teste de clc7 autobiografia

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  • 7/27/2019 Teste de Clc7 Autobiografia

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    Delegao Regional de Lisboa e Vale do Tejo Centro de Formao Profissional da Amadora

    UFCD:CLC7

    Formador: Rui Cravo

    Nome: _________________________________________________ N __________

    Data:___________

    Formador: __________________________ Avaliao: ___________________________

    I - Competncia Avaliada Leitura e compreenso do texto

    1 . L o seguinte texto com muita ateno e responde com clareza e correo ao questionrio

    seguinte.

    Harmonia

    Em Boliqueime o mundo era perfeito! Os pombos voavam pelos telhados e tinham medo dosgatos. Os gatos dormiam pelos poiais e tinham medo do co. As galinhas tinham medo dos peruscom aquele leque. As mulas tinham medo do cavalo que as escoiceava. Essas relaes de foraeram muito importantes porque os grandes venciam os pequenos e tudo era claro.

    Por vezes, porm, as regras eram outras. Assim, o ourio era mais pequeno do que o co masdefendia-se, espetando todas aquelas armas. Os gatos eram corpulentos mas fugiam quando em Junho aparecia a cobra. At o porco redondo e sujo subia pelas paredes quando ela se lhe enrolavana pia. Mas essa era venenosa. Por isso o medo provinha no s do peso do grande mas tambmdo pequeno venenoso.

    Alis, tambm entre as pessoas a harmonia era absoluta. A bisav Bina, que no via, andavadevagarinho pela casa e esperava o dia inteiro pela hora em que lhe dessem a pelar os legumes. Omarido dela ainda via e mandava nela, dizendo- lhe, frequentemente: cala -te. Ela obedecia etinha medo dele. A me e as tias tinham medo do pai e dos tios. Todos eles andavam apressadospela casa, muito mais do que os avs, pois esses, a meio da tarde, ficavam pensativos. Assimsendo, era a bisav quem tinha medo de todos, inclusive do co, da cobra e do peru, e at mesmodo gato quando o abravamos e espremamos. Sentada, imvel, ela tinha medo de ns mesmos.

    Certo dia, porm, essa relao mudou, pois o pai ofereceu me uma toalha de plstico. [...]Atoalha deveria ficar exposta num local privilegiado da casa. Ora no corredor havia uma mesa ondeela brilhava e fosforescia. As pontas da toalha quase rojavam o cho. O co chamado Tobias,vagueando pela casa, logo a encontrou um abrigo. Fui atrs dele e para meu espanto, aquele era orecinto h tanto procurado. O tampo da mesa constitua um tecto, e cada uma das abas da toalhaera uma parede. O quarto de dormir das minhas bonecas, a partir daquele instante, tinha poisquatro paredes. Abri-lhes as camas, coloquei-lhes as mesas sob a mesa do corredor. Era pena quenenhuma das paredes tivesse janela. S que dentro da caixa de costura havia uma tesoura e comela se abria uma verdadeira janela numa das paredes. A janela ficou larga e o tecido retirado era amedida da toalha que tapava a mesa das bonecas posta sob a mesa. Algum podia imaginar maior

    rea de Formao:Itinerrio de Formao: Tcnico Ao Educativa 09/2012

    Modalidade:Educa o e Forma o de Adultos

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    Delegao Regional de Lisboa e Vale do Tejo Centro de Formao Profissional da Amadora

    perfeio? Brincando debaixo da mesa, com um buraco na toalha, via-se as pessoas passarem comose fosse uma verdadeira janela.

    Mas algum, de repente, estacou em frente da pequena janela. A me comeou aos gritos, o co

    saiu ladrando como se algum arrombasse a casa, quem estava em casa apareceu num instantecom gua e panos. Um dos tios no tinha mas era como se tivesse pegado na caadeira. Aquele iriaser o meu ltimo instante! Algum me iria matar, eu no teria mais salvao. Tambm a bisavavanava lentamente perguntando que , que . E o que , que , era eu, que havia feito umahorrvel imperfeio. No chorava a me, sentada numa cadeira? No a abraava a tia Maria? Omeu castigo iria ser grande, to grande como aquele que a cobra infligia ao rato. Por isso mesmo sa bisav, que tinha medo de todos, me levava pela mo. O que iria ser de mim, protegida apenaspela mo da minha bisav que no via? Ah! Mas ela ajeitou a minha cabea no seu colo, protegeu-me dos puxes da minha tia, das inventivas da minha me. Ela no me largou enquanto nochegou a noite, e mesmo assim, ela levou-me consigo e deitou-me a seu lado, e a fora da suaproteo foi to forte que eu percebi que ela era mais forte do que o pai, o av que era seu filho, os

    tios todos juntos, a cobra, o cavalo, o co e o peru. Prximo da sua cabea que no via, o prpriodia tinha desaparecido sem receio da noite e as suas mos mostraram um poder desconhecido. Foi,pois, assim. Uma fora fez estremecer a harmonia do mundo em Boliqueime, mas uma outra, feitade outra fora, aparecia. Para sempre aparecia.

    Ldia Jorge in Memrias da Infncia, Boletim Cultural da F. C. Gulbenkian, 1994 (texto adaptado)

    Grupo I

    1. Este texto relata memrias pessoais.

    1.1. Refere as caractersticas deste tipo de texto, justificando a tua resposta com uma transcrio

    textual.

    2. Rel os trs primeiros pargrafos.

    2.1. Mostra que a harmonia de Boliqueime se fundamenta numa regra que irmana homens e

    bichos.

    2.2. Faz o levantamento dos traos caracterizadores da bisav.

    3. Identifica e descreve a sucesso de sentimentos da autora des de Fui atrs do co... at . .. da

    bisav que no via .

    4. Diz o que fez a autora para que os seus familiares se insurgissem contra ela.

    5. Explica a seguinte expresso: Um dos tios no tinha mas era como se tivesse pegado na caadeira..

    6. Atenta nas duas ltimas frases do texto.

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    Delegao Regional de Lisboa e Vale do Tejo Centro de Formao Profissional da Amadora

    6.1. Tenta caracterizar a nova harmonia instaurada no mundo da autora.

    7. Retira do texto trs determinantes. Indica a sua subclasse.

    8. Identifica a pessoa, o nmero e o tempo das formas verbais presentes nas seguintes frases

    retiradas do texto. Mencionando a sua importncia no tipo de texto em questo.

    Prximo da sua cabea que no via, o prprio dia tinha desaparecido sem receio da noite e as suas mos

    mostraram um poder desconhecido. Foi, pois, assim. Uma fora fez estremecer a harmonia do mundo em

    Boliqueime, mas uma outra, () aparecia.

    Grupo II

    1 . L o seguinte texto com muita ateno e responde com clareza e correo ao questionrio

    seguinte.

    Ah! Fortuna cruel! Ah! duros Fados!

    Ah! Fortuna cruel! Ah! duros Fados!Quo asinha*1) em meu dano vos mudastes!Passou o tempo que me descansastes;Agora descansais com meus cuidados*2).

    Deixastes-me sentir os bens passados,Para mor dor da dor que me ordenastes;Ento nua hora juntos ms levastes,Deixando em seu lugar males dobrados.

    Ah! Quanto milhor fora no vos ver,Gostos, que assi passais to de corridaQue fico duvidoso se vos vi.

    Sem vs j me no fica que perder,Seno se for esta cansada vidaQue, por mor perda minha, no perdi.

    Lus de Cames

    (1) depressa(2) desgostos

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    Delegao Regional de Lisboa e Vale do Tejo Centro de Formao Profissional da Amadora

    1. Este soneto de Cames poder ser encarado como um balano da vida do sujeito potico.1.1. Indique, justificadamente, o tipo de balano feito.

    1.2. Identifique trs marcas gramaticais reveladoras da presena do sujeito potico no

    discurso.1.3. Identifique as palavras/expresses que, ao longo das duas primeiras quadras, sugeremo tratamento da temtica da mudana.

    2. Atribua um ttulo ao soneto trabalhado, justificando a sua opo.

    II- Competncia Avaliada Produo escrita

    A

    Num texto estruturado e organizado (entre 20 a 30 linhas) desenvolva uma dasseguintes alneas :

    A- Relembra um dia em que estavas em famlia e escreve um texto em que contes as tuasmemrias.

    B- Relembra um episdio ou uma experincia marcante, positivo ou negativo, que tenhas vivido

    (viagem, frias, um grande susto, uma grande deceo).

    B

    Quer o Dirio quer as Memrias so formas de escrita autobiogrfica. Aponta as diferenas e as

    semelhanas entre um e outro tipo de texto.

    Formador:

    Rui Cravo