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Aplicação de modelo matemático de Lamas Ativadas para otimização do tratamento da ETAR de Vale Faro Sandra Sofia Palma Viegas Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Química ORIENTADORES Professor Doutor Sebastião Manuel Tavares da Silva Alves Doutor António Manuel Pedro Martins JURI Presidente: Professor Doutor José Manuel Félix Madeira Lopes Vogal: Professora Doutora Helena Maria Rodrigues Vasconcelos Pinheiro Orientador: Doutor António Manuel Pedro Martins JANEIRO 2016

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Aplicação de modelo matemático de Lamas

Ativadas para otimização do tratamento da ETAR

de Vale Faro

Sandra Sofia Palma Viegas

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Química

ORIENTADORES

Professor Doutor Sebastião Manuel Tavares da Silva Alves

Doutor António Manuel Pedro Martins

JURI

Presidente: Professor Doutor José Manuel Félix Madeira Lopes

Vogal: Professora Doutora Helena Maria Rodrigues Vasconcelos Pinheiro

Orientador: Doutor António Manuel Pedro Martins

JANEIRO 2016

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador do Instituto Superior Técnico, Professor Sebastião Alves, pela

disponibilidade imediata de acompanhar e orientar o presente trabalho, à sua capacidade de

orientação na organização e estrutura do relatório e ainda à sua perspicácia e incentivo para

aprofundar a teoria.

Ao meu orientador da Águas do Algarve SA, António Martins, pelo incentivo e apoio ao longo

de todo o trabalho desenvolvido, pela disponibilização de artigos e livros na área em questão,

bem como, aos seus conhecimentos e à sua capacidade inigualável de abraçar qualquer tema

de trabalho.

Ao Diretor da DOS (Direção de Operações – Saneamento), Engenheiro Joaquim Freire, pela

aceitação da realização do trabalho, bem como, à sua capacidade de fomentar as

potencialidades de cada um dos seus colaboradores.

A todos os meus colegas da DOS, que já são para mim uma segunda família, pelo excelente

trabalho de equipa, bem como, ao apoio incondicional de todos, sem exceção. Gostaria de

salientar a amizade da Márcia Mortal e da Claudia Madeira.

Á minha colega e amiga, Sara Barreto, pelo incentivo, motivação e apoio ao longo de todo o

trabalho.

Ao Eng.º Pedro Póvoa das Águas de Portugal pelos seus contributos na área da modelação.

Á minha Família, especialmente aos meus pais e às minhas tias, para os quais não há

palavras…

Aos poucos mas bons amigos…

Ao João…

À Pippa…

ii

RESUMO

O tratamento por lamas ativadas é um processo biológico amplamente utilizado para remoção

de poluentes orgânicos e nutrientes presentes nas águas residuais devido à sua adequada

relação custo-benefício. Tem sido alvo de estudos metabólicos aprofundados dos processos

biológicos inerentes, o que tem permitido o desenvolvimento de diversos modelos

matemáticos, conhecidos por ASM (Activated Sludge Model).

A dissertação tem como principais objetivos a calibração do modelo nesta ETAR e a otimização

das condições de funcionamento do processo de tratamento. O estudo incidiu na etapa de

arejamento, responsável pelo maior consumo de energia neste tipo de sistemas, tendo-se

realizado diferentes simulações, tanto em estado estacionário como dinâmico, para otimização

dos set points de oxigénio dissolvido. Avaliou-se igualmente a possibilidade de alteração do

sistema de difusores, aumentando assim a eficiência de arejamento, tanto a nível do

desempenho do sistema de tratamento como a nível dos consumos de energia.

No presente trabalho utilizou-se o modelo matemático Mantis, modelo adaptado do ASM1,

tendo-se recorrido ao software de simulação matemática, o GPS-X (versão 6.4) da

Hydromantis.

O modelo foi aplicado à ETAR de Vale Faro, uma das instalações de maiores dimensões do

Algarve, que descarrega o seu efluente tratado próximo da zona balnear. Atendendo à

sazonalidade a que a ETAR é sujeita, tornou-se necessário desenvolver dois layouts e modelos

distintos para descrever o comportamento da instalação, nas épocas alta e baixa.

Os resultados de modelação obtidos permitiram descrever o comportamento da ETAR, otimizar

o arejamento, por alteração do set point de OD (0,4 mg/L) e a diminuição do consumo

energético e respetivos custos associados, através da substituição dos difusores, obtendo-se

uma redução de cerca 35%.

Este estudo contribui assim, para a validação da utilização de modelos matemáticos tipo ASM,

à escala real, designadamente da otimização da etapa de arejamento.

Palavras-chave: lamas ativadas; modelação matemática; otimização do arejamento.

iii

ABSTRACT

Treatment by activated sludge is a biological process widely used to remove organic pollutants

and nutrients from wastewater due to its proper value for money. It has been the subject of

detailed metabolic studies of inherent biological processes, which has allowed the development

of several mathematical models, known as ASM ( Activated Sludge Model) .

The thesis has as main objectives the calibration of the model in this wastewater treatment plant

and the optimization of operating conditions process treatment. The study focused in the

aeration step, responsible for the highest energy consumption in such systems, having

performed various simulations, both steady-state and dynamic optimization of dissolved oxygen

set points. Reviewed is also the possibility of changing the diffuser system, thus increasing

aeration efficiency, the performance level of the treatment system and in terms of energy

consumption.

In this paper it was used the Mantis model, adapted model ASM1, with recourse to the

mathematical simulation software, the GPS-X (version 6.4) of Hydromantis.

The model was applied to the Vale Faro treatment plant, one of the larger facilities in the

Algarve, which discharges its effluent near the bathing area. Given the seasonality that the

WWTP is subject, it became necessary to develop two distinct layouts and models to describe

the behavior of the installation, in high and low seasons.

The modeling results allowed us to describe the WWTP behavior, optimize aeration by

changing the OD set point ( 0.4 mg / L) and the reduction of energy consumption and respective

associated costs, by replacing the diffusers, obtaining a reduction of about 35%.

This study contributes so to validate the use of mathematical models type ASM, full-scale,

namely optimizing the aeration step.

Keywords: activated sludge; mathematical modeling; aeration optimization

iv

INDICE

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

1.1. ENQUADRAMENTO E RELEVÂNCIA DO TEMA ....................................................... 2 1.2. OBJETIVOS E ÂMBITO DA DISSERTAÇÃO ............................................................. 4

2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA A DESCRIÇÃO MATEMÁTICA DE SISTEMAS DE LAMAS ATIVADAS .............................................................................. 6

2.1. EQUAÇOES BIOQUÍMICAS ENVOLVIDAS.................................................... 8 2.2. BALANÇOS & EQUAÇÕES CINÉTICAS ............................................................ 10 2.3. PARÂMETROS BÁSICOS QUE DESCREVEM O FUNCIONAMENTO DO

TRATAMENTO ....................................................................................................... 12

3. MODELAÇÃO MATEMÁTICA .............................................................................. 15

4. CASO DE ESTUDO ............................................................................................. 24

4.1. DESCRIÇÃO DA ETAR..................................................................................... 25 4.2. DADOS DE PROJETO ....................................................................................... 27

5. APLICAÇÃO DO MODELO E CALIBRAÇÃO ...................................................... 29

5.1. METODOLOGIA DO TRABALHO ......................................................................... 30 5.2. LAYOUT REPRESENTATIVO .............................................................................. 31 5.3. RECOLHA E TRATAMENTO DE DADOS ............................................................... 32 5.4. CALIBRAÇÃO DO MODELO ................................................................................ 38 5.5. VALIDAÇÃO DO MODELO .................................................................................. 40

6. SIMULAÇÃO DOS CONSUMOS ENERGÉTICOS E OTIMIZAÇÃO .................... 47

6.1. NECESSIDADES E EFICIÊNCIAS DE AREJAMENTO ............................................... 49 6.2. AREJADORES E DIFUSORES ............................................................................. 52 6.3. AREJAMENTO NA ETAR DE VALE FARO ........................................................... 53 6.4. MODELAÇÃO EM ESTADO ESTACIONÁRIO .......................................................... 56 6.5. MODELAÇÃO EM ESTADO DINÂMICO ................................................................. 62

7. ALTERAÇÃO DOS DIFUSORES E RESPETIVOS CONSUMOS ........................ 67

8. CONCLUSÕES.................................................................................................... 74

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 78

10. ANEXOS .......................................................................................................... 82

v

INDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 - Representação esquemática de um processo por lamas ativadas, em que Q

corresponde ao caudal, S á concentração de substrato e X à concentração de sólidos

suspensos totais. ........................................................................................................................... 7

Figura 3.1 - Representação esquemática dos processos envolvidos e as interligações entre

cada componente - ASM1. .......................................................................................................... 17

Figura 3.2 - Representação do pressuposto base para obtenção da matriz para o modelo

ASM1. .......................................................................................................................................... 18

Figura 4.1 - Representação esquemática das principais etapas da ETAR de Vale Faro. ......... 25

Figura 4.2 - Poço de elevação e desarenador/desengordurador ............................................... 26

Figura 4.3 - Valas de oxidação e decantadores secundários ..................................................... 26

Figura 4.4 - Canal desinfeção UV; bombas de água de serviço. ................................................ 26

Figura 4.5 - Etapa de desidratação. ............................................................................................ 27

Figura 5.1 - Layout criado em GPS-X representativo da época alta da instalação. ................... 31

Figura 5.2 - Layout criado em GPS-X representativo da época baixa da instalação ................ 32

Figura 5.3 - Representação esquemática das diferentes frações de CQOTOTAL presentes nas

águas residuais domésticas ........................................................................................................ 34

Figura 5.4 - Evolução da concentração de CQO no afluente, CQO no efluente tratado e CQO

simulado no efluente tratado, para os meses de época alta de 2013, 2014 e 2015. ................. 43

Figura 5.5 - Evolução da concentração de SST no afluente, SST no efluente tratado e SST

simulado no efluente tratado, para os meses de época alta de 2013, 2014 e 2015. ................. 42

Figura 5.6 - Evolução da concentração de NT no afluente, NT no efluente tratado e NT

simulado no efluente tratado, para os meses de época alta de 2013, 2014 e 2015. ................. 43

Figura 5.7 - Evolução da concentração de SST real e simulada, nas valas de oxidação, para os

meses de época alta de 2013, 2014 e 2015. .............................................................................. 44

Figura 5.8 - Evolução da concentração de CQO no afluente, CQO no efluente tratado e CQO

simulado no efluente tratado, para os meses de época baixa de 2013 a 2015. ........................ 45

Figura 5.9 - Evolução da concentração de SST no afluente, SST no efluente tratado e SST

simulado no efluente tratado, para os meses de época baixa de 2013 a 2015. ........................ 45

Figura 5.10 - Evolução da concentração de Nt no afluente, Nt no efluente tratado e Nt simulado

no efluente tratado, para os meses de época baixa de 2013 a 2015. ........................................ 45

Figura 5.11 - Evolução da concentração de SST real e simulada, nas valas de oxidação, para

os meses de época baixa de 2013 a 2015. ................................................................................ 46

Figura 6.1 - Representação dos vários tipos de difusores usados no arejamento de processos

biológicos ..................................................................................................................................... 53

vi

Figura 6.2 - Representação esquemática do arejamento nas valas de oxidação instaladas na

ETAR de Vale Faro. .................................................................................................................... 54

Figura 6.3 - Sobrepressor Aerzen para baixas pressões. .......................................................... 54

Figura 6.4 - Representação dos valores de OD, parametrizados no sistema de supervisão da

ETAR de Vale Faro. .................................................................................................................... 55

Figura 6.6 - Representação do difusor atualmente instalado no reator biológico da ETAR de

Vale Faro ..................................................................................................................................... 55

Figura 6.7 - Idade mínima de lamas para as bactérias oxidantes do ião amónia e do nitrito .... 56

Figura 6.8 - Variação de CQO ao longo da época alta, para vários set points de Oxigénio

Dissolvido. ................................................................................................................................... 58

Figura 6.9 - Variação de CBO5 ao longo da época alta, para vários set points de Oxigénio

Dissolvido. ................................................................................................................................... 58

Figura 6.10 - Variação de SST ao longo da época alta, para vários set points de Oxigénio

Dissolvido. ................................................................................................................................... 59

Figura 6.11 - Variação de CQO ao longo da época baixa, para vários set points de Oxigénio

Dissolvido. ................................................................................................................................... 59

Figura 6.12 - Variação de CBO5 ao longo da época baixa, para vários set points de Oxigénio

Dissolvido. ................................................................................................................................... 60

Figura 6.13 - Variação dos SST ao longo da época baixa, para vários set points de Oxigénio

Dissolvido. ................................................................................................................................... 60

Figura 6.14 - Variações dos vários períodos com diferentes tarifas horárias, ao longo dos

diferentes dias, semanal, sábado, domingo, e para verão e inverno. ........................................ 62

Figura 6.15 - Evolução do CQO no efluente tratado, ao longo de 10 dias de simulação, para as

várias alterações de set point de OD ao longo dia, bem como para o set point constante de 0,4

e de 1 mg/L. ................................................................................................................................. 64

Figura 6.16 - Evolução do CBO5 no efluente tratado, ao longo de 10 dias de simulação, para as

várias alterações de set point de OD ao longo dia, bem como para o set point constante de 0,4

e de 1 mg/L. ................................................................................................................................. 64

Figura 6.17 - Evolução do Nk no efluente tratado, ao longo de 10 dias de simulação, para as

várias alterações de set point de OD ao longo dia, bem como para o set point constante de 0,4

e de 1 mg/L. ................................................................................................................................. 65

Figura 6.18 - Evolução da SST no efluente tratado, ao longo de 10 dias de simulação, para as

várias alterações de set point de OD ao longo dia, bem como para o set point constante de 0,4

e de 1 mg/L. ................................................................................................................................. 65

Figura 6.19 - Custos anuais associados ao processo de arejamento para várias simulações em

estado dinâmico e estacionário (set point de OD 0,4 e 1 mg/L). ................................................ 66

Figura 7.1 - Representação do efeito no reator devido à danificação de difusor ...................... 68

Figura 7.2 - Representação da variação da eficiência de transferência de oxigénio, consoante o

tamanho da bolha dos difusores. ................................................................................................ 69

vii

Figura 7.3 - Representação e comparação entre o tipo de bolha resultante de um difusor

colmatado e de um difusor limpo. ............................................................................................... 69

Figura 7.4 - Comparação do Alfa fator para difusores com diversos tempos de operação........ 70

Figura 7.5 - Representação do difusor de bolha fina de membrana tubular (Magnum) a ser

instalado na ETAR de Vale Faro ................................................................................................. 72

Figura 7.6 - Distribuição ao longo da vala de oxidação, com várias bifurcações e válvulas

associadas a cada troço .............................................................................................................. 72

viii

INDICE DE QUADROS

Quadro 3.1 – Matriz estequiométrica de base para o modelo ASM1 (Hydromantis, 2013). ...... 20

Quadro 3.2 – Características dos modelos matemáticos ASM1, ASM2, ASM2d, ASM3

(adaptado de Gernaey et al, 2004). ............................................................................................ 22

Quadro 4.1 – Dados de dimensionamento da remodelação da ETAR de Vale Faro em 2002. . 27

Quadro 4.2 – Licença de Descarga de Águas Residuais nº L007976.2013.RH8 de 2013/05/13.

..................................................................................................................................................... 28

Quadro 5.1 – Valores médios de afluente bruto utilizados para simulação do modelo para a

época alta (Julho a Setembro de 2013 e 2014). ......................................................................... 33

Quadro 5.2 – Valores médios obtidos para as frações de CQO na água residual afluente à

ETAR de Vale Faro. .................................................................................................................... 34

Quadro 5.3 – Caraterísticas médias do Afluente da ETAR de Vale Faro na época alta em GPS-

X. (Os valores a azul correspondem a dados fornecidos pelo utilizador). .................................. 35

Quadro 5.4 – Valores médios de afluente bruto introduzidos no modelo para simulação da

época baixa. ................................................................................................................................ 35

Quadro 5.5 – Caraterísticas médias do Afluente da ETAR de Vale Faro na época baixa em

GPS-X. ........................................................................................................................................ 36

Quadro 5.6 – Dados inseridos no GPS-X por unidade de tratamento. ....................................... 37

Quadro 5.7 – Calibração do modelo para a época alta, por comparação entre os resultados

simulados pelo GPS-X e os resultados reais (Julho a Setembro de 2013 e 2014), da ETAR de

Vale Faro. .................................................................................................................................... 39

Quadro 5.8 – Calibração do modelo para a época baixa, por comparação entre os resultados

simulados pelo GPS-X e os resultados reais (Novembro a Maio de 2013 e 2014), da ETAR de

Vale Faro. .................................................................................................................................... 39

Quadro 5.9 – Validação do modelo, para a época alta, por comparação entre os resultados

simulados e os resultados reais de Julho a Setembro de 2015. ................................................ 40

Quadro 5.10 – Validação do modelo, para a época baixa, por comparação entre os resultados

simulados e os resultados reais de Novembro a Maio de 2015. ................................................ 40

Quadro 5.11 – Comparação entre os resultados simulados pelo GPS-X e os valores de projeto,

para a época alta, na ETAR de Vale Faro. ................................................................................. 41

Quadro 6.1 – Consumos energéticos nas diferentes fases de tratamento da ETAR de Vale

Faro, em 2009. ............................................................................................................................ 48

Quadro 6.2 – Consumos de energia para as condições médias de funcionamento atuais e para

o set point atual de 1 mgO2/L. .................................................................................................... 57

Quadro 6.3 – Variação do consumo energético por alteração do set point de oxigénio

dissolvido, para as condições médias de afluência da época alta, no período 2013-2015. ....... 61

ix

Quadro 6.4 – Variação do consumo energético por alteração do set point de oxigénio

dissolvido, para as condições médias de afluência da época baixa, no período 2013-2015. .... 61

Quadro 6.5- Comparação dos custos de energia, para o set point atual e para o set point

otimizado (0,4 mg/L), com base no período de 2013 a 2015 ..................................................... 61

Quadro 6.6- Tarifas (Euros/kw) para os vários períodos ao longo do dia, para a época alta,

meses de verão, e para a época baixa, meses de inverno. ....................................................... 62

Quadro 6.7- Diferentes simulações dinâmicas por alteração do set point ao longo do dia. ....... 63

Quadro 7.1 - Variação dos consumos de oxigénio e de energia, com difusores antigos e novos.

..................................................................................................................................................... 71

Quadro 10.1- Exemplos de casos de estudo de aplicação de ASM em ETAR. ......................... 83

Quadro 10.2- Limitações dos modelos ASM1, ASM2, ASM2d e ASM3 (Peterson et al, 2002). 85

Quadro 10.3- Matriz base do modelo Mantis .............................................................................. 86

Quadro 10.4- Equações cinéticas do modelo Mantis. ................................................................ 87

Quadro 10.5- Parâmetros cinéticos e coeficientes estequiométricos incluídos no modelo ASM1

..................................................................................................................................................... 88

Quadro 10.6- Identificação das variáveis estado da biblioteca CNLIB do Programa GPS-X 6.4

..................................................................................................................................................... 89

Quadro 10.7- Identificação das variáveis Estequiométricas da biblioteca CNLIB do Programa

GPS-XCNLIB do Programa GPS-X 6.4 ...................................................................................... 89

Quadro 10.8- Identificação das variáveis compostas calculadas da biblioteca CNLIB do

Programa GPS-X 6.4 .................................................................................................................. 89

Quadro 10.9- Dados usados para calibração da época alta, Julho a Setembro de 2013 e 2014.

..................................................................................................................................................... 90

Quadro 10.10- Dados usados para validação do modelo na época alta (Julho a Setembro de

2015). .......................................................................................................................................... 93

Quadro 10.11- Dados usados para calibração do modelo na época baixa (Novembro a Abril de

2013 e 2014). .............................................................................................................................. 94

Quadro 10.12- Dados usados para validação do modelo na época baixa (Novembro a Abril de

2013 e 2014). .............................................................................................................................. 98

x

SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS

AdA Águas do Algarve SA

ANO Organismos autotróficos nitrificantes

AOR Actual Oxigen Requirement

ASM Activated Sludge Model

C Carbono orgânico

CO2 Dióxido de carbono

CBO5 Carência Bioquímica de Oxigénio

CQO Carência Química de Oxigénio

COHNS Substrato

C5H7NO2 Biomassa

CF Coliformes Fecais

CNLIB Carbon Nitrogen Library

ETAR Estação de Tratamento de Água Residual

F/M Rácio alimento/microrganismos (kg CBO5/kg MLSS.dia)

Fator α Taxa de transferência de oxigénio em efluentes

frSi Fração de CQO solúvel não biodegradável

frSs Fração de CQO solúvel facilmente biodegradável

frXi Fração de CQO particulada não biodegradável

frXs Fração de CQO particulada biodegradável

GPS-X Software comercial de modelação matemática de sistemas de lamas ativadas

hab.eq. Habitante equivalente

IL/ θc Idade de lamas (dia)

IVL Índice Volumétrico de Lamas (mg/L)

IWA International Water Association

MLSS Mixed Liquor Suspended Solids (mg SSV/L)

NT Azoto Total

NH4+ Azoto amoniacal

N2 Azoto atmosférico

NO2- Ião nitrito

NO3- Ião nitrato

NH3 Amónia

NMP Número mais provável

O2 Oxigénio molecular

OTE Oxygen Transfer Efficiency

OTR Oxygen Transfer Rate

PAO Organismos acumuladores de Fósforo

PT Fósforo Total

xi

Q Caudal

SAE Standard Aeration Efficiency

SOTE Eficácia de Transferência de Oxigénio Standard

SOTR Standard Oxygen Transfer Rate

SI Matéria não biodegradável solúvel

SO Consumo de oxigénio

SS Matéria orgânica solúvel rapidamente biodegradável

XB,A Biomassa ativa autotrófica

XB,H Biomassa ativa heterotrófica

XI Matéria orgânica não biodegradável particulada

XS Matéria orgânica biodegradável particulada

SND Matéria azotada

SNI Matéria azotada não biodegradável

SNH Azoto sob a foram de NH4+ e NH3

SNO Azoto sob a forma de nitritos e nitratos

SST Sólidos Suspensos Totais

UV Ultra Violetas

VLE Valor limite de Emissão

YA Rendimento celular da biomassa autotrófica

YH Rendimento celular da biomassa heterotrófica

1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo é apresentado o enquadramento e relevância do tema,

bem como, os objetivos e âmbito da presente dissertação.

2

1.1. ENQUADRAMENTO E RELEVÂNCIA DO TEMA

As Estações de Tratamento de Águas residuais (ETAR) têm um papel fulcral na conservação

da saúde pública e na preservação da qualidade do meio recetor, minimizando os problemas

de poluição da água causados por descarga de águas residuais não tratadas em meios

hídricos.

Os instrumentos regulamentares criados para proteger a qualidade das águas naturais, atuam

através do estabelecimento de normas e condições de descarga, definidas consoante o tipo de

meio recetor. Para cada ETAR, é assim definida uma licença de descarga, que pode

contemplar valores limites de emissão (VLE) para os parâmetros físico-químicos e

microbiológicos.

Os parâmetros físico-químicos que normalmente têm limites de descarga definidos são a

carência bioquímica de oxigénio dissolvido após 5 dias (CBO5), a carência química de oxigénio

(CQO), que representam a carga orgânica e os sólidos suspensos totais (SST), podendo ser

igualmente contemplados os nutrientes, azoto (N) e o fósforo (P), em ETAR que descarregam

em zonas sensíveis à eutrofização. Em função do tipo de meio recetor, podem igualmente ser,

definidos valores limite de emissão (VLE), para os parâmetros microbiológicos, e são eles,

especificamente, os coliformes fecais e a Escherichia Coli.

Tendo em conta a necessidade de obter um efluente com valores de qualidade compatíveis

com os limites de descarga estabelecidos pelos normativos, são então selecionados o tipo de

processo e as operações unitárias constituintes de uma ETAR, particularmente o tipo de

tratamento biológico.

Os principais processos biológicos utlizados no tratamento das águas residuais do tipo urbano,

podem ser divididos em duas categorias básicas: processos de biomassa suspensa, em que os

microrganismos responsáveis pela conversão da matéria orgânica e/ou outros constituintes da

água residual são mantidos em suspensão, e processos de biomassa fixa, em que os

microrganismos responsáveis pela conversão da matéria orgânica e/ou outros constituintes da

água residual originam um biofilme e ficam agregados por meio inerte, como por exemplo,

rochas, escória ou matérias cerâmicos.

Podem ainda ser classificados consoante a sua capacidade de utilizarem oxigénio nas reações

de oxidação/redução. Assim, dividem-se principalmente em processos aeróbios (que ocorrem

na presença de oxigénio), processos anaeróbios (que ocorrem na ausência de oxigénio, de

nitratos e nitritos) e processos anóxicos (em que ocorre a conversão biológica dos nitratos em

azoto gasoso, na ausência de oxigénio, também designados de desnitrificação). Pode-se ainda

3

classificar como processos facultativos (em que os microrganismos têm atividade quer na

presença quer na ausência de oxigénio) e processos mistos (combinação variada entre

processos aeróbio, anaeróbios e anóxicos).

Os processos de crescimento de biomassa em suspensão operam com concentrações de

oxigénio dissolvido (processos aeróbicos), contudo, existem processos de tratamento em que

são utilizados reatores anaeróbios (na ausência de oxigénio), designadamente no, tratamento

de águas industriais contendo elevadas concentrações de matéria orgânica. O processo de

crescimento de biomassa mais comum utilizado em tratamento de águas residuais urbanas é o

processo de tratamento biológico por lamas ativadas (Tchobanoglous et al, 2003).

Para além da remoção de carbono orgânico, os processos de tratamento por lamas ativadas

podem também promover a remoção biológica de N e P, em função da conceção,

funcionamento e composição do efluente (Gernaey et al, 2004).

A necessidade de controlo das descargas poluentes nos meios recetores, bem como a

necessidade de aumentar a previsibilidade do comportamento dos processos de tratamento

biológicos tem motivado, em grande parte, a evolução recente no domínio da modelação e

gestão de sistemas de tratamento de águas residuais.

O aumento de conhecimentos sobre os mecanismos de degradação biológica dos processos

de tratamento por lamas ativadas, resultou na publicação de um conjunto de modelos

matemáticos atualmente utilizados como instrumentos de planeamento, projeto, análise e

operação de infraestruturas de tratamento. A modelação constitui assim uma parte essencial

no design e operação de uma ETAR (Grau et al.,2007).

Os modelos matemáticos podem ser utilizados para prever a resposta dinâmica dos sistemas

biológicos a perturbações diversas (Vanhooren et al, 2003) (p.e. a alteração significativa das

condições de afluência ou a deterioração da qualidade do efluente). Por outro lado, a

modelação permite a implementação de estratégias de controlo, com o objetivo de analisar e

estabilizar o funcionamento das ETAR, garantindo um maior desempenho dos processos

biológicos (Mussati et al, 2002).

O recurso a instrumentos de modelação, na fase de dimensionamento dos sistemas, para

análise do comportamento dinâmico e hidráulico dos processos unitários de tratamento

envolvidos, assume, relevância crescente, sendo decisivo para as fases subsequentes de

exploração, operação e gestão das infraestruturas de tratamento. De facto, uma decisão

tomada ao nível do projeto tem implicações ao longo de toda a vida útil da ETAR.

A modelação matemática de tratamentos microbiológicos em processos de lamas ativadas foi

introduzida no início dos anos 70, tendo sofrido várias transformações e alterações até se

chegar aos atuais modelos matriciais desenvolvidos há cerca de 20 anos, pela Internacional

Water Association, IWA. Os modelos atuais, em terminologia anglo-saxónica, “activated sludge

4

models”, ASM, provam ser excelentes ferramentas de modelação para processos de oxidação

de carbono, nitrificação e desnitrificação, e remoção biológica de fósforo (Nuhoglu et al,2005).

Estes modelos, têm sido aplicados em diversos softwares comerciais de modelação e

simulação do comportamento dinâmico de processos biológicos (Gernaey et al, 2004), de entre

os quais se destacam o GPS-X, SIMBA, EnviroSim, BioWin e AQUASIM.

No âmbito do presente trabalho foi selecionado o simulador GPS-X (versão 6.4), desenvolvido

por uma empresa canadiana, Hydromantis, e recorreu-se ao modelo de lamas ativadas, o

Mantis.

A modelação matemática aplicada a sistemas complexos, como é o caso, constitui uma mais

valia na operação e gestão das infraestruturas, na medida em que permite ajudar a

compreender a interligação das diversas variáveis e o seu reflexo no comportamento e

desempenho dos sistemas. Através da modelação matemática consegue-se ter, por exemplo,

uma atuação preventiva ao nível do comportamento da instalação face a determinadas

condições de afluência. Pode também funcionar como uma ferramenta de auxilio à gestão e

controlo do processo de tratamento, permitindo otimizar os mais diversos parâmetros de

operação, nomeadamente, idade de lamas, razões de recirculação, set points de OD (oxigénio

dissolvido), amónia, nitratos, minimizando assim os consumos energéticos e mantendo, ou se

possível melhorando, a qualidade do efluente final.

As vantagens associadas à utilização dos ASM nas ETAR não ficam por aqui, pois para além

de permitirem otimizar as condições de funcionamento da ETAR, tal e qual, permitem apoiar na

decisão de investimento, nomeadamente na reabilitação da ETAR e na aquisição de

equipamento adequado à instalação. O Quadro 10.1 em Anexos, apresenta alguns casos de

estudo da aplicação de ASM em ETAR, tanto a nível nacional como internacional.

1.2. OBJETIVOS E ÂMBITO DA DISSERTAÇÃO

No âmbito deste trabalho os objetivos associados são os seguintes:

� Construção e calibração de um modelo que reproduza o comportamento da ETAR de

Vale Faro, de forma a permitir prever a qualidade do efluente final face a determinadas

condições de afluência, e como tal, servir de ferramenta na gestão e operação da

instalação.

� Otimização do arejamento, o que passa pelo melhor controlo desta operação e pela

redução dos consumos de oxigénio, através do estabelecimento de estratégias de

operação que permitam manter a qualidade do efluente tratado de acordo com o

quadro normativo de descarga da ETAR. A simulação dinâmica dos perfis diários de

oxigénio e a otimização dos valores alvo de oxigénio dissolvido (set-point), tendo em

5

conta os custos envolvidos com base nas tarifas horárias de energia elétrica, fornece

informação relevante para otimização do sistema de tratamento.

� Avaliação dos efeitos de substituição dos difusores com o aumento da eficiência de

arejamento, tanto a nível do desempenho do sistema de tratamento como a nível dos

consumos energéticos.

6

2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

PARA A DESCRIÇÃO MATEMÁTICA

DE SISTEMAS DE LAMAS ATIVADAS

Neste capítulo são apresentados alguns conceitos fundamentais dos

sistemas de lamas ativadas, equações bioquímicas, balanços e

equações cinéticas envolvidos.

7

O tratamento por lamas ativadas surge em 1914, em Inglaterra, por Arden e Lockett e consiste

na produção de uma massa ativada de microrganismos capazes de degradar a matéria

orgânica por via aeróbia (Tchobanogluos et al, 2003). É necessário separar a biomassa do

efluente tratado pelo que após o reator biológico existe igualmente a etapa de decantação

secundária.

Embora os custos associados à operação e manutenção, designadamente a nível do consumo

energético associado à etapa de arejamento, sejam mais altos, comparativamente aos

sistemas de biomassa fixa, como é o caso dos leitos percoladores, o sistema de lamas

ativadas apresenta uma maior eficiência, relativamente à remoção da matéria orgânica e de

nutrientes (azoto e fósforo), além de permitir uma maior flexibilidade operacional.

No reator biológico, os microrganismos responsáveis pelo tratamento da água residual são

mantidos em suspensão sob a forma de flocos (licor misto), sendo fornecido oxigénio para a

oxidação biológica da matéria orgânica, e em determinadas condições, do azoto amoniacal. No

decantador secundário ocorre a separação sólido-líquido, em que os flocos biológicos

sedimentam graviticamente e são separados da fase líquida, tal como se encontra

representado na figura 2.1.

Figura 2.1 - Representação esquemática de um processo por lamas ativadas, em que Q corresponde ao caudal, S à concentração de substrato e X à concentração de sólidos

suspensos totais (La Motta et al, 2007).

O desempenho dos processos biológicos em sistemas de lamas ativadas, como qualquer outro

processo de tratamento de águas residuais, requer um conhecimento profundo das reações

envolvidas e dos princípios básicos que regem o crescimento dos microrganismos.

Q0,S0,X0

Qw,Sw,Xw Qr,Sr,Xr

Qe,Se,

8

2.1. EQUAÇOES BIOQUÍMICAS ENVOLVIDAS

Os processos bioquímicos envolvidos neste tipo de sistema podem incluir: (i) remoção da

matéria orgânica por organismos heterotróficos; (ii) respiração endógena; (iii) nitrificação por

organismos autotróficos; (iv) desnitrificação desencadeada por organismos heterotróficos em

condição anóxicas; (v) remoção de fósforo.

1. Oxidação da Matéria Orgânica e Síntese celular

A remoção da matéria orgânica é realizada pelos organismos heterotróficos, que sob

condições anóxicas e aeróbias, utilizam o substrato orgânico como fonte de carbono. O

rendimento do crescimento da biomassa corresponde à fração de substrato que é utilizado

como fonte de carbono para este fim. O crescimento dos organismos requer, além do

substrato, sob condições aeróbias, disponibilidade dos nutrientes, azoto e fósforo, para a

síntese celular, conforme representado na equação 2.1.

COHNS (substrato) + O2 + nutrientes � CO2 + NH3 + C5H7NO2 (biomassa) + outros produtos

finais

(Equação 2.1)

2. Respiração endógena

Por outro lado, a respiração endógena nos organismos conduz a uma diminuição da biomassa

e ocorre quando há escassez de substrato, sendo utilizado como fonte de carbono o próprio

protoplasma, de acordo com a equação 2.2 (Tchobanoglous et al, 2003).

C5H7NO2 (biomassa) + 5O2 � 5CO2 + 2H2O + NH3 + energia (Equação 2.2)

3. Nitrificação

Quanto ao azoto, pode aparecer dissolvido na água residual em diversas formas, tais como

azoto amoniacal (NH3 e NH4+), azoto orgânico (ureia), nitrato (NO3

-) e nitrito (NO2-). O azoto

total (NT) é resultado do conjunto destas diferentes formas. Nas águas residuais do tipo urbano,

estão geralmente apenas presentes o azoto amoniacal e o azoto orgânico, sendo o somatório

das concentrações destas duas formas de azoto, dado o nome de azoto Kjedahl (Nkj).

Embora o azoto seja um nutriente essencial para o crescimento biológico e um dos principais

constituintes de todos os organismos vivos, uma presença excessiva no efluente deve ser

evitada por várias razões, destacando-se o facto do amoníaco ser tóxico para os organismos

aquáticos, tais como o peixe, e os azotos orgânicos e amoniacal conduzirem a um consumo

9

excessivo de oxigénio nos meios recetores. O seu excesso pode potenciar o crescimento

acelerado de algas e de formas superiores de plantas aquáticas, perturbando o equilíbrio

biológico e a qualidade das águas em causa, podendo causar o fenómeno de eutrofização

(Mulas, 2006).

Quando as águas residuais não tratadas chegam à ETAR, a maior parte do azoto vem sob a

forma de azoto amoniacal e orgânico, e pode ser removido através de um processo constituído

por duas etapas, a nitrificação e a desnitrificação. O azoto orgânico é rapidamente convertido

em azoto amoniacal. A nitrificação consiste na conversão do azoto amoniacal (NH4) presente

na água residual em nitratos (NO3) e é realizada por intermédio de organismos autotróficos

nitrificantes (ANO), incluindo geralmente duas etapas (Henze et al, 2008):

1. Oxidação do azoto amoniacal a nitrito (NO2), realizada pelos ANO do género

Nitrosomonas – Nitritação, conforme a equação:

NH4+ + 1.5O2 � NO2

- + H2O + 2H

+ (Equação 2.3)

2. Oxidação do nitrito a nitratos realizada pelos ANO do género Nitrobacter – Nitratação

conforme a equação:

NO2-

+ 0.5O2 � NO3- (Equação 2.4)

A reação de nitrificação também pode ser representada de uma forma global através da

equação seguinte (Rittmann e McCarty, 2001):

NH4+ + 1.815 O2+ 0.1304 CO2 � 0.0261 C5H7O2N+ 0.973 NO3

- + 0.921 H2O + 1.973 H

+

(Equação 2.5)

O azoto amoniacal e o nitrito são utilizados como fonte de energia para os ANO captarem o

carbono inorgânico, que é incorporado na biomassa, para permitir o seu crescimento. A

nitrificação ocorre sob condições aeróbias, sendo necessário assegurar o oxigénio suficiente

para que não haja inibição do processo biológico. Os ANO podem ficar inibidos da sua

atividade pelo pH mais baixo, pela presença de compostos como níquel, cobre, crómio e outras

condições ambientais (Hauduc et al, 2013).

10

4. Desnitrificação

A desnitrificação é o processo biológico realizado pelos organismos heterotróficos,

designadamente do género Pseudomonas, Achromobacter, que em condições de anoxia e na

presença de substrato solúvel (fonte de carbono), convertem o nitrato (NO3) a azoto molecular

(N2), para obtenção de energia para o seu crescimento (Tchobanoglous et al, 2003).

5COHNS + NO3- + 4H+ � C5H7O2N + 2.5N2 + 2,5 S2 + 4H2O (Equação 2.6)

Tal como na nitrificação, na desnitrificação também há duas etapas:

NO3- � NO2

- � N2 (Equação 2.7)

2.2. BALANÇOS & EQUAÇÕES CINÉTICAS

Balanço mássico ao substrato

��������������� �������� ��������� � +������������� ���çã�������� ���������� � =�������������������������� ���������� � + �������������í�������� ���������� � +�����������������çã�������� ���������� �

���. ��� = �� ! "# ���. �$ + ���. �� + �%. �%� + �� ! "# ���. �� (Equação2.8)

Em que Q corresponde ao caudal ( Qo - caudal de entrada; Qe - caudal de saída e Qw –caudal

de lamas em excesso) e S à quantidade de substrato (So – concentração de substrato inicial;

Se – concentração de substrato no efluente final e Sw – concentração de substrato nas lamas

em excesso).

1. Em estado estacionário (dS/dt)acum = 0

2. Qe + Qw = Qo

3. rSU= - dS/dt

���. ��� = &� ������. �' + ���. �� + �%. �%� (Equação 2.9)

Em que rsu corresponde à velocidade de consumo de substrato.

Entrada de substrato no sistema Eliminação de substrato do sistema Acumulação de substrato no sistema

Entrada de substrato

no sistema Consumo substrato Substrato no efluente +

lamas Acumulação de substrato

11

Balanço mássico aos microrganismos/ biomassa

� �������������� ������ � (������������� � +� ������������ ���çã������ � (�������������� � =� ������������������������� � (�������������� � + � ������������í������ � (�������������� � + � ����������������çã������ � (�������������� �

���. )�� + � (. �� = � �. �� + ���)� + �%)%� + � * " . �� (Equação 2.10)

Em que rg representa a velocidade de crescimento dos microrganismos e rd velocidade de

decaimento.

Considerando

4. Em estado estacionário (dX/dt) = 0

5. A concentração de microrganismos afluentes ao sistema é negligenciável

� (. �� = � �. �� + ���)� + �%)%� (Equação 2.11)

Aplicando as expressões para a velocidade de crescimento dos microrganismos (rg = -Y.rsu) e

a velocidade de decaimento de microrganismos por respiração endógena (rd=kd.X). Y

corresponde ao rendimento celular de produção de biomassa e kd ao coeficiente de

decaimento.

Balanço mássico ao oxigénio

��������������� ����+�(é���������� � +������������� ���çã����+�(é����������� � =����������������������+�(é����������� � + �������������í����+�(é����������� � +�����������������çã����+�(é����������� �

Ou,�� . )-2� = � -2 " # ���. � + � -2 " . �� (Equação 2.12)

Contribuição de microrganismos ao

sistema

Eliminação dos microrganismos do

sistema Acumulação dos microrganismos no

sistema

Entrada de oxigénio no sistema Eliminação de oxigénio do sistema Acumulação de oxigénio

no sistema

12

O oxigénio necessário para a biodegradação da matéria carbonácea e nitrificação pode ser

quantificado através da aplicação da seguinte equação (Tchobanoglous et al, 2003).

� /0 " # = �. ��� − ��� − 1,42. 5+, ��6 + 4,33. �. �8-+� (Equação 2.13)

Em que Q corresponde ao caudal afluente, S0 e Se representa a concentração de substrato à

entrada S0 e à saída Se, Px,ssv representa a produção de lamas (kg SSV/dia) e NOx, a

concentração de amónia (NH4+) no efluente que é nitrificado (mg/L) (Henze et al, 2008).

2.3. PARÂMETROS BÁSICOS QUE DESCREVEM O

FUNCIONAMENTO DO TRATAMENTO

Os parâmetros básicos envolvidos no dimensionamento e funcionamento do tratamento

biológico em questão, são os seguintes: o Tempo de retenção de sólidos (θc), também

denominado por Idade de lamas; Produção de lamas (Px,ssv); Rendimento da produção dos

microrganismos (Yobs); Carga mássica afluente (F/M); Tempo de retenção hidráulico e Índice

Volumétrico de Lamas (IVL).

Para garantir a concentração adequada de lamas no reator biológico, grande parte das lamas

são recirculadas a partir do fundo do decantador secundário (Qr.Xr), para o início do tratamento

biológico. Por outro lado, de forma a manter um tempo de retenção celular adequado no

sistema, procede-se à extração de uma pequena fração de lamas. Desta forma o (θc), é dado

pelo quociente entre a quantidade total de microrganismos presentes no tanque de arejamento

(V.X) e a velocidade de saída de microrganismos do sistema, quer através do efluente tratado

(Qe.Xe), quer através da purga de lamas (Qw.Xw).

9� = :.*�;<.*<=;>.*>� (Equação 2.14)

A idade de lamas (θc) constitui um parâmetro fundamental de dimensionamento de sistemas

de lamas ativadas, na medida em que afeta o desempenho do processo de remoção

essencialmente de nutrientes, N e P, mas também a remoção do carbono, que têm associados

um valor mínimo de θc para a sua remoção.

Oxidação da matéria

orgânica

Respiração

Endógena Nitrificação

13

As lamas extraídas do sistema, em geral a partir do poço de bombagem das lamas

secundárias ou a partir do próprio reator, são encaminhadas para a linha de tratamento de

lamas. O objetivo do referido tratamento prende-se à extração da maior quantidade de água

possível das lamas purgadas do sistema, através do espessamento e/ou da desidratação. A

lama espessada e posteriormente a desidratada, pode assim ser encaminhada para destino

final, com o menor peso possível e assim com menores custos associados de transporte. A

quantidade de lamas produzidas por dia (Px,ssv) pode ser estimada por recurso à seguinte

expressão:

5+, ��6 = ?���. �. ��� − ��� (Equação 2.15)

Em que o valor do rendimento observado Yobs (g SSV/g substrato removido) é dado pela

razão entre a taxa de produção da biomassa rxt,ssv (gSSV/m3.dia), e a taxa de consumo de

substrato rsu (gCQO/m3.dia).

?��� = @A",BBC@BD (Equação 2.16)

O tempo de retenção hidráulico (θs), está relacionado com o caudal afluente à instalação e

corresponde ao tempo de permanência do efluente líquido no reator biológico e depende do

caudal, tal como se pode verificar:

9� = :;E (Equação 2.17)

A carga mássica (F/M), é um indicador também relevante das condições de funcionamento do

sistema, uma vez que representa a relação entre o alimento ou substrato (F) e os

microrganismos no sistema (biomassa). Esta relação deve ser bem conhecida de forma a

manter uma concentração de microrganismos suficientes para consumir e transformar a

matéria orgânica em nova biomassa.

FG = !E;E:* (Equação 2.18)

Uma das formas de verificar a qualidade das lamas, é proceder à medição do Índice

Volumétrico de Lamas (IVL) é um parâmetro indicador da sedimentabilidade das lamas no

decantador secundário e é definido como o volume ocupado por 1 grama de lama (peso seco)

após sedimentação durante 30 minutos. Na prática, o IVL determina-se enchendo uma proveta

graduada de 1 L com uma amostra de licor misto, sem diluição e mede-se o volume

sedimentado passado 30 minutos. O comportamento da lama sedimentada no cone reproduz o

comportamento do processo de decantação real.

H�I = :EJDK<JLKLB< MK<N"L LKO/O!óJM EBBDBR<NBEBKS/O (Equação 2.19)

14

Tal como já foi referido acima, para que se dê a oxidação da matéria orgânica é imprescindível

a presença de oxigénio e de uma pequena quantidade de nutrientes.

Os processos de tratamento por lamas ativadas promovem assim, a remoção biológica da

matéria orgânica dissolvida e de matérias sob a forma coloidal presentes no efluente, assim

como os sólidos suspensos não sedimentáveis e outros constituintes que são captados pelos

microrganismos (Pombo, 2010).

A remoção biológica do fósforo é realizada por organismos heterotróficos designados PAO

(organismos acumuladores de fósforo),que possuem uma fisiologia complexa a qual envolve a

formação e consumo de polímeros intracelulares (polifosfatos, glicogénio, polihidroxialcanoatos

e polihidroxibutiratos).

Desta forma, em função da tipologia e da sequência de reatores construídos (aeróbio, anóxico

ou anaeróbio), ocorre a remoção do carbono, de azoto e de fósforo, no tratamento biológico.

15

3. MODELAÇÃO

MATEMÁTICA

Neste capítulo são apresentados alguns conceitos fundamentais

associados à modelação matemática de sistemas de lamas ativadas.

16

A modelação matemática é uma ferramenta que permite num curto espaço de tempo a análise

do comportamento da instalação, face a determinadas condições, sem envolver custos

adicionais (Gernaey et al, 2004) e envolve os seguintes conceitos:

Modelo – conjunto de equações processuais

Simulador – implementação do modelo

Simulação – aplicação do simulador

Independentemente da seleção do modelo em sistema de lamas ativadas há três aspetos

fundamentais que integram qualquer modelo dinâmico (Hauduc et al, 2003):

Varáveis de estado – Incluem as diferentes frações de CQO, a biomassa e diferentes tipos de

nutrientes, orgânico, inorgânico e particulado (Quadro 10.6 em Anexo).

Varáveis compostas calculadas – (Quadro 10.7 em Anexo).

Descrição dos processos dinâmicos – Lista os diferentes processos biológicos que são

modelados, em conjunto com suas fórmulas.

Parâmetros do modelo – Variáveis, parâmetros cinéticos e estequiométricos (Quadro 10.5 em

Anexo), que descrevem as circunstâncias do sistema biológico, rendimento da biomassa

heterotrófica e autotrófica, a taxa de crescimento da biomassa heterotrófica, taxa de

decadência, taxa de hidrólise, entre outros.

Reconhecida a importância da modelação matemática na conceção dos sistemas de

tratamento por lamas ativadas, foi criado em 1983, pela International Water Association (IWA),

na época denominada International Association Water Pollution Research and Control

(IAWPRC), um grupo de trabalho especializado para dinamizar a utilização da modelação

matemática na conceção e na operação de sistemas de tratamento biológico das águas

residuais.

Mais tarde, em 1987, foi desenvolvido por Henze, o modelo ASM1- Ativated Sludge Model Nº.1,

para descrever a remoção da matéria orgânica carbonácea, a nitrificação e a desnitrificação

nas ETAR municipais, com o consequente consumo de oxigénio e de nitrato. O modelo permite

descrever de uma forma adequada a produção de lamas biológicas e adota a CQO como

indicador fiável da concentração em matéria orgânica.

17

O ASM1 permite uma abordagem simplificada, porque traduz uma larga variedade de

compostos orgânicos de carbono e de azoto num número limitado de frações, em função da

sua biodegradabilidade e da sua solubilidade (Gernaey et al., 2004). O modelo admite que a

matéria orgânica biodegradável está dividida em duas frações componentes: matéria solúvel

rapidamente biodegradável, SS, e partículas sólidas de degradação mais lenta, XS. A matéria

orgânica não biodegradável (inerte) também é separada nas frações solúvel, SI, e de matéria

particulada, XI, que passam pelo sistema sem serem metabolizadas. A matéria solúvel não

biodegradável escapa conjuntamente com o efluente tratado da ETAR, sem sofrer alterações e

as partículas não biodegradáveis acabam por ser removidas com as lamas da ETAR, saindo

através da purga de lamas.

Segundo o modelo ASM1, é o material solúvel biodegradável, SS, que serve de substrato quer

ao crescimento da biomassa quer às funções de manutenção celular. A matéria orgânica

particulada de biodegradação mais lenta, XS, vai sendo lentamente hidrolisada a matéria

solúvel mais rapidamente biodegradável, SS, sem consumo de energia, que justifica que não

sejam usados recetores de eletrões neste processo.

Na Figura 3.1, apresenta-se um esquema dos processos envolvidos e as interligações entre

cada componente do processo definidos em ASM1.

Figura 3.1 - Representação esquemática dos processos envolvidos e as interligações entre cada componente - ASM1 (Petersen et al., 2002).

O modelo considera o fracionamento da matéria orgânica azotada. A matéria azotada é

separada em matéria biodegradável, que pode ser solúvel, SND, ou particulada, XND, e em

matéria não biodegradável (SNI – solúvel e XSI - particulada). A componente XSI, é modelada

como uma fração da carência bioquímica em oxigénio particulada, não biodegradável. A

matéria orgânica azotada é subdividida em azoto amoniacal (SNH), azoto orgânico solúvel (SND)

e azoto orgânico particulado (XND). O azoto orgânico particulado é hidrolisado a azoto orgânico

conjunta e simultaneamente com a fração, XS, com taxas de processo equivalentes. No ASM1,

18

a nitrificação é modelada como tratando-se de um processo que ocorre numa única etapa,

onde o nitrato é a única forma oxidada de azoto presente.

O crescimento aeróbio da biomassa heterotrófica (XB,H) ocorre devido à degradação da

fração de substrato solúvel facilmente biodegradável (SS) pelo consumo de oxigénio (SO). As

concentrações de SS e SO podem ser limitantes no processo de crescimento da biomassa. Este

processo está não só associado à produção de nova biomassa, mas também à remoção de

CQO. Seguidamente encontra-se representada a produção de biomassa heterotrófica (XB,H) e o

seu rendimento celular (YH), a partir do CQO solúvel biodegradável (Ss) e do consumo de

oxigénio, que corresponde a 1-YH (Figura 3.2).

Figura 3.2 - Representação do pressuposto base para obtenção da matriz para o modelo ASM1 (IWA, 2014).

O crescimento anóxico da biomassa heterotrófica é semelhante ao crescimento aeróbio,

contudo ocorre na ausência de oxigénio, possibilitando que os microrganismos heterotróficos

utilizem o ião NO3- como recetor de eletrões, ocorrendo assim o processo de desnitrificação e

consequentemente a formação de N2.

Relativamente ao crescimento da biomassa autotrófico (XB,A), este é realizado através da

amonificação do azoto orgânico, em condições aeróbias. Parte da fração de azoto amoniacal,

SNH, é incorporada na massa celular da população de microrganismos autotróficos. Grande

parte da amónia é oxidada biologicamente, passando a nitrato, pelo processo de nitrificação.

Este processo envolve ainda a alteração da concentração de alcalinidade (SALK).

O decaimento da biomassa é explicado por reações de primeira ordem, num processo que

inclui a respiração endógena, a morte da biomassa, mecanismos de predação e decomposição

celular por hidrólise. Ocorre em todas as condições ambientais e apresenta diferentes

mecanismos, tais como: a respiração endógena, a morte, a predação e a lise celular. Resulta

do processo de conversão da biomassa em substrato particulado lentamente biodegradável

(XS) e em matéria orgânica particulada inerte (detritos celulares) (XI). Admite-se que a lise e

regeneração do material celular, tem lugar sem a utilização de recetor de eletrões durante o

decaimento da biomassa, o que explica que a taxa de decaimento é independente das

condições ambientais.

1-YH

YH

Ss

19

A hidrólise é o processo que vai limitar o crescimento da biomassa, quando estão presentes

apenas as partículas biodegradáveis de degradação mais lenta XS, ou seja matéria orgânica

particulada biodegradável. A hidrólise de XS resulta na produção de SS, disponível para o

processo de crescimento de microrganismos, que ocorre apenas em condições aeróbias e

anóxicas. Relativamente ao azoto orgânico, a sua hidrólise resulta na produção de azoto

orgânico solúvel.

Considera-se no modelo que a taxa específica da hidrólise do XS, é mais lenta do que a taxa de

utilização do substrato SS. A introdução deste mecanismo de atraso na utilização do substrato,

justificado no modelo pelo processo da hidrólise, permite prever as alterações que na prática se

verificam, relativamente às necessidades de recetores de eletrões (O2, NO3 ou NO2), na

diferente metabolização da carência química de oxigénio, CQO, mais rapidamente ou mais

lentamente biodegradável.

De uma forma resumida, o desenvolvimento deste modelo foi efetuado utilizando uma notação

matricial que tem por base treze componentes distintos e é definido por oito processos

principais: o crescimento da biomassa; o decaimento da biomassa; a amonificação do azoto

orgânico e a hidrólise da matéria orgânica particulada. A matriz que serve de base ao modelo

ASM1 encontra-se representada no Quadro 3.1.

20

Quadro 3.1 –Matriz estequiométrica de base para o modelo ASM1 (Hydromantis, 2013).

CQ

O s

olúv

el n

ão b

iode

grad

ável

(gC

QO

/m3)

CQ

O fa

cilm

ente

bio

degr

adáv

el

(gC

QO

/m3)

CQ

O p

artic

ulad

a nã

o bi

odeg

radá

vel (

gCQ

O/m

3)

CQ

O le

ntam

ente

bio

degr

adáv

el (

gCQ

O/m

3)

Bio

mas

sa h

eter

otró

fica

(gC

QO

/m3)

Bio

mas

sa a

utot

rófic

a (g

CQ

O/m

3)

Par

tícul

as d

o de

caim

ento

cél

ulas

(gC

QO

/m3)

Oxi

géni

o (g

CQ

O/m

3)

Nitr

ato

e ni

trito

(gN

/m3)

Am

ónia

(gN

/m3)

N o

rgân

ico

solú

vel b

iode

grad

ável

(gN

/m3)

N o

rgân

ico

part

icul

ado

biod

egra

dáve

l (gN

/m3)

Alc

alin

idad

e (m

ole/

m3)

Equações cinéticas

SI SS XI XS XB,H XB,A XU SO SNO SNH SND XND SALK

1.Crescimento

aeróbio dos

heterotróficos

− 1?T 1 −1 − ?T?T -iXB − �)U14 V�T � !BWB=!B# � !EW/X=!E#XB,H

2.Crescimento

anóxico dos

heterotróficos

− 1?T 1 − 1 − ?T2.86?T -iXB

− 1 − ?T14+2.86?T− �)U14

V�T � !BWB=!B# � W/XW/X=!E# � ![/W[/=![/# ηg

XB,H

3.Crescimento

aeróbio dos

autotróficos

1 −4.57 − ?^?^ 1?^

−�)U− 1?^

− �)U14 − 17?^ V�^ � ![XW[X=![X# � !EW/_=!E#XB,A

4.Decaimento dos

heterotróficos 1-fp -1 fp

�)U− `�. �+� �T)U, T

5.Decaimento dos

autotróficos 1-fp -1 fp

�)U− `�. �+� �^)U, ^

6.Amonificação

1 -1

114 a�8b)U,T

7.Hidrólise de

compostos

orgânicos

1 -1

aT cdce,fWA= cdce,f g� !EWEX=!E# +hℎ � W/XW/X=!E# � ![/W[/=![/#jXB,H

8.Hidrólise de N

orgânico 1 -1 k1�)8b)� �

Legenda: YH- Rendimento celular da matéria heterotrófica; YA – Rendimento celular da matéria

autotrófica; iXB– Massa de azoto/ massa de CQO na biomassa, ixp – Massa de azoto/ massa de CQO

nos produtos da biomassa; fp – fração de biomassa que origina produtos particulados. µmH-Taxa máxima

específica do crescimento da biomassa heterotrófica; µmA-Taxa máxima específica do crescimento da

biomassa autotrófica; kh – Taxa máxima específica de hidrólise; Ks–Coeficiente de meia-saturação para

biomassa heterotrófica; Kx–Coeficiente de meia-saturação para hidrólise de substrato; KOH–Coeficiente

de meia-saturação em oxigénio para a biomassa heterotrófica: KOA–Coeficiente de meia-saturação em

oxigénio para a biomassa autotrófica :KNH–Coeficiente de meia-saturação em azoto amoniacal para a

biomassa autotrófica: ηg – Fator de correção de µmH em condições anóxicas; ηh – Fator de correção da

hidrólise em condições anóxicas; ka – taxa específica de amonificação.

21

A matriz de base do modelo ASM1, foi formulada tendo em conta o que se consume (-) e o que

se forma (+) de vários substratos solúveis e particulados, por exemplo, SI, Ss, XI, Xs, XB,H, XB,A,

XU, em cada processo considerado no modelo, como é o caso, do crescimento aeróbio dos

microrganismos heterotróficos e autotróficos, do crescimento anóxico dos heterotróficos,

decaimentos dos heterotróficos, amonificação, hidrólise de compostos orgânicos e N orgânico,

nos autotróficos.

Como se pode verificar no Quadro 3.1, para o crescimento aeróbio dos heterotróficos (XB,H=1),

por exemplo, é consumido -1/ YH de CQO facilmente biodegradável solúvel (Ss), -(1-YH)/YH de

oxigénio (Figura 3.2),– iXB de amónia (SNH) e ainda –iXB/14 de alcalinidade (SAlk).

Desta forma, do cruzamento da matriz com as equações cinéticas de cada processo, pode-se

obter as equações de consumo e formação, de cada um dos componentes. A variação do

substrato solúvel ao longo do tempo, por exemplo, é dada pela seguinte equação (Olsson e

Newell, 2001):

!B " =− lmX . V�T � !BWB=!B# � !EW/X=!E# XB,H − lmX . V�T � !BWB=!B# � W/XW/X=!E# � ![/W[/=![/#ηg XB,H+ 1.aT cdce,fWA= cdce,f g� !EWEX=!E# +hℎ � W/XW/X=!E# � ![/W[/=![/#jXB,H

Embora o modelo ASM1, tenha sido o primeiro modelo aceite entre a comunidade científica,

para efeitos de investigação, e posteriormente na indústria, como ferramenta da engenharia de

processo de tratamento em engenharia sanitária, tem algumas restrições associadas, (Henze

et al, 1987):

� O sistema deverá operar a uma temperatura constante;

� O pH deverá ser constante e aproximadamente neutro, uma vez que este influencia

vários parâmetros, no entanto, atualmente não é possível expressar estas possíveis

influências.

� As características das águas residuais, os coeficientes e os parâmetros das

expressões que traduzem as taxas de processos são considerados estáveis ao longo

do tempo (apesar de ser possível a simulação de variações de cargas de poluentes do

afluente, não se consideram alterações na natureza da matéria orgânica);

� O efeito dos nutrientes inorgânicos (N e P) no crescimento celular não é considerado

no modelo, os parâmetros de desnitrificação (ηg e ηh) são fixos e constantes assim

como os parâmetros de nitrificação;

22

� A biomassa heterogénea é assumida como homogénea e mantém-se constante ao

longo do tempo;

� O modelo ASM1 não é aplicável a águas residuais com elevadas contribuições

industriais (Gernaey et al., 2004)

� Este modelo não inclui processos de tratamento que descrevem o comportamento da

biomassa em condições anaeróbias. A simulação de sistemas, em que parte

significativa do volume do reator biológico apresenta condições anaeróbias, pode

apresentar resultados com erros significativos e distantes do comportamento real

observado (Petersen et al., 2002).

Muitos dos restantes modelos, que surgiram posteriormente, ASM2, ASM2d, ASM3 e Mantis,

foram sendo concebidos, em parte, para resolver algumas das limitações encontradas pela

utilização generalizada do modelo ASM1. Pode-se afirmar por isso que o modelo ASM1 serviu

de base e deu origem a grande parte dos restantes modelos, identificados seguidamente

(Quadro 3.2).

Quadro 3.2 – Características dos modelos matemáticos ASM1, ASM2, ASM2d, ASM3 (adaptado de Gernaey et al, 2004).

Modelos Variáveis de

estado

Processos

biológicos

Remoção

orgânica Nitrificação Desnitrificação

Remoção do

P

Dependência

Temperatura

ASM1 13 8 X X X

ASM2 19 19 X X X X X

ASM2d 19 21 X X X X X

ASM3 13 12 X X X X

Mantis 13 12 X X X X

No entanto, embora tenham sido desenvolvidos outros modelos posteriormente, ainda hoje o

modelo ASM1 continua a ser, em muitos casos práticos, um dos mais utilizados (Roeleveld e

van Loosdrecht, 2002, citados por Gernaey et al., 2004). O modelo ASM1 veio a torna-se uma

referência em muitos projetos de investigação e de engenharia, e tem servido de base ao

desenvolvimento de grande parte do software comercial mais utilizado em modelação e na

simulação do funcionamento das ETAR, particularmente quando a remoção de azoto é um

aspeto importante.

Todos os modelos apresentados acima também têm algumas limitações associadas, limitações

essas apresentadas no Quadro 10.2 em Anexos.

23

Modelo Mantis

O modelo Mantis foi desenvolvido especificamente pela empresa canadiana Hydromantis para

descrever principalmente os processos de lamas ativadas com remoção de C e N e tem como

base os princípios do ASM1, se bem que com algumas melhorias associadas entre as quais:

� Considera a variação da temperatura nas cinéticas das reações

� Considera a desnitrificação em condições aeróbias

� Descreve o crescimento dos microrganismos heterotróficos na presença de

concentrações reduzidas de amónia

� Permite calibrar sistemas que possuem sistemas nitrificação e desnitrificação

simultânea, considerando coeficientes de saturação distintos para os processos de

crescimento aeróbio e anóxico.

A matriz que serve de base para este modelo, tem catorze diferentes componentes que

caracterizam as águas residuais e inclui dez processos biológicos distintos (Quadro 10.3 e 10.4

em Anexos), ou seja, mais dois processos do que os considerados no modelo ASM1, no

Quadro 3.1 e 3.2.

No presente trabalho optou-se pelo modelo Mantis, já que este modelo considera a

temperatura nas cinéticas das reações, parâmetro este fundamental no processo de tratamento

decorrente na ETAR de Vale Faro, tendo em conta as diferentes temperaturas do afluente, na

época alta e baixa.

Por outro lado, o fato deste modelo considerar a desnitrificação em condições aeróbias e o

crescimento dos microrganismos heterotróficos, mesmo para baixas concentrações de amónia,

torna este modelo mais representativo da realidade, do que o modelo ASM1.

O modelo Mantis quando comparado com restantes modelos de lamas ativadas é preferível

relativamente ao modelo ASM2 e ASM2d, já que estes modelos consideram a remoção do

fósforo, o qual não é objetivo do tratamento biológico desenvolvido nesta ETAR, já que não se

procede à remoção química nem biológica deste nutriente.

24

4. CASO DE

ESTUDO Neste capítulo é apresentada uma descrição da ETAR de Vale Faro, do

respetivo processo de tratamento, dados de projeto e limites de

descarga.

25

4.1. DESCRIÇÃO DA ETAR

A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vale Faro foi construída em 1980 e

foi alvo de remodelação e ampliação em 2002, com vista a permitir a remoção de nutrientes e a

reutilização do efluente tratado, para produção de água de serviço.

Apesar de a remodelação contemplar alterações no processo para remoção de nutrientes, a

Licença de Descarga da ETAR, apenas exige o cumprimento dos parâmetros CQO, CBO5 e

Coliformes fecais no efluente tratado.

A ETAR foi projetada para um caudal médio diário de 24.310 m3/dia e uma população de

130.000 hab.eq. As várias operações unitárias e processos de tratamento constituintes da

ETAR em estudo podem ser representadas através do seguinte esquema (Figura 4.1).

Figura 4.1 - Representação esquemática das principais etapas da ETAR de Vale Faro.

26

4.1.1- Descrição detalhada da ETAR

A solução de tratamento adotado inclui três etapas:

1 – Fase Líquida

Obra de entrada com gradagem mecânica com espaçamento de 6 mm e sistema de

desarenamento/desengorduramento em canais de 3,5 x 20,15 m.

Os desarenadores/desengorduradores estão dotados no fundo com eletrobomba para aspirar

as areias que se encontram no fundo e à superfície com ponte raspadora para remoção das

gorduras à superfície.

O arejamento para flotação das gorduras é realizado por meio de 3 arejadores submersíveis,

por cada órgão (Figura 4.2).

Figura 4.2 - Poço de elevação (esquerda) e desarenador/desengordurador (direita)

Tratamento biológico por lamas ativadas em valas de oxidação (duas linhas), seguida de três

decantadores secundários retangulares (Figura 4.3).

Figura 4.3 - Valas de oxidação e decantadores secundários

Sistema de desinfeção por radiação ultravioleta, com produção de água de serviço para rega

dos espaços verdes, lavagens e preparação de reagentes (Figura 4.4).

Figura 4.4 - Canal desinfeção UV; bombas de água de serviço.

27

2 – Fase Sólida

Espessamento gravítico das lamas produzidas (duas unidades) e desidratação de lamas

através de centrifugação (duas unidades) (Figura 4.5).

Figura 4.5 - Etapa de desidratação.

3 – Desodorização

Sistema localizado de extração e tratamento por lavagem química, de odores provenientes da

obra de entrada, do desarenamento/desengorduramento, do espessamento e da desidratação

de lamas.

4.2. DADOS DE PROJETO

Os dados que serviram como base para o dimensionamento da ETAR encontram-se no Quadro 4.1.

Quadro 4.1 – Dados de dimensionamento da remodelação da ETAR de Vale Faro em 2002.

Dados Valores Unidades

Caudais médio diário 24.310 m3/dia

Caudal médio horário 1.013 m3/h

Caudal máximo horário 4.232 m3/h

População 130.000 Habitantes

Concentração SST 321 mg/L

Concentração CBO5 321 mg/L

Concentração CQO 802 mg/L

Concentração Azoto total 50 mg/L

Concentração de Fósforo 12 mg/L

Carga SST 7.800 kg/dia

Carga CBO5 7.800 kg/dia

Carga CQO 19.500 kg/dia

Carga Azoto total 1.215 kg/dia

Carga de Fósforo 290 kg/dia

28

Os objetivos de Qualidade da ETAR, que constam da presente Licença de descarga

apresentam-se no Quadro 4.2.

Quadro 4.2 – Licença de Descarga de Águas Residuais nº L007976.2013.RH8 de 2013/05/13.

Parâmetro VLE Unidades

CBO5 25 mg/L

CQO 125 mg/L

Escherichia coli 2000 NMP/100 mL

Atualmente todo o caudal tratado na ETAR de Vale Faro é descarregado no oceano Atlântico,

motivo pelo que atendendo à licença de descarga da instalação, não é necessário remover o

fósforo, pelo que não se encontra em funcionamento a etapa de adição de cloreto férrico.

Existe a possibilidade de reutilizar 5000 m3/dia de efluente tratado, com vista à sua utilização

na rega de espaços verdes, pelo que a ETAR dispõe de um 2º canal de UV (em paralelo com o

principal) especificamente para este fim.

29

5. APLICAÇÃO DO

MODELO E

CALIBRAÇÃO

Neste capítulo é descrita a metodologia de trabalho, e são apresentados

os passos iniciais de aplicação do modelo e sua calibração vs validação.

30

5.1. METODOLOGIA DO TRABALHO

A elaboração deste trabalho contemplou as seguintes fases:

1ª fase: Descrição da ETAR de Vale Faro (ETAR com sistemas de lamas ativadas, baixa carga

com arejamento prolongado, com 2 linhas distintas de tratamento, para fazer face às 2 épocas

sazonais características desta ETAR), introdução dos 2 esquemas de tratamento no modelo,

representativos das 2 épocas sazonais.

2ª fase: Recolha e tratamento de dados relevantes, desde caudais, condições de afluência e

respetivos parâmetros físico químicos, parâmetros operacionais da ETAR (set points de OD,

razão de recirculação, idade de lamas, entre outros), e realização de balanços mássicos.

3ª fase: Calibração do modelo matemático (Mantis), considerando a remoção biológica de

carbono e azoto, para a época alta e para a época baixa. Para tal, é necessário recorrer ao

histórico dos resultados semanais do afluente bruto (CQO e respetivas frações orgânicas frsi,

frss, frxi, fósforo, azoto total), e respetivos caudais diários que serviram de entrada no modelo,

razão recirculação média, quantidade de lamas extraídas, eficiências de espessamento e

desidratação. Para calibrar o modelo comparou-se a produção de lamas estimada com a

produção de lamas real, sendo que se considera que o modelo está calibrado se o desvio entre

ambas as produções, apresentar um valor dentro dos limites indicados pela IWA. Para tal,

tornou-se necessário ajustar alguns parâmetros entre os quais, eficiências de espessamento e

desidratação e percentagem de clarificação no decantador secundário.

4ª fase: Validação do modelo por comparação dos resultados da simulação relativos à

qualidade do efluente final, da concentração de sólidos suspensos totais no reator, para além

da produção de lamas, com dados de outro ano.

5ª fase: Após validação do modelo matemático para as duas épocas, simulação em estado

estacionário com diferentes set points de oxigénio e consequentemente dos consumos

energéticos associados, avaliando-se sempre a qualidade do efluente final.

6ª fase: Simulação dinâmica dos consumos energéticos e otimização dos consumos ao longo

do dia, através da inserção dos diferentes períodos diários com tarifas diferenciadas.

7ª fase: Estudo da viabilidade do aumento da eficiência de transferência de oxigénio, mediante

alteração dos sistemas de difusores e respetiva eficiência energética.

31

5.2. LAYOUT REPRESENTATIVO

Foram introduzidos no GPS-X dois layouts distintos, representativos, da época alta e baixa,

características desta ETAR. Notar que, a época alta, é assim designada por ter um aumento

significativo de caudal, praticamente o dobro da anterior época. Uma vez que ocorre um

aumento significativo das cargas orgânicas afluentes, e das cargas hidráulicas, torna-se

necessário colocar as duas linhas de tratamento biológico em funcionamento. Temos assim

duas valas de oxidação e três decantadores secundários em operação (Figura 5.1). Os meses

considerados para esta época foram os meses de Julho, Agosto e Setembro, uma vez que são

os meses em que as duas linhas encontram-se em funcionamento e já “estabilizadas”.

Figura 5.1 - Layout criado em GPS-X representativo da época alta da instalação ( - valas

de oxidação; - decantadores secundários, - espessadores gravíticos; - centrífugas).

Quanto à época baixa, e atendendo às condições de afluência, encontra-se apenas uma linha

em funcionamento e dois decantadores secundários (Figura 5.2).

32

Figura 5.2 - Layout criado em GPS-X representativo da época baixa da instalação ( -

valas de oxidação; - decantadores secundários, - espessadores gravíticos; - centrífugas).

5.3. RECOLHA E TRATAMENTO DE DADOS

Após a criação do layout, selecionou-se a biblioteca CNLIB que agrupa variáveis de estado

para a remoção de matéria orgânica e azoto (Quadro 10.8). O passo seguinte, foi a seleção do

modelo matemático a utilizar, tendo-se optado pelo Mantis, tendo em conta o que foi dito

anteriormente no capítulo 3 e tendo em conta que se obteve um menor desvio quando

comparado com o ASM3.

De forma a obter um modelo o mais representativo possível da realidade, procedeu-se à

recolha e tratamento dos dados de Julho a Setembro dos anos 2013 e 2014 (Quadro 10.9 em

Anexos). Os dados em causa, foram desde caudais, qualidade físico-química do afluente bruto,

do efluente tratado e das várias linhas processuais, parâmetros operacionais da ETAR (set

points de OD, razão de recirculação, idade de lamas, entre outros), e eficiências de tratamento

do espessador e centrifuga, obtidas através realização de balanços mássicos.

Os dados médios do afluente bruto à ETAR, na época alta, entre Julho a Setembro de 2013 e

2014, encontram-se no quadro seguinte (Quadro 5.1).

33

Quadro 5.1 – Valores médios de afluente bruto utilizados para simulação do modelo para a época alta (Julho a Setembro de 2013 e 2014).

Dados Valores Unidades

Caudais médio diário 12.190 m3/dia

Concentração CQO 904 mg/L

Concentração CBO5 546 mg/L

Concentração NKj 75 mg/L

Concentração Namon 56 mg/L

Na modelação e simulação do comportamento dinâmico dos processos biológicos de

tratamento, a correta caracterização das águas residuais afluentes é fundamental para

assegurar a fiabilidade dos resultados do modelo matemático. A caracterização qualitativa dos

efluentes pode ser efetuada por recurso a métodos físico-químicos ou métodos biológicos. Na

prática, esta caracterização é efetuada com base numa abordagem combinada destes dois

métodos, por forma a obter uma estimativa realista das concentrações de todas as

componentes envolvidas no processo, obtendo-se assim os parâmetros cinéticos e os

coeficientes estequiométricos do sistema.

Como referido anteriormente, conceptualmente, o modelo ASM1, modelo base do Mantis,

considera a CQO como o parâmetro representativo da matéria orgânica e da biomassa

presente nas águas residuais, assumindo que todos os componentes orgânicos são expressos

em unidades de CQO. Tendo em conta que as frações de biomassa ativa no afluente à ETAR

são desprezáveis (XB,H – biomassa ativa heterotrófica e XB,A – biomassa ativa autotrófica), a

CQOTotal pode ser representada pelo somatório da matéria orgânica inerte solúvel (SI), com o

substrato rapidamente e lentamente biodegradáveis (SS e XS, respetivamente) e com a matéria

orgânica inerte em suspensão (XI), (Wang et al., 2007).

CQO = SS+ SI+ XS + XI (Equação 5.1)

A biomassa presente no efluente é considerada negligenciável. De acordo com Marais e

Ekama, 20% da CQOTotal corresponde à fração não biodegradável da matéria orgânica, sendo

que as frações solúvel e particulada representam, aproximadamente, 7% e 13%,

respetivamente. As frações de substrato lentamente e rapidamente biodegradável

representam, respetivamente, cerca de 60% e 20% da CQOTotal, como se pode observar

esquematicamente (Figura 5.3).

34

Figura 5.3 - Representação esquemática das diferentes frações de CQOTotal presentes nas águas residuais domésticas (Marais e Ekama, 1976).

No entanto, o modelo deve conter as frações o mais realistas possíveis de acordo com as

caraterísticas do afluente e não valores teóricos. Muitas vezes as frações orgânicas são

alteradas e posteriormente obtidas por métodos iterativos, até que se obtenha um valor

simulado idêntico ao real, para as lamas desidratadas ou para concentração de biomassa no

reator. Neste caso, para evitar-se a consideração de um valor da literatura, pouco

representativo da qualidade do afluente à ETAR, procedeu-se a uma campanha analítica para

determinar a CQO solúvel no afluente bruto e no efluente tratado, de forma a determinar as

frações médias de CQO características do afluente bruto em questão (Quadro 5.2).

Quadro 5.2 – Valores médios obtidos para as frações de CQO na água residual afluente à ETAR de Vale Faro.

Dados Valores

frSi-fração de CQO solúvel não biodegradável 0,036

frSs- fração de CQO solúvel facilmente biodegradável 0,33

frXi- fracção de CQO particulada não biodegradável 0,207

Foi realizada desta forma, a caraterização do afluente bruto, tendo em conta as médias para a

época Alta da ETAR (Julho, Agosto e Setembro), tal como se encontra no Quadro 5.3.

frSi

frXi

frXs

frSs

35

Quadro 5.3 – Caraterísticas médias do Afluente da ETAR de Vale Faro na época alta em GPS-X. (Os valores a azul correspondem a dados fornecidos pelo utilizador).

As alterações nas variáveis XCOD/VSS ratio e BOD5/BODultimate permitem alcançar

indiretamente, por manipulação, as concentrações de CBO5, SST e SSV no afluente bruto.

Relativamente aos dados para época baixa, considerou-se os meses de Novembro a Maio de

2013 e 2014 (Quadro 10.11 em Anexos). Foram desprezados os meses de Junho e Outubro,

por corresponderem aos meses, em que é realizada a transição de 1 linha para 2 linhas, ou

vice-versa.

Os dados médios do afluente bruto à ETAR, na época baixa, entre Novembro a Maio de 2013 e

2014, encontram-se no quadro seguinte (Quadro 5.4).

Quadro 5.4 – Valores médios de afluente bruto introduzidos no modelo para simulação da época baixa (Novembro a Maio de 2013 e 2014).

Dados Valores Unidades

Caudais médio diário 6.533 m3/dia

Concentração CQO 794 mg/L

Concentração NKj 72 mg/L

Concentração Namon 54 mg/L

36

Quanto às frações de CQO, frSi, frSs e frXi, considerou-se os mesmos valores utilizados para a

época alta, uma vez que o afluente bruto é o mesmo, apenas diminui o caudal e a respetiva

carga afluente. Foram realizadas apenas alterações nas variáveis e BOD5/BODultimate

(CBO5/CBO), uma vez que, as concentrações de CBO5, SST e SSV no afluente bruto, são

distintas da época alta (Quadro 5.5).

Quadro 5.5 – Caraterísticas médias do Afluente da ETAR de Vale Faro na época baixa em GPS-X.

Uma vez efetuada a caraterização do afluente bruto, deve proceder-se à caraterização dos

órgãos, o mais específico possível, tendo em conta as respetivas dimensões, set points,

eficiências de arejamento (SOTE e αfator), eficiências de tratamento, razões de recirculação

médias, e qualidade físico-química das várias linhas processuais do tratamento de lamas, tal

como se encontram identificadas no Quadro 5.6.

37

Quadro 5.6 – Dados inseridos no GPS-X por unidade de tratamento.

Unidades de tratamento Dados inseridos no programa GPS-X

Reatores- Valas de Oxidação

2 VO - Época Alta

1 VO - Época Baixa

Tipo: Oxidation Ditch

N.º de compartimentos/ vala – 16 (8 zonas aeróbias + 8 zonas anóxicas)

Volume / vala – 10.000 m2

Profundidade do líquido – 7 m

Altura do canal – 8 m

Temperatura média Época Alta – 27ºC

Temperatura média Época Baixa – 20ºC

Sistema de arejamento por ar difuso – SOTE= 30% e αfactor=30%

Set point de oxigénio dissolvido (OD) em cada compartimento arejado: 1 mg/L

Decantadores Secundários

3 DS - Época Alta

2 DS - Época Baixa

Tipo: Flat bottom

Área/ decantador: 850 m2

Profundidade: 4 m

Idade de lamas:

IL- Época alta = 12 dias

IL- Época baixa= 10 dias

Razão de Recirculação Época alta = 1,1

Razão de Recirculação Época baixa = 0,9

Espessador gravítico

2 EG - Época alta e baixa

Tipo: Thickener

Área: 100 m2

Profundidade: 3 m

% Matéria Seca (%MS) da lama espessada Época Alta = 1,74%

% Matéria Seca (%MS) da lama espessada Época Baixa = 2,08%

Eficiência Espessamento Época Alta = 72 % (balanço mássico)

Eficiência Espessamento Época Baixa = 51% (balanço mássico)

Desidratação - centrífugas

2 C – Época alta e baixa

Tipo: Dewatering

% Matéria Seca (%MS) da lama desidratada - Época Alta = 14,3 %

% Matéria Seca (%MS) da lama desidratada - Época Baixa= 14,5 %

Eficiência Desidratação -Época Alta = 90 % (balanço mássico)

Eficiência Desidratação - Época Baixa = 94 % (balanço mássico)

38

5.4. CALIBRAÇÃO DO MODELO

A calibração do modelo é realizada de uma forma iterativa. O primeiro modelo é avaliado e são

interpretados os resultados e comparados com os resultados experimentais. Muitas vezes, as

primeiras simulações geram resultados que nem sempre são consistentes com os observados

na realidade. Deve-se ter em conta que, o conhecimento detalhado da ETAR, bem como a sua

gestão e operação, é uma mais valia na calibração do modelo, porque permite desprezar

valores pouco credíveis e interpretar os dados com outra segurança.

Desta forma, certos parâmetros do modelo têm que ser ajustados, tendo em conta alguns

pormenores da operação da instalação. O ciclo de formulação do modelo-experimentação,

resolução das incoerências do modelo e comparação dos resultados é novamente repetido, até

que se obtenha resultados idênticos aos reais.

Neste trabalho em particular, por exemplo, procedeu-se à alteração da percentagem de

clarificação dos decantadores secundários, até se obter, a concentração de sólidos suspensos

totais no efluente final idêntica aos valores reais. Por outro lado, para o cálculo das eficiências

de espessamento e desidratação, as quais foram determinadas a partir do balanço mássico à

linha sólida, desprezou-se alguns valores obtidos para a concentração de sólidos suspensos

totais das escorrências e dos sobrenadantes, tendo em conta a dispersão dos valores

disponíveis.

Cada modelo é calibrado correndo o número de dias necessário, até que os valores atinjam o

estado estado estacionário, ou seja um comportamento estável. Neste caso, correu-se o

modelo cerca de 100 dias, em estado estacionário para os valores médios da época alta (Julho

a Setembro de 2013 e 2014), e para os valores médios da época baixa (Novembro a Maio de

2013 e 2014).

O modelo considera-se calibrado quando se obtém uma percentagem de desvio, entre a

quantidade média das lamas obtidas pelo modelo e as lamas desidratadas reais, ou entre a

concentração de sólidos no reator inferior a 5 %, ou ainda, uma diferença máxima de 5 mg/L

entre os SST do modelo e os valores reais. (IWA, 2014).

Nos quadros seguintes, encontram-se representados os principais parâmetros a serem

verificados aquando calibração do modelo, quer para a época alta, quer para a época baixa

(Quadro 5.7 e Quadro 5.8).

39

Quadro 5.7 – Calibração do modelo para a época alta, por comparação entre os resultados simulados pelo GPS-X e os resultados reais (Julho a Setembro de 2013 e 2014), da ETAR de

Vale Faro.

Parâmetros para calibração Valores

simulados Valores reais Desvio Erro Aceitável

IWA

Volume lamas (m3/dia) 25,6 25,6 0,0% <5%

SST Reator (mg/L) 3832 3904 1,8% <5%

CQO Efluente Tratado (mg/L) 42,1 41,7 0,9%

SST Efluente Tratado (mg/L) 7,1 7,1 -0,04 mg/L <5mg/L

CBO5 Efluente Tratado (mg/L) 2,3 12 81,1%

Quadro 5.8 – Calibração do modelo para a época baixa, por comparação entre os resultados simulados pelo GPS-X e os resultados reais (Novembro a Maio de 2013 e 2014), da ETAR de

Vale Faro.

Parâmetros para calibração Valores

simulados Valores reais Desvio Erro Aceitável

IWA

Volume lamas (m3/dia) 12,2 12,0 1,7% <5%

SST Reator (mg/L) 3939 3922 0,4% <5%

CQO Efluente Tratado (mg/L) 40,6 40,0 1,5%

SST Efluente Tratado (mg/L) 9,8 8,1 1,7mg/L <5mg/L

CBO5 Efluente Tratado (mg/L) 2,6 12 83,6%

Ao analisar os resultados simulados e posterior comparação com os valores reais, verifica-se

que o modelo, tanto para a época alta como para a época baixa, responde de uma forma

realista, quer para o volume de lamas desidratadas, concentração de biomassa no reator, tal

como para a qualidade do efluente tratado, em termos de CQO e SST. No entanto, o valor

simulado para a CBO5, apresenta-se significativamente inferior aos valores reais, facto este

que pode ser justificado pelo limite de quantificação do método para determinação deste

parâmetro (L.Q= 10 mg/L).

Relativamente à concentração de sólidos no reator, verifica-se que o desvio é relativamente

superior entre o simulado e o real, na época alta quando comparado com o desvio da época

baixa. Esta pequena diferença, que não é significativa, que pode ser justificada pela adição de

polímero nos meses de Verão, para melhorar a sedimentabilidade da lama, aumentando assim

a contribuição de sólidos nas valas de oxidação.

40

5.5. VALIDAÇÃO DO MODELO

A validação do modelo deve ser realizada com um conjunto de amostra de dados distinto do

utilizado na calibração. Neste caso optou-se por validar ambos os modelos, a partir dos

resultados mais recentes, do ano de 2015, tanto para a época alta (Quadro 10.10 em Anexos),

como para a época baixa (Quadro 10.12 em Anexos).

Seguidamente, são apresentados os valores obtidos na validação do modelo, para ambas as

épocas (Quadro 5.9 e 5.10).

Quadro 5.9 – Validação do modelo, para a época alta, por comparação entre os resultados simulados e os resultados reais de Julho a Setembro de 2015.

Parâmetros para calibração Valores

simulados Valores reais Desvio Erro Aceitável

IWA

Volume lamas (m3/dia) 22,0 22,5 -2,22% <5%

SST Reator (mg/L) 3.348 3.326 0,66% <5%

CQO Efluente Tratado (mg/L) 36,3 36 0,83%

SST Efluente Tratado (mg/L) 6,2 4,0 2,20 5mg/L

CBO5 Efluente Tratado (mg/L) 2,5 12 -79,17%

Quadro 5.10 – Validação do modelo, para a época baixa, por comparação entre os resultados simulados e os resultados reais de Novembro a Maio de 2015.

Parâmetros para calibração Valores simulados Valores reais Desvio Erro Aceitável

IWA

Volume lamas (m3/dia) 12,2 12,0 1,3% <5%

SST Reator (mg/L) 3705 3737 0,9% <5%

CQO Efluente Tratado (mg/L) 39,4 39,2 0,4%

SST Efluente Tratado (mg/L) 8,9 10,7 -1,80 <5mg/L

CBO5 Efluente Tratado (mg/L) 2,5 15 83,3%

Como se pode verificar após análise dos quadros anteriores, os modelos continuam a

responder bem com dados de outro ano, neste caso, com os dados de 2015, obtendo-se um

desvio aceitável entre os valores simulados e os reais.

41

De forma a realizar uma validação mais minuciosa, correu-se o modelo para os vários dias de

afluência à ETAR, de cada época e procedeu-se ainda à comparação dos valores simulados,

para as condições de projeto.

5.5.1- Comparação com valores de projeto

O modelo que pode ser comparado com as condições de projeto (para um Caudal de 24.310

m3/dia e concentrações de projeto - Quadro 4.1) é o modelo calibrado para a época alta e não

o da época baixa, tendo em conta que o primeiro considera o funcionamento de todas as

unidades de tratamento da instalação. Ao introduzir os valores de projeto no modelo calibrado,

para a época alta, obtém-se valores muito próximos dos valores projetados (Desvio <5%), tanto

para a produção de lamas, como para a concentração de biomassa no reator, o que permite

“validar” o modelo, como se pode verificar no Quadro 5.11.

Quadro 5.11 – Comparação entre os resultados simulados pelo GPS-X e os valores de projeto, para a época alta, na ETAR de Vale Faro.

Parâmetros para calibração Valores

simulados Valores alvo

Projeto Desvio Erro Aceitável

IWA

Volume lamas (m3/dia) 27,4 27,0 1,60% <5%

SST Reator (mg/L) 4130 4000 3,3% <5%

CQO Efluente Tratado (mg/L) 84,1 <125 OK

SST Efluente Tratado (mg/L) 46,4 <35 Não OK <5mg/L

CBO5 Efluente Tratado (mg/L) 12,8 <25 OK

Quanto ao cumprimento dos parâmetros no efluente tratado, para uma afluência máxima à

ETAR, ou seja para o caudal e cargas de projeto, em termos médios diários, verifica-se que

existe cumprimento do normativo de descarga em termos de CQO e CBO5. No entanto, quanto

aos sólidos suspensos totais, e embora este parâmetro não faça parte da licença de descarga

atualmente, verifica-se que o mesmo apresenta um valor significativamente acima ao limite

máximo considerado no dimensionamento da instalação.

Este desempenho é confirmado pelos resultados práticos, já que nos dias em que o caudal e

as respetivas cargas se aproximam dos valores de projeto, o efluente tratado apresenta

geralmente uma concentração de sólidos suspensos totais superiores a 35 mg/L.

Este fato pode-se dever-se a limitações a nível hidráulico dos decantadores, conjuntamente

com a fraca sedimentabilidade da lama proveniente das valas (IVL> 200mL/g). Para tentar

ultrapassar estas limitações, implementou-se algumas melhorias em 2011 na instalação, entre

as quais, colocação de placas deflectoras na entrada dos órgãos de forma a quebrar as linhas

42

de fluxo e diminuir a energia cinética do licor misto, bem como, adição de polímero na vala para

melhorar a aglomeração da lama.

Embora a qualidade do efluente tratado tenha melhorado significativamente, após as medidas

implementadas, continua a ocorrer alguma ressuspensão de sólidos, acima do que seria

expetável aquando dimensionamento da instalação.

Parâmetros como a turvação e a transmitância são afetados diminuindo a eficiência da

desinfeção por ultra violetas (UV), podendo comprometer o normativo de descarga da

instalação no que se refere à Escherichia coli (EC).

5.5.2- Comparação com resultados reais

Após calibração e validação dos modelos para as épocas baixa e alta, é boa prática proceder à

simulação com inputs reais, dos respetivos meses de cada época, para perceber a evolução

dos valores simulados face às cargas afluentes diárias à ETAR de Vale Faro.

Assim, realizou-se uma simulação de 250 dias, de Julho a Setembro, para a época alta, e uma

simulação de 550 dias, de Novembro a Maio, para a época baixa, para os anos em que o

modelo foi calibrado e validado, ou seja, de 2013 a 2015.

Época Alta – 2 linhas em funcionamento

Para a época alta, correu-se o modelo com os inputs de Julho a Setembro de 2013, 2014 e de

2015 (Figuras 5.4, 5.5 e 5.6).

Figura 5.4 - Evolução da concentração de CQO no afluente, CQO no efluente tratado e CQO simulado no efluente tratado, para os meses de época alta de 2013, 2014 e 2015.

43

Figura 5.5 - Evolução da concentração de SST no afluente, SST no efluente tratado e SST simulado no efluente tratado, para os meses de época alta de 2013, 2014 e 2015.

Figura 5.6 - Evolução da concentração de NT no afluente, NT no efluente tratado e NT simulado no efluente tratado, para os meses de época alta de 2013, 2014 e 2015.

Os gráficos acima apresentam a evolução da qualidade, físico-química do efluente tratado, ao

longo dos meses de Verão, Julho Agosto e Setembro para o ano de 2013 e 2015. Ao analisar a

evolução da concentração de CQO constata-se que a CQO do efluente tratado simulado,

apresenta uma evolução idêntica ao CQO real, e relativamente ao longo dos 250 dias

simulados.

Optou-se por não apresentar a evolução do CBO5, devido a este parâmetro simulado não ser

comparável, uma vez que o limite de quantificação do método analítico é significativamente

elevado (LQ=10 mg/L). Muitos dos resultados analíticos apresentam concentrações inferiores a

10 mg/l, limite este correspondente ao limite de quantificação do método analítico.

Relativamente aos SST do efluente tratado simulado, apresenta em média, valores muito

próximos dos SST reais. No entanto, os dois picos de SST reais, embora pequenos, não foram

44

previstos no modelo, o que se pode dever a algum pico horário de caudal nesses dias, que

pode ter conduzido a uma ressuspensão do manto de lamas, o que não é previsto pelo modelo,

ao se introduzir valores médios diários.

Quanto ao azoto total verifica-se que os picos simulados estão de acordo com os picos reais,

para além de que, o aumento significativo de NT no afluente, por volta do dia 40, conduziu a

um aumento de NT simulado.

Seguidamente é apresentada a concentração de biomassa no reator, simulado e real,

representada pelos sólidos suspensos totais, ao longo dos meses da época alta considerados

(Figura 5.7).

Figura 5.7 - Evolução da concentração de SST real e simulada, nas valas de oxidação, para os meses de época alta de 2013, 2014 e 2015.

A evolução da biomassa simulada no reator é muito idêntica à concentração real medida nas

valas de oxidação. Conseguiu-se que os valores simulados de SST simulado acompanhassem

os valores reais, após introdução, dos valores diários de extração de lamas, como inputs no

GPS-X, em vez de manter o valor médio inserido, por defeito, na extração por decantador.

Época Baixa – 1 linha em funcionamento

Para a época baixa, correu-se o modelo com os inputs de Janeiro 2013 a Maio de 2015, para

os meses em que se encontra apenas uma linha em funcionamento. Os meses em questão

correspondem aos meses de Janeiro a Maio e de Novembro a Dezembro de cada ano (Figuras

5.8, 5.9 e 5.10).

45

Figura 5.8 - Evolução da concentração de CQO no afluente, CQO no efluente tratado e CQO simulado no efluente tratado, para os meses de época baixa de 2013 a 2015.

Figura 5.9 - Evolução da concentração de SST no afluente, SST no efluente tratado e SST simulado no efluente tratado, para os meses de época baixa de 2013 a 2015.

Figura 5.10 - Evolução da concentração de NT no afluente, NT no efluente tratado e NT simulado no efluente tratado, para os meses de época baixa de 2013 a 2015.

46

Na época baixa, foi simulado um período superior, já que a ETAR funciona com uma linha na

maior parte do ano, logo existem mais dados disponíveis para correr o modelo calibrado para

esta época.

Ao analisar a evolução das concentrações de CQO e SST no efluente tratado, constata-se que

os valores simulados de CQO, apresentam valores mais próximos dos reais.

De todos os parâmetros, o azoto total é o parâmetro cujos resultados simulados se afastaram

mais dos reais. Para validar a nitrificação e consequentemente o azoto total no efluente final,

seria necessário calibrar os processos cinéticos dos organismos autotróficos, através de

ensaios respirométricos, o que não foi alvo de estudo (IWA, 2007).

Seguidamente é apresentada a concentração de biomassa no reator, representada pela

concentração de sólidos suspensos totais, simulada vs real, ao longo dos meses da época

baixa considerados (Figura 5.11).

Figura 5.11 - Evolução da concentração de SST real e simulada, nas valas de oxidação, para os meses de época baixa de 2013 a 2015.

A concentração de sólidos suspensos totais resultantes da simulação apresenta um

comportamento mais constante do que os valores reais. Notar que os valores disponíveis, são

resultados experimentais de amostras pontuais, pelo que não são totalmente representativas

de cada dia de amostragem.

47

6. SIMULAÇÃO DOS

CONSUMOS ENERGÉTICOS

E OTIMIZAÇÃO

Neste capítulo é realizado um estudo e respetiva otimização do

processo de arejamento, através da modelação em estado estacionário

e dinâmico.

48

A utilização eficiente de energia constitui atualmente uma prioridade a nível mundial,

conduzindo a sociedade a tomar medidas e a procurar soluções que diminuam os custos

energéticos de uma forma sustentável. Embora a contribuição dos serviços de água para os

consumos de energia à escala global seja muito reduzida (cerca de 7%), as questões

energéticas são de vital importância na sua atividade, representando uma fração significativa a

nível dos consumos de exploração (Hoffman, 2012).

Os sistemas de tratamentos intensivos, designadamente os sistemas de lamas ativadas, são

muito eficientes no tratamento de águas residuais urbanas tendo, no entanto, um consumo

energético associado relativamente elevado.

Por outro lado, as tarifas energéticas têm sofrido aumentos sucessivos, pelo que, se torna

necessário tomar medidas, para que as instalações sejam energeticamente mais eficientes e,

assim, diminuir a fatura energética de forma a manter a tarifa de serviço o mais baixo possível.

A ETAR de Vale Faro, é a instalação que consome mais energia do Sistema Municipal de

Saneamento do Algarve, com 3.924.425 kWh/ano, que está associado a um custo anual

próximo de 318.000,88 € (Silva et al, 2013). O consumo específico de energia da ETAR em

questão, que é de cerca de 1,13 kWh/m3, apresenta um valor relativamente acima do consumo

específico para sistema de lamas ativadas (0,42 a 0,79 kWh/m3) (Harvey, 2010).

Na tabela seguinte são apresentados os consumos médios mensais obtidos, por etapa de

tratamento decorrente na ETAR no ano de 2009 (Quadro 6.1).

Quadro 6.1 – Consumos energéticos nas diferentes fases de tratamento da ETAR de Vale Faro, em 2009 (Silva et al, 2013).

Equipamentos

CONSUMO DE ENERGIA (KWH)

MÉDIA MENSAL (kWh) RELAÇÃO DO CONSUMO (%)

BIOLÓGICO - AREJAMENTO 147.351 45%

VENTILAÇÃO DE INSUFLAÇÃO 42.840 13%

DESODORIZAÇÃO 54.606 17%

DESINFEÇÃO POR UV 26.163 8%

RESTANTES EQUIPAMENTOS 56.075 17%

TOTAL 327.035 100%

49

Tal como se pode verificar da análise da tabela anterior, a etapa com maior consumo

energético associado é o tratamento biológico, sendo o arejamento uma das principais etapas

a otimizar no que respeita a melhorias da eficiência energética, já que representa cerca de

metade do consumo da instalação.

6.1. NECESSIDADES E EFICIÊNCIAS DE AREJAMENTO

O arejamento é fundamental nos processos de tratamento biológico, já que o oxigénio é

imprescindível para os processos bioquímicos tais como a oxidação da matéria orgânica e

azotada, promovendo ainda a agitação e homogeneização do meio e, consequentemente, o

contacto entre os microrganismos e o substrato.

As necessidades de oxigénio (AOR – Actual Oxygen Requirement) podem ser estimadas

através do somatório do oxigénio necessário para a síntese celular, para a respiração

endógena, e para a nitrificação, havendo que deduzir o oxigénio utilizado através do nitrato no

processo de desnitrificação.

AOR = O2Síntese celular + O2 Respiração Endógena + O2 Nitrificação – O2 Desnitrificação

(Equação 6.1)

A síntese celular é desencadeada através da oxidação da matéria orgânica (Equação 2.13).

Após a nitrificação, pode ocorrer a desnitrificação em zonas anóxicas, recuperando-se uma

parte do oxigénio consumido na nitrificação.

^-n = �. ��� − �� − 1,42. 5+ + 4,33. �. �8-+� − 2.76. �. �8+� (Equação 6.2)

em que So e S corresponde à concentração de matéria orgânica inicial e final (em CBO5

mg/L), Px representa a biomassa em excesso (g SSV/ dia) e NOx corresponde à amónia

nitrificada (g NOx/dia).

Notar que a biomassa retirada do sistema Px, é dada por a multiplicação entre o coeficiente de

crescimento de biomassa heterotrófica Yobs e a carga de substrato removida no sistema (g

CBO5/dia) (Equação 2.15).

Desta forma, as necessidades biológicas de oxigénio teóricas são dadas pela equação

seguinte (Tchobanoglous et al, 2003):

^-n = �. ��� − �� − 1,42. ?���. �. ��� − �� + 4,33. �. �8-+� − 2.76. �. �8+� (Equação 6.3)

No entanto, é necessário ter em linha de conta o oxigénio transferido para a água residual

(OTR) que não é consumido pelos microrganismos, atendendo a que a expressão acima é

considerada para efeitos de conceção, não estando assim contabilizado o oxigénio em

50

excesso. A OTR corresponde assim à taxa de transferência de oxigénio e o AOR à quantidade

de oxigénio requerido para os processos biológicos, desencadeados no reator biológico. Ao

nível do projeto OTR é igual ao AOR.

A quantidade de oxigénio transferido em água limpa (OTR em Kg/d) pode ser determinada

através da seguinte expressão (Diego, 2010).

-on = [qI. �b-�� − b-�. �] (Equação 6.4)

em que KLa – coeficiente de transferência de massa (h-1); DOsat – Oxigénio dissolvido na água

em saturação à temperatura de referência (kgO2 m-3); DO – oxigénio dissolvido na água (kgO2

m-3); V- Volume do tanque (m3);

A correção dos parâmetros para água de processo é dada, essencialmente, por dois

parâmetros:

α (alfa) – fator que entra em linha de conta com os contaminantes que existem na água

residual. KLaágua processo/KLaágua limpa.

F (Fouling) – Fator de colmatação aplicável a sistema de arejamento por difusores.

Os surfactantes, presentes na água de processo, têm maior impacto no fator α (alfa). A

expressão OTR é corrigida da seguinte forma:

-on = [st. qI. �b-�� − b-�. �] (Equação 6.5)

A transferência de oxigénio é tanto maior quanto maior a pressão e diminui com o aumento da

temperatura e da condutividade do meio líquido.

Por outro lado, a interface de contacto entre ar e água deverá ser o maior possível para uma

melhor transferência de oxigénio. Quanto menor for a bolha de ar, maior é a interface para a

difusão do oxigénio. A transferência de oxigénio no meio líquido é realizada através do

coeficiente de transferência de massa (KLa), que descreve a velocidade com que ocorre a

transferência de oxigénio do ar para o meio líquido, dependendo do tipo de sistema de

arejamento, composição do fluído, temperatura, caudal de ar, profundidade e geometria do

tanque. O KLa tem dependência direta com o caudal de ar, aumentando com o aumento do

caudal de ar (Frandicks, 2011).

Para o cálculo da OTR, pode ser utilizada outra expressão, ultrapassando a questão de se

determinar o KLa.

-on = [`�. �-on] (Equação 6.6)

O fator de correção fc é dado pelo quociente entre o OTR e o SOTR (Standard Oxygen

Transfer Rate), que descreve a taxa de transferência de oxigénio para as condições standard

(kg /d)

51

`� = /uv!/uv = wF.WOL.�xy/BL"zy/�×:a�20.b-20.: (Equação 6.7)

em queKla20 = KLat × θ0�z�, logo substituindo, tem-se

-on = wF.&xb-��zy/.�����'.!/uvb-20 (Equação 6.8)

A OTR deve ser normalizada a condições standard (SOTR), de forma a minimizar

especificidades das condições processuais, permitindo assim a comparação com outros

valores de referência (projeto, catálogos). A SOTR corresponde ao hipotético valor em que a

concentração de oxigénio é zero no tanque aeróbio, temperatura da água 20 ºC, pressão 1 atm

e ausência de salinidade (Larsson, 2011).

SOTR = ���.y/���������������y/��z��� (Equação 6.9)

Embora a OTR corresponda à quantidade de oxigénio transferido no global, na realidade a

quantidade de oxigénio transferida para o meio líquido depende da eficiência de transferência

de oxigénio OTE (Oxygen Transfer Efficiency) do sistema de difusão. Este parâmetro

corresponde à fração da massa de oxigénio transferida para o meio líquido a partir da massa

de oxigénio fornecida através dos difusores/ arejadores. Assim, a percentagem de oxigénio

injetado no meio líquido é dada em percentagem.

OTE = �0��z�0����0�� (Equação 6.10)

SOTE�%� = ���� �0 . 100% (Equação 6.11)

em que WO2 - massa de oxigénio na linha de ar (kg/dia).

A eficiência de arejamento também pode ser expressa por unidade de potência, SAE (Standard

Aeration Efficiency) que corresponde à eficiência de transferência de oxigénio por unidade de

potência, em condições standard.

SAE = ����¢�£¤¥��¦�� (Equação 6.12)

SAE (kg//kWh) é um parâmetro de eficiência energética que permite a comparação de

diferentes linhas de tratamento nas ETAR.

52

6.2. AREJADORES E DIFUSORES

O desenvolvimento e aperfeiçoamento dos vários tipos de sistemas de lamas ativadas, tem

induzido, a sistemas de arejamento mais eficientes, fáceis de manobrar e automáticos.

Os arejadores devem ser selecionados com base num conhecimento das condições de

operação, da geometria do tanque de arejamento e da eventual vantagem em se promover

simultaneamente arejamento e mistura do fluído.

Os sistemas de arejamento podem ser superficiais (turbinas- arejadores de eixo vertical,

arejadores de eixo horizontal), e por ar comprimido (difusores; colunas estáticas). O arejamento

por ar comprimido consiste em sistemas de injeção de ar sob pressão, em profundidade,

através de difusores, tubos perfurados verticais ou horizontais, colunas estáticas e outros

corpos porosos, ligados a um compressor ou ventilador. Estes são em geral, volumétricos do

tipo êmbolo rotativo, em cárter seco para evitar a mistura de óleo (lubrificante) com o ar. Os

principais modelos são os compressores centrífugo e os compressores de deslocamento

positivo com movimento rotativo. Os primeiros têm características de operação semelhantes às

bombas centrífugas, sendo a pressão aplicada independente da densidade do ar, já os

segundos são máquinas de capacidade constante e pressão variável.

Os sobrepressores, são nada mais do que um compressor de baixa pressão, e podem ser

caracterizados como deslocamento positivo ou centrífugos, sendo que os de deslocamento

positivo fornecem ar a uma taxa constante e os centrífugos fornecem uma gama de taxa de

caudais ao longo de um intervalo de tempo (Larsson, 2011).

Os sobrepressores puxam o ar do exterior, comprimem e transferem para as tubagens de ar

associadas ao sistema de arejamento das ETAR. A compressão é necessária uma vez que a

pressão de ar nos difusores precisa de ser mais elevada que a pressão de água. Uma vez que

os difusores são colocados a uma profundidade 4 a 7 m, a pressão da água é uma parte

substancial da pressão que o sobrepressor tem de executar.

Os difusores são dispositivos conectados às tubagens de ar que libertam o ar comprimido para

o meio líquido. Existem vários tipos de difusores que podem ser caracterizados em bolha

média e bolha fina (Figura 6.1).

53

Figura 6.1 - Representação dos vários tipos de difusores usados no arejamento de processos

biológicos (Rosso, 2013).

Os difusores de bolha fina (bolhas entre 1,5 a 3 mm) geralmente são porosos, ou seja, com

dimensões entre 0,1 e 0,3 mm, e têm OTE mais elevado que os da bolha média, o que torna

este sistema mais eficiente em termos energéticos. Contudo, este tipo de sistema é mais

suscetível de colmatar a membrana porosa. A colmatação diminui o desempenho dos difusores

e portanto, a eficiência de arejamento. Para prevenir a colmatação dos difusores é necessário

proceder à sua limpeza que pode ser realizada através da limpeza química (ácido, alcalino ou

injeção de gás), ou mesmo manual.

O aumento do OTE associado aos difusores de bolhas finas está relacionado com o KLa, isto é

o tamanho da bolha afeta o tempo de subida, assim bolhas menores têm um maior tempo de

subida levando a que a área de superfície com a interface seja maior.

Os difusores com bolha média (bolhas entre 20 a 40 mm) são tipicamente não porosos (poros

com dimensões entre 5 a 25 mm) e têm baixo OTE. Consequentemente, este tipo de difusores

não são tão eficientes, mas podem ser aplicados por exemplo em sistema de arejamento em

que a bolha fina não consegue promover ao mesmo tempo a mistura (Mueller et al, 2002).

6.3. AREJAMENTO NA ETAR DE VALE FARO

A ETAR de Vale Faro é constituída por duas valas independentes tipo carrocel, com

profundidade útil de 7m e volume unitário de 10.000 m3 (volume total de 20.000 m3). O

arejamento é realizado através de 2.640 difusores de ar de bolha fina, instalados no fundo das

valas. O oxigénio necessário é disponibilizado por 2+1 sobrepressores, dois deles com caudal

unitário de 6.000 Nm3/h e um com 3.400 Nm3/h, funcionando 1 ou 2 sobrepressores consoante

a carga orgânica afluente. A conduta de insuflação de ar é comum para as duas valas, com a

possibilidade de ser seccionada (Figura 6.2).

54

Figura 6.2 - Representação esquemática do arejamento nas valas de oxidação instaladas na ETAR de Vale Faro (Silva, 2013).

O funcionamento dos sobrepressores é condicionado pelo set point de OD imposto. O valor de

OD parametrizado no sistema de supervisão da ETAR a atingir, corresponde a uma média da

medição das 4 sondas de OD existentes (2 por linha), já que a conduta de insuflação de ar

para as valas é comum. O incremento de OD no primeiro compartimento, relativamente ao

segundo arejado, por exemplo, apenas pode ser regularizado manualmente através de válvulas

manuais de fracionamento de ar, existentes em cada uma das condutas.

Na Figura 6.3 apresenta-se o tipo de sobrepressor instalado na ETAR de Vale Faro.

Figura 6.3 - Sobrepressor Aerzen, para baixas pressões, instalado na ETAR de Vale Faro.

A potência dos sobrepessores A e C é de 200 Kw (com variação de frequência entre 40 a

50Hz) e do sobrepressor B é de 90 Kw (com variação de frequência entre 30 a 40Hz).

O arranque dos sobrepressores é realizado em escada, ou seja, primeiramente arranca o

sobrepressor de menor potência, caso o valor de OD continue baixo (abaixo do valor critico

baixo, ou após o tempo definido na supervisão, abaixo do valor saturado baixo) arranca o

sobrepressor de maior capacidade, A ou C, em vez do B. Se mesmo com o sobrepressor A ou

C, o valor de OD continuar baixo, arranca o segundo sobrepressor, ficando a funcionar os dois

sobrepressores de maior potência, A e C.

O2

O2

O2

Sondas de Oxigénio

A B C

O2

55

Escala de OD

A paragem dos sobrepressores, tem o mesmo princípio do arranque, ou seja, os

sobrepressores vão parando de forma gradual, caso os valores se encontrem altos (acima do

valor crítico alto, ou após o tempo definido na supervisão, acima do valor saturado alto).

A escala de OD e os respetivos valores de OD saturados, críticos e o set point definidos, para o

funcionamento automático do arejamento da ETAR de Vale Faro, encontram-se representados

na Figura 6.4.

Figura 6.4 - Representação dos valores de OD, parametrizados no sistema de supervisão da

ETAR de Vale Faro.

Os valores de OD crítico baixo e alto, correspondem ao arranque e paragem imediata dos

sobrepressores, respetivamente. Por sua vez, os valores saturados baixo e alto, correspondem

igualmente ao arranque e paragem dos sobrepressores, mas só após um x tempo,

parametrizável na supervisão.

Quanto à rede de distribuição de ar, a jusante dos sobrepressores, encontra-se instalada uma

rede com tubagens derivativas para o fundo das 4 zonas arejadas, das 2 linhas de tratamento

da ETAR. No fundo dessas tubagens encontram-se acoplados os 2.640 difusores, no

comprimento das zonas aeróbias, permitindo desta forma uma distribuição uniforme do ar,

nessas mesmas zonas.

Os difusores instalados são difusores circulares de membrana com bolha fina (Figura 6.5).

Figura 6.5 - Representação do difusor atualmente instalado no reator biológico da ETAR de

Vale Faro (Silva, 2013).

Valor crítico

Baixo

Valor crítico

Alto

Valor saturado Baixo Valor saturado Alto SET POINT OD

Membrana – com determinada

porosidade para formar bolha fina

Prato-minimiza a força

ascensional.

56

6.4. MODELAÇÃO EM ESTADO ESTACIONÁRIO

A modelação matemática é uma ferramenta muito útil no que respeita à previsibilidade da

qualidade do efluente obtido, face a determinadas condições de afluência e operacionais,

nomeadamente a gestão e otimização do arejamento. É possível proceder à simulação em

estado estacionário, de forma a obter um valor ideal de oxigénio dissolvido no reator, tendo em

conta as condições de afluência médias, e ainda em estado dinâmico, para otimizar as

condições de arejamento ao longo do dia, tendo em conta a oscilação das cargas afluentes

bem como, as diferentes tarifas de energia.

Frequentemente, o set point de oxigénio dissolvido é definido com um fator de segurança

significativo, quando a quantidade de oxigénio real necessária para oxidação da matéria

carbonácea, nitrificação/ desnitrificação, pode ser bastante inferior.

Tendo em conta a otimização dos consumos energéticos no processo biológico, o ideal seria

fornecer, nos compartimentos arejados, a quantidade de oxigénio o mais próxima possível da

quantidade de ar necessário, para promover a oxidação da matéria orgânica e para a

nitrificação, que geralmente ocorre em sistemas com temperaturas médias acima dos 20 ºC no

meio líquido, como é o caso. Tal como se pode constatar na figura 6.6, para temperaturas

superiores a 20ºC, basta uma idade de lamas de pelo menos 2 dias para que ocorra o

processo de nitrificação. Embora a taxa máxima de crescimento das bactérias responsáveis

pela nitrificação ( µmax, autotróficas a cerca de 20ºC é de 1 d-1) seja inferior à taxa máxima de

crescimento das bactérias responsáveis pela oxidação da matéria orgânica ( µmax heterotróficas

cerca de 6 d-1) o tempo de duplicação das bactérias autotróficas acaba por ser de apenas 2

dias.

Figura 6.6 - Idade mínima de lamas para as bactérias oxidantes do ião amónia e do nitrito (Martins et al, 2001)

De qualquer forma, em sistemas de lamas ativadas de baixa carga, é de todo o interesse

manter um tempo de retenção de sólidos/ Idade de lamas superior a cerca de 10 dias no

sistema, de forma a garantir uma lama mais agregada, com maior capacidade de

57

sedimentação e com maior concentração de surfatantes adsorvidos, obtendo-se um efluente

mais límpido com menos substâncias tensioativas, o que promove uma melhoria na

transferência de oxigénio no mesmo. Os agentes surfatantes, tais como, detergentes, óleos,

etc, reduzem a eficiência de transferência de oxigénio, já que a sua natureza anfifílica, promove

na interface ar-água a formação de bolhas ascendentes (Rosso, 2007).

Por outro lado, e uma vez que, as zonas anóxicas alternam com as zonas arejadas, o oxigénio

transferido para o meio liquido nas zonas aeróbias, também não pode ser muito elevado, para

não comprometer o processo de desnitrificação. Quando a desnitrificação não é muito eficiente,

os nitratos são encaminhados para os decantadores secundários. Nestas condições, a

libertação de azoto gasoso afeta a sedimentação da lama, podendo levar inclusive a uma

ressuspensão da lama no órgão e consequentemente à degradação da qualidade do efluente

final.

Um dos objetivos principais deste trabalho é otimizar os set points de oxigénio dissolvido,

diminuindo o set point de OD sem afetar a qualidade do efluente final, dentro dos limites

estabelecidos e quantificação dos consumos e respetivos custos energéticos associados.

De forma a validar o modelo em termos de consumos energéticos, efetuaram-se simulações

para as condições médias da época alta de 2014 e comparam-se com os valores consumidos

pelos sobrepressores, para o mesmo período. Os valores consumidos são obtidos por

estimativa, tendo em conta a potência e a variação de velocidade dos sobrepressores, bem

como, as respetivas horas de funcionamento.

A energia consumida pelos sobrepressores para a época alta em 2014 foi de 380 kw, valor

muito próximo do valor obtido pelo modelo para o set point de funcionamento atual da ETAR,

que foi de 388 kw.

Apresenta-se no Quadro 6.2 as condições médias de funcionamento, de 2013 a 2015, e os

respetivos consumos de energia.

Quadro 6.2 – Consumos de energia para as condições médias de funcionamento atuais e para o set point atual de 1 mgO2/L.

Parâmetros para calibração Set point OD = 1 mg/L

CQO Efluente Tratado 9

SST Efluente Tratado 7

OTR (kg/h) 354

Energia arejamento (kw) 394

Custos (Euros/dia) 692

58

A modelação em estado estacionário foi assim realizada para as condições de afluência

médias, de 2013 a 2015.

Testaram-se vários cenários, analisando-se o efeito no efluente final, da diminuição de oxigénio

dissolvido (OD) nas zonas arejadas. Seguidamente são apresentados as figuras com a

evolução dos parâmetros físico-químicos no efluente tratado, em função dos diferentes set

points de oxigénio, para a época alta (Figuras 6.7, 6.8, 6.9) e baixa (Figuras 6.10, 6.11, 6.12).

Figura 6.7 - Variação de CQO ao longo da época alta, para vários set points de Oxigénio Dissolvido.

Figura 6.8 - Variação de CBO5 ao longo da época alta, para vários set points de Oxigénio Dissolvido.

59

Figura 6.9 - Variação de SST ao longo da época alta, para vários set points de Oxigénio Dissolvido.

Da análise das figuras acima, verifica-se que para alteração de set points de oxigénio

dissolvido de 1 mg/L (atual) até 0,4 não conduz a qualquer alteração significativa da qualidade

do efluente tratado. A simulação evidencia que a partir de valores de set point abaixo dos 0,4

mg/L ocorre incumprimento do normativo de descarga, para todos os parâmetros físico-

químicos (CQO, CBO5 e SST).

Figura 6.10 - Variação de CQO ao longo da época baixa, para vários set points de Oxigénio Dissolvido.

60

Figura 6.11 - Variação de CBO5 ao longo da época baixa, para vários set points de Oxigénio Dissolvido.

Figura 6.12 - Variação dos SST ao longo da época baixa, para vários set points de Oxigénio Dissolvido.

Ao analisar os resultados obtidos para a época baixa, verifica-se igualmente cumprimento do

normativo de descarga da ETAR de Vale Faro, para os parâmetros CQO, CBO5 e SST,

adotando um valor de oxigénio dissolvido até 0,4 mg/L. Desta forma, assume-se que o set point

de oxigénio otimizado, para as atuais condições de afluência é de 0,4.

Abaixo deste valor as necessidades de oxigénio (AOR) passam a ser superiores à quantidade

de oxigénio fornecida (OTR), não se garantido a eficiência dos processos bioquímicos, quer

sejam remoção da matéria orgânica, quer seja nitrificação. Por outro lado, baixas

concentrações de oxigénio afetam a floculação da biomassa e promovem o desenvolvimento

de bactérias filamentosas, levando à degradação da sedimentabilidade da lama.

Seguidamente apresenta-se a quantidade de oxigénio requerido em função dos diferentes set

points, bem como, os consumos e os respetivos custos energéticos, para a época alta (Quadro

6.3) e para a época baixa (Quadro 6.4).

61

Quadro 6.3 – Variação do consumo energético por alteração do set point de oxigénio dissolvido, para as condições médias de afluência da época alta, no período 2013-2015.

Parâmetros para calibração OD= 1 mg/L

OD= 0,8 mg/L

OD= 0,6 mg/L

OD= 0,4 mg/L

OD= 0,2 mg/L

OTR (kg/h) 354 345 326 311 267

Energia arejamento (kw) 394 376 349 326 275

Custos (Euros/dia) 692 653 608 570 485

Quadro 6.4 – Variação do consumo energético por alteração do set point de oxigénio dissolvido, para as condições médias de afluência da época baixa, no período 2013-2015.

Parâmetros para calibração OD= 1 mg/L

OD= 0,8 mg/L

OD= 0,6 mg/L

OD= 0,4 mg/L

OD= 0,2 mg/L

OTR (kg/h) 188 135 128 114 81

Energia arejamento (kw) 178 155 142 117 88

Custos (Euros/dia) 309 270 249 206 1590

O Quadro 6.5 evidencia a poupança energética anual, ao optar-se pelo valor de set point

otimizado (0,4 mg/L), face ao atual set point de oxigénio (1 mg/L).

Quadro 6.5- Comparação dos custos de energia, para o set point atual e para o set point otimizado (0,4 mg/L), com base no período de 2013 a 2015.

Parâmetros para calibração OD = 1 mg/L Atual

OD = 0,4 mg/L Otimizado

Custos Energia Época Alta (Euros/4 meses/ano) 83.040 68.400

Custos Energia Época Baixa (Euros/8 meses/ano) 74.160 49.440

Custos anuais (Euros/ano) 157.200 117.840

Otimização custos (Euros/ano) 39.360

A poupança anual é assim de 39.360 Euros/ ano, o que se traduz numa redução dos custos em

cerca de 25% face ao consumo atual.

62

6.5. MODELAÇÃO EM ESTADO DINÂMICO

A modelação em estado dinâmico permite otimizar o consumo de ar e os respetivos custos ao

longo dia, tendo em conta as diferentes tarifas praticadas nos diferentes períodos do dia. Tal

como se verifica através da Figura 6.13, podem-se distinguir 4 períodos num dia semanal de

segunda a sexta: vazio normal destinado às horas de consumo médio; super vazio, destinado

às horas de menor consumo; cheia, para as horas de consumos elevado e ponta para as horas

em que se dá os picos de consumo energético.

Figura 6.13 - Variações dos vários períodos com diferentes tarifas horárias, ao longo dos diferentes dias, semanal, sábado, domingo, e para verão e inverno.

As tarifas consideradas correspondem ao somatório entre cada tarifa média (TM) e a respetiva

tarifa de acesso à rede (TAR), para cada período do dia. Os valores introduzidos na simulação

e respetivos horários encontram-se no Quadro 6.6.

Quadro 6.6- Tarifas (Euros/kw) para os vários períodos ao longo do dia, para a época alta, meses de verão, e para a época baixa, meses de inverno, em 2015.

Época Alta Época Baixa Tarifas (Euros/kw)

0h às 2h 0h às 2h Vazio normal 0,069607

2h às 6h 2h às 6h Super vazio 0,058562

6h às 7h 6h às 7h Vazio normal 0,069607

7h às 9.15h 7h às 9.30h Cheia 0,097422

9.15 às 12.15h 9.30h às 12h Ponta 0,108934

12.15h às 24 h 12h às 18.30h Cheia 0,097422

18.30h às 21h Ponta 0,108934

21h às 24h Cheia 0,097422

63

O objetivo principal da modelação em estado dinâmico é otimizar os set points de oxigénio ao

longo do dia. Isto pode passar por aumentar a concentração de OD, antes dos períodos das

cheias ou horas de ponta, períodos nos quais a tarifa aumenta significativamente.

Em termos de supervisão seria necessário introduzir uma variável adicional, fator de correção,

para cada período ao longo do dia. Esses fatores de correção seriam multiplicados pelo set

point médio imposto, de forma a obter um set point para cada período do dia.

Esses períodos de aumento dos valores de OD, foram avaliados no presente estudo de

modelação dinâmica. Optou-se por efetuar a modelação apenas para a época alta, tendo em

conta que, é neste período que existem maiores oscilações de carga afluente. Para esta época,

considerou-se apenas um período de saturação, durante as horas de vazio, mesmo antes das

horas de cheia. O valor de oxigénio dissolvido nas horas de ponta, situa-se abaixo do valor de

OD otimizado em estado estacionário (0,4).

Desta forma os vários períodos considerados, bem como os respetivos set points, para as

várias simulações, são apresentados no Quadro 6.7.

Quadro 6.7- Diferentes simulações dinâmicas por alteração do set point ao longo do dia.

Períodos diários (h) Sim_1 Sim_2 Sim_3 Sim_4 Tarifas

0-2 Horas 0,6 0,3 0,3 0,3 0,069607

2-6 Horas 0,6 0,4 0,3 0,3 0,05856

6-7 Horas 0,8 0,5 0,4 0,4 0,06961

7 - 9:15 Horas 1 0,6 0,5 0,5 0,097422

9:15 -12:15 Horas 0,2 0,2 0,2 0,2 0,108934

12:15 - 24 Horas 0,8 0,5 0,4 0,3 0,09742

De forma a perceber como a alteração do set point ao longo dia, pode influenciar o processo de

tratamento, correu-se o modelo calibrado para a época alta, em estado dinâmico, para o dia de

maior caudal afluente de 2015 (17.966 m3/dia). Para a simulação dinâmica foram inseridos os

caudais instantâneos do dia de maior caudal, na época alta, considerou-se a concentração de

matéria orgânica CQO e CBO5 ao longo dia constante (por indisponibilidade de resultados

horários) e simulou-se a qualidade do efluente tratado, ao longo de 10 dias. A simulação foi

realizada para os quatro cenários com o set point de OD variável ao longo do dia, bem como,

para os set points de OD constantes, o atual (1 mg/L) e otimizado (0,4 mg/L) (Figuras 6.14,

6.15, 6.16 e 6.17).

64

Figura 6.14 - Evolução do CQO no efluente tratado, ao longo de 10 dias de simulação, para as

várias alterações de set point de OD ao longo dia, bem como para o set point constante de 0,4

e de 1 mg/L.

Figura 6.15 - Evolução do CBO5 no efluente tratado, ao longo de 10 dias de simulação, para as

várias alterações de set point de OD ao longo dia, bem como para o set point constante de 0,4

e de 1 mg/L.

65

Figura 6.16 - Evolução do NK no efluente tratado, ao longo de 10 dias de simulação, para as

várias alterações de set point de OD ao longo dia, bem como para o set point constante de 0,4

e de 1 mg/L.

Figura 6.17 - Evolução da SST no efluente tratado, ao longo de 10 dias de simulação, para as

várias alterações de set point de OD ao longo dia, bem como para o set point constante de 0,4

e de 1 mg/L.

Ao analisar a evolução da qualidade do efluente tratado, para as várias simulações de

alteração de set point de OD, verifica-se que para a simulação 4, cujas concentrações de

oxigénio dissolvido são significativamente inferiores às restantes, existe uma deterioração

significativa da qualidade do efluente tratado, já que existe uma clara tendência de aumento

das concentrações de matéria orgânica (CBO5 e CQO) no efluente tratado. Já para as

condições simuladas em 1 e 2, ou seja, para concentrações de OD mais elevado a qualidade

do efluente tratado mantem-se constante ao longo dos dias. Para a Simulação 3, obtém-se um

perfil constante para as concentrações de SST e CBO5 (parâmetro com VLE mais apertado) e

um aumento da concentração de CQO ao longo do tempo, no entanto esse valor encontra-se

muito aquém do limite de descarga.

66

Posteriormente, determinaram-se os custos associados para os vários cenários de set points,

para perceber até que ponto compensa a implementação das alterações de set point ao longo

do dia (Figura 6.18).

Figura 6.18 - Custos anuais associados ao processo de arejamento para várias simulações em

estado dinâmico e estacionário (set point de OD 0,4 e 1 mg/L).

Ao analisar o gráfico anterior e, uma vez que, as simulações foram sendo realizadas por

diminuição gradual do set point, em determinados períodos ao longo dia, verifica-se uma

diminuição dos custos associados à medida que foram decorrendo as simulações (1 até 4),

sendo os custos apresentados para qualquer uma das simulações, inferiores ao custo atual

(set point OD = 1 mg/L). Embora os custos associados á simulação 4, seja significativamente

inferior, esse cenário de perfil diário de OD, conduz a um efluente com menor qualidade,

podendo mesmo comprometer o valor definido para o normativo de descarga.

Desta forma o cenário que apresenta melhor relação qualidade custo é a opção 3, uma vez

que, mantendo a qualidade do efluente final, é aquele que apresenta um custo energético

associado relativamente inferior.

A poupança energética associada ao cenário 3, com as várias alterações de set point diários tal

como se encontram identificadas no Quadro 6.7, não é, no entanto significativa, aproximando-

se do cenário de set point constante e otimizado em estado estacionário (0,4 mg/L), tal como

evidencia a Figura 6.18.

67

7. ALTERAÇÃO DOS

DIFUSORES E RESPETIVOS

CONSUMOS

Neste capítulo é realizado um estudo à possível alteração dos difusores

e respetivos consumos energéticos associados.

68

Um dos objetivos da presente dissertação prende-se com o estudo da viabilidade de alteração

dos difusores, tendo em vista a otimização energética com o aumento da eficiência de

transferência de oxigénio, associados aos novos difusores.

Com o decorrer do tempo, verifica-se que os difusores vão sofrendo alguma colmatação. Para

além de começarem a precisar de uma limpeza cada vez mais frequente e eficaz, podem sofrer

danos irreversíveis, que só por substituição dos difusores, são ultrapassados. Nas zonas com

difusores danificados existe uma saída de ar bastante significativa, originando uma turbulência

localizada nesse ponto, tal como se pode verificar pela Figura 7.1. O dano dos difusores é de

evitar, uma vez que prejudica bastante o processo de tratamento biológico em questão.

Figura 7.1 - Representação do efeito no reator devido à danificação de difusor (Rosso, 2013).

Desta forma, é conveniente reunir as condições necessárias para proceder a limpezas

frequentes dos difusores, bem como, proceder à sua substituição ao fim de algum tempo de

utilização (cerca de 5 anos).

Como tal, deve-se estudar bem os tipos de difusores disponibilizados no mercado e verificar

qual se adapta melhor ao sistema em questão. Existem difusores de bolha fina, constituídos

por os mais diversos tipos de materiais (cerâmico, poliuretano, PVC, silicone, etc), bem como

as mais diversas configurações. Notar que, não só os difusores com poros de pequenas

dimensões originam bolhas finas, também as turbinas utilizam um impulsor, para fazer variar

entre bolhas de maiores dimensões e bolhas finas (Rosso, 2007).

O tipo de bolha, fina média ou grossa, também é determinante, para uma menor ou maior

transferência de oxigénio através do meio líquido, bem como da própria eficiência de

transferência de oxigénio do próprio difusor.

Os sistemas de bolha fina são atualmente os sistemas mais comuns usados como tecnologia

de arejamento. Como se pode verificar no gráfico seguinte (Figura 7.2), quanto mais fina a

bolha do sistema de difusores, maior a eficiência no consumo energético (αSOTE superior).

Uma vez que a medição do αfator, não é de todo prática, as eficiências de transferência de

69

oxigénio na água, são muitas vezes descritas como multiplicação do αfator pelo SOTE, αSOTE,

que inclui ajustes de OD, temperatura, pressão barométrica e salinidade.

Figura 7.2 - Representação da variação da eficiência de transferência de oxigénio, consoante o tamanho da bolha dos difusores (Rosso, 2013).

Os sistemas de bolha fina, retiram logo inicialmente uma parte dos compostos orgânicos

voláteis em virtude do aumento da sua eficiência, o que se traduz em fluxos de ar requeridos

mais baixos. Estes sistemas também permitem reduzir as perdas de calor, pelas mesmas

razões.

Por outro lado, quanto menor as bolhas, maior a área de contacto das bolhas de ar com o

líquido. Desta forma, embora a velocidade ascensional seja menor para bolhas de menores

dimensões, o que se traduz num αfator inferior, as bolhas de pequenas dimensões têm

associado uma interface de contacto superior, logo uma eficiência de transferência de oxigénio

(SOTE) superior.

A operação com estes sistemas de bolha fina, tem apenas como desvantagem o aumento das

necessidades de limpeza periódicas, já que são mais suscitáveis a colmatações. Como se

pode verificar através da figura seguinte, a eficiência de transferência de oxigénio através de

um difusor colmatado diminui quando comparada com a transferência de oxigénio através de

um difusor limpo (Figura 7.3).

Figura 7.3 - Representação e comparação entre o tipo de bolha resultante de um difusor colmatado e de um difusor limpo (Rosso, 2013).

70

Desta forma, a limpeza periódica dos difusores é dos processos de manutenção a ter conta

para evitar colmatações. No entanto esta limpeza, para além de pouco prática, já que implica

geralmente o vazamento da linha a intervir, bem como alocação de todos os meios de

manutenção e segurança para a mesma.

Por vezes, torna-se mais vantajoso proceder à substituição dos difusores, do que à limpeza

dos antigos, até porque com o tempo, os difusores acabam sempre por perder as eficiências de

transferência de oxigénio, e ficam mais suscetíveis de serem danificados, tal como se pode

verificar no gráfico seguinte (Figura 7.4).

Figura 7.4 - Comparação do Alfa fator para difusores com diversos tempos de operação (Rosso, 2013).

Ao analisar a figura anterior, constata-se que ocorre uma diminuição significativa do fator de

transferência de energia (α fator), com o envelhecimento da membrana difusora. Verifica-se

que o αfator após 2 anos, de utilização da membrana, atinge o valor aproximado de 0,3. Foi

precisamente este o valor considerado para a simulação da transferência de oxigénio dos

difusores atualmente instalados. Por outro lado, considerou-se o αfator para os novos

difusores, o valor de 0,5, que é normalmente o valor definido em catálogo para os novos

difusores.

Os difusores de bolha fina são mais suscetíveis a incrustações (revestimento criado pelo

biofilme), bem como, à escamação (precipitação de sais inorgânicos), que ocorrem com a

formação do biofilme composto por flocos de bactérias, protozoários e compostos orgânicos e

inorgânicos, na superfície dos difusores, diminuindo o alfa fator.

Adicionalmente, o material polimérico vai perdendo as suas propriedades com o tempo de uso.

A membrana de polímero pode endurecer reduzindo o fluxo de ar, ou pode amaciar e expandir,

o que resulta no aumento das bolhas de ar e consequentemente na diminuição do OTE. Uma

possível causa que pode estar na origem deste fenómeno prende-se com o uso de aditivos ou

plastificantes que são adicionados ao polímero, como forma de fortalecer as propriedades

químicas e mecânicas e aumentar a processabilidade do polímero. A atividade bacteriana pode

71

ser compatível com a natureza química destes aditivos, adsorvendo o conteúdo plastificante

contida na mistura, reduzindo a abilidade da membrana fletir ou esticar. Recentemente têm

sido fabricados membranas em silicone, de forma a ultrapassar este fenómeno (Kaliman,

2007).

Por outro lado, e paralelamente, há que tentar manter um tempo de retenção de sólidos que

permita manter o fator alfa mais elevado. Desta forma, os sistemas com nitrificação/

desnitrificação, que em geral têm uma idade de lamas superior, apresentam a vantagem

adicional da absorção da CQO facilmente biodegradável (Ss), por parte da biomassa, evitando

que esta se acumule junto às bolhas finas, o que poderia prejudicar a eficiência de

transferência de oxigénio (diminuindo o OTE).

De forma a verificar a viabilidade económico-processual da substituição do sistema de difusão,

realizaram-se duas simulações distintas que reproduzem a situação atual com os difusores

antigos e outra simulação, após instalação dos difusores novos. Considerou-se para o efeito,

que o αfactor passou de 0,3 para 0,5, de acordo com a Figura 7.4.

No Quadro 7.1 são apresentados os valores obtidos para as simulações com os difusores

antigos e novos, para as duas épocas distintas (alta e baixa), recorrendo aos dados

processuais de 2013 a 2015.

Quadro 7.1 - Variação dos consumos de oxigénio e de energia, com difusores antigos e novos.

Difusores antigos Difusores novos

Época Alta Época Baixa Época Alta Época Baixa

α fator 0,3 0,3 0,5 0,5

OTR (kg/h)

354 188 354 188

Custos energia arejamento (Euros)

83.040 (4 meses)

74.160 (8 meses)

54.229 (4 meses)

48.431 (8 meses)

Custos/ ano (Euros/ ano)

157.200 102.660

Poupança anual (Euros/ ano) 54.540

A quantidade oxigénio transferido (OTR) é igual à quantidade de oxigénio requerido (AOR),

uma vez que o valor de oxigénio transferido, mantem-se para cada época, baixa e alta,

independentemente dos difusores serem novos ou antigos.

No entanto, a potência dos sobrepressores que é necessária (kw), para transferir a mesma

quantidade de oxigénio (OTR), é significativamente inferior ao proceder-se à alteração dos

difusores. Com os novos difusores, existem menos custos associados ao consumo energético

no arejamento do tratamento biológico. A poupança anual ronda os 54 mil Euros, sem entrar

com os custos de investimento nos novos difusores e as respetivas amortizações.

72

De forma a verificar se compensa a substituição dos difusores ou não, realizou-se uma

pesquisa dos difusores disponibilizados no mercado, as suas características e respetivos

custos. De todos os tipos de difusores, os que apresentam uma maior capacidade de

transferência de ar, mantendo a bolha fina, são os difusores tubulares. Os difusores tubulares

consultados, têm ainda a vantagem de serem constituídos por membranas em silicone (Flexsil),

evitando a expansão dos orifícios da membrana aquando uso de material polimérico. Os

difusores em questão, de 9´´, têm uma capacidade de transferência unitária de 7 a 22 Nm3/hora

de ar, e o seu custo unitário fica a cerca de 18,62 Euros por difusor. Na Figura 7.5 encontra-se

representado o tipo de difusor possível a ser instalado.

Figura 7.5 - Representação do difusor de bolha fina de membrana tubular (Magnum) a ser

instalado na ETAR de Vale Faro (OTT Group, 2014).

Procedendo-se à alteração dos difusores e da respetiva linha de difusão, deve optar-se por

linhas de difusores com várias bifurcações e válvulas associadas, de forma a permitir uma

maior flexibilidade operacional, tal como se pode verificar através do sistema representado

seguidamente (Figura 7.6).

Figura 7.6 - Distribuição ao longo da vala de oxidação, com várias bifurcações e válvulas associadas a cada troço (OTT Group, 2014).

Dimensionando o sistema de difusão para as condições de projeto, para o qual a ETAR foi

construída, temos como necessidade de transferência de oxigénio (OTR) cerca de 692 kg

O2/h, para as condições de afluência média e de 1255 kg O2/h para as condições de máxima

Abraçadeira Tubo de suporte -ligação entre o difusor e a

tubagem de distribuição

Membrana com perfuração – permite uma introdução de ar uniforme e uma distribuição das bolhas finas.

Câmara de flutuação -minimiza a

força ascensional.

73

afluência (ponta). Considerando as necessidades de ponta, o fator de correção para as

condições de trabalho (fcV) e a eficiência do sobrepressor (SOTE=30%), torna-se necessário

fornecer um caudal de ar 24.123 m3/h, caudal este para o qual os difusores devem ter

capacidade no seu global. Tendo em conta a capacidade mínima unitária de transferência de ar

de cada difusor, 7 Nm3/h, são necessários 3446 difusores, o que corresponde a um

investimento de 62.373 Euros, considerando um custo unitário de 18,1 Euros/difusor (OTT

Group, 2014).

Tendo em conta que a poupança anual é de 54.540 Euros/ ano, estima-se que o investimento

seja recuperado para um período compreendido entre 1 a 2 anos.

74

8. CONCLUSÕES

Neste capítulo são apresentadas algumas considerações finais, bem

como, algumas sugestões de melhoria futura.

75

A modelação matemática é uma ferramenta de extrema relevância na otimização da operação

dos sistemas de tratamento de águas residuais, fornecendo indicações do comportamento das

instalações face a alterações de estratégias da operação, sem necessariamente realizar o

investimento inicial.

Tendo como objetivo principal, a diminuição dos consumos energéticos e respetivos custos

associados, procedeu-se à otimização da etapa de arejamento, principal responsável pelo

consumo energético da instalação. Nestas circunstâncias, a pesquisa efetuada do desempenho

do arejamento do tratamento biológico, consistiu em simular o comportamento do sistema face

a diferentes set points de oxigénio dissolvido, com vista a otimizar os consumos energéticos da

ETAR e sem comprometer a qualidade do efluente final.

Foram validados e calibrados dois modelos distintos que descrevem e simulam o tratamento da

água residual afluente à ETAR de Vale Faro, para as duas épocas, alta e baixa. Optou-se pelo

modelo Mantis para a presente simulação já que foi o que apresentou resultados mais

próximos dos reais.

De forma a obter um modelo o mais realista possível, procedeu-se à determinação das frações

de carga orgânica do afluente, tendo-se realizado amostragens extra para a sua quantificação.

Uma vez definidas as frações da qualidade físico-química do afluente à ETAR, e após

caracterização dos órgãos, dimensões e respetivas condições operacionais, simulou-se a

qualidade do efluente final, para as duas épocas.

Tendo em conta que os valores obtidos através da modelação são significativamente

dependentes das eficiências de tratamento da fase sólida e que os valores para essas mesmas

eficiências, foram estimados através de balanços mássicos com os dados disponíveis, caudais

e percentagem de matéria seca da linha sólida, procedeu-se a uma análise crítica dos valores

disponíveis. Como tal, como primeiro ajuste, desprezaram-se alguns valores pontuais, fora da

gama de trabalho, para a concentração de sólidos suspensos totais dos sobrenadantes e

escorrências de desidratação.

Uma vez realizada a simulação com as eficiências de tratamento, verificou-se que os valores

simulados para a quantidade de lamas desidratadas e para a concentração de CQO,

encontram-se muito próximos dos valores reais. Já no que se refere à CBO5 e aos SST os

desvios são consideráveis quando comparados com os reais. Relativamente à CBO5 tal deve-

se a que os resultados disponíveis são obtidos através dum método com limite de quantificação

significativamente acima ao valor simulado (CBO5 simulado = 2,4 mg/L> 10mg/L = Limite

Quantificação).

76

De forma a que, o modelo conseguisse simular a concentração de sólidos suspensos totais no

efluente, foi necessário proceder a iterações por alteração de um dos parâmetros operacionais

dos decantadores secundários, parâmetro esse que corresponde à percentagem de

clarificação. Na realidade, os decantadores da ETAR apresentam um histórico de fraca

decantabilidade, pelo que já foram alvos de anteriores reparações, por adição de defletores/

anteparas, bem como aumento da área de perfuração, para que se evitasse a ressuspensão de

lamas. Embora o problema tenha sido melhorado, existe ainda alguma ressuspensão de SST,

até porque a própria qualidade da lama que se forma nas valas de oxidação possui uma fraca

capacidade de sedimentação, devido à presença de bactérias filamentosas. Inevitavelmente,

para as cargas de projeto, o efluente final teria uma concentração de SST superior ao previsto,

o que iria condicionar a etapa de desinfeção UV a jusante, já que os sólidos suspensos afetam

a penetração dos raios UV no meio líquido.

Após os dois ajustes mencionados, o modelo foi calibrado e validado segundo os critérios da

IWA, apresentando, não apenas um critério validado, requisito suficiente para a validação, mas

sim os três, obtendo-se um erro inferior a 5%, para o volume de lamas desidratas e para os

sólidos suspensos totais no reator, e um erro inferior a 5mg/L para os SST no efluente final,

quer para a época alta quer para a época baixa.

Quanto à otimização da etapa de arejamento da ETAR de Vale Faro, verificou-se, através da

simulação em estado estacionário, que existe atualmente, um excesso de oxigénio fornecido

ao reator. Os resultados da simulação evidenciam que para o set point de 0,4 mg/L, existe uma

redução significativa dos custos energéticos associados à etapa de arejamento, de 157 mil

Euros anuais atualmente consumidos para 118 mil euros, o que corresponde a uma redução de

25%, mantendo a qualidade do efluente final dentro dos limites do normativo, quer para a

época baixa quer para a época alta. Ou seja, para valores de set point de oxigénio dissolvido

no meio líquido, de 0,4 mg/l a quantidade de oxigénio fornecido (OTR), aproxima-se o mais

possível das necessidades reais de oxigénio (AOR).

Já a otimização possível através da simulação dinâmica, ficou muito aquém do expetável. O

cenário de aumentar a concentração de oxigénio dissolvido nos períodos de vazio ou super

vazio imediatamente antes dos períodos de cheia e ponta, cuja tarifa energética é

significativamente superior, traduz-se numa poupança muito reduzida. Este facto resultou em

grande parte de que nos sistemas de águas residuais, sem generalização, os períodos de

maiores afluências coincidem com as horas de cheia e ponta, comprometendo, assim o

tratamento nesses períodos e consequentemente a qualidade do efluente final.

Quanto à possível substituição dos difusores, constatou-se através de pesquisas bibliográficas,

que existe uma diminuição evidente do fator alfa, ao longo do tempo de utilização dos

difusores, atingindo logo ao fim de 2 anos metade do valor inicial. Ou seja, quanto mais antigos

os difusores, menor a quantidade de oxigénio transferido, para a mesma potência fornecida

pelos sobrepressores, logo maior o consumo energético.

77

A aquisição de novos difusores, do tipo tubular, com um investimento inicial de cerca de 62.373

Euros, permite poupanças anuais de cerca de 54.540 Euros, sendo recuperado o investimento

ao fim de 1 e 2 meses.

Para além da otimização do set point de OD e da substituição dos difusores, já mencionados

anteriormente, existem algumas sugestões de melhoria/ trabalho futuro a realizar quanto ao

processo de tratamento biológico da presente ETAR.

Análise da variação do tempo de retenção de sólidos no sistema e sua afetação na qualidade

do efluente final, já que o aumento da idade de lamas implica, por um lado, a um aumento de

carga de sólidos na decantação secundária, por outro, a um aumento da quantidade de

oxigénio necessário fornecer (AOR). Paralelamente a este estudo deverá ser realizada uma

análise conjunta com vista à otimização do sistema entrando em linha de conta com a idade de

lamas/ produção de lamas/ custos de deposição e variação de OD/ custos de energia.

Este trabalho não se incidiu sobre programação automática associada aos variadores de

velocidade dos sobrepressores, contudo face à importância da afinação do arejamento sugere-

se como trabalho futuro um estudo mais detalhado relativamente ao PID destes equipamentos.

Por último, embora o normativo de descarga da ETAR não contemple a remoção de azoto,

justifica-se calibrar novamente o modelo para a remoção de azoto (nitrificação/ desnitrificação),

sendo necessário a realização de controlo analítico especifico (azoto amoniacal, kjedal,

nitratos, nitritos) ao longo da linha liquida de tratamento, e ensaios respirométricos para

calibração das constantes cinéticas dos organismos autotróficos. Por outro lado, a aquisição de

sondas de nitrato e amónia, podem ser assim uma mais valia na perspetiva de complementar a

otimização dos consumos energéticos associados ao arejamento.

78

9. REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

79

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82

10. ANEXOS

83

Quadro 10.1- Exemplos de casos de estudo de aplicação de ASM em ETAR.

Instalação Objetivo Principais Resultados Referência bibliográfica

ETAR de Beirolas

- Influência da aplicação de diferentes

modelos numéricos nas concentrações dos

poluentes à entrada e saída da ETAR.

- Capacidade da ETAR receção de descargas

de limpa-fossas.

- A ETAR de Beirolas não

apresenta variações significativas

utilizando os diferentes modelos.

- A modelação permitiu concluir

que a ETAR não se encontra

projetada para receber efluentes

de fossas sépticas acima de

determinados caudais.

(ARISCRISNÃ, 2012)

ETAR de Fernão Ferro

Demostrar a aplicação de modelação e

simulação dinâmica de processos de

tratamento biológicos por lamas ativadas na

fase de dimensionamento. Avaliar a

capacidade de tratamento da ETAR a vários

caudais de descargas de limpa-fossas.

- Foi possível ajustar

satisfatoriamente os resultados do

modelo aos valores obtidos nas

campanhas analíticas.

- Modelação mostra o melhor

cenário para receção de

descargas de limpa-fossas.

(POMBO, 2011)

ETAR de Portucel

Aplicação de modelo matemático para

descrever o comportamento da ETAR.

Análise da influência da adição de ureia no

processo e taxa de produção de lamas.

A modelação mostra que a adição

de ureia no processo não tem

efeito considerável na eficiência

do processo biológico, remoção

de CQO e além disso conduz ao

aumento de custos pelo aumento

da produção de lamas. Conclui

que não é necessária a sua

adição.

(PEREIRA, 2014)

ETAR da Ericeira Otimização das condições de arejamento do

tratamento biológico

A modelação mostra qual o

melhor cenário para

funcionamento do arejamento.

(COTRIM, 2013)

ETAR São João da Talha Análise e aplicação de instrumentos de

modelação do comportamento dinâmico

Foi possível utilizar de forma

integrada e com relativo sucesso

os modelos para simulação do

comportamento global da ETAR

(FERREIRA, 2006)

ETAR Hardenbeg Modelação metabólica para remoção biológica

de azoto e fósforo

Previsão correta do efluente.

Correta estimativa de STR. O

modelo EBPR cinético menos

sensível.

(MEIJER et al, 2001)

ETAR Hardenbeg Evolução de modelo matemático em dois

processos UCT e A2N

O A2N consome ligeiramente

menos oxigénio. Temperaturas (HAO et al, 2001)

84

mais baixas afetam o

desempenho das bactérias-P

sendo mais evidente no A2N

ETAR de Guardamardel

Segura

Otimização da operação mediante a utilização

de ferramentas de simulação

Modelo permite compreender e

analisar os processos de

eliminação biológica da matéria

orgânica e nutrientes.

Permitiu selecionar a estratégia de

operação que estima melhores

benefícios com uma redução de

32% na energia.

(GOSÁLBEZ et al, 2007)

ETAR de

HaarlemWaarderpolder

Modelação de remoção de CQO, Azoto e

Fósforo

A combinação do modelo ASM2 e

Delf BRP mostra uma boa

capacidade de descrição do

desempenho da ETAR.

Necessidade de refinar o modelo

para situações extremas.

(BRDJANOVIC, 1998)

85

Quadro 10.2- Limitações dos modelos ASM1, ASM2, ASM2d e ASM3 (Peterson et al, 2002).

Modelos Principais Limitações

ASM1

� Temperatura e pH constante

� Desenvolvido tipicamente para água residuais domésticas

� Características das águas residuais consideradas estáveis ao longo do tempo

� Os valores dos parâmetros das taxas são constantes

� Não considera o efeito da limitação de nutrientes. Os fatores de correção para a

desnitrificação são constantes

� Coeficientes de nitrificação constantes, não considera o efeito de inibição pela

presença de compostos tóxicos na água residual

� A biomassa permanece homogénea

� Hidrólise da matéria orgânica e azoto em simultâneo e ao mesmo nível

ASM2

� Assume que os PAO não permitem a desnitrificação

� Os organismos heterotróficos e PAO não sofrem alterações com o tempo, constituem

uma massa homogénea

� Não tem em conta deficiências de catiões de potássio e magnésio

� Não foi considerado e efeito inibitório do nitrito

ASM2d

� Válido para temperatura na gama entre 10ºC e 25ºC

� Os organismos heterotróficos e PAO não sofrem alterações com o tempo, constituem

uma massa homogénea

� Não tem em conta deficiências de catiões de potássio e magnésio

� Não foi considerado e efeito inibitório do nitrito

ASM3

� Temperatura situada na gama entre 8ºC e 23ºC

� O pH situado na gama entre 6,5 a 7,5

� Não descreve o comportamento das bactérias em tanques anaeróbios

� O efeito dos nitritos não é considerado

� Não pode ser utilizado em sistema com elevadas cargas orgânicas

86

Quadro 10.3 – Matriz base do modelo Mantis (Hydromantis, 2013).

Legenda: YH- Rendimento celular da matéria heterotrófica; YA – Rendimento celular da matéria autotrófica; fua- fração de

resíduos não biodegradáveis na biomassa autotrófica; fuh- fração de resíduos não biodegradáveis na biomassa heterotrófica;

ibhn- massa de N/massa CQO na biomassa heterotrófica; iuhn- massa de N/massa CQO particulada na biomassa heterotrófica;

iban- massa de N/massa CQO na biomassa autotrófica; iuan- massa de N/massa CQO particulada na biomassa autotrófica.

SI SS XI XS XB,H XB,A XU XND SO SNO SNN SNH SND SALK

1.Crescimento

aeróbio dos

heterotróficos

− 1YH 1 −1− YHYH -ibhn − ibhn14

2.Crescimento

anóxico dos

heterotróficos

− 1YH 1 − 1 − YH2.86YH 1 − YH2.86YH -ibhn

−ibhn14+ 1 − YH14x2.86YH

3.Crescimento

aeróbio dos

heterotróficos em

ss com sno

− 1YH 1 −1 − YHYH -ibhn

− ibhn14

4.Crescimento

anóxico dos

heterotróficos em

ss com sno

− 1YH 1 1 − YH2.86YH

-ibhn- 1 − YH2.86YH −ibhn14+ 1 − YH14x2.86YH

5.Decaimento dos

heterotróficos 1-fuh -1 fuh

ibhn-

fuh.iuhn

6.. Hidrólise de

compostos

orgânicos

1 -1

7.Hidrólise de N

orgânico -1 1

8.Amonificação N

orgânico solúvel 1 -1 1/14

9.Crescimento dos

autotróficos 1

−�4.57 − YA�YA 1YA -iban- l®¯

z�°±�l² - l®¯.³ 10. Decaimento

dos autotróficos 1-fua -1 fua

iban-

fua.iuan

1.C

QO

sol

úvel

não

bio

degr

adáv

el

(gC

QO

/m3)

2.C

QO

faci

lmen

te b

iode

grad

ável

(gC

QO

/m3)

3.C

QO

par

ticul

ada

não

biod

egra

dáve

l

(gC

QO

/m3)

4.C

QO

lent

amen

te b

iode

grad

ável

(gC

QO

/m3)

5.B

iom

assa

het

erot

rófic

a (g

CQ

O/m

3)

6.B

iom

assa

aut

otró

fica

(gC

QO

/m3)

7.P

artíc

ulas

do

deca

imen

to c

élul

as

(gC

QO

/m3)

8.N

org

ânic

o bi

odeg

radá

vel p

artic

ulad

o

(gC

QO

/m3)

8.O

xigé

nio

(gC

QO

/m3)

8.O

xigé

nio

(gC

QO

/m3)

9.N

itrat

o e

nitr

ito (

gN/m

3)

10. A

món

ia (

gN/m

3)

11.N

org

ânic

o so

lúve

l bio

degr

adáv

el

(gN

/m3)

13. A

lcal

inid

ade

(mol

e/m

3)

87

Quadro 10.3- Equações cinéticas do modelo Mantis (Hydromantis, 2013).

Legenda: µmH-Taxa máxima específica do crescimento da biomassa heterotrófica;µmA-Taxa máxima específica do crescimento da biomassa

autotrófica; kh – Taxa máxima específica de hidrólise; Ks–Coeficiente de meia-saturação para biomassa heterotrófica; Kx–Coeficiente de meia-

saturação para hidrólise de substrato; KOH–Coeficiente de meia-saturação em oxigénio para a biomassa heterotrófica: KOA–Coeficiente de meia-

saturação em oxigénio para a biomassa autotrófica: KNH–Coeficiente de meia-saturação em azoto amoniacal para a biomassa autotrófica: ηg –

Fator de correção de µmH em condições anóxicas; ηh – Fator de correção da hidrólise em condições anóxicas; ka – taxa específica de

amonificação.

Mantis Equações cinéticas dos diferentes Processos

1.Crescimento aeróbio dos heterotróficos ss com snh VT � !BWB´=!B# � !EW/X=!E# � ![XW[X=![X#XBH

2.Crescimento anóxico dos heterotróficos ss com snh VT � !BWB´=!B# � W_yW_y=!E# � ![XW[X=![X# � ![/W[/=![/#XBH

3.Crescimento aeróbio dos heterotróficos ss com sno VT � !BWB´=!B# � !EW/X=!E# � W[XW[X=![X# � ![/W[/=![/#XBH

4.Crescimento anóxico dos heterotróficos ss com sno VT � !BWB´=!B# � W_yW_y=!E# � W[XW[X=![X# � ![/W[/=![/#XBH

5.Decaimento dos heterotróficos �T. )UT

6.Hidrólise de compostos orgânicos aT cdce,fWA= cdcef g� !EWEX=!E# + ��ℎ � W/XW/X=!E# � ![/W[/=![/#jXBH

7.Hidrólise de N orgânico r6.�*[y*B # 8.Amonificação N orgânico solúvel KA.SND.XBH

9.Crescimento dos autotróficos V^ � ![XW[X=![X# � ![XW[_=![X# � !/W/_=!/#XBA

10. Decaimento dos autotróficos �^. )U^

88

Quadro 10.4- Parâmetros cinéticos e coeficientes estequiométricos incluídos no modelo ASM1 (Grady et al, 1999).

Símbolo Descrição Símbolos Coeficientes estequiométricos

YH Rendimento celular da biomassa heterotrófica

fP Fração da biomassa que origina produtos particulados

iXB Massa de azoto/massa de CQO na biomassa

iXP Massa de azoto/massa de CQO nos produtos da biomassa

YA Rendimento celular da biomassa autotrófica

Símbolos Parâmetros cinéticos

µH Taxa máxima específica do crescimento da biomassa heterotrófica

kh Taxa máxima específica de hidrólise

KS Coeficiente de meia-saturação para a biomassa heterotrófica

KX Coeficiente de meia-saturação para a hidrólise de substrato

KOH KOH Coeficiente de meia-saturação em oxigénio para a biomassa heterotrófica

µA µA Taxa máxima específica do crescimento da biomassa autotrófica

KNO KNO Coeficiente de meia-saturação em azoto para a biomassa heterotrófica

KNH KNH Coeficiente de meia-saturação em azoto amoniacal para a biomassa autotrófica

bH Coeficiente de decaimento da biomassa heterotrófica

bA Coeficiente de decaimento da biomassa autotrófica

ηg Fator de correção de µH em condições anóxicas

KOA Coeficiente de meia-saturação em oxigénio para a biomassa autotrófica

ηh Fator de correção da hidrólise em condições anóxicas

ka Taxa específica de amonificação

89

Quadro 10.5- Identificação das variáveis estado da biblioteca CNLIB do Programa GPS-X 6.4.

Quadro 10.6- Identificação das variáveis Estequiométricas da biblioteca CNLIB do Programa

GPS-XCNLIB do Programa GPS-X 6.4.

Quadro 10.7- Identificação das variáveis compostas calculadas da biblioteca CNLIB do

Programa GPS-X 6.4.

90

Quadro 10.8- Dados usados para calibração da época alta, Julho a Setembro de 2013 e 2014.

Reator Lamas Rec Excesso

Lamas espessadas

Lamas desidratadas

Sobrenadante Escorrências

Volume AB CQO AB CBO5 AB SST AB Nt SST Reator CQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

1 9880 800 500 340 70 42 <10 5,7 <3.0 2,1 15 100 200

2 10450 3980 8000

3 10444

4 11041

5 11511

6 10864

7 11688

8 11463 900 35 1,9 14

9 11826 3000 8000

10 11412

11 11925

12 11927

13 10618

14 12341

15 10814 800 600 360 70 43 11 6 <3.0 2 14 330 140

16 11984 3364 7000

17 13024

18 12264

19 12570

20 12750

21 12459

22 11252 900 39 1,6 15

23 12536 3273 9000

24 12393

25 10867

26 13303

27 12996

28 7061 3273

29 9149 42 9000 1,6 16

30 11902

31 12340

32 12321

33 13488

34 13817

35 13555 900 600 310 90 41 <10 5,3 7 1,7 15 90 110

36 13536 3273 6000

37 14580

38 13070

39 15002

40 17214

41 15590

42 15495 49 1,9 14

43 15227 900 3545 7000

44 15470

45 15215

46 15831

47 15581

48 13251

49 15192 1000 600 430 80 56 12 6 5,2

50 15599 3909 6000 2 15 6000 110

51 15097

52 16141

53 16949

54 15391 4636

55 13087

56 12069

57 12306 800 400 290 70 38 13 7 <3.0 1,9 13 21 80

58 12225 4273 7000

59 12864

60 12614

Linha Tratamento Fase Sólida

Data

Efluente TratadoAfluente Bruto

Linha Tratamento Fase Líquida

91

Reator Lamas Rec

ExcessoLamas

espessadas Lamas

desidratadasSobrenadante Escorrências

Volume AB

CQO AB CBO5 AB SST AB NtSST

ReatorCQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

61 12291

62 12546

63 11951

64 11872

65 10759 4636

66 11983

67 11202

68 10737

69 13046

70 10223

71 9828 800 400 360 60 61 9 14 <3.0 1,1 14 370 100

72 9909 4818 7000

73 10770

74 8400

75 11414

76 10383

77 10025

78 9058

79 8650 4773

80 9008

81 8763

82 10539

83 10325

84 8860

85 9344 660 399 300 70 46 10 8 3,6

86 10271

87 10347

88 11477 800 500 300 80 31 <10 4,6 <3.0 0,1 13 18000 45

89 10934 4636 6000 0,9 14 1300

90 11337

91 11138

92 11556

93 10968 4227

94 10322

95 11822

96 12450

97 11915

98 11683

99 11522 900 500 340 80 37 <10 7 <3.0 0,5 13 12000 9000

100 12242 4364 10000

101 12229

102 12065

103 12665

104 12777

105 12609

106 12716

107 13672

108 12199

109 13680

110 13827

111 10853

112 15636

113 12315

114 13731 4773

115 12543

116 12745

117 12810

118 12361

119 12220

120 12327 800 500 480 80 32 10 2,6 <3.0

Linha Tratamento Fase SólidaLinha Tratamento Fase Líquida

Afluente Bruto Efluente Tratado

Data

92

Reator Lamas Rec

ExcessoLamas

espessadas Lamas

desidratadasSobrenadante Escorrências

Volume AB

CQO AB CBO5 AB SST AB NtSST

ReatorCQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

121 13145 4455 10000 1,7 15 6000 200

122 12381

123 13403

124 13603

125 13814

126 10840

127 14118

128 16081 4227

129 13053

130 13898

131 14036

132 15588

133 14957

134 14947 900 600 300 80 28 <10 2,4 5,5

135 15654 4318 6000 2,1 14 32 2300

136 15152

137 15151

138 14955

139 15129

140 14081

141 13970

142 11258 4136

143 17448

144 13693

145 13624

146 12811

147 12330

148 11816 1000 700 360 80 45 17 10 <3.0

149 12503 3273 5700 2,2 15 700 4000

150 12771

151 12794

152 12833

153 12499

154 11719

155 11529 2,4 14

156 11221 3182 6000

157 12415

158 11331

159 11114

160 10840

161 9845

162 8031 1600 800 430 70 44 10 14 4,4 2,8 15 2600 7000

163 11350 2818 4200

164 10462

165 9965

166 9981

167 10134

168 9411

169 9487

170 9522 3136 5000 1,8 14

171 8853

172 8912

173 9431

174 9219

175 9076

176 8471 2,4 14

177 8237 3181 8000

Média 12190 904 546 354 75 3617 42 12 7 5 7100 1,74 14,3 3854 1891

Linha Tratamento Fase Sólida

Data

Linha Tratamento Fase Líquida

Afluente Bruto Efluente Tratado

93

Quadro 10.9- Dados usados para validação do modelo na época alta (Julho a Setembro de 2015).

Reator Lamas Rec Excesso

Lamas espessadas

Lamas desidratadas

Sobrenadante Escorrências

Volume AB CQO AB CBO5 AB SST AB Nt SST Reator CQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

1 9105 340

2 9362

3 13740

4 12581

5 11475

6 12771 520 70 34 <10 5,3 10 1,7 18 7000 210

7 12251 4682 6000

8 12301

9 11984

10 12217

11 12407

12 12057

13 12022 600 35 <10

14 12310 2955 5600 2 16

15 12366 360

16 12544

17 13556

18 13412

19 13065

20 13038 700 500 70 40 <10 3,2 8 2,2 15 1100 180

21 13308 2864 6000

22 14494

23 13852

24 13972

25 14375

26 14185

27 14128 270 40 <10 2 16

28 14525 3273 7000

29 14289

30 14273

31 14385

32 14327

33 14877

34 14651 900 436 70 37 4 3,9 11 16 9000 220

35 15536 310 3091 6000

36 13580

37 13791

38 17966

39 14242

40 15661

41 16448 42 10 2,2 15

42 14393 3318 4700

43 15199

44 15553

45 15210

46 15032

47 14583

48 14737 900 600 80 31 <10 3,4 8 1,9 15 300 220

49 15199 430 3364 7000

50 15497

51 15503

52 15101

53 15074

54 14577

55 14361 33 <10

56 14442 3682 7000 2,1 15

57 14089 290

58 13506

59 13945

60 14449

61 13477

62 12282 1000 600 90 37 <10 3,2 5,3 2,3 16 1900 230

63 12461 3591 7000

64 12254

65 12855

66 12535

67 12127

68 11587

69 12012 900 600 120 33 <10 6 4,1 4,5 16

70 11375 3455 6000

71 11041

72 11351

73 11160

74 12585

75 9841 700 70 29 <10 3 5,2 2,8 15 70 280

76 10357 500 2909 7000

77 9958

78 10304

79 10025

80 10128

81 9786

82 9762 2727 38 <10 5600 3,7 15

83 9537

84 9779

85 9857

86 9449

87 8969 38 <10 3,1 15

88 9638 5500

89 9389

Media 12896 736 548 346 81 3326 36 7 4 7 6185 3 16 3228 223

Linha Tratamento Fase SólidaLinha Tratamento Fase Líquida

Afluente Bruto Efluente Tratado

Data

94

Quadro 10.10- Dados usados para calibração do modelo na época baixa (Novembro a Abril de 2013 e 2014).

Reator Lamas Rec

ExcessoLamas

espessadas Lamas

desidratadasSobrenadante Escorrências

Volume AB

CQO AB CBO5 AB SST AB NtSST

ReatorCQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

1 5954

2 6234 700 480 290 80 36 15 10 9 2 13 230 47

3 7479 3909 5700

4 1058

5 7926

6 4531

7 4429 800 41 3 14

8 5107 4545 10000

9 4947

10 5083

11 2752

12 4637

13 7302

14 5785 680 340 250 70 40 13 7 6 3 15 160 54

15 5274 4091

16 4063

17 5811

18 6605

19 6778

20 7063

21 6883 630 36 3 14

22 8264 3273 6000

23 5589

24 4839

25 6655

26 5363

27

28

29

30

31

32

33

34 6945

35 6697 3 16 110 100

36 4517 800 420 410 70 4273 39 <10 6 14 6900

37 4607 700 470 300 60 47 <10 5 8

38 4383

39 3769

40 4656

41 2295

42 7313

43 5737

44 4699 2 14

45 4781 700 51

46 5475 3455 9000

47 3970

48 4670

49 4118 660 350 170 70 52 11 14 8 2 14 80 260

50 5613 3455 12000

51 5076

52 7100

53 6211

54 4047

55 4813

56 4357 700 33 3 15

57 4160 4364 8000

58 4790

59 4568

60 5398

61 5772

62 7317

63 6355 430 150 120 80 29 <10 5 9 2 15 180 140

64 8774 5273 8000

65 9809

66 12304

67 6979

68 6859

69 6621

70 8044 390 30 2 14

71 11456 4091 9000

72 6806

73 6045

74 6074

75 5618

76 9519

77 6108 650 390 250 70 29 <10 6 24 2 14 4900 1100

78 10501 4091 8000

79 6855

80 5973

81 8342

82 8328

83 6961

84 6662 1600 23 2 15

85 8348 5909 11000

86 8456

87 8720

88 10134

89 8651

90 10223

Linha Tratamento Fase SólidaLinha Tratamento Fase LíquidaAfluente Bruto Efluente Tratado

Data

95

Reator Lamas Rec

ExcessoLamas

espessadas Lamas

desidratadasSobrenadante Escorrências

Volume AB

CQO AB CBO5 AB SST AB NtSST

ReatorCQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

91 8686 630 400 240 70 180 20 14 2 15 460

92 7205 4818 12000

93 9670

94 7133

95 6954

96 6964

97 6823

98 6894 900 400 350 80 34 <10 6 9 1 14

99 6758 5182 12000

100 6146

101 6751 2000 1300 1300 110 41 <10 5 9

102 6615

103 7209

104 3900

105 5639 900 600 420 80 41 <10 7 10

106 10362 4727 11000 3 14 80 80

107 7216

108 6834

109 5526

110 6754

111 7120

112 6579 900 41 2 15

113 6791 3636 9000

114 7286

115 10182

116 8901

117 8177

118 7834

119 7156

120 7201

121 7131

122 7493 1100 38 2 14

123 7611 4091 11000

124 8124

125 7700

126 7953 900 500 360 70 33 <10 6 6 2 14 1600 170

127 7071 3000 11000

128 7343

129 7658

130 7883

131 8315

132 8359

133 8299 1200 35 2 14

134 8242 4000 13000

135 8270

136 7365

137 8229

138 8244

139 8390

140 8111 800 400 300 60 34 <10 5 10 1 14 7000 3000

141 7971 3727 7000

142 7924

143 8106

144 8047

145 8125

146 8611

147 7241 800 50 2 15

148 7613 3727 10000

149 8442

150 7726

151 7115

152 6136

153 6103

154 5791

155 5564 1100 379 460 100 30 3 6 9

156 5033 3727 7000

157 5357

158 5141

159 5427

160 5099

161 4661

162 4940

163 5207 3455

164 4801

165 5409

166 4841

167 4620

168 4947

169 6546 800 500 280 70 35 <10 9 14 2 13 100 8000

170 7512 3727 5600

171 7017

172 4894

173

174

175 4409

176 4153

177 4430 3727

178 4165

179 4333

180 3784

Linha Tratamento Fase SólidaLinha Tratamento Fase LíquidaAfluente Bruto Efluente Tratado

Data

96

Reator Lamas Rec

ExcessoLamas

espessadas Lamas

desidratadasSobrenadante Escorrências

Volume AB

CQO AB CBO5 AB SST AB NtSST

ReatorCQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

181 4966

182 2658

183 4595 700 500 330 80 34 <10 4 8

184 3820 2091 9000

185 4801

186 4788

187 4404

188 4308

189 3627

190 4649

191 3751 3273

192 5097

193 4955

194 4133

195 4577

196 3992

197 4049 800 500 260 90 35 <10 6 3 2 12 35 60

198 3530 3182 8000

199 3267

200 5636

201 3844

202 3330

203 4362

204 3591 4091

205 7362

206 7973

207 5439

208 5215

209 5862

210 4922

211 5269 3091

212 5809

213 5945

214 6807

215 14194

216 2975

217 3063

218 5059 520 340 390 39 47 <10 24 6

219 4095 4091 15000

220 5715

221 5236

222 3802

223 4566

224 3853

225 4668

226 4236 4636

227 3828

228 5002

229 9152

230 5905

231 10452

232 5082 660 400 250 80 36 <10 16 3

233 7958 4091 5700 2 14 4100 220

234 5518

235 4205

236 4610

237 4508

238 4161

239 4674

240 4920 3091

241 5025

242 4511

243 4580

244 2210

245 2185

246 5785 27 <10 6 9 2 15 700 360

247 11894 570 400 260 70 3273 6000

248 6686 570 300 260 55 28 <10 3 8

249 8787

250 6294

251 5933

252 7344

253 7093

254 7516 3909

255 7652

256 6443

257 7933

258 7024

259 5887

260 5674 490 310 210 50 30 10 4 7 2 15 2900 350

261 6085 2909 11000

262 5473

263 5237

264 5013

265 5749

266 5480

267 5689

268 4221 3636

269 5209

270 6012

Linha Tratamento Fase Sólida

Data

Linha Tratamento Fase LíquidaAfluente Bruto Efluente Tratado

97

Reator Lamas Rec

ExcessoLamas

espessadas Lamas

desidratadasSobrenadante Escorrências

Volume AB

CQO AB CBO5 AB SST AB NtSST

ReatorCQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

271 5626

272 4245

273 5495

274 5130 39 <10 6 6 2 16 530 260

275 4670 700 400 320 70 3273 11000

276 4484

277 5018 800 500 320 70 42 <10 5 7

278 5539

279 4888

280 5349

281 5593

282 5683 3818

283 6024

284 5501

285 5395

286 5790

287 5145

288 5556 900 600 340 80 44 <10 8 16 15 8000 230

289 5687 3909 9000

290

291

292

293

294 9001

295 7719

296 5988

297 5482

298 6850

299 8366

300 6783

301 7817

302 12761 480 500 460 38 50 <10 27 6

303 16301 6000

304 9006

305 7859

306 5924

307 6562

308 6475

309 6746

310 5059 3818

311 8491

312 8383

313 7392

314 7679

315 7718

316 7429 800 800 570 90 28 <10 10 3

317 8424 4182 7000 2 15 490 150

318 8665

319 7726

320 9075

321 10241

322 12390

323 9900

324 8038 4000

325 7110

326 7955

327 8158

328 8005

329 9234

330 8010 3909

331 7796

332 6417

333 8595

334 7375

335 8341

336 9429

337 9192 800 381 350 60 33 9 9 <3.0 1 16 110 170

338 7935 4000 7000

339 5772

340 7595

341 7884

342 8059

343 7890

344 6956 3273

345 8566

346 8505

347 8304

348 7623

349 9265

350 7909

351 8423 700 500 370 70 25 <10 3 <3.0

352 12185 3909 7000 2 15 80 230

353 8865

354 10014

355 9173

356 9077

357 8189

358 9373

359 7207 4364

360 8914

361 8472

362 7411

363 8762

Media 6533 794 466 351 72 3922 40 12 8,1 9 9027 2,08 14,5 1652 772

Linha Tratamento Fase Sólida

Data

Linha Tratamento Fase LíquidaAfluente Bruto Ef luente Tratado

98

Quadro 10.11- Dados usados para validação do modelo na época baixa (Novembro de 2014 a Abril de 2015).

Reator Lamas Rec Excesso

Lamas espessadas

Lamas desidratadas

Sobrenadante Escorrências

Volume AB

CQO AB CBO5 AB SST AB NtSST

ReatorCQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

1 5338

2 5893

3 6845 800 500 400 60 49 <10 10 3 3 14 800 9000

4 6426 5545 9000

5 4797

6 4935

7 5758

8 6828

9 5388

10 6824

11 9907 640 400 270 52 24 <10 7 <3.0 1 14

12 8164 4909 6000

13 10656 410 290 210 36 24 <10 5 <3.0

14 9794

15 4940

16 5284

17 4879 800 400 60 19 <10 4 <3.0

18 5763 3545 4600

19 9629

20 8290

21 6972

22 5126

23 10046

24 4566 590 400 210 60 27 <10 3 <3.0 3 14

25 5851 3727 6000

26 4030

27 13875

28 18438

29 15669

30 5167

31 4835 660 400 300 70 18 <10 2 6 3 15 170 460

32 4316 2455 4200

33 4484

34 3919

35 4152

36 4701

37 4705

38 4387 3 16

39 4316 1636 6000

40 2924

41 5397

42 4387

43 6672

44 7769

45 4260 660 400 70 28 <10 7 <3.0 3 15 160 8000

46 3793 3273 7000

47 3950

48 787

49 1576

50 1262

51 2770

52 5520

53 6069 2727 6000

54 6391

55 5098

56 5421

57 5120

58 3710

59 6894

60 5461 3727 7000

61 6631

62 6235

63 5743

64 5270

65 4729

66 4754 700 500 340 80 44 <10 9 28

67 5280 4000 8000 3 15 210 1000

68 4230

69 4899

70 4330

71 4722

72 4047

73 4364

74 4287 3727 8000 2

75 3960

76 9102

77 5190

78 4951

79 13501

80 5519 650 340 260 60 32 <10 5 16

Linha Tratamento Fase SólidaLinha Tratamento Fase Líquida

Afluente Bruto Efluente Tratado

Data

99

Reator Lamas Rec Excesso

Lamas espessadas

Lamas desidratadas

Sobrenadante Escorrências

Volume AB

CQO AB CBO5 AB SST AB NtSST

ReatorCQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

81 6096 3182 6000 3 14 700 530

82 5693

83 5664

84 6137

85 6202

86 5293

87 4533

88 5567 3091 8000 3 20

89 4649

90 5099

91 4428

92 3057

93 3768

94 5331 800 400 260 80 24 <10 3 22 1 15 4900 8000

95 4963 3909 8000

96 5547

97 5320

98 5123

99 5543

100 5103

101 5596

102 15834 3636 6000 3 14

103 7171

104 5598

105 5688

106 6195

107 5796

108 5335 900 500 390 80 51 17 16 30

109 5991 4000 8000 3 14 140 390

110 6029

111 5480

112 5620

113 5602

114 5704

115 5768 800 500 350 70 49 11 11 35

116 5716 4455 8000

117 5472

118 5646

119 4757

120 6831

121 5738

122 5790 800 500 340 70 51 <10 19 25

123 5805 5000 10000 2 15 2300 6000

124 6016

125 6089

126 6105

127 6071

128 6045

129 6173

130 6334 5818 12000 3 15

131 6022

132 6414

133 5790

134 5988

135 5759

136 5799 700 400 310 70 37 <10 11 34

137 7307 4182 9000 3 15

138 9019

139 6668

140 6996

141 10355

142 5643

143 5744 29 <10

144 5287 4000 8000 3 16

145 6188

146 6894

147 7171

148 6663

149 6378 37 <10

150 6790 4091 6000 3 16

151 6999

152 7496

153 7508

154 9172

155 8099

156 8453

157 9586 900 500 430 60 70 20 32 32 3 16 1300 280

158 7176 4000 7000

159 8484

160 11288 3 16

Linha Tratamento Fase Sólida

Data

Linha Tratamento Fase Líquida

Afluente Bruto Efluente Tratado

100

Reator Lamas Rec Excesso

Lamas espessadas

Lamas desidratadas

Sobrenadante Escorrências

Volume AB

CQO AB CBO5 AB SST AB NtSST

ReatorCQO CBO5 SST Nt ST %MS %MS SST SST

m3/dia mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L % % mg/L mg/L

161 7231

162 7178

163 6824

164 7010 1000 600 410 70 45 <10 7 20 3 15

165 6613 2636 5000

166 9346 3 16

167 6460

168 6654 3 16

169 7351

170 5984

171 7219 1000 500 450 70 71 16 34 20 3 16 90 360

172 7509 2364 4500

173 7726

174 7598

175 7548

176 7862

177 8778

178 7703 36 13

179 7696 3091 4400

180 7952

181 7248

182 8941

183 9290

184 8810

185 7239 1300 700 530 80 54 <10 8 18 3 14 3000 160

186 8884 4091 5600

187 8263

188 8126

189 8390

190 8595

191 8836

192 8441 43 2 15

193 8582 3818 8000

194 8811

195 8361

196 8905

197 9300

198 8995

199 8957

200 8742

201 8898

Media 6507 784 457 341 67 3737 39,2 15 10,7 22 6975 2,5 15 1252 3107

Linha Tratamento Fase SólidaLinha Tratamento Fase Líquida

Afluente Bruto Efluente Tratado

Data