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RESUMOS DE DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO APRESENTADAS NA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP DE ABRIL A JUNHO DE 2008 BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR PADRÃO DE RESPOSTA IMUNE CELULAR E DOSAGEM DE IgE E PGE2 DURANTE A EVOLU- ÇÃO DA CANDIDÍASE VAGINAL MURINA 355 Rosymar Coutinho de Lucas Orientadora: Profa. Dra. Claudia Maria Leite Maffei Dissertação de Mestrado apresentada em 15/04/2008 Candidíase vulvovaginal é uma infecção oportunis- ta que acomete três quartos das mulheres, pelo menos uma vez durante sua vida reprodutiva. O agente etiológico, em 85 a 90% dos casos sintomáticos, é a levedura Candida albicans. O mecanismo de defesa utilizado pelo hospedei- ro contra esse fungo envolve a atividade da resposta imu- ne inata e adaptativa. Porém, o conhecimento exato sobre o funcionamento do sistema imune local do trato genital fe- minino ainda é obscuro. Foi proposto que a fisiopatogenia dessa doença envolva a produção de IgE, liberação de histamina por mastócitos e produção de PGE2, mas os ti- pos celulares envolvidos na resposta imune não estão to- talmente esclarecidos. A alta incidência de candidíase vul- vovaginal e o aparecimento de quadros de recorrência des- sa patologia, mesmo após tratamento com antifúngicos, têm estimulado a pesquisa de fatores que possam esclarecer a patogenicidade desse fungo e o padrão de resposta imu- nológica vaginal. Desta forma, os objetivos do nosso tra- balho foram: avaliar, evolutivamente, em modelo murino de candidíase, o padrão de resposta imunológica celular (mas- tócitos, linfócitos T CD4 e CD8, e células dendríticas) e a dosagem de IgE e PGE2 nesse tecido. Para isso, foi inocula- da amostra de Candida albicans produtora de fosfolipase e proteinase, indicando alto poder de virulência, na con- centração de 1,5 x 10 6 células/mL, em camundongos fêmeas BALB/c tratadas com estradiol, três dias antes da infecção. Para o controle do experimento, foram utilizados grupos de animais tratados ou não tratados com estradiol, inoculados com soro fisiológico. Foi coletada a parede vaginal de 186 animais, nos tempos de 4hs, 8hs, 12hs, 24hs, 48hs, 120hs e 192hs. Esse material foi destinado à contagem de unidades formadoras de colônia (UFC), à detecção de PGE2 e IgE por ELISA e à realização de cortes histológicos: parafinados para coloração de hematoxilina-eosina, prata e azul de toluidina e congelados para a realização de imunohistoquí- Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428 NOTAS E INFORMAÇÕES mica visando à determinação das células envolvidas na res- posta imune do tecido vaginal. Foi realizado ainda, o estu- do do tecido infectado por microscopia eletrônica de trans- missão e varredura. Demonstrando a viabilidade do modelo experimen- tal, a contagem de UFC foi positiva para todos os grupos, em níveis crescentes com a evolução da infecção, e após 24 horas, houve sempre o predomínio do parasitismo sob a forma de pseudohifas, com aumento de células infecciosas na camada epitelial, sem invasão de camadas mais profun- das. Esses achados foram confirmados por microscopia ele- trônica de varredura. Em qualquer tempo de infecção, os anticorpos específicos utilizados não demonstraram a pre- sença de células dendríticas e afluxo de linfócitos TCD4 e TCD8 para o tecido vaginal. Nos primeiros tempos de in- fecção foram observadas dosagens de IgE e PGE2 em ní- veis semelhantes aos controles não infectados. Em 12hs, houve um pico de PGE2 que retornou ao nível basal do controle em 120hs, com nova exacerbação em 192hs, cor- respondendo no histopatológico a um aumento de levedu- ras no tecido e presença de inúmeras pseudohifas. Para IgE, foi observado sua elevação no tecido vaginal após 48 horas de infecção, permanecendo esses níveis elevados nos tempos posteriores, coincidente com a detecção de mastócitos degranulados na mucosa vaginal. Por conclu- são, foi observado que a infecção experimental por C. albi- cans é predominantemente decorrente do parasitismo em forma de hifas e pseudohifas, envolvendo apenas a cama- da queratinizada do epitélio escamoso estratificado da va- gina, sem comprometimento das camadas submucosa ou muscular, o que pode explicar o baixo impacto de células dendríticas e linfócitos TCD4 e TCD8 na defesa do hospe- deiro, enquanto IgE e PGE2 participam da resposta à infec- ção vaginal experimental por Candida albicans, sendo que o aumento desses mediadores coincide com o aumento da carga fúngica e com a presença de mastócitos degranulados observada durante a evolução da infecção, sugerindo pro- vável componente atópico envolvido na fisiopatogenia da candidíase vaginal.

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RESUMOS DE DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADOAPRESENTADAS NA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP

DE ABRIL A JUNHO DE 2008

BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR

PADRÃO DE RESPOSTA IMUNE CELULAR E DOSAGEM DE IgE E PGE2 DURANTE A EVOLU-ÇÃO DA CANDIDÍASE VAGINAL MURINA

355

Rosymar Coutinho de LucasOrientadora: Profa. Dra. Claudia Maria Leite MaffeiDissertação de Mestrado apresentada em 15/04/2008

Candidíase vulvovaginal é uma infecção oportunis-ta que acomete três quartos das mulheres, pelo menos umavez durante sua vida reprodutiva. O agente etiológico, em85 a 90% dos casos sintomáticos, é a levedura Candidaalbicans. O mecanismo de defesa utilizado pelo hospedei-ro contra esse fungo envolve a atividade da resposta imu-ne inata e adaptativa. Porém, o conhecimento exato sobre ofuncionamento do sistema imune local do trato genital fe-minino ainda é obscuro. Foi proposto que a fisiopatogeniadessa doença envolva a produção de IgE, liberação dehistamina por mastócitos e produção de PGE2, mas os ti-pos celulares envolvidos na resposta imune não estão to-talmente esclarecidos. A alta incidência de candidíase vul-vovaginal e o aparecimento de quadros de recorrência des-sa patologia, mesmo após tratamento com antifúngicos, têmestimulado a pesquisa de fatores que possam esclarecer apatogenicidade desse fungo e o padrão de resposta imu-nológica vaginal. Desta forma, os objetivos do nosso tra-balho foram: avaliar, evolutivamente, em modelo murino decandidíase, o padrão de resposta imunológica celular (mas-tócitos, linfócitos T CD4 e CD8, e células dendríticas) e adosagem de IgE e PGE2 nesse tecido. Para isso, foi inocula-da amostra de Candida albicans produtora de fosfolipasee proteinase, indicando alto poder de virulência, na con-centração de 1,5 x 106 células/mL, em camundongos fêmeasBALB/c tratadas com estradiol, três dias antes da infecção.Para o controle do experimento, foram utilizados grupos deanimais tratados ou não tratados com estradiol, inoculadoscom soro fisiológico. Foi coletada a parede vaginal de 186animais, nos tempos de 4hs, 8hs, 12hs, 24hs, 48hs, 120hs e192hs. Esse material foi destinado à contagem de unidadesformadoras de colônia (UFC), à detecção de PGE2 e IgE porELISA e à realização de cortes histológicos: parafinadospara coloração de hematoxilina-eosina, prata e azul detoluidina e congelados para a realização de imunohistoquí-

Medicina (Ribeirão Preto)2008; 41 (3): 355-428 NOTAS E INFORMAÇÕES

mica visando à determinação das células envolvidas na res-posta imune do tecido vaginal. Foi realizado ainda, o estu-do do tecido infectado por microscopia eletrônica de trans-missão e varredura.

Demonstrando a viabilidade do modelo experimen-tal, a contagem de UFC foi positiva para todos os grupos,em níveis crescentes com a evolução da infecção, e após 24horas, houve sempre o predomínio do parasitismo sob aforma de pseudohifas, com aumento de células infecciosasna camada epitelial, sem invasão de camadas mais profun-das. Esses achados foram confirmados por microscopia ele-trônica de varredura. Em qualquer tempo de infecção, osanticorpos específicos utilizados não demonstraram a pre-sença de células dendríticas e afluxo de linfócitos TCD4 eTCD8 para o tecido vaginal. Nos primeiros tempos de in-fecção foram observadas dosagens de IgE e PGE2 em ní-veis semelhantes aos controles não infectados. Em 12hs,houve um pico de PGE2 que retornou ao nível basal docontrole em 120hs, com nova exacerbação em 192hs, cor-respondendo no histopatológico a um aumento de levedu-ras no tecido e presença de inúmeras pseudohifas. ParaIgE, foi observado sua elevação no tecido vaginal após 48horas de infecção, permanecendo esses níveis elevadosnos tempos posteriores, coincidente com a detecção demastócitos degranulados na mucosa vaginal. Por conclu-são, foi observado que a infecção experimental por C. albi-cans é predominantemente decorrente do parasitismo emforma de hifas e pseudohifas, envolvendo apenas a cama-da queratinizada do epitélio escamoso estratificado da va-gina, sem comprometimento das camadas submucosa oumuscular, o que pode explicar o baixo impacto de célulasdendríticas e linfócitos TCD4 e TCD8 na defesa do hospe-deiro, enquanto IgE e PGE2 participam da resposta à infec-ção vaginal experimental por Candida albicans, sendo queo aumento desses mediadores coincide com o aumento dacarga fúngica e com a presença de mastócitos degranuladosobservada durante a evolução da infecção, sugerindo pro-vável componente atópico envolvido na fisiopatogenia dacandidíase vaginal.

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Renata Rocha de OliveiraOrientador: Prof. Dr. Roy Edward LarsonDissertação de Mestrado apresentada em 22/04/2008

Uma característica marcante da estrutura molecularda miosina Va é o domínio “pescoço”, composto de seisrepetições do motivo IQ, identificado pela seqüência con-senso IQxxxRGxxxR (onde x representa qualquer aminoáci-do), que constituem os sítios de ligação de calmodulina ecadeias leves essenciais. A calmodulina, um dos principaismediadores de cálcio na regulação de eventos e reaçõesintracelulares, liga miosina Va na ausência de cálcio, entre-tanto concentrações micromolares de cálcio estimulam aatividade ATPásica da miosina Va, aumentam sua afinidadepara F-actina e inibem a motilidade em ensaios in vitro.Estes efeitos aparentemente ocorrem via a interação de íons

cálcio com as calmodulinas já ligadas ao domínio pescoço.Nessa dissertação investigamos as propriedades estrutu-rais relacionadas à ligação de calmodulina com os motivosIQ e sua regulação por Ca2+, utilizando peptídeos sintéti-cos correspondentes aos motivos IQ1, IQ5 e IQ6 e umaproteína recombinante correspondente aos motivos IQ5 eIQ6 em conjunto (His_IQ5-6). Também, subclonamos e ex-pressamos a proteína recombinante correspondente aodomínio pescoço inteiro (IQ1-6). A interação entre calmo-dulina (que não tem triptofano em sua estrutura) e os IQs(que têm um triptofano cada um) foi determinada pela fluo-rescência intrínseca do triptofano dos peptídeos e das pro-teínas recombinantes, tanto na ausência quanto na presen-ça de cálcio. Assim, demonstramos um efeito de cálcio so-bre a conformação do complexo IQ/CaM já formado e sobresua formação.

CARACTERIZAÇÃO DA INTERAÇÃO ENTRE CALMODULINA E PEPTÍDEOS SINTÉTICOS E RECOM-BINANTES CORRESPONDENTES AOS MOTIVOS IQ DO DOMÍNIO PESCOÇO DA MIOSINA Va

trou mais abundante no cérebro, pouco abundante em cor-po gorduroso e indetectável em carcaça, enquanto a iso-forma de menor peso molecular é mais abundante em carca-ça. Experimentos de imuno-localização em células S2R+mostraram que ambas as isoformas de dATX2 são detecta-das predominantemente no citoplasma. Em condições fisi-ológicas de crescimento, a isoforma B apresenta-se con-centrada em poucos focos arredondados de cerca de 0,5µm de diâmetro numa percentagem pequena de células,enquanto a isoforma C parece se acumular em focosperinucleares pontuados ou alongados na maioria das cé-lulas analisadas. A localização de dATX2-PB em focoscitoplasmáticos aumenta significativamente em células sub-metidas a choque térmico, sugerindo que essa isoformamigre para corpos de estresse podendo participar da inibi-ção da síntese proteica em resposta ao estresse. dA2bp1/Fox-1 também é de localização citoplasmática, mas diferen-temente da dATX2 se localiza em inúmeros focos arredon-dados de cerca de 2-3 µm de diâmetro em todas as células,num padrão semelhante ao descrito para proteínas localiza-das em partículas citoplasmáticas de ribonucleoproteínas.A inibição da síntese proteica por cicloheximida, mas nãopor puromicina, interfere com o padrão de distribuição emfoco da dA2bp1/Fox-1 indicando que essa proteina se lo-calize em P-bodies, complexos de mRNP envolvidos na de-gradação e/ou estocagem de mRNAs. Embora dATX2 nãotenha sido detectada no imunoprecipitado de dA2bp1/Fox1,sugerindo que elas não interajam fisicamente, no conjuntoos resultados obtidos indicam que membros dessas duasfamílias de proteínas participem de processos de controleda tradução em Drosophila melanogaster.

Deise Cristina PoletoOrientadora: Profa. Dra. Maria Luisa Paçó-LarsonTese de Doutorado apresentada em 07/05/2008

dATX2 é membro da família da ataxina-2 (ATX2),proteína cuja mutação é associada com a ataxia espinocere-belar do tipo 2 e uma forma hereditária dominante de Pa-rkinsonismo. dA2bp1/Fox1 é parte de uma nova família deproteínas ligantes de RNA, inicialmente identificada emmamíferos por interagir com a ataxina 2 e que recentementetem sido associada com autismo. As funções de ambas asfamílias de proteínas são ainda desconhecidas, embora es-tudos de diferentes membros indiquem que estejam envol-vidas com regulação pós-transcricional. Estudos bioquími-cos sugerem que, semelhante à sua ortóloga em humanos,a dATX2 tem papel direto na regulação da tradução. Poroutro lado, informações sobre a A2bp1/Fox1 de Drosophi-la, cujo gene é anotado como CG32062, inexistem na litera-tura. Neste trabalho, através do uso de anticorpos policlo-nais produzidos contra fragmentos dos polipeptídios de-duzidos de cDNAs demonstramos a existência de duas iso-formas de ataxina-2 expressas diferencialmente. A isoformamenor (dATX2-PC) corresponde à isoforma maior (dATX2-PB) truncada em 61 aminoácidos no amino-terminal. dATX2-PC é expressa de modo regulado no desenvolvimento.dATX2-PB é detectada somente em extratos de tecidos dis-secados (ovário, corpo gorduroso, discos imaginais, cére-bro, carcaça e glândula salivar), sendo mais abundante emdiscos imaginais, cérebro e ovário. dA2bp1/Fox-1 tambémexpressa diferentes isoformas proteicas na faixa de 84-88kDa. Dentre os tecidos analisados, a isofoma maior se mos-

LOCALIZAÇÃO SUBCELULAR E PADRÃO DE EXPRESSÃO DE NOVAS PROTEÍNAS DE Drosophilamelanogaster CONSERVADAS EVOLUTIVAMENTE: dATX2 E dA2bp1/Fox1

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Talita Bianca GagliardiOrientador: Prof. Dr. Eurico Arruda NetoDissertação de Mestrado apresentada em 16/05/2008

O vírus sincicial respiratório humano (HRSV) é oagente mais freqüente de doença respiratória grave, inclusi-ve bronquiolite, em crianças e uma importante causa de pneu-monia no primeiro ano de vida. Ele é um vírus de RNA depolaridade negativa não segmentado, com nucleocapsídeohelicoidal e envelope lipoprotéico. Neste encontra-se inse-rida a glicoproteína F, principal responsável pela fusão en-tre o envelope viral e a membrana plasmática da célula hos-pedeira, permitindo a liberação do nucleocapsídeo no cito-plasma, bem como a formação de sincícios. O sincício, célu-la multinucleada resultante da fusão de três ou mais célulasadjacentes, é o principal componente do efeito citopáticode HRSV e tem sido considerado como um dos principaismodos de disseminação do vírus no epitélio respiratório,por evitar exposição do vírus ao fluído extracelular e anti-corpos neutralizantes. O presente estudo avaliou a forma-ção de sincícios por isolados clínicos puros de HRSV, emrelação à quantidade de mRNA do gene da proteína F. Foitambém estudado o efeito de coinfecções in vitro com pa-rainfluenzavírus humano tipo 2 (HPIV-2), metapneumovírushumano (HMPV), influenza vírus humano tipo A (Flu-A) erinovírus humano sorotipo 39 (HRV-39). Para o isolamentode HRSV foram utilizados aspirados nasofaríngeos, coleta-

dos de crianças menores de 5 anos, atendidas de 2005 a2007, com sintomas de infecção respiratória em dois hospi-tais de Ribeirão Preto. As amostras HRSV-positivas foraminoculadas em cultura de células HEp-2 e os isolados passa-dos serialmente até a visualização do efeito citopático, quan-do foi feito o ensaio de formação de sincício na passagemseguinte. Este ensaio consistiu em avaliar a quantidade desincícios por contagem visual com coloração de Giemsa epor FACS. O tamanho dos sincícios foi avaliado por visua-lização. O título viral foi avaliado pelo ensaio de formaçãode placa de lise e o mRNA do gene da proteína F pela reaçãoem cadeia da polimerase em tempo real (PCR-TR). O estudofoi realizado com 7 isolados clínicos positivos apenas paraHRSV. O ensaio de quantificaçao de sincícios por FACSmostrou ser mais sensível que a contagem visual. Não hou-ve relação entre quantidade e tamanho de sincícios, nementre quantidade de sincícios por FACS e tamanho doinóculo. Quantidades de mRNA do gene F por PCR-TR fo-ram normalizadas pelo inóculo e nenhuma relação óbvia foinotada entre estas e as quantidades ou os tamanhos dossincícios. A coinfecção in vitro de HRSV com HPIV-2, masnão com HMPV, mostrou aumentar a quantidade de sincí-cios, enquanto coinfecções com HRV-39 e Flu-A mostraramreduzir as quantidades de sincícios. Isolados clínicos purosde HRSV mostram atividade transcricional de mRNA de Fdiferentes entre si. Não foram notadas correlações entremRNA de F e tamanhos ou quantidades de sincícios.

INDUÇÃO DE SINCÍCIOS POR ISOLADOS CLÍNICOS DO VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIOHUMANO: RELAÇÕES COM TRANSCRIÇÃO DO GENE F E PRODUÇÃO DE PROGÊNIE

da membrana celular de Leishmania. A exposição do para-sita à terbinafina leva à amplificação da região H. A frag-mentação da região H permitiu delimitar a resistência a 2,8kb; fragmento T1. Por mutagênese insercional o gene deresistência à terbinafina foi definido e nomeado HTBF.

A proteína codificada pelo HTBF possui uma extre-midade N-terminal hidrofílica e C-terminal hidrofóbica comquatro alfa-hélices sendo, supostamente, uma proteína in-tegral de membrana. Possui semelhança com a proteína Yipde Saccharomyces cerevisiae, que participa do transportevesicular do retículo endoplasmático para o complexo deGolgi. O gene HTBF foi detectado em linhagem sensível deL. major e de outras espécies de Leishmania e seu transcri-to em linhagens sensíveis e resistentes de L. major.

Levantou-se a hipótese de se tratar de locus de re-sistência a múltiplas drogas já que as regiões amplificadas,mesmo que induzidas por uma determinada droga, podem

Julio Flávio Meirelles MarchiniOrientador: Prof. Dr. Luiz Ricardo Orsini TosiTese de Doutorado apresentada em 13/06/2008

A amplificação gênica pode ser compreendida comoum mecanismo de regulação de expressão protéica em Leish-mania. A exposição a concentrações não letais de diferen-tes drogas isoladamente, como o metotrexato, a primaquina,cloroquina e antimônio levam à amplificação de regiões es-pecíficas como as localizadas no cromossomo 6 e no cro-mossomo 23. Essas linhagens tornam-se resistentes a es-tas drogas e eventualmente apresentam resistência cruza-da a outras.

A terbinafina é uma substância sintética utilizadacomo antifúngico que age pela inibição da esqualenoepoxidase impedindo a síntese de ergosterol, componente

ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE GENE QUE CONFERE RESISTÊNCIA À TERBINAFINAEM Leishmania major

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levar a resistência a outras. A co-transfecção do gene deresistência ao antimonial MRPA no transfectante portadordo HTBF levou à diminuição em até cinco vezes da capaci-dade de resistência ao antimônio. Apesar dos genes deresistência amplificarem juntos na região H, foi constatadoque possuem ação contrária.

Sendo que a terbinafina interfere na integridade damembrana celular, levantou-se hipótese na qual a resistên-cia envolveria o mecanismo de reparo de membrana. A per-da do fenótipo de resistência pela falta de cálcio sugerindoa inativação desse mecanismo é um fenômeno previsto cor-roborando a hipótese.

BIOQUÍMICA

INVESTIGAÇÃO DA CONFORMAÇÃO DE BOTHROPSTOXINA-I (PLA2-LYS 49) DO VENENODE BOTHROPS JARARACUSSU EM SOLUÇÃO E EM ASSOCIAÇÃO COM MENBRANAS AR-TIFICIAIS

cromatografia de troca catiônica, os mutantes foram carac-terizados usando uma série de análises bioquímicas ebiofísicas. A correlação entre a liberação do marcadorencapsulado com estudos de interação da proteína commembranas de lipossomos demonstrou que uma eficientepermeabilização da membrana pode ocorrer por uma asso-ciação transiente entre a proteína e a membrana. Todos osmutantes mostraram uma atividade similar indicando queas interações hidrofóbicas possuem um papel secundáriono estudo de afinidade da proteína pela membrana. Poroutro lado, o aumento da proporção de carga negativa namembrana aumentou a ligação da proteína sugerindo queinterações eletrostáticas possuem um papel importante nosestudos de interação. As cinéticas de modificação químicados resíduos de triptofano por bromosuccinamida foramcorrelacionadas com as mudanças de emissão intrínsecado triptofano, confirmando que os resíduos situados noSítio de Reconhecimento Interfacial (SRI) da proteínainteragem com a região hidrofóbica da bicamada da mem-brana. Resultados adicionais indicam que os resíduos daregião C-terminal da proteína interagem com a superfície dabicamada, em contraste com atual consenso sobre a fun-ção desta região no mecanismo de danificação da membra-na. Os resíduos de triptofano na região da interface diméricapodem participar da homotransferência de energia resso-nante (HTER), e este efeito pode ser estudado através dealterações na amsotropia de fluorescência intrínseca dotriptofano. Os mutantes K7W e L10W demonstram umaanisotropia de fluorescência reduzida, consistente com oefeito de homotransferência de energia. Uma vez que HTERé somente eficiente sob distâncias curtas, estes dados su-portam fortemente a sugestão que o homodímero de BthTx-I adota uma conformação fechada em solução. Estes dadosexperimentais mostram uma correlação qualitativa com re-sultados de simulações de dinâmica molecular, que ofere-cem a possibilidade de compreender as mudanças estrutu-rais subjacentes da atividade de danificação da membranade Ca2+-independente de BthTx-I.

Tatiana Lopes FerreiraOrientador: Prof. Dr. Richard John WardTese de Doutorado apresentada em 21/05/2008

A hidrólise de fosfolipídios de membrana pelafosfolipase A2 da classe-lI (PLA2) é dependente do cofatorCa2+ que é parcialmente coordenado pelo resíduo de ASp49na região do sítio ativo. Nos homólogos de Lys49-PLA2, oAsp49 é substituído por Lys e as Lys49- PLA2s não mos-tram ligação de Ca2+ ou hidrólise de fosfolipídios detectável.As Lys49-PLA2 mostram uma liberação rápida Ca2+ -inde-pendente de marcadores encapsulados em lipossomos edemonstra potentes atividade bactericida e miotóxica.Bothropstoxina-I (BthTx-I) é uma Lys49-PLA2 homodiméricapresente no veneno da serpente Bothrops jararacussu.Estudos precedentes de cristalografia de raio X e de espec-troscopia de fluorescência mostraram que o homodímeroage como uma dobradiça molecular, permitindo a transiçãoentre as conformações “aberta” e “fechada” de BthTx-l,sugerindo previamente que transições conformacionais si-milares do dímero na presença de membrana pode causar aatividade de danificação de membrana Ca2+ -independente.Com o objetivo de compreender as mudanças estruturaisde Lys49-PLA2s, o modelo de interação do BthTx-I commembranas foi estudado utilizando mutagênese de varre-dura do triptofano (MVT) em conjunto com espectrosco-pia de fluorescência intrínsica do triptofano (Trp). O únicoresíduo Trp77 da interface do dímero foi substituído previ-amente por histidina (W77H) sem efeitos significativos naestabilidade do homodímero ou na função biológica. Noestudo atual, uma segunda etapa de mutagênese sítio-dirigida utilizando W77H como molde produziu 9 mutantesseparados cada um com um resíduo único de Trp localiza-do na interface do dímero (nas posições 7 e 10), na superfí-cie dorsal (nas posições 46 e 104), na superfície ventral(nas posições 31 e 67) e na região da alça C-terminal (nasposições 117, 119 e 125). Após a expressão em E. coli, eno-velamento da proteína recombinante, e purificação por

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Anaísa Fernandes Calgaro-HelenaOrientador: Prof. Dr. Carlos CurtiTese de Doutorado apresentada em 26/05/2008

Mitocôndrias isoladas podem sofrer desacoplamen-to, e na presença de Ca2+ sob diferentes condições, umaTransição de permeabilidade mitocondrial (TPM) associa-da à oxidação de grupos sulfidril de proteínas da membranae inchamento mitocondrial sensível a inibição por ciclos-porina A (CsA); a TPM pode causar morte celular pornecrose ou apoptose. Isocumarinas isoladas a partir daPaepalanthus bromelioides (Eriocaulaceae) - pepalantina[(9,10-dihidroxi-5,7-dimetoxi-1H-nafto (2,3c) pirano-1-ona)],8,8'-pepalantina dímero e vioxantina - foram estudadas nasconcentrações de 1-50 µmol/L em mitocôndrias isoladas defígado de rato com relação a respiração mitocondrial, dissi-pação do potencial de membrana, liberação de Ca2+, TPM,oxidação de grupos sulfidriil de proteínas, depleção de ATPe interação/alteração na fluidez na membrana mitocondrialutilizando a sonda 1,6-difenil-1,3,5-hexatrieno (DPH). Asisocumarinas não afetaram significativamente a respiraçãode estado 3 em mitocôndrias energizadas com succinato;entretanto, elas estimularam a respiração do estado 4, indi-cando desacoplamento mitocondrial. A indução da TPM ea oxidação de grupos sulfidril de proteínas foram avaliadasem mitocôndrias energizadas com succinato expostas aCa2+10 µmol/L, e a inibição desses processos foi avaliadaem organelas sob condições energizadas e não energizadasna presença de t-butil hidroperoxido 300 mmol/L e Ca2+500µmol/L. Apenas a pepalantina foi um efetivo indutor daTPM e da oxidação de grupos sulfidris das proteínas; este,

diferentemente do inchamento mitocondrial, foi indepen-dente de Ca2+ e não sensível a inibição por CsA. A pepalan-tina liberou Ca2+ a partir da mitocôndria, o qual foi 50%sensível a inibição por CsA, demonstrando ser parcialmen-te associado a TPM. As isocumarinas também depletaramATP mitocondrial, independente da presença de Ca2+, ten-do a pepalantina sido a mais efetiva. A vioxantina foi umefetivo inibidor da TPM e da oxidação de grupos sulfidrilde proteínas. Todas as isocumarinas se inseriram na por-ção hidrofóbica da membrana mitocondrial; entretanto, so-mente a pepalantina dímero e vioxantina diminuíram a suafluidez. Uma reação direta com os grupos sulfidril de prote-ínas da membrana mitocondrial, envolvendo a oxidação dosmesmos, é proposta para a indução da TPM por pepalanti-na, enquanto que a restrição da oxidação desses mesmosgrupos pela diminuição da fluidez de membrana, é propostapara inibição da TPM por vioxantina. Foi avaliada ainda acapacidade antioxidante das isocumarinas nas concentra-ções de 1-50 µmol/L tanto em mitocôndrias isoladas de fí-gado de rato quanto em sistemas livres de mitocôndrias. Apepalantina e o seu dímero, mas não a vioxantina, foramefetivos na redução do radical estável 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH) e seqüestro do ânion superóxido emsistemas não mitocondriais, e protegeram a mitocôndriacontra o acúmulo de H2O2 induzido por tert-butilhidroperoxido e peroxidação de lipídeos da membrana mi-tocondrial induzida por Fe2+-citrato. Esses resultados indi-cam a pepalantina, seguida do seu dímero, como potentesagentes protetores, aparentemente pelo seqüestro do ânionsuperóxido, contra condições de estresse oxidativo impos-tas sobre a mitocôndria, a mais importante fonte e alvointracelular de espécies reativas de oxigênio.

ESTUDO ESTRUTURA-ATIVIDADE DAS AÇÕES PRÓ-OXIDANTE E ANTIOXIDANTE DEISOCUMARINAS SOBRE AS MITOCÔNDRIAS

ções específicas. No presente estudo, foi feita a caracteriza-ção molecular e funcional do inibidor endógeno doproteassoma PI31 do parasita Schistosoma mansoni duran-te seu ciclo evolutivo. Assim, o gene que codifica para PI31foi recuperado dos bancos de dados do parasita, clonado,expresso em sistema heterólogo, e por fim a proteína recom-binante foi purificada. A partir da proteína purificada, ca-mundongos foram imunizados para a produção deanticorpos específicos anti-PI31. Nossos resultados demons-traram que a expressão gene que codifica para SmPI31 édiferencialmente expresso. Em relação à proteína, observa-

Carla Botelho MachadoOrientador: Prof. Dr. Vanderlei RodriguesDissertação de Mestrado apresentada em 27/06/2008

A degradação intracelular de proteínas mediada pelosistema de ubiquitina e proteassoma é uma importante rotana qual inúmeras proteínas são marcadas para a destruição.O principal componente deste sistema proteolítico é oproteassoma 26S. A modelagem estrutural e funcional dosistema proteolítico ubiquitina-proteassoma apresenta di-versos moduladores, os quais são responsáveis por fun-

CLONAGEM, EXPRESSÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E FUNCIONAL DO INIBIDORENDÓGENO DO PROTEASSOMA PI31 DE SCHISTOSOMA MANSONI

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Ricardo Torres SantanaOrientador: Prof. Dr. Benedicto Oscar ColliTese de Doutorado apresentada em 04/04/2008

Introdução: A isquemia humana é um evento impor-tante na prática clínica diária e nas cirurgias neurológicas,porque se situa entre as enfermidades que mais comprome-tem a espécie. Na atividade neurocirúrgica, o vasoespasmoarterial crônico, após hemorragia subaracnóidea, e as clam-pagens arteriais justificam o estudo desse problema. Estu-dos têm demonstrado o efeito neuroprotetor de barbitúri-cos em doses relacionadas com a supressão da atividadeeletrencefálica, que se acompanha de grave instabilidadehemodinâmica e parece desencorajar sua aplicação na clí-nica diária. Por outro lado, não foram encontrados estudosda aplicação de clorpromazina em modelos de isquemia ce-rebral focal, embora seu efeito neuroprotetor na medula decoelhos e modelos in vitro tenham sido demonstrados. Oobjetivo deste estudo foi avaliar o efeito do tiopental emdoses anestésicas e da clorpromazina na isquemia focaltemporária por oclusão da artéria cerebral média esquerda(OACM), em ratos.

Material e Métodos: Foram estudados 76 ratos ma-chos Wistar, pesando 295±15g, divididos em 5 grupos. Qua-tro grupos de quinze animais: G1- controle-isquemia ; G2 -tiopental ; G3 - clorpromazina ; G4 -tiopental mais clorpro-mazina, e o grupo 5 - sham, com dez animais. Seis animaismorreram antes da primeira avaliação clínica e foram repos-tos. Os grupos 1 a 4 foram submetidos a 90min de isquemiapor OACM com um fio intraluminal, seguida de reperfusãopor trinta dias. O grupo 5 foi submetido ao procedimentocirúrgico sem OACM. Todos os animais foram avaliadosnos sétimo e trigésimo dias pós-isquemia com a utilizaçãode teste clínico e foram sacrificados em seguida. Os cére-bros foram perfundidos e fixados. E secções coronais de1Oµm de espessura iniciando-se na face anterior do corpocaloso até a comissura posterior, coradas pela técnica luxol

fast blue foram utilizadas para morfometria, realizada comajuda de sistema de análise de imagem KS400, Karl Zeiss, eaplicação de metodologia desenvolvida para este estudo.

Resultados: Houve diferença significativa entre osgrupos na avaliação clínica realizada 7 e 30 dias pós-isque-mia: os grupos 1 a 4 são equivalentes e têm valores signifi-cativamente superiores aos do grupo 5, (respectivamente p< 0,0001 e p = 0,02, 4 gl, Kruskal-Wallis, teste post hoc deDunn). Houve diferença entre os grupos na evolução clíni-ca observada pela diferença entre a primeira e a segundaavaliação clínica (grupos 1 a 4 equivalentes e com valoressignificativamente inferiores aos do grupo 5, teste post hocde Dunn). Comparando os hemisférios cerebrais esquerdos(HE), houve diferença significativa entre os grupos (grupos1 a 4 equivalentes e todos com valores significativamenteinferiores aos do grupo 5, p = 0,01, 4 gl, Kruskal-Wallis, testepost hoc de Dunn). Comparando os hemisférios cerebraisdireitos (HD), não houve diferença significativa entre osgrupos (p = 0,32, 4 gl, Kruskal-Wallis). Comparando a razãodo HE sobre o HD, houve diferença significativa entre osgrupos (grupos 1 a 4 são equivalentes e todos têm valoressignificativamente inferiores aos do grupo 5, p < 0,0001, 4 gl,Kruskal-Wallis, teste post hoc de Dunn). Comparando osresultados da homeostase durante o procedimento cirúrgi-co pré-isquemia, não houve diferença significativa entre osgrupos: glicemia (p = 0,34, ANOVA), hematócrito (p = 0,15,ANOVA), hemoglobina (p = 0,29, ANOVA). Comparandoesses parâmetros pós-isquemia, o grupo 2 apresentou valo-res de glicemia significativamente inferiores aos dos grupos1 e 3 (p = 0,05, ANOVA), e valores de hemoglobina significa-tivamente superiores aos dos grupos 1 e 4 (p = 0,04, ANOVA).O grupo 5 tende a possuir valores de hematócrito inferioresaos do grupo 4 (p = 0,06, ANOVA).

Conclusões: Nas condições do presente estudo, otiopental em dose anestésica e a clorpromazina, isolada-mente ou associados, não apresentaram efeito de proteçãoà isquemia cerebral focal transitória em ratos.

CLÍNICA CIRÚRGICA

AVALIAÇÃO CLÍNICA E MORFOLÓGICA DO EFEITO DO TIOPENTAL E DA CLORPROMAZI-NA NA ISQUEMIA CEREBRAL FOCAL TEMPORÁRIA EM RATOS

mos a presença de SmPI31 em todas as fases estudadas, ouseja, vermes adultos, cercária e ovos. Experimentos prelimi-nares de atividade proteolítica exógena do proteasssomaindicam que a proteína é funcional e diminui a atividade daprotease em cerca de 70%. Desta forma, considerando-se

que PI31 exerce um papel inibitório do proteassoma em vári-os metazoários, em S. mansoni os nossos resultados indi-cam que esta proteína é funcional e pode contribuir de for-ma efetiva na modulação da atividade proteolítica doproteassoma durante o desenvolvimento do parasita.

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Francisco Ribeiro de Carvalho NetoOrientador: Prof. Dr. José Sebastião dos SantosTese de Doutorado apresentada em 24/04/2008

A identificação de determinantes que podem influ-enciar o prognóstico da pancreatite aguda biliar (PAB),sobretudo na forma grave, continua sendo objeto de in-vestigação. Nesse estudo avaliou-se a influência da regu-lação médica e da incorporação de recursos de suporte àvida, de diagnóstico e de tratamento menos invasivos dalitíase biliar no prognóstico da PAB tratada em HospitalUniversitário de referência em urgência. A coleta de dadosdos prontuários dos pacientes com PAB tratados de janei-ro 1995 a dezembro de 2004 foi direcionada para obtençãode dados demográficos, clínicos e laboratoriais para subsi-diar a estratificação dos casos pelo Acute Physiology andChronic Healthy Evaluation (APACHE II). Também se re-gistrou a abordagem da colestase, da litíase biliar e da ges-tão do suporte à vida. A mortalidade foi avaliada nas fasesprecoce (até 14 dias da admissão) e tardia (após esse perío-do). A análise foi realizada em dois períodos: 1995 a 1999 e2000 a 2004, por situarem-se, temporalmente, antes e de-pois da implantação da regulação médica, bem como daampliação dos recursos de suporte à vida e do emprego dacolangiografia por ressonância nuclear magnética (CRNM)e da colecistectomia por videolaparoscopia (CVL). Do total

de 727 casos com pancreatite aguda atendidos, 267 apre-sentavam PAB. Houve redução dos encaminhamentos decasos entre os períodos, de 441 para 286 (p < 0,001). O perfildos pacientes com PAB no primeiro período (n = 154) e nosegundo (n =113) foi semelhante quanto à idade, sexo, es-core de APACHE II, incidência de colestase e mortalidade.Por outro lado, a incidência de pacientes com maior riscode óbito (p= 0,019) e hematócrito < 44 (p<0,002) foi maior nosegundo período. O emprego de CRNM, da CVL e do aces-so à terapia intensiva foi significantemente maior no se-gundo período. A mortalidade global foi de 11,6%. A PABbranda (APACHE II < 8), no primeiro período, representou68,2% dos casos com mortalidade de 3,8%; no segundoperíodo foi de 67,3% dos casos com mortalidade de 3,9%. APAB grave (APACHE II e 8), no primeiro período, represen-tou 31,8% dos casos com mortalidade de 22,4%; no segun-do período, representou 32,7% dos casos, com mortalidadede 35,1%. Não houve diferença significativa quanto à mor-talidade entre os períodos. A maioria dos óbitos ocorreuaté os 14 dias de admissão, 73,4% no primeiro período e81,3% no segundo. A organização do acesso ao hospital ea incorporação de recursos tecnológicos e práticas clínico-cirúrgicas não modificaram o prognóstico da PAB, o quepode indicar a necessidade de melhorar a sistematizaçãodo emprego desses recursos e de adoção de novas tera-pêuticas para o componente inflamatório dessa doença.

A INFLUÊNCIA DA REGULAÇÃO MÉDICA E DA INCORPORAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIASE PRÁTICAS CLÍNICO-CIRÚRGICAS NO PROGNÓSTICO DA PANCREATITE AGUDA BILIARTRATADA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE REFERÊNCIA EM URGÊNCIA

tensão arterial sistêmica, tabagismo, diabetes melito e obe-sidade. Além destes fatores, pesquisou-se a associação daaterosclerose com claudicação intermitente, doença arterialoclusiva periférica (DAOP), índice de tornozelo braquial (ITB< 0,9), espessamento médio-intimal (EMI) de carótida co-mum e acotovelamento carotídeo.

Métodos: Foram avaliadas as artérias carótidasextracranianas, bilateralmente, de 367 indivíduos (132 ho-mens e 235 mulheres) com idade média de 63 anos (35 a 91anos) por anamnese, semiologia clínica e ultra-sonografia,de amostra populacional do bairro Sumarezinho, RibeirãoPreto, São Paulo, Brasil. A possibilidade de associação en-tre a doença aterosclerótica carotídea representada por pla-cas ateromatosas inespecíficas (PAI) com estenoses maiorque 10% e ateromatose discreta e difusa (ADD) com este-nose menor que 10%, e os fatores de risco enunciados,além das outras condições clínicas, foi analisada através do“Odds-Ratio” com o índice de confiança de 95% e p < 0,05.

Procópio de FreitasOrientador: Prof. Dr. Carlos Eli PiccinatoTese de Doutorado apresentada em 25/04/2008

Introdução: A aterosclerose é uma doença arterialdegenerativa, de etiologia multicausal , onde os fatores derisco genéticos e adquiridos atuam em conjunto, determi-nando sua ocorrência em mais da metade da população adul-ta mundial, com manifestações clínicas em mais de 10% detoda a humanidade. A lesão aterosclerótica pode acometerimportantes territórios arteriais sendo responsável por 75%dos acidentes vasculares cerebrais (AVC), 95% das corona-riopatias e 85% das claudicações intermitentes dos mem-bros inferiores, e é mais freqüente nos diabéticos.

Objetivo: Pesquisar a freqüência de lesões ateros-cleróticas nas artérias carótidas extracranianas e sua rela-ção com alguns fatores de risco, como: idade, sexo, hiper-

ATEROSCLEROSE CAROTÍDEA: ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO E DOENÇAS ARTE-RIAIS SISTÊMICAS: ESTUDO ULTRA-SONOGRÁFICO

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Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP http://www.fmrp.usp.br/revista

Antônio Antunes Rodrigues JúniorOrientador: Prof. Dr. Haylton Jorge SuaidTese de Doutorado apresentada em 29/05/2008

Introdução: As alterações funcionais do trato uriná-rio inferior encontradas no envelhecimento e no diabetesmellitus podem estar relacionadas a alterações estruturais.Evidências apontam para a confirmação dessa hipótese,contudo não existem trabalhos analisando o trato urinárioinferior no diabetes após períodos longos de observação,tampouco relatos de alterações estruturais uretrais secun-dárias a esses processos patológicos.

Objetivos: Avaliar as conseqüências funcionais so-bre o trato urinário inferior das alterações morfométricas eestereométricas secundárias ao envelhecimento e ao diabe-tes induzido por aloxano. Descrever alterações morfométri-cas e esterométricas da composição de camada muscular ecolágeno na uretra e bexiga de ratos no diabetes e no enve-lhecimento, correlacionando esses achados com as altera-ções cistométricas.

Material e Métodos: Ratos machos distribuídos emtrês grupos: A - 8 semanas de idade; B - 44 semanas deidade; C - diabéticos induzidos por aloxane com 44 semanasde idade. Nos três foram realizados estudos histológicoscom medida da espessura da camada muscular, quantifica-

ção da proporção de fibrose e colágeno tipo I e III. Testesfuncionais cisto métricos antes e após a desnervação vesicalcirúrgica (DVC) foram realizados, com medida da capacida-de cisto métrica máxima (CCM), intensidade máxima de con-tração vesical, freqüência e tempo de contração, capacida-de cistométrica máxima após DVC e pressão máxima de fe-chamento uretral. Estimativas das propriedades mecânicasda parede vesical foram realizadas.

Resultados: Não encontramos hipertrofia da cama-da muscular na bexiga e encontramos na uretra de animaisdiabéticos. Houve aumento da quantidade de fibrose tantono envelhecimento quanto no diabetes, porém com acúmulomaior de colágeno tipo III nos animais diabéticos, tanto nabexiga quanto na uretra. Além das alterações morfológicas,encontramos aumento da CCM e complacência vesical as-sociadas à diminuição da elasticidade da parede vesical nosanimais diabéticos.

Conclusão: As diferenças funcionais entre os gru-pos correlacionaram-se com alterações morfométricas e es-tereométricas. O aumento observado na capacidade cisto-métrica máxima e complacência nos animais diabéticos foium mecanismo compensatório à perda de elasticidade daparede vesical desses animais. Ocorreu aumento da deposi-ção de colágeno tipo III na bexiga e uretra de animais diabé-ticos.

Resultados: Dos 367 indivíduos estudados, 92 (25%)foram considerados obesos por apresentarem índice massacorporal maior que 30 kg/m2, 50 (13,6%) portadores de dia-betes melito e 50 (13,6%) tabagistas. Com referência a mani-festações de doenças vasculares associadas, 136 (37%) in-divíduos eram hipertensos (pressões sistólicas e diastóli-cas maiores que 140/90 mmHg), 111 (30,2%) apresentaramEMI, 35 (9,5%) portadores de coronariopatia isquêmica, 28(7,6%) com história pregressa de acidente vascular cerebral(AVC), 35 (9,5%) com antecedentes de ataque isquêmicotransitório (AIT), 13 (3,5%) apresentaram oclusão de umadas artérias do sistema carotídeo no momento do exame eem 58 (15,8%) verificaram-se acotovelamentos carotídeos.Em relação à doença arterial oclusiva periférica (DAOP), 31(8,4%) indivíduos apresentaram índice tornozelo braquial(ITB) menor que 0,9 e 10 (2,7%) referiram quadro de claudi-cação intermitente de um ou ambos os membros inferiorespara menos de 500 m em locais planos. A análise estatísticamostrou associação com EMI e idade maior que 64 anos,hipertensão arterial sistêmica, ITB < 0,9, acotovelamento eoclusão de alguma artéria do sistema carotídeo. Com a ate-rosclerose carotídea (ADD + PAI), houve associação entre

ADD com idade maior que 64 anos e obesidade. Em relaçãoà PAI, houve associação com idade acima de 64 anos, AVCprévio, coronariopatia isquêmica, oclusão de alguma artériado sistema carotídeo e tabagismo. Para estenose com reper-cussão hemodinâmica (= 60%), houve associação com ida-de acima de 64 anos, coronariopatia isquêmica e oclusão dosistema carotídeo. Com relação aos fatores de risco (variá-veis secundárias), o Odds-Ratio mostrou associações sig-nificantes entre: acotovelamento e idade > 64 anos; sexofeminino e AVC prévio; diabetes melito e idade > 64 anos,AVC e obesidade; HAS e idade > 64 anos; diabetes melito ,AVC prévio, obesidade e coronariopatia isquêmica; obesi-dade e idade > 64 anos; coronariopatia e idade > 64 anos;ITB < 0,9 e idade > 64 anos, AIT e tabagismo; AVC prévio eoclusão de artéria do sistema carotídeo.

Conclusão: A aterosclerose carotídea apresentou altafreqüência (52%) e associação com vários fatores de risco(idade, obesidade, AVC, coronariopatia isquêmica, oclusãode alguma artéria do sistema carotídeo e tabagismo). Diantedas informações obtidas sobre o comportamento da ateros-clerose carotídea, sugere-se que novas pesquisas clínicassobre esta doença devam ser estimuladas.

ALTERAÇÕES MORFOMÉTRICAS, ESTEROMÉTRICAS E FISIOLÓGICAS DO TRATO URINÁ-RIO INFERIOR : COMPARAÇÃO ENTRE RATOS ENVELHECIDOS E COM DIABETES INDUZI-DO POR ALOXANO

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Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428http://www.fmrp.usp.br/revista Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Viviany Mendes BorgesOrientador: Prof. Dr. Alfredo José RodriguesDissertação de Mestrado apresentada em 30/05/2008

A avaliação pré-operatória é parte integrante do pre-paro dos pacientes submetidos à cirurgia de revasculariza-ção do miocárdio e troca valvar. Alguns autores constata-ram que tem maior risco de desenvolver complicações respi-ratórias os pacientes que, por alguma razão, não conseguemelevar os valores de PImáx. e PEmáx., no pré-operatório decirurgia cardíaca com toracotomia.

Objetivos: Apreciar as condições da musculatura res-piratória e ventilação pulmonar e verificar se os parâmetrosde manovacuométricos e ventilométricos têm valor prediti-vo para complicações respiratórias.

Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo retros-

pectivo, com dados clínicos, incluindo a evolução pós-ope-ratória, resultados obtidos pela manovacuometria e ventilo-metria pré-operatórias, realizadas a beira do leito de 226 pa-cientes que foram submetidos à cirurgia cardíaca de revas-cularização ou valvares.

Resultados: A análise de múltiplas variáveis pela re-gressão logística mostrou que a idade, doença pulmonarobstrutiva crônica, a pressão sistólica arterial pulmonar ≥50mmHg, fração de ejeção FE < 0,40 e Pimáx. e Pemáx., am-bas com valores < 70% do predito para a idade e sexo erampreditores de complicações pulmonares no pós- operatório.

Conclusão: pode-se concluir que valores de PImáx.e PEmáx., ambas < 70% do previsto estão associada à maiorincidência de complicações respiratórias no pós-operató-rio, podendo ser considerada um fator de risco. Assim, adetecção dessa disfunção pelo fisioterapeuta pode auxiliá-lo na estratificação do risco cirúrgico de seus pacientes.

AVALIAÇÃO DA MUSCULATURA RESPIRATÓRIA E DOS VOLUMES PULMONARES COMOPREDITOR DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA

grupos isquêmicos, realizou-se esqueletização da arcadasanguínea próxima da anastomose. Em seguida, os animaisdos grupos OHB foram submetidos a sete sessões diáriasde OHB. Todos os animais foram sacrificados no oitavo diapós-operatório e avaliados macroscopicamente quanto à,presença de aderências, deiscência e distensão de cólon, ea região anastomótica foi retirada para dosagem de hidroxi-prolina, avaliação histopatológica e para estudo imuno-his-toquímico, com avaliação das metaloproteinases 1 e 9(MMP1 e MMP9).

Resultados: Houve apenas dois óbitos, um no gru-po isquemia e outro no grupo isquemia e OHB. Não foramobservadas fístulas e peritonite. Aderências foram encon-tradas em maior número no grupo II, em comparação aogrupo I (p=0,01). Houve deiscência apenas nos grupos III (1caso) e IV (2 casos), todas bloqueadas. Notou-se tambémum maior número de distensão intestinal em animais do gru-po II em relação ao grupo I (p < 0,01); o mesmo ocorreu entreos grupos III e IV, com predominância no grupo IV (p=0,99).A avaliação histológica mostrou que no grupo IV houveuma diminuição do edema intersticial em comparação ao gru-po III, mas sem diferença estatística (p=0,12); os demaisparâmetros histológicos não apresentaram diferenças im-portantes. A média das dosagens de hidroxiprolina foi maior

Luciana Almeida AzevedoOrientador: Prof. Dr. Omar FéresDissertação de Mestrado apresentada em 02/06/2008

Introdução: As cirurgias do trato gastrintestinal sãoum dos mais freqüentes procedimentos cirúrgicos nos diasde hoje e a deiscência de anastomose ainda é complicaçãomuito temida pelos cirurgiões. Vários trabalhos foram pu-blicados avaliando a cicatrização de anastomoses intesti-nais associadas a diversas situações, como: fatores físi-cos, técnicas cirúrgicas, produtos químicos, doenças as-sociadas, entre outras. Anastomoses submetidas a situa-ções de isquemia apresentam diminuição dos níveis de hi-droxiprolina (precursor do colágeno) e perda de força tênsil.Atualmente, a oxigenoterapia hiperbárica (OHB) está sen-do utilizada com sucesso em situações de isquemia e infec-ção. O presente estudo tem a finalidade de avaliar os efei-tos da oxigenoterapia hiperbárica na cicatrização de anas-tomoses colônicas isquêmicas em ratos.

Material e Métodos: Foram estudados 40 ratos dalinhagem Wistar, separados em quatro grupos: controle(grupo I), controle e OHB (grupo II), isquemia (grupo III) eisquemia e OHB (grupo IV). Todos os animais foram sub-metidos à secção e anastomose colônica; nos animais dos

EFEITO DA OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA NA CICATRIZAÇÃO DE ANASTOMOSESISQUÊMICAS. ESTUDO EXPERIMENTAL EM RATOS

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Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP http://www.fmrp.usp.br/revista

Renato Augusto ZorzoOrientador: Prof. Dr. José Abrão Cardeal da CostaDissertação de Mestrado apresentada em 03/04/2008

A doença renal crônica (DRC) atinge cada vez maisuma parcela significativa da população, e entre os pacien-tes adultos as doenças metabólicas são as principais cau-sas, respondendo por aproximadamente 70% dos pacien-tes em tratamento dialítico. Porém, há poucas publicaçõessobre levantamento epidemiológico de DRC em criançasdisponíveis na literatura. O objetivo deste trabalho foi des-crever o perfil clínico-epidemiológico das crianças e ado-lescentes com DRC atendidos pelo Serviço de NefrologiaPediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medi-cina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo(HCFMRP-USP), contemplando 22 anos de experiência. Paratanto, foram revisados 121 prontuários e coletadas 21 vari-áveis de cada um deles. Do total, 58,7% eram do sexo mas-culino, e 41,3% do sexo feminino. A média de idade de en-trada foi 59,1 meses. Os pacientes menores que 5 anos so-maram 62,5% do total. Os pacientes procedentes de Ribei-rão Preto ou de cidades com até 300km de distância soma-ram 63% dos casos. As causas básicas de DRC foram: uro-patias (48,8%), glomerulopatias (20,7%), displasias renaiscongênitas ou policísticas (7,4%), vasculopatias (6,6%),tubulopatias (2,5%), outras causas (7,4%) e causa indeter-minada (6,6%). Das glomerulopatias, os tipos histológicosencontrados foram a glomeruloesclerose segmentar e focal(GESF) (25,0%), a proliferação mesangial difusa (PMD)

(20,8%), a glomerulonefrite (GN) avançada (12,5%), a glo-merulonefrite crescêntica (GNC) (8,3%) e a Síndrome deAlport (8,3%), sendo que 4,2% dos casos foram considera-dos indeterminados e 20,8% dos pacientes não foram sub-metidos a biópsia. A grande maioria dos pacientes (59,8%)tinha estatura abaixo do 5º percentil para idade e sexo nomomento do diagnóstico. O tempo de seguimento clínicovariou de 2 a 263 meses, com média de 67,5 meses. A creati-nina sérica no momento do diagnóstico variou de 0,5 a 12,1mg/dL, com média igual a 3,0 mg/dL. A média de RFG calcu-lado pela Fórmula de Schwartz no momento do diagnósticofoi 27,4 mL/min/1,73m2. A maioria dos casos (62,3%) che-gou ao serviço em DRC estágios 4, 5 ou em diálise. Hiper-tensão arterial (HA) foi detectada em 56,2% dos pacientesem algum momento do curso clínico. Acidose metabólicafoi detectada em 53,7% dos pacientes no momento do diag-nóstico. Do total de pacientes, 38,0% foram submetidos atratamento dialítico, sendo as modalidades peritoneais pre-feridas em 80,4% dos casos. Transplante renal foi realizadoem 24,8% dos pacientes, sendo as proporções de doadorvivo relacionado (DVR) e doador cadáver (DC) semelhan-tes. A proporção de óbitos no período do estudo foi 22,3%.Dos demais pacientes, 17,4% foram transferidos para se-guimento pela Clínica Médica do HCFMRP-USP, e 38,8%dos casos ainda estavam em seguimento pela NefrologiaPediátrica em dezembro de 2005. Concluímos que a popula-ção estudada mostrou características clínicoepidemioló-gicas semelhantes às publicações nacionais e internacio-nais consultadas.

no grupo II, em relação ao grupo I (p < 0,01); notou- setambém aumento das médias encontradas no grupo IV emcomparação ao grupo III, mas sem diferença estatística(p=0,49). Os estudos imuno- histoquímicos demonstraram:porcentagem de áreas marcadas pela metaloproteinase Imaiores no grupo IV, em relação ao grupo III (p < 0,01); osresultados são semelhantes em relação à metaloproteinase9, também presente em maior intensidade no grupo IV, emrelação ao grupo III (p < 0,01).

Discussão: Concluiu-se que a oxigenoterapia hiper-bárica atua na região anastomótica isquêmica de maneirabenéfica, confirmado microscopicamente pela diminuiçãodo edema intersticial e bioquimicamente, pelo aumento daconcentração de hidroxiprolina. A avaliação imuno-histo-química também confirma esta hipótese ao demonstrar umaumento da concentração das metaloproteinases 1 e 9 nosanimais do grupo IV, significando maior atividade remode-ladora da anastomose.

CLÍNICA MÉDICA

PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE 121 CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DOENÇARENAL CRÔNICA: 22 ANOS DE EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDA-DE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

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(médias de 36,9x10³ e 68,8x10³/órgão). A dose diária de 10mg/kg diminuiu a infecção fúngica no pulmão (médias de20,1x106 e 96,5x106) e no baço (médias de 9,1x10³e 108,9x10³)em relação aos ratos não tratados. Contudo, itraconazol efluconazol mostraram maior eficácia na redução da cargafúngica no pulmão e no baço do que voriconazol. Em doisestudos, voriconazol (10mg/kg de peso/dia) prolongou dis-cretamente a sobrevivência dos animais tratados com a dro-ga. Em relação ao grupo controle, o período de mortalidadede 50% dos animais tratados com 6 doses de voriconazol,cetoconazol, fluconazol, itraconazol e sulfametoxazol-trimetoprim foi respectivamente, de 16, 22, 22, 39, 28 e 26dias. Com 12 doses administradas, os valores correspon-dentes a 50% de mortalidade foram, respectivamente, 16,17, 14, 36, 25 e 32 dias após inoculação. Voriconazol mos-trou um efeito dose-dependente, pois observou-se umamenor eficácia não significativa nas dose recomendadaspara uso clínico (5 e 7mg/kg/dia) em relação as dosagensmaiores de (10 e 20mg/kg/dia). O tratamento com voriconazolproporcionou uma redução da carga fúngica tecidual e umamaior sobrevida dos ratos, podendo representar uma novaopção terapêutica na paracoccidioidomicose humana.

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO VORICONAZOL, COMPARATIVAMENTE A OUTROS ANTIFÚN-GICOS, NA PARACOCCIDIOIDOMICOSE EXPERIMENTAL DO RATO

Daniela Silva GranzotoOrientador: Prof. Dr. Prof. Roberto MartinezDissertação de Mestrado apresentada em 25/04/2008

Neste estudo avaliou-se a eficácia do voriconazolem comparação ao cetoconazol, fluconazol, itraconazol esulfametoxazol-trimetoprim na infecção experimental de ra-tos Wistar, fêmeas, por Paracoccidioides brasiliensis. Osparâmetros utilizados para quantificar a resposta às drogasforam as contagens de unidades formadoras de colônias(UFC) de Paracoccidioides brasiliensis no pulmão e baçoe a sobrevida dos animais. A terapia antifúngica iniciou-sesete dias após a infecção. As medicações foram administra-das por gavagem durante 6 a 15 dias, conforme o experi-mento, nas seguintes doses diárias em mg/kg de peso:voriconazol-5, 7, 10 e 20; cetoconazol-10, 12 e 15; fluconazol-6; itraconazol-4; sulfametoxazol-trimetoprim-100, 120 e150(de sulfametoxazol). Na avaliação da eficácia das dro-gas feita por contagem de UFC, os animais tratados comvoriconazol-7mg/kg/dia apresentaram uma redução signifi-cativa da infecção esplênica comparado ao grupo controle

AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE INFECÇÃO CRUZADA EM SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS DESERTÃOZINHO, SP

Wanessa Teixeira Bellíssimo RodriguesOrientadora: Profa. Dra. Alcyone Artioli MachadoTese de Doutorado apresentada em 29/04/2008

Garantir a segurança do cliente é hoje uma preocu-pação constante em todos os segmentos da assistência àsaúde. Pela grande quantidade de microorganismos pre-sentes na cavidade oral, pela extensa contaminação do ar,superfícies adjacentes ao cliente em atendimento e equipa-mentos que ocorre durante o atendimento odontológico, orisco de transmissão de doenças infecto-contagiosas comoa aids, as hepatites B e C pode ser elevado nesse cenário,caso medidas preventivas não sejam estritamente adota-das. Diante disso, o presente estudo avaliou entre os cirur-giões-dentistas da rede privada e pública de Sertãozinho(SP), o nível de conhecimento e as práticas de controle deinfecção cruzada adotadas durante seu exercício profissio-nal, por meio de entrevista individual. Esses dados foramdigitados em um banco de dados do programa Epi-Info(CDC, versão 6.04d) e variáveis selecionadas foram subme-tidas ao teste ² ou exato de Fisher bicaudal, para compara-ção entre os setores privado e público (análise transver-sal). Participaram do estudo 135 cirurgiões-dentistas, pre-

dominando o sexo feminino (63,0%) e adultos jovens (mé-dia de idade = 34,5 anos). Entre os profissionais que rece-beram informações sobre controle de infecção cruzada nagraduação, 50,4% as julgaram insuficientes. Apenas 26,7%relataram trabalhar constantemente com auxiliar. Realiza-vam higienização das mãos, antes e após os atendimentos,86,7% dos participantes, sendo que aqueles com vínculoprivado usavam sabonete líquido e toalhas descartáveiscom maior freqüência (p<0,001). A maioria dos profissio-nais avaliados (97,8%) usava luvas regularmente nos aten-dimentos clínicos, mas 8,2% deles relataram reutilizar omesmo par de luvas em diferentes atendimentos. Grandeparte dos cirurgiões-dentistas (80,0%) empregava exclusi-vamente a estufa para a esterilização de artigos termorre-sistentes, mas os parâmetros adequados de tempo de ex-posição e temperatura eram atingidos por apenas 32,1%dos profissionais públicos e 70,0% dos privados (p<0,001).A desinfecção de artigos termossensíveis era feita com subs-tâncias adequadas por 60,0% dos profissionais de ambosos setores (p=0,908). De maneira geral, os dados apontam aexistência de um hiato extenso entre as recomendaçõessobre controle de infecção firmadas na literatura e a práticaexercida pelos cirurgiões-dentistas na localidade estuda-da, sendo pior a situação encontrada nos serviços públi-

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ta de envolvimento com a questão. Para modificar essa si-tuação, e garantir a preservação da saúde dos clientes sobatendimento odontológico, este problema deve ser ampla-mente debatido e divulgado no âmbito das associações declasse, faculdades de odontologia e gestores públicos.

cos, em relação aos privados. Através dos dados apresen-tados, pode se inferir que as causas desse problema são afalta de condições estruturais e funcionais adequadas aoexercício da profissão, a falta de conhecimentos específi-cos por parte dos cirurgiões-dentistas, assim como sua fal-

nação da concentração inibitória mínima (CIM) utilizou-se,como screening do ponto de corte da CIM, o dobro da mai-or concentração proposta pelo CLSI para a cepa padrão deP. aeruginosa (ATCC 27853), em caldo Muller Hinton.

Resultados e Conclusões: O porcentual de resis-tência aos antimicrobianos, no conjunto das amostras es-tudadas, foi de 47,3% para gentamicina, 39,5% para amica-cina, 20,9% para cefepime, 15,7% para ciprofloxacina, 11,6%para ceftazidima e 7,8% para imipenem. Quando as amos-tras foram analisadas em conjunto, constatou-se aumentoda resistência das amostras ao longo do tempo para amica-cina, gentamicina, ceftazidima e ciprofloxacina, Quando ana-lisadas individualmente, por paciente, verificou-se aumen-to da resistência ao longo do tempo para amicacina e gen-tamicina, sendo esse aumento bem evidente para cepasmucóides, e menos pronunciado para as cepas não mucói-des. Houve também um aumento significativo da resistên-cia para imipenem nas cepas mucóides e para ceftazidima,embora pouco pronunciado, tanto nas cepas mucóidescomo não mucóides. Não encontramos associação entreresistência aos antimicrobianos e tipo de cepa bacteriana,sexo do paciente, tempo de diagnóstico de FC, presença deagudizações da doença pulmonar e uso prévio de drogasespecíficas. Houve alto grau de discordância dos resulta-dos do método de microdiluição em placas quando compa-rados com os resultados obtidos por meio do sistema auto-matizado MicroScan-Walkway e pelo método de Kirby-Bauer, especialmente para amicacina, imipenem e gentami-cina, dessa maneira, é recomendável a utilização do métodode Kirby-Bauer para a determinação final da sensibilidadede amostras de P. aeruginosa isoladas de secreção respira-tória de pacientes com FC.

Fúlvia Patrícia Gonçalves MazzoOrientador: Prof. Dr. José Fernando de Castro FigueiredoDissertação de Mestrado apresentada em 05/05/2008

A principal causa de morbidade e mortalidade dospacientes portadores de fibrose cística (FC) é a ocorrênciade infecções pulmonares crônicas, frequentemente causa-das por Pseudomonas aeruginosa (P. aeruginosa). Sabe-se que o uso crônico de antimicrobianos aumenta a sobre-vida dos pacientes mas pode, ao longo do tempo, induzir aseleção de bactérias resistentes aos medicamentos. O ob-jetivo do presente trabalho foi determinar, prospectivamen-te, os padrões de sensibilidade de amostras de P. aerugi-nosa, isoladas de secreções respiratórias de pacientes por-tadores de Fibrose Cística, atendidos no Hospital das Clí-nicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCRP)da Universidade de São Paulo (USP), no período de abril de2004 a abril de 2005, procurando associar este dado com autilização de antimicrobianos e com algumas variáveis clí-nicas dos pacientes.

Casuística e métodos: Foram avaliadas 129 amos-tras de P. aeruginosa (62 mucóides; 67 não mucoides), pro-venientes de 34 pacientes portadores de FC, isoladas eidentificadas segundo recomendações do CLSI. A avalia-ção da sensibilidade destas amostras à amicacina, gentami-cina, cefepima, ceftazidima, ciprofloxacina e imipenem foifeita por meio do sistema automatizado Microscan-Walkway,por método de difusão em placas (Kirby-Bauer) e por meiode teste de microdiluição em placas. No caso de divergênciaentre os resultados destes testes, adotou-se, como referên-cia, o resultado do método de Kirby-Bauer. Para a determi-

AVALIAÇÃO PROSPECTIVA DOS PADRÕES DE SENSIBILIDADE DE AMOSTRAS DEPSEUDOMONAS AERUGINOSA ISOLADAS DE SECREÇÕES RESPIRATÓRIAS DE PACIENTESCOM FIBROSE CÍSTICA

INIBIÇÃO DA REPLICAÇÃO DO VÍRUS DENGUE TIPO 2 POR RNA DE INTERFERÊNCIA EMCÉLULAS HUMANAS

Alessandra Cristina Gomes RuizOrientador: Prof. Dr. Benedito Antônio Lopes da FonsecaTese de Doutorado apresentada em 07/05/2008

A dengue é atualmente considerada a mais impor-tante arbovirose que afeta o homem em termos de morbida-

de e mortalidade. Estima-se a ocorrência de 100 milhões decasos de dengue ao ano em todo o planeta. A necessidadede um tratamento seguro e eficaz tem sido prioridade global,no entanto, nenhuma vacina efetiva para a dengue está dis-ponível. Nesse estudo, a possibilidade de atenuar a infec-ção pelo dengue usando pequenos fragmentos interferen-

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altura e circunferência abdominal. Coleta de sangue venosopara dosagem glicêmica e lipídica. Dados expressos comomédias (desvio padrão), intervalos de confiança ou porcen-tagens. Variáveis contínuas comparadas mediante teste t deStudent ou ANOVA e as categóricas pelo teste qui2 ou exatode Fisher. O nível de significância previamente estabelecidofoi de 5%. Dos 131 participantes (67% da população), a mai-oria (58,8%) é do sexo feminino; idade média de 55 anos(15,9). As prevalências de DM2 (13,7%) e de TDG (14,5%)foram maiores entre as mulheres (15,6 VS. 20,8%) do queentre homens (11,1 vs. 5,6%), respectivamente. Na distribui-ção por faixas etárias encontram-se coeficientes que variamde 14,3% na população < 30 anos até 48,5% nos > 70 anos.Em relação aos FRCV, 76,3% apresentaram dislipidemia, 52,7%obesidade abdominal (OA), 48,1 % hipertensão arterial (HA),42,3% obesidade geral e 27,1% síndrome metabólica (SM -critério NCEP). Houve associação significativa de HA (Ra-zão de Prevalências = RP = 2,10 e IC 95%: 1,46 - 2,99) e SM(RP= 4,10 e IC 95%: 2,39 - 7,05) com DM2 em relação aosnormoglicêmicos. As prevalências de DM2, TDG e FRCV,superiores aos valores encontrados em Ribeirão Preto-SP(1996-97) são dados que permitem uma maior reflexão sobreo estilo de vida e outros fatores desencadeantes.

Regina Célia Garcia de AndradeOrientador: Prof. Dr. Milton César FossTese de Doutorado apresentada em 09/05/2008

É plenamente conhecida a relação da prevalência dedoenças crônicas, como diabetes mellitus tipo 2 (DM2) edoenças cardiovasculares, com diferentes etnias e sua dis-tribuição geográfica segundo o estilo de vida. Populaçõesde origem japonesa, que originalmente apresentavam baixamorbidade por diabetes, após mudanças socioculturais sig-nificativas, motivadas pela migração ao ocidente, passarama apresentar, em um curto período de tempo, maior riscopara desenvolver estas doenças. A comunidade nipo-brasi-leira de Mombuca, do Município de Guatapará-SP estabele-ceu-se no Brasil nos anos 60, mantendo muitos de seuscostumes tradicionais. O objetivo do estudo é estimar asprevalências de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e tolerânciadiminuída à glicose (TDG) na comunidade de Mombuca,Guatapará-SP, relacionando-as com alguns fatores de riscocardiovascular (FRCV). Trata-se de estudo transversal, rea-lizado em 2005, com nipo-brasileiros com idade ≥ 20 anos ede ambos os sexos. Questionários socioculturais/saúdepadronizados; realizadas medidas de pressão arterial, peso,

DIABETES MELLITUS E DOENÇAS ASSOCIADAS EM NIPO-BRASILEIROS DE MOMBUCA,GUATAPARÁ-SP

tes (siRNA) em células HepG2 e U937 foram avaliados. RNAde interferência (RNAi) é um fenômeno específico desilenciamento gênico pós-transcricional desencadeado pelaprodução de moléculas endógenas ou exógenas de RNAdupla fita (ds)RNA. As seqüências alvo para o silenciamentogênico (5' UTR, 3' UTR e prM) do genoma dos vírus dengue,foram alinhadas com os 4 sorotipos do vírus e seqüênciashomólogas selecionadas para a construção dos "hairpins"de RNA dupla (shRNA) posteriormente inseridos no vetorpSilencer®. Os DNAs plasmídiais contendo os "hairpins"foram, então, seqüenciados, purificados e utilizados para atransfecção estável em células HepG2 e transiente em célu-las monocíticas U937. O desafio com DENV-2 com MOI 0,1 e5, nos clones celulares expressando constitutivamente os"hairpins" em relação aos controles, através da análise porPCR em Tempo Real, mostraram-se capazes de atenuar ainfecção causada pelo vírus. Entretanto, os "hairpins" 5' UTR

e prM se mostram mais efetivos no silenciamento que o 3'UTR. Paralelamente, a detecção de antígenos virais porimunofluorescência indireta nestes clones, expressando os"hairpins" em relação aos controles, mostrou uma reduçãodo número de células infectadas. Através da detecção dafita de RNA intermediário por PCR, foi possível observaruma diminuição da replicação viral nessas células a partir do3º dia de infecção com DENV-2 corroborando os demaisresultados. Em células U937, o fenômeno de silenciamentogênico também foi observado, mas apenas 48hs pós-infec-ção, indicando posteriormente a perda do fenótipo previa-mente conferido a célula, pela presença do vetor expressan-do os shRNAs. Para excluirmos a possibilidade de um efeitonão específico, na redução da produção viral, a expressãorelativa de genes estimulados por interferon, entre os clonescelulares infectados e o mock, mostraram que os nossosshRNAs não induzem o sistema imune.

CARACTERIZAÇÃO DE NÓDULOS MAMÁRIOS POR TÉCNICAS QUANTITATIVAS DE RES-SONÂNCIA MAGNÉTICA

Ruth Helena de Morais BoniniOrientador: Prof. Dr. Valdair Francisco MugliaTese de Doutorado apresentada em 09/05/2008

A Ressonância Magnética (RM) é um método im-portante na investigação do câncer mamário. Embora reco-nhecida como método de escolha para o rastreio das paci-

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entes de alto risco e para outras indicações, o papel da RMna caracterização de lesões mamárias permanece contro-verso. Recentemente, alguns autores têm defendido o usode critérios morfológicos e pós-contraste dinâmico paraeste propósito. Técnicas quantitativas de RM não têm sidousadas extensamente na mama. Relaxometria T2 e Transfe-rência de Magnetização (TM) são técnicas quantitativasmuito utilizadas para investigação de doenças neurológi-cas. Nas doenças mamárias, o uso da TM tem sido limitadoa melhorar a visualização de áreas de realce patológico emimagens pós-contraste e a relaxometria T2 foi empregadapara avaliar tecidos mamários e lesões, usando, na maioriadas vezes, seqüências duplo-eco.

O objetivo deste estudo foi avaliar a viabilidade e autilidade da relaxometria T2 e da TM na diferenciação delesões nodulares benignas de malignas. Cinqüenta e quatrolesões de cinqüenta pacientes, classificadas como Bi-RADS4 ou 5 foram prospectivamente avaliadas usando análisemorfocinética , relaxometria T2 e Razão de Transferência deMagnetização (MTR), isoladamente ou em associação.

Os pacientes foram divididos em dois grupos, umde lesões benignas e outro de malignas. Um escore foi uti-lizado na análise morfocinética para caracterizar as lesões.O valor de T2 e a MTR dos músculos peitorais, tecidofibroglandular, gordura e lesões mamárias foi calculado.

A análise morfocinética isolada teve sensibilidadede 100% e especificidade de 78,9%. Nenhuma diferença es-tatisticamente significativa foi encontrada entre lesões be-nignas e malignas para o valor de T2. Uma diferença esta-tisticamente significativa foi encontrada para os valores deMTR das lesões benignas e malignas. Quando se associouo parâmetro MTR ao escore morfocinético, usando o valorde 19,1, como discriminador de lesões benignas e malignas,a especificidade aumentou para 89,5%

Nossos resultados sugerem que a TM pode ser uti-lizada na avaliação de lesões mamárias, podendo ser usadapara melhorar a especificidade da análise padrão, morfoci-nética. Estudos adicionais são necessários para melhordefinição da aplicabilidade desta técnica.

EXPRESSÃO DO RECEPTOR DE GLICOCORTICÓIDES E DA PROTEÍNA PRAME EM DOENÇASLINFOPROLIFERATIVAS COM FENÓTIPO NK (Natural Killer)

controles. A citometria de fluxo foi o método de eleição paraesta investigação. Os linfócitos NK e T/NK normais, assimcomo as células NK e T/NK leucêmicas, expressam asisoformas κ e β do RGh. No grupo das doenças NK, aexpressão de RGhκ nas células leucêmicas foi semelhanteà dos linfócitos NK normais (p=0,44, Mann Whitney), po-rém a expressão de RGhβ foi significativamente menor nascélulas doentes (p=0,03), revelando uma relação k/β maiornos linfócitos doentes (p=0,01). Entre as doenças T/NK, aexpressão de RGhκ nas células leucêmicas foi maior do quenos linfócitos T/NK normais (p=0,027) e a expressão deRGhβ foi menor nas células leucêmicas (p=0,0001), ocasio-nando uma relação á/β significativamente maior nas célu-las doentes (p=0,0001). A proteína PRAME não se mostrouexpressa na superfície dos linfócitos NK ou T/NK normaisou leucêmicos. Entretanto, houve expressão intracelular emmais de 87% das células NK e T/NK normais e em mais de54% das neoplásicas. O estudo das isoformas κ e β do RGhem linfócitos NK e T/NK normais e leucêmicos é inédito, esua análise quantitativa indica uma provável maior suscep-tibilidade das células NK e T/NK neoplásicas à ação doscorticóides, em relação aos linfócitos NK e T/NK normais.Os resultados da PRAME, pela primeira vez analisada emlinfócitos NK e T/NK normais e leucêmicos, demonstramque este antígeno não é expresso na membrana celular nes-tas neoplasias, ao contrário do observado em outras doen-ças oncohematológicas. No entanto, encontramos expres-são intracelular desta proteína tanto nos linfócitos normaisquanto nos doentes analisados, o que não contribui paranovas estratégias diagnósticas ou terapêuticas.

André Fiorin MarinatoOrientador: Prof. Dr. Roberto Passetto FalcãoDissertação de Mestrado apresentada em 14/05/2008

Os linfócitos natural killer (NK) e T/NK são célu-las originadas na medula óssea que têm uma origem emcomum, mas diferentes processos de maturação, resultan-do em linfócitos NK verdadeiros ou linfócitos T citotóxicosque expressam marcadores típicos da linhagem NK. Estascélulas podem originar neoplasias, cuja raridade dificultaseu melhor conhecimento e boas estratégias de tratamen-to. O receptor de glicocorticóides humano (RGh) possuivárias isoformas, das quais destacam-se a á, mediador pri-mário da ação dos corticóides, e a β, seu modulador negati-vo. A relação entre estas isoformas parece indicar a sensi-bilidade das células à ação dos corticóides, sendo maissensível quanto maior a relação κ/β, mas esta informaçãonunca havia sido explorada nas doenças NK e T/NK. Aproteína PRAME (preferentially expressed antigen in me-lanoma), um antígeno associado a tumores, já foi reconhe-cida em várias neoplasias hematológicas e tumores sóli-dos, com implicações diagnósticas e prognósticas, masnunca foi estudada nas neoplasias NK e T/NK. Além disso,a PRAME representa um possível alvo terapêutico. Nestainvestigação foram estudadas a expressão das isoformasdo RGh em células leucêmicas de seis casos de doençasNK, 13 de doenças T/NK e em linfócitos NK e T/NK de 16controles. A expressão protéica da PRAME foi investigadaem seis casos de doenças NK, 12 de doenças T/NK e 10

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30d (14,3 [13,8-14,9] vs (18,7 [15,4-22,0], FE50 [IC95%],P=0,05). Em contraste, nos animais N 180d foi observadoum aumento do efeito máximo em relação ao N 30d (106,1[91,1-125,5] (78,2 [70,2-86,2] EMAX ± EPM, P=0,002). Aperfusão de SMTC não modificou a resposta a EEP em pre-parações de animais N 30d. Porém, a SMTC produziu umaumento da sensibilidade a EEP em preparações SHR 30dquando comparadas com SHR 30d na ausência do inibidor(15,3 [13,1-17,5] vs 18,7 [15,4-22,0], FE50 [IC95%], P=0,04). Omesmo foi observado em preparações N 180d (14,8 [12,8-16,7] vs 18,8 [14,4-22,1], FE50 [IC95%], P=0,03), não houvealterações entre as preparações de animais SHR 180d napresença ou na ausência de SMTC. A histoquímica do gân-glio mesentérico superior mostrou diminuição significativade neurônios NADPH-diaforase positivos SHR quandocomparadas com N 30 e 180d (0,6 ± 0,2 vs 2,8 ± 0,4, P=0,001),(0,7 ± 0,46 vs 2,4 ± 0,4 P=0.007). O Western blot mostrouuma redução significativa na expressão proteica da nNOSem gânglio mesentérico superior dos animais SHR 180dquando comparados com animais N 180d (0,1 ± 0,009 vs 0,3± 0,01, P=0,005). Resumindo, os resultados desse trabalhomostram um menor número de neurônios NADPH-diafora-se positivos no gânglio mesentérico superior de ratas SHR,presentes desde a fase de pré-hipertensão e mantidos du-rante a fase de hipertensão estabelecida, sugerindo uma rela-ção causal entre a redução dos neurônios NADPH-diafora-se positivos e o surgimento da hipertensão arterial nessemodelo. A análise dos dados funcionais e da expressão pro-téica da nNOS mostram que nas fases de pré-hipertensão háuma resposta adrenérgica exacerbada, modulada pelo NO,sugerindo um papel contra-regulador do óxido nítrico sobrea atividade adrenérgica. Nossos dados também mostram queesse mecanismo inicial se esgota com o tempo, uma vez quena fase de hipertensão estabelecida a atividade da enzima,assim como sua expressão encontram-se reduzidas.

Andréia Fernanda Carvalho Leone AguiarOrientador: Prof. Dr. Eduardo Barbosa CoelhoTese de Doutorado apresentada em 14/05/2008

Neste trabalho, nosso objetivo foi investigar a fun-ção e a expressão da isoforma neuronal da enzima sintasede óxido nítrico (nNOS) em ratas Wistar normotensas (N) eespontaneamente hipertensas (SHR) em diferentes fasesde desenvolvimento. Estudos a resposta vasoconstritorainduzida pela estimulação elétrica de nervos simpáticosperiarteriais (EEP) em leito arterial mesentérico (LAM) iso-lado e perfundido (Krebs, 4ml/min) de ratas N com 30 e 180dias e SHR de mesma idade. Também foi investigado a in-fluência da hipertensão arterial sobre a modulação nitrérgicada resposta simpática usando um inibidor seletivo paranNOS, S-metil-tiocitrulina (SMTC) (20µM), além de westernblot e histoquímica (NADPH-diaforase) do gânglio simpá-tico mesentérico superior. A pressão arterial nos animais de30 dias foi maior no grupo SHR quando comparada ao gru-po N (132,0 ± 1,0 vs 115,9 ± 2,3, SHR; P=0,01) assim comoaos 180d (183,0 ± 1,3 vs 126,7 ± 3,1;SHR; P=0,001). Em am-bos os animais a pressão arterial se elevou com o envelhe-cimento (126,7 ± 3,1 vs 115,9 ± 2,3, N; P=0,01); (183,0 ± 1,3vs 132,0 ± 1,0, SHR; P=0,001). A pressão basal de perfusãodos LAM isolados de N 30d e SHR 30d não apresentaramdiferenças (15,5 ± 0,4 vs 13,4 ± 1,0). Entretanto houve umaumento nos animais SHR 180d quando comparados aos N180d (26,9 ± 0,9 vs 15,7 ± 0,4). A resposta simpática à EEPmostrou que em SHR 30d houve um aumento da respostavasoconstritora máxima à EEP, quando comparado com N30d (183,1 [153,3-212,9] vs (78,2 [70,2-86,2] EMAX ± EPM,P= 0,001). O mesmo foi observado no grupo SHR 180d emrelação ao grupo N 180d (171,1 [165,1-177,2] vs (106,1 [91,1-125,5] EMAX ± EPM, P=0,003). Em animais SHR 180d hou-ve um aumento da sensibilidade a EEP em relação ao SHR

ESTUDO DA ISOFORMA NEURONAL DA SINTASE DE ÓXIDO NÍTRICO PRESENTE NO SISTE-MA NERVOSO SIMPÁTICO PERIFÉRICO EM RATAS ESPONTANEAMENTE HIPERTENSAS(SHR) ANTES E APÓS DESENVOLVEREM HIPERTENSÃO ARTERIAL

ALTERAÇÃO DO PERFIL DE EXPRESSÃO GÊNICA INDUZIDA PELA EXPANSÃO in vitro DECÉLULAS PRECURSORAS HEMATOPOÉTICAS

(CPHs). A expansão in vitro destas células seria uma alter-nativa promissora. No entanto, quando usadas em trans-plantes, as células expandidas geralmente não apresentamvantagens em relação às células frescas. Este estudo foifeito para acumular conhecimentos acerca dos mecanismosmoleculares ativos nas CPHs cultivadas, com intenção desugerir melhorias nos protocolos de expansão existentes.

Dalila Lucíola ZanetteOrientadora: Profa. Dra. Angela Kaysel CruzTese de Doutorado apresentada em 15/05/2008

O número total de células precursoras é o principalfator limitante para o uso do sangue de cordão umbilical(SCU) como fonte de células precursoras hematopoéticas

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O número absoluto e relativo de colônias, demonstrado pe-los ensaios clonogênicos, não se alterou, indicando que acapacidade de diferenciação foi mantida pelas células culti-vadas. Genes envolvidos com o ciclo celular e com a mitoseestavam regulados positivamente em t3, como o CDC25C. Aexpressão dos genes reguladores intrínsecos de CPHs,HOXB4 e Bmi-1, estava significativamente diminuída em t3.Também foram confirmadas a menor expressão de CXCR4,que tem conhecida função de favorecer o homing; de GSK3B,que participa da via Wnt; e de WIF1, inibidor desta mesmavia. Observamos a regulação positiva de genes como o IL9-R, associado com proliferação através da via JAK/STAT;SMAD6, um regulador negativo da via TGF- 1; WNT5B, umligante da via de sinalização Wnt, e BIRC5, um inibidor daapoptose. Desta maneira, o uso deste protocolo de curtoprazo expandiu o número de células CD34+, aumentou onúmero absoluto de células com fenótipo associado às CPHs,sem afetar a viabilidade e o potencial clonogênico destascélulas. A avaliação funcional das alterações da expressãogênica que acompanharam o cultivo deverá ajudar a melho-rar os protocolos de expansão de CPHs mantendo as carac-terísticas celulares desejadas.

As amostras de células CD34+ de SCU foram cultivadas comcitocinas, na ausência de soro e estroma. No momento dapurificação (t0) e depois de 3 dias de cultivo (t3), as célulasfoi verificada por citometria de fluxo a porcentagem de célu-las em apoptose, a de células com fenótipos primitivos(CD34+/CD38neg e CD34+/CD90+) e duplamente positivaspara CD34+ e CXCR4+. O potencial clonogênico e de dife-renciação foi avaliado em ensaios de metilcelulose. Com oRNA das amostras foram feitos pools para gerar dois perfisde expressão gênica independentes, das células em t0 e emt3, usando microarrays de oligonucleotídeos. As amostrasforam utilizadas individualmente para avaliar a expressãodos genes IL9R, SMAD6, BIRC5, CDC25C, WNT5B, WIF1,GSK3B, AKT1, Bmi-1, HOXB4 e CCND1 por PCR quantitati-va em tempo real (qPCR). Foi encontrado um aumento mé-dio de 2,8 vezes no número de total de células e pelo menos80% das células expressavam o CD34 após o cultivo. O nú-mero absoluto de células CD34+/CD38neg e CD34+/CD90+aumentou 2 e 6 vezes, respectivamente. Havia uma maiorporcentagem de células viáveis em t3 comparado com t0(média de 75% e 63%, respectivamente). A porcentagem decélulas CD34+/CXCR4+ foi significativamente menor em t3.

14 (10,6%) foram positivo para alérgeno de rato Rat n 1.Análise de amostras de poeira de cama, quarto, sala de TVe cozinha de cada domicílio não mostrou diferença signifi-cante entre a freqüência de detecção de alérgeno de ca-mundongo nos diferentes locais da casa. Os níveis de alér-genos de camundongo variaram de 0,04 a 3,7 µg Mus m 1 /g de poeira. Seis das amostras positivas para Mus m 1 (2,2%)continham valor acima de 1,6 µg de Mus m 1 / g de poeira,nível considerado elevado e associado a sensibilização. Osníveis de Rat n 1 variaram de 0,04 a 0,3 µg / g de poeira, enenhuma das amostras apresentou valores acima de 1,6 µgRat n 1 / g de poeira. Alérgeno de barata Bla g 1 foi detecta-do em 77% dos domicílios. Não houve correlação entre osníveis de Mus m 1 e Bla g 1 nos diferentes locais, e nãoocorreu diferença dos níveis de Mus m 1 de acordo com apresença ou não de Bla g 1. Nossos resultados indicam quealérgenos de camundongo e rato foram encontrados emdomicílios de crianças com crise aguda de chiado vivendoem Ribeirão Preto, e que níveis elevados foram detectadosem uma proporção de domicílios. Estudos subseqüentesdeverão ser realizados para avaliar a sensibilização a essesalérgenos em nosso meio e para estabelecer o papel dealérgenos de camundongo e rato como fator de risco parachiado e asma.

Alessandra Santos ZampoloOrientadora: Profa. Dra. Luisa Karla Paula ArrudaDissertação de Mestrado apresentada em 20/05/2008

Estudos recentes têm identificado a importância dealérgenos de camundongo e rato como causa de sensibiliza-ção entre crianças com asma vivendo em grandes cidadesnos Estados Unidos, e demonstraram que a combinação desensibilização a camundongo e exposição domiciliar a ní-veis elevados de alérgeno de camundongo foi associada amaior morbidade por asma entre crianças pertencentes afamílias de baixa renda, predominantemente de raça negra.Em trabalhadores de laboratório, alérgenos de camundongoe rato são causa freqüente de sensibilização e desenvolvi-mento de sintomas alérgicos. Os principais alérgenos decamundongo e rato, Mus m 1 e Rat n 1, respectivamente,pertencem à família das calicinas ou lipocalinas, que incluialérgenos potentes de barata, cachorro e vaca. No presenteestudo, utilizamos ensaio imunoenzimático (ELISA) para de-terminar os níveis de alérgenos de camundongo e rato emamostras de poeira de domicílios de crianças vivendo emRibeirão Preto, que apresentaram crise aguda de chiado.Dos 113 domicílios analisados, 39 (34,5%) apresentaramníveis detectáveis de alérgeno de camundongo Mus m 1, e

EXPOSIÇÃO A ALÉRGENOS DE CAMUNDONGO E RATO EM DOMICÍLIOS DE CRIANÇAS COMASMA E/OU CHIADO EM RIBEIRÃO PRETO

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FATORES DE RISCO DE DIFICULDADE DE DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM ACIDENTEVASCULAR ENCEFÁLICO

beira do leito por uma fonoaudióloga e os pacientes foramdivididos em dois grupos: Grupo I: pacientes sem alteraçãode deglutição e Grupo II: pacientes com alteração dedeglutição. Após três meses do AVE, foi verificada, subjeti-vamente, a melhora das alterações de fala e deglutição, apresença de óbito e a realização de fonoterapia. Verificou-se que 63% dos pacientes com AVE apresentaram alteraçãode deglutição. As variáveis sexo e localização da lesão nãoestavam associadas à presença ou não de dificuldade dedeglutição. Os pacientes com maior chance de terem essaalteração foram aqueles que tinham: prévios episódios deAVE, AVE no hemisfério esquerdo, alterações motoras e/oude sensibilidade, alterações na compreensão oral, expres-são oral e nível de consciência, necessidade de auxílio deoxigênio, complicações como febre e pneumonia; e índicesbaixos nas escalas de Rankim e Barthel. Esses pacientesapresentaram maior tempo de internação e maior mortalida-de. Assim, a deglutição deve ser avaliada em todos os paci-entes com AVE, sendo necessário para evitar complicações,diminuir o tempo de internação e melhorar a qualidade devida.

Alexandra Fabbris VercezeOrientador: Prof. Dr. Márcio DantasDissertação de Mestrado apresentada em 21/05/2008

O fator de transcrição nuclear factor-kappa B (NF-kappa B) participa da patogênese das glomerulopatias.Neste estudo avaliamos os efeitos da administração departhenolide (PlN), um inibidor do NF-kappa B, naglomerulonefrite mesangial aguda (GMA) induzida peloveneno da cobra habu (HSV). Material e Métodos: Camun-dongos unineftectomizados foram tratados por via i. v. oucom HSV para indução de GMA ou com veículo durante 2dias alternados. PTN diluído em dimetil-sulfóxido (DMSO)ou apenas DMSO foi administrado por via i.p., diariamenteaté o dia do sacrificio (7º ou 14º dia). Os camundongos dosgrupos controle C-DMSO e C-PIN e com glomerulonefriteG-DMSO e G-PIN foram avaliados para creatinina sérica,área e nº de células do tufo capilar glomerular/(TCG). Porimunohistoquímica foram avaliadas a expressão glomerulare intersticial de á-smooth muscle actin (.-SMA), o n° de

células PCNA (proliferating cell nuclear antigen) positivas/TCG e o nº de macrófagos/TCG. Resultados: Todos os ca-mundongos que receberam HSV desenvolveram quadrohistopatológico de glomerulonefrite proliferativa mesangialfocal, independentemente do tratamento com PIN, mas estaglomerulonefrite não resultou em albuminúria e tampoucoem alteração da creatinina. Em comparação com seu res-pectivo controle C-DMSO, os camundongos do grupo G-DMSO apresentaram aumento estatisticamente significan-te da área do TCG no 7° e no 14°, da expressão intersticialno 7° dia e, apenas no 14° dia, maior expressão glomerularde á-SMA e do n° de macrófagos/TCG. Entretanto, o grupoG-DMSO não apresentou \ diferença estatisticamente sig-nificante quando comparado com o grupo G-PTN em ne-nhum dos dois momentos do estudo. Em conclusão, o tra-tamento com parthenolide aparentemente diminuiu a ativi-dade de alguns mecanismos envolvidos com a patogêneseda GMA induzida pelo HSV em camundongos. Entretanto,estes efeitos parecem ter ocorrido em intensidade inferior àesperada, talvez pela característica focal deste modelo ex-perimental de GMA.

Anna Flávia Ferraz Barros BaroniOrientador: Prof. Dr. Roberto Oliveira DantasDissertação de Mestrado apresentada em 26/05/2008

A disfagia comumente está associada às desordensneurológicas graves, entre elas, o Acidente VascularEncefálico (AVE). Os objetivos desse estudo foram: avaliara deglutição em pacientes com AVE; avaliar a prevalênciade dificuldade de deglutição nesses pacientes; analisar fa-tores que possam estar associados às alterações dedeglutição como: idade, sexo, único ou múltiplos AVE, tipode AVE, tempo e localização da lesão, expressão oral, com-preensão oral, alterações motora e/ou de sensibilidade, al-teração respiratória, presença de complicações como febree pneumonia, e capacidade funcional; e relacionar a pre-sença de dificuldade de deglutição com a realização defonoterapia e a mortalidade após três meses do AVE. Foramselecionados 212 pacientes com diagnóstico médico de AVE,confirmado por meio de exame neurológico e exames deimagem. A avaliação funcional da deglutição foi realizada à

EFEITO DO PARTHENOLIDE NA PATOGÊNESE DA GLOMERULONEFRITE MESANGIAL AGUDAINDUZIDA PELO VENENO DA COBRA HABU (TRIMERESURUS FLAVOVIRIDIS)

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sendo o último o grupo controle. Os resultados foram ex-pressos como valores absolutos das variações das medidasfinais em relação às iniciais. A avaliação dos efeitos imedia-tos foi realizada após três aulas e repetida ao término de 24sessões, e foi composta por medidas realizadas antes, du-rante e após o ato de cantar. Na avaliação após três aulas, oGC mostrou, logo após o ato de cantar, variações significan-temente maiores de capacidade inspiratória (GC: 0,09 ± 0,21X GAM: -0,09 ± 0,20 L), FR (GC: 3,1 ± 3,5 X GAM: 1,1 ± 2,1ipm), SaO2 (GC: 1,5 ± 2,1 X GAM: -0,2 ± 1,1 %) e dispnéia(GC: 1,3 ± 1,6 X GAM: 0 ± 1) e menores do volume de reservaexpiratório (GC: -0,07 ± 0,17 X GAM: 0,10 ± 0,13 L). Compor-tamento semelhante foi observado após 24 aulas (VRE= GC:-0,01 ± 0,11 X GAM: 0,09 ± 0,14 L; CI= GC: 0,14 ± 0,25 XGAM: -0,08 ± 0,18 L; FR= GC: 2 ± 1 X GAM: 0,07 ± 1,71 ipm;Dispnéia= GC: 0,47 ± 0,74 X GAM: -0,33 ± 0,62). Na avalia-ção dos efeitos tardios foram obtidas, antes e após a inter-venção: espirometria, gasometria arterial, medidas de pres-sões respiratórias, medida de dispnéia pelo índice de dispnéiabasal, escala de ansiedade e depressão, e avaliações dequalidade de vida pelos questionários de Saint George e SF-36. Ao final do treinamento o GC mostrou ganhos signifi-cantemente maiores de pressão expiratória máxima (GC: 3 ±17,2 X GAM: -11,3 ± 20,2 cmH2O) e do componente físico doquestionário SF-36 (GC: 3,96 ± 6,00 X GAM: -2,06 ± 7,11).Houve também ganhos de qualidade de vida de grau seme-lhante em ambos os grupos pela análise do questionário deSaint George (GC: -5,92 ± 5,75 X GAM: -5,00 ± 7,75). Osresultados obtidos indicam que a prática do canto leva areduções transitórias do grau de hiperinsuflação pulmonar.Além disso, também pode reduzir o ritmo de deterioração dapressão expiratória máxima e melhorar aspectos ligados aqualidade de vida dos pacientes com DPOC.

Amanda Gimenes BonilhaOrientador: Prof. Dr. José Antonio Baddini MartinezDissertação de Mestrado apresentada em 27/05/2008

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) estáassociada com alta morbidade e graves prejuízos da quali-dade de vida, principalmente devido ao desenvolvimentode dispnéia e limitação para a realização de atividades físi-cas. O canto faz parte da condição humana desde temposremotos. A respiração no canto cursa com inspirações rápi-das e curtas; expirações lentas e prolongadas contra a glotesemicerrada; uso do padrão respiratório costo-abdominal;grandes exigências da musculatura respiratória e requeramplo controle respiratório. Tais características da respira-ção no canto guardam o potencial de beneficiar pacientescom DPOC por possível melhora do controle e do padrãorespiratório, treinamento da musculatura respiratória, redu-ção da dispnéia e melhora da qualidade de vida. Os objeti-vos deste estudo foram investigar em pacientes com DPOCestáveis os efeitos imediatos do ato de cantar sobre parâ-metros funcionais respiratórios, cardiovasculares e intensi-dade da dispnéia, no inicio da prática do canto e ao final deseis meses de treinamento. Além disso, também foram in-vestigados os efeitos tardios sobre parâmetros funcionaisrespiratórios, intensidade da dispnéia, grau de ansiedade edepressão, e medidas de qualidade de vida relacionada àsaúde, após seis meses de prática. Para tanto, 30 pacientesforam divididos em dois grupos: Grupo Canto (GC; 12 ho-mens; idade: 69,8 ± 7,4 anos; VEF1: 48,8 ± 20,8 %) e GrupoAtividades Manuais (GAM; 12 homens; idade: 73,6 ± 7,5anos; VEF1: 53,4 ± 20,1%). Ambos os grupos participaramde 24 aulas semanais de canto ou de atividades manuais,

EFEITOS DA PRÁTICA DO CANTO SOBRE PARÂMETROS FUNCIONAIS RESPIRATÓRIOS, SIN-TOMAS E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES PORTADORES DE DOENÇA PULMONAROBSTRUTIVA CRÔNICA

ESTUDO DA DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM MIOPATIA MITOCONDRIAL DO TIPO OFTAL-MOPLEGLIA EXTERNA CRÔNICA PROGRESSIVA : AVALIAÇÃO CLÍNICA, MANO MÉTRICA EVIDEOFLUOROSCÓPICA

Danielle Ramos DomenisOrientador: Prof. Dr. Roberto Oliveira DantasDissertação de Mestrado apresentada em 27/05/2008

As miopatias mitocondriais formam um grupo dedesordens clinicamente heterogêneas que podem afetarmúltiplos sistemas além do músculo esquelético. A oftal-

moplegia externa crônica progressiva (CPEO) é um tipo demiopatia mitocondrial que tem como características altera-ções nos movimentos oculares, ptose, podendo ter acome-timento da musculatura facial, além de atrofia muscular demembros. A fatigabilidade precoce pode ser a queixa princi-pal e claramente desproporcional ao grau de fraqueza eatrofia muscular detectada. A disfagia na doença é uma

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manifestação descrita por muitos autores, porém poucoestudada ou caracterizada. O presente estudo teve comoobjetivo avaliar a deglutição de pacientes com miopatiamitocondrial do tipo CPEO através de avaliação clínica,manométrica e videofluoroscópica. Para tanto, foram sele-cionados 14 pacientes com diagnóstico de miopatia mito-condrial do tipo CPEO, em acompanhamento no Ambulató-rio de Doenças Neuromusculares do Hospital das Clínicasda Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universi-dade de São Paulo, independente de apresentarem queixasou não quanto à alimentação. A idade variou de 15 a 62anos, com idade média de 35,3 anos sendo 5 (35,7%) dogênero masculino e 9 (64,3%) do feminino. O grupo contro-le foi formado por 16 indivíduos saudáveis (sem doençasneurológicas ou queixas quanto à alimentação) com idadevariando de 21 a 44 anos, idade média de 27,5 anos, sendo6 (37,5%) do gênero masculino e 10 (62,5%) do feminino.Na avaliação clínica, além da anamnese, foi realizada avali-ação estrutural e funcional da deglutição. Para isso foramutilizadas as consistências pastosa, líquida e sólida, emvolume livre, confornle hábito do paciente. Na avaliaçãomanométrica, as medidas foram feitas durante a deglutiçãolíquida, para avaliar as pressões intraluminares no corpodo esôfago. Foram realizadas 10 deglutições com intervalode 30 segundos entre elas e após cinco minutos de repou-so mais 10 deglutições com intervalo de 10 segundos entreelas. Foram consideradas as medidas da pressão intralumi-nal, sua duração, área sob a curva e tempos parciais e totaisde deslocamento da onda. Na avaliação videofluoroscópicautilizaram-se as dietas pastosa, líquida e sólida, sendo asduas primeiras em volume controlado de 5ml. Para todas asconsistências foram realizadas três ofertas, sendo que parao pastoso e sólido esse processo foi repetido. Além da

dinâmica da deglutição na fase orofaríngea foram analisa-dos os tempos de fase oral (TFO), depuração faríngea (DF),trânsito faríngeo (TF), trânsito pela transição faringoesofá-gica (TTFE) e tempo de movimentação hióidea (TMH). Emanamnese observamos que 9 (64,3%) pacientes tinham quei-xas quanto a alimentação mas apenas 7 (50%) apresenta-ram alterações na avaliação clínica, sendo essas alteraçõesprincipalmente para as consistências pastosa (57,1%) esólida (100%). As principais alterações foram fase oral pro-longada, mastigação inadequada, deglutições múltiplas efadiga. Na avaliação manométrica foi observado reduçãoda motilidade esofágica sendo essa principalmente noesôfago proximal, com amplitude, duração e área sob a cur-va reduzidas. Quando comparado o desempenho do esôfagonos diferentes intervalos de deglutição, não houve relaçãocom a presença da doença, pois a diferença foi significantetanto para os pacientes como para os controles. Na video-fluoroscopia da deglutição, assim como na avaliação clíni-ca, as principais alterações encontradas foram para as con-sistências pastosa e sólida, sendo elas tanto em fase oralcomo faríngea. Apesar disso não foi encontrado nenhumepisódio de aspiração laringotraqueal. Quanto aos temposde deglutição, apenas o TFO foi significantemente maiornos pacientes, sendo menor nos outros parâmetros comoTF e TTFE. Ao compararmos as primeiras com as últimasdeglutições para as consistências pastosa e sólida, verifi-camos que os pacientes apresentaram um aumento dos tem-pos de DF, TF, TTFE e TMH para a consistência sólida,sendo significante apenas para TF. O estudo permitiu con-cluir que pacientes com miopatia mitocondrial do tipo CPEOapresentam dificuldades de deglutição, com alteraçõesorofaríngeas e esofágicas, sendo maiores para as consis-tências pastosa e sólida.

sadora, com questionário próprio para: identificação da pre-sença, ou não, de constipação intestinal conforme os crité-rios Roma 11, e para a obtenção das seguintes variáveis:gênero, idade, uso de laxante e duração de constipação.Um instrumento medir qualidade de vida relacionada a saú-de (SF- I 36) foi aplicado nos últimos 120 pacientes entre-vistados, apresentassem ou não i constipação intestinal, oSF-36 se divide em oito domínios: Capacidade Funcional,Aspecto Físico, Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade,Aspecto Social, Aspecto Emocional, Saúde Mental. Foramexcluídos pacientes com: déficit cognitivo grave, conformeavaliação médica, deficiência física, pacientes acamados,pacientes que, por algum motivo, após aceitarem participar

Patrícia Teixeira Meirelles VillelaOrientador: Prof. Dr. Ricardo Brandt de OliveiraDissertação de Mestrado apresentada em 27/05/2008

O estudo, de caráter descritivo transversal, tevecomo objetivos verificar a prevalência de constipação in-testinal crônica entre os pacientes do ambulatório de geri-atria geral do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e ainfluência da constipação intestinal sobre a qualidade devida desses pacientes. Foram entrevistados 620 pacientes,de ambos os gêneros, com idade igual ou superior a 60anos. Os dados foram coletados entre setembro de 2006 amaio de 2007. As entrevistas foram realizadas pela pesqui-

PREVALÊNCIA DA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL CRÔNICA E SUA RELAÇÃO COM QUALIDA-DE DE VIDA EM PACIENTES IDOSOS ATENDIDOS EM AMBULATÓRIO DE HOSPITAL PÚBLI-CO DE NÍVEL TERCIÁRIO

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menor do que o gênero feminino de desenvolver constipa-ção intestinal crônica (p=0,003) e o risco de ter constipaçãoaumenta 2,3% a cada ano em ambos os gêneros ( p=0,042).qualidade de vida dos pacientes constipados foi significa-tivamente menor do que a qualidade de vida dos pacientesnão constipados, conforme todos os domínios do instru-mento (SF-36). A menor média dos escores dos domíniosfoi a vitalidade. O estudo obteve resultados satisfatóriosde consistência Interna segundo Alfa de Crombach acimade 0,8 em todos os domínios do instrumento.

da pesquisa, apresentaram sinais de desconforto físico, Iansiedade intensa ou outra reação emocional no início oudurante a aplicação do questionário. Resultados e Conclu-são: Dos 620 pacientes entrevistados, 306 (49,3%) apre-sentavam constipação intestinal crônica, cuja prevalênciafoi significativamente maior (p=0,004) entre as mulheres (203das 428, 47,4 %) do que entre os homens (54 dos 192 ho-mens, 28,1 %). O estudo mostrou também a associação es-tatisticamente significativa entre gênero feminino e uso delaxante (p < 0,001). O gênero masculino tem risco 40,4%

hipoalbuminemia (69%), constatou-se a presença desubnutrição acompanhada de inflamação, conforme foi ob-servado pelo aumento das citocinas inflamatórias (100%apresentavam Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α) aci-ma dos valores de referência, 43% apresentavam Interleu-cina-6 (IL-6) aumentada e 47% apresentavam Proteína-Creativa (PCR) aumentada. A Hcy se correlacionou positiva-mente com albumina e creatinina e negativamente comColesterol Total (CT), Lipoproteína de Alta Densidade(HDLc), Prega Cutânea do Tríceps (PCT), % de gorduracorporal, ácido fólico e vitamina B12. Os principais determi-nantes da hiperhomocisteinemia nesses pacientes foram opróprio método de diálise, a Circunferência Muscular doBraço (CMB), creatinina, creatina-kinase (Ck), HDLc eácido fólico. Entretanto, o melhor modelo que explicaria oaumento da concentração plasmática de Hcy nesses paci-entes foi determinado pela diálise, creatinina, Ck, ácido fólicoe CT. Conclui-se, portanto, que os pacientes estudadosapresentavam a Síndrome Subnutrição-Inflamação, a qualpoderia contribuir para o aumento da concentração plas-mática de Hcy, sendo que alguns dos principais marcado-res nutricionais que poderiam determinar essa hiper-homocisteinemia corroboram os achados de alguns auto-res quanto à presença do fenômeno da EpidemiologiaReversa nesses grupos.

Carla Cristina Silva de AlmeidaOrientadora: Profa. Dra. Paula Garcia ChiarelloDissertação de Mestrado apresentada em 04/06/2008

O acúmulo de Homocisteína (Hcy) é reconhecidocomo fator de risco para doenças cardiovasculares (DCV)e, em pacientes em diálise, esta associação pode estar in-vertida, demonstrando que uma redução, ao invés de umaumento na concentração de Hcy, pode ser preditor de re-sultados clínicos ruins e de DCV, fenômeno este referidocomo epidemiologia reversa. Dessa forma, o presente estu-do objetiva que o esclarecimento das relações entrehomocisteína, parâmetros indicadores do estado nutricional(bioquímicos, antropométricos e dietéticos), estado infla-matório e fatores de risco tradicionais para doenças cardio-vasculares em pacientes tratados com diálise, na presençaou não da síndrome subnutrição-inflamação, possam es-clarecer o significado da hiperhomocisteinemia nestes gru-pos. A hiperhomocisteinemia foi constatada em grande par-te dos pacientes em ambos os grupos (88,2% em HD e 81 %em PD), com prevalência total de 85,7%, sendo 60% na for-ma leve e 25,7% na forma moderada, embora os pacientesnão tenham apresentado deficiências de ácido fólico e vita-mina B12. Por meio da pontuação aumentada da AvaliaçãoSubjetiva Global (AGS) e importante prevalência de

RELAÇÃO ENTRE HOMOCISTEÍNA E PARÂMETROS DO ESTADO NUTRICIONAL EM PACIEN-TES MANTIDOS EM DIÁLISE

mar da aplicação clínica em humanos, muito ainda restapara ser compreendido sobre os mecanismos fisiológicosenvolvidos na cinética das células envolvidas na repara-ção tissular e os mecanismos farmacológicos e fisiológicosde mobilização/circulação e alojamento nos tecidos que ne-cessitam de reparo. O exercício físico é conhecidamente um

Camila Quaglio BertiniOrientadora: Profa. Dra. Belinda Pinto Simões Dissertação de Mestrado apresentada em 26/06/2008

Introdução: Ainda que o princípio da regeneraçãomiocárdica pela terapia celular já tenha alcançado o pata-

EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO NA MOBILIZAÇÃO DAS CÉLULAS-TRONCO CIRCULANTES:ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INDIVÍDUOS NORMAIS E PORTADORES DE INSUFICIÊNCIACARDÍACA

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FARMACOLOGIA

PAPEL DA QUIMIOCINA MIP-1ααααα E DO RECEPTOR CCR2 EM LESÕES PERIAPICAISOSTEOLÍTICAS EXPERIMENTAIS

de lesão periapical em camundongos, utilizando animaisgeneticamente deficientes para CCR2, o receptor de MCP-1, e de MIP-1α. A lesão periapical foi induzida por meio deexposição pulpar cirúrgica com o auxilio de uma broca ¼ einoculação de bactérias patogênicas. Os animais foram sa-crificados nos tempos de O, 3, 7, 14 e 21 dias. Os animaisMIP-1α KO apresentaram lesões semelhantes às dos ani-mais selvagens, enquanto os animais CCR2 KO apresenta-ram lesões de maior extensão. Da mesma forma, os animaisMIP-1α KO apresentaram uma cinética de expressão decitocinas e quimiocinas similar aos animais selvagens, en-quanto os animais CCR2 KO apresentaram uma maior ex-pressão de fatores relacionados à diferenciação e atividadede osteoclastos, e de migração de neutrófilos. Os resulta-dos sugerem que nenhuma das quimiocinas estudadas éindispensável na osteoclastogênese, e que o receptor CCR2,é importante na proteção do hospedeiro frente à destruiçãoóssea periapical.

Thiago Pompermaier GarletOrientador: Prof. Dr. Fernando de Queiroz CunhaDissertação de Mestrado apresentada em 09/04/2008

Lesões periapicais são alterações ósseas dos maxi-lares, decorrentes de processos infecciosos da polpadentária. Com a progressão do processo para o periápiceocorre a liberação de mediadores e a migração de célulasinflamatórias, desencadeando uma resposta inflamatória edestruição tecidual, com a reabsorção dos tecidos minera-lizados de suporte, comprometendo a sustentação do ele-mento dental. Sabe-se que diferentes citocinas e quimioci-nas participam do processo de osteoclastogênese e reab-sorção óssea em diferentes doenças, mas o papel destesmediadores na patogênese das lesões periapicais não estábem definido. O objetivo deste trabalho foi estudar o papelda quimiocina MIP-1α e do receptor CCR2 em um modelo

estímulo fisiológico mobilizador de células-tronco hemato-poéticas e possivelmente facilitador do processo de rege-neração dos tecidos lesados. Em sua maioria, porém, ostrabalhos que avaliam o papel do exercício físico incluempacientes portadores de cardiopatia tanto isquêmica quan-to não isquêmica. Neste sentido foi selecionado um grupode pacientes bastante restrito cuja causa de insuficiênciacardíaca era de origem hipertensiva e/ou diabética excluin-do-se casos de isquemia miocárdica. Para tal foi avaliado opapel do exercício físico, na forma de um teste ergométricosintoma-limitado, como estímulo para mobilização de trêscélulas envolvidas no processo de dano/reparo tissular:célula-tronco hematopoética, célula progenitora endoteliale célula endotelial circulante.

Resultados: O exercício físico foi capaz de mobilizar

os três tipos celulares para o sangue periférico de indivídu-os adultos saudáveis e nos indivíduos diabéticos/hiper-tensos sem cardiopatia (p<0,05). Nos indivíduos portado-res de miocardiopatia de origem diabética e hipertensivaapenas as células endoteliais circulantes aumentaram como esforço físico (p<0,05), não havendo aumento das outrasduas células.

Conclusão: o exercício físico em pacientes porta-dores de diabetes mellitus e hipertensão é capaz de mobili-zar células progenitoras (hematopoéticas e endoteliais), oque não ocorre no grupo com comprometimento cardíacoestabelecido. O aumento das CECs em cardiopatas refle-te a ocorrência de lesão tissular, neste grupo não secundá-ria à isquemia miocárdica, mas secundária à disfunção en-dotelial.

ENVOLVIMENTO DO SULFETO DE HIDROGÊNIO, ÓXIDO NÍTRICO, MONÓXIDO DE CARBO-NO E DA BILIVERDINA NA MIGRAÇÃO DE NEUTRÓFILOS

Daniela Dal SeccoOrientador: Prof. Dr. Fernando de Queiróz CunhaTese de Doutorado apresentada em 28/04/2008

No presente estudo investigamos o papel do sulfetode hidrogênio (H2S) no rolamento, adesão e migração dos

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canais de potássio sensíveis ao ATP (K+ATP). Essa suges-tão baseia-se no fato de que a glibenclamida, inibidor des-ses canais, previne os efeitos induzidos pelo H2S; enquan-to que o diazoxide, um abridor dos mesmos, apresenta efei-tos semelhantes aos do H2S. Por outro lado, demonstramosque os efeitos do H2S não decorrem da ativação da enzimaguanilato ciclase solúvel (GCs), visto que o inibidor dessaenzima (ODQ) não previne os efeitos do H2S, ao contrário,os efeitos do ODQ somam-se aos do H2S. No presente es-tudo investigamos, ainda, os mecanismos pelos quais oóxido nítrico (NO), e os produtos da heme oxigenase-1 (HO-1), monóxido de carbono (CO) ou biliverdina inibem a mi-gração de neutrófilos para a cavidade peritoneal induzidapor LPS. Observamos que estes mediadores inibem o re-crutamento neutrofílico por reduzirem a expressão de ICAM-1, e conseqüentemente, a adesão leucocitária. Além disto,os efeitos do NO e CO, diferentemente daqueles do H2S,são decorrentes da ativação da GCs, visto que na presençade ODQ, os efeitos destes mediadores foram inibidos. Ade-mais, os efeitos antiinflamatórios do NO são mediados in-diretamente através da ativação da HO-1, visto que a inibi-ção da atividade dessa enzima previne os efeitos do NO.Em conjunto, os resultados obtidos no presente trabalhosugerem que o H2S, NO, CO e a biliverdina são importantesmediadores envolvidos no controle da migração neutrofílica,atribuindo-lhes o status de importantes alvos para desen-volvimentos de novas farmacoterapias dirigidas ao manejode diversas doenças de origem inflamatória.

neutrófilos durante a resposta imune inata ou adaptativa.Observamos que o H2S aumenta a migração neutrofílica paraas cavidades peritoneal ou articular induzida por LPS (re-posta inata) ou mBSA (reposta adaptativa). Este efeito doH2S associa-se com uma potencialização do rolamento eadesão leucocitária no endotélio venular, devido ao aumen-to da expressão das moléculas de adesão P-selectina eICAM-1 nas células endoteliais, e também da quimiotaxiados neutrófilos. Confirmando que o aumento das moléculasde adesão está envolvido com o efeito do H2S, observamosque este mediador não potencializa a adesão e migraçãodos neutrófilos induzidas por LPS em camundongos defici-entes em ICAM-1 (ICAM-1-/-) ou em seu ligante β2-integrina(β2-integrina-/-). Observamos também que o H2S não alteraa produção dos mediadores quimiotáxicos para neutrófilos(TNF-κ, KC e LTB4) induzida por LPS ou mBSA, sugerindoque o efeito do H2S sobre a migração de neutrófilos nãoenvolve, além da expressão das moléculas de adesão e aquimiotaxia, a síntese e/ou liberação de mediadores qui-miotáxicos. Em relação aos efeitos do H2S sobre a quimiota-xia, demonstramos que ele aumenta a quimiotaxia de neu-trófilos induzida por CXCL8 (IL-8) ou CXCL2 (MIP-2). Esteefeito deve-se possivelmente a prevenção da internaliza-ção do receptor quimiotáxico destas quimiocinas, o CXCR2.Além disso, verificamos que há aumento da atividade daenzima formadora de H2S, a cistationina−γ-liase (CSE), emneutrófilos. Todos os efeitos produzidos pelo H2S sobre osparâmetros acima citados parecem decorrer da abertura de

uma vez que, mimetiza melhor a infecção. Desse modo opresente estudo objetivou a padronização do modelo deindução de resposta febril por infecção causada por E.colicomparando os mediadores envolvidos neste modelo comos conhecidamente importantes para a febre induzida peloLPS. Também investigamos o efeito do tratamento com di-ferentes antipiréticos sobre a febre e sobrevi da dos ratosinfectados na busca do entendimento sobre a importânciada resposta febril para a defesa do hospedeiro. Ratos con-troles (SAL) e os que receberam a dose de 103 UFC nãodesenvolveram resposta febril. Já os ratos que receberam106 e 108 UFC apresentaram resposta febril. A dose de 2,5 x108 UFC promoveu uma resposta febril considerável comuma baixa mortalidade (20%). Esta foi a dose escolhida paraavaliar o efeito dos antipiréticos na resposta febril por setratar de um estímulo não-severo, uma vez que os estímu-los com 5 x 108 e 109 UFC apesar de causar febres robustas,resultaram em choque séptico e na morte rápida de todosos animais. O aumento da temperatura corporal induzido

Denis de Melo SoaresOrientadora: Profa. Dra. Glória Emília Petto de SouzaTese de Doutorado apresentada em 09/05/2008

Tem sido sugerido que modelo de febre por toxinas(Ex. SEB e LPS) não é fisiologicamente relevante, pois du-rante uma infecção não há uma grande quantidade de toxi-na liberada de uma só vez, como as quantidades injetadasnestes experimentos. A injeção de E. coli subcutaneamenteem ratos promove o aparecimento de resposta febril ante-riormente ao aumento da concentração plasmática de IL-l eTNF-α mediadores considerados importantes para a res-posta febril induzida pelo LPS. A injeção de uma só vez, degrande quantidade das toxinas induz uma gama de media-dores que não necessariamente estão envolvidos na res-posta febril, possivelmente mascarando os mediadores re-almente importantes. Poucos estudos envolvendo respos-ta febril são realizados com a utilização de bactérias vivassendo necessário um melhor entendimento desse modelo,

ESTUDO DA RESPOSTA FEBRIL ONDUZIDA POR PERITONITE CAUSADA PELA i.p. DEEscherichia coli

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ratos que receberam esta dose. Por outro lado, no soro eexudato animais que receberam 109 UFC/cavidade houvedetecção de 2 vezes mais de IL-1β e IL-6 do que o encontra-do nos que receberam 2,5 x 108 UFC. Encontrou-se o dobroda concentração de TNF−α no soro, mas no exudato, ape-sar de ser maior que a encontrada na dose menor, foi menorque o ocorrido para o período de 0,5 na dose menor de-monstrando ocorrer um rápido aumento desta citocina nolocal da injeção. No CSF dos animais que receberam a dosede 109 UFC/cavidade ocorreu a detecção de TNF−α, IL1β eIL-6. O pré-tratamento com o antagonista de receptores deIL-1, o IL-1ra, não alterou a febre causada pela E coli. Opré-tratamento com o receptor solúvel de TNF (sTNFr), nãoalterou a febre causada por l08 UFC/cavidade de E coli.Nenhum dos antagonistas dos receptores de endotelina(ETA BQ 123 ou ETB BQ 788) ou de bradicinina (B2 HOE-140ou B1 DALBK) alteram a febre induzida tanto pela E. coli. Otratamento com o anticorpo anti IL-6 inibiu a febre induzi dapela E. coli. Com base nos achados acima demonstrados épossível concluir que o modelo de febre induzida pela bac-téria viva reproduz bem um quadro infeccioso, os mediado-res diferem daqueles envolvidos na febre do LPS. Alémdisso, nossos dados reforçam a necessidade de estudosaprofundados sobre os antipiréticos devido ao usoindiscriminado durante quadros infecciosos.

pela E. coli foi acompanhado por uma diminuição da tem-peratura da cauda dos animais, característico de febre, masnão de hipertermia. Foi realizada contagem de bactérias nolavado peritoneal e sangue no pico (3 h) de febre induzidapela injeção de E. coli com as respectivos valores de LogUFC ml–1: Sangue = 2,5±0,2; Lavado Peritoneal = 6,5±0,19.Os pré-tratamentos com dipirona (240 mg/kg) e paracetamol(300 mg/kg) promoveram melhora na sobrevida dos ani-mais, ao passo que tanto o diclofenaco como o celecoxibecausaram uma piora na sobrevida dos animais. A indometa-cina promoveu uma considerável redução da febre na dosede 8 mg/kg, mas não na dose de 2 mg/kg. As duas doses deindometacina promoveram piora na sobrevida. A dexameta-sona, não alterou a febre nem a sobrevida causada pela E.coli. O ibuprofeno não alterou a febre, mas 3 doses causa-ram priora na sobrevida dos animais. A injeção i.p. de 2,5 x108 UFC E. coli induziu um aumento na concentração dePGE2 no CSF dos ratos 0,5; 3; 12; 24 e 48 horas após estaadministração. O pico de aumento coincidiu com o pico detemperatura (3h). Observaram-se também quantidades sig-nificantes de TNF−α, IL-1β e IL-6, 3 h após a infecção nosoro dos animais que receberam 2,5 x 108 UFC/cavidadeforam detectados. Nos exudatos peritoneais foram detecta-dos TNF−α, IL-1 β e IL-6 no período de 0,5 e 3 h após ainfecção. Não houve detecção das citocinas no CSF dos

O PAPEL DO COMPLEMENTO C5A NA HIPERNOCICEPÇÃO MECÂNICA INFLAMATÓRIA: OPOTENCIAL DO USO DE ANTAGONISTAS DO RECEPTOR C5A PARA O CONTROLE DA DORINFLAMATÓRIA

Elizabeth TingOrientador: Prof. Dr. Sérgio Henrique FerreiraTese de Doutorado apresentada em 15/05/2008

O fator C5a é um produto liberado na ativação dosistema complemento, exibe um amplo espectro de ativida-des inflamatórias, particularmente quimioatração de neu-trófilos. No presente estudo, o papel do C5a na gênese dahipernocicepção inflamatória foi investigada em ratos e emcamundongos utilizando o antagonista específico do re-ceptor C5a, PMX53 (AcF-[OP (D-Cha) WR]). A hipernoci-cepção mecânica foi avaliada através do teste de Randall-Selitto modificado em ratos e o teste de Von Frey eletrônicomodificado em camundongos. As citocinas foram medidaspelo método de ELISA e a migração de neutrófilos foi deter-minada indiretamente pela atividade de mieloperoxidase(MPO). O pré- tratamento local dos ratos com PMX53 (60-180 µg/pata) inibiu a hipernocicepção induzida por zimosan,carragenina, lipopolissacarídeo (LPS) e antígeno (OVA).Estes efeitos estão associados ao bloqueio do receptor C5a.O PMX53 foi capaz também de inibir a hipernocicepção

induzida pelo soro ativado por zimosan (ZAS) e o próprioC5a, mas não quando os mediadores hipernociceptivos eramprostaglandina E2 e dopamina que exercem ações diretassobre o receptor da membrana na fibra aferente primária(nociceptor). Paralelamente aos mecanismos hipernocicep-tivos envolvendo C5a, PMX53 não alterou a liberação decitocinas induzida por estímulos inflamatórios. No entanto,PMX53 inibiu a hipernocicepção induzida por citocinas. OPMX53 também inibiu o recrutamento de neutrófilos indu-zido por zimosan, mas não por carragenina ou LPS, indican-do uma participação de neutrófilos no efeito hipernocicep-tivo induzido por C5a. Além disso, a hipernocicepçãoinduzida por C5a foi diminuída em ratos com depleção deneutrófilos. Em camundongos, o PMX53 foi capaz de redu-zir a hipernocicepção articular induzida por zimosan ou TNF-α. Estes resultados sugerem que C5a é um importante me-diador hipernociceptivo inflamatório que participa de ummecanismo independente da liberação de citocinas hiper-nociceptivas, porém dependentes da presença de neutrófi-los. Com isso, a inibição de C5a parece ter um potencialpara constituir uma nova terapia para o controle da dorinflamatória.

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ENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE NEUROTRANSMISSÃO SEROTONÉRGICO DO NÚCLEODORSAL DA RAFE E DA SUBSTÂNCIA CINZENTA PERIAQUEDUTAL DORSAL NA MEDIAÇÃODE COMPORTAMENTOS DEFENSIVOS ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADEGENERALIZADA E DO PÂNICO

esquiva inibitória.Na segunda etapa do presente estudo, procuramos

estender as análises sobre o envolvimento do NDR e daSCPD na mediação de respostas comportamentais defensi-vas, ao empregarmos outra espécie animal, o camundongo.Para tal, foram utilizados dois modelos experimentais quepermitem o estudo de vários comportamentos defensivoseliciados nesta espécie de roedores, em duas situações dis-tintas. A bateria de testes de defesa envolve o confrontodireto do camundongo com um rato anestesiado guiadopelo experimentador, o qual inicialmente se aproxima, emseguida persegue e finalmente entra em contato com o ca-mundongo. Já o teste de exposição ao rato foi desenvolvi-do para possibilitar uma situação de ameaça menos inten-sa, na qual uma grade impede o contato do rato com ocamundongo. Em tal situação, o camundongo pode procu-rar ou evitar o estímulo aversivo e assim regular sua própriaexposição à ameaça.

Para realização desta etapa, camundongos foramsubmetidos à cirurgia para implantação de cânulas no NDRou na SCPD visando à injeção intra-NDR de WAY-100635 eintra-SCPD de 8-OH-DPAT (agonista de receptores do tipo5-HT1A) ou de DOI (agonista de receptores dos tipos 5-HT2A/2C). Os dados obtidos na bateria de testes de defesacom a infusão de WAY-100635 no NDR mostraram que talprocedimento facilitou a expressão de comportamentos quetêm sido associados tanto à ansiedade generalizada (ex.avaliação de risco) quanto ao pânico (ex. fuga).

Por sua vez, a análise dos resultados obtidos nabateria de testes de defesa com a injeção de 8-OH-DPAT ede DOI na SCPD revelou que ambas as drogas prejudicarama expressão da resposta de fuga neste modelo. Por outrolado, os efeitos gerados sobre comportamentos defensivosrelacionados à ansiedade generalizada medidos na bateriade testes de defesa foram mais pronunciados com a admi-nistração de 8-OH-DPAT na SCPD. No teste de exposiçãoao rato, somente a infusão de 8-OH-DPAT na SCPD promo-veu efeitos comportamentais significativos. Tal procedimen-to prejudicou as respostas de esquiva e de avaliação de riscoemitidas pelos camundongos nesta situação experimental.

Em conjunto, os dados obtidos no presente estudoindicam que o sistema serotonérgico do NDR e da SCPD deduas espécies de roedores, ratos e camundongos, exerceimportante função na mediação de comportamentos defen-sivos que têm sido associados aos transtornos de ansieda-de generalizada (ex. esquiva e avaliação de risco) e do pâni-co (ex. fuga).

Roger Luís Henschel PobbeOrientador: Prof. Dr. Hélio Zangrossi JúniorTese de Doutorado apresentada em 02/06/2008

O núcleo dorsal da rafe (NDR), juntamente com onúcleo mediano da rafe (NMR), representa a principal fontede neurônios serotonérgicos que se projetam ao encéfaloanterior por vias ascendentes. Evidências experimentaisapontam para o envolvimento de duas vias distintas quepartem deste núcleo, a prosencefálica, inervando a amígda-la e o córtex frontal, e a periventricular, que envia projeçõespara a substância cinzenta periaquedutal dorsal (SCPD), namediação de respostas defensivas que têm sido relaciona-das à ansiedade (ex. esquiva inibitória) e ao medo (ex. fuga).Em termos de fisiopatologia, tais comportamentos têm sidoassociados, respectivamente, aos transtornos de ansieda-de generalizada e do pânico.

Na primeira etapa deste trabalho, investigamos oenvolvimento de uma área encefálica que tem sido relacio-nada ao controle da atividade de neurônios serotonérgicoslocalizados no NDR, a habênula lateral (HbL), na mediaçãodos comportamentos defensivos de esquiva inibitória e defuga de ratos expostos ao labirinto em T elevado (LTE).Para tal, ratos Wistar foram submetidos à lesão eletrolíticada HbL ou à implantação de cânulas nessa mesma estrutu-ra, visando a estimulação química por meio da infusão localdo aminoácido excitatório ácido caínico. Nossos dados mos-traram que a lesão eletrolítica da HbL prejudicou a esquivainibitória e facilitou a resposta de fuga dos animais no LTE.Já a estimulação química dos neurônios da HbL produziuefeito oposto, ou seja, facilitou a esquiva inibitória e preju-dicou a resposta de fuga.

Subseqüentemente, verificamos o efeito do bloqueiodos receptores serotonérgicos dos tipos 5-HT1A e 5-HT2A

da SCPD e dos receptores glutamatérgicos do tipo NMDAdo NDR, previamente à estimulação química dos neurôniosda HbL. Os dados obtidos revelaram que a infusão préviade WAY-100635 (antagonista de receptores do tipo 5-HT1A)na SCPD reverteu o efeito da administração intra-HbL deácido caínico sobre a resposta de fuga. Já a injeção préviade quetanserina (antagonista preferencial de receptores dotipo 5-HT2A) nesta área encefálica foi capaz de bloquear osefeitos da estimulação química da HbL sobre as duas res-postas de defesa avaliadas no LTE. Em relação ao NDR, aadministração prévia de AP-7 (antagonista de receptoresglutamatérgicos do tipo NMDA) neste núcleo bloqueou oefeito da estimulação química da HbL sobre a resposta de

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quando as células foram incubadas com KT5720. A isopre-nalina e a forscolina aumentaram a produção de NO, que foiparcialmente inibida pelo L-NNA. Entretanto, a incubaçãodas células com KT5720 não modificou a produção de NOativada pela isoprenalina ou forscolina. A produção de NOfoi semelhante em meio contendo Ca+2 (1,6 mmol/L) ou emmeio zero-Ca+2. A incubação das células com verapamilnão modificou a produção de NO ativada pela isoprenalinaou forscolina. Entretanto, a associação de 2-ABP e tetracaínainibiu a produção de NO ativada com isoprenalina e forsco-lina. A incubação das células apenas com o 2-APB dimi-nuiu mais significativamente a produção de NO ativada pelaforscolina do que a ativada pela isoprenalina. Já a incuba-ção das células apenas com tetracaína teve maior efeitoinibitório sobre a produção de NO ativada pela isoprenali-na do que a ativada pela forscolina. A inibição da calmodu-lina com o W7 praticamente aboliu a produção de NO ativa-da pela isoprenalina e pela forscolina. O conjunto dos nos-sos resultados permite sugerir que em células endoteliaisda aorta de ratos, a isoprenalina e forscolina aumentam a[Ca+2]c via ativação da PKA pela liberação de Ca+2 doretículo endoplasmático através de receptores de IP3 e derianodina e pelo influxo extracelular de Ca+2. A produçãode NO é dependente de Ca+2 e da formação do complexoCa+2-calmodulina, mas independente da PKA. Os íons Ca+2relacionados à produção de NO são primariamente libera-dos do retículo endoplasmático, via receptores de IP3 e derianodina. Palavras-chave: endotélio, óxido nítrico, AMPc,cálcio, isoprenalina e forscolina.

Mário dos Anjos Neto FilhoOrientadora: Profa. Dra. Lusiane Maria BendhackTese de Doutorado apresentada em 06/06/2008

A enzima adenilato-ciclase pode ser ativada via re-ceptores b-adrenérgicos acoplados à proteína Gs por ago-nistas como a isoprenalina ou pela ativação direta com fors-colina, resultando na produção de AMPc, que ativa a PKA,capaz de modular a concentração citoplasmática de Ca+2([Ca+2]c). A hipótese do estudo foi de que a isoprenalina(via receptores b-adrenérgicos) e a forscolina (diretamen-te) poderiam ativar o aumento da [Ca+2]c pela mobilizaçãodos estoques de Ca+2 do retículo endoplasmático, via re-ceptores de IP3 e de rianodina, e/ou pelo influxo de Ca+2,favorecendo a formação do complexo Ca+2-calmodulina,ativando a eNOS que produz NO em células endoteliais deaorta de ratos. Demonstramos que a isoprenalina e a fors-colina mobilizaram Ca+2 do retículo endoplasmático, umavez que a incubação das células (meio zero-Ca+2) com aassociação de 2-APB e tetracaína diminuiu a [Ca+2]c abai-xo do basal. O 2-APB inibiu mais significativamente o efei-to da isoprenalina sobre a [Ca+2]c do que o efeito da fors-colina. Por outro lado, a tetracaína teve maior efeito inibitó-rio sobre a forscolina em aumentar a [Ca+2]c do que a iso-prenalina. Em meio contendo Ca+2 (1,6 mmol/L), a incuba-ção das células com verapamil diminuiu o efeito da isopre-nalina e da forscolina sobre a [Ca+2]c. O efeito da isoprena-lina sobre a [Ca+2]c foi mais inibido do que o da forscolina

EFEITOS DA ISOPRENALINA E DA FORSCOLINA SOBRE A MOBILIZAÇÃO DE CA+2 E PRO-DUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO EM CÉLULAS ENDOTELIAIS DE AORTA DE RATOS

não grávidas (NG, na fase estro do ciclo estral) e grávidas(G, 19-20 dias de gestação). Os experimentos foram realiza-dos em vasos com o endotélio preservado ou removido, naausência ou presença de inibidor de NOS, NG-nitro-L-arginina (L-NNA, 100 µM), sequestrador de NO, hemoglo-bina (Hb, 10 µM), de inibidor da COX, diclofenaco de sódio(DF, 10 µM), e de inibidor da sintase- de TXA2, ozagret{OZ, µM). As respostas contráteis à FE e ao KCI foramdiminuídas em anéis de aorta de G. Após remoção da cama-da endotelial e na presença de L-NNA ou Hb as respostasforam aumentadas e as diferenças entre os grupos diminu-íram. DF sozinho não afetou a resposta em anéis de G e NG.A adição de L-NNA ou Hb após a incubação com DF au-mentou a reatividade de NG e G, mas não aboliu as diferen-ças entre os grupos. De modo similar ao DF, OZ não alterou

Maria Regina MartinezOrientadora: Profa. Dra. Maria Cristina de Oliveira SalgadoTese de Doutorado apresentada em 16/06/2008

O término da gestação em ratas está associado auma diminuída reatividade a agentes vasoconstritores quepode ser mediada por alterações na produção ou liberaçãode óxido nítrico (NO) e/ou prostanóides. Este trabalho es-tuda a contribuição do NO e/ou prostanóides, além de umapossível interação entre os produtos dependentes da ativi-dade NOS e COX, na diminuída resposta a constritores emanéis de aorta de ratas ao término da gestação. Curvas con-centração-efeito à fenilefrina (FE) ou cloreto de potássio(KCI) foram construídas em anéis de aorta torácica de ratas

INTERAÇÃO ENTRE AS VIAS DE FORMAÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO E PROSTANÓIDES NAHIPOREATIVIDADE VASCULAR A CONSTRITORES ASSOCIADA AO TÉRMINO DA GESTAÇÃOEM RATAS

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sugerem que a inibição do NO na aorta de ratas grávidasfavorece a formação de tromboxano A2; contudo, a forma-ção de tromboxano A2 depende da síntese prévia de NO.

a reatividade à FE e ao KCI, mas afetou o efeito do L-NNA.Surpreendentemente, a adição de L-NNA antes de OZ foicapaz de abolir as diferenças entre G e NG. Estes resultados

persistente para todos os tratamentos propostos. TantoPKA quanto PKC- epsilon parecem ser igualmente impor-tantes visto que sua inibição isolada ou concomitante pre-veniu o quadro persistente. Da mesma forma, a ativaçãodiária de PKA ou PKC- epsilon, utilizando agonistas sele-tivos, é capaz de induzir um quadro de hipernocicepçãopersistente similar ao induzido pela PGE2. Também inves-tigamos a participação do fator de transcrição relacionadoà via de sinalização AMPc-PKA, o CREB, e do fator detranscrição kappa B (NF-kappa B). Observamos que CREBparece ser importante para a expressão do fenótipo de hi-pernocicepção persistente, enquanto que NF-kappa B pa-rece não ser importante para a instalação do quadro. O con-junto de nossos resultados sugere fortemente que analgesiasem inibição do processo inflamatório pode ser um trata-mento não eficaz quando a prevenção de mudanças nonociceptor que levam à cronificação é desejada. Adicional-mente, PKA e PKC- epsilon parecem ter um papel chave nasensibilização aguda do nociceptor bem como na sensibi-lização crônica.

Mani Indiana FunezOrientador: Prof. Dr. Sérgio Henrique FerreiraTese de Doutorado apresentada em 17/06/2008

O objetivo do presente estudo foi investigar os me-canismos responsáveis pela persistência da hipernocicep-ção mecânica induzida pelo principal mediador inibido pordrogas antiinflamatórias não-esteroidais (AINEs), PGE2(prostaglandina E2). Observamos que a antinocicepção di-ária induzida por dipirona ou oligodeoxinucleotídeos(ODNs) para canais de sódio Nav 1.8 não é suficiente paraprevenir a instalação do quadro persistente. Numa segun-da etapa de nossos experimentos investigamos se a ativa-ção da via de sinalização da PGE2 poderia conter elementosimportantes para o processo de cronificação. Como ferra-menta foram utilizadas drogas inibidoras das duas princi-pais quinases ativadas pela PGE2, PKA e PKC- epsilon, alémde uma droga inibidora de adenilil ciclase. Neste caso foiobservada prevenção total do quadro de hipernocicepção

INVESTIGAÇÃO DOS MECANISMOS MOLECULARES ASSOCIADOS À INDUÇÃO DA HIPER-

NOCICEPÇÃO PERSISTENTE PELA ADMINISTRAÇÃO INTRAPLANTAR DE PGE2

fêmeas, sendo o nidopálio caudomedial (NCM) um núcleoproeminentemente relacionado a esse reconhecimento e àmemória auditiva. O NCM responde especificamente aocanto da espécie induzindo a expressão do gene de expres-são imediata (IEG) zenk, um fator de transcrição responsá-vel pela expressão de diversos genes alvo. Porém, os meca-nismos neurais e sinápticos no NCM e como eles respon-dem ao estímulo canoro são pouco conhecidos. O objetivodeste trabalho é a investigação das características da neu-rotransmissão dos neurônios do NCM em fatias frescas.Para isso, mandarins (Taeniopyia guttatta) adultos machose fêmeas foram estimulados com canto específico da espé-cie ou mantidos em isolamento. O registro da atividade

André Luiz Andreotti DagostinOrientador: Prof. Dr. Ricardo Mauricio Xavier LeãoDissertação de Mestrado apresentada em 08/04/2008

O canto em pássaros canoros é usado para a demar-cação territorial e para o acasalamento. Assim, para que umindivíduo seja bem sucedido em seu contexto social, é ne-cessário que aprenda a cantar e reconhecer o canto de suaespécie de maneira adequada. A habilidade de aprender ocanto não é característica geral dos pássaros, mas sim, deum grupo específico: os pássaros canoros (subordemoscine). O circuito telencefálico responsável pelo reconhe-cimento do canto é presente tanto em machos quanto em

FISIOLOGIA

CARACTERIZAÇÃO DAS NEUROTRANSMISSÕES GABAérgica E GLUTAMATÉRGICA EM UMNÚCLEO ENVOLVIDO NO PROCESSAMENTO AUDITIVO EM PÁSSAROS CANOROS

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sináptica foi feito utilizando-se a técnica de patch-clampem modo voltage clamp para registros de correntes pós-sinápticas espontâneas (sPSCs). Em nossos registros, ob-servamos que as correntes que compõem a neurotransmis-são no NCM são geradas pelos neurotransmissores GABA(sIPSCs) e glutamato (sEPSCs), sendo os sIPSCs muitomais abundantes que os sEPSCs. Os registros de correntesem miniatura (na presença de TTX) mostraram que assEPSCs correspondem a mEPSCs, diferentemente dossIPSCs, que são bastante sensíveis à TTX. A estimulaçãopelo canto aumentou a excitabilidade da rede glutamatérgi-ca evidenciada pelo aparecimento de bursts de correntes

glutamatérgicas após a desinibição por bicuculina. Em ma-chos estimulados, essas correntes apareceram mesmo sema inibição da transmissão GABAérgica e provavelmentesão a causa do aumento da freqüência dos sISPCs no NCMdesses pássaros. Experimentos em fêmeas isoladas de ma-chos por 7 a 30 dias sugerem que a conectividade da redeglutamatérgica no NCM dependa de um contínuo estímulocanoro. Concluímos que o estímulo canoro desencadeiaum aumento da excitabilidade dos neurônios glutamatérgi-cos no NCM que poderia representar uma forma de plasti-cidade induzida pelo canto relevante para o reconhecimen-to vocal do pássaro.

lado por cocaína e anfetamina (CART), fator liberador decorticotrofina (CRF), pró-hormônio concentrador demelanina (pró-MCH), orexina A, receptor de forma longa deleptina (ObRb) e receptor 4 da melanocortina (MC4-R) emnúcleos específicos do hipotálamo: núcleo arqueado (ARC),núcleo paraventricular (PVN) e área hipotalâmica lateral(LHA). Em um outro protocolo experimental realizou-se ainjeção intracerebroventricular (ventrículo lateral, icv) deleptina (10 µg/5µL) ou salina estéril em ratas OVX e OVX+E,uma hora antes do início da fase escura (17h) para determi-nação da ingestão alimentar e do peso corporal. Observa-mos que a reposição de estradiol em ratas ovariectomizadasinduziu: menor ingestão alimentar e menor ganho de pesocorporal, maiores concentrações plasmáticas de leptina noestado pré-alimentar, bem como em resposta à alimentação;redução da expressão de RNAm de NPY, AgRP e CART noARC; e de orexina A na LHA; aumento da expressão deRNAm de ObRb, MC4-R, CART e, principalmente, de CRFno PVN e de ObRb e CART na LHA. No protocolo de inje-ção icv de leptina, a resposta anorexigênica foi semelhanteentre os grupos OVX e OVX+E, porém, a perda de peso foimaior no grupo OVX+E, indicando efeito maior da leptinano gasto energético com a reposição estrogênica. O con-junto desses dados sugere que o efeito hipofágico doestradiol está associado à redução da expressão gênica deneuropeptídeos orexigênicos como NPY, AgRP e orexina Ae aumento da expressão gênica de MC4-R, ObRb e do CRF,receptores e neuropeptídeo com efeitos anorexigênicos, nohipotálamo. Além disso, a expressão maior de CRF poderiacontribuir para o aumento do efeito da leptina no gastoenergético na presença do estradiol. Sendo assim, os efei-tos do estradiol na homeostase energética são observadostanto na ingestão alimentar como no gasto energético. Es-ses efeitos são mediados por fatores periféricos, como aliberação de leptina pelo tecido adiposo; e por fatores cen-trais, como expressão diferenciada de neuropeptídeos hi-potalâmicos.

Lilian Eslaine Costa MendesOrientadora: Profa. Dra. Lucila Leico Kagohara EliasDissertação de Mestrado apresentada em 17/04/2008

A ingestão alimentar é controlada por fatores neu-rais, endócrinos, adipocitários e intestinais. O sistema ner-voso central, mais especificamente o hipotálamo, juntamentecom os sinais periféricos indicadores do estado nutricionalinteragem no controle da homeostase energética. Diferen-tes neuropeptídeos e receptores expressos no hipotálamoapresentam efeitos específicos na ingestão alimentar pormeio de suas ações anorexígenas ou orexígenas e no balan-ço energético. O estradiol também participa na regulaçãoda homeostase energética, como evidenciado pelo aumen-to da ingestão alimentar e do ganho de peso corporal apósovariectomia. Desta forma, o objetivo do presente estudofoi avaliar os efeitos da ovariectomia, com e sem reposiçãode estradiol, na ingestão alimentar e na expressão gênicade mediadores hipotalâmicos envolvidos no controle dahomeostase energética. Para tanto, ratas Wistar foram sub-metidas à ovariectomia bilateral (OVX) e divididas em doisgrupos: animais que receberam injeção subcutânea decipionato de estradiol (10 µg/Kg peso corporal, grupoOVX+E); e animais sem reposição que receberam apenasveículo (óleo de milho, grupo OVX), por oito dias consecu-tivos. A ingestão alimentar e o peso corporal foram avalia-dos durante este período, e no oitavo dia, a dieta foi retira-da às 16h e um subgrupo de ratas OVX e OVX+E foi deca-pitado às 17h (período pré-alimentação). Outro subgrupode ratas OVX e OVX+E, teve a dieta reapresentada às 18h,e decapitado às 22h (período pós-alimentação). Amostrasde sangue do tronco e o cérebro foram coletados sob con-dições livres de RNase. O plasma foi utilizado para dosa-gem de leptina por radioimunoensaio e o cérebro para quan-tificação, por PCR em tempo real, da expressão de RNAmde neuropeptídeo Y (NPY), proteína relacionada ao agouti(AgRP), pró-opiomelanocortina (POMC), transcrito regu-

EFEITOS DO ESTRADIOL NA EXPRESSÃO HIPOTALÂMICA DOS MEDIADORES ENVOLVIDOSNO CONTROLE DA HOMEOSTASE ENERGÉTICA

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Valéria Ernetânia ChavesOrientadora: Profa. Dra. Isis do Carmo KettelhutTese de Doutorado apresentada em 05/05/2008

O objetivo do presente trabalho foi verificar o efeitoda dieta hipercalórica (do tipo cafeteria) na geração deglicerol-3-fosfato (G3P) pelos tecidos adiposos branco(TAB) e marrom (TAM) antes e após a desnervação simpá-tica cirúrgica unilateral. As três vias metabólicas de gera-ção de G3P foram investigadas: a) via glicolítica, estimadapela captação de glicose in vivo, b) via gliceroneogênica,avaliada pela incorporação de 1-14C-piruvato em glicerol-triacilglicerol (TAG) e pela atividade da fosfoenolpiruvatocarboxiquinase (PEPCK); e c) processo de fosforilação di-reta do glicerol, avaliado pela incorporação de glicerol-U-14C em glicerol-TAG e pela atividade da gliceroquinase(GK). Como controle dos ratos alimentados com a dietacafeteria foram utilizados ratos alimentados com dieta ba-lanceada comercial. Os dois grupos foram submetidos àdesnervação cirúrgica unilateral do tecido adiposo marrom(TAM) e apenas o grupo cafeteria foi submetido à desner-vação do tecido adiposo branco (TAB) retroperitoneal. Ostecidos contralaterais intactos foram utilizados como con-trole. A administração da dieta cafeteria durante três sema-nas induziu um aumento acentuado nos níveis plasmáticosde insulina e triacilglicerol (TAG), no conteúdo de ácidograxo total da carcaça, no peso de diferentes depósitos deTAB (epididimal, retroperitoneal, inguinal e mesentérico) ena capacidade termogênica do TAM, avaliada pela veloci-dade de renovação de noradrenalina, pela ligação de GDP epelo conteúdo de UCP-1, sem, no entanto, alterar o ganhode peso corporal dos animais quando comparado aos con-

troles. Os resultados obtidos na avaliação das vias de ge-ração de G3P mostram que, após três semanas, os ratosalimentados com a dieta cafeteria apresentam uma maiorvelocidade de captação de glicose no TAM e no TAB (epi-didimal e retroperitoneal). Esses animais também apresen-tam um aumento na atividade da GK e na velocidade deincorporação de glicerol-U-14C em glicerol-TAG in vitroem ambos os tecidos. Em contraste aos efeitos na utiliza-ção de glicose, na atividade da GK e na síntese de glicerol-TAG de glicerol, a dieta cafeteria induziu uma reduçãoacetuada na atividade da PEPCK e na velocidade de incor-poração de 1-14C-piruvato em glicerol-TAG em ambos TAMe TAB (epididimal e retroperitoneal). A desnervação do TAMe TAB retroperitoneal promoveu uma redução significativa(50%) na atividade da GK, mas não afetou a captação deglicose e a gliceroneogênese, avaliada pela atividade daenzima chave e pelo fluxo da via. Nossos resultados de-monstram que a gliceroneogênese pode ser inibida paraajustar o suprimento de G3P em situações em que a produ-ção deste metabólito por outras vias (glicolítica e glicero-quinase) encontra-se aumentada. Este achado suporta ahipótese que a atividade das vias geradoras de G3P sãoreguladas para manter o suprimento adequado de G3P ne-cessário para a esterificação e armazenamento de TAG. Osresultados obtidos com a desnervação do tecido adiposo,especialmente do TAM (um tecido ricamente inervado), per-mitem-nos sugerir a existência de uma regulação reciproca-mente coordenada entre as vias glicolítica e gliceroneogê-nica, independente do processo de fosforilação direta doglicerol pela gliceroquinase, garantindo o fornecimento deG3P necessário para a esterificação dos ácidos graxos earmazenamento do TAG.

EFEITOS DA DIETA HIPERCALÓRICA E DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO NA GERAÇÃODE GLICEROL-3-FOSFATO NOS TECIDOS ADIPOSOS BRANCO E MARROM DE RATOS

cos 5-HT1A, 5-HT2 e 5-HT7, no RMg, na modulação daventilação (VE) e da termorregulação em resposta ao CO2.Para tal, ratos Wistar receberam microinjeções de: 1) ácidoibotênico, para causar lesão não-específica do RMg, ouseja, lesão de qualquer neurônio que possua receptorespara aminoácidos excitatórios; 2) anti-SERT-SAP para cau-sar lesão específica dos neurônios serotoninérgicos doRMg; 3) WAY-100635 (antagonista do receptor 5-HT1A),Ketanserina (antagonista do receptor 5-HT2), ou SB269970(antagonista do receptor 5-HT7) para causar bloqueio dosreceptores serotoninérgicos do RMg. A hipercapnia cau-sou hiperventilação e hipotermia em todos os grupos. Le-sões do RMg (tanto não-específicas quanto específicas)resultaram em diminuição da resposta ventilatória ao CO2,sendo que as lesões específicas causaram também uma ate-

Mirela Barros DiasOrientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme de Siqueira BrancoTese de Doutorado apresentada em 07/05/2008

Estudo Nº 1: Participação do núcleo magno da rafena resposta ventilatória e termorregulatória à hipercapnia

Sabe-se que a serotonina (5-HT) participa das res-postas fisiológicas à hipercapnia e evidências indicam queos neurônios serotoninérgicos da rafe bulbar são quimios-sensíveis. No núcleo magno da rafe (RMg), 15–20% dosneurônios são serotoninérgicos. No presente estudo, foiestudado: 1) o envolvimento do RMg nas respostasventilatória e termorregulatória à hipercapnia (7% CO2); 2)o papel dos neurônios serotoninérgicos do RMg nestasrespostas; 3) a participação dos receptores serotoninérgi-

PAPEL DOS NÚCLEOS DA RAFE NA QUIMIOSSENSIBILIDADE AO CO2/pH

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nuação da ventilação em condições de normocapnia. A res-posta hipotérmica à hipercapnia não foi modificada por le-são específica ou não-específica dos neurônios serotoni-nérgicos. A microinjeção de SB269970 ou ketanserina intra-RMg não alterou a hiperventilação induzida por hipercap-nia, porém o tratamento com WAY-100635 causou atenua-ção da resposta ventilatória ao CO2. A resposta térmica aoCO2 não foi modificada pela microinjeção dos antagonistasdos receptores serotoninérgicos 5-HT1A, 5-HT2 ou 5-HT7.Nossos resultados sugerem que o RMg participa da res-posta ventilatória à hipercapnia, mas não possui papel naresposta termorregulatória ao CO2. Ainda, os neurôniosserotoninérgicos do RMg, além de participarem da respos-ta ventilatória ao CO2, têm papel tônico no controle da ven-tilação. Os resultados mostram também que a serotonina,atuando nos receptors 5-HT1A do RMg, causa aumento daventilação durante a exposição ao CO2.

Estudo Nº 2: Interação entre o Núcleo Obscuro daRafe e Núcleo Retrotrapezóide na resposta ventilatória àacidificação local

Estudo prévio mostrou que a inibição simultânea donúcleo retrotrapezóide (RTN) e do núcleo obscuro da rafe(ROb) diminui em 51% a resposta ventilatória à hipercap-nia, sendo este efeito maior do que a inibição do RTN (-24%) ou ROb (0%) separadamente, o que sugere que o RObmodula a quimiorrecepção por meio da interação com o RTN.A interação do ROb com o RTN na resposta ventilatória ao

CO2 foi investigada por meio da microdiálise de líquidocérebro-espinhal equilibrado com 25% de CO2, simultanea-mente em 2 sondas posicionadas em direção ao RTN e aoROb, ou adjacentes à esses núcleos, em ratos. A ventilaçãofoi mensurada por meio de pletismografia corporal à tempe-ratura ambiente de 30°C, correspondente à zona termoneutrado animal. Os animais foram divididos em 4 grupos (N=5):1) ambos os probes posicionados no RTN e ROb (“RTN-ROb”); 2) um dos probes posicionado no RTN e o outroprobe posicionado perifericamente ao ROb (“RTN – peri-ROb”); 3) um dos probes posicionado no ROb, o outroadjacente ao RTN (“ROb – peri-RTN”); 4) ambos os probesposicionados perifericamente às áreas de interesse (“peri-RTN –peri-ROb”). A acidificação local do “RTN-ROb” au-mentou significativamente a .VE em até 22%, comparadocom a .VE basal, sendo este aumento devido tanto ao au-mento da f quanto do VT. A acidificação do grupo “RTN -peri-ROb” aumentou a .VE em até 15%, comparado com a.VE basal, enquanto que no grupo “ROb – peri-RTN”, aacidificação local não modificou a .VE em relação aos seusvalores basais. A acidificação de regiões periféricas ao RTNe ROb reduziu em 11% a resposta ventilatória ao CO2, emcomparação com a .VE basal. Os resultados deste estudomostram que a simultânea acidificação do RTN e ROb po-tencializou os efeitos da acidificação local do RTN, indi-cando que o ROb possui um papel modulador no que dizrespeito à quimiorrecepção central exercida pelo RTN.

HETEROGENEIDADE GENÉTICA DA SÍNDROME DE RESISTÊNCIA AO ACTH

probandos das famílias 1, 2, 4 e 5 apresentavam insuficiên-cia adrenal primária precoce, enquanto o probando da famí-lia 3 apresentava acalásia e alácrima, além da insuficiênciaadrenal primária. O sequenciamento da região codificadorado gene MC2R revelou, na paciente 1, uma mutaçãomissense em homozigose, que resulta na substituição deglicina por valina no códon 116 (p.Gly116Val), não descritapreviamente. Seus pais bem como seu irmão saudável apre-sentaram a mesma mutação em heterozigose. O estudo fun-cional em células Y6 transfectadas com o DNA do receptorMC2R normal ou a variante G116V mostrou uma diminuiçãona geração de AMPc pelo receptor mutado, quando com-parado com o receptor normal. O sequenciamento do geneMRAP mostrou, na paciente 2, uma mutação missense emhomozigose (p.Met1Ile) no códon de iniciação desse gene(exon 3). A análise molecular do gene AAAS da paciente 3revelou, uma mutação inédita, caracterizada por deleçãog.782_783delTG no exon 1, a qual introduz um códon deparada prematuro na posição 19. Nas outras duas pacien-tes não encontramos nenhum alteração nos genes analisa-dos. A análise molecular da região promotora do MC2Rmostrou nas pacientes 1, 2, 4 e 5 a alteração em homozigoseCG para GC nos nucleotídeos -790/-791; A para G no

Cristhianna Viesti Advincula CollaresOrientadora: Profa. Dra. Lucila Leico Kagohara EliasTese de Doutorado apresentada em 08/05/2008

A síndrome de resistência ao ACTH inclui a defici-ência de glicocorticóide familial (DGF) e a síndrome do tri-plo A. Estas doenças são raras, ambas apresentam herançaautossômica recessiva e caracterizam-se pela presença deinsuficiência adrenal primária. A DGF é uma doença geneti-camente heterogênea caracterizada pela ausência de res-posta da adrenal ao ACTH sem deficiência de mineralocor-ticóide. Mutações no gene do receptor do ACTH (MC2R)são causas de DGF. Recentemente, a proteína acessória aoreceptor 2 da melanocortina (MRAP) foi descrita como umco-fator essencial para a expressão do MC2R. Mutaçõesno gene MRAP foram associadas à DGF. A síndrome dotriplo A é caracterizada pela tríade insuficiência adrenal,acalasia e alácrima. O gene AAAS, que codifica uma proteí-na de 547 aminoácidos denominada ALADIN, foi identifi-cado como base molecular da síndrome do triplo A. Nopresente estudo realizamos a análise molecular dos genesMC2R, MRAP e AAAS em cinco famílias brasileiras, nãorelacionadas, com síndrome de resistência ao ACTH. Os

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nucleotídeo -694 e A para C no nucleotídeo -759. Estas alte-rações também foram encontradas em indivíduos contro-les. Estes resultados demonstram que mutações nos genesMC2R e MRAP estão associadas com a DGF e que a deleção

encontrada no gene AAAS está associada com a síndromedo triplo A. A mutação p.Gly116Val do gene MC2R, induzperda da sinalização deste receptor, levando à resistênciaao ACTH.

ção de LPS aumentou a concentração plasmática de AVP,OT e nitrito. O tratamento prévio com o antagonista doreceptor V1 in vivo diminuiu a concentração plasmática denitrito e atenuou a hipotensão induzida pelo LPS. Por outrolado, o tratamento com antagonista do receptor de OT nãodemonstrou efeito. A incubação de cultura de macrófagocom LPS causou um aumento significativo na concentra-ção de nitrito no meio de cultura. A AVP aumentou a produ-ção de nitrito pelos macrófagos ativados com LPS, mas nãonos macrófagos não ativados. A OT, por outro lado, nãoafetou a produção de nitrito pelos macrófagos. O antago-nista do subtipo V1a do receptor de AVP inibiu o efeito daAVP, enquanto os antagonistas dos receptores de V1b e V2não demonstraram efeito. Portanto, este estudo sugere queos macrófagos podem ser células alvo da AVP, e este hor-mônio neuro–hipofisário age sinergicamente com o LPS in-duzindo a produção de NO por macrófagos.

Angelita Maria StábileOrientadora: Profa. Dra. Evelin Capellari CárnioTese de Doutorado apresentada em 13/05/2008

A vasopressina (AVP) e a ocitocina (OT) são hor-mônios peptídicos sintetizados nos núcleos supraóptico eparaventricular do hipotálamo e estocados na neuro–hipófise. Estes hormônios possuem ações bem definidasna regulação da homeostase e das funções reprodutivas.Entretanto, a AVP e a OT e seus receptores têm sido encon-trados em tecidos relacionados com o sistema imunológicocomo o timo e os macrófagos. O objetivo deste trabalho foideterminar se a AVP e a OT afetam a síntese de óxido nítrico(NO) in vivo e em cultura de macrófagos peritoniais estimu-ladas com lipopolissacarídeo (LPS) por meio da mensuraçãoda produção de nitrito, um metabólito do NO. A administra-

PAPEL DOS HORMÔNIOS NEURO-HIPOFISÁRIOS NA SÍNTESE DE ÓXIDO NÍTRICO PORMACRÓFAGOS PERITONIAIS

gos apresentam perfil farmacológico e eletrofisiológico ca-racterístico do subtipo P2X2. Além disso, existem evidênci-as de que o influxo de Ca2+ (gerado pela abertura do recep-tor P2X) ativa canais para K+ de alta condutância (BKCa) eque estes podem influenciar o decurso temporal dadessensibilização dos receptores P2X nessas células. Des-sa forma, o presente estudo objetivou identificar os subti-pos de receptores purinérgicos P2X em células de Leydigde camundongos adultos, analisando propriedades mole-culares e eletrofisiológicas dessas células, e observar se háinteração entre estes e a atividade de canais para K+ativados por Ca2+ de alta condutância (BKCa). Experimen-tos de “Western Blot” e Imunofluorescência mostraram apresença de receptores purinérgicos dos subtipos P2X2,P2X4, P2X6 e P2X7 nas células de Leydig. Registroseletrofisiológicos, utilizando a técnica de “patch clamp”sugerem a presença de receptores heteroméricos, possi-velmente P2X2/4/6, que exibem perfil farmacológico domi-nante para a subunidade P2X2 e indicam que há interaçãoentre os canais BKCa e o influxo de Ca2+ decorrente daativação de receptores P2X. O aumento de atividade doscanais BKCa após o influxo de Ca2+ por abertura de canaisP2X é dose-dependente e reversível. Os resultados de cap-tação de corantes fluorescentes mostram que os recepto-res P2X7 não são funcionais nessas células.

Ligia Subitoni AntonioOrientador: Prof. Dr. Wamberto Antonio VarandaDissertação de Mestrado apresentada em 16/05/2008

Nos últimos anos, o ATP tem sido alvo de estudoem vários aspectos ligados à sinalização intercelular. Háevidências de que ele possa atuar tanto exercendo a fun-ção de mediador de eventos rápidos, como na neurotrans-missão, como também em processos celulares de longo pra-zo, envolvendo mecanismos ligados à proteína G. A açãodo ATP na membrana celular se dá por meio de receptorespurinérgicos do tipo P2X (canais iônicos ativados porligantes) e P2Y (receptores acoplados à proteína G). Até omomento, já foram identificados e clonados sete subtiposde receptores P2X (P2X1 - P2X7). O influxo de cálcio (Ca2+)por esses canais justifica em parte o aumento da concen-tração de Ca2+ intracelular ([Ca2+]i) observado em algu-mas situações fisiológicas, o que evidencia que esta é umaimportante via envolvida nas respostas mediadas por re-ceptores P2X in vivo. O tratamento de células de Leydig deratos e camundongos, com ATP, causa aumento na [Ca2+]ie na secreção de testosterona, reforçando a hipótese deque a sinalização via Ca2+ pode contribuir para o controleda secreção de testosterona nessas células. Os receptorespurinérgicos descritos em células de Leydig de camundon-

CANAIS ATIVADOS POR ATP EXTRACELULAR EM CÉLULAS DE LEYDIG DE CAMUNDONGOS

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EFEITO DO ANTAGONISTA DO RECEPTOR CRH-R1 SOBRE A SECREÇÃO DE GONADOTRO-FINAS, PROLACTINA, CORTICOSTERONA E PROGESTERONA EM RATAS SUBMETIDAS AESTRESSE

Ratas fêmeas castradas submetidas à terapia substitutivacom estrógeno (10µg s.c. por 3 dias) receberam antalarmin(doses de 0,1 ou 0,5mg/kg por via endovenosa ou 1ìg/0,5ulpor via intracerebroventricular) ou veículo antes de seremsubmetidas a estresse de contenção por 40 minutos. Reali-zou-se coleta seriada de amostras de sangue através decânula jugular antes (às 10h) e depois do estresse paraavaliar efeitos imediatos (até 14h) e os efeitos na tarde apósestresse (até 18h). O estresse induziu aumento significati-vo (P<0,001) da secreção de LH, B e P, que foi atenuado porantalarmin (P<0,001). As concentrações de PRL e FSH nãoforam alteradas imediatamente após o estresse, mas, houveatraso do pico de secreção da PRL LH e FSH. Somente osefeitos do estresse sobre a PRL foram revertidos porantalarmin (P<0,001). Os resultados indicam que as altera-ções induzidas por nosso modelo de estresse no eixo HPA,no eixo HPG, e no sistema de controle de secreção de PRL,podem ser mediadas em parte por ações do CRH através dereceptores CRH-R1.

Guillermo Andrey Ariza TraslaviñaOrientador: Prof. Dr. Celso Rodrigues FranciDissertação de Mestrado apresentada em 21/05/2008

O estresse agudo altera a atividade do eixo hipotála-mo-hipotálamo-gonadal (HPG) em vários níveis. O hormônioliberador de corticotrofina (CRH) é a principal substânciahipotalâmica reguladora do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e exerce suas ações via ativação de recepto-res CRH-R1 e CRH-R2. O CRH-R1 tem expressão maior nosistema nervoso central e está mais envolvido em distúrbi-os relacionados à hiperatividade do eixo HPA. Antalarmin éum antagonista seletivo não peptídico dos receptores CRH-R1. No presente foi avaliado se o efeito de estresse agudoem associação à ação estrogênica sobre a secreção dehormônio luteinizante (LH), hormônio folículo estimulante(FSH), prolactina (PRL), corticosterona (B) e progesterona(P) tem mediação de CRH através de receptores CRH-R1.

Wistar foram expostos ao LPS (100 µg/kg) com 14 dias devida (período neonatal) e após 60 a 75 dias de vida sofreramuma outra administração de LPS (10 mg/kg). A administra-ção intraperitoneal de LPS provocou uma queda significa-tiva da pressão arterial, aumento da freqüência cardíaca,aumento das concentrações de nitrato plasmático e dimi-nuição da temperatura corporal nas primeiras duas horasapós a administração de LPS, seguido de um aumento des-ta, a partir da terceira hora após a administração de LPS.Nos animais endotoxêmicos observamos um aumento daconcentração plasmática de AVP na segunda hora após aadministração de LPS. Após esse período as concentra-ções de AVP diminuem, retornando a valores basais na sex-ta hora após a administração de LPS. A exposição neonatalao LPS atenuou a hipotensão e a febre induzida pelo LPS.Ao mesmo tempo elevou as concentrações plasmáticas deAVP e atenuou a síntese exacerbada de NO.

Esses resultados sugerem que a exposição ao LPSno período neonatal pode alterar o desenvolvimento desistemas neurais modulando a liberação de AVP e síntesede NO, que conseqüentemente atenuou a hipotensão e afebre induzida pelo choque endotoxêmico.

Dalize Maria SquebolaOrientadora: Profa. Dra. Evelin Capellari CárnioDissertação de Mestrado apresentada em 28/05/2008

Sepse e sua complicação mais comum o choque sép-tico é um fenômeno geralmente induzido pela ação deendotoxinas. A presença de microorganismos patogênicose de suas toxinas na circulação sanguínea provoca umaprodução excessiva de mediadores, como citocinas e o óxi-do nítrico (NO). Estudos recentes têm verificado que a ad-ministração única de lipopolissacarídeo (LPS), um compo-nente da membrana externa de bactérias gram-negativasdurante o período neonatal, levam a ativação do sistemaendócrino, principalmente do eixo hipotálamo-hipófise. Esteestímulo com LPS, durante o período neonatal, leva a umaespécie de mudança “programada” nas concentrações defatores pró-inflamatórios quando esses animais entram no-vamente em contato com produtos bacterianos. O presenteestudo teve como objetivo avaliar se a exposição neonatalao LPS leva a alterações nas concentrações plasmáticas deAVP durante o choque endotoxêmico experimental.Ratos

EFEITO DA EXPOSIÇÃO NEONATAL AO LIPOPOLISSACARÍDEO SOBRE A HIPOTENSÃO, SÍN-TESE DE ÓXIDO NÍTRICO E VASOPRESSINA PLASMÁTICA DURANTE O CHOQUEENDOTOXÊMICO EXPERIMENTAL

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ção múltipla de Duncan (p < 0.05).Resultados: A análise da imunorreatividade para TH

demonstrou uma degeneração de células dopaminérgicamesencefálicas de caráter progressivo e que afeta princi-palmente a via mesoestriatal. A neurodegeneração tambémafetou as células da área tegmental ventral, porém, de for-ma menos intensa. Com relação à imunohistoquímica para anNOS, nossos resultados demonstraram que a densidadede células nNOS positivas diminui, ao longo do tempo, paracada núcleo tanto em animais selvagens quanto mutantes.Porém, a substância negra compacta constitui uma exce-ção, pois foi observado um aumento significativo na densi-dade de células nNOS positivas nos camundongos Girk2Wv

com um e dois meses de idade. A análise da densidade decélulas nNOS+ nos camundongos selvagens e weaver com10 dias mostrou valores similares em todas as regiões ana-lisadas. Adicionalmente, nos animais com um mês de idade,o núcleo subtalâmico apresentou redução na densidade decélulas nNOS-IR em relação aos animais selvagens. Omutante Girk2Wvcom 2 meses de idade, apresentaram umaredução significativa na densidade de células nNOS-IR nonúcleo acumbens, em adição à observada no núcleosubtalâmico. Nenhuma diferença foi observada no córtex,estriado, amígdala basolateral e área tegmental ventral.Conclusão: Nosso estudo (1) confirmou a degeneração decélulas dopaminérgicas mesencefálicas de camundongosweaver, principalmente na substância negra compacta (viamesoestriatal); (2) demonstrou um aumento na densidadede células nNOS positivas nessa região, concomitante àdegeneração dopaminérgica; (3) mostrou ainda uma redu-ção destas mesmas células nos núcleos acumbens esubtalâmico. As modificações observadas podem ser re-sultantes de adaptações plásticas compensando a perdada inervação dopaminérgica, evidenciando um possívelpapel do NO neste processo.

Roberta Cavalcanti KwiatroskiOrientadora: Profa. Dra. Elaine Aparecida Del BelDissertação de Mestrado apresentada em 30/05/2008

Introdução e Objetivo: A literatura documenta evi-dências de inter-relação entre os sistemas nitrérgico edopaminérgico no circuito mesoestriatal. Entretanto, inves-tigações de interações entre estes neurotransmissores nestecircuito são escassas. O fenótipo Weaver em camundon-gos é uma desordem recessiva autossômica neurológica,caracterizada por ataxia severa, hiperatividade, e tremoresque se manifestam dentro de duas semanas após o nasci-mento. A mutação Weaver foi identificada no gene Girk2,que codifica um canal-K+ retificador de entrada ligado àproteína G (GIRK2). Esta mutação é crítica para a seletividadeiônica do canal, induzindo alterações na excitabilidade damembrana. Animais desta linhagem apresentam degenera-ção progressiva de neurônios dopaminérgicos, similar aosinal patológico da doença de Parkinson em humanos. Oobjetivo do presente estudo foi analisar a presença dasenzimas sintase do óxido nítrico e tirosina hidroxilase nalinhagem de camundongos Weaver homozigotos (Girk2Wv)em diferentes fases do desenvolvimento, em algumas regi-ões dos sistemas mesoestriatal e mesolímbicocortical.

Material e Métodos: Foram utilizados camundon-gos selvagens e mutantes Girk2Wv com 10 dias, 1 mês e 2meses de idade (n = 5/grupo). Os camundongos foramanestesiados com pentobarbital sódico (60mg/kg, i.p.) esacrificados por meio de perfusão intracardíaca. Em segui-da os encéfalos foram retirados e incluídos em parafina.Cortes encefálicos coronais com 5 ‘mü’m de espessura fo-ram realizados e submetidos à imunohistoquímica para asenzimas sintase do óxido nítrico neuronal (nNOS) e tirosina hidroxilase (TH). A análise estatística foi realizada usan-do teste t e Two Way ANOVA seguida do teste de compara-

ANÁLISE DOS SISTEMAS NITRÉRGICO E DOPAMINÉRGICO NA LINHAGEM DE CAMUNDON-GOS WEAVER

EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO INTRACEREBROVENTRICULAR DE LEPTINA SOBRE A VENTI-LAÇÃO PULMONAR DE CAMUNDONGOS OBESOS

Animais obesos apresentam depressão ventilatória quan-do submetidos a ambientes hipercaricos (elevação de C’OIND. 2’). Esse déficit de resposta foi associado à ausênciada leptina. Com o intuito de melhor elucidar onde e como aleptina atua em relação ao controle ventilatório, o presenteestudo teve como principal objetivo avaliar as respostasventilatórias de animais obesos em diversas condiçõesgasosas e verificar o efeito da administração central deleptina sobre a ventilação, volume corrente e freqüênciarespiratória. Os possíveis locais de ação dessa proteína

Mirian BassiOrientador: Prof. Dr. Mogens Lesner GlassTese de Doutorado apresentada em 30/06/2008

Composta de 167 aminoácidos, a leptina é uma pro-teína produzida por células de gordura, os adipócitos. Apre-senta diversas funções, como o aumento da atividade donervo simpático, indução de angiogênese e controle dopeso corporal. Além disso, diversos estudos têm associa-do à leptina com os mecanismos de controle respiratório.

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também foram avaliados através da marcação de recepto-res OB-R para leptina no tronco encefálico. Nas diversascondições avaliadas, a ventilação em ml.’Kg POT. 1’.’minPOT. 1’ de camundongos normais e obesos foram significa-tivamente diferente (P < 0,05). Sendo respectivamente, ma-gros e obesos: 2.019 mais ou menos 230 e 864 mais ou me-nos 75 (normóxia); de 2.789 mais ou menos 466 e 1.070 maisou menos 169 (hipóxia de 8%); de 1.860 mais ou menos 203e 833 mais ou menos 43 (hiperóxia de 40%) e de 3.694 maisou menos 331 e 1.303 mais ou menos 56 (hipercarbia 7%). Agasometria também apresentou diferença (P < 0,05), A PC’OIND. 2’ foi de 28.4 mais ou menos 2.57 em camundongos

normais e 44.6 mais ou menos 6.6 nos ob/ob, o pH de 7.43mais ou menos 0.02 e 7.21 mais ou menos 0,07. O tratamentocom microinjeções diárias de leptina (i.c.v.) aumentou a res-posta ventilatória dos animais obesos significativamente.Porém esta resposta só foi evidenciada após o terceiro diade administração central. Receptores de leptina (Ob-R) fo-ram identificados no núcleo do trato solitário, lócuscoerulius e núcleo da rafe, regiões associadas ao controleda ventilação. Com esses resultados verificamos a partici-pação de leptina na modulação das respostas ventilatóriasde camundongos obesos (ob/ob) em condiçõeshipercarbicas.

identificados 291 genes desregulados nas lesões endome-trióticas, considerados como genes candidatos. Para a va-lidação dos dados, utilizamos a metodologia de PCR emtempo real para os genes CTGF e SPARC, indicados comosuperexpressos; e MYC, MMP3, IGFBP1 e PAEP comomenos expressos nas lesões. Diferenças significativas deexpressão nas lesões peritoniais foram obtidas para osgenes SPARC, MYC, IGFBP1, PAEP e nos endometriomasovarianos para os genes MMP3 e PAEP. Sugerimos que adesregulação dos genes SPARC, MYC, MMP3, IGFBPI ePAEP seja responsável pela perda da homeostase celularnas lesões endometrióticas, contribuindo para a implanta-ção e sobrevivência do tecido ectópico no ambiente extra-uterino. Este trabalho disponibilizou ao banco de dados daliteratura, 291 genes com expressão gênica diferencial emlesões endometriótricas peritoniais e ovarianas como can-didatos a investigações futuras.

Juliana MeolaOrientadora: Profa.Dra. Lucia Regina MartelliTese de Doutorado apresentada em 01/04/2008

A endometriose é uma doença ginecológica benig-na, de etiologia complexa e multifatorial, caracterizada pelapresença de estroma e tecido glandular tipo endométriofora da cavidade uterina. Afeta de 10 a 15% da populaçãofeminina, que apresentam sintomatologia variada, incluin-do dor pélvica e infertilidade. Para elucidar mecanismospotenciais que estejam envolvidos com a fisiopatologiacomplexa desta doença, analisamos o perfil de expressãogênico diferencial pela metodologia de hibridação subtrati-va em tecido eutópico e ectópico (lesões peritoniais e en-dometrioma ovariano) de 17 mulheres com endometriose,no início da fase proliferativa do ciclo menstrual. Foram

GENÉTICA

ANÁLISE DA EXPRESSÃO GÊNICA DIFERENCIAL EM ENDOMETRIOSE

EXPRESSÃO DOS GENES TSPX E SRY EM EMBRIÕES BOVINOS PRÉ-IMPLANTAÇÃO

vimento entre embriões machos e fêmeas de mamíferos noperíodo pré-implantacional.

Objetivos: Verificar a expressão dos genes TSPX eSRY em embriões bovinos pré-implantação produzidos porfertilização in vitro e comparar a expressão de TSPX entreembriões masculinos e femininos por PCR em tempo real.

Material e Métodos: Como amostra controle foi uti-lizado tecido testicular bovino. Foram analisado pools de20 embriões produzidos por fertilização in vitro para cada

Paula Lume TakeuchiOrientadora: Profa.Dra. Ester Silveira RamosTese de Doutorado apresentada em 02/04/2008

TSPX e SRY são genes específicos dos cromosso-mos X e Y, respectivamente, que estão envolvidos nos pro-cessos de transcrição, regulação do ciclo celular e podemestar relacionados à diferença na velocidade de desenvol-

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no estágio de 1-2 células. Com o DNA extraído foi possívelrealizar a sexagem dos embriões antes da análise quantita-tiva, a qual revelou a presença de transcritos de TSPX ape-nas nos blastocistos femininos e no tecido testicular.

Conclusão: A expressão dos genes estudados mos-trou-se muito precoce, sendo verificada em todos os está-gios, exceto no de 1-2 células. Foi detectado um padrão deexpressão diferencial de TSPX entre machos e fêmeas noestágio de blastocisto que, associado à expressão de SRYnos embriões masculinos, poderia contribuir para a dife-rença na velocidade de desenvolvimento entre os embri-ões machos e fêmeas relatada por vários autores nesseperíodo do desenvolvimento embrionário.

fase do desenvolvimento embrionário pré-implantação (1-2; 2-4; 4-8; 8-16; 16-32 células, mórula e blastocisto) para aanálise qualitativa de expressão dos genes TSPX e SRY porRT-PCR.A seqüência obtida após a amplificação para o geneTSPX foi seqüenciada para confirmação da origem do seg-mento estudado. Para a análise quantitativa por PCR emtempo real foram obtidos seis embriões individualizadossubmetidos à extração concomitante de DNA (para asexagem utilizando o gene TSPY) e RNA. O gene da b-actina serviu como controle.

Resultados: Foram encontrados transcritos dosgenes TSPX e SRY no tecido testicular e em todas as fasesanalisadas do desenvolvimento embrionário bovino, exceto

e está disponível no site http://gbi.fmrp.usp.br/venom/. Fo-ram criadas categorias para a classificação dos dados deplantas e de animais. Essa categorização das informações émuito importante, pois possibilita o relacionamento dasmesmas nas buscas por categorias. Os dados, tanto de plan-tas quanto de animais, foram extraídos de artigos científi-cos e de bases de dados públicos. Família, espécie, com-posto isolado e nome popular são algumas das informa-ções referentes às plantas. Quanto aos animais veneno-sos, o sistema oferece informações tais como, espécie, se-qüência de aminoácidos no formato FASTA, entre outras.Até o momento, encontram-se categorizados e disponíveisno sistema 97 dados de plantas medicinais com proprieda-des antiveneno, distribuídos em 42 famílias e 4.623 dadosde animais venenosos, distribuídos em 392 espécies entre10 diferentes organismos. Novas informações podem serdepositadas por colaboradores cadastrados no sistema. Taisdepósitos entram em uma fila de espera e, se os camposrequisitados estiverem preenchidos e os dados categoriza-dos corretamente, o conteúdo é liberado de acordo com asregras de permissão estabelecidas pelo sistema de segu-rança. A interface do Venom é simples, contribuindo, assim,para um acesso rápido e funcional.

Renato David PugaOrientadora: Profa.Dra. Silvana GiuliattiDissertação de Mestrado apresentada em 15/04/2008

Na grande diversidade de plantas encontrada emtodo o mundo, encontram-se as plantas medicinais compropriedades antivenenos. O estudo da relação dessas plan-tas com venenos de animais contribui muito para o desen-volvimento de novos medicamentos. A quantidade de da-dos a ser armazenada e a relação dessas informações é umprocesso que deve ser administrado por um sistema com-putacional. O desenvolvimento de sistemas de computa-dores tem se destacado nos últimos anos na Bioinformáti-ca e são muito úteis para organizar diferentes tipos de da-dos e, juntamente, com o uso de gerenciadores de conteú-do, eles contribuem, significantemente, no processo de de-senvolvimento de softwares. O presente projeto teve comoobjetivo o desenvolvimento de um sistema computacionalpara Web, o qual relaciona dados de plantas medicinais compropriedades antivenenos e de animais venenosos, permi-tindo a integração dos mesmos, através de diferentesaplicativos de busca. O sistema foi denominado de Venom

CONEXÃO in silico ENTRE PLANTAS MEDICINAIS E ANIMAIS VENENOSOS

ESTUDO POPULACIONAL DOS POLIMORFISMOS 500 C>G E 540 C>T DA REGIÃO 3' NÃOTRADUZIDA DO GENE CDKN2A E DE SUAS POSSÍVEIS INTERAÇÕES COM microRNAS

cia vem crescendo em todo mundo sendo que o Brasil pos-sui um maior número de casos na região sul. O fator de riscomais significativo para o melanoma é a história familiar, aqual e’ positiva em cerca de 10% dos casos. O gene CDKN2Afoi o primeiro a estar associado com o risco para o tumor e éconsiderado atualmente como o principal gene de susceti-bilidade à doença. Encontra-se mapeado na região 9p21 e

Jair HuberOrientadora: Profa.Dra. Ester Silveira RamosTese de Doutorado apresentada em 22/04/2008

O melanoma é um tumor maligno originário dosmelanócitos, células presentes na pele que produzemmelanina protegendo contra a radiação solar. Sua prevalên-

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e p14ARF, ambas envolvidas na regulação do ciclo celularexercendo um papel de supressores tumorais. Mutações nogene CDKN2A em linhagens germinativas têm sido detecta-das em famílias portadoras de melanoma numa freqüênciavariada e a probabilidade de que uma família seja portadorade mutação no gene está diretamente relacionada com onúmero de parentes afetados pela doença. Entretanto, apesquisa de mutações nas regiões codificadoras desse generevela uma baixa prevalência de alterações na seqüência denucleotídeos em algumas famílias com melanoma. Em virtu-de desse fato, existem pesquisas de outras alterações foradessas regiões do CDKN2A que possam levar à diminuiçãoda expressão do gene e à perda do controle do ciclo celular.Alguns estudos, incluindo estudo prévio do nosso labora-tório, mostraram uma alta prevalência dos polimorfismos 500C>G e 540 C>T da região 3' não traduzida do gene CDKN2Aem famílias com melanoma sinalizando uma possível associ-ação destes com o tumor. O objetivo desta pesquisa foiavaliar as freqüências desses polimorfismos em 270 indiví-duos voluntários saudáveis sem história prévia pessoal oufamiliar de melanoma (controle) e compará-las com a fre-

qüência dos polimorfismos em uma população com critériosclínicos de melanoma familial (calculada em estudo prévio).As técnicas utilizadas foram a Reação em Cadeia da Polimeras(PCR) e genotipagem para os polimorfismos de comprimen-to de fragmentos de restrição (RFLP). Utilizando-se de ferra-mentas de bioinformática, foram pesquisados também pos-síveis microRNAs que possam agir em sítios regulatóriosna região 3' não traduzida do gene. Os resultados demons-traram freqüências estatisticamente semelhantes dos doispolimorfismos entre as duas populações não podendo, atra-vés desses dados, ser associada a presença dos polimorfis-mos com o risco aumentado para o melanoma. Foram encon-trados dois microRNas (hsa-mir-10b e hsa-mir-328) que apre-sentam uma seqüência de nucleotídeos parcialmente com-plementar à região 3'-UTR envolvendo o polimorfismo 540C>T, indicando possível interação destes nessa região dogene. A predição de possíveis microRNAs (hsa-miR-10b e/ou hsa-miR-328) pareando na região junto ao polimorfismo540 C>T aponta para outros caminhos e vias de regulaçãoda expressão gênica do CDKN2A que devem ser investiga-dos e validados biologicamente.

apresenta uma característica especial que consiste na produção de dois transcritos que codificam as proteínas p16INK4A

cionados, que tiveram sua expressão validada por NorthernBlot, estão os transcritos similares a genes que codificam asseguintes proteínas: NIMA interactive protein (TINA) euma DNA mismatch repair, envolvidas na divisão celular;Cooper resistance-associated P-type ATPase, responsá-vel pela homeostase celular do cobre; Carboxilic esterhydrolase, relacionada a defesa celular; uma DEADhelicase, envolvida na transcrição e um transposon, pro-vavelmente envolvido na resposta ao estresse a drogas emT. rubrum. Além disso, a expressão de genes que codificampara prolina oxidase, riboflavina quinase, citocromo coxidase e um transportador MFS, similar a uma proteínatransportadora de ferro, foi induzida pela acriflavina em T.rubrum. O agrupamento funcional destas enzimas sugereseu envolvimento no transporte de elétrons na mitocôndriae no transporte de ferro. Além disso, muitos genes comexpressão elevada na presença de agentes citotóxicos mos-traram similaridade com genes que codificam proteínas deresistência a múltiplas drogas e tiveram sua expressão dife-rencial confirmada. Estes resultados mostram que a açãode genes de diferentes vias celulares é necessária para as-segurar uma resposta eficaz de T. rubrum aos antifúngicos,revelando potenciais alvos celulares para o desenvolvi-mento de novas classes de agentes antifúngicos.

Fernando SegatoOrientadora: Profa.Dra. Nilce Maria Martinez RossiTese de Doutorado apresentada em 09/05/2008

Agentes citotóxicos que interferem em diversas fun-ções celulares são comumente utilizados no controle de in-fecções, mas o seu mecanismo de ação é ainda mal compre-endido. As dermatofitoses são doenças infecciosas causa-das por fungos patogênicos como Trichophyton rubrum,que representa o fungo mais prevalente em lesões de pele eunhas de humanos. No entanto, pouca informação sobre abiologia deste fungo está disponível. No presente estudo,investigamos as mudanças no perfil de expressão gênica deT. rubrum e Aspergillus nidulans após exposição àacriflavina, griseofulvina e terbinafina, que representam di-ferentes classes de antifúngicos. O objetivo deste estudofoi contribuir para avançar na compreensão dos mecanis-mos de ação desses agentes e para identificar genes de T.rubrum que poderiam estar envolvidos na resposta ao es-tresse geral. Utilizando as técnicas de Hibridação Subtrati-va Supressiva (SSH) e Diferencial Display (DDRT-PCR) nósisolamos transcritos diferencialmente expressos durante aexposição de T. rubrum aos referidos agentes citotóxicos.Dentre os genes responsivos aos agentes citotóxicos men-

EXPRESSÃO GÊNICA ENVOLVIDA NOS MECANISMOS DE RESISTÊNCIA À ACRIFLAVINA,GRISEOFULVINA E TERBINAFINA EM FUNGOS FILAMENTOSOS

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Daniel Antunes MorenoOrientador: Prof. Dr. Luiz Gonzaga ToneDissertação de Mestrado apresentada em 15/05/2008

A Leucemia Linfóide Aguda (LLA) é uma doençaheterogênea em relação à biologia e ao prognóstico. Alémde alterações genéticas, anormalidades epigenéticas, es-tão estreitamente relacionadas ao processo de carcinogê-nese e entre os mecanismos epigenéticos, a acetilação dashistonas é um componente essencial para a regulação daestrutura da cromatina e atividade transcricional. Esse pro-cesso é mediado pelas histonas acetiltransferases (HATs).Por outro lado, a desacetilação, por meio das histonasdesacetilases (HDACs), está relacionada à condensaçãoda cromatina e repressão transcricional. A expressão anor-mal das HDACs tem sido associada ao processo de leuce-mogênese, revelando ser uma área promissora na caracteri-zação de grupos de risco e tratamento do câncer. Os objeti-vos deste trabalho foram avaliar a expressão dos genes daclasse I de HDACs (HDAC 1, 2, 3 e 8), correlacionar osresultados com as características clínicas e de prognóstico(idade, gênero, grupo de risco, contagem inicial de blastos,imunofenótipo, resposta ao tratamento, doença residualmínima nos dias 14 e 18 e a sobrevida livre de eventos) em

46 amostras consecutivas de medula óssea de crianças eadolescentes portadores de LLA; comparar e correlacionara expressão dos genes estudados entre as amostras de pa-cientes portadores LLA e 10 amostras de medula óssea semdoença hematológica. A análise da expressão gênica foirealizada através da técnica de PCR em Tempo Real pelométodo TaqMan®. Foi observado um aumento da expres-são do gene HDAC1 nas amostras dos pacientes bonsrespondedores ao tratamento. O gene HDAC2 foi mais ex-presso no grupo de pacientes do gênero masculino(p=0,038). Esse gene também mostrou uma expressão au-mentada nos pacientes de alto risco (p=0,060) e com sobre-vida menor (p=0,065), entretanto os valores encontradosnão foram estatisticamente significativos. Além disso, foiobservada uma expressão aumentada dos genes HDAC2(p=0,007), HDAC3 (p=0,014) e HDAC8 (p=0,002) em amos-tras de pacientes com LLA quando comparadas às amos-tras de medula óssea sem doença hematológica. Houvecorrelação entre a expressão de todos os genes de classe Idas HDACs, exceto entre HDAC1 e HDAC8. Os resultadosobtidos nesse trabalho sugerem que as HDACs de classe I,podem representar importantes alvos para futuros estudosem LLA, no entanto são necessários de testes funcionaispara confirmar estes resultados.

ESTUDO DA EXPRESSÃO DOS GENES DE CLASSE I DAS HISTONAS DESACETILASES(HDACs 1, 2, 3 E 8) EM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

foram SPS115, BM1824, BM2113, BMS4049, TGLA122,ETH225, ETH10, INRA23, UWCA46 e BMS348, identifi-cando-se um total de 101 alelos. A diversidade gênica mé-dia foi de 75,6%, com valores extremos verificados nos locosTGLA122 (91,3%) e BMS4049 (45,4%). O valor médio daheterozigose esperada foi 75,5%, observada 60,0%, e Pic72,3%. O coeficiente de endogamia Fis foi estatisticamentesignificativo (Fis=0,206; P<0,01). Foram observados tam-bém desvios do equilíbrio de Hardy-Weinberg em nove dosdez locos analisados. A partir dos dados obtidos foi possí-vel observar que ainda existe diversidade genética nestapopulação, porém os desvios do equilíbrio, o valor signifi-cativo do Fis, e a heterozigose observada menor em todosos locos em relação à esperada, demonstraram a ocorrênciade cruzamentos endogâmicos resultando em alto nível dehomozigose nesta população.

Ana Paula Ferreira de OliveiraOrientadora: Profa. Dra. Eucleia Primo Betioli ContelTese de Doutorado apresentada em 16/05/2008

A raça crioula Pé-duro do Piauí (Bos taurus) é extre-mamente bem adaptada às condições ambientais desfavo-ráveis da zona semi-árida do Nordeste Brasileiro e está emrisco de extinção. Neste trabalho foi caracterizada geneti-camente, por microssatélites, uma amostra (n=126) originá-ria da Fazenda Experimental Octavio Domingues, daEmbrapa Meio-Norte, no município de São João do Piauí. Avariabilidade genética foi estimada através de freqüênciasgênicas, diversidade gênica, heterozigose esperada e ob-servada, riqueza alélica, valor do Pic (conteúdo de informa-ção de polimorfismo), coeficiente de endogamia e verifica-ção do equilíbrio de Hardy-Weinberg. Os locos analisados

CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE UMA POPULAÇÃO DO GADO CRIOULO PÉ-DURO DOPIAUÍ, ATRAVÉS DE MARCADORES MICROSSATÉLITES

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Ana Carolina LausOrientadora: Profa. Dra. Lucia Regina MartelliTese de Doutorado apresentada em 21/05/2008

Rearranjos cromossômicos envolvendo a presençade cromossomos marcadores extranumerário são achadoscitogenéticos freqüentes em pacientes que apresentam de-ficiência mental, alterações de crescimento, dismorfias e/ou malformações. A presença desse material é responsávelpor trissomia ou tetrassomia parcial de determinadas regi-ões cromossômicas, causando quadros clínicos distintos einespecíficos. A variabilidade fenotípica está relacionadaprincipalmente com os diferentes graus de mosaicismo, osgenes presentes na região adicional, o cromossomo de ori-gem, entre outros fatores. Sendo assim, a caracterizaçãodesse material cromossômico é de importância fundamen-tal para a determinação do prognóstico e do aconselha-mento genético dos pacientes e suas famílias. O presenteestudo teve como objetivo a análise de cromossomos mar-cadores extranumerários por meio de técnicas de citogené-tica convencional e molecular. Foram selecionados onzepacientes que são acompanhados pelo o Serviço de Gené-tica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Me-dicina de Ribeirão Preto – USP, todos com diagnósticocitogenético convencional por bandeamentos GTG de cro-mossomo marcador extranumerário. Para determinação daorigem e caracterização dos cromossomos marcadores fo-ram aplicadas as técnicas de Cariótipo Espectral (SKY) e deHibridação in ituFluorescente (FISH). Em dez pacientes foipossível determinar a origem e composição dos marcado-res. Dois pacientes apresentam cromossomos marcadores

identificados como duplicações invertidas do cromosso-mo 15, com cariótipos definidos, respectivamente, como47,XY,+idic(15)(pter→q15::q15→pter) e 47,XX,+idic(15)(pterq21::q21→p11.2), um paciente possui cromossomomarcador derivativo do cromossomo 15, com cariótipo47,XX,+der(15)(pterq21) e dois pacientes, sendo uma me-nina e seu pai, possuem cromossomos marcadores deriva-tivos do cromossomo 15 com cariótipos, respectivamente,48,XX,+2der(15)(pterq12) e 48,XY,+2der(15)(pterq12). Doispacientes possuem cromossomos marcadores derivativosdo cromossomo 9, com cariótipos definidos, respectiva-mente, como 47,XX,+der(9)(pterq21) e 47,XX,+der(9)(pterq32) e um paciente apresenta cromossomo derivativodo cromossomo 4 [47,XX,+der(4)(p16q21)[9]/48,XX,+der(4)(p16q21),+mar[91]]. Um paciente possui um cromossomomarcador translocado derivativo do cromossomo 22[47,XY,+der(22)t(11;22)(q25:q11.2)] e outro paciente, umcromossomo translocado derivativo do cromossomo 15[47,XY,+der(15)t(15;16)(q13;q13)], ambos herdados de mãesportadoras de translocações aparente balanceadas. Em umcaso, não foi possível a caracterização dos cromossomosmarcadores por meio das técnicas aplicadas. Há uma gran-de variação fenotípica associada à presença de cromosso-mos marcadores e muitas vezes o prognóstico e o aconse-lhamento genético são difíceis de determinar. As técnicasde citogenética molecular são ferramentas importantes paraa caracterização dos cromossomos marcadores, tanto du-rante o pré-natal, como para uma família que já possui ummembro afetado, auxiliando no mapeamento gênico de cadaregião envolvida para futura correlação cariótipo-genótipo-fenótipo.

CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA MOLECULAR DE CROMOSSOMOS MARCADORESEXTRANUMERÁRIOS

PROCESSOS CELULARES NO DESENVOLVIMENTO DO OLHO COMPOSTO DE Apis mellifera

David Santos Marco AntonioOrientador: Prof.Dr. Klaus Hartmann HartfelderDissertação de Mestrado apresentada em 30/05/2008

Os processos que regem o desenvolvimento dosolhos compostos em insetos têm sido amplamente estuda-dos em Drosophila melanogaster onde estes se originam apartir de discos imaginais. Pouco se sabe, porém, sobre odesenvolvimento do lóbulo óptico e da retina em outrosinsetos que, na sua grande maioria, não possuem discosimaginais de olhos separados do sistema nervoso central.Neste sentido, a análise comparada do desenvolvimentodos olhos de Apis mellifera pode contribuir não somentepara aspectos evo-devo entre as grandes famílias dos inse-tos holometábolos, quanto pode elucidar questões de plas-ticidade de desenvolvimento pois os olhos compostos apre-sentam fortes características sexo e casta-específicas. Com

o objetivo primário de elucidar os padrões de divisão e dife-renciação celular durante o desenvolvimento do olho em A.mellifera realizamos análises histológicas e de imunomarca-ção durante o desenvolvimento pós-embrionário, juntamen-te com análise de expressão do gene roughest em temporeal. Para imunomarcação utilizamos o anticorpo anti-fosfo-histona H3 fosforilada que marca células em fase M do ciclocelular. Foram analisadas larvas operárias entre o terceiroinstar larval (L3) até pupas de olho branco, rosa e marrom,com foco sobre o quinto instar larval que fica subdivididaem fase de alimentação e crescimento (L5F), fases de tecela-gem de casulo (L5S) e prepupa (PP). O desenvolvimento dolóbulo óptico em Apis mellifera ocorre por dobramentoneuroepitelial, a partir de um centro de diferenciação, se-quencialmente gerando as camadas neurais do lóbulo óptico(lóbula, medula e lâmina). A lâmina (última a surgir) apresen-

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tou-se com desenvolvimento mais lento e em duas fasesantes da metamorfose: a primeira fase é o seu surgimento nocomeço do quinto instar larval acompanhando o primeiropico de expressão de roughest e a segunda fase ocorre du-rante a tecelagem de casulo com o desenvolvimento do córtexacompanhando o segundo pico de expressão de roughest.Ainda durante o segundo pico de expressão de roughest osrabdômeros da retina começam a ficar visíveis, assim como

os feixes axonais. Estes porém estarão completamente for-mados somente após a metamorfose. O desenvolvimentocompleto da lâmina, lóbula e medula e da retina ocorre so-mente após a metamorfose. Durante a fase pupal as estrutu-ras do lóbulo óptico estão prontas, porém na retina obser-va-se ainda gradual pigmentação, encurtamento dos feixesaxonais e alongamento dos rabdômeros até atingirem o seucomprimento final logo antes da emergência.

dos históricos, demográficos e genéticos prévios realiza-dos nestas comunidades. As análises estatísticas emprega-ram programas já descritos (GENEPOP, DISPAN, GDA,ARLEQUIN, STRUCTURE, MVSP e ADMIX 2 e 3). Comrelação ao cromossomo Y, concluímos que as duas comuni-dades ainda apresentam semelhanças considerando as aná-lises de diferenciação gênica. Isto pode ser devido à origemcomum e recente e à proximidade geográfica, o que tornapossível um fluxo de homens entre as duas comunidades.Entretanto, o acréscimo no número de marcadores ligadosao cromossomo Y permitiu a diferenciação entre estas duascomunidades, como mostram os valores de FST e de dife-renciação haplotípica. As estimativas de mistura indicampreponderância do componente europeu. Entretanto, dadaà indisponibilidade da literatura, faz-se ainda necessária umaescolha mais adequada das freqüências parentais no casodos Y-STRs. Admitindo que os AIMs sejam marcadores maiseficientes em estimativas de mistura étnica, dado seus altosdiferenciais de freqüência alélica entre populações parentais,as contribuições de populações não européias (principal-mente africanas) observadas mantém a hipótese de cruza-mentos preferenciais entre homens portugueses e mulheresameríndias e/ou africanas na formação das comunidades.

Yara Costa Muniz NettoOrientador: Prof.Dr. Aguinaldo Luiz SimõesTese de Doutorado apresentada em 30/05/2008

As comunidades da Costa da Lagoa (CL) e São Joãodo Rio Vermelho (RV) estão localizadas na Ilha de SantaCatarina, Sul do Brasil, e foram colonizadas na segundametade do século XVIII por imigrantes vindos do Arquipé-lago de Açores. Estudos demográficos e genéticos mostra-ram também a presença de componentes africanos e amerín-dios. CL é considerada isolada devido à sua localização ge-ográfica e RV está em fase de quebra de isolado pelo aumen-to de migração, principalmente nos últimos 20 anos. Os ob-jetivos deste estudo foram verificar a hipótese dos diferen-tes graus de isolamento nas duas comunidades, estimar asproporções de mistura étnica, assim como estabelecer com-parações entre elas e com portugueses, especialmente aço-rianos. As freqüências de oito AIMs (FY, RB, LPL, AT3,Sb19.3, APO, PV92 e CYP1A1) e dos STRs do haplótipoestendido do cromossomo Y foram então estimadas nas co-munidades de CL (n=120), RV (n=163) e na amostra urbanaHM (n=50) a partir de PCR e PCR-RFLP. A informação obtidaa partir das mesmas foi comparada com resultados de estu-

MARCADORES GENÉTICOS DE ANCESTRALIDADE EM COMUNIDADES FUNDADAS PORAÇORIANOS NA ILHA DE SANTA CATARINA

GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

POLIMORFISMO IGF-2/ApaI EM GESTANTES PORTADORAS DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊN-CIA HUMANA TIPO 1 USUÁRIAS DE ANTIRETROVIRAIS

Alessandra Cristina MarcolinOrientador: Prof. Dr. Geraldo DuarteTese de Doutorado apresentada em 01/04/2008

Introdução: Estudos avaliando os efeitos dos antir-retrovirais (ARV) em pacientes portadoras do HIV-1 têm

demonstrado a ocorrência de hiperglicemia e intolerância àglicose secundárias à resistência insulínica ou até quadrossemelhantes ao Diabetes mellitus tipo 1. Por outro lado,algumas publicações mencionam o efeito dos distúrbios daexpressão dos fatores de crescimento semelhantes à insu-lina (IGF) na função da célula β pancreática em humanos.

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Polimorfismos do IGF-2/ApaI têm sido associados à obesi-dade e à distúrbios do metabolismo da glicose.

Objetivos: Estudar o polimorfismo IGF-2/ApaI emgestantes portadoras do HIV-1 usuárias de ARV que de-senvolveram hiperglicemia ao longo do período gestacio-nal e identificar os subgrupos de pacientes que estão sobmaior risco de desenvolverem esse distúrbio.

Métodos: Estudo de coorte histórica com controleexterno envolvendo 87 gestantes normais, 43 gestantes por-tadoras do HIV-1 usuárias de ARV que apresentaram acrés-cimo dos valores da Área sob a Curva das glicemias aolongo da gravidez e 43 pacientes diabéticas gestacionais,soronegativas para o HIV-1. A reação em cadeia da polime-rase foi utilizada para amplificação da seqüência do IGF-2,a partir do DNA genômico extraído do sangue periférico.Para avaliação do polimorfismo IGF-2/ApaI foi utilizada atécnica do polimorfismo de comprimento do fragmento derestrição. Para análise estatística foram utilizados o teste de

Kolmogorov-Smirnov, o teste ANOVA e o teste do Qui-quadrado.

Resultados: Não foram observadas diferenças sig-nificativas entre as freqüências genotípicas obtidas nos trêsgrupos analisados. Considerando a terapêutica ARV utiliza-da, não há diferenças na distribuição dos genótipos entre ogrupo de usuárias de Zidovudina e o da terapia tríplice. Nãoforam detectadas diferenças entre as freqüências gênicasdas populações examinadas neste estudo. Pacientes nãobrancas têm maior probabilidade de apresentarem o genótipoGG quando comparadas às gestantes brancas.

Conclusões: Os resultados obtidos contribuem parao melhor entendimento das alterações do metabolismoglicídico em gestantes submetidas à terapia ARV, desone-rando o polimorfismo IGF-2/ApaI como único responsávelpor essas alterações. Esses dados sinalizam positivamenteque outras variáveis devem ser estudadas para a elucidaçãodessas anormalidades.

de fluorescência para avaliação morfológica do fuso e dadistribuição cromossômica.

Resultados: Respectivamente 6 dos 10 oócitos (60%)em MII analisados do grupo de estudo e 4 dos 12 oóci-tos(33.3%) MII analisados do grupo controle apresenta-ram anomalias meióticas, caracterizadas por anomalias dofuso e/ou distribuição cromossômica oocitárias. Observou-se ausência de diferença significativa entre as proporçõesde anomalias meióticas entre os dois grupos analisados.

Conclusões: Os dados preliminares do presente es-tudo, apesar de não demonstrarem aumento significativona incidência de anomalias meióticas nas portadoras deSOP, sugerem uma tendência a maior ocorrência de anoma-lias meióticas nos oócitos deste grupo de pacientes, quan-do comparados aos de portadoras de fator masculino e/outubário de infertilidade, o que deverá ser melhor avaliadoem estudos com maiores casuísticas. Estes achados têmpotencial clínico para apontar uma possível explicação paraas controversas menores taxas de fertilização observadasem pacientes com SOP submetidas às Técnicas de Repro-dução Assistida.

Rodolpho Cruz VieiraOrientadora: Profa. Dra. Paula Andrea de A. Salles NavarroDissertação de Mestrado apresentada em 17/04/2008

Objetivos: Avaliar o fuso meiótico e a distribuiçãocromossômica de oócitos maturados in vitro obtidos deciclos estimulados de mulheres inférteis com Síndrome dosOvários Policísticos (SOP) e fator masculino e/ou tubáriode infertilidade.

Métodos: Cinco pacientes inférteis com SOP e 8 pa-cientes com fator tubário e/ou masculino de infertilidade,submetidas a ciclos estimulados para captação oocitáriapara injeção intracitoplasmática de espermatozóide, foramselecionadas prospectiva e consecutivamente e divididasem grupos de estudo e controle, respectivamente. Oócitosem estágio de vesícula germinativa (VG) e em metáfase I(MI) foram submetidos à maturação in vitro (MIV), respec-tivamente, por 19 horas ± 1 hora (VG) e 4 horas ± 30 minutos(MI), conforme curva de MIV previamente realizada no pre-sente serviço. Oócitos em metáfase II (MII) após MIV fo-ram fixados, submetidos a imunocoloração e microscopia

AVALIAÇÃO DO FUSO MEIÓTICO E DISTRIBUIÇÃO CROMOSSÔMICA DE OÓCITOS MATU-RADOS in vitro DE PORTADORAS DA SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICO SUBMETIDASÀ ESTIMULAÇÃO OVARIANA: ESTUDO PILOTO

AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES POSTURAIS E DOS MÚSCULOS PÉLVICOS EM MULHERESPORTADORAS DE DOR PÉLVICA CRÔNICA

Mary Lourdes Lima de Souza MontenegroOrientador: Prof. Dr. Omero Benedicto Poli NetoDissertação de Mestrado apresentada em 24/04/2008

Introdução: Dor pélvica crônica é uma dor recorren-te ou contínua na região inferior do abdome ou pelve, ex-cluindo gravidez e malignidade, suficientemente severa para

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interferir nas atividades habituais e que necessita de trata-mento clínico e/ ou cirúrgico. Excluindo ainda dismenorréiae dispareunia como causas isoladas da dor. Sua etiologianão é clara, geralmente resulta de uma complexa interaçãoentre os sistemas gastrointestinal, urinário, neurológico,ginecológico e músculo- esquelético influenciada ainda porfatores psicológicos e sócio- culturais. Alguns estudos de-monstram uma associação entre alterações musculares eDPC, porém apesar do crescente interesse, são poucos osestudos que caracterizam estas alterações em mulheres por-tadoras de DPC.

Objetivo: Caracterizar o acometimento postural e dosmúsculos pélvicos em mulheres portadoras de DPC.

Metodologia: Foi realizado um estudo do tipo trans-versal incluindo 108 mulheres portadoras de DPC (grupoDPC) e 48 mulheres voluntárias saudáveis (grupo controle)com idade média entre 31 e 35 anos, atendidas consecutiva-mente no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicinade Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-

USP). Foram então realizadas avaliação postural, da muscu-latura abdominal e pélvica. Para análise dos dados, foramutilizadas análises univariadas e descritivas, utilizando tes-te t student ou Mann-Whitney e teste do Qui-quadrado outeste exato de Fisher para análise de dados categóricos con-forme mais apropriado. Considerou-se significante p<0,05.

Resultados: Alterações posturais foram observadasmais freqüentemente no grupo DPC que no grupo controle,principalmente nos seguimentos cabeça (P<0.01), colunacervical (P=0.01), escápulas (P<0.01), e triângulo de Tales(P<0.01). A freqüência de espasmo em músculos pélvicosfoi de 58.3%. Mulheres com DPC e espasmo em músculospélvicos, tiveram uma maior freqüência de dispareunia mo-derada e severa, que aquelas com DPC e sem espasmo emmúsculos pélvicos (P<0.01).

Conclusão: Uma grande proporção de mulheres comDPC apresentaram significativas alterações posturais e es-pasmo em músculos pélvicos, associados à dispareunia ealtos índices sugestivos de depressão.

para a mãe e em decorrência de estupro. A presente pesqui-sa objetivou analisar os casos de fetos malformados cujasmães foram atendidas no HCRP/USP e propor na Justiça ospedidos de interrupção destas gestações quando assim de-sejassem. Conclui-se que ainda há falta de informação porparte dos médicos em relação a possibilidade de indicaçãodeste tipo de gestação, ainda que o quadro tenha melhora-do e que quanto mais os magistrados conhecem e têm aces-so ao que a medicina pode lhes oferecer, maior a probabili-dade de deferimento destes Alvarás.

Flávia Correa MeziaraOrientador: Prof. Dr. Sergio Pereira da CunhaDissertação de Mestrado apresentada em 30/04/2008

A questão do aborto por de fetos malformados noBrasil é problemática, face a ausência de legislação quepermita a interrupção da gestação. Tais tipos de aborto sãoconsiderados ilegais, já que o Código Penal vigente prevêsomente duas possibilidades de interrrupção: risco de vida

ANENCEFALIA: ANÁLISE CRÍTICA NOS ÂMBITOS MÉDICO E LEGAL

com docetaxel e epirrubicina. O tempo médio de seguimen-to foi de 56 meses.

Resultados: Uma análise univariada demonstrouque o HIF-1κ está significantemente relacionado à SLD(P =.0238) e à SG (P = .0121) com as pacientes HER-2 posi-tivas. Não houve diferença significante para a SLD ou SGno que diz respeito aos receptores de hormônio, compro-metimento axilar ou grau tumoral. Os valores de VEGF fo-ram maiores no grupo de pacientes RE+ do que no grupoRE negativo (P =.01). Inversamente os valores de HIF-1κforam menores no grupo RE+ comparados ao grupo RE - (P=.02). Pacientes com recorrência óssea apresentaram umatendência a apresentarem valores de VEGF menores (me-dia, 175.7 pg/ml) do que aquelas com recorrência visceral(441 pg/ml). Uma análise multivariada demonstrou o com-

Alexandre Pavan GarieriOrientador: Prof. Dr. Heitor Ricardo Cosiski MaranaDissertação de Mestrado apresentada em 09/05/2008

Objetivo: Determinar o valor prognóstico e prediti-vo do VEGF (vascular endothelial growth factor) e do HIF-1κ (Hypoxia-inducible factor-1) em relação à sobrevida li-vre de doença (SLD) e sobrevida global (SG) em pacientescom carcinoma de mama localmente avançado (CMLA) tra-tadas primariamente pela quimioterapia neoadjuvante.

Materiais e Metodos: VEGF e HIF foram quantifica-dos consecutivamente em plasma de 36 pacientes comCMLA pelo método de ELISA (enzyme labelingimmunoassay absorbant) para o VEGF165 e o HIF-1á. O tra-tamento neoadjuvante foi realizado em todas as pacientes

PRODUÇÃO DE VEGF E HIF-1Κ Κ Κ Κ Κ EM PACIENTES COM CARCINOMA DE MAMA LOCALMEN-TE AVANÇADO SUBMETIDAS À QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE

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prometimento axilar (P =.0004), receptores de estrógeno (ER)(P < .0001), e tamanho do tumor (P = .0085) como fatoresindependentes de SLD. O HIF-1κ foi tido como um fatorindependente preditivo de SG (P =.0180). Não houve dife-rença estatisticamente significante entre os valoresplasmáticos de HIF-1κ ou VEGF nos períodos pré e pósquimioterapia.

bem como submetidas à entrevista qualitativa sobre temasrelacionados à malformação fetal. Foram analisadas tam-bém as formas de enfrentamentos relatados pelas pacien-tes durante a gravidez e para aquelas que deram continui-dade ao trabalho, nos primeiros seis meses de vida da cri-ança. Os resultados obtidos demonstraram que as mãessubmetidas à intervenção psicológica no pré-natal apre-sentaram comportamentos de ansiedade e depressão sig-nificativamente inferiores às mães que iniciaram seu aten-dimento no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medici-na de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo somen-te para os cuidados pós-natais. Observou-se também queas mães de crianças malformadas que foram submetidas aacompanhamento psicológico no pré-natal tiveram seus ín-dices de ansiedade, depressão e depressão pós-parto re-duzidos a valores compatíveis aos das mães de criançassem malformação, demonstrando que estas mães se encon-traram em melhores condições de elaboração psicológicada situação. Estes resultados confirmam dados da literatu-ra sobre a importância da preparação materna prévia aoparto de crianças malformadas como redutor dos índicesde alterações de humor, que poderiam prejudicar o vínculoadequado mãe-criança e reforçam a importância de um acon-selhamento profissional especializado em psicologia, queem interface com os profissionais das equipes obstétrica ecirúrgicas infantis, pode favorecer a elaboração cognitiva eafetiva materna e o pleno desenvolvimento da relação mãe-malformação-criança.

Conclusões: Os resultados sugerem que o nívelplasmático do HIF-1κ é preditivo de SLD e SG nas pacien-tes com CMLA apresentando uma sobreposição as pacien-tes HER-2 positivas. As dosagens de VEGF podem serpreditivas de resposta e prognóstico no tratamento neoad-juvante, mas são necessários novos estudos prospectivoscomparados ao HIF-1κ para conclusões mais consistentes.

Renata Panico GorayebOrientador: Prof. Dr. Geraldo DuarteTese de Doutorado apresentada em 14/05/2008

No período gestacional as mudanças psico-afetivassão usuais em todas as mulheres. Naquelas gestantes comfetos malformados, observa-se que as alterações compor-tamentais são mais freqüentes, potencializando índices maiselevados de ansiedade, depressão e depressão pós-parto,dificultando os processos de elaboração afetiva do luto dacriança desejada. Este estudo teve como objetivo avaliar edescrever os potenciais benefícios da intervenção psicoló-gica a uma população de gestantes cujos fetos apresenta-vam malformação. Foram avaliadas 96 gestantes divididasem quatro grupos, atendidas em hospital universitário, quepresta atendimento obstétrico de nível terciário. Os gruposde gestantes que receberam intervenção psicológica fo-ram: 1) de mães com fetos malformados, composto por 16gestantes; 2) de gestantes com fetos considerados nor-mais, formado por 15 mães; e o 3) de gestantes cujos fetosevoluíram para óbito, com 15 mães. O quarto grupo foi com-posto por 19 mães cujas crianças também apresentavammalformação, mas que não tiveram acompanhamentopsicoterápico durante a gravidez. Todas as mães foram ava-liadas para critérios de ansiedade, depressão, depressãopós-parto e enfrentamento (Escala Hospitalar de Ansieda-de e Depressão, Escala de Avaliação de Depressão Pós-Parto, Escala de Modo de Enfrentamento de Problemas)

INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM GESTANTES CUJOS FETOS APRESENTAM MALFORMA-ÇÃO CONGÊNITA

excelente oportunidade para o rastreio desta neoplasia, jáque faz parte da rotina pré-natal o exame ginecológico. Noentanto, na prática esta oportunidade parece não estar sendoaproveitada na sua totalidade. Com este estudo objetivou-se avaliar o conhecimento das puérperas sobre a preven-ção do carcinoma cervical, descrever características asso-ciadas a não realização do citopatológico nos últimos trêsanos e comparar a cobertura da citologia no início e no finaldo pré-natal. Trata-se de uma avaliação transversal realiza-da na cidade de Rio Grande-RS, entre maio e junho de 2007.

Carla Vitola GonçalvesOrientador: Prof. Dr. Geraldo DuarteTese de Doutorado apresentada em 04/06/2008

Um terço dos casos de carcinoma cervical ocorre noperíodo reprodutivo. Sendo que, cerca de 3% dos diagnós-ticos são realizados durante a gravidez. Evidências atuaisindicam que as gestantes apresentam maior chance de te-rem diagnosticadas lesões iniciais. Pois a gravidez é uma

PERDAS DE OPORTUNIDADES NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO DURANTEO PRÉ-NATAL EM MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

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A amostra foi calculada pelo programa Epi-Info 6.04,totalizando 224 puérperas. Durante a internação hospitalarfoi aplicado às puérperas um questionário estruturado epré-codificado. Os dados foram digitados no Epi-Info 6.04,sendo a analise bruta realizada no software SPSS e a multi-variada pela Regressão de Poisson no programa Stata. Das230 puérperas entrevistadas 96,5% referiram conhecer oexame preventivo do câncer do colo uterino. Apesar disso,a prevalência de citopatológico nos últimos 36 meses erade 32,6% no inicio da gestação, chegando a 55,2% nopuerpério. Mostrando a associação positiva do pré-natalna cobertura do citopatológico (p>0,001). Mesmo assim, 74puérperas (32,2%) permaneceram sem nunca terem coleta-do o citopatológico e 29 (12,6%) continuaram com a citologiadesatualizada. Na análise bruta, o grupo de puérperas comidade igual ou inferior a 19 anos, não brancas, de escolari-dade igual ou inferior a oito anos, com renda familiar percapita inferior a um salário mínimo, início da vida sexualaos 15 anos ou menos, com inicio do pré-natal no 2º e 3ºtrimestres, que realizaram cinco consultas ou menos e quefizeram o acompanhamento no SUS, apresentaram diferen-ças estatísticas significantes para uma menor cobertura do

exame citopatológico ao final do pré-natal. Após a análiseajustada, o grupo que consultou no Hospital Universitárioda Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG(IC95%: 0,18 – 0,82) e as puérperas com idade entre 25 a 29anos (IC95%: 0,29 – 0,90), mostraram-se significativamenteassociadas à melhora da cobertura do citopatológico nosúltimos três anos. Portanto, evidenciou-se neste estudoque apesar do pré-natal ter melhorado a cobertura do exa-me citopatológico. O serviço local de saúde mostra-se pou-co efetivo pois cobriu menos mulheres do que o preconiza-do, e desigual porque o acesso ao exame variou conformealgumas características das usuárias. Além disso, os crité-rios epidemiológicos de risco para o carcinoma cervical nãoforam priorizados pela assistência médica. Os resultadosrevelam a necessidade de aumentar a cobertura do citopa-tológico e melhorar a qualidade da atenção pré-natal ofere-cida em Rio Grande. Motivando e capacitando os profissi-onais de saúde quanto à importância dos procedimentosda rotina pré-natal, pois apenas as gestantes que consulta-ram no Hospital Universitário da FURG tiveram a coberturado citopatológico próxima do preconizado pela Organiza-ção Mundial da saúde.

leiro (D3BR/RP1/2003) de DENV-3. Os três fragmentos en-contram-se inseridos em vetores plasmidiais, sendo quedois fragmentos representam a metade 5’ do genoma viral eo terceiro a metade 3’. Estes fragmentos serão utilizadosfuturamente para construção de um clone infeccioso, o qualservirá como ferramenta para estudar os processos relacio-nados à patogênese, replicação, mecanismos de escape dosistema imune, e até para a produção de vacinas. A diversi-dade genética dos DENV-3 isolados em todo mundo foiestudada analisado o gene da proteína E. A analise filoge-nética mostrou que o D3BR/RP1/2003 pertence ao genótipoIII. Por outra lado, esta análise mostrou a existência de agru-pamentos genéticos distintos dentro de três dos quatrogenótipos conhecidos de DENV-3. Assim, observamos queo genótipo I possui duas linhagens e duas sub-linhagens;o genótipo II está constituído por duas linhagens e 4 sub-linhagens; e o genótipo III compreende duas linhagens eduas sub-linhagens. Estes dados poderão fornecer infor-mações para melhor entendimento da evolução destes ví-rus e até para a seleção de um candidato a vacina.

Alberto Anastacio Amarilla OritzOrientador: Prof. Dr. Victor Hugo Aquino QuintanaDissertação Mestrado apresentada em 14/04/2008

A dengue é uma doença infecciosa causada pelovírus da dengue (gênero Flavivirus, família Flaviviridae),e transmitida pela picada de mosquitos do gênero Aedes,principalmente Aedes aegypti. Esta doença é um importan-te problema de saúde pública em todo o mundo; segundo aOrganização Mundial de Saúde, cerca de 50 a 100 milhõesde pessoas são infectadas anualmente em mais de 100 paí-ses de todos os continentes. A dengue apresenta-se emtrês formas clínicas principais; doença febril indiferenciada,febre clássica do dengue (FD) e dengue hemorrágica comou sem choque (DHF/DSS). Recentemente, viu-se um dra-mático aumento do número de casos de DHF/DSS nasAméricas, e este aumento coincidiu com a introdução dovírus dengue tipo 3 (DENV-3), genótipo III. Neste trabalho,três fragmentos sobrepostos que representam todo o ge-noma viral foram construídos a partir de um isolado brasi-

IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA

MONTAGEM DE cDNAS QUE REPRESENTAM REGIÕES SOBREPOSTAS DE TODO O GENOMADE UM VÍRUS BRASILEIRO DE DENGUE TIPO 3 E ANÁLISES DA DIVERSIDADE DA PROTEÍ-NA DO ENVELOPE (E)

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lulas lFN-γ+ IL-10+, segundo a literatura exercem atividadessupressoras, permitindo a sobrevivência e replicação para-sitária, e estas foram encontradas nestes órgãos em maiorproporção justamente nestes pontos, corroborando com oresultado anterior. Não houve diferença expressiva na pro-dução e expressão de RNAm para citocinas como lFN-γ eTNF-α, entre os grupos, mas a expressão e produção dacitocina IL-4 estiveram maiores nas células das lesões enos linfonodos respectivamente, de animais infectados comLTCP 393 - R. Nas orelhas não houve diferença na expres-são de RNAm para IL-10 nem TGF-β, porém, nos linfonodosde animais infectados com LTCP 15171 - S, encontramosmaior proporção de células TCD4+ FoxP3+ IL-10+. Tomadosem conjunto, estes dados sugerem que a produção dacitocina IL-4 em animais infectados com o isolado resisten-te pode estar sendo responsável pelo deficiente controleda infecção. Além disso, a associação encontrada sugereque a menor produção de IL-10 por células CD4+ FoxP3+ IL-10+ pode estar induzindo menor regulação de respostas Th2nestes animais, enquanto no grupo infectado com o isola-do suscetível, a maior produção de IL-10 por estas célulaspode estar inibindo a montagem deste tipo de resposta.Finalmente, o entendimento das respostas imunológicasinduzidas nas infecções por parasitas resistentes ou sus-cetíveis ao NO e a drogas como o antimônio poderia possi-bilitar o desenvolvimento de novas terapias para o contro-le, em pacientes, da leishmaniose refratária aos tratamentosconvencionais.

Diego Luís CostaOrientador: Prof. Dr. João Santana da SilvaDissertação Mestrado apresentada em 24/04/2008

A leishmaniose constitui um espectro de doençascausadas por protozoários do gênero Leishmania, dentreas quais, no Brasil, a mais comum é a leishmaniose tegu-mentar americana (LTA). A resposta imune de padrão Th1confere proteção contra a infecção, enquanto respostasTh2 levam à suscetibilidade. Células T reguladoras podemsuprimir a atividade de células efetoras Th1 ou Th2, favore-cendo ou não, respectivamente, a sobrevivência do parasi-ta. No município de Corte de Pedra - Bahia, foram isoladas,de pacientes com LTA, refratários ou não ao tratamentocom antimônio, amostras de L. braziliensis, resistentes(LTCP 393 - R) ou suscetíveis (LTCP 15171- S) à morte poróxido nítrico, respectivamente. Neste contexto, o objetivodo trabalho foi caracterizar, em modelo murino, os parâme-tros imunológicos da infecção com ambos os isolados.Assim como em humanos, a infecção de camundongosBALB/c com o isolado resistente resultou no desenvolvi-mento de lesões maiores. Elas também foram mais duradou-ras, com maior infiltrado inflamatório, composto principal-mente de células TCD4+, neutrófilos e macrófagos, e maiorquantidade de parasitas. Entretanto, nos linfonodos, nãohouve tal diferença; porém, o número de patógenos foimaior nos pontos mais tardios em ambas as infecções. Cé-

CARACTERIZAÇÃO DA INFECÇÃO EXPERIMENTAL DE CAMUNDONGOS COM ISOLADOS DELEISHMANIA BRAZILIENSIS RESISTENTES E SUSCETÍVEIS AO ANTÍMÔNIO E AO ÓXIDONÍTRICO

estudo demonstram um aumento da migração de célulasCCR2 + no intestino delgado, bem como de células CCL2 +

em ambas as linhagens dos animais após a infecção. Con-tudo, os animais CCR2 -/- apresentam uma profunda susce-tibilidade à infecção pelo parasito, com 100% de mortalida-de até o 280 dia após a infecção. Os órgãos periféricos dosanimais CCR2 -/- apresentam um aumento do parasitismotecidual e uma reação inflamatória suave, que no intestinodelgado, são associados com uma pequena migração decélulas T CD4 + e MAC-1+. Em contraste, há um aumento namigração de células TCD8+ que são relacionados com ocontrole da resposta imune inflamatória nesse órgão. En-tretanto, no início da fase crônica, camundongos CCR2 -/-

apresentam um aumento do parasitismo tecidual no SNCcom uma diminuição de células T CD4 + e MAC-1+ e umaumento de células T CD8 + quando comparados com osanimais C57BL/6. Foi observado também, que na ausência

Luciana BenevidesOrientadora: Profa. Dra. Neide Maria da SilvaDissertação Mestrado apresentada em 25/04/2008

Toxoplasma gondii é um protozoário intracelularobrigatório. Estima-se que 1/3 da população do mundo es-teja infectada por esse patógeno. A infecção oral por esseparasito induz uma reação inflamatória exacerbada que senão controlada pode levar a morte do animal. Além disso,quimiocinas produzidas por células epiteliais intestinaisinfectadas estão envolvidas na migração e ativação de cé-lulas inflamatórias. Entretanto, como a via de infecção na-tural é a oral, nosso objetivo foi verificar o papel de CCR2na infecção oral por T. gondii. Dessa forma, animais C57BL/6 e CCR2 -/- foram infectados por via oral com 5 cistos dacepa ME-49 de T. gondii e a sobrevivência e parâmetrosimunológicos foram avaliados. Os dados obtidos nesse

PAPEL DE CCR2 NA INFECÇÃO ORAL POR Toxoplasma gondii

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do receptor, a expressão de iNOS é ausente no intestinodelgado na fase aguda e no SNC no início da fase crônicade infecção. Além disso, na ausência de CCR2 a produçãode NO por células de baço é quase ausente. Em conjunto,

os resultados sugerem que CCR2 é essencial para ativarmediadores microbicidas principalmente no SNC para o con-trole da proliferação do parasito, favorecendo a resistênciado hospedeiro.

O PAPEL DAS CÉLULAS T REGULADORAS NO DESENVOLVIMENTO DA IMUNOSSUPRESSÃODURANTE A SEPSE GRAVE EXPERIMENTAL

Daniele Carvalho Bernardo NascimentoOrientador: Prof. Dr. Fernando de Queiróz CunhaDissertação de Mestrado apresentada em 30/04/2008

A sepse é uma resposta inflamatória sistêmica de-corrente de uma infecção. Na evolução do processo sépti-co é comum a ocorrência de uma significativa disfunçãocardiovascular e extensa lesão tecidual. Observa-se tam-bém uma significativa disfunção imune que contribui parao agravamento do processo séptico e instalação de um qua-dro de imunossupressão. De fato, estudos recentes de-monstraram que tanto em pacientes, como em modelos ex-perimentais de sepse grave, ocorre um quadro de imunos-supressão, caracterizado por aumento da freqüência de cé-lulas T reguladoras. Assim, nosso objetivo foi investigar apossível contribuição das células T reguladoras no desen-volvimento da imunossupressão durante a sepse grave ex-perimental em modelo murino. Os camundongos C57BL/6submetidos à sepse grave, pelo modelo de ligadura e perfu-ração do ceco (CLP), e tratados com antibiótico durantetrês dias, apresentaram aproximadamente 50 % de sobrevi-vência. Esses animais sobreviventes do processo sépticosão altamente susceptíveis (mortalidade de 100 %) à infec-ção secundária induzida por Legionella pneumophila, 15dias após a indução da CLP. A cinética da freqüência de

células T reguladoras (CD4+CD25+ e Foxp3+ ou CD103+ ouCTLA-4+ ou GITR+) foi avaliada em tecidos distintos (lava-do peritoneal, linfonodo drenante, timo e baço) e em dife-rentes intervalos de tempo após a indução de sepse grave.Observou-se um aumento na expressão da maioria dos mar-cadores de células T reguladoras em todos os tecidos ana-lisados, no primeiro dia após a CLP. Posteriormente, a fre-qüência de células T reguladoras reduziu significativamen-te, com exceção do timo que apresentou aumento em 7 e 15dias após a CLP e do baço que apresentou aumento nova-mente em 15 dias após a CLP. No décimo quinto dia, obser-vamos também uma diminuição na capacidade proliferativadas células T CD4+CD25- do baço estimuladas com anticor-po anti-CD3. Nesse período, o comprometimento nas célu-las T CD4+ não foi revertido in vitro utilizando anticorposanti-CTLA-4 ou anti-GITR, que inibem a atividade das cé-lulas T reguladoras, sugere-se que esse comprometimentoocorra numa fase inicial do processo séptico. Desta forma,a inibição da atividade supressora das células T regulado-ras pelo pré- e pós-tratamento de camundongos sépticoscom anticorpo anti-GITR promoveu um aumento da resis-tência (~ 80 % de sobrevivência) destes animais à infecçãonão letal. Em conjunto os dados demonstram a contribui-ção das células T reguladoras no desenvolvimento da imu-nossupressão durante a sepse grave.

por helmintos é bastante comum, o entendimento da modu-lação da resposta imune na co-infecção é de fundamentalimportância no estudo de intervenções terapêuticas contraa tuberculose. A vacina DNA-hsp65 induz um padrão TH1de resposta imune e pró-inflamatória, com estimulação daprodução de citocinas como o IL-12, IFN−γ e TNF−α. Poroutro lado, a infecção por helmintos induz um padrão TH2de resposta imune, com produção de IL-4 e IL-5. No entan-to, não se conhece qual o impacto da co-existência dessespadrões opostos de resposta imune na eficácia do trata-mento com DNA-hsp65. Sendo assim, o objetivo deste tra-balho foi estudar três aspectos fundamentais no entendi-mento da interação entre os parasitas e o hospedeiro na co-infecção. Inicialmente, avaliamos a resposta imune em ani-mais co-infectados, com tuberculose e helmintíases. A se-

Fabiani Gai FrantzOrientadora: Profa. Dra. Lúcia Helena FaccioliTese de Doutorado apresentada em 13/05/2008

O número crescente de casos de tuberculose, o apa-recimento de cepas de Mycobacterium tuberculosis resis-tentes a múltiplas drogas (MDR), e as extremamente resis-tentes (XDR), fizeram ressurgir um novo desafio para a co-munidade científica no que se refere a novas medidasprofiláticas e terapêuticas para o seu controle. A vacina deDNA que codifica a proteína de choque térmico hsp65 deMycobacterium leprae tem se mostrado eficiente na profi-laxia e terapia contra a tuberculose experimental. Sabendo-se que em regiões endêmicas de tuberculose, a co-infecção

ESTUDO DE CO-INFECÇÕES POR HELMINTOS E Mycobacterium tuberculosis. IMPLICAÇÕESNO USO DA VACINA TERAPÊUTICA DNA-hsp65

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gunda abordagem foi avaliar se a co-infecção altera o efeitoterapêutico da vacina DNA-hsp65 contra a tuberculose.Por fim, avaliamos o efeito direto da vacina DNA-hsp65 naformação de granulomas do tipo 2, que são induzidos pelaadministração de ovos de S. mansoni. Os animais dos dife-rentes grupos foram avaliados quanto à capacidade de eli-minação da bactéria, a produção de citocinas e a histologiapulmonar. Em conjunto, nossos dados sugerem que a in-fecção por Toxocara canis não aumentou a susceptibilida-de à infecção por M. tuberculosis, enquanto o Schistossomamansoni influenciou fortemente o crescimento da bactéria,induzindo aumento na recuperação de unidades formado-ras de colônia que foi mediada pela pressão TH2, não prote-

tora, induzida pelo helminto. Pela primeira vez, demonstra-mos que o efeito terapêutico da vacina DNA-hsp65 não foiinfluenciado pela presença da resposta TH2 induzida por T.canis ou S. mansoni, sendo que a vacina reverteu a respos-ta imune pré-estabelecida para um perfil protetor. Estes da-dos confirmam a eficácia do DNA-hsp65 e reforçam a pos-sibilidade de sua utilização clínica. Por fim, também de for-ma inédita, foi demonstrado o efeito protetor do DNA-hsp65em infecções helmínticas, visto que a imunização induziupreservação do parênquima pulmonar e diminuição no ta-manho dos granulomas do tipo 2. Com isso, sugerimos aimportância da regulação da resposta imune influenciadapela imunização com antígenos não correlacionados.

IMUNOGENICIDADE DE LINHAGENS VACINAIS DE Salmonella enterica EXPRESSANDO A PRO-TEÍNA VapA DE Rhodococcus equi

Aline Ferreira de Oliveira PereiraOrientadora: Profa. Dra. Maria Cristina R. Antunes BarreiraTese de Doutorado apresentada em 16/05/2008

A infecção de potros jovens e de humanos imuno-comprometidos por Rhodococcus equi resulta em gravepneumonia. A antibioticoterapia nem sempre é eficaz, umavez que há amostras de R. equi resistentes aos antibióticosconvencionais (rifampicina / eritromicina).

Além disso, o tratamento é longo, tem alto custo ediversos efeitos colaterais. Já foram desenvolvidos váriosestudos com a finalidade de se obter vacinas efetivas con-tra a rodococose; entretanto, as estratégias de imunizaçãoensaiadas não induziram efeito protetor considerável.

Uma vez que a proteína VapA, principal fator de vi-rulência de R. equi, é dotada de alta imunogenicidade elinhagens atenuadas de S. enterica Typhimurium são boascarreadoras de proteínas heterólogas para células do siste-ma linfóide, nosso laboratório, com a colaboração do Dr.Marcelo Brocchi (Instituto de Biologia, UNICAMP), utili-zou uma linhagem atenuada de S. enterica Typhimuriumχ3987 para expressar a proteína VapA. A administração dessalinhagem em camundongos resultou em proteção contra ainfecção por R. equi, manifesta por maior taxa de sobrevi-vência, maior clearance bacteriano e menor resposta infla-matória, em relação aos grupo inoculado somente com PBSou com S. enterica Typhimurium χ3987 carreando apenas oplasmídio pYA3137 (Oliveira et al., 2007). Demonstrou-seassim que o procedimento de imunização oral com a linha-gem atenuada de S. enterica Typhimurium expressandoVapA confere proteção frente a rodococose experimental, oque fundamenta a busca de se avaliar o padrão de respostaimune específica para R. equi desencadeado pelo processode vacinação.

Camundongos vacinados produziram altos títulosde IgA de mucosa e de anticorpos séricos específicos, pre-

dominantemente do isotipo IgG2a. Suas células peritone-ais, ao serem estimuladas in vitro com APTX (material ricoem proteína VapA), produziram altos níveis de óxido nítri-co, IL-12, TNF−α e IL-1β. Além disso, suas células esplêni-cas secretaram maiores concentrações de IL-12, IFN−γ,TNF−α e IL-10. Em contrapartida, não se detectou IL-4 nosobrenadante dessas células. A maior produção de citoci-nas relacionadas ao padrão Th1 de resposta associou-se auma maior expressão do fator de transcrição T-bet peloscamundongos vacinados, em comparação aos animais dosoutros dois grupos.

Frente ao desafio com R. equi virulento, os animaisimunizados produziram níveis maiores de IL-12, IFN−γ, IL-10 e de óxido nítrico em todos os órgãos analisados (pul-mão, baço e fígado), embora menores concentrações deTNF−α e de IL-4 tenham sido verificadas.

A análise das subpopulações celulares que partici-pam na proteção de camundongos imunizados contra a in-fecção por R. equi revelou a ocorrência de números signifi-cativamente maiores de linfócitos T CD4+, T CD8+, linfóci-tos B e células T CD4+CD25+. Além disso, esses animaisapresentaram maior expressão de TGF-β e Foxp3, quandocomparados aos animais dos dois grupos controles.

O estímulo com APTX de células esplênicas de ani-mais vacinados resultou em significante linfoproliferação.

Esse conjunto de resultados indica que a imuniza-ção com S. enterica Typhimurium expressando VapA geraimunidade específica humoral, celular e de mucosa. A res-posta é predominantemente de padrão Th1 e capaz de con-ferir proteção contra a rodococose experimental. O aumen-to de células T CD4+CD25+, associado a maior expressão deFoxp3 e de TGF-β, e a produção aumentada de IL-10 e dimi-nuída de TNF−α, detectados in vivo, podem ser cruciaispara a atenuação da reação inflamatória verificada nos ór-gãos de camundongos imunizados frente ao desafio comR. equi.

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sou o perfil de expressão dos fatores de transcrição T-bet eGata-3 ficou demonstrado que o grupo que recebeuRNAmhsp65-ORF nu, embora não tenha induzido altos ní-veis de T-BET apresentou níveis menores de GATA-3 emrelação aos grupos controles. Esses dados sugerem que avacinação com o RNAm nu, pela via intranasal, foi capaz desustentar uma resposta imune por trinta dias, tempo dodesafio, com um padrão mais do tipo misto e/ou tendendoao Th1, o que pode estar relacionado com a proteção ob-servada. Para verificar quais as sub-populações de célulasapresentadoras de antígeno presentes no pulmão eram ca-pazes de capturar o RNAm injetado por via intranasal fo-ram realizados experimentos de citometria de fluxo e mi-croscopia de fluorescência. Esses experimentos demons-traram que 30 minutos e até 8 horas após o inoculo, essascélulas foram capazes de capturar o RNAm injetado. Após8 horas foi possível verificar que a molécula de RNAmhsp65-ORF estava presente no citosol celular. Pode-se concluirentão que a vacinação com RNAm por via intranasal foieficiente nesse tipo de estratégia e abre perspectivas parauso em outras patologias bem como para o entendimentodos mecanismos envolvidos na indução da proteção ob-servada.

Júlio César Cetrulo LorenziOrientadora: Profa. Dra. Arlete A. Martins Coelho-CasteloDissertação de Mestrado apresentada em 27/05/2008

O uso do RNA mensageiro como estratégia para aestimulação do sistema imune tem sido utilizado atualmen-te, principalmente em estratégias para a terapia do câncer.Esse trabalho demonstra que a utilização de um RNA men-sageiro, codificando para a proteína hsp65 de Mycobacte-rium leprae, como estratégia vacinal para o controle datuberculose experimental tem grande potencial. Nossosdados mostraram que a vacinação de camundongos comuma única dose de 10ug desse RNAm nu, por via intranasalfoi capaz de induzir uma resposta imune protetora contra osubseqüente desafio com cepa virulenta de M. tuberculosis.Tal efeito não foi observado quando o mesmo foi dado viaintramuscular ou encapsulado em lipossomas pela viaintranasal. Embora a vacinação com RNAmhsp65-ORF nureduziu a carga bacilar nos animais vacinados, não levou aum aumento dos níveis de anticorpos IgG1,IgG2A, IgM eIgA anti-hsp65. Além disso, a análise de células de memóriado fenótipo T CD44hi/CD62low, não mostrou diferença en-tre os grupos analisados. Por outro lado, quando se anali-

RNA MENSAGEIRO CODIFICADOR DA PROTEÍNA hsp65 DE Mycobacterium leprae COMO UMANOVA ESTRATÉGIA VACINAL NO COMBATE DA TUBERCULOSE EXPERIMENTAL

funções antiinflamatórias e antioxidantes, dessa forma re-gulando a inflamação. Portanto, o objetivo deste trabalhofoi verificar ambos os fatores (pró e antiinflamatórios) daresposta imune gerada contra o T. cruzi, utilizando doismodelos experimentais distintos. O primeiro modelo verifi-cará a participação da enzima 5-lipoxigenase (5-LO) e seusmetabólicos pró-inflamatórios (leucotrienos) na infecçãoinduzida por T. cruzi, utilizando animais geneticamente de-ficientes (5-LO-/-). O segundo modelo avaliará a influenciada enzima heme oxigenase (HO-1) na resposta imune de-sencadeada contra T. cruzi, utilizando um inibidor (ZnPPIX)e um indutor (hemin) desta enzima. Em ambos os modelos,após a infecção com T. cruzi, vários parâmetros foram ava-liados. A princípio, no primeiro modelo experimental (5-LO),foi possível observar que a infecção com T. cruzi induzprodução de leucotrienos B4 (LTB4), um metabólico oriun-do da atividade da enzima 5-LO, demonstrando que estaenzima participa da resposta inflamatória desencadeadacontra o parasito. Em seguida, foi possível verificar que

Wander Rogério PavanelliOrientador: Prof. Dr. João Santana da SilvaTese de Doutorado apresentada em 13/06/2008

Durante a fase aguda da infecção com Trypanosomacruzi, uma forte resposta inflamatória é freqüentementeobservada no miocárdio, a qual esta relacionada com alte-rações crônicas e conseqüente fibrose. Diversos fatoresregulam a intensidade da resposta inflamatória, entre elescitocinas e quimiocinas, produzidos pelos leucócitos e car-diomiócitos. Atualmente alguns estudos têm-se concen-trado em avaliar a participação de outros mediadores infla-matórios, responsáveis pela iniciação, manutenção ou mes-mo regulação da inflamação. De um lado da resposta infla-matória, a enzima 5-lipoxigenase (5-LO) atua no metabolis-mo do ácido araquidônico, dando origem aos leucotrienosque agem na fase de iniciação e manutenção da respostainflamatória. Por outro lado, a enzima heme-oxigenase-1(HO-1), envolvida na degradação do grupo heme, possui

PARTICIPAÇÃO DAS ENZIMAS 5-LIPOXIGENASE (5-LO) E HEME OXIGENASE (HO-1) NA RES-POSTA INFLAMATÓRIA INDUZIDA CONTRA Trypanosoma cruzi

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camundongos geneticamente deficientes (5-LO-/-), embo-ra possuindo maior parasitemia, foram mais resistentes àinfecção que animais selvagens (129-WT). Quanto ao as-pecto inflamatório, foi possível verificar que camundongos5-LO-/- apresentaram menor inflamação, com reduzida quan-tidade de células CD4+, CD8+ e IFN−γ+ quando comparadocom camundongos WT. Contudo foi observado nessesanimais aumento na percentagem de células CD4+CD25+

(Tregs) expressando os respectivos marcadores fenotípi-cos. Em seguida avaliamos a produção de citocinas e ob-servamos que camundongos 5-LO-/- possuíam níveis re-duzidos de citocinas como IFN−γ e TNF−α. Isto esta corre-lacionada com produção reduzida de óxido nítrico e au-mento (aos 15 dias de infecção) na presença de antígenosde T. cruzi encontrados nesses animais. Já para o segundomodelo experimental (HO-1), foi possível verificar que ca-mundongos BALB/c tratados com ZnPPIX (inibidor), em-bora apresentando menor parasitemia, foram mais suscep-tíveis a infecção com T. cruzi, quando comparado a camun-dongos tratados como hemin (indutor) ou mesmo não tra-tados (controle). Estes resultados demonstram que a HO-1está efetivamente envolvida nos mecanismos que regulam

a miocardite em animais infectados com T. cruzi. Adicional-mente, a análise histopatológica mostrou aumento da res-posta inflamatória no coração e fígado destes camundon-gos. Isto está diretamente correlacionado com aumento napresença de células CD4+, CD8+, e IFN−γ+ no coração epredominância de citocinas associadas ao padrão Th1(IFN−γ e TNF−α) nos animais tratados com ZnPPIX. Esteaumento provavelmente está relacionado com diminuiçãona percentagem de células CD4+CD25+ (Tregs) encontra-das nestes animais. Entretanto, animais tratados com heminapresentaram níveis elevados de citocinas (IL-4) do padrãoTh2 e citocinas (IL-10 e TGF−β) imunomoduladoras. Tam-bém foi possível observar aumento na percentagem de cé-lulas CD4+CD25+ (Tregs) expressando os respectivos mar-cadores fenotípicos (Foxp3, GITR e CTLA-4). Estes resul-tados claramente demonstram que a reação inflamatória de-sencadeada contra T. cruzi pode ser regulada pela HO-1.Portanto, sugerimos que durante a infecção experimentalcom T. cruzi, diversos fatores da resposta inflamatória po-dem determinar a intensidade da inflamação, podendo le-var ao controle da replicação do patógeno e/ou morte dohospedeiro.

AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA FOSFOLIPASE C COMO FATOR DE VIRULÊNCIA DEMYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS

mente em resposta à ativação constante de macrófagos, de-monstrada pelos níveis elevados de IFN−γ e NO, os quaispodem estar envolvidos na destruição do parênquima pul-monar, necrose, e morte dos animais. Além disso, as PLCspossibilitaram o aumento, in vivo, do crescimento de bacilosnos pulmões e baço, mesmo na presença de uma forte res-posta celular TH1. Além disso, experimentos in vitro de-monstraram que a PLC induz a internalização de Mtb pormacrófagos alveolares, porém inibe a atividade microbicidadestas células, por mecanismo dependente de prostaglan-dinas. Desta forma, poder-se-ia sugerir que PLCs de Mtbinduzem a patogenia na tuberculose através da 1) estimula-ção exacerbada da inflamação e da resposta imune celular e2) produção de prostaglandinas, particularmente PGE2. Es-tas estariam envolvidas na destruição tecidual com deposi-ção de fibrina e colágeno nos pulmões, impossibilitando astrocas gasosas e na supressão das atividades antimicrobia-nas dos macrófagos alveolares, que em conjunto, permitema permanência dos bacilos nos pulmões e outros órgãos.

Camila Matias PeresOrientadora: Profa. Dra Lúcia Helena FaccioliTese de Doutorado apresentada em 27/06/2008

Os mecanismos que conferem resistência de M. tu-berculosis à destruição pelo hospedeiro, além da sua capa-cidade em permanecer e/ou multiplicar-se no interior dascélulas fagocitárias são ainda pouco compreendidos. A iden-tificação de antígenos espécie-específicos de M. tubercu-losis é um passo essencial para elucidar os mecanismosexclusivos através dos quais este microorganismo é pato-gênico para o homem. A presença de genes de fosfolipase Cno genoma de M. tuberculosis, e não em outras micobacté-rias, sugere um papel desta enzima na patogenia desta in-fecção. Neste trabalho, demonstramos que as PLCs deMycobacterium tuberculosis são fatores de virulência des-ta bactéria e promovem a patogenicidade através da indução,na fase cônica da tuberculose, de uma resposta inflamatóriaexacerbada e injúria tecidual. Este último ocorre possivel-

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vidida em estrutural e funcional. Para a avaliação funcionalda deglutição foram utilizadas as consistências alimentarespastosa, líquida e sólida (quando possível, dependendodas condições apresentadas pelo paciente). O volume daoferta também dependeu das possibilidades apresentadas:aqueles pacientes que não ofereciam condições clínicaspara a realização da avaliação, como os que se encontra-vam com intubação orotraqueal, estado de sonolência pro-funda ou em estado de coma, esta foi contra-indicada. Apósa avaliação clínica, com a obtenção dos dados estruturais efuncionais, concluiu-se se a avaliação clínica da deglutiçãoapresentava-se normal ou alterada. A partir de então, eraconcluído sobre a possibilidade de introdução de dieta porvia oral. Para a análise estatística foi utilizado o teste exatode Fisher, verificando a associação entre as variáveis. Paraavaliar se o escore do NIHSS caracterizaria um indicador defator de risco para a disfagia, foi construída a curva ROCvisando obter características quanto à sensibilidade e es-pecificidade da escala para este propósito. Os resultadosdemonstraram que a disfagia é uma manifestação freqüentena fase aguda do AVCI, presente em 32% dos pacientesanalisados. A avaliação clínica da deglutição é um métodoconfiável de detecção das dificuldades de deglutição. En-tretanto, os fatores preditivos de risco para a função de-vem ser ponderados, devendo ser considerada a gravidadedo quadro, o nível de consciência e a presença de comorbi-dades pré-existentes. A hipertensão arterial sistêmica (HAS)demonstrou ser o principal fator de risco para o AVC apre-sentada por 72% dos pacientes, seguida do tabagismo(36%), etilismo (20%) e diabete melito (20%). Gênero e he-misfério cerebral acometido não tiveram associação esta-tisticamente significante com a presença de disfagia. Ida-de, NIHSS, ECG, alterações de fala e linguagem e topografiada lesão são fatores preditivos de disfagia apresentandodiferenças estatisticamente significantes. Pacientes comlesões em território carotídeo apresentaram maior preva-lência quanto à presença de disfagia (58,88%). O NIHSSapresenta alta sensibilidade (88%) e especificidade (85%)para detecção de disfagia considerando 12 como valor decorte para sua existência. A formulação de um algoritmopara detecção de disfagia na fase aguda do AVCI poderáauxiliar na definição de condutas quanto à melhor via deadministração da dieta enquanto se aguarda uma avaliaçãofonoaudiológica especializada.

Paula de Carvalho Macedo Issa OkuboOrientador: Prof. Dr. Osvaldo Massaiti TakayanaguiTese de Doutorado apresentada em 03/04/2008

A disfagia orofaríngea é uma manifestação comumapresentada na fase aguda do acidente vascular cerebral(AVC). A aspiração decorrente das dificuldades de degluti-ção é um sintoma que deve ser considerado devido à fre-qüente presença de pneumonias aspirativas que podem in-fluenciar na recuperação do paciente trazendo complica-ções ao seu quadro clínico em geral e até mesmo risco demorte. A caracterização clínica precoce das alterações dedeglutição pode auxiliar na definição de condutas e evitar aadministração de dieta por via oral oferecendo riscos aopaciente. O presente estudo teve por objetivo, propor a viamais segura de alimentação na fase aguda do acidente vas-cular cerebral isquêmico (AVCI) com o intuito de minimizarcomplicações, utilizando a escala de AVC proposta pelo“National Institutes of Health”, o NIHSS e considerandoalguns fatores de risco para disfagia na clínica apresentadapor estes pacientes, com a formulação de um algoritmo.Para tanto, foram avaliados 50 pacientes internados naUnidade de Emergência do Hospital das Clínicas da Facul-dade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade deSão Paulo com diagnóstico de AVCI confirmado, clinica-mente, por um médico neurologista, dentro de, no máximo,48 horas entre o início dos sintomas e a avaliação. Os paci-entes foram avaliados desde que se enquadrassem nos cri-térios propostos, sendo 25 do gênero feminino e 25 do mas-culino, com idade média de 64,90 anos (variação de 26 a 91anos). Uma anamnese foi realizada antes da participaçãodo paciente no estudo, para que fosse assegurada a ausên-cia de história de dificuldades de deglutição anteriores aoquadro atual. A avaliação clínica fonoaudiológica foi reali-zada à beira do leito através de um protocolo constituídopor dados de identificação do paciente, data do início dossintomas, data de entrada no hospital, escore da escala decoma de Glasgow (ECG) e do NIHSS obtidos na avaliaçãoneurológica inicial e no dia da avaliação, fatores de riscopara AVC, achados clínicos obtidos na avaliação neuroló-gica do paciente, resultado do exame de imagem (tomogra-fia computadorizada ou ressonância magnética). A segun-da parte foi destinada à escala do NIHSS e, por fim, a tercei-ra parte constou da avaliação da deglutição, sendo subdi-

NEUROLOGIA

DETECÇÃO DE DISFAGIA NA FASE AGUDA DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO.PROPOSIÇÃO DE CONDUTA BASEADA NA CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES DE RISCO

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gico, mas a presença de anormalidade ao exame físico foiassociada a um pior resultado cirúrgico (p=0,04). Foi obser-vado que o EEG crítico lateralizou a zona epileptogênica(ZE) em 50 % dos casos. A RM localizou as lesões epilepto-gênicas em todos os pacientes do estudo, exceto no paci-ente com RM normal. O SPECT crítico pré-cirúrgico foi rea-lizado em 29 pacientes, e considerado localizatório em 48,3% dos pacientes, lateralizatório em 13,7 % dos pacientes,totalizando 62 % de lateralização da ZE, e o SPECTintercrítico pré-cirúrgico foi realizado em 16 pacientes, sen-do localizatório em 31,2 % e lateralizatório em 37,5 %, auxi-liando assim a lateralização da ZE em 68,7%. Quatro pacien-tes apresentaram complicações pós-cirúrgicas, sendo quedois pacientes evoluíram para óbito. O uso de uma detalha-da avaliação clínica associada a exames de neuroimagemestrutural e funcional levaram a 71 % dos pacientes a setornarem livres de crises.

Conclusão: O tratamento cirúrgico foi efetivo nocontrole das crises dos pacientes pediátricos portadoresde ELF farmacologicamente refratários. O uso do SPECTcrítico e intercrítico contribuiu para a localização da ZE,sendo de maior sensibilidade em lesões do tipo malformaçãodo desenvolvimento cortical (MDC). Técnicas de neuroi-magem estrutural aliadas a exames de neuroimagem funcio-nal aumentam a precisão da localização da ZE. São neces-sários mais estudos sobre o uso do SPECT em epilepsia dolobo frontal, especialmente em pacientes pediátricos.

Emerson Henklain FerruzziOrientador: Prof. Dr. Américo Ceiki SakamotoDissertação de Mestrado apresentada em 08/04/2008

Objetivo: Descrever as características clínicas, re-sultados das avaliações pré-cirúrgicas e da abordagem ci-rúrgica de pacientes pediátricos com epilepsia do lobo fron-tal (ELF) farmacologicamente resistentes. Analisar a contri-buição dos SPECTs crítico e intercrítico na avaliação pré-cirúrgica dos pacientes pediátricos com ELF.

Métodos: Foram analisados retrospectivamente 34pacientes monitorizados no período de abril de 1994 a marçode 2006 no Centro de Cirurgia de Epilepsia do Hospital dasClínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto daUniversidade de São Paulo (CIREP-HCFMRP-USP), sendoanalisada história clínica, exame neurológico, monitorizaçãopor vídeo-eletroencefalograma (VEEG), exames de neuroi-magem estrutural e funcional. Os estudos de neuroimagemincluíram tomografia de crânio (TC), ressonância magnética(RM) e Single photon emission computed tomography(SPECT) crítico e intercrítico. Quando necessário estes exa-mes foram acrescidos de avaliações psiquiátricas.

Resultados: Foi observado que fatores como sexo,idade da primeira crise, idade da cirurgia, dominância ma-nual, presença de crise febril, número de crises antes dacirurgia e presença de generalização das crises não apre-sentaram significância estatística para bom resultado cirúr-

CONTRIBUIÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA POR EMISSÃO DE FÓTON ÚNICO(SPECT) NA AVALIAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA DE PACIENTES PEDIÁTRICOS COM EPILEPSIA DOLOBO FRONTAL

pré-cirúrgicas, além do status neurológico pós-cirúrgico, po-deriam ser fatores de risco para a ocorrência de transtornospsiquiátricos após o primeiro ano da cirurgia de ELTM. Paraa análise dos fatores de risco para o resultado neurológicoinsatisfatório, 186 pacientes com ELTM-EH operados entreos anos de 1995 a 2004, com 16 anos ou mais de idade, foramacompanhados por um período médio de 6 anos. As variá-veis pré-cirúrgicas foram comparadas com o resultado neu-rológico pós-cirúrgico, com base no sistema de classifica-ção de Engel. Para a análise dos fatores de risco para apresença de transtornos psiquiátricos após o primeiro anoda cirurgia de ELTM, foram selecionados 138 dos 186 paci-entes da amostra inicial. O motivo da seleção foi o segui-mento psiquiátrico regular no primeiro ano pós-cirúrgico. Aanálise estatística utilizou-se do método de curva de sobre-

Ricardo GuarnieriOrientador: Prof. Dr. Américo Ceiki SakamotoTese de Doutorado apresentada em 08/04/2008

Transtornos psiquiátricos pré-cirúrgicos podem es-tar associados à presença de resultados pós-cirúrgicosinsatisfatórios, do ponto de vista neurológico e psiquiátri-co, na cirurgia de epilepsia de lobo temporal mesial (ELTM).Os objetivos deste estudo foram: 1) avaliar se as caracterís-ticas clínicas e demográficas pré-cirúrgicas, incluindo-se ostranstornos psiquiátricos, poderiam ser fatores de risco pararesultados pós-cirúrgicos neurológicos insatisfatórios, nolongo prazo da cirurgia de ELTM associada à esclerose dohipocampo (ELTM-EH). 2) avaliar se as mesmas variáveis

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RELEVÂNCIA DAS COMORBIDADES PSIQUI-ÁTRICAS PRÉ-CIRÚRGICAS NO PROGNÓSTICO NEUROLÓGICO E PSIQUIÁTRICO DE PACI-ENTES COM EPILEPSIA DE LOBO TEMPORAL CIRURGICAMENTE TRATADOS

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vida de Kaplan-Meier e do modelo de regressão logísticabinária multivariada. Os resultados da primeira análise fo-ram: 77 (41,4%) dos 186 pacientes tiveram pelo menos umtranstorno psiquiátrico no período pré-cirúrgico. Trinta eseis pacientes tiveram depressão; 11 transtorno disfóricointerictal; 14 psicose interictal; 6 psicose pós-ictal; e 10 trans-tornos de ansiedade. Vinte e três pacientes tiveram diag-nóstico de transtorno de personalidade (eixo II). Os resulta-dos neurológicos foram: E1: 143 (76,9%) pacientes (subca-tegorias: E1A: 61; E1B: 38; E1C: 39; E1D: 5 pacientes); E2:15; E3: 26; E4: 2 pacientes. Nenhuma associação estatistica-mente significante foi encontrada entre as variáveis pré-cirúrgicas para a presença de crises epilépticas pós-cirúrgi-cas (E2 ou maior). Quando a subcategoria E1A (“livre decrises desde a cirurgia”) foi comparada com as subcategori-as E1B ou maior, somente as variáveis pré-cirúrgicas trans-tornos de ansiedade (aHR = 2,48, IC 95% = 1,25-4,93, p =0,009) e transtornos de personalidade (aHR = 2,02, IC 95% =1,27-3,22, p = 0,003) mantiveram significância estatística paraa condição E1B ou maior. Em relação aos resultados da se-gunda análise, dos 138 pacientes da amostra, 59 (42,8%)tiveram ao menos um transtorno psiquiátrico após o primei-

ro ano da cirurgia. Destes 59 pacientes, 45 (76%) tiveramdiagnóstico de transtornos psiquiátricos pré-cirúrgicos. Aanálise estatística confirmou que a presença de transtornospsiquiátricos pré-cirúrgicos estava positivamente correlaci-onada com a presença de transtornos psiquiátricos pós-cirúrgicos (OR = 9,48, IC 95% = 4,32-20,80, p < 0,0001). Alémdisso, entre os pacientes com diagnósticos psiquiátricosnos dois períodos, o transtorno psiquiátrico pós-cirúrgicoapresentava, geralmente, características semelhantes ao res-pectivo transtorno psiquiátrico pré-cirúrgico. Em conclu-são, transtornos pré-cirúrgicos de ansiedade e de persona-lidade estiveram positivamente correlacionados com a pre-sença de auras no período pós-cirúrgico de longo prazo. Apresença de transtornos psiquiátricos pré-cirúrgicos foramos principais fatores associados com a presença de trans-tornos psiquiátricos após o primeiro ano de cirurgia deELTM. Estes resultados apontam para a importância dasavaliações psiquiátricas nos serviços de cirurgia de epilep-sia, tanto no período pré-cirúrgico, com o devido aconse-lhamento e informação aos pacientes com epilepsia e trans-tornos psiquiátricos, quanto no acompanhamento mais in-tensivo desses pacientes no período pós-cirúrgico.

ótima de fenobarbital encontrada nos machos e as mesmasanálises foram feitas. Um grupo de 6 machos WARs foiimplantado estereotaxicamente com eletrodos monopolaresnos EST, na SNPr e no CS e foi injetado sistemicamentecom a dose ótima de fenobarbital. Foram feitas análisesmorfológicas e espectrais (transformada de wavelets) nosEEGs, antes, durante e após as crises audiogênicas; 2) Fo-ram implantados estereotaxicamente eletrodos no EST e noCS, um quimetrodo da SNPr direita e 1 cânula de injeção naSNPr esquerda de 14 machos WARs. Dois grupos de 7animais foram formados sendo um grupo com injeçõesintranígricas bilaterais de muscimol e o outro grupo cominjeções intranígricas bilaterais de fenobarbital. O efeitoanticonvulsivo foi avaliado pelo ISc e o EEG dos períodosbasais e adaptação foi analisado espectralmente. 3) 15 ma-chos WARs foram estereotaxicamente implantados com ele-trodos no EST e na SNPr e 6 animais deste grupo foramimplantados com quimetrodo na parte anterior do CS (CSa)e nove na parte posterior do CS (CSp). Em todos os animaisforam microinjetados bicuculina e muscimol e a análise doefeito anticonvulsivo foi feito através do ISc. Foi realizadaanálise neuroetológica dos períodos basal, 1 minuto pré,durante e 1 minuto após a crise audiogênica nos dois gru-pos, e um novo grupo (n = 7) sem cirurgia foi usado comocontrole do grupo basal. Os EEGs dos períodos basal, adap-

Franco RossettiOrientador: Prof. Dr. Norberto Garcia CairascoTese de Doutorado apresentada em 22/04/2008

A cepa Wistar Audiogenic Rat (WAR) é caracteriza-da pela ocorrência de crises audiogênicas através da expo-sição aguda ao som de alta intensidade (110 dB) e, entre oscircuitos cerebrais envolvidos, acredita-se que o circuitoestriado-substância negra reticulada-colículo superior (EST-SNPr-CS) pertença a um sistema anticonvulsivante endó-geno, composto por neurônios GABAérgicos, que é capazde produzir efeitos anticonvulsivos. No entanto, sua açãoem crises audiogênicas ainda é muito controversa.

Objetivo: O objetivo principal deste trabalho foi es-tudar o funcionamento do circuito EST-SNPr-CS nos WARsatravés de injeções de drogas, estudos comportamentais,EEGráficos e anatômicos.

Materiais e Métodos: 1) 24 WARs machos forma-ram 4 grupos e foram injetados sistemicamente com 4 do-ses de fenobarbital. Através do Índice de Gravidade de cri-ses mesencefálicas categorizado (ISc) analisamos os efei-tos anticonvulsivos e através dos scores de ataxia e sedaçãoanalisamos os efeitos colaterais das 4 doses. Logo após, 10fêmeas WARs foram injetadas sistemicamente com a dose

CARACTERIZAÇÃO DO CIRCUITO ANTICONVULSIVO ENDÓGENO ESTRIADO - SUBSTÂNCIANEGRA RETICULADA - COLÍCULO SUPERIOR NA EXPRESSÃO DE CRISES EPILÉPTICAS EMANIMAIS DA CEPA Wistar Audiogenic Rat (WAR)

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pacidade de andar, ICARS I.2 - Velocidade da marcha, ICARSI.3 - Capacidade de ficar em pé, com os olhos abertos,ICARS I.4 - Distância dos pés na posição natural, sem su-porte e com os olhos abertos, ICARS I.5 - Balanço do corpocom os pés juntos e os olhos abertos, ICARS I.6 - Balançodo corpo com os pés juntos e os olhos fechados, ICARSII.10 - Teste dedo-nariz: decomposição, ICARS 11 = testededo-nariz: tremor de intenção do dedo, Avaliação do está-gio funcional da marcha - FARS I, FARS II.2 - Deglutição,FARS II.5 -Higiene pessoal, FARS II.7 - Avaliação da mar-cha, FARS II.8 - Quantificar aposição sentada, FARS II.9 -Função da bexiga, FARS III.1A - Atrofia, fasciculação,mioclonia e fraqueza facial, FARS III. 2A - Atrofia,fasciculação, mioclonia e fraqueza de língua, FARS III.3A -Tosse, FARS III.4A - Fala voluntária, FARS III.2B - Testenariz-dedo, FARS III.3B - Dismetria, FARS III.4B - Movi-mentos rápidos e alternados das mãos, FARS III.5B - Bateros dedos, FARS III.1C - Deslizar o calcanhar ao longo daperna, FARS III.2C - Bater o calcanhar na tíbia, FARS III.1D- Atrofia dos músculos, FARS III.2D - Fraqueza muscular,FARS III.3D - Sensibilidade vibratória, FARS III.4D -Sensi-bilidade cinestésica, FARS III.5D- Reflexos tendinosos pro-fundos, FARS III.1E - Postura sentada, FARS III.2E - Postu-ra com os pés separados, FARS III.3E - Postura - pés jun-tos, FARS III.6E - Marcha pé-ante-pé, FARS III.7E - Mar-cha. Concluindo, neste estudo fizemos a validação das es-calas ICARS e FARS e demonstramos que a utilização dasmesmas permitiu a identificação de testes que possibilitamdistinguir a AF das demais ACAR, o que tem implicaçõesclínicas importantes. A confirmação desses dados pela aná-lise isolada desses testes em pacientes ainda sem diagnós-tico molecular estabelecido contribuiria para testar a vera-cidade e a aplicabilidade clínica dos nossos resultados.

Fernanda de Oliveira YamaneOrientador: Prof. Dr. Wilson Marques JúniorDissertação de Mestrado apresentada em 28/04/2008

A ataxia de Friedreich (AF) é uma afecção neurode-generativa progressiva, de herança autossômica recessiva,cujas características clínicas, na forma clássica da doençaestabelecida, são muito característica, mas cujo diagnósticonas fases iniciais ou nas formas não clássicas pode ser difí-cil. As escalas de avaliação são primariamente usadas para aquantificação e monitoração das doenças. No entanto, poravaliarem de forma sistematizada as diversas manifestaçõespossíveis, poderiam ser utilizadas para a identificação departicularidades úteis para a distinção das diversas doen-ças pertencentes a um mesmo grupo. No caso específico daAF, a utilização das escalas disponíveis poderia possibilitara diferenciação dessa das demais ACAR, o que repercutiria,não só no diagnóstico clínico, mas também no screeninggenético a ser requisitado. Os objetivos deste estudo foramcaracterizar a AF através da Escala de Avaliação da AtaxiaCooperativa Internacional (ICARS) e da Escala de Avalia-ção para Ataxia de Friedreich (FARS) e verificar se essa ca-racterização ajudaria na diferenciação dessa ataxia das de-mais ACAR. Inicialmente, fizemos a validação lingüística daaparência e do conteúdo das duas escalas e analisamos aconcordância na sua utilização, o que foi plenamente satis-fatório. A seguir, comparamos os resultados da avaliação de10 pacientes com AF, 16 pacientes com ataxia não Friedreich(ANF) e 15 indivíduos normais. Observamos que as duasescalas permitem diferenciar os pacientes com AF e ANFdos indivíduos normais e que também é possível distinguirAF de ANF, através da análise dos testes: ICARS I.1 - Ca-

CONTRIBUIÇÃO DA SCALA COOPERATIVA INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO DA ATAXIA(ICARS) E ESCALA DE AVALIAÇÃO PARA ATAXIA DE FRIEDREICH (FARS) PARA A DIFEREN-CIAÇÃO DA ATAXIA DE FRIEDREICH (AF) DAS OUTRAS ATAXIAS DE INÍCIO PRECOCE

tação e crises audiogênicas foram analisados morfologica-mente e espectralmente. 4) A neuroanatomia do circuitoSNPR-CS foi estudada com a injeção de FluoroGold noCSa de WARs (n = 4) e de Wistar (n = 4) e no CSp de WARs(n = 4) e de Wistar (n = 5).

Os neurônios marcados SNPr foram analisados, parteanterior e parte posterior, co-localizados com imunofluo-rescência para receptores GABAA.

Resultados: Capítulo 1 - a injeção sistêmica de 15mg/kg de fenobarbital provoca diminuição da oscilação daSNPr e do CS, coincidente com efeito anticonvulsivo dose-dependente em WARs, sem efeitos colaterais. Capítulo 2 -injeções de drogas GABAérgicas (muscimol e fenobarbital)na SNPr não provocam sua inibição, induzem movimentosexploratórios estereotipados e não bloqueiam as crises

audiogênicas. Capítulo 3 - o CS em WARs se apresenta emduas porções funcionalmente distintas, CSa e CSp, comdiferentes respostas comportamentais e EEGráficas à inje-ção de BIC e MUS sendo que apenas o CSp participa dascrises audiogênicas como um núcleo pró-convulsivo. Ca-pítulo 4 - nos WARs, a SNPr posterior apresenta maiorquantidade de neurônios que enviam projeções ao núcleopró-convulsivo CSp do que a SNPr anterior.

Conclusão: A SNPr nos WARs poderia funcionarcomo um núcleo anticonvulsivo se conseguisse inibir sufi-cientemente o CSp para que este não fosse ativado duranteo estímulo sonoro, mas mudanças anatômicas nas proje-ções dos neurônios entre a parte anterior e posterior daSNPr podem trazer aos WARs uma deficiência do circuitoSNPr-CSp, que permite a instalação da crise audiogênica.

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ológicas focais, respectivamente. A análise estatística re-velou que as seguintes características estiveram significa-tivamente associadas ao grupo atípico: um antecedente deinsulto precipitante inicial, paroxismos focais independen-tes aos EEGs, anormalidades estruturais à imagem por res-sonância magnética, história de crises tônico-clônicas ge-neralizadas, alterações à tomografia computadorizada decrânio, um regime de politerapia medicamentosa e uso me-nos freqüente de valproato; uma tendência a um maior tem-po de epilepsia ativa também foi notada. Regressão logísticabinária também demonstrou que as primeiras três variáveispredizem a característica estudada de forma independente.A análise de subgrupos, representados por portadores deEGls do tipo ausência, com e sem anormalidades semiológi-cas focais, confirmou, em linhas gerais, os achados anteri-ores. Posteriormente, tomando-se somente os pacientescom EGls típicas, observamos que a presença de paroxis-mos focais independentes aos EEGs está correlacionada aum maior tempo de epilepsia ativa, e que anormalidadesestruturais estão ligadas a um antecedente de crises febrise possivelmente a um pior prognóstico clínico. Nossos da-dos demonstram que a interação entre outros fatores desuscetibilidade herdados e injúrias ambientais comumentemodificam o fenótipo destas epilepsias geneticamente de-terminadas, com implicações imediatas para o seu manejodiagnóstico, terapêutico e prognóstico.

Rodrigo Fernandes CuryOrientadora: Profa. Dra. Regina Maria França fernandesTese de Doutorado apresentada em 29/04/2008

As epilepsias generalizadas idiopáticas (EGls) re-presentam um quinto das epilepsias humanas; são condi-ções de expressão idade-dependente, geneticamente de-terminadas e provavelmente vitalícias. Ao eletrencefalogra-ma (EEG), caracterizam-se pela presença ubíqua de descar-gas paroxísticas espontâneas bissíncronas do tipo ponta-onda e/ou poliponta-onda. De acordo com a semiologiaictal, elas se apresentam como crises dos tipos das ausên-cias típicas, mioclônicas, tônico-clônico generalizadas oucomo uma combinação entre estas. Anormalidades semio-lógicas ictais focais têm sido descritas nestes pacientes,particularmente em portadores de epilepsia mioclônica ju-venil; a literatura médica pertinente, no entanto, não temabordado o tema de maneira sistemática, de forma que osignificado clínico destas alterações permanece incerto. Afim de investigar a questão, conduzimos um estudo obser-vacional, retrospectivo, em que selecionamos 128 portado-res de EGls com base em seus EEGs e posteriormente osdividimos em dois grandes grupos: epilépticos com EGlstípicas (n = 84) e com EGls atípicas (n = 44), de acordosomente com a ausência ou presença de anormalidades semi-

ANORMALIDADES SEMIOLÓGICAS FOCAIS ASSOCIADAS AO ESPECTRO DAS EPILEPSIASGENERALIZADAS IDIOPÁTICAS: UM ESTUDO ANALÍTICO

análise qualitativa e quantitativa de microssatélites, análi-se quantitativa por PCR (STSs), amplificação por sondas“multiplex” por ligação dependente (MLPA), transcriptasereversa - PCR (RT-PCR) e cromatografia líquida desnaturantede alta-eficiência (DHPLC). A maioria deles apresentandoaspectos positivos e negativos. Neste trabalho, avaliamosa sensibilidade e especificidade de 4 diferentes técnicaspara diagnóstico molecular: análise de marcadores micros-satélites amplificados por PCR fluorescente, análise de novofragmento juncional por PCR, análise quantitativa de STSamplificado por PCR e DHPLC. O DHPLC foi o método maissensível e mais específico para o diagnóstico molecular daduplicação e deleção 17p11.2-p12, mas depende de equipa-mento caro e técnicos treinados. O diagnóstico por micros-satélites foi o segundo método mais sensível e mais especí-fico. A avaliação quantitativa de STS amplificados por PCRapresentou baixa sensibilidade e baixa especificidade, en-quanto a análise por detecção de novo fragmento juncionalteve baixa sensibilidade, mas alta especificidade, tratando-

Alana Franco VerolaOrientador: Prof. Dr. Wilson Marques JúniorDissertação de Mestrado apresentada em 12/05/2008

A doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) é a maisfreqüente das neuropatias periféricas hereditárias, sendoque a duplicação da região 17p11.2-p12, onde está contidoo gene da proteína da mielina periférica 22 (PMP22), a maisfreqüente mutação (CMT1A), respondendo por 50% detodas as formas de CMT e aproximadamente 70% das for-mas desmielinizantes autossômicas dominantes, em todasas regiões do mundo até agora estudadas, incluindo o Bra-sil. A detecção desta duplicação genômica pode ser feitapor vários métodos, quantitativos ou qualitativos, empre-gando as mais diversas técnicas moleculares, tais como“southern blot”, eletroforese em gel de campo pulsado(PFGE), detecção de um novo fragmento juncional por PCRsemiquantitativo, hibridização em “situ” fluorescente (FISH),

AVALIAÇÃO DE QUATRO DIFERENTES TÉCNICAS PARA A DETECÇÃO DA DUPLICAÇÃO E DADELEÇÃO 17 p11.2-p12

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Entre os 50 pacientes estudados 4 apresentaram mutaçãono gene da Cx32, 2 no gene MPZ, 1 no gene PMP22, tam-bém encontramos dois polimorfismos, 1 no gene PMP22 e 1no gene MPZ. A freqüência total de mutações de pontopara estes genes foi de 14%. Nós encontramos a mutaçãoSer72Leu, no gene PMP22, confirmando esta posição comoum “hot spot” para mutações de ponto no gene PMP22.Surpreendentemente, nós encontramos uma família onde amutação Ser72Leu segregou com a duplicação 17p. Contrá-ria a todas as publicações prévias, a CMT composta dopresente estudo está associada a um fenótipo muito bran-do. Assim, propomos que a CMT composta deve ser pes-quisada na presença de alguma variabilidade clínica signi-ficativa, tanto mais severa quanto mais branda. Em conclu-são, nós encontramos a causa molecular em 14% dos paci-entes desta pesquisa, incluindo 2 novas mutações.

Silmara Paula Gouvêa de LimaOrientador: Prof. Dr. Wilson Marques JúniorTese de Doutorado apresentada em 12/05/2008

A doença de Charcot- Marie-Tooth tipo 1 (CMT1), amais comum neuropatia hereditária em humanos é caracte-rizada por heterogeneidade clínica e genética. A causa maiscomum em CMT1 é a duplicação do cromossomo 17p11.2,no gene PMP22 (proteína mielínica periférica 22), cujo efei-to da dosagem é a causa da doença. Em adição a duplica-ção 17p, mutações de ponto e pequenas deleções e inser-ções em alguns genes, principalmente PMP22, MPZ (pro-teína zero da mielina) e Cx32 (conexina 32) estão relaciona-dos à doença. No presente estudo, selecionamos 50 casosíndice de pacientes brasileiros com CMT1 não duplicados.

SEGMENTAÇÃO DE TECIDOS CEREBRAIS USANDO ENTROPIA Q EM IMAGENS DE RESSO-NÂNCIA MAGNÉTICA DE PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA

seado em Imagens de Ressonância Magnética para mediratrofia cerebral em controles saudáveis e em pacientes comEM, sendo que para a classificação dos tecidos foi utilizadaa teoria da entropia generalizada de Tsallis. Foram utilizadaspara análise exames de ressonância magnética de 43 pacien-tes e 10 controles saudáveis pareados quanto ao sexo eidade para validação do algoritmo. Os valores encontradospara o índice entrópico q foram: para o líquido cerebrorra-quidiano 0,2; para a substância branca 0,1 e para a substân-cia cinzenta 1,5. Nos resultados da extração do tecido nãocerebral, foi possível constatar, visualmente, uma boa seg-mentação, fato este que foi confirmado através dos valoresde volume intracraniano total. Estes valores mostraram-secom variações insignificantes (p=0,05) ao longo do tempo.Para a classificação dos tecidos encontramos erros de fal-sos negativos e de falsos positivos, respectivamente, parao líquido cerebrorraquidiano de 15% e 11%, para a substân-cia branca 8% e 14%, e substância cinzenta de 8% e 12%.Com a utilização deste algoritmo foi possível detectar umperda anual para os pacientes de 0,98% o que está de acor-do com a literatura. Desta forma, podemos concluir que aentropia de Tsallis acrescenta vantagens ao processo desegmentação de classes de tecido, o que não havia sidodemonstrado anteriormente.

Paula Rejane Beserra DinizOrientador: Prof. Dr. Antonio Carlos dos SantosDissertação de Mestrado apresentada em 20/05/2008

A perda volumétrica cerebral ou atrofia é um impor-tante índice de destruição tecidual e pode ser usada paraapoio ao diagnóstico e para quantificar a progressão dediversas doenças com componente degenerativo, como aesclerose múltipla (EM), por exemplo. Nesta doença ocorreperda tecidual regional, com reflexo no volume cerebral to-tal. Assim, a presença e a progressão da atrofia podem serusadas como um indexador da progressão da doença. Aquantificação do volume cerebral é um procedimento relati-vamente simples, porém, quando feito manualmente é extre-mamente trabalhoso, consome grande tempo de trabalho eestá sujeito a uma variação muito grande inter e intra-obser-vador. Portanto, para a solução destes problemas há neces-sidade de um processo automatizado de segmentação dovolume encefálico. Porém, o algoritmo computacional a serutilizado deve ser preciso o suficiente para detectar peque-nas diferenças e robusto para permitir medidas reprodutíveisa serem utilizadas em acompanhamentos evolutivos. Nestetrabalho foi desenvolvido um algoritmo computacional ba-

se de um método barato e que não exige equipamentoscaros. Propomos que em paises economicamente menosfavorecidos, centros de referencia locais utilizem a análisede novos fragmentos juncionais. Se o teste for negativo,

então a análise deverá ser feita pela técnica mais sensível eespecífica, em centros mais especializados. Dentre os mé-todos testados neste trabalho, seriam o DHPLC e a análisepor microssatélite.

DOENÇA DE CHARCOT-MARIE-TOOTH, ESTRATÉGIA DE INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA EANÁLISE MUTACIONAL DOS GENES PMP22, MPZ E Cx32

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tuberosa; 63 pacientes tinham manifestações cutâneas; 63pacientes apresentavam epilepsia associada, sendo que em69,4% deles as crises iniciaram com menos de um ano deidade; crises parciais motoras e espasmos infantis consti-tuíram os tipos de crise predominantes na infância; em rela-ção à evolução da epilepsia, 32 pacientes foram farmacolo-gicamente intratáveis; quanto ao estado cognitivo, 47 pa-cientes tinham algum grau de retardo mental; 46 pacientesapresentavam tomografia computadorizada de crânio alte-rada e dentre as anormalidades tomográficas, 60,4% cor-respondiam a nódulos subependimários; os 50 pacientesque realizaram ressonância magnética de encéfalo (RNM)(n=50) apresentavam exames com anormalidades, 48 delesapresentavam túberes corticais e subcorticais, 43 deles nó-dulos subependimários, 7 com astrocitoma de células gi-gantes, 5 com displasia cortical, 4 com hamartomas; em re-lação ao EEG 46 pacientes tinham anormalidades eletroen-cefalográficas, dentre estes 33 tinham alterações compatí-veis com epilepsia focal, 7 com alterações com múltiplos, 7com anormalidades difusas, 7 com hipsarritmia e 2 apresen-tavam padrão evolutivo de Síndrome de West; 45 pacien-tes realizaram ultra-sonografia abdominal, sendo observa-das alterações em 20 deles; 37 pacientes já haviam realiza-do ecocardiograma e destes 16 apresentavam alguma anor-malidade; 9 pacientes foram submetidos a cirurgia para tra-tamento de epilepsia. Em nossa casuística a freqüência detúberes encontrados na RNM foi maior do que a de muitosestudos revisados (mediana de 14). Os túberes corticaisfrontais ocorreram de forma mais freqüente em relação asoutras regiões. Não houve correlação significativa entrenúmero e localização dos túberes com retardo mental e comepilepsia intratável.

Andrea Rizzuto de Oliveira WeinmannOrientador: Prof. Dr. Américo Ceiki SakamotoDissertação de Mestrado apresentada em 02/06/2008

Complexo Esclerose Tuberosa (CET) é uma doençaneurocutânea, multissistêmica e hereditária, autossômicadominante com expressividade variável e penetrância com-pleta, com incidência de 1:10.000 habitantes, associada amutação dos genes TSC1 e TSC2, respectivamente locali-zados nos cromossomos 9q34 e 16p13.3. Pode acometerpele, sistema nervoso central, rins, coração, olhos, vasossanguíneos, pulmões, ossos e trato gastrointestinal. Asanormalidades cerebrais primárias são os túberes corticaise nódulos subependimários que são considerados comoresultantes de anormalidades de proliferação, migração eorganização cortical. As crises epilépticas começam frequen-temente na infância, sendo graves e fármaco-resistentesem grande número de casos. Retardo mental ocorre em cer-ca de 50% dos casos. O diagnóstico de CET é baseado naidentificação de hamartomas em mais de um órgão. No pre-sente estudo foram analisados retrospectivamente 68 ca-sos com CET avaliados no período 1975 a 2004, sendo con-siderados: idade, sexo, presença de epilepsia, presença dehistória familiar de epilepsia e /ou esclerose tuberosa, ida-de de início das crises epilépticas, resposta ao tratamentomedicamentoso da epilepsia, exame físico geral e neuroló-gico, comprometimento cognitivo, eletroencefalograma(EEG) , achados de neuroimagem e tratamento cirúrgico daepilepsia. Observou-se distribuição simétrica em relaçãoao sexo e a faixa etária variou entre 14 dias a 44 anos; 31pacientes tinham história familiar de epilepsia ou esclerose

COMPLEXO ESCLEROSE TUBEROSA – ESTUDO CLÍNICO-EVOLUTIVO DOS CASOS ATENDI-DOS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO –USP, NO PERÍODO DE 1975 A 2004

PURIFICAÇÃO PARCIAL DA PROTEÍNA p83, UMA PROTEÍNA APARENTEMENTE NOVA, SISTE-MA NERVOSO-ESPECÍFICA E DESENVOLVIMENTO-REGULADA

Thais Caroline Dallabona DombroskiOrientador: Prof. Dr. Antonio Roberto MartinsTese de Doutorado apresentada em 02/06/2008

KM+ é uma lectina ligante de D(+)-manose, que foipurificada de semente de jaqueira (Artocarpus integrifolia).Estudos realizados em nosso laboratório usando anticor-pos policlonais específicos anti-KM+, purificados por afini-dade usando coluna de Sepharose-KM+, mostraram que ocerebelo e cérebro de rato em desenvolvimento exibem imu-norreatividade KM+ símile marcando eventos do desenvol-vimento. A proteína responsável por essa imunorreativida-

de foi parcialmente caracterizada a partir de cerebelo de ratoem desenvolvimento, usando anticorpos anti-KM+ comosonda. Esta proteína é solúvel, não exibe propriedades delectina convencional, possui massa molecular aparente 83kDa e foi por conseguinte denominada p83. A proteína p83foi detectada através de Western blot em homogeneizadosde cerebelo e cérebro de rato, mas não em homogeneizadosde pulmão, rim, coração, baço, fígado e sangue. P83 tambémfoi detectada no córtex cerebral e cerebelo humanos porWestern blot. Mostrou-se que p83 está aparentemente as-sociada a laminina, tau, tubulina e calmodulina, proteínasque estão envolvidas em processos de desenvolvimento

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neural normal e patológico, e também à heat-shock protein90b (HSP90b) (Viapiano et al., 2001), uma importantechaperona molecular. Estas associações macromolecularesde p83, se por um lado indicam sua importância biológica,por outro dificultam sua purificação. O objetivo deste traba-lho foi purificar a proteína p83 para obter amostras sequen-ciáveis e estudar a expressão de p83 em cerebelo de rato emdesenvolvimento, por imunohistoquímica, utilizando o anti-corpo anti-KM+. O protocolo de purificação de p83 foi esta-belecido e consistiu em homogeneização hipotônica de 150gde cérebro ou cerebelo de rato, precipitação fracionada comsulfato de amônio, cromatografia de troca aniônica em colu-na de DEAE-Sepharose, cromatografia hidrofóbica em colu-nas de Phenyl-Sepharose e Butyl-Sepharose e, alternativa-mente, cromatografia em coluna de Hidroxiapatita e/ ou Gel-filtração em coluna de Sephacryl S300, para refinamento. Aseguir a amostra purificada foi separada por SDS-PAGEpreparativo e a banda correspondente à p83 imunoreativafoi excisada do gel e enviada para sequenciamento. Umaamostra purificada e sequenciada na Rockefeller University

resultou na similar to p53 associated parkin-likecytoplasmic protein. A análise bioinformática desta proteí-na mostrou a presença de domínios conservados em suaestrutura, como APC10, CPH e IBR. Paralelamente, em nos-so laboratório um gene foi clonado a partir de uma bibliote-ca de expressão de cerebelo de rato, utilizando anti-KM+

como sonda. O fragmento de cDNA sequenciado foi identi-ficado como drebrina. Com imunohistoquímica, a expressãode p83 imunoreativa foi observada durante o desenvolvi-mento cerebelar do rato em células granulares da camadapré-migratória e em células em processo de migração. Foiobservado também em processos celulares direcionados àsuperfície pial, em células de Purkinje e em tratos de fibrasna substância branca. No rato e humano adulto e idoso, p83imunoreativa é principalmente detectada no corpo celular evaricosidades das colaterais recorrentes das células dePurkinje, nas células granulares e fibras na substância bran-ca. Estes resultados indicam que p83 é uma proteína apa-rentemente nova e sua expressão é regulada durante o de-senvolvimento do rato.

OFTALMOLOGIA, OTORRINOLARINGOLOGIAE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO

AVALIAÇÃO DE ÍNDICES DA MECÂNICA OCULAR DE COELHOS APÓS INJEÇÃO INTRA-ORBITÁRIA DE CARBOXIMETILCELULOSE

Maria Lucia Habib SimãoOrientador: Prof. Dr. Harley E. A. BicasTese de Doutorado apresentada em 18/04/2008

Objetivo: Avaliar se a carboximetilcelulose a 6,0% écapaz de atuar como modificadora do sistema oculomotorde coelhos por meio de forças de ação viscoelástica. Emcaso positivo, determinar a durabilidade de seu efeito.

Métodos: Foram utilizados 29 coelhos da raça NovaZelândia, divididos em dois grupos experimentais: um gru-po tratado com injeção orbitária de carboximetilcelulose(CMC) 6,0% e um grupo controle que foi submetido à inje-ção peribulbar de 3,0mL de soro fisiológico (SF) 0,9%. Ogrupo tratado com CMC foi subdividido em dois grupos deacordo com a forma de injeção da CMC (peribulbar ousubtenoniana). No grupo submetido à injeção peribulbarde CMC, variou-se o volume total injetado, obtendo-se,assim, quatro subgrupos (1,0, 1,5, 2,0 e 3,0mL). Já no gruposubtenoniano, o volume total de CMC injetado variou en-

tre 2,0 e 3,0mL. Um aparelho foi desenvolvido para permitira medida da força necessária para promover deslocamen-tos tangenciais de adução. Além da medida da força, avali-ação clínica dos sinais oftalmológicos externos e medidada pressão intra-ocular também foram realizadas. Os ani-mais foram sacrificados com 60 dias de pós-operatório paraanálise histológica.

Resultados: A força média encontrada 60 dias apósa injeção da CMC 6,0% foi menor no grupo 1,0 e maior nosgrupos 1,5, 2,0 e 3,0 quando comparada à força antes dainjeção. A análise histológica revelou processo inflamató-rio do tipo histiocitário com formação de fibrose nos gru-pos em que houve aumento da força e a presença da CMCnos tecidos perioculares.

Conclusões: A carboximetilcelulose 6,0% atuoucomo modificadora do sistema oculomotor de coelhos, po-dendo facilitar ou dificultar movimentos. Não foi possívelconcluir se o aumento da força ocorreu devido apenas aoprocesso inflamatório ou à soma de inflamação com umpossível atrito viscoso provocado pela CMC.

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marcados com os anticorpos 57B (MAGE A-4) e CT 7-33(MAGE C1) para análise da imunomarcação.

Resultados: A expressão do antígeno CT MAGEA4foi de 56,5% e do MAGEC1 foi de 47,8%. Não houve relaçãosignificante entre a expressão gênica e as variáveis estuda-das, tão pouco houve diferença entre as curvas de sobrevida.

Discussão: Sabe-se que a influência da expressãodos antígenos CT depende do verdadeiro papel deles nacarcinogênese, papel esse que ainda não está definido. Aausência de significância estatística entre a expressão dosantígenos CT com as variáveis estudadas e com a sobrevi-da, provavelmente, é devida ao tamanho da amostra.

Conclusões: O MAGEA4 foi expresso em 56.5% e oMAGEC1 em 47,8%. Pelo menos um dos antígenos CT foiexpresso em 78,3% dos casos e a sua expressão não teverelação com as variáveis estudadas, nem com as curvas desobrevida.

José Raphael de Moura Campos MontoroOrientador: Prof. Dr. Rui Celso Martins MamedeDissertação de Mestrado apresentada em 28/04/2008

Com base na diversidade de resultados clínicos e decomportamento tumoral, os pesquisadores procuram antí-genos tumorais que possam servir como fatores prognósti-cos e preditivos, ou como imunoterápico, em pacientes comcarcinomas espinocelulares (CEC) de cavidade oral.

Objetivo: O presente estudo visa identificar a ex-pressão imuno-histoquímica dos antígenos CT MAGEA4 eMAGEC1 nesses tumores, analisar a correlação da expres-são com variáveis relacionadas ao paciente e ao tumor ecomparar as curvas de sobrevida global naqueles que ex-pressam e que não expressam estes antígenos.

Materiais e Métodos: Obteve-se dos blocos de pa-rafina cortes seriados representativos do tumor que foram

EXPRESSÃO DOS ANTÍGENOS “CANCER/TESTIS” MAGEA4 (CT 1.4) E MAGEC1 (CT 7.1) EMCARCINOMA ESPINOCELULAR DE CAVIDADE ORAL

Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), pordez anos, depois da tipificação de seus antígenos HLA,para comparação com as condições anteriores.

Resultados: Houve aumento maior da relação Esca-vação/Disco em pacientes com haplotipos HLA associa-dos com predisposição para GPAA, no entanto não foramencontradas diferenças significantes entre esses e outrospacientes com glaucoma na progressão do dano funcionale nem na perda de fibras nervosas da retina.

Conclusão: Os resultados indicam a associação dehaplotipos HLA de classe I com progressão mais rápida dealterações anatômicas da cabeça do nervo óptico em paci-entes com glaucoma.

Fábio ZenhaOrientadora: Profa. Dra. Maria de Lourdes V. RodriguesTese de Doutorado apresentada em 06/05/2008

Hipótese: Indivíduos com Glaucoma Primário deÂngulo Aberto (GPAA) com haplotipos HLA de classe I(HLA - A9-B12; -A2-B40; e -A1-B8) associados a essa do-ença poderiam ter progressão mais rápida do que pacientesque não apresentassem esses haplotipos.

Método: Avaliação anatômica e funcional de 25 pa-cientes (seis dos quais com um dos haplotipos associadosa glaucoma), seguidos no Ambulatório de Glaucoma do Hos-pital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão

HAPLOTIPOS HLA DE CLASSE I E EVOLUÇÃO DO GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO

ANÁLISE POLARIMÉTRICA DA REGIÃO PERIPAPILAR EM PORTADORES DE GLAUCOMA

foram selecionados e testados no Ambulatório de Glauco-ma do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina deRibeirão Preto da Universidade de São Paulo. A aquisiçãodos dados polarimétricos foi realizada com a utilização deum Polarímetro de Varredura a LASER, disponível comerci-almente, o GDx-N (Carl Zeiss Meditec, SanDiego, CA, USA).Utilizando uma iluminação infravermelha em 20 diferentesângulos de incidência, uma série de dados foi digitalizada eremovida do equipamento para ser analisada em programadesenvolvido especificamente para criar novas imagens,

Mariane Ballester Mellem KairalaOrientadora: Profa. Dra. Maria de Lourdes V. RodriguesTese de Doutorado apresentada em 07/05/2008

Objetivo: Investigar a região peripapilar no glauco-ma por meio de um novo método de análise polarimétrica,avaliando sua eficácia em melhorar a detecção e o acompa-nhamento de alterações nessa região.

Método: Setenta e um olhos de pacientes com glau-coma crônico de ângulo aberto, ou suspeitos de glaucoma,

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de acordo com as diferentes características polarimétricasdo olho. Retinografias coloridas obtidas com retinógrafodigital (Opto Global Pty Ltd., Austrália) foram utilizadaspara classificar a atrofia e a hiperpigmentação peripapilares.De acordo com a retinografia, as amostras dehiperpigmentação e de atrofia e seus respectivos controlesforam selecionados e quantificados nas novas imagenspolarimétricas calculadas. Os valores de brilho dentro efora das regiões de interesse foram utilizados para calcularo contraste em cada uma das imagens polarimétricas.

Resultados: As diferenças de brilho entre as amos-tras de hiperpigmentação e atrofia e seus respectivos con-

troles foram estatisticamente significantes (P<0.0001) paratodas as imagens calculadas. A análise estatística demons-trou a existência de relação entre o grau de hiperpigmentaçãoe as imagens polarimétricas, mas apenas para a ImagemDespolarizada e a Ratio Despolarized (P<0.0001). A análisedemonstrou também uma correlação moderada entre o graude atrofia e as Imagens Despolarizadas (P<0.0001). O con-traste das Imagens Confocais não foi significativo parahiperpigmentação ou para atrofia.

Conclusão: A análise polarimétrica é capaz de au-mentar o contraste e facilitar a detecção precoce de altera-ções peripapilares como hiperpigmentação e atrofia.

Pacientes com etiologia bacteriana eram mais velhos emrelação aos de etiologia fúngica (p = 0, 016). A ceratitefúngica foi mais prevalente entre a população rural (p0,018)e trabalhadores que exercem suas atividades ao ar livre (p=0,0004).Trauma corneano prévio (p< 0,0001) em especial pormaterial orgânico (p = 0,002) foi o principal fator de riscopara ceratite fúngica. Setenta e oito casos (61,10%) tiveramo diagnóstico previsto corretamente. O diagnóstico foi pre-visto de maneira correta em 81,57% dos casos de ceratitebacteriana e 48,08% da fúngica. Estudo B: De 66 pacientes,53 eram homens e 13 mulheres, comidade média de 40,7 ± 16anos, quando da inicio do seguimento. Cinqüenta por cen-to dos pacientes eram trabalhadores rurais. Trauma ocularocorreu em 27 olhos (40%). O principal agente etiológicofoi Fusariumspem 67% dos casos. O tratamento clínico re-solveu 39% dos casos num período médio de 24,5 ± 12 dias.Dos submetidos à cirurgia, 38% sofreram ceratoplastia pe-netrante (CTP) e 15% evisceração. A acuidade visual (AV)na entrada era< 0,1 em 74,5% e a final AV era < 0,1 em 63%dos casos.

Conclusão: Trabalhadores rurais e pessoas que so-freram traumas estão mais sujeitas à infecção fúngica. Pre-sença de problemas oculares prévios e doenças sistêmicasaumentam a susceptibilidade à infecção bacteriana. O exa-me não pode ser a única referência na adoção do tratamen-to medicamentoso, porém auxilia na escolha inicial. Estesachados servem de base como informação e auxiliarão nadecisão de tratamento empírico na região estudada.

Marlon Moraes IbrahimOrientador: Prof. Dr. Eduardo Melani RochaTese de Doutorado apresentada em 07/05/2008

Objetivos: Este estudo foi conduzido no intuito dedeterminar os fatores de risco, avaliar aspectos epidemio-lógicos e clínicos, avaliar a habilidade dos oftalmologistasem predizer o diagnóstico clínico e identificar os principaisachados que influenciaram no diagnóstico das ceratitesmicrobianas.

Métodos: Estudo retrospectivo baseado na revisãode prontuários médicos de dois grupos de pacientes. Umaficha padrão foi preenchida para cada paciente onde eramdocumentados aspectos clínicos e epidemiológicos e in-formações pertinentes aos fatores de risco. O estudo A écomposto por pacientes com diagnóstico clínico de ceratitemicrobiana atendidos no HC-FCM-UNICAMP no períodode 2003 a 2006. O estudo B é composto por pacientes comdiagnóstico de ceratite fúngica, com resultado confirmadopor análise microbiológica atendidos entre 2000 e 2004 noHC-FCM-UNICAMP e no HC-FMRP-USP. Para o estudo Btambém foram avaliadas as abordagens terapêuticas.

Resultados: Estudo A: Um total de 119 pacientescom o diagnóstico clínico de ceratite microbiana foi revis-to, dos quais 66 (55,46%)foram considerados de etiologiabacteriana, 52 (43,69%),fúngica e 1 (0,84%), Acantameba.As principais bactérias e fungos isolados foram S.epidermides13/56 (23,21) %deFusarium sp. 11/17 (64,70%).

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DA CERATITE FÚNGICA

DESORDEM TEMPOROMANDIBULAR: ESTUDO RETROSPECTIVO DE 1000 CASOS E AS BA-SES PARA O DIAGNÓSTICO INCLUINDO AS CONDIÇÕES MIOFUNCIONAIS OROFACIAIS

A Desordem Temporomandibular (DTM) é uma con-

Cláudia Lúcia Pimenta FerreiraOrientadora: Profa. Dra. Cláudia Maria de FelícioDissertação de Mestrado apresentada em 09/05/2008

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dição de grande prevalência na população em geral e poderepresentar um problema de saúde contemporâneo. Muitasvezes a DTM está associada a alterações das condiçõesmiofuncionais orofaciais. Contudo, no Brasil, poucos estu-dos envolveram amostras amplas, tampouco há relatos naliteratura de pesquisas que tenham analisado o grau dedistúrbio miofuncional orofacial (DMO). Com base nisso, apesquisa teve como objetivo identificar e analisar as carac-terísticas de mil pacientes brasileiros com DTM e verificar afreqüência e o grau de DMO em 24% desta amostra. Foirealizado um levantamento dos dados de 1000 prontuáriosde pacientes com diagnóstico de DTM, atendidos em umserviço público universitário, entre os anos de 1989 e 2005,e da amostra total foram considerados os dados de 240sujeitos, que também foram submetidos à avaliação clínicafonoaudiológica (avaliação miofuncional orofacial), para aassociação destes com os dados contidos nos protocolosde avaliação odontológica destes sujeitos. De acordo comos resultados, prevaleceu o número de pacientes do gêne-ro feminino, sendo que a média de idade e de duração daDTM foi semelhante entre os grupos feminino e masculino.

Também foi maior o número de pacientes da faixa etáriaadulto-jovem (idades entre 19 e 40 anos) e foi constatadacorrelação significante da idade dos sujeitos com o númerode queixas e o número de sintomas de DTM. O tempo mé-dio de acometimento dos sujeitos pela DTM foi longo, ehouve correlação significante da duração da DTM com onúmero de queixas espontâneas e com o número sintomas.Na presente amostra, as queixas e os sintomas mais fre-qüentes estavam relacionados à presença da dor, sendoobservada, ainda, associação entre os seguintes sintomasde DTM: dor nos músculos da face e cefaléia, fadiga nosmúsculos da face e dor na(s) ATM; ruído na(s) ATM e dorna(s) ATM. A grande maioria dos pacientes apresentou al-gum grau de DMO, sendo significante o grau maior ou iguala 5 em comparação aos graus inferiores. Não houve corre-lação significante entre o grau de DMO e o número de sin-tomas de DTM. Os achados do presente estudo permitiramconcluir que embora, os sujeitos possam expressar espon-taneamente as suas queixas, eles nem sempre relatam o con-junto de sinais e sintomas que os acomete, ou os distúrbi-os associados.

em PPO, foi feita uma avaliação da motilidade do olho opera-do nas lateroversões (ducções e versões). Os resultadosforam avaliados com relação ao ângulo de desvio em PPO,às incomitâncias em PPO, às ducções do olho operado e àsmedidas do ângulo de desvio nas lateroversões, nos perío-dos de tempo de uma semana, seis meses, dois anos e qua-tro a sete anos. Com relação ao ângulo de desvio em PPO,os resultados foram semelhantes aos relatados pela literatu-ra e mantiveram-se iguais, estatisticamente, no decorrer dotempo. As incomitâncias em PPO diminuíram da primeira se-mana para o sexto mês, mantendo-se estáveis nos outrosperíodos. Com relação às ducções do olho operado e àsmedidas do ângulo de desvio nas lateroversões, encontrou-se alguma limitação na motilidade do olho operado, emadução, mas nada que pudesse comprometer a função ocu-lar ou a estética desses pacientes, sendo, que, essas peque-nas limitações, mantiveram-se estáveis no decorrer do tem-po. Ainda foram comparados os resultados de adultos comos de crianças, os de amblíopes com os de não amblíopes eos de ângulos “menores” com os de ângulos “maiores”,não sendo encontradas diferenças, estatisticamente, signi-ficativas entre eles. Assim sendo, entende-se ser possívelafirmar que a cirurgia monocular de recuo-ressecção, podeser considerada uma opção viável para a correção cirúrgicadas esotropias de grande ângulo, tanto para adultos comopara crianças, bem como para amblíopes e não amblíopes.

Edmilson GiganteOrientador: Prof. Dr. Harley E. A. BicasDissertação de Mestrado apresentada em 09/05/2008

Historicamente, as primeiras cirurgias utilizadas nacorreção das esotropias, as miotomias e as tenotomias, eramfeitas, simplesmente, seccionando-se o músculo reto medialou o seu tendão, o que causava, com o tempo, uma exotro-pia secundaria, esteticamente pior do que o desvio anterior.Jameson, em 1922, propôs uma solução para esse problema,fazendo recuos do reto medial com sutura na esclera, de, nomáximo, 5 mm, o que se tornou uma regra para os demaiscirurgiões. Apesar de alguns autores já terem praticado re-cuos maiores, os cirurgiões continuam obedecendo ao limi-te de 5 mm, o que os obriga a praticarem, sempre, a cirurgiabinocular para as esotropias de grande ângulo. O objetivodeste trabalho é mostrar a viabilidade da cirurgia monocularpara esses casos, praticando-se recuos e ressecções acimados valores usuais. Foram, então, operados, por meio dacirurgia monocular e com anestesia geral, 46 pacientes comesotropias de grande ângulo (50∆ ou mais), relativamente,comitantes, de ambos os sexos, de todas as faixas etárias ecom acuidade visual variável, em cada um dos olhos. Osmétodos utilizados para refratometria, medida da acuidadevisual e do ângulo de desvio, foram os, tradicionalmente,utilizados em estrabologia. Além da avaliação pós-cirúrgica

CIRURGIA MONOCULAR PARA ESOTROPIAS DE GRANDE ÂNGULO: UM NOVO PARADIGMA

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Melissa Melchior de OliveiraOrientadora: Profa. Dra. Cláudia Maria de FelícioDissertação de Mestrado apresentada em 09/05/2008

A terapia miofuncional orofacial tem sido utilizada parao tratamento das desordens temporomandibulares (DTMs),porém faltam evidências científicas sobre sua eficácia.

Objetivo: Analisar os efeitos da terapia miofuncionalorofacial em um grupo de sujeitos com DTM e compará-los,com base em 4 diferentes protocolos clínicos, aos resulta-dos obtidos para um grupo tratado com placa oclusal (GP),para um grupo controle constituídos por sujeitos assinto-máticos (GC) e outro grupo controle constituído por sujei-tos sintomáticos,mas que não receberam tratamento duran-te o período de estudo.

Método: Oito sujeitos sem DTM (GC) e 30 sujeitoscom desordens intra-articulares fizeram parte do estudo.Destes, 10 foram tratados com terapia miofuncional orofaciale 10 com placa oclusal. Os dez sujeitos restantes constituí-ram o grupo controle com DTM (CDTM), o qual não rece-beu tratamento durante o período do estudo. Todos os su-jeitos foram submetidos a um exame clínico detalhado para adeterminação dos Índices de Disfunção Clínica (Di) eAnamnésico (Ai) de Helkimo, do auto-julgamento de seve-ridade dos sinais e sintomas de DTM, da avaliação miofun-cional orofacial e para a classificação da desordem segundo

o Research Diagnostic Criteria for TemporomandibularDisorders (RDC/TMD). Os dados foram analisados estatis-ticamente para as comparações entre e intra-grupos.

Resultados: Após o tratamento, o grupo T apresen-tou redução da sensibilidade dolorosa à palpação e da fre-qüência e severidade dos sinais e sintomas, aumento naamplitude dos movimentos excursivos da mandíbula e me-lhora dos escores da avaliação miofuncional orofacial(AMIOFE). Em comparação aos outros grupos, na fase dediagnóstico (FD) o grupo T foi similar ao P e ao CDTM ediferenciou-se significantemente do grupo C. Na fase final(FF) ambos os grupos tratados apresentaram melhoras sig-nificantes. O grupo T diferenciou-se do CDTM na sensibili-dade dolorosa dos músculos elevadores da mandíbula edas articulações temporomandibulares (ATMs), na freqüên-cia e severidade dos sinais e sintomas, no aspecto/posturadas estruturas orofaciais e na performance miofuncionalorofacial. O grupo T deixou de apresentar diferenças signi-ficantes com relação ao grupo C em diversos itens, e perma-neceu diferente deste em 27% dos itens. Na fase final, osgrupos T e P apresentaram diferenças, com alguns resulta-dos mais favoráveis para o grupo T.

Conclusão: A terapia miofuncional orofacial aplica-da a pacientes com DTM articular favoreceu a remissão dossinais e sintomas de DTM e o equilíbrio funcional do siste-ma estomatognático.

ANÁLISE DO EFEITO DA TERAPIA MIOFUNCIONAL OROFACIAL EM CASOS DE DTM PORMEIO DE PROTOCOLOS CLÍNICOS

outros), tipo de fratura seguindo a classificação de Jackson.Todos os pacientes foram submetidos à exame de imagemorbitária por tomografia computadorizada com cortes contí-guos finos coronais de 2mm e 3mm. Para cada uma das 48órbitas da amostra (24 fraturadas e 24 normais), as áreasorbitárias foram medidas nos cortes coronais utilizando-seum software de processamento de imagens em formatoDICOM que permite vários tipos de medidas das imagens.As medidas foram realizadas no sentido ântero-posterior apartir do rebordo lateral até o ápice orbitário. Os resultadosmostraram pelo menos cinco tipos de deformidadesorbitárias: expansão global, aumento predominantementeanterior, expansão post4erior, expansão anterior com dimi-nuição posterior e diminuição global. As alterações oculo-motoras foram quantificadas por meio de estabelecimentode um índice expresso pela reação entre as áreas da tela deHess (olho normal/olho afetado). Os índices variaram de 1(normalidade) a 10 (grande alteração oculomotora). Os pio-res índices foram predominantemente verificados nos paci-entes com alteração morfológica do tipo expansão global.

Gustavo Cavalcanti Dutra EichenbergerOrientador: Prof. Dr. Harley E. A. BicasTese de Doutorado apresentada em 16/05/2008

Foram analisados o equilíbrio oculomotor e o graude deformidade orbitária de 24 pacientes (19 pacientes dosexo masculino) com fraturas do terço médio da face comacometimento orbitário unilateral. As idades variaram de 18a 52 anos. Os critérios de inclusão foram: fraturas envolven-do o arcabouço ósseo orbitário, diagnosticadas clinicamen-te e/ou por exames de imagem (tomografia computadoriza-da), unilateralidade, acuidade visual preservada, com ou semqueixas de visão dupla e capacidade cognitiva mantida paraa realização do teste tela de Hess. O tempo desde o traumaaté a avaliação do paciente variou de 15 a 300 dias. Todos ospacientes foram submetidos à avaliação oftalmológica e in-cluídos em um protocolo com: nome completo, idade, sexo,queixa principal, acuidade visual, lado fraturado, tempo dotrauma em dias, causa do trauma (veículo automotor, aci-dente de trabalho, esporte, violência, acidente doméstico e

RELAÇÃO ENTRE A DEFORMIDADE DO ARCABOUÇO ÓSSEO ORBITÁRIO E ALTERAÇÃOOCULOMOTORA NAS FRATURAS ORBITÁRIAS

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Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP http://www.fmrp.usp.br/revista

Rafael Cardoso OliveiraOrientador: Prof. Dr. Rodrigo JorgeTese de Doutorado apresentada em 20/05/2008

O objetivo deste estudo foi avaliar a farmacocinéticavítrea e a toxicidade retiniana dos dois tipos de triancinolo-na, com e sem preservativo álcool benzílico, em olhos decoelhos. Foram utilizados sessenta coelhos albinos machos,divididos em dois grupos: Grupo I, composto por 25 coe-lhos, que receberam 4mg (0,1mL) intravítreo de trinancino-lona com preservativo álcool benzílico (TACP), no olho di-reito e Grupo II, formado por 25 coelhos, os quais receberamtambém no olho direito, 4mg (0,1mL) de triancinolona livrede preservativo (TASP). Foram sacrificados cinco coelhosde cada grupo nos dias 3, 7, 14, 21 e 28 após a injeção intra-vítrea, sendo a dosagem da triancinolona realizada porcromatografia líquida (CLAE). Todos os animais foram ava-liados por meio de exame ocular externo e oftalmoscopiabinocular indireta. A pressão ocular foi aferida antes e ime-diatamente após as injeções em todos os coelhos, e nosdias 14 e 28 após as aplicações. Para o estudo da toxicidade,10 coelhos foram utilizados, sendo escolhidos, aleatoria-

mente, cinco de cada grupo. Vinte e quatro horas antes dainjeção e no vigésimo sétimo dia após, os cinco coelhos dogrupo I e os cinco do grupo II foram submetidos ao eletror-retinograma. No vigésimo oitavo dia, esses dez animais fo-ram sacrificados e tiveram os olhos direitos processadospara análise histopatológica.

A concentração intravítrea de triancinolona obser-vada nos olhos dos animais do grupo I apresentou médiasde 1713.34µg/mL, 1250.62µg/mL, 770.52µg/mL, 436.44µg/mL,e 203.3µg/mL, nos dias 3, 7, 14, 21 e 28, respectivamente. Nogrupo II, a média da concentração intravítrea de triancinolo-na observada nos mesmos dias foi 1362.50µg/mL, 655.66µg/mL, 507.06µg/mL, 289.82µg/mL e 119.54µg/mL, respectiva-mente.

Os resultados obtidos indicam que a injeção intraví-trea de triancinolona com preservativo álcool benzílico e atriancinolona livre de preservativo apresentaram maior dife-rença de concentração vítrea da droga nos olhos de coelhosdo grupo I no sétimo dia do estudo (valor-p<0,03). Nos demaisdias, não se constatou diferença estatisticamente significa-tiva entre os grupos. Os estudos, histológico e eletrorreti-nográfico, não evidenciaram toxicidade do tecido retiniano.

res benignas e malignas da glândula tireóide; (2) nas carac-terísticas histológicas do tumor e (3) nas curvas de sobrevi-da global.

Materiais e Métodos: Trata-se de estudo retrospec-tivo, caso-controle, com 70 casos operados no Hospital dasClínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto- daUniversidade de São Paulo (HCFMRP-USP), no período de1991 a 2005, distribuídos em quatro grupos: 20 bóciosadenomatosos, 10 adenomas foliculares, 16 carcinomas foli-culares e 24 carcinomas papilíferos. Os critérios de inclusãoforam: dados clínicos e macroscópicos disponíveis, repre-sentação adequada da lesão, processamento histológicoapropriado e disponibilidade de blocos de parafina em boascondições. As análises dos dados clínicos, anatomopatoló-gicos e a imuno-histoquímica dos biomarcadores MAGE-A4 e MAGE-C1 foram realizadas.

Resultados: No grupo de pacientes com doençasbenignas, a proporção entre mulheres e homens foi de 9:1; amédia de idade foi de 42,9 anos, com desvio padrão de 9,88anos e mediana de 43 anos. Na avaliação clínica, podemosobservar que o tamanho dos nódulos em função do maiordiâmetro obteve média de 3,0 ± 1,53 cm (1 a 8cm). Vinte e um

Daniel Hardy MeloOrientador: Prof. Dr. Rui Celso Martins MamedeDissertação de Mestrado apresentada em 21/05/2008

Introdução: Alguns tumores da tireóide apresentamcaracterísticas histológicas que dificultam a interpretaçãohistopatológica e os critérios diagnósticos usados freqüen-temente, são sutis e subjetivos. Assim, análises imuno-histoquímica e de biologia molecular têm sido utilizadas natentativa de esclarecer o diagnóstico, mas ainda não alcan-çaram um nível de confiança para serem introduzidas narotina dos laboratórios de Patologia. Por isso, impõe-se anecessidade de encontrar marcadores mais objetivos para,melhor que a morfologia clássica, caracterizar essas lesões.Dentre esse marcadores, a família MAGE, um grupo de pep-tídeos antigênicos de tumores apresentados por moléculasHLA classe I e reconhecidos por linfócitos T citotóxicos,expressa-se em cânceres de vários tipos histológicos. En-tretanto, o seu papel nas doenças da tireóide é pouco inves-tigado. A presente pesquisa tem a intenção de estudar se aexpressão das proteínas MAGE-A4 e MAGE-C1 podem co-laborar: (1) no diagnóstico diferencial das doenças folicula-

GENES CODIFICANTES DE PEPTÍDEOS ESPECÍFICOS EM DOENÇAS BENIGNAS E MALIGNASDA TIREÓIDE: ANÁLISE POR IMUNO-HISTOQUÍMICA

ESTUDO COMPARATIVO DA FARMACOCINÉTICA VÍTREA E TOXICIDADE RETINIANA ENTREO ACETONIDO DE TRIANCINOLONA COM E SEM PRESERVATIVO, EM OLHOS DE COELHOS

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Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428http://www.fmrp.usp.br/revista Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

casos tinham tumores localizados no lobo D e nove casosno lobo E da glândula tireóide. Ao considerar a casuísticapara as doenças malignas, a distribuição, segundo o gêne-ro, revelou que 85% dos pacientes eram do sexo feminino,com proporção entre mulheres e homens de 8,5:1,5. A médiade idade foi de 48,45 anos, com desvio padrão de 17,0 anose mediana de 48 anos. Na avaliação clínica, o tamanho dosnódulos em função do maior diâmetro obteve média de 3,63± 1,73cm (0,6 a 8 cm). No grupo com carcinoma folicular, alocalização do tumor foi predominantemente no lobo direi-to em relação ao lobo esquerdo (1,5:1). Entre os casos decarcinoma papilífero, a localização do tumor foi, em 25 ca-sos, no lobo esquerdo e em 15, no lobo direito. A invasão

angiolinfática foi observada em 37,5% dos pacientes comcarcinomas foliculares e em 50% dos pacientes com carci-noma papilífero. Não foi observada imunomarcação dosantígenos MAGE-A4 e MAGE-C1, de qualquer grau de in-tensidade, em nenhuma das amostras.

Discussão: A degeneração maligna de tecidos é umprocesso multifatorial, no qual estão envolvidos elemen-tos genéticos e ambientais em proporções variáveis, nosdiversos tipos de tumores e de indivíduos. Esse fato, acre-ditamos, explica a ausência de expressão dos genes aquiestudados.

Conclusão: Não houve expressão dos antídotosanalisados.

padrões de estratificação tendo sido encontrados 29,82%das fibras na camada superficial, 25,81% na intermediária e44,38% na profunda, com prevalência do colágeno tipo I(69,59%). A presença de fibras elásticas é escassa, repre-sentando apenas 1,12% das estruturas da área, e com pa-drão de distribuição similar ao das fibras colágenas, comaumento da densidade próximo às glândulas.

Discussão: As recentes funções atribuídas às pre-gas ventriculares, e seu potencial na reabilitação fonatóriatêm despertado a atenção da comunidade científica para aimportância do conhecimento aprofundado dessa estrutu-ra. Acreditamos que o fato da prega possuir epitélio seme-lhante à da prega vocal pode interferir diretamente nos re-sultados da fonação exercida por elas. A lâmina própria daspregas ventriculares não apresenta a especialização obser-vada nas pregas vocais, porém estudos futuros devem con-firmar o potencial de desenvolvimento e especialização des-sas pregas quando submetidas a novas funções.

Conclusão: A prega ventricular é composta de lâmi-na própria não estratificada, recoberta em sua borda livrepor epitélio escamoso estratificado não queratinizado e apre-senta maior quantidade de fibras colágenas em relação àprega vocal, principalmente nas proximidades das glându-las sero-mucosas. As fibras elásticas são escassas e tam-bém obedecem a esse padrão.

André Silva LucasOrientador: Prof. Dr. Rui Celso Martins MamedeDissertação de Mestrado apresentada em 23/05/2008

Introdução: Como estrutura complexa que é, o estu-do da composição anatômica e histológica da laringe torna-se fundamental à assimilação das funções por ela exercidas.Diferentemente das pregas vocais, em que o conjuntivo dalâmina própria estratificada em camadas tem sido exaustiva-mente pesquisado, nas pregas ventriculares a distribuição equantificação dessas fibras no conjuntivo ainda permane-cem desconhecidas.

Objetivos: Analisar a prega ventricular e quantificaradistribuição das fibras colágenas e elásticas, relacionado-as com as da prega vocal.

Materiais e Métodos: Este estudo foi realizado em 126cortes provenientes do terço de 14 hemi-laringes masculi-nas retiradas de cadáveres e coradas para a descrição histo-lógica e, posterior, quantificação e análise das fibras elásticase colágenas, utilizando software manipulador de imagens.

Resultados: O epitélio que recobre a laringe é ocolunar pseudoestratificado ciliado, exceto na prega vocal ena borda livre da prega ventricular, onde se faz presente oepitélio escamoso estratificado não queratinizado. A distri-buição do colágeno nas pregas ventriculares não observa

ANÁLISE E QUANTIFICAÇÃO DAS FIBRAS COLÁGENAS E ELÁSTICAS NO CONJUNTIVODAS PREGAS VENTRICULARES

responde a 2% dos do Brasil e é o segundo mais freqüentedo sistema respiratório, perdendo apenas para o de pul-mão. O Carcinoma Espinocelular de Laringe (CECL), res-ponsável por 94% dos casos, se caracteriza por ser hetero-gêneo, com evoluções indefinidas. Nos últimos anos, o

Rogério Costa TiveronOrientador: Prof. Dr. Rui Celso Martins MamedeTese de Doutorado apresentada em 28/05/2008

O Câncer de Laringe, com 8.000 casos por ano, cor-

EXPRESSÃO DA PROTEÍNA LIGADORA DE CÁLCIO S100A7 EM CARCINOMA ESPINOCELU-LAR DE LARINGE E SUA CORRELAÇÃO COM A CLÍNICA: ANÁLISE POR IMUNO-HISTOQUÍMICA

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Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP http://www.fmrp.usp.br/revista

Mariana Blecha PereiraOrientadora: Profa. Dra. Maria Cristina Lancia Cury FéresDissertação de Mestrado apresentada em 11/06/2008

De acordo com o Sistema Ambulatorial de Informa-ções/Sistema Único de Saúde, no Estado de São Paulo fo-ram distribuídas 35.503 próteses auditivas no ano de 2006,beneficiando, aproximadamente, 20.415 pessoas. A enormequantidade de pacientes que buscam auxílio no SistemaÚnico de Saúde para obtenção de aparelhos auditivos, pro-veniente de diferentes situações econômicas, sociais, cul-turais, familiares, com diferentes doenças de base, e, con-seqüentemente, com uma sintomatologia variada, gera umconjunto muito rico de dados a serem coletados e analisa-dos, para melhor conhecimento dessa população. Conhe-cer melhor a população atendida, por sua vez, propicia umaimportante retro-alimentação para o Programa de /SaúdeAuditiva, e para o próprio Sistema Único de Saúde, umavez que permite avaliar se os objetivos estão sendo atingi-

dos, e de que forma.Objetivo: Traçar o perfil da população atendida no

Programa de Saúde Auditiva, assim como as mudanças ocor-ridas no zumbido e na tontura após três meses de adapta-ção da prótese auditiva.

Materiais e Métodos: O estudo contou com a cola-boração de 67 participantes candidatos ao uso de próteseauditiva. Foi aplicado questionário a respeito das condi-ções sócio-econômicas, das queixas audiológicas e da ex-pectativa do participante, no momento da indicação daprótese auditiva. Após três meses de adaptação, foi aplica-do novo questionário, retomando as queixas audiológicas,pesquisando os cuidados e a facilidade do manuseio daspróteses e o grau de satisfação dos participantes.

Resultados: Foi observada prevalência de perda au-ditiva neurossensorial de grau moderado bilateral, sendoque a prótese auditiva programável retroauricular foi a maisfreqüentemente adaptada. O zumbido estava presente em33 participantes no momento pré-adaptação, sendo obser-

estudo das alterações celulares e moleculares tem buscadomarcadores capazes de identificar os tumores mais agressi-vos. As proteínas ligadoras de Cálcio S100, com atuaçãoem uma série de processos celulares como progressão ediferenciação do ciclo celular, têm sido estudadas em mui-tos tipos de cânceres, excetuando os de laringe.

Objetivos: Em CECL pretendeu-se identificar a ex-pressão imuno-histoquímica da proteína ligadora de cálcioS100 A7 e a sua correlação com características clínicas ehistopatológicas do tumor.

Casuística e Métodos: Avaliados 63 pacientes comdiagnóstico histopatológico de CECL, tratados cirurgica-mente no período de 2001 a 2005. Seus respectivos espéci-mes foram submetidos a reações de imuno-histoquímicacom o anticorpo S100 A7 (Psoriasin) – liquid mousemonoclonal antibody NCL-L-S100 A7 – NovocastraLaboratories®. As reações foram classificadas quanto àextensão da imunomarcação em: Zero; 1+: 5 – 25% dascélulas neoplásicas marcadas; 2+: 25 – 50%; 3+: 50 – 75%;4+: > 75% (nível de significância p ≤ 0,05).

Resultados: A amostra de 63 pacientes, 58 homens ecinco mulheres, com idade variando de 27 a 78 anos (médiade 57,46) constituiu-se de 36 casos de tumores pertencen-tes à supraglote, 24 à glote e apenas três à subglote, sendo13 BD, 37 MD e 13 PD. A análise das falhas do tratamentorevelou dez recidivas locais, sete recidivas regionais, umametástase e cinco 2º tumores primários. Os escores foramcorrelacionados com diversas variáveis. Observou-se ten-dência dos tumores glóticos a terem escores altos (15 de 24com escore 3+ e 4+) e os supraglóticos, escore baixo (20 em

26 abaixo de 3+). O grupo BD apresentou escores signifi-cantemente superiores aos MD e aos PD; e o grupo MDsuperior ao PD (p< 0,01*). No grupo MD notou-se predo-mínio de escores altos nos estadios I e II (7 casos comescore 3+ e 4+ de 10) , ao passo que nos estadios avança-dos (III e IV), a distribuição do escore foi mais homogênea(13/27 escores 0 a 2+ e 14/27 escores 3+ e 4+). Com relaçãoàs falhas do tratamento, houve diferença estatisticamentesignificante do grupo escore 0 (3/4 complicações: 75%) comos demais escores (13/59: 22%) (p= 0,02*).

Discussão: O gene proteína ligadora de cálcioS100 A7 pertence à família S100 e é amplamente expressoem epitélio de doenças que cursam com hiperplasias daepiderme, como a psoríase. Recentemente, tem sido relata-da alta expressão em lesões neoplásicas (carcinoma ductalde mama, carcinoma espinocelular de bexiga e carcinomaespinocelular de cavidade oral). À semelhança desses es-tudos, observou-se alta expressão em tumores BD, ao pas-so que em tumores indiferenciados esse gene parece nãoatuar. À medida que a massa tumoral aumenta os escorestendem a diminuir (isto foi observado nos tumores MD), oque reforça a hipótese da sua ação se concentrar nas fasesiniciais da carcinogênese.

Conclusões: O marcador Psoriasin 1 (S100A7) foiexpresso em 93,7% dos casos de CECL com maior positivi-dade em tumores mais diferenciados e com menor índice defalhas de tratamento (estatisticamente significante). Há ten-dência dos tumores glóticos terem maior escore na expres-são (sem significância). O escore obtido não representouimpacto na sobrevida dos pacientes estudados.

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO DE PRÓTESES AUDITIVAS EM USUÁRIOS ATEN-DIDOS NO PROGRAMA DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA DO HCFMRP-USP

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vada melhora de 90% após uso da prótese. Os pacientesque se denominavam satisfeitos com o Programa corres-pondem a 89% da população estudada.

Conclusão: A perda auditiva neurossensorial de graumoderado bilateral com dados imitanciométricos compatí-veis foi a mais comum entre os participantes da pesquisa.

Aparelhos auditivos programáveis retroauriculares foramos mais utilizados pelos participantes, sendo a adaptaçãobilateral indicada para a maioria da população estudada. Amelhora do zumbido foi estatisticamente significante apósadaptação da prótese auditiva. Não foi possível relacionarmelhora da tontura com o uso da prótese auditiva.

reposto com solução a 0,9% (3x o volume retirado) e a outrametade por 4ml.kg-1 de solução hipertônica a 7,5%. Nenhumdos pacientes apresentou acidose significante ou eleva-ção anormal dos níveis de sódio plasmático. Também nãofoi observado sangramento anormal intra-operatório ou de-sordens neurológicas pós-operatórias. Os pacientes apre-sentaram incidência semelhante de transfusão sangüíneaembora os pacientes do grupo solução hipertônica tenhamficado clinicamente menos edemaciados. Mesmo não sen-do objeto do estudo observou-se uma menor incidência deinfecções pós-operatórias nos pacientes submetidos à in-fusão de solução hipertônica, o que pode significar umpossível potencial protetor da solução. Embora mais estu-dos com números maiores de pacientes sejam necessáriospara se comprovar seus efeitos a solução hipertônica mos-trou-se barata, simples e segura como maneira de reduçãodo volume infundido na HNA.

Liana Maria Torres de AraujoOrientador: Prof.Dr. Luis Vicente GarciaTese de Doutorado apresentada em 17/04/2008

A HNA é uma terapia mundialmente reconhecidacomo vantajosa em cirurgias que possuem grande potenci-al para sangramento como as cirurgias ortopédicas paracorreção de escoliose, mas o edema provocado pela maiorinfusão de fluidos pode ser danoso em alguns pacientes.No intuito de avaliar as repercussões hemodinâmicas elaboratoriais da utilização da solução salina hipertônica a7,5% como líquido parcial de reposição na HNA foram es-tudados 20 pacientes submetidos à artrodese para corre-ção de escoliose de coluna. No Grupo SS 0,9% (n=10) aHNA, realizada antes da cirurgia, foi reposta por soluçãosalina 0,9% em um volume três vezes maior que o retirado.No Grupo SS 7,5% (n=10) a metade do que foi retirado foi

ORTOPEDIA, TRAUMATOLOGIAE REABILITAÇÃO

UTILIZAÇÃO DA SOLUÇÃO HIPERTÔNICA COMO LÍQUIDO DE REPOSIÇÃO NA HEMODILUI-ÇÃO NORMOVOLÊMICA AGUDA EM CIRURGIAS DE ESCOLIOSE. EFEITOS HEMODINÂMICOSE LABORATORIAIS

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PARÂMETROS DA ULTRA-SONOMETRIA ÓSSEA ETOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA NA AVALIAÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO DE TÍBIAS DECARNEIRO OSTEOTOMIZADAS

um grupo de sete animais (Grupo 4), de acordo com o perío-do de observação pós-operatória, de 30, 45, 60 e 90 dias,respectivamente. As tíbias esquerda intacta dos 22 animaisforam usadas como controle. O processo de consolidaçãofoi monitorado com radiografias convencionais tomadas aintervalos de duas semanas nos Grupos 1 a 3, e a intervalosmensais no Grupo 4, no qual também foi realizada a avalia-ção ultra-sonométrica longitudinal in vivo, nos mesmos in-tervalos. Os animais foram sacrificados ao final dos perío-dos de observação de cada grupo e as tíbias direita e es-querda, removidas para as avaliações ultra-sonométricassubaquáticas e de contato, e pela tomografia computadori-zada. Os diâmetros no local da osteotomia foram medidos

Giuliano BarbieriOrientador: Prof.Dr. Cláudio Henrique BarbieriTese de Doutorado apresentada em 24/06/2008

Foi realizado um estudo experimental in vivo e invitro para comparar a ultra- sonometria óssea e a tomografiacomputadorizada na avaliação da consolidação do ossocortical em diferentes períodos, usando um modelo deosteotomia médio-diafisária da tíbia direita, fixada com umfixador externo flexível, em carneiros. Foram i usados 22 car-neiros da raça Santa Inês, com peso médio de 37 kg, dividi-das em três grupos de cinco animais cada (Grupos 1 a 3) e

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nos planos frontal e sagital e correlacionados com a veloci-dade de propagação do ultra-som (VPUS), atenuação doultra-som de banda larga (SUA) e densidade ósseaHounsfield. Tanto a VPUS como a densidade óssea aumen-taram com a progressão da consolidação, enquanto que odiâmetro e a SUA diminuíram, com diferenças significativas

entre os grupos experimentais e de controle e entre os pró-prios grupos experimentais, na maioria das comparações.Concluiu-se que o método da ultra-sonometria como usadonesta investigação é factível e confiável para avaliar a con-solidação do osso cortical, com grande potencial de aplica-ção clínica.

nos idosos, não houve significância com nenhuma das cor-relações. Nas correlações entre o teste da vela e os testes defunção pulmonar, houve, no grupo controle, significânciaestatística com a CVF e VEF1. Nas gestantes, nenhuma dascorrelações foi significante. Nos obesos, houve correlaçãosignificante com a VVM, CVF, VEFl e PFE e, nos idosos,ocorreu significância só com o PFE. Não houve, no grupocontrole, significância em nenhuma das correlações entre o∆ torácico inspiratório e os testes de função pulmonar. Nasgestantes, a significância só ocorreu com a VVM e nos obe-sos só com o VEF1. Nos idosos, a significância ocorreu coma VVM e a CVF. Não houve, nos grupos controle e idoso,significância em nenhuma das correlações entre o ∆ torácicoexpiratório e os testes de função pulmonar. Nas gestantes, asignificância só ocorreu com a VVM e nos obesos com oPFE e Pimax. Não houve, nos grupos controle e gestante,significância em nenhuma das correlações entre o ∆ abdo-minal inspiratório e os testes de função pulmonar. Nos obe-sos, a significância ocorreu com a CVF e PFE e nos idosossó com a CVF. Não houve, nos grupos controle, gestante eobeso, significância nas correlações entre o ‘delta’ abdomi-nal expiratório e os testes de função pulmonar. Nos idosos asignificância só ocorreu com a Pimax. O valor dos coeficien-tes (Pearson e Spearman) foi baixo em todas as correlaçõestestadas, em todos os grupos. No grupo obeso, a maioriadas correlações foram significantes e os coeficientes decorrelação foram os maiores.

Elaine Caetano SilvaOrientador: Prof. Dr. Luís Vicente GarciaTese de Doutorado apresentada em 27/06/2008

O objetivo deste estudo foi investigar a correlaçãoentre testes de cabeceira e de função pulmonar em quatrogrupos: controle (sadios), gestantes (36ª semana), obesos(IMC ≥ 40 Kg/m2) e idosos ( ≥ 60 anos). Cada grupo foiformado por 20 indivíduos. Os testes de função pulmonarforam realizados com ventilômetro - ventilometria e VVM(ventilação voluntária máxima), espirômetro -CVF (capaci-dade vital forçada), VEF1 (volume expirado forçado de pri-meiro segundo) e PFE (pico de fluxo expiratório) e manova-cuômetro analógico - Pimax (pressão inspiratória máxima) ePemax (pressão expiratória máxima). Os testes de cabeceiraconstaram de teste da vela, teste de apnéia, cirtometria torá-cica (circunferência torácica) e cirtometria abdominal (cir-cunferência abdominal). Denominou-se ∆ torácico inspira-tório a diferença entre a cirtometria na inspiração máxima e acirtometria na posição de repouso e ∆ torácico expiratório adiferença entre a cirtometria na posição de repouso e apósexpiração máxima. O ∆ abdominal inspiratório e o ∆ abdomi-nal expiratório foram obtidos da mesma forma. Nas correla-ções entre teste de apnéia e testes de função pulmonar,houve, no grupo controle, significância estatística apenascom o PFE. Nas gestantes, a significância só ocorreu com aCVF. Nos obesos, só não houve significância com a Pimax e,

CORRELAÇÃO ENTRE TESTES DE CABECEIRA E TESTES DE FUNÇÃO PULMONAR EM QUA-TRO GRUPOS: CONTROLE, GESTANTE, OBESO E IDOSO

PATOLOGIA EXPERIMENTAL

REMODELAMENTO DO COMPLEXO DE GLICOPROTEÍNAS ASSOCIADAS À DISTROFINA,DO DISCO INTERCALAR E DAS PROTEÍNAS CONTRÁTEIS NO CORAÇÃO DE CAMUNDON-GOS SUBMETIDOS À SÉPSIS INDUZIDA POR LIGAÇÃO E PERFURAÇÃO DO CECO

Mara Rúbia Nunes CelesOrientador: Prof. Dr. Marcos A. RossiTese de Doutorado apresentada em 16/04/2008

A sépsis e o choque séptico representam uma sín-drome complexa de intensa resposta inflamatória sistêmica,com múltiplas anormalidades fisiológicas e imunológicas,

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o acoplamento mecânico e eletro-químico entre os cardiomi-ócitos vizinhos. Além disso, demonstramos que há reduçãona expressão de distrofina e das proteínas que constituem ocomplexo de glicoproteínas associadas a distrofina (CGD)durante a sépsis experimental. A redução ou perda da ex-pressão de distrofina é o evento primário que ocorre segui-do pela degeneração miofilamentar, caracterizada pela lisedos filamentos de actina e miosina. A diminuição na expres-são das glicoproteínas associadas à distrofina: â-distroglicana e laminina foram considerados eventos secun-dários. Os resultados sugerem que durante a sépsis induzidapor ligação e perfuração do ceco (CLP), há perda de proteí-nas importantes envolvidas tanto no remodelamento do dis-co intercalar quanto na expressão de glicoproteínas envol-vidas na ligação mecânica entre o citoesqueleto intracelulare a matriz extracelular. Embora estudos funcionais sejam ne-cessários para determinar o efeito direto dessas alteraçõessobre o miocárdio podemos sugerir que as alterações estru-turais são parcialmente responsáveis pela depressãomiocárdica observada na sépsis.

comumente causadas por infecção bacteriana. A principalconseqüência dessa resposta é o comprometimento de mui-tos órgãos e tecidos. A disfunção cardíaca, decorrente deum prejuízo na contratilidade miocárdica, tem sido reconhe-cida como um fator importante que contribui para os altosíndices de mortalidade observados na sépsis. Dados recen-tes do nosso laboratório indicam que alterações estruturaisno miocárdio podem ser responsáveis pela disfunção cardí-aca observada na sépsis. Considerando que a maquinariacontrátil interna das miofibras deve permanecer intimamen-te conectada com a membrana e a matriz extracelular, o pre-sente estudo foi proposto para avaliar alterações nas comu-nicações intercelulares e acoplagem mecânica entre os car-diomiócitos vizinhos e avaliar a expressão de proteínas doarcabouço celular e da matriz extracelular (especificamente alaminina-α2) durante a sépsis grave. Nossos resultadosmostraram que há uma diminuição na expressão das proteí-nas envolvidas na formação das gap junctions (conexina43)e junções aderentes (N-caderina), o que resultaria na perdada integridade estrutural dos discos intercalares, alterando

ficou-se um aumento progressivo no tamanho da lesãoperiapical acompanhado do aumento na expressão de RNAmde IL-1κ, IFN−γ, IL-10, RANK, RANKL, OPG e catepsina K.A microscopia de fluorescência das seções coradas com HEfavoreceu a visualização e delimitação da lesão periapical,constituindo importante ferramenta no estudo histológicoqualitativo e quantitativo. Aos 21 e 42 dias após a contami-nação do canal radicular, os animais knockout de IFN−γ, IL-10, ICAM-1 e CCR5 apresentaram lesões periapicais maio-res que os animais WT controles. Não verificou-se diferen-ça significativa no tamanho das lesões periapicais induzidasem animais knockout de IL-4 e WT, em todos os períodosavaliados. Nossos resultados sugerem que a IL-1κ, IFN−γ eIL-10 possam estar envolvidas na determinação da severi-dade da doença periapical como moduladores da migraçãocelular e da osteoclastogênese via RANK, RANKL e OPG.Ainda, isoladamente, o IFN−γ, IL-10, ICAM-1 e CCR5 endó-genos desempenham importante papel protetor enquanto aIL-4 não apresenta efeito significativo na modulação da le-são periapical experimentalmente induzida. A investigaçãoda dinâmica de equilíbrio entre mecanismos defensivos edestrutivos pode fornecer bases imunopatológicas para amelhor compreensão dos sinais e sintomas da lesãoperiapical, possivelmente influenciando sua estratégia detratamento e fornecendo alguma luz aos mecanismos da re-absorção óssea e dentária.

Andiara De RossiOrientador: Prof. Dr. Marcos A. RossiTese de Doutorado apresentada em 07/05/2008

A utilização de camundongos knockout tem criadonovas possibilidades para o estudo da imunopatogênesedas doenças; pode fornecer importante contribuição dosmecanismos moleculares envolvidos em seu início, manu-tenção e/ou resolução. O objetivo desse estudo foi caracte-rizar a cinética de desenvolvimento de lesões periapicaisexperimentalmente induzidas em camundongos wild-type(WT) e avaliar o papel de citocinas Th1 (IFN-γ) e Th2 (IL-4 eIL-10), uma molécula de adesão celular (ICAM-1) e um re-ceptor de quimiocinas (CCR5), utilizando animais knockout,visando estabelecer se esses fatores são predominantementeprotetores ou estimuladores do desenvolvimento da lesãoperiapical. Após a abertura coronária os canais radicularesdos primeiros molares foram inoculados com 4 linhagensbacterianas e deixados expostos ao ambiente bucal. As le-sões periapicais obtidas foram avaliadas em diferentes está-gios de desenvolvimento por meio de microscopia conven-cional (HE, picrosirius vermelho, Brown e Brenn e TRAP),microscopia de fluorescência, imunoistoquímica (neutrófi-los, macrófagos e linfócitos), imunofluorescência (RANK,RANKL e OPG) e real-time PCR (IL-1κ, TNF-κ, IFN−γ, IL-10,RANK, RANKL, OPG e catepsina K). Nos animais WT veri-

INTERFERON-γγγγγ, INTERLEUCINA-10, MOLÉCULA DE ADESÃO CELULAR-1 E RECEPTOR DE QUIMI-OCINAS 5 DESEMPENHAM PAPEL PROTETOR ENQUANTO INTERLEUCINA-4 NÃO ALTERA O DE-SENVOLVIMENTO DA LESÃO PERIAPICAL EXPERIMENTALMENTE INDUZIDA EM CAMUNDONGOS

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ESTUDO DE NEUROTRANSMISSORES RELACIONADOS À DEPRESSÃO E PSICOSE EM AMOS-TRAS DE CÉREBRO HUMANO DE PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA POR EPILEPSIA DE LOBOTEMPORAL

Edson Arthur SchererOrientador: Prof. Dr. Jorge Eduardo MoreiraTese de Doutorado apresentada em 09/05/2008

A epilepsia é um transtorno do funcionamento cere-bral caracterizado por crises epilépticas recorrentes que aco-mete cerca de 1 a 2% da população mundial. A epilepsia dolobo temporal (ELT) é o subtipo mais prevalente. A refratari-edade aos medicamentos é comum e cerca de 40 % destespacientes apresentam transtornos psiquiátricos. Neste tra-balho utilizamos o método de TacMan real time PCR paraquantificar o mRNA de subtipos dos receptores de noradre-nalina, dopamina, serotonina e substância P em hipocamposcirurgicamente removidos de pacientes com ELT para co-nhecer o papel destes na ELT com ou sem comorbidade psi-quiátrica (depressão ou psicose). Nossa amostra foi de 48pacientes com ELT sem (Epilepsia - 24) ou com comorbidadepsicótica (Psicose - 10) ou depressiva (Depressão - 14) e 8Controles (necrópsias). O receptor adrenérgico-κ2A (AD2A)apresentou diferença entre os grupos (p = 0,0059) com sig-nificância para a variável Antiepiléptico (p = 0,0374) e pós-teste significante de maior expressão do mRNA de AD2A nogrupo Epilepsia comparado com Controle e com Psicose. Aativação dos receptores κ2A no hipocampo pelos antiepi-lépticos pode explicar nossos achados do grupo Epilepsiacomparado ao Controle, corroborando a literatura acerca doAD2A na epilepsia e em relação aos antiepilépticos. O AD2Cmostrou diferença entre os grupos (p = 0,0016), sem signifi-cância nas variáveis de controle e significante maior expres-são do mRNA de AD2C no grupo Epilepsia comparado aoControle e Psicose. O AD2C é encontrado em áreas que

processam informações sensoriais e controlam atividades mo-toras e emocionais relacionadas, o que pode explicar nos-sos resultados. Parece ser importante na patologia relacio-nada à ELT e merece ser estudado. A não diferença entreEpilepsia e Depressão para AD2A e AD2C, parecem confir-mar uma relação bi-direcional ou um mecanismo patogênicocomum entre epilepsia e depressão, enquanto a menor ex-pressão de AD2A e AD2C nos psicóticos parece indicardiferenças nos mecanismos adrenérgicos ligados a psicosee epilepsia. D2 mostrou diferença entre os grupos (p = 0,0125)com resultado significativo para a variável Subtipo de Diag-nóstico Psiquiátrico (p = 0,0239), provavelmente devido acronicidade da doença e a quantidade de episódios depres-sivos apresentados pelos sujeitos. Quanto maior a freqüên-cia das crises (p = 0,0381) maior a expressão do D2 no grupoEpilepsia e no Depressão comparados ao Controle. Estesachados sugerem a participação deste receptor na depres-são comórbida na ELT; corroboram que o monitoramentodopaminérgico límbico pode ser útil para desenvolver no-vos antidepressivos e propõem pesquisas futuras sobre D2em epilépticos. A participação de 5-HT2A na ELT é indicada,pois, sua maior expressão no grupo Epilepsia em relação aoControle foi significativa (p = 0,0273). Quanto maior a fre-qüência das crises epilépticas maior a expressão do 5-HT2A(p = 0,0433). Não encontramos resultados significativos re-ferentes aos receptores D4, 5-HT1A, 5-HT2C e NK1. Nossosresultados mostraram a possibilidade da aplicação do TacManreal time PCR no estudo de receptores de neurotransmisso-res, sugeriu a importância dos receptores estudados na ELTe comorbidades psiquiátricas, e que outras estruturaslímbicas, como a amígdala, sejam focos de investigação.

IMPACTO PROGNÓSTICO DA EXPRESSÃO IMUNOHISTOQUÍMICA DO p53 E p63 E O PAPELDO HPV NO CARCINOMA EPIDERMÓIDE ORAL

sença do HPV e a imunoexpressão das proteínas p53 e p63com alguns parâmetros relevantes ao prognóstico destetumor. Os seguintes dados foram obtidos dos prontuáriosmédicos de 424 pacientes: idade, gênero, localização e tama-nho da lesão primária, história pregressa, consumo de taba-co e álcool, exposição actínica, traumatismo por prótese,recidivas, metástases, diferenciação tumoral, tratamento, so-brevida e óbitos. Cento e vinte e seis pacientes foram sele-cionados para o estudo da sobrevida, 106 para o estudoimunohistoquímico, 45 para a investigação IHQ com amos-tras pareadas (AP) e 87 para a reação em cadeia da polimera-se para detecção do HPV e análise multivariada. Os tumorestiveram predominância em pacientes masculinos na 6ª déca-

Lucinei Roberto de OliveiraOrientador: Prof.Dr. Alfredo Ribeiro-SilvaTese de Doutorado apresentada em 30/05/2008

O Brasil está entre os países com os maiores índicesde carcinoma epidermóide oral (CEO). O gene p63 é um aná-logo do supressor tumoral p53 e a influência da expressãode ambos no prognóstico do CEO ainda necessita ser me-lhor investigada. O envolvimento do papilomavírus huma-no (HPV) no CEO é outro fator ainda não elucidado. Nossoestudo objetivou avaliar os pacientes com CEO no Hospitaldas Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto daUSP, assim como também investigar a relação entre a pre-

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Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428http://www.fmrp.usp.br/revista Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

da de vida, havendo após esta faixa etária um aumento doscasos no gênero feminino e menor sobrevida. A língua foi aregião mais acometida, e as lesões em lábio inferior demons-traram maior atraso na procura pelo tratamento e relatos deexposição actínica desprotegida. As recidivas ocorreram em30% dos pacientes, 28,8% tiveram metástases e 13,2% fo-ram a óbito. Os tumores bem diferenciados foram predomi-nantes (47,7%), e a sobrevida livre da doença (SLD) e a sobre-vida global (SG) em cinco anos foram 19% e 24,3%, respec-tivamente. A imunoexpressão de p63 (87,8%) nos tumoresfoi maior que a de p53 (52,8%), mas os tumores p53 positi-vos estiveram significativamente associados aos casos demetástases. Os tumores p53 negativos e com forte intensi-dade de imunoexpressão de p63 demonstraram melhor SG.No estudo com AP, os tumores com elevada imunoexpres-são de p63 demonstraram melhor sobrevida e as neoplasiasp53 negativas tiveram melhor SLD. A maioria dos casos

demonstrou um padrão concordante de imunoexpressão nasAP (73,3% para p53 e 53,3% para p63, respectivamente). OHPV foi encontrado em 18 (10,4%) amostras de CEO, corres-pondendo a 17 (19,5%) pacientes. Foram encontradas amos-tras positivas em 10 (11,5%) tumores primários e em 8 (9,2%)AP. Foram identificados os subtipos de HPV 16 e 18 em 4(22,2%) e 3 (16,7%) das amostras positivas, respectivamen-te. Em 6 (33,3%) amostras foi encontrada a presença de am-bos os subtipos e em 5 (27,8%) amostras não foi identifica-do. As amostras HPV positivas foram significativamente as-sociadas aos pacientes não fumantes. Diferenças significa-tivas relacionadas ao prognóstico do CEO na análise multi-variada foram encontradas para idade, localização tumoral ep53. A imunoexpressão de p53 e a baixa intensidade daimunoexpressão de p63 demonstraram relação com pior prog-nóstico. Uma associação do HPV à carcinogênese oral foiobservada nos pacientes não fumantes.

EXPRESSÃO DE METALOTIONEINAS E FATOR DE CRESCIMENTO VASCULAR ENDOTELIALNA ONCOGÊNESE EXPERIMENTAL DA MEDULA ESPINHAL EM RATOS

sada em amostras correspondentes e a marcação dos va-sos quantificada.

Resultados: Todas as neoplasias mostraram imuno-positividade para VEGF e MT. Os animais controles nãotratados apresentaram baixo número de células MT positi-vas nas regiões analisadas. No grupo que recebeu ENU onúmero de células MT positivas foi significativamente mai-or do que nos não tratados. A marcação imuno-histoquímicapara MT nos animais tratados foi observada na regiãosubpial tanto no núcleo quanto no citoplasma de célulasde tecido nervoso aparentemente normal. Nos animais con-trole a marcação para MT foi fraca e restrita ao citoplasma.A administração de ENU resultou em aumento significativono número de vasos marcados na região subpial da medulaespinhal em relação aos controles.

Conclusões: Os resultados fornecem evidência queindicam aumento na produção de MT e VEGF associada aomodelo de gênese experimental de gliomas. O padrão demarcação encontrado pode estar relacionado com células-tronco mutantes envolvidas no processo de oncogêneseda medula espinhal.

Júlio César Fernandes da SilvaOrientador: Prof. Dr. Sérgio Britto GarciaTese de Doutorado apresentada em 25/06/2008

Introdução: Evidências clínicas e experimentais de-monstraram que as metalotioneinas (MT) e o fator de cres-cimento vascular endotelial (VEGF) estão envolvidos nacarcinogênese do cólon , fígado e outros órgãos.

Materias e métodos: A expressão de MT, uma pro-teína de baixo peso molecular com propriedades anti-oxidantes foi estudada em modelo de carcinogênese expe-rimental do sistema nervoso através do uso de N-etil-N-nitrosourea (ENU) e correlacionada com a expressão deVEGF. Os animais foram eutanasiados com idade de 4 e 24semanas ou tão logo surgissem sinais de comprometimen-to neurológico. Amostras de tecido de medula espinhal nor-mal e de neoplasias intramedulares foram fixadas em forma-lina e incluídas em parafina e analisadas e quantificadaspara expressão de MT utilizando anticorpos anti-MT co-mercialmente disponíveis. A expressão de VEGF foi anali-

HETEROTOPIA ENCEFÁLICA PULMONAR EXPERIMENTAL

neural (DFTN), cujos mecanismos envolvidos ainda nãoestão totalmente esclarecidos. Desta maneira, o nosso pri-meiro objetivo foi tentar induzir a heterotopia em modelo deDFTN produzido por ácido retinóico, que se mostrouineficiente para este propósito, apesar de os fetos apresen-tarem inúmeros defeitos. Assim, para contornar as dificul-

Paulo Roberto Veiga QuemeloOrientador: Prof. Dr. Luiz Cesar PeresTese de Doutorado apresentada em 30/06/2008

A heterotopia encefálica no pulmão é um achado raro,geralmente associado a defeitos de fechamento do tubo

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dades encontradas nesse método, foi desenvolvido ummodelo experimental cirúrgico. Foram utilizados 24 camun-dongos prenhes, divididas nos grupos E17 e E18, indicati-vos do dia gestacional (DG) em que foi realizada a coletados fetos. A cirurgia foi realizada no 15º DG, sendo retiradoum feto por histerectomia, cujo tecido encefálico foi remo-vido, picotado e implantado no pulmão dos irmãos. O exa-me histológico dos troncos fetais mostrou que a Implanta-ção Encefálica Pulmonar (IEP) foi efetiva com reação imuno-histoquímica (IHQ) positiva para GFAP em ambos os gru-pos (E17 e E18). Posteriormente, foi utilizado o mesmo mo-delo cirúrgico citado anteriormente, com algumas modifica-ções para a coleta do material, que ocorreu durante o perí-odo pré-natal (18ºDG) e 8º dia pós-natal, chamados de gru-pos experimentais E18 e P8, respectivamente. Como con-trole, foi utilizado o encéfalo de fetos normais que foramcoletados no mesmo período dos grupos experimentais, cha-mados de CE18 e CP8. Foi realizada a reação IHQ para NeuN,PCNA, Bcl2, Integrina β1 e VEGF em todos os grupos. Osresultados indicam que o índice de marcação (IM) para NeuN

foi maior em P8 do que E18, da mesma forma que o tecidoencefálico dos animais controle (CP8 < CE18), indicandoque a maturação neuronal continuou. No entanto, ocorreuredução da proporção dos neurônios em ambos os gruposIEP, que pode ser explicada pelo IM maior para o anticorpoBcl2 encontrado em ambos os grupos experimentais E18 eP8, quando comparado com os grupos controles CE18 eCP8. Apesar do IM para Bcl2 indicar apoptose de uma partedesse tecido, os fragmentos pareciam bem preservados,com presença de mitoses e tecido em proliferação com rea-ção IHQ positiva para PCNA, mesmo após doze dias doprocedimento. Os fragmentos implantados eramvascularizados e com reação IHQ positiva para VEGF. Areação IHQ também se mostrou positiva para Integrina β1no tecido heterotópico encefálico, o que indica ancorageme interação desse tecido. Assim, o modelo experimental mos-trou-se eficiente, com total interação com o tecido pulmo-nar e pleural. A partir desse modelo podem-se desenvolveroutros estudos para compreender melhor os mecanismosde implantação e interação celular.

CC, cor, escolaridade, tabagismo e altura). A PA foi aferidatrês vezes, considerou-se a média das duas últimas aferi-ções e o ponto de corte para definir APA foi ≥ 130mmHgpara PA sistólica (PAS) e/ou ≥ 85mmHg para PA diastólica(PAD). Foram construídos quatro modelos com PAS e PADcomo variáveis dependentes, com as seguintes variáveisexplanatórias ao nascer e indicadoras de adiposidade noadulto: PN e IMC; RCIU e IMC; PN e CC; RCIU e CC, ajus-tadas para as demais variáveis independentes.

Resultados: A prevalência de APA foi de 41% parahomens e 6,4% para mulheres. A PAS média foi 126,8mmHge PAD média de 74,1mmHg para homens; a PAS média foi109,6mmHg e a PAD média foi 68,0mmHg para mulheres. PNe RCIU não se associaram à pressão arterial na análise nãoajustada. Ao ajustar por IMC e demais variáveis, 1 kg deaumento no PN reduziu a PAS em 2mmHg em homens e3mmHg em mulheres; RCIU se associou com PAS 2,8mmHgmais alta em homens e 2,6mmHg em mulheres, comparadoscom os que não tinham RCIU; a PAD se associou negativa-mente com PN e positivamente com RCIU somente em mu-lheres. Ao ajustar por CC e demais variáveis, para 1 kg de

Celeste Maria Bueno MesquitaOrientadora: Profa. Dra. Heloísa BettiolDissertação de Mestrado apresentada em 07/04/2008

Modelo do estudo: estudo de coorte, longitudinal,de base populacional em que se estudou o peso ao nascer(PN) e a sua associação com a pressão arterial (PA) emadultos jovens.

Objetivos: avaliar a prevalência de alteração de pres-são arterial (APA) e a média de PA em adultos jovens, se-gundo o sexo; avaliar a associação entre PN e restrição docrescimento intra-uterino (RCIU) e a PA em adultos jovens,ajustada por características ao nascer e indicadores deadiposidade do adulto, segundo o sexo.

Métodos: Foram estudados 2063 jovens nascidosde parto único hospitalar em Ribeirão Preto, São Paulo,Brasil, excluindo-se nascidos vivos cujas mães não residi-am no município. Foram utilizadas informações da coorteao nascer (PN, RCIU, escolaridade, tabagismo durante agestação e situação conjugal da mãe) e aos 23/25 anos (PA,índice de massa corporal–IMC, circunferência da cintura–

SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

PESO AO NASCER E PRESSÃO ARTERIAL EM ADULTOS JOVENS

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fetal tiveram efeito sobre a PA em adultos jovens após ajus-te para indicadores de adiposidade no adulto (IMC e CC).Crianças de peso de nascimento mais baixo e as que apre-sentaram RCIU tiveram maiores níveis de PAS na vida adul-ta, reforçando a hipótese da origem fetal das doenças. A altaprevalência de APA em homens jovens é preocupante quantoao perfil futuro de doença cardiovascular nessa população.

aumento no PN a PAS reduziu-se em 2mmHg para homens emulheres; RCIU se associou positivamente com PA (au-mento de 2,9mmHg em homens e 2,3mmHg em mulheres);PAD associou-se negativamente com PN (redução de1mmHg) somente em mulheres e não se associou com RCIUem ambos os sexos.

Conclusões: Fatores relacionados ao crescimento

INFECÇÃO CONGÊNITA PELO CITOMEGALOVÍRUS: INCIDÊNCIA, ASPECTOS CLÍNICOS EFATORES MATERNOS ASSOCIADOS EM POPULAÇÃO COM ELEVADA SOROPOSITIVIDADE

Rosângela Maria de Moura BritoOrientadora: Profa. Dra. Marisa Márcia Mussi-PinhataTese de Doutorado apresentada em 22/04/2008

O citomegalovírus (CMV) é a etiologia viral mais fre-qüente de infecção congênita no mundo, sendo importantecausa de deficiência mental e surdez neurossensorial. Nãohá estudos realizados na América Latina relativos à incidên-cia dessa infecção congênita em amostra representativa dapopulação e sobre fatores maternos associados à sua ocor-rência e não há dados disponíveis acerca da apresentaçãoclínica e seguimento em longo prazo dos recém-nascidosinfectados para detecção de seqüelas tardias. Os objetivosdesse estudo foram estimar a incidência da infecção congê-nita pelo CMV, tanto sintomática quanto assintomática, nosrecém-nascidos atendidos no Hospital das Clínicas da Fa-culdade de Medicina de Ribeirão Preto e na Maternidade doComplexo Aeroporto de Ribeirão Preto (ambos os serviçosprestadores de atendimento à população de baixa renda deRibeirão Preto e região); descrever as características clíni-cas dos recém-nascidos infectados, bem como sua evolu-ção durante o primeiro ano de vida e identificar fatores ma-ternos associados à ocorrência da infecção congênita. Amos-tras de urina e/ou saliva de 4439 recém-nascidos, obtidasaté duas semanas de vida, foram submetidas à detecção doDNA viral por meio da reação em cadeia de polimerase. Ainfecção congênita foi confirmada em amostras subseqüen-tes de urina processadas por reação em cadeia da polimera-se e cultura viral em fibroblastos. Confirmou-se infecçãocongênita por CMV em 50 recém-nascidos (1,12%; IC95%:

0,83-1,48), sendo 3 sintomáticos (6%; IC95%: 1,3-16,5) e 47assintomáticos (94%; IC95%: 86,3-99,5). Desses, 45 (90%)foram acompanhados e 5 (10%) não retornaram para acom-panhamento. Durante o período de 12 a 36 meses de segui-mento, foi diagnosticada surdez neurossensorial bilateralem uma das 47 crianças assintomáticas ao nascer e retardode desenvolvimento neuropsicomotor e da fala em uma das3 crianças que haviam sido classificadas como sintomáticasao nascer. As demais crianças apresentaram desenvolvimen-to neuropsicomotor normal. Para a identificação dos fatoresmaternos associados à infecção, foram incluídas 49 mães decrianças infectadas e 98 mães de crianças não infectadasnum modelo de estudo tipo caso-controle. Observou-se queidade materna ≤ 20 anos (OR: 4,8 IC95%: 1,22-18,92), presta-ção de cuidados a crianças < 3 anos de idade (OR: 2,24IC95%: 1,02-4,89) e baixa escolaridade (OR: 3,70 IC95%: 1,28-10,72) foram associados à incidência da infecção congênita.Concluiu-se que a incidência de infecção congênita por CMVfoi semelhante à de outros países com elevada soropreva-lência. Evidenciou-se a necessidade de acompanhamentodos recém-nascidos infectados, ainda que assintomáticos,para a detecção de seqüelas tardias. Mães jovens, as combaixa escolaridade ou que prestem cuidados a crianças me-nores de 3 anos constituem grupos de risco para a transmis-são vertical do CMV nessa população, devendo ser consi-deradas como um público alvo para medidas de prevenção.A relação custo benefício da triagem neonatal para o CMVdeve ser avaliada, bem como a disponibilização de recursospara o seguimento dos recém-nascidos infectados visandoo diagnóstico e tratamento precoces de possíveis seqüelas.

EVOLUÇÃO DOS RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMO PORTADORES DE PERSISTÊNCIA DO CA-NAL ARTERIAL. EXPERIÊNCIA DO HCFMRP-USP EM PERÍODO DE DEZ ANOS

Paulo Henrique MansoOrientador: Prof. Dr. Francisco Eulógio MartinezDissertação de Mestrado apresentada em 29/04/2008

O canal arterial (CA) é estrutura imprescindível paraa vida fetal. Após o nascimento, entretanto, sua persistên-cia é patológica. Vários fatores contribuem para que haja

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aumento da incidência de canal arterial persistente em re-cém-nascidos prematuros (RNPTs). Até o momento, há duasmaneiras principais para o fechamento do CA nos RNPTs:o tratamento através de medicamento, sendo a indometaci-na a droga mais usada, e o tratamento cirúrgico. Ambosmétodos possuem vantagens e desvantagens, e a literatu-ra corrente ainda não definiu método mais adequado. Osobjetivos deste estudo foram descrever a evolução dosRNPTs portadores de CA atendidos no HCFMRP-USP numperíodo de 10 anos, tentando identificar fatores preditivospara broncodisplasia, hemorragia intracraniana e óbito.Foram estudados 401 pacientes através de análise retros-pectiva dos prontuários, de onde foram coletados dadosreferentes ao nascimento (peso, idade gestacional, épocado diagnóstico de CA, tipo de tratamento, desfecho). En-contramos igual distribuição entre os sexos, com média depeso ao nascimento de 1160g, e 31,1 semanas de idade ges-tacional. O achado semiológico mais observado foi o soproem precórdio, em 86% dos casos, seguido pela palpação depulsos amplos, em 42%. A suspeita de CA foi feita em médiano sexto dia de vida. Com relação ao tipo de tratamento

instituído, 270 pacientes receberam indometacina, 49 foramsubmetidos a tratamento cirúrgico, e 82 não receberam tra-tamento. Houve insucesso ao primeiro tratamento com in-dometacina em 68% dos casos. Um segundo ciclo de indo-metacina teve taxa de insucesso de 78%, e o terceiro cicloda medicação, quando realizado, teve taxa de insucesso de73%. Na análise de regressão logística multivariada, ape-nas o peso ao nascimento foi fator preditivo para insucessoao tratamento com indometacina (p=0,009). A broncodis-plasia pulmonar foi diagnosticada em 58% dos pacientes.Foram considerados fatores preditivos para aparecimentode broncodisplasia pulmonar o CRIB score ao nascimento(p<0,001), o peso ao nascimento (p=0,001), assim como ouso de surfactante (p<0,001) e o tratamento inicial com in-dometacina (p=0,03). Hemorragia intracraniana ocorreu em37% dos casos. O único fator preditivo para este desfechofoi relação PCA/peso (p=0,008). Óbito intra-hospitalar ocor-reu em 13,9% dos pacientes. O CRIB score (p<0,001) e arelação PCA/peso (p=0,001) foram fatores preditivos paraeste tipo de desfecho.

nhagem de LLA (REH) radiosenssível. Analisamos o com-portamento de morte celular radioinduzida nos tempos “T0h,T12h, T24h, T48h, T72h e T7dias” apó5 irradiação e o danoao DNA nestes. mesmos tempos, com o “teste do cometa”.A expressão gênica para as CASPASES 3, 8 e 9, FAS,BCL-2 e HIF-2a pela técnica de PCR quantitativa em tempo-real (RQ-PCR). Nossos dados sugerem que a morte celularradio-induzida não é exclusivamente por apoptose e desteprocesso, o FAS mostrou um aumento progressivo apon-tando à via extrínseca como a principal via de ativação des-te processo. O gene de hipóxia HIF-2a não apresentou alte-ração nos diferentes tempos de estudo para ambas as li-nhagens, entretanto, a expressão do HIF-2a foi significati-vamente maior na linhagem U-343. A elevada expressão doHIF-2a. na U-343 pode relacionar-se com.a radiorresistên-cia da linhagem. Há a necessidade de mais estudos paraoutros genes relacionados à hipóxia para melhor esclareci-mento deste mecanismo de radiorresistência.

Viviane Marques BighettiOrientador: Prof. Dr. Carlos Alberto ScrideliDissertação de Mestrado apresentada em 09/05/2008

A radioterapia (RT) é importante recurso adjuvanteno. tratamento dos tumores do sistema, nervoso central(SNC) e apesar das novas tecnologias desenvolvidas nes-ta área como, radioterapia tridimensional e a radioterapiacom feixe modulado -”IMRT”, os gliomas mantém um prog-nóstico reservado em parte devido à sua radiorresistência.Relacionam-se a radiorresistência tumoral os mecanismosde morte celular e de reparo ao dano causado no DNA emecanismos de hipóxia. Estudos para uma melhor compre-ensão desses fatores são necessários para o desenvolvi-mento de novos recursos terapêuticos. Utilizamos radia-ção γ, (γ–Co60) com dose única por fração de 2Gy e 6Gy emuma linhagem de glioma (U-343) radiorresistente e em li-

ESTUDO DE LESÃO EM DNA E DA EXPRESSÃO DE GENES ASSOCIADOS À HIPÓXIA E ÀAPOPTOSE RADIOINDUZIDA EM CULTURA DE CÉLULAS REH E U-343

AVALIAÇÃO DO CATABOLISMO PROTÉICO DE CRIANÇAS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CI-RURGIA CARDÍACA

Monica Akissue de Camargo Teixeira CintraOrientadora: Profa.Dra. Ana Paula Carvalho Panzeri CarlottiDissertação de Mestrado apresentada em 19/05/2008

O estado nutricional influencia a recuperação de cri-anças com cardiopatias congênitas submetidas à cirurgiacardíaca. Entretanto, vários fatores podem contribuir para

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tabolismo (1,1 versus 0,1 g/kg/d e 53,3% versus 17,6 % GEE,respectivamente) (p<0,0001). Nos dias de anabolismo, osbalanços de potássio e fósforo também foram maiores secomparados com os dias de catabolismo. Houve uma corre-lação positiva significante entre a ingestão protéica e o ba-lanço de proteína (p<0,0001), potássio (p=0,001) e fósforo(p<0,0001). Houve também uma correlação positiva signifi-cante entre a ingestão calórica e o balanço de proteína(p<0,0001), potássio (p=0,0002), fósforo (p<0,0001) emagnésio (p = 0,0085). A excreção urinária de creatininacorrelacionou-se positivamente com a taxa de aparecimentoda uréia (r = 0,40; p <0,0005) e negativamente com o balançode proteína (r = -0,31; p =0,0078). Coincidentemente com odiagnóstico de infecção, 2 pacientes apresentaram balançonegativo de proteína e aumento concomitante da excreçãode creatinina, mesmo na presença de insuficiência renal agu-da. Em conclusão, a ingestão de ≥ 1,1 g/kg/dia de proteína ede ≥ 53,3% do GEE associou-se ao anabolismo em criançasno pós-operatório de cirurgia cardíaca para correção decardiopatias congênitas. Os balanços de fósforo e potássioforam bons marcadores de quebra celular e a evolução dosvalores da excreção de creatinina podem constituir “sinaisde alerta” para o catabolismo protéico, mesmo na presençade alteração da função renal. A avaliação antropométricanão é um bom parâmetro para se avaliar o suporte nutricionalno pós-operatório de cirurgia cardíaca pela presença deedema nesta população.

a inadequação do suporte nutricional no pós-operatório,com potenciais conseqüências adversas, elevando a morbi-dade e mortalidade destes pacientes. É de extrema importân-cia conhecer o comportamento metabólico destas criançaspara melhor adequação da sua terapia nutricional e o balan-ço nitrogenado é um bom instrumento para esta monitoriza-ção. Os objetivos do presente estudo foram: 1) avaliar ocatabolismo celular pelos balanços de nitrogênio, potássio,fósforo e magnésio, e pela excreção urinária de creatininaem recém-nascidos e lactentes jovens no período pós-ope-ratório de cirurgia cardíaca e 2) avaliar a eficácia da terapianutricional pela evolução destes parâmetros e das medidasantropométricas no decorrer do tempo. Participaram do es-tudo 14 crianças. A mediana da idade foi de 42,5 dias de vidae a mediana do peso foi de 3,4 kg. As crianças foram avalia-das no período pós-operatório por no mínimo 3 dias quandoforam colhidas amostras de sangue de 12/ 12 horas pararealização de sódio, potássio, cálcio iônico, cloro, fósforoinorgânico, magnésio, uréia, creatinina, e urina de 24 horaspara a dosagem creatinina e balanço diário de nitrogênio,potássio, fósforo e magnésio. Onze crianças foram submeti-das à circulação extracorpórea. Doze pacientes tiveram in-suficiência renal aguda no período de estudo e 2 necessita-ram de diálise peritoneal por 1 a 2 dias No primeiro dia pós-operatório, todos os pacientes apresentaram balanço nega-tivo de proteína e fósforo. O anabolismo foi associado commaior aporte protéico e energético se comparado com o ca-

PREVALÊNCIA DE MUTAÇÕES NOS GENES PROP1 E POU1F1 EM PACIENTES COM HIPOPI-TUITARISMO ANTERIOR CONGÊNITO

Úrsula Christiane Moreira SantiagoOrientador: Prof.Dr. Sonir Roberto Rauber AntoniniDissertação de Mestrado apresentada em 21/05/2008

A deficiência de hormônios hipofisários, denomina-da hipopituitarismo, pode ser isolada ou múltipla, congênitaou adquirida. O hipopituitarismo congênito geralmente é deorigem genética, compromete a adenohipófise e afeta múlti-plas linhagens hormonais. Mutações em genes codificado-res de fatores de transcrição hipofisária têm sido demons-tradas em pacientes com hipopituitarismo congênito. Entreesses fatores de transcrição, o PROP1 atua na diferenciaçãodas linhagens somatotrófica, tireotrófica, lactotrófica e go-nadotrófica. O fator de transcrição POU1F1 (ortólogo hu-mano do gene Pit1) está envolvido na diferenciação daslinhagens somatotrófica, tireotrófica e lactotrófica. O co-nhecimento das bases moleculares da deficiência dos hor-mônios da adenohipófise resulta em implicações diretas naprática clínica. Pacientes com mutações no gene PROP1podem apresentar hiperplasia hipofisária temporária semindicação de correção cirúrgica. Quanto ao hipogonadismo,

torna-se passível de reconhecimento e tratamento preco-ces. Em pacientes com mutação no gene POU1F1, a triagemrotineira para deficiência de gonadotrofinas e de ACTH édesnecessária. Além disso, o aconselhamento genético dasfamílias afetadas é otimizado. No presente estudo, realizou-se uma análise descritiva da prevalência de mutações nosgenes PROP1 e POU1F1 em pacientes com hipopituitarismoanterior congênito, acompanhados nos Ambulatórios deEndocrinologia do HC-FMRP-USP. O gene PROP1 foi anali-sado em 14 pacientes com deficiência congênita de GH queapresentavam fenótipo compatível. Entre esses pacientes, 6também foram elegíveis para o estudo do gene POU1F1. Aanálise genética foi realizada em DNA genômico e consistiude amplificação das regiões de interesse por PCR e sequen-ciamento automatizado. Dos 14 pacientes estudados, 13 apre-sentaram deficiência hipofisária múltipla. Além da deficiên-cia de GH, as deficiências de ACTH (50%) e de TSH (43%)foram as mais prevalentes. A redução do volume daadenohipófise foi observada em 71 % dos pacientes. Aodiagnóstico, a idade cronológica média foi de 9,6 (1,7-17,1)anos. A média do escore de desvio padrão da estatura (EDP)foi de -3,6 ± 1,4 (-6,7 a -0,6) e a média de atraso da idade

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éxon 3 foi identificado o polimorfismo c.424 G > A / p.A142T(rs1800197) em 5 pacientes em 13 (46%) e em 20 controles deum total de 50 indivíduos (40%). A análise do gene POU1F1evidenciou, no éxon 6, a presença da mutação C.811 G > C /p.R271W, em heterozigose, em um paciente que apresentouatraso neuropsicomotor e déficit pondero-estatural desde oprimeiro semestre de vida. Essa mutação levou à deficiênciade GH, PRL e a uma grave e precoce deficiência de TSH,pouco comum em pacientes com hipopituitarismo congêni-to. O genitor, um irmão e três irmãs não apresentaram altera-ções na análise do éxon 6 do respectivo gene.

óssea de 3,3 anos. Após o início do tratamento com GHhr, amédia de VC foi de 8,9, 6,9 e 6,2 cm/ano, respectivamente,nos 3 primeiros anos de tratamento. Ao final desse estudo,4 pacientes haviam finalizado o crescimento estatural, sen-do que em 2 deles a estatura final encontrava-se dentro danormalidade (estatura superior a -2 DP). A análise do genePROP1 revelou no éxon 1, a presença do polimorfismo c.27C > T / p.A9A (rs1135320) em 12 entre 14 pacientes (85,7%)e em 39 controles de 50 (78%). No éxon 2 foi encontrado opolimorfismo c.152 G > C / p.G51A (rs 223378) em um pacien-te (7,1 %) e em nenhum dos 37 controles estudados. No

realizarem a tarefa de reconhecimento de expressões faciais,com seis emoções básicas – raiva, medo, tristeza, asco, ale-gria e surpresa – mais a expressão neutra. As faces foramdigitalmente modificadas de forma a criar um gradiente deintensidade entre 10 e 100% de cada emoção, com incremen-tos sucessivos de 10%. Foram registrados os estados sub-jetivos de humor e ansiedade ao longo da tarefa e o desem-penho foi avaliado pela medida de acurácia (número de acer-tos sobre o total de estímulos apresentados). De forma ge-ral, o escitalopram interferiu no reconhecimento de todas asexpressões faciais, à exceção de medo. Especificamente, fa-cilitou a identificação das faces de tristeza e prejudicou oreconhecimento de alegria. Quando considerado o gênerodas faces, esse efeito foi observado para as faces masculi-nas, enquanto que para as faces femininas o escitalopramnão interferiu com o reconhecimento de tristeza e aumentouo de alegria. Além disso, aumentou o reconhecimento dasfaces de raiva e asco quando administrado na segunda ses-são e prejudicou a identificação das faces de surpresa nasintensidades intermediárias de gradação. Também apresen-tou um efeito positivo global sobre o desempenho na tarefaquando administrado na segunda sessão. Os resultadossugerem uma modulação serotoninérgica sobre o reconhe-cimento de expressões faciais emocionais e sobre a evoca-ção de material previamente aprendido.

Wolme Cardoso Alves NetoOrientadora: Prof. Dra. Cristina Marta Del-BenDissertação de Mestrado apresentada em 16/05/2008

Os inibidores seletivos da recaptura de serotonina(ISRS) têm sido utilizados com sucesso para o tratamentode diversas patologias psiquiátricas. Sua eficácia clínica éatribuída a uma potencialização da neurotransmissão sero-toninérgica, mas pouco ainda é conhecido sobre os meca-nismos neuropsicológicos envolvidos nesse processo. Vá-rias evidências sugerem que a serotonina estaria envolvida,entre outras funções, na regulação do comportamento soci-al, nos processos de aprendizagem e memória e no proces-samento de emoções. O reconhecimento de expressõesfaciais de emoções básicas representa um valioso paradigmapara o estudo do processamento de emoções, pois são estí-mulos condensados, uniformes e de grande relevância parao funcionamento social. O objetivo do estudo foi avaliar osefeitos da administração aguda e por via oral do escitalopram,um ISRS, no reconhecimento de expressões faciais de emo-ções básicas. Uma dose oral de 10 mg de escitalopram foiadministrada a doze voluntários saudáveis do sexo mascu-lino, em modelo duplo-cego, controlado por placebo, emdelineamento cruzado, ordem randômica, 3 horas antes de

SAÚDE MENTAL

EFEITOS DO ESCITALOPRAM SOBRE A IDENTIFICAÇÃO DE EXPRESSÕES FACIAIS

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Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428http://www.fmrp.usp.br/revista Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

César Augusto Queiroz FerreiraOrientadora: Prof. Dra. Cristina Marta Del-BenDissertação de Mestrado apresentada em 21/05/2008

O reconhecimento de informações com valência emo-cional, oriundas do meio ambiente, é crucial para a adapta-ção e para o funcionamento social. Em particular, o reconhe-cimento de expressões faciais tem sido considerado funda-mental para oprocessamento das emoções básicas. Estu-dos de neuroimagem e com pacientes com lesões cerebraissugerem que o processamento de diferentes expressõesfaciais parece ser controlado por circuitos neurais parcial-mente distintos. Outras evidências advêm de estudos queavaliam os efeitos de drogas psicoativas na percepção deexpressões emocionais. Com relação às drogas ansiolíticas,existem evidências de que o diazepam prejudicaria o reco-nhecimento de expressões faciais e, em particular, de raiva emedo. No entanto, existem evidências de prejuízo global doreconhecimento das expressões emocionais com dose úni-ca de 15 mg de diazepam, o que pode ser atribuído aos efei-tos sedativos provocadas por doses mais altas desse ben-zodiazepínico, ao invés de uma modulação específica doreconhecimento de expressões faciais. Além disso, os estu-dos desenvolvidos até o momento adotaram paradigmascomplexos, que envolvem combinações de emoções em di-ferentes gradações, o que poderia interferir no desempenhodos voluntários na tarefa. Além disso, até o momento, ape-nas um estudo avaliou, por meio de ressonância magnéticafuncional, os efeitos de benzodiazepínicos sobre as ativa-ções neuronais provocadas por expressões faciais eviden-ciando que o lorazepam atenuaria a ativação da amígdala.Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar o efeito da

administração oral de uma dose única de 10 mg de diazepamna identificação de expressões faciais de emoções básicas(raiva, asco, medo, tristeza, surpresa e alegria), levando-seem consideração o desempenho (acurácia) em tarefa de re-conhecimento explícito de expressões faciais e na modula-ção da resposta hemodinâmica da amígdala, para faces demedo e raiva, por meio da técnica Bold (Blood Oxygen LevelDependent) de ressonância magnética funcional, em estu-do de delineamento cruzado (cross-over), duplo-cego,placebo controlado e ordem randômica. A amostra foi com-posta por 12 voluntários saudáveis, do sexo masculino,com idade variando entre 19 e 31 anos (média = 24,83 DP =3,16). Os dados foram analisados por meio de ANOVA demedidas repetidas,com correções de Huynh-Feldt e o testede Bonferroni foi utilizado para as análises post hoc. Inde-pendentemente da modulação farmacológica, emoções po-sitivas (alegria) foram reconhecidas mais facilmente do queemoções negativas.Além disso, algumas expressões, comoasco,tristeza e surpresa, foram reconhecidas mais facilmen-te em faces femininas do que em faces masculinas. Nãoforam encontradas diferenças significativas entre os trata-mentos nas medidas subjetivas, mas houve uma diferençasignificativa na tarefa de reconhecimento de expressõesfaciais de emoções básicas. O diazepam, na dose de 10 mg,prejudicou seletivamente o reconhecimento de expressõesde medo em relação ao placebo, não se encontrando preju-ízo para o reconhecimento das demais expressões. Na res-sonância magnética funcional, o diazepam promoveu umaatenuação da amígdala direita para as expressões faciais demedo, sem efeitos sobre as respostas hemodinâmicas a fa-ces de raiva. Esses resultados sugerem um papel do siste-ma gabaérgico no processamento de emoções de medo.

SAÚDE NA COMUNIDADE

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: A PERCEPÇÃO DOS MÉDICOS DAS UNIDADES BÁSICASDE SAÚDE DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO, SÃO PAULO

Fernanda Garbelini De FerranteOrientadora: Profa. Dra. Elisabeth Meloni VieiraDissertação de Mestrado apresentada em 13/06/2008

Este estudo desenvolveu-se como subprojeto deuma investigação denominada: “A interface entre a ocor-

rência e o atendimento de violência de gênero entre mulhe-res usuárias dos serviços públicos de saúde de RibeirãoPreto”. A violência contra a mulher é um fenômeno comple-xo e muito prevalente no Brasil, atingindo todas as classes,raças, etnias e culturas. Mulheres nesta situação freqüen-temente buscam os serviços de saúde para tratar sintomas

EFEITO AGUDO DO DIAZEPAM NO PROCESSAMENTO DE EMOÇÕES EM VOLUNTÁRIOS SAU-DÁVEIS: AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL E POR NEUROIMAGEM

Page 74: teses 2ºtrim 2008 - revista.fmrp.usp.brrevista.fmrp.usp.br/2008/VOL41N3/teses_2%BAtrim_2008.pdf · Candidíase vulvovaginal é uma infecção oportunis-ta que acomete três quartos

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Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 355-428Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP http://www.fmrp.usp.br/revista

pendência sexual, no entanto, a hegemonia masculina ain-da é muito presente. Compreendem que a violência de gê-nero ocorre devido às desigualdades que pautam o sistemasocial que acabam por justificar os eventos violentos comoatitudes educativas e punitivas, aceitas pela posição socialocupada pela mulher. Constatamos que alguns desses pro-fissionais detêm conhecimentos sobre os tipos de violên-cia de gênero, são capazes de identificar e muitas vezesacolher essas mulheres e também conhecem os procedi-mentos para o atendimento e o encaminhamento. Entretan-to, muitas vezes não dão andamento aos casos, ignorando-os, ou porque não acreditam que este fenômeno seja desua responsabilidade, ou ainda devido a uma série de bar-reiras pessoais e institucionais que impedem uma adequa-da atuação. Além disso, verificamos a existência de umainvisibilidade institucional que prejudica a qualidade doserviço prestado. Por fim, destacamos a importância do de-senvolvimento de treinamento voltada para o profissionalda área da saúde, com o objetivo de prepará-lo para melhorassistir à mulher em situação de violência, condição muitopresente em seu cotidiano.

associados à violência. Entretanto, os profissionais de saú-de apresentam uma série de dificuldades. Desenvolvemoseste estudo, entendendo que a violência de gênero é reco-nhecida como um problema de saúde pública por afetar aintegridade física e mental da mulher, e que existe necessi-dade de acolher essa mulher no serviço de saúde. O estudoteve por objetivo de verificar a percepção dos médicos atu-antes nas Unidades Básicas e Distritais de Saúde sobre aviolência praticada contra mulheres por parceiros íntimos.Realizamos uma pesquisa de cunho qualitativo com 14 mé-dicos ginecologistas e clínicos gerais, utilizando como ins-trumento entrevistas semi-estruturadas. Realizamos análi-se de conteúdo temática utilizando como referencial teóri-co as teorias de gênero. A análise dos resultados permitiu-nos definir os seguintes temas: 1. Percepções dos médicossobre as relações de gênero; 2. Percepção dos médicossobre a violência; 3. Papel dos médicos diante da violênciadoméstica contra a mulher; 4. Conhecimentos e informa-ções sobre a violência doméstica contra a mulher; que fo-ram divididos em várias subcategorias. De acordo com osmédicos, a mulher atual conquistou sua liberdade e inde-

O SERVIÇO SOCIAL E A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: POTENCIALIDADES DE UMAAPROXIMAÇÃO

Bibiana Cristina Granata BenattiOrientadora: Profª Drª Maria do Carmo Gullaci GuimarãesCaccia-BavaDissertação de Mestrado apresentada em 25/06/2008

Com a promulgação da Constituição Federal, em1988, amplia-se universalmente o direito à saúde e, regula-mentado pela Lei nº 8080/90, o Sistema Único de Saúde(SUS), passa a ter a responsabilidade de atender os cida-dãos de acordo com suas necessidades, independentementede contribuição com a Previdência Social ou de pagamentodireto pelo atendimento. A instituição dessa nova concep-ção de saúde trouxe também um novo caráter às práticasassistenciais. A saúde como direito social envolve não ape-nas a assistência, reabilitação e prevenção de doenças, masa promoção da saúde, a participação e o controle social. Asuperação do paradigma biomédico vem requerendo cadavez mais a incorporação de outros saberes e práticas, comoa do Serviço Social, interagindo na construção social dasaúde e no enfrentamento de seus determinantes sociais.Entretanto, visões mais conservadoras ainda coexistem emambas as áreas, restringindo as expectativas para o setorSaúde e para o Serviço Social a uma atuação assistencialista.A Assistência Social e a Atenção Básica à Saúde, principal-mente por meio da Estratégia Saúde da Família, têm em co-mum a busca por um maior protagonismo social, o estímuloà emergência de novos atores, que construam solidaria-

mente comunidades pró-ativas e críticas e, potencialmente,mais saudáveis. O presente trabalho buscou comparar ostipos de intervenções apresentadas ao Serviço Social pe-los usuários dos vários modelos de prestação da AtençãoBásica em Saúde no Distrito de Saúde Oeste de RibeirãoPreto. Utilizando-se das abordagens quanti-qualitativas, ini-cialmente procedeu ao levantamento das 142 pessoas aten-didas pelo assistente social da Unidade de Saúde entrejaneiro e março de 2007 para identificação dos atendidos. Amaioria desses pacientes era do sexo feminino (73%) e deáreas sem a cobertura da Estratégia Saúde da Família (75%).Após realizou-se entrevistas semi-estruturadas no domicí-lio de 31 famílias definidas por critérios prévios, sendo 17delas vinculadas à SF. A categoria empírica construída apartir das entrevistas refere-se ao Serviço Social como agen-ciador de benefícios assistenciais, indo ao encontro do queaponta Faleiros (2001), quanto à sua origem já como profis-sional “solucionador de problemas”, ligados à ótica da ins-tituição em que atuam. Demandas pautadas na ação profis-sional em sintonia com a lógica da Promoção da Saúde, apartir da criação de novas estratégias para superar carênci-as e chegar às “causas das causas”, na perspectiva dofortalecimento da comunidade não foram apresentadas, in-dependentemente do modelo de prestação da assistência,apontando que a viabilização de projetos de emancipaçãodizem respeito toda uma sociedade e não a apenas umacategoria profissional.