

controlo). ................................................................................................................. 86 Gráfico 6.4 – Distribuição da idade em faixas etárias no grupo de crianças. .................................. 87 Gráfico 6.5 - Distribuição da variável Idade no grupo de adultos com queixas e/ou histórico. ............ 87 Gráfico 6.6 – Representação gráfica dos testes efectuados na amostra........................................ 88 Gráfico 6.7 – Testes de processamento auditivo temporal realizados no universo amostral. Distribuição

dos grupos pelos diferentes testes. .................................................................................. 89 Gráfico 6.8 - Distribuição da variável prática musical nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou

histórico e no grupo de crianças. ..................................................................................... 90 Gráfico 7.1 – Gráfico de caixa representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste

Padrão de Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem

queixas e/ou histórico. ................................................................................................ 95 Gráfico 7.2 - Gráfico de caixa representativo da percentagem de respostas correctas (%RC) do Teste

Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos

grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. ............................................................ 97 Gráfico 7.3 - Gráfico representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de

Frequência (TPF) no ouvido direito (OD) e no esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas

e/ou histórico. .......................................................................................................... 99 Gráfico 7.4 – Gráfico representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de

Duração (TPD) e do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem

queixas e/ou histórico. ............................................................................................... 101 Gráfico 7.5 – Gráfico representativo da média da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste

Padrão de Duração (TPD) e do Teste Padrão de Frequência (TPF) nos grupos de adultos com e sem

queixas e/ou histórico. ............................................................................................... 102 Gráfico 7.6 – Gráfico da percentagem de respostas correctas (% RC) do TPD-VI no ouvido direito (OD) e

no ouvido esquerdo (OD) no grupo de crianças e no controlo de adultos segundo a idade (em faixas

etárias). ................................................................................................................. 104 

Gráfico 7.7 - Gráfico da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de Duração – Versão

Infantil TPD-VI no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OD) no grupo de crianças segundo a idade

(em meses). ............................................................................................................. 105 Gráfico 7.8 - Gráfico de caixas representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste

Padrão de Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos adultos para a variável

prática musical. ........................................................................................................ 107 Gráfico 7.9 - Gráfico de caixas da percentagem de respostas correctas (% RC) do TPD-VI no ouvido

direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos adultos para a variável prática musical. ...................... 108

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Índice de Tabelas

XVIII

Índice de Tabelas

Tabela 3.1 – Testes de Audição Dicótica. ........................................................................... 31 Tabela 3.2 – Testes de Interacção Binaural. ........................................................................ 31 Tabela 3.3 – Testes de Monoaurais de Baixa Redundância. ...................................................... 32 Tabela 3.4 – Testes de Testes de Processamento Temporal. .................................................... 33 Tabela 5.1 – Listas de Padrões - Teste Padrão de Duração e Teste Padrão de Duração (Versão Infantil)

para cada ouvido. ....................................................................................................... 73 Tabela 7.1 – Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no ouvido direito (OD) e

esquerdo (OE) do grupo controlo no Teste Padrão de Duração (TPD). ......................................... 93 Tabela 7.2 – Teste t-Student para uma amostra - Comparação de médias da percentagem de respostas

correctas (%RC) do ouvido direito (OD) e esquerdo (OE) no Teste Padrão de Duração (TPD) com os

valores obtidos no Duration Pattern Test (DPT) por Musiek et al. (1990). .................................... 94 Tabela 7.3 – Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de

Duração (TPD) do ouvido direito (OD) e esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou

histórico. ................................................................................................................. 95 Tabela 7.4 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de

Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem

queixas e/ou histórico. ................................................................................................ 96 Tabela 7.5 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de

Duração – Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. ............. 96 Tabela 7.6 – Teste Mann-Whitney U da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de

Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de

adultos com e sem queixas e/ou histórico. ......................................................................... 98 Tabela 7.7 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de

Frequência (TPF) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. .................................. 98 Tabela 7.8 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de

Frequência (TPF) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem

queixas e/ou histórico. ................................................................................................ 99 Tabela 7.9 – Correlação não paramétrica entre a percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste

Padrão de Duração (TPD) e no Teste Padrão de Duração Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos.

............................................................................................................................ 100 Tabela 7.10 - Correlação não paramétrica entre a percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste

Padrão de Duração (TPD) e no Teste Padrão de Frequência (TPF) no grupo de adultos. ................... 101 Tabela 7.11 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de

Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico (grupo controlo) e no

grupo de crianças. ..................................................................................................... 103 Tabela 7.12 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (%RC) no ouvido direito

(OD) e no ouvido esquerdo (OE) no grupo controlo de adultos e no grupo de crianças ..................... 103 

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Índice de Tabelas

XIX

Tabela 7.13 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de

Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE), no grupo de

crianças e no grupo controlo de adultos para a variável idade (em faixas etárias). ........................ 104 Tabela 7.14 – Média da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração – Versão

Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) de acordo com a idade das crianças

(em meses). ............................................................................................................. 105 Tabela 7.15 – Teste de Wilcoxon para amostras emparelhadas entre a percentagem de respostas

correctas (%RC) do ouvido direito (OD) e do ouvido esquerdo (OE) no Teste Padrão Duração (TPD) e no

Teste Padrão de Duração - Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou

histórico e no grupo de crianças. .................................................................................... 106 Tabela 7.16 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de

Duração (TPD) e no Teste Padrão de Duração - Versão Infantil (TPD-VI) segundo a variável prática

musical nos indivíduos adultos. ...................................................................................... 107 Tabela 7.17 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão

de Duração (TPD) e do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no

ouvido esquerdo (OE) nos adultos com e sem prática musical. ................................................. 108 

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Lista de Abreviaturas e Símbolos

XX

Lista de Abreviaturas e Símbolos

AAB Alto-Alto-Baixo

ABA Alto-Baixo-Alto

ABB Alto-Baixo-Baixo

AFT-R Auditory Fusion Test-Revised

ART Auditory Repetition Test

ASHA American Speech-Language-Hearing Association

ATS Audiograma Tonal Simples

BAA Baixo-Alto-Alto

BAB Baixo-Alto-Baixo

BBA Baixo-Baixo-Alto

CAP Central Auditory Processing

(C)APD (Central) Auditory Processing Disorders

CAE Canal Auditivo Externo

CCL Curto-Curto-Longo

CI Colículo Inferior

CLC Curto-Longo-Curto

CLL Curto-Longo-Longo

COS Complexo Olivar Superior

dB Decibel

dB HL dB Hearing Level

dB SL dB Sensation Level

dB SPL dB Sound Pressure Level

DPS Duration Pattern Sequence Test

DPOEA Otoemissões Acústicas por Produtos de Distorção

DPT Duration Pattern Test

FPT Frequency Pattern Test

GIN Gap-In-Noise Test

Hz Hertz

LCC Longo-Curto-Curto

LCL Longo-Curto-Longo

LL Lemnisco Lateral

LLC Longo-Longo-Curto

ms Milissegundo

NC Núcleo Coclear

OD Ouvido Direito

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Lista de Abreviaturas e Símbolos

XXI

OE Ouvido Esquerdo

PA Processamento Auditivo

PAC Processamento Auditivo Central

PEA Potenciais Evocados Auditivos

PEATC Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral

PEALL Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência

PPDT Psychoacoustic Pattern Discrimination Test

PPS Pitch Pattern Sequences Test

RC Respostas Correctas

RGDT Random Gap Detection Test

RGDT-EXP Random Gap Detection Test- Expanded

s Segundo

SAC Sistema Auditivo Central

SAP Sistema Auditivo Periférico

TPD Teste Padrão de Duração

TPD – VI Teste Padrão de Duração – Versão Infantil

TPF Teste Padrão de Frequência

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1 Introdução à Dissertação

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Introdução à Dissertação

Cristina Nazaré | FEUP 3

1.1 Introdução

A percepção do meio que nos rodeia é efectuada sobretudo com base na informação adquirida

pelos nossos sentidos. O processamento desta informação nos sistemas sensoriais é um

processo complexo que muito se deve ao desenvolvimento de capacidades em função das

necessidades com que a nossa espécie se deparou ao longo dos tempos e do seu contacto com

estímulos diversificados. Em termos de importância evolutiva e ecológica, o aperfeiçoamento

da percepção sensorial está fortemente relacionado com a nossa segurança, crescimento e

socialização (Hoglund, 2007).

O sistema auditivo humano é um desses sistemas sensoriais. Possuí capacidades altamente

especializadas para recolher e processar informação de eventos acústicos. A audição resulta

de um dos mecanismos de transdução mais complexos e sofisticados presentes na natureza

(Northern & Downs, 2002) e tem suscitado bastante interesse a numerosos investigadores de

ciências e áreas diversas, na medida em que parte dos processos envolvidos ainda não são

completamente compreendidos e os meios de avaliar o seu funcionamento e estabelecer a sua

função também não estão disponíveis na totalidade.

Nos últimos anos, várias pesquisas têm demonstrado que uma audição normal não implica

eficácia de processamento da informação auditiva, verificando-se na prática clínica que

alguns indivíduos com audição dentro dos parâmetros da normalidade apresentam um

desempenho reduzido em determinadas capacidades do processamento perceptivo da

informação auditiva no sistema nervoso central, manifestando alterações no processamento

auditivo (Keith, 2000; Fuente & McPherson, 2006; Chemark, 2007; Dawes et al., 2007).

O crescente progresso no estudo do processamento auditivo central e das suas alterações e o

reconhecimento da sua relevância na prevenção, diagnóstico, orientação terapêutica e

prognóstico evidenciam a necessidade de implementação de testes de avaliação do

processamento auditivo (Souza et al., 2002).

Um dos fenómenos do funcionamento auditivo menos explorado, apesar das evidências deste

como componente fundamental do processamento auditivo e crucial em muitos dos aspectos

da nossa percepção auditiva tem sido o processamento auditivo temporal, que nos

proporciona a capacidade de processar os aspectos de um estímulo acústico com o decorrer

do tempo (Neves, 2002; Shinn, 2003).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

4 Cristina Nazaré | FEUP

Como refere Shinn (2007) são essenciais medições adicionais para estudar completamente o

processamento temporal. Deve-se reconhecer a carência de testes nesta área da saúde e

começar a desenvolver-se instrumentos e equipamentos de interface, dado que as

ferramentas de diagnóstico são limitadas e a nível clínico não surgiram meios de medir de

uma forma fácil algumas das capacidades temporais.

Em Portugal está desenvolvido só um teste de processamento auditivo temporal numa versão

não comercial (Martins, 2008) existindo falta de instrumentos de diagnóstico de problemas de

processamento auditivo para adultos e crianças.

Este trabalho, realizado no âmbito do Curso de Mestrado em Engenharia Biomédica tem como

principal objectivo criar testes que possibilitem avaliar o processamento auditivo central, o

Teste Padrão de Duração e o Teste Padrão de Duração – Versão Infantil, com o

desenvolvimento de sequências de sinais acústicos e de rotinas em MATLABTM. O estudo tem

ainda como finalidade a aplicação dos testes criados a grupos de indivíduos e analisar o

desempenho alcançado pelos sujeitos.

1.2 Organização da Dissertação

No actual capítulo, a introdução à dissertação, encontra-se uma breve referência ao tema do

trabalho e os objectivos do estudo. O segundo capítulo engloba uma pequena descrição da

anatomia e fisiologia do sistema auditivo. No terceiro capítulo são descritos alguns aspectos

importantes do processamento auditivo central, as suas alterações e uma alusão aos

instrumentos de avaliação desta capacidade. No quarto capítulo é efectuada uma abordagem

ao processamento auditivo temporal, após a qual se analisa mais especificamente os sub-

processos desta aptidão, alterações e os testes que estudam esta capacidade auditiva de

processamento da informação de duração dos estímulos acústicos. No quinto capítulo são

descritos alguns aspectos que conduziram à selecção dos testes usados para o estudo e o seu

processo de adaptação/desenvolvimento em MATLABTM. No sexto capítulo é explicada a

metodologia usada na aplicação dos testes criados à amostra. Os últimos três capítulos, o

sétimo, oitavo e nono referem-se à análise dos resultados obtidos com os testes de

processamento auditivo temporal, à sua discussão, terminando com as conclusões do trabalho

e perspectivas de estudos futuros.

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2 Anatomo-Fisiologia do Sistema Auditivo

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Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo

Cristina Nazaré | FEUP 7

O conhecimento da anatomia e fisiologia do sistema auditivo é um requisito importante na

compreensão do processamento de informações auditivas (Zorzetto et al., 2007). Como tal,

neste capítulo serão abordados aspectos anatomo-fisiológicos do sistema auditivo.

O sistema auditivo divide-se em componentes periféricos e centrais e as suas estruturas

interagem com funções distintas, porém complementares, nos fenómenos auditivos. O

sistema auditivo actua como um transdutor onde a energia acústica captada pelo ouvido

externo é transformada em mecânica no ouvido médio e posteriormente convertida pelo

ouvido interno em impulsos bioelétricos que são transmitidos para o sistema auditivo central

onde são processados e alcançam o córtex auditivo que os interpreta (Musiek & Baran, 2007).

2.1 Sistema Auditivo Periférico

O sistema auditivo periférico (Figura 2.2) está localizado no osso temporal e do ponto de vista

anatómico inclui o ouvido externo (external ear), o ouvido médio (middlle ear), o ouvido

interno (inner ear) e o nervo auditivo (cochlear nerve) (Gelfand, 2001).

Figura 2.1 - Representação esquemática do sistema auditivo periférico.

(Saladin, 2007)

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

8 Cristina Nazaré | FEUP

2.1.1 Ouvido Externo

O ouvido externo abrange o pavilhão auricular (auricle), porção visível, e o canal auditivo

externo (CAE) (Roeser et al., 2007).

O pavilhão auricular apresenta uma forma e geometria específica que permite captar,

atenuar e amplificar as ondas sonoras, sendo estas características relevantes no processo de

localização da fonte sonora (Moore, 2003; Clapton & Voigt, 2006).

O CAE conduz o som até à membrana timpânica (tympanic membrane). Tem a forma

aproximada de um cilindro em “S” de 2,5 cm de comprimento, fechado apenas numa das

extremidades pelo tímpano (Gelfand, 2001). Devido à sua dimensão e configuração apresenta

uma ressonância natural na gama frequências de 3000 a 4000 Hz, em indivíduos adultos,

provocando nestas frequências uma ampliação de 10 a 15 dB (Musiek & Baran, 2007).

Figura 2.2 - Sistema auditivo periférico.

(Seeley et al, 2007)

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

10 Cristina Nazaré | FEUP

A cadeia de ossículos (Figura 2.5) permite a transmissão da pressão sonora que chega à

membrana timpânica e possibilita a amplificação da energia sonora de modo a igualar as

impedâncias entre o meio gasoso do CAE e o meio líquido do ouvido interno. Esta

amplificação, demonstrada na Figura 2.4, ocorre pelo facto da área do estribo que está em

contacto com a janela oval do ouvido interno ser 17 vezes menor que a membrana timpânica,

e pelo efeito de alavanca da cadeia ossicular (Figura 2.6), que origina um acréscimo de 1.3 na

energia sonora. Este mecanismo faz com que a pressão acústica exercida na janela oval seja

amplificada aproximadamente 22 vezes em relação à efectuada sobre o tímpano (Musiek &

Baran, 2007).

2.1.3 Ouvido Interno

O ouvido interno (Figura 2.7 (a)) é uma estrutura que pode ser dividida em duas partes: o

labirinto anterior ou cóclea (cochlea) que é o órgão periférico da audição e o labirinto

posterior responsável pelo equilíbrio que engloba os canais semicirculares (semecircular

canals) e o vestíbulo (vestibule). Estes labirintos por sua vez possuem uma parte óssea (bone

labyrinth) e uma membranosa (membranous labyrinth) (Roeser et al., 2007).

Na cóclea, o esqueleto ósseo forma um canal em espiral de duas voltas e meia que diminui de

diâmetro da base para o ápice. A base é estimulada pelos sinais de alta frequência e o ápice

pelos de baixa frequência. No interior da cóclea existe a membrana de Reissner e a

membrana basilar (basilar membrane) que também formam canais em espiral, denominados

por rampa timpânica (scala tympani) e rampa vestibular (scala vestibuli) e que contêm

Figura 2.5 - Cadeia ossicular do ouvido

médio.

(SciencePhotoLibrary, 2008)

Figura 2.6 - Efeito de alavanca da cadeia ossicular do ouvido médio.

(Henrique, 2002)

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

12 Cristina Nazaré | FEUP

2.1.4 Nervo Auditivo

O nervo auditivo ou VIII par craniano situa-se no canal auditivo interno, é um nervo bastante

curto, com cerca de 5 milímetros de comprimento e relativamente espesso que contém cerca

de 30000 fibras nervosas que se dividem em dois ramos: o nervo coclear e o vestibular. O

nervo coclear tem a sua origem no gânglio espiral de Corti que recebe as conexões das células

sensoriais do órgão de Corti. O núcleo do nervo é formado por fibras da região mais apical da

cóclea e a periferia do nervo por fibras da base. Cada fibra do nervo pode efectuar pelo

menos, 1000 impulsos nervosos por segundo, sendo a sensação de intensidade sonora

determinante para a sua velocidade de transmissão. Geralmente, para sons de 2000 a 4000

Hz, os impulsos do nervo coclear ocorrem em sincronização com a frequência do som, mas

não necessariamente com os ciclos da onda sonora. O nervo auditivo termina com sinapses

com os neurónios do núcleo coclear, que é considerado uma estrutura do sistema auditivo

central (Zemlin, 2000; Hall & Guyton, 2006).

2.2 Sistema Auditivo Central

O sistema nervoso central é constituído por vias aferentes ou ascendentes, que conduzem as

informações da cóclea ao córtex auditivo, e por vias eferentes ou descendentes, que provêm

do córtex auditivo e terminam no órgão de Corti e que actuam na inibição e excitação de

algumas informações (Gelfand, 2001). As vias auditivas eferentes são responsáveis por

mecanismos de feedback que permitem a troca de informação entre várias estruturas do

sistema auditivo, como o controlo e protecção contra sons de elevada intensidade que

chegam à cóclea (Aquino & Araújo, 2002).

O sistema auditivo central (SAC) envolve os núcleos cocleares (cochlear nucleus), o complexo

olivar superior (superior olivary nucleus ou superior olive), o lemnisco lateral (lateral

lemniscus), o colículo inferior (inferior colliculus), o corpo geniculado médio (medial

geniculate nucleus), o córtex auditivo (auditory cortex) e as vias inter-hemisféricas (Musiek &

Baran, 2007). Algumas das estruturas do SAC e suas conexões podem ser visualizadas no

desenho da Figura 2.8. e na representação esquemática da Figura 2.9.

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Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo

Cristina Nazaré | FEUP 13

2.2.1 Núcleo Coclear

O núcleo coclear (NC) é a primeira estrutura do SAC e pode ser dividido em núcleo coclear

dorsal, núcleo coclear posterior ventral e núcleo coclear anterior ventral (Roeser et al.,

2000). O NC é a única estrutura auditiva do tronco cerebral que recebe apenas entradas

aferentes ipsilaterais e envia a maioria das fibras aferentes para o complexo olivar superior

contra-lateral (Musiek & Oxholm, 2000). Ou seja, os estímulos que chegam aos núcleos

cocleares são transmitidos bilateralmente para as vias auditivas mas com maior

preponderância para a via contra-lateral ao ouvido estimulado (Figura 2.9). O cruzamento das

fibras nervosas a nível dos núcleos cocleares leva a algumas destas passem directamente para

o núcleo coclear dorsal (dorsal cochlear nucleus) e enquanto as restantes passam para o

núcleo coclear ventral (ventral cochlear nucleus) e cruzam a linha média do tronco cerebral

em direcção ao complexo olivar superior (Zemlin, 2000; Hall & Guyton, 2006). O NC contribui

para a codificação de intensidades, resolução temporal e codificação de sons complexos

(Aquino & Araújo, 2002).

Figura 2.8 – Sistema Auditivo Central.

(Seeley et al., 2007)

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

14 Cristina Nazaré | FEUP

2.2.2 Complexo Olivar Superior

O complexo olivar superior (COS) é constituído por grupos de núcleos que recebem

informação auditiva ipsi e contralateral vinda dos núcleos cocleares. A análise da informação

neural que chega a cada um dos ouvidos depende desta conexão bilateral que faculta a fusão

binaural, a detecção de diferenças interaurais de intensidade e de diferenças interaurais de

tempo fundamentais para a lateralização e localização sonora e para o aumento da relação

sinal/ruído. Pensa-se também que o complexo olivar superior é a área do tronco cerebral que

mais poderá contribuir para a codificação da ordem temporal (Balen, 1997; Musiek & Oxholm,

2000; Aquino & Araújo, 2002; Musiek & Baran, 2007).

Figura 2.9 - Representação esquemática das vias auditivas do sistema auditivo central.

(Moore, 2003)

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Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo

Cristina Nazaré | FEUP 15

2.2.3 Lemnisco Lateral

O lemnisco lateral (LL) recebe sobretudo conexões da via contralateral e envia fibras nervosas

para o colículo inferior ipsi-lateral (Aquino & Araújo, 2002).

No tronco cerebral, excepto para frequências menores que 200 Hz e nas regiões acima ao

colículo inferior já não se verifica a sincronização dos impulsos com a frequência sonora como

no ocorre no nervo auditivo. Isto evidencia que a transmissão da informação sonora através

dos impulsos nervosos é modificada desde o núcleo coclear até ao córtex auditivo (Hall &

Guyton, 2006).

2.2.4 Colículo Inferior

O colículo inferior (CI) localiza-se no mesencéfalo. Grande parte das fibras do lemnisco

lateral e dos centros auditivos inferiores estabelecem sinapses directa ou indirectamente com

o CI e apresenta ligações auditivas e extra-auditivas (Musiek & Oxholm, 2000).

É uma das estruturas do sistema nervoso auditivo com neurónios sensíveis à duração dos sons,

apresentando a capacidade de responder a alterações temporais no estímulo sonoro, como

detecção de intervalos (Musiek & Baran, 2007). Em conjunto com outras estruturas apresenta

características necessárias na codificação da intensidade e na localização sonora (Musiek &

Oxholm, 2000).

2.2.5 Corpo Geniculado Médio

O corpo geniculado médio localiza-se no tálamo e apresenta três divisões: dorsal, ventral e

medial. Está relacionado com a atenção auditiva e também com a codificação da intensidade

e da frequência do som, a resolução temporal, apresentando muitos neurónios sensíveis à

estimulação binaural. (Musiek & Oxholm, 2000).

2.2.6 Córtex Auditivo

O córtex auditivo localiza-se principalmente no plano supra-temporal do giro temporal

superior, abrangendo também o lado lateral do lobo temporal, o córtex insular e uma porção

lateral do operculum parietal. É dividido em duas partes, o córtex auditivo primário (primary)

e o córtex auditivo secundário ou córtex auditivo de associação (association) (Figura 2.10)

(Hall & Guyton, 2006).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

16 Cristina Nazaré | FEUP

No córtex auditivo primário, a primeira estrutura que recebe a informação sensorial auditiva

directamente do corpo geniculado médio é o giro transversal de Heschl, situado no giro

temporal superior (superior temporal gyrus), dentro da fissura lateral (lateral fissure)

(Hendelman, 2006) (Figura 2.11.) O córtex auditivo secundário recebe conexões do córtex

auditivo primário e de áreas de associação do tálamo adjacentes ao corpo geniculado médio

(Hall & Guyton, 2006).

No córtex auditivo primário e secundário a representação cortical está organizada de acordo

com a localização tonotópica periférica (as altas e baixas frequências na cóclea)

apresentando pelo menos seis mapas. Na maioria dos mapas tonotópicos os sons de baixa

frequência estão localizados na parte anterior e os sons de frequências mais altas estimulam

os neurónios da região posterior. Possivelmente os vários mapas do córtex auditivo estão

Figura 2.10 – Córtex Auditivo Primário e o Córtex Auditivo de Associação.

(Hall & Guyton, 2006).

Figura 2.11- Córtex Auditivo

(Brodal, 2004).

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Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo

Cristina Nazaré | FEUP 17

relacionados com diferentes características dos sons. Pensa-se que um dos mapas maiores do

córtex auditivo primário é o que possibilita discriminar as próprias frequências e que nos

permite ter a percepção de frequência (pitch). Outros talvez sejam usados para detectar a

direcção da fonte sonora, sons súbitos e modulações como o ruído (Aquino & Araújo, 2002;

Hall & Guyton, 2006).

No córtex auditivo cada neurónio responde a uma gama de frequências muito mais estreita

que a nível do tronco cerebral ou coclear. Acredita-se que este efeito de diminuição da

resposta em frequência ao longo das vias auditivas é causado sobretudo pela inibição das

frequências sonoras ao lado da frequência principal, por fibras colaterais à via primária do

sinal (Hall & Guyton, 2006).

No córtex auditivo secundário, muitos dos neurónios reagem não só a sons de frequências

específicas como associam informação sonora de outras áreas sensoriais que se sobrepõem no

córtex auditivo (Hall & Guyton, 2006).

O sistema auditivo apresenta muitas fibras colaterais. Umas conectam directamente com o

sistema nervoso reticular do tronco cerebral, e são activadas em resposta a sons de

intensidade elevada, outras estabelecem ligação com o cerebelo e reagem instantaneamente

a estímulos inesperados (Hall & Guyton, 2006; Musiek & Baran, 2007).

A transmissão nervosa também é processada principalmente em paralelo. Isso permite que

possam ser usados aspectos processados previamente para distinguir as várias informações

recebidas (Stafford & Webb, 2004).

A investigação em animais tem demonstrado que a remoção completa e bilateral do córtex

auditivo não impede que estes possam detectar ou reagir de uma forma brusca a sons, apesar

de reduzir ou anular a capacidade de discriminar diferentes frequências e particularmente

padrões sonoros. Se forem treinados a reconhecer a sequência de sons e ocorrer a destruição

do córtex auditivo perdem esta habilidade e não conseguem reaprendê-la. A destruição do

córtex auditivo primário bilateral em humanos reduz imenso a sensibilidade auditiva (Hall &

Guyton, 2006). Em caso de lesão de uma das vias auditivas ou de um dos lados do córtex, o

sistema auditivo, enquanto estrutura anatómica e funcional bilateral e pelo facto de

apresentar cruzamento das vias auditivas apenas reduz ligeiramente a audição no ouvido

oposto à lesão não permitindo que ocorra perda auditiva total neste ouvido. Porém, afecta a

nossa capacidade de discriminação de padrões sonoros sequenciais que exige a comparação

dos dois lados do córtex (Hendelman, 2006).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

18 Cristina Nazaré | FEUP

As lesões que afectam as áreas auditivas de associação, como por exemplo, a área de

Wernicke (responsável pelo conhecimento dos estímulos linguísticos a pela compreensão da

fala) na porção posterior do giro temporal superior, mas não atingem o córtex auditivo

primário, não reduzem a nossa capacidade de ouvir e repetir, de discriminar sons tonais.

Contudo, quase sempre impossibilitam que o indivíduo seja capaz de interpretar o significado

do que ouviu (Aquino & Araújo, 2002; Hall & Guyton, 2006).

Devido a diferenças de simetria, supõe-se que existe uma diferenciação funcional entre o

córtex auditivo no hemisfério direito e no hemisfério esquerdo. A ciência tem atribuído a

processamento da fala ao hemisfério esquerdo e o processamento da música ao direito, sendo

o lobo temporal esquerdo maior que o direito. Contudo, investigadores referem também que

nos indivíduos com experiência musical o lobo temporal esquerdo pode chegar a ser duas

vezes superior ao direito. O que surpreende, pois ao hemisfério esquerdo tem sido atribuídas

funções verbais e analíticas e ao direito funções relacionadas com a intuição e as artes. Isto

pode indicar que o hemisfério esquerdo recebe também informações musicais, e assim, a

música para além de ser uma arte também é linguagem. Os estudos indicam que à medida

que um indivíduo adquire treino musical o domínio do hemisfério passa do direito para o

esquerdo, desempenhando a música um papel importante na activação de células corticais

(Silveira et al., 2002).

2.2.7 Vias Inter-hemisféricas

O corpo caloso (corpus callosum) (Figura 2.12) é a maior estrutura do sistema nervoso central

que estabelece conexão entre o hemisfério cerebral direito e esquerdo permitindo a

comunicação inter-hemisférica. O tempo de transferência da informação de um hemisfério

para o outro é um dos aspectos mais importantes relacionados com a função do corpo caloso.

Os impulsos nervosos dessa transferência podem variar dos 3-6 ms aos 100 ms dependendo se

ocorre uma excitação ou inibição das fibras nervosas. O tempo de transferência inter-

hemisférica vai diminuindo até à adolescência e o que esta relacionado com o aumento da

maturação do corpo caloso (Musiek & Baran, 2007).

As lesões cerebrais envolvem frequentemente o corpo caloso, dado que é uma estrutura que

ocupa um espaço considerável na linha média dois hemisférios. Estudos indicam que as lesões

na parte posterior do corpo caloso, onde se encontra a maioria das fibras para o lobo

temporal, atingem a integração da informação entre os hemisférios e prejudicam as tarefas

dicóticas que requerem essa interacção de hemisférios (Aquino & Araújo, 2002).

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Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo

Cristina Nazaré | FEUP 19

2.3 Maturação do Sistema Auditivo

Ao longo do desenvolvimento de um indivíduo, várias estruturas do sistema auditivo e do

cérebro passam por um processo de maturação que ocorre a diferentes velocidades.

Geralmente a maturação do sistema auditivo dá-se da periferia para o córtex e envolve vários

mecanismos como a diferenciação e migração celular, mielinização, arborização e formação

de sinapses (Whitelaw & Yuskow, 2006; Roeser et al., 2007).

A partir do vigésimo dia de gestação a cóclea começa o seu desenvolvimento e o sistema

auditivo encontra-se funcional, embora ainda com capacidades reduzidas a partir do início do

terceiro trimestre, cerca da 25ª semana. Rapidamente ocorre uma melhora funcional e várias

semanas antes do nascimento, um som já pode estimular o sistema auditivo e provocar uma

resposta comportamental do feto. Pesquisas têm mostrado que a experiência auditiva pré-

natal terá implicações fundamentais na vida pós-natal (Aquino, 2002). À nascença o sistema

auditivo periférico está completamente desenvolvido (Aslin & Hunt, 2001; Whitelaw &

Yuskow, 2006).

Embora um recém-nascido apresente capacidades auditivas desenvolvidas, o seu sistema

auditivo central ainda está imaturo, o que vai fazer com que a capacidade de processar

aspectos mais complexos do som só seja possível alguns meses depois do nascimento. Perto

dos seis meses de idade o processamento da informação auditiva de intensidade e de

Figura 2.12 – Estruturas do sistema nervoso central.

(Fox, 2006)

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

20 Cristina Nazaré | FEUP

frequência parece atingir valores similares aos adultos, porém o desenvolvimento do

processamento temporal é mais demorado, continuando na infância (Aslin & Hunt, 2001).

Estudos indicam que a região auditiva pré-tálamo apresenta mielinização completa aos cinco,

seis meses depois do nascimento, a região auditiva pós-tálamo nunca antes dos cinco, seis

anos e o corpo caloso e as áreas associativas só perto dos dez aos doze anos. Considera-se que

as diferenças encontradas no desempenho das crianças em alguns testes auditivos pode estar

relacionada com a quantidade de mielina em várias regiões críticas do cérebro (Aslin & Hunt,

2001).

É nos primeiros seis meses pós-natais ocorrem melhorias substanciais em quase todos os

aspectos do funcionamento do sistema auditivo (Aslin & Hunt, 2001). Por outro lado, na

ausência de estimulação como no caso da perda auditiva a maturação do sistema auditivo

pode ficar comprometida modificando a forma como as vias auditivas processam a

informação. Contudo, o sistema auditivo consegue reter durante algum tempo a sua

plasticidade e o córtex auditivo pode voltar a se desenvolver após estimulação (Aquino,

2002). Isto mostra que é uma estrutura dinâmica que se ajusta contentemente as exigências

em termos de actividade e aprendizagem, incluindo o processamento da informação auditiva

(Whitelaw & Yuskow, 2006).

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3 Processamento Auditivo Central

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Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 23

Definição

O Processamento Auditivo Central (PAC) é um mecanismo responsável por vários fenómenos

do sistema auditivo, reflectindo a eficácia com que o sistema nervoso central (SNC) utiliza a

informação auditiva (Northern & Downs, 2002) e a integra com outros estímulos sensoriais

(Fuente & McPherson, 2006). Katz (1999) descreve o Processamento Auditivo como “aquilo

que nós fazemos com o que ouvimos”.

Capacidades

O processamento da informação auditiva é possível porque o sistema auditivo desempenha

capacidades como: a detecção do som, que se refere à capacidade de determinar a presença

ou não de um estímulo auditivo; a localização, de modo a identificar a origem da fonte

sonora; a atenção, que implica a capacidade de nos focarmos num estímulo durante um

determinado tempo; a atenção selectiva que nos permite analisar um som mesmo na presença

de outros estímulos ou com atenção primária noutras modalidades sensoriais; a figura-fundo,

que possibilita a identificação de sons de fala quando existem sons competitivos; a integração

binaural, que é a capacidade de reconhecer sons apresentados aos dois ouvidos; a separação

binaural, importante para distinguir informações auditivas distintas que alcançam os dois

ouvidos em simultâneo; o fechamento, que se refere à aptidão para reconhecer o som quando

são omissas partes deste; o reconhecimento, ou seja, capacidade de identificar

correctamente um estímulo conhecido previamente; a discriminação, de forma a detectar

diferenças entre padrões de estímulos acústicos; a combinação que consiste na capacidade de

a partir de fonemas articulados separadamente, formar palavras; a associação que é o

processo para estabelecer relações não linguísticas com o estímulo; a compreensão é a

capacidade que possibilita estabelecer relações entre o estímulo linguístico e o seu

significado; e a memorização que nos permite armazenar e recuperar a informação a auditiva

(Jacob et al., 2000).

Ao longo dos últimos anos alguns trabalhos têm tentado demonstrar a influência positiva que

música pode ter no desenvolvimento cognitivo, na obtenção de novas capacidades e o

especialmente no aperfeiçoamento de habilidades de percepção auditiva. A música tem sido

responsabilizada pelo desenvolvimento de diversas capacidades do processamento auditivo

apresentando-se com potencial para ser usada como instrumento de prevenção e, ou

instrumento terapêutico em possíveis alterações de processamento auditivo, de linguagem e

aprendizagem (Silveira et al., 2002).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

24 Cristina Nazaré | FEUP

3.1 Alterações de Processamento Auditivo Central

As alterações de Processamento Auditivo Central (Central Auditory Processing Disorders -

CAPD) estão relacionados com as dificuldades no processamento perceptivo da informação

auditiva no SNC e no SAC, e podem verificar-se através de um baixo desempenho em algumas

das capacidades do PAC (Keith, 2000; Fuente & McPherson, 2006), apesar da audição se

apresentar normal em grande parte dos indivíduos (Dawes et al., 2007).

Características

Um indivíduo com alterações de Processamento Auditivo Central pode apresentar dificuldades

na localização auditiva do som, na distinção de sons fracos de sons fortes, em compreender a

fala com ruído de fundo, seguir conversações longas, ler, soletrar, escrever, compreender

duplo sentido, na memória auditiva e em seguir instruções auditivas (Northern & Downs,

2002; Souza & Souza, 2002). Pode também apresentar dificuldades em manter a atenção, no

desenvolvimento de capacidades de linguagem, em aprender música, na associação dos sons

às fontes que os produzem ou letras do alfabeto aos sons respectivos. Podem também fazer

diferentes expressões faciais ou posturas corporais enquanto ouvem e apresentar uma baixa

auto-estima, hiperactividade ou hipoactividade, e um histórico de otite média e problemas

respiratórios (Souza & Souza, 2002).

Um défice no processamento neural do estímulo auditivo, em uma ou mais áreas do PAC é

sugestivo de problemas de processamento auditivo central e não devido a factores cognitivos

ou de linguagem. Porém, pode estar associado, ou conduzir, a dificuldades de aprendizagem

e comunicação e comprometer o desenvolvimento educacional, social e psicológico dos

indivíduos (Gama, 2001; ASHA, 2005).

Para alguns indivíduos, as CAPD podem resultar de uma disfunção dos processos e mecanismos

envolvidos na audição, mas para outros podem surgir de disfunções gerais como um défice de

atenção ou um défice no tempo neural que afecta o desempenho de várias modalidades

(keith, 2000).

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Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 25

Etiologia

O SAC é um sistema complexo de vias neurais que podem ser afectadas por imensas situações

intrínsecas ao seu desenvolvimento e danos sofridos (Gama, 2001; Zorzetto et al., 2007).

Problemas como as doenças degenerativas, alterações bioquímicas e neurológicas, doenças

metabólicas, drogas ototóxicas ou exposição a substâncias tóxicas, o envelhecimento, a

presbiacúsia, indivíduos com história otológica como a otite média recorrente, privação

auditiva por tempo prolongado devido a perda auditiva periférica e perdas auditivas induzidas

por ruído podem ser algumas das causas que provocam alterações centrais e de

processamento auditivo (Gama, 2001; Chermak, 2007; Hurley & Hurley, 2007).

Têm sido igualmente observadas alterações de processamento auditivo central em várias

populações clínicas, onde existem suspeitas de patologias que afectam o SNC como alterações

do desenvolvimento da linguagem, dislexia, dificuldades de aprendizagem e de atenção e em

casos onde existe a evidência de patologias do SNC como na afasia, esclerose múltipla,

epilepsia, doença de Alzheimer ou de Parkinson (Chermak, 2003).

As alterações de PAC podem verificar-se em populações com factores de risco incluindo

alterações relacionadas com o desenvolvimento, a prematuridade, infecções ou lesões pré ou

pós-natais como a anóxia que pode afectar a distribuição de oxigénio no SNC, a

hiperbilirubinémia e uma incompatibilidade do factor do Rhesus (Rh). Os distúrbios de PAC

são encontradas também em indivíduos que sofreram de traumatismos cranianos, acidentes

vasculares cerebrais, tumores, meningites e encefalites, atrasos de maturação neurológica do

SNC (Chermak, 2007; Hurley & Hurley, 2007). Em alguns casos crianças podem apresentar uma

predisposição genética para as CAPD, quando os pais manifestam dificuldades similares

(Yellin, 2004).

Especula-se que degeneração neural das vias auditivas seja uma das causas das alterações

funcionais associadas ao processamento auditivo. Porém, a maioria dos casos de problemas de

processamento auditivo central ocorre na ausência de neuropatologias e lesões estruturais

que expliquem directamente essa alteração, o que sugere que os problemas de

processamento se devem a disfunções orgânicas no sistema nervoso auditivo central e a

alterações metabólicas cerebrais como por exemplo as que ocorrem no processo natural de

envelhecimento (Baraldi et al., 2004; Yellin, 2004).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

26 Cristina Nazaré | FEUP

Prevalência

Actualmente a determinação da prevalência de alterações de processamento auditivo

(central) é um processo complexo. Sabe-se que estas alterações ocorrem principalmente em

crianças e idosos (Yellin, 2004). Em crianças a prevalência é aproximadamente de 2 – 3%, com

uma relação de 2:1 entre o sexo masculino e o feminino (Yellin, 2004, Meister et al., 2004),

embora se acredite numa maior extensão da problemática dado que muitas não são

diagnosticadas ou não identificadas. Em adultos, a estimativa de CAPD poderá ser de 10-20%,

sendo a prevalência estimada a 70% em indivíduos com mais de 60 anos de idade (Yellin,

2004).

3.2 Avaliação do Processamento Auditivo Central

A avaliação auditiva do sistema nervoso central teve início nos anos 50 com Bocca e desde

então, vários testes têm sido usados para estudar o Processamento Auditivo Central (Zorzetto

et al., 2007).

Surgiu como forma de clarificar manifestações auditivas que os testes convencionais não

evidenciavam. Na maioria dos casos, estes testes apresentavam-se normais porém, os

resultados eram incompatíveis com sintomas apresentados pelo indivíduo em relação a uma

utilização eficiente da audição (Souza & Souza, 2002).

Nas últimas duas décadas têm ocorrido imensos progressos na investigação do PAC e de

acordo com a literatura, apesar de alguns testes de processamento auditivo terem sido

criados com objectivos específicos, curiosamente, grande parte destes têm sido aplicados de

várias formas e a populações para as quais não tinham sido planeados (Machado, 2003).

Até ao momento tem havido uma dificuldade em adquirir procedimentos para a avaliação do

sistema auditivo central devido à complexidade do sistema auditivo, sobretudo porque sua

anatomia e a fisiologia ainda não estão totalmente compreendidas, e pelo facto de os efeitos

dos problemas do sistema nervoso central poderem ser discretos e os resultados dos testes

muitíssimo variáveis em função dos procedimentos usados. As condições do próprio sujeito,

como a existência de perda auditiva periférica, a idade, o nível cognitivo, o conhecimento

linguístico, o desenvolvimento da linguagem, a língua materna, os factores culturais e

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Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 27

socioeconómicos, a motivação, a fadiga e a atenção também podem interferir na avaliação

(Gama, 2001; West & Guenette, 2007; Zorzetto et al., 2007).

A divergência sobre os testes mais indicados ou sensíveis para avaliar as capacidades do

processamento auditivo tem igualmente dificultado o seu desenvolvimento e implementação

(Gama, 2001; Zorzetto et al., 2007).

Em adição a estes factores a criação de testes para execução na prática clínica necessita da

cooperação e transferência de conhecimentos entre investigadores e clínicos, o que não tem

sido uma prática muito comum (Shinn, 2007).

Contudo, o crescente aumento da produção científica nesta área e o eclodir de novos recursos

tecnológicos possibilitará encontrar os testes mais apropriados e eficientes para avaliar as

capacidades do processamento auditivo central (Zeigelboim et al., 2000; Cameron et al.,

2006).

Objectivo

Uma das finalidades do desenvolvimento deste tipo de testes para avaliação do SAC é auxiliar

no diagnóstico de alterações de processamento auditivo, descrever os parâmetros de

extensão, avaliar alterações de maturação do sistema nervoso central, evidenciar o

desempenho/défice funcional auditivo as capacidades auditivas centrais em indivíduos com

patologias centrais, monitorizar situações neurológicas e auditivas em indivíduos em avaliação

pré e pós-cirúrgica e durante o processo de reabilitação auditiva e de terapia da fala, criar

estratégias e directrizes para um programa de reabilitação das capacidades de processamento

auditivo através de treino dessas habilidades e determinar o encaminhamento a outros

profissionais (Gama, 2001; Muniz et al., 2007). Outro dos objectivos essenciais é tentar

efectuar um diagnóstico diferencial entre alterações de processamento auditivo central,

défices de atenção/hiperactividade e distúrbios de linguagem ou de aprendizagem. Porém,

em alguns indivíduos, estes problemas podem coexistir. Devido a este facto a determinação

da origem primária ou secundária do problema pode ser complexa (Keith, 2000).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

28 Cristina Nazaré | FEUP

Testes

A avaliação do processamento auditivo é multidimensional, sendo efectuada por vários testes

que exploram informações complementares sobre o sistema auditivo periférico e central.

Estes testes podem ser classificados em testes acústicos ou fisiológicos, testes

electrofisiológicos e testes psicoacústicos ou comportamentais (Gelfand, 2001; Muniz et al.,

2007).

A avaliação deve iniciar-se com a Anamnese que para além de auxiliar no diagnóstico

permitirá orientar o examinador nos procedimentos e testes a executar (Baraldi et al., 2004).

Deve ser efectuada a Otoscopia que é uma observação direita para certificar a ausência de

alterações visíveis na anatomia do ouvido externo, perfuração ou de obstruções que

impossibilitassem a passagem do som, como o cerúmen obliterante.

Os testes acústicos ou fisiológicos incluem testes como o Timpanograma e os Reflexos

Estapédicos. O Timpanograma permite avaliar de forma objectiva a integridade funcional da

cadeia tímpano-ossicular e da trompa de Eustáquio, de forma a excluir patologias do ouvido

médio. O teste é um registo gráfico baseado na análise das modificações de impedância do

ouvido médio, em função das variações de pressão efectuadas de modo artificial no canal

auditivo externo. Os Reflexos Estapédicos Ipsi e Contra-laterias possibilitam, de uma forma

indirecta, o estudo funcional das estruturas constituintes do arco reflexo estapédico. Este

exame é uma representação gráfica resultante da contracção do músculo do estribo, que

provoca alguma rigidez na cadeia tímpano-ossicular após estimulação com um som. A

verificação de ausência de resposta do reflexo do músculo estapédico em alguns casos pode

ser uma pista para levantar a hipótese de um problema de processamento auditivo (Machado,

2003).

Os testes psicoacústicos ou comportamentais incluem o Audiograma Tonal Simples (ATS), o

Audiograma Vocal e os testes de processamento auditivo central (Gelfand, 2001).

A maioria dos problemas que afectam as vias auditivas centrais não produz alterações no

limiar de sensibilidade auditiva. Por isso o ATS com sons puros geralmente não identifica as

alterações de processamento auditivo central (Keith, 2000).

Os testes de processamento auditivo, mesmo que englobem tarefas não linguísticas podem ser

mais susceptíveis a alterações do processamento auditivo que testes de discriminação da fala

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Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 29

no silêncio, como o Audiograma Vocal em que o indivíduo tem que repetir as palavras que

ouvir.

As Otoemissões Acústicas (OEA) são sons que têm origem nas células ciliadas externas da

cóclea e podem ser captadas no CAE com um microfone com grande sensibilidade (Gelfand,

2001).

Os Potenciais Evocados Auditivos (PEA) são um sinal bioeléctrico do sistema auditivo evocado

por estímulos acústicos e captado à superfície por eléctrodos. Este exame pretende estudar o

funcionamento das vias auditivas e analisar o seu grau de integridade neurofisiológica (Hall,

2007).

A avaliação do electrofisiológica do processamento auditivo com Potenciais Evocados

Auditivos, dá informação sobre o tempo neural com fracções de milissegundos de precisão,

contudo, os modelos complexos da conectividade das vias auditivas e a natureza da

percepção, como a dependência de um contexto tornam difícil atribuir um défice perceptivo

específico a um local anatómico específico ao longo das vias auditivas sem recorrer a

informação adicional (Banan et al., 2006).

Os testes comportamentais como os de processamento auditivo em comparação com os testes

de electrofisiologia e testes de imagem como o mapeamento da actividade cerebral podem

assumir importância não só devido ao seu contributo no diagnóstico dos problemas centrais

que os restantes podem não evidenciar, como no facto da avaliação ser de maior

acessibilidade e de menor custo (Gama, 2001).

O ideal para a avaliação do PAC seria poder associar os testes comportamentais aos testes

mais objectivos como os fisiológicos e electrofisiológicos que avaliem especificamente cada

um dos aspectos relacionados com as capacidades do processamento auditivo (Gama, 2001;

Fuente & McPherson, 2006).

Grande parte dos testes de processamento auditivo central assenta em fenómenos

psicoacústicos que revelam a eficiência do funcionamento do sistema auditivo central e do

processamento da informação auditiva (Hurley & Fulton 2007; Ferreira et al., 2008)

Pensa-se que a partir dos 7 anos de idade as crianças estão aptas para realizar testes de

processamento auditivo central (Neves & Schochat, 2005).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

30 Cristina Nazaré | FEUP

Para avaliação do PAC podem ser usados vários estímulos. A ASHA (2005) propôs que a bateria

de testes para examinar os CAPD devia incluir estímulos verbais e não verbais para avaliar

diferentes aspectos do processamento auditivo assim como diversas regiões do sistema

nervoso auditivo (keith, 2000; ASHA, 2005).

Os não-verbais como os sons puros e os ruídos, ao contrário dos estímulos verbais podem em

alguns casos assumir vantagens, dado que podem ser modificados e medidos de várias formas

e não são directamente dependentes de um idioma. São igualmente valorizados para

indivíduos que ainda não desenvolveram completamente a fala ou que apresentam distúrbios

da linguagem. Além disso, os testes com estímulos verbais poderiam mascarar alguns dos

problemas de processamento auditivo central, dado que o indivíduo pode usar as suas

capacidades linguísticas e intelectuais para compensar a dificuldade do PAC (Schaeny, 1999).

De acordo com Gama (2001) para um diagnóstico diferencial é essencial dissociar as

alterações auditivas das não auditivas e de outras modalidades sensoriais. Para isso os testes

não verbais e que demonstrem menor informação cognitiva devem ser aplicados.

Categorias de Testes de Processamento Auditivo

A ASHA (2005) recomenda que o conjunto de testes de avaliação do processamento auditivo

central inclua testes de discriminação auditiva, dicóticos, de interacção binaural, monoaurais

de baixa redundância e de processamento auditivo temporal.

Testes de Discriminação Auditiva Avaliam a capacidade de diferenciar características semelhantes nos estímulos que diferem

em frequência, intensidade e/ou duração como por exemplo os limiares diferenciais (ASHA,

2005).

Testes Dicóticos Avaliam a habilidade de separar (separação binaural) ou integrar (integração binaural)

estímulos auditivos diferentes apresentados em cada um dos ouvidos simultaneamente (ASHA,

2005).

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Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 31

Testes de Interacção Binaural

Avaliam processos binaurais (dióticos) que dependem de diferenças de intensidade e de

tempo do som (ASHA, 2005). São testes que necessitam da interacção de ambos os ouvidos.

Tabela 3.1 – Testes de Audição Dicótica.

(Bellis, 2002; Emanuel, 2002; Fuente & McPherson, 2006; Martins, 2007; Auditec, 2008; Martins, 2008)

Testes de Processamento Auditivo Central Desenvolvido por: Em:

SCAN-A, Competing Words

SCAN-C, Competing Sentences

SCAN-A, Competing Sentences

SCAN, Competing Words

Dichotic Digits1 Kimura/Musiek 1961/1983

Staggered Spondiac Words (SSW)2 Katz 1962

Synthetic Sentence Identification with Contralateral

Competition1 Speaks & Jerger 1965

Dichotic Consonant/Vowel (D-CV)1 Shankweiler & Studdert-Kennedy 1966

Competing Sentences Test (CST)1 Willeford 1968

Dichotic Rhyme Test Wexler & Halwes/Musiek 1983/1989

Dichotic Sentence Identification (DSI) Test1 Fifer, Jerger, Berlin,Tobey, Campbell 1983

SCAN-C, Competing Words Keith 1986

SSW – Português Europeuª Martins 2007

Comercializado por: 1AuditecTM St. Louis; 2Precision Acoustics

aDesenvolvido em Portugal

Tabela 3.2 – Testes de Interacção Binaural.

(Bellis, 2002; Emanuel, 2002; Fuente & McPherson, 2006; Auditec, 2008; Martins, 2008)

Testes de Processamento Auditivo Central Desenvolvido por: Em:

Binaural Fusion (bandpassed), NU-6

Segmented-alternated consonant-vowel-consonant fusion test

Rapid Alternating Speech Perception Test1 Bocca & Calearo 1963

Masking Level Difference (MLD) (Release from Masking)1 Hirsch 1959

Listening in Spatialized Noise Test (LINS) Cameron & Dillon 2005

Teste de Fusão Binauralª Martins 2008

Comercializado por: 1AuditecTM St. Louis

Desenvolvido em: aPortugal

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

32 Cristina Nazaré | FEUP

Testes de Baixa Redundância Avaliam por ouvido a discriminação de estímulos de fala alterados (como filtrados, com sons

competitivos ou com sons distorcidos) (ASHA, 2005).

Testes de Processamento Auditivo Temporal Estudam a nossa habilidade de analisar eventos acústicos em função do tempo (ASHA, 2005).

Tabela 3.3 – Testes de Monoaurais de Baixa Redundância.

(Bellis, 2002; Emanuel, 2002; Fuente & McPherson, 2006; Auditec, 2008; Martins, 2008)

Testes de Processamento Auditivo Central Desenvolvido por: Em:

Speech in Noise1

Time Compressed Monosyllabic Word Tests1

Time-compressed speech test plus reverberation

SCAN-C, Filtered Words

SCAN-A, Filtered Words

SCAN-C, Auditory Figure Ground

SCAN, Filtered Words

Discrimination of PB-K in Noise (Discrimination of Phonetically

Balanced Kindergarten in Noise - PBKN)1 Haskins 1949

Time-compressed speech test, NU-6 Fairbanks, Everitt & Jaejer 1954

Synthetic Sentence Identification with Ipsilateral Competition1 Speaks & Jerger 1965

Low Pass Filtered Lists; NU-6, PBK-50, Word Intelligibility by

Picture Identification1 Ivey 1969

NU-6 with various competitions1 Beasley 1972

Pediatric Speech Intelligibility Test1 Jerger, Lewis e Hawkins 1980

SCAN, Auditory Figure Ground Keith 1986

Speech in noise word recognition test Cord, Walden, Atack 1992

SCAN-A, Auditory Figure Ground Keith 2000

Time Compressed Sentence Test (TCST)1 Keith 2002

Teste de Fala Filtradaª Martins 2008

Teste de Fala no Ruídoª Martins 2008

Comercializado por: 1AuditecTM St. Louis aDesenvolvido em Portugal

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Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 33

Nas tabelas alguns dados referentes aos testes não foram completados por motivos de

referências insuficientes ou não claras. Também se constata que muitos dos testes

apresentados não são recentes e alguns são somente conjuntos de procedimentos

psicoacústicos tradicionais que avaliam as capacidades auditivas de processamento da

informação, e não têm sido aplicados de forma generalizada a nível clínico por falta de

instrumentos que os possam tornar mais acessíveis e rápidos (Shinn, 2007). Nos últimos anos o

progresso científico e tecnológico e a interligação dos diversos saberes, como é o caso da

engenharia biomédica (Plonsey, 2000), permitiram que alguns testes fossem revistos,

melhorados e adaptados, contribuindo para uma avaliação auditiva mais eficaz. Em muitos

casos surgiram mesmo implementações práticas de testes inexistentes. Para além dos avanços

verificados no diagnóstico de alterações de processamento auditivo central estão a emergir

nesta área projectos relacionados com o treino auditivo e plasticidade cerebral, formas de

tratamento farmacológico e investigação genética das alterações de PAC (Chermak & Musiek,

2007).

Tabela 3.4 – Testes de Testes de Processamento Temporal.

(Bellis, 2002; Emanuel, 2002; Fuente & McPherson, 2006; Auditec, 2008; Martins, 2008)

Testes de Processamento Auditivo Central Desenvolvido por: Em:

Auditory Repetition Test (ART)

Tallal e Piercy

1973

Pitch Pattern Sequence-Child Version1

Intensity Pattern Sequence Test

Gap detection test

Auditory Fusion Test (AFT) Matzker 1959

Pitch Pattern Sequence (PPS) Test1 Pinheiro 1976

Frequency Pattern Test2 Pinheiro 1976

Psychoacoustic Pattern Discrimination Test Blaettner 1982

Duration Pattern Sequence (DPS) Test1 Musiek & Pinheiro 1987

Duration Pattern Test3 Musiek & Pinheiro 1987

Auditory Fusion Test-Revised (AFT-R)1 McCroskey & Keith 1996

Random Gap Detection Test (RGDT)1 Keith 2000

Gap-in-Noise Test (GIN©) Musiek, Shinn, Jirsa, Bamiou, Baran & Zaiden 2003

Random Gap Detection Test- Expanded (RGDT-EXP)1 Keith 2005

Teste Padrão de Frequência (TPF)ª Martins 2008

Teste Padrão de Duração (TPD)b 2009

Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI)b 2009

Comercializado por: 1AuditecTM St. Louis, 2Audiology Illustrad; 3Veteran’s Administration

aDesenvolvido em Portugal

bDesenvolvido no presente estudo

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4 Processamento Auditivo Temporal

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 37

Definição

O processamento auditivo temporal pode ser definido como a capacidade de percepção ou de

modificação do som dentro de um domínio restrito ou definido de tempo (Shinn, 2003; Baran

et al., 2006). Avalia a competência de analisar fenómenos temporais da audição e envolve

sub-processos ou capacidades como a resolução temporal, a integração temporal, o

mascaramento temporal e a ordenação temporal (Shinn, 2007).

No processamento auditivo, o tempo é tudo afirma Parthasarathy (2005). Shinn (2003; 2007) e

Parthasarathy (2005) referem que o processamento auditivo temporal é uma habilidade

fundamental, subjacente da maioria, ou mesmo de todas as capacidades do processamento

auditivo. Como descreve Allen (2000) existem evidências neste sentido pois a fonte primária

de informação de todos os sinais auditivos tem por base uma estrutura temporal.

De um modo indiscutível, o processamento temporal contribui para várias funções auditivas,

para além dos sub-processos desta habilidade. Os factos seguintes demonstram como o tempo

é a chave de determinados processos auditivos. Por exemplo, na localização da fonte sonora o

sistema auditivo analisa as diferenças interaurais de tempo na chegada do som a cada um dos

ouvidos conseguindo detectar diferenças de 20 μs (Musiek & Oxholm, 2000; Stafford & Webb,

2004). Este apresenta igualmente uma enorme sensibilidade temporal para as diferenças de

fase do estímulo acústico que nos podem ajudar em condições de ruído, e de forma evidente

a percepção da frequência de sons depende do tempo e das repetições rápidas do estímulo.

Em adição, o factor tempo está presente em processos que actuam em períodos de tempo

específicos (Musiek & Oxholm, 2000).

Dado que a maioria da informação auditiva é influenciada pela duração do estímulo, no que

diz respeito a percepção da fala e da música o processamento auditivo temporal assume um

papel essencial visto que estes sons apresentam um número elevado de informações expressas

por alterações nas características do som com o tempo (Neves et al., 2003; Shinn, 2007).

Estudos têm mostrado poder igualmente existir interferências da experiência linguística na

capacidade de percepção das características temporais do som. Mesmo em testes que

envolverem estímulos não verbais, a forma como estes são processados pelo indivíduo pode

variar de acordo com diferentes línguas. Cada uma apresenta características fonéticas

específicas que requerem uma percepção auditiva particular (Murphy & Schochat, 2007).

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38 Cristina Nazaré | FEUP

A informação temporal é desde modo vital para a detecção, reconhecimento e discriminação

de estímulos acústicos, extraindo o nosso sistema auditivo mais informação dos sons que

qualquer outro sentido dos respectivos estímulos (Allen, 2000; Clopton & Voigt, 2006). O

princípio dominante do sistema auditivo tem como finalidade dizer-nos quando os factos

acontecem, ao contrário do sistema visual que processa a informação de forma a indicar-nos

onde as coisas estão. Embora a visão numa situação de conflito de informação prevaleça

sobre outros sentidos, a sensibilidade do sistema auditivo faz com que a audição domine a

visão na determinação temporal dos eventos (Stafford & Webb, 2004).

Contudo, os mecanismos neuronais do processamento auditivo temporal ainda não estão

completamente compreendidos. Existem dados que sugerem que a codificação da informação

temporal começa no núcleo coclear e continua até ao córtex auditivo (Banai & Kraus, 2007).

Sabe-se igualmente que o processamento temporal depende principalmente de processos

cerebrais e inter-hemisféricos, apesar de mecanismos do tronco cerebral e sub-corticais

também contribuírem (Shinn, 2007).

É importante também mencionar que o termo o “processamento temporal”, em relação ao

sistema auditivo, pode ser ambíguo e designar conceitos distintos. Assim, e de acordo com a

literatura pode referir-se à capacidade do sistema auditivo processar os componentes

temporais dos estímulos acústicos, indicando a performance em testes auditivos que

requerem algum tipo de decisão temporal em relação ao estímulo apresentado, sendo este o

conceito abordado neste trabalho, ou, por outro lado, dizer respeito à capacidade dos

neurónios codificarem os parâmetros acústicos em padrões temporais da actividade neural

(Musiek & Oxholm, 2000; Hall et al., 2005; Shinn, 2007). Dependendo do tipo de estímulo

auditivo esta actividade neural envolve processos distintos. Por exemplo, alguns neurónios

apenas reagem a uma estimulação rápida, outros a estímulos mais longos e outros apenas

respondem quando cessa o estímulo (Musiek & Oxholm, 2000).

Seguidamente serão abordados os sub-processos do processamento temporal que analisam

aspectos como a discriminação de durações e intervalos de tempo do sinal acústico, a

integração da energia acústica com o tempo do estímulo, o mascaramento de sons que estão

muito próximos temporalmente e a percepção da sequência de estímulos sucessivos.

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 39

4.1 Resolução Temporal

Definição

A resolução temporal também designada por discriminação temporal ou acuidade auditiva

temporal é um fenómeno que se refere à mais pequena duração de tempo na qual um

indivíduo pode discriminar dois estímulos auditivos (Neves et al, 2003; Shinn, 2007).

Esta capacidade pode ser estudada através da detecção de breves interrupções e mudanças

no estímulo acústico ao longo do tempo como a detecção de durações, de fase, modulações

(Neves et al., 2003; Shinn, 2007).

O limiar de detecção de interrupções (Gap detection threshold) refere-se ao intervalo de

tempo mínimo necessário para detectarmos a presença de uma pausa ou intervalo de silêncio

entre dois sons. É medido em função da duração dessa pausa e dependendo desse intervalo

possuímos a capacidade de discriminar um ou dois sinais (Neves et al., 2003; Parthasarathy,

2005).

Para sons breves geralmente conseguimos detectar intervalos de silêncio de cerca de 2 a 3 ms

(Shinn, 2007).

Intervalo

Intervalo

Estímulo

Intervalo

Estímulo

Estímulo Estímulo

Estímulo Estímulo

Tempo

Figura 4.1 - Representação esquemática de um exemplo de detecção de intervalos ou interrupções.

Adaptado de (Shinn, 2007)

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40 Cristina Nazaré | FEUP

A resolução temporal também pode ser avaliada pelo limiar de fusão auditivo que é o

processo recíproco do limiar de detecção de interrupções. Nas tarefas de detecção da fusão,

o indivíduo tem que indicar quando dois estímulos se fundem num só. O limiar de fusão

representa o intervalo de silêncio mais pequeno no estímulo que o ouvinte não consegue

detectar (Chermak & Lee, 2005).

Ainda não é claro se a detecção de interrupções e de fusão são tarefas que reflectem o

mesmo processo neurológico. A descontinuidade dos impulsos ou a adaptação neural parece

estar na base das duas tarefas. Investigadores têm verificado que existe correlação entre o

limiar de fusão auditivo e a redução da actividade neural após a apresentação do segundo

estímulo (Chermak & Lee, 2005).

A capacidade de resolução temporal é influenciada por vários factores que podem estar

relacionados com o sujeito, com o estímulo ou com tarefas que envolvem a apresentação do

estímulo. O limiar de fusão auditiva melhora, ou seja diminui o intervalo entre os sons, com o

aumento da idade dos 3 aos 9 anos. Nos indivíduos idosos verifica-se uma discriminação de

intervalos pobre. Em relação à intensidade do estímulo tem se verificado que a baixos níveis

de intensidade a detecção de intervalos melhora com o aumento desta. Os estudos não têm

observado influência da variável frequência de 250 a 4000 Hz no limiar de fusão e de 500 a

4000 Hz no limiar de detecção de interrupções (Chermak & Lee, 2005).

4.1.1 Importância da Capacidade de Resolução Temporal

Uma percepção auditiva adequada requer uma óptima resolução temporal em várias escalas

de tempo. O processamento das características binaurais encontra-se na escala dos micro-

segundos, o processamento da sincronia temporal ocorre em milissegundos, o processamento

de informações rápidas da fala surge na dimensão dos dez milissegundos, e o processamento

das características prosódicas na ordem de centenas de milissegundos, a segundos (Banai &

Kraus, 2007).

Na fala a capacidade de detectar mudanças temporais muito rápidas de um som para outro,

permite-nos discriminar os diferentes fonemas que a constituem (Balan, 1997). Por exemplo,

a distinção entre os fonemas surdo/sonoro como /pa/ e /ba/ é baseada no comprimento do

intervalo de silêncio entre a consoante e a vogal sendo neste caso de 35 ms (Samelli, 2005).

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 41

4.2 Integração Temporal

Definição

A integração temporal, também designada por somação temporal, refere-se à habilidade que

o sistema auditivo possui de acumular informação durante algum tempo para melhorar a

detecção ou discriminação de sons, ou seja, à habilidade para integrar características

acústicas do estímulo ao longo do tempo (Moore, 2003; Rawool, 2006; Plack, 2007; Recanzone

et al., 2007). O sistema auditivo ao combinar deste modo a energia do estímulo à sua duração

melhora o desempenho auditivo, resultando num limiar auditivo mais baixo, isto é, melhor

(Plack, 2007).

Esta capacidade pode ocorrer no limiar auditivo como pode acontecer para intensidades

superiores a este (Shinn, 2003; Rawool, 2006). Neste caso, a integração temporal supra-limiar

refere-se ao aumento da percepção de intensidade sonora (loudness) com o aumento da

duração do estímulo. Assim, quando dois estímulos de igual intensidade diferem na duração, o

estímulo com duração mais longa, dentro de certos limites, apresentará uma percepção de

intensidade superior (Rawool, 2006).

Historicamente, a integração temporal é a área de estudo mais antiga dos fenómenos

auditivos temporais, porém, também a menos compreendida (Neves et al., 2003). Em 1876,

já era do conhecimento que os limiares absolutos dos sons dependiam da sua duração (Moore,

2003). Desde então, diversos estudos procuram explicar a habilidade de integração temporal,

tendo ocorrido um acréscimo de investigação após 1946, data em que Hughes descobriu que

em normo-ouvintes, assim que a duração de um som breve diminuía para valores inferiores a

200 ms, a intensidade necessária para o limiar auditivo aumentava progressivamente (Bellis,

2002).

A integração temporal tem sido abordada ao longo dos anos como um processo simples de

acumulação de energia. Contudo, alguns estudos têm-se mostrado incompatíveis com esta

visão clássica de integração temporal (Viemeister & Wakefield, 1991; Moore, 2003; Moore,

2003b). De acordo com investigações mais recentes pensa-se que será mais apropriado

considerar a capacidade de integração temporal como uma combinação da informação de

múltiplas e independentes “perspectivas” (“looks”), sendo mais provável uma acumulação da

actividade neural ao longo tempo, consistente com a noção que cadências de estímulo

elevadas acrescentam mais informação (Moore, 2003; Moore, 2003b).

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42 Cristina Nazaré | FEUP

4.2.1 Moledo Clássico de Integração Temporal

Segundo este modelo para que um som possa ser detectado pelo ouvido humano é necessário

um período de tempo crítico e uma determinada intensidade sonora. Sabe-se que o limiar

pode melhorar com o aumento da duração do som, contudo, nem sempre é afectado pela

duração do estímulo. De acordo com Gelfand, (2001) a integração temporal só ocorre quando

a duração deste é aproximadamente um terço de segundo. Quando a duração de um som é

maior que 300 ms, o limiar permanece constante. E como refere Rawool (2006) convém

mencionar que se a duração do estímulo for muito longa, como 2 minutos, o limiar pode

tornar-se pior, devido ao fenómeno de adaptação auditiva. Se os sons forem menores que 300

ms o limiar sofre alterações, verificando-se um aumento deste com a diminuição da duração

do estímulo, e vice-versa. Ou seja, se o tempo de duração do estímulo decrescer um décimo o

limiar auditivo piora aproximadamente 10 dB, podendo observar-se o oposto quando a

duração aumenta (Figura 4.2) (Gelfand, 2001; Shinn, 2007).

Imagine-se um caso de integração temporal em que para um som de 250 ms, o limiar de um

indivíduo é 18 dB como expõe Gelfand (2001). O que se verifica é que a redução da duração

do estímulo dez vezes, de 250 para 25 ms, provocará um aumento do limiar de 10 dB, de 18

para 28 dB. De forma similar, se o limiar auditivo de um som de 25 ms corresponde a 28 dB,

um aumento da duração de dez vezes, de 25 para 250 ms, irá originar uma melhoria de 10 dB

no limiar, de 28 para 18 dB.

A maioria da investigação demonstra que o tempo de integração em populações sem

alterações funcionais no sistema auditivo ocorre até aos 200 ms e não aos 300 ms de duração

do estímulo como explica Gelfand (2001) (Shinn, 2003; Recanzone et al., 2007; Shinn, 2007)

Figura 4.2 -Integração temporal.

(Gelfand, 2001)

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 43

De acordo com este modelo os investigadores têm chegado à conclusão que a integração

temporal resulta da agregação da actividade neuronal apenas para um determinado tempo de

integração (Rawool, 2006). Considera-se assim que a somação temporal reflecte a habilidade

do ouvido integrar energia dentro de um espaço de tempo. Este fenómeno pode ser ilustrado

através da Figura 4.3. Verifica-se que a quantidade de energia presente no estímulo é

representada pela área de cada rectângulo e que independentemente de o rectângulo ser

mais alto e estreito, demonstrando um som mais intenso e de curta duração, ou mais pequeno

e largo, indicando um estímulo menos intenso e mais longo em duração, a área, ou seja, a

energia é a mesma (Gelfand, 2001).

4.2.2 Moledo “Multiple Looks”

Uma alternativa ao modelo clássico de integração temporal é o modelo “multiple looks” que

explica que o sistema auditivo não efectua uma função de integração, mas que a melhoria do

limiar ocorre porque estímulos com durações maiores providenciam mais oportunidades para

o sistema auditivo detectar o estímulo (Hurley & Fulton, 2007), mais hipóteses para detectar

o sinal através de amostras repetidas (Moore, 2003).

Como Plack (2004) descreve o sistema auditivo é excelente na detecção de variações rápidas

no nível de intensidade do estímulo ao longo do tempo, conseguindo detectar essas flutuações

em cadências de 1000 ciclos por segundo. Por isso, considera-se que este modelo de somação

temporal está relacionado com a velocidade de apresentação do estímulo. Segundo Rawool

(2006) o limiar auditivo pode melhorar com o aumento deste, porque um som de cadência

Figura 4.3 – Integração temporal.

Gelfand, 2001

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44 Cristina Nazaré | FEUP

elevada apresenta mais estímulos num curto período de tempo, em comparação com um som

de cadência mais baixa, e deste modo, sons de cadências mais rápidas acrescentam mais

energia, dado que o nosso ouvido adquiriu mais oportunidades para detectar o estímulo.

Ross et al. (2005) demonstram que o sistema auditivo tem a capacidade de adquirir de um

som de cadências elevadas, pequenas amostras, que são armazenadas em paralelo, não

havendo necessidade de um longo tempo de integração, apenas a sua combinação para se

efectuar uma melhor detecção do som. Como explica Moore (2003b) assume-se este modelo

como um mecanismo central, que faz uso “inteligente” da informação calculada através

padrões espectro-temporais de estimulação para melhorar a discriminação, detecção e

identificação do sinal. Os modelos podem ser baseados na representação interna dos sinais, e

a percepção na similaridade ou discrepância entre os estímulos apresentados e os guardados

em memória.

Neubauer e Heil (2004) referem que não verifica a influência da idade e do género nos

resultados de um estudo de integração temporal efectuado a um grupo de normo-ouvintes de

6 a 24 anos.

4.2.3 Importância da Capacidade de Integração Temporal

Recanzone e colegas (2007) referem que este fenómeno do sistema auditivo através do qual

se verifica uma melhoria da qualidade do sinal com a finalidade de conseguirmos adquirir

grande quantidade de informação de qualidade num curto espaço de tempo assume

relevância em ambientes ruidosos, dado que permite que o estímulo mascarado seja

detectado mais facilmente devido ao processamento da razão sinal/ruído quando integrada

ao longo de um determinado período de tempo.

De acordo com White & Carlyon (1997) a somação temporal é uma das capacidades mais

importantes do sistema auditivo e um dos principais mecanismos da organização do som. Os

investigadores acreditam que esta habilidade é um processo automático, como que um estado

de pré-atenção do processamento da informação auditiva (Yabe et al., 2001). Mustovic et al.

(2003) consideram esta capacidade um processo elementar que o cérebro efectua para

construir percepções coerentes de eventos sensoriais consecutivos particularmente relevantes

na interpretação da informação, na elaboração perceptiva e na detecção de mudanças no

ambiente que nos rodeia.

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 45

4.3 Mascaramento Temporal

O efeito de máscara ou mascaramento é o processo pelo qual o limiar auditivo de um som fica

pior na presença de outro som, a máscara. Um som pode assim tornar-se inaudível devido à

interferência de outro som (Gelfand, 2001).

Existem dois tipos básicos de efeito de máscara. O efeito de máscara simultâneo e o efeito de

máscara não simultâneo. Este último está relacionado com o processamento auditivo

temporal (Gelfand, 2001).

Definição

O mascaramento temporal refere-se ao mascaramento que ocorre quando o limiar auditivo de

um som fica pior devido à presença de outro estímulo acústico que o precede ou segue

(Shinn, 2003). Ou seja, ocorre quando o sinal e o som de máscara não são apresentados ao

mesmo tempo (Figura 4.4) e engloba o efeito de máscara antecipado também conhecido por

Forward Masking ou Post-masking e o efeito de máscara atrasado designado igualmente por

Backward Masking ou Pre-masking (Gelfand, 2001; Henrique 2002). E ainda a combinação do

efeito de máscara antecipado com o efeito de mascara atrasado (Feilding, 2006).

Para que o fenómeno de mascaramento temporal se processe é necessário ter em

consideração alguns parâmetros como a duração do intervalo inter-estímulos, entre o sinal e a

máscara, a intensidade e duração do sinal e da máscara e as semelhanças entre o som da

máscara e o som do estímulo (Shinn, 2007).

Figura 4.4 – Representação esquemática do mascaramento temporal.

(Fastl & Zwicker, 2007)

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46 Cristina Nazaré | FEUP

Em relação à duração do intervalo entre o sinal e a máscara, e assumindo que todas as

restantes variáveis são iguais, verifica-se uma enorme diminuição do mascaramento temporal

à medida que aumenta a duração do intervalo entre a máscara e o sinal (Shinn, 2007).

Sabe-se também que o efeito depende da gama de frequências do som da máscara,

verificando-se a maior perda de sensibilidade do estímulo quando ambos se encontram dentro

da mesma região frequencial (Shinn, 2003).

Apesar de a literatura demonstrar os efeitos do mascaramento temporal, os mecanismos

subjacentes a este fenómeno ainda não são entendidos na totalidade (Shinn, 2007). Existe

também uma variabilidade considerável entre indivíduos em relação aos intervalos de tempo

em que ocorre o efeito de máscara antecipado e atrasado em cada um (Feilding, 2006).

4.3.1 Efeito de Máscara Antecipado (Forward Masking)

O efeito de máscara antecipado ocorre quando a máscara precede o sinal (Gelfand, 2001),

Figura 4.5. O primeiro som pode mascarar o segundo se o intervalo de tempo entre os dois for

até cerca de 20 a 30 ms explica Henrique (2002). Segundo este, o efeito de máscara

antecipado ocorre possivelmente porque as células ciliadas estimuladas recentemente não

apresentam sensibilidade igual às que estavam em repouso. Estas células apresentam um

tempo limite de recuperação da sua sensibilidade depois de um som terminar e a magnitude

da recuperação depende da duração do som. Se um som de frequência similar ocorre durante

o período de recuperação, as células ciliadas podem não ser capazes de processar o som e

consequentemente pode ser inaudível (Hall & Guyton, 2006).

Máscara Sinal

Tempo

Direcção da máscara

Figura 4.5 – Efeito de máscara antecipado (Forward Masking).

Adaptado de (Shinn, 2007)

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 47

O efeito de máscara antecipado de acordo com Gelfand (2001) é efectivo para intervalos até

100 ms entre o sinal e máscara. Shinn (2007) refere que no efeito de máscara antecipado, não

ocorre mascaramento quando este intervalo atinge ou excede os 200 ms. Esta autora realça o

facto de esta ser também a duração necessária para determinar o limiar mínimo de

integração temporal (Shinn, 2007). O efeito de máscara antecipado aumenta para durações

de máscara de aproximadamente 50 m (Feilding, 2006).

4.3.2 Efeito de Máscara Atrasado (Backward Masking)

No efeito de máscara atrasado, Figura 4.6, a máscara surge depois do sinal e se esta se iniciar

alguns milissegundos, de acordo com Henrique (2002) até 10 ms após o primeiro som

terminar, o som pode ser mascarado pelo segundo estímulo.

Segundo Gelfand (2001) o efeito de máscara atrasado ocorre para intervalos entre a máscara

e o sinal de 50 ms. Já Shinn (2007) refere que se verifica uma redução do efeito para

intervalos de 25 ms entre sons (Shinn, 2007).

O efeito de máscara atrasado parece ocorrer no sistema nervoso central onde ocorre

processamento de informação; e o estímulo que ocorre depois, a máscara, interfere com o

anterior (Feilding, 2006).

Estudos efectuados mostram que o efeito de máscara atrasado diminui consideravelmente,

em alguns casos para zero, com o treino de tarefas que englobam mascaramento de sons

(Feilding, 2006).

Sinal Máscara

Tempo

Direcção da máscara

Figura 4.6 - Efeito de máscara atrasado (Backward Masking).

Adaptado de (Shinn, 2007)

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48 Cristina Nazaré | FEUP

4.4 Ordenação Temporal

Definição

A ordenação temporal ou sequenciação temporal diz respeito à nossa capacidade de

identificar correctamente a ordem de ocorrência dos estímulos apresentados (Banai & Kraus,

2007).

Quando falamos do sistema auditivo a ordenação temporal refere-se ao processamento no

qual dois ou mais estímulos auditivos são organizados de acordo com a sequência dos eventos

acústicos (Shinn, 2003; Banai & Kraus, 2007; Shinn 2007).

Esta capacidade de identificar a sequência dos sons envolve outras habilidades como o

reconhecimento do estímulo sonoro isolado, a sua discriminação em relação a outros

estímulos, o seu armazenamento por um curto período de tempo e a sua reprodução ou

verbalização (Musiek, 1990; Balen, 1997).

De acordo com diversas pesquisas é o córtex auditivo que assume um papel relevante na

discriminação da ordenação temporal, realizando-se a percepção sequencial do estímulo no

lobo temporal – Giro de Heschl (Balen, 1997) e noutras áreas corticais, intra e inter-

hemisféricas, que podem também variar de acordo com o tipo de resposta efectuada pelo

ouvinte (como o lobo frontal, responsável pelas respostas motoras) (Baraldi et al., 2004;

Shinn, 2007). A especialização hemisférica desta habilidade depende igualmente do tipo de

sequência. O hemisfério esquerdo compara e analisa as relações entre os estímulos de uma

sequência sendo fundamental na ordenação das informações temporais apresentadas em

série. O hemisfério direito é importante na percepção do padrão total da sequência e os seus

contornos (Balen, 1997; Baraldi et al. 2004). Estas tarefas apresentam por isso sensibilidade a

lesões hemisféricas e inter-hemisféricas (Shinn, 2007).

4.4.1 Factores que influenciam a capacidade de ordenação temporal

A ordenação temporal é uma capacidade amplamente afectada por variáveis relacionadas

com o estímulo e com o indivíduo avaliado e devem ser consideradas quando se desenvolvem

ou aplicam testes de sequenciação temporal (Shinn, 2007). Seguidamente serão abordados

alguns desses factores que podem alterar a eficácia da percepção da ordem temporal.

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 49

Tipos de estímulos Os estímulos usados para estudar esta habilidade podem ser diversos como sons puros, clicks,

ruídos, sons de fala, entre outros. (Shinn, 2007).

Estudos referem que a identificação da ordem temporal com sequências de sons puros torna-

se mais difícil em comparação com estímulos como dígitos numéricos e mais simples em

relação a sequências de ruído branco (Balen, 1997).

Se os sons apresentados numa determinada ordem tiverem significado a tarefa de discriminar

a ordem temporal destes torna-se mais fácil, como por exemplo os sons dos elementos da fala

(Allen, 2000).

Número de estímulos O aumento do número de estímulos aumenta a complexidade do processamento da

informação, ou seja, é mais difícil ordenar três componentes do que duas, ou quatro em

relação a três (Shinn, 2007).

Duração dos estímulos A duração é uma característica essencial do padrão sonoro. Uma das considerações mais

críticas a ter em relação a este factor é o fenómeno de integração temporal, abordado

anteriormente (Shinn, 2007).

Estudos tem demonstrado que quanto maior a duração, melhor o desempenho do indivíduo na

tarefa de ordenação temporal (Murphy & Schochat, 2007).

E mesmo que a percepção de frequência e de intensidade estejam alteradas no caso de

perdas auditivas cocleares, a percepção de duração não é afectada (Musiek et al., 1990).

Intervalo inter-estímulos O intervalo de tempo mínimo necessário entre sequências de sons para podermos perceber

correctamente a ordem dos estímulos é designado por limiar de ordenação temporal.

Geralmente, este é superior ao intervalo de tempo que necessitamos para detectar a

presença de uma pausa entre dois sons e depende do número de estímulos existentes na

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50 Cristina Nazaré | FEUP

sequência (Rawool, 2006). Em alguns casos são suficientes 20 a 40 ms de intervalo inter-

estímulo para a ordenação de sons, alguns estudos não apresentam consenso no valor do

limiar de ordenação temporal e outros ainda referem que poderá ser de 300 ms (Murphy &

Schochat, 2007).

Modo de apresentação das sequências de estímulos As sequências de estímulos podem ser apresentadas na condição intra-hemisférica, ou com

diferentes condições intra-hemisféricas. Na condição intra-hemisférica o som é apresentado

ao ouvido e seguido após um intervalo por outro som diferente. A tarefa do indivíduo é

reconhecer a ordem temporal dos dois estímulos. Na condição inter-hemisférica o primeiro

som é apresentado a um ouvido e o segundo ao outro, sendo os estímulos separados por um

intervalo de tempo e o indivíduo tem que dizer qual o estímulo que ouviu primeiro. Neste

caso, normalmente os estímulos possuem características semelhantes (Mittmann & Fink,

2004).

Tipo de resposta da pelo sujeito Depois de ouvir cada sequência de estímulos o indivíduo pode ser solicitado a responder

verbalmente a ordem dos sons que a compõe, a imitar a sequência ou ainda apontar

manualmente uma esquema ou desenho que a represente (Gelfand, 2001; Gerger & Glorig,

2001). As respostas verbais ou manuais ao padrão de sons apresentados requerem

processamento combinado de ambos os hemisférios. O hemisfério direito reconhece os

padrões e o hemisfério esquerdo codifica e coloca-os em sequência, exigindo uma

transferência inter-hemisférica através do corpo caloso visto que o esquerdo também é

dominante para a fala (Gerger & Glorig, 2001). As respostas verbais podem não proporcionar

informações suficientes da lateralidade da lesão devido à interacção dos hemisférios na

descodificação dos padrões. Estudos têm demonstrado que indivíduos com lesões cerebrais

unilaterais podem apresentar alterações bilaterais nos resultados dos testes de padrões

temporais (Musiek, 1990; Hall & Mueller, 1996; Balen, 1997; Shinn, 2007). No caso de lesões

no corpo caloso e no lobo temporal esquerdo, têm se encontrado alterações nas tarefas de

ordenação temporal que envolvem mais do que dois estímulos, quando a resposta é verbal o

que não se verifica quando a resposta consiste em imitar a sequência ouvida. Quando as

lesões são no lobo temporal direito a habilidade de ordenação temporal apresenta alterações

nos dois tipos de resposta (Bellis, 2002). As respostas verbais correctas revelam a integridade

do hemisfério contra-lateral e do corpo caloso.

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 51

Treino auditivo da capacidade de ordenação temporal Na maioria dos indivíduos e especialmente nas crianças o treino auditivo pode melhorar as

capacidades de processamento auditivo (Jack & Wilde, 1999). Estudos têm demonstrado que o

processamento temporal é um processo muito influenciado por este tipo de tarefas, podendo

ser muito útil o treino de sequências temporais nos indivíduos com dificuldades em organizar

e colocar em sucessão a informação que ouvem (Shinn, 2007). Um dos programas usado para o

treino auditivo é o Fast ForWord no qual a função é colocar por sequência temporal vários

segmentos de fala e sons complexos. Este método tem mostrado melhorias no processamento

temporal e na aprendizagem da linguagem (Musiek, 2005b).

Atenção A atenção é um aspecto de extrema importância nos testes que envolvem um comportamento

pela parte do indivíduo, podendo contribuir para uma grande variabilidade no desempenho

dos testes que avaliam o processamento auditivo (Murphy & Schochat, 2007).

Memória Esta capacidade parece envolver a memória a curto prazo dado que uma sequência de

estímulos só pode ser processada depois de completa a sua duração de apresentação (Baraldi

et al., 2004). Assim, a habilidade requer o processamento de padrões que evoluem no tempo,

não dependendo só do estímulo apresentado no momento mas também dos passados (Haykin,

2005). Como diz Newton, (2009) para a identificação do padrão temporal para além da sua

discriminação necessitamos de relembrar as diferentes sequências (padrões) ouvidas.

Idade A idade pode possuir efeito significativo no desempenho desta capacidade, reflexo da

maturação ou do envelhecimento das estruturas responsáveis pela resposta (Baraldi et al.,

2004).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

52 Cristina Nazaré | FEUP

Instruções Se o examinador explicar instruções mais detalhadas ao ouvinte poderá assegurar uma melhor

compreensão da tarefa a executar (Bellis, 2002).

4.4.2 Reconhecimento do Padrão Temporal

O reconhecimento de um padrão temporal refere-se a habilidade do ouvinte reconhecer os

contornos acústicos do sinal e abrange uma diversidade de processos perceptivos e cognitivos

como a discriminação de diferenças no estímulo e da ordem temporal da sequência, a

percepção do padrão no geral e envolve a memória. Existem três tipos principais de padrões

que podem variar em intensidade, frequência ou duração (Musiek et al., 1990; Balen, 1997;

Zeigelboim et al., 2000; Bellis, 2002).

Investigadores têm questionado qual dos padrões será mais sensível a disfunções corticais. Os

estudos têm sugerido que os padrões auditivos com duração podem ser muitíssimo sensíveis a

patologia do córtex auditivo, dado que nestes casos tanto a percepção de padrões auditivos

como a discriminação auditiva de durações estão afectadas, o que nem sempre acontece com

a intensidade e frequência. (Musiek et al., 1990).

Figura 4.7 – Representação esquemática dos mecanismos que envolvidos o processamento de padrões temporais.

(Shinn, 2007)

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 53

A Figura 4.7 é uma representação esquemática dos mecanismos que envolvidos o

processamento de padrões temporais. O reconhecimento do contorno (contour recognition)

do padrão como referido anteriormente é processado no hemisfério direito (right

hemisphere), atravessa o corpo caloso para o hemisfério esquerdo (left hemisphere) para o

processamento linguístico. Os indivíduos que demonstram um baixo desempenho com as

respostas verbais e as respostas com imitação dos estímulos tonais revelam resultados

normais na sequencialização dos padrões, sugere uma disfunção na transferência inter-

hemisférica para o hemisfério esquerdo ou no hemisfério esquerdo, onde se considera o local

de processamento da fala (speech-language) (Shinn, 2007).

A investigação tem evidenciado que os seres humanos agrupam de uma forma natural,

conjuntos de sons de modo a formar padrões. Um exemplo básico é o facto de quando

ouvimos o som do trabalhar de um relógio, ouvimos frequentemente dois sons diferentes, o

“tic” e o “tac” (“tic-tac”), apesar de o som ser só um. Iversen e Ohgushi (2006) referem que

esta capacidade de agrupar sons não é inata, nem universal. Verificaram que em culturas

diferentes (Ocidental/Oriental) os indivíduos percebem padrões rítmicos distintos em

sequências de sons iguais. Esta aptidão para formar e reconhecer padrões sonoros pode estar

relacionada com a língua materna, sendo o idioma também responsável pelo modo como

percebemos os sons não verbais (Iversen & Ohgushi, 2006).

4.4.3 Importância da Capacidade de Ordenação Temporal

A comunidade científica refere também a habilidade de ordenação temporal como uma das

mais básicas e importantes funções do sistema nervoso auditivo central (Ferreira et al.,

2008).

Tem sido investigada devido à sua relevância na percepção dos sons da fala (Shinn, 2007). A

correcta identificação da ordem em que fonemas ocorrem nas palavras é um processo

essencial. Nós organizamos numa ordem sequencial os seus segmentos, vogais e consoantes de

acordo com o padrão da língua aprendida. Caso esta habilidade esteja alterada a inversão dos

segmentos pode modificar a estrutura semântica e sintáctica da mensagem, como no exemplo

da palavra [amor], em que o não reconhecimento da ordem dos seus sons pode mudar o seu

significado para [Roma], [mora] ou a percepção do incorrecta do [s] na palavra [pasta] para

[patas] (Balen, 1997).

A habilidade de reconhecer os padrões temporais permite ao ouvinte extrair e usar os

aspectos prosódicos da fala como o ritmo, a tonalidade, o acento, a entonação.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

54 Cristina Nazaré | FEUP

Características da fala que possibilitam que o ouvinte identifique aspectos essenciais para a

mensagem, como a discriminação subtil de diferenças no significado, as palavras-chave, a

intenção, o estado emocional do falante (Bellis, 2002).

4.5 Alterações do Processamento Auditivo Temporal

As alterações de processamento auditivo relacionadas com aspectos temporais da audição de

acordo com Stach (2000) são comuns nos problemas de PAC e a causa subjacente de muitos

outros associados a estes. Parthasarathy (2005) afirma mesmo que todos os problemas de

processamento auditivo apresentam na essência, este tipo de alterações.

Os problemas de processamento temporal podem resultar numa gama de perturbações

funcionais como habilidades musicais pobres, dificuldade nos aspectos prosódicos da fala,

referidos anteriormente, o que pode levar a uma dificuldade em compreender poesia e piadas

(Zeigelboim et al., 2000; Shinn, 2007).

As alterações de processamento temporal no caso das crianças podem dificultar a leitura ou

impedir a aquisição da fala e de um idioma. Estudos têm demonstrado que crianças com

dificuldades de aprendizagem, indivíduos com dislexia e sujeitos com afasia devido a

patologias cerebrais no hemisfério esquerdo, apresentam dificuldades em identificar

correctamente a ordem de estímulos não verbais apresentados rapidamente (Wittmann &

Fink, 2004).

Em indivíduos mais velhos, estudos realizados nos últimos anos revelam que para além das

alterações associadas ao processo envelhecimento já identificadas, os idosos podem

manifestar problemas no processamento auditivo temporal, que podem não possuir qualquer

relação com os seus limiares auditivos, o que leva a suspeitar que seja a causa desta

população apresentar frequentes dificuldades em compreender a fala (Pinheiro & Pereira,

2004). Esta diminuição de inteligibilidade da fala possivelmente relacionada com as

alterações no processamento rápido de sons complexos pode também prejudicar os benefícios

que poderiam advir de amplificação sonora no caso de apresentarem perda auditiva (Ferreira

et al., 2008).

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 55

4.6 Avaliação do Processamento Auditivo Temporal

De acordo com Shinn (2007), na prática clínica, a avaliação do processamento auditivo

temporal está restrita à resolução e ordenação temporal, existindo escassez de testes de

processamento auditivo temporal e falta informação no que diz respeito às suas aplicações

clínicas. Sabe-se que os testes de processamento auditivo temporal reflectem diferentes

processos neurofisiológicos e apresentam grande sensibilidade a disfunções a níveis elevados

do sistema auditivo central.

Para além dos sub-processos alguns dos testes que investigam o processamento auditivo

central também podem avaliar aspectos temporais de sinais acústicos como a localização

sonora, as diferenças de intensidade no mascaramento binaural, a fala com distorção,

comprimida e rápida em condições reverberantes ou com outros ruídos em competição, o

efeito de precedência entre outros (Fielding & Rawool, 2002).

Nos próximos pontos são abordados alguns testes de processamento auditivo temporal.

4.6.1 Frequency Pattern Test (FPT) ou Pitch Pattern Sequences (PPS) Test

O Pitch Pattern Sequence Test foi criado em 1971 por Pinheiro e Ptacek (Hall & Muller, 1996)

existem várias versões do teste. Na versão de Wilson desenvolvida em 1993 o teste consiste

em identificar a ordem de três sons bursts de 200 ms (cada um com 10 ms de tempo subida e

descida) sendo que em cada uma das sequências de três estímulos, dois apresentam

frequência igual. Os sons apenas se distinguem em termos de percepção de frequência

(Pitch). As frequências usadas no teste são os 880 Hz, de Baixo Pitch (B) [Low Pitch (L)] e os

1122 Hz de Alto Pitch (A) [High Pitch (H)] que são combinadas para criar seis padrões

diferentes, com intervalo entre os estímulos de 150 ms (LLH, LHL, LHH, HLH, HLL, HHL)

(Bellis, 2002; Shinn, 2007), como na Figura 4.8.

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 57

disponíveis normas para idades de 7 anos a adultos, mas há um grande grau de variabilidade

em crianças com idades inferiores a 7 anos (Musiek, 1990; Hall & Mueller, 1996; Balen, 1997;

Bellis, 2002; Shinn, 2007).

Bellis (2002) expõe dados normativos para o Frequency Pattern Test. Os valores foram

determinados em indivíduos da faixa etária dos sete anos até à idade adulta, verificando-se

uma percentagem de 35% de respostas correctas dos 7 anos aos 7 anos e 11 meses, 42% dos 8

anos aos 8 anos e 11 meses, 63% dos 9 anos aos 9 anos e 11 meses, 78% dos 10 anos aos 10

anos e 11 meses, 78% dos 11 anos aos 11 anos e 11 meses e 80% dos 12 anos a adultos.

Em Portugal existe um teste de ordenação temporal o Teste Padrão de Frequência (TPF), uma

versão adaptada do Frequency Pattern Sequence Test (FPT) ou do Picth Pattern Sequence

Test (da AuditecTM St. Louis), com a diferença da duração dos estímulos que é 200 ms no TPF.

A versão portuguesa (Figura 4.9) foi desenvolvida recentemente por uma investigadora em

colaboração com a Universidade de Aveiro, Martins (2008), estando o teste em processo de

normalização.

4.6.2 Auditory Repetition Test (ART) ou Auditory Repetition Task (ART)

O ART foi desenvolvido por Tallal e Piercy em 1973, inicialmente com o objectivo de avaliar a

percepção auditiva de crianças com dificuldades de linguagem. Primeiro as crianças são

treinadas a associar diferentes (dois sons complexos que diferem no pitch e que estão

separados por um intervalo que varia em duração sons) a diferentes respostas. A tarefa

consiste em ouvir sequências e assinalar a ordem desses estímulos pressionando um botão

Figura 4.9 - Teste Padrão de Frequência (TPF)

(Martins, 2008)

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

58 Cristina Nazaré | FEUP

(Trueswell & Gleitman, 2007; Hulme & Snowling, 2009). O teste contém quatro sub-testes de

discriminação, dois de frequência e dois de duração e quatro sub-testes de ordenação, dois

de frequência e dois de duração (Murphy & Schochat, 2007).

Esta tarefa de discriminação e de ordenação temporal tem sido muito usada para estudar a

eficácia do processamento auditivo em crianças com dislexia (Trueswell & Gleitman, 2007;

Hulme & Snowling, 2009).

4.6.3 Psychoacoustic Pattern Discrimination Test (PPDT)

O PPDT foi criado por Blaettner em 1982 para avaliar a discriminação auditiva temporal

através de sequências dicóticas de ruídos bursts ou de clicks. O indivíduo é instruído a indicar

discriminação de alterações monaurais nos padrões temporais pressionando um botão, não

necessitando o teste de um suporte verbal (Bellis, 2002).

Trabalhos indicam que o PPDT apresenta sensibilidade a lesões dos hemisférios cerebrais

incluindo áreas auditivas de associação. Bellis (2002) refere que apesar do potencial do teste

este não se encontra disponível em formato para uso clínico.

4.6.4 Duration Pattern Test (DPT) ou Duration Pattern Sequence (DPS) Test

O teste DPT/DPS foi descrito por Musiek e Pinheiro em 1985 (Bellis, 2002) e desenvolvido por

Musiek, Baran e Pinheiro em 1990 (Musiek et al., 1990).

O teste avalia a capacidade de ordenação temporal, a percepção de padrões, a discriminação

de duração e a nomeação linguística sendo um dos testes desta categoria mais usados

clinicamente (Fuente & McPherson, 2006; Shinn, 2007).

O ouvinte tem como tarefa tentar fazer a discriminação da sequência de três sons bursts de

1000 Hz que divergem em duas durações, dois curtos e um longo ou dois longos e um curto.

Os estímulos de Curta (C) [Short (S)] e de Longa (L) [Long (L)] duração têm respectivamente

250 ms e 500 ms e apresentam uma subida/descida de 10 ms. O teste é constituído por seis

padrões ou seis sequências diferentes, LLS, LSL, LSS, SLS, SLL, SSL, repetidas dez vezes para

gerar sessenta padrões. Além destes o teste apresenta mais 10 padrões para prática. Cada

sequência possui um intervalo inter-estímulo de 300 ms, sendo o intervalo entre padrões de 6

s. O teste deve ser administrado a uma intensidade de 50 dB SL (Musiek et al., 1990; Bellis,

2002; Shinn, 2007).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

60 Cristina Nazaré | FEUP

Newton (2009) comenta outra situação que se refere ao facto de testes como DPS não serem

apropriados para crianças pequenas dado o elevado grau de variabilidade dos resultados

obtidos, devendo ser adaptados a esta população.

Actualmente o Durattion Pattern Sequence Test é comercializado pela AuditecTM, St. Louis,

Audiology Illustrated e Veteran’s Administration (Emanuel, 2002).

A versão da AuditecTM, St. Louis e da Audiology Illustrated possuem instruções de realização

do teste e informações referentes aos valores de normalidade. De acordo com a Auditec, um

teste DPS com valores inferiores a 67% deve ser considerado alterado, contudo não menciona

a que grupo etário corresponde essa percentagem. O teste da Veteran’s Administration não é

acompanhado por nenhuma literatura de suporte. A Audiology Illustrated apresenta valores

normativos apenas para adultos, referindo que valores de 70% ou superiores são considerados

normais. Recomenda também que cada clínico estabeleça os seus próprios valores normativos

para crianças (Emanuel, 2002). Quando Musiek e colegas desenvolveram o Duration Pattern

Test determinaram que a percentagem de 70% alcançada no teste seria o valor inferior limite

do desempenho normal no teste. Este foi calculado, tendo em consideração o valor da média

da percentagem de respostas correctas do grupo controlo menos dois desvios padrões. O teste

por eles aplicado a três grupos de indivíduos (um de controlo, um com perda auditiva

sensorioneural coclear e um com lesões cerebrais) revelou uma sensibilidade de 86% e

especificidade de 92% (Musiek et al., 1990).

4.6.5 Auditory Fusion Test-Revised (AFT-R)

O AFT-R é uma versão digitalizada do Wichita Auditory Fusion Test que foi adaptada por

McCroskey e Keith em 1996 (Chemark & Lee, 2005).

É um procedimento que permite avaliar a resolução temporal por determinação do limiar de

fusão auditiva em milissegundos. O ouvinte tem assim como tarefa tentar discriminar um ou

dois sons à medida que se altera a duração dos intervalos inter-estímulos de uma série de

pares de sons puros (250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz). O limiar de fusão auditiva corresponde

à média dos valores em que os dois sons são percebidos como um (Chemark & Lee, 2005;

Cassab & Zorzetto, 2006; Roeser et al., 2007).

Os sons são aplicados a 50 dB SL em séries ascendentes e descendentes 5 ms relativamente à

duração do intervalo inter-estímulo. Podendo este teste ser utilizado com todos os indivíduos

que compreendem o conceito de um versus dois, podendo estes dizer verbalmente, um ou

dois, apontando para a resposta num cartão ou elevando um ou dois dedos (Chemark & Lee,

2005).

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 61

O teste apresenta três sub-testes. O Sub-teste 1 de triagem e prática, com dezoito pares de

sons e intervalos inter-estímulos variam de 0 a 300 ms. Este tem como finalidade indicar qual

dos outros dois sub-testes deve ser efectuado. Aplica-se o sub-teste 2 (AFT-R Padrão) se até

aos 60 ms de intervalo inter-estímulos o indivíduo perceber duas vezes consecutivas a

presença de dois sons num par de estímulos, e o sub-teste 3 (AFT-R Expandido) quando o

limiar de fusão auditiva for superior a 60 ms. O sub-teste 2 e 3 apresentam respectivamente

cinco e três sequências, ambos com dezoito pares de sons por frequência, nove ascendentes e

nove descententes. No sub-teste 2 estas são aplicadas pela ordem seguinte: 500, 1000, 4000,

250, 2000 e 500 Hz, não sendo incluída na análise do teste a primeira frequência de 500 Hz

que é usada como treino. O sub-teste 3 apresenta as frequências por esta ordem: 1000, 4000

e 250 Hz. Actualmente o AFT-R é comercializado pela AuditecTM St. Louis (Cassab & Zorzetto,

2006).

4.6.6 Random Gap Detection Test (RGDT) e Random Gap Detection Test- Expanded (RGDT-EXP)

O Random Gap Detection Test foi desenvolvido por keith em 2000 sendo uma adaptação do

AFT-R (Kellythe, 2007).

O teste consiste em séries de estímulos tonais que diferem em frequências e com intervalos

inter-estímulos ascendentes e descendentes (sub-teste 1 e 3) ou aleatórios (sub-teste 2 e 4),

sendo esta imprevisibilidade, uma das alterações a salientar em relação ao AFT-R (Chemark &

Lee, 2005).

É apresentado em modo binaural a 55 dB SL e o indivíduo deve contar o número de sons que

ouve e responder verbalmente ou de forma não verbal como no AFT-R (Chemark & Lee, 2005;

Kellythe, 2007).

Os estímulos têm uma duração de 15 ms e frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Os sub-

testes 2 e 4 incluem também o estímulo click para além dos tonais. O RGPT possui quatro sub-

testes, todos com nove intervalos inter-estímulos variando de 0 a 40 ms (0, 2, 5, 10, 15, 20,

25, 30 e 40 ms) (Chemark & Lee, 2005; Kellythe, 2007).

No sub-teste 1 (de prática) são usados nove estímulos de 500 Hz com intervalos inter-

estímulos crescentes entre pares de sons. No sub-teste 2 apresenta aleatoriamente nove

intervalos para os pares de sons tonais entre os 500 e 4000 Hz. O sub-teste 3 é um teste de

prática para o estímulo click. O sub-teste 4 apresenta pares de cliks separados por nove

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Testes

62

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Processamento Auditivo Temporal

Cristina Nazaré | FEUP 63

O local onde surgem as pausas por segmento e a quantidade de intervalos altera

aleatoriamente ao longo do teste, de forma a se obter informação estatisticamente

significativa e a reduzir a probabilidade de os indivíduos adivinharem os intervalos (Baran et

al., 2006).

O teste é constituído por quatro listas, cada uma com sessenta intervalos de silêncio nos

segmentos de ruído branco e por dez listas de prática que precedem a administração do teste

(Baran et al., 2006).

O GIN© possui dois índices para calcular o desempenho auditivo temporal. O limiar

(aproximado) de detecção de interrupções que foi definido como a duração dos intervalos de

silêncio mais curta para a qual há pelo menos quatro em seis identificações correctas e

percentagem de identificação correcta destes intervalos (Baran et al., 2006).

A média do limiar de detecção de interrupções segundo Baran et al. (2006) é de 4.8 ms para o

ouvido esquerdo e 4.9 ms para o direito, sendo ligeiramente mais elevada que nas pesquisas

psicoacústicas encontradas na literatura, possivelmente devido a um diferente treino desta

capacidade por parte dos indivíduos avaliados.

O GIN© Test demonstra sensibilidade de 67% a lesões do sistema auditivo nervoso central e

especificidade de 94% (Baran et al., 2006; Weihing et al., 2007).

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5 Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do

Processamento Auditivo Central

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Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 67

5.1 Selecção dos Testes de Processamento Auditivo Temporal

A escolha dos testes de processamento temporal do conjunto de testes que avaliam o

processamento auditivo central foi baseada em vários autores como Parthasarathy (2005) e

Shinn (2007) os quais consideram que uma das maiores necessidades no diagnóstico dos

problemas de processamento auditivo é o desenvolvimento de testes de processamento

auditivo temporal disponíveis. Exprimem também que devem ser realizados todos esforços de

forma a superar essa lacuna porque enquanto esses testes não forem uma realidade este

aspecto essencial do processamento auditivo continua a estar omisso.

Outra razão foi o facto de actualmente em Portugal só estar desenvolvido/adaptado um teste

de processamento auditivo temporal, o Teste Padrão de Frequência (TPF), ainda numa versão

não comercial e como a autora refere, no nosso país é necessário minorar a escassez de

instrumentos de avaliação do processamento auditivo de forma a se poder contribuir para um

correcto diagnóstico (Martins, 2008).

Optou-se pelo Teste Padrão de Duração, uma versão do Duration Pattern Sequence Test (DPS)

ou Duration Pattern Test (DPT), segundo Fuente & McPherson (2006) e Shinn, (2007) um dos

testes de ordenação temporal mais usados clinicamente a nível internacional, porque estudos

têm demonstrado que em relação ao Pitch Pattern Sequence Test (PPS) o teste apresenta

uma maior sensibilidade a lesões cerebrais. Além disso, as perdas auditivas cocleares exercem

pouca influência nos resultados do exame o que amplia o potencial do teste (Hall & Mueller,

1996).

Por outro lado, vários estudos apontam para o facto de o processamento auditivo temporal

nas crianças não atingir valores de desempenho iguais aos dos adultos (Parthasarathy, 2005) e

existir a necessidade de estudos adicionais de testes de duração de padrões em crianças como

menciona Emanuel (2002).

Assim, não se tendo conhecimento da existência de um Teste Padrão de Duração para

crianças tentou-se efectuar uma versão infantil deste teste que nos possibilite realizar uma

avaliação do sistema auditivo central desta população, versão denominada por Teste Padrão

de Duração – Versão Infantil (TPD-VI).

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Testes

68

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Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 69

fa=44100; %frequência de amostragem (Hz)

Ta=1/fa; %período de amostragem

f=1000; %frequência do estímulo (Hz)

A=1; %amplitude

m=1/(p3-p2); %declive rise/fall

p1=0.005; %duração (s)

t1=0:Ta:p1;

y1=1/p1*t1;

p2=0.245;

t2=p1:Ta:p2;

t2(1)=[]; %retira o primeiro valor da matriz (vector)

Figura 5.2 - Envelope da subida (rise) do tone burst, t1=0:Ta:p1, p1= 0.005 s

(MATLABTM 7.0)

Figura 5.3 - Envelope do plateau do tone burst, t2=p1:Ta:p2, t2(1)=[ ]; p2=0.245 s

(MATLABTM 7.0)

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

70 Cristina Nazaré | FEUP

y2=0*t2+1;

p3=0.250;

t3=p2:Ta:p3;

t3(1)=[];

y3=-m*t3+(m*p3);

ttotal=0:Ta:p3;

Figura 5.4 - Envelope da descida (fall) do tone burst, t3=p2:Ta:p3, t3(1)=[ ]; p3=0.250 s.

(MATLABTM 7.0).

Figura 5.5 - Envelope do tone burst de 250 ms ttotal=0:Ta:p3

(MATLABTM 7.0)

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Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 71

yburst=[y1 y2 y3];

tburst=[t1 t2 t3];

ysin=sin(2*pi*f*tburst); %multiplica dois vectores ponto a ponto

yfinalC=yburst.*ysin;

Após o desenvolvimento do primeiro sinal foram criados os restantes três sons bursts, o de

500 ms para o TPD e os de 300 e 600 ms para o TPD-VI.

Figura 5.6 – Forma onda do início do sinal tone burst de 250 ms

(MATLABTM 7.0)

Figura 5.7 – Representação esquemática da forma onda do sinal tone burst total, de 250 ms. Nota: A representação não

está à escala.

(MATLABTM 7.0)

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

72 Cristina Nazaré | FEUP

5.2.1.1 2ª Etapa – Criação dos Padrões de Estímulos

Nesta etapa foram combinadas sequências de três estímulos bursts que diferem em duas

durações, dois curtos (C) e um longo (L) ou o inverso para criar seis padrões ou sequências

diferentes: LCC, CLL, LCL, CLC, LLC, CCL. Os estímulos de curta e de longa duração

apresentam respectivamente 250 ms e 500 ms para o TPD e 300 e 600 ms para TPD – VI. Cada

sequência possuiu um intervalo inter-estímulos de 300 ms. As figuras seguintes mostram um

dos padrões para cada teste.

Foram produzidas em MATLABTM as doze sequências de sons, seis para cada teste. Em

continuação do processo da 1ª etapa, segue o exemplo do padrão LCC.

t7=0:Ta:0.300; %duração do intervalo inter-estímulo

y7=0*t7; %intervalo inter-estímulo

LCC=[yfinalL y7 yfinalC y7 yfinalC]; %padrão LCC

Figura 5.10 - Representação esquemática da forma onda do padrão LCC. A representação não está à escala.

(MATLABTM 7.0)

Figura 5.8 – Representação esquemática do padrão LCC do TPD.

300 ms 300 ms 500 ms 250 ms 250 ms

300 ms 300 ms 600 ms 300 ms 300 ms

Figura 5.9 - Representação esquemática do padrão LCC do TPD – VI.

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Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 73

As sequências dos vários estímulos foram também gravadas em formato wave e usadas para

treino da capacidade em estudo antes do inicio do teste.

5.2.1.2 3ª Etapa – Organização de listas de Padrões

Após a criação das sequências de estímulos construíram-se dez listas com os diversos padrões.

Em todas as listas do TPD, cada padrão foi repetido cinco vezes de forma a originar trinta

sequências para cada ouvido. No TPD – VI, o total de padrões por ouvido foi de vinte e quatro,

encontrando-se cada sequência repetida quatro vezes. Nos dois testes a ordem de

apresentação dos padrões foi organizada de modo a não juntar dois padrões iguais seguidos. A

tabela seguinte mostra a posição dos padrões na lista 1 do TPD e TPD – VI.

Na versão que serviu de base para o TPD as sequências eram repetidas dez vezes para gerar

sessenta padrões por ouvido.

Tabela 5.1 – Listas de Padrões - Teste Padrão de Duração e Teste Padrão de Duração (Versão Infantil) para

cada ouvido.

Lista 1 Lista 1

TPD Ouvido Direito

TPD Ouvido Esquerdo

TPD – VI Ouvido Direito

TPD – VI Ouvido Esquerdo

LCC LCL LCC LCL LCC LCL LCC LCL

CLC LCC CLC LCC CLC LCC CLC LCC

LLC CLC LLC CLC LLC CLC LLC CLC

LCL LLC LCL LLC LCL LLC LCL LLC

CCL CCL CCL CCL CCL CCL CCL CCL

CLC CLL CLC CLL CLC CLL CLC CLL

LLC LCL LLC LCL LLC LCL LLC LCL

CCL CLC CCL CLC CCL LCC CCL LCC

CLL LCC CLL LCC CLL CLL CLL CLL

CLC CLL CLC CLL CLC CLC

LCC LCL LCC LCL LCC LCC

LCL LLC LCL LLC LCL LCL

LLC CCL LLC CCL LLC LLC

CLL LCC CLL LCC CLL CLL

CCL CLL CCL CLL CCL CCL

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

74 Cristina Nazaré | FEUP

5.2.1.3 4ª Etapa – Criação dos comandos de identificação e armazenamento de dados

Nesta fase foram efectuados comandos que permitissem inserir dados durante o teste e

guardar num ficheiro esses dados do utente, como o nome no exemplo que segue.

reiniciar = input('Deseja reiniciar os dados pessoais? S/N ','s');

if (reiniciar == 'S')|(reiniciar == 's')

nome = input('Nome do utente: ','s');

if isempty(nome)

nome = 'em branco';

end;

fid = fopen('c:\tpd_250_500.txt','a'); % nome do ficheiro

fprintf(fid,'nome:%s:',nome); % adiciona o nome no ficheiro de dados

5.2.1.4 4ª Etapa – Criação dos comandos para a apresentação dos padrões

Nesta etapa gerou-se um número aleatório de 0 a 10 para seleccionar a lista de padrões a

reproduzir.

lista=int8(rand(1)*10);

n_acertos=0;

De seguida criaram-se os comandos para iniciar o teste. Como mostra no exemplo em baixo, o

primeiro padrão da lista 1 é o LCC de acordo com as listas definidas previamente. Depois

desenvolveram-se os comandos para a reprodução do padrão, para o registo da resposta dada

pelo indivíduo testado e se acertou ou não a sequência. No final a opção dos dados serem

adicionados ao ficheiro.

switch lista

case 1

avancar= 'N';

while (avancar ~= 'S')

avancar = input('Lista 1 - Iniciar - LCC? S/N: ','s');

if isempty(avancar)

avancar = 'N'

end;

end;

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Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

Cristina Nazaré | FEUP 75

P1='LCC';

avancar = 'S';

while (avancar == 'S')|(avancar == 's');

soundsc(LCC,fa);

Resposta = input('Resposta? ','s');

avancar = input('Repetir - LCC? S/N: ','s');

if isempty(avancar)

avancar = 'S'

end;

acertou = input('Acertou - LCC? S/N: ','s');

if (acertou == 'S')|(acertou == 's')

n_acertos=n_acertos+1;

end;

end;

fprintf(fid,'lista:%f:P1:%s:resposta:%s:acertou:%s',lista,P1,Resposta,acertou)

;

5.2.1.1 5ª Etapa – Execução dos comandos

Nesta etapa, procedeu-se à execução dos comandos criados anteriormente de forma a iniciar

os testes, neste caso o TPD.

>>tpd_250_500 Deseja reiniciar os dados pessoais? S/N: S Nome do utente: A Identificação do exame: 01 Idade: 20 Genero: F Ouvido: D Lista 1 - Iniciar - LCC? S/N: S Resposta? LCC Repetir - LCC? S/N: N Acertou - LCC? S/N: S Avançar - CLC? S/N: S Resposta? CLC Repetir - CLC? S/N: N Acertou - CLC? S/N: N …

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6 Aplicação dos Testes de Processamento Auditivo Central

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Aplicação dos Testes de Processamento Auditivo Central

79 Cristina Nazaré | FEUP

6.1 Definição da População e da Amostra

A população do estudo da qual foi recolhida a amostra foi constituída por indivíduos normo-

ouvintes.

Foram avaliados 41 indivíduos, sendo a amostra dividida em três grupos: o grupo de adultos

sem queixas e/ou histórico (grupo controlo), o grupo de adultos com queixas e/ou histórico e

o grupo de crianças.

Os dois grupos de adultos foram criados com base nas respostas destes a um questionário, que

pretendeu verificar a presença ou não de queixas de dificuldades de percepção auditiva que

podem estar associadas a alterações do processamento auditivo central e/ou histórico de

patologias que podem afectar o sistema nervoso central. Dentro destes dois grupos os

indivíduos foram distribuídos de acordo com conjunto de testes PAC realizados: o TPD, o TPD-

VI, e o TPF.

6.1.1 Critérios de Inclusão

Seguidamente serão referidos os critérios de inclusão dos indivíduos da amostra dos grupos de

adultos com e sem queixas e/ou histórico: idade entre os 13 anos e os 40 anos, ausência de

alterações na Otoscopia, Timpanograma tipo A (pressão entre -100 e +100 deca Pascais),

Reflexos Acústicos Ipsi-laterais e Contra-laterais presentes, audição dentro dos parâmetros da

normalidade (limiares auditivos ≤ 20 dB HL nas frequências de 250, 500, 1000, 2000, 4000 e

8000 Hz), Audiograma Vocal com 50% discriminação entre os 0 e 20 dB HL, Otoemissões

Acústicas presentes, Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral presentes e

reprodutíveis a 80 dB SPL.

A inclusão no grupo com queixas de dificuldades de percepção auditiva e/ou histórico de

patologias que podem ter afectado o SNC, denominado por grupo com queixas e/ou histórico

ao longo do trabalho, tinha também como critério a presença de respostas positivas a estes

factores no Questionário (Anexo 4). Enquanto o grupo de adultos sem queixas e/ou histórico

era caracterizado pela ausência dessas respostas.

O grupo de crianças teve com critérios de inclusão: idade compreendida entre 7 e 12 anos,

ausência de alterações na Otoscopia, Timpanograma tipo A, audição dentro dos parâmetros

da normalidade (limiares auditivos ≤ 20 dB HL nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz),

Otoemissões Acústicas Presentes, Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral presentes

e reprodutíveis a 80 dB SPL.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

80 Cristina Nazaré | FEUP

6.2 Instrumentos Utilizados

A criação dos estímulos envolveu instrumentos como: PC TOSHIBA Satellite® M70 e Software

MATLABTM 7.0.

A aplicação dos testes foi efectuada nas cabines insonorizadas do Laboratório de Audiologia

da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra entre 1 de Julho e 6 de Agosto de

2009, com os equipamentos e materiais a seguir referidos: Questionários elaborados para o

estudo (Anexo 4), Otoscópio Heine - mini 2000, Impedanciómetro Interacoustics® - Impedance

Audiometer AT235, Impedanciómetro GSITM-38 Auto TYMP, Audiómetro MADSEN Electronics®-

Orbiter 922-2, Auscultadores TDH39, Cabo de interface, Microfone, Aparelho de Otoemissões

Acústicas Otodynamics® - Echoport OEA Screener ILO 288 USB com o Programa EZ Screen 2,

Equipamento de PEA SmartEP Intelligent Hearing Systems Corp®, CD com o Teste Padrão de

Frequência (Martins, 2008), PC TOSHIBA Satellite® M70, Espéculos, Olivas, Eléctrodos, Álcool

etílico, Compressas.

Para efectuar o tratamento estatístico dos dados foi utilizado o software SPSS versão 17.0.

6.3 Metodologia Utilizada na Recolha de Dados

Inicialmente os indivíduos e os responsáveis e/ou representantes legais das crianças foram

informados sobre o carácter voluntário e os objectivos da investigação, assim como o tipo, a

duração dos exames a realizar e todos os seus procedimentos. Foi também garantida a

confidencialidade dos dados adquiridos. Após a explicação, os que concordam como exposto

assinaram o termo de consentimento livre e informado (Anexo 2 e 3) e passou-se à fase

seguinte que englobou várias etapas e exames.

Primeiro realizou-se a Anamnese, com o preenchimento do Questionário em anexo (Anexo 4),

a partir do qual se seleccionou os indivíduos a avaliar.

De seguida realizou-se a Otoscopia, o Timpanograma e os Reflexos Estapédicos Ipsi-laterais e

Contra-laterias nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz.

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 81

No Audiograma Tonal Simples (ATS) pesquisou-se pelo método descendente e ascendente o

limiar auditivo de 5 em 5 dB HL, na via aérea, nas frequências de 125, 250 Hz, 500 Hz, 1000

Hz, 2000 Hz, 4000 Hz e 8000 Hz.

No Audiograma Vocal foram apresentadas listas de palavras dissilábicas distribuídas em

conjuntos de 10. Iniciou-se o teste 30 dB acima da média tonal de 500, 1000 e 2000 Hz obtida

no ATS e foi-se diminuindo a intensidade de 10 em 10 dB HL até o indivíduo não repetir

correctamente as palavras da lista.

Pesquisou-se a presença de Otoemissões Acústicas por Produtos de Distorção (DPOEA) nas

frequências de 842, 1001, 1184, 1416, 1685, 2002, 2380, 2832, 3369, 4004, 4761, 5652, 6726

e 7996 Hz com uma amplitude de 6 dB acima do nível do ruído de fundo. O estímulo

apresentou a frequência f1 à intensidade 65 dB e f2 a intensidade de 55 dB, e a relação f1/f2

de 1,22.

Foram realizados Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral (PEATC) com o estímulo

click (som constituído por pulsos eléctricos rectangulares de 100 μs), à intensidade de

estímulo de 80 dB SPL, cadência de 21.1 ciclos/s, polaridade alterna e estimulação monoural.

Para a realização dos testes especiais de processamento auditivo o computador portátil foi

ligado, por um cabo de interface, da saída dos auscultadores a uma das entradas CD/Tape do

audiómetro (Figura 6.1). No painel deste equipamento foi seleccionada a opção speech,

escolheu-se a intensidade inicial, o teste e o canal e realizou-se uma calibração. Após a

explicação do objectivo do teste, colocaram-se no indivíduo os auscultadores que estão

ligados ao audiómetro. O teste (TPD ou TPD-VI) inicia com a execução no programa MATLABTM

dos comandos previamente criados (Capítulo 5).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

82 Cristina Nazaré | FEUP

O TPD consiste em identificar a ordem de três sons consecutivos, do tipo tone bursts, de 1000

Hz consecutivos, em que um difere na duração longa ou curta em relação aos outros dois. A

duração do som curto (C) é de 250 ms e a do estímulo longo de 500 ms, cada um com 10 ms

de subida e descida e um intervalo inter-estímulo de 300 ms, como explicado no capítulo 5. O

teste tem seis sequências diferentes, LLC, LCL, LCC, CLC, CLL, CCL, sendo cada sequência

repetida cinco vezes para produzir trinta padrões no total. Após ouvir cada padrão o indivíduo

responde verbalmente à ordem dos sons pela qual a sequência de estímulos é constituída. A

estimulação foi monaural a 50 dB SL (acima da média dos limiares auditivos), sendo a escolha

do primeiro ouvido a testar completamente aleatória. O tempo de duração do TPD nos dois

ouvidos foi, em média, de 15 minutos.

O teste TPD-VI é semelhante ao TPD-VI. Esta versão foi criada com a finalidade de ser

aplicada a crianças e por isso possuí diferenças na duração dos estímulos e o no número de

repetições das sequências, de modo a ser mais adequado a esta população. Assim no TPD-VI o

estímulo curto tem 300 ms e o estímulo longo 600 ms (para uma menor dificuldade de

percepção) e as seis sequências do teste são repetidas quatro vezes de modo a originar vinte

e quatro padrões (com o objectivo de ser mais rápido que o anterior, logo menos cansativo).

Pelas características específicas desta população, em alguns casos só foi testado um ouvido. A

aplicação do TPD-VI nos dois ouvidos teve a uma duração média de 12 minutos.

Figura 6.1 – Representação esquemática da ligação dos equipamentos para a realização do TPD, TPD-VI e TPF.

Adaptado de: (GN Otometrics, 2002).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

84 Cristina Nazaré | FEUP

Sempre que se avaliou no mesmo indivíduo mais do que um teste de processamento auditivo

central, a ordem de realização do TPD, TPV-VI foi contra balanceada através dos sujeitos e os

ouvidos.

Os resultados dos testes são expressos em termos de percentagem de respostas correctas

(percentagem de padrões referidos correctamente) por ouvido.

6.4 Formulação das Questões de Investigação

Tendo em consideração os aspectos relacionados com avaliação do processamento auditivo

central referidos na literatura internacional e o desenvolvimento de testes temporais,

procurou-se com o trabalho responder às seguintes questões de investigação (as quais se

encontram mais detalhadas no capítulo 7 e no capítulo 8):

Questão 1 - A percentagem de respostas correctas do TPD difere dos valores do teste de

referência?

Questão 2 - Existem diferenças estaticamente significativas nos resultados do TPD, do TPD –

VI e do TPF entre o grupo de indivíduos adultos com e sem queixas e/ou

histórico?

Questão 3 - Existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD – VI?

Questão 4 - Existe correlação entre o TPD e o TPF?

Questão 5 - A idade influencia o desempenho dos indivíduos no TPD - VI?

Questão 6 - Existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois ouvidos no TPD e no TPD-

VI?

Questão 7 - Existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD e do

TPD-VI entre os indivíduos adultos com e sem prática musical?

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 85

6.5 Características Gerais da Amostra

A amostra é composta por 41 elementos, 33 (80,5%) do género feminino e 8 (19,5%) do género

masculino, com idades compreendidas entre os 7 e os 37 anos sendo a média de 20,12 anos.

Os 41 indivíduos foram divididos em três grupos, como mostra a representação do Gráfico 6.1.

O grupo de adultos sem queixas e/ou histórico tem 19 elementos, constituindo 46,3% da

amostra, o grupo de adultos com queixas e/ou histórico é composto 12 indivíduos,

representando 29,3% da amostra e o último grupo é constituído por 10 crianças, 24,4% da

amostra.

O Gráfico 6.2 mostra a distribuição dos géneros pelos respectivos grupos da amostra. Dos 19

indivíduos do grupo de adultos sem queixas e/ou histórico, 17 fazem parte do sexo feminino

(89,5%) e 2 do sexo masculino (10,5%). O grupo de adultos com queixas e/ou histórico possuí

11 elementos do género feminino (91,7%) e 1 do género masculino (8,3%). O grupo das

crianças apresenta 5 sujeitos do género feminino (50%) e 5 do género masculino (50%).

Gráfico 6.1 – Distribuição dos grupos da amostra.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

86 Cristina Nazaré | FEUP

Os gráficos seguintes (o Gráfico 6.3, o Gráfico 6.5 e o Gráfico 6.4) mostram a distribuição da

variável idade pelos grupos da amostra. O Gráfico 6.3 refere-se ao grupo de adultos sem

queixas e/ou histórico (grupo controlo). Os 19 elementos deste grupo apresentam idades

compreendidas entre 19 e 28 anos sendo a média de idades de 22,68 anos.

Gráfico 6.2 – Distribuição do género (Feminino, Masculino) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico e

do grupo de crianças.

Gráfico 6.3 - Distribuição da variável Idade no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico (grupo controlo).

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 87

O Gráfico 6.3 diz respeito ao grupo de adultos com queixas e/ou histórico. Os 12 indivíduos

que o compõem possuem idades entre 19 e 37 anos sendo a média de idades de 25,25 anos.

Gráfico 6.4 – Distribuição da idade em faixas etárias no grupo de crianças.

Gráfico 6.5 - Distribuição da variável Idade no grupo de adultos com queixas e/ou histórico.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

88 Cristina Nazaré | FEUP

No Gráfico 6.4 verifica-se que os 10 elementos do grupo das crianças estão distribuídos por

seis faixas etárias compreendidas entre os 7 anos e os 12 anos e 11 meses. A faixa etária dos 8

anos aos 8 anos e 11 meses é a que apresenta maior número de crianças, com 4 sujeitos

(40%).

O Gráfico 6.6 e o Gráfico 6.7 mostram quais foram os testes realizados pelos indivíduos da

amostra, sendo que alguns elementos realizaram mais que um teste. Dos três testes de

processamento auditivo temporal avaliados, 22 indivíduos efectuaram o TPD, 31 o TPD-VI, e

17 realizaram o TPF. No total foram realizados 67 testes de processamento auditivo temporal

em ouvidos direitos e 67 testes em ouvidos esquerdos, mais 3 testes em 3 elementos do grupo

das crianças, nas quais apenas se avaliou um ouvido.

Dos testes de processamento auditivo central as 10 crianças só realizaram o TPD-VI e nos

indivíduos adultos, 9 efectuaram só o TPF, 14 foram avaliados com o TPD e TPD-VI e 1 com o

TPD e TPF, e 7 sujeitos foram examinados com os três testes, ou seja, no TPD, no TPD-VI e no

TPF.

Gráfico 6.6 – Representação gráfica dos testes efectuados na amostra.

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 89

Dos 22 indivíduos que realizaram o TPD, 12 faziam parte do grupo controlo (grupo sem

queixas e ou histórico) e 10 do grupo de adultos com queixas e/ou histórico. Em relação aos

31 indivíduos que efectuaram o TPD-VI, 11 estavam incluídos no grupo controlo, 10 no grupo

com queixas e/ou histórico e 10 no grupo das crianças. 17 sujeitos foram avaliados com o

TPF, sendo 12 do grupo controlo e 5 do grupo sem queixas e/ou histórico.

Os 12 indivíduos do grupo dos adultos com queixas e/ou histórico apresentam dificuldades:

em manter a atenção auditiva, 8 indivíduos (66,7%); menorizar a informação auditiva, 4

(33,3%); perceber em condições de ruído 7 indivíduos (58,3%); localizar a fonte sonora, 3

indivíduos (25%). 5 elementos (41,7%) referiram possuir histórico de perda auditiva devida a

otite média, 2 elementos (16,7%) histórico de depressão e 1 elemento (0,8%) possuía

histórico de epilepsia. Alguns indivíduos apresentam mais do que um factor.

Gráfico 6.7 – Testes de processamento auditivo temporal realizados no universo amostral. Distribuição dos grupos

pelos diferentes testes.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

90 Cristina Nazaré | FEUP

A amostra é composta por 14 indivíduos com prática musical (34,1%) e 27 sem prática musical

(65,9%). O Gráfico 6.8 mostra a distribuição da prática musical nos diferentes grupos.

Seguidamente é apresentada a distribuição da variável prática musical pelos testes realizados

pela amostra. Dos indivíduos que realizaram o TPD, 9 (40,9%) tinham prática musical e 13

(59,1%) não. Dos que fizeram o TPD-VI, 13 (41,9%) apresentavam prática musical, 18 (58,1%)

não. Destes, 21 eram adultos; 9 com prática musical e 12 sem prática musical. Dos 17 sujeitos

examinados no TPF, apenas 3 (17,6%) tinham prática musical.

Em relação a outras características como a dominância manual, o universo amostral é

constituído por 38 indivíduos (92,7%) destros e 3 (7,3%) canhotos. A língua materna

predominante é a portuguesa em 40 elementos (97,6%). A maioria dos participantes é

estudante, 30 indivíduos (73,1%) incluindo crianças e adultos. Todos os 20 estudantes adultos

(48,8) frequentam o ensino superior. Dos restantes indivíduos adultos, 9 possuem licenciatura

(22%) e 2 o 12º ano (4,9%).

Gráfico 6.8 - Distribuição da variável prática musical nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico e no grupo

de crianças.

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7 Análise dos Resultados

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 93

7.1 Resultados

Neste capítulo está descrita a análise estatística dos resultados com base nas questões de

investigação referidas anteriormente e agora expostas pela mesma ordem. Os dados dizem

respeito principalmente à percentagem de respostas correctas (%RC) dos indivíduos da

amostra nos vários testes de processamento auditivo central (Teste Padrão de Duração – TPD;

Teste Padrão de Duração – Versão Infantil - TPD-VI; Teste Padrão de Frequência - TPF).

Questão 1 - A percentagem de respostas correctas do TPD difere dos valores do teste de referência?

Hipóteses:

H0: A percentagem de respostas correctas do TPD não difere dos valores do teste de

referência.

H1: A percentagem de respostas correctas do TPD difere dos valores do teste de referência.

Neste estudo a média da percentagem de respostas correctas no TPD (Tabela 7.1) do ouvido

direito dos elementos do grupo controlo foi de 95%, sendo de 83,3% no teste referência

(Duration Pattern Test - DPT) de Musiek et al. (1990) com uma amostra de 50 normo-ouvintes

adultos sem histórico de patologias otológicas e neurológicas. Em relação ao ouvido esquerdo

obteve-se uma média de percentagem de respostas correctas de 94,45% e Musiek et al. (1990)

no DPT obteve 88,7%.

Tabela 7.1 – Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no ouvido direito (OD) e esquerdo

(OE) do grupo controlo no Teste Padrão de Duração (TPD).

Grupo sem queixas e/ou histórico (grupo controlo)

N Média Desvio Padrão

% RC TPD OD 12 95,002 4,381

% RC TPD OE 12 94,445 7,154

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

94 Cristina Nazaré | FEUP

Pela Tabela 7.2 verifica-se que o nível de significância nos dois casos é inferior a 5%, pelo que

se deve rejeitar a hipótese H0 que diz que a diferença na média é 0, ou seja, a percentagem

de respostas correctas do TPD difere dos valores do DPT de referência, sendo o desempenho

dos indivíduos superior no teste TPD. Este facto pode estar relacionado com o diferente

idioma dos indivíduos das duas amostras como é discutido no capítulo 8.

Questão 2 - Existem diferenças estaticamente significativas nos resultados do TPD, do TPD – VI e do TPF entre o grupo de indivíduos adultos com e sem queixas e/ou histórico?

Cada teste de processamento auditivo temporal (TPD; TPD-VI; TPF) foi analisado

separadamente e por ouvido (Ouvido Direito - OD; Ouvido Esquerdo - OE) e por grupos (grupo

de adultos sem queixa e/ou histórico – grupo controlo; grupo de adultos com queixas

e/histórico).

Hipóteses:

H0: Não existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD, do TPD-VI e

do TPF entre o grupo de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

H1: Existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD, do TPD-VI e do

TPF entre o grupo de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

Tabela 7.2 – Teste t-Student para uma amostra - Comparação de médias da percentagem de respostas correctas

(%RC) do ouvido direito (OD) e esquerdo (OE) no Teste Padrão de Duração (TPD) com os valores obtidos no Duration

Pattern Test (DPT) por Musiek et al. (1990).

Valor de Teste (DPT) = 88.3 Grupo sem queixas e/ou histórico (grupo controlo)

t Graus de liberdade

Significância (2-tailed)

Diferença na Média

Intervalo de Confiança da Diferença de 95%

Inferior Superior

% RC TPD OD 5,300 11 0,000 6,702 3,918 9,485

Valor de Teste (DPT) = 88.7

% RC TPD OE 2,78 11 0,020 5,745 1,199 10,291

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 95

Teste Padrão de Duração (TPD)

Através da Tabela 7.3 pode verificar-se que no Teste Padrão de Duração o grupo sem queixas

e/ou histórico, constituído por 12 elementos, N, apresentou no ouvido direito uma

percentagem média de respostas correctas de 95%, sendo o mínimo de 86,67% e o máximo de

100%. No ouvido esquerdo a média foi de 94,45%, o mínimo de 80% e o máximo de 100%.

O grupo de 10 adultos com queixas e/ou histórico evidenciou no TPD uma percentagem média

de 87,33% e 89,67% no ouvido direito e esquerdo respectivamente e um mínimo de 70% e um

máximo de 100% em ambos os ouvidos.

Tabela 7.3 – Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de Duração (TPD)

do ouvido direito (OD) e esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

Grupo de adultos

% Respostas Correctas (RC)

N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Grupo sem queixas e/ou histórico

% RC TPD OD 12 86,670 100,000 95,002 4,381

% RC TPD OE 12 80,000 100,000 94,445 7,154

Grupo com queixas e/ou histórico

% RC TPD OD 10 70,000 100,000 87,333 10,281

% RC TPD OE 10 70,000 100,000 89,666 10,937

Gráfico 7.1 – Gráfico de caixa representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de

Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos

representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-

quartílico).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

96 Cristina Nazaré | FEUP

O Gráfico 7.1 ajuda a perceber essa distribuição verificando-se no grupo de adultos com

queixas e/ou histórico, uma média da percentagem de respostas correctas menor e um maior

desvio-padrão em relação ao outro grupo.

Tendo-se verificado pelo teste de Kolmogorov-Smirnov que a distribuição dos valores a

comparar difere significativamente da distribuição normal (p=0,002) em algumas variáveis,

utilizou-se o teste U de Man-Whitney para amostras independentes para avaliar a hipótese de

uma diferença significativa associada aos grupos.

Observando o valor de significância no ouvido direito (p=0,080) e no ouvido esquerdo

(p=0,392), valores superiores a 0,05, levam a rejeitar a hipótese H1 e a concluir que não

existem diferenças estatisticamente significativas no TPD entre o grupo de adultos com e sem

queixas e/ou histórico, apesar do decréscimo de percentagem de respostas correctas

observadas no grupo com queixas nos dois ouvidos em relação ao grupo sem queixas e/ou

histórico.

Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI)

Tabela 7.4 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração

(TPD) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

Grupos de adultos com e sem queixas e ou/histórico

% RC TPD OD % RC TPD OE Mann-Whitney U 34,000 47,500

Z -1,751 -0,856

Asymp. Sig. (2-tailed) 0,080 0,392

Tabela 7.5 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de Duração – Versão

Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

Grupo de adultos

Respostas Correctas (RC)

N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Grupo sem queixas e/ou histórico

% RC TPD-VI OD 11 79,170 100,000 95,454 6,024

% RC TPD-VI OE 11 79,170 100,000 94,696 6,478

Grupo com queixas e/ou histórico

% RC TPD-VI OD 10 79,170 100,000 94,166 7,401

% RC TPD-VI OE 10 83,330 100,000 92,915 5,215

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 97

No Teste Padrão de Duração – Versão infantil verifica-se que o grupo de 11 indivíduos sem

queixas e/ou histórico evidenciou no ouvido direito uma percentagem média de respostas

correctas de 95,45% e no ouvido esquerdo de 94,70%, sendo o mínimo e o máximo de ambos

79,17% e 100% respectivamente.

Os 10 indivíduos adultos do grupo com queixas e/ou histórico obtiveram uma percentagem

média de respostas correctas de 94,17% no ouvido direito sendo o mínimo e máximo iguais ao

grupo anterior. No esquerdo a média foi de 92,92%, oscilando a percentagem de respostas

correctas entre um mínimo de 83,33% e um máximo de 100%. No grupo com queixas e/ou

histórico observa-se uma média de percentagem de respostas correctas ligeiramente inferior

à do grupo sem queixas e/ou histórico.

O Gráfico 7.2 apresenta a distribuição da média da percentagem de respostas correctas

obtidas no teste TPD-VI, no grupo de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

Gráfico 7.2 - Gráfico de caixa representativo da percentagem de respostas correctas (%RC) do Teste Padrão de

Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e

sem queixas e/ou histórico.

Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos

representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-quartílico);

os asteriscos indicam os valores extremos (valores a mais de 3 comprimentos da extremidade da caixa).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

98 Cristina Nazaré | FEUP

Tendo-se verificado pelo teste de Kolmogorov-Smirnov um afastamento significativo à

normalidade da distribuição de algumas das variáveis dependentes a comparar (p=0,001),

utilizou-se o teste U de Mann-Whitney.

A significância observada no teste é de 0,852 no ouvido direito e 0,283 no esquerdo, logo

rejeita-se a hipótese H1, e considera-se que não existem diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos com e sem queixas e/ou histórico para ambos ouvidos no TPD-

VI.

Teste Padrão de Frequência (TPF)

O grupo de indivíduos sem queixas e/ou histórico que realizou o Teste Padrão de Frequência

obteve uma percentagem média de respostas correctas de 89,45% no ouvido direito e no

ouvido esquerdo de 87,79% obtendo-se para ambos o mínimo de 70% e o máximo de 100%.

Pela análise da Tabela 7.7 e do Gráfico 7.3 pode observar-se que o grupo com queixas e/ou

histórico obtive para os dois ouvidos uma percentagem média de respostas correctas inferior

às verificadas para o grupo anterior. A média no ouvido direito foi 77,33%, o mínimo de

46,67% e o máximo de 93,33%. No ouvido esquerdo a média foi de 76%, um mínimo de 36,67%

e um máximo de 96,70%.

Tabela 7.6 – Teste Mann-Whitney U da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração –

Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem

queixas e/ou histórico.

Grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico

% RC TPD-VI OD % RC TPD-VI OE Mann-Whitney U 52,500 40,500

Z -0,187 -1,073

Asymp. Sig. (2-tailed) 0,852 0,283

Tabela 7.7 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de Frequência

(TPF) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

Grupo de adultos

Respostas Correctas (RC)

N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Grupo sem queixas e/ou histórico

% RC TPF OD 12 70,000 100,000 89,445 8,267

% RC TPF OE 12 70,000 100,000 87,779 8,329

Grupo com queixas e/ou histórico

% RC TPF OD 5 46,670 93,330 77,332 19,633

% RC TPF OE 5 36,670 96,670 76,002 23,142

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 99

No ouvido direito o valor de significância é de 0,199 e no esquerdo de 0,220, valores

superiores a 0,05, o que leva à rejeição da hipótese H1, concluindo-se que as diferenças

encontradas na média das respostas do ouvido direito e esquerdo não são estatisticamente

significativas entre os dois grupos, apesar de se constatar que o grupo com queixas e/ou

histórico apresenta uma percentagem de respostas correctas inferior em ao grupo sem

queixas e/ou histórico em cerca de 12% em ambos os ouvidos.

Gráfico 7.3 - Gráfico representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de Frequência

(TPF) no ouvido direito (OD) e no esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos

representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-

quartílico); os asteriscos indicam os valores extremos (valores a mais de 3 comprimentos da extremidade da caixa).

Tabela 7.8 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de

Frequência (TPF) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas

e/ou histórico.

Grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico

% RC TPF OD % RC TPF OE Mann-Whitney U 18,000 18,500

Z -1,283 -1,227

Asymp. Sig. (2-tailed) 0,199 0,220

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

100 Cristina Nazaré | FEUP

Questão 3 - Existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD – VI?

Hipóteses:

H0: Não existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD-VI.

H1: Existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD-VI.

Aplicando o teste de correlação de Spearman verifica-se que correlação entre as

percentagens de respostas correctas (agregadas através dos ouvidos) do TPD e do TPD-VI nos

grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico é significativa ao nível α=0,001. É uma

correlação positiva, o que indica que uma maior percentagem de respostas correctas no TPD

está associada a uma maior percentagem de respostas no TPD-VI. Deste modo, rejeita-se a H0

e pode-se concluir que existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD-VI.

O Gráfico 7.4 representa a percentagem de respostas correctas dos adultos no TPD e no TPD-

VI. Estes resultados, combinados com a inspecção do gráfico, revelam que, apesar da

correlação significativa entre os dois testes, a diferenciação entre os dois grupos de sujeitos

adultos é mais clara no TPD. As linhas do Gráfico 7.4 ilustram as diferenças entre os dois

grupos em cada teste, revelando um decréscimo mais acentuado da percentagem de

respostas correctas do grupo com queixas e/ou histórico no TPD.

Tabela 7.9 – Correlação não paramétrica entre a percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de

Duração (TPD) e no Teste Padrão de Duração Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos.

% RC TPC-VI Spearman's rho % RC TPD Coeficiente de Correlação 0,672*

Significância (2-tailed) 0,001

N 21

*. Correlação significativa a 0.01 (2-tailed).

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 101

Questão 4 - Existe correlação entre o TPD e o TPF?

Hipóteses:

H0: Não existe correlação entre o TPD e o TPF.

H1: Existe correlação entre o TPD e o TPF.

Após a aplicação do teste de correlação de Spearman entre as percentagens de respostas

correctas (agregadas em ouvidos) do TPD e do TPF constata-se que a correlação não é

significativa (ρ = 0,117) entre o TPD e o TPF, verificando-se a hipótese H0 e rejeitando-se a

hipótese H1 que diz que existe correlação.

Gráfico 7.4 – Gráfico representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de Duração

(TPD) e do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou

histórico.

Tabela 7.10 - Correlação não paramétrica entre a percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de

Duração (TPD) e no Teste Padrão de Frequência (TPF) no grupo de adultos.

% RC TPF Spearman's rho % RC TPD Coeficiente de Correlação 0,599

Significância (2-tailed) 0,117 N 8

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

102 Cristina Nazaré | FEUP

O Gráfico 7.5 representa a percentagem média de respostas correctas do TPD e do TPF nos

grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. As linhas ilustram as diferenças entre os

dois grupos em cada teste, documentando em particular o decréscimo da percentagem de

respostas correctas do grupo com queixas e/ou histórico no TPF.

Questão 5 - A idade influencia o desempenho dos indivíduos no TPD - VI?

Hipóteses:

H0: A idade não influencia o desempenho dos indivíduos no TPD-VI.

H1: A idade influencia o desempenho dos indivíduos no TPD-VI.

O primeiro passo foi verificar o desempenho dos adultos no TPD-VI e compará-lo com o

desempenho da população infantil. Os resultados encontrados (Tabela 7.11) no TPD-VI no

grupo de crianças dos 7 aos 12 anos mostram uma média de percentagens de respostas

correctas de 73,15% no ouvido direito e 70,83% no esquerdo, enquanto a média dos adultos do

grupo controlo é de 95,45% e 94,69% para o ouvido direito e esquerdo respectivamente.

Gráfico 7.5 – Gráfico representativo da média da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de

Duração (TPD) e do Teste Padrão de Frequência (TPF) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 103

Tendo-se verificado pelo teste de Kolmogorov-Smirnov um afastamento significativo à

normalidade da distribuição de algumas das variáveis dependentes a comparar, utilizou-se o

teste U de Mann-Whitney (Tabela 7.12), o qual comprovou a existência de diferenças

estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelo grupo de adultos e pelo de

crianças no TPD-VI. O nível de significância observado foi de 0,016 no ouvido direito e 0,034

no ouvido esquerdo (ambos inferiores a 0,05) o que permite rejeitar a hipótese H0, para um

nível de confiança de 95% e deste modo concluí-se que a idade influencia o desempenho dos

indivíduos no TPD-VI.

Após a obtenção destes resultados considerou-se relevante verificar a influência da idade

principalmente no grupo das crianças em várias faixas etárias.

A Tabela 7.13 mostra os resultados das crianças e dos adultos no TPD-VI de acordo com idade

em faixas etárias. Estes resultados podem ser igualmente visualizados no Gráfico 7.6 para os

ouvidos direito e esquerdo, respectivamente. Verifica-se que o desempenho obtido pelas

crianças melhora à medida que a idade aumenta dos 7 aos 10 anos. A partir dos 10 anos, os

resultados obtidos pelas crianças aproximam-se dos alcançados pelos adultos.

Tabela 7.11 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de Duração –

Versão Infantil (TPD-VI) no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico (grupo controlo) e no grupo de crianças.

N Média Desvio Padrão

Mínimo Máximo

Grupo de adultos sem queixas e/ou histórico

% RC TPD-VI OD 11 95,454 6,024 79,170 100,000

% RD TPD-VI OE 11 94,696 6,478 79,170 100,000

Grupo de Crianças % RC TPD-VI OD 9 73,149 31,187 16,670 100,000

% RC TPD-VI OE 7 70,834 33,332 16,670 100,000

Tabela 7.12 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (%RC) no ouvido direito (OD) e no

ouvido esquerdo (OE) no grupo controlo de adultos e no grupo de crianças

Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI)

% RC TPD-VI OD % RC TPD-VI OE Mann-Whitney U 18,500 15,500 Z -2,409 -2,122 Asymp. Sig. (2-tailed) 0,016 0,034

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

104 Cristina Nazaré | FEUP

Tabela 7.13 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração –

Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE), no grupo de crianças e no grupo controlo

de adultos para a variável idade (em faixas etárias).

% RC Idade (Faixas etárias) N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo % RC TPD-VI OD 7-7 Anos e 11 Meses 0 -------- -------- -------- --------

8-8 Anos e 11 Meses 4 53,125 37,479 16,670 87,500

9-9 Anos e 11 Meses 1 66,670 -------- 66,670 66,670

10-10 Anos e 11 Meses 2 95,835 5,890 91,670 100,000

11-11 Anos e 11 Meses 1 95,830 -------- 95,830 95,830

12-12 Anos e 11 Meses 1 91,670 -------- 91,670 91,670

20 - 27 Anos 11 95,454 6,024 79,170 100,00

% RC TPD-VI OE 7-7 Anos e 11 Meses 1 29,170 -------- 29,170 29,170

8-8 Anos e 11 Meses 2 50,000 47,136 16,670 83,330

9-9 Anos e 11 Meses 0 -------- -------- -------- --------

10-10 Anos e 11 Meses 2 95,835 5,890 91,670 100,000

11-11 Anos e 11 Meses 1 87,500 -------- 87,500 87,500

12-12 Anos e 11 Meses 1 87,500 -------- 87,500 87,500

20-27 Anos 11 94,696 6,478 79,170 100,00

Gráfico 7.6 – Gráfico da percentagem de respostas correctas (% RC) do TPD-VI no ouvido direito (OD) e no ouvido

esquerdo (OD) no grupo de crianças e no controlo de adultos segundo a idade (em faixas etárias).

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 105

Dadas as diferenças nos resultados das crianças com idades inferiores a 10 anos em relação às

restantes e ao desvio-padrão nas respostas das crianças dos 8 aos 8 anos e 11 meses, tentou

observar-se o desempenho das crianças no TPD-VI de acordo com a sua idade em meses. Os

valores médios podem ser visualizados na Tabela 7.14 e encontram-se igualmente

representados no Gráfico 7.7. onde de observa que nas crianças, uma diferença de poucos

meses de idade (como é o caso dos 99 para os 103 meses no ouvido direito) pode ser

relevante para o desempenho que estas atingirão no TPD-V. Verifica-se também, que aos 126

meses de idade conseguem atingir uma percentagem de respostas correctas máxima (100%).

Tabela 7.14 – Média da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-

VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) de acordo com a idade das crianças (em meses).

Média Idade (Meses) % RC TPD-VI OD % RC TPD-VI OE 90 -------- 29,170

99 25,000 16,670

101 16,670 --------

103 87,500 --------

106 83,330 83,330

115 66,670 --------

126 100,000 100,000

131 91,670 91,670

140 95,830 87,500

146 91,670 87,500

Gráfico 7.7 - Gráfico da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil

TPD-VI no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OD) no grupo de crianças segundo a idade (em meses).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

106 Cristina Nazaré | FEUP

Questão 6 - Existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois ouvidos no TPD e no TPD-VI?

Hipóteses:

H0: Não existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois ouvidos.

H1: Existem diferenças nos resultados obtidos nos dois ouvidos.

Pelo teste de Kolmogorov-Smirnov verificou-se que a distribuição dos valores em comparação

difere significativamente da distribuição normal, pelo que se utilizou o teste de Wilcoxon

para amostras emparelhadas para avaliar a hipótese de uma diferença significativa entre os

dois ouvidos.

O teste de Wilcoxon revelou a inexistência de diferenças entre os dois ouvidos em ambos os

testes e nos vários grupos (Sig Z ≥ 0,102). A análise estatística conduz assim à rejeição a

hipótese H1, verificando-se que não existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois

ouvidos.

Questão 7 - Existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD e do TPD-VI entre os indivíduos adultos com e sem prática musical?

Hipóteses:

H0: Não existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD e do TPD-VI

entre os indivíduos adultos com e sem prática musical.

H1: Existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD e do TPD-VI entre

os indivíduos adultos com e sem prática musical.

Tabela 7.15 – Teste de Wilcoxon para amostras emparelhadas entre a percentagem de respostas correctas (%RC) do

ouvido direito (OD) e do ouvido esquerdo (OE) no Teste Padrão Duração (TPD) e no Teste Padrão de Duração -

Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico e no grupo de crianças.

%RC Z Asymp. Sig. (2-tailed) Grupo sem queixas e/ou histórico

TPD OE - TPD OD -0,106 0,916

TPD-VI OE - TPD-VI OD -0,271 0,786

Grupo com queixas e/ou histórico

TPD OE - TPD OD -0,762 0,446

TPD-VI OE - TPD-VI OD -0,513 0,608

Grupo de crianças TPD-VI OE - TPD-VI OD -1,633 0,102

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 107

Após a análise da estatística apresentada na Tabela 7.16 e a observação do Gráfico 7.8 e do

Gráfico 7.9 verifica-se que nos dois testes, TPD e TPD-VI, e nos dois ouvidos existem

diferenças entre os indivíduos adultos com e sem prática musical, mostrando os indivíduos

com prática musical um desempenho superior nos testes.

Tabela 7.16 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração

(TPD) e no Teste Padrão de Duração - Versão Infantil (TPD-VI) segundo a variável prática musical nos indivíduos

adultos.

Respostas Correctas Prática Musical N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo % RC TPD OD Não 13 88,975 9,467 70,000 100,000

Sim 9 95,186 5,033 83,330 100,000

Total 22 91,516 8,404 70,000 100,000

%RC TPD OE Não 13 89,487 10,350 70,000 100,000

Sim 9 96,297 5,388 83,330 100,000

Total 22 92,273 9,166 70,000 100,000

% RC TPD-VI OD Não 12 93,749 6,527 79,170 100,000

Sim 9 96,296 6,732 79,170 100,000

Total 21 94,840 6,575 79,170 100,000

% RC TPD-VI OE Não 12 91,318 5,744 79,170 95,830

Sim 9 97,221 4,167 87,500 100,000

Total 21 93,848 5,835 79,170 100,000

Gráfico 7.8 - Gráfico de caixas representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de

Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos adultos para a variável prática musical.

Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos

representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-quartílico);

os asteriscos indicam os valores extremos (valores a mais de 3 comprimentos da extremidade da caixa).

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

108 Cristina Nazaré | FEUP

Pelo facto de se ter verificado pelo teste de Kolmogorov-Smirnov que a distribuição dos

valores em comparação difere significativamente da distribuição normal em algumas variáveis

(p≤0,037), utilizou-se o teste U Mann-Whitney para amostras independentes de forma a

avaliar a hipótese de uma diferença significativa associada à prática musical.

Gráfico 7.9 - Gráfico de caixas da percentagem de respostas correctas (% RC) do TPD-VI no ouvido direito (OD) e no

ouvido esquerdo (OE) nos adultos para a variável prática musical.

Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos

representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-quartílico);

os asteriscos indicam os valores extremos (valores a mais de 3 comprimentos da extremidade da caixa).

Tabela 7.17 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de

Duração (TPD) e do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo

(OE) nos adultos com e sem prática musical.

Prática musical

Mann-Whitney U Z Asymp. Sig. (2-tailed) % RC TPD OD 36,500 -1,500 0,134

% RC TPD OE 39,500 -1,318 0,188

% RC TPD-VI OD 35,500 -1,394 0,163

% RC TPD-VI OE 18,000 -2,688 0,007

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Análise dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 109

A análise dos dados do teste U de Mann-Whitney indica que existem diferenças

estatisticamente significativas (p=0,007) entre os indivíduos com e sem prática musical no

TPD-VI no ouvido esquerdo. Embora existam diferenças nos resultados em todos os testes

entre os indivíduos adultos com e sem prática musical estas apenas são estatisticamente

significativas para o TPD-VI no ouvido esquerdo. Estes resultados conduzem à rejeição da H0,

apenas para este caso, hipótese que diz que não existem estatisticamente significativas nos

resultados do TPD e do TPD-VI entre os indivíduos adultos com e sem prática musical.

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8 Discussão dos Resultados

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Discussão dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 113

O trabalho teve como finalidade o estudo e a adaptação/criação de dois testes de

processamento auditivo temporal, o teste Padrão de Duração (TPD) e o Teste Padrão de

Duração – Versão Infantil (TPD–VI) (uma versão do TPD com o objectivo de ser mais adequada

a esta população), o que foi possível através da criação em MATLABTM de rotinas que

permitissem a produção de sequências estímulos acústicos. Com o estudo pretendeu-se ainda

avaliar o desempenho de um grupo de crianças dos 7 aos 12 anos no TPD-VI, e de dois grupos

de adultos (um com e outro sem queixas de dificuldades de percepção auditiva e/ou histórico

de patologias que podem ter afectado o SNC) no TPD, no TPD-VI e no TPF, e comparar

variáveis entre grupos e testes.

O tratamento estatístico efectuado aos dados do Teste Padrão de Duração, do Teste Padrão

de Duração – Versão Infantil e do Teste Padrão de Frequência (TPF) permitiu de algum modo

uma melhor compreensão da capacidade de processamento auditivo temporal. Nesta secção

são abordados e discutidos esses resultados.

A primeira questão visou perceber se os resultados encontrados no TPD são similares ou

diferem dos obtidos por Musiek et al. em 1990 como Duration Pattern Test (DPT), versão de

referência do TPD.

No presente trabalho a média da percentagem de respostas correctas dos 12 adultos do grupo

de indivíduos sem queixas e ou/histórico obtida no Teste Padrão de Duração foi de 95% no

ouvido direito e 94,45% no ouvido esquerdo. Estes valores diferem dos do teste de referência

recolhidos por Musiek et al. (1990) que obtiveram uma percentagem de 83,3% no ouvido

direito e de 88,7% no ouvido esquerdo numa amostra de 50 indivíduos normo-ouvintes sem

histórico de patologias otológicas e neurológicas, sendo a percentagem de respostas correctas

inferiores no estudo de Musiek et al. (1990).

Estas diferenças entre os resultados obtidos no TPD e os resultados de Musiek et al. (1990)

podem estar relacionadas com as várias variáveis que podem afectar o desempenho e a

avaliação processamento auditivo central e que não foram estudadas. Por exemplo, a variável

representada pelo idioma, é certamente diferente nas duas amostras e não foi estudada a sua

influência no resultado deste teste e na amostra tomada como referência também não há

indicação que esta variável seja considerada.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

114 Cristina Nazaré | FEUP

Com a questão 2 pretendeu-se saber se a média das percentagens de respostas correctas dos

testes diferem estatisticamente nos dois grupos de adultos, de forma a poder efectuar-se uma

separação entre grupos.

Comparando com os resultados obtidos no TPD pelo grupo controlo, já expostos

anteriormente, verifica-se que os valores do grupo de adultos com queixas e/ou histórico

evidenciam uma percentagem média de respostas correctas inferior ao grupo controlo, de

87,33% no ouvido direito e de 89,67% no esquerdo, bem como um desvio-padrão superior.

Estas diferenças de médias não atingem a significância estatística entre as respostas dos dois

grupos. Contudo, apesar de não significativas, o desempenho inferior do grupo com queixas

e/ou histórico no TPD pode sugerir que as queixas de dificuldades de percepção auditiva

assinaladas no questionário são de algum modo concordantes com os resultados e que o

histórico de patologias referidas pelos indivíduos podem ter afectado de alguma forma o

processamento auditivo, revelando-se num desempenho não tão bom no teste.

Apesar das diferenças entre os grupos não serem tão evidentes no TPD-VI como no TPD, o

grupo com queixas e/ou histórico também apresentou no Teste Padrão de Duração – Versão

infantil uma percentagem média de respostas correctas inferir à grupo controlo em ambos os

ouvidos, diferenças que também não atingem a significância estatística. Os resultados do

ouvido direito do grupo controlo revelam uma média de 95,45% e de 94,70% no ouvido

esquerdo. A percentagem de respostas correctas do grupo com queixas e/ou histórico é de

94,17% e de 92,92% no ouvido direito e esquerdo, respectivamente.

A análise feita aos dados do Teste Padrão de Frequência leva a concluir que as diferenças

encontradas na média das respostas correctas do ouvido direito e esquerdo entre os dois

grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico não são estatisticamente significativas,

embora a dispersão dos resultados no grupo com queixas e/ou histórico seja mais elevada e a

média de respostas correctas inferior ao grupo controlo. Verificou-se neste teste que a média

da percentagem de respostas correctas apresentadas no ouvido direito pelo grupo controlo foi

de 89,45% e de 77,33% no grupo de indivíduos com queixas e/ou histórico, apresentando estes

um resultado de 76% no ouvido esquerdo e 87,79% no grupo controlo no mesmo ouvido.

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Discussão dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 115

Por outro lado, constatou-se que a diferença entre a média da percentagem de respostas

correctas obtidas pelo grupo controlo no TPD e no TPF foi de 6% no ouvido direito e 6,7% no

esquerdo, sendo os valores do TPF inferiores. No seu estudo, Bellis (2002) observou que o

Duration Pattern Test apresentou maior grau de dificuldade para os ouvintes que o Frequency

Pattern Test, sendo os valores normativos do Duration Pattern Test aproximadamente 7 a 10%

menores que os do Frequency Pattern Test.

Esta inversão de acertos entre os dois testes também foi verificada noutros estudos que

abordam tarefas temporais que envolvem duração e frequência, e supõe-se que poderá estar

relacionada com o diferente padrão da língua usada pelo ouvinte (Murphy & Schochat, 2007).

Pensa-se que as línguas que possuem mais fonemas que se distinguem pela percepção de

frequência, como é o caso do Inglês, apresentam indivíduos mais sensíveis a este aspecto

acústico em relação aos que falam Português, que possuem uma língua na qual os fonemas se

diferenciam pela duração (Murphy & Schochat, 2007).

Neste sentido, como a amostra em estudo é falante do Português, a discriminação de duração

poderá ser superior à de frequência, daí resultando o melhor desempenho no TPD em relação

ao TPF. Esta poderá ser também uma das explicações para o facto do grupo controlo no Teste

Padrão de Duração apresentar um desempenho superior aos obtidos pelo grupo de Musiek et

al. (1990) no Duration Pattern Test realizado nos EUA.

Outra questão que se levantou (questão 3) na aplicação do TPD-VI foi saber se os adultos

apresentam neste teste um desempenho igual ao demonstrado no TPD, isto é, se existe

relação entre o desempenho nos dois testes. Os resultados permitem observar a existência de

correlação significativa (p=0,1) entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD-VI. Isto

indica que as respostas dadas pelos indivíduos no TPD e TPD-VI são concordantes, visto que os

testes pretendem avaliar o mesmo.

O grupo sem queixas e/ou histórico apresentou resultados muito idênticos nos dois testes, o

que parece mostrar que para estes indivíduos o desempenho não foi influenciado pela duração

do estímulo. No grupo de adultos com queixas e/ou histórico o desempenho foi superior no

TPD-VI, o que possivelmente está relacionado com o aumento da duração do estímulo. Esta

modificação nas sequências do estímulo pode facilitar a execução da tarefa no TPD-VI,

principalmente em indivíduos que apresentam mais dificuldade em realizar o TPD, ou seja, a

tarefa exigida no TPD parece ser mais difícil que a do TPD-VI. Deste modo a criação do TPD-VI

parece cumprir com a finalidade de diminuição do grau de dificuldade do TPD.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

116 Cristina Nazaré | FEUP

Pensou-se também ser importante analisar a correlação entre o TPD e o TPF para verificar se

há necessidade de se aplicar os dois testes que avaliam a capacidade de ordenação temporal.

O estudo possibilitou verificar que a correlação entre o TPD e o TPF não é significativa. Este

resultado pode sugerir que os dois testes poderão envolver um diferente processamento da

informação auditiva, logo poderão ser complementares na avaliação.

É importante realçar que os valores obtidos pelo elemento 11 da amostra do grupo com

queixas e/ou histórico no TPF foram muito baixos, de 46,67% no OD e 36,70% no OE (expostos

na Tabela 7.7 como valores mínimos) em comparação com a média do grupo e em

comparação com os valores por ele obtidos no TPD e que foram 83,33% no OD e 100% no OE.

Isto pode sugerir que os testes se complementam, dado que parece existir uma alteração na

capacidade de ordenação de padrões de frequência, mas não é revelada no TPD.

Bellis (2002) também refere que diferenças de desempenho nestes dois tipos de testes podem

dever-se a processos funcionais distintos, e por isso, sempre que possível e até surgir mais

investigação que esclareça essas divergências, ambos devem ser utilizados, pois um pode

detectar alterações que o outro não revela.

Além disso, a inclusão na avaliação clínica de um teste de padrão de duração é relevante pois

estes são pouco influenciados por perdas auditivas cocleares. Estudos têm demonstrado que a

característica “duração” em comparação com a característica “frequência” ou “intensidade”

é mais resistente a estas perdas. Como o teste só utiliza uma frequência não necessita que a

discriminação auditiva em frequência esteja preservada (Musiek, 1990; Hall & Mueller, 1996;

Balen, 1997; Bellis, 2002; Shinn, 2007). De acordo com Hall & Mueller (1996) o Duration

Pattern Test também apresenta maior sensibilidade a lesões cerebrais do que outros testes

com paradigmas similares como o Pitch Pattern Sequence Test (PPS) (ou Teste Padrão de

Frequência). Logo, o TPD poderá ser um teste a incluir na avaliação do processamento

auditivo central em conjunto com o TPF.

A literatura diz que a idade poderá influenciar o desempenho das crianças nos testes de

processamento auditivo temporal. Por esse motivo considerou-se relevante estudar este

factor visto que o TPD-VI foi desenvolvido com o objectivo de o aplicar a crianças. Com a

questão 5 pretendeu-se assim analisar se a idade influencia o desempenho no TPD-VI.

Os valores obtidos no TPD-VI evidenciam uma média de percentagens de respostas correctas

de 73,15% no ouvido direito e 70,83% no esquerdo no grupo de crianças dos 7 aos 12 anos e

uma média de 95,45% e 94,69% para o ouvido direito e esquerdo respectivamente, nos adultos

do grupo controlo com idades compreendidas entre os 20 e os 27 anos. O resultado da análise

estatística demonstra a existência diferenças estatisticamente significativas entre os

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Discussão dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 117

resultados obtidos no TPD-VI pelo grupo de adultos e pelo de crianças, ou seja, a idade

influencia o desempenho dos indivíduos no TPD-VI nas faixas etárias estudadas.

No grupo das crianças entre os 7 anos aos 9 anos e 11 meses observa-se um aumento do

desempenho com a idade, contudo verifica-se grande variabilidade nas respostas de crianças

na idade de 8-8 anos e 11 meses. Estes resultados na avaliação parecem reflectir a

imaturidade do sistema nervoso central desta população. De acordo com Musiek e Baran

(2007) os testes de discriminação de padrões tendem a revelar um desempenho consistente

como a maturação do corpo caloso.

Os resultados do grupo de crianças estudadas indicam também que a partir dos 10 anos, a

idade parece não influenciar a percentagem de respostas correctas, alcançando nesta altura

os valores dos adultos.

A percentagem de respostas correctas obtidas no TPD-VI pelo grupo das crianças revela

valores médios de 29,17% no ouvido esquerdo (OE) para a faixa etária dos 7-7 anos e 11

meses, 53,13% no ouvido direito (OD) e 50% no OE dos 8-8 anos e 11 meses, 66,67% no OD dos

9-9 anos e 11 meses, 95,84% no OD e 95,84% no OE dos 10-10 anos e 11 meses, 95,83% no OD e

87,50% no OE dos 11-11 anos e 11 meses e 91,67% no OD e 87,50% no OE dos 12-12 anos a 11

meses. A duração do estímulo longo do TPD-VI é 600 ms, a do estímulo curto é 300 ms e o

intervalo inter-estímulo é de 300 ms.

Bellis (2002) expõe dados normativos para o Duration Pattern Test, que é uma versão com

estímulos iguais aos do TPD desenvolvido neste trabalho (estímulo longo de 500 ms, estímulo

curto de 250 ms e intervalo inter-estímulo de 300 ms). Os valores de Bellis (2002) foram

determinados em indivíduos da faixa etária dos 7 anos até à idade adulta, verificando-se uma

percentagem de 25% de respostas correctas dos 7 - 7 anos e 11 meses, 35% dos 8 - 8 anos e 11

meses, 54% dos 9 - 9 anos e 11 meses, 70% dos 10 - 10 anos e 11 meses, 71% dos 11 -11 anos e

11 meses e 73% dos 12 anos a adultos. Este autor refere que os valores encontrados sugerem

que a tarefa exigida pelo teste parece ser muito difícil especialmente para crianças menores

que 9 ou 10 anos.

Tanto neste estudo como no de Bellis (2002), as crianças evidenciam maior dificuldade na

realização dos testes até aos 10 anos aproximadamente. Nesta pesquisa os valores alcançados

em cada faixa etária são superiores aos de Bellis (2002) possivelmente devido ao facto de a

duração mais longa dos estímulos, facilitar o processamento da informação por estes

indivíduos.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

118 Cristina Nazaré | FEUP

Outra pergunta que se tentou investigar (questão 6), e que está patente quando se avalia o

processamento auditivo, sobretudo nos testes que englobam as vias inter-hemisféricas é

verificar se o teste aplicado no ouvido direito é equivalente ao apresentado ao ouvido

esquerdo, ou seja, se existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois ouvidos no TPD

e no TPD-VI. A análise estatística comprovou a inexistência de diferenças nos resultados entre

os dois ouvidos no TPD e no TPD-VI, nos vários grupos.

Tendo em consideração que a amostra respondeu aos padrões sonoros de forma verbal e que

como refere Gerger & Glorig (2001), este modo de resposta a estes estímulos requer

processamento combinado do hemisfério direito e do hemisfério esquerdo, a correlação

encontrada entre o ouvido direito e esquerdo pode ser reflexo dessa interacção inter-

hemisférica. Estes resultados podem levar à constatação que sempre que é usada esta forma

de resposta, o teste pode ser aplicado binauralmente, ou seja, nos dois ouvidos em

simultâneo.

Dada a relevância que o processamento auditivo assume na percepção temporal dos sons, em

especial em sons como a fala e a música, e o papel que a experiência musical pode exercer

no desenvolvimento de habilidades auditivas, considerou-se interessante observar a influência

da prática musical dos indivíduos adultos no resultado dos TPD e do TPD-VI (questão 7).

Os resultados desta pesquisa mostram que os indivíduos adultos com prática musical

apresentam uma média de percentagens correctas superior nos testes e nos dois ouvidos em

relação aos indivíduos sem prática musical. E a análise dos dados indica que existem

diferenças estatisticamente significativas entre os indivíduos com e sem prática musical no

teste TPD-VI no ouvido esquerdo. Neste caso, os indivíduos com prática musical obtiveram

uma média da percentagem de repostas correctas de 97,22% em contraste com os 91,32%

apresentados pelos sujeitos sem prática musical.

Num estudo referido por Silveira et al. (2002) os autores comparam o desempenho de dez

normo-ouvintes músicos e dez não músicos nos testes padrão de duração e verificaram que os

músicos obtiveram melhores resultados do que os indivíduos não músicos, diferenças essas

estatisticamente significativas. Referem ainda que os músicos demonstraram durante a

aplicação dos testes uma maior capacidade de atenção aos sons.

Ambos os trabalhos estão de acordo no que se refere ao desempenho superior nos indivíduos

com prática musical. Porém, a não existência de significância estatística em todos os testes

de processamento auditivo realizados neste estudo em comparação com o referido

anteriormente pode estar relacionada com o facto da prática musical de todos os indivíduos

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Discussão dos Resultados

Cristina Nazaré | FEUP 119

da amostra ser um hobby e não actividade profissional. De qualquer forma, os resultados

sugerem que a prática musical favorece a eficácia de capacidades auditivas. Chermak &

Musiek (2007) expressam igualmente os efeitos benéficos do treino musical no acréscimo de

eficiência cerebral para a distinção de diferenças subtis nas modificações rápidas dos sons e

por isso uma melhoria no processamento temporal.

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9 Conclusões

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Conclusões

Cristina Nazaré | FEUP 123

9.1 Síntese e Conclusão

O processamento auditivo temporal é uma capacidade fundamental de percepção auditiva,

que está fortemente relacionada com todos os mecanismos do processamento auditivo

central. Inclui capacidades como a ordenação temporal, a resolução temporal, a integração

temporal e o mascaramento temporal.

A ordenação temporal, como sub-processo do processamento auditivo temporal é uma das

principais funções do sistema nervoso central que assume relevância, por exemplo, na

percepção dos sons da fala e da música.

As alterações de processamento da informação auditiva associadas aos aspectos temporais dos

sons são frequentes e podem estar na origem de outras dificuldades relacionadas com a

percepção sonora.

A investigação incidiu no estudo e desenvolvimento de testes de processamento auditivo

temporal, o Teste Padrão de Duração e o Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (não se

tendo o conhecimento da existência deste) através da criação de sequências de sinais

acústicos específicos e de rotinas de MATLABTM. Estes testes, assim como o Teste Padrão de

Frequência, foram aplicados a um conjunto de indivíduos para avaliação do processamento

auditivo temporal. O desenvolvimento do TPD e do TPD-VI para avaliação auditiva, os

resultados obtidos com os testes, e as conclusões retiradas a partir da sua análise, foram a

motivação deste estudo.

Nesta investigação verificou-se que a média das percentagens de respostas correctas obtidas

no TPD (95,00% de no ouvido direito e 94,45% no ouvido esquerdo) é superior e difere

estatisticamente dos valores do teste referência obtidos no estudo de Musiek et al. em 1990.

Observou-se a inexistência de diferenças estatisticamente significativas, entre as respostas

dos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. Porém, a média da percentagem de

respostas correctas é inferior em ambos os ouvidos no grupo com queixas de dificuldades de

percepção auditiva e/ou histórico de patologias que podem afectar o processamento auditivo.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

124 Cristina Nazaré

Existe correlação entre o desempenho obtido no TPD e no TPD-VI, sendo a média da

percentagem de respostas correctas no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico

semelhante nos dois testes, e no grupo de adultos com queixas e/ou histórico, superior no

TPD-VI em relação ao TPD.

A pesquisa revelou que a correlação entre o TPD e o TPF não é significativa, possivelmente os

testes são complementares, apresentando os indivíduos um desempenho inferior no TPF.

A análise estatística evidenciou a existência diferenças estatisticamente significativas entre a

média de percentagens de respostas correctas obtida no TPD-VI pelo grupo de adultos (95,45%

no ouvido direito e 94,69% no esquerdo) com idades dos 20 aos 27 anos e pelo grupo de

crianças (73,15% no ouvido direito e 70,83% no esquerdo) dos 7 aos 12 anos. Isto leva a

concluir que a idade influencia o desempenho dos indivíduos no TPD-VI. Também se constatou

que por volta dos 10 anos a idade parece já não interferir no desempenho das crianças no

TPD-VI.

A investigação demonstrou a inexistência de diferenças entre os resultados encontrados no

ouvido direito e no ouvido esquerdo nos grupos de adultos e no grupo de crianças.

No TPD-VI os resultados comprovaram a existência de diferenças estatisticamente

significativas no ouvido esquerdo entre os indivíduos adultos com e sem prática musical e

verificou-se que nos testes analisados os valores médios são bastante inferiores no grupo sem

prática musical.

As conclusões retiradas da aplicação dos testes desenvolvidos e as suas potencialidades são

um incentivo para ampliar amostra e estudar a influência de novas variáveis, bem como

tornar mais clara a influência das variáveis aqui abordadas.

A avaliação do processamento auditivo central tem como finalidade detectar as capacidades

alteradas para as poder restabelecer com treino auditivo específico. Nesse sentido, este

trabalho pode ser um ponto de partida para alargar o leque os instrumentos disponíveis para a

avaliação do processamento auditivo central, que escasseiam em Portugal.

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Conclusões

Cristina Nazaré | FEUP 125

9.2 Limites do Estudo

Um limite que pode ter influenciado os resultados obtidos foi a dimensão da amostra, que

com a sua divisão em grupos e pelos testes realizados pelos indivíduos se tornou reduzida.

Esta circunstância não põe em questão o padrão das diferenças significativas encontradas. No

entanto, no caso dos resultados “nulos”, a redução no poder estatístico em consequência do

número de sujeitos pode ter impedido a manifestação de diferenças adicionais.

Neste tipo de avaliação, também existe dificuldade em isolar variáveis dado o número

daquelas que são susceptíveis de influenciar o desempenho alcançado nos testes e os limites

práticos à sua manipulação independente.

Outro dos obstáculos encontrados neste estudo prendeu-se com o facto do conjunto de todos

os exames (de avaliação auditiva periférica e central) aplicados a cada elemento da amostra

ser demorado (aproximadamente uma hora e trinta minutos) e poder alterar a capacidade de

atenção e concentração dos participantes (como é o caso das crianças) essencial para a

correcta realização de alguns testes. Apesar disso, a consistência global dos resultados com

alguns dos reportados anteriormente na literatura, sugere que uma eventual interferência de

factores atencionais, a acontecer, não terá tido um impacto significativo.

9.3 Perspectivas de Trabalhos Futuros

Futuramente pensa-se ser relevante a criação de um software de aplicação do TPD e do TPD-

VI, tornando os testes mais versáteis e de fácil implementação clínica, de forma a divulgá-los

entre os intervenientes na área de Audiologia/Otorrinolaringologia.

Um projecto a desenvolver poderá ser também uma aplicação informática com uma versão

infantil do TPF assim como um software com todos os testes de ordenação temporal.

Os testes criados poderão ser usados para ensino/investigação. A investigação nesta área

poderá passar pela produção de sequências de estímulos com diferentes durações, intervalos

inter-estímulos, entre outros os factores relacionados com o estímulo e que influenciam a

capacidade de ordenação temporal e de reconhecimento de padrões.

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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

126 Cristina Nazaré

A realização de diversos estudos poderá ser igualmente direccionada para a sua futura

aplicação clínica. Para tal, será essencial aplicar o TPD a uma amostra de maiores dimensões

e estabelecer valores normativos para as faixas etárias e para os dois géneros. Assim como

será relevante estudar o efeito da maturação do sistema auditivo no desempenho do TPD-VI

nas crianças em várias faixas etárias e géneros, com uma amostra superior de forma a dar

continuidade a este estudo e investigar o efeito do envelhecimento do sistema auditivo no

desempenho do TPD e do TPF.

No estudo do processamento auditivo central são diversos os factores que podem influenciar o

desempenho dos indivíduos. Seria interessante verificar variáveis como a formação académica

e musical, a preferência manual, a influência de diferentes línguas maternas, o treino

auditivo, a perda auditiva nos resultados do TPD, TPD-VI e TPF.

Pesquisar a interacção dos hemisférios na descodificação dos padrões através de diferentes

tipos de resposta como a verbal e não verbal no TPD, TPD-VI e TPF e com diferentes modos de

estimulação como efectuar avaliações monaurais e binaurais, poderá conduzir a conclusões

úteis para a sua aplicação prática.

As potencialidades dos testes poderão ser imensas como refere a literatura, devendo estas ser

exploradas de forma a poder estabelecer relações entre os resultados dos testes de

processamento auditivo temporal (TPD, TPD-VI e TPF) e várias patologias como as

neurológicas e outras situações que possam afectar o processamento da informação auditiva,

como as alterações da linguagem, da fala e da escrita, problemas de aprendizagem, entre

outras etiologias e populações (como as mencionadas no ponto 3.1 deste trabalho).

A avaliação do processamento auditivo central só faz sentido se forem realizados todos os

esforços e desenvolvidos os meios de reabilitar as suas capacidades, por isso é importante

encontrar estratégias para melhorar o desempenho dos indivíduos com alterações desta

natureza.

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10 Referências Bibliográficas

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11 Anexos

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Anexo 1

Cristina Nazaré| FEUP 141

Anexo 1 – Pedido de Autorização

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Anexo 2

142 Cristina Nazaré| FEUP

Anexo 2 - Termo de Consentimento Livre e Informado

Termo de Consentimento Livre e Informado

 

Cristina Jordão Nazaré vem por este meio requerer a V. Ex.ª autorização para efectuar vários

exames que avaliam o seu sistema auditivo e usar esses dados para elaboração de um trabalho

de investigação intitulado “Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo

Central” para o Mestrado de Engenharia Biomédica na Faculdade de Engenharia da

Universidade de Porto.

Eu, abaixo assinado, declaro que fui informado sobre o objectivo e todos os procedimentos do

estudo e tomei conhecimento que os dados serão tratados de forma confidencial. Aceito

participar voluntariamente na amostra da pesquisa e autorizo que os meus dados sejam

usados.

Coimbra, ………… de ……………………………… de 2009

……………………………………………………………………………………………………………………………………

(Assinatura do participante)

……………………………………………………………………………………………………………………………………

(Assinatura do investigador)

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Anexo 3

Cristina Nazaré| FEUP 143

Anexo 3 - Termo de Consentimento Livre e Informado

Termo de Consentimento Livre e Informado

 

 

Ex.mo Encarregado de Educação:

Cristina Jordão Nazaré vem por este meio requerer a V. Ex.ª autorização para efectuar ao seu

educando vários exames simples e indolores que avaliam o sistema auditivo e usar esses dados

para elaboração de um trabalho de investigação intitulado “Testes Temporais para Estudo do

Processamento Auditivo Central” para o Mestrado de Engenharia Biomédica na Faculdade de

Engenharia da Universidade de Porto.

Eu abaixo assinado, declaro que fui informado sobre o objectivo e todos procedimentos do

estudo e tomei conhecimento que os dados serão tratados de forma confidencial. Aceito de

forma voluntária que o meu educando participe na amostra da pesquisa e autorizo que os

dados sejam usados.

Coimbra, ………… de ……………………………… de 2009

……………………………………………………………………………………………………………………………………

(Assinatura do encarregado de educação do participante)

……………………………………………………………………………………………………………………………………

(Assinatura do investigador)

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Anexo 4

144 Cristina Nazaré| FEUP

Anexo 4 - Questionário

Questionário

Código……………

Idade:

Género:

Naturalidade:

Língua materna:

Distrito de residência:

Profissão:

Habilitações:

Nível de escolaridade:

Mão com que escreve:

Sim Não

1. Acha que ouve bem?

2. Pede com frequência para repetirem o que disseram?

3. Sente dificuldade:

3.1. Em perceber em condições de pouco ruído?

3.2. Em ouvir a conversação pelo telefone?

3.3. Em manter a atenção e por isso e distraí-se facilmente?

3.4. Em memorizar (ex: nomes, instruções, histórias)?

3.5. Em seguir ordens auditivas?

3.6. Na fala e/ou na escrita?

3.7. Em perceber pequenas diferenças em palavras parecidas?

3.8. Na localização da fonte sonora?

3.9. Em aprender músicas?

4. Tem prática musical?

5. Está exposto a ruído muito intenso?

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Anexo 4

Cristina Nazaré| FEUP 145

Sim Não

6. Tem histórico de:

6.1. Perda auditiva devido a otites?

6.2. Vertigem?

6.3. Acufenos?

6.4. Outros problemas otológicos?

6.4.1. Se sim, quais? ……………………………………

6.5. Dificuldades de linguagem ou aprendizagem?

6.6. Factores considerados de risco para a audição (ex: prematuridade)?

6.6.1. Se sim, quais? ……………………………………

6.7. Problemas respiratórios?

6.7.1. Se sim, quais? ……………………………………

6.8. Doenças neurológicas?

6.8.1. Se sim, quais? ……………………………………

6.9. Doenças psicológicas?

6.9.1. Se sim, quais? ……………………………………

6.10. Doenças metabólicas?

6.10.1. Se sim, quais? ……………………………………

Questionário elaborado com base nas referências bibliográficas (Frascá, 2005; Murphy & Schochat, 2007; Martins,

2008).

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Mestrado em Engenharia Biomédica

Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central

Porto, ………… de Setembro de 2009

……………………………………………………………………………………

(Cristina Jordão Nazaré)