tese de mestrado emancipação dos corpos de bombeiros

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  • 8/13/2019 Tese de Mestrado Emancipao dos Corpos de Bombeiros

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    FUNDAO GETULIO VARGASESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAO PBLICACENTRO E FORMAO ACADMICA E PESQUISACURSO E MESTRADO EXECUTIVO

    OS CORPOS DE BOMBEIROS MILITARESEMANCIPADOS DAS POLCIAS MILITARES:PROSPECO E ANLISE DOSAP ~ E T R O S N O R T E D O R E S D O S E UDESENHO ORGANIZACIONAL

    DISSERTAO APRESENTADA ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAOPBLICA PARA OBTENO DO GRAU DE MESTRE

    CARLOS MARCELO D'ISEP COSTARio de Janeiro 2 2

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    FUNDAO GETULIO VARGASESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAO PBLICACENTRO DE FORMAO ACADMICA E PESQUISACURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

    TTULOOS CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES EMANCIPADOS DAS POLCIAS

    MILITARES: PROSPECO E ANLISE DOS PARMETROS NORTEADORES DOSEU DESENHO ORGANIZACIONAL

    DISSERTAO DE MESTRADO APRESENTADA PORCARLOS MARCELO D'ISEP COSTA

    APROVADO EM 19 07 2002PELA COMISSO EXAMINADORA

    ?a/tio iLa r; lu LPAULO EMLIO MATOS MARTINS

    M ADMINISTRAO DE EMPRESAS

    M ENGENHARIA DA PRODUO

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    minha esposa Dra e minha filhaCarolina pelas horas de laz er que lhes priveie pelo incentivo carinho e apoio.Aos meus pms responsveis pela minhaeducao.

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    GR DECIMENTOS

    Ao meu professor orientador Dr. Paulo Emlio Matos Martins pela pacincia incentivo eorientaes competentes e seguras ao longo desta dissertao.

    Aos professores e colegas de mestrado pelos conhecimentos troca de experincias e apoiorecebidos ao longo deste perodo em que caminhamos juntos.

    Aos Corpos de Bombeiros Militares por me receberem e disponibilizarem todas asinformaes solicitadas.

    Ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Esprito Santo por me liberar para freqentar omestrado e por permitir o emprego dos conhecimentos adquiridos.

    Aos oficiais superiores dos Corpos de Bombeiros Militares do Par Pernambuco Rio deJaneiro. Minas Gerais e Esprito Santo pela receptividade e colaborao no desenvolvimentodesta pesquisa.

    Ao Major BM Alexandre do Santos Cerque ira. pela amizade e valiosas sugestes. queserviram de estmulo para a superao de dificuldades.

    A todos os amIgos que m estimularam e/ou contriburam de alguma forma para aconcretizao deste trabalho.

    Meus sinceros agradecimentos.

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    PRESENT O

    Esta dissertao de mestrado resultado de um estudo elaborado sobre o tema mudanaorganizacional e adota como objeto de anlise os corpos de bombeiros militaresemancipados das polcias militares.

    tema escolhido envolve uma pluralidade de fatores, entretanto, a investigao. tomandocomo referncia apenas os fatores relacionados com a estrutura, busca analisar como secomportam os parmetros norte adores do desenho organizacional destas corporaes.

    Estudar os corpos de bombeiros militares emancipados das polcias militares a partir do

    campo administrativo foi uma deciso tomada com o objetivo de traar um retrato da situaoatual e identificar as possibilidades de mudana em suas estruturas que permitam uma maiort1exibilizao e autonomia nas tomadas de decises.

    o estudo est estruturado em CIOCO captulos. O prImeiro tem por objetivo fazer umaintroduo, onde o problema contextualizado. O segundo apresenta a pesquisa bibliogrficasobre o tema. O terceiro aborda a metodologia utilizada. O quarto captulo ondeefetivamente so registrados os resultados da pesquisa de campo realizada. Finalmente, noquinto captulo. so apontadas as concluses do pesquisador e as recomendaes para novaspesquisas.

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    R SUMO

    A partir da promulgao da Constituio Federal de 1988, iniciou-se no Brasil a emancipaodos corpos de bombeiros das polcias militares. Este estudo, tomando como referncia osurgimento dessas novas organizaes, procurou analisar o comportamento dos parmetrosnorteadores do seu desenho organizacional e, ao mesmo tempo, despertar nos seusdirigentes o estudo do tema mudana organizacional . Do total de dezenove corpos debombeiros militares emancipados a pesquisa contemplou diretamente cinco deles para pr emfoco a questo central do estudo. Concomitantemente abordagem da questo central, oestudo levantou dados de todas as corporaes com a finalidade de retrat-las em aspectosmais gerais de sua organizao. A investigao oi do tipo exploratria e explicativa, sendorealizada por meio de pesquisa de campo, bibliogrfica e documental. Os dados foram obtidospor meio de entrevistas realizadas com os oficiais superiores (coronis, tenentes-coronis emajores) das corporaes, e mediante consulta a dispositivos legais. Os resultados obtidosrevelaram, de uma maneira geraL que os parmetros norteadores do desenho organizacionalapresentam alguns problemas. As retlexes sobre os problemas levaram concluso de queeles podem ser ajustados mediante aes gerenciais e mudana da cultura organizacional.

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    BSTR CT

    After the promulgation of Brazil' s Federal Constitution in 1998, the firemen of Brazil startedto emancipate from the military police. his study, taking as reference the sprouting of thesenew organizations , attempted to analyze the performance of the guiding parameters of their

    organizational structure, and at the same time, seeks to promote in its managers the study of

    the subject of Organizational Change . he research contemplated five of a total of nineteenemancipated military fire departments to directly put in focus the study's central questionoParallel to the central question the study raised data about ali fire departments with thepurpose of showing their organization in more general aspects. The inquiry was exploratoryand explanatory conducted by field, bibliographical and documentary research. The data was

    collected by interviewing officers (colonels, lieutenant-colonels and majors) of the firedepartments and by consultation of legal devices. The results revealed, in a general way, thatthe guiding parameters of the organizational structure present some problems. The analyses ofthe problems lead to conclusion that they can be solved by means of managerial actions andchange of the organizational culture.

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    LIST E BREVI TUR

    BBM Batalho de Bombeiros Militar.BM Bombeiro Militar.BMRS Brigada Militar do Rio Grande do Sul.Cap Capito.Cb Cabo.CBMDF Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.CBMAC Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre.CBMAL Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas.CBMAP Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Amap.CBMAM Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Amazonas.CBMCE Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Cear.CBMES Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Esprito Santo.CBMGO Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Gois.CBMM Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Maranho.CBMMT Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso.CBMMS Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul.CBMMG Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais.CBMPA Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Par.CBMPE Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Pernambuco.CBMERJ Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.CBMRN Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Norte.CBMRO Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Rondnia.CBMRR Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Roraima.CBMSE Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Sergipe.CEFET/MG Centro Federal de Tecnologia de Minas Gerais.Cel Coronel.EME Estado Maior do Exrcito.FEMAR Fundao Estudos do Mar.GB Grupamento de Bombeiros.GBAPH Grupamento de Bombeiros de Atendimento Pr Hospitalar.

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    GBM Grupamento de Bombeiros Militar.GBS Grupamento de Busca e Salvamento.GC Grupo de Comando.GI Grupamento de Incndio.GMar Grupamento Martimo.GOS Grupo de Oficiais Superiores.LOB Lei de Organizao Bsica.Maj Major.OMPS Organizaes Militares Prestadoras de Servio.PEC Proposta de Emenda Constituio.PMMT Polcia Militar do Estado do Mato Grosso.PMMS Polcia Militar do Estado do Mato Grosso do Sul.Qtd Quantidade.Sd Soldado.SESP Secretaria Estadual d Segurana Pblica.Sgt Sargento.SJUSP Secretaria Estadual de Justia e Segurana Pblica.Sub Ten Subtenente.Ten Tenente.Ten Cel Tenente Coronel.UF Unidade da Federao.

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    LIST E QU DROS

    Quadro 1: Visualizao Cronolgica dos Corpos de Bombeiros Militares Emancipadosdas Polcias Militares ........... ........... ........... ........... ........... ... .................... ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' 4Quadro 2: Categorias dos Corpos de Bombeiros .............................................................. 13Quadro 3: Categoria Predominante de Bombeiros ............................................................ 22Quadro 4: Princpios Gerais da Teoria Clssica da Administrao ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' 38Quadro 5: Escala Hierrquica dos Corpos de Bombeiros Militares .................................. 45Quadro 6: rgos da Estrutura dos Corpos de Bombeiros Militares ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' 46Quadro 7: Idades Institucionais e Idades Organizacionais dos Corpos de BombeirosMilitares Emancipados das Polcias Militares ..................................... ' ' ' ' ' ...... ............ 48Quadro 8: Foras que Contribuem para Aumentar a Presso sobre as Organizaes ....... 55Quadro 9: Enfoques e Consideraes sobre Mudana Organizacional........................... 61Quadro 1 : Classificaes de Mudana . . . . . . 64Quadro 11: Perspectivas Radical e IncrementaI da Mudana Organizacional.................. 66Quadro 12: Estruturas Mecansticas e Orgnicas ............................. ,................................ 77Quadro 13: Especializao do Trabalho ........................................................ ,................... 93Quadro 14: Aumento e Reduo da Dimenso da Unidade ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 1 1Quadro 15: Argumentos para Emancipao ............................... ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ................ I 19Quadro 16: Situao do Efetivo dos Corpos de Bombeiros Militares Emancipados ........ 125Quadro 17: Distribuio do Efetivo dos Corpos de Bombeiros Militares por Postos eGraduaes ........... ........... ........... .......... ........... ........... ........... ........... .......... ........... ........... . 126Quadro 18: Critrio para o Clculo de Efetivo .................................................................. 127Quadro 19: Lei de Organizao Bsica ............................................ ............................... 131Quadro 20: Mudana na Estrutura em Termos de Inovao ........... ............ ............ .......... 135Quadro 21: Proposta de Mudana Estrutural................................................................ ..... 137Quadro 22: Proposta de Mudana Estrutural com Base em Pesquisa Acadmica ............ 138Quadro 23: Subordinao cios Corpos de Bombeiros Militares .............. .............. ............ 139Quadro 24: Poltica de Segurana Pblica ........... .......... .......... .......... .......... .......... .......... . 140Quadro 25: Posio em Relao ao Tema Mudana Organizacional ............................ 141Quadro 26: Sujeitos da Pesquisa ............. ............. . ,.......... ............ ............ ............ ............ . 144

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    LIST E T BEL S

    Tabela I Distribuio quanto ao Tempo no Cargo ......................................................... 146Tabela 2 Distribuio quanto ao Posto ........................................................................... 146Tabela 3 Distribuio quanto Faixa Etria .................................................................. 146Tabela 4 Distribuio quanto ao Tempo de Servio ...................................................... 147Tabela 5 Distribuio quanto Funo Exercida ........................................................... 147Tabela 6 Distribuio quanto Regio de Trabalho .... .... ....... ...... .... ..... ... ...... ...... ..... .... 148Tabela 7 Distribuio quanto a Atividade de Bombeiro ................................................ 148Tabela 8 Nveis Hierrquicos x Diviso do Trabalho .................................................... 150Tabela 9 Diminuio de Nveis Hierrquicos x Prejuzo Operacional...... ........ ........ ..... 151Tabela 1 Supresso de Nveis Hierrquicos ................................................................. 152Tabela Ii Reestruturao na Carreira dos Bombeiros Militares .................................... 155Tabela 12 Importncia da Especializao do Trabalho ....... .... ... ... .... .... .... .... ....... .......... 155Tabela 13 Formalizao do Comportamento .............................................................. 156Tabela 14 Desempenho das Misses Constitucionais .................................................... 157Tabela 15 Desempenho dos Servios Prestados.............................................................. 158Tabela 16 Treinamentos Suficientes .............................................................................. 159Tabela 17 Processo de Doutrinao ............................................................................... 16 ITabela 18 Coordenao Eficiente dos Trabalhos ........................................................... 162Tabela 19 Dimenso das Unidades Operacionais .......................................................... 162Tabela 20 Pequenas Unidades Operacionais Setorizadas .............................................. 163Tabela 21 Sistema de Planejamento ............................................................................... 164Tabela 22 Avaliao dos Resultados .............................................................................. 165Tabela 23 Forma de A valiao dos Resultados ................... ............... ...................... ...... 165Tabela 24 Instrumentos ele Interl igao .... ........... ........... ............ ........... ........... ........ ..... 166Tabela 25 Tipos de Instrumentos de Interl igao ........... ........... ............ ............ ............ . 167Tabela 26 Poder sobre as Decises ................. ........... ...... .................. ............ ............... 167Tabela 27 Interferncia nas Tomadas de Decises ......................................................... 168Tabela 28 Incluso de Conselho Superior ......... ........... .......... .......... ........... .......... ......... 169

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    LIST DE FIGUR S

    Figura 1: Esquema Ilustrativo das Etapas do Processo de Emancipao dos Corpos deBombeiros Militares 9Figura 2: Esquema Ilustrativo das Etapas do Processo de Emancipao dos Corpos deBombeiros Militares com a Incluso da Y Etapa 10Figura 3: Esquema Ilustrativo dos Fatores que Segundo a FEM R Influenciam asOrganizaes no Contexto de Mudana 56Figura 4: Determinantes da Estrutura Organizacional 71Figura 5: Tipos e Graus de Diferenciao 75Figura 6: Mecanismos de Coordenao 85Figura 7: As Cinco Partes Bsicas da Organizao 88Figura 8: Agrupamento dos Parmetros Norteadores 90

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    SUMRIO

    INTRODUO ......................................................................................................... .1.1 Justificativa da Investigao ................................................................................. .1.2 A Questo Central ................................. . ......... .... .... ..... .... .... ..... ..... ... ....... ..... ....... 111.3 Os Corpos de Bombeiros no Mundo Breve Panorama ....................................... 111.4 As Dimenses da Anlise .... ....... ........ ..... .... ......... ..... .... ... ........ ..... .... ..... ...... ......... 231.5 Problematizando a Questo Central .................................................. ......... . ...... 251.6 Definio de Termos ............................................................................................. 28REFERENCI L TERICO ...................................................................................... 32.1 As Organizaes .................................................................................................... 322.2 Organizaes Militares .......................................................................................... 34

    2.2.1 Consideraes Tericas ....................................... .......................................... 342.2.2 Organizaes Bombeiros Militares no Brasil ................................................ 43

    2.3 Mudana Organizacional ....................................................................................... 542.3.1 Consideraes Iniciais ................................................................................... 542.3.2 A Mudana Organizacional e as Organizaes Militares .............................. 582.3.3 Conceituao e Formas de Abordagem ......................................................... 61

    2.4 Perspectivas de Anlise ......................................................................................... 672.5 Estrutura Organizacional ....................................................................................... 70

    2.5.1 Determinantes da Estrutura Organizacional .................................................. 712.5.2 Conceito de Estrutura Organizacional ........................................................... 722.5.3 Diferenciao e Integrao ............................................................................ 742.5.4 Estruturas Mecansticas e Orgnicas ............................................................. 762.5.5 Dimenses ou Elementos da Estrutura Organizacional........ .......... ......... ...... 782.5.6 Os Componentes Bsicos da Estrutura Organizacional de Mintzberg ......... 84

    2.5.6.1 Especializao da Tarefa .................................................................... 902.5.6.2 Formalizao do Comportamento ........................................................ 942.5.6.3 Treinamento e Doutrinao ................................................................. 952.5.6.4 Agrupar Unidades ................................................................................ 992.5.6.5 Dimenso da Unidade ........... ........... .......... ........... ........... ........... ......... 1002.5.6.6 Sistema de Planejamento e Controle ................................................... 1012.5.6.7 Instrumentos de Interligao ......... ............. ............. ............. ............ .... 103

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    2.5.6.8 Descentralizao Vertical e Descentralizao Horizontal .................. .METODOLOGI ...................................................................................................... .3 1 Tipo de Pesquisa ................................................................................................... .3.2 Universo e Amostra .............................................................................................. .

    3.2.1 Universo ........................................................................................................ .3.2.2 Amostra ......................................................................................................... .

    3.3 Coleta de Dados .................................................................................................... .3.4 Tratamento dos Dados .......................................................................................... .3.5 Limitaes do Mtodo .......................................................................................... .

    4 RESULT DOS D PESQUIS ............................................................................... .4 1 Corpos de Bombeiros Militares emancipados ...................................................... .

    4.1.1 Argumentaes para Emancipao ............................................................... .4.1.2 Situao de Efetivo ....................................................................................... .4.1.3 Estrutura Atual .............................................................................................. .4.1.4 Proposta de Mudana Estrutural ................................................................... .4.1.5 Posicionamento no Cenrio da Segurana Pblica ....................................... .4 1 6 Mudana Organizacional .............................................................................. .

    4.2 Anlise da Questo Central da Pesquisa ..............................................................4.2.1 Caracterizao dos Sujeitos .......................................................................... .4.2.2 Anlise dos Parmetros Norteadores do Desenho Organizacional ........... .

    5 CONCLUSES E RECOMEND ES ................................................................. .5 1 Concluses da Pesquisa ........................................................................................ .5.2 Recomendaes para Novas Pesquisas ................................................................. .

    REFERNCI S BIBLIOGRFIC S ........................................................................... .NEXOS .......................................................................................................................... .

    Anexo A - Endereo Eletrnico de Corpos de Bombeiros .............................................. .nexo - uestlonano revlo ........................................................................................ . .p .

    Anexo C - Ofcio de Encaminhamento de Questionrio ................................................. .Anexo D - Roteiro de Entrevista ...................................................................................... .Anexo E - Questionrio dos Sujeitos da Pesquisa ........................................................... .Anexo F - Representao dos Resultados por Corporao .............................................. .

    105107107110110110112115115117117119123130137139141142145149170170180181

    1901901911961971982 3

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    INTRO UO

    A histria do homem um cemitriode grandes culturas que chegaram a umfim catastrfico p r causa de suaincapacidade de reao planejadaracional e voluntria do desafio

    Erich romm

    Neste captulo, apresentam-se a justificativa da investigao e o que a pesquisa se prope aresponder, alm de um breve panorama dos corpos de bombeiros no mundo e umacategorizao de sua tipologia (seo 1.3). Nas sees 1.4 e 1 5 so abordadas a delimitaodo tema mudana organizacional e a conjuntura em que ela estudada. Por fim, o captuloconta com uma definio de termos, na sua maioria, prprios das organizaes militares. Essaltima seo, com certeza, contribuir para a leitura e compreenso do texto.

    1 1 Justificativa da nvestigao

    No BrasiL historicamente, os corpos de bomheiros apresentam um vnculo muito forte com asOrganizaes Policiais Militares, quer seja por terem sido criados, em geraL como um de seus

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    rgos, como ainda, por terem sido integrados a elas em algum momento de suas histrias I Aexceo feita ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal que desde sua criao noano de 1856, como Corpo Provisrio de Bombeiros da Corte, sempre se constituiu em umaorganizao independente da Fora Policial.

    Com a transferncia da Capital Federal para Braslia, em 1960, e como conseqncia, a do seucorpo de bombeiros, foi criado, por fora de Lei, o Corpo de Bombeiros do Estado daGuanabara, constituindo-se, assim, na segunda Organizao Bombeiro Militar totalmenteindependente de uma Organizao Policial Militar. Posteriormente, no ano de 1974, com afuso do Estado da Guanabara com o do Rio de Janeiro, a Corporao 2 passou a denominar-seCorpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro3 .

    Nos demais estados brasileiros, a subordinao dos corpos de bombeiros s polcias militaressomente comeou a deixar de existir a partir da promulgao da Constituio Federal em1988. Nela, evidenciou-se de forma clara e inequvoca a autonomia dos corpos de bombeirosmilitares, como estabelece o dispositivo constitucional a seguir:

    I Muito da histria dos Servios de Extino de Incndios nos Estados da Federao encontra-se perdido. Osregistros encontrados foram atravs de trahalhos puhlicados pelos prprios corpos de homheiros ou porahnegados homheiros historiadores . De uma maneira geral, em sua grande maioria, os registros soapresentados atravs de artigos puhlicados em revistas informativas ou na hOll/epage oficial dos corpos dehomheiros. Dentre as puhlicaes encontradas no decorrer da pesquisa destacam-se: CBMES - DEMONER.Sonia Maria. Histria da Polcia Milif{[r do Esprito Santo: IR35-/985. Vitria: Departamento de ImprensaOficial. 1985: CBMPE - CA VALCANTL Carlos Be/erra. GlIerreiros da pa ;.. 3. ed. Recife: Ed. do Autor, 1998:CBMGO - SOUZA, Ciheli de. Histria da Polcia Militar de Gods. O Anhangllem. Goinia. ano L n I. jan.1999: CBMPA - MENEZES. Jos Pantoja de. O Corpo de BOlllbeiros Militar no Par: resenh{/ histriC [oBelm: Imprensa Oficial do Estado. 1998: MORAES REGO, Orlando L Martins de. Resenh 1 histrSrica doCorpo de Bombeiros Mlll/icip{/l. Belm: Imprcnsa Oficial do Estado. 1969: CBMMG - O CORPO deBomheiros em Minas Gerais: origem e evoluo. BOlllbeiros de Mil/ilS Gemis Belo Hori/onte. ano L n.l. p.6-Y.jul. 1988: CBMAM - CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO AMAZONAS. Histrico lon linel. 2002.Disponvel: http://www.camilla.com.hr/chmam/historico I.shtml Icapturado em 22 maio 20021.2 Denominao usual no trato e na referncia s organi/aes militares estaduais (polcias militares e corpos dehomheiros militares . O sentido ser mantido no estudo.1 A histria da criao do Servio de Extino de Incndio no Brasil e a do Corpo de Bomheiros Militar doEstado do Rio de Janeiro pode ser melhor conhecida atravs do trahalho Histrico do Corpo de Bombeirospuhlicado pela prpria Corporao no ano de 1991.

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    Art. 144. A segurana pblica, dever do Estado, direito eresponsabilidade de todos, exercida para a preservaelo da ordempblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio, atravs dosseguintes rgelos:

    . ..

    1 - policia federal;I - polcia rodoviria federal;11 - policia ferroviria federal;V - policias civis;

    V - policias militares e corpos de bombeiros militares.

    5 s policias militares cabem a polcia ostensiva e a preservao daordem pblica; aos corpos de bombeiros militares, alm dasatribuies definidas em lei, incumbe a execuo de atividades dedefesa civil. .j (destaques do autor)

    Tambm, por fora do texto constitucional brasileiro, as polcias militares e os corpos debombeiros militares so considerados Foras Auxiliares e Reservas do Exrcito,subordinando-se aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios .

    Com a autonomia claramente estabelecida na Constituio Federal alguns corpos debombeiros aproveitaram a promulgao das Constituies Estaduais de 1989 e inseriramdispositivo que consolidou a sua emancipao das polcias militares. Outras corporaesiniciaram os seus processos de emancipao no decorrer da ltima dcada, passando, tambm,a constiturem organizaes militares independentes com misses claramente definidas.

    -I Constituio da Rerhlica Federativa do Brasil IYXX Braslia. IY9Y:i * do Art. 144 da Constituio Federal. de 05 de outuhro de 19XX Emhora no Brasil no exista mais nenhumTerritrio. as menes feitas no estudo so em decorrncia dos textos dos disrositivos legais em vigncia.

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    Atualmente, somente oito Estados da Federao permanecem com os seus corpos debombeiros vinculados s polcias militares como rgos de execuo. So eles: Rio Grande doSul, Santa Catarina, Paran, So Paulo, Tocantins, Paraba, Piau e Bahia.

    Os corpos de bombeiros militares, portanto, so organizaes militares estaduais que tmcomo misso precpua a proteo contra incndios e salvamentos, alm de atendimentos acasos de calamidades pblicas e atividades de defesa civil, entre outras previstas em lei.

    O Quadro 1 permite uma visualizao cronolgica da data de emancipao dos corpos debombeiros militares e quais so suas misses.

    Quadro : Visualizao Cronolgica dos Corpos de Bombeiros MilitaresEmancipados das Polcias Militares

    Data deCorporao Emancipao

    CBMGO 05/10/1989

    CBMMS 05/1O/l989

    CBMPA 19/04/1990

    DispositivoLegal

    ConstituioEstadual

    ConstituioEstadual

    Decreton6.781

    MissesPreveno e extino de incndios; busca esalvamento de pessoas e bens; vistorias para fins dehabite-se e funcionamento; percias de incndio;

    atividades de defesa civil; atividades educativasrelacionadas com a defesa civil e preveno deincndio e pnico e anlise de projetos e inspeo deinstalaes preventivas contra incndio e pnico.

    xecuo de atividades de defesa civil: de prevenoe combate a incndios; de busca, de salvamento e desocorro pblico; alm das atribuies definidas emlei.Servio de preveno e extino de incndios. deproteo. busca e salvamento: socorro de emergncia:percia em local de incndio: proteo balncria porguarda-vidas: preveno de acidentes e incndios naorla martima e fluvial: proteo e preveno contraincndio florestal; atividades de defesa civil.inclusive planejamento e coordenao das mesmas eatividades tcnico-cientficas inerentes ao seu campode atuao.

    contlflua

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    Continuao do Quadro I: Visualizao Cronolgica dos Corpos de Bombeiros Militares Emancipados dasPolcias Militares.

    CBMCE 20/04/1990

    CBM C 19/12/1991

    CBM P 09/07/1992

    CBMM 15/07/1992

    CBM L 26/05/1993

    CBMPE 22/07/1994

    Lei 11.673

    Lei 1.013

    Lei025

    ConstituioEstadual

    EmendaConstitucional

    09

    EmendaConstitucional

    04

    Coordenao da defesa civil; preveno e combate aincndio; proteo busca e salvamento; socorromdico de emergncia pr-hospitalar; proteo esalvamento aquticos; pesquisas cientficas em seucampo de atuao funcional; controle da observnciados requisitos tcnicos contra incndios de projetosde edificaes antes de sua liberao ao uso eatividades educativas de preveno de incndiopnico coletivo e de proteo ao meio ambiente.Preveno e extino de incndios urbanos eflorestais; realizar servios de busca e salvamento depessoas animaiS bens e haveres; realizar vistoriasem edificaes; prestar socorro em casos deinundao desabamentos ou catstrofes sempre quehaja ameaas de destruio de haveres vtimas oupessoas em iminente perigo de vida; estudar analisarplanejar eXigir e fiscalizar todo o servio desegurana contra incndio no Estado: embargarinterditar obras serVios habitaes e locais dediverses pblicas que no ofeream condies desegurana de funcionamento; em caso de mobilizaodo Exrcito com ele cooperar nos servios de defesacivil mediante autorizao do Governo do Estado.Servio de preveno e extino de incndio deproteo busca e salvamento socorro de emergncia:percia em local de incndio; proteo balnerio porguarda-vidas; preveno de acidente e incndios naorla martima e tluvial; proteo e preveno contraincndio tlorestal; atividades de defesa civilinclusive planejamento e coordenao das mesmas;estudar analisar planejar exigir e fiscalizar todoservio de segurana contra incndio do Estado: eembargar. interditar obras servios. habitaes elocais de diverses pblicas que no ofereamcondies de segurana para funcionamento.Estabelecer e executar a poltica estadual de defesacivil articulado com o Sistema Nacional de DefesaCivil: estabelecer e executar as medidas de prevenoe combate a incndio.

    Atividades de preveno e extino de incndios: deproteo. busca e salvamento e de defesa civil almde outras estabelecidas em lei.

    Execuo das atividades da defesa civil. alm deoutras atri buies de i n idas em lei.

    continua

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    Continuao do Quadro I: Visualizao Cronolgica dos Corpos de Bomheiros Militares Emancipados dasPolcias Militares.

    0 .

    CBMMT 15/06/1994

    CBMES 25/08/1997

    CBMRO

    CBM M 26/l1l1998

    CBMMG 02/06/1999

    CBMSE . : 23/12/1999

    EmendaConstitucional

    09

    EmendaConsti tucional

    2

    EmendaConstitucional06

    EmendaConstitucional3

    EmendaConstitucional

    39

    Realizar servio de preveno e extino de incndio;executar servio de proteo, husca e salvamento;planejar coordenar, controlar e executar as atividadesde defesa civil do Estado, dentro de sua rea decompetncia no Sistema Estadual de Defesa Civil;estudar analisar exercer e fiscalizar todo o serviode segurana contra incndio e pnico no Estado;realizar socorros de urgncia; executar percias deincndios relacionados com sua competncia;realizar pesquisas cientficas em seu campo de ao;e desempenhar atividades educativas de preveno deincndio pnico coletivo e de proteo ao meioamhiente.Coordenaao e execuo de aes de defesa civil;preveno e comhate a incndios; percias deincndios e exploses em local de sinistros; husca esalvamento e elahorao de normas relativas segurana das pessoas e de seus hens contraincndios e pnico e outras previstas em lei.Coordenao, planejamento, execuo das atividadesde defesa civil; prevenir e extinguir incndiosurhanos e tlorestais; realizar servios de husca esalvamento, de pessoas, animais bens e haveres;realizar vistorias em edificaes; realizar percia deincndio: prestar socorros em casos de sinistrosdiversos; estudar analisar. planejar exigir e fiscalizartodo o servio de segurana contra incndio:emhargar e interditar ohras, serVios hahitaes elocais de diverses que no ofeream condies defuncionamento e emitir norma e laudos de exigncias.aprovao de medidas contra incndio; recrutamento.aperfeioamento e extenso profissional dehombeiros militares.Planejamento, coordenaao e execuo de atividadesde defesa civil; preveno e comhate a incndio.busca e salvamento; realizao de percias deincndio relacionadas com sua competncia e socorrode emergncia.Coordenao e execuo de aes de defesa civil:preveno e comhate a incndio; percia de incndio:husca e salvamento e estahelecimento de normasrelativas segurana de pessoas e de seus hens contraincndio ou qualquer tipo de catstrofe.Coordenao da defesa civil; preveno e comhate aincndios: proteo, husca e salvamentos: retirada etransporte de pessoas acometidas por trauma em viaphlica: socorro mdico de emergncia eatendimentos pr-hospitalar: pesquisas cientficas emseu campo de atuao funcional: controle deohservncia dos requisitos tcnicos contra incndio epnico em projetos de edificaes. antes de sualihera

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    Continuao do Quadro I: Visualizao Cronolgica dos Corpos de Bombeiros Militares Emancipados dasPolcias Militares.

    CBMRR 19/12/2001

    CBMRN 23/03/2002

    EmendaConstitucional

    LeiComplementar

    230

    Realizar servios de preveno e extino deincndios; realizar servios de busca e resgate depessoas corpos animais e bens; realizar servios desalvamento de pessoas e animais; realizar servios deatendimento pr-hospitalar; realizar servios deguarda-vidas em praias e balnerios pblicos; exercero poder de polcia na rea de sua competncia;realizar percia tcnica; agir em cooperao cominstituies similares em todo o territrio nacional;prestar assessoramento tcnico na rea de suacompetncia; atender s demandas policiais oujudicirias na investigao de responsabilidades poracidentes ou sinistros; planejar e coordenar asatividades de defesa civil e execut-Ias em conjuntocom as demais organizaes governamentais nogovernamentais e a sociedade civil; capacitar pessoaspara o enfrentamento de desastres sinistros eacidentes; exercer atividades que lhe forem delegadaspelo Governador do Estado; implantar e coordenarem parcena com os municpios servios debombeiros voluntrios municipais naqueles nocobertos pelo atendimento regular e rcalizaratividadcs educativas de preveno a incndios.pnico coletivo e proteo ao meio ambiente.Atuar na execuo das atividades de defesa civil:realizar os servios de preveno e combate aosincndios; participar atravs de rgosespecializados da defesa do meio ambiente. atuandocomo rgo estadual encarregado da guarda militardo patrimnio ambiental do Estado de modo a zelarpela preveno e combate a incndios tlorestais bemcomo pela fiscalizao efetiva quanto aoeumprimento da legislao ambiental no que dizrespeito preservao da fauna e da tlora; realizaratividades de resgate busca e salvamento; fiscalizaras atividades de segurana contra incndio e pnico:realizar atividades auxiliares de socorros de urgnciae atendimento de emergncia pr-hospitalar:desempenhar atividades educativas de defesa civil.preveno e combate a incndios. socorros deurgncia e proteo ao meio ambiente; realizarpereias de incndios e exploses; notificar isolar einterditar as obras habitaes servios. locais de usopblico e privado que no ofeream condies desegurana. devendo aplicar aos responsveisinfratores as renal idades previstas em lei: fiscalizaros servios de armazenamento e transrorlC derrodutos eSreClalS e perigosos. visando rroteodas ressoas do ratrimnio pblico e rrivado e domeio ambiente: fiscalil.ar. controlar e rrevenlr arrtica de atividades de esrorte e recreao aqutica.de excurses em florestas. matas e reas depreservao ambiental. bem como escaladas emontanhismo. onde exista fiS O integridade deressoas: e desenvolver pesqUIsa cientfica em seucampo de atuao funcional.

    Fonte Elaborado a rartIr das Inlormaes llisponlbilizadas pelos Corros de Bombeiros Militan:s.

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    Ao se emanciparem, as Organizaes Bombeiros Militares ganharam autonomia, missesdistintas s da polcia militar e, sobretudo, a oportunidade de promoverem amplas mudanas.Entretanto, por fora da legislao6 , elas mantiveram a organizao, estrutura e a rigidezpeculiar do modelo de suas Organizaes Policiais Militares de origem.

    Neste trabalho, as estratgias montadas pelos corpos de bombeiros para sensibilizar econseguir o apoio poltico necessrio aprovao dos dispositivos legais que possibilitaramsuas emancipaes, no sero abordadas. Contudo, esta etapa oferece possibilidades defuturos estudos e comparaes, pois cada corporao atuou em momentos e cenriosdiferenciados.

    Os corpos de bombeiros militares, apesar de terem mantido o modelo das polcias militares,vm, desde a aprovao dos dispositivos legais que garantiram suas emancipaes, buscandouma nova maneira de se estruturarem e organizarem. Todavia, nesta etapa algumas questesso tratadas de forma emprica e merc da vontade poltica.

    O processo de emancipao, de uma maneira geral e simplificado, encontra-se configuradonas duas etapas apresentadas. A I Etapa, representando as estratgias empregadas para aemancipao e a 2a Etapa, a fase de estruturao e organizao. A Figura 1 a seguir, ilustra deforma esquemtica as etapas do processo de emancipao dos corpos de bombeiros militares.

    , Deereto-Lei n 667. de 02 de julho de 1969. modificado pelo Decreto-Lei n 2.0 IO. de 12 de janeiro de lJX3.que reorganil:a as Polcias Militares e os Corpos de BOllloeiros Militares. dos Estados dos Territlrios e doDistrito Federal.

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    Processo de mancipao

    1 Etapa Etapa

    Polcias M fitares

    assado Presente

    Figura : Esquema Ilustrativo das Etapas do Processo de Emancipao dos Corpos deBombeiros Militares

    Assim, a pesquisa, tendo como pano de fundo os corpos de bombeiros militares emancipadosdas polcias militares, busca despertar o estudo do tema mudana organizacional nessasorganizaes. Com esta proposta, o processo de emancipao ganha uma nova etapa que oremete para aes futuras. Essa nova etapa encontra-se ilustrada na Figura 2 (p.lO).

    o tema mudana organizacional abordado em organizaes onde est presente a rigidezda estrutura militar e dos dispositivos legais. Pretende-se, dentre as vrias possibilidades deanlise que o tema proporciona, focar as questes estruturais dessas organizaes. A escolhado tema s justifica na medida em que se busca, atravs da investigao, analisar osparmetros norteadores do desenho organizacional dos corpos de bombeiros militares. Estaanlise objetiva verificar como esses parmetros se comportam na atual estrutura das

    corporaes.

    Desta forma, espera-se que a partir dos resultados da anlise dos parmetros norteadores, oscorpos de bombeiros militares possam evoluir para um novo desenho que proporcione uma

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    maIOr flexibilizao e autonomia nas tomadas de decises. Do estudo como um todoespera-se tambm uma reflexo por parte das corporaes e das autoridades constitudas arespeito da velocidade e amplitude de mudanas que ocorrem na sociedade contempornea.

    Processo de mancipaoEtapa 2 Etapa 3 Etapa

    Polcias Militares

    assado Presente Presente Futuro

    Figura : Esquema Ilustrativo das Etapas do Processo de Emancipao dos Corpos deBombeiros Militares com a Incluso da 33 Etapa

    Este trabalho objetiva ainda:

    a oferecer elementos de persuaso no processo poltico de emancipao doscorpos de bombeiros ainda vinculados s polcias militares; e

    b orientar na etapa de estruturao e organizao dos novos corpos debombeiros militares.

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    1.2 A Questo Central

    o tema mudana organizacional apresenta uma pluralidade de fatores e perspectivas deanlise 7. Entretanto, a pesquisa prope que se utilize apenas a perspectiva de anlise estruturalpara tratar a problemtica do estudo. Desta forma, apresenta-se a seguinte questo central:

    Como se comportam os parmetros norteadores do desenho organizacional dos Corpos deBombeiros Militares emancipados das Polcias Militares?

    1.3 Os Corpos de Bombeiros no Mundo Breve Panorama

    Este trabalho est centrado nos corpos de bombeiros brasileiros e em particular nosemancipados das polcias militares. Entretanto, faz-se necessrio categorizar os tipos debombeiros existentes no mundo para que se tenha uma distino clara da singularidade domodelo de organizao de bombeiros existente no Brasil.

    Parece bastante razovel a afirmativa de que a origem dos corpos de bombeiros, de umamaneira geral, esteja associada existncia de grandes incndios em algum perodo dahistria e necessidade do homem em preservar o seu patrimnio e a vida. Decerto que, emcada pas, os corpos de bombeiros possuem histria e evoluo prpria e por questesculturais podem estar presentes sob a forma de diferentes modelos.

    As perspectivas de anlise so apresentadas na seo 2.4 o Captulo 2 desta dissertao (p. 67).

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    No Brasil, conforme j apresentado na seo 1 1 deste captulo, tem-se por dispositivosconstitucionais a configurao militar para os corpos de bombeiros. Esta categoria aplica-setanto aos bombeiros integrantes das polcias militares, quanto aos bombeiros emancipados. Nacondio de emancipados, os corpos de bombeiros so organizados pelos Estados daFederao, constituindo-se m organizaes militares estaduais autnomas.

    Partindo-se da configurao dos corpos de bombeiros brasileiros e das observaes do autorcolhidas no dia-a-dia de seu exerccio profissional, m publicaes institucionais, na redemundial de computadores, seminrios de bombeiros e durante visitas realizadas aos corpos debombeiros de alguns pases, pretende-se, nesta seo, apresentar um breve panorama dasituao dos corpos de bombeiros no mundo.

    Evidentemente, a inteno no abordar todos os pases, o que alis, seria uma tarefa bastantecomplexa e que demandaria um tempo considervel de pesquisa, mas sim, apresentar, deforma resumida, como se configuram os corpos de bombeiros m alguns pases.

    Justifica-se, ainda, a opo de apresentar os modelos a partir das constataes do autor, pelaabsoluta falta de literatura que abranja de forma comparativa este assunto. Na realidade,encontram-se, apenas, publicaes institucionais de alguns corpos de bombeiros que abordamo regime jurdico e a forma de organizao, possibilitando desta maneira uma categorizao ecomparao.

    De uma forma geraL os corpos de bombeiros podem ser classificados em militares e civis. Naclassificao militar esto enquadradas, indistintamente, todas as categorias de militares.Foras Auxiliares Polcia Militar e Corpos de Bombeiros Militares) e Foras Armadas

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    (Marinha, Exrcito e Aeronutica)8. Na classificao civil, por sua vez, encontra-se umamaior categorizao, onde so apresentados os profissionais, voluntrios, mistos e policiais.

    Acredita-se que, a partir das categorias estabelecidas e representadas no Quadro 2, sejapossvel um entendimento mais amplo das configuraes de bombeiros no mundo. Ailustrao das categorias apresentadas ser aqui demonstrada atravs da realidade dos corposde bombeiros de pases como: Chile, Argentina, Frana, Portugal, Itlia, Estados Unidos,Alemanha e Japo.

    Quadro : Categorias dos Corpos de Bombeiros

    Corpos de Bombeiros

    Classificao Categoria Tipo de Organizao1 Organizaes Bombeiros Militares.

    Militar Militares* 2. rgos das Organizaes Policiais Militares.3. rGos das Foras Armadas (Marinha, Exrcitoe Aeronutica).Profissionais** 1 Organizaes Pblicas.2. Organizaes Privadas.

    Civil Voluntrios*** I. Entidades sem fins lucrativos.Mistos l Organizaes mistas, onde parte voluntria eparte profissional.Policiais' I. rgos das Polcias Federais.

    Nas categorias Militares e Policiais as o r g a n i z a ~ e s so rhlieas.** O termo Profissional aqui utiliJ:ado rara categorizar os Bomheiros Civis. o que no quer dizerque os Bomheiros Militares e Policiais no sejam rror,ssionais no verdadeiro sentido. Portanto.neste trahalho. os Corros de Bomheiros Profissionais referem-se a Bomheiros Civis.

    ** , Nos Corros de Bomheiros Voluntrios a no , C m u n c r a ~ o a caracterstica rrinciral. entretanto.ror questes oreracionais encontram-se Bomhe i ros Voluntrios remunerados nas f u n ~ e s demotoristas e atendentes de chamadas (telefonistas) nos centros de o r e r a ~ e s ror exemrlo.

    s As o r g n i z ~ e s militares e a sua hase institucional esto caracterizadas no Caritulo 2.

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    Antes de iniciar a abordagem dos pases citados faz-se necessrio mencionar que no Brasilalm da categoria militar atuam Bombeiros Voluntrios e Bombeiros Profissionais porm emuma escala pouco significativa no contexto da Segurana Pblica e da Defesa Civil.

    No Brasil os Corpos de Bombeiros Voluntrios esto presentes principalmente em algunsmunicpios da Regio Sul9 e do estado de So Paulo 10. Normalmente eles so entidades decunho civil sem fins lucrativos formados por vrios segmentos da comunidade. A forma deorganizao estrutura atuao comandamento e treinamento varia de acordo com o estatutode cada entidade. Os bombeiros voluntrios procuram complementar a atuao dos bombeirosmilitares ou at mesmo suprir a sua ausncia no municpio.

    A categoria de Bombeiros Profissionais encontrada em grandes indstrias. Os BombeirosProfissionais Privados e/ou Brigadas de Incndio tm sua atuao limitada planta daindstria. Entretanto a exemplo dos voluntrios acabam apoiando no seu entorno a atuaodos corpos de bombeiros militares ou assumindo as suas responsabilidades j que o estadoinvariavelmente no garante a segurana contra incndios na regio onde se localiza aindstria.

    A Sociedade Corpo de Bomheiros Voluntrios de 10inville mais antiga corporao do gnero no pas.Detalhes sohre a sua histria e organizao podem ser conhecidos atravs do livro Os voluntrios doimprevisvel. de autoria do historiador e jornalista Apolinrio Ternes ou pelo .I ite http://www.chvj.com.br. ASocicdade Civil do Corpo de Bomheiros Voluntrios de Estncia Vclha no Estado do Rio Grande do Sul podeser eitada como outro exemplo. Ver .I ite http://www.homheirosvoluntariosev.cjh.net.lO O Corpo de Bombeiros Yoluntrios de Itapetininga site http://www.chvi.com.hr e a Associao dosYoluntrios de Defesa Civil de So Sehastio (.I ite http://www.avdec.hpg.com.hr podem ser citados comoexemplos.

    Apcsar das empresas possurem funcionrios desempenhando o papel de homheiros. deve-se registrar que aprofisso hombeiro civil no regulamentada no Brasil. A grande maioria das empresas utilizam as Brigadas deIncndio que so grupos organizados de pessoas. voluntrias ou no. treinadas e capacitadas para atuar napreveno. ahandono de rea combate a princpio de incndio e prestar os primeiros socorros. dentro de umarea preestahelecida. Maiores detalhes sohre Brigadas de Incndio ver NBR 4276 da Associao Brasileira deNormas Tcnicas - ABNT c/ou normas tcnicas dos corpos de bombeiros militares que disciplinam a matria.

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    hile

    No Chile, os corpos de bombeiros so corporaes privadas autnomas com personalidadejurdica e estatutos prprios, onde os bombeiros so voluntrios. A exceo feita aosmotoristas e aos telefonistas atendentes dos centros de operaes) que so remunerados. mtodo o pas existem 292 corpos de bombeiros que atendem uma ou mais comunas menordiviso administrativa do Estado Chileno), estando todos vinculados Junta Nacional dosCorpos de Bombeiros do Chile. O financiamento para aquisio de materiais e funcionamentodos quartis oriundo do governo central, dos governos locais e do apoio direto dacomunidade que participa de campanhas de arrecadao em favor dos bombeiros voluntrios.

    Os Corpos de Bombeiros Voluntrios so formados por companhias e, dependendo doterritrio em que atuam, podem possUIr uma ou maIS em sua estrutura. Cada companhiapossui seu prprio quartel, pessoal e equipamentos e as linhas de autoridade dividem-se emadministrativa, a cargo de um Diretor, e operacional, a cargo de um Capito.

    Cabe ressaltar que os bombeiros chilenos no atuam nos servios de emergncias mdicas enas ocorrncias de defesa civil. Eles executam apenas os servios de combate a incndios,resgate envolvendo coliso de veculos, acidentes com produtos perigosos e acidentes queenvolvam colapso de estruturas e espaos confinados. As emergncias mdicas so atendidaspelo Servio de Sade do Estado e a defesa civil fica a cargo da Oficina Nacional paraDesastres.

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    rgentina

    Na Argentina so encontradas trs categorias de bombeiros: Os Bombeiros Policiais, osBombeiros Voluntrios e os Bombeiros Militares. Este ltimo um rgo integrante daArmada Argentina l que desenvolve, alm do combate a incndios na rea porturia, asoperaes de salvamento subaquticas.

    A Polcia Federal Argentina, instituio civil armada, atravs da Superintendncia Federal deBombeiros executa os servios de combate a incndios urbanos e florestais, combate aincndios em aerdromos, desarme de explosivos, investigao pericial de incndio, alm dasatividades de preveno contra incndio.

    Os Corpos de Bombeiros Voluntrios na Argentina so associaes autnomas compersonalidade jurdica de bem pblico e sem fins lucrativos. As Associaes de BombeirosVoluntrios esto vinculadas ao Estado Argentino atravs da Direccin Nacional de Polticasde Seguridad Proteccin ivil do Ministerio dei Interior e tm como misso a preveno eextino de incndio e a proteo de vidas e bens em decorrncia de sinistros de origemnatural, acidental ou intencional. Do contingente total dos bombeiros argentinos, osvoluntrios representam a grande maioria.

    Frana

    Os servIos de incnelio e l segurana na Frana voluntrios e profissionais) estoorganizados em trs nveis: O primeiro nvel se l nas Oll l l l l lmes municpios) atravs los

    Marinha de Guerra Argentina.

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    Centros de Primeira Interveno e Centros de Segurana. O segundo nvel ocorre nosdpartments (estados) atravs dos Servios Departamentais de Incndio e de Segurana. Oterceiro se d em nvel nacional pela Direo de Defesa e Segurana Civil subordinada aoMinistrio do Interior.

    Os bombeiros franceses ou Sapeurs-Pompiers como so conhecidos, distinguem-se entre civise militares. Os civis apresentam duas categorias: Os Sapeurs-Pompiers volontaires(voluntrios) e os Sapeurs-Pompiers profissio1l1zels (profissionais). Na primeira categoria, osSapeurs-Pompiers atuam nas misses de bombeiros, divididos entre suas atividadesprofissionais e familiares, sem qualquer remunerao. Os Sapeurs-Pompiers profissionnelsconstituem a base dos Servios Departamentais de Incndio e de Segurana de cada estadofrancs dpartments). Os Bombeiros Profissionais dispem tambm de um importanteServio de Sade, composto por mdicos, farmacuticos, veterinrios e bombeiros-enfermeiros.

    A categoria militar est presente atravs da Brigada de Sapeurs-Pompiers do Exrcito e doBatalho de Marins-Pompiers da Marinha. Estas unidades por razes histricas e tradio

    esto sediadas e atuam, respectivamente, nas cidades de Paris e Marseille. Nas misses desegurana civil participam ainda os militares das Unidades de Instruo e de Interveno daSegurana Civil. Estas unidades militares intervm, se necessrio, em complemento s forasde interveno local.

    Os Sopeurs-PolI/piers na Frana apresentam, em termos de contingente, a seguintedistribuio: voluntrios 83 ; profissionais 110/( ; militares 3 ; e servio de sade 30/( .13

    13 Dados extrados da pagina oficial dos SilficlIrs Polllpicrs na internet: http://www pompiersdefrance org[capturado em I I mar. 2002 I

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    Portugal

    Em Portugal, os corpos de bombeiros, esto divididos nas categorias voluntrios eprofissionais. As categorias v n m de acordo com a natureza das entidades que criam emantm os corpos de bombeiros. Existem ainda, corpos de bombeiros mistos, onde parte voluntria e parte profissional.

    Os corpos de bombeiros pela sua natureza jurdica apresentam-se em: i Corpos de BombeirosMunicipais - criados pelo municpio, constituindo-se em uma autarquia; ii CorposAssociativos de Bombeiros - criados e mantidos por associaes; tii Corpos de BombeirosPrivativos - criados e mantidos por empresas com a finalidade de assegurar o seu patrimnio;e iv) Corpos de Bombeiros Sapadores - mantidos pelo Estado Portugus e que apresentamuma organizao especial do tipo militarizado. Dos Corpos de Bombeiros, os Associativosvoluntrios) so os que possuem o maior nmero de Corporaes em todo o pas.

    Portugal possui um Servio Nacional de Bombeiros que tem por finalidade orientar,coordenar, fiscalizar e apoiar tcnica e financeiramente os servIos exercidos por todos oscorpos de bombeiros existentes no pas.

    tlia

    Na Itlia os homheiros esto organizados atravs do Corpo Nuzioflu e dei Vigili de FlIoco.Esta instituio nacional e suhordina-se ao ministrio do interior. Os bombeiros italianosbasicamente esto divididos nas seguintes categorias: i) Vioili Perl//afleflfi funcionrios civis...,do Estado Italiano profissionais): ii Vigili Vo oflfari bombeiros voluntrios que atuam nas

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    regies e cidades; iii) Vigili Ausiliari di Leva - jovens que prestam o servio militar no corpode bombeiros; e iv) Vigili Discontinui - cidados que possuem experincia em aes debombeiros e que so mobilizados nos casos de grandes calamidades nacionais ou emnecessidades especiais do departamento de bombeiros da sua Provncia.

    stados Unidos

    Nos Estados Unidos os bombeiros so encontrados basicamente em duas categorias:voluntrios e profissionais. m algumas cidades, no entanto, eles podem ser encontrados emuma forma mista de voluntrios e profissionais. De uma maneira geral as cidades maiorespossuem Corpos de Bombeiros Profissionais, onde os bombeiros so funcionrios civis domunicpio. Nas cidades menores os corpos de bombeiros so compostos por voluntrios oupela forma mista.

    As cidades normalmente fazem a escolha do tipo de corpo de bombeiros que necessitam outm condies de manter, uma vez que os recursos financeiros para a manuteno tm suaorigem nos impostos arrecadados pelo prprio municpio. Geralmente, a opo inicial recainos corpos de bombeiros voluntrios, entretanto, quando as cidades crescem muito ou tmmuitos incndios com grande perda de propriedades e vidas, a presso local para que sejamcriados os bombeiros profissionais.

    Os corpos de bombeiros so organizados por cidades, sendo responsveis pelo combate aincndios e salvamentos nos seus limites. Nos Estados Unidos no existe um rgo estadualou federal para coordenao ou controle dos corpos de bombeiros. Os Estados possuemrgos como a Divisiofl d Fire Sq/e v Diviso de Segurana de Incndio) que so

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    responsveis pela criao e fiscalizao do cdigo de segurana contra incndio eespecificao do tipo de material a ser usado pelos bombeiros em nvel estadual. Estes rgosno se envolvem no combate a incndios e salvamentos.

    As questes afetas defesa civil so coordenadas pela mergency Management OfficeAgncia de Administrao de Emergncia). Esta agncia est presente no nvel municipal,

    estadual e federal e tem a responsabilidade de coordenar todos os rgos envolvidos nos casosde emergncia e calamidades bombeiros, polcia, ambulncias, controle de substncia txica,etc.). A coordenao se d primeiramente nos rgos do municpio e vai sendo transferida medida que rgos estaduais e federal so envolvidos.

    lemanha

    Na Alemanha obrigatrio que toda cidade tenha o seu corpo de bombeiros. Para cidadescom at 100.000 habitantes os bombeiros so voluntrios, j para as cidades com mais de100.000 habitantes os bombeiros so profissionais, remunerados pelo municpio.

    Os bombeiros - feuerwehr - na Alemanha so formados por um contigente de 1.100.000voluntrios e 25.500 profissionais. Osfeuenvehr esto distribudos em 28.400 Departamentosde Bombeiros Voluntrios e 98 Departamentos de Bombeiros Profissionais .

    1 1 Os dados foram ohtidos na palestra do SI . Peer Rechemhach do Corpos de Bomheiros de Hamhurgo proferidano V Seminrio Nacional de Bomheiros. realit.ado no ms de agosto de 2 2 na Cidade de So Paulo.

    t118L10TECA MAP10 HENr :CUE SIMO:. J ~ l tfUNDAAU GETULIO VARG.J\S-

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    apo

    Os corpos de bombeiros no Japo so municipais e seus integrantes funcionrios CIVIS. Osbombeiros recebem uma formao tipo militarizada em academias mantidas pelo prpriomunicpio. Em todo o pas, apesar de serem civis, os bombeiros utilizam o mesmo padro deuniforme e apresentam rituais tpicos de militares, como por exemplo a saudao mediantecontinncia.

    Os Corpos de Bombeiros Municipais dentro da sua rea de atuao, realizam atividades decombate a incndios, preveno de incndios, percia de incndios, resgate, emergnciasmdicas e defesa civil. Nacionalmente os corpos de bombeiros so coordenados pela Agnciade Defesa Contra Incndios Fire efense Agency), mesmo no sendo a ela subordinados.

    No Japo no existem Corpos de Bombeiros Voluntrios, entretanto, em virtude da histria degrandes catstrofes no pas, o voluntariado est muito presente e forte. Desta forma, quandoos sinistros fogem da normalidade, as empresas cedem funcionrios voluntrios para reforaras equipes. Os voluntrios constituem grupos organizados e uniformizados que atuam juntoaos corpos de bombeiros.

    O Quadro 3 procura sintetizar as categorias de bombeiros existentes nos pases abordados edestacar aquela que predominante . Deve-se ressaltar que as empresas nos diversos pasespossuem bombeiros profissionais ou brigadas de incndio, entretanto, com exceo feita aoBrasil e Portugal, no foram referenciados nesta seo.

    Como forma de auxi I ar a husca de maiores informaes, apresenta se no nexo desta dissertao. oendereo eletrnico de diversos Corpos de Bomheiros no Brasil e no mundo.

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    Quadro : Categoria Predominante de Bombeiros

    Pases Categoria de Bombeiros CategoriaPredominanteBrasil Militar Voluntrio Profissional privado Militar

    Chile Voluntrio VoluntrioArgentina Militar Policial Voluntrio VoluntrioFrana Militar Voluntrio Profissional pblico VoluntrioPortugal Profissional Voluntrio Misto Profissional Voluntrioprivado pblicoItlia Profissional Voluntrio VoluntrioAlemanha Voluntrio Profissional pblico VoluntrioJapo Profissional pblico ProfissionalEstados Voluntrio Misto Profissional pblico VoluntrioUnidos

    Deste breve panorama e da anlise das categorias existentes nos pases abordados observa-seno Brasil a predominncia de uma configurao nica e singular. Outra observao recai na

    organizao em nvel nacional que recebem os corpos de bombeiros nos demais pasesmesmo que eles sejam autnomos e independentes.

    No Brasil os corpos de bombeiros so estaduais e atuam segundo as polticas locais noexistindo um rgo superior que integre procedimentos linguagem e doutrina operacional 6

    das atividades de bombeiros. A exceo feita em virtude da Poltica Nacional de DefesaCivil estabelecida pela Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministrio da IntegraoNacional coordenao das atividades de defesa civil. No campo organizacional deve-sedestacar que os corpos de bombeiros em decorrncia da condio de militares esto sujeitosa algumas normas do Exrcito Brasileiro.

    1 , Algumas questes tm sido levantadas e diseutidas pelo Conselho Naeional dos Comandantes Gerais dasPolcias Militares e Corpos de Bomheiros Militares - CNCG PM/CBM Entretanto. o CNCG PM/CBM eomouma entidade representativa dos interesses eomuns das polcias militares e eorpos de homheiros militares notem essa finalidade. Maiores detalhes ver site http://www eneg org hr

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    a anlise das categorias, pode-se concluir que a configurao militar adotada no Brasilconstitui-se em uma forma muito prpria da cultura e da histria brasileira, onde ovoluntariado no se faz presente. Os Corpos de Bombeiros Civis, principalmente osvoluntrios, so muito poucos e limitam-se a cidades de colonizao europia na Regio Suldo pas e alguns municpios do estado de So Paulo.

    Dentro da categoria militar dos corpos de bombeiros brasileiros, o presente estudo abordaaqueles que se encontram emancipados das polcias militares e, portanto, constituem-seOrganizaes Bombeiros Militares autnomas. Assim, diante dessa categorizao, oentendimento destas organizaes, em seus aspectos administrativos, torna-se fundamentalpara a soluo da questo central.

    1 4 As Dimenses da Anlise

    o modelo das Organizaes Bombeiros Militares no Brasil est definido nas ConstituiesFederal e Estaduais, alm de outros dispositivos infraconstitucionais. Este fato, por si s,apresenta-se como um grande limitador na proposio de qualquer tipo de mudana, uma vezque seriam necessrios vrios tipos de acordos, vontade poltica e, principalmente, interessedas organizaes em mudar o st [tllS qllO.

    A modificao da estrutura do sistema de segurana pblica prevista na Constituio Federal,do qual fazem parte os corpos de bombeiros militares, vem sendo discutida h muito tempo,principalmente, nos aspectos da desmilitarizao das polcias militares e na sua unificaocom as Polcias Civis. Atualmente, aps inmeras Propostas de Emenda Constituio -

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    PEC, a Comisso Mista de Segurana Pblica, que teve como Relator o Deputado MoroniTorgan (PFL-CE), aprovou uma PEC, ainda sem numerao, que consolida as matriasreferentes ao assunto e em especial a PEC n 151/1995 17 .

    Com relao s Organizaes Bombeiros Militares, a PEC em discusso na Cmara dosDeputados define os corpos de bombeiros como rgos civis dos Estados e do Distrito Federalsubordinados aos governadores atravs das Secretarias de Segurana.

    A Proposta de Emenda Constituio que ora tramita no Congresso Nacional foi consideradacomo fonte auxiliar de pesquisa, visto que se trata de um assunto controverso e polmico, compossibilidade de alteraes, ou at mesmo de sua no aprovao. Para a sua aprovao a PECdever ser votada em dois turnos na Cmara e dois turnos no Senado, com um quorumnimo de 3/5 dos votos dos respectivos membros. Caso ela seja aprovada, a EmendaConstitucional correspondente no ter aplicao imediata, pois em suas disposiesconstitucionais transitrias foi estabelecido o prazo de oito anos para a completaimplementao na nova estrutura da segurana pblica nos Estados e no Distrito Federal.

    Acredita-se, caso sejam realmente aprovadas as modificaes na Constituio Federal, queesta pesquisa no perder sua validade ou importncia, visto que o prazo para consolid-lasser de oito anos a partir da promulgao. Durante esse prazo, as concluses dessainvestigao podero ser teis na discusso dos aspectos pertinentes ao desenhoorganizacional dos novos corpos de homheiros. Assim, mesmo ciente e atenta s questes

    7 A consulta da tramitao da PEC n 151/1995 na Cmara dos Deputados pode ser realizada atravs doendereo eletrnico: http://www camara gov brlinternet/sileg/Prop_Detalhe asp?id= 14464.

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    discutidas no Congresso Nacional, a pesquisa concentrou-se em questes da realidade atualdos corpos de bombeiros militares e dos governos estaduais.

    A questo da desmilitarizao dos corpos de bombeiros no foi abordada nesta investigao.Esta uma questo polmica e que necessita de um tratamento mais aprofundado dosaspectos histricos, culturais e da origem destas organizaes no Brasil.

    Diante destes fatos e dentre as vrias perspectivas de anlise que envolvem a mudanaorganizacional, optou-se pela perspectiva de anlise estrutural, ou seja, foram tomados comofoco de interveno apenas os parmetros norteadores do desenho organizacional.

    1 5 Problematizando a Questo Central

    Abordar um assunto que envolva organizaes militares, de qualquer tipo, no tarefa fcil,embora tenham as organizaes militares ao longo do tempo influenciado enormemente odesenvolvimento das teorias da administrao (Chiavenato, 1993 . Como exemplo dasprincipais influncias ou contribuies das organizaes militares para a Administrao,apresentam-se:

    a a organizao linear:b o princpio da unidade de comando:c a escala hierrquica:d a centralizao do comando e a descentralizao da execuo;e o conceito de hierarquia:f a criao do estado-maior (staff ou assessoria); eg o princpio de direo.

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    Entretanto, para entendimento da conjuntura em que o tema estudado, adotou-se a premissade que os corpos de bombeiros, que se emanciparam das polcias militares a partir daspromulgaes das Constituies Estaduais de 1989, no consideraram em sua plenitude asevolues, avanos e teorias desenvolvidas na Administrao e as influncias oucontribuies que elas poderiam exercer nas organizaes militares, de forma a torn-las maisflexveis e prximas da sociedade.

    A premissa levantada, reforada pela rigidez da estrutura militar, especificidade dasOrganizaes Bombeiros Militares e rigor de uma Legislao Federal 8 que limita a adoo detransformaes, pode explicar em parte a inrcia das corporaes em relao ao temamudana organizacional .

    Aliado aos aspectos abordados anteriormente, deve-se considerar que a luta diria travadapelas corporaes para se estruturarem e funcionarem demandou uma grande concentraode esforos por parte de seus integrantes, principalmente os oficiais de Estado-Maior. Estefato, de certa forma, tambm pode ser encarado como um obstculo busca de novas formasde estrutura e organizao, pois, no momento de transio, manter um modelo conhecido edominante era bastante conveniente, j que no seriam necessrias alteraes substanciais nomodus operal li das corporaes.

    Aps a consolidao dos processos de emancipao, as novas corporaes precisamdespertar para as inovaes tecnolgicas e as transformaes sociais que dominam asociedade contempornea.

    S Decreto-Lei n 667. de 02 dcjulho de 1969. modificado pelo Decreto-Lei n 2.010. de 2 de janeiro de 1983.

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    Questes como modernizao, eficincia e qualidade devem entrar na pauta do quotidiano doscorpos de bombeiros militares, pois as presses comunitrias, por mais e melhores servios,podem comear a levantar questionamentos quanto sua legitimidade institucional.

    Desta forma, os corpos de bombeiros militares emancipados das polcias militares, a exemplode todas as organizaes, pblicas ou privadas, militares ou no, devem se preparar ou atmesmo se antecipar s mudanas, pois na atual sociedade elas aparecem no s comoinevitveis mas tambm como necessrias sobrevivncia.

    o tema mudana organizacional ser introduzido nas Organizaes Bombeiros Militares deforma que, dentro da sua pluralidade de fatores, possa se utilizar dos relacionados estruturaorganizacional e a partir deles despertar a necessidade de estudos mais completos eabrangentes sobre o tema.

    Assim, utilizando a perspectiva de anlise estrutural, pretende-se, a partir da anlise dosparmetros norteadores do desenho organizacional dos corpos de bombeiros militaresemancipados das polcias militares, oferecer subsdios para um novo desenho quepossibilite uma maior t1exibilizao e autonomia na tomada de decises dentro dascorporaes e, com ISSO, proporcionar uma melhoria na qualidade de atendimento sdemandas dos cidados.

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    1.6 Definio de Termos

    Atividades fim - So aquelas que constituem o conjunto de esforos de execuo, visandorealizar os fins a que se prope a Corporao.

    Atividades meio - So aquelas que constituem o conjunto de esforos, quer de estudo, querde execuo, como objetivo de apoiar ou facilitar a realizao dos fins d Corporao.

    Escala Hierrquica - Fixao ordenada dos postos e graduaes existentes nas PolciasMilitares e Corpos de Bombeiros Militares.

    Estado Maior Geral - rgo de ssesson de um comando militar. Nas OrganizaesPoliciais Militares ou Bombeiros Militares, o rgo de direo responsvel perante ocomandante-geral pelo: estudo, planejamento, coordenao, fiscalizao e controle de todas asatividades da Corporao. , ainda, o rgo central do sistema de planejamentoadministrativo, programao e oramento.

    Graduao - Grau hierrquico da praa.

    Guarnio de Servio - Efetivo que guarnece as viaturas de socorro existentes nos corpos debombeiros militares durante um turno de servio.

    Organizao Bombeiro Militar - Organizao militar estadual Corpo de BombeirosMilitar), organizada com base na hierarquia e disciplina, que tem como misso precpua aproteo contra incndios e salvamentos, alm de atendimento a casos de calamidadespblicas e a atividade de defesa civil, entre outras, como estabelecem os dispositivosconstitucionais.

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    Organizao Policial ilitar - Organizao militar estadual Polcia Militar), organizadacom base na hierarquia e disciplina, que tem a misso exclusiva de policiamento ostensivo epreservao da ordem pblica.

    Posto - Grau hierrquico do oficial.

    Quadro de Organizao - Quadro demonstrativo do efetivo e das atribuies do pessoal deuma determinada organizao militar.

    Sinistro - Ocorrncia de prejuzo ou dano, causado por incndio ou acidente, exploso, etc.

    Viatura de Socorro - Viatura guarnecida por bombeiros militares e equipada comequipamentos e materiais destinados s diversas misses dos Corpos de Bombeiros Militares.

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    2REFERENCI L TERI O

    a teoria que decide aquilo quepodemos observar.Albert Einstein

    A literatura encontrada sobre as Organizaes Bombeiros Militares est centrada em quasesua totalidade em questes tcnicas e profissionais tais como: preveno de incndioscombate a incndios salvamentos primeiros socorros entre outras.

    O fato que existe uma escassez nas referncias bibliogrficas no que concerne as questespertinentes vida administrativa destas organizaes. As poucas existentes so frutos detrabalhos monogrficos produzidos nos cursos de aperfeioamento de oficiais 19 mas queacabam no contribuindo para a evoluo e modernizao administrativa das corporaespois com rarssimas excees so tratadas apenas como trabalhos de concluso de curso comreduzida contribuio real.

    9 Os cursos de aperfeioamento so hasicamente dois ao longo da carreira do oficial bomheiro militar. Oprimeiro o Curso de Aperfeioamento de Oficiais CAO) realizado por capites e que possihilita ) aceso aoposto de major. O segundo o Curso Superior de Bomheiros Militares CSBM) realizado por majores etenentes-coronis e que hahilita o acesso ao posto de coronel. Estes Cursos so oferecidos tradicionalmente.pelo CBMDF e CBMERJ j que eram as nicas Corporaes emancipadas das Polcias Militares. Entretanto.atualmente. outras Corporaes como forma de atender as suas necessidades esto oferecendo estes Cursos.citam-se por exemplo o CBMES e o CBMMG.

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    o conservadorismo das corporaes em no acompanhar as transformaes que estoocorrendo na sociedade contempornea, provavelmente, uma das causas do noaproveitamento dos trabalhos produzidos pelos seus prprios integrantes.

    A proposta de abordar os corpos de bombeiros militares emancipados das polcias militares apartir do campo administrativo foi uma deciso tomada om o objetivo de traar um retrato dasituao atual e identificar as possibilidades de mudana em suas estruturas que permitamuma maior flexibilizao e autonomia nas tomadas de decises.

    Neste captulo, a despeito da lacuna existente na ongem das referncias sobre o temamudana organizacional aplicado s organizaes militares, busca-se encontrar pontos que

    permitam uma anlise pioneira e ao mesmo tempo despertem o estudo e a aplicao do temanas Organizaes Bombeiros Militares. Espera-se, tambm, que outros pesquisadores seinteressem pelo estudo dessas importantes organizaes.

    Para tanto, o captulo apresenta na seo 2.1, consideraes iniciais sobre as organizaes. Naseo 2.2, caracteriza as organizaes militares com base nas teorias administrativas e emseguida, contextualiza os nveis hierrquicos, a forma de organizao e a base institucionaldas Organizaes Bombeiros Militares no Brasil, tomando como referencial os principaisdispositivos legais aplicados a elas. Na seo 2.3, o tema mudana organizacional apresentado e conceituado; na seqncia, a seo 2.4, aborda as vrias perspectivas de anlisedo tema. Por fim, a seo 2.5, fundamenta a estrutura organizacional e busca identificar umabase conceitual que permita a anlise dos parmetros norte adores do desenhoorganizacional dos corpos de bombeiros militares emancipados das polcias militares.

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    2 1 As Organizaes

    A humanidade, ao longo de sua existncia, encontra-se, de uma forma ou de outra,intimamente ligada s organizaes, na medida em que as pessoas nascem em organizaes(hospitais), so registradas em organizaes (cartrios), so educadas em organizaes(escolas, universidades), so protegidas por organizaes (polcias, corpos de bombeiros),divertem-se em organizaes (clubes), trabalham em organizaes e ao morrerem necessitamde um atestado emitido por uma organizao. Na verdade, as organizaes so to comunsna vida do homem contemporneo que ele j as tem como certas, e, s vezes, nem percebeque existem, apesar de utilizar seus produtos e/ou servios (Moraes, 2000:39).

    A partir destas constataes e como forma de estabelecer um conceito amplo e abrangente quepossa se aplicar a toda e qualquer forma de organizao, adota-se nesta pesquisa a definioapresentada por Moraes (2000:39):

    Organizaes s lo institui()es sociais cuja aelo desenvolvida por seusmembros dirigida por o / ~ j e t i v o s sendo projetadas como sistemas deatividades e autoridmle, deliberadamente estruturadas e coordenadas,atuando deform interati\ ([ com o ambiente que as cerc(/.

    A definio adotada, se as organizaes forem encaradas de forma esttica, relativamentesimples. Entretanto, na prtica, elas revelam-se mais complexas, dinmicas e cheias devariveis em seu universo. Como so constitudas por grupos de pessoas, no se tem dvidasde que a complexidade est fortemente relacionada ao intrincado sistema de comunicao einter-relacionamento nele existentes. Neste sentido, Argyris (1975:23-24) observa que:

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    . .. ) Organizaes s lo sistemas extremamente complexos. Quandoobservadas atentamente elas se revelam compostas de atividadeshumanas em diversos tipos de anlise. Personalidades pequenosgrupos normas valores atitudes tudo isto existe sob um padreloextremamente complexo e multifuncional. A complexidade s vezesparece ultrapassar a compreenselo.

    Ainda, om base na definio adotada nesta pesquisa, observa-se que as organizaesnecessitam estar estruturadas de alguma maneira para alcanar os objetivos que forempredeterminados. neste ponto que se concentra, dentro do desenvolvimento do estudo, aabordagem central sobre as organizaes. De forma preliminar e introdutria, estruturaorganizacional aqui definida e apresentada na viso de Mintzberg 1995: 10 . Para ele:

    Toda atividade humana organizada . .. ) d origem a duas exignciasfundamentais e opostas: a diviso do trabalho em vrias tarefas aserem executadas e a coordenao dessas tarefas para obter resultados.A estrutura de uma organizao pode ser simplesmente definida comoa soma total das maneiras pelas quais o trabalho dividido em tarefasdistintas e como feita a coordenao entre essas tarefas. 2

    Evidentemente que, no sistema complexo que se constituem as organizaes, ao se analisar asua estrutura formal, no se podem deixar de lado questes omo o comportamento daliderana, as relaes informais, a distribuio do poder e o impacto do ambiente Nadler,200 I). Estas questes para o autor esto inseridas na definio apresentada por Mintzberg1995) sobre estrutura organizacional e portanto, sero consideradas na perspectiva de anlise

    em que se baseia o presente trabalho.

    2 Destaque de Mintzoerg J 995).

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    Aps estas breves consideraes sobre as organizaes, a apresentao de uma definio gerale o aspecto central que a pesquisa focar sobre elas, apresenta-se, na seo seguinte, acaracterizao de um tipo em particular, que so as Organizaes Militares, para, em seguida,analisar especificamente s Organizaes Bombeiros Militares.

    2 2 Organizaes Militares2 2 1 Consideraes Tericas

    Com o propsito de apresentar uma caracterizao das organizaes militares, dentro dasteorias administrativas, recorre-se a autores como Weber 1979), Koontz 1995), Morgan1996), Motta 1981), entre outros, e a caractersticas especficas de algumas teorias, em

    particular das Teorias da Burocracia e Clssica da Administrao.

    A caracterizao ser til para o entendimento da formao e das peculiaridades dessasorganizaes, bem como para a identificao das possibilidades e dificuldades deimplementao de mudanas.

    Assim, na busca do entendimento das organizaes militares, inicialmente, lana-se mo dasformas com que Morgan 1996) interpreta as organizaes. Morgan utiliza metforas e ascompara com imagens que permitem ver as organizaes como mquinas, organismos vivos,crebros, culturas, sistemas polticos, prises psquicas, fluxos e transformaes einstrumentos de dominao. Estas metforas ou imagens permitem uma reflexo sobre aevoluo das teorias organizacionais2

    2 Ver MORGAN Gareth. III/ugens da orguni::.u /o. So Paulo: Atlas. 1996.

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    As organizaes militares so organizaes burocrticas22 e como tais, para Morgan, soplanejadas e operadas como se fossem mquinas metfora d mquina).

    Embora a imagem possa no ser explcita, fala-se de um conjunto derelaes mecnicas. Fala-se de organizaes como se fossem mquinase consequentemente, existe uma tendncia em esperar que operemcomo mquinas: de maneira rotinizada, eficiente, confivel e previsvelMargem, 1996:24).

    Morgan 1996) observa que o modelo de organizao militar, pelo menos desde a poca deFrederico, o Grande, da Prssia, surgiu como prottipo da organizao mecanicista.Frederico, que reinou de 1740 a 1786, recebeu um exrcito, quase que na sua totalidade,composto de criminosos, mendigos e mercenrios. Para organiz-lo, utilizou o modelo dasLegies Romanas e das armadas europias do sculo XVI e introduziu inovaes prprias,muitas delas inspiradas pelas invenes mecnicas da poca. Dentre as reformas esto:

    a uso de graduaes e uniformes;b ampliao e padronizao de regulamentos;c aumento da especializao das tarefas;d utilizao de equipamentos padronizados;e criao de uma linguagem de comando; ef adoo de um treinamento sistemtico envolvendo exerccios de guerra e

    disciplina.

    22 Essa firm tiv e as c r cter stic s uess s organiza ,,:es sero rrofund d s um rouco mais auiante.

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    Paralelo s reformas introduzidas, Frederico estabeleceu o princpio de que os oficiaisdeveriam ser mais temidos do que o prprio inimigo, para que o comando e a operaofossem respeitados de forma absoluta e incontestvel. Para aumentar a eficincia do exrcito,distinguiu as funes de orientao (estado-maior ou staf ) e comando (execuo ou linha).

    A tentativa de Frederico era transformar o exrcito em um mecanismoeficiente que funcionasse p r meio de peas padronizadas. Osprocedimentos em treinamento permitiam que essas partes fossemforjadas de toda e qualquer matria-prima, facilitando que as mesmasfossem substitudas quando necessrio, qualidade essencial para asoperaes em tempo de guerra (Morgan, 1996:25).

    Essa viso mecanicista e as idias e prticas aprendidas do militarismo ganharam um enormeimpulso nas organizaes durante o sculo XIX, em virtude do desenvolvimento detecnologias (mquinas). Tecnologias essas que contriburam tanto para a mecanizao dopensamento quanto da ao dos indivduos.

    No incio do sculo XX, o socilogo alemo Max Weber 3 observou os paralelos entre amecanizao da indstria e a proliferao de formas burocrticas de organizao (Morgan,1996:26). Em suas concluses, Weber estabelece, que as formas burocrticas rotinizam osprocessos de administrao exatamente como mquinas rotinizam a produo.

    Weber (1979) caracteriza a burocracia como uma forma de organizao que enfatiza apreciso, a clareza, a regularidade, a confiabilidade e a eficincia e que para se atingir estascaractersticas necessrio diviso de tarefas fixas, superviso hierrquica, regras detalhadase regulamentos.

    cl Ver WEBER Max. Ellsaios de sociologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Zanar, 1l)79.

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    Observando-se os princpios que regem as organizaes militares, como por exemplo: aorganizao ligada por normas escritas; a organizao dos cargos atravs de nveishierrquicos; a sistemtica diviso do trabalho; e a fixao de normas para regular odesempenho de cada cargo; nota-se que eles se relacionam perfeitamente s teoriasformuladas por Weber (Moraes Barros e Soares, 1996).

    As organizaes militares apresentam uma nfase muito forte na estrutura, o que tambm,uma caracterstica marcante da Teoria da Burocracia 4 A estrutura burocrtica salienta ocontrole e a previsibilidade das funes especficas nas organizaes. Esta estrutura altamenteformalizada, especializada, centralizada e dependente dos processos de trabalho torna-seadequada para atingir a eficincia do trabalho/produo e, consequentemente, da prpriaorganizao.

    Devido ao seu carter formal, as organizaes burocrticas, permitem uma malOrprevisibilidade do comportamento de seus integrantes e esta caracterstica que assegura asua eficincia . Entretanto, muitas vezes, as previses falham totalmente e as organizaestendem ineficincia e desorganizao (Motta, 1981).

    Ocorrem ento as di.\ji/f/aes , os efeitos m/o previstos nem desejadosda hurocracia, que decorrem geralmente do excesso de hurocratizao,do formalismo exagerado, da impessoalidade, que termina por deixarde ver em cada fimciO/zrio, em cada operrio, uma pessoa, um serhumano llico (Motta, /9R/:5/ .

    2 1 As organiza

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    As anomalias e imperfeies do funcionamento da burocracia foram chamadas por Robert KMerton25 de disfunes . Algumas delas, como a resistncia a mudana; o excesso deformalismo e 'papelada'; internalizao das regras; apego exagerado aos regulamentos; edificuldade de atendimento a clientes, so, ainda, fortemente observadas nas organizaesmilitares.

    Para Moraes Barros e Soares (1996) as disfunes tiveram campo frtil no meio militar,favorecidas pelo princpio da hierarquia e disciplina cultivados ao extremo, tornando-sefatores de emperramento da mquina administrativa das organizaes militares.

    As organizaes militares contriburam para, e tambm incorporaram ao longo do tempo, ascaractersticas da Teoria Clssica da Administrao. Esta Teoria tem seus princpios geraisbaseados em uma combinao de princpios de engenharia e militares, onde muitos dos quaisforam utilizados por Frederico, o Grande, e outros especialistas militares para transformar osexrcitos em 'mquinas militares' ( .. ) (Morgan, 1996:28). O quadro a seguir sintetiza algunsdestes princpios:

    Quadro : Princpios Gerais da Teoria Clssica da Administrao

    Princpio EntendimentoUnidade de Comando Um empregado s deve reeeber ordens de um nico superior.

    A autoridade caminha do topo para a base da organiza'.;o.Hierarquia Forma-se uma cadeia que deve ser usada como canal decomunicao e tomada de deciso.

    Amplitude de controle O nmero de pessoas que se reportam a um superior no devecriar problemas de comunica'.;o e coordena'.;o.Assessoria e linha Os assessores podem ser importantes na orienta'.;o. mas nodevem violar a linha de autoridade.

    continua

    25 Ver Robert K. Merton. E.\tmtllm JlIf"(icrtic({ e perso//({lid({de, in ETZIONI Amitai. Orgil//i;: ili)es cO/llp/e.ws.So Paulo: Atlas, 1973.

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    contmuaao o ua ro nnClplos G d T Cl d Ad . .erms a eona asslca a Intnlstraao.Iniciativa Deve ser encora jada em todos os nveis da organizaao.

    O grau de especializao deve ser almejado de forma que osDiviso do trabalho objetivos da organizao sejam alcanados de maneIraeficiente.Fundamenta o direito de emitir ordens e o poder de ser

    Autoridade e responsabilidade obedecido. ada a responsabilidade por um trabalho a algum,tem que se dar, tambm, a autoridade para que execute talresponsabilidade.

    Centralizao da autoridade Presente at certo ponto, mas deve vanar para permitir amxima utilizao das capacidades das pessoas.Obedincia, empenho, energia, comportamento e atitudes deDisciplina respeito. Ela deve ser adaptada aos regulamentos e hbitosdas organizaes.

    Subordinao dos interesses individuais Atingida atravs de firmeza, exemplos, acordos justos eaos interesses gerais constante superviso. O interesse de um funcionrio ou grupono deve prevalecer sobre o da organizao.Eqidade Baseia-se na amabilidade e justia para encorajar o pessoalnas suas responsabilidades; remunerao justa.Estabilidade e manuteno do pessoal Facilita o desenvolvimento das habilidades. Quanto maIstempo uma pessoa permanecer num cargo melhor ser.Esprito de unio es