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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica – PPGG TESE DE DOUTORADO CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA-GEOFÍSICA DO MEIO AQÜÍFERO FISSURAL: UMA CONTRIBUIÇÃO AOS MODELOS DE FLUXO E ARMAZENAMENTO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA Autor: Carlos César Nascimento da Silva Orientador: Prof. Dr. Walter Eugênio de Medeiros Co-orientador: Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá Tese n° 07 / PPGG Natal/RN, junho de 2004.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRNCentro de Ciências Exatas e da Terra – CCETPrograma de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica – PPGG

TESE DE DOUTORADO

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA-GEOFÍSICA DO MEIO

AQÜÍFERO FISSURAL: UMA CONTRIBUIÇÃO AOS

MODELOS DE FLUXO E ARMAZENAMENTO

DE ÁGUA SUBTERRÂNEA

Autor:Carlos César Nascimento da Silva

Orientador:Prof. Dr. Walter Eugênio de Medeiros

Co-orientador:Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá

Tese n° 07 / PPGG

Natal/RN, junho de 2004.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRNCentro de Ciências Exatas e da Terra – CCETPrograma de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica – PPGG

TESE DE DOUTORADO

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA-GEOFÍSICA DO MEIO

AQÜÍFERO FISSURAL: UMA CONTRIBUIÇÃO AOS

MODELOS DE FLUXO E ARMAZENAMENTO

DE ÁGUA SUBTERRÂNEA

Autor:Carlos César Nascimento da Silva

Tese de Doutorado apresentadaem 09 de Junho de 2004 paraobtenção do Título de Doutor emGeofísica pela Pós-Graduação emGeodinâmica e Geofísica daUniversidade Federal do RioGrande do Norte.

Comissão examinadora:

Prof. Dr. Walter Eugênio de Medeiros (Orientador – UFRN)Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá (Co-Orientador – UFRN)

Prof. Dr. José Geraldo de Melo (UFRN)Prof. Dr. Augustinho Rigoti (UFPR)Prof. Dr. Sérgio Luiz Fontes (ON)

Tese n° 07 / PPGG

Natal/RN, junho de 2004.

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“Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se tornará assim uma máquina utilizável, e não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático

daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do

que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para determinar com exatidão seu lugar exato em

relação a seus próximos e à comunidade. Estas reflexões essenciais, comunicadas à jovem geração graças aos contatos vivos com os professores, de forma alguma se encontram escritas nos manuais.

É assim que se expressa e se forma de início toda a cultura. Quando aconselho com ardor "asHumanidades", quero recomendar esta cultura viva, e não um saber fossilizado, sobretudo em história e filosofia. Os excessos do sistema de competição e de especialização prematura, sob o falacioso pretexto de eficácia, assassinam o espírito, impossibilitando qualquer vida cultural e

chegam a suprimir os progressos nas ciências do futuro. É preciso, enfim, tendo em vista a realização de uma educação perfeita, desenvolver o espírito crítico, na inteligência do jovem. Ora, a sobrecarga de espírito pelo sistema de notas entrava e necessariamente transforma a pesquisa em superficialidade e falta de cultura. O ensino deveria ser assim: quem o receba o recolha como um

dom inestimável, mas nunca como obrigação penosa.“

Albert Einstein em "Como vejo o mundo"

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Agradecimentos

Agradecimentos

Em uma das etapas mais importantes do trabalho, que reflete o mérito

àqueles que participaram de uma forma ou de outra para a conclusão do Curso de

Doutorado e da presente tese, o autor, sem relacionar ordem de citação com grau

de importância, agradece de forma extremamente atenciosa:

A Deus, por ter me dado a força para seguir adiante ao longo dos tantos

percalços durante estes anos de trabalho árduo (por vezes, nem tão árduos!) e

concluir esta tese.

Aos meus orientadores, Walter Eugênio de Medeiros e Emanuel Ferraz

Jardim de Sá, por todos os ensinamentos passados, lições de vida, paciência,

amizade e crédito de confiança. É em casos como este que se verifica o verdadeiro

papel do orientador como professor e amigo!

Ao Geólogo Elmo Marinho de Figueiredo, o qual me deixou “extremamente

emocionado” diversas vezes pelo conhecimento, juventude e ânimo demonstrados

durante os trabalhos de campo.

À CAPES pela concessão de bolsa de doutorado durante alguns anos.

Ao PADCT3-FINEP-CNPq pelo apoio financeiro à pesquisa.

Ao PPGG pelo apoio quanto à infra-estrutura disponibilizada.

À Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte pelo

fornecimento de dados pertinentes ao trabalho.

Ao Hidrogeólogo José Braz Diniz Filho pelas contribuições e análise crítica do

trabalho.

Ao Projeto Água Subterrânea no Nordeste do Brasil (PROASNE), pelos dados

relacionados ao levantamento geofísico aeroportado, nas pessoas de seus

coordenadores Samir Nahass (lado brasileiro) e Yvon Maurice (lado canadense).

Ao Serviço Geológico do Brasil (CPRM) pela interatividade com dados e

profissionais.

Aos demais professores do PPGG/UFRN, pelo compartilhamento dos

conhecimentos ao longo de tantas disciplinas, bem como à sua Coordenação, na

pessoa do Professor Fernando César Alves da Silva, pelos votos de confiança.

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Nascimento da Silva, C.C. 2004

UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Agradecimentos

página ii

À Nilda de Araújo Lima pela extrema eficiência e amizade.

Aos amigos de trabalho, alunos do PPGG, que muitas vezes auxiliaram em

discussões. Em especial a Jesimael Avelino da Silva, Josibel de Oliveira Gomes,

Marcelo José de Carvalho, Maria da Guia Lima, Ana Catarina Fernandes Coriolano e

Cristina Aparecida Domingueti, pelo acompanhamento durante as diversas viagens

de campo. Aos colegas de sala Luciano Formiga Camarão Júnior e Hugo César

Brandão de Miranda, por tantos momentos de descontração e reflexão,

principalmente na análise e interpretação de imagens pertinentes ao trabalho. Ao

colega de curso e agora de profissão, Pedro Xavier Neto, pelo processamento das

linhas de GPR. A Marcos Antônio Leite do Nascimento, Debora do Carmo Souza e

Alex Francisco Antunes, pela disponibilidade na elucidação de tantas dúvidas.

Aos membros externos da comissão examinadora da presente tese, Drs. José

Geraldo de Melo, Augustinho Rigoti e Sérgio Luiz Fontes, pelas valiosas

contribuições acerca dos dados e interpretações aqui contidos.

Aos amigos Alexandre Rodrigo Maul e Andrei de Souza Nissen, pela

oportunidade de tempo que muito auxiliou para a conclusão da tese.

Em especial, aos meus pais, João Gomes da Silva e Maria Violeta

Nascimento da Silva, e meu irmão Sérgio Luiz Nascimento da Silva, pela força e

humildade dispensados nos mais diversos momentos e nas mais diversas situações.

Em especialíssimo, à minha amada esposa, Rita de Cássia Confessor da

Silva, a qual pacientemente me deu incentivo e “me aturou” do seu jeito único de ser

durante tantos anos (que sejam multiplicados por milhões!) e, principalmente, nos

diversos períodos em que estive ausente.

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Resumo

Resumo

A região Nordeste do Brasil apresenta substrato composto principalmente por

rochas cristalinas (em torno de 60% de sua área). Além disso, esta região apresenta

um clima semi-árido ocasionando secas periódicas. Estas características envolvem a

má qualidade da água explotada dos poços existentes na região, associadas a

elevados índices de sais dissolvidos. Não obstante, os recursos hídricos

subterrâneos nesta região ainda são uma fonte muito importante de água para os

consumos humano e animal. Os poços perfurados em rochas cristalinas no Nordeste

do Brasil envolvem um índice médio de sucesso quanto aos poços produtivos da

ordem de 60%, sendo considerado poço produtivo aquele com vazão superior a 0,5

m3/h. Este baixo índice revela a falta de conhecimento sobre as verdadeiras

condições de fluxo e armazenamento da água subterrânea em rochas cristalinas.

Dois modelos de estruturas de fluxo e armazenamento de água subterrânea

em terrenos cristalinos para o Nordeste do Brasil tem sido propostos na literatura. O

primeiro modelo, tradicionalmente utilizado para locar poços desde a década de

sessenta, está baseado no controle de drenagens retilíneas por zonas de falhas ou

fraturas. Este modelo é referido comumente na literatura hidrogeológica brasileira

como o “modelo riacho-fenda”. Com base neste modelo, são enfatizados os locais

mais densamente fraturados – particularmente os pontos de interseção de

drenagens. Com base no modelo riacho-fenda, o trabalho subseqüente de campo

envolve normalmente a análise geológico-estrutural do terreno. Já o segundo

modelo é denominado de “calha elúvio-aluvionar”; este modelo também é descrito

na literatura mas ainda não é incorporado à prática de locação de poços. A estrutura

tipo calha baseia-se na hipótese de que drenagens retilíneas também podem ser

controladas pela foliação da rocha. Eventualmente, dependendo do grau de

intemperismo, uma estrutura pré-existente preenchida por sedimentos (aluvião e

regolito) pode ser desenvolvida de modo a armazenar e produzir água.

Com base na análise de diversos estudos de casos, esta Tese apresenta uma

análise detalhada dos modelos citados, além de propor um novo. A análise está

baseada em uma técnica metodológica integrada que envolveu levantamentos

geofísicos e análise geológica enfatizando a neotectônica. Foram utilizados

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levantamentos geofísicos terrestres (eletro-resistividade e Ground Penetrating Radar

– GPR) e aeroportados (magnéticos e eletromagnéticos no domínio da freqüência).

A análise estrutural enfatizou aspectos da neotectônica. Em geral, foram

identificadas fraturas na direção E-W relativamente abertas, quando comparadas

com as fraturas na direção N-S. Este comportamento é regido pelo campo de

tensões neotectônico do Nordeste do Brasil, o qual é controlado por compressão E-

W e distensão N-S.

O modelo riacho-fenda é válido onde drenagens são controladas por fraturas.

O grau de fraturamento e o intemperismo associado ditam o potencial hidrogeológico

da estrutura. Levantamentos de campo enfocando a geologia estrutural revelam que

as fraturas subverticais apresentam direções consistentes com as feições frágeis

observadas em afloramentos e fotografias aéreas. Levantamentos geofísicos

identificam anomalias de condutividade associadas à rede de fraturas que controla a

drenagem; nestas anomalias, uma de suas bordas coincide com a drenagem. Um

aspecto importante e particular para validar o controle estrutural por fratura é a

presença de anomalias de condutividade relativamente profundas que não

apresentam continuidade ou propagação para a superfície. A origem da elevada

condutividade da anomalia decorre do grau de intemperismo da rocha ou

sedimentos (aluvião ou regolito) armazenando a água subterrânea ao longo da rede

de fraturas. Levantamentos magnéticos são insensíveis a estas estruturas. Em

casos específicos, nos quais a cobertura sedimentar ou o solo são resistivos (> 100

Ohm.m), o GPR pode ser utilizado para imagear precisamente a rede de

fraturamento. Uma limitação principal ao modelo riacho-fenda, revelado por imagens

de GPR, está associada ao fato de que fraturas subhorizontais têm um importante

papel interconectando as diversas fraturas em subsuperfície e por sua vez,

conectando-as com as zonas de recarga em superfície. Por outro lado, caso as

fraturas apresentem um controle secundário da drenagem, o modelo riacho-fenda

terá validade limitada. Neste caso, amplas porções da drenagem não coincidem

espacialmente com as fraturas e desta forma, os poços locados ao longo da

drenagem geralmente são secos. Normalmente, este controle secundário da

drenagem somente pode ser identificado a partir de levantamentos geofísicos.

O modelo calha elúvio-aluvionar é válido onde drenagens são controladas

pela foliação. O grau de intemperismo da foliação dita o potencial hidrogeológico da

estrutura. Análises de afloramentos revelam que as direções da foliação e da

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drenagem são compatíveis entre si e que, caso existam fraturas, a sua direção será

diferente da direção da drenagem. Levantamentos geofísicos indicam condutividade

elevada que pode resultar da resposta de uma calha de sedimentos e/ou regolito

preenchendo os espaços gerados pela forma do relevo e influenciado pelo

intemperismo que atua sobre os planos da foliação. Neste caso, levantamentos

magnéticos podem identificar a direção da foliação. Um aspecto importante para

validar o controle da foliação é a presença de anomalias mostrando porções rasas e

profundas que se interconectam. Na presença de coberturas sedimentares

expressivas, os controles da drenagem segundo as estruturas tipo riacho-fenda ou

calha elúvio-aluvionar podem ser facilmente confundidos na ausência de dados

geofísicos. Certamente, este fato pode ser útil para explicar grande parte do índice

de insucesso na locação de poços em terrenos cristalinos.

Já o modelo bolsões de intemperismo é proposto para explicar casos nos

quais ocorre uma alteração extremamente forte nas rochas cristalinas gerando uma

porosidade intersticial secundária. A água é então armazenada nos poros do regolito

de forma semelhante ao que ocorre nas rochas sedimentares. Um possível exemplo

para este modelo foi detectado em levantamento geofísico terrestre, no qual uma

anomalia de condutividade relativamente profunda foi detectada. A partir do

momento em que esta estrutura tenha a capacidade de armazenar água, é

necessário conectá-la à superfície para garantir o seu suprimento sazonal. Este

modelo pode ser utilizado para explicar as vazões anômalas, superiores a 50 m3/h,

que algumas vezes são encontradas em poços perfurados em rochas cristalinas no

Nordeste do Brasil.

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Abstract

Abstract

Northeastern Brazil is mainly formed by crystalline terrains (around 60% in

area). Moreover, this region presents a semi-arid climate so that it is periodically

subject to drought seasons. Furthermore, ground water quality extracted from wells

usually presents poor quality because of their high salinity contents. Nevertheless,

ground water is still a very important source of water for human and animal

consumption in this region. Well sitting in hard rocks terrains in Northeastern Brazil

offers a mean success index of about 60%, given that a successful sitting is defined

by a well producing at least 0.5 m3/h. This low index reveals lack of knowledge about

the true conditions of storage and percolation of ground water in crystalline rocks.

Two models for structures storing and producing ground water in crystalline

rocks in Northeastern Brazil have been proposed in the literature. The first model,

traditionally used for well sitting since the sixties, is based on the hypothesis that

rectilinear drainages are controlled by faults or fractures zones. This model is

commonly referred, in Brazilian hydrogeological literature, as the “creek-crack” model

(riacho-fenda in Portuguese). Sites appearing to present dense drainage network are

preferred for water well sitting – particularly at points where the drainages cross-cut

each other. Field follow up work is usually based only on geological criteria. The

second model is the “eluvio-alluvial through” (calha elúvio-aluvionar in Portuguese); it

is also described in the literature but it is not yet incorporated in well sitting practice.

This model is based on the hypothesis that rectilinear drainages can also be

controlled by the foliation of the rock. Eventually, depending upon the degree of

weathering, a through-shaped structure filled with sediments (alluvium and regolith)

can be developed which can store and water can be produced from.

Using several field case studies, this Thesis presents a thorough analysis of the

two above cited models and proposes a new model. The analysis is based on an

integrated methodological approach using geophysics and structural geology. Both

land (Resistivity and Ground Penetrating Radar – GPR) and aerogeophysical

(magnetics and frequency domain eletromagnetics) surveys were used.

Structural analysis emphasized neotectonic aspects; in general, it was found

that fractures in the E-W direction are relatively open, as compared to fractures in the

N-S direction, probably because E-W fractures were opened by the neotectonic

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stress regime in Northeastern Brazil, which is controlled by E-W compression and N-

S extension.

The riacho-fenda model is valid where drainages are controlled by fractures.

The degree of fracturing and associated weathering dictate the hydrogeological

potential of the structure. Field work in structural analogues reveals that subvertical

fractures show consistent directions both in outcrop and aerophotograph scales.

Geophysical surveys reveal subvertical conductive anomalies associated to the

fracture network controlling the drainage; one of the borders of the conductive

anomaly usually coincide with the drainage. An aspect of particular importance to the

validation of fracture control are the possible presence of relatively deep conductive

anomalies without continuation or propagation to the surface. The conductive nature

of the anomaly is due to the presence of weathered rock and sediments (alluvium

and/or regolith) storing ground water which occur associated to the fracture network.

Magnetic surveys are not very sensisitive to these structures. If soil or covering

sediments are resistive (> 100 Ohm.m), GPR can be used to image precisely the

fracture network. A major limitation of riacho-fenda model, revealed by GPR images,

is associated to the fact that subhorizontal fractures do play a very important role in

connecting the fracture network, besides connecting shallow recharge zones to

relatively deep subvertical fracture zones. If fractures play just a secondary control on

the drainage, however, riacho-fenda model may have a very limited validity; in these

cases, large portions of the drainage do not coincide with fractures and most of the

wells located in the drainage surrounding would result dry. Usually, a secondary

control on the drainage by the fracture network can be revealed only with detailed

geophysical survey.

The calha elúvio-aluvionar model is valid where drainages are controlled by

foliation. The degree of weathering of the foliation planes dictates the

hydrogeological potential of the structure. Outcrop analysis reveals that foliation and

drainage directions are parallel and that no fractures, or fractures with different

directions of the drainage direction occur. Geophysical surveys reveal conductive

anomalies in a slab form associated to the through of the weathered rock and

sediments (alluvium and/or regolith). Magnetic surveys can offer a very good control

on foliation direction. An important aspect to validate foliation control are the

presence of conductive anomalies showing shallow and deep portions area which

are linked. If there is an extensive soil cover, riacho-fenda and calha elúvio-aluvionar

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controls can be easily misinterpreted in the absence of geophysical control. Certainly,

this fact could explain at least a part of the failure index in well sitting.

The model weathering sack (bolsão de intemperismo in Portuguese) is

proposed to explain cases where a very intensive weathering occur over the

crystalline rock so that a secondary interstitial porosity is created. The water is then

stored in the porous of the regolith in a similar manner to sedimentary rocks. A

possible example of this model was detected by using land geophysical survey

where a relatively very deep isolated conductive anomaly, in a slab form, was

detected. If this structure does store ground water, certainly there must be a link of

the deep structure with the surface in order to provide water feeding. This model

might explain anomalous water yields as great as 50 m3/h that sometimes can occur

in crystalline rocks in Northeastern Brazil.

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Índice

Índice

Agradecimentos ......................................................................................... pág. i

Resumo ....................................................................................................... pág. iii

Abstract ....................................................................................................... pág. vi

Lista de Figuras........................................................................................... pág. xiv

Lista de Tabelas ......................................................................................... pág. xxii

Capítulo I – Introdução

1.1 – Apresentação ...................................................................................... pág. 1

1.2 – Abordagem do problema e objetivos da pesquisa .............................. pág. 2

1.3 – Localização geográfica das áreas estudadas ..................................... pág. 4

1.4 – Guia de leitura ..................................................................................... pág. 6

Capítulo II – Arcabouço geológico regional

2.1 – Apresentação ...................................................................................... pág. 8

2.2 – As rochas pré-cambrianas .................................................................. pág. 8

2.2.1 – O Complexo Gnáissico-Migmatítico ........................................ pág. 8

2.2.2 – O Grupo Seridó ....................................................................... pág. 11

2.2.3 – O Plutonismo Paleoproterozóico ............................................. pág. 12

2.2.4 – O Plutonismo Brasiliano .......................................................... pág. 12

2.3 – Evolução Tectonometamórfica da Faixa Seridó .................................. pág. 13

2.4 – A evolução Meso-Cenozóica ............................................................... pág. 14

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Índice

página x

Capítulo III – Modelos de ocorrência de água subterrânea

em terrenos cristalinos

3.1 – Apresentação do artigo: Reavaliação da abordagem estrutural e

modelos de ocorrência de água subterrânea em terrenos

cristalinos ........................................................................................... pág. 18

3.2 – Introdução ........................................................................................... pág. 19

3.3 – Conceitos clássicos e problemas levantados ...................................... pág. 20

3.4 – Conceitos básicos de geologia estrutural: a deformação frágil ........... pág. 23

3.5 – Cronologia e nível crustal da deformação ........................................... pág. 30

3.6 – O contexto tectônico regional e suas implicações:

o exemplo da Borborema .................................................................... pág. 32

3.7 – Neotectônica e a evolução crustal holocênica .................................... pág. 35

3.8 – Implicações para a hidrogeologia de terrenos cristalinos ................... pág. 37

3.9 – Efeito da exumação e do intemperismo sobre

a permo-porosidade das rochas .......................................................... pág. 45

3.10 – Modelos de ocorrência de água subterrânea

em terrenos cristalinos ...................................................................... pág. 48

3.11 – Observações finais ............................................................................ pág. 51

3.12 – Agradecimentos ................................................................................ pág. 52

3.13 – Referências bibliográficas ................................................................. pág. 52

Capítulo IV – Análise neotectônica: uma abordagem

objetivando a identificação de fraturas abertas

4.1 – Apresentação ...................................................................................... pág. 59

4.2 – Análise neotectônica – caso no domínio centro-sul do RN:

Fracture chronology and neotectonic control of water wells

location in crystalline terrains: an example from the Equador

region, Northeasternmost Brazi ........................................................... pág. 60

4.2.1 – Abstract ................................................................................... pág. 60

4.2.2 – Introduction .............................................................................. pág. 61

4.2.3 – Regional framework ................................................................ pág. 62

4.2.3.1 – The regional geological framework ............................. pág. 62

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Índice

página xi

4.2.3.2 – The Phanerozoic brittle deformation ........................... pág. 62

4.2.4 – Geology of the Equador area .................................................. pág. 63

4.2.4.1 – Stratigraphic and structural framework ........................ pág. 63

4.2.4.2 – The brittle structures .................................................... pág. 64

4.2.5 – Criteria for location of water wells in crystalline terrains .......... pág. 66

4.2.6 – Correlation between the neotectonic framework

and water well location in the equador area ........................... pág. 67

4.2.7 – Discussions ............................................................................. pág. 68

4.2.8 – Acknowledgments ................................................................... pág. 69

4.2.9 – References .............................................................................. pág. 69

4.3 – Análise neotectônica – casos no domínio leste do RN: Structural

and neotectonic criteria for location of water wells in semi-arid

crystalline terrains: a preliminary approach in the eastern

domain of Rio Grande do Norte State, Northeast Brazil ..................... pág. 71

4.3.1 – Abstract ................................................................................... pág. 71

4.3.2 – Introduction .............................................................................. pág. 72

4.3.3 – Regional geologic and neotectonic framework ........................ pág. 73

4.3.4 – The structural and neotectonic approaches ............................ pág. 74

4.3.5 - Case studies ............................................................................ pág. 75

4.3.6 – Discussion ............................................................................... pág. 78

4.3.7 – Acknowledgments ................................................................... pág. 78

4.3.8 – References .............................................................................. pág. 79

Capítulo V – Análise detalhada do modelo riacho-fenda:

estudo de caso na região de Equador-RN

5.1 – Apresentação do artigo: Resistivity and ground penetrating

radar images of fractures in a crystalline aquifer: a case

study in Caiçara Farm – NE Brazil ....................................................... pág. 81

5.2 – Abstract ............................................................................................... pág. 82

5.3 – Introduction .......................................................................................... pág. 83

5.4 – Geological context ............................................................................... pág. 85

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Índice

página xii

5.5 – Geophysical survey ............................................................................. pág. 86

5.6 – Geophysical interpretation ................................................................... pág. 88

5.6.1 – Resistivity method ................................................................... pág. 88

5.6.2 – Ground Penetrating Radar ...................................................... pág. 92

5.6.3 – Compatibility between GPR and resistivity images ................. pág. 94

5.7 – Field analogues ................................................................................... pág. 95

5.8 – Discussions ......................................................................................... pág. 97

5.9 – Conclusions ......................................................................................... pág. 98

5.10 – Acknowledgments ............................................................................. pág. 99

5.11 – References ........................................................................................ pág. 99

Capítulo VI – Aplicação de levantamentos geofísicos

aerogeofísicos na hidrogeologia de terrenos

cristalinos: o caso de Serrinha-RN, NE do Brasil

6.1 – Apresentação ...................................................................................... pág. 102

6.2 – Introdução ........................................................................................... pág. 103

6.3 – A área de Serrinha-RN ........................................................................ pág. 105

6.4 – Descrição do levantamento geofísico aeroportado ............................. pág. 108

6.4.1 – O sistema magnetométrico ..................................................... pág. 109

6.4.2 – O sistema eletromagnético ...................................................... pág. 110

6.4.3 – Os outros sensores ................................................................. pág. 114

6.5 – Interpretação dos dados do levantamento geofísico aeroportado ...... pág. 115

6.5.1 – Interpretação magnética .......................................................... pág. 115

6.5.2 – Interpretação do Modelo Digital de Terreno (MDT) ................. pág. 118

6.5.3 – Interpretação dos dados eletromagnéticos ............................. pág. 119

6.5.4 – Interpretação conjunta ............................................................. pág. 123

6.6 – Poços existentes na área ................................................................... pág. 127

6.7 – Teste de algumas anomalias de condutividade

com geofísica terrestre ....................................................................... pág. 128

6.7.1 – Anomalia compatível com estrutura

tipo calha elúvio-aluvionar ....................................................... pág. 128

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página xiii

6.7.2 – Anomalia compatível com estrutura

tipo riacho-fenda ...................................................................... pág. 131

6.7.3 – Outros testes realizados .......................................................... pág. 132

6.8 – Considerações finais ........................................................................... pág. 135

6.9 – Referências ......................................................................................... pág. 138

Capítulo VII – Considerações finais ......................................................... pág. 140

Capítulo VIII – Referências ........................................................................ pág. 144

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Lista de figuras

Lista de figuras

Figura 1.1 – Área geográfica do Polígono das Secas ........................................................... pág. 2

Figura 1.2 – Localização geográfica das áreas estudadas ................................................... pág. 5

Figura 2.1 – Contexto geológico da Província Borborema ilustrando a localização dasáreas estudadas (modificado de Jardim de Sá 1994) ............................................................ pág. 9

Figura 2.2 – Localização das áreas estudadas no contexto geológico do Estado do RioGrande do Norte (modificado do Mapa Geológico do Rio Grande do Norte 1998) ............... pág. 10

Figura 2.3 – Evolução tectono-sedimentar da Bacia Potiguar conforme Françolin eSzatmari (1985): (a) Jurássico; (b) final do Neocomiano; (c) aptiano e albiano; (d)Santoniano; (e) Maastrichtiano .............................................................................................. pág. 15

Figura 2.4 – Evolução tectono-sedimentar das Bacias do Nordeste oriental conformeMatos (1994): (a) estágio Sin-Rifte I no Jurássico superior; (b) estágio Sin-Rifte II durante o Neocomiano; (c) estágio Sin-Rifte III no Barremiano Inferior .............................................. pág. 16

Figura 2.5 – Configuração das tensões regionais neotectônicas no NE do Brasil. As setas em preto a oeste representam a compressão da Cadeia Andina; em preto a leste estárepresentada a compressão da Cadeia Meso-oceânica; as setas em branco representamo stress extensional transversal à linha de costa (modificado de Assumpção 1992) ............

pág. 18

Figura 3.1 – Estruturas que controlam a ocorrência de água subterrânea em rochascristalinas. (a) Juntas; (b) Falhas e zonas de falhas; (c) Contatos geológicos; (d)Superfícies de foliação (incluindo zonas de cisalhamento), quando intemperizadas (oefeito do intemperismo é indicado por traços mais grossos, próximos à superfície) ............. pág. 21

Figura 3.2 – O conceito de riacho-fenda. As fraturas são inferidas a partir de trechosretilíneos e cotovelos da drenagem. É necessário verificar, em campo, a ocorrência deintenso fraturamento em afloramentos adjacentes, paralelo ao trend fotointerpretado, para validar o modelo. Trechos retilíneos da drenagem também podem ser controlados pelafoliação das rochas ................................................................................................................ pág. 22

Figura 3.3 – Formação ou reativação de fraturas, visualizada no diagrama de Mohr. (a)Atuando numa rocha cuja condição de ruptura é dada pelo envelope de Mohr, o estado de tensões 1 (tensão diferencial mais baixa) originaria juntas de distensão (ângulo θ próximo de 90°); o estado de tensões 2 originaria fraturas de cisalhamento (ângulo θ próximo de60°). (b) O estado de tensões 1 não origina fraturas na rocha; com aumento da pressão de fluidos (Pf) nos poros e aberturas, a tensão normal efetiva é reduzida (o círculo se desloca para a esquerda no gráfico, configurando o estado de tensões 2) e a rocha seria fraturada. (c) Considerando um estado de tensões específico, o mesmo é insuficiente para originarfraturas numa rocha sã (envelope 1), reativa fraturas pré-existentes, parcialmente seladas, um trend determinado (envelope 2, com parâmetro c reduzido), e reativa um amplo leque(direcional) de fraturas não cimentadas, desprovidas de coesão (envelope 3, parâmetro cnulo) ....................................................................................................................................... pág. 26

Figura 3.4 – Regimes de cisalhamento e estruturas frágeis resultantes. Atentar para o tipo e relação angular das fraturas desenvolvidas. O esboço é válido para mapa ou cortesverticais; todavia, as falhas, conforme representadas pelos símbolos usuais, seriam assim desenvolvidas num contexto de transcorrência – ver Figura 3.5 (ou seja, no caso das

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falhas, a figura representa adequadamente a visão em mapa). No cisalhamento geral, ocomponente de cisalhamento puro poderia ser de contração (conforme representado;corresponderia a uma cinemática de transpressão no contexto de transcorrência) ou dedilatação (designado de transtração no caso de transcorrência) ........................................... pág. 26

Figura 3.5 – Falhas, eixos de tensões e regimes cinemáticos. Por simplicidade e além das falhas, foram representadas apenas as juntas de distensão, em cada caso. O eixo σ2 ésempre ortogonal aos demais. Convencionamos representar σ1 como compressão e σ3como tração. Todavia, qualquer um (ou todos) dos três eixos pode ser compressivo outrativo (ou neutro), embora necessariamente obedecendo à relação σ1 = σ2 = σ3 .............. pág. 27

Figura 3.6 – Conexões e a geometria 3-D dos tipos básicos de falhas. Em qualquer umdos regimes cinemáticos principais (contracional, distensional, transcorrente), falhas derejeito direcional convivem com falhas normais, inversas ou oblíquas .................................. pág. 28

Figura 3.7 – Movimento relativo de blocos crustais ou litosféricos (placas), e o regimecinemático e estruturas induzidas nos seus limites. O diagrama é esquemático erepresenta a superfície da Terra (visão em mapa). No centro do diagrama, estãocolocados dois blocos/placas na posição original, adjacentes. As setas indicam omovimento relativo dos blocos, que na periferia da figura estão deslocados entre si,lateralmente (linha horizontal no diagrama), ortogonalmente (coluna vertical, com lacunasou áreas de sobreposição) ou obliquamente (linhas diagonais). As estruturas resultantesestão representadas esquematicamente ao lado de cada par de blocos. As abreviaturassão: IC, falhas inversas ou contracionais; ND, falhas normais ou distensionais; TD e TS,falhas transcorrentes dextrais e sinistrais, respectivamente; ODD/TTD e ODS/TTS, falhasoblíquas distensionais/transtrativas, dextrais e sinistrais, respectivamente; OCD/TPD eOCS/TPS, falhas oblíquas contracionais/transpressivas, dextrais e sinistrais,respectivamente ..................................................................................................................... pág. 29

Figura 3.8 – (a) Arcabouço tectônico da Província Borborema e bacias mesozóicas,Nordeste do Brasil. (b) O detalhe reproduz a Faixa Seridó e, a norte, a Bacia Potiguar.Adaptado de Jardim de Sá (1994) e do Mapa Geológico do Estado do Rio Grande doNorte (1998) ........................................................................................................................... pág. 33

Figura 3.9 – Cinemática dos principais episódios de deformação e estruturas frágeisfanerozóicas na Faixa Seridó e domínios adjacentes (Província Borborema, Nordeste doBrasil). (a) Final do Neoproterozóico ao Cambro-Ordoviciano, durante a exumação dacadeia colisional/transpressiva brasiliana; (b) À esquerda (i), rifteamento no Cretáceoinferior (Neocomiano), sucedido (conforme ilustrado à direita) pela (ii) evoluçãotransformante ao longo da margem equatorial, a partir do Barremiano-Aptiano; (c)Domeamento intraplaca durante o Neógeno-Pleistoceno, cujos efeitos sãosumperimpostos (e eventualmente dominantes) sobre outros regimes contemporâneos;(d) Tectônica holocênica; compressão E-W através da Placa Sul-Americana,provavelmente ativa desde o final do Cretáceo; na margem equatorial, o regime B(i)também condiciona a deformação desde o final do Cretáceo ............................................... pág. 34

Figura 3.10 – Modelo cinemático para a deformação Neógena na crosta superior doNordeste do Brasil (Jardim de Sá et al. 1999). O alçamento do Platô da Borborema éatribuído a uma anomalia térmica (pluma mantélica); a porção superior, frágil, da litosfera(incluindo boa parte da crosta continental) teria sido submetida a uma distensão geral(esforços tracionais) no plano horizontal, mais acentuada na direção E-W. Variações napressão litostática (erosão, deposição) e na pressão de fluidos ocasionam permutaçõesentre eixos de magnitude similar (σ1, σ2), conduzindo à formação alternada detranscorrências e falhas normais ........................................................................................... pág. 35

Figura 3.12 – Nível de erosão e extensão de fraturas em profundidade. Os casos (b) e (c) correspondem a fraturas com bom potencial hidrogeológico (por vezes inesperado, casob). Em (d), a fratura desaparece rapidamente em profundidade, conduzindo a resultadosnegativos na perfuração de um poço ..................................................................................... pág. 39

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Figura 3.13 – O sucesso de um poço é função do número de fraturas produtorasinterceptadas. Em regiões com fraturas dominantemente de alto ângulo (como noNordeste do Brasil) e seguindo este parâmetro, os poços deveriam ser inclinados, demodo a obter maiores vazões. Poços verticais são mais adequados para regiõesdominadas por fraturas de baixo ângulo. Ver discussões adicionais no texto ....................... pág. 40

Figura 3.14 – Conectividade de fraturas e a permo-porosidade estruturalmente induzidaem rochas cristalinas. Contrastar as situações: (i) juntas e falhas isoladas (menorfavorabilidade, salvo grandes fraturas em orientação favorável, abertas) vs. uma rede defraturas interconectadas ao longo de uma zonas de falha (maior favorabilidade); (ii)fraturas isoladas (poço seco ou de baixa produção), fraturas de baixo ângulo conectandojuntas de distensão isoladas (vazões medianas), idem, também interconectando zonas de falhas (poços com maiores vazões). Ver discussões adicionais no texto .............................. pág. 41

Figura 3.15 – Alguns condicionantes para o fluxo de fluidos ao longo de fraturas emrochas cristalinas, gerando sistemas naturais de bombeamento. (a) e (b) são situações na ausência de tensões neotectônicas, todavia presentes em (c) e (d). As setas simplesindicam o fluxo de água. (a) Infiltração dominada pela gravidade; fluxo ascensional capilar subordinado.(b) Infiltração idem; fluxo ascensional controlado pela carga litostática; a água infiltrada e acumulada em fraturas de baixo ângulo (em “fechamento”), é pressurizada eescoada para cima ao longo de descontinuidades abertas (fraturas em alto ângulo). (c)Descontinuidade em baixo ângulo, interceptada por falha com reativação normal; no bloco do teto, o movimento (aliado ao peso do bloco) expulsa água contida ao longo dadescontinuidade, que migra para o bloco do muro (descomprimido ao longo dadescontinuidade) e para cima, aproveitando a falha. (d) Fluxo de água ao longo de umafalha transcorrente, de um sítio em transpressão/contração a um sítio emtranstração/dilatação .............................................................................................................. pág. 43

Figura 3.16 – Sistemas de bombeamento tectônico; as setas simples indicam o fluxo deágua. (a) Sítios de contração (onde ocorre expulsão da água) e de dilatação(acumuladores de água), em terminações e cotovelos (jogs) de falhas ativas. (b) Abertura intermitente de fraturas de cisalhamento conjugadas, durante deformação progressiva ...... pág. 43

Figura 3.17 – Lineamentos e zonas de fraturas: o problema da escala. (a) Lineamentointerpretado a partir de uma imagem de satélite (escala 1:100.000 ou menor),representado como um traço único; (b) No detalhe de uma fotografia aérea (1:10.000 a1:70.000), o mesmo lineamento pode se apresentar segmentado; (c) Na escala de campoe da locação final do poço, podem ocorrer fraturas em orientações distintas ....................... pág. 44

Figura 3.18 – Intemperismo e abertura de fraturas e outros tipos de descontinuidades, em profundidades rasas. (A) Isoladamente, os fatores descompressão + intemperismotendem a abrir os planos de descontinuidades com orientações variadas. (B) Na presença de tensões neotectônicas, algumas fraturas (em baixo ângulo com σ1) serãopreferencialmente abertas. Na figura, a espessura do traço das fraturas é proporcional ao seu comportamento de abertura ............................................................................................ pág. 46

Figura 3.19 – Corte esquemático ilustrando o desenvolvimento de câmaras ou bolsões de rocha intemperizada em subsuperfície, controlados por litologias e, em especial,estruturas, podendo se conectar com sítios vizinhos. As águas superficiais, infiltradas apartir de coberturas e do escoamento superficial via fraturas, formam acumulações nosbolsões porosos. Notar a produtividade diferencial dos poços, em função do tipo e volume de material (rocha fresca ou alterada) interceptado. A escala vertical, exagerada na figura, pode superar uma ou mais centenas de metros .................................................................... pág. 47

Figura 3.20 – Modelo Riacho-Fenda. Observar o intenso fraturamento paralelo ao trechoretilíneo da drenagem, que também inclui “cotovelos”. As fraturas são periodicamenterecarregadas pela drenagem. Simbologia cf. Figura 3.19 ..................................................... pág. 49

Figura 3.21 – Modelo Calha Elúvio-Aluvionar. Neste modelo, a drenagem não evidenciacontrole por fraturas; trechos retilíneos podem ser paralelos à foliação do cristalino. A

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drenagem flui sobre uma calha de aluviões antigos e paleo-regolito. Simbologia cf. Figura3.19 ........................................................................................................................................ pág. 50

Figura 3.22 – Modelo Bolsões ou Câmaras de Intemperismo. Caracterizado porintemperismo diferencial pronunciado, controlado por fraturas, fabric, litologias e tensõesneotectônicas. A permo-porosidade aumenta na zona intemperizada, que pode seconectar com outras adjacentes, via rede de fraturas e outros tipos de descontinuidades.Simbologia cf. Figura 3.19 ...................................................................................................... pág. 51

Figure 4.1 – Geographical (1a), geological (1b) and lineament (fracture) (1c) maps of theEquador area .......................................................................................................................... pág. 64

Figure 4.2 – Simplified geologic and structural map of the Caiçara area, Equador (location in Figure 4.1c) ........................................................................................................................ pág. 68

Figure 4.3 – Geographic location of the studied areas .......................................................... pág. 72

Figure 4.4 – (a) Photolineament map of Santo Antônio region; (b) location of the alluvium and regolith ............................................................................................................................. pág. 76

Figure 4.5 – (a) Photolineament map of Santa Cruz region; (b) location of the group thewells, in Santa Rita Farm; (c) schematic section of the through-type model .......................... pág. 77

Figure 5.1 – Regional geographic (a) and geological (b) contexts of Caiçara farm, which is localized near Equador city, Rio Grande do Norte State, Northeastern Brazil ....................... pág. 84

Figure 5.2 – Photograph of an outcrop of quartzite, near Caiçara farm, displayingsubvertical fractures orthogonally distributed along N-S and E-W directions (the head ofthe hammer points to the North). E-W fractures are relatively open in comparison withthose of N-S trend. Probably, E-W fractures were opened by the current neotectonic stress field ......................................................................................................................................... pág. 86

Figure 5.3 – (a) Lithologic map of Caiçara farm. Drilled wells, the main drainage and lines along which the geophysical survey was done are superposed. (b) Photograph of the sitetaken from point and direction identified in (b) by a black arrow on line -140 m. Thedistance between a productive and a dry well can be of only 20 m. Apparent resistivity data were measured at all lines. GPR data was obtained only in line 0 m using 200, 80, and 40 MHz ........................................................................................................................................ pág. 87

Figure 5.4 – Schlumberger sounding and its interpretation using 1-D model with fourlayers parallel to the Earth’s surface. Because mean resistivity values for soil andsedimentary cover is around 100 Ohm.m, GPR imaging was possible ................................. pág. 89

Figure 5.5 – Apparent resistivity map of the site (a) and its interpretation (b). Schlumberger array, AB/2 = 50 m. In (b), superposed to a dominant high resistivity discontinuity,approximately localized by the dashed line, a pattern of N-S and E-W ortoghonal fractureswas interpreted (black lines). The discontinuity is associated to the lithologic contactbetween micashists in the NW side and quartzite in the SE side, of the map area. Wellyield results can be explained as a function of their siting in relation to the fracture set (see text for discussion) ................................................................................................................. pág. 90

Figure 5.6 – Apparent resistivity pseudo-sections along lines +50 m (a), + 25 m (b), 0 m(c), -35 m (d), -70 m (e), -105 m (f), and -140 m (g). Schlumberger array. Stations weredone at regular interval of 20 m and, in each station, apparent resistivity data weremeasured using AB/2 values equal to 2, 5, 10, 20, and 50 m. Black lines representinterpreted discontinuities associated to fracture zones ......................................................... pág. 91

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Figure 5.7 – Processed radargram (200 MHz) along line 0 m (a) and its interpretation (b).Bottom surface of the alluvium deposit was identified. Diffraction patterns betweenstations -60 m and 0 m are generated at the top of the fractures in quartzite. Relatively low quality image between stations 40 m and 0 m is probably due to conductive soil resultingfrom the micaschist weathering. Vertical exaggeration is approximately equal to 5 .............. pág. 93

Figure 5.8a – Processed radargram (40 MHz) along line 0 m ............................................... pág. 93

Figure 5.8b – Processed radargram (40 MHz) along line 0 m and its interpretation. Threesets of structures were interpreted: subhorizontal fractures dipping to SW (parallel to theductile foliation), subhorizontal fractures dipping to NE (oblique to the ductile structures),and subvertical fractures. Vertical exaggeration is approximately equal to 4 ......................... pág. 94

Figure 5.9 – Geometric elements (bottom surface of the alluvium deposit and fracturesets) obtained from GPR interpretation shown without vertical exaggeration. True dips arethen represented .................................................................................................................... pág. 94

Figure 5.10 – Apparent resistivity pseudo-section along line 0 m with superposition offracture sets interpreted from 40 MHz radargram. Good superposition of conductivityanomalies with fracture sets occur, particularly for subhorizontal fractures dipping to NEand oblique to the ductile foliation. This set of fractures probably plays a very importantrule in connecting subvertical fractures with recharge zones (alluvium deposits). Verticalexaggeration is approximately equal to 2. See text for details about depth conversion inboth methods .......................................................................................................................... pág. 95

Figure 5.11 – Photographs taken in the plateau scarpment near Caiçara farm, where thequartzite is exposed (a and b). (a) Shows subvertical (or high angle) fractures and two sets of subhorizontal structures, one of them parallel to the foliation of the quartzite. In the field, this last set of structures was identified as relief joints. (b) Shows subvertical fracturesalmost regularly spaced at about 20 m. Compare these field anologues with Fig. 5.9,obtained by the GPR interpretation. (c) Shows a block diagram summarizing structuralinterpretation at this site ......................................................................................................... pág. 96

Figure 5.12 – Schematical representation of main drainage, lithologic contact andsubvertical fracture sets at Caiçara farm. It appears that the drainage is dominantlycontrolled by the lithologic contact and has only minor influence of the fractures. A rank ofhydrogeologic potentiality of possible water well sites as function of fracture density andproximity to the recharge zone is suggested (see text for detailed description) ..................... pág. 98

Figura 6.1 –Localização geográfica da área de Serrinha e sua contextualização geológica no MSJC (baseado no Mapa Geológico do Estado do RN) ................................................... pág. 106

Figura 6.2 – Mapa geológico da porção a NW de Serrinha-RN. Os diagramas de rosetademonstram a disposição angular das fraturas identificadas naqueles setores da área(Lima 2002) ............................................................................................................................ pág. 107

Figura 6.3 – Sistema de aquisição geofísica: (a) montagem fotográfica em visãopanorâmica do sistema geofísico aeroportado durante o vôo; (b) detalhe do momento dadecolagem da aeronave e do bird que comporta os sistemas eletromagnetométrico(Aerodat-DSP-99) e magnetométrico ..................................................................................... pág. 109

Figura 6.4 – Mapa do campo magnético total reduzido do IGRF .......................................... pág. 110

Figura 6.5 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de 900 Hz, arranjo horizontal coplanar. Declinação da fonte de iluminação 45o Az e inclinação 45o. pág. 112

Figura 6.6 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de4.500 Hz, arranjo horizontal coplanar. Declinação da fonte de iluminação 45o Az einclinação 45o ......................................................................................................................... pág. 112

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Figura 6.7 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de33.000 Hz, arranjo horizontal coplanar. Declinação da fonte de iluminação 45o Az einclinação 45o ......................................................................................................................... pág. 113

Figura 6.8 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de 900 Hz, arranjo vertical coaxial. Declinação da fonte de iluminação 45o Az e inclinação 45o ...... pág. 113

Figura 6.9 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de4.500 Hz, arranjo vertical coaxial. Declinação da fonte de iluminação 45o e inclinação 45o .. pág. 114

Figura 6.10 – Mapa pseudo-iluminado do Modelo Digital do Terreno (MDT). Declinação da fonte de iluminação 45o e inclinação 45o ................................................................................ pág. 115

Figura 6.11 – Mapa do campo magnético total reduzido do IGRF com aplicação de filtrolow-pass de 5 km. É interessante notar as duas regiões magneticamente contrastantes(centro-norte e centro-sul), além do trend NNE regional que inflete para E-W na porçãocentral do mapa ...................................................................................................................... pág. 116

Figura 6.12 – Mapa do campo magnético total com aplicação de filtro high-pass de 5 km.Neste caso são ressaltadas as anomalias de menor comprimento de onda relacionada aestruturas dúcteis ................................................................................................................... pág. 117

Figura 6.13 – Mapa interpretado do campo magnético total com aplicação de filtro high-pass de 5 km. Neste caso são ressaltados os trends dúcteis observados em campo (embranco), bem como o que define um dos ramos da Zona de Cisalhamento Rio Jacu (curva em preto) ................................................................................................................................ pág. 118

Figura 6.14 – Mapa pseudo-iluminado interpretado do Modelo Digital do Terreno – MDT(vide versão não interpretada na Figura 6.10). Os traços brancos representam osprincipais lineamentos identificados; de uma forma geral, os de trend NNE estãoassociados à foliação, enquanto que os NW a zonas de fratura; em preto, a linha de altatensão existente na área. Declinação da fonte de iluminação 45o e inclinação 45o .............. pág. 119

Figura 6.15 – Caracterização de campo de domínios geoelétricos contrastantes: (a)domínio relativamente condutivo representado por regiões capeadas por coberturassedimentares arenosas (fotografia obtida nas proximidades do ponto de coordenadas9310000 km N e 209000 km E, na porção extremo E da área, com visada na direçãoleste) e (b) domínio relativamente resistivo caracterizado por regiões com embasamentosubaflorante, e ausência de capeamento ou solo espessos (fotografia obtida no ponto decoordenadas 9307000 km N e 214000 km E, na porção centro-sul da área) ........................ pág. 120

Figura 6.16 – Mapa de condutividade aparente para freqüência de 4.500 Hz, arranjohorizontal coplanar, com aplicação de filtro low-pass de 2 km. O traço em preto esboça olimite aproximado da ocorrência de coberturas sedimentares mais espessas (a norte), otracejado indica um exemplo de anomalia condutiva de grande amplitude, enquanto que o branco contínuo representa o leito do Rio Jacu, principal drenagem da área ....................... pág. 121

Figura 6.17 – Mapas residuais pseudo-iluminados de condutividade aparente, com filtrohigh-pass de 2 km não interpretado (a) e interpretado (b) para a freqüência de 4.500 Hz,arranjo vertical coaxial. Em (b), as principais feições incluem fraturas (em preto contínuo),foliação (amarelo tracejado com contorno preto) e limite da zona de cobertura (pretopontilhado com contorno branco). Os círculos amarelos numerados indicam os poços para água existentes na área (vide Tabela 6.2). O ponto em vermelho (SE), a leste do poço 5,representa o local no qual foi executada sondagem elétrica, enquanto que a simbologiaSG com o traço ENE, imediatamente a norte do poço 3, representa a seção geoelétricarealizada transversalmente à Lagoa do Bom Pasto. Em preto pontilhado na porção lestedo mapa, com direção NE, a localização de uma linha de tensão. Declinação da fonte deiluminação 45o e inclinação 45o .............................................................................................. pág. 122

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Figura 6.18 – Superposição das principais feições interpretadas do mapa decondutividade aparente (em azul), do mapa magnetométrico (em vermelho, ao longo dotrend dúctil) e do MDT (em preto, ilustrando as drenagens). Em cinza, a zona comcobertura sedimentar mais espessa ou solo mais desenvolvido delimitados a partir demapas de condutividade aparente. As elipses em laranja representam exemplos empotencial de estruturas de acumulação de água subterrânea do tipo riacho-fenda (1 e 4 ?) e calha elúvio-aluvionar (2 e 3 ?). Vide maiores explicações no texto ................................... pág. 125

Figura 6.19 – Composições do mapa residual da condutividade aparente (freqüência de4.500 Hz, arranjo vertical coaxial e filtro high-pass de 2 km) com o MDT (forma de relevo). Em (a) as setas em cinza marcam uma estrutura NW associada a uma anomaliacondutiva e topografia rebaixada, enquanto que a elipse em branco marca uma anomaliacondutiva NW, subparalela ao trend frágil, em alto topográfico; em (b) as setas em cinzamarcam a anomalia condutiva ao longo do Rio Jacu, o qual flui ao longo de uma zona de cisalhamento, enquanto que a elipse em branco marca uma anomalia condutiva NE emalto topográfico, subparalela ao trend dúctil. Exagero vertical de 20x, declinação da fontede iluminação 45o e inclinação 45o ......................................................................................... pág. 126

Figura 6.20 – Detalhe do mapa pseudo-iluminado de condutividade aparente (freqüênciade 4.500 Hz, arranjo vertical coaxial, Fig. 6.17), mostrando drenagem (em preto)associada à anomalia condutiva e com trechos controlados alternadamente por foliação(NE – retângulo em branco) e por fratura (NW – retângulo em amarelo). O polígono embranco representa a posição do levantamento geofísico terrestre de eletro-resistividade,ao longo da estrutura tipo calha elúvio-aluvionar. O polígono em amarelo indica olevantamento de eletro-resistividade ao longo de estrutura riacho-fenda. O círculo amarelo representa o poço produtivo existente na área. Declinação da fonte de iluminação 45o einclinação 45o ......................................................................................................................... pág. 129

Figura 6.21 – Mapa de resistividade aparente obtido com o método da eletro-resistividadeno arranjo Schlumberger (AB/2 = 50 m) ao longo de anomalia condutiva aero-eletromagnética mostrada na Figura 6.20. A drenagem está representada em tracejado,ao longo da estação 0 m. A foliação é concordante com a drenagem no local e mergulha35o para NW ........................................................................................................................... pág. 130

Figura 6.22 – Seção geoelétrica 0 m (vide localização na Fig. 6.21) ortogonal ao trecho da drenagem controlado pela foliação. Observam-se linhas de isoresistividade aparentehorizontalizadas a NW da estação 0 m (posição da drenagem) imersas em uma zonacondutiva e um padrão de linhas com gradiente mais elevado na porção SE, indicandodomínio resistivo .................................................................................................................... pág. 130

Figura 6.23 – Mapa de resistividade aparente obtido pelo método da eletro-resistividade(arranjo Schlumberger, AB/2 de 50 m), ao longo de anomalia condutiva eletromagnética.Trecho da drenagem, em preto tracejado, compatível com direção de fraturas NWobservadas em campo ........................................................................................................... pág. 131

Figura 6.24 – Seção geoelétrica 90 m (vide localização na Fig. 6.23), ortogonal ao trecho da drenagem (estação 0 m) controlado por fratura. Nas estações -20 m e 60 m observam-se anomalias condutivas verticalizadas, que podem indicar zonas fraturadas emprofundidade. Toda a região condutiva, observada para pequenas aberturas de eletrodos, está associada com material argilo-arenoso saturado em água, carreado pela drenagem ... pág. 132

Figura 6.25 – Seção geoelétrica ortogonal à Lagoa do Bom Pasto, a qual apresentadireção similar à direção de fraturas na região (NW). As bordas da lagoa, delimitadas em superfície pelas estações 0 e -100 m, apresentam linhas de isoresistividadesubverticalizadas, além daquelas observadas na estação -60 m, para AB/2 superiores a50 m. Pode-se ainda observar uma feição condutiva subhorizontalizada entre as estações 40 e 160 m (AB/2 de 50 m), imersa em uma zona resistiva, a qual pode significar umacentuado grau de alteração das rochas (“bolsão de intemperismo”?) ................................. pág. 134

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Lista de figuras

página xxi

Figura 6.26 – Sondagem elétrica realizada na Lagoa de Baixa Verde (vide Figura 6.17b),para verificar a espessura dos capeamentos sedimentares daquela região. Para pequenas aberturas de eletrodos AB/2 (em torno de 8 m), os valores de resistividade aparente já seencontram associados à assíntota de 45o, a qual define o substrato cristalino e ocaracteriza como raso (em torno de 3 m de profundidade) ................................................... pág. 135

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Lista de tabelas

Lista de tabelas

Tabela 6.1 – Skin Depth (SD) e Profundidades de investigação (DP) para as diversasfreqüências utilizadas (f) no método Aerodat-DSP-99, com base na resistividade teóricado substrato (ρ) .................................................................................................................... pág. 111

Tabela 6.2 – Dados de profundidade, vazão e resíduo seco dos poços existentes naárea do levantamento geofísico aerotransportado (SERHID/RN, 2000) ............................. pág. 127

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Capítulo I – Introdução

Capítulo I – Introdução

1.1 – Apresentação

Grande parte da região Nordeste do Brasil (NE) constitui o chamado Polígono

das Secas (Fig. 1.1), que engloba uma área de 1.237.000 km2 (cerca de 80% da

região), na qual há grande escassez de água. O clima ali predominante é o semi-

árido, o qual se caracteriza por curtos períodos de chuvas, normalmente de 3 a 4

meses por ano, alternados por períodos mais longos de estiagem que,

eventualmente, podem perdurar por vários anos. Nos períodos de estiagem, as

taxas de insolação são elevadas e provocam intensa evaporação da água contida

nos reservatórios de superfície, da ordem de 1,5 metros por ano, afetando a sua

preservação durante os longos períodos de estiagem. Por outro lado, o clima semi-

árido não afeta fortemente as reservas hídricas em subsuperfície, basicamente

interferindo apenas na recarga sazonal do meio aqüífero. Em função da pequena

variação das reservas de água subterrânea, ao menos quando comparadas com as

superficiais, o meio aqüífero é tido como estratégico para a subsistência da

população da região e para o seu desenvolvimento econômico, muitas vezes

representando o único meio de suprimento d’água.

De modo independente, mas contribuindo para agravar os efeitos provocados

pelo clima semi-árido, cerca de 70% do substrato da área do Polígono das Secas é

composto por rochas cristalinas, em geral rochas metamórficas e ígneas plutônicas

(Fig. 1.1). Do ponto de vista hidrogeológico, a principal característica destas rochas

é o fato de que a sua porosidade intergranular é desprezível. Desta maneira, a

principal forma de percolação e armazenamento da água ocorre ao longo das

descontinuidades aproximadamente planares existentes no substrato.

Geologicamente, estas descontinuidades são representadas por falhas, fraturas,

foliações ou contatos geológicos intemperizados. Tipicamente, é muito difícil

identificar/localizar com precisão estas estruturas, bem como caracterizá-las quanto

ao mergulho, grau de interconectividade e atual comportamento (“aberto” ou

“fechado”). A presença de coberturas de diversas naturezas (autóctones e/ou

alóctones), capeando o substrato, e a ausência de modelos que ilustrem o real modo

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página 2

de percolação e acumulação da água subterrânea contribuem ainda mais para

dificultar a tarefa de caracterização do meio aqüífero fissural.

MA

PI PB

PE

BA

AL

CERN

Polígono das Secas

Rochas sedimentares

Rochas cristalinas

L E G E N D A

Natal

João Pessoa

Recife

Maceió

Aracaju

Fortaleza

São Luis

5 So

10 So

40 Wo

35 Wo

45 Wo

Oceano

Atlân

tico

SE

15 So

Salvador

NEBRASIL

Figura 1.1 – Área geográfica do Polígono das Secas.

1.2 – Abordagem do problema e objetivos da pesquisa

Em função das características supracitadas, é possível perceber que a

identificação dos locais mais propícios à perfuração de poços em terrenos cristalinos

é uma tarefa difícil. Sabe-se, a partir da observação de diversos casos de campo,

que o deslocamento do ponto de perfuração, de apenas algumas dezenas de metros

(menos que 10 metros de distância, em alguns casos), pode ocasionar a diferença

entre um poço produtivo e um seco. É importante ressaltar que poço seco

corresponde àquele no qual é economicamente inviável ser instalado algum tipo de

equipamento para explotação de água, tal como uma bomba submersa ou um

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catavento. Normalmente, o menor valor aceitável de vazão é igual 500 litros por

hora, vazão essa que é aqui considerada como o patamar abaixo do qual o poço é

considerado “seco”.

Tradicionalmente, a locação de poços em terrenos cristalinos envolve tão

somente a interpretação de fotografias aéreas convencionais e o mapeamento

geológico básico de campo através do exame de afloramentos. O uso destes

critérios resulta em um índice de poços secos de aproximadamente 30%, conforme

informações colhidas junto a técnicos da Secretaria de Recursos Hídricos do RN –

SERHid-RN. Este índice pode ser ainda mais elevado, em torno de 50%, em regiões

com capeamentos expressivos, os quais dificultam ainda mais a análise de

afloramentos. Esporadicamente são utilizadas técnicas geofísicas, em geral métodos

elétricos e eletromagnéticos, para auxiliar na locação dos poços. No entanto, dados

estatísticos referentes ao seu emprego ainda não se encontram disponíveis.

Observe-se que nenhum critério de qualidade foi adicionado ao critério de

quantidade para definir um poço improdutivo, não obstante o fato de que águas

muito salinas são comumente encontradas. As razões que embasam essa opção de

definição de poço produtivo prendem-se ao fato de que já existe tecnologia

disponível para dessalinização e porque, mesmo na ausência de dessalinizadores,

águas de teores muito elevados de salinidade podem servir para consumo animal.

Os trabalhos aqui descritos buscam atender à demanda por estudos mais

aprofundados acerca da percolação e retenção da água subterrânea ao longo dos

planos de anisotropia nas rochas cristalinas, principalmente no que diz respeito à

crítica ao modelo existente (o modelo riacho-fenda) e a proposição de novos

modelos. Esta pesquisa é parte do esforço desenvolvido por pesquisadores e alunos

do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG)

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que vêm analisando o

problema da locação de poços em terrenos cristalinos utilizando, de forma integrada,

as ferramentas do sensoriamento remoto, da geologia estrutural e da geofísica.

Trabalhos ao nível de mestrado e doutorado já foram apresentados (Silva 2000,

Coriolano 2002). Em particular, a presente tese foi realizada em associação com um

acordo de cooperação firmado entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e a

Canadian International Development Agency (CIDA), através do Projeto Água

Subterrânea no Nordeste Brasileiro (PROASNE), beneficiando-se do levantamento

aerogeofísico realizado pelo PROASNE na área piloto de Serrinha/RN (para

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detalhes, ver Capítulo VI). O PROASNE teve como principal objetivo pesquisar os

fatores condicionantes do armazenamento e percolação da água subterrânea em

terrenos cristalinos. Diversas outras instituições fizeram parte deste projeto,

merecendo destaque o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e o Geologic Survey of

Canada (GSC).

A presente pesquisa é apoiada no estudo de casos reais de locação de poços.

Para todos os casos estudados, foram interpretadas fotografias aéreas, executados

mapeamentos geológicos de detalhe, enfatizando a neotectônica, além de empregar

técnicas geofísicas elétricas, magnéticas e eletromagnéticas (terrestres e

aeroportadas) de modo a reavaliar modelos existentes (modelos riacho-fenda e

calha elúvio-aluvionar) e propor um novo modelo (bolsão de intemperismo)

conceitual de percolação e retenção de água subterrânea em terrenos cristalinos.

Espera-se que a discussão dos modelos existentes e a proposta de um novo modelo

possam ajudar o técnico de campo a aumentar o índice de acerto nas locações,

mesmo na hipótese de que ele faça uso apenas das técnicas tradicionais de

locação.

1.3 – Localização geográfica das áreas estudadas

Três áreas foram estudadas no Estado do Rio Grande do Norte (RN) (Figura

1.2), sendo a escolha de cada uma delas realizada por pesquisadores do PPGG-

UFRN, em conjunto com técnicos da SERHid-RN, de modo que elas contivessem

casos típicos de locação de poços apresentando dificuldades similares quanto à

obtenção de poços produtivos. Na escolha dessas áreas foram levados em

consideração os seguintes aspectos: embasamento composto por rochas cristalinas,

diferentes graus de exposição de afloramentos e presença de poços perfurados a

pequenas distâncias entre si (da ordem de poucas dezenas de metros) e

apresentando resultados discrepantes quanto às suas vazões. Em todas as áreas, o

clima é semi-árido.

A primeira área localiza-se nas imediações do município de Equador, porção

centro-sul do RN. As suas principais características são: área predominantemente

formada por quartzito, ampla exposição de afloramentos e topografia elevada e

plana, na forma de um platô, facilitando o escoamento superficial. A segunda área

engloba casos de locação nos municípios de Nova Cruz, Santo Antônio e Serrinha,

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na porção sudeste do RN. As suas principais características são: embasamento

formado por gnaisse ou granito com ampla cobertura sedimentar ou de solo que,

apesar de pouco espessa (tipicamente menor que 2 m), dificulta bastante a análise

de fotografia aérea, topografia ondulada e proximidade do litoral, favorecendo uma

média pluviométrica relativamente mais elevada. Esta área engloba uma parcela de

aproximadamente 100 km2, localizada imediatamente a oeste do município de

Serrinha, que foi alvo do levantamento geofísico aeroportado realizado pelo

PROASNE. Por fim, a terceira área está situada nas imediações do município de

Santa Cruz, porção centro-leste do RN, sendo formada por gnaisse e tendo também

uma topografia ondulada, mas apresentando-se em situação intermediária entre as

já citadas do ponto de vista de exposição rochosa e presença de coberturas.

A área próxima ao município de Santa Cruz já foi estudada por Silva (2000),

também com finalidades hidrogeológicas, utilizando técnicas geofísicas elétricas e

eletromagnéticas terrestres. Também com fins hidrogeológicos, a área da porção SE

do RN já foi alvo de pesquisa realizada por Coriolano (2002) em seu trabalho de

doutoramento, utilizando as ferramentas da análise estrutural, com ênfase à

neotectônica, e fortemente apoiada em produtos de sensores remotos aéreos e

orbitais.

P A R A Í B A

CE

AR

Á

R I O G R A N D ED O N O R T E

Equador

Parelhas

Caicó

Acari

Currais Novos

Açu

Mossoró

Santa Cruz SantoAntônio

100 km

O c e a n o

At l â

nt i c

o

Nova Cruz

Serrinha

7 SO

37O38 WO 36O 35O

6O

5O

BR226

BR427

BR304

RN160

RN288

RN086

Rodovia Federal

Rodovia Estadual

BarragensBR226

RN160 Áreas estudadas

Figura 1.2 – Localização geográfica das áreas estudadas.

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página 6

1.4 – Guia de leitura

Esta tese está apresentada no formato “aglutinação de artigos”, atualmente

recomendado pelo PPGG/UFRN para favorecer a publicação dos trabalhos de

pesquisa na forma de artigos. À exceção dos capítulos introdutórios (I e II) e de

fechamento (capítulo VII), todos os demais constituem material destinado a

publicações, alguns deles já se encontrando publicados (material apresentado nos

capítulos III e IV), em processo de revisão, após aceite preliminar do periódico

(capítulo V) ou em fase de adequação às normas do periódico escolhido (capítulo

VI). Pelo fato de que cada capítulo no formato artigo tem que ser auto-consistente e

auto-explicativo, é inevitável a repetição de alguns assuntos ou temas. Ao final de

cada capítulo, que se encontre em formato artigo, constam as referências a ele

associadas. Adicionalmente, para facilitar a consulta às referências citadas ao longo

de toda a tese, bem como para contemplar aquelas mencionadas em capítulos

escritos no formato tradicional, pode ser consultada, no final, a listagem de todas as

referências.

Uma característica importante do formato adotado é a capacidade de interação

com o leitor, deixando-o à vontade para a leitura dos capítulos de seu interesse, sem

no entanto perder informações significativas que possam prejudicar o entendimento

da tese como um todo. Deste modo, o leitor mais interessado com as questões

“geológicas” pode se deter mais detalhadamente aos capítulos II, III e IV. O Capítulo

II trata da contextualização geológica da região na qual as áreas estudadas

encontram-se inseridas, abrangendo, dentre outros aspectos, a estratigrafia e os

eventos tectônicos. O Capítulo III trata do “estado da arte” da geologia estrutural e

da sua aplicação como ferramenta de caracterização do meio aqüífero fissural. Este

capítulo é bastante amplo e representa um dos Capítulos do livro “Hidrogeologia:

conceitos e aplicações”, editado pela CPRM, sendo voltado ao profissional

interessado em discutir o fluxo e armazenamento da água subterrânea em terrenos

cristalinos, bem como os fatores que condicionam o fluxo subterrâneo. O Capítulo IV

consiste da aplicação da análise neotectônica à hidrogeologia de terrenos

cristalinos, abrangendo dois artigos publicados na Revista Brasileira de Geologia.

Por outro lado, o leitor mais interessado nos aspectos “geofísicos” pode se

deter mais detalhadamente nos capítulos V e VI, os quais tratam da aplicação de

métodos de prospecção geofísica aos casos estudados de modo a substanciar a

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Capítulo I – Introdução

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crítica e proposição de modelos de acumulação de água em terrenos cristalinos. O

Capítulo V contém os resultados obtidos de técnicas geofísicas elétricas e

eletromagnéticas terrestres, aplicadas a drenagens supostamente controladas por

zonas de fraturas e constitui assim, basicamente, uma crítica aprofundada do

modelo riacho-fenda. Já o Capítulo VI é mais abrangente no tocante às técnicas

utilizadas. Foram empregados métodos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos

desde terrestres até aeroportados, em uma área mais ampla, para entender de uma

forma mais detalhada como ocorrem e se inter-relacionam os casos de

armazenamento e percolação de água em diferentes modelos.

Para o Capítulo VII, sugere-se a sua a leitura por qualquer modalidade de

leitor. Este capítulo trata das discussões acerca do que foi apresentado ao longo de

toda a tese, abrangendo as características dos modelos de acumulação de água

analisados e suas respectivas respostas quanto à aplicação de ferramentas de

análise geológica ou de métodos geofísicos. No entanto, apesar de cada capítulo,

quando analisado individualmente, apresentar um maior peso quanto à geologia ou

à geofísica, é interessante ressaltar que, para todos os trabalhos executados

procurou-se empregar o maior número de ferramentas disponíveis de forma

integrada. Desta forma, quando o leitor se depara com um determinado capítulo ele

vai encontrar tanto informações de cunho geológico como geofísico, porém com uma

ênfase maior a uma determinada ferramenta a depender da característica do modelo

analisado.

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Capítulo II – Arcabouço geológico regional

Capítulo II – Arcabouço geológico regional

2.1 – Apresentação

As áreas que serviram de base para o estudo de casos de locação de poços

em terrenos cristalinos estão inseridas no contexto geológico da Província

Borborema (Almeida et al. 1977), mais precisamente em um de seus subdomínios

denominado de Faixa Seridó, localizada a Norte do Lineamento Patos (Fig. 2.1). A

principal característica desta província é a atuação do ciclo orogênico Brasiliano

como o último evento deformacional, gerando lineamentos de trend E-W de grandes

dimensões, como os de Patos e de Pernambuco, além de megaestruturas de trend

NE. A feição básica resultante é a de faixas supracrustais ladeadas por blocos

gnáissico-migmatíticos de idade arqueana a paleoproterozóica. Os limites da

Província Borborema são estabelecidos a sul pelo Cráton do São Francisco, a oeste

pela Bacia do Parnaíba e a norte e a leste pelas bacias costeiras Potiguar e

Pernambuco-Paraíba, respectivamente.

2.2 – As rochas pré-cambrianas

Ao longo das áreas estudadas, as rochas cristalinas englobam diversas

unidades que vêm sendo estudadas há várias décadas (Fig. 2.2). O embasamento

gnáissico-migmatítico representa a unidade litoestratigráfica mais antiga, a qual é

sobreposta pelas metasupracrustais do Grupo Seridó. Estas unidades são intrudidas

por diversas suítes granitóides proterozóicas.

2.2.1 – O Complexo Gnáissico-Migmatítico

O termo Complexo Caicó foi originalmente utilizado por Meunier (1964) para

caracterizar as rochas gnáissico-migmatíticas que ocorrem na região de Caicó,

Cruzeta e São Vicente. O termo Complexo Caicó é utilizado por diversos autores

(Jardim de Sá 1984, 1994; Macedo et al. 1991; Souza et al. 1993) para designar,

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de forma indistinta, o embasamento no qual repousa discordantemente a unidade de

rochas supracrustais.

OCEANOATL Â

NT I C

ONatal

Fortaleza

JoãoPessoa

Recife

Maceió

Aracaju

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São

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ancisco

Bacia do Araripe

Bacia doParnaíba

Bacia Potiguar

Bac

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Tuca

no-J

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BRASIL

100 km

Figura 2.1 – Contexto geológico da Província Borborema ilustrando a localização das áreas estudadas(modificado de Jardim de Sá 1994).

As datações U/Pb em zircões e Rb/Sr em rocha total evidenciaram que o

embasamento é formado por uma seqüência magmática diferenciada, de idade em

torno de 2,17-2,18 Ga (Hackspacher et al. 1990; Souza et al. 1993) e 2,24 Ga

(Legrand et al. 1991). Dantas (1996) e Dantas et al. (1997, 1998) interpretaram

dados geocronológicos de rochas do Maciço São José de Campestre (bloco a leste

da faixa de afloramentos do Grupo Seridó, vide Fig. 2.2) e identificaram núcleos

arqueanos com idades modelo Nd (TDM) máximas variando de 3,5 a 3,77 Ga, e

U/Pb em zircões com 3,45 até 2,2 Ga. De posse destes argumentos a arquitetura,

ao menos de parte do complexo do embasamento, pode ser descrita como um

mosaico de pequenos blocos crustais mostrando diferentes processos de formação

de crosta durante o Arqueano e o Paleoproterozóico (Dantas et al. 1996).

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Figura 2.2 - Localização das áreas estudadas no contexto geológico do Estado do Rio Grande do Norte (modificadodo Mapa Geológico do Rio Grande do Norte 1998).

O C EA

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P A R A Í B A

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NEBRASIL

37 00’O38 00’O 36 00’O 35 00’O

7 00’O

6 00’O

5 00’O

ÁREASESTUDADAS

NATAL

Santa Cruz

Açu

Mossoró

Caicó

Equador

Currais Novos

Nova Cruz

João Câmara

Pau dos Ferros

Macau

Serrinha

Santo Antônio

0 20 40 60km20km

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Capítulo II – Arcabouço geológico regional

página 11

2.2.2 – O Grupo Seridó

Este grupo representa uma megasseqüência deposicional disposta em

discordância sobre o complexo do embasamento. Apesar do crescente nível de

conhecimento acerca da estratigrafia da região do Seridó, o empilhamento das

rochas metasupracrustais ainda é controverso. A maior parte das discussões teve

início nas décadas de 60 e 70, estando sumarizada por Jardim de Sá e Salim

(1980), que propõem sua subdivisão, da base para o topo, nas formações Jucurutu,

Equador e Seridó. Segundo Jardim de Sá (1994), a Formação Jucurutu é composta

principalmente por biotita±epídoto paragnaisses com intercalações de mármores e

calciossilicáticas, micaxistos, quartzitos, formações ferríferas, metavulcânicas

dominantemente básicas e alguns metaconglomerados basais; a Formação Equador

é constituída por quartzitos com intercalações de metaconglomerados (mono ou

polimictos), calciossilicáticas e micaxistos; a Formação Seridó é representada por

micaxistos feldspáticos ou aluminosos com intercalações basais de mármores,

calciossilicáticas, paragnaisses, metavulcânicas básicas, quartzitos e

metaconglomerados. As formações Jucurutu e Equador representam um ambiente

deposicional marinho raso, enquanto que a Formação Seridó é interpretada como

um espesso pacote de turbiditos de caráter flyschóide.

Todavia, trabalhos de Archanjo e Salim (1986), defendidos por outros autores

tais como Caby et al. (1991), postulam uma outra subdivisão do Grupo Seridó. Neste

caso, as metasupracrustais seriam englobadas nos grupos Jucurutu e Seridó (base

e topo, respectivamente) separados por uma discordância estratigráfica de nível

regional. Com isto o seguinte empilhamento estratigráfico é sugerido: o Grupo

Jucurutu basal, composto pelas formações Jucurutu na base e Equador no topo

(representando uma variação lateral de fácies), e o Grupo Seridó, compreendendo a

Formação Parelhas na base (refletindo uma discordância estratigráfica representada

por metaconglomerados mono a polimictos, quartzitos, paragnaisses, mármores e

calciossilicáticas) e a Formação Seridó no topo.

A idade das supracrustais foi atribuída como paleoproterozóica por Jardim de

Sá (1994) a partir da existência de contatos gradacionais e interdigitados, bem como

pela presença de ortognaisses G2, intrusivos sincronicamente à deformação D2 (vide

ítem 2.2.3). Todavia, segundo Van Schmus et al. (1995) a possibilidade da

existência de dois conjuntos de supracrustais aparentemente semelhantes, pré e

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pós-ortognaisses G2 é sugerida a partir de: (a) idades modelo Nd (TDM) em

metassedimentos das formações Jucurutu e Seridó, as quais ocorrem distribuídas

no intervalo de 1,6 a 1,2 Ga, além de uma isócrona Sm-Nd de 1,4 Ga para as

vulcânicas básicas da Formação Seridó; (b) idades U/Pb em zircões dos micaxistos

da Formação Seridó variando de 740 a 700 Ma, os quais podem refletir grãos

detríticos ou contribuições vulcanogênicas e; (c) idades de 2,2 e 1,75 Ga em zircões

de paragnaisses correlatos à Formação Jucurutu e idades TDM da ordem de 2,6 a

2,4 Ga. Desta forma, Van Schmus et al. (1995) atribuíram idade neoproterozóica ou

um máximo de 1,7 Ga para o Grupo Seridó, com fonte incluindo terrenos do

embasamento paleoproterozóico a arqueano e arcos magmáticos neoproterozóicos.

2.2.3 – O Plutonismo Paleoproterozóico

Esta unidade representa um conjunto de rochas metaplutônicas dominado por

augen gnaisses graníticos, com tipos subordinados de composição granodiorítica-

tonalítica, leucogranitos e pegmatitos. Os augen gnaisses possuem protólitos ígneos

de textura porfirítica média a grossa que foram posteriormente deformados no

evento tangencial D2 (vide item 2.3) e ocorrem sob a forma de batólitos, diques e

sheets (Jardim de Sá 1994, 1996). Devido ao fato de serem concomitantes à

deformação D2, são chamados de granitóides G2, por alguns autores.

O contexto orogênico sin a tardi-colisional é comprovado a partir de dados

geoquímicos. Além de intrudir o embasamento, algumas relações com enclaves e

apófises indicam que esta unidade intrude a Formação Jucurutu e, com

controvérsias, a Formação Seridó (Jardim de Sá 1994, 1996). A idade de

alojamento destas rochas, 1,9±0,1 Ga, foi obtida a partir de datações U/Pb em

zircões, refletindo a deformação D2 que atingiu o Grupo Seridó e o seu

embasamento. Devido a estes fatos, questiona-se a idade mesoproterozóica ou

mais jovem a estas metaplutônicas, inferindo-se a existência de um lapso temporal

expressivo entre os eventos D2 e D3 (Jardim de Sá 1994, 1996).

2.2.4 – O Plutonismo Brasiliano

O plutonismo brasiliano na Faixa Seridó é contemporâneo à fase

deformacional D3 (vide ítem 2.3) sendo por isto designado de associação G3 (Jardim

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de Sá et al. 1981). Esta unidade representa uma importante atividade ígnea da

região, truncando as estruturas D2 presentes nas unidades do embasamento,

supracrustais e plutons G2, além do bandamento gnáissico relacionado à fase D1,

restrito ao embasamento gnáissico-migmatítico.

O plutonismo brasiliano envolve quatro tipos petrográficos distintos (Jardim de

Sá 1994): (a) monzogranitos, apresentando tendência subalcalina a monzonítica e

textura porfirítica média a grossa, ocorrendo sob a forma de grandes plútons

isolados ou maciços compostos, normalmente associados a rochas básicas a

intermediárias; (b) suítes diferenciadas de gabro-dioritos a quartzo diorito e quartzo

monzonito, com textura fina a média e tendência shoshonítica com feições de

contemporaneidade (mingling) com os granitos porfiríticos; (c) biotita leucogranitos

de textura média a fina e tendência peraluminosa, cronologicamente mais recentes,

ocorrendo sob a forma de stocks, veios de pequenas dimensões ou associados a

batólitos e; (d) quartzo monzonitos e quartzo sienitos de afinidade alcalina tardi a

pós-tectônicos, apresentando clinopiroxênio±fayalita e raros ortopiroxênios, ou ainda

a associação aegirina±augita±granada±riebeckita.

A idade brasiliana para as rochas desta unidade é evidenciada a partir de

datações, tais como: 579±7 Ma para a suíte diorítica do Maciço de Acari pelo

método U/Pb em zircões; 553±22 Ma a partir do método Rb/Sr em rocha total

(Jardim de Sá 1994) e 555±5 Ma pelo método U/Pb em zircões (Legrand et al.

1991) para a fácies porfirítica do Maciço de Acari; 547±6 Ma pelo método Rb/Sr em

rocha total para o pluton de Monte das Gameleiras (Galindo 1982); pelo método

RbSr em rocha total, 631±23 Ma para os granitóides Tourão e Caraúbas a 575±15

Ma para o Complexo Serra do Lima.

2.3 – Evolução Tectonometamórfica da Faixa Seridó

Segundo Jardim de Sá (1994), são individualizados três eventos

tectonometamórficos para a Faixa Seridó: D1/M1, D2/M2 e D3/M3. O evento

deformacional D1, mais antigo, é restrito às rochas do embasamento e envolve um

bandamento gnáissico S1 em geral transposto, associado a um metamorfismo M1

que atingiu condições de pressão e temperatura (PT) da fácies anfibolito. Já D2

representa uma deformação tangencial relacionada a um ciclo orogênico de idade

1,9±0,1 Ma (Ciclo Transamazônico; Jardim de Sá 1994), ou alternativamente ao

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Ciclo Brasiliano (Caby et al. 1991 e Archanjo e Bouchez 1991), gerando uma

superfície S2 representada por uma xistosidade ou bandamento gnáissico,

relacionada a planos axiais de dobras apertadas a isoclinais. Esta fase afeta e

paraleliza o acamamento S0 das rochas metassedimentares do Grupo Seridó, bem

como a superfície S1 do embasamento, à superfície S2. Nesta etapa ocorreu o

alojamento dos corpos granítóides G2. O metamorfismo M2 associado caracteriza-se

por atingir condições PT da fácies xisto verde a anfibolito, chegando em casos

particulares à isógrada da anatexia. Por fim, D3 representa uma deformação

predominantemente transcorrente dúctil dextral, que gerou uma superfície S3 de

mergulho médio a forte e uma lineação de estiramento e/ou mineral L3x de baixo

rake (Archanjo e Bouchez 1991). Este evento afeta a superfície S2//S1 do

embasamento, bem como S2//S0 das supracrustais e está associado com intrusões

granitóides de idade brasiliana. O metaformismo M3 apresenta condições PT da

fácies anfibolito de baixa pressão e alta temperatura (Lima 1987), além da presença

de núcleos granulíticos na unidade do embasamento (Trindade et al. 1993).

2.4 – A Evolução Meso-Cenozóica

As coberturas cenozóicas ocorrem ao longo da costa, representadas pelas

bacias Potiguar (a norte) e Pernambuco-Paraíba (a leste), preenchidas

principalmente por sedimentos de idade cretácea e terciária. No interior, a Formação

Serra do Martins ocorre sob a forma de platôs a altitudes comumente superiores a

700 m. Um soerguimento regional ocorrido ao final do Terciário produziu clásticos

que foram transportados para ambas as bacias costeiras. Estes clásticos são

agrupados no Grupo Barreiras, unidades correlatas e mais jovens.

Segundo Matos (1987), durante o Mesozóico e mais precisamente no

Neocomiano, os processos de ruptura do Gondwana provocaram a reativação das

estruturas pré-cambrianas geradas durante os episódios tectônicos anteriores,

culminando com a abertura do Oceano Atlântico. Estes esforços promoveram a

implantação de algumas bacias intracontinentais transtracionais, além das bacias

marginais que formam o sistema de riftes do Nordeste do Brasil, formado pelas

bacias do Recôncavo-Tucano-Jatobá, Araripe, Rio do Peixe, Sergipe-Alagoas e

Potiguar (Matos 1992). Com base na gênese, a Bacia Potiguar representa um rifte

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intracontinental on-shore (o Rifte Pendências) e uma bacia tipo pull-apart em sua

porção off-shore.

Diversos modelos evolutivos são propostos para explicar a orientação de

esforços e mecanismos responsáveis pela implantação destas bacias sedimentares.

Dentre estes, Françolin e Szatmari (1987) propõem uma seqüência representada por

cinco fases evolutivas: (a) variação de esforços entre o final do Jurássico e o

Cretáceo, provocado pela migração das placas Sul-Americana e Africana, tendo

como principal representante o enxame de diques de diabásio de afinidade toleítica,

com direção E-W, designado Magmatismo Rio Ceará Mirim (Fig. 2.3a); (b) durante o

Neocomiano, a rotação dextrógira em torno de um pólo na Placa Sul-Americana

provocou esforços compressivos N-S (Fig. 2.3b); (c) distensão N-S oriunda do alívio

das tensões intraplaca durante o aptiano e o albiano (Fig. 2.3c); (d) durante o

Santoniano, esforços distensionais E-W ao longo das placas Sul-Americana e

Africana provocaram movimentos transcorrentes/transformantes (Fig. 2.3d); (e)

inversão de esforços após o Campaniano, evidenciada por discordância regional

entre litotipos na Bacia Potiguar, além de falhas e dobramentos denotando

compressão N-S (Fig. 2.3e).

++

+

++

+

+

+

+ +

+

+

+

++

+++

+

África

JURÁSSICO

a b c

FINAL DO NEOCOMIANO

Américado Sul África

Pólo derotação

++

+

++

+

+

+

+

+

++

++++

++

+

Pólo derotação

FINAL DO ALAGOAS

África

Américado Sul

d

Américado Sul

Américado Sul

África

+

+ +

+

+ +

+ + +

+

+

+

+

+

+

+++

+

++

+

++

CRETÁCEO SUP.(Pré-compressão)SANTONIANO

++

++

+

+

+++

+

+

+

+

+

+

+

+

+

+

++

+

+

++

+

e

Américado Sul

África

CRETÁCEO SUP.(Pós-compressão)MAASTRICHTIANO

++

++

+

+

+++

+

+

+

+

+

+

+

+

+

+

++

+

+

++

+

Embasamento

Zona de distensão

Zona de compressão

Sedimentos Paleozóicos

Corpos intrusivos pós-Paleozóicos

Contorno da linha de costa

Contorno do embasamento

Eixo de compressão

Eixo de distensão

+ +

L E G E N D A

Falhas/fraturas

Rifte de Marajó

Oceano

Figura 2.3 – Evolução tectono-sedimentar da Bacia Potiguar conforme Françolin e Szatmari (1987): (a)Jurássico; (b) final do Neocomiano; (c) aptiano e albiano; (d) Santoniano; (e) Maastrichtiano.

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O modelo de Matos (1992) difere do modelo de Françolin e Szatmari (1987)

por não considerar a atuação de uma fase compressiva no Cretáceo superior

(Santoniano-Maastrichiano), propondo uma evolução puramente distensional no

desenvolvimento do sistema de riftes do Nordeste do Brasil, separada nos estágios

tectônicos Sin-Riftes I, II e III. O estágio Sin-Rifte I (Fig. 2.4a) representa o

desenvolvimento de uma rasa depressão no Jurássico superior provocada pela

reativação de zonas de cisalhamento brasilianas, ocasionando a sedimentação nas

bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá, Sergipe-Alagoas e Araripe, limitadas a norte pelo

Lineamento Patos. O estágio Sin-Rifte II (Fig. 2.4b) marca a principal fase de

rifteamento originada pelo fraturamento da crosta superior, durante o Neocomiano-

Barremiano (diferindo do modelo de Françolin e Szatmari 1987, que postulam o

início a partir do Jurássico superior), com o desenvolvimento dos trends de riftes

Recôncavo-Tucano-Jatobá e Cariri-Potiguar (no caso, Bacia Potiguar on-shore). Por

fim, o estágio Sin-Rifte III (Fig. 2.4c) marca uma tectônica transtracional E-W,

promovendo a deposição dos sedimentos das bacias marginais do leste brasileiro,

tal como a Bacia Potiguar off-shore.

Figura 2.4 – Evolução tectono-sedimentar das Bacias do Nordeste oriental conforme Matos (1992): (a)estágio Sin-Rifte I no Jurássico superior; (b) estágio Sin-Rifte II durante o Neocomiano; (c) estágio Sin-Rifte III no Barremiano Inferior.

a b

c

PO

RTJ

GSA

LEGENDA

Cratons

Bacia do Parnaíba (Paleozóica)Zonas de cisalhamentoBrasilianas/Pan-Africanas

Magmatismo Rio Ceará-Mirim

Sedimentação

Trend Gabão - Sergipe-Alagoas (GSA)

Trend Recôncavo Tucano Jatobá (RTJ)

Trend Cariri - Potiguar (PO)

Sedimentação RTJ/GSA/PO

Depressão de Benue

Falhamentos

Jurássico Tardio

Neocomiano

Sedimentos do Barremiano Sup.

Eixo principalde distensão

Américado Sul

África

Sin-Rifte IJurássico Superior

Sin-Rifte IINeocomiano

Sin-Rifte IIIBarremiano Inferior

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A partir do desenvolvimento da margem passiva entre os continentes Sul

Americano e Africano, ocorreram diversos episódios de reajustes internos durante o

Cenozóico. O vulcanismo Macau, durante o Mioceno, e a deposição da Formação

Serra do Martins e do Grupo Barreiras podem ser indícios da implantação da

Cadeia dos Andes (Saadi 1993) a partir de uma tectônica compressiva de trend

geral E-W, também influenciada pela expansão da Dorsal Meso-Atlântica

(Assumpção 1992).

Durante o Holoceno, a reativação tectônica é evidenciada a partir de abalos

sísmicos em diversas regiões, como em João Câmara (Coriolano 1998), bem como

pela deformação de marcadores dessa idade e pelo controle estrutural da paisagem

(Dantas 1998). Estruturas observadas em beach rocks holocênicos também

fornecem indicações sobre o sistema de tensões atuante nessa idade (Caldas et al.

1997). Neste caso, os diferentes indicadores demonstram a atuação de compressão

regional E-W, combinada com tensões distensionais perpendiculares à linha de

costa (Fig. 2.5), gerada pela combinação da expansão da cadeia meso-oceânica

com a compressão Andina e pela flexura litosférica da margem continental devido ao

aporte sedimentar (Assumpção 1992, Ferreira et al. 1998).

Figura 2.5 – Configuração das tensões regionais neotectônicas no NE do Brasil. As setas em preto aoeste representam a compressão da Cadeia Andina; em preto a leste está representada a compressão da Cadeia Meso-oceânica; as setas em branco representam tensões distensionais transversais à linha decosta (modificado de Assumpção 1992).

Oceano

Atlân

tico

BRASIL

Natal

Recife

Fortaleza

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Capítulo III – Modelos de ocorrência de água

subterrânea em terrenos cristalinos

3.1 – Apresentação

A vasta literatura disponível, bem como trabalhos práticos e rotineiros de

locação de poços em terrenos cristalinos, deixam claro que a água subterrânea

contida nas rochas cristalinas encontra-se acumulada em planos de anisotropia.

Percebe-se ainda que o fenômeno da percolação e retenção da água subterrânea

nestes terrenos é relativamente recente sendo necessária, portanto, uma análise

bastante criteriosa dos efeitos ditos “atuais” que governam tal fluxo subterrâneo.

Neste capítulo apresentamos uma reavaliação dos critérios já existentes de

análise estrutural de terrenos cristalinos, com fins hidrogeológicos (p. ex. Siqueira

1963, 1967; Costa 1965; Costa e Silva 1997). Apesar destes critérios serem

utilizados sistematicamente em trabalhos de locação de poços cristalinos, resultando

em índices de acerto por vezes elevados, há um grande avanço no conhecimento da

geologia estrutural (principalmente sob a ótica da neotectônica), bem como nas

ferramentas geofísicas agora disponíveis (técnicas elétricas e eletromagnéticas mais

apuradas), que justificam uma atualização e reavaliação de modelos e critérios de

locação existentes com vistas ao aumento no índice de acerto em locações

produtivas.

O presente capítulo é parte integrante do livro “Hidrogeologia: conceitos e

aplicações”, da CPRM – Serviço Geológico do Brasil que está no prelo. O mesmo

trata do “estado da arte” da geologia estrutural, em particular da neotectônica e seus

efeitos no fluxo de água subterrâneo no meio aqüífero fissural. Além de outros

aspectos, é feita a descrição dos principais modelos de acumulação de água

subterrânea em terrenos cristalinos e as respectivas respostas quando do emprego

de diversas ferramentas de prospecção, incluindo as técnicas geofísicas.

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página 19

Feitosa, F.A.C. e Manoel Filho, J., eds.

HIDROGEOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES

3ª Edição, 2003

Serviço Geológico do Brasil – CPRM

CAPÍTULO 3.1

REAVALIAÇÃO DA ABORDAGEM ESTRUTURAL E MODELOS DE

OCORRÊNCIA DE ÁGUA SUBTERRÂNEA EM TERRENOS CRISTALINOS

Emanuel Ferraz Jardim de Sá1,2,4, Carlos César Nascimento da Silva1,

Ana Catarina Fernandes Coriolano1, Walter Eugênio de Medeiros1,3,4

1 Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica - UFRN, 2 Departamento de Geologia -

UFRN, 3 Departamento de Física Teórica e Experimental - UFRN, 4 Pesquisador do CNPq

3.2 – Introdução

Décadas de prospecção hidrogeológica no Nordeste do Brasil e em outros

terrenos cristalinos conduziram a um arcabouço teórico-metodológico que é

amplamente utilizado para a locação de poços, por parte de profissionais

autônomos, empresas privadas e companhias governamentais. É amplamente

reconhecido que, neste tipo de terreno, a percolação e acumulação de água são

controladas por fraturas e outras descontinuidades no maciço rochoso, o que requer

dos hidrogeólogos uma base de conhecimentos em Geologia Estrutural, tarefa que

foi desempenhada com sucesso, em nosso país, pelas sínteses de Siqueira (1967),

Costa (1965) e, na primeira edição deste compêndio, Costa e Silva (1997). Todavia,

muitos dos conceitos referidos nessas contribuições datam das décadas de 1950-60

e assim demandam uma revisão que complemente e atualize esses textos.

A proposta deste trabalho é efetuar uma análise crítica dos conceitos e

procedimentos clássicos. Em seguida, serão discutidos conceitos modernos de

Geologia Estrutural e da evolução tectônica dos continentes, como base para

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orientar uma reformulação da metodologia, num esforço conjunto a ser desenvolvido

com hidrogeólogos experientes na pesquisa de água subterrânea no cristalino. Dois

aspectos são considerados básicos na linha de pensamento aqui explorada:

(i) O enorme progresso ocorrido na compreensão dos processos de

deformação ao longo das quatro últimas décadas, incluindo o contexto tectônico, os

parâmetros decorrentes do nível crustal e as relações cronológicas entre diferentes

estruturas, o que permite explicar, de modo adequado, situações sugeridas ou

constatadas pela prática de locação;

(ii) O papel de controle que deve ser exercido pelos sistemas de tensões

neotectônicos, atuando em condições superficiais ou muito rasas na crosta, em

consonância com o fato de que a migração e acumulação da água explotável é um

processo superficial e geologicamente muito recente, em pleno curso.

Faz parte da proposta uma ênfase em métodos e conceitos simples, de

aplicação direta e de baixo custo. Abordagens sofisticadas e de custo elevado teriam

escassa utilidade para a pesquisa hidrogeológica em regiões semi-áridas e

economicamente carentes. O tema e conhecimentos aqui abordados fazem parte de

projetos de pesquisa financiados pelo Programa PADCT3 (FINEP e CNPq), com

apoio de várias entidades (com destaque para a CPRM / Serviço Geológico Nacional

e um projeto de cooperação internacional Brasil / Agência Brasileira de Cooperação /

CPRM e o Canadá / Canadian International Development Agency / Geological

Survey of Canada) e conduzidos por professores e pós-graduandos do Programa de

Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG) da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte (UFRN, com apoio CAPES e CNPq).

3.3 – Conceitos clássicos e problemas levantados

O termo “clássico” refere-se à abordagem hidrogeológica usual, adotada no

Nordeste do Brasil e em outras regiões dominadas por rochas cristalinas, no país e

em outros continentes. Como fontes preferenciais de informação, remetemos o leitor

às referências acima citadas (em especial o Capítulo de responsabilidade de Costa

e Silva 1997, na primeira edição deste compêndio).

Além de outros fatores, que não serão objeto de consideração no presente,

podemos dizer que existe consenso sobre a importância das estruturas frágeis na

criação de espaços nas rochas, permitindo a acumulação de reservas de água no

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cristalino; falamos aqui de fraturas, estruturas que de um modo geral são

consideradas como “abertas”, na trama de uma rocha cristalina. O termo fraturas

engloba juntas (descontinuidades ao longo das quais o movimento relativo entre os

blocos é muito pequeno na escala considerada) e falhas (ou zonas de falhas), cujas

dimensões (comprimento) de interesse no caso variam de métricas a dezenas de

quilômetros (Figura 3.1). Todavia, dois outros tipos de estruturas ainda devem ser

considerados, pela possibilidade de proverem espaços abertos nas rochas. É o caso

dos contatos entre litologias distintas, mecanicamente contrastantes, a exemplo das

paredes de diques e filões, zonas que já são consideradas como favoráveis na

prática atual de locação. Finalmente, também devem ser considerados planos de

foliações e zonas miloníticas. Embora originalmente “fechadas”, essas estruturas

dúcteis (formadas em profundidade) podem ser “abertas” quando submetidas a

processos de reativação, intemperismo e descompressão, próximo à superfície da

Terra.

(A)

Juntas Zonas de falha

Contatos geológicos Superfícies de foliação intemperizadas

(B)

(C) (D)

Figura 3.1 – Estruturas que controlam a ocorrência de água subterrânea em rochas cristalinas. (a)Juntas; (b) Falhas e zonas de falhas; (c) Contatos geológicos; (d) Superfícies de foliação (incluindo zonas de cisalhamento), quando intemperizadas (o efeito do intemperismo é indicado por traços mais grossos, próximos à superfície).

Em função de sua dimensão, o reconhecimento de fraturas e outras

estruturas pode envolver a análise de imagens de satélites e fotografias aéreas

convencionais, e/ou o estudo de afloramentos. A fotointerpretação é direcionada à

localização de estruturas favoráveis - em especial, as zonas fraturadas, bem como a

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página 22

estabelecer seu relacionamento com possíveis fontes de recarga - coberturas e a

rede de drenagem. Bourguet et al. (1980-81) ilustram a interpretação de vários

casos de drenagem. Siqueira (1963, In: Siqueira 1967) elaborou o conceito de

riacho-fenda, quando uma drenagem teria seu curso controlado por uma

fratura/zona de fratura, e condições de recarga periodicamente asseguradas (Figura

3.2). O conceito é amplamente utilizado em regiões semi-áridas, condicionando, até

mesmo, o processo de fotointerpretação (fraturas são identificadas pelos trechos

retilíneos e “cotovelos” ao longo da drenagem). Em campo, os afloramentos

adjacentes devem mostrar uma boa frequência de fraturas orientadas segundo a

direção foto-interpretada - o segmento retilíneo de um riacho. Todavia, a análise de

casos de locação de poços (Coriolano et al. 2000; Coriolano 2002; Nascimento da

Silva e Jardim de Sá 2000) mostra que a correlação de dados estruturais entre

essas diferentes escalas não é uma tarefa simples.

Riacho-fenda !

Riacho-fenda ?

Figura 3.2 – O conceito de riacho-fenda. As fraturas são inferidas a partir de trechos retilíneos ecotovelos da drenagem. É necessário verificar, em campo, a ocorrência de intenso fraturamento emafloramentos adjacentes, paralelo ao trend fotointerpretado, para validar o modelo. Trechos retilíneos da drenagem também podem ser controlados pela foliação das rochas.

Existe uma prática firmada, no Nordeste do Brasil e em regiões cristalinas

similares na África (Bouguet et al. 1980-81; Wright e Burgess 1992), de que a

profundidade máxima para a ocorrência de fraturas abertas, com água, não

ultrapassa a faixa de 60 a 100 m (segundo diferentes avaliações). Na verdade, a

ocorrência de água minando a partir de fraturas, em galerias mineiras profundas, ou

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as fontes termais que drenam água desde profundidades de 1 a 3 km (Berthier

1982), alertam que aquele valor é mínimo, sendo na verdade fortemente

condicionado a aspectos técnico-econômicos da sondagem e do bombeamento.

Um ponto crítico na avaliação de terreno reside na detecção das fraturas

“abertas”, mais propícias ao fluxo e acumulação de água. Neste caso, a abordagem

clássica demanda uma análise crítica face à evolução tectônica regional, incluindo a

cronologia e condições crustais da deformação, impressas nas estruturas hoje

aflorantes ou subaflorantes. Frequentemente, os critérios propostos para selecionar

ou priorizar locações estão baseados em feições e estruturas relacionadas a uma

etapa antiga e profunda da evolução crustal. Tomando o exemplo do Nordeste

brasileiro, a deformação principal do terreno ocorreu, pelo menos, no final do

Precambriano (há cerca de 550 Ma atrás !), quando as estruturas hoje expostas

estavam sendo desenvolvidas numa faixa entre 8 a 15 km de profundidade ! Apoiar-

se no contexto original de formação dessas estruturas é um procedimento

injustificável, de vez que o fluxo e acúmulo da água normalmente explotável é um

processo geologicamente recente e superficial, possivelmente abrangendo, no

máximo, um nível de 0,5 a 1 km na crosta. Quanto às estruturas frágeis, é

necessário considerar a ocorrência de sucessivos eventos de deformação, desde o

final do Precambriano até os tempos atuais. A rede de fraturas presente nos

terrenos cristalinos tem assim uma cronologia complexa, sendo em sua maior parte

herdada dos eventos antigos, que igualmente não possuem relação direta com o

campo de tensões atual. Pelas suas implicações, é importante que o hidrogeólogo

do cristalino conheça os principais aspectos da evolução tectônica da sua região de

trabalho.

3.4 – Conceitos básicos de geologia estrutural: a deformação frágil

Nas duas últimas décadas, a relação entre estruturas e as condições de

permeabilidade/porosidade de um maciço rochoso estão sendo abordadas com

crescente interesse, especialmente em países do hemisfério norte, a partir de um

número de contribuições multidisciplinares. Muitas dessas contribuições (ver revisão

em Odling 1998, p.ex.) foram impulsionadas não apenas pela prospecção de água

no cristalino, mas exatamente por um objetivo oposto – a procura de rochas

cristalinas “sêcas”, impermeáveis, adequadas para o armazenamento de lixo nuclear

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(Carlsson e Olsson 1980-81; Almén 1994). A indústria do petróleo somou uma

enorme parcela de conhecimentos, dedicada aos problemas de porosidade e

permeabilidade em reservatórios fraturados (Nolen-Hoeksema e Howard 1987;

Heffer e Lean 1993; Sibson 1994; Barton et al. 1997; Aydin 2000). A esses enfoques

mais específicos, é acrescida a expansão de conhecimentos na Geologia Estrutural,

na Neotectônica e sobre a evolução da crosta continental, de um modo mais amplo

(ver diversos artigos em Hancock 1994, p.ex.). Alguns dos tópicos desenvolvidos

constituem temas de ponta, cuja aplicabilidade na prática de locação ainda não foi

estabelecida.

A hidrogeologia do cristalino demanda uma renovação de conhecimentos,

incorporando os modelos 3-D da geometria de sistemas de juntas e zonas de falhas,

sua cinemática e o funcionamento mecanicamente integrado de sistemas

complexos. Na avaliação do potencial hidrogeológico de fraturas, os seguintes

pontos devem ser considerados:

(i) Geometria do sistema de fraturas, incluindo as feições (abertura,

rugosidade) de uma fratura individual, bem como a orientação, dimensões e

conectividade entre diferentes famílias; essa geometria é controlada pelo campo de

tensões atuante na época de formação das fraturas, bem como pelo tipo de rocha

fraturada e as condições crustais em que tal fenômeno ocorreu;

(ii) Tendência atual de comportamento – “abertura” vs. “fechamento” das

diferentes famílias, o que é condicionado pelo campo de tensões atual/neotectônico

e pela evolução recente do terreno, no tocante à sua exumação e processos de

intemperismo.

O ítem (i) acima diz respeito ao reconhecimento de conjuntos de fraturas que

estejam relacionados a um mesmo regime cinemático e respectivo campo de

tensões. Vários livros textos e artigos recentes sumarizam este tipo de

conhecimento (Hancock 1985,1994; Ramsay e Huber 1987; Twiss e Moores 1992;

Angelier 1994; Choukroune 1995; Hatcher Jr. 1995; van der Pluijm e Marshak 1997;

Aydin 2000).

As tensões atuantes nos corpos geológicos podem ser do tipo uniaxial (que

produziriam juntas de distensão – com tendência dilatacional/“aberta”, ou

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estilolíticas, com tendência contracional/“fechada”), biaxial (quando poderiam ser

desenvolvidas juntas de distensão, juntas estilolíticas e/ou fraturas de cisalhamento,

estas últimas com movimento paralelo às paredes) ou triaxial (sistemas complexos

com múltiplas famílias de fraturas). Nos dois primeiros casos, os eixos de tensões

(σ1 ≥ σ2 ≥ σ3) guardam uma relação angular simples com respeito às fraturas; nos

sistemas triaxiais essa relação é complexa. Em geral e numa primeira abordagem,

as famílias de fraturas naturais podem ser tratadas, simplificadamente, como

desenvolvidas em sistemas biaxiais.

Em função das tensões atuantes, podem ser distinguidos regimes de

cisalhamento puro, simples ou geral. Em cada um desses casos, e a depender do

tipo de rocha e das tensões atuantes (magnitude e orientação), podem ser

desenvolvidas as juntas de distensão (em geral desenvolvidas sob esforços trativos

e/ou com a participação de fluidos, reduzindo a tensão efetiva atuante nas rochas –

Figura 3.3a,b), fraturas de cisalhamento ou falhas, juntas estilolíticas (em rochas

passíveis de dissolução em condições superficiais, o que não ocorre nos litotipos

cristalinos aqui considerados) e juntas/fraturas híbridas (cisalhamento + dilatação ou

contração). A Figura 3.4 sintetiza a orientação das fraturas em relação ao regime de

tensões atuante. As fraturas híbridas, não representadas na figura, são

desenvolvidas com relação angular intermediária aos outros tipos. O cisalhamento

puro produz sistemas de fraturas simétricos; são características as fraturas de

cisalhamento conjugadas. Regimes de cisalhamento simples ou geral (cisalhamento

simples + componente de dilatação ou contração) são condicionados pela

movimentação de falhas e resultam em sistemas de fraturas assimétricos. Nesses

casos, é muito utilizada a notação de fraturas T (juntas de distensão), R, R’ e P

(fraturas de cisalhamento, com movimento contrário ao da falha principal, dito

fraturas antitéticas – caso de R’, desenvolvida em alto ângulo com respeito à zona

de falha, ou com movimento semelhante, dito fraturas sintéticas – caso de R e P),

para designar o fraturamento de segunda ordem, relacionado a uma falha principal.

A atuação desses regimes é função do movimento diferencial de blocos na crosta da

Terra (ou em maior escala, das placas litosféricas) e também dependente da escala

considerada. Isoladamente, as fraturas de cisalhamento conjugadas do regime de

cisalhamento puro definem, em maior detalhe, regimes de cisalhamento simples (ou

geral).

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12

2213

2

(A) (B)

(C)

1

23

Pf

1

13 3 31 1

2

Figura 3.3 – Formação ou reativação de fraturas, visualizada no diagrama de Mohr. (a) Atuando numarocha cuja condição de ruptura é dada pelo envelope de Mohr, o estado de tensões 1 (tensão diferencialmais baixa) originaria juntas de distensão (ângulo θ próximo de 90°); o estado de tensões 2 originariafraturas de cisalhamento (ângulo θ próximo de 60°). (b) O estado de tensões 1 não origina fraturas narocha; com aumento da pressão de fluidos (Pf) nos poros e aberturas, a tensão normal efetiva é reduzida (o círculo se desloca para a esquerda no gráfico, configurando o estado de tensões 2) e a rocha seriafraturada. (c) Considerando um estado de tensões específico, o mesmo é insuficiente para originarfraturas numa rocha sã (envelope 1), reativa fraturas pré-existentes, parcialmente seladas, com um trend determinado (envelope 2, com parâmetro c reduzido), e reativa um amplo leque (direcional) de fraturasnão cimentadas, desprovidas de coesão (envelope 3, parâmetro c nulo).

Falha de empurrão/contracionalFalha de normal/distensional

Falha transcorrente

EstilólitoJunta de distensão

Cisalhamento puro Cisalhamento simples

Cisalhamento geral

Figura 3.4 – Regimes de cisalhamento e estruturas frágeis resultantes. Atentar para o tipo e relaçãoangular das fraturas desenvolvidas. O esboço é válido para mapa ou cortes verticais; todavia, as falhas,conforme representadas pelos símbolos usuais, seriam assim desenvolvidas num contexto detranscorrência – ver Figura 3.5 (ou seja, no caso das falhas, a figura representa adequadamente a visãoem mapa). No cisalhamento geral, o componente de cisalhamento puro poderia ser de contração(conforme representado; corresponderia a uma cinemática de transpressão no contexto detranscorrência) ou de dilatação (designado de transtração no caso de transcorrência).

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Em função da orientação dos eixos de tensões na crosta ou litosfera (mais

uma vez, condicionados pelo movimento relativo de blocos crustais ou das placas),

são distinguidos os regimes de deformação (ou regimes cinemáticos) distensionais,

contracionais e transcorrentes, cada um deles (e em diferentes escalas) podendo

operar sob condições de cisalhamento puro, simples ou geral. A Figura 3.5 ilustra a

orientação de falhas e juntas de distensão em cada um desses regimes, em

condições de cisalhamento puro.

3

1

3

1

3

1

Regime distensional Regime contracional

Regime transcorrente

Falhas de empurrão/contracionais

Falhas normais/distensionaisJuntas de distensão

Falhas transcorrentes

Eixos de tensões

Figura 3.5 – Falhas, eixos de tensões e regimes cinemáticos. Por simplicidade e além das falhas, foramrepresentadas apenas as juntas de distensão, em cada caso. O eixo σ2 é sempre ortogonal aos demais.Convencionamos representar σ1 como compressão e σ3 como tração. Todavia, qualquer um (ou todos)dos três eixos pode ser compressivo ou trativo (ou neutro), embora necessariamente obedecendo àrelação σ1 = σ2 = σ3.

Cada um desses regimes cinemáticos é caracterizado pela dominância de um

tipo de falha específico – os empurrões/falhas inversas ou falhas contracionais, as

falhas normais ou falhas distensionais e as falhas transcorrentes. Todavia, a

geometria 3-D das falhas é mais complexa (Davison 1994 e outras referências no

texto). Além das fraturas de segunda ordem, diferentes tipos de falhas podem

funcionar mecanicamente integrados, em “coerência cinemática” (falhas de

transferência ou rampas laterais; falhas contracionais ou distensionais em zonas de

ponte ou de escalonamento em transcorrências; zonas de descolamento em baixo

ângulo, etc). A Figura 3.6 ilustra alguns desses casos.

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RL FT

TP

TT

RF

Falha de empurrão/contracional

Falha de normal/distensional

Falha transcorrente

Empurrões (RF, rampa frontal)e rampas laterais (RL)

Falhas normais e de transferência (FT)

Zonas de transtração (TT) e transpressão (TP)

Figura 3.6 – Conexões e a geometria 3-D dos tipos básicos de falhas. Em qualquer um dos regimescinemáticos principais (contracional, distensional, transcorrente), falhas de rejeito direcional convivemcom falhas normais, inversas ou oblíquas.

A Figura 3.4 simplifica os três regimes cinemáticos, que todavia são

transicionais entre si, como ilustrado na Figura 3.7. Nesses regimes com cinemática

oblíqua (riftes com abertura oblíqua, colisões oblíquas, etc.) ocorrem falhas oblíquas

com componentes de empurrão ou movimento normal, ou estruturas de

transpressão ou transtração (estruturas em flor, etc.). Falhas oblíquas também são

desenvolvidas em em regimes de tensões triaxiais, ou quando formadas por

reativação de fraturas pré-existentes (Hancock 1985; Angelier 1994).

Regimes de distensão caracterizam riftes continentais ou oceânicos. Com a

separação e deriva dos continentes, este tipo de regime deformacional fica melhor

preservado nas margens continentais passivas, nas seções rifte e transicional das

bacias marginais mesozóicas (no caso brasileiro) e seu embasamento, ou no próprio

interior continental, no caso de riftes não evoluídos (“abortados”). Os regimes de

contração tipificam margens continentais ativas (a exemplo dos Andes) e cadeias de

montanhas colisionais; no caso brasileiro, a maior parte das estruturas frágeis deste

tipo de regime foram desenvolvidas em etapas tardias dos processos colisionais do

ciclo orogênico Brasiliano, há 550-500 Ma atrás. Os regimes de transcorrência, que

em geral envolvem a atuação de um eixo compressivo tangencial à crosta, podem

ser encontrados em uma ampla variedade de ambientes, nos limites (ditos

transformantes) de placas ou no seu interior. No bloco brasileiro, os regimes de

transcorrência atuaram em várias etapas da evolução precambriana a fanerozóica,

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desde a evolução das cadeias orogênicas brasilianas (em colisões oblíquas e

contextos de extrusão lateral de blocos) até os regimes neotectônicos, onde a

compressão Andina e a expansão do Atlântico transmitem tensões compressivas

através da Placa Sul-Americana. Mais recentemente, constata-se que as cadeias

orogênicas, tradicionalmente caracterizadas por estruturas contracionais (dobras e

falhas inversas), podem sofrer processos de colapso tardio, em zonas fortemente

espessadas e soerguidas, gerando estruturas distensionais que procuram re-

estabelecer o equilíbrio de massas (ver descrições em Park 1988; Hancock 1994;

Choukroune 1995; van der Pluijm e Marshak 1997; Moores e Twiss 1995; Cordani et

al. 2000).

ND

ODS/TTS ODD/TTD

TS TD

IC

OCD/TPDOCS/TPS

Figura 3.7 – Movimento relativo de blocos crustais ou litosféricos (placas), e o regime cinemático eestruturas induzidas nos seus limites. O diagrama é esquemático e representa a superfície da Terra(visão em mapa). No centro do diagrama, estão colocados dois blocos/placas na posição original,adjacentes. As setas indicam o movimento relativo dos blocos, que na periferia da figura estãodeslocados entre si, lateralmente (linha horizontal no diagrama), ortogonalmente (coluna vertical, comlacunas ou áreas de sobreposição) ou obliquamente (linhas diagonais). As estruturas resultantes estãorepresentadas esquematicamente ao lado de cada par de blocos. As abreviaturas são: IC, falhas inversas ou contracionais; ND, falhas normais ou distensionais; TD e TS, falhas transcorrentes dextrais esinistrais, respectivamente; ODD/TTD e ODS/TTS, falhas oblíquas distensionais/transtrativas, dextrais esinistrais, respectivamente; OCD/TPD e OCS/TPS, falhas oblíquas contracionais/transpressivas, dextraise sinistrais, respectivamente.

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3.5 – Cronologia e nível crustal da deformação

As condições externas (P, T, fluidos) que governam a deformação de minerais

e rochas, ativando diferentes mecanismos, são agora bem conhecidas (idem

referências em Geologia Estrutural e Tectônica, acima citadas). Consequentemente,

o nível crustal de desenvolvimento das estruturas pode ser inferido com base nos

marcadores cinemáticos impressos nas rochas (em especial, o tipo de

preenchimento, veios e películas minerais em juntas de distensão e falhas; foliações

em zonas de cisalhamento dúcteis ou em protólitos argilosos). Adicionando relações

de interseção mútua e sua assinatura em diferentes unidades estratigráficas, é

possível elaborar uma sequência cronológica da deformação frágil, o que permite

avaliar adequadamente o papel de cada sistema/geração de fraturas (p.ex.) no

condicionamento da água subterrânea ou de outros bens econômicos.

Os diversos conjuntos de fraturas compõem uma trama que, a princípio, pode

ter um papel apenas “passivo”, no sentido de prover espaços abertos para o

movimento ou acúmulo de água, em especial quando o terreno é soerguido e

descomprimido. A interconectividade de sistemas de fraturas é determinada pela sua

geometria original e pelas interseções com famílias mais jovens (Bradbury e

Muldoon 1994; Aydin 2000) . Todavia, a maior ou menor “abertura” (e consequente

favorabilidade) de cada conjunto de fraturas, na sua posição atual na crosta, não

tem relação direta, a priori, com sua cinemática original, vigente em épocas antigas.

Neste sentido e no outro extremo da escala de tempo geológico, os campos de

tensões “neotectônicos”, ou de idade holocênica, é que podem influenciar mais

diretamente sobre o grau de “abertura” de cada família de planos; sua configuração

deve ser estabelecida com base em estruturas reconhecidamente jovens (impressas

em marcadores estratigráficos quaternários, p.ex.), em feições morfotectônicas ou a

partir de dados sismológicos (soluções de mecanismo focal em falhas ativas).

Os eventos de deformação frágil estão superimpostos às estruturas dúcteis

do substrato cristalino, sendo que o reconhecimento dessa trama profunda, em geral

creditada ao último evento orogênico regional, é também importante, embora não

condicione diretamente as ocorrências de água subterrânea, salvo pela interferência

do intemperismo (ver adiante). A evolução geológica subseqüente, nos escudos

cristalinos, envolve um longo processo de soerguimento e exumação de níveis mais

profundos, continuamente e/ou em “pulsos”. Considerando o nível atual de erosão

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(exposição do substrato rochoso) e a evolução temporal, as seguintes situações

podem ser encontradas em afloramentos de rochas cristalinas precambrianas:

(i) Os conjuntos de fraturas mais antigos apresentam feições indicativas de

níveis crustais mais profundos, ou seja, indicadores cinemáticos de temperatura

mais elevada; em geral, os eventos subseqüentes exibem feições indicativas de

níveis crustais gradativamente mais rasos, representados por estruturas mais “frias”;

(ii) Um plano de fratura “antigo” pode ser reativado com o desenvolvimento de

uma segunda família de estrias (slickenlines) as quais, em geral, são de temperatura

mais baixa;

(iii) Unidades estratigráficas mais antigas, a exemplo do embasamento

cristalino, tendem a mostrar múltiplos sistemas de fraturas, com sucessivas

reativações, o que torna necessário separar os conjuntos de diferentes idades, para

identificação dos respectivos modelos cinemáticos (Figs. 3.4 e 3.5). Ao contrário,

unidades mais jovens e coberturas sedimentares exibem arranjos mais simples e

mais facilmente correlacionáveis com os modelos citados, salvo nos casos de

herança tectônica, quando fraturas reativadas no embasamento impõem trends

peculiares a uma cobertura;

(iv) Nas bordas de bacias tipo rifte, um regime de fluxo de calor mais elevado,

durante sua evolução, pode conduzir à formação de estruturas relativamente

“quentes”, em comparação a regiões distais (com fraturas mais antigas e mais

“frias”), modificando o ordenamento previsto nos parágrafos precedentes.

Levando em conta que o processo de percolação e acumulação de água é

geologicamente muito recente e superficial, não é possível conceber um

relacionamento direto (exceto indiretamente, através da atuação do intemperismo;

ver adiante) com as estruturas dúcteis (dobras, foliações, zonas miloníticas) de

idade precambriana (o caso nos escudos cristalinos do Brasil e da África, p.ex.),

originadas em ambiente crustal profundo (e há > 500 Ma atrás !). Nesse mesmo

sentido, classificações de juntas de acordo com a sua orientação em relação às

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estruturas dúcteis regionais são de escassa utilidade prática na avaliação do seu

potencial hídrogeológico.

3.6 – O contexto tectônico regional e suas implicações: o exemplo daBorborema

Em cada região da crosta continental, a deformação frágil pode ser

caracterizada em termos geométricos e cinemáticos, compondo sucessivos eventos

que podem ser alocados nos seus respectivos nichos no espaço (incluindo a

profundidade crustal) e (com auxílio de métodos cronoestratigráficos) no tempo. A

integração de dados através de áreas de escala (sub)continental permite relacionar

esses episódios a processos nas margens ou no interior de placas, em arranjos

pretéritos (neoproterozóicos, mesozóicos) ou atuais, aos quais correspondem

sistemas de tensões específicos.

No Nordeste do Brasil (ou mais especificamente, na Província Borborema;

Almeida e Hasui 1984; Mapa Geológico do Brasil 2001; Figura 3.8), o último evento

de deformação dúctil foi o ciclo orogênico Brasiliano, ca. 600±100 Ma atrás. Com o

soerguimento regional e exumação do terreno, já no Cambro-Ordoviciano, estruturas

frágeis tardi-brasilianas foram desenvolvidas e hoje estão expostas, caracterizadas

por marcadores cinemáticos relativamente “quentes” (fraturas preenchidas por veios

de quartzo, pegmatito, mica branca, sericita, clorita e outros minerais de origem

hidrotermal; o quartzo pode ocorrer como fibras “estiradas”, etc.). Na chamada Faixa

Seridó e em outros domínios adjacentes, o fraturamento tardi-brasiliano,

dominantemente com forte mergulho, também é reconhecido pela sua relação

geométrica (p.ex., as fraturas de distensão são ortogonais ou escalonadas,

bissectando falhas e fraturas de cisalhamento) com lineações de estiramento e

zonas miloníticas transcorrentes NE/NNE (Jardim de Sá 1994). A Figura 3.9

reproduz simplificadamente os trends de fraturas observados.

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Zonas de CisalhamentoBrasilianas

Terrenos Gnáissico-Migmatíticos

Faixas de Metasupracrustais Proterozóicas

Coberturas Fanerozóicas

Embasamento Cristalino Precambriano

Natal

Fortaleza

Recife

Aracaju

Remígio

100 KmN

Patos

L i n e a m e n t o P a t o s

ZC

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ZC iR gemí o-Pocinhos

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Pau dosFerros

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Santa CruzCurraisNovos

Lages

O c e a n oA t l â n t i c

o

Macau

Açú

João Câmara

Caicó

Ortognaisses Proterozóicos

Zonas de CisalhamentoBrasilianas

Cr

etá

ce

oP

rec

am

bri

an

o

EmbasamentoGnáissico-Migmatítico

Grupo Seridó

Granitóides Brasilianos

Bacia Potiguar

Bacias Interioranas

Faixa Seridó

Formação Serra do Martins

Formações Açu e Jandaíra

Grupo Rio do Peixe

Coberturas Neógeno-Quaternárias

L I T O E S T R A T I G R A F I A

Souza

Figura 3.8 – (a) Arcabouço tectônico da Província Borborema e bacias mesozóicas, Nordeste do Brasil.(b) O detalhe reproduz a Faixa Seridó e, a norte, a Bacia Potiguar. Adaptado de Jardim de Sá (1994) e do Mapa Geológico do Estado do Rio Grande do Norte (1998).

A tectônica no restante do Paleozóico é pouco conhecida. A partir do

Jurássico superior e até o Cretáceo superior, o processo de separação continental e

criação do Oceano Atlântico imprimiu outros conjuntos de fraturas, numa evolução

complexa, polifásica (Matos 1992, 1999, 2000), com feições que em geral refletem

níveis crustais mais rasos. Os eixos de rifteamento no interior e na margem do

continente obedeceram inicialmente a uma direção de distensão NW, com eventos

precoces que mostram uma deflexão nessa direção (distensão N-S é inferida a partir

dos enxames de diques Rio Ceará-Mirim). Posteriormente, a margem equatorial do

continente foi estruturada (numa visão simplificada) em transcorrências dextrais E-W

e falhas normais-oblíquas NW (Matos 2000; Jardim de Sá 2001). A Figura 3.9

também ilustra esquematicamente este evento polifásico.

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(C)Neógeno ao Pleistoceno

Junta de ]distensão

Falhanormal

Falhatranscorrente

Enxame de diques

(D)Holoceno

Eixoscinemáticos

(B)Cretáceo

(i)

(ii)

(A)Final do Neoproterozóicoao Cambro-Ordoviaciano

Figura 3.9 – Cinemática dos principais episódios de deformação e estruturas frágeis fanerozóicas naFaixa Seridó e domínios adjacentes (Província Borborema, Nordeste do Brasil). (a) Final doNeoproterozóico ao Cambro-Ordoviciano, durante a exumação da cadeia colisional/transpressivabrasiliana; (b) À esquerda (i), rifteamento no Cretáceo inferior (Neocomiano), sucedido (conformeilustrado à direita) pela (ii) evolução transformante ao longo da margem equatorial, a partir doBarremiano-Aptiano; (c) Domeamento intraplaca durante o Neógeno-Pleistoceno, cujos efeitos sãosumperimpostos (e eventualmente dominantes) sobre outros regimes contemporâneos; (d) Tectônicaholocênica; compressão E-W através da Placa Sul-Americana, provavelmente ativa desde o final doCretáceo; na margem equatorial, o regime b (i) também condiciona a deformação desde o final doCretáceo.

A partir do final do Cretáceo, o regime tectônico vigente deve(ria) ter sido

similar ao atual, que tipifica as margens continentais passivas, evoluídas a partir de

limites de placas divergentes (caso da Margem Atlântica Leste, de Natal para sul) ou

transformantes (caso da Margem Atlântica Equatorial, de Natal para oeste). Todavia,

na margem e em boa parte do interior continental, estão bem caracterizadas falhas

transcorrentes e normais filiadas a um regime com eixo principal de tensão (σ1,

compressão ?) N-S ou, mais apropriadamente, distensão geral no plano horizontal;

falhas normais, juntas de distensão e fraturas híbridas são comuns neste evento.

Essas estruturas cortam os sedimentos cretáceos da Bacia Potiguar, penetram no

cristalino (onde, em geral, reativam fraturas mais antigas) e também afetam as

formações Serra do Martins (Paleógena, ocorrendo em platôs interioranos) e

Barreiras, esta última na costa, indicando que este regime tectônico perdurou até o

Plioceno, pelo menos. O nível crustal dessas estruturas é bastante raso;

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preenchimentos com calcedônia e óxidos/hidróxidos de ferro são freqüentes. O

mecanismo tectônico para gerar essa compressão N-S ainda não está bem

explicado. Coincidentemente, durante o Neógeno (Terciário superior), registra-se a

presença de um outro elemento tectônico, um domeamento térmico associado a

magmatismo alcalino intraplaca (o Vulcanismo Macau; Carneiro et al. 1989),

atribuído como responsável pelo soerguimento do Planalto da Borborema. Um

contexto hipotético de domeamento assimétrico (com distensão geral no plano

horizontal, e mais pronunciada - σ3, na direção E-W) e a participação de fluidos no

fraturamento (indicado pela freqüência dos precipitados), poderiam explicar este

conjunto particular, porém importante, de estruturas (Figura 3.10). Todo esse

arcabouço está ainda em processo de reconhecimento e detalhamento (Matos

1992,1999,2000; Jardim de Sá et al. 1999; Jardim de Sá 2001).

3

1 2ou

10 - 100 km

Figura 3.10 – Modelo cinemático para a deformação Neógena na crosta superior do Nordeste do Brasil(Jardim de Sá et al. 1999). O alçamento do Platô da Borborema é atribuído a uma anomalia térmica (pluma mantélica); a porção superior, frágil, da litosfera (incluindo boa parte da crosta continental) teria sidosubmetida a uma distensão geral (esforços tracionais) no plano horizontal, mais acentuada na direção E-W. Variações na pressão litostática (erosão, deposição) e na pressão de fluidos ocasionam permutações entre eixos de magnitude similar (σ1, σ2), conduzindo à formação alternada de transcorrências e falhasnormais.

3.7 – Neotectônica e a evolução crustal holocênica

Várias investigações confirmam o papel do campo de tensões atual em ditar

um ou outro comportamento (“aberto” ou “fechado”) das fraturas, com

correspondente implicação na sua capacidade hídrica (Carlsson e Olsson 1980-81;

Heffer e Lean 1993; Sibson 1994; Banks et al. 1996; Barton et al. 1997; Aydin 2000).

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A definição temporal da neotectônica é variável, entre autores e regiões, mas

de um modo geral englobaria o período de tempo durante o qual o regime tectônico

atual esteve vigente. No Nordeste do Brasil, este lapso cronológico certamente

engloba o Holoceno (o que é suficiente para as nossas necessidades de prospectar

água no cristalino !), sem detrimento de sua extensão a todo o Quaternário (Saadi

1993). A definição de campos de tensões com base nos dados sismológicos (a

sismotectônica) ou nas medidas diretas em poços, como disponível no Nordeste do

Brasil (Lima et al. 1997, Ferreira et al. 1998; Lima Neto 1998), são ferramentas das

mais importantes para identificar os sistemas de tensões atuais. No Planalto da

Borborema, interior do Nordeste setentrional, os vários tipos de dados disponíveis

definem este campo de tensões em termos de compressão (σ1) E-W e distensão (σ3)

N-S. No prisma de sedimentos na borda continental, o sistema de tensões é mais

complexo (Assumpção 1992; Lima Neto 1998; Jardim de Sá 2001) mas essas

considerações são de menor importância no momento.

Dados morfotectônicos também podem ser utilizados para conhecer os

sistemas de tensões recentes (Saadi 1993; Bezerra et al. 1998; Nascimento da Silva

e Jardim de Sá 2000). Neste sentido, a neotectônica também interfere e se reflete na

rede de drenagem, nos blocos soerguidos e rebaixados e, conseqüentemente, nos

processos de erosão, intemperismo e deposição de coberturas, todos os quais são

fatores que influenciam no processo de locação de poços.

A deformação neotectônica vai gerar estruturas novas em marcadores (rochas,

unidades litoestratigráficas) recentes e mesmo de idade Neógena, como a Formação

Barreiras (Bezerra et al. 1998, 2001). No cristalino precambriano, a geração de

novas fraturas parece ser bastante restrita ao nível da superfície atual, como no

caso da Falha Sísmica de Samambaia, em João Câmara, RN (Coriolano et al. 1997).

A situação mais comum, no embasamento cristalino, é a reativação da trama de

fraturas pré-existentes (cambrianas, juro-cretáceas, terciárias), como já foi

demonstrado em sítios localizados, com auxílio de marcadores muito jovens e de

nível crustal raso (precipitados minerais ou preenchimentos por cascalho; Coriolano

et al. 1997,2000; Menezes e Jardim de Sá 1999), ou por feições morfotectônicas

(Nascimento da Silva e Jardim de Sá 2000). O tipo de reativação em cada fratura

será função da sua orientação em relação ao elipsóide de tensões local; se não

conhecido, este último pode ser estimado a partir do sistema de tensões

regionalmente ativo. Outros fatores influentes incluem a pressão de fluidos nas

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rochas e fraturas, e a resistência coesiva das mesmas (parâmetro “c” do critério de

ruptura de Coulomb), ditada pelo selamento ou abertura (inclusive pelo

intemperismo) prévia das fraturas (Figura 3.3c).

3.8 – Implicações para a hidrogeologia de terrenos cristalinos

A partir do último parágrafo, esta seção de implicações pode iniciar

considerando o modo de reativação neotectônica da trama de fraturas pré-

existentes. Vários trabalhos (Carlsson e Olsson 1980-81; Heffer e Lean 1993; Banks

et al. 1996; Barton et al. 1997; Finkbeiner et al. 1997; Aydin 2000) reportam

resultados consistentes, nos quais as fraturas orientadas em baixo ângulo

(subparalelas) ao eixo de compressão principal (ou distensão mínima) σ1 são

aquelas mais “abertas” (funcionam como juntas de distensão) e, assim, apresentam

maior potencial hidrogeológico; em situação oposta, situam-se as fraturas em forte

ângulo com σ1 (corresponderiam a fraturas “fechadas”, em função de um

componente de compressão ou, quando menos, de um eixo de distensão mínima).

Podem ser visualizadas várias situações “intermediárias” possíveis, equivalentes a

fraturas de cisalhamento ou fraturas híbridas. Esta regra oferece, pelo menos à

primeira vista, uma relação simples, fundamentada e útil, para avaliação do potencial

hidrogeológico das fraturas no cristalino (Figura 3.11). Também fica claro a

inexistência de uma relação direta entre fraturas precambrianas ou cretáceas (juntas

de distensão preenchidas por veios ácidos, de quartzo ou diabásio), e seu

comportamento atual “aberto” ou “fechado”.

3

1

Figura 3.11 – Abertura de fraturas em relação a campos de tensões neotectônicos (exemplo do Nordestedo Brasil, provavelmente também válido para amplas regiões no interior do Brasil). Fraturas em altoângulo com σ3 (ou subparalelas a σ1) são preferencialmente abertas. Na figura, a espessura do traço das fraturas é proporcional ao seu comportamento de abertura.

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No Nordeste Setentrional, a coincidência da direção de distensão principal,

horizontal NNE a N-S, em tempos tardi-Brasilianos, no Cretáceo inferior-médio e no

Holoceno, condicionando (em cada período citado; ver Figura 3.9) o funcionamento

de fraturas E-W como estruturas de distensão, mais “abertas”, deve ser considerada

como uma ocorrência fortuita. A distinção entre fraturas “antigas” e “jovens” pode ser

esboçada com critérios de campo, o que permite uma avaliação mais adequada do

seu significado tectônico e potencial hidrogeológico. Em terrenos cristalinos, a

determinação dos sistemas de tensões atuais (neotectônicos), em escala local, sofre

severas restrições pela escassez de marcadores apropriados, o que pode ser

superado com inferências regionais, dados morfotectônicos e o exame detalhado do

fraturamento, com especial atenção a estrias argilosas e outros indicadores

cinemáticos de baixa temperatura (Coriolano et al. 1997,2000; Menezes e Jardim de

Sá 1999; Nascimento da Silva e Jardim de Sá 2000).

No tocante a um plano de fratura específico, o estudo de rochas de falhas

(brechas e cataclasitos) e mineralizações hidrotermais deixa claro a possibilidade de

geração de uma trama porosa e permeável, através da qual pode circular um

enorme volume de fluidos (Sibson 1977,1981,1994; Muir Wood 1994). Quando

cimentados, brechas e cataclasitos reduzem consideravelmente sua permo-

porosidade, que todavia pode ser re-estabelecida em um novo pulso de movimento.

O resultado final desses ciclos é difícil de prever; todavia, em condições muito rasas,

as brechas tendem a ser incoesivas e permo-porosas, em função da ausência de um

fluido cimentante. Juntas de distensão podem experimentar ciclos semelhantes de

abertura e preenchimento (o mecanismo crack-seal) (Ramsay e Huber 1987; Dunne

e Hancock 1994). Deste modo e no tocante a fraturas antigas, o seu potencial

hidrogeológico é variável e controlado por múltiplos fatores (orientação, abertura,

rugosidade, selamento, reativações, etc.; ver também Costa e Silva 1997). Uma

junta de distensão, ou uma zona de falha com múltiplas interseções, teoricamente

estruturas “abertas”, podem ser impermeabilizadas por precipitados minerais. Sua

“re-abertura” poderia se dar em uma ou ambas das seguintes instâncias: (i)

intemperismo do preenchimento (que todavia também pode selar a fratura; ver

adiante); (ii) reativação da fratura, especialmente em contexto neotectônico (devido

à idade recente, a possibilidade de um novo selamento seria menor).

A geometria dos sistemas de fraturas deve ser estudada em cada localidade,

aqui incluída a sua classificação em conjuntos com idade similar ou distinta, e

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cinemática própria. O padrão tridimensional resultante tem implicações no tocante às

possibilidades de interseções mútuas e conectividade do sistema (Black 1994). O

aspecto mais simples, a ser inicialmente considerado pelo hidrogeólogo, é a

provável/possível extensão de uma fratura em profundidade. Quanto mais profunda,

maior a probabilidade de drenarem e estocarem água, inclusive pela possibilidade

de se interconectarem com outras estruturas. Estatisticamente, essa extensão pode

ser avaliada pela dimensão média das fraturas fotointerpretadas (ou estimadas no

campo). Todavia, a consideração da forma da fratura, em relação ao nível de

erosão, deixa claro a possibilidade de surpresas nas locações (Figura 3.12).

Frequentemente, as fraturas correspondem a uma seção elíptica com eixo maior

subhorizontal (Davison 1994; Nicol et al. 1996, p.ex.), com bordas por vezes

recortadas; a depender do nível de erosão atual, uma fratura pode se expor na sua

dimensão máxima aproximada (se o corte corresponde à parte mediana), ou pode

aumentar (corte no topo) ou diminuir (corte na porção inferior) em profundidade. Tal

fato justifica a aplicação, quando possível, de métodos geofísicos na locação de

poços em áreas problemáticas.

a

a'

a"

b"

c"

d"

e"

b'

c'

d'

e'

a

b

b

c

c

d

d

e

e

Perímetro da fratura(tip line)

Superfície de erosão

a = fratura “cega”b = a extensão aumenta com a profundidadec = extensão máxima da fraturad = a fratura desaparece em profundidadee = fratura “erodida”

Figura 3.12 – Nível de erosão e extensão de fraturas em profundidade. Os casos (b) e (c) correspondem a fraturas com bom potencial hidrogeológico (por vezes inesperado, caso b). Em (d), a fratura desaparecerapidamente em profundidade, conduzindo a resultados negativos na perfuração de um poço.

Fraturas com alto ângulo (ou mesmo subverticais) são de ocorrência

dominante no Nordeste do Brasil/Planalto da Borborema, o que é decorrente da

cinemática transcorrente ou distensional vigente durante o seu desenvolvimento, ao

final do Precambriano e no rifteamento cretáceo, os dois episódios que atingiram

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magnitudes expressivas (também no fraturamento Neógeno) (comparar Figuras 3.9

e 3.5). Já foi chamado atenção, na literatura (Costa e Silva 1997), de que nesses

casos, a perfuração de poços inclinados forneceria melhores resultados (vazões) em

relação aos poços verticais usuais, permitindo interceptar múltiplas fraturas;

problemas tecnológicos, ligados ao bombeamento, restringem a aplicação deste

princípio geométrico simples (Figura 3.13).

Figura 3.13 – O sucesso de um poço é função do número de fraturas produtoras interceptadas. Emregiões com fraturas dominantemente de alto ângulo (como no Nordeste do Brasil) e seguindo esteparâmetro, os poços deveriam ser inclinados, de modo a obter maiores vazões. Poços verticais são mais adequados para regiões dominadas por fraturas de baixo ângulo. Ver discussões adicionais no texto.

A natureza da rocha e a magnitude das tensões envolvidas também

influenciam na geometria do fraturamento. Tensões de grande magnitude,

persistentemente ativadas, resultam em estruturas comparativamente maiores.

Rochas cristalinas maciças, com anisotropias mais fracas (p.ex., granitóides),

tendem a desenvolver fraturas mais longas porém mais espaçadas, em relação

àquelas presentes em rochas fortemente anisotrópicas (xistos, gnaisses com

bandamento fino), nas quais o fraturamento tende a ser mais denso e com

dimensões mais reduzidas; um contraste similar é observado comparando uma

mesma rocha, fresca ou parcialmente alterada, respectivamente. Em um mesmo

litotipo foliado, a orientação dessa anisotropia pode ser favorável (baixo ângulo com

σ1) à sua reativação como fraturas, que neste caso tendem a ser menores e mais

densas; com os planos de anisotropia em forte ângulo com σ1, as fraturas tendem a

se desenvolver de modo mais espaçado e com maiores dimensões (Bourguet et al.

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1980-81, Twiss e Moores 1992; Dunne e Hancock 1994; van der Pluijm e Marshak

1997; Aydin 2000).

A interconexão de fraturas é um fator extremamente positivo para o seu

potencial hidrogeológico, contribuindo para desenvolver condições de porosidade

(fraturas abertas) e permeabilidade (fraturas interconectadas). Assumindo o caso

comum de fraturas predominantemente com alto ângulo (como acima referido para o

Nordeste/Planalto da Borborema), as interconexões podem ser formadas no

encontro de diferentes famílias, ou quando as mesmas são interceptadas por

fraturas de baixo ângulo, em geral associadas à descompressão do terreno (Figura

3.14); as fraturas de baixo ângulo permitem distribuir a água superficial infiltrada

através de uma área mais ampla, com possibilidades de alimentar um maior número

de fraturas disponíveis. Pela multiplicidade e interconexão das fraturas presentes

(tipos T, R, R’, P), zonas de falhas (embora equiparáveis às fraturas de

cisalhamento, teoricamente fechadas) podem ser tão ou mais interessantes quanto

um sistema de juntas de distensão paralelas, estruturas abertas mas que não

necessariamente se interconectam (a não ser através de outros tipos de

fraturas)(Black 1994; Aydin 2000).

Juntas e falhas isoladas

Redes de fraturas em zonas de falha

Poço seco Poço com baixa vazão Poço com alta vazão

Figura 3.14 – Conectividade de fraturas e a permo-porosidade estruturalmente induzida em rochascristalinas. Contrastar as situações: (i) juntas e falhas isoladas (menor favorabilidade, salvo grandesfraturas em orientação favorável, abertas) vs. uma rede de fraturas interconectadas ao longo de umazonas de falha (maior favorabilidade); (ii) fraturas isoladas (poço seco ou de baixa produção), fraturas de baixo ângulo conectando juntas de distensão isoladas (vazões medianas), idem, tambéminterconectando zonas de falhas (poços com maiores vazões). Ver discussões adicionais no texto.

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Ao longo da trama de fraturas, o escoamento da água obedece a gradientes

de pressão, quer sejam de origem (neo)tectônica, relacionadas à força da gravidade

(mais importante para a água escoando ao longo de fraturas abertas, de mergulho

médio a forte) ou ao pêso da coluna de rocha suprajacente – que neste caso tende a

fechar as fraturas (a importância deste último fator seria maior no escoamento em

fraturas de baixo a médio ângulo). A combinação dessas possibilidades (que

também interagem com tensões capilares e são influenciadas pela geometria de

detalhe e a rugosidade da fratura; Costa e Silva 1997), em cada sítio, deve imprimir

uma anisotropia de escoamento ao longo do maciço rochoso, gerando sistemas

naturais de bombeamento, também designados de “bombeamento tectônico” (Figura

3.15). O predomínio dos dois últimos fatores condicionaria linhas de fluxo com forte

mergulho (ou forte rake no plano de uma fratura). Por outro lado, tensões

neotectônicas podem criar gradientes com orientação diversificada, inclusive

subhorizontais (ou de baixo rake). Num sistema de falhas transcorrentes (ver

também a Figura 3.16), pode ser instalado um fluxo a partir dos sítios de

transpressão, em direção aos espaços abertos, em transtração (aberturas em

dominó ou pull-apart); efeito semelhante pode ocorrer com outros tipos de falhas

(migração dos sítios em contração para os sítios em dilatação). O funcionamento

penecontemporâneo de fraturas de cisalhamento conjugadas (ou a reativação

simultânea de quaisquer fraturas oblíquas entre si) pode resultar na “abertura”

alternada de segmentos desses planos de cisalhamento, que de outro modo são

usualmente referidos como “fechados”. Esses padrões de fluxo são bem conhecidos

a partir do estudo de fluidos hidrotermais e de reservatórios de hidrocarbonetos

(Sibson 1987,1994; Hodgson 1989; Muir Wood 1994). Os mesmos são também

controlados pela abertura e rugosidade (e tipos de preenchimentos) das várias

fraturas, em cada local.

Em virtude dos múltiplos fatores envolvidos e da dificuldade em obter

parâmetros simples e pertinentes, este último tópico dificilmente pode ser abordado

num trabalho de campo “usual”, na prospecção hidrogeológica. Todavia, este tipo de

conhecimento permite entender melhor os processos de fluxo da água e alimentação

das fraturas.

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superfície de erosão

fraturas

Aumento da pressão litostática

(A) (B)

(C) (D)

Figura 3.15 – Alguns condicionantes para o fluxo de fluidos ao longo de fraturas em rochas cristalinas,gerando sistemas naturais de bombeamento. (a) e (b) são situações na ausência de tensõesneotectônicas, todavia presentes em (c) e (d). As setas simples indicam o fluxo de água. (a) Infiltraçãodominada pela gravidade; fluxo ascensional capilar subordinado. (b) Infiltração idem; fluxo ascensionalcontrolado pela carga litostática; a água infiltrada e acumulada em fraturas de baixo ângulo (em“fechamento”), é pressurizada e escoada para cima ao longo de descontinuidades abertas (fraturas emalto ângulo). (c) Descontinuidade em baixo ângulo, interceptada por falha com reativação normal; nobloco do teto, o movimento (aliado ao peso do bloco) expulsa água contida ao longo da descontinuidade, que migra para o bloco do muro (descomprimido ao longo da descontinuidade) e para cima,aproveitando a falha. (d) Fluxo de água ao longo de uma falha transcorrente, de um sítio emtranspressão/contração a um sítio em transtração/dilatação.

Sítios de contração (c) ou de dilatação (d) em zonas de falhas

Evolução no tempo

c

d

dc

c

d

c d

(A)

(B)

Figura 3.16 – Sistemas de bombeamento tectônico; as setas simples indicam o fluxo de água. (a) Sítiosde contração (onde ocorre expulsão da água) e de dilatação (acumuladores de água), em terminações ecotovelos (jogs) de falhas ativas. (b) Abertura intermitente de fraturas de cisalhamento conjugadas,durante deformação progressiva.

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O trabalho de locação de um poço inicia com uma avaliação do terreno

através de fotografias aéreas e (mais recentemente) imagens de satélite. No

momento, as imagens usualmente comercializadas (e mais baratas) mostram

restrições pela pequena escala; por outro lado, elas permitem tratamentos

computacionais que podem, ao menos em parte dos casos, realçar condições de

maior ou menor umidade ao longo de trechos de riachos, bem como a localização de

coberturas arenosas que propiciem condições de recarga nas fraturas (Coriolano

2002; Boeckh 1992; Sander 1996).

Em geral, o confronto entre lineamentos fotointerpretados com a realidade de

terreno fornece resultados discrepantes, a exemplo da discriminação errônea entre

fraturas, zonas miloníticas e traços de foliação, o que todavia pode ser sanado com

alguma prática por parte do geólogo/hidrogeólogo. As fraturas são, em princípio, as

estruturas de maior potencial hidrogeológico. Todavia, é comum que as zonas

miloníticas exibam estágios ou reativações tardias de natureza cataclástica,

engendrando uma trama de fraturas com maior favorabilidade (aumento dos fatores

porosidade e permeabilidade). Uma situação mais complexa, a ser tratada caso a

caso, é a mudança, por vezes radical, entre o contexto estrutural fotointerpretado

(p.ex., uma zona de fratura em fotografia aérea 1:40.000, cuja direção geral tem

baixo potencial de “abertura”) e aquele presente na escala dos afloramentos em

torno do poço (aonde a trama de fraturamento pode incluir sistemas “abertos”, bem

desenvolvidos apenas em escala mesoscópica). A Figura 3.17 ilustra essa questão

da escala de lineamentos e fraturas. Deste modo, o estudo de campo é uma etapa

imprescindível na abordagem estrutural e na pesquisa de água subterrânea.

1-10 km 100-1000 m 1-100 m

Imagem Orbital Fotografia Aérea Campo

(A) (B) (C)

Figura 3.17 – Lineamentos e zonas de fraturas: o problema da escala. (a) Lineamento interpretado a partir de uma imagem de satélite (escala 1:100.000 ou menor), representado como um traço único; (b) Nodetalhe de uma fotografia aérea (1:10.000 a 1:70.000), o mesmo lineamento pode se apresentarsegmentado; (C) Na escala de campo e da locação final do poço, podem ocorrer fraturas em orientações distintas.

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3.9 – Efeito da exumação e do intemperismo sobre a permo-porosidade dasrochas

Um outro aspecto importante a ser reavaliado é a questão da “abertura” de

fraturas e outros tipos de descontinuidades, próximo à superfície (< 60-80 m, p.ex.),

o que é apoiado por dados estatísticos, que relatam o “aumento na freqüência do

fraturamento”, em profundidades rasas, por processos intempéricos (Bourguet et al.

1980-81; Carlsson e Olsson 1980-81; Avias 1982). Neste sentido, os fatores que

devem ser considerados incluem: (i) o papel do intemperismo (já cogitado por

Siqueira 1967), “abrindo” (ou ao contrário, selando) os vários planos de

descontinuidades, incluindo foliações proeminentes e contatos litológicos. Além de

fatores químicos e climáticos, a efetividade do processo intempérico vai ser

influenciada pela mineralogia e fabric da rocha original e, no caso das

falhas/fraturas, pelo grau de cataclase/cominuição das rochas e a sua eventual

cimentação por soluções e precipitados minerais; (ii) o alívio de carga

(descompressão) com a exumação rápida do terreno (também criando fraturas de

baixo ângulo, abertas) e/ou a expansão superficial no topo de amplas áreas

dômicas.

No tocante a um plano de fratura específico, a ação do intemperismo é muito

variável. Rochas cristalinas fortemente cominuídas, e precipitados ricos em

feldspatos, tendem a formar zonas e bolsões argilosos durante o intemperismo. Em

regiões úmidas, com lençol freático elevado e estável, esses “tampões” argilosos

provavelmente mantêm as fraturas fechadas durante longo tempo. Esta situação

pode requerer a estimulação de poços com injeção de água pressurizada (Waltz e

Decker 1981), para lavar as fraturas (que, todavia podem rapidamente colmatar). Em

regiões com eventos rápidos de infiltração e recarga (chuvas torrenciais, rios

temporários), os tampões argilosos tenderiam a ter vida mais curta e seriam menos

efetivos; gerado a partir de rochas quartzo-feldspáticas, o material de preenchimento

intemperizado, lavado naturalmente, perderia a fração argila e se tornaria mais

granular (quartzoso) e permeável.

No Nordeste do Brasil, a pronunciada dissecação do Planalto da Borborema

constitui um cenário possível do fator combinado (ii) (Figura 3.10). Tendo em vista

que a descompressão gera fraturas subhorizontais próximas à superfície (que em

decorrência, decrescem em freqüência com a profundidade), e que estas atuam

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conectando diferentes famílias de alto ângulo (Figura 3.14), boa parte das quais

também “abertas” na descompressão (Waltz e Decker 1981), deve estar refletido nas

estatísticas e na prática usual de limitar a perfuração de poços à faixa máxima de 80

a 100 m. Provavelmente desta forma, justifica-se o relativo sucesso dos poços

verticais rasos, que terminam por interceptar, direta ou “indiretamente” (ou seja,

através de fraturas subverticais conectadas), fraturas de baixo ângulo (ver Figura

3.13).

A presença de tensões diferenciais (= neotectônicas) no plano horizontal (o

que pode ser avaliado a partir das estruturas observadas em campo) pode introduzir

um componente de anisotropia, realçando a “abertura”, por intemperismo e/ou

relaxamento, de planos com orientação mais adequada. Todavia, atuando

isoladamente, ambos os fatores acima referidos poderiam “abrir” planos em

orientações variadas (Figura 3.18).

3

1

Soerguimento do terreno, denudação e descompressão

Idem, todavia submetido a um campo de tensões neotectônico

1 a 2 hm

(A) (B)

Figura 3.18 – Intemperismo e abertura de fraturas e outros tipos de descontinuidades, em profundidades rasas. (a) Isoladamente, os fatores descompressão + intemperismo tendem a abrir os planos dedescontinuidades com orientações variadas. (b) Na presença de tensões neotectônicas, algumas fraturas (em baixo ângulo com σ1) serão preferencialmente abertas. Na figura, a espessura do traço das fraturas é proporcional ao seu comportamento de abertura.

Um aspecto importante para avaliar o papel do intemperismo na ocorrência de

água em terrenos cristalinos advém da sua provável extensão a níveis mais

profundos, sejam os 60-80 m que constituem os alvos habituais da sondagem,

sejam profundidades ainda maiores (centenas de metros), até aqui pouco

aproveitadas em nosso país. Essa extensão é comprovada em galerias e outros

trabalhos mineiros, escavações profundas ou mesmo em afloramentos naturais

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distribuídos em cotas diferenciadas (ou mesmo em um único afloramento!). A

intensidade do intemperismo, reconhecidamente diferencial, é controlada por fatores

litológicos e/ou estruturais – em especial as zonas de falhas ou fraturas. Provido

adequado aporte de água a partir da superfície (Olofsson 1994), o processo

intempérico pode criar em profundidade “bolsões” ou “câmaras”, nas quais a

alteração imprime às rochas condições de permo-porosidade similares (ou

intermediárias) às de uma rocha sedimentar, granular, o que pode conduzir ao

acúmulo de grandes reservas de água. Esta hipótese ainda deve ser testada com

dados sistemáticos e medidas de laboratório (incluindo correlações com parâmetros

de salinidade e indicações sobre a “idade” da água). Mesmo assim, esta parece ser

uma explicação viável para poços que, embora locados sem indicação favorável de

superfície, forneceram vazões favoráveis. Em especial, para o caso dos super-poços

no cristalino, cujas vazões anomalamente elevadas (incluindo casos > 10 mil l/h, p.

ex.) exigiriam, alternativamente, condições muito especiais (e talvez improváveis) de

recarga e geometria (dimensões, conectividade) do fraturamento. A proposta,

ilustrada na Figura 3.19, é retomada no próximo tópico.

Aluviões Coberturas Zonas de alteraçãoLitotipos cristalinos

Fraturas Foliações e zonas de cisalhamento

Figura 3.19 – Corte esquemático ilustrando o desenvolvimento de câmaras ou bolsões de rochaintemperizada em subsuperfície, controlados por litologias e, em especial, estruturas, podendo seconectar com sítios vizinhos. As águas superficiais, infiltradas a partir de coberturas e do escoamentosuperficial via fraturas, formam acumulações nos bolsões porosos. Notar a produtividade diferencial dos poços, em função do tipo e volume de material (rocha fresca ou alterada) interceptado. A escala vertical, exagerada na figura, pode superar uma ou mais centenas de metros.

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3.10 – Modelos de ocorrência de água subterrânea em terrenos cristalinos

Esta contribuição será complementada com a revisão, aperfeiçoamento e

novas propostas, em torno de modelos de ocorrência de água subterrânea em

rochas cristalinas. Todos esses modelos possuem nítida relação com a estrutura do

terreno, o que justifica sua inclusão no fecho deste capítulo. Esses modelos são

muito úteis para a compreensão do problema, para esboçar estratégias de

prospecção e para direcionar novos avanços no tema.

A literatura tornou clássico o modelo Riacho-Fenda (Siqueira 1967), no qual

trechos retilíneos de riachos coincidem com zonas fortemente fraturadas; isto

permite que as fraturas sejam periodicamente recarregadas pela drenagem (Figura

3.20). “Cotovelos” e trechos retilíneos de riachos constituem aspectos favoráveis em

fotografias aéreas, sendo diagnósticos do modelo quando subsidiados por intenso

fraturamento nos afloramentos, compatível com a orientação da drenagem.

Requisitos adicionais para o sucesso deste modelo incluem a presença de

coberturas/aluviões e topografia/regime de chuvas favoráveis, ensejando a criação

de zonas de recarga. A estratégia prospectiva inclui:

* Fotografias aéreas – distinção dos trends dúcteis e de estruturas frágeis em

ângulo; as estruturas frágeis (inclusive longitudinais) são inferidas por acentuado

controle da drenagem/topografia e por feições de intemperismo;

* Imagens de satélites, incluindo processamento digital – melhor

caracterização e discriminação (umidade, razão areia/argila) de fotolineamentos,

aluviões e coberturas nas áreas de recarga;

* Levantamentos de campo – estudo das litologias e, em especial, dos

padrões de fraturamento;

* Geofísica – definição da geometria da zona fraturada e indicação de grau de

fraturamento/intemperismo.

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Figura 3.20 – Modelo Riacho-Fenda. Observar o intenso fraturamento paralelo ao trecho retilíneo dadrenagem, que também inclui “cotovelos”. As fraturas são periodicamente recarregadas pela drenagem.Simbologia cf. Figura 3.19.

O modelo Calha Elúvio-Aluvionar (Figura 3.21) foi objeto de caracterização

recente (Silva 2000; Nascimento da Silva et al. 2001), ainda que seus aspectos

básicos de favorabilidade – recarga a partir de uma calha de sedimentos, já fossem

reconhecidos na literatura (McFarlane 1992; Olofsson 1994; Costa e Silva 1997) e

na prática regional. Neste modelo, a drenagem não evidencia controle por fraturas

aflorantes; ao oposto, trechos retilíneos podem estar controlados pela foliação das

rochas. A drenagem flui sobre uma calha de aluviões antigos e paleo-regolitos,

utilizando-os para recarregar as descontinuidades no substrato capeado. Deste

modo, os aspectos diagnósticos do modelo incluem: seção espessa de aluviões e

regolito ao longo de drenagens retilíneas ou curvilíneas, a ausência de relação direta

com zonas fraturadas, e sua ocorrência em zonas topograficamente rebaixadas.

Condições favoráveis de topografia, drenagem e clima são requeridas para

desenvolver uma cobertura mais espessa. A estratégia prospectiva inclui:

* Fotografias aéreas – drenagem controlada pela foliação ou contatos

geológicos; pequenos vales com aluviões associados;

* Imagens de satélites, incluindo processamento digital – caracterização de

aluviões e coberturas (teor de umidade, razão areia/argila);

* Levantamentos de campo – estudo estrutural de afloramentos;

reconhecimento da cobertura sedimentar;

* Geofísica – definição da geometria da calha e a natureza do material de

preenchimento.

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Figura 3.21 – Modelo Calha Elúvio-Aluvionar. Neste modelo, a drenagem não evidencia controle porfraturas; trechos retilíneos podem ser paralelos à foliação do cristalino. A drenagem flui sobre uma calha de aluviões antigos e paleo-regolito. Simbologia cf. Figura 3.19.

O modelo Bolsões ou Câmaras de Intemperismo (Figura 3.22) está

baseado em processos de intemperismo diferencial acentuado, controlados por

fraturas, fabric, litologias e tensões neotectônicas. O modelo se caracteriza pelo

aumento da permo-porosidade das rochas na zona intemperizada, que pode se

conectar a outras através de fraturas ou outros tipos de descontinuidades. Aspectos

diagnósticos do modelo incluem: zonas de intemperismo avançado no cristalino,

originando bolsões/câmaras (em subsuperfície), com feições de permo-porosidade

similares às de rochas sedimentares; poços com vazões anomalamente elevadas;

por observação direta o processo é reconhecível em superfície (ou em

profundidades rasas), mas é de difícil extrapolação para a profundidade, o que fica

dependente do acesso via galerias ou escavações profundas. Este modelo,

provavelmente o de maior potencial para obter locações aptas a abastecer

comunidades e vilas de maior porte, é ao mesmo tempo o de diagnóstico mais difícil.

Em termos de estratégias prospectivas:

* Fotografias aéreas e imagens de satélite – o modelo não é diagnosticado

em superfície. Pode ser possível desenvolver tratamentos espectrais para identificar

zonas intemperizadas rasas;

* Levantamentos de campo – o processo de intemperismo diferencial

pronunciado pode ser reconhecível, mas extrapolado unicamente para

profundidades rasas (< 10 m ?); a presença de super-poços, na região, deve ser

levado em conta na estratégia de trabalho;

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* Geofísica – zonas intemperizadas podem ser localizadas, e ter sua

geometria esboçada, em casos mais favoráveis; constitui a grande ferramenta de

aposta para investigar este tipo de modelo.

Figura 3.22 – Modelo Bolsões ou Câmaras de Intemperismo. Caracterizado por intemperismo diferencialpronunciado, controlado por fraturas, fabric, litologias e tensões neotectônicas. A permo-porosidadeaumenta na zona intemperizada, que pode se conectar com outras adjacentes, via rede de fraturas eoutros tipos de descontinuidades. Simbologia cf. Figura 3.19.

3.11 – Observações finais

Estudos sofisticados do fraturamento e do fluxo de água nessas estruturas, no

campo, em laboratório e mediante modelizações matemáticas, encabeçam o avanço

do conhecimento na Hidrogeologia de Meios Fraturados (Black 1994; Bradbury e

Muldoon 1994; Banks et al. 1996; Manoel Filho 1996; Odling 1998). Ao mesmo

tempo, é necessário discutir abordagens que possam ser incorporadas ao trabalho

prático da locação de poços, que exige rapidez e baixo custo, sem perder de vista as

limitações das condições de trabalho e os recursos humanos disponíveis. A contínua

reavaliação da base teórica, em parte defasada, constitui um primeiro passo neste

sentido. É necessário promover a interação entre hidrogeólogos de cristalino, com

prática de campo, e os geólogos estruturais que lidam com temas aplicados. Parte

do material aqui exposto constitui um conjunto de prognósticos, ou um modelo

conceitual simplificado e preliminar, que se soma às contribuições pré-existentes

(muito bem representadas pelo capítulo de Costa e Silva na primeira edição deste

volume). Faz-se necessário testar esses modelos em situações práticas - programas

de sondagens piloto, planejadas consoante aos princípios desenvolvidos. Trata-se

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de um trabalho de longo prazo. Existem dificuldades quanto à qualidade/utilidade

dos atuais arquivos de dados, o que reduz drasticamente a dimensão estatística de

amostragem possível. A opção alternativa é um estudo detalhado de casos bem

documentados/documentáveis, cujos resultados começam a ser divulgados.

3.12 – Agradecimentos

Os autores agradecem ao colega Fernando Antonio Carneiro Feitosa (Serviço

Geológico Nacional, CPRM) pelo honroso convite para contribuir neste volume e

pela atenção despertada para a contribuição da Geologia Estrutural na

Hidrogeologia do Cristalino. Agradecemos às discussões, ensinamentos, incentivos

e dados obtidos junto a colegas hidrogeólogos (Dr. Waldir Duarte Costa, UFPE e

visitante na UFRN em 1999; Elmo Marinho de Figueiredo, Secretaria de Recursos

Hídricos do Rio Grande do Norte e antiga CDM/RN; Fernando A. C. Feitosa e

Clodionor Carvalho de Araújo, da CPRM), outros pesquisadores (Dr. Fernando

César Alves da Silva, Dr. Venerando Eustáquio Amaro) e alunos do PPGG (em

especial, Jesimael Avelino da Silva), nestes últimos anos. O programa PADCT3, a

FINEP, o CNPq, a CAPES e o Projeto Água Subterrânea no Nordeste do Brasil

(PROASNE), em execução no âmbito de um Convênio Brasil/Canadá (este último na

pessoa dos seus coordenadores, Dr. Samir Nahass e o Dr. Yvon Maurice),

concederam apoio financeiro e estímulo às pesquisas deste grupo.

3.13 – Referências bibliográficas

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Capítulo IV – Análise neotectônica

Capítulo IV – Análise neotectônica: uma abordagem

objetivando a identificação de fraturas abertas

4.1 – Apresentação

Este capítulo tem como finalidade discutir a relação existente entre as tensões

atuais presentes em subsuperfície e a produtividade de poços para água perfurados

em rochas cristalinas. A idéia unificadora é tentar relacionar o grau de abertura de

fraturas pré-existentes, a depender das suas direções, com a direção dominante dos

esforços hoje atuantes na crosta superior, os chamados “esforços neotectônicos”.

Para tanto, foram analisados diversos casos de locação de poços no Estado do Rio

Grande do Norte, os quais foram separados em dois domínios geográficos

diferentes: a região centro-sul, exemplificada com casos na região de Equador, e a

região leste, abordando diversos casos nas imediações dos municípios de Santa

Cruz e Santo Antônio. Os resultados obtidos constituem dois artigos publicados na

Revista Brasileira de Geociências (Nascimento da Silva e Jardim de Sá 2000c;

Coriolano et al. 2000).

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página 60

4.2 – Análise neotectônica: estudo de casos no domínio centro-sul do RN

Fracture chronology and neotectonic control of water wells location in

crystalline terrains: an example from the Equador region, Northeasternmost Brazil*

Carlos César Nascimento da Silva1

Emanuel Ferraz Jardim de Sá2

* Financial support from FINEP/PADCT1 UFRN/CCET/PPGG, Campus Universitário, CEP: 59.078-970, Caixa Postal 1639,

Natal-RN, Brasil, CAPES Scholarship, [email protected] UFRN/CCET/PPGG, Campus Universitário, CEP: 59.078-970, Caixa Postal 1639,

Natal-RN, Brasil, CNPq Research Fellow, [email protected]

4.2.1 – Abstract

The brittle deformation in the Equador area, in the center-south domain of the

Rio Grande do Norte State, NE Brazil, was analyzed in order to establish the

chronological sequence of the different tectonic episodes and their stress fields,

emphasizing the neotectonic activity on the basis of structural and morphotectonic

criteria. The aim of this study was to test the relationship between local and/or

regional neotectonic stress field and the yield of water wells drilled in the region. The

local neotectonic structures and morphotectonic features agree with the regional

stress field, defined by E-W compression (σ1 or SH) and N-S extension (σ3 or Sh).

The current kinematics of the fracture sets, with an “open” or “closed” behavior,

seems to be related to the neotectonic stresses and to be highly influential upon the

water-yielding potential of the fissural aquifer. Besides other controls, water wells

located along roughly E-W trending fractures, which presently act as extension joints,

display higher hydric potential than the ones located along N-S fractures which

present a “closed” tendency. NE-or NW-trending old fractures tend to reactivate by

shearing. In this region, E-W tension joints generated at end of the Brasiliano Cycle

(filled with pegmatite or quartz veins), were reactivated under the N-S to NNW

extensional deformation related to rifting and development of the Cretaceous basins.

The same N-S extension direction is once again active as part of the Holocene stress

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field. In the Caiçara area, 2 km NW of Equador, the wells drilled in quartzite and

metaconglomerate, located along E-W(± 20o) extension fractures and NE or NW

shear fractures have been pumped in a full-time regime since the last 20 years,

without major variations in their dynamic levels. On the other hand, wells located

along longitudinal, N-S fractures or in poorly fractured sites frequently have very low

yields.

Keywords: Brittle structures, neotectonic deformation, crystalline fissural

aquifers, NE Brazil

4.2.2 – Introduction

In crystalline basement terrains, underground water flow and storage is

essentially controlled by fractures. The most important fractures are those with high

porosity and/or permeability which, in fact, correspond to extension joints and to

multi-fractured fault zones. Therefore, the basic problem in the location of water wells

in such terrains rests essentially in the identification of these fracture sets. Fracture

recognition becomes more difficult when the bedrock is hidden below thicker soil,

alluvium or colluvium covers, although recharge may be favoured in that way.

The criteria currently used for hydrogeological exploration remain attached to

old structural concepts established in the 1950’ and 1960’s (Siqueira 1967), including

the association of straight-line drainages to fracture zones. The best sites for well

drilling correspond to the more intensely fractured zones; the influence of fracture

chronology, crustal depth and kinematics were not considered at that time.

It is now known that fracture sets usually represent brittle structures generated

during different tectonic events and their respective stress fields. The chronological

sequence of the fracture systems, established on the basis of structural,

morphotectonic and seismological criteria, constrains the neotectonic stress fields,

represented by the latest structures. Subjected to the neotectonic stress regime, and

depending on their angular relations, some fractures will tend to “open” (acting as

extension joints, normal to σ3 or Sh), others will tend to “close” (those normal to σ1 or

SH), and the ones at an intermediate position will be reactivated with a shear

component. Therefore, the “water yielding potential” (depending on the porosity and

permeability) of the fracture systems will be a function of their original geometry and

of the neotectonic stress regime. A critical reappraisal of structural concepts and the

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development of a practical methodology for location of water wells are part of an

ongoing research project in the semi-arid basement crystalline terrains of Rio Grande

do Norte State.

The Equador area, located in the center-south portion of this State, along the

border with the State of Paraíba (Figure 4.1a), provides an excellent case study to

test the hypothetical correlation between neotectonic fracture reactivation and the

water yield of wells drilled in crystalline terrains. The preliminary results of this study

are reported below.

4.2.3 – Regional framework

4.2.3.1 – The regional geological framework

The study area is located in the northeast part of the Borborema Province

(Almeida et al. 1977), known as the “Seridó Belt”, and more precisely in its central

domain, immediately to the north of the E-W-trending Patos Shear Zone. The Seridó

Belt comprises a Proterozoic supracrustal sequence (the Seridó Group, including the

Jucurutu, Equador and Seridó formations), which overlies a Paleoproterozoic

gneissic-migmatitic basement (the Caicó Complex). These rocks were strongly

deformed and intruded by granitoid plutons during the late Neoproterozoic Brasiliano

orogeny. The Precambrian units are covered by the Meso-Cenozoic sediments of the

coastal basins and, inland, by the subhorizontal, Early Tertiary sandstones of the

Serra do Martins Formation. The latter is currently undergoing dissecation after a

regional uplift (the Borborema Plateau) which started in the Late Tertiary, producing

siliciclastics that were transported to the coastal basins. In the coast, these

siliciclastic units correspond to the Barreiras Formation (Miocene to Pleistocene) and

to other, younger units.

4.2.3.2 – The Phanerozoic brittle deformation

Several phases of Phanerozoic brittle deformation are recorded in the rocks of

the Seridó Belt (Jardim de Sá et al. 1999). An older set includes brittle-ductile and

brittle structures developed at the end of the Brasiliano Cycle, related to E-W

compression, regional uplift, cooling and late movement of the shear zones (Jardim

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de Sá 1994, Coriolano et al. 1997, Jardim de Sá et al. 1999). The Potiguar and other

coastal basins are related to another tectonic episode which lasted from the late

Jurassic to the Cretaceous, due to the rifting between South America and Africa

(known as the “Gondwanic Reactivation”; Almeida et al. 1977). According to Matos

(1992), this period is marked by extensional deformation along N- to NW-trending

(σ3) axes, reactivating the Precambrian structures. An E-W-trending swarm of

diabase dikes, named the Rio Ceará-Mirim Volcanism, was emplaced between 140

and 120 Ma (Martins and Oliveira 1992). During the Late Tertiary to the Pleistocene,

a new tectonic episode controlled by N-S compressive stresses (Dantas 1998)

created and reactivated strike-slip fault zones. A regional dome, associated with

alkaline basic volcanism, uplifted the Borborema Plateau (Jardim de Sá et al. 1999).

During the Holocene, the neotectonic regime is dominated by E-W compression

and N-S extension, as shown by the important seismic activity in several areas, such

as João Câmara (Ferreira et al. 1998, Coriolano et al. 1997). The neotectonic

structures are also recognized in stratigraphic markers such as the Barreiras

Formation, gravel deposits and younger holocenic covers (Caldas et al. 1997,

Coriolano et al. 1999, Jardim de Sá et al. 1999), as well as by a number of

morphotectonic features (i.e., Dantas 1998).

4.2.4 – Geology of the Equador area

4.2.4.1 – Stratigraphic and structural framework

The following stratigraphic units crop out in the Equador area: a) migmatitic

gneisses related to the Caicó Complex; b) paragneisses, quartzites and micaschists

respectively correlated to the Jucurutu, Equador and Seridó formations of the Seridó

Group; c) late-Brasiliano acid dikes; d) ferruginous sandstones (Serra do Martins

Formation) and e) Holocene sandy cover and more localized alluvium and colluvium

deposits. The macro-scale structures were produced mostly during the main high

temperature, Brasiliano ductile event, named as D3 (Jardim de Sá 1994). This event

was responsible for the development of the dextral, transcurrent Serra dos Quintos

Shear Zone, located in the western portion of the area, and for the alternating

antiforms and synforms along the Serra das Queimadas, folding an earlier, D2 fabric

(Figure 4.1b).

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4.2.4.2 – The brittle structures

The determination of the relative age of the fracture systems (Figure 4.1c),

combined with the morphotectonic framework, is the first step in investigating the

effect of the neotectonic stress field upon potential structures for water storage. The

chronological criteria used to determine the relative formation and/or reactivation of

the fractures were: a) type of affected markers and filling materials, the latter also

used to interpret the crustal level of fracturing; b) kinematics; c) cross-cutting

relationships between different fracture sets; d) geomorphologic features which are

associated to the youngermost structures, being consistent with other neotectonic

and regional seismotectonic data (Jardim de Sá et al. 1999).

Figure 4.1 – Geographical (1a), geological (1b) and lineament (fracture) (1c) maps of the Equador area.

36 45' Wo

36 45' Wo

36 39' Wo

36 39' Wo

06

52

'30”

So

06

52'3

0”

So

06

57

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0”

So

06

57’

30

”S

o

Equador

b

c

a

Caicó

CurraisNovos

Santa Cruz

9 0 k m

Equador

NATAL

RIO GRANDEDO NORTECEARÁ

PARAÍBA

ATLANTIC

OC

EA

N

BRAZIL

38º W 35º W

05º

S07

ºS

Caiçara

Equador

Micaschist (Seridó Formation)

Limonitized sandstones(Serra do Martins Formation)

Unconsolidated cover

Paragneisses with quartzites lenses ( ) (Jucurutu Formation)

Migmatitic gneisses (Caicó Complex)

Quartzite (Equador Formation)

Highways

Secundary RoadCity

Drainage

Dextral TranspessiveShear Zone

Antiform Synform

Fracture

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In chronological order, the structures were grouped as:

a) Late-Brasiliano, Cambrian-Ordovician Structures: these occur in kinematic

continuity with structures generated during the high temperature deformation stage of

the Brasiliano Cycle, and were developed during a brittle to ductile-brittle regime

consistent with tectonic denudation and regional cooling. The structures of this

system result from a E-W main compression (σ1) with N-S extension (σ3), coupled

with dextral shearing along NNE-trending zones (i.e., a transpressional environment).

They include E-W extensional joints, sometimes filled by pegmatitic, quartz or aplite

veins, besides dextral N to NNE longitudinal (shear) fractures and conjugate NE

dextral and NW sinistral shear fractures.

b) Jurassic-Cretaceous Structures: these structures comprise roughly E-W

trending faults displaying low-temperature slickenlines with a down-dip movement,

indicative of a N-S extensional deformation. They reactivated the late-Brasiliano

extension joint set, generating cataclastic zones and may be occasionally filled with

basic dikes.

c) Late Tertiary-Pleistocene Structures: these structures are not kinematically

compatible with any of the other groups, consisting of NE sinistral and NW dextral

shear fractures sets, and N-S extensional joints or normal faults. Regional N-S

compression and E-W extension axes may be inferred for this system. Their regional

tectonic setting has been related to the thermal doming effect which uplifted the

Borborema Plateau since Miocene times, overprinting the regional E-W

compressional regime currently in operation (see below). With regard to the

geomorphologic evolution, it is noteworthy the structural control of the sandstone

occurrences of the Serra do Martins Formation, preserved as down-faulted blocks

due to the E-W extension, which reactivated the NNE-trending Serra dos Quintos

shear zone.

d) Holocene Structures: these correspond to reactivated late-Brasiliano (or

Cretaceous) fractures, especially those trending E-W ± 20o, which show low

temperature slickenlines defined by clayminerals. This group has a normal fault

kinematics, sometimes with a subordinate strike slip component, or simply

correspond to extension joints, being systematically more open as compared to the

other sets. The morphotectonic expression of N-S extension includes the tilting of the

pediplane built on the top of quartzite ridges of the Serra das Queimadas, along the

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E-W fracture planes. These fracture surfaces are also well marked by gorges,

bearing dense vegetation, cross-cutting the quartzite ridges.

4.2.5 – Criteria for location of water wells in crystalline terrains

The choice of location of water wells in crystalline terrains is still based on

criteria defined in the 1950’s and 1960’s decades (Costa 1965; Siqueira 1967).

These criteria include the widely used association between drainages and fracture

zones. “Extensional fractures” are often determined as such using precambrian

markers (!); densely fractured zones (such as fracture intersection zones) are

prospected through the examination of aerial photographs and outcrops. However, in

many cases, these fractures are old structures, generated at depth under an old

stress field, different from the present one. These structures would not necessarily

present an “open” behavior, even if they originally correspond to extensional

fractures. Besides generating a network of discontinuities, these old stress fields

cannot, by any chance, control the water flow and storage, either nowadays or in

very recent geological times.

It is very likely that the relationship between the neotectonic stress field and the

trend of the fracture (whether old, generated at a relative depth, or younger,

developed at near-surface conditions) will influence their “open” or “closed” behavior

and, thus, the water flow regime. Relatively to this stress field, fractures that are

roughly perpendicular to the main tensional stress (σ3) will have, in theory, higher

hydraulic potential. On the other hand, fractures which are perpendicular to the main

compression direction (σ1) will tend to the closed. At intermediate angles, shear

fractures tend to be somewhat closed but do present other possibilities for opening,

such as conjugate or intersecting sets, and transtensional sites.

The structural analysis of crystalline terrains identifies several fracture systems

which, when individually analyzed, indicate their parent stress field. The

chronological ordering of these structures and their corresponding stress fields may

help identifying the youngest structures, i.e., those related to the neotectonic regime,

as previously discussed. The local neotectonic stress field may be quite difficult to

determine in crystalline rocks, at a given place. It may be the same as the regional

scale one or it may vary, due to local anisotropies (topographical anomalies or major

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geological discontinuities). Due to the general lack of appropriate markers in

crystalline rocks, it is the regional stress field that is usually taken for comparisons.

Another useful criteria is the morphotectonic analysis of the area, especially

those with diversified topography, determining areas of uplift, depression or tilting.

Furthermore, regional and (less frequently available) local seismological data may

give the best clues to the corresponding present stress field.

Other important criteria for water productivity, such as regional and local

drainage and superficial runoff patterns, availability of recharge zones, alochthonous

or autochthonous covers, etc., are beyond the scope of this contribution.

4.2.6 – Correlation between the neotectonic framework and water well

location in the equador area

In this work, emphasis was given to the set of water wells that supply, almost

entirely, the Equador city. The wells are located in the area called Caiçara,

approximately 2 km NW of Equador (Figure 4.2). At this place, 8 wells were drilled at

the beginning of 1980’s, located in quartzite and metaconglomerate, with depths

ranging from 33 to 60 meters. Their location followed the traditional method including

analysis of aerial photographs and investigation of outcrops. 3 out of the 8 wells are

not productive, one of them due to mechanical obstruction (well 02). The remaining 5

wells currently yield from 2000 to 6000 l/h; two of them are pumped by weather vane

(wells 03 and 04) and three by electric pumps (wells 06, 07 and 08).

In the area, there is a white, quartz-sand sedimentary cover, partly aluvionar,

partly autochthonous, with a maximum thickness of approximately 1,5 m, which must

be acting, at least partially, as a recharge zone for the fracture systems. The streams

are intermittent and flow from the quartzite hills to the east, minimizing water

salinization due to the low content of clays in these rocks.

The data obtained through the geologic-structural and morphotectonic analyses

attest the neotectonic compression and extension directions as E-W and N-S,

respectively. These directions are in agreement with the regional stress field. In this

way, the structures with higher water potential are those with E-W (± 20o) trend,

presently working as extension fractures, followed by NE and NW-trending fractures,

which reactivate as shear surfaces (with a more closed behavior, although still able

to channel flow and retain water).

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At Caiçara, the main drainage is controlled by NW-trending fractures, flowing in

that direction, with small tributaries coming from NE. The main fracture zones

observed at the outcrop scale have ENE, NNW and WNW directions. Longitudinal,

NNE fractures are also observed. The spacing between fractures varies from

centimetric to metric. The E-W (± 20o) fractures correspond to late-Brasiliano

extension joints (filled with quartz and pegmatite, e.g.) and presently display a

distinctly open behavior, as also shown by the regional (gorges) and outcrop scale

microtopographic features.

The wells located around E-W (± 20o), NE and NW structures still present good

yields after nearly 20 years of exploitation. On the other hand, the “dry” wells yield

320 to 600 l/h, were located according to the “closed”, N-S(± 20o) structures, or in

less fractured sites.

Figure 4.2 – Simplified geologic and structural map of the Caiçara area, Equador (location in Figure 4.1c).

4.2.7 – Discussions

The geological, structural and morphotectonic analyses of the Equador area, in

the light of modern techniques, provide some new insights to improve the

hydrogeological prospecting in semi-arid crystalline terrains.

0 10 20 m10 m

Graph Scale:

105o

100o

095o

110o

012o

070o

122o

070o

115o

150o

110o

110o

110o 178

o

170o

015o

11o

09o

11o

argilaceoussoil

Fracture

Foliation

Active well

Dry well

Roads

Geologic contact

L E G E N D

Intermitent drainage

sandy cover(alluvial-autochthonous)

Pegmatite

alluvium

alluvium

alluvium

alluvium

P.01

P.05

P.05

P.04

......

.

.... .

...

. .

...

.

.

. .. ..

. ..

.

. ..

.

..

.

.

P.06

P.07

P.08

P.06Micaschist

. ..

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..

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..

....

....

.........

.......

........

.... .

.

..

...... .

....

....

.......

...

.

.

P.02

P.03

Quartzite

Quartzite

Quartzite

Metaconglomerate

155o

135o

Metacon-glomerate

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The correlation between fracture trends and the local or regional neotectonic

stress fields, may allow the prediction of an “open” or “closed” behavior of the

structures and their capability of storaging groundwater resources.

This hypothesis is being tested at different areas in the Rio Grande do Norte

State. The wells controlled by E-W trending fractures (thus perpendicular to the

current extension vector, σ3), that usually display an open behavior, tend to present

relatively high yields. At the opposite side, N-S trending fractures tend to be closed

and, as such, “dry.” The higher hydrogeological potential of the “transverse”, E-W

structures was noticed some time ago (Costa 1965, for instance). The neotectonic

approach improves our knowledge on the controls of the fracture systems upon water

flow and storage.

It should be emphasized that the correlation between the current stress field

and the preexisting fracture zones alone will not necessarily arrive at a high yield

water well. This is only one though important criterion, to which others must be added

in order to obtain a complete evaluation of the best location site for a given water

well. We hope that with an increasing number of case studies, a more sound

statistical basis will support and improve this model.

4.2.8 – Acknowledgments

The authors acknowledge stimulating discussions and the involvement of other

colleagues from PPGG (Ana Catarina F. Coriolano, Jesimael A. da Silva, Mário N.C.

de Araújo), UFPE (Dr. Waldir Duarte Costa) and the late CDM/RN (Elmo Marinho de

Figueiredo). This research is financially supported by a FINEP/PADCT grant, CAPES

and CNPq. We acknowledge the corrections kindly suggested by an anonymous

referee, which significantly improved this text.

4.2.9 – References

Almeida, F.F.M., Hasui, Y.; Brito Neves, B.B.; Fuck, R., 1977. Províncias estruturais

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página 71

4.3 – Análise neotectônica: casos no domínio leste do RN

Structural and neotectonic criteria for location of water wells in semi-arid crystalline

terrains: a preliminary approach in the eastern domain of Rio Grande do Norte State,

Northeast Brazil

Ana Catarina Fernandes Coriolano, Emanuel Ferraz Jardim de Sá

and Carlos César Nascimento da Silva

Departamento de Geologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caixa

Postal 1639, 59.078-970, Natal-RN, Brazil. E-mails: [email protected],

[email protected], [email protected].

4.3.1 – Abstract

The traditional methods to locate water wells in crystalline terranes are being

re-evaluated aiming to improve the success rate of the procedures. We describe the

preliminary approach being used in the eastern crystalline domain of Rio Grande do

Norte (NE Brazil), encompassing areas around Santo Antônio and Santa Cruz cities.

Emphasis is given to re-evaluate the classical structural criteria in the light of modern

concepts on rock deformation and the regional tectonic framework, especially in the

context of the neotectonic stress regime.

At a first step, the structural analysis is applied to better understand the

formation and/or reactivation of brittle structures, their chronology, and past and

present kinematics. Then, these informations are used to understand water flow and

accumulation in fracture aquifers, and the reasons for success or failure in the

location of water wells already drilled in the region, in the hope to establish a more

consistent and practical routine methods. Lineament maps of the studied areas were

generated to determine the main fracture sets for well location.

Structural data were collected near selected water wells, locally combined with

geophysical data. Neotectonic reactivation is evaluated both from regional and local

information, as available. In some cases, as in Tararaca Farm near Santo Antônio, a

correlation was found between a fracture zone and a photointerpreted lineament

following a drainage; the favorable orientation of the fractures, at a high angle to the

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present (neotectonic) extension direction, appears to convey an important control in

water accumulation and well production. In other cases, as in the Santa Rita Farm

near Santa Cruz, the photolineament and the drainage do not correspond to a

fracture zone; and the accumulation of water is related to the opening of foliation

surfaces by weathering, its intersection with different fracture sets and favorable

recharge conditions provided by locally thicker, alluvial covers, forming a through-like

structure.

Keywords: water wells, semi-arid terrains, structural criteria, Northeast Brazil

4.3.2 – Introduction

The hinterland of Northeast Brazil, like in the Rio Grande do Norte State, is

characterized by a semi-arid climate in extensive areas of crystalline rocks. In this

kind of terrain, the best places for drilling water wells generally coincide with narrow

and densely fractured zones that may or not be related to major faults. In these

zones, the choice of the best sites for drilling, based on the classical approaches of

lineament identification in aerial photographs followed by field checking, is a difficult

and misleading task, frequently with a low success rate. Aiming to improve the

success statistics of these locations, a research program is being undertaken in the

eastern domain of the Rio Grande do Norte State, involving areas near the cities of

Santo Antônio and Santa Cruz (Fig. 4.3).

Natal

Ocean

BRAZILAtlantic

JoãoPessoa

Santa CruzSantoAntônio

Studied Areas

35º W36º W38º W 37º W

05º

S06º

S07

ºS

08º

S

Figure 4.3 – Geographic location of the studied areas.

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Current location methods are based on structural concepts that date back to

the 1950-60 (Costa 1965, Siqueira 1967), which deserve a critical re-evaluation in

the light of modern concepts on rock deformation, regional tectonic evolution

(emphasizing brittle deformation episodes), and reactivation of different structures

under neotectonic stress regimes. The classical methodology does not considers that

most fractures in the crystalline basement formed at greater depths and under old

stress fields, which differ significantly from to the present, neotectonic regime. The

latter probably has a stronger influence in the near-surface conditions for water flow

and accumulation than hitherto assumed. Thus, fractures regarded as favorable for

water storage (precambrian extension joints, for instance) could nowadays be acting

as “closed”, if their orientation is at a high angle to the present subhorizontal

compressional axis (σ1 or SH, as named by neotectonicists and seismologists). In an

ideal case and apart from other required conditions, the best, “open” structures would

be those at a high angle to the present extension direction (σ3 or Sh). This is one of

our main assumptions, or working hypotheses and this paper describes how this

analysis is being applied in selected study cases, and how the field context may differ

significantly from the simple interpretation frequently assumed from aerial

photographs.

4.3.3 – Regional geologic and neotectonic framework

The study areas are located in the Borborema Province (Almeida et al. 1977),

a tectonic domain affected by the Neoproterozoic Brasiliano orogeny. In Rio Grande

do Norte, the precambrian rocks (known as the Seridó Belt) comprise a sequence of

metasupracrustals (the Seridó Group) and its basement (Gneiss-Migmatite

Complex), both intruded by Brasiliano and pre-Brasiliano granitoids.

In NE Brazil, brittle deformation episodes occurred at different times during the

Phanerozoic (Jardim de Sá et al. 1999), starting with the uplift, exhumation and

cooling of the crust at the end of the Brasiliano orogeny (Neoproterozoic to

Cambrian-Ordovician). These processes superimposed a set of low temperature,

ductile-brittle or brittle structures, frequently reworking the structures of the

preceding, high temperature stage, roughly under the same kinematics (Coriolano et

al. 1997). Another major episode is related to the rifting and formation of the

continental margin basins, from late Jurassic-Cretaceous to the beginning of the

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Tertiary (Matos 1992). Based on kinematic markers, mineral fillings and other

features, bearing on their approximate PT conditions of formation, the bulk of the

fracture network in the crystalline rocks of this region formed during one of these two

events.

The tectonic evolution from the late Tertiary to the Holocene is represented by

the sedimentary and volcanic deposits, both inland and offshore, and is well

preserved in the geomorphologic and morphotectonic evolution, including a crustal

scale doming that formed the Borborema Plateau, later subject to present erosion

(Saadi 1993, Jardim de Sá et al. 1999). In this context, the best records of the

Neogene structural evolution are found in the late Tertiary to Holocene markers and

morphotectonic features (Bezerra et al. 1993, Coriolano et al. 1997, Caldas et al.

1997, Dantas 1998), additional to the important seismic activity in the region (Ferreira

et al. 1998). Recognition of neotectonic reactivation in the crystalline domain has

been reported from a few localities (Coriolano et al. 1997, Menezes and Jardim de

Sá 1999).

The seismic activity in NE Brazil, exemplified by the Samambaia Seismic Fault

(near João Câmara, Rio Grande do Norte) and many other sites, allows to establish

the present stress field as a transcurrent regime with E-W compression (σ1) and N-S

extension (σ3) axes. This stress field is related to spreading of the Atlantic Ridge

and/or to the Andean compression, which are responsible for more localized

extensional stresses, perpendicular to the coast, due to the mass unbalance in the

continent-ocean transition (Assumpção 1992, Ferreira et al. 1998). The present

stress field justifies our assumption that, whatever their age, steep-dipping, roughly

E-W fractures tend to behave as “open”, being more favorable for water flow and

accumulation, while those roughly N-S tend to be “closed”. NE- and NW-trending

fractures act as shear surfaces that may be also productive, especially at intersection

zones and transtensional sites.

4.3.4 – The structural and neotectonic approaches

The classical method to locate water wells in crystalline rocks involves the

interpretation of aerial photographs and examination of outcrops, especially with

regard to the “degree of fracturing” of the rocks (Costa 1965, Siqueira 1967). Based

on their field characteristics (vein filling, shear indicators), the structures are

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interpreted in the light of stress fields (and the related crustal depth and environment)

which were active at the time of their development, which dates back to Cretaceous r

even Cambrian times (Coriolano et al. 1997, Jardim de Sá et al. 1999).

Comprehensively, the stress regimes related to these old fractures may have little (or

directly, any) relationship with the present dynamic conditioning of groundwater

percolation and accumulation in the fractured reservoirs. In this case, the role of the

old structures resides in the formation of a high “porosity/permeability” zone, one of

the requirements (but not the only) for accumulation of water reserves.

A widely used concept for location of water wells is the riacho-fenda (“stream-

fracture”; Siqueira 1963) that represents the association of the hydrography with

geology. It provides the best infiltration conditions and water storage in fractured

crystalline rocks. The riacho fenda corresponds to the situation in which the drainage

coincides with a fracture zone, being recognized in aerial photographs and even in

the field, due to the linear segments of a given river channel.

For the present paper, reinterpreted water wells that were located according to

the classical approach. Initially, a research of the records from the late Mineral

Resources Development Company of Rio Grande do Norte (the CDM/RN) were used

as a data base to select areas containing wells that contrast in water production.

Unfortunately, the sample population had to be reduced after fieldwork, due to

unreliable well data records or to the lack of nearby outcrops.

In the field, fracture sets were characterized style, geometry, chronological

relationships, and kinematics, and compared with the photointerpreted lineaments.

The kinematics of the fracture sets was assessed through a comparison with the

neotectonic and present seismotectonic framework to establish their “open” or

“closed” behavior regarding groundwater flow and storage. The fracture chronology is

obtained according to the type of affected markers, vein filling and coating materials,

and other related features intersection of different fracture sets and relationships with

morphotectonic elements. The youngest fractures identified on such grounds are

those that may be related to the neotectonic stress regimes.

4.3.5 – Case studies

Two areas, located near Santo Antônio and Santa Cruz cities, were selected

to illustrate the complexities eventually involved in what appears, at a first glance, to

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be simple examples of the riacho-fenda concept. In both cases, the approach began

with the interpretation of 1:70,000 scale aerial photographs commonly used for water

prospecting in the region, from which lineament maps emphasizing brittle structures

were produced. A more sophisticated approach is in course, using TM Landsat

images and different treatment procedures. In Santo Antônio, a water well in the

Tararaca Farm, located close to the intersection of two streamlets and near outcrops

of “basement” orthogneisses was studied. The well is regarded as unproductive due

to its low yield, about 100 l/h. In aerial photographs, it is possible to identify a N-S

and NEtrending lineaments, both following local riacho-fendas. The well was located

near the intersection of these features (Fig. 4.4a).

In the field, the streams do not have expressive alluvium thickness, especially

the one with a N-S direction. Structural analysis of the outcrops determined

predominantly NW-trending fractures. NE trending fractures are not noticeable,

although the gneiss foliation locally trends NE, dipping to NW (Fig. 4.4b). This casts

doubt on the application of the riacho-fenda concept to this place. Judging from

outcrops, the NE trend of the larger stream seems to be controlled by the rock

foliation. Geophysical data at this site, using VLF (Very Low Frequency) and

apparent resistivity (Silva 2000), confirm the presence of a N-trending fracture along

the smaller stream. In spite of the well having been located in a fracture zone, its

yield is quite low. Therefore, the N-S structure probably corresponds to a closed

fracture, what could have been anticipated by its angular relation to the neotectonic

stress axes (orthogonal to the E-trending σ1 or SH axes).

Rio Grande do Norte State

St. Antônio

Natal

TararacaFarm90 m

2 km ba

Road

Stream

Old fracture

Fracture withquartz and epidote

Farm

Deactived well

St.Antonio

30o

L E G E N D

Figure 4.4 – (a) Photolineament map of Santo Antônio region; (b) location of the alluvium and regolith.

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Near Santa Cruz City, five wells were drilled in the Santa Rita Farm. Two of

them are in operation, two were disabled, and a fifth was dry. The place is once

again sited on “basement” orthogneisses, with minor amphibolite bands and cut by

metric veins of granite and pegmatite. The interpretation of aerial photographs

identified an ENE-trending lineament that controls the drainage and along which the

wells were drilled (Fig. 4.5a). Here, the riacho-fenda concept was applied once again.

In the field, ENE-trending fractures parallel to the stream were not identified.

The fractures are predominantly NW trending (Fig. 4.5b). The gneiss foliation follows

the ENE direction of the stream, dipping about 45oS. The local drainage controls a

small through-like structure. Sandy to clay-rich alluvium is quite thick (up to 3 m or

even more). In outcrops, weathering is intense and “open” the foliation, which is

frequently filled with regolith and alluvial sands. The NW-trending fractures

interconnect these discontinuities (Fig. 4.5c).

Geophysical data in the area (Silva 2000) confirm the absence of a major

fracture zone along the ENE-trending stream. The field data indicate a though-like

structure, with a considerable amount of well, in Tararaca Farm. In this case, the

difference between dry and disabled, as compared to productive wells, might be

related to the geometry (especially the differential depth) of the structurally controlled

weathering surfaces and the thick alluvial and regolith covers that provide adequate

recharge conditions. The productive wells probably coincide with places where

weathering deepens along the foliation, “opening” it and increasing the rock porosity

and permeability.

Figure 4.5 – (a) Photolineament map of Santa Cruz region; (b) location of the group the wells, in SantaRita Farm; (c) schematic section of the through-type model.

Gneiss

Fracture

Alluvium

L E G E N D

Productive well

Dry well

? ?c

NS

Rio Grande do Norte State

Sta. Cruz

Natal

45o

60o

60 m

Santa RitaFarm

2 km

a

b

Sta. CruzSanta Cruz

Road

Stream

Fracture

Farm

Deactived well

L E G E N D

Productive well

Dry well

Dam

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página 78

4.3.6 – Discussion

These studies illustrate the difficulties arising in the uncritical association of

photolineaments to the riacho-fenda concept. Water well location essentially based

on this concept may lead to pronounced discrepancies of well yields.

In the studied areas, the photolineaments do coincide with the stream

directions (as a consequence of the usual method of interpretation). However, they

may not correspond to major or even minor fracture zones. Furthermore, if this

coincidence happens, the fracture does not necessarily behave as an open fracture,

as reported from the Tararaca Farm, near Santo Antônio. In this case, the

neotectonic framework forecasts a low yield potential for a N-trending fracture. The

small number of structures along this direction minimizes the potential porosity due to

fracture intersections that characterize a fault zone.

In the case of Santa Rita Farm, near Santa Cruz, the stream does not coincide

with any fracture structure. The underground water flow and storage appears to be

related to the thicker alluvial cover and to the weathering following (and “opening”)

the rock foliation, increasing its porosity and permeability.

The reported results are preliminary and essentially illustrate the approach

adopted in this on going research. Nevertheless, they call attention to the misleading

results that may be found in a quick, uncritical application of the riacho-fenda concept

and in the correlation of photolineaments and field-scale structures. The assessment

of the potential, present “open” or “closed” behavior of fractures (and eventually the

control of weathering even along “old”, “closed” foliation surfaces) through

neotectonic and morphotectonic data seems to be a promising prospect to be tested

along this research and by water resources development companies in the region.

4.3.7 – Acknowledgments

To Jesimael Avelino da Silva, Walter Eugênio de Medeiros (PPGG-UFRN),

Waldir Duarte Costa (CAPES Visiting Professor at PPGG-UFRN) and Elmo Marinho

Figueiredo (IDEMA and the late State Mineral Development Company - CDM/RN) for

helpful discussions. To FINEP/CNPq/PADCT for financial support and fellowships to

the authors. To two anonymous referees of RBG for the critical review of the

manuscript.

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Capítulo V – Análise detallhada do modelo riacho-fenda

Capítulo V – Análise detalhada do modelo riacho-

fenda: estudo de caso na região de Equador-RN

5.1 – Apresentação

O presente capítulo visa discutir a real adequação do modelo riacho-fenda

(Siqueira 1963), principalmente na questão da associação de trechos retilíneos de

drenagens a zonas de fraturas. Neste caso, optou-se por um estudo envolvendo

basicamente técnicas de imageamento geofísico (eletro-resistividade e GPR),

auxiliado pela análise estrutural de afloramentos. Além da questão da

compatibilidade entre lineamentos e drenagens, discute-se também o papel das

fraturas subhorizontais e dos aluviões como meio de recarga e de percolação da

água na trama de fraturas. Como resultado do trabalho, foi possível explicar

satisfatoriamente a produtividade dos poços perfurados na região, até mesmo no

tocante a resultados bastante discrepantes em termos de vazão, apesar da

proximidade dos poços.

Os resultados apresentados nesse capítulo constituem um artigo que foi

submetido ao Journal of Applied Geophysics, sendo aceito.

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Resistivity and ground penetrating radar images of fractures in a

crystalline aquifer: a case study in Caiçara Farm – NE Brazil

Carlos César Nascimento da Silva1,2, Walter Eugênio de Medeiros1*,

Emanuel Ferraz Jardim de Sá1, Pedro Xavier Neto1,2

1 Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica – PPGG, Centro de

Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,

59.072-970, Natal, RN, Brazil, Phone: 55-84-215-37942 Petrobras / UN-RNCE / ATEX-PS, Av. Euzébio Rocha, 1000, Cidade da Esperança

59.064-100, Natal, RN, Brazil, Phone: 55 84 235 3249

* Correspondent author

e-mail: [email protected], [email protected], [email protected],

[email protected]

5.2 – Abstract

Current hydrogeological research in NE Brazil aims to better understand factors

controlling storage and percolation of ground water in crystalline terrains, due to the

fact that a large proportion (about 60%) of this region is formed by igneous and

metamorphic rocks. As part of this effort, we present an integrated geophysical-

geological study of a fractured bedrock aquifer located in the Caiçara farm, near

Equador city, Rio Grande do Norte State, NE Brazil. Pumped wells in this site present

very different yields, in spite of short distance of only 20 m. The main lithologies of

the site are quartzite and micaschist.

Combined interpretation of geophysical images (Resistivity and Ground

Penetrating Radar – GPR) and field structural geologic data revealed that the

fractured bedrock aquifer is composed of three sets of discontinuities: SW-dipping

subhorizontal joints, parallel to the ductile fabric of the country rocks which are

probably release joints; NE-dipping subhorizontal fractures, oblique to ductile trend;

and subvertical fractures which are orthogonally distributed along N-S and E-W

directions. Important subvertical fracture zones occur at a regular spacing of about

ten of meters. Fractures in the E-W direction are relatively open, as compared to

fractures in the N-S direction. Probably, E-W fractures were opened by the current

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neotectonic stress regime in NE Brazil, which is controlled by E-W compression and

N-S extension.

It was possible to rank the hydrogeologic potentiality of water well siting as a

function of fracture density and proximity to recharge zones, in this way explaining

why wells could present very different yield results on the site. The most favorable

places for well siting are intersections of subvertical fracture zones located near

drainage, because highly fractured zones could be, in this way, connected with

recharge zones mainly in alluvial deposits. On the other hand, the least favorable

places for well siting lie outside subvertical fractures and far from recharge zones.

Intermediate hydrogeological potentialities occur in two cases: at a point near the

recharge zone but where there is a low density of fractures, or at point far from the

recharge zone but where there is a high density of fractures.

Additional key words: fractured bedrock aquifer, GPR imaging, resistivity,

ground water, Northeastern Brazil.

5.3 – Introduction

Northeastern Brazil is predominantly formed by crystalline terrains (about 60%

of the area). Additionally, this region presents a semi-arid climate so that it

periodically suffers drought seasons. Furthermore, ground water quality extracted

from wells usually presents poor quality because of their high salinity content.

Nevertheless, ground water is still a very important source of water for human and

animal consumption in this region.

Usually, well siting is based on conventional aerophotographic interpretation

using scales ranging from 1:25,000 to 1:70,000. The fundamental model or

hypothesis guiding well siting is that rectilinear drainages are controlled by faults or

fractured zones, a model commonly referred, in Brazilian hydrogeological literature

(Siqueira 1963), as the “creek-crack” model (riacho-fenda in Portuguese). Sites

appearing to present dense drainage network are preferred for water well siting,

particularly points where the drainages cross-cut each other. Field follow-up work is

usually based only on geological criteria.

If a successful siting is defined by a well producing at least 0.5 m3/h (0.14 l/s),

the above described siting approach offers a maximum success index of about 70%.

Furthermore index decreases in areas covered by soil because it introduces

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additional difficulties in aerophotographic interpretation. Because of these facts,

efforts have being done to better understand factors affecting storage and percolation

of ground water in hard rocks terrains in Northeastern Brazil. A good summary of the

earlier concepts involved are described by Costa and Braz da Silva (2000). In order

to analyze the riacho-fenda model and its associated well siting criteria, we have

done some studies in typical well sites in Rio Grande do Norte State (Silva 2000,

Nascimento da Silva et al. 2001, Jardim de Sá et al. 2003).

The study here presented is part of this effort. An integrated geological-

geophysical characterization was done in the fractured bedrock aquifer in the Caiçara

farm, near Equador city, Rio Grande do Norte State, NE Brazil (Fig. 5.1a and 5.1b).

In the Caiçara farm, along the seventies, four wells were drilled to supply water to the

Equador city (around 5,000 inhabitants). The wells have a mean depth of about 50 m

and present very different yield results nonetheless they are close to each other.

Equadorcity

Fig.3a

36 40' Wo36 42' Wo36 44' Wo

0654'S

o06

56'So

7 SO

37 WO

35 WO

5 SO

b

a

b

Atlantic Ocean

Figure 5.1 – Regional geographic (a) and geological (b) contexts of Caiçara farm, which is localized nearEquador city, Rio Grande do Norte State, Northeast Brazil.

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The site where the wells were located presents good outcrops of quartzite so

that the associated soils have, in general, a very high content of quartz-sand.

Because of these particular characteristics, both field structural geological analysis

and near-surface geophysics (Resistivity and Ground Penetrating Radar – GPR)

were successfully applied in this site. From the geophysical images it was possible to

characterize the fracture network and to establish its connection with the drainage

and recharge zones. As a result of this study, it was possible to rank the

hydrogeological potentiality of water wells as function of fracture density and

proximity to the recharge zone, in this way explaining why the wells present very

different yields in this site.

5.4 – Geological context

The study area is part of the Serido Belt (Jardim de Sá, 1994) in the Borborema

Province (Almeida et al., 1977), and is located at the north of the Patos shear zone.

Outcropping rocks in the area (Fig. 5.1b) are micaschist (top) and quartzite (bottom),

the latter containing metaconglomerate lenses. A thin sedimentary layer (thickness

around 1 m), partially formed by soil, covers the hard rocks. Along drainages also

occur narrow alluvium deposits, which act as recharge zones to the fractured

bedrock aquifer. Structural analysis reveals a shallow dipping ductile fabric mainly

formed during a Precambrian orogeny. On the other hand, brittle structures were

formed or reactivated during at least three episodes of deformation along the

Phanerozoic (Nascimento da Silva and Jardim de Sá, 2000a, 2000b).

In order to set the Caiçara farm in the regional context, an aerophotographic

interpretation (at a scale of 1:25,000) was done. It allowed the recognition and

mapping of ductile and brittle lineaments, besides alluvium deposits. From this

interpretation and field follow-up, two main sets of fractures were characterized (Fig.

5.2), following orthogonal N-S and E-W directions. The N-S set of fractures is parallel

to the ductile trend. Observe that E-W fractures are relatively open in comparison

with N-S fractures. E-W fractures are probably open due to their orientation to the

current neotectonic stress field in the Northeastern region of Brazil (Nascimento da

Silva and Jardim de Sá, 2000b), which is controlled by E-W compression and N-S

extension, according to earthquake (Ferreira et al., 1998; Assumpção, 1992),

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structural (Coriolano et al., 1999; Caldas et al., 1997) and morphotectonic data

(Dantas, 1998).

The main lineament observed at this particular site has 325oAz trend and is

associated with a creek along which the wells were drilled (Fig. 5.3). This creek is

also parallel and close to a subvertical lithologic contact between micaschist and

quartzite (Fig. 5.3a). This contact can be observed both in outcrops (where dips can

be measured) and aerophotographies. Wells shown in Fig. 5.3b present very

different yield results, even being closely located. Best producers are W3 (9 m3/h or

2.5 l/s) and W4 (4 m3/h or 1.11 l/s), W1 offer intermediate production (1 m3/h or 0.28

l/s) and W2 is almost dry (less than 0.5 m3/h or 0.14 l/s).

From a geomorphologic viewpoint, the study area is localized in the top of a

plateau (around 600 m above sea level), near its escarpment, so that a fast drainage

of rain water always occurs. Furthermore, because the climate is semi-arid,

characterized by a short raining season (around four months by year), the quartz-

sand cover is usually dry.

Figure 5.2 – Photography of an outcrop of quartzite, near Caiçara farm, displaying subvertical fracturesorthogonally distributed along N-S and E-W directions (the head of the hammer points to the North). E-Wfractures are relatively open in comparison with those of N-S trend. Probably, E-W fractures were opened by the current neotectonic stress field.

5.5 – Geophysical survey

Near-surface geophysical techniques (Resistivity and GPR) were used to obtain

detailed images of the fractured bedrock aquifer around the creek where the wells

were drilled (Fig. 5.3a). Geophysical profiles were done approximately orthogonal to

the creek.

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Resistivity surveys are commonly used to map fractures zones in hard rock

terrains (e.g.. Barker et al. 1992; Carruthers and Smith 1992; Medeiros and Lima

1990; Medeiros 1987), because high resistivity contrasts usually occur between fresh

rock and saturated fractured zones. On the other hand, GPR applications to

hydrogeological research in hard rock terrains are not common because weathered

rocks and soils usually present high conductivity. Because of the specific condictions

at the Caiçara farm, reported in the previous section, leading to the formation of dry

quartz-sand soil, GPR images of good quality were obtained. GPR technique has

been used commonly to map fractures in quarries (e.g.. Grasmueck 1996; Grandjean

and Gourry 1996).

Line +25 m

Line +50 m

Line 0 m

Line -35 m

Line -70 m

Line -105 m

-60 m40 m

-60 m40 m

-60 m40 m

-60 m40 m

-60 m40 m

-60 m40 m

Line -140 m

-60 m40 m

0

0

0

0

0

0

0

a

b

b

Figure 5.3 – (a) Lithologic map of Caiçara farm. Drilled wells, the main drainage and lines along which the geophysical survey was done are superposed. (b) Photography of the site taken from point and direction identified in (b) by a black arrow on line -140 m. The distance between a productive and a dry well can be only 20 m. Apparent resistivity data were measured along all lines. GPR data was obtained only in line 0m using 200, 80, and 40 MHz.

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Seven resistivity profiles were obtained (Fig. 5.3a) using the Schlumberger

array. In each resistivity profile, recording stations were placed at a regular interval of

20 m and, in each station, five measurements of apparent resistivity were done using

AB/2 values equal to 2, 5, 10, 20, and 50 m. As a result, it was possible to construct

apparent resistivity maps and pseudo-sections. To allow a better control on resistivity

interpretation, a complete Schlumberger sounding was also performed near the

creek (Fig. 5.3a). The equipment used in the resistivity survey was a ABEM-

Terrameter SAS 300C.

Three GPR profiles were done along the same line (line 0 m in Fig. 5.3a) but

using different frequency values (200, 80, and 40 MHz). It was used a GSSI SIR

System 2. The GPR data were processed in order to correct attenuation effects

(Xavier Neto et al. 2001) and to minimize the influence of reflections associated to

scatters above the Earth surface. Time-depth conversion was done using a velocity

equal to 0.1 m/ns. This velocity value was estimated by fitting hyperboles associated

to diffractions caused by vertical fractures.

5.6 – Geophysical interpretation

5.6.1 – Resistivity method

The complete Schlumberger sounding is shown in Fig. 5.4. A 1-D resistivity

model with four layers can approximately explain the measured data (Fig. 5.4). For

AB/2 values greater than 20 m, the measured data conform to an ascending curve

displaying an angle larger than 45o, thus revealing the presence of important lateral

heterogeneities. Fig. 5.5a shows the apparent resistivity map associated to AB/2

equal to 50 m. As a matter of fact, this map reveals a very strong lateral discontinuity

in the apparent resistivity values, which is interpreted as the effect of different

weathering products resulting from micaschist, in the SW side of the map, and from

quartzite, in the NE side (compare Fig. 5.5b with Fig. 5.3a). The base line joining

stations 0 m from each profile (dashed line in Fig. 5.5b) approximately locate this

discontinuity.

A detailed analysis of Fig. 5.5a reveals second order conductive anomalies,

associated to anomaly truncations (black lines in Fig. 5.5b) and superposed to the

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broad resistivity contrast above discussed. These conductive anomalies are

associated with saturated subvertical fracture zones. The interpreted structures in the

quartzite (Fig. 5.5b) consist of two sets of orthogonal fractures following N-S and E-W

directions, in a pattern similar to the one observed in rock outcrops. An explanation to

the very different yield results from the wells can be offered on the basis of the

interpretation shown in Fig. 5.5b. Productive (W1, W3, and W4) wells were located

near the intersection of fracture zones while dry (W2) wells were located outside

fracture zones. Furthermore, best producing wells (W3 and W4) were located inside

relatively large E-W fracture zones. This feature suggests that the observed behavior

of the E-W fractures, opened at the in outcrop scale (Fig. 5.2), can be extrapolated to

the scale of the geophysical survey (Fig. 5.5b).

1 10 100

100

1000

10000

AB/2 (m)

a(O

nm

.m)

Legend:

Measured values

Fitted model

Layer Resistivity (Ohm.m) Thickness (m)

01 90 2.0

02 600 1.2

03 60 5.0

04

45O

Fig. 5.6 shows the apparent resistivity pseudo-sections. There is no general

relationship between depth and AB/2 electrode distance. However, from the

quantitative interpretation of the sounding shown in Fig. 5.4, it is possible to construct

Figure 5.4 – Schlumbergersounding and itsinterpretation using 1-Dmodel with four layersparallel to the Earth surface.Because mean resistivityvalues for soil andsedimentary cover is around 100 Ohm.m, GPR imagingwas possible.

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an approximate rule of thumb valid only for this area, as described below. There is

about 8 m of cover (soil, sediment and/or regolith) over the fresh quartzite; besides,

fitted sounding begins its ascending part, due to the effect of high resistivity fresh

quartzite, around AB/2 equal to 20 m. So, we can associate this value of AB/2 with a

depth of about 8 m, thus leading the rule of thumb: depth = 0.4 x AB/2.

-140

-105

-70

-35

0

35

-60-40-2002040Station (m)

Lin

e(m

)

-140

-105

-70

-35

0

35

-60-40-2002040

500 1500 2500 3500 4500 5500 6500

0 20 40 60 80

(m)Productive well

Unproductive well

Axis of conductiveanomaly

(a) (b)

Station (m)

Lin

e(m

)

Axis or border ofconductive anomaly

Resistivity sounding

Figure 5.5 – Apparent resistivity map of the site (a) and its interpretation (b). Schlumberger array, AB/2 =50 m. In (b), superposed to a dominant high resistivity discontinuity, approximately localized by thedashed line, a pattern of N-S and E-W ortoghonal fractures was interpreted (black lines). Thediscontinuity is associated to the lithologic contact between micaschists in the NW side and quartzite inthe SE side of the map area.

ρa (Ohm.m)

W1

W2

W3

W4

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SW Station (m) NE SW Station (m) NE

-60-40-200204025

10

20

50

-60-40-200204025

10

20

50

40 20 0 20 40 60---25

10

20

50

-60-40-200204025

10

20

50

-60-40-200204025

10

20

50

-60-40-200204025

10

20

50

-60-40-200204025

10

20

50

Figure 5.6 – Apparent resistivity pseudo-sections along lines +50 m (a), + 25 m (b), 0 m (c), -35 m (d), -70 m (e), -105 m (f), and -140 m (g). Schlumberger array. Stations were placed at regular intervals of 20 m and, in each station, apparent resistivity data were measured using AB/2 values equal to 2, 5, 10, 20, and50 m. Black lines represent interpreted discontinuities associated to fractured zones.

ρa (Ohm.m)

(a) (b)

AB

/2(m

)

(c)

(e) (f)

(g)

AB

/2(m

)A

B/2

(m)

AB

/2(m

)

Axis or border of conductive anomaly

LEGEND

(d)

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From sections shown in Fig. 5.6, sets of subhorizontal and subvertical fracture

zones were interpreted, besides the broad resistivity contrast associated to the above

described lithologic contact trend. Subhorizontal fractures dip to NE and, because

they occur at shallow depths, they may connect shallow recharge zones (alluvium

deposits) to the relatively deep subvertical fracture zones.

5.6.2 – Ground Penetrating Radar

Resistivity values for soil and sedimentary cover in the study area are around

100 Ohm.m, according to the Schlumberger sounding (Fig. 5.4), suggesting that

GPR images could be successfully obtained in this area. Based on this fact, the

previously described GPR profiles (200, 80, and 40 MHz along line 0 m in Fig. 5.3a)

were performed as a case test. Because of the similarities of results obtained with

the 80 and 40 MHz, only radargrams using 200 and 40 MHz will be presented.

Processed radargrams obtained with the 200 and 40 MHz are shown in Figs.

5.7a and 5.8a, respectively. From the radargram obtained with the 200 MHz, it was

possible to identify the bottom surface of the alluvium deposit, around station 0 m

(Fig. 5.7b). Furthermore, many diffraction patterns (hyperbolas) can be seen between

stations -60 m and 0 m, while there are almost no diffraction patterns between

stations 40 m and 0 m. We interpret these results also as the influence of different

weathering products resulting from micaschist in the SW side of the radargram, and

from quartzite, in the NE portion of the radargram. Absence of reflectors at SW of

position 0 m would be caused by relatively conductive soils resulting from micaschist

weathering, while the better resolution and diffraction patterns NE of position 0 m

would be related to fractured quartzite (Fig. 5.7b).

On the other hand, from the radargram obtained with the 40 MHz, it was

possible to interpret three sets of structures (Fig. 5.8b): subhorizontal fractures

dipping to SW (parallel to the ductile foliation), subhorizontal fractures dipping to NE

(oblique to the ductile structures), and subvertical fractures. All sets of fractures and

the bottom surface of alluvium deposits were schematically drawn in Fig. 5.9, without

vertical exaggeration, so that true dips are shown. Apparently, all sets of fractures

appear to be regularly spaced.

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40 20 0 -20 -40 -600

50

100 b

Station (m)

40 20 0 -20 -40 -60

SW NE

0

50

100

0

2,5

5,0

De

pth

(m)

v=

0.10m

/ns

Two

-way

tim

e(n

s)

a

alluviumquartzite

micaschist

0

2,5

5,0

Station (m)

Dep

th(m

)v

=0.10

m/n

sTw

o-w

ayti

me

(ns)

Figure 5.7 – Processed radargram (200 MHz) along line 0 m (a) and its interpretation (b). Bottom surfaceof the alluvium deposit was identified. Diffraction patterns between stations -60 m and 0 m are generated at the top of the fractures in quartzite. Relatively low quality image between stations 40 m and 0 m isprobably due to conductive soil resulting from the weathered micaschist. Vertical exaggeration isapproximately equal to 5.

Station (m)40 20 0 -20 -40 -60

0 0

Dep

th(m

)/

v=

0.10m

/ns

Two

-way

tim

e(n

s)

2,5

5,0

7,5

10,0

12,5

15,0

17,5

50

100

150

200

250

300

350

400

450

SW NE

aSW NE

Figure 5.8a – Processed radargram (40 MHz) along line 0 m.

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40 20 0 -20 -40 -60

0 0

2,5

5,0

7,5

10,0

12,5

15,0

17,5

50

100

150

200

250

300

350

400

450 b

subhorizontal fractures obliqueto the foliation

subhorizontal fractures parallelto the foliation

subverticalfractures

hyperbole due toa weather vane

Station (m)D

epth

(m)

/v

=0.10

m/n

sTw

o-w

ayti

me

(ns)

Figure 5.8b – Processed radargram (40 MHz) along line 0 m and its interpretation. Three sets of structures were interpreted: subhorizontal fractures dipping to SW (parallel to ductile trend), subhorizontal fractures dipping to NE (oblique to ductile trend), and subvertical fractures. Vertical exaggeration is approximatelyequal to 4.

40 20 0 -20 -40 -60

0

5

10

15

De

pth

(m)

Station (m)SW NE

subhorizontal and subverticalfractures oblique to the foliation

alluviumsubhorizontal fracturesparallel to the foliation

Figure 5.9 – Geometric elements (bottom surface of the alluvium deposit and fracture sets) obtained from GPR interpretation shown without vertical exaggeration. True dips are then represented.

5.6.3 – Compatibility between GPR and resistivity images

Using the rule of thumb to associate AB/2 with depth, in resistivity sections, and

the time-depth conversion for the radargrams, previously described, Fig. 5.10 was

constructed in order to test the mutual consistency between interpretations done by

using resistivity and GPR data along the same line (0 m in Fig. 5.3a). There is a very

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good overall superposition of conductivity anomalies with fracture sets. In particular,

the best fitting occurs for the set of subhorizontal fractures dipping to NE and oblique

to the ductile foliation. This set of fractures probably plays a very important role in

connecting recharge zone (alluvium deposits) to subvertical fractures.

SW Station (m) NE

40 20 0 20 40 6025

10

20

50

5

10

15

0

Figure 5.10 – Apparent resistivity pseudo-section along line 0 m with superposition of fracture setsinterpreted from 40 MHz radargram. Good superposition of conductivity anomalies with fracture setsoccur, particularly for subhorizontal fractures dipping to NE and oblique to the ductile foliation. This setof fractures probably plays a very important role in connecting subvertical fractures with recharge zones (alluvium deposits). Vertical exaggeration is approximately equal to 2. See text for details about depthconversion in both methods.

5.7 – Field analogues

Photographies shown in Fig. 5.11a and 5.11b were taken in the plateau

escarpment near Caiçara farm, where the quartzite is exposed in approximately

vertical cross sections. Because these photographies are at the same scale of the

geophysical sections, they can be used as field analogues in order to test the

geophysical interpretation.

Fig. 5.11a shows three sets of discontinuities: a set of subvertical (or high

angle) fractures and two sets of subhorizontal structures, one of them parallel to the

quartzite foliation. Because the ductile foliation gently dips to SW, it was inferred that

the group of interpreted fractures in Fig. 5.9, dipping to SW, are release joints. Also in

the field, it was verified that the other set of subhorizontal fractures is oblique to the

ductile foliation and dips to NE, in agreement with interpreted structures in the

radargram (Fig. 5.9). Fig. 5.11b shows a set of subvertical fractures almost regularly

AB

/2(m

)D

epth

(m)

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spaced at about 20 m, in a manner also consistent with resistivity and radargram

interpretations. Fig. 5.11c summarizes structures observed in the Caiçara farm.

Figure 5.11 – Photographies taken in the plateau escarpment near Caiçara farm, where the quartzite isexposed (a and b). (a) Shows subvertical (or high angle) fractures and two sets of subhorizontalstructures, one of them parallel to the foliation of the quartzite. In the field, this last set of structures was identified as release joints. (b) Shows subvertical fractures almost regularly spaced at about 20 m.Compare these field anologues with Fig. 5.9, obtained by the GPR interpretation. (c) Shows a blockdiagram summarizing structural interpretation at this site.

~8

m~

30m

b

subhorizontal fractureparallel to the foliation

subvertical fractures athigh angle to the section

a

high angle fracture

fracture plane parallel to the section

c

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5.8 – Discussions

The detailed geophysical imaging of the fractured bedrock aquifer in the

Caiçara farm reveals that rectilinear segments of drainage are not necessarily

associated to fracture zones. In this case, it appears that the drainage is dominantly

controlled by the lithologic contact and has only minor influences of the fractures.

Probably, the mean trend of the drainage is associated to the lithologic contact or

foliation trend while sinuosity may be associated to the set of orthogonal fractures

(Fig. 5.12).

In the Caiçara farm, it is possible to rank hydrogeological potentiality of well

siting as a function of fracture density and proximity to the recharge zone (Fig. 5.12).

The most favorable places for well siting are intersections of fracture zones localized

near the drainage, because highly fractured zones can be, in this way,

interconnected with recharge zones provided mostly by alluvium deposits. On the

other hand, the least favorable places for well siting are points outside fracture zones

and far from the recharge zones. Intermediate hydrogeological potentialities occur in

two cases: at points near the recharge zone but where there is a low density of

fractures, or at points far from the recharge zone but where there is a high density of

fractures.

The riacho-fenda model (Siqueira 1963) has a very limited validity in the

Caiçara farm. If the creek was simply interpreted as controlled by a fractured zone,

probably most of wells located in its surrounding would be dry (Fig. 5.12). In fact,

locating a well in Caiçara farm based only on aerophotographies and field criteria, as

was really done by Geol. Elmo Figueiredo, is a very difficult task because

geophysical images reveals that a distance of just 10 m between two possible well

sites may result in highly different hydrogeological potentialities. Furthermore, in the

riacho-fenda model, horizontal fractures play no important role, in contrast to what

has been inferred in the fractured bedrock aquifer of Caiçara farm. It is interesting to

register a comment by Geol. Elmo Figueiredo, about the first period of well pumping

in the Caiçara farm, because this comment does confirm the importance of

subhorizontal fractures in connecting the fracture network. According to him, Caiçara

farm had initially a plantation of mango trees. After the beginning of the continuous

pumping process, the water level was depressed so fast that, in a very short period

of time, many mango trees died. This fact reveals that the entire fractured bedrock

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aquifer behaves approximately as an unconfined aquifer. In this way, it must exist an

efficient connection between vertical fractures in the whole area, like the one

provided by subhorizontal fractures.

Fractures

River-140

-105

-70

-35

0

35

-60-40-2002040Station (m)

20 40 60 80

(m)

Lithologic contact

Hydrogeologic Potential

micashist

quartzit

LEGEND

0

Lin

e(m

)

Figure 5.12 – Schematical representation of main drainage, lithologic contact and subvertical fracturesets at Caiçara farm. It appears that the drainage is dominantly controlled by the lithologic contact andhas only minor influence of the fractures in its sinuosity. A rank of hydrogeologic potentiality of possible water well sites as function of fracture density and proximity to the recharge zone is suggested (see text for detailed description).

5.9 – Conclusions

A good characterization of the fractured bedrock aquifer in the Caiçara farm

was obtained by the integrated use of geophysical images and field structural

analysis. Apparent resistivity maps and pseudo-sections allowed to characterize the

spatial pattern of fractured zones while radargrams better individualize single

fractures. GPR imaging was possible because the main lithology at this site is

quartzite and the climate in the region is semi-arid, so that associated soils are in

general dry and present a very high content of quartz-sand.

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In the Caiçara farm the riacho-fenda model has a very limited validity. If the

main creek was simply interpreted as being controlled by a fractured zone, probably

most of the wells located in its surrounding would be dry. Additionally, subhorizontal

fractures do play a very important role in connecting the fracture network, besides

connecting shallow recharge zones to relatively deep subvertical fracture zones, so

that the entire fractured bedrock aquifer behaves approximately as an unconfined

aquifer. Apparently, spatial characteristics of fractures observed at the outcrop scale,

as trend, regularity of spacing and openness, appear to repeat in larger scales.

Well location in Northeast Brazil, using additional geophysical criteria is far

from the customary current practice, which is based only in aerophotographic

interpretation and minor field follow-up. However, even in the case that geophysical

images are not used, if the interpreter is aware of the limits of the most used model

(the riacho-fenda model) better results could be obtained even using conventional

well siting techniques.

5.10 – Acknowledgements

Finantial support to this research was given by PADCT III/CNPq/FINEP. We

thank Geol. Elmo Marinho de Figueiredo (formerly SERHID – State of Rio Grande do

Norte Government) for suggesting Caiçara farm as a site for detailed studies of

geophysics and for providing all information about the wells. C. C. Nascimento da

Silva thanks CAPES for PhD fellowship. W. E. Medeiros and E. F. Jardim de Sá

thank CNPq for research fellowships (PQ). Jesimael A. Silva, Josibel G. Oliveira Jr.,

Cristina A. Domingueti, and Marcelo J. Carvalho took part in the geophysical surveys.

5.11 – References

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Cap. VI – Aplicação da aerogeof. na hidrog. do cristalino

Capítulo VI – Aplicação de levantamentos

aerogeofísicos na hidrogeologia de terrenos

cristalinos: o caso de Serrinha-RN, NE do Brasil

6.1 – Apresentação

A principal vantagem das técnicas aerogeofísicas é analisar vastas áreas com

uma boa relação custo/benefício. O método e técnica a serem aplicados dependem

da natureza do levantamento e objetivos propostos. Dentro do contexto do Projeto

Água Subterrânea no Nordeste do Brasil (PROASNE), foram realizados três

levantamentos aerogeofísicos nas áreas-pilotos de Serrinha/RN, Samambaia/PE e

Juá/CE, no período de 15 de março a 01 de maio de 2001. Nesta tese, são

apresentados e interpretados os dados do levantamento da área de Serrinha/RN,

em conjunto com o mapa geológico da área resultante do Relatório de Graduação

de Lima (2002). Foram também utilizados métodos geofísicos terrestres para

averiguar/confirmar algumas anomalias aerogeofísicas. O presente capítulo será

transformado em manuscrito que será submetido para publicação no Journal of

Applied Geophysics.

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Cap. VI – Aplicação da aerogeof. na hidrog. do cristalino

página 103

Aplicação dos levantamentos aerogeofísicos magnético e eletromagnético

na pesquisa hidrogeológica em terrenos cristalinos:

o caso de Serrinha/RN, Nordeste do Brasil.

Carlos César Nascimento da Silva1,2, Walter Eugênio de Medeiros1

Emanuel Ferraz Jardim de Sá1, Maria da Guia Lima1

1 UFRN/CCET/PPGG, 2 Petrobras / UN-RNCE / ATEX-PS

e-mails: [email protected], [email protected], [email protected]

6.2 – Introdução

Na Região Nordeste do Brasil o clima dominante é semi-árido e caracterizado

por taxas de pluviosidade baixas e irregulares, além de elevadas taxas de insolação

e evaporação, o que desfavorece a retenção da água durante longos períodos em

reservatórios superficiais. Por outro lado, aproximadamente 50% do substrato do NE

brasileiro é composto por rochas cristalinas, em geral rochas metamórficas e ígneas

plutônicas, que apresentam baixíssima porosidade primária, desfavorecendo e por

vezes eliminando a capacidade de armazenamento de água nos interstícios das

rochas. Em função destes fatores, a água subterrânea no NE do Brasil é tida como

um recurso mineral estratégico.

Do ponto de vista hidrogeológico, a principal característica das rochas

cristalinas se traduz pela capacidade de percolar ou reter água somente ao longo de

descontinuidades que definem a porosidade secundária e que podem estar

associadas com fraturas, juntas, falhas, foliação e zonas intensamente

intemperizadas. Todavia, nos trabalhos de locação de poços em terrenos cristalinos,

discernir as estruturas com potencial hidrogeológico mais elevado é tarefa difícil. Os

métodos de trabalho rotineiramente utilizados fazem uso apenas da interpretação de

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página 104

fotografias aéreas convencionais, seguido da análise geológica-estrutural de campo.

O modelo de percolação e retenção de água subterrânea que embasa as locações é

o chamado modelo riacho-fenda (Siqueira 1963) que associa trechos retilíneos de

drenagens a zonas de fraturas subverticalizadas. Modelos alternativos ao do riacho-

fenda são ainda especulativos e carecem de trabalhos de confirmação (Jardim de

Sá et al., 2003). Esporadicamente, são também utilizados métodos geofísicos, em

geral elétricos ou eletromagnéticos terrestres. Nas condições usuais, a locação

ainda envolve índices de acerto relativamente baixos, em torno de 70%,

considerando como poço produtivo aquele cuja vazão é superior a 500 l/h,

independentemente da qualidade da água.

Em conseqüência da abordagem metodológica utilizada na locação de poços

em terrenos cristalinos, várias questões importantes ainda encontram-se em aberto,

a exemplo de: (i) existem zonas de fraturas hidrogeologicamente importantes, não

relacionadas à rede de drenagem? (ii) como é o comportamento 3D das

descontinuidades (fraturas, foliação, etc.) capazes de armazenar água? (iii) os

modelos de armazenamento e percolação de água subterrânea em terrenos

cristalinos descritos na literatura são adequados (Jardim de Sá et al., 2003)? (iv) em

particular, o modelo da calha elúvio-aluvionar (Silva 2000), associado à formação de

calhas de sedimento e/ou regolito aproveitando espaços gerados pela

intemperização de planos de foliação, poderá ter elevada importância

hidrogeológica, apesar da sua caracterização em poucos sítios, ou ele representa,

na maioria das vezes, somente uma “armadilha” para o intérprete na locação de

poços, que pode explicar boa parte do insucesso nas locações?

Para responder estas questões, dentre outras, foi firmado entre instituições

brasileiras e canadenses, um convênio multidisciplinar denominado Projeto Água

Subterrânea no Nordeste do Brasil (PROASNE). Dentre outras instituições,

participaram, do lado brasileiro, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a Pós-

Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG) da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN) e a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Rio

Grande do Norte (SERHID-RN), e, do lado canadense, a Canadian International

Development Agency (CIDA) e o Geological Survey of Canada (GSC). Em particular,

dentre as ferramentas disponibilizadas pelo PROASNE, foi executado pela Lasa

Engenharia e Prospecções S/A, de forma inédita para as condições geológicas

(rochas cristalinas), climáticas (semi-árido) e de objetivos (recursos hidrogeológicos

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subterrâneos), um levantamento aerogeofísico que incluiu medidas de campo

magnético natural e de campo eletromagnético artificial no domínio da freqüência

(FDEM – frequency domain eletromagnetic). Foram realizados três levantamentos

aerogeofísicos nas áreas-piloto de Serrinha/RN, Samambaia/PE e Juá/CE, no

período de 15 de março a 01 de maio de 2001. Nesta tese, apresentaremos a

interpretação dos dados do levantamento da área de Serrinha/RN, em conjunto com

o mapa geológico da área resultante do Relatório de Graduação de Lima (2002). O

objetivo da presente interpretação é principalmente discutir os modelos de

ocorrência de água subterrânea no cristalino e contribuir nas respostas às questões

anteriormente formuladas. É nossa esperança que, mediante estas análises mais

exaustivas de adequação de modelos de fluxo e armazenamento de água

subterrânea em rochas cristalinas, possa haver um aumento no índice de acerto nas

locações, mesmo utilizando as ferramentas tradicionais de locação.

6.3 – A área de Serrinha-RN

O município de Serrinha está situado na porção leste do Estado do Rio

Grande do Norte (NE do Brasil), a aproximadamente 70 km a SW da cidade de Natal

(Fig. 6.1). A escolha desta área foi feita em conjunto com técnicos da Secretaria

Estadual de Recursos Hídricos do Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Os

dois principais motivos para a sua escolha foram o elevado índice histórico de poços

improdutivos na região e a presença extensiva de cobertura sedimentar ou solo,

ainda que pouco espessos, o que dificulta a abordagem usual de locação. Como

conseqüência, existe um déficit de abastecimento de água para as comunidades da

região.

Geologicamente, a área de Serrinha encontra-se inserida na Província

Borborema (Almeida et al. 1977), mais precisamente na parte central do Maciço São

José de Campestre (MSJC), situado a leste do Sistema de Dobramentos Seridó

(Brito Neves 1983). O MSJC representa um complexo mosaico de blocos gnáissicos

formados durante diferentes pulsos de acresção crustal entre o Arqueano e o

Paleoproterozóico, delimitado por zonas de cisalhamento e intrudido por corpos

granitóides de idade brasiliana (Dantas 1998).

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Ocean

oA

tlântico

São Josédo Campestre

Santa Cruz Tangará

SantoAntônio

Serrinha

Lagoa de Pedras

Lagoa Salgada

Bom Jesus

Parnamirim

Macaíba

Serra Caiada

Monte Alegre

BR226

BR226

BR226

BR101

RN002

RN003

RN002

35 00’O35 15’O35 30’O35 45’O36 00’ WO

05 45’O

06 00’O

06 15’ SO

10 km

BRASIL

Complexo Gnáissico-Migmatítico

Micaxisto da Formação Seridó

Granitóideporfirítico

Sedimentos do Grupo Barreiras e paleocascalheiras

Depósitos sedimentares recentes

Granitoequigranular

Suíte básica a intermediária

L I T O E S T R A T I G R A F I A C O N V E N Ç Õ E S E S T R U T U R A I S CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

BR101

RN002

Diques de diabásio e basalto doMagmatismo Rio Ceará-Mirim

NATAL

Figura 6.1 – Localização geográfica da área de Serrinha e sua contextualização geológica no MSJC(baseado no Mapa Geológico do Estado do RN).

Foi realizado um mapeamento geológico da área de Serrinha-RN, na escala

de 1:50.000 (Lima 2002, Fig. 6.2), de forma a ser compatível com a escala dos

mapas obtidos pelo levantamento aerogeofísico (vide subítem 6.4). O principal

objetivo do levantamento geológico foi discriminar litologias, trends estruturais

dúcteis e frágeis (distribuição angular e densidade) e zonas de recarga (áreas com

coberturas sedimentares mais porosas e permeáveis), de tal forma a fornecer

subsídios para a correlação com as anomalias geofísicas identificadas e destas, por

sua vez, com a potencialidade hidrogeológica do meio analisado. Precedendo e ao

longo de todo o mapeamento, foram utilizadas informações obtidas a partir de

produtos de sensores remotos, tais como fotografias aéreas (na escala aproximada

de 1:70.000) e imagens de satélite Landsat 5 TM. Porém, em função da escala das

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página 107

fotografias e imagens de satélite e da ausência de afloramentos, somente foi

possível obter informações de cunho regional (Coriolano 2002).

O mapeamento permitiu discernir cinco unidades litológicas (Fig. 6.2),

descritas em ordem cronológica da mais antiga à mais recente (Lima 2002): (a)

ortognaisses bandados de composição tonalítica a granítica; (b) ortognaisses

sienograníticos; (c) diques de anfibolitos nos ortognaisses bandados e corpos

metabásicos-intermediários precedentes ou síncronos aos ortognaisses

sienograníticos; (d) granitos porfiríticos na forma de diques e enclaves associados

de quartzo-dioritos e dioritos de textura fina; e (e) coberturas sedimentares

holocênicas, estas com menor espessura e/ou descontínuas na parte sul, e mais

espessas na porção norte, dificultando ali a caracterização da geologia do substrato.

Figura 6.2 – Mapa geológico da porção a NW de Serrinha-RN. Os diagramas de roseta demonstram adisposição angular das fraturas identificadas naqueles setores da área (modificado de Lima 2002).

Foram distingüidos três episódios deformacionais dúcteis, D1, D2 e D3, que

afetaram os litotipos cristalinos, gerando diversas estruturas e feições. A

ZCRJ

ZCRJ 54o

75º

45o

20º

20º

79º

25o

55º

75o

48o45o

10º

55o

54o

65o

47o

25º

35º

35o

75o 25º

9..3

04.0

009

.308

.00

09.

312

.000

kmN

212.000 km E 216.000 220.000

Cobertura sedimentar holocênica

D1

Granito porfiríticoDique e enclave sin-magmáticode quartzo-diorito e diorito

Ortognaisse sienograníticode Jacu-Mirim

Ortognaisse bandado de composição tonalítica a granítica

D2

D3

LITOESTRATIGRAFIA

MunicípioSerrinha

PendênciaLocalidade

Rodovia estadual

Drenagem

LEGENDA CARTOGRÁFICA

LEGENDA GEOLÓGICA

Área do levantamento geofísico aeroportado

Zona de cisalhamento transtracional sinistral Rio Jacu

Foliação commergulho indicado

Lineação commergulho indicado

ZCRJ

Fratura

2 Km

NatalÁrea mapeada

Fortaleza

Recife

Aracaju

26%

n=168

17%n=127

20%

n=407

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página 108

estruturação dúctil observada em macroescala está relacionada principalmente ao

evento D3, o qual dobrou, seccionou e provocou inflexões nas estruturas pré-

existentes. A sua principal feição é a Zona de Cisalhamento Rio Jacu (ZCRJ),

gerada sob cinemática distensional e posteriormente reativada durante um evento

retrometamórfico com cinemática transcorrente sinistral. A ZCRJ exerceu forte

influência para o posicionamento do principal corpo granítico da área (porção SE da

área, Fig. 6.2), além de imprimir um aspecto de augen às bordas dessa intrusão.

Quanto às estruturas frágeis, foram identificadas diversas fraturas em macro e

mesoescala, ao longo de toda a área mapeada (vide Fig. 6.2), e que são correlatas a

diversos episódios tectônicos. Um episódio frágil mais antigo gerou fraturas com

trend NNE e, subordinadamente, NW, e é caracterizado por fraturas preenchidas por

material ácido (quartzo, pegmatito, aplito e minerais de alteração retrometamórfica

como sericita, clorita e epídoto), por vezes mostrando sinais de reativação. Um

evento mais recente se caracteriza por fraturas NE preenchidas por material de

baixa temperatura (carbonato) ou caracterizado por estrias de abrasão, denotando

um nível crustal relativamente raso. Fraturas E-W também podem ser observadas

principalmente no setor centro-leste da área, porém com menor representatividade.

A análise da cinemática, truncamento de marcadores e tipo de preenchimento

mineral das estruturas frágeis mais recentes demonstra compatibilidade do campo

de tensões neotectônico local com o campo regional (Ferreira et al. 1998,

Assumpção 1992). Este campo de tensões é representado por uma compressão no

plano horizontal E-W e distensão N-S, e deve controlar o comportamento (“aberto”

ou “fechado”) dos planos de anisotropia das rochas, quer sejam foliação ou fraturas.

Deste modo, e desconsiderando outros critérios tais como grau de

interconectividade ou associação a zonas de recarga, as estruturas mais

importantes para o acúmulo de água seriam as fraturas E-W por estarem

subparalelas à direção da compressão máxima. Por outro lado, estruturas N-S,

ortogonais à direção de compressão, apresentariam menor potencialidade e, em

situação intermediária, estariam as estruturas NE e NW.

6.4 – Descrição do levantamento aerogeofísico

A geofísica aérea foi realizada em uma área com cerca de 104 km2. As linhas

de vôo estão na direção E-W, com 13 km de extensão e eqüidistantes de 100 m; as

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página 109

linhas de controle estão na direção N-S, com 8 km de extensão e espaçamento de

500 m. Foram utilizados três tipos de sensores (Lasa 2001a,b), os quais foram

rebocados em dois birds à velocidade de 144 km/h (sistema towed bird, Fig. 6.3a) e

às alturas de 30 e de 45 m do solo. O primeiro bird (Fig. 6.3b) transporta os

sensores eletromagnetométrico e magnetométrico, enquanto o segundo, o sistema

Very Low Frequency (VLF). A taxa de amostragem temporal dos sensores é de 0,1

amostra por segundo, a qual, associada à velocidade de vôo, propicia uma taxa de

amostragem espacial de aproximadamente 4 m. Em função da grande distância

existente entre a estação transmissora de ondas VLF e o local do levantamento, o

sinal de VLF foi bastante degradado e o nível do sinal registrado não pôde ser

discernido do nível de ruído local e, por este motivo, os dados de VLF não serão

apresentados.

Os diversos dados coletados em campo foram submetidos a etapas de pré-

processamento, as quais tinham como objetivo principal retirar a influência das

principais anomalias culturais existentes (Lasa 2001a,b).

Figura 6.3 – Sistema de aquisição geofísica: (a) montagem fotográfica em visão panorâmica do sistemageofísico aeroportado durante o vôo; (b) detalhe do momento da decolagem da aeronave e do bird quecomporta os sistemas eletromagnetométrico (Aerodat-DSP-99) e o magnetométrico.

6.4.1 – O sistema magnetométrico

A bordo da aeronave foi utilizado um magnetômetro Minimag, modelo

Geometrics G-822A, acoplado a um sensor de bombeamento ótico de vapor de

césio que trabalha na faixa de 20.000 a 95.000 nT, com resolução de 0,001 nT. Em

terra, para controle diário das variações do campo magnético terrestre, foi utilizado

um sistema semelhante. Este conjunto de equipamentos gerou diversos dados,

dispostos na forma de mapas. Porém o resultado mais apropriado e que melhor

a b

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evidencia as feições de interesse para os objetivos do trabalho é o mapa de campo

magnético total reduzido do IGRF (International Geomagnetic Reference Field),

mostrado na Figura 6.4 e doravante simplesmente designado de mapa magnético de

campo total. Na Figura 6.4 podem ser visualizados os principais trends estruturais

dúcteis da área, por vezes identificando zonas de cisalhamento e, em outras,

contatos geológicos.

Figura 6.4 – Mapa do campo magnético total reduzido do IGRF.

6.4.2 – O sistema eletromagnético

O sistema eletromagnético utilizado foi o Aerodat-DSP-99 que consiste em

um conjunto de cinco bobinas transmissoras/receptoras que funcionam no domínio

da freqüência e são espaçadas entre si de 6,4 m. Foram utilizados dois pares de

bobinas dispostas no arranjo coaxial, com as freqüências de 900 e 4.500 Hz,

verticalizadas e alinhadas segundo a direção de vôo, além de três pares de bobinas,

horizontalizadas no arranjo coplanar, com as freqüências de 900, 4.500 e 33.000 Hz.

Para cada par transmissor/receptor, foram registradas as respostas em fase e em

quadratura. O principal intuito destes diversos arranjos foi energizar os condutores

em diversas direções e disposições para analisá-los detalhadamente: o arranjo

coplanar permite um maior acoplamento com fontes condutivas subhorizontalizadas

enquanto que o arranjo coaxial energiza melhor as fontes subverticais.

nT400

375

350

325

290

210

a930

600

0km

N93

0800

09

310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

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página 111

Estes dados permitem compor mapas de condutividade aparente a diferentes

profundidades de investigação (Tabela 6.1), a depender do skin depth – SD (McNeill

e Labson 1991) (1), dado por:

f

?503SD ≈ (1)

onde ρ é a resistividade do substrato em Ohm.m e f, a freqüência utilizada em Hz.

O termo skin depth é utilizado para quantificar a profundidade na qual as

ondas eletromagnéticas emitidas pelo sensor decaem para 1/3 da amplitude inicial.

Admite-se que a profundidade de investigação DP (Tabela 6.1) é aproximadamente

igual a:

SD3

2DP = (2)

SD (m) para diferentes ρ (Ω.m) DP (m) para diferentes ρ (Ω.m)f

(Hz) 1000 Ω..m 500 Ω..m 100 Ω..m 10 Ω..m 1000 Ω..m 500 Ω..m 100 Ω..m 10 Ω..m

900 530 m 375 m 168 m 53 m 353 m 250 m 112 m 35 m

4500 237 m 168 m 75 m 24 m 158 m 112 m 50 m 16 m

33000 88 m 62 m 28 m 9 m 59 m 41 m 19 m 6 m

Tabela 6.1 – Skin Depth (SD) e Profundidades de Investigação (DP) para as diversas freqüênciasutilizadas (f) no método Aerodat-DSP-99, com base na resistividade teórica do substrato (ρ).

A partir de levantamentos geofísicos terrestres de campo (vide item 6.7),

sabemos que o valor 100 Ohm.m é bem representativo da resistividade do terreno

na área do levantamento, exceto nos locais de maior cobertura sedimentar. De

acordo com a Tabela 6.1, para o valor de 100 Ohm.m, a profundidade de

investigação varia de 20 m (freqüência mais elevada) a 110 m (freqüência inferior),

ficando em torno de 50 m para a freqüência de 4.500 Hz, que foi a mais utilizada

neste trabalho.

Os vários mapas de condutividade aparente estão apresentados nas Figuras

6.5, 6.6, 6.7, 6.8 e 6.9; estas figuras representam, respectivamente, os mapas do

arranjo horizontal coplanar segundo as freqüências de 900, 4.500 e 33.000 Hz, e os

mapas do arranjo vertical coaxial para as freqüências de 900 e 4.500 Hz. Para

realçar as anomalias, foi escolhida após diversos testes, uma fonte de iluminação

com declinação e inclinação de 45o.

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página 112

Figura 6.5 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de 900 Hz, arranjohorizontal coplanar. Declinação da fonte de iluminação 45o Az e inclinação 45o.

Figura 6.6 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de 4.500 Hz, arranjohorizontal coplanar. Declinação da fonte de iluminação 45o Az e inclinação 45o.

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

75

40

30

20

15

10

5

7,5

2

1,5

mS/m

75

40

30

20

15

10

5

7,5

2

1,5

mS/m

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página 113

Figura 6.7 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de 33.000 Hz, arranjohorizontal coplanar. Declinação da fonte de iluminação 45o Az e inclinação 45o.

Figura 6.8 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de 900 Hz, arranjovertical coaxial. Declinação da fonte de iluminação 45o Az e inclinação 45o.

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

75

40

30

20

15

10

5

7,5

2

1,5

mS/m

75

40

30

20

15

10

5

7,5

2

1,5

mS/m

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Figura 6.9 – Mapa pseudo-iluminado da condutividade aparente para a freqüência de 4.500 Hz, arranjovertical coaxial. Declinação da fonte de iluminação 45o e inclinação 45o.

6.4.3 – Os outros sensores

Em conjunto com os sensores geofísicos, diversos outros equipamentos

foram utilizados para compor os dados coletados, bem como para assegurar a sua

qualidade. Dentre estes, utilizaram-se um registrador analógico RMS modelo GR-33,

um sistema de vídeo VHS, um radar altímetro modelo TRT-3000, um barômetro de

precisão Digibaro 215A-101, um sistema VLF Totem Hertz 2A de dois canais, além

de dois sistemas GPS com receptor NovAtel de 12 canais (um instalado na

aeronave e outro na base em terra).

Em particular, os dados de elevação GPS (corrigidos diferencialmente e

subtraídos dos valores registrados pelo radar altímetro) foram utilizados para compor

o Modelo Digital do Terreno (MDT), ilustrado na Figura 6.10. O MDT representa a

variação topográfica com elevado nível de precisão, sendo bastante util para

analisar feições geomorfológicas e estruturais.

930

6000

kmN

930

8000

9310

000

931

2000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

75

40

30

20

15

10

5

7,5

2

1,5

mS/m

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Figura 6.10 – Mapa pseudo-iluminado do Modelo Digital do Terreno (MDT). Declinação da fonte deiluminação 45o e inclinação 45o.

6.5 – Interpretação dos dados do levantamento aerogeofísico

6.5.1 – Interpretação magnética

Anomalias magnéticas identificam basicamente contrastes de susceptibilidade

magnética, que podem ser atribuídos à distribuição de minerais magnéticos nas

rochas. Esses minerais são comumente descritos como minerais “opacos” e

representam normalmente montantes inferiores a 5 % em volume da rocha. Devido à

presença volumétrica residual dos minerais opacos e à ausência de uma correlação

precisa entre mineralogia de opacos e de não opacos, não é sempre clara a

associação de domínios magnéticos com domínios litológicos (Grant 1985). Não

obstante, segundo Grant (1985), o mineral magnético mais importante – a magnetita

– pode ser utilizado como um marcador da história evolutiva da área, servindo como

discriminador da litoestratigrafia metamórfica pelo fato de que os processos de

formação e depleção de magnetita são bastante sensíveis à pressão, temperatura e

presença de fluídos.

A principal utilização dos dados aeromagnéticos nesta interpretação foi

identificar os trends dúcteis da área. Foram aplicados alguns processos de filtragem

espacial com o intuito de separar as feições de escala regional daquelas de menor

930

6000

kmN

9308

000

931

0000

931

2000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

68

115

100

95

90

88

85

83

80

75

47

m

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página 116

comprimento de onda. Testes de filtragem evidenciaram que o comprimento de onda

de corte mais eficaz está em torno de 5 km. As Figuras 6.11 e 6.12 representam,

respectivamente, os mapas do campo magnético regional e residual. Em particular,

o mapa residual apresenta as anomalias magnéticas de menor comprimento de

onda que estão associadas às fontes mais rasas. Uma característica importante é a

sua similaridade com o mapa do campo magnético não filtrado (Fig. 6.4), o que

evidencia que as estruturas aflorantes e não aflorantes fazem parte de uma mesma

estrutura, a qual encontra-se enraizada a níveis relativamente profundos.

No mapa do campo magnético regional (Fig. 6.11) é possível observar o trend

regional NE ao longo de quase toda a área e que verga para E-W na porção centro-

sul, em função de zonas de cisalhamento, conforme correlação com o mapeamento

geológico (vide Fig. 6.2). Além disso, são individualizadas duas regiões

magneticamente contrastantes: a porção norte da área, caracterizada pelas “cores

quentes” e que define regiões com baixo conteúdo de minerais magnéticos e a

porção sul da área, denotada pelas “cores frias”, que indicam regiões com conteúdo

mais significativo de minerais magnéticos. O limite entre estas duas unidades

magnéticas pode ser definido por uma zona de cisalhamento.

Figura 6.11 – Mapa do campo magnético total reduzido do IGRF com aplicação de filtro low-pass de 5 km.É interessante notar as duas regiões magneticamente contrastantes (centro-norte e centro-sul), além dotrend NNE regional que inflete para E-W na porção central do mapa.

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

nT400

375

350

325

290

210

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página 117

Já no mapa de campo magnético residual (Fig. 6.12 e sua versão interpretada

na Fig. 6.13), o trend NNE é compatível com a direção das zonas de cisalhamento

existentes em campo (vide correlação com a Fig. 6.2). Esta compatibilidade pode ser

também evidenciada analisando os locais de vergamento do trend NNE para E-W ou

pelo posicionamento espacial da Zona de Cisalhamento Rio Jacu (vide Fig. 6.2).

Neste caso, a ocorrência de zonas de cisalhamento pode explicar as elevadas

amplitudes magnéticas observadas, provavelmente geradas pela maior mobilização

e concentração de minerais magnéticos ao longo destas descontinuidades.

Figura 6.12 – Mapa do campo magnético total com aplicação de filtro high-pass de 5 km. Neste caso são ressaltadas as anomalias de menor comprimento de onda relacionada a estruturas dúcteis.

A correlação entre domínios magnéticos e litotipos é complexa pois, dentro do

litotipo dominante (os gnaisses) ocorrem marcantes contrastes magnéticos,

provavelmente associados com diferenças composicionais (gnaisses graníticos ou

granodioríticos, bandas anfibolíticas) e/ou metamórficas (zonas com migmatização

mais pronunciadas, Lima 2002), por sua vez refletidas em variações menores no

conteúdo de magnetita.

As coberturas sedimentares presentes na área mapeada não podem ser

discernidas a partir dos dados magnéticos, o que é revelado pelo fato de que são

delineadas feições tipicamente dúcteis sob o capeamento sedimentar. Estas feições

nT400

375

350

325

290

210

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

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página 118

representam o traço da foliação regional do embasamento cristalino sotoposto, deste

modo condizente com a presença de um capeamento sedimentar pouco espesso.

Figura 6.13 – Mapa interpretado do campo magnético total com aplicação de filtro high-pass de 5 km.Neste caso são ressaltados os trends dúcteis observados em campo (em branco), bem como o quedefine um dos ramos da Zona de Cisalhamento Rio Jacu (curva em preto).

Do ponto de vista hidrogeológico, o delineamento das feições dúcteis e a sua

correlação com a distribuição espacial da rede de drenagem local fornecem

subsídios para delimitar trechos de ocorrência potencial do modelo calha elúvio-

aluvionar. Isto se dá pela compatibilidade direcional do trend dúctil e com as

anomalias magnéticas e condutivas (por exemplo, a anomalia magnética associada

ao Rio Jacu, na porção sul da área). Por sua vez, a favorabilidade destes trechos

pode ser avaliada através do delineamento de anomalias condutivas e da correlação

com os dados geológicos.

6.5.2 – Interpretação do Modelo Digital de Terreno (MDT)

Em terrenos cristalinos, os planos de anisotropia que compõem o meio

aqüífero normalmente apresentam reflexos em superfície, através de variações

planialtimétricas, por vezes com alinhamentos característicos. Por conseguinte, a

análise de elementos da paisagem, sob a forma de baixos ou altos topográficos,

pode fornecer subsídios para interpretar indiretamente estruturas potenciais ao

nT400

375

350

325

290

210

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

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página 119

acúmulo de água. O padrão topográfico da área condiz com as drenagens

estruturalmente controladas da região. A Figura 6.14 apresenta uma interpretação

de trends lineares no mapa pseudo-iluminado do MDT, possivelmente

estruturalmente controlados.

Figura 6.14 – Mapa pseudo-iluminado interpretado do Modelo Digital do Terreno – MDT (vide versão não interpretada na Figura 6.10). Os traços brancos representam os principais lineamentos identificados; de uma forma geral, os de trend NNE estão associados à foliação, enquanto que os NW a zonas de fratura;em preto, a linha de alta tensão existente na área. Declinação da fonte de iluminação 45o e inclinação 45o.

6.5.3 – Interpretação dos dados eletromagnéticos

Comparando os mapas de condutividade aparente (Figuras 6.5 a 6.9) com o

mapa geológico (Figura 6.2), observa-se a ocorrência de um efeito “regional” na

condutividade provocado pela presença da cobertura sedimentar, a qual mascara as

feições lineares de interesse (Fig. 6.15). De uma certa forma, todos os mapas

obtidos pelo levantamento eletromagnético aeroportado apresentam as mesmas

características gerais, no que diz respeito ao trend condutivo e à magnitude das

anomalias. Isto pode ser verificado tanto para os mapas gerados pelo arranjo de

bobinas coplanar (Figuras 6.5, 6.6 e 6.7) quanto pelo arranjo coaxial (Figuras 6.8 e

6.9). Esta característica denota que as fontes condutivas são suficientemente largas,

permitindo detectá-las por ambos os arranjos. Além disso, o enraizamento

relativamente profundo destas anomalias pode ser avaliado a partir do seu

m

930

6000

kmN

9308

000

931

0000

931

2000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

68

115

100

95

90

88

85

83

80

75

47

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página 120

mapeamento com base nas distintas freqüências utilizadas, desde aquelas que

mapeiam superficialmente (freqüências elevadas) até aquelas que imageiam

maiores profundidades (freqüências mais baixas). Em todos estes casos, as

anomalias condutivas apresentam trend linear (por vezes acompanhando fraturas ou

foliação) validando a sua interpretação 2D usual. Esta característica é importante do

ponto de vista prático da locação pois atesta a eficiência da análise estrutural

seguida de levantamentos geofísicos na identificação dos locais mais favoráveis

para a perfuração de poços, numa abordagem tipicamente 2D.

Figura 6.15 – Caracterização de campo de domínios geoelétricos contrastantes: (a) domínio relativamente condutivo representado por regiões capeadas por coberturas sedimentares arenosas (fotografia obtidanas proximidades do ponto de coordenadas 9310000 km N e 209000 km E, na porção extremo E da área,com visada na direção leste) e (b) domínio relativamente resistivo caracterizado por regiões comembasamento subaflorante, e ausência de capeamento ou solo espessos (fotografia obtida no ponto decoordenadas 9307000 km N e 214000 km E, na porção centro-sul da área).

b

a

N S

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página 121

De modo a remover o efeito da cobertura sedimentar nos mapas de

condutividade aparente, vários processos de filtragem foram testados e o mais

eficiente foi uma filtragem high-pass usando o comprimento de onda de corte igual a

2 km. Como exemplos dos resultados deste processo de filtragem, apresenta-se na

Figura 6.16 o mapa regional (low-pass) na freqüência de 4.500 Hz, arranjo horizontal

coplanar e, na Figura 6.17, o mapa residual (high-pass) também na freqüência de

4.500 Hz mas no arranjo vertical coaxial. Como o primeiro arranjo é mais sensível a

condutores subhorizontalizados, ele é bem adequado para realçar o efeito regional

da cobertura sedimentar. Observe que há discrepância entre o limite para a área de

cobertura sedimentar, obtida pelo mapeamento geológico, com o limite interpretado

do mapa regional de condutividade (compare as Figuras 6.2 e 6.16), devido ao fato

da ferramenta geofísica ser mais sensível às zonas de maior condutância ou, em

primeira aproximação, de solo mais condutivo. Por outro lado, o mapa residual na

freqüência de 4.500 Hz, arranjo vertical coaxial, é mais adequado para realçar as

estruturas subverticalizadas. O mapa “residual” de condutividade (high-pass de 2

km, 4.500 Hz, arranjo vertical coaxial) permite visualizar diferentes trends lineares

condutivos, conforme versão interpretada mostrada na Figura 6.17b.

Figura 6.16 – Mapa de condutividade aparente para freqüência de 4.500 Hz, arranjo horizontal coplanar,com aplicação de filtro low-pass de 2 km. O traço em preto esboça o limite aproximado da ocorrência de coberturas sedimentares mais espessas (a norte), o tracejado indica um exemplo de anomalia condutiva de grande amplitude, enquanto que o branco contínuo representa o leito do Rio Jacu, principal drenagem da área.

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

75

40

30

20

15

10

5

7,5

2

1,5

mS/m

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página 122

Figura 6.17 – Mapas residuais pseudo-iluminados de condutividade aparente, com filtro high-pass de 2km não interpretado (a) e interpretado (b) para a freqüência de 4.500 Hz, arranjo vertical coaxial. Em (b),as principais feições incluem fraturas (em preto contínuo), foliação (amarelo tracejado com contornopreto) e limite da zona de cobertura (preto pontilhado com contorno branco). Os círculos amarelosnumerados indicam os poços para água existentes na área (vide Tabela 6.2). O ponto em vermelho (SE), a leste do poço 5, representa o local no qual foi executada sondagem elétrica, enquanto que a simbologiaSG com o traço ENE, imediatamente a norte do poço 3, representa a seção geoelétrica realizadatransversalmente à Lagoa do Bom Pasto. Em preto pontilhado na porção leste do mapa, com direção NE, a localização de uma linha de tensão. Declinação da fonte de iluminação 45o e inclinação 45o.

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

b

a

SE

SG

9

4

3 5

1

1110

2

768

Fig. 6.20

75

40

30

20

15

10

5

7,5

2

1,5

mS/m

75

40

30

20

15

10

5

7,5

2

1,5

mS/m

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página 123

Com base na Figura 6.16, verifica-se que a região de cobertura sedimentar

mais expressiva (limite sul definido pela curva em preto) está bem delimitada neste

mapa “regional” de condutividade. Além disto, este mapa mostra duas grandes

estruturas de interesse hidrogeológico. A primeira é uma anomalia condutiva ao

longo do Rio Jacu (linha branca contínua na Figura 6.16), certamente associada com

aluvião e regolito. Esta mesma estrutura também está marcada no mapa mostrado

na Figura 6.17 (residual de 4.500, coaxial). Pode-se assim concluir que o Rio Jacu

está dominantemente controlado por trends dúcteis e, deste modo, ele pode conter

estruturas hidrogeológicas do tipo calha elúvio-aluvionar. O Rio Jacu pode ter

grande importância hidrogeológica em função das dimensões do leito da drenagem

e do aluvião associado. A segunda anomalia condutiva, também presente no mapa

mostrado na Figura 6.17 (residual de 4.500, co-axial), é um lineamento de direção

NW (linha branca pontilhada na Figura 6.16), que é interpretado como uma

importante zona de fratura.

6.5.4 – Interpretação conjunta

A hipótese de interpretação aqui utilizada baseia-se nas relações angular e

espacial existentes entre os lineamentos condutivos, identificados a partir dos mapas

eletromagnéticos, lineamentos magnéticos que marcam o trend dúctil, e lineamentos

do MDT, conforme é abaixo descrita.

Onde trends condutivo e magnético forem paralelos e aproximadamente

superpostos, é inferida a possível existência de uma estrutura formada pela ação do

intemperismo sobre planos de foliação ou outras feições, tais como contatos

geológicos e diques anfibolíticos intemperizados. Se, adicionalmente, o par de

trends condutivo e magnético for aproximadamente coincidente com uma feição

geomorfológica negativa, é inferida a possível existência de uma estrutura de

acumulação de água subterrânea do tipo calha elúvio-aluvionar. A ausência da

feição geomorfológica coloca em questão a existência ou não de alvos

hdrogeológicos importantes fora dos vales.

Por outro lado, onde trends condutivo e magnético estiverem em diferentes

direções, é inferida a possível existência de uma estrutura formada pela ação do

intemperismo sobre falhas e/ou fraturas, ou ainda outras feições geológicas de

posicionamento espacial discordante do trend dúctil. Se, adicionalmente, o trend

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página 124

condutivo for aproximadamente coincidente com uma feição geomorfológica

negativa, é inferida a possível existência de uma estrutura de acumulação de água

subterrânea do tipo riacho-fenda. A ausência da feição geomorfológica coloca

novamente em questão a existência ou não de alvos hidrogeológicos importantes

fora dos vales.

Qualquer que seja o caso, e mesmo na existência da feição geomorfológica

negativa, existem hipóteses geológicas que podem explicar a conjunção das

anomalias e que resultem numa estrutura que não é um bom alvo hidrogeológico.

Dito de outra forma, o resultado da interpretação conjunta ora proposta não está

isento de ambigüidade. Assim sendo, deve-se entender que a metodologia de

interpretação conjunta constitui o primeiro passo, ao qual deveria se seguir, no

mínimo, uma verificação de campo.

Um mapa interpretativo simplificado unindo trends condutivos (vide Figura

6.17b), magnéticos (vide Figura 6.13) e de feições negativas do MDT (vide Figura

6.14) está mostrado na Figura 6.18. Nessa figura, os traços em vermelho

representam as anomalias magnéticas, os traços em preto, os lineamentos

topográficos negativos e, os traços em azul, as anomalias condutivas. Como

exemplos, as elipses 1 e 2 marcam locais em que são inferidas a existência de

estruturas dos tipos riacho-fenda e calha elúvio-aluvionar, respectivamente. Por sua

vez, as elipses 3 e 4 marcam locais em altos topográficos em que se coloca a

questão da existência ou não de alvos hidrogeológicos importantes fora dos vales.

Sem controle de perfuração, não há como testar essa hipótese.

Além de caracterizar a área como um todo, a análise da Figura 6.18 pode

também delimitar setores de maior probabilidade de ocorrência de uma ou outra

estrutura de acumulação de água subterrânea. A estrutura do tipo riacho-fenda

parece ser mais freqüente na área estudada e ocorre tanto na região sob a

cobertura sedimentar (em cinza), como na região de afloramento do cristalino (em

branco). Mesmo sem controle de perfuração, avaliamos também que é possível

atestar a co-existência entre os modelos dos tipos riacho-fenda e calha elúvio-

aluvionar, inclusive com riachos mudando de um tipo de controle para o outro (como

será discutido, em detalhe, nas seções 6.7.1 e 6.7.2, adiante). Como critérios

adicionais de favorabilidade hidráulica, poderiam ser usados o grau de conectividade

da trama condutiva (interpretada em detalhe) e a proximidade com a área de

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página 125

cobertura sedimentar, delimitada em cinza na Figura 6.18, a qual deve servir de

potencial zona de recarga para o meio aqüífero.

Figura 6.18 – Superposição das principais feições interpretadas do mapa de condutividade aparente (em azul), do mapa magnetométrico (em vermelho, ao longo do trend dúctil) e do MDT (em preto, ilustrandoas drenagens). Em cinza, a zona com cobertura sedimentar mais espessa ou solo mais desenvolvidodelimitados a partir de mapas de condutividade aparente. As elipses em laranja representam exemplosem potencial de estruturas de acumulação de água subterrânea do tipo riacho-fenda (1 e 4 ?) e calhaelúvio-aluvionar (2 e 3 ?). Vide maiores explicações no texto.

As Figuras 6.19a e 6.19b representam duas composições do MDT (Fig. 6.10)

com o mapa residual de condutividade aparente (filtro high-pass de 2 km, 4.500 Hz,

arranjo vertical coaxial, Fig. 6.17), que fornecem boas visões para a identificação de

estruturas potencialmente favoráveis. A feição topograficamente negativa de direção

NW, com direção compatível com as fraturas da região, evidenciada pelas setas em

cinza na Figura 6.19a, também associada a uma anomalia condutiva, exemplifica

outro caso associado ao modelo riacho-fenda. Mais uma vez observa-se que o Rio

Jacu (porção sul da área, marcada pelas setas em cinza na Figura 6.19b), está

controlado por uma zona de cisalhamento E-W e encontra-se associado com uma

anomalia condutiva e desta forma, deve obedecer ao modelo tipo calha elúvio-

aluvionar. A julgar pelas dimensões da drenagem e da anomalia, em determinados

setores, o Rio Jacu deve estar associado a estruturas do tipo calha elúvio-aluvionar

em estágio de evolução bastante elevado.

930

6000

kmN

9308

000

9310

000

9312

000

210000 km E 212000 214000 216000 218000 220000 222000

3

4

1

2

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Figura 6.19 – Composições do mapa residual da condutividade aparente (freqüência de 4.500 Hz, arranjo vertical coaxial e filtro high-pass de 2 km) com o MDT (forma de relevo). Em (a) as setas em cinza marcamuma estrutura NW associada a uma anomalia condutiva e topografia rebaixada, enquanto que a elipse em branco marca uma anomalia condutiva NW, subparalela ao trend frágil, em alto topográfico; em (b) assetas em cinza marcam a anomalia condutiva ao longo do Rio Jacu, o qual flui ao longo de uma zona de cisalhamento, enquanto que a elipse em branco marca uma anomalia condutiva NE em alto topográfico,subparalela ao trend dúctil. Exagero vertical de 20x, declinação da fonte de iluminação 45o e inclinação45o.

Regiões topograficamente elevadas, como é o caso da elevação proeminente

na porção centro-sul da área, sem associação com anomalias condutivas, indicam a

presença de embasamento subaflorante e ausência de estruturas

hidrogeologicamente importantes. Contudo, de mais difícil interpretação são os

casos de anomalias de condutividade que estão associadas com altos topográficos,

a exemplo das estruturas condutivas NW (riacho-fenda ?, marcada pela elipse em

branco na Figura 6.19a) e NE (calha elúvio-aluvionar ?, evidenciada pela elipse em

branco na Figura 6.19b). Teriam estas anomalias significado hidrogeológico ou elas

representariam apenas a presença de zonas mais argilosas resultantes do

7530102

a

b7530102

mS/m

mS/m

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página 127

intemperismo? Em particular, para a anomalia de condutividade paralela ao trend

dúctil, é mais provável tratar-se de zonas argilosas resultantes da ação do

intemperismo sobre a foliação ou sobre possíveis corpos de anfibolito, de dimensões

expressivas, não aflorantes. Todavia, em qualquer dos casos, não há como fornecer

resposta conclusiva a estas questões na ausência de controle por sondagem.

6.6 – Poços existentes na área

Na Tabela 6.2 encontram-se as informações disponíveis sobre os poços pré-

existentes na área, cujas localizações estão indicadas na Figura 6.17b. A ausência

de informações completas acerca desses poços dificulta uma análise estatística.

Mesmo assim, parece não haver uma correlação muito forte entre profundidade,

vazão, salinidade e intensidade de anomalia condutiva. Em alguns casos, a

perfuração se deu ao longo de anomalias resistivas, como no caso dos poços 01,

03, 05 e 10, aparentemente explicando as locações de pior vazão. Alguns poços

foram locados ao longo de anomalias condutivas compatíveis com o modelo riacho-

fenda, ou seja, estruturas NW (poços 04 e 09), enquanto outros foram perfurados ao

longo de anomalias condutivas compatíveis à estrutura calha elúvio-aluvionar (de um

modo geral ao longo de anomalias condutivas de NE a E-W), tais como os poços 02,

07 e 11. A julgar pelos dados de vazão, as estruturas do tipo calha podem ser

produtivas na área. Os poços 06 e 08, por estarem localizados na parte limítrofe da

área, não puderam ser analisados neste contexto.

Poço Profundidade (m) Vazão (l/h) Resíduo Seco (ppm)

01 60,00 300 Não disponível02 47,00 9.000 22.97003 36,60 1.800 7.26504 60,00 Não disponível Não disponível05 59,00 2.571 81306 42,00 Não disponível Não disponível07 24,00 7.000 Não disponível08 42,00 Não disponível Não disponível09 50,00 2.400 2.90610 50,00 1.760 76911 60,00 10.000 Não disponível

Tabela 6.2 – Dados de profundidade, vazão e resíduo seco dos poços existentes na área do levantamento geofísico aerotransportado (SERHID/RN, 2000).

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página 128

6.7 – Teste de algumas anomalias de condutividade com geofísica terrestre

Foi realizado um levantamento terrestre de modo a averiguar algumas

anomalias condutivas, identificadas a partir do levantamento aerogeofísico, em

locais específicos que pudessem auxiliar o entendimento dos modelos de

acumulação de água subterrânea em rochas cristalinas. Foi utilizado o método da

eletro-resistividade, segundo o arranjo Schlumberger. O uso deste método é

bastante difundido e sua eficácia comprovada ao longo de diversos levantamentos

em localidades do NE do Brasil, as quais apresentam características geológicas e

climáticas semelhantes às da área de estudo (por exemplo, Medeiros 1987 e Silva

2000).

Após a localização em campo da posição das anomalias selecionadas, foram

realizadas sondagens elétricas no centro e bordas da anomalia, transversalmente ao

seu eixo principal, de tal forma a definir as melhores aberturas de eletrodos de

corrente (AB/2), para compor pseudo-seções de resistividade aparente. As aberturas

de eletrodos escolhidas foram 2, 5, 10, 20 e 50 m, além de 100 m em casos

específicos. O espaçamento entre estações foi de 20 m.

6.7.1 – Anomalia compatível com estrutura tipo calha elúvio-aluvionar

A Figura 6.20 mostra um detalhe da Figura 6.17, onde uma mesma drenagem

(traço em preto) apresenta um trecho, a juzante (retângulo em branco), controlado

segundo a direção de foliação (NE), e um trecho, a montante (retângulo em

amarelo), controlado segundo a direção de fraturas (NW). Respectivamente, estes

trechos de drenagens representam controles segundo as estruturas tipo calha

elúvio-aluvionar e riacho-fenda. De acordo com os valores de condutividade do

levantamento aéreo, a condutividade aparente é mais elevada no trecho NW da

drenagem. Nesta seção, apresentamos um teste de campo no trecho de direção NE

e, na próxima seção, um teste no trecho de direção NW.

A Figura 6.21 (equivalente ao retângulo em branco) apresenta um mapa de

resistividade aparente de medidas em terra realizadas, com abertura de eletrodos de

corrente AB/2 igual a 50 m. Podem ser observados dois domínios geoelétricos

contrastantes: um, a SE, mais resistivo; e outro, a NW, mais condutivo. Esses dois

domínios estão separados por uma zona relativamente condutiva associada ao leito

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página 129

da drenagem, em campo demarcada pela estação 0 m. Próximo do local deste

levantamento geoelétrico e no mesmo trend, há um poço bastante produtivo, de

acordo com informações de moradores da região, o que atesta a presença de água

ao longo dessa estrutura NE. Por motivo da ausência de qualquer identificação junto

ao poço, a sua associação com o poço 11 (Figura 6.17) é dúbia.

Figura 6.20 – Detalhe do mapa pseudo-iluminado de condutividade aparente (freqüência de 4.500 Hz,arranjo vertical coaxial, Fig. 6.17), mostrando drenagem (em preto) associada à anomalia condutiva ecom trechos controlados alternadamente por foliação (NE – retângulo em branco) e por fratura (NW –retângulo em amarelo). O polígono em branco representa a posição do levantamento geofísico terrestrede eletro-resistividade, ao longo da estrutura tipo calha elúvio-aluvionar. O polígono em amarelo indica o levantamento de eletro-resistividade ao longo de estrutura riacho-fenda. O círculo amarelo representa opoço produtivo existente na área. Declinação da fonte de iluminação 45o e inclinação 45o.

A partir dos dados de eletro-resistividade apresentados na forma de seção

pode-se visualizar melhor o comportamento do substrato cristalino associado ao

trecho da drenagem controlado pela foliação, conforme ilustrado ao longo da seção

geoelétrica 0 m (Fig. 6.22). Na porção SE desta seção, os valores mais elevados de

resistividade aparente indicam o substrato cristalino subaflorante, enquanto que na

porção NW, o setor relativamente mais condutivo, com linhas de igual condutividade

aparentemente horizontalizadas (subparalelas à foliação local), que se propagam

desde a superfície até níveis mais profundos, compatíveis com a presença de uma

calha de sedimentos.

9308

000

kmN

931

000

09312

000

210000 km E 212000 214000 216000211000 213000 215000

9309

000

9311

000

90 m 0 m

0 m

Fig. 6.23

Fig. 6.21

60 m

75

40

30

20

15

10

5

7,5

2

1,5

mS/m

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página 130

Figura 6.22 – Seção geoelétrica 0 m (vide localização na Fig. 6.21) ortogonal ao trecho da drenagemcontrolado pela foliação. Observam-se linhas de isoresistividade aparente horizontalizadas a NW daestação 0 m (posição da drenagem) imersas em uma zona condutiva e um padrão de linhas comgradiente mais elevado na porção SE, indicando domínio resistivo.

A calha de sedimentos deve ser composta por uma mistura de solo (rochas

cristalinas totalmente intemperizadas) e sedimentos oriundos da drenagem,

conforme modelo descrito por Silva (2000). Além disto, o gradiente elevado que

separa os dois domínios geoelétricos (entre as estações 0 e -20m) possivelmente

representa uma zona com rochas foliadas totalmente intemperizadas, saturadas em

-100-80-60-40-20020406080100

Estação (m)

AB

/2(m

)

NW (310 Az) SE (130 Az)oo

10

20

50

25

10 20 30 60 100 180 350 550

Resistividade Aparente (Ohm.m)

0

30

60

Seção

(m)

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Estação (m)

5 15 25 40 60 80 100 180 350 550

Resistividade Aparente (Ohm.m)

0 20 40 60

Escala Gráfica (m)

Figura 6.21 – Mapa deresistividade aparente obtidocom o método da eletro-resistividade no arranjoSchlumberger (AB/2 = 50 m) aolongo de anomalia condutivaaero-eletromagnética mostradana Figura 6.20. A drenagemestá representada emtracejado, ao longo da estação0 m. A foliação é concordantecom a drenagem no local emergulha 35o para NW.

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água. Diante do exposto, concluímos que essa estrutura é uma calha elúvio-

aluvionar. O poço perfurado no mesmo trend atesta a produtividade da estrutura tipo

calha nesta área.

6.7.2 – Anomalia compatível com estrutura tipo riacho-fenda

A Figura 6.23 apresenta o mapa de resistividade aparente com abertura de

eletrodos AB/2 de 50 m, ao longo do trecho de drenagem controlado por fraturas

(vide localização através do polígono amarelo na Figura 6.20). Neste mapa se

observa a existência de uma zona mais condutiva localizada a SW do leito da

drenagem (definida pela estação 0 m), que deve ser correlata a uma acumulação

mais espessa de sedimentos areno-argilosos depositados pela drenagem.

Figura 6.23 – Mapa de resistividade aparente obtido pelo método da eletro-resistividade (arranjoSchlumberger, AB/2 de 50 m), ao longo de anomalia condutiva eletromagnética. Trecho da drenagem, em preto tracejado, compatível com direção de fraturas NW observadas em campo.

Por sua vez, na Figura 6.24, que representa a seção geoelétrica 90 m (vide

localização nas Figuras 6.20 e 6.23), observam-se feições condutivas, nas

imediações das estações -20 m e 60 m, que não se irradiam ou propagam até

0

30

60

90

Seção

(m)

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

Estação (m)

5 20 40 100 250 550

Resistividade Aparente (Ohm.m)

0 10 20 30 40

Escala Gráfica (m)

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pequenas aberturas de AB/2. Elas devem, portanto, refletir a presença de fraturas

em profundidade afetando o substrato cristalino. Neste caso, o condicionamento da

água subterrânea deve ocorrer ao longo de zonas de fraturas, conforme descrito por

Siqueira (1963) em seu modelo riacho-fenda.

Figura 6.24 – Seção geoelétrica 90 m (vide localização na Fig. 6.23), ortogonal ao trecho da drenagem(estação 0 m) controlado por fratura. Nas estações -20 m e 60 m observam-se anomalias condutivasverticalizadas, que podem indicar zonas fraturadas em profundidade. Toda a região condutiva, observada para pequenas aberturas de eletrodos, está associada com material argilo-arenoso saturado em água,carreado pela drenagem.

6.7.3 – Outros testes realizados

Observa-se uma anomalia condutiva nas imediações da Lagoa do Bom Pasto,

na porção NW da área estudada (vide localização através da Figura 6.2 e da

simbologia SG contida na Figura 6.17b). Trata-se de uma feição condutiva de trend

NW-SE, que tem associada uma lagoa alongada nesta mesma direção, a qual

apresentava-se seca no momento do levantamento geofísico terrestre. Neste caso,

como a direção da anomalia é condizente com a direção de fraturas observadas em

suas imediações, que por sua vez são ortogonais ao trend dúctil local, o

levantamento elétrico poderia confirmar se a lagoa está condicionada por uma zona

de fratura.

Para compor uma seção geoelétrica transversal à lagoa (Fig. 6.25), foram

realizadas diversas sondagens elétricas com aberturas máximas de AB/2 de 100 m,

na tentativa de imagear os níveis mais profundos do substrato cristalino. A Figura

6.25 mostra que a área da lagoa (localizada em campo entre as estações 0 e -100

m) está associada com uma zona condutiva rasa, que é provavelmente resultante do

efeito superficial de sedimentos areno-argilosos existentes em seu leito, visto que a

zona condutiva não se propaga em profundidade. Neste caso, mesmo a lagoa

Resistividade Aparente (Ohm.m)

10 25 60 140 350

SW (210 Az) NE (030 Az)oo

AB

/2(m

)

-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100

Estação (m)

10

20

50

25

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estando seca no momento do levantamento, deve haver um certo grau de saturação

de água nos níveis mais superficiais (profundidade de até 1 m). No entanto, em

ambas as bordas (estações 20 e -120m) observam-se zonas anômalas, em um

padrão subverticalizado e que atinge aberturas de eletrodos AB/2 da ordem de 50 m.

O mesmo ocorre na porção central, nas imediações da estação -60 m. Estas zonas

condutivas subverticalizadas podem ser indícios de controle estrutural da lagoa a

partir de uma ampla zona de fraturas, que possivelmente apresenta três ramos

principais (definidos pelas anomalias condutivas). Estes ramos podem ser

visualizados através de uma anomalia NW presente nas imediações do traço da

seção geoelétrica (SG), indicada na Figura 6.17b.

Observa-se ainda na Figura 6.25 uma anomalia condutiva subhorizontalizada,

localizada entre as estações 60 e 140 m, para aberturas de AB/2 superiores a 50 m.

Neste caso, esta anomalia não pode ser causada por efeitos superficiais porque ela

não se propaga até a superfície, está imersa em um substrato relativamente resistivo

e se encontra distante da influência das coberturas areno-argilosas presentes na

Lagoa do Bom Pasto. Percebe-se ainda que há um certo grau de interconectividade

desta zona com as fraturas subverticalizadas que definem as bordas da lagoa. Esta

característica é importante do ponto de vista de conectar a zona subhorizontalizada

em profundidade a zonas de recarga em superfície.

A anomalia condutiva subhorizontal acima descrita pode ser tentativamente

explicada como o produto do intemperismo acentuado de zonas de fraturas

subhorizontalizadas, ou do próprio bandamento, originando uma espécie de “bolsão

de intemperismo”, conforme modelo sugerido por Jardim de Sá et al. (2003). É

importante ressaltar ainda que esta anomalia não apresenta indícios que permitam

identificá-la a partir do mapeamento geológico. Além disto, a análise de mapas de

condutividade aparente também não permitiu localizá-la, identificando somente

anomalias condutivas que delimitam as bordas da Lagoa do Bom Pasto (vide, por

exemplo, a Figura 6.17).

Estruturas de acumulação de água subterrânea desse tipo são

potencialmente capazes de explicar elevadíssimas vazões observadas em alguns

poços de cristalino (por vezes, superiores a 50.000 litros por hora) e que não são

facilmente explicáveis através do fluxo de água ao longo de planos de fratura ou

foliação. Uma melhor explicação para estruturas desse tipo, do ponto de vista

hidrogeológico, é que elas estão associadas com rochas de porosidade e

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permeabilidade elevadas, embora secundárias, não decorrentes do período de

formação da rocha e sim de condições particulares de intemperismo. O acúmulo de

água ocorreria ao longo dos interstícios rochosos em uma pseudo-porosidade; o

grau de conectividade entre os poros seria fruto do grau de intemperismo e da

presença de zonas de fratura que porventura existam.

Figura 6.25 – Seção geoelétrica ortogonal à Lagoa do Bom Pasto, a qual apresenta direção similar àdireção de fraturas na região (NW). As bordas da lagoa, delimitadas em superfície pelas estações 0 e -100m, apresentam linhas de isoresistividade subverticalizadas, além daquelas observadas na estação -60 m, para AB/2 superiores a 50 m. Pode-se ainda observar uma feição condutiva subhorizontalizada entre asestações 40 e 160 m (AB/2 de 50 m), imersa em uma zona resistiva, a qual pode significar um acentuadograu de alteração das rochas (“bolsão de intemperismo”?).

Por fim, foi realizada uma sondagem elétrica de modo a testar a anomalia

regional de condutividade que ocorre em toda a porção norte, e em parte da porção

oeste da área estudada, conforme ilustrado na Figura 6.17. Esta anomalia regional

não é ocasionada por anisotropia ou descontinuidade do embasamento, mas deve

estar relacionada ao capeamento sedimentar ou ao substrato argiloso das lagoas da

região. Uma sondagem elétrica foi realizada no centro de uma destas anomalias, na

Lagoa de Baixa Verde, porção centro-norte da área (vide localização através da

simbologia SE existente na Figura 6.17b). Foi utilizada uma abertura de AB/2

máxima de 300 m, na tentativa de analisar se o efeito das coberturas areno-

argilosas existentes refletem capeamentos sedimentares mais espessos (Figura

6.26). A sondagem atesta que a anomalia condutiva observada reflete apenas

pequenas acumulações sedimentares, pois, para valores de AB/2 inferiores a 10 m,

a presença da assíntota de 45o indica que a fonte condutiva da anomalia encontra-

se a níveis bastante rasos, da ordem de 3 m de profundidade. Possivelmente, os

AB

/2(m

)

-160 -140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160

Estação (m) NE (060 Az)oSW (240 Az)o

10

20

50

100

25

10 25 60 140 350

Resistividade Aparente (Ohm.m)

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elevados valores de condutividade aparente observados nos mapas

eletromagnéticos refletem tão somente a natureza predominantemente argilosa dos

depósitos lacustres da região. Informações de moradores locais indicam que o nível

freático encontra-se a apenas poucos metros de profundidade. Neste caso, a argila

saturada em água funcionaria como condutor, explicando os elevados valores de

condutividade aparente das rochas da região.

AB/2 (m)

Res

istiv

idad

eap

aren

te(O

hm.m

)

45o

110 100 1000

10

100

1

Figura 6.26 – Sondagem elétrica realizada na Lagoa de Baixa Verde (vide Figura 6.17b), para verificar aespessura dos capeamentos sedimentares daquela região. Para pequenas aberturas de eletrodos AB/2(em torno de 8 m), os valores de resistividade aparente já se encontram associados à assíntota de 45o, a qual define o substrato cristalino e o caracteriza como raso (em torno de 3 m de profundidade).

6.8 – Considerações finais

A partir dos diversos resultados obtidos, constata-se que, na grande maioria

dos casos, as estruturas passíveis de acumular água em terrenos cristalinos

correspondem a descontinuidades discretas e isoladas. A complexidade e

heterogeneidade do embasamento cristalino dificultam a extrapolação, em

profundidade, das estruturas observadas em mapeamentos geológicos. Neste

contexto, os métodos geofísicos apresentam-se como elo de ligação entre as feições

geológicas mapeadas e as reais estruturas contidas no substrato cristalino.

Os diferentes relacionamentos existentes entre os locais potenciais de

acumulação de água subterrânea e o tipo de estrutura analisada resultam em

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distintos modelos de fluxo e armazenamento. Cada modelo, quando analisado

individualmente, apresenta as suas próprias características e respostas a uma

determinada ferramenta. Além disto, a coexistência entre estas estruturas é um fato.

As anomalias condutivas que não ocorrem associadas a drenagens, por vezes

presentes ao longo de altos topográficos, não se enquadram nos modelos

tradicionalmente utilizados nos trabalhos de locação de poços e geralmente só

podem ser detectadas através de técnicas geofísicas. A inexistência de poços ao

longo de altos topográficos, nos quais ocorrem diversas anomalias condutivas, não

permitiu comprovar na prática a sua potencialidade.

O comportamento tridimensional das estruturas potencialmente importantes

ao acúmulo de água reflete, de uma forma geral, descontinuidades planares. Este

comportamento já foi descrito ao longo dos modelos já existentes de locação

atestando a linearidade em superfície das feições (principalmente para os modelos

riacho-fenda e calha elúvio-aluvionar). Cada modelo normalmente é composto por

diversas estruturas, embora planares quando analisadas individualmente, mas que

fazem parte de um complexo sistema de descontinuidades que se interconectam em

subsuperfície em diferentes padrões e que apresentam peculiaridades não

visualizadas a partir da pura análise superficial do terreno.

Por vezes, os modelos de percolação e retenção de água subterrânea

mostram-se adequados à realidade dos trabalhos de locação, contudo é necessário

atentar para algumas de suas características. Quanto ao modelo riacho-fenda, a

geologia estrutural afirma que o condicionamento da drenagem ocorre ao longo de

zonas de fraturas que normalmente ocorrem subverticalizadas. Estas zonas de

fraturas, por sua vez, podem ser visualizadas através da análise de afloramentos ou

imageadas através de técnicas geofísicas, que utilizem como propriedade a ser

investigada a condutividade do terreno. Neste caso, deverão ocorrer feições

condutivas normalmente subverticalizadas, geralmente localizadas no eixo da

drenagem. No entanto, casos particulares podem apresentar anomalias condutivas

em suas bordas ou com mergulho moderado.

O modelo tipo calha elúvio-aluvionar envolve a compatibilidade angular

existente entre a direção de drenagens com a foliação da região. Dados

magnetométricos e eletromagnéticos são úteis para caracterizá-los. Neste caso,

pode haver ambigüidade quanto às fontes das anomalias, visto que o aumento da

condutividade também pode ser causado por argilo-minerais que ocorrem com

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freqüência ao longo de planos de foliação intemperizados. A estrutura tipo calha

elúvio-aluvionar, ainda pode conter, a depender do seu grau de evolução,

sedimentos areno-argilosos, em geral associados ao leito da drenagem. Estes

sedimentos podem servir como zona de acúmulo de água para os planos de foliação

intemperizados em subsuperfície. A julgar pelos dados de poços disponíveis na área

analisada, estruturas do tipo calha podem, efetivamente, ter potencial hidrogeológico

elevado.

Além destes, um outro modelo foi proposto ao longo deste estudo, com

potencial existência em pelo menos um caso: o modelo intitulado bolsão de

intemperismo. Este caso, por não apresentar indícios superficiais, tem a sua

identificação, a partir de trabalhos de mapeamento geológico, fortemente

prejudicada. Ferramentas geofísicas aerotransportadas também não foram eficazes

à detecção de anomalias referentes ao modelo. Somente a partir de métodos

geofísicos terrestres, no caso a eletro-resistividade, puderam ser visualizadas as

anomalias condutivas que delimitam a zona intensamente intemperizada. Neste

caso, a estrutura é ocasionada por uma sucessão de efeitos intempéricos que

afetam indiscriminadamente fraturas e foliação, gerando uma pseudo-porosidade

intersticial, na qual a água subterrânea acumula-se. O modelo bolsão de

intemperismo não está necessariamente associado a feições topográficas positivas

ou negativas, em superfície. Daí a dificuldade ou inabilidade em caracterizá-lo a

partir de modelos digitais do terreno ou do mapeamento tradicional. No entanto, é

imprescindível, para a sua ocorrência, um certo tipo de conectividade com a

superfície, de forma que a zona intemperizada possa ser sazonalmente recarregada

por água. Esta conectividade pode ocorrer através de zonas de fraturas, por

exemplo, as quais por sua vez chegam às zonas de recarga em superfície.

Deve-se ressaltar que é muito provável que perfurações em calhas elúvio-

aluvionares pouco evoluídas expliquem parte do insucesso das locações de poços

no cristalino. Do ponto de vista de caracterização de superfície, a estrutura calha

elúvio-aluvionar apresenta características muito semelhantes ao tipo riacho-fenda:

drenagens lineares estruturalmente controladas. Naqueles locais nos quais não é

possível definir com exatidão as direções dos trends dúctil e frágil, por exemplo, em

regiões com capeamentos sedimentares expressivos, é difícil determinar o modelo

associado a cada trecho de drenagem. Neste caso, o hidrogeólogo pode

inadvertidamente locar um poço em uma estrutura tipo calha não desenvolvida

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pensando que se trata de uma estrutura tipo riacho-fenda. Possivelmente, a vazão

do poço será bem inferior à esperada. Já a estrutura que define o modelo tipo bolsão

de intemperismo pode ser utilizada para explicar a existência de vazões

anomalamente elevadas em alguns poços, por vezes superiores a 50.000 litros por

hora. Certamente estas vazões não refletem um fluxo subterrâneo ao longo de

fraturas ou foliação. Para este modelo, de forma semelhante aos poços perfurados

em regiões com rochas sedimentares, a água contida no substrato deve estar

armazenada ao longo dos poros formados pela ação intempérica acentuada ao

longo de planos de fratura ou foliação pré-existentes. Apesar da diversidade das

ferramentas empregadas ao longo dos trabalhos de pesquisa, a identificação do

modelo bolsões de intemperismo somente foi possível através da técnica geofísica

terrestre da eletro-resistividade.

6.9 – Referências

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UFRN/CCET/PPGG – Tese de Doutorado Capítulo VII – Considerações finais

Capítulo VII – Considerações finais

O problema da locação de poços em terrenos cristalinos envolve dois

aspectos básicos e práticos: o primeiro se refere ao fato da água subterrânea

percolar ou encontrar-se retida ao longo de descontinuidades discretas, em geral

planares e em muitas vezes, isoladas; o segundo e o mais importante aspecto,

quanto à praticidade, se refere à capacidade do profissional de campo em localizar e

caracterizar as descontinuidades mais importantes no substrato. O primeiro aspecto

reflete um caráter passivo sobre o qual o técnico de locação não pode exercer

nenhuma influência. Resta ao profissional de campo utilizar o seu conhecimento,

técnicas, equipamentos e métodos geofísicos disponíveis para imagear as estruturas

em subsuperfície, para com isto indicar os melhores locais para a perfuração de

poços.

O uso de forma integrada das diversas ferramentas geológicas e geofísicas

terrestres e aerotransportadas, atestou a elevada complexidade de estruturas e

feições que definem o meio aqüífero em rochas cristalinas. Esta complexidade

explica perfeitamente o elevado índice de insucesso quanto à locação de poços

produtivos (com vazões mínimas de 500 litros por hora) em torno de 60 %. A pura e

simples análise de superfície, mesmo quando é bem executada, ainda comporta

uma relativa imprecisão, quando as estruturas observadas em imagens de sensores

remotos ou afloramentos são extrapoladas em profundidade. Não se conhece, a

priori e sem as devidas ferramentas, se estas estruturas mantêm em profundidade,

as mesmas características de superfície.

A abordagem de trabalho da presente tese envolveu algumas premissas

básicas na escolha das áreas estudadas, tais como: embasamento cristalino com

afloramentos, presença de poços para água já perfurados e resultados discrepantes

quanto às suas vazões. Neste contexto, encontrar locais que suprissem todos estes

critérios já foi um obstáculo. Contornado este obstáculo, a insuficiência de dados

quanto ao cadastro dos poços existentes, em cada área de estudo (vazão,

profundidade, entradas d’água, etc.), não permitiu realizar um trabalho estatístico

mais aprofundado, o qual certamente produziria resultados mais confiáveis.

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página 141

A evolução geológica das áreas estudadas é bastante complexa. Esta

complexidade é traduzida pelas constantes variações no campo de tensões ao longo

de diferentes episódios tectônicos. Atualmente, em função dos sucessivos eventos

de soerguimento e denudação do terreno, ao longo do tempo geológico, estruturas

geradas em diferentes níveis crustais podem ser observadas lado a lado, em um

mesmo afloramento. Contudo, do ponto de vista hidrogeológico, o campo de tensões

ativo é o que determina se uma dada estrutura tem comportamento “aberto” ou

“fechado”. A partir da análise de diversos dados (tipo de estrutura, preenchimento,

cinemática, correlação com dados sismológicos, etc.), foi possível inferir que o

campo de tensões neotectônico, para as diversas áreas estudadas, é caracterizado

por esforços compressivos na direção E-W e distensivos na direção N-S, compatível

com o regional. Isto torna as estruturas E-W mais propícias ao acúmulo d’água por

estarem mais “abertas”. No entanto, a presença de anisotropias ou irregularidades

(variações topográficas marcantes, estruturas pré-existentes como falhas ou zonas

de cisalhamento, dentre outras) pode ser suficiente para acarretar uma mudança

local no campo de tensões neotectônico.

O agrupamento dos diversos aspectos inerentes ao modo de percolação e

retenção de água subterrânea permite esboçar diversos modelos hidrogeológicos. O

modelo mais comum é o chamado riacho-fenda. Neste caso, a água ocorre ao longo

de planos de fraturas com diferentes dimensões. A forma mais comum de detectar

este modelo é identificar trechos retilíneos de drenagens que estejam controlados

por zonas fraturadas. Esta análise é eficaz a partir de produtos de sensores remotos

e modelos digitais de terreno, identificando as feições topograficamente negativas,

associando-as com os cursos de drenagens. A drenagem supre as fraturas com

água, com certa sazonalidade, aumentando o contraste de condutividade entre

zonas saturadas e a rocha sã. Por sua vez, esta interface geoelétrica demarca

anomalias condutivas que podem ser observadas tanto em mapas gerados por

sensores eletromagnéticos aerotransportados, quanto em mapas de resistividade

aparente e pseudo-seções de métodos geofísicos terrestres. A análise mais

detalhada a partir da eletro-resistividade e do GPR (Radar Penetrante no Solo)

permitiu identificar as regiões mais fraturadas, o seu grau de interconectividade, bem

como a relação com zonas de recarga em superfície e descontinuidades situadas

em níveis mais profundos. Neste caso, a drenagem não necessariamente ocorrerá

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associada à estrutura mais importante do ponto de vista hidrogeológico, podendo a

mesma nem aflorar. A geofísica, neste caso, é imprescindível para localizá-la.

Quanto ao modelo calha elúvio-aluvionar verificou-se que a sua área de

ocorrência é bastante comum, situada em importância semelhante à do modelo

riacho-fenda. Drenagens superficiais comumente encontram-se controladas pelo

trend dúctil do terreno. Por vezes, estas drenagens apresentam forma sinuosa, ora

associada a uma fratura, ora a uma foliação, demonstrando um típico controle

estrutural. A identificação de uma estrutura tipo calha elúvio-aluvionar pode ser feita,

por exemplo, a partir dos pontos de superposição entre anomalias magnéticas,

definindo o trend dúctil, e anomalias condutivas eletromagnéticas. Em maior detalhe,

as pseudo-seções transversais ao trecho da drenagem apresentarão dois padrões

geoelétricos distintos, separados por uma anomalia condutiva: um padrão com

linhas de resistividade aparente com alto gradiente, demonstrando que o

embasamento está aflorante a subaflorante, e outro com linhas de resistividade

aparente subhorizontais, indicando a região composta pelo material elúvio-aluvionar.

Já o modelo bolsão de intemperismo, pela possibilidade de ocorrer a dezenas

de metros de profundidade, pode não apresentar indícios de sua existência em

superfície. Expressivas ações intempéricas provocaram o desgaste da rocha,

possivelmente ao longo de planos de foliação e de fraturas pré-existentes, gerando

uma pseudo-porosidade intergranular, na qual a água fica armazenada. Métodos

magnéticos e eletromagnéticos aeroportados se revelaram ineficazes na sua

detecção. No entanto, o método da eletro-resistividade, por permitir maior

profundidade de exploração, mostrou-se eficaz neste sentido. Apesar do bolsão de

intemperismo não apresentar necessariamente reflexo em superfície, existe a

obrigatoriedade de sua conexão com a superfície por algum tipo de estrutura. Disto

depende a sua recarga sazonal. Estas estruturas fazem o papel de conectar à

superfície o sítio de armazenamento da água em profundidade; elas podem

apresentar baixo mergulho e também podem ocorrer nos demais modelos de

armazenamento de água subterrânea em terrenos cristalinos.

Do ponto de vista prático, como as características de locação ao longo dos

diversos modelos descritos são distintas, um engano na interpretação de campo do

modelo existente em um determinado local, pode ser suficiente para explicar parte

do insucesso nas locações. Por exemplo, como as características superficiais dos

modelos riacho-fenda e calha elúvio-aluvionar são semelhantes (trechos retilíneos

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de drenagens estruturalmente controladas), o técnico de campo pode,

inadvertidamente, locar um poço ao longo de uma estrutura tipo calha não

desenvolvida, imaginando que está em um modelo fenda. Isto se torna mais crítico

naqueles locais em que não é possível visualizar as direções dos trends dúctil e

frágil, por exemplo, em decorrência de capeamentos sedimentares ou solos bem

desenvolvidos. Por outro lado, poços de elevadíssimas vazões, de ordem superior a

50.000 litros por hora, não podem ser facilmente explicados a partir da explotação

da água contida em planos de fratura ou zonas foliadas intemperizadas. Pelo volume

expressivo, uma melhor explicação seria o armazenamento da água em uma

porosidade intersticial semelhante à de uma rocha sedimentar. O modelo bolsão de

intemperismo reflete este caso.

Entende-se que muitas das técnicas citadas e que foram trabalhadas ao longo

da presente tese de doutorado por vezes não são compatíveis com a realidade de

trabalho no Nordeste brasileiro e em outras regiões, tanto no que diz respeito a

custo como à qualificação de pessoal. No entanto, o estudo aprofundado de casos

isolados, através de trabalhos de pesquisa, pode fornecer subsídios únicos para o

melhor entendimento e elaboração de modelos mais detalhados de acumulação de

água em terrenos cristalinos, bem como reavaliar aqueles já existentes. Além disto,

a comprovação dos resultados, a partir da perfuração de poços utilizando todos os

critérios disponíveis é extremamente relevante para o sucesso dos trabalhos futuros.

Por sua vez, de posse destes modelos devidamente comprovados e reavaliados, o

profissional de campo poderá utilizar os critérios tradicionais de locação de uma

maneira mais efetiva e, certamente, obterá resultados mais satisfatórios.

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Capítulo VIII – Referências

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