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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS TESE DE DOUTORADO COMPORTAMENTO DA ADIÇÃO DO CARBETO DE NIÓBIO (NbC) NA MATRIZ METÁLICA DO AÇO FERRÍTICO 15Kh2MFA JOSÉ FERREIRA DA SILVA JÚNIOR Orientador: Prof. Dr. Uílame Umbelino Gomes Co-orientador: Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza Tese n° 106/PPgCEM NOVEMBRO DE 2012 NATAL – RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

TESE DE DOUTORADO

COMPORTAMENTO DA ADIÇÃO DO CARBETO DE NIÓBIO (NbC) NA MATRIZ

METÁLICA DO AÇO FERRÍTICO 15Kh2MFA

JOSÉ FERREIRA DA SILVA JÚNIOR

Orientador: Prof. Dr. Uílame Umbelino Gomes

Co-orientador: Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza

Tese n° 106/PPgCEM

NOVEMBRO DE 2012

NATAL – RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

COMPORTAMENTO DA ADIÇÃO DO CARBETO DE NIÓBIO (NbC) NA MATRIZ

METÁLICA DO AÇO FERRÍTICO 15Kh2MFA

JOSÉ FERREIRA DA SILVA JÚNIOR

Tese de doutorado apresentado à

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, junto ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Engenharia de

Materiais como parte dos pré-requisitos

para a obtenção do título de Doutor em

Ciência e Engenharia de Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Uílame Umbelino Gomes

Co-orientador: Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza

NOVEMBRO DE 2012

NATAL – RN

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, José Ferreira e

Maria da Conceição, pela sabedoria,

educação, lições de vida e dedicação;

A minha esposa, Gislâine Ferreira,

pela compreensão, apoio e dedicação;

Aos meus irmãos, Bruno Ferreira

e Thiago Breno, pelo apoio e incentivo e;

Acima de tudo, a Deus pela força e

inspiração para vencer obstáculos e

superar dificuldades.

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AGRADEDIMENTOS

Ao Prof. Dr. Uílame Umbelino Gomes, pelo apoio, orientação e sugestões durante a

realização deste trabalho e pelo uso das instalações e equipamentos do seu Laboratório e por

todas as oportunidades que foram dadas.

Ao Prof. Dr. Franciné Alves da Costa, pelo apoio, orientação, sugestões e valiosas

contribuições dadas durante as etapas deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza, pelo apoio, orientação, sugestões e valiosas

contribuições dadas durante as etapas deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento, pelo apoio, orientação, sugestões e

valiosas contribuições dadas durante as etapas deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior, pelas sugestões e uso das instalações e

equipamentos de seu laboratório durante parte das sinterizações deste trabalho.

Aos colegas do Laboratório de Materiais Cerâmicos e Materiais Especiais (LMCME),

em especial ao Eng. Murillo Menna, Dra Ariadne Souza e Gilberto Melchiors.

Aos colegas do LaPFiMC, Cláwsio Cruz, Antônio Carlos, Pedro Henrique, Paulo

Henrique, Ana Paula Peres, Micheline, Eduardo Galvão e Micheline Reis.

Aos colegas do Laboratório de plasma (LabPlasma) pelo apoio e amizade, em especial

ao físico Edalmy Oliveira pelas inúmeras contribuições experimentais.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte através do Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais por permitir a realização deste trabalho de

doutorado.

Aos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao CNPq pelo apoio financeiro e bolsa de doutorado disponibilizado para o

desenvolvimento deste trabalho.

A CAPES, através do projeto PROBRAL, pela experiência de um estágio realizado na

Alemanha.

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“Sonhos são gratuitos.

Transformá-los em realidade tem um preço.”

(Ennis J. Gibbs)

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RESUMO

SILVA Jr, J. F.

COMPORTAMENTO DA ADIÇÃO DO CARBETO DE NIÓBIO (NbC) NA MATRIZ

METÁLICA DO AÇO FERRÍTICO 15Kh2MFA

O aço 15Kh2MFA, da família dos aços CrMoV, pode ser utilizado em turbinas para geração de energia, vasos de pressão, reatores nuclear ou aplicações, onde o material é submetido a temperaturas de serviço entre 250 e 450°C. Uma forma de melhorar as propriedades do aço, para que ele trabalhe a temperaturas mais altas ou que se torne mais estável é adicionar partículas de segunda fase na sua matriz. Estas partículas podem estar na forma de óxidos, carbetos, nitretos ou até mesmo em solução sólida quando alguns elementos químicos são adicionados ao material. Neste contexto, este trabalho objetiva estudar o efeito da adição de 3% de carbeto de nióbio na matriz metálica do aço 15Kh2MFA. Para isto a metalurgia do pó foi a rota empregada para a produção deste compósito de matriz metálica. Para tal, duas moagens distintas foram realizadas. A primeira com o aço 15Kh2MFA e a segunda com o aço 15Kh2MFA com adição de 3% de carbeto de nióbio. A moagem de alta energia foi realizada durante 5 horas. Em seguida, os dois pós produzidos foram sinterizados em um forno a vácuo (10-4torr) a temperaturas de 1150°C e 1250°C durante 60 minutos. Após a sinterização as amostras foram submetidas ao tratamento térmico de normalização a 950°C. Os resultados mostraram que a adição do carbeto de nióbio ajuda o processo de cominuição das partículas, quando comparado com o aço sem o carbeto de nióbio. O carbeto de nióbio tem um papel fundamental na densificação das amostras durante a sinterização, levando a densidade 7,86g/cm³, que é maior do que a densidade do aço fundido recebido que era de 7,81g/cm³. Apesar desta boa densificação, após a normalização, o NbC não contribuiu de forma significativa para aumento da dureza, onde a melhor dureza obtida para o aço com NbC foi de 156HV e para o aço puro foi de 212HV. Isto se deve ao fato de que, quando o NbC foi adicionado ao aço, formou-se uma estrutura perlítica, enquanto que, com o aço sem adição de NbC, submetido as mesmas condições, obteve-se uma estrutura bainítica.

PALAVRAS-CHAVE: Carbeto de nióbio, aço ferrítico 15Kh2MFA, metalurgia do pó,

moagem de alta energia e materiais compósitos.

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ABSTRACT

SILVA Jr, J. F.

BEHAVIOR OF ADITION OF NIOBIUM CARBIDE (NbC) IN METALLIC MATRIX

OF FERRITIC STEEL 15Kh2MFA

The 15Kh2MFA steel is a kind of Cr-Mo-V family steels and can be used in turbines for energy generation, pressure vessels, nuclear reactors or applications where the range of temperature that the material works is between 250 to 450°C. To improve the properties of these steels increasing the service temperature and the thermal stability is add a second particle phase. These particles can be oxides, carbides, nitrites or even solid solution of some chemical elements. On this way, this work aim to study the effect of addition of 3wt% of niobium carbide in the metallic matrix of 15Kh2MFA steel. Powder metallurgy was the route employed to produce this metallic matrix composite. Two different milling conditions were performed. Condition 1: milling of pure 15Kh2MFA steel and condition 2: milling of 15Kh2MFA steel with addition of niobium carbide. A high energy milling was carried out during 5 hours. Then, these two powders were sintered in a vacuum furnace (10-4torr) at 1150 and 1250°C during 60 minutes. After sintering the samples were normalized at 950°C per 3 minutes followed by air cooling to obtain a desired microstructure. Results show that the addition of niobium carbide helps to mill faster the particles during the milling when compared with that steel without carbide. At the sintering, the niobium carbide helps to sinter increasing the density of the samples reaching a maximum density of 7.86g/cm³, better than the melted steel as received that was 7,81g/cm³. In spite this good densification, after normalizing, the niobium carbide don’t contributed to increase the microhardness. The best microhardness obtained to the steel with niobium carbide was 156HV and to pure 15Kh2MFA steel was 212HV. It happened due when the niobium carbide is added to the steel a pearlitic structure was formed, and the steel without niobium carbide submitted to the same conditions reached a bainitic structure.

KEY-WORDS: Niobium carbide, 15Kh2MFA ferritic steel, powder metallurgy, high energy

milling and composite materials.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ......................................................................................................................... 4

AGRADEDIMENTOS ............................................................................................................... 5

RESUMO ................................................................................................................................... 7

ABSTRACT ............................................................................................................................... 8

SUMÁRIO .................................................................................................................................. 9

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 11

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 16

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO .......................................................................................... 17

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 19

2.1 Aços estruturais para aplicações em altas temperaturas ............................................ 19

2.2 Desenvolvimento do aço 15Kh2MFA ....................................................................... 20

2.3 Características do carbeto de nióbio .......................................................................... 24

2.4 Materiais compósitos ................................................................................................. 27

2.5 Moagem, mistura e homogeneização de pós ............................................................. 29

2.6 Conformação por prensagem a frio ........................................................................... 35

2.7 Sinterização ................................................................................................................ 37

2.8 Transformações metalúrgicas no aço 15H2MFA ...................................................... 41

CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS................................................... 62

3.1 Caracterização dos materiais de partida ..................................................................... 63

3.2 Preparação e caracterização dos pós compósitos ....................................................... 63

3.3 Sinterização, normalização e caracterização das amostras ........................................ 65

CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 69

4.1 Caracterização dos materiais de partida ..................................................................... 69

4.2 Caracterização dos pós processados por MAE .......................................................... 75

4.3 Caracterização das amostras sinterizadas e normalizadas ......................................... 88

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CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES ......................................................................................... 113

5.1 Preparação do pós compósitos ................................................................................. 113

5.2 Sinterização dos pós compósitos em forno a vácuo................................................. 113

5.3 Tratamento térmico de normalização ...................................................................... 114

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................. 115

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 116

APÊNDICE – PARÂMETROS DE REDE ............................................................................ 128

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1. Temperatura de trabalho em função da dose de irradiação recebida de diferentes tipos de reatores (HORVÁTH, GILLEMOT, et al., 2009). .................................................... 20

Figura 2.2. Principais características dos aços para reatores nucleares. ................................... 23

Figura 2.3. Diagrama de fase do sistema Nb-C (LYAKISHEV, TULIN e PLINER, 1984). .. 25

Figura 2.4. (a) Equipamento e (b) esquema de um moinho planetário. ................................... 31

Figura 2.5. Esquema mostrando as diferentes formas de impacto, a deformação e a fragmentação, adaptado de (ZHANG, 2004) e (SURYANARAYANA, 2001). ...................... 33

Figura 2.6. Esquema da evolução microestrutural durante a moagem do sistema dúctil-frágil e uma microestrutura de uma partícula compósita de Al-25%Ni produzido por MAE onde a fase frágil é o níquel e a matriz o alumínio, adaptado de (ZHANG, 2004) e (SURYANARAYANA, 2001). ................................................................................................ 34

Figura 2.7. Relação da distribuição do tamanho de partícula com o tempo de moagem (SURYANARAYANA, 2001). ................................................................................................ 35

Figura 2.8. Esquema representativo dos estágios de sinterização em fase sólida (adaptado de GOMES, 1995 e LEE; REINFORTH, 1994). .......................................................................... 39

Figura 2.9. Esquema representativo dos estágios de sinterização em fase líquida (GERMAN, 1998). ........................................................................................................................................ 40

Figura 2.10. Diagrama de fases para o sistema ferro-carbeto de ferro (adaptado de (CALLISTER, 2002) e (SANTOS, 2006). .............................................................................. 42

Figura 2.11. (a) Micrografia ótica de um aço baixo carbono AISI/SAE 1010 com grãos ferríticos (fase clara) e perlita (fase escura); (b) Micrografia ótica do aço AISI 316L mostrando uma microestrutura consistindo de 100% austenita (BRAMFITT e BENSCOTER, 2002). ........................................................................................................................................ 43

Figura 2.12. Vista parcial do diagrama de fases Fe-Fe3C mostrando as transformações de fase de uma liga hipoeutetóide durante o resfriamento (adaptado de SANTOS, 2006). ................. 45

Figura 2.13. Representação esquemática de formação da perlita pelo crescimento das lamelas de cementita e ferrita (adaptado de SANTOS, 2006). .............................................................. 47

Figura 2.14. (a) Microscopia ótica do aço AISI/SAE 1010 mostrando grãos de ferrita (fase clara) e perlita (fase escura) (BRAMFITT e BENSCOTER, 2002); (b) Microscopia eletrônica de varredura do aço Fe1000B com 20%p de NbC mostrando a perlita indicada pela seta (SILVA, ALMEIDA, et al., 2011). .......................................................................................... 47

Figura 2.15. Faixa de temperatura indicada para a austenitização no recozimento. ................ 49

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Figura 2.16. Faixa de temperatura recomendada para a esferoidização de aços carbono (SILVA, 2010). ......................................................................................................................... 51

Figura 2.17. Notações nas linhas de transformação no aquecimento e resfriamento para o diagrama de fases Fe-C (ARAI, BAKER, et al., 1991)............................................................ 52

Figura 2.18. Comparação entre o ciclo tempo-temperatura para normalização e recozimento pleno. ........................................................................................................................................ 52

Figura 2.19.(a) Micrografia da bainita em um aço CrMo envelhecido, 5000x (TORRES, SANTOS e ALMEIDA, 2010). (b) Micrografia da bainita em um aço 0,3Mo (WAN, SUN e ZHANG, 2012). ........................................................................................................................ 54

Figura 2.20. Parte da tabela periódica apresentando alguns dos elementos que formam solução sólida com o aço (SMITH, 1981). ............................................................................................ 54

Figura 2.21. Distância de difusão do Nb na ferrita e na austenita baseado em coeficientes de difusão (DEARDO, 2002). ....................................................................................................... 55

Figura 2.22. Produtos de solubilidade de vários precipitados de Nb na austenita (DEARDO, 2002). ........................................................................................................................................ 56

Figura 2.23. Diagrama de solubilidade descrevendo o equilíbrio entre NbC e austenita (DEARDO, 2002). .................................................................................................................... 56

Figura 2.24. Diagrama de fases Nb-Fe-C com 1,5% em peso de nióbio (LYAKISHEV, TULIN e PLINER, 1984). ........................................................................................................ 57

Figura 2.25. (a) Micrografia de um aço baixo carbono após tratamento térmico e (b) uma ampliação desta microestrutura mostrando a precipitação de carbetos (SANTOFIMIA, ZHAO e SIETSMA, 2009). .................................................................................................................. 58

Figura 2.26. Diagrama tempo-temperatura do aço 15Kh2MFA com taxas de resfriamento diferentes (adaptado de TIMOFEEV, BRUMOVSKY e VON, 2010). ................................... 60

Figura 2.27. Micrografia do aço 15Kh2MFA apresentando uma microestrutura bainítica-martensítica (OKIPNYI, MARUSCHAK, et al., 2012). .......................................................... 61

Figura 3.1. Fluxograma do procedimento experimental........................................................... 62

Figura 3.2. Fresa de topo fazendo a remoção do cavaco a partir de uma barra metálica. ........ 64

Figura 3.3. Curva dilatométrica do aço 15Kh2MFA com NbC realizado com atmosfera de argônio com taxa de aquecimento de 10°C/min. ...................................................................... 66

Figura 3.4. Curvas da análise térmica diferencial para o aço 15Kh2MFA com adição de NbC com atmosfera de hélio e taxa de aquecimento de 10°C/min. .................................................. 67

Figura 3.5. Esquema da sinterização a vácuo (10-4 torr) dos aços puro e com carbeto de nióbio. ....................................................................................................................................... 68

Figura 4.1. Micrografia ótica da placa de aço 15Kh2MFA como recebido. ............................ 70

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Figura 4.2. Micrografia eletrônica de varredura aço 15Kh2MFA como recebido, atacado com Nital (2%). ................................................................................................................................ 70

Figura 4.3. Análise química linear (EDS) de uma inclusão da micrografia do aço 15Kh2MFA. .................................................................................................................................................. 71

Figura 4.4. Difratograma de raios x de uma amostra do aço 15Kh2MFA como recebido....... 72

Figura 4.5. Micrografia do pó inicial de carbeto de nióbio. ..................................................... 73

Figura 4.6. Ampliação da micrografia do pó inicial de carbeto de nióbio. .............................. 73

Figura 4.7. Análise química (EDS) efetuada sobre uma partícula de carbeto de nióbio com 99,78% de Nb e 0,22% Ta. ....................................................................................................... 74

Figura 4.8. Difratograma de raios x do carbeto de nióbio comercial como recebido. ............. 74

Figura 4.9. Micrografia do aço 15Kh2MFA após 0,5 horas de moagem. ................................ 75

Figura 4.10. Uma ampliação da micrografia do aço 15Kh2MFA mostrado na Figura 4.9. ..... 76

Figura 4.11. Micrografia do pó do aço 15Kh2MFA moído por 2,5 horas. .............................. 77

Figura 4.12. Micrografia ampliada da Figura 4.11 mostrando o processo de microsoldagem das partículas. ........................................................................................................................... 77

Figura 4.13. Micrografia do pó 15Kh2MFA moído por 5 horas. ............................................. 78

Figura 4.14. Uma ampliação da micrografia do aço 15Kh2MFA mostrado na Figura 4.13. ... 79

Figura 4.15. Difratogramas de raios x dos pós de aço 15Kh2MFA como recebido (a) e moídos por 0,5 (b), 2,5 (c) e 5 horas (d). ............................................................................................... 80

Figura 4.16. Micrografia das partículas do aço 15Kh2MFA com adição de NbC após 0,5 horas de moagem. ..................................................................................................................... 81

Figura 4.17. Micrografia ampliada da Figura 4.16 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC após 0,5 horas de moagem. ....................................................................................................... 81

Figura 4.18. Micrografia das partículas do aço 15Kh2MFA com adição de NbC moído por 2,5 horas. ........................................................................................................................................ 82

Figura 4.19. Micrografia ampliada da Figura 4.18 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC após 2,5 horas de moagem. ....................................................................................................... 83

Figura 4.20. Micrografia das partículas do aço 15Kh2MFA com adição de NbC moído por 5 hroas. ........................................................................................................................................ 84

Figura 4.21. Micrografia ampliada da Figura 4.20 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC após 5 horas de moagem. .......................................................................................................... 84

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Figura 4.22. Micrografia ampliada da Figura 4.21 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC após 5 horas de moagem. .......................................................................................................... 85

Figura 4.23. Distribuição granulométrica do pó de aço 15Kh2MFA com adição de NbC após 5 horas de moagem. .................................................................................................................. 86

Figura 4.24. Difratogramas de raios x dos pós do aço 15Kh2MFA puro como recebido (a), moído com adição de NbC por 30 minutos (b), moído com adição de NbC por 2,5 horas (c) e moído com adição de NbC por 5 horas (d). .............................................................................. 87

Figura 4.25. Ampliação nos difratogramas de raios x mostrando o alargamento dos picos dos pós do aço 15Kh2MFA puro como recebido (a), moído com adição de NbC por 30 minutos (b), moído com adição de NbC por 2,5 horas (c) e moído com adição de NbC por 5 horas (d). .................................................................................................................................................. 87

Figura 4.26. Micrografia da amostra do aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min. . 88

Figura 4.27. Uma ampliação da Figura 4.26 de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min. .......................................................................................................................... 89

Figura 4.28. Uma ampliação da Figura 4.26 de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min. .......................................................................................................................... 90

Figura 4.29. Análise química (EDS) do aço puro sinterizado a 1150°C/60min apresentado na Figura 4.27 na região onde não há uma fase intermetálica. ..................................................... 90

Figura 4.30. Microscopia eletrônica de varredura (BSE) e análise química (EDS) do aço puro sinterizado a 1150°C/60min apresentado na Figura 4.27 na região onde há a fase intermetálica. ............................................................................................................................ 91

Figura 4.31. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1250°C/60min. . 91

Figura 4.32. Uma ampliação da Figura 4.31 de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1250°C/60min. .......................................................................................................................... 92

Figura 4.33. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1150°C/60min. .......................................................................................................................... 93

Figura 4.34. Uma ampliação da Figura 4.33 de aço 15Kh2MFA sinterizado a 1150°C/60min. .................................................................................................................................................. 93

Figura 4.35. Análise química (EDS linear) do aço 15Kh2MFA sinterizado a 1150°C/60min. 95

Figura 4.36. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1250°C/60min. .......................................................................................................................... 96

Figura 4.37. Uma ampliação da Figura 4.36 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1250°C/60min. .................................................................................................... 97

Figura 4.38. Uma ampliação da Figura 4.36 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1250°C/60min. .................................................................................................... 97

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Figura 4.39. Análise química (EDS linear) do aço 15Kh2MFA sinterizado a 1250°C/60min. 99

Figura 4.40. Gráfico da retração do diâmetro em função da temperatura para os aços puro e com NbC após as sinterizações. O diâmetro inicial das amostras era de 0,51 cm. ................ 100

Figura 4.41. Gráfico da densidade das amostras sinterizadas em função da temperatura para os aços puro e com NbC após as sinterizações. A densidade do aço 15Kh2MFA recebido é de 7,81g/cm³. ............................................................................................................................... 101

Figura 4.42. Difratogramas de raios x do aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min (a) e sinterizado a 1250°C/60min (b). .................................................................................... 102

Figura 4.43. Difratogramas de raios x do aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1150°C/60min (a) e sinterizado a 1250°C/60min (b). ............................................................ 103

Figura 4.44. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar. ...................................................................... 105

Figura 4.45. Uma ampliação da micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA mostrado na Figura 4.44. ............................................................................................................................. 105

Figura 4.46. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1250°C/60 min e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar. ...................................................................... 106

Figura 4.47. Uma ampliação da Figura 4.46 mostrando a estrutura bainítica e a presença da fase intermetálica nos poros. .................................................................................................. 107

Figura 4.48. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1150°C/60min e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar. ........................................... 108

Figura 4.49. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1250°C/60 minutos e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar. ................................... 109

Figura 4.50. Uma ampliação da Figura 4.49 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1250°C/60min e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar. ...................... 110

Figura 4.51. (a) Análise química (EDS) no em cima de um carbeto e (b) análise química (EDS) em cima da estrutura perlítica. .................................................................................... 110

Figura 4.52. Difratogramas de raios x do aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min e normalizado a 950°C (a) e sinterizado a 1250°C/60min e normalizado a 950°C (b)............. 111

Figura 4.53. Difratogramas de raios x do aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1150°C/60min e normalizado a 950°C (a) e sinterizado a 1250°C/60min e normalizado a 950°C (b). ............................................................................................................................... 111

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1. Composição química de aços para vasos de pressão de reatores nuclear a água. . 22

Tabela 2.2. Solubilidade do carbono no nióbio (LYAKISHEV, TULIN e PLINER, 1984). ... 24

Tabela 3.1. Condições de moagem para os pós do aço puro e do aço com NbC. .................... 64

Tabela 4.1. Percentual da composição química dos elementos do aço 15Kh2MFA. ............... 69

Tabela 4.2. Caracterização por difração de raios x do aço 15Kh2MFA. ................................. 72

Tabela 4.3. Caracterização por difração de raios x do aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min (a) e sinterizado a 1250°C/60min (b). ............................................................ 102

Tabela 4.4. Caracterização por difração de raios x do aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a 1150°C/60min (a) e sinterizado a 1250°C/60min (b). ...................................... 104

Tabela 4.5. Microdureza das amostras moídas, sinterizadas e em seguida normalizadas do aço 15Kh2MFA puro e do aço 15Kh2MFA com adição de NbC. O valor de microdureza do aço 15Kh2MFA que foi recebido é de 212 HV ± 9,7. .................................................................. 112

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17

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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

Desde sua descoberta, os aços foram sujeitos a uma intensa investigação. Embora,

significativos avanços tenham sido conseguidos, uma completa e satisfatória compreensão dos

mecanismos envolvidos nas transformações estruturais ainda não foi obtida. Com o estudo de

novos materiais, é preciso entender como a microestrutura é formada, como também quais

serão as respostas desta microestrutura nas propriedades do material.

Os aços ferríticos de baixa liga do tipo Cr-Mo-V são aços extensivamente usados para

aplicações a altas temperaturas em indústrias químicas, de petróleo e termousinas. Estes aços

são usados na indústria para componentes como vasos de pressão, rotores de turbinas,

cilindros, anéis de vedação, flanges e cabeçotes (CHERUVU, 1989) e (DOBRZANSKI,

ZIELINSK e KRZTON, 2007).

Estudos mostram que os aços podem ter suas propriedades melhoradas com a adição de

partículas de óxidos ou carbetos dispersos na matriz metálica (LUCON, LEENAERS e

VANDERMEULEN, 2007); (CAYRON, RATH, et al., 2004) e (FURUKAVA, 2007). Dentre

estas propriedades podemos citar a resistência mecânica, onde o reforço com partículas

dispersas na matriz pode aumentar a temperatura de trabalho do aço, pois este reforço atua

como um mecanismo que impede o movimento das discordâncias que, por consequência,

observa-se uma melhora na resistência a fluência, evita a propagação de trincas e aumenta a

resistência à fadiga (CASTRO, LEGUEY, et al., 2003) e (CASTRO, LEGUEY, et al., 2007).

Segundo Klueh e colaboradores, temperaturas de trabalho de aproximadamente 700ºC são

alcançadas quando partículas de óxido dispersas na matriz metálica do aço são produzidas por

metalurgia do pó e tratamentos termomecânicos.

A metalurgia do pó (P/M – Powder Metallurgy) é uma rota que pode ser utilizada para

produção de componentes metálicos de ligas de aços reforçados com óxidos e carbetos para

obtenção de peças com melhores propriedades e controle dimensional (GOMES, 1995). A

metalurgia do pó é uma tecnologia economicamente viável para o processamento de peças

metálicas complexas com alta qualidade de acabamento e tolerância, quando comparadas com

as técnicas convencionais (GOTOH, MASUDA e HIGASHITANI, 1997). Nos compósitos de

matriz metálica (CMM), um dos componentes geralmente age como matriz na qual o reforço

se encontra disperso. Os reforços podem estar na forma de partículas, fios, fibras

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 18

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curtas ou fibras contínuas. A moagem alta energia (MAE) teve início em 1966 por uma

necessidade industrial para produção de super ligas a base de níquel e ferro (ODS – óxidos

dispersos) para aplicações na indústria aeroespacial (SURYANARAYANA, IVANIV e

BOLDYREV, 2001). Portanto, este tipo de moagem entra como uma alternativa para a

produção de pós a serem empregados nas etapas de compactação e sinterização (CAYRON,

RATH, et al., 2004). A adição de titânio ao processo de moagem do óxido de ítrio com o pó

metálico irá ajudar a dispersar melhor o óxido de ítrio na matriz metálica e diminuir a

segregação de oxigênio que prejudica a resistência à fratura do material (RAMAR,

OKSIUTA, et al., 2007).

De forma geral, este trabalho apresenta o desenvolvimento de um novo material

compósito de matriz metálica (CMC) através da metalurgia do pó. Carbeto de nióbio foram

adicionado através da moagem de alta energia aos pós do aço 15Kh2MFA seguido de

sinterização e tratamento térmico. Em função deste objetivo foram realizados os seguintes

estudos: (1) O efeito da moagem de alta energia na forma, tamanho e composição das

partículas bem como na estrutura cristalina na moagem do aço 15Kh2MFA puro e do aço

15Kh2MFA com adição de NbC; (2) A influência da técnica de preparação na estrutura

sinterizada dos pós do aço 15Kh2MFA puro e do aço 15Kh2MFA com adição de NbC; (3)

Analise do efeito do tratamento térmico de normalização do aço 15Kh2MFA puro e do aço

15Kh2MFA com adição de NbC.

Com o intuito de organizar o assunto em uma sequencia que permita manter o

entendimento entre os tópicos abordados, este trabalho está dividido em cinco capítulos. O

capítulo 1 ressalta o contexto, a importância, os objetivos e a organização deste trabalho; o

capítulo 2 faz uma revisão fundamental sobre o desenvolvimento do aço 15Kh2MFA, o

carbeto de nióbio, a preparação dos pós compósitos, sua consolidação através da sinterização

e as transformações metalúrgicas; o capítulo 3 descreve os procedimentos experimentais; o

capítulo 4 apresenta os resultados obtidos e sua discussão; o capítulo 5 lista as conclusões

deste trabalho. Também foi relacionado ao final deste trabalho, sugestões futuras e as

respectivas referências.

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CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Aços estruturais para aplicações em altas temperaturas

Os materiais metálicos estão presentes nas indústrias como elementos chave de peças e

equipamentos. Com o desenvolvimento de novas tecnologias para suprir novas demandas,

corrigir erros e melhorar a segurança e desempenho dos materiais em serviço. Assim, novos

materiais precisam ser pesquisados e desenvolvidos para em seguida serem aplicados na

indústria.

Os aços aplicados a temperaturas elevadas com o tempo podem ter sua microestrutura e

propriedades mecânicas alteradas, sofrer fluência e corrosão. Instalações nucleares atuais e

futuras como reatores de fissão e fusão termonuclear, fontes de espalhamento de nêutrons e

sistemas de aceleração possuem em comum partícula energéticas como prótons, nêutrons e

íons. Estas partículas geram um efeito danoso na microestrutura do material levando a

redução do desempenho das propriedades mecânicas dos materiais. Pesquisas que apontam os

danos provocados pela irradiação tiveram início com a instalação do primeiro reator de fissão

nuclear nos Estados Unidos. Portanto, a seleção de materiais estruturais deve levar em conta

as propriedades físicas, químicas, mecânicas e neutrônicas. Os materiais aplicados na

indústria nuclear devem apresentar um alto desempenho a temperaturas elevadas, uma boa

resistência à tensão sob temperatura, uma boa resistência aos danos da radiação, uma boa

compatibilidade com refrigerantes e outros materiais, uma longa vida útil, boa confiabilidade,

de fácil fabricação e com um comportamento ambientalmente seguro. Em particular, os

materiais estruturais devem possuir um baixo coeficiente de expansão linear, alta

condutividade térmica, uma alta resistência à tração e dureza elevada (BALUC, 2006).

O trabalho em cima da criação de reatores de energia nuclear para a primeira Usina

Nuclear (NPP – Nuclear Power Plant) começou na Russia em 1956. Um dos principais

problemas científicos e tecnológicos enfrentados era desenvolver um metal com alta

resistência e boa estabilidade térmica, tanto em serviço quanto nas juntas soldadas, bem como

resistente a fragilização pela radiação. Assim, as pesquisas sobre o desenvolvimento de aços

teve início entre 1956-1960. O aço da classe Cr-Mo-V foi desenvolvido para trabalhar em

Vasos de Pressão de Reatores (RPV – Reactor Pressure Vessels) e flanges. No passado, houve

a fabricação dos aços 15Cr2MoVA para o reator nuclear tipo 16WWER-440/V-230 para a

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 20

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primeira geração de reatores e o aço 22WWER-440/V-213 para a segunda geração de reatores

nucleares. Atualmente, outros tipos de reatores vêm sendo desenvolvidos (WWER-210,

WWER-365, etc.). A grande maioria destes reatores está em operação. A experiência de

fabricação e operação de mais de 50 reatores comerciais com o aço do tipo CrMoV tem

acumulado bastante conhecimento sobre este tipo de aço. Infelizmente, publicações técnicas

(documentos, artigos, congressos, etc.) sobre este assunto são raros (TIMOFEEV,

BRUMOVSKY e VON ESTORFF, 2010). A Figura 2.1 mostra as condições de operação em

que o aço 15Kh2MFA, pertencente a família de aços Cr-Mo-V, foi desenvolvido para

utilização em reatores térmicos.

Figura 2.1. Temperatura de trabalho em função da dose de irradiação recebida de diferentes

tipos de reatores (HORVÁTH, GILLEMOT, et al., 2009).

2.2 Desenvolvimento do aço 15Kh2MFA

A seleção de materiais para equipamentos de reatores nucleares é de extrema

importância, pois as propriedades podem mudar substancialmente com o tempo de operação.

Isto pode ser traduzido como o risco que um reator corre de causar um acidente nuclear.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21

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Propriedades mecânicas, físicas e químicas bem como a resistência térmica e a fragilização

causada por nêutrons são todas características importantes para manter um reator funcionando

de forma segura. Existem diferentes grupos de pesquisa no mundo tratando da seleção e

composição de aços para vasos de pressão de reatores.

No início do uso da energia nuclear, os materiais utilizados nos reatores nuclear não

era ideal por muitas razões (PETREQUIN, 1996). O aço SA-212B foi usado nos Estados

Unidos na década de 1950. Este aço de baixa liga tem até 0,35% de carbono, manganês e

silício. Na década de 1960 começou a ser usado o aço SA-302B nos vasos de pressão dos

reatores. Por característica, este aço tem um teor relativamente alto de enxofre e fósforo (ver

Tabela 2.1), e propriedades aceitáveis para aquele período de uso. Em seguida, os estudos

levaram ao desenvolvimento do aço SA-336 com inclusões de cromo, níquel e molibdênio e

com redução do teor de enxofre e fósforo (aços preparados por forjamento). Desde 1989 este

aço passou a chamar-se SA-508. Por outro lado o aço SA-302B passou a ter níquel sendo

chamado de aço liga do tipo SA-533(B). Na corrida para o desenvolvimento dos aços, a

Alemanha desenvolveu um aço do tipo 22NiMoCr37 o qual era temperado e revenido para

obter uma microestrutura bainítica. Microestrutura esta que possui propriedades mecânicas

melhores que a da microestrutura ferrita-perlita.

A corrida da Rússia para o desenvolvimento tecnológico de reatores nucleares data de

1956. Naquele tempo reatores foram projetados com dimensões de 3,5 a 4,5 metros de

diâmetro e alturas de 11 a 12 metros. É evidente que estruturas como estas precisavam ser

soldadas e assim houve a necessidade de desenvolver não apenas novos materiais, mas

também materiais que pudessem ser cortados, fundidos, forjados, tratados termicamente, etc.

(GORYNIN, 2004). Além destes pré-requisitos para a construção dos reatores nuclear, os

materiais tinham que ter boas propriedades mecânicas. Gorynin e colaboradores (1984)

começaram então em 1956 a 1960 a desenvolver o aço que seria chamado de Cr-Mo-V

(TIMOFEEV, BRUMOVSKY e VON ESTORFF, 2010). Este aço foi utilizado na região

central dos reatores que sofriam forte influencia de partículas de nêutrons. Para atingir

excelentes propriedades nos aços foram realizados estudos para ajustar a composição química,

microestrutura, tamanho e forma de grãos, distribuição e orientação de inclusões. As

principais características dos aços para os reatores nucleares são apresentados na Figura 2.2.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 22

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Tabela 2.1. Composição química de aços para vasos de pressão de reatores nuclear a água.

Tipo Período

de uso

Composição química

C Mn Cr Mo Ni P S Cu Outros

SA

-212

B

1950

≤0,31 0,85

-

1,20

- - - ≤0,035 ≤0,040 - 0,15

-

0,30Si

SA

-302

B

1960

≤0,25 1,15

-

1,50

≤0,35 0,45

-

0,60

- ≤0,035 ≤0,035 - -

SA

-336

1965

0,19

-

0,25

1,10

-

1,30

0,25

-

0,45

0,50

-

0,60

0,40

-

0,50

≤0,025 ≤0,025 - -

SA

-533

1989

≤0,27 1,15

-

1,55

- 0,45

-

0,60

0,40

-

0,70

≤0,035 ≤0,04 ≤0,01 -

SA

-508

1989

≤0,25 1,2

-

1,5

≤0,25 0,55

-

0,70

0,40

-

1,0

≤0,015 ≤0,015 0,10

-

0,15

-

Aços produzidos na Rússia

15C

r2M

oVA

1960

0,13

-

0,18

0,30

-

0,60

2,50

-

3,00

0,60

-

0,80

≤0,4 ≤0,02 ≤0,02 ≤0,03 0,10

-

0,12V

15C

r2N

iMoV

A

1975

0,12

-

0,20

0,40

-

0,90

1,6

-

2,7

0,40

-

0,75

1,0

-

1,5

≤0,025 ≤0,02 0,02 0,25

-

0,35V

15C

r2W

2VA

2000

0,13

-

0,18

0,30

-

0,60

2,5

-

3,5

≤0,025 ≤0,04 ≤0,006 ≤0,006 ≤0,06 1,2

-

1,6W

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 23

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Figura 2.2. Principais características dos aços para reatores nucleares.

Outros países começaram há estudar, vinte anos depois (em 1980), o aço de

composição Cr-Mo (sem o vanádio). Assim, o mesmo tipo de aço foi em reatores da Europa

com 1000MW. O aço 15Cr2MoVA desenvolvido pela Rússia naquela época possuía uma boa

resistência aos danos provocados pela irradiação por nêutrons (GORYNIN, KARZOV e

FILIMONOV, 2002). Este aço possuía uma desvantagem, o teor de Mo causa a ativação dos

isótopos e aumentava o seu tempo de vida. Isto é um problema para a reciclagem do reator

nuclear fazendo com que a radioatividade induzida reduza o nível de segurança durante muito

Composição da liga:

teor dos elementos

de liga

Condições da

microestrutura da

matriz

O tamanho de grão

Concentração da

distribuição dos

elementos químicos

Presença da austenita

para formar zona

ferritica-perlitica

O tamanho e doma

de inclusões

Controle dos

elementos pela

fundição e gases

Condições da fase,

forma e distribuição de

carbetos

Presença e

orientação de

segregados

Melhora da

composição

química

Melhora da

relação

microestrutura-

fase

Melhora do tamanho,

forma, distribuição

dos elementos,

inclusões e

segregados

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 24

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tempo (acima de 1000 anos). A solução para o problema foi desenvolver e colocar em

operação novos materiais de baixa ativação. Assim, os materiais estruturais candidatos para

compor as paredes ou partes de um reator, por exemplo, devem possuir em sua composição

base elementos químicos de baixa ativação (Fe, Cr, V, Ti, W, Si, C, Ta) (BALUC,

SCHÄUBLIN, et al., 2004). Estes aços de ativação reduzida são materiais de referência para

aplicações em componentes estruturais e de revestimento em reatores de usinas nucleares de

fusão da quarta geração (BALUC, GELLES, et al., 2007); (CARLAN, HENRY, et al., 2007);

(JITSUKAWA, KIMURA, et al., 2004) e (KLUEH, GELLES, et al., 2002). O molibdênio

tem sido substituído pelo tungstênio nos aços mais modernos com teores. As composições

químicas destes aços estão apresentadas na Tabela 2.1. Apesar da tendência de troca do

elemento químico Mo pelo W, o aço Cr-Mo-V tem sido utilizado em reatores nuclear devido

a sua boa estabilidade térmica e resistência à fragilização pela irradiação de nêutrons

(TIMOFEEV, BRUMOVSKY e VON ESTORFF, 2010).

2.3 Características do carbeto de nióbio

Os carbetos de metais de transição dos grupos IV e V são caracterizados pela extrema

dureza, alto ponto de fusão, inércia química e grande número de vacâncias, estabilidade

térmica e resistentes ao envenenamento por gases poluentes com H2S. Por estas características

o carbeto de nióbio, em particular, tem sido extensivamente estudado como reforço para aços

estruturais, aços rápidos, aços ferramenta, entre outros (GORDO, VELASCO, et al., 2000),

(SUSTARSIC, JENKO, et al., 2003) e (COURTOIS, EPICIER e SCOTT, 2006).

Dois compostos do sistema nióbio-carbono são conhecidos: Nb2C formado por uma

reação peritética e o NbC o qual tem um ponto de fusão congruente. Dados da máxima

solubilidade do carbono no nióbio são apresentados na Tabela 2.2.

Tabela 2.2. Solubilidade do carbono no nióbio (LYAKISHEV, TULIN e PLINER, 1984).

Temperatura (°C) 1200 1500 1700 1900

% Atômico de C 0,08 0,2 0,4 1,8

A solubilidade do carbono no nióbio cai rapidamente quando a temperatura é reduzida

e pode atingir 0,02% de carbono na temperatura ambiente.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 25

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De acordo com o diagrama de fases apresentado na Figura 2.3, o ponto de fusão do

Nb2C é de 3080°C enquanto que o NbC é de 3608°C. O ponto de fusão do carbeto de nióbio

(NbC) é consideravelmente maior do que o nióbio metálico e consequentemente o carbeto

cristaliza principalmente dentro de grãos.

Figura 2.3. Diagrama de fase do sistema Nb-C (LYAKISHEV, TULIN e PLINER, 1984).

O carbeto de nióbio com estequiometria NbC1.0 foi preparado pela primeira vez

através da reação de K2O3Nb2O5 com o carbono. Em 1958 foi preparado misturas de fases de

carbeto de nióbio a partir de Nb2O5 e carbono a 1200°C, e em temperatura superior a 1450°C

se produziu o NbCxOy. O carbeto de nióbio pode ser sintetizado por uma variedade de

métodos, incluindo a união direta de elementos em alta temperatura, ou por reação auto

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 26

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propagada em alta temperatura, carbonetação de óxidos por carbono ou mistura de hidrogênio

e metano, carbonetação de pentahaletos de nióbio (FURUKAVA, 2007).

Em escala industrial, o carbeto de nióbio é produzido aquecendo a mistura do metal

com carvão ou uma mistura do óxido do metal com o carvão. Nos dois casos, reações de

carburização acontecem pela difusão em estado sólido. Este processo requer altas

temperaturas para diminuir o tempo de reação. O NbC também é produzido pela mistura de

Nb2O5 com carvão (ECKERT, 1994). Neste caso, a temperatura de reação varia entre 1600 e

1800°C. É nesta temperatura que ocorre redução do óxido e a formação do NbC

(MEDEIROS, DA SILVA e DE SOUZA, 2002).

As sínteses para a produção do NbC tem sido estudados no sentido de diminuir o

tempo e a temperatura da reação objetivando economia nos custos energéticos.

A carbonetação do B-óxido de nióbio (B-Nb2O5) para a formação do NbC com 20%

CH4/H2, foi estudada em reações a temperaturas acima de 1096°C (DA SILVA, SCHMAL e

OYAMA, 1996). Outra rota foi a produção de NbC pela reação de Nb2O5 em fluxo com

mistura de CH4/H2, apresentando um longo tempo de reação, dependendo da temperatura

(KIM, BUGLI e MARIADASSOU, 1999).

Atualmente, duas técnicas tem sido desenvolvidos para a sintetização de NbC a baixas

temperaturas, a primeira, foi conseguido obter o NbC a 950°C e em curto espaço de tempo (2

horas) (MEDEIROS, 2002).A segunda técnica consiste da preparação de NbC nanocristalino

via reação de pós de magnésio com pentóxido de nióbio e carbeto de magnésio em uma

autoclave a 550°C (MA, WU, et al., 2009).

O desenvolvimento de aços com reações “insitu” para a formação de carbetos que

precipitam dentro do aço tem sido bastante estudado (PERRARD, DESCHAMPS e

MAUGIS, 2007) e (BÉMONT, CADEL, et al., 2004). Nos aços, o nióbio assim como o

vanádio, cromo e outros elementos formam carbetos finos nos contornos de grão e

adicionando o molibdênio e o tungstênio em solução sólida irá contribuir para o aumento da

resistência mecânica (CARLAN, HENRY, et al., 2007). Existe também, de forma comercial,

pós compósitos metálicos de aços com baixo teor de carbono reforçados com carbetos como

WC, TiC, SiC, NbC, TaC (PANCHAS e VELA, 1990).

Discutiremos, mais adiante, o comportamento do carbeto de nióbio no aço durante o seu

aquecimento e resfriamento.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 27

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

2.4 Materiais compósitos

Muitas aplicações tecnológicas necessitam de propriedades específicas dos materiais

que diferem daquelas encontradas em metais e ligas metálicas convencionais, materiais

cerâmicos e poliméricos. Assim, os materiais compósitos preenchem a necessidade de

combinar propriedades especificas de dois ou mais materiais criando um terceiro material

com propriedades distintas daqueles que o compõe. De maneira geral, materiais compósitos

são definidos como sendo um material multifásico que exiba uma proporção significativa das

propriedades de ambas as fases, assim esta combinação leva a obter um material com

propriedades superior de seus constituintes iniciais. De acordo com o princípio da ação

combinada, melhores propriedades são criadas através de uma combinação de dois ou mais

materiais distintos (CALLISTER, 2002). A partir deste princípio, os materiais compósitos têm

suas propriedades melhoradas através da mistura de materiais por diferentes processos de

fabricação. Um exemplo elementar de um compósito é a mistura de barro com palha, utilizado

largamente como material para a construção de casas de taipa.

Ao elaborar um projeto para o desenvolvimento de um material compósito,

geralmente, buscam-se combinar de maneira engenhosa os três tipos de materiais existentes,

sendo eles os metais, as cerâmicas e os polímeros, para obter novos materiais com

características e propriedades que se deseja. Tais materiais compósitos são compostos por

basicamente duas fases onde uma delas é chamada de matriz, que deve ser contínua e envolve

uma segunda fase que é chamada de fase dispersa. As propriedades dos compósitos estão em

função das propriedades das fases de seus constituintes, das suas quantidades relativas, da

geometria, da forma e sua dispersão ou homogeneização. Entende-se como geometria da fase

dispersa a forma da partícula, seu tamanho, sua distribuição e como estas partículas estão

orientadas na matriz (SILVA JR, 2008). Estes materiais inovadores abrem possibilidades

ilimitadas para o desenvolvimento de novos materiais avançados com diferentes aplicações.

Basicamente, os materiais compósitos podem ser classificados de três formas, sendo

elas: o compósito de matriz polimérica (CMP), por exemplo, quando colocamos a fibra de

vidro embebida em uma resina termoplástica de polietileno; o compósito de matriz cerâmica

(CMC) onde fibras de carbono podem reforçar uma matriz de carbeto de silício (SiC); e o

compósito de matriz metálica (CMM) onde temos o exemplo do metal duro que é constituído

de uma matriz de cobalto sendo reforçada por partículas de carbeto de tungstênio (WC). Neste

trabalho, será dado um enfoque maior aos materiais compósitos com matriz metálica

reforçados por uma fase dispersa devido ser o assunto desta tese.

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2.4.1 Materiais compósitos de matriz metálica (CMM)

Os compósitos com a matriz metálica evoluíram significativamente a partir dos anos

20. Este compósito foi primeiramente utilizado na indústria aeroespacial. Mais recentemente,

diversas áreas da indústria têm estudado cada vez mais este tipo de material como, por

exemplo, a automotiva, a eletrônica, a nuclear, etc. Os CMMs atraem muitos pesquisadores e

engenheiros como uma boa alternativa para os tradicionais materiais base cerâmicos e

metálicos.

Geralmente, o objetivo é criar um material que em sua constituição possua a dureza

elevada das cerâmicas combinado com um metal que possui uma elevada tenacidade quando

comparado a cerâmicas. Assim, forma-se uma família de materiais chamados de materiais

metalo-cerâmicos. Como exemplos clássicos destes materiais existem a nucleação e a

precipitação de carbetos no aço para obtenção de uma boa resistência mecânica aliada a alta

tenacidade, ou a fabricação de metais duros contendo uma elevada quantidade de carbetos

e/ou nitretos, nos quais, quando processados pela metalurgia do pó, formam um esqueleto

cerâmico contínuo (BREVAL, 1995).

Em princípio, os aços forjados e a maioria dos aços convencionais podem ser tratados

como compósitos de matriz metálica desde que esta matriz forjada possua uma fase dispersa.

Esta fase dispersa pode ser constituída por um óxido, sulfeto, nitreto, carbeto, etc. Até mesmo

se pegarmos uma definição microestrutural muitas ligas metálicas deveriam ser incluídas

como CMM. Embora a definição de um material compósito seja muito abrangente, há uma

forte tendência a achar que a direção de solidificação de uma microestrutura eutética está

dentro das possíveis definições de um CMM (RALPH, YUEN e LEE, 1997).

Diferentes objetivos são encontrados quando um metal é reforçado. O reforço de

metais leves, por exemplo, abre a possibilidade de aplicações destes materiais em áreas onde a

redução de peso é prioridade. Os principais objetivos ao se reforçar um aço (não estando

limitado apenas a estes), são:

• Aumento do módulo de elasticidade e resistência a tração em temperatura ambiente e

acima desta mantendo-se o mínimo de ductilidade ou maior tenacidade;

• Aumento na resistência a fluência em temperaturas elevadas comparado com as ligas

convencionais;

• Aumento da resistência à fadiga, especialmente, em altas temperaturas;

• Melhoria da resistência ao choque-térmico e;

• Aumento da resistência à corrosão.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 29

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Portanto, os materiais compósitos são versáteis em suas aplicações justamente por aliar as

propriedades distintas de cada material que o compõe.

2.5 Moagem, mistura e homogeneização de pós

Para obtenção de pós-compósitos, um dos mais utilizados é o moinho. Com este

equipamento é possível misturar, moer e homogeneizar um sistema. A etapa de mistura e

homogeneização tem por objetivo dar ao pó as condições necessárias para o posterior

processamento como a etapa de compactação e produzir pós com constituintes dispersos

(SILVA, 1996).

Na mistura além de dispersar pós de diferentes composições químicas, este processo

também é utilizado para adicionar substâncias como lubrificantes, dispersantes,

emulsificantes, ou ainda, efetuar uma combinação destas substâncias ao pó que se está

produzindo (CHIAVERINI, 1992) e (GOMES, 1995).

O processo de homogeneização é uma etapa onde se pretende misturar pós para

resultar numa composição nominal parcial ou completamente idêntica em todas as partes do

pó. Nesta, procura-se assegurar ao pó uma boa uniformidade, como também prepara o pó para

a etapa de conformação (COSTA, 2004).

2.5.1 Síntese mecânica através da moagem de alta energia (MAE)

O termo moagem de alta energia (high-energy milling), também conhecido como

“mechanical alloying” quando aplicado a ligas metálicas, trata-se de um tipo de moagem

onde é possível produzir materiais ultrafinos através da deformação plástica encruando o

material pelo movimento das discordâncias, aumentando a dureza do material e cominuindo

às partículas. Neste processo ocorre também a fratura das partículas levando a cominuição de

partículas grosseiras (MEYERS, MISHRA e BENSON, 2005). Esta técnica de processamento

de pós em estado sólido envolve repetidos ciclos de deformação, soldagem a frio,

fragmentação e re-soldagem a frio das partículas até que o pó alcance uma condição de

equilíbrio em relação ao tamanho, forma e homogeneidade das partículas. Como resultado da

moagem, tem-se a redução do tamanho de partícula, mistura, variação da forma, composição

da partícula e alteração na microestrutura cristalina (SURYANARAYANA, 1998) e

(SURYANARAYANA, 2001).

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A síntese mecânica é um processo complexo e, portanto, envolve a atenção de um

grande número de variáveis para obter uma fase, dispersão e/ou microestrutura desejada no

produto final. Alguns dos parâmetros mais importantes que têm efeito direto na constituição

do produto final são: tipo de moinho, recipiente de moagem, velocidade de processamento,

tempo de processamento, tipo e dimensões dos meios de moagem como também sua

distribuição, razão entre a massa de bolas e a massa de pó, quantidade de material a ser

moídos, agentes de controle do processo, atmosfera e temperatura de processamento. Tais

variáveis são, muitas vezes, independentes umas das outras durante o processo. Por exemplo,

o tempo de moagem depende do tipo de moinho utilizado, tamanho do meio de moagem,

temperatura e razão entre massas das esferas e do pó a ser moído.

Existem vários tipos de moinhos, basicamente eles podem ser divididos em moinhos

convencionais de baixa energia como o acrobata (ou de copo); e os moinhos de alta energia

como os moinhos shaker SPEX, Attritor (ou Attrition) e o moinho do tipo planetário. Em

certas situações, um moinho convencional do tipo acrobata pode se tornar de alta energia. Isto

acontece quando seu diâmetro é grande o suficiente para gerar tal energia.

2.5.2 Moinho planetário

Dos diferentes tipos de moinhos de alta energia, o moinho de bolas do tipo planetário é

um dos mais utilizados, sendo o modelo “Fritsch Pulverisette 5 ou 7” um dos modeloss mais

comercializados. A autonomia deste equipamento pode chegar a processar aproximadamente

100g de material. Neste tipo de moinho, os recipientes de moagem e o disco do suporte giram

em sentidos opostos e a força centrípeta atua alternadamente no mesmo sentido e em sentido

oposto, produzindo assim um efeito de fricção e de impacto das bolas contra o material que

está sendo moído e as paredes do recipiente (SILVA JR, 2008). Estes moinhos podem ter

duas (Pulverisette 5 ou 7) ou quatro (Pulverisette 5) estações de moagem e, recentemente, foi

desenvolvido um moinho com apenas uma estação (Pulverisette 6). O recipiente e os meios de

moagem estão disponíveis em diferentes tipos de materiais, os mais conhecidos são a base de

ágata, nitreto de silício, corundum sinterizado, carbeto de tungstênio, zircônia, aço Cr-Ni, aço

cromo e polímero poliamida (SURYANARAYANA, 2001). Na Figura 2.4 é apresentado um

moinho do tipo planetário modelo Fristch Pulverisette 7 e um esquema mostrando o trajeto

dos meios de moagem bem como as forças que atuam no movimento do moinho.

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Figura 2.4. (a) Equipamento e (b) esquema de um moinho planetário.

2.5.3 Mecanismos de deformação através da MAE

Quando um pó é submetido à moagem, os processos de deformação, soldagem e re-

soldagem a frio e fratura, devido às colisões entre as bolas, o pó e as paredes do cadinho, leva

a dispersão dos componentes, a homogeneização, as fases e a microestrutura final do pó. A

natureza desses processos depende do comportamento mecânico dos constituintes do pó, da

sua fase de equilíbrio (inclusive se há alteração de fases) e do estado de tensão durante a

moagem (SILVA JR, 2008). Assim, a MAE pode ser subdividida em três categorias distintas

de componentes de pós metálicos ou ligas:

a) Dúctil-dúctil

b) Dúctil-frágil

c) Frágil-frágil

Mecanismo dúctil-dúctil

Benjamim e Volin em 1974 fizeram uma descrição fenomenológica da moagem de

alta energia de componentes dúcteis sendo os conceitos por eles expostos aceito até os dias de

hoje (SURYANARAYANA, 2001). No início da moagem do sistema dúctil-dúctil, os

componentes tornam-se achatadas na forma de chapas. A estas partículas há uma geração de

micro-forjamentos, os quais são causados pelo processo de deformação. Num segundo estágio

essas partículas em forma de chapas são soldadas a frio, formando uma estrutura lamelar

composta pelos metais constituintes. O processo de soldagem a frio que ocorre entre as

(a) (b)

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 32

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partículas produz o aumento do tamanho de partículas. Num terceiro estágio, quando o tempo

de moagem aumenta, a dureza e, por conseqüência, a fragilidade das partículas compósitas do

pó aumentam pela elevação de seu nível de encruamento através do movimento das

discordâncias. Este fenômeno de encruamento das partículas auxilia no processo de

fragmentação das mesmas, as quais se tomam dimensões cada vez mais arredondadas com

forma equiaxial com o tempo de moagem. No estágio final o ligamento começa a ocorrer

devido à ação combinada da distância de difusão (distância interlamelar), aumento de

densidade de defeitos na rede cristalina e algum aquecimento pontual produzido pela

moagem.

Com o aumento do tempo de moagem, é produzido um ligamento de nível atômico

entre as partículas que estão em contato íntimo, resultando na formação de solução sólida,

compostos intermetálicos ou fases amorfas. Neste estágio, o espaçamento das camadas torna-

se bastante finos podendo chegar ao desaparecimento. Na Figura 2.5 é mostrado

esquematicamente colisões que ocorrem na moagem entre uma bola, o pó e outra bola

(podendo ser analogamente comparado com a parede do recipiente de moagem) e a forma que

a microestrutura deverá ter com o tempo de moagem.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO

Figura 2.5. Esquema mostrando as diferentes formas de impacto,

fragmentação, adaptado de

Mecanismo dúctil

No mecanismo dúctil

fragmentação dos constituintes frágeis ou partículas intermetálicas pelas contínuas colisões

entre as bolas, o pó e as paredes do recipiente de moagem. As partículas frágeis fragmentadas

são incorporadas às partículas dúcteis. Pode

partículas compósitas. Com o avanço da moagem e o processo de soldagem a frio

partículas dúcteis, essas partículas tornam

refinadas.

O tempo de moagem conduz a um adicional refino das lamelas. Há então uma

diminuição da distância interlamelar bem como uma dispersão uniforme das partícula

na matriz dúctil, caso essas sejam insolúveis; ou ocorre ligamento entre os componentes frágil

e dúctil e a homogeneização química pode ser alcançada, caso a fase frágil seja solúvel no

sistema. Desta forma, o ligamento de componentes dúctil

energia requer não somente a fragmentação de partículas frágeis para facilitar a difusão

atômica, mas também de uma razoável solubilidade nos componentes da matriz dúctil

(SURYANARAYANA, 2001)

Impactos diretos

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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Esquema mostrando as diferentes formas de impacto,

adaptado de (ZHANG, 2004) e (SURYANARAYANA, 2001)

Mecanismo dúctil-frágil

No mecanismo dúctil-frágil ocorre o achatamento das partículas dúcteis e a

fragmentação dos constituintes frágeis ou partículas intermetálicas pelas contínuas colisões

as bolas, o pó e as paredes do recipiente de moagem. As partículas frágeis fragmentadas

são incorporadas às partículas dúcteis. Pode-se então com este tipo de mecanismo produzir

partículas compósitas. Com o avanço da moagem e o processo de soldagem a frio

partículas dúcteis, essas partículas tornam-se encruadas formando lamelas enroladas e

O tempo de moagem conduz a um adicional refino das lamelas. Há então uma

diminuição da distância interlamelar bem como uma dispersão uniforme das partícula

na matriz dúctil, caso essas sejam insolúveis; ou ocorre ligamento entre os componentes frágil

e dúctil e a homogeneização química pode ser alcançada, caso a fase frágil seja solúvel no

sistema. Desta forma, o ligamento de componentes dúctil-frágil durante a moagem de alta

energia requer não somente a fragmentação de partículas frágeis para facilitar a difusão

atômica, mas também de uma razoável solubilidade nos componentes da matriz dúctil

(SURYANARAYANA, 2001). As tradicionais ligas reforçadas por dispersão de óxido (ODS)

Deformação

Impactos diretos Impactos cisalhantes

Múltiplos impactos

Fragmentação

33

Esquema mostrando as diferentes formas de impacto, a deformação e a

(SURYANARAYANA, 2001).

frágil ocorre o achatamento das partículas dúcteis e a

fragmentação dos constituintes frágeis ou partículas intermetálicas pelas contínuas colisões

as bolas, o pó e as paredes do recipiente de moagem. As partículas frágeis fragmentadas

se então com este tipo de mecanismo produzir

partículas compósitas. Com o avanço da moagem e o processo de soldagem a frio das

se encruadas formando lamelas enroladas e

O tempo de moagem conduz a um adicional refino das lamelas. Há então uma

diminuição da distância interlamelar bem como uma dispersão uniforme das partículas frágeis

na matriz dúctil, caso essas sejam insolúveis; ou ocorre ligamento entre os componentes frágil

e dúctil e a homogeneização química pode ser alcançada, caso a fase frágil seja solúvel no

il durante a moagem de alta

energia requer não somente a fragmentação de partículas frágeis para facilitar a difusão

atômica, mas também de uma razoável solubilidade nos componentes da matriz dúctil

adicionais ligas reforçadas por dispersão de óxido (ODS)

Múltiplos impactos

Fragmentação

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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e de carbetos (CDS) são exemplos de não formação de liga. Portanto, eles fazem parte do tipo

de sistema sem solubilidade

apresentado um esquema de como a microestrutura se comporta com o tempo de moagem

para o sistema dúctil-frágil.

Figura 2.6. Esquema da evolução microestrutural durante a moagem do sistema dúctil

uma microestrutura de uma partícula compósita de Al

frágil é o níquel e a matriz o alu

(SURYANARAYANA, 2001)

Mecanismo frágil

A união entre componentes a serem moídos requer a presença de menos de 15% de

material dúctil, onde esta união ocorre devido às repetidas fraturas e soldagens a frio das

partículas do pó, não havendo soldagem a frio sem a existência de partículas dúcteis.

sugere que é improvável a obtenção de uma liga em sistema consistindo de dois ou mais

componentes frágeis. Porém, durante o processo de moagem de um sistema frágil

componente mais mole (menos frágil) terá o comportamento de forma dúctil embe

componentes mais duros (mais frágeis) que são fragmentados. Um exemplo desse tipo de

sistema é o Si-Ge, onde partículas duras de Si são introduzidas na fase menos frágil de Ge

(COSTA, 2004). Além disso, nesses sistemas

requerimento crítico para ocorrer difusão, diferentemente dos outros sistemas dúctil

dúctil-frágil, onde a moagem de alta energia

(temperatura do nitrogênio líqu

difusional entre os grânulos frágil

dos componentes dúctil-dúctil, e/ou aumento do caminho de difusão promovido pelas várias

deformações em sistema dúctil

apresentada à distribuição do tamanho de partícula em função

sistema Ta-Ni.

Tempo de processamento

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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são exemplos de não formação de liga. Portanto, eles fazem parte do tipo

de sistema sem solubilidade (COSTA, 2004) e (WANG, QI, et al., 2001)

apresentado um esquema de como a microestrutura se comporta com o tempo de moagem

frágil.

Esquema da evolução microestrutural durante a moagem do sistema dúctil

uma microestrutura de uma partícula compósita de Al-25%Ni produzido por MAE onde a fase

níquel e a matriz o alumínio, adaptado de

(SURYANARAYANA, 2001).

Mecanismo frágil-frágil

A união entre componentes a serem moídos requer a presença de menos de 15% de

material dúctil, onde esta união ocorre devido às repetidas fraturas e soldagens a frio das

partículas do pó, não havendo soldagem a frio sem a existência de partículas dúcteis.

sugere que é improvável a obtenção de uma liga em sistema consistindo de dois ou mais

componentes frágeis. Porém, durante o processo de moagem de um sistema frágil

componente mais mole (menos frágil) terá o comportamento de forma dúctil embe

componentes mais duros (mais frágeis) que são fragmentados. Um exemplo desse tipo de

Ge, onde partículas duras de Si são introduzidas na fase menos frágil de Ge

Além disso, nesses sistemas frágil-frágil a ativação térmica é um

requerimento crítico para ocorrer difusão, diferentemente dos outros sistemas dúctil

moagem de alta energia tem alcançado ligamento em baixas temperaturas

(temperatura do nitrogênio líquido). Essa diferença pode ser reflexo da maior distância

difusional entre os grânulos frágil-frágil que são formados, ao contrário da geometria lamelar

dúctil, e/ou aumento do caminho de difusão promovido pelas várias

sistema dúctil-dúctil (SURYANARAYANA, 2001)

apresentada à distribuição do tamanho de partícula em função do tempo de moagem do

de processamento

34

são exemplos de não formação de liga. Portanto, eles fazem parte do tipo

, 2001). Na Figura 2.6 é

apresentado um esquema de como a microestrutura se comporta com o tempo de moagem

Esquema da evolução microestrutural durante a moagem do sistema dúctil-frágil e

25%Ni produzido por MAE onde a fase

adaptado de (ZHANG, 2004) e

A união entre componentes a serem moídos requer a presença de menos de 15% de

material dúctil, onde esta união ocorre devido às repetidas fraturas e soldagens a frio das

partículas do pó, não havendo soldagem a frio sem a existência de partículas dúcteis. Isto

sugere que é improvável a obtenção de uma liga em sistema consistindo de dois ou mais

componentes frágeis. Porém, durante o processo de moagem de um sistema frágil-frágil, o

componente mais mole (menos frágil) terá o comportamento de forma dúctil embebendo os

componentes mais duros (mais frágeis) que são fragmentados. Um exemplo desse tipo de

Ge, onde partículas duras de Si são introduzidas na fase menos frágil de Ge

frágil a ativação térmica é um

requerimento crítico para ocorrer difusão, diferentemente dos outros sistemas dúctil-dúctil e

tem alcançado ligamento em baixas temperaturas

ido). Essa diferença pode ser reflexo da maior distância

frágil que são formados, ao contrário da geometria lamelar

dúctil, e/ou aumento do caminho de difusão promovido pelas várias

(SURYANARAYANA, 2001). Na Figura 2.7 é

do tempo de moagem do

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 35

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Figura 2.7. Relação da distribuição do tamanho de partícula com o tempo de moagem

(SURYANARAYANA, 2001).

2.6 Conformação por prensagem a frio

Uma das etapas fundamentais durante o processamento do material através da

metalurgia do pó é a de dar forma ao pó. É nesta etapa onde é buscado estabelecer alguns

objetivos, tais como:

� Dar ao pó na forma desejada;

� Atingir o nível de porosidade desejada;

� Dar a resistência mecânica adequada ao manuseio do pó compacto.

Como técnicas de compactação, as mais empregadas são prensagem em matriz de aço

(uni-, bi- ou tri-axial), prensagem isostática, forjamento, extrusão, laminação e moldagem por

injeção. Para matrizes com cavidades cilíndricas as quais aplicam forças uniaxiais, a

distribuição da densidade a verde é também muito dependente da razão entre a altura e o

diâmetro (L/D) do compacto. Quando L/D é diminuída, logo a densidade é minimizada.

Experimentalmente, tem-se determinado que valores de L/D ≤ 1,5 resultam em boa

distribuição para a densidade dos compactos, ou seja, pouca variação na densidade para

qualquer posição considerada da amostra. A zona neutra é uma região do compacto verde

onde as partículas sofreram menos a ação das forças de compactação. Dependendo da

geometria da peça, a localização da zona neutra torna-se inviável a produção de uma peça por

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sinterização, pois, não se consegue, em torno dessa zona, um grau de compactação compatível

com outras regiões da peça (GOMES, 1995).

Na compactação, a densificação ocorre pelo simples movimento das partículas, umas

de encontro com outras, em diferentes etapas. As etapas da compactação compreendem o

rearranjo e o escorregamento das partículas, ainda em baixas pressões; seguindo de

deformações elásticas locais e fraturas das partículas nos pontos de contato, novamente

rearranjo e escorregamento das partículas à medida que a pressão é aumentada. É então desta

forma que acontece o empacotamento das partículas. Devido à resistência do material a

deformação imposta pela pressão, há um aumento na tensão interna das partículas. Esta tensão

é causada pela deformação elástica, ou seja, que ocorre de forma reversível, onde se retirar a

tensão aplicada às partículas voltam a sua forma original (ABDOLI, FARNOUSH, et al.,

2008). Assim, há dois mecanismos de deformação na compactação: em sistemas dúcteis, após

atingir o limite de resistência, as partículas começam a deformar de forma plástica. Ou seja,

enquanto a deformação elástica é um processo reversível, a deformação plástica resulta em

uma mudança permanente na forma da partícula. Já em sistemas frágeis, as partículas

fragmentam em unidades menores com a aplicação da tensão após atingir a resistência a

fratura do material (HEWITT, WALLACE e MALHERBE, 1974). Desta forma na ejeção do

compacto da matriz podem ocorrer à formação de trincas devido às tensões residuais elásticas

que são relaxadas e as dimensões do compacto podem aumentar em torno de 0,5%, sendo

este, portanto, um momento crítico.

Existem então muitos parâmetros que devem ser levados em consideração para avaliar

o comportamento da compressibilidade dos materiais, tais como as características intrínsecas

do material (HENTSCHEL e PAGE, 2007), deformabilidade (KIM, CHO e KIM, 2000),

morfologia das partículas (POQUILLON, LEMAITRE, et al., 2002), atrito entre as partículas

e entre as partículas e a matriz (THOMPSON, 1981), porosidade interna, distribuição do

tamanho das partículas (SKRINJAR e LARSSON, 2004), distribuição da fase dispersa que

reforça as partículas (no caso de materiais compósitos) (TURNER e ASHBY, 1996), pressão

aplicada para a consolidação, etc.

2.6.1 Tratamentos aplicados ao pó para compactação

A maioria dos pós recebe pelo menos um tratamento para poder seguir com a etapa de

compactação. Estes tratamentos são realizados de forma a obter uma boa conformação do pó.

Podemos destacar dois dos principais tratamentos, mas não exclusivos:

- Recozimento do pó para melhorar as propriedades de compactação;

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 37

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- Adição de lubrificantes ao pó e/ou na matriz de compactação;

O recozimento do pó é uma etapa onde as tensões internas existentes no pó metálico

são relaxadas. Assim o pó torna-se mais dúctil facilitando a conformação mecânica. No tópico

2.8.3 será abordado este tratamento térmico de forma mais detalhada. A qualidade destes

tratamentos pode afetar significativamente as propriedades finais dos corpos sinterizados.

Para obter uma melhor qualidade nos dispositivos manufaturados, estes tratamentos têm

recebido recentemente muita atenção.

O uso de lubrificantes também corrobora para uma boa compactação. As tensões

impostas no momento da compactação fazem com que o pó trave as paredes da matriz. Desta

forma, os lubrificantes (normalmente na forma de pó ou adicionados ao pó metálico ou apenas

pulverizado na superfície do pistão e da camisa da matriz) reduzem o atrito do pó metálico

com a matriz metálica, facilitando inclusive a extração da amostra.

2.7 Sinterização

A sinterização, como um processo de solidificação e densificação de pós, é largamente

utilizado na indústria moderna através da metalurgia do pó e para fabricação de cerâmicas

técnicas de alta qualidade bem como materiais compósitos como insertos para ferramenta de

corte, por exemplo. Por definição, a sinterização é um processo termodinâmico de não

equilíbrio e irreversível, com excesso de energia livre, onde um sistema de partículas

(agregado de pó ou compactado) adquire uma estrutura sólida coerente, através da redução da

área superficial específica, resultando na formação de contornos de grãos e crescimento de

pescoços de união interparticular, levando normalmente o sistema a densificação e contração

volumétrica (GOMES, 1995).

No processamento do material através da metalurgia do pó, a sinterização é uma das

etapas mais importantes. É nesta etapa onde a massa de partículas já conformadas ganha

resistência mecânica e adquire quase todas as suas propriedades finais sendo, portanto,

considerada como o processo responsável pela densificação (eliminação da porosidade) do

agregado de pó em contato físico (SILVA JR, 2008).

A sinterização de aços compósitos com matrizes metálicas pode ser dividida dentro de

duas categorias: a) sinterização em fase sólida (incluindo a metalurgia do pó) e b) sinterização

em fase líquida (KOCJAK, KAHTRI, et al., 1993). Esta é uma etapa complexa na rota da

tecnologia do pó e é influenciada por diversos parâmetros (tais como: solubilidade,

autodifusividades e as interdifusividades, a solubilidade mútua e a molhabilidade, etc.) que

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atuam simultaneamente no processo e os sistemas são tão diversos que ainda não foi possível

elaborar um modelo único de sinterização que seja capaz de atender os mais variados e

possíveis sistemas. Logo, o mais racional é elaborar um modelo para cada sistema a ser

estudado. A seguir, iremos discutir as duas categorias de sinterização:

a) Sinterização em fase sólida:

A sinterização em fase sólida ocorre em temperatura onde nenhum dos elementos do

sistema atinge o ponto de fusão. Essa é realizada com transporte de material, por exemplo,

difusão atômica, transporte de vapor e fluxo viscoso. Com o intuito de promover uma maior

força motriz, a sinterização em fase sólida, às vezes, ocorre com adições de elementos

reativos que alteram o equilíbrio entre a energia superficial das partículas e a energia de

contorno de grão, favorecendo a sinterização (COSTA, 2004).

Esta sinterização pode-se dividir em três estágios: o estágio inicial, caracterizado pela

formação de contornos de grãos na área de contato entre partículas ou formação e crescimento

de pescoços entre as partículas, a partir dos contatos estabelecidos durante o processo de

compactação, conduzindo até o instante onde estes começam a se interferir. Em seguida temos

um estágio intermediário, onde há uma grande densificação do compacto, e é caracterizado

por uma lisa estrutura na forma de cilíndros interconectados, grande densificação,

inicialmente com 70 a 92% de porosidade e terminando com cerca de 8% de porosidade

remanescente. E por fim um terceiro estágio, onde há um isolamento dos poros na região dos

contornos de grão e eliminação gradual da porosidade por difusão de vacâncias dos poros ao

longo dos contornos de grão com somente uma pequena densificação da estrutura (GOTOH;

MASUDA; HIGASHITANI, 1997 e GERMAN, 1990). A Figura 2.8 mostra uma

representação esquemática das etapas de sinterização em fase sólida.

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Figura 2.8. Esquema representativo dos estágios de sinterização em fase sólida (adaptado de

GOMES, 1995 e LEE; REINFORTH, 1994).

b) Sinterização em fase líquida:

A sinterização em fase líquida é uma das forma de sinterizar mais usada e é

caracterizada pelo aparecimento de uma fase líquida a determinada temperatura de

sinterização. Esse tipo de sinterização pode ocorrer por dois processos diferentes:

primeiramente, quando o líquido permanece presente durante todo o tempo, no qual o

compacto está na temperatura de sinterização e um segundo, chamado de sinterização em fase

líquida transiente, onde o líquido é formado durante o aquecimento do compacto à

temperatura de sinterização e desaparece por interdifusão durante a temperatura de

sinterização do mesmo (COSTA, 2004).

A teoria geral descreve a sinterização em fase líquida como ocorrendo em três

estágios: estágio de rearranjo ou fluxo líquido, o qual é marcado inicialmente pelo

espalhamento do líquido recém formado ao redor das partículas sólidas que conduzem ao

rearranjo dessas partículas e a densificação da estrutura. O estágio de solução-reprecipitação,

onde só ocorrerá se houver solubilidade da fase no líquido, quando isto acontece, uma fração

de partículas da fase sólida é dissolvida pelo liquido e difundirá neste, precipitando

posteriormente sobre outras partículas sólidas em locais energeticamente mais favoráveis (de

baixa energia superficial). E por fim, o estágio de sinterização em estado sólido onde só

ocorre se a estrutura ainda não estiver completamente densa e consiste no crescimento de

pescoço entre as partes sólidas que estão em contato. Sua finalidade é o encerramento do

processo de fechamento dos poros e de contração da estrutura. Como na sinterização em fase

sólida convencional, as partículas tendem a se aproximar e, a estrutura a contrair, promovendo

o fechamento dos poros residuais e conduzindo a densificação total da estrutura (LENEL,

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1980, GERMAN, 1997 e TANDON; JOHNSON, 1998). Na Figura 2.9 são mostrados

esquematicamente os estágios de sinterização em fase líquida.

Figura 2.9. Esquema representativo dos estágios de sinterização em fase líquida (GERMAN,

1998).

Existe também a sinterização ativada, esta é uma técnica muito usada que facilita os

eventos que ocorrem na sinterização através da adição de elementos químicos, onde a adição

de pequenas quantidades de um elemento dopante pode provocar grande densificação na

sinterização em um sistema que de outra forma é dificilmente sinterizado; aproveita-se de

características como a exibida pelo sistema WC-Co, ou seja, solubilidade unipolar e boa

molhabilidade do elemento principal pelo dopante (SILVA e ALVES JR, 1998) e (GERMAN,

1998).

2.8.1. Sinterização em forno resistivo

A sinterização em forno resistivo é o meio mais usado tanto em escala industrial como

em escala de laboratório. Trata-se simplesmente de usar um forno que aquece elementos pela

resistência elétrica. Em algumas ocasiões, o elemento aquecedor é a própria amostra. A

estrutura sinteriza apenas com o auxílio da temperatura. Geralmente, trabalha-se com baixas

taxas de aquecimento e resfriamento, devido à “inércia térmica dos fornos”. Pode-se ainda

manipular a atmosfera de sinterização. Os fornos resistivos são os de mais fácil fabricação e

permitem o processamento de uma maior quantidade de amostras em cada sinterização

(SILVA e ALVES JR, 1998).

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2.8 Transformações metalúrgicas no aço 15H2MFA

As propriedades dos materiais metálicos estão intrinsecamente ligadas a sua

microestrutura. Esta microestrutura é definida pela forma na qual os átomos estão ligados e

dispostos na estrutura cristalina. A microestrutura é característica de como o material foi

processado. Existem inúmeras formas de processar os materiais metálicos como, por exemplo,

através da fundição, forjamento, soldagem, metalurgia do pó, tratamentos térmicos,

tratamentos químicos, etc. Neste tópico, iremos abordar como transformações metalúrgicas

podem afetar a microestrutura dos metais e por conseqüência as propriedades do aço

15Kh2MFA, em especial.

2.8.1 O sistema Ferro-Carbono

A transformação de fases no estado sólido envolve elementos que apresentam

transformações alotrópicas e estas transformações são caracterizadas por mudanças na

estrutura cristalina com a variação da temperatura. O ferro puro (Fe) ao ser aquecido

experimenta duas alterações na sua estrutura cristalina antes de se fundir. A Figura 2.10

mostra o diagrama de fases para o sistema ferro-carbeto de ferro. Na temperatura ambiente o

ferro puro possui a fase estável chamada ferro α com estrutura cristalina cúbica de corpo

centrado (CCC). Ao ser aquecido até 912°C o Fe experimenta a primeira transformação

polimórfica onde sua estrutura cristalina se transforma de ferro α para ferro γ que tem

estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC). Esta estrutura cristalina perdura até a

temperatura de 1394°C. Ao atingir esta temperatura, outra transformação ocorre e o ferro de

estrutura cristalina CFC passa a ser CCC novamente, porém como parâmetros de rede

diferentes daquele ferro α inicial. A esta estrutura dar-sé o nome de ferro δ. Continuando com

o aquecimento o ferro finalmente funde ao atingir a temperatura de 1538°C. Quando é

adicionado carbono (C) ao ferro, podem ser formadas fases solidas baseadas nas formas

alotrópicas, constituídas por soluções sólidas intersticiais e que apresentam campos de

estabilidade em função do teor de carbono e da temperatura, e uma fase intermediária. As

fases ferro α e ferro γ são denominados respectivamente de ferrita e austenita, a fase

intermediária é um composto intermetálico denominado cementita (Fe3C – carbeto de ferro).

As fases que uma determinada liga Fe-C apresenta à temperatura ambiente dependem

das transformações ocorrerem ou não em equilíbrio termodinâmico. Transformações de fases

provocadas em condições que se afastam do equilíbrio termodinâmico podem levar a

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formação de fases metaestáveis que apresentam propriedades mecânicas mais convenientes

para algumas aplicações práticas, daí a versatilidade das ligas Fe-C.

Figura 2.10. Diagrama de fases para o sistema ferro-carbeto de ferro (adaptado de

(CALLISTER, 2002) e (SANTOS, 2006).

O carbono é uma impureza intersticial no ferro e forma uma solução sólida tanto com

a ferrita α como com a ferrita δ e também com a austenita γ. O carbono apresenta um raio

atômico menor que o ferro, mas como a relação entre raios é alta, igual a 0,63, sua

solubilidade nos interstícios da rede cristalina é limitada. Na ferrita α há uma pequena

solubilidade do carbono, esta solubilidade pode atingir no máximo 0,022%p até 727°C. A

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ferrita α pura é uma fase dúctil que apresenta dureza e resistência mecânica baixas. A adição

de carbono, mesmo em concentrações baixas, influencia de maneira significativa nas

propriedades mecânicas da ferrita α. A Figura 2.11 (a) apresenta uma micrografia com uma

fase clara denominada ferrita α.

Figura 2.11. (a) Micrografia ótica de um aço baixo carbono AISI/SAE 1010 com grãos

ferríticos (fase clara) e perlita (fase escura); (b) Micrografia ótica do aço AISI 316L

mostrando uma microestrutura consistindo de 100% austenita (BRAMFITT e BENSCOTER,

2002).

Na Figura 2.11 (b) é possível observar a micrografia da fase austenita. A austenita é

uma fase constituída por uma solução sólida intersticial de carbono no ferro γ com estrutura

cúbica de face centrada, sendo estável apenas em temperaturas acima de 727°C. A

solubilidade máxima do carbono na austenita é de 2,14%p e ocorre a 1147°C. Esta

solubilidade é aproximadamente 100 vezes maior do que o valor máximo para a ferrita com

estrutura CCC, uma fez que as posições intersticiais na estrutura cristalina CFC são maiores e,

portanto, as deformações impostas sobre os átomos de ferro que se encontram em volta do

átomo de carbono são muito menores. Já a ferrita δ é virtualmente a mesma que a ferrita α,

exceto pela faixa de temperaturas em que cada uma existe. Para o ferro δ a solubilidade

máxima dar-se-á a temperatura de 1495°C com o valor de 0,10% em peso de C. Diante do que

foi discutido, observa-se que a solubilidade do carbono no ferro δ é maior que no ferro α, isto

acontece porque com a temperatura maior, há uma agitação térmica maior da ferro δ do que

do ferro α favorecendo uma maior dissolução do carbono. Uma vez que a ferrita δ é estável

somente a temperaturas relativamente mais elevadas, ela não é de qualquer importância

(a) (b)

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 44

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tecnológica, assim não será mais discutida. Portanto, quando não houver referência contrária,

o termo ferrita, neste texto, corresponderá a ferrita α. A cementita (Fe3C) não depende das

estruturas alotrópicas do ferro, sendo considerada uma fase intermediária, mas, como a

solubilidade do carbono nela é desprezível, pode ser também considerada um composto

intermediário. A cementita se forma quando o limite de solubilidade na ferrita é excedido a

temperaturas abaixo de 727°C (para composições dentro da região das fases α + Fe3C, ver

Figura 2.10). A cementita também coexistirá com a fase γ entre as temperaturas 727 e

1147°C. Mecanicamente, a cementita é muito dura e frágil; a resistência de alguns aços é

aumentada substancialmente pela sua presença. Rigorosamente, a cementita é um material

metaestável sendo a grafita a fase final de equilíbrio estável. No entanto, a cementita nucleia

mais facilmente que a grafita, formando-se com uma velocidade muito maior e, uma vez

formada, ela permanecerá indefinidamente como um composto de estrutura ortorrômbica a

temperatura ambiente (CALLISTER, 2002), (SANTOS, 2006) e (SILVA, 2010).

As condições de transformação em equilíbrio termodinâmico ocorrem quando as

variações de temperaturas são lentas o suficiente para que a movimentação atômica por

difusão permita que as fases atinjam a composição de equilíbrio relativa a cada temperatura.

Quando o aço possui carbono, é interessante avaliar as transformações eutetóide que ocorrem

no aço. Levando-se em conta estas transformações, os aços podem ser classificados em três

tipos: aço eutetóide, que apresenta 0,76% de carbono, aço hipoeutetóide, que apresenta teor de

carbono abaixo de 0,76% e aço hipereutetóide que apresenta teor de carbono acima de 0,76%.

De acordo com esta classificação o aço 15H2MFA, objeto desta tese, trata-se de um

aço hipoeutetóide, já que contém 0,16% de carbono. Desta forma, daqui em diante iremos

abordar sobre este tipo de aço no estado sólido, dentro e fora do equilíbrio termodinâmico.

2.8.2 Transformações de fases do aço hipoeutetóide dentro do equilíbrio

termodinâmico para o aço hipoeutetóide

Um aço resfriado lentamente a partir do campo austenítico pode apresentar na

temperatura ambiente, uma ou mais fases: ferrita, perlita e cementita, dependendo do seu teor

de carbono. As transformações de fases nos aços podem ser entendidas com o auxílio do

diagrama de fases Fe-Fe3C mostrado na Figura 2.12 com composição x’.

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Figura 2.12. Vista parcial do diagrama de fases Fe-Fe3C mostrando as transformações de fase

de uma liga hipoeutetóide durante o resfriamento (adaptado de SANTOS, 2006).

Supondo que o aço esteja na temperatura T1 este aço apresentará uma estrutura

monofásica composta apenas de grãos austeníticos. Ao resfriar a partir desta temperatura em

condições de equilíbrio termodinâmico, quando se atinge a temperatura correspondente a

linha A3, dar-se-á início a formação da fase austenita em ferrita (γ � α), a esta fase primária é

dado o nome de fase proeutetóide, por formar-se antes da reação eutetóide e é chamada de

ferrita primária. A ferrita irá nuclear preferencialmente onde existam defeitos na estrutura

cristalina, como contornos de grão e inclusões que são regiões favoráveis para a nucleação

heterogênea. Como a ferrita contém um baixo teor de carbono devido à solubilidade máxima

de o carbono ser menor que 0,02%, durante sua formação há rejeição de átomos de carbono

para a austenita. Quando é a temperatura atinge o valor A1 = 723°C, que é a temperatura

eutetóide, tem-se uma quantidade de ferrita primária já formada com teor de carbono de

0,02% e uma quantidade de austenita que ainda não foi transformada, que apresenta teor de

carbono igual a 0,76%, que é a composição eutetóide. As porcentagens de ferrita primária e

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austenita não transformada podem ser obtidas aplicando-se a regra da alavanca, considerando

o teor de carbono na liga é x’, e os teores de carbono na ferrita e na austenita, através das

seguintes equações:

% ∝=�,���

�,���,�� 100 Equação 1

e

%� =��,��

�,���,�� 100 Equação 2

A austenita remanescente será então transformada em perlita através da reação

eutetóide a temperatura constante A1 = 727°C. A estrutura final é, portanto, composta da

ferrita primária, formada nos contornos de grão da austenita antes da reação eutetóide e de

grãos de perlita, resultantes da transformação eutetóide. Uma teoria aceita para a formação da

fase perlita diz que inicialmente é formada a cementita. Como a austenita contém 0,76% de

carbono e a cementita contém 6,7% de carbono, a formação e o aumento da espessura das

lamelas de cementita consomem o carbono da austenita das regiões vizinhas. Como

conseqüência, o teor de carbono da austenita nas regiões adjacentes à lamela de cementita

diminui e em algum momento a austenita transforma-se em ferrita com 0,02% de carbono.

Assim tem-se a formação de ferrita ao lado das lamelas de cementita. O crescimento das

lamelas de ferrita a partir da austenita provoca a rejeição de carbono para as regiões vizinhas.

Como conseqüência, o teor de carbono da austenita nas regiões adjacentes às lamelas de

ferrita aumenta e, em algum momento, há novamente condição para a formação da cementita.

Formam-se então novas lamelas de cementita e o processo continua. A Figura 2.13 ilustra

como ocorre o processo de crescimento das lamelas de cementita e de ferrita a partir da

austenita remanescente que não fora transformada em ferrita primária (SANTOS, 2006) e a

Figura 2.14 (a) e (b) mostram micrografias da perlita.

O intervalo de temperatura entre A1 e A3 é denominado zona crítica. Temperaturas

acima da linha A3 o aço hipoeutetóide apresenta uma estrutura austenítica. A designação A2 é

usada para a temperatura onde ocorre uma transformação magnética do ferro CCC. Acima

desta temperatura o ferro perde suas propriedades ferromagnéticas, esta temperatura é

denominada temperatura de Curie, que é igual a 770°C (SILVA, 2010).

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Figura 2.13. Representação esquemática de formação da perlita pelo crescimento das lamelas

de cementita e ferrita (adaptado de SANTOS, 2006).

Figura 2.14. (a) Microscopia ótica do aço AISI/SAE 1010 mostrando grãos de ferrita (fase

clara) e perlita (fase escura) (BRAMFITT e BENSCOTER, 2002); (b) Microscopia eletrônica

de varredura do aço Fe1000B com 20%p de NbC mostrando a perlita indicada pela seta

(SILVA, ALMEIDA, et al., 2011).

2.8.3 Transformações de fases do aço no estado sólido fora do equilíbrio

termodinâmico para o aço hipoeutetóide

Na grande maioria das aplicações tecnológicas, não é dado ao aço tempo suficiente

para que todas as reações ocorram em condições de equilíbrio metaestável. Taxas de

resfriamento muito lentas para os aços são impraticavelmente desnecessárias; de fato, em

muitas ocasiões são desejáveis condições fora do equilíbrio termodinâmico. Existem dois

efeitos interessantes na prática que ocorre fora do equilíbrio termodinâmico: 1) a ocorrência

Perlita

(a) (b)

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de mudanças ou transformações de fases em temperaturas que diferentes daquelas previstas

pelo diagrama de fases e 2) a existência à temperatura ambiente de fases fora do equilíbrio

termodinâmico que não aparecem no diagrama de fases (CALLISTER, 2002). São as

transformações de fases induzidas em condições fora do equilíbrio termodinâmico que

permitem realizar os tratamentos térmicos nos aços, visando obter estruturas metaestáveis

através de um resfriamento controlado, a partir de uma temperatura em que esses aços

apresentem uma estrutura monofásica austenítica.

Os tratamentos térmicos de aços e ligas especiais englobam uma das mais amplas

faixas de temperaturas dentre os processos industriais, variando desde o tratamento subzero

(temperaturas abaixo de 0°C) para estabilização, até a austenitização de alguns tipos de aço

rápido que ocorre a 1280°C. Além disso, diversas taxas de resfriamento são empregadas,

visando a permitir a obtenção da exata estrutura desejada. Assim, podemos classificar as

transformações em transformações isotérmicas e transformações com resfriamento contínuo.

Os principais tratamentos térmicos com resfriamento contínuo, classificando-os como:

(a) Recozimento, (b) Normalização e (c) Têmpera. Estes três tipos de tratamento térmico

envolvem transformações de fases a partir do campo da austenita. Às diversas estruturas

possíveis de se obter na transformação da austenita estão associadas diferentes propriedades,

desde o máximo de ductilidade e mínimo de dureza característico de estruturas ferríticas, até

os elevados valores de dureza e menor ductilidade associados à martensita. Além destes

tratamentos térmicos, iremos destacar também em um tópico a parte os tratamentos de

solubilização e de precipitação de carbetos. A seguir, abordaremos os tratamentos térmicos de

(a) Recozimento e de (b) Normalização.

(a) Recozimento

Recozimento é um termo genérico que consiste no aquecimento e manutenção em uma

determinada temperatura seguido do resfriamento a uma determinada taxa com objetivo

principal de amolecer materiais metálicos. Existem diferentes tipos de recozimento como o

recozimento pleno (ou supercrítico); o recozimento subcrítico e o recozimento intercrítico (ou

esferoidização).

O recozimento pleno consiste em aquecer o aço até a temperatura de austenitização e

resfriá-lo lentamente a seguir. A temperatura para o recozimento pleno é de mais ou menos

50°C acima da linha A3 para os aços hipoeutetóides (Figura 2.15). Quanto mais heterogênea

é a austenita, maiores chances de nucleação de carbonetos em regiões de teor de carbono mais

alto, ou de crescimento de carbonetos não dissolvidos, ao invés das estruturas perlíticas

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lamelares, que ocorrem com mais facilidade a partir da austenita homogênea. Por

conseqüência, devem-se preferir temperaturas de austenitização mais altas quando se deseja

estrutura perlítica e mais baixas quando se deseja estrutura esferoidizada (SILVA, 2010).

Figura 2.15. Faixa de temperatura indicada para a austenitização no recozimento.

O recozimento subcrítico é aquele em que o aquecimento se dá a uma temperatura

abaixo de A1. Este tipo de recozimento é usado para recuperar a ductilidade de um aço

trabalhado a frio (encruado). As principais transformações que ocorrem nesse tratamento são

a recuperação e a recristalização de fases encruadas. Neste caso não é necessária a formação

da austenita. Tratamentos de alívio de tensões são também aplicados quando é desejado

reduzir tensões residuais em estruturas ou componentes após soldagens, dobramento,

resfriamento brusco (têmpera), etc. O aumento da temperatura nesses tratamentos é suficiente

para reduzir o limite de escoamento do material ou permitir sua deformação por fluência. Este

tipo de tratamento não permite um controle consistente da microestrutura, enquanto os

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carbetos tendem a esferoidizar para um grau o qual depende da estrutura, da temperatura, do

tempo e da taxa de resfriamento (SILVA, 2010) e (ARAI, BAKER, et al., 1991).

Já o recozimento de esferoidização propõe atingir formas esféricas ou globulares de

carbetos, ajudando a conformação a frio do aço. A estrutura esferoidizada é também desejada

para aqueles aços com alto teor de carbono para facilitar a usinagem. Na Figura 2.16, um aço

ao ser aquecido acima de A1, começa a formar austenita. Dependendo do tempo e da

temperatura, a austenitização pode ser total ou parcial (pode haver ainda perlita e/ou

carbonetos na estrutura). A austenita formada pode possuir uma distribuição homogênea ou

heterogênea do carbono. Ao ser resfriada abaixo de A1, a austenita dará origem a uma

estrutura de ferrita e a carbetos esferoidizados ou ferrita e perlita, dependendo das condições

de resfriamento e da estrutura anterior ao resfriamento. A austenita homogênea tende a formar

perlita enquanto a austenita heterogênea tende a formar carbetos esferoidizados. Existem

várias maneiras de se obter uma estrutura de carbetos esferoidizados em matriz ferrítica após

uma austenitização total ou parcial: manutenção por tempo prolongado à temperatura pouco

abaixo de A1, resfriar lentamente ao passar por A1 ou fazer ciclos acima e abaixo de A1. A

Figura 2.16 apresenta uma faixa de temperatura recomendada para esferoidização de aços

carbono (SILVA, 2010) e (ARAI, BAKER, et al., 1991).

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Figura 2.16. Faixa de temperatura recomendada para a esferoidização de aços carbono

(SILVA, 2010).

(b) Normalização

A normalização do aço é um processo de tratamento térmico que é freqüentemente

considerado o ponto de vista térmico e microestrutural. Do ponto de vista térmico, a

normalização é um ciclo de aquecimento até a austenitização seguido pelo resfriamento com

ar parado ou agitado. Tipicamente, o aquecimento ocorre até a temperatura da linha crítica do

diagrama de fases ferro-carbeto de ferro, mostrado na Figura 2.17 a seguir, onde, para o aço

hipoeutetóide, é acima da linha AC3. A Figura 2.18 compara o ciclo tempo-temperatura da

normalização e do recozimento pleno.

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Figura 2.17. Notações nas linhas de transformação no aquecimento e resfriamento para o

diagrama de fases Fe-C (ARAI, BAKER, et al., 1991).

Figura 2.18. Comparação entre o ciclo tempo-temperatura para normalização e recozimento

pleno.

A normalização também deve ser considerada do ponto de vista microestrutural. Nos

aços hipoeutetóides, com teores de carbono abaixo de 0,76%, após o aço ter sido

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austenitizado, no resfriamento a austenita será transformada em ferrita até que a austenita

atinja 0,76% de carbono onde acontecerá uma reação eutética, dando origem a formação da

perlita (ARAI, BAKER, et al., 1991). O objetivo da normalização pode variar

consideravelmente, podendo aumentar ou diminuir a resistência e a dureza de um dado aço

dependendo de seu histórico termo e mecânico. Com esta técnica é possível (mas não limitado

apenas a isto) melhorar a usinabilidade, refinar o tamanho de grão, homogeneizar a

microestrutura, obter propriedades mecânicas desejadas. Dependendo das propriedades

mecânicas desejadas, a normalização pode substituir técnicas convencionais de

endurecimento quando, devido o tamanho e a forma, uma peça corra o risco de sofrer

mudanças na dimensão de forma excessiva, empenar ou obter trincas quando o resfriamento é

realizado de forma rápida em um meio líquido (têmpera). Aços com teor de carbono de 0,22%

ou menos geralmente não é utilizado nenhum tratamento subseqüente. Contudo, aços com

médio e alto teor de carbono são freqüentemente revenidos após a normalização para obter

propriedades específicas como reduzir a dureza para facilitar a usinagem, por exemplo

(ARAI, BAKER, et al., 1991).

Em um aço hipoeutetóide, quando se compara uma estrutura normalizada com a

recozida, tem-se que na normalizada possivelmente haverá uma menor quantidade de ferrita

proeutetóide e perlita mais fina (menor espaçamento entre as lamelas). Em termos de

propriedades mecânicas para baixos teores de carbono (C < 20%), não se observam diferenças

significativas, mas, com o aumento desse elemento, a dureza e a resistência mecânica ficam

mais elevadas, a ductilidade (medida por alongamento ou redução de área em ensaio de

tração) mais baixa, embora a resistência ao impacto não seja alterada (SILVA, 2010).

Quando alguns aços são resfriados a taxas de resfriamento intermediárias, podendo ser

resfriado na água ou no ar, é possível formar uma fase denominada bainita. A Figura 2.19

mostra uma micrografia desta estrutura. Por característica, a bainita possui uma dureza maior

que a perlita que, por sua vez, possui uma dureza maior que a ferrita.

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Figura 2.19.(a) Micrografia da bainita em um aço CrMo envelhecido, 5000x (TORRES,

SANTOS e ALMEIDA, 2010). (b) Micrografia da bainita em um aço 0,3Mo (WAN, SUN e

ZHANG, 2012).

2.8.4 Solubilização e precipitação do carbeto de nióbio e outros elementos nos

aços

O ferro, o manganês, o molibdênio, o vanádio e o nióbio fazem parte da família de

elementos metálicos conhecidos como metais de transição. Muitos elementos que formam

soluções sólidas substitucionais com os aços estão apresentados na Figura 2.20 (SMITH,

1981).

Figura 2.20. Parte da tabela periódica apresentando alguns dos elementos que formam solução

sólida com o aço (SMITH, 1981).

O nióbio e o ferro são completamente miscíveis a altas temperaturas e o nióbio é um

elemento químico que estabiliza a fase ferrita (LYAKISHEV, TULIN e PLINER, 1984). No

Bainita

Bainita Ferrita

Carbetos

precipitados

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 55

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diagrama do sistema ternário, a maior característica deste diagrama de equilíbrio é a redução

da solubilidade do carbono na austenita e na ferrita como um resultado da formação do

carbeto de nióbio no resfriamento (DEARDO, 2002). A Figura 2.21 mostra a distância de

difusão do Nb na ferrita e na austenita.

Figura 2.21. Distância de difusão do Nb na ferrita e na austenita baseado em coeficientes de

difusão (DEARDO, 2002).

A Figura 2.22 mostra um diagrama com os produtos de solubilidade (K) de vários

precipitados de Nb na austenita versus temperatura. Observa-se que com a diminuição da

temperatura, a solubilidade destes produtos na austenita diminui. A solubilidade destes

produtos é vital para o entendimento da metalurgia física dos aços microligados,

especialmente no que diz respeito ao fenômeno de precipitação de carbetos.

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Figura 2.22. Produtos de solubilidade de vários precipitados de Nb na austenita (DEARDO,

2002).

Um gráfico de solubilidade isotérmica do NbC na austenita a 1000°C é mostrado na

Figura 2.23. Para teores baixos de Nb e C é possível ter uma solubilidade destes elementos na

austenita. Quando as quantidades de Nb e C são elevados há uma saturação na solubilidade e

passa a haver uma precipitação do NbC na austenita (γ + NbC).

Figura 2.23. Diagrama de solubilidade descrevendo o equilíbrio entre NbC e austenita

(DEARDO, 2002).

Estudos apontam que a solubilização do NbC nos aços pode ocorrer a uma faixa de

temperatura a partir de 1198°C ±59 (PALMIERE, GARCIA e DEARDO, 1994). Segundo

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(SCHIAVO, GONZALEZ, et al., 2011), os precipitados ricos em Nb podem dissolver a

temperaturas intermediárias entre 1050°C e 1250°C.

A Figura 2.24 mostra um diagrama de fases do sistema Nb-Fe-C com 1,5% em peso

de nióbio. Observa-se neste diagrama que, para 0,15% de carbono (percentual de carbono

existente no aço 15Kh2MFA, objeto desta tese), a 1100°C tem-se apenas a austenita (ferro γ)

e Fe3Nb2, onde o Nb está em solução sólida substitucional com o Fe. Neste momento, o

carbono encontra-se em solução sólida intersticial na austenita (ferro γ). Ao resfriar,

precipitados de carbeto de nióbio são formados, abaixo de 300°C tem-se então a presença das

fases ferrita (ferro α), Nb4C3 e Fe3Nb2 (LYAKISHEV, TULIN e PLINER, 1984).

Evidentemente, que outros elementos de liga podem influenciar a formação de carbetos com

estequiometria diferente, bem como formar fases intermetálicas.

Figura 2.24. Diagrama de fases Nb-Fe-C com 1,5% em peso de nióbio (LYAKISHEV,

TULIN e PLINER, 1984).

A dissolução dos carbetos microligados a altas temperaturas, no intervalo austenítico,

oferece um número de opções para o subsequente processo de reprecipitação a mais baixas

temperaturas, que são (GLADMAN, 1997):

- Precipitação na austenita após uma redução na temperatura, ou durante resfriamento

lento, ou isotermicamente através da manutenção da temperatura no intervalo austenítico;

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 58

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- Precipitação durante o processo de decomposição austenita-ferrita onde a

solubilidade decresce descontinuadamente na fronteira austenita-ferrita;

- Precipitação após transformação para ferrita, usualmente como resultado de um

resfriamento rápido através da austenita e do intervalo de temperaturas de transformação.

O processo de reprecipitação é extremamente importante, dado que é responsável pelo

tamanho das partículas mais finas dos carbetos microligados. O tamanho e a fração

volumétrica das partículas respondem pela sua eficácia no controle do tamanho do grão

(GLADMAN, 1997).

Para a precipitação do carbeto de nióbio, supondo que o aço esteja em equilíbrio

termodinâmico a 1300°C, é assumido que o carbeto de nióbio está completamente dissolvido

no aço. Ao resfriar lentamente até 900°C, nióbio e o carbono dissolvido na austenita, irá

precipitar na forma de carbeto. Existem duas formas de induzir esta precipitação, durante o

resfriamento e através de tratamentos termomecânicos como laminação a quente (DEARDO,

2002). A Figura 2.25 (a) mostra uma micrografia de um aço baixo carbono após tratamento

térmico, uma ampliação nesta micrografia é apresentada na Figura 2.25 (b). Nesta micrografia

é possível observa a presença de precipitados na forma de carbetos (SANTOFIMIA, ZHAO e

SIETSMA, 2009).

Figura 2.25. (a) Micrografia de um aço baixo carbono após tratamento térmico e (b) uma

ampliação desta microestrutura mostrando a precipitação de carbetos (SANTOFIMIA, ZHAO

e SIETSMA, 2009).

Precipitação de carbetos

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 59

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2.8.5 Metalurgia do aço 15Kh2MFA

A escolha da composição do aço para reatores nuclear é deve levar em consideração as

condições de trabalho ao qual o aço será submetido. O aço 15H2MFA foi desenvolvido para

trabalhar em temperaturas entre 250 a 400°C (ver Figura 2.1). A manutenção da temperatura

em serviço no aço pode levar a formação e crescimento de subprodutos como fases

intermetálicas e precipitação de carbetos. Os carbetos formados devem estar dispersos em

uma matriz ferrítica de forma homogênea. A influência dos elementos de liga no

endurecimento do aço está também relacionada com o endurecimento devido à solução sólida

de alguns elementos de liga que distorcem a estrutura cristalina do aço e influencia a

transformação de austenita em ferrita durante o tratamento térmico (ferro γ � ferro α). Na

prática, na manufatura do aço para reatores normalmente é projetado uma liga complexa que

promove uma excelente combinação de carbetos (C, Cr, Mo, V) com os elementos que

aumentam a dureza através da solução sólida (Ni, Mn). Além da escolha correta dos

elementos de liga, os carbetos permitem a utilização deste aço a temperaturas

satisfatoriamente constantes em Vasos de Pressão de Reatores. Os elementos de liga

adicionados a este aço fazem com que a transformação do ferro α � ferro γ, que ocorre no

ponto crítico AC1, durante o aquecimento ocorra a temperaturas acima de 650°C. Os

elementos de liga influenciam a estabilidade da austenita e, como é conhecido, altera o início

da transformação da martensita. A microestrutura da martensita é definida pela composição

do aço e pela velocidade com que o aço é resfriado (têmpera). A Figura 2.26 mostra a

transformação tempo-temperatura para o aço 15Kh2MFA com diferentes espessuras de

tarugo.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 60

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Figura 2.26. Diagrama tempo-temperatura do aço 15Kh2MFA com taxas de resfriamento

diferentes (adaptado de TIMOFEEV, BRUMOVSKY e VON, 2010).

O aço 15Kh2MFA pertence a classe de aços perlíticos resistentes ao calor (OKIPNYI,

MARUSCHAK, et al., 2012). De acordo com o diagrama apresentado na Figura 2.26 é

possível obter uma estrutura bainítica-martensítica, desde que o aço seja austenitizado até

950°C seguido de um resfriamento rápido. De fato, segundo as referências (SLUGEN e

MAGULA, 1998) e (OKIPNYI, MARUSCHAK, et al., 2012), através de um tratamento

térmico, o aço 15Kh2MFA pode obter uma microestrutura metaestável bainitica-martensítica,

como pode ser observado na Figura 2.27.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 61

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Figura 2.27. Micrografia do aço 15Kh2MFA apresentando uma microestrutura bainítica-

martensítica (OKIPNYI, MARUSCHAK, et al., 2012).

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62

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CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Neste trabalho, a metalurgia do pó foi à técnica empregada para a produção das

amostras compósitas sinterizadas. Cavacos foram produzidos a partir de um bloco do aço

15Kh2MFA. Duas moagens distintas foram realizadas, uma com o aço puro e outra com a

adição de carbetos de nióbio. Em seguida, os pós compósitos produzidos foram peneirados e

recozidos para a etapa de compactação. Com a amostra conformada, a mesma foi sinterizada e

normalizada. De forma simplificada, será apresentado abaixo um fluxograma da rota seguido

de uma descrição detalhada do procedimento experimental.

Figura 3.1. Fluxograma do procedimento experimental.

2. Usinagem da barra do aço 15Kh2MFA em uma fresa de topo para produzir cavacos

3. Moagem por 5 horas do aço cavaco sem e com adição de 3% de NbC por MAE

5. Peneiramento e recozimento a 700° por 30 minutos dos pós compósito

6. Compactação dos pós por prensagem em matriz uniaxial a 600MPa

7. Sinterização em forno resistivo a vácuo a 1150°C/60min e 1250°C/60min

com taxa de aquecimento de 10°C/min

8. Normalização do sinterizado a 950°C e resfriado ao ar

1. Caracterização do material de partida: aço 15Kh2MFA e NbC

4. Caracterização dos pós moídos com intervalos de 0,5, 2,5 e 5 horas

9. Caracterização das amostras sinterizadas e normalizadas

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CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 63

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

3.1 Caracterização dos materiais de partida

Como materiais de partida foram utilizados um bloco do aço 15Kh2MFA, fornecido

pelo Instituto de Pesquisa em Energia Atômica (AEKI-KFKI – Atomic Energy Research

Institute) de Budapeste, Hungria e um pó comercial de Carbeto de Nióbio fornecido por Alfa

Aesar. Para a caracterização inicial do aço, foram utilizadas as técnicas de microscopia ótica

(MO) e microscopia eletrônica de varredura (MEV da Philips modelo XL30-ESEM) para

observar a microestrutura. Para revelar a microestrutura foi usado o reagente Nital a 2%. Um

difratômetro de raios x da Rigaku modelo MiniFlex II com detector rápido tipo D Tex Ultra

operando a 30Kv e 15mA e com ânodo da fonte de cobre com Kα = 0,1542nm e filtro de Ni

de 0,03mm foi usado para analisar a estrutura cristalina. Para avaliar as propriedades

mecânicas, o ensaio de microdureza Vickers foi realizado utilizando um microdurômetro

modelo HVS 1000A da Pantec com carga de 100g durante 15 segundos. Por outro lado, o

carbeto de nióbio foi caracterizado pelas técnicas de MEV e DRX para observar a morfologia

e a estrutura cristalina, respectivamente.

3.2 Preparação e caracterização dos pós compósitos

O aço 15Kh2MFA usado no desenvolvimento desse trabalho foi adquirido na forma de

bloco, sendo necessário transforma-lo em pó. A alternativa escolhida para a produção do pó a

partir deste bloco de aço foi através da formação de cavacos através da usinagem. Neste

sentido, uma fresa de topo foi utilizada para produzir os cavacos (Figura 3.2). A ferramenta de

corte continha seis incertos de metal duro (WC-Co). A velocidade utilizada para a remoção do

cavaco foi de 63 rpm com um passe de 0,02mm e velocidade de corte de 28 mm/min sem a

utilização de fluido refrigerante.

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CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 64

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 3.2. Fresa de topo fazendo a remoção do cavaco a partir de uma barra metálica.

Após a usinagem, o cavaco foi observado através de MEV usando um equipamento

Philips modelo XL30-ESEM para avaliar sua morfologia, tamanho e distribuição do tamanho.

Em seguida foi procedida a redução do tamanho do cavaco.

A moagem foi realizada em duas condições diferentes. Na primeira (condição 1) foi

utilizado apenas o pó do aço 15Kh2MFA e na segunda (condição 2) foi adicionado 3% em

peso de carbeto de nióbio ao aço 15Kh2MFA (7,76 g de cavaco e 0,24 g de carbeto de

nióbio). A Tabela 3.1 apresenta as condições de moagem para os pós do aço puro e do aço

com carbeto de nióbio. Neste procedimento, foi usado um moinho do tipo planetário

(apresentado na Figura 2.4). O ciclohexano foi usado como ambiente de moagem para evitar a

oxidação dos pós e impedir a aderência do material às paredes do recipiente durante a

moagem.

Tabela 3.1. Condições de moagem para os pós do aço puro e do aço com NbC.

Modelo do moinho: Fritsch Pulverisette 7 Massa total das bolas: 120g

Tempo de moagem: 5 horas Volume do cadinho: 50ml

Razão massa de bolas/pó: 15:1 Fluido: Ciclohexano (15ml)

Diâmetro das bolas: 15mm Recipientes e bolas: Metal duro (WC-Co)

Bloco do aço 15Kh2MFA

Cavaco usinado

Ferramentas de corte

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CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 65

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Amostras de pós foram coletadas após 0,5, 2,5 e 5 horas de moagem. A estes pós foram

feitas caracterizações através de MEV para avaliar o efeito da moagem na morfologia dos pós

e DRX para observar o comportamento da estrutura cristalina com o tempo de moagem. Os

pós moídos por 5 horas do aço puro e do aço com NbC foram peneirados por peneiras de 40 e

350 mesh, respectivamente, para poder separar os pós moídos de cavacos grosseiros residuais.

Em seguida, foi realizado o ensaio de granulometria a laser para avaliar a distribuição

granulométrica em um granulômetro modelo CILAS 920L utilizando água como meio líquido

e detergente como dispersante.

Com a moagem, os pós tornam-se altamente encruados devido às deformações causadas

pela intensa energia de colisões dos corpos de moagem contra as partículas dos pós. Logo, a

sua maleabilidade e compressibilidade diminuem significativamente. Com estas

características a compactação para a manufatura dos compactos torna-se bastante difícil, pois,

no momento da ejeção, ocorre a fratura da amostra. Por esta razão, um tratamento térmico de

recozimento foi efetuado em ambos os pós objetivando o alívio das tensões internas para

melhorar a compressibilidade e a maleabilidade do material. Um forno resistivo a vácuo foi

usado para esta finalidade. A temperatura de recozimento dos pós foi de 700°C durante 30

minutos sob vácuo de 10-4 torr com uma taxa de aquecimento de 10°C/min e resfriado dentro

do forno. O forno a vácuo utilizado é da empresa CENTOR VACUUM INDUSTRIES

modelo Top Loading Vacuum Furnace/3x4-W-D-02S20-A-20.

3.3 Sinterização, normalização e caracterização das amostras

Pós foram compactados na forma de pastilha utilizando uma matriz uniaxial cilíndrica

de aço 1045 temperado e com 5,0 mm de diâmetro interno. A pressão de compactação foi de

600 MPa. O estearato de zinco em pó foi usado para lubrificar as paredes internas da matriz e

o pistão. No final da compactação, produziu-se pastilhas com diâmetro e altura de 0,5 mm,

aproximadamente. Para o pó do aço 15Kh2MFA com carbeto de nióbio, foram realizados

ensaios de dilatometria até 1350°C com taxa de aquecimento de 10°C/min em atmosfera de

argônio (dilatômetro da BP Engenharia modelo RB-115) e análise térmica diferencial até

1450°C com taxa de aquecimento de 10°C/min e atmosfera de hélio (DTA – Differential

Thermal Analysis, modelo SDT Q600 de marca TA Instruments). Estes ensaios de

dilatometria e de análise térmica diferencial serão aqui discutidos com o objetivo de definir as

temperaturas de sinterização adotadas.

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CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 66

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A Figura 3.3 mostra a curva dilatométrica do aço 15Kh2MFA com adição de NbC. Com

o aquecimento da amostra, há uma expansão da estrutura cristalina até a temperatura de

1110°C. Segundo MARTINELLI et al.,2007, os mecanismos de difusão dominantes neste

estágio de sinterização são dois: difusão através do volume e pelo contorno de grão. A

expansão térmica tem uma taxa muito maior que a retração do material. Com o aumento da

temperatura, ao atingir o valor de 1130°C, é dado início a contração da amostra. Este

fenômeno está relacionado aos eventos que ocorrem na sinterização para a densificação do

corpo compactado. Na temperatura de 1150°C os fenômenos de sinterização tornam-se cada

vez mais significativos, aumentando a taxa da contração linear e, ao atingir 1250°C, a taxa de

contração linear torna excessivamente alta devido à formação da fase líquida que conduz a

densificação da amostra. Os pontos A e B desta figura representam as temperaturas de

sinterização adotadas, sendo elas respectivamente 1150°C e 1250°C.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

-2

0

2

4

6

8

10

B

Contração linear

Tempo de sinterização

Temperatura (°C)

Co

ntr

açã

o lin

ea

r (D

L/Lo

)

A

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

Te

mp

o d

e sin

teriza

ção

(min

)

Figura 3.3. Curva dilatométrica do aço 15Kh2MFA com NbC realizado com atmosfera de

argônio com taxa de aquecimento de 10°C/min.

A Figura 3.4 mostra as curvas de análise térmica diferencial do aço 15Kh2MFA com

adição de carbeto de nióbio. Nesta figura observa-se que, com o aumento da temperatura do

ponto A até o ponto B da curva, a amostra tem um comportamento endotérmico. Este

comportamento pode estar associado à relaxação das tensões internas induzidas pelas

discordâncias que foram formadas no processo de moagem (SURYANARAYANA, 2001).

Do ponto B em diante até o ponto C há um aumento da quantidade de energia que a amostra

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CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 67

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absorve. Esta energia pode estar associada à transformação da fase bainita-martensita

(apresentado no item 4.1) para austenita (ferro-γ). Do ponto C até o ponto D há uma reação

exotérmica acentuada, que pode estar relacionada à dissociação de precipitados tais como

carbetos e fases intermetálicas (SCHIAVO, GONZALEZ, et al., 2011), (TAVARES,

SOUZA, et al., 2008) e (DEARDO, 2002). Do ponto D em diante a amostra receberá energia

em um processo endotérmico até o ponto de fusão (BOLLINA, 2005), bem como a

descarbonetação do aço (PRAWOTO, YAJID e LEE, 2012) e (COBOS, 2003). Entre 600°C

até cerca de 1100 °C também pode haver a formação de precipitados na forma de carbetos

e/ou formação de fases intermetálicas (MAALEKIAN, 2007), (TIMOFEEV, BRUMOVSKY

e VON ESTORFF, 2010), (DEARDO, 2002) e (ANDRADE, 2006).

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

-5,0

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

Evento exotérmico

1250°C

Difere

nça

de

te

mp

era

tura

(°C

)

Temperatura (°C)

15Kh2MFA + NbC

1150°C

A

B

C

DEvento endotérmico

Figura 3.4. Curvas da análise térmica diferencial para o aço 15Kh2MFA com adição de NbC

com atmosfera de hélio e taxa de aquecimento de 10°C/min.

Portanto, os compactos dos pós de aço 15Kh2MFA sem e com adição de NbC foram

sinterizados durante 60 minutos em duas temperaturas diferentes, a 1150°C e a 1250°C sob

vácuo de 10-4 torr. A Figura 3.5 mostra o esquema da sinterização utilizada para consolidar as

amostras. Após a sinterização, as amostras foram analisadas por microscopia ótica e

microscopia eletrônica de varredura para observar a microestrutura. Análises químicas de

EDS (modelo SwiftED3000) acoplado ao MEV (modelo TM3000 da Hitachi) foram

realizadas para verificar a composição química das fases. A estrutura cristalina foi analisada

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CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 68

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por difração de raios x. Ensaios de densidade e microdureza Vickers também foram efetuados

para avaliar a densificação e propriedade mecânica dos corpos sinterizados.

As propriedades mecânicas e microestrutura desejada não foram obtidas apenas através

da etapa de sinterização sendo necessário fazer um tratamento térmico de normalização. Para

este tratamento, as amostras foram normalizadas a 950°C durante 3 minutos seguidos de um

rápido resfriamento ao ar. Após este tratamento térmico, as amostras foram estudadas através

de microscopia ótica e microscopia eletrônica de varredura para avaliar a microestrutura,

difração de raios x para observar o comportamento da estrutura cristalina e ensaio de

microdureza Vickers para avaliar as propriedades mecânicas.

0 30 60 90 120 150

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

600°C

Isoterma 60min à 1250°C

Isoterma 60min à 1150°C

10°C/min

20°C/min

Te

mp

era

tura

(°C

)

Tempo (min)

Figura 3.5. Esquema da sinterização a vácuo (10-4 torr) dos aços puro e com carbeto de

nióbio.

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69

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CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização dos materiais de partida

Caracterização do aço 15Kh2MFA

O aço 15Kh2MFA fornecido pelo Instituto de Pesquisa em Energia Atômica (AEKI-

KFKI – Atomic Energy Research Institute) de Budapeste, Hungria, possui elementos

químicos mostrados na Tabela 4.1. Esta composição química está dentro daquela composição

descrita por TIMOFEEV et at., 2010, para a família de aços CrMoV o qual o aço 15Kh2MFA

pertence.

Tabela 4.1. Percentual da composição química dos elementos do aço 15Kh2MFA.

Elementos químicos (% em peso) – Aço 15Kh2MFA

C Cr Mo V Si Mn P S Ni Cu As Co

0,16 2,70 0,68 0,28 0,29 0,54 0,014 0,013 0,07 0,09 0,01 0,01

A Figura 4.2 mostra a micrografia da estrutura do aço 15Kh2MFA sem ataque como

recebido. Nesta micrografia é possível ver poros e a presença de inclusões. Na micrografia da

Figura 4.2 é observada uma microestrutura do tipo bainítica-martensítica de acordo com a

microestrutura vista na Figura 2.27 (OKIPNYI, MARUSCHAK, et al., 2012) e (SLUGEN e

MAGULA, 1998). O ensaio de microdureza realizado para este aço apontou valores de

212HV ± 9,7.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 70

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Figura 4.1. Micrografia ótica da placa de aço 15Kh2MFA como recebido.

Figura 4.2. Micrografia eletrônica de varredura aço 15Kh2MFA como recebido, atacado com

Nital (2%).

Inclusão

Poros

Bainita

Martensita

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 71

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Uma análise química por EDS foi realizada em uma inclusão (Figura 4.3). Esta

inclusão trata-se de uma fase intermetálica de elementos químicos cromo, molibdênio,

vanádio, ferro e manganês.

Figura 4.3. Análise química linear (EDS) de uma inclusão da micrografia do aço 15Kh2MFA.

A Figura 4.4 mostra um difratograma de raios x da superfície polida do aço

15Kh2MFA. Nesta figura podemos observar que os picos estão bem definidos sugerindo um

alto grau de ordenamento da estrutura cristalina. Possivelmente, os elementos químicos Mn,

Cr, Mo e V podem atuar como elementos químicos substitucionais ao ferro contido na

estrutura cristalina (TIMOFEEV, BRUMOVSKY e VON ESTORFF, 2010) e

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 72

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(MAALEKIAN, 2007). Nesta caracterização também foram encontrado a estrutura cristalina

da martensita, da ferrita (α-Fe) e da cementita (Fe3C). Os dois últimos constituintes

associados formam a fase bainita. A Tabela 4.2 apresenta as fases identificadas para este aço.

30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Aço

(3

1 0

)

Aço (

2 2

0)

Aço

(2 1

1)

Aço (

2 0

0)

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Ângulo 2θ

Aço

(1

1 0

)

Aço 15Kh2MFA

Figura 4.4. Difratograma de raios x de uma amostra do aço 15Kh2MFA como recebido.

Tabela 4.2. Caracterização por difração de raios x do aço 15Kh2MFA.

Fases identificadas Parâmetros de rede (Apêndice)

♦- Ferro Manganês Figura A - 1 do Apêndice

♦- Ferro Cromo Figura A - 2 do Apêndice

♦- Ferro Molibdênio Figura A - 3 do Apêndice

♦- Ferro Vanádio Figura A - 4 do Apêndice

♦- Ferro Figura A - 5 do Apêndice

Martensita Figura A - 6 do Apêndice

Carbeto de Ferro (Fe3 C) Figura A - 9 do Apêndice

Caracterização do carbeto de nióbio

O carbeto de nióbio foi fornecido pela fabricante Alfa Aesar com diâmetro menor que

10µm e pureza maior que 99% certificado por esta fabricante com número CAS 12069-94-2.

A Figura 4.5 mostra uma micrografia do pó de NbC inicial mostrando partículas com

tamanho de grão homogeneamente distribuídas. Uma ampliação desta figura é dada na Figura

♦-

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 73

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4.6. Nesta figura podemos ver que as partículas formam agregados poligonais característicos

deste tipo de carbeto.

Figura 4.5. Micrografia do pó inicial de carbeto de nióbio.

Figura 4.6. Ampliação da micrografia do pó inicial de carbeto de nióbio.

Carbeto de nióbio

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 74

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A análise química (Figura 4.7) realizada em uma destas partículas detectou alta

concentração de nióbio (99,78%) e traços de tântalo (0,22%). O tântalo advém do processo de

fabricação do carbeto de nióbio que é produzido a partir de um minério chamado columbita.

Este minério contém tanto óxidos de nióbio como óxidos de tântalo.

Figura 4.7. Análise química (EDS) efetuada sobre uma partícula de carbeto de nióbio com

99,78% de Nb e 0,22% Ta.

No padrão de difração de raios x do NbC mostrado na Figura 4.8, observar-se picos

altamente cristalinos e bem definidos identificado pelos planos cristalinos característicos do

carbeto de nióbio. Também foram encontrados traços de carbeto de tântalo, o que está de

acordo com a análise química mostrada anteriormente na Figura 4.7. Os parâmetros de rede

para o carbeto de tântalo e para o carbeto de nióbio estão apresentados na Figura A - 11 e na

Figura A - 12, respectivamente.

30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

Nb

C (

4 2

2)

Nb

C (

4 2

0)

Nb

C (

3 3

1)

NbC

(4 0

0)

Nb

C (

2 2

2)

Nb

C (

3 1

1)

Nb

C (

2 2

0)

NbC

(2

0 0

)

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Ângulo (2θ)

Nb

C (

1 1

1)

NbC Comercial

Figura 4.8. Difratograma de raios x do carbeto de nióbio comercial como recebido.

• -

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 75

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4.2 Caracterização dos pós processados por MAE

4.2.1 Efeito da moagem de alta energia nas características das partículas do aço

15Kh2MFA sem adição de NbC

A Figura 4.9 mostra a micrografia do cavaco de aço 15Kh2MFA sem adição de NbC

após 30 minutos de moagem. Perceber-se uma grande variação de tamanho e forma das

partículas. Observa-se que as arestas das partículas estão arredondadas, já devido aos efeitos

da moagem. Uma ampliação é mostrada na Figura 4.10 e é observada a presença de

cavidades, estas cavidades são provenientes do processo de encruamento e fratura do cavaco

durante o processo de usinagem.

Figura 4.9. Micrografia do aço 15Kh2MFA após 0,5 horas de moagem.

Cavacos

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 76

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Figura 4.10. Uma ampliação da micrografia do aço 15Kh2MFA mostrado na Figura 4.9.

A Figura 4.11 mostra a mudança na forma e tamanho dos cavacos do aço 15Kh2MFA

após 2,5 horas de moagem. A morfologia e tamanho das partículas obtido são completamente

diferentes daquelas observadas nos primeiros 30 minutos de moagem. Os cavacos agora estão

na forma de partículas. Tais partículas adquirem a forma de placas, devido à deformação

plástica, promovida pelos impactos das bolas contra as partículas e estas contra as paredes do

cadinho. Esta morfologia é muito diferente daquela encontrada nos primeiros 30 minutos de

moagem. Nesse estágio de moagem, as partículas grandes, na forma de placas finas, vistas

após esse tempo de moagem, indica que os processos de deformação e soldagem a frio são

predominantes em relação ao processo de fratura (ALAM, 2006). Este comportamento está de

acordo com os materiais dúcteis/frágeis descritos por SURYANARAYANA, 2001, conforme

visto na Figura 2.7. A Figura 4.12 mostra uma ampliação da Figura 4.11 e é possível observar

a microssoldagem, que ocorre entre duas partículas.

Cavidade

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 77

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Figura 4.11. Micrografia do pó do aço 15Kh2MFA moído por 2,5 horas.

Figura 4.12. Micrografia ampliada da Figura 4.11 mostrando o processo de microsoldagem

das partículas.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 78

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A Figura 4.13 mostra a micrografia das partículas do pó de aço 15Kh2MFA obtidos

após 5 horas de moagem do cavaco deste material. Observa-se que o tamanho de partícula foi

diminuído drasticamente, mas ainda há uma diferença substancial no tamanho de partícula.

Esta diferença de tamanho de partícula deste pó em relação ao tamanho de partícula do pó

moído por 2,5 horas decorre da predominância do processo de fratura em detrimento aos

processos de deformação e microssoldagem a frio. Estas fraturas passam a ocorrer devido à

fragilização das partículas pelo encruamento que, por sua vez, é uma resposta ao

deslocamento das discordâncias. A Figura 4.14 é uma ampliação da figura anterior, onde é

possível observar que a partícula é composta de partículas menores que foram

microssoldadas. Se o tempo de moagem permanecer aumentando, a diminuição do tamanho

de partícula será intensificada cada vez mais.

Figura 4.13. Micrografia do pó 15Kh2MFA moído por 5 horas.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 79

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Figura 4.14. Uma ampliação da micrografia do aço 15Kh2MFA mostrado na Figura 4.13.

Padrões de difração de raios x do aço 15Kh2MFA como recebido e dos pós

produzidos após a moagem do cavaco desse aço por 0,5, 2,5 e 5 horas são mostrados na

Figura 4.15. As alturas dos picos diminuem e os alargamentos aumentam com o tempo de

moagem, porém o aço permanece cristalino. Este comportamento sugere que está havendo

uma redução do tamanho do cristalito do aço como também uma deformação na estrutura

cristalina. Os picos característicos identificados são os mesmos encontrados e descritos na

Tabela 4.2. Possivelmente, os elementos químicos Mn, Cr, Mo e V podem atuar como

elementos químicos substitucionais ao ferro contido na estrutura cristalina (TIMOFEEV,

BRUMOVSKY e VON ESTORFF, 2010) e (MAALEKIAN, 2007).

Partículas

microssoldadas

pela moagem

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 80

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30 40 50 60 70 80 90 100 110

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Ângulo (2θ)

(a)

(b)

(c)

(d)

Aço

(1

1 1

)

Aço

(2

2 0

)

Aço

(2 1

1)

Aço

(2 0

0)

Aço 15Kh2MFA

Figura 4.15. Difratogramas de raios x dos pós de aço 15Kh2MFA como recebido (a) e moídos

por 0,5 (b), 2,5 (c) e 5 horas (d).

4.2.2 Efeito da moagem de alta energia no tamanho, forma e composição, bem

como na estrutura cristalina das partículas do pó de aço 15Kh2MFA com

adição de 3% de NbC

A Figura 4.16 mostra a micrografia das partículas do pó de aço 15Kh2MFA com

adição de NbC após a moagem desse aço por 0,5 horas. Observa-se que há uma grande

variação no tamanho das partículas.. A Figura 4.17 mostra uma ampliação detalhada da

Figura 4.16. Observa-se também que o carbeto (pontos claros) está distribuído na superfície

do cavaco (superfície cinza escuro). É fácil identificar também que os carbetos (partículas

claras) preenchem as cavidades dos cavacos produzidos pela usinagem. Uma das formas de

aumentar a dureza dos aços é inserir partículas de segunda fase na matriz metálica.

(SUSTARSIC, JENKO, et al., 2003). Estas partículas irão ancorar as discordâncias geradas

pela deformação, aumentando a dureza do material. Desta forma, o aço torna-se menos dúctil

e passa a sofrer cominuição reduzindo seu tamanho de partícula de forma mais expressiva do

que aquele aço sem as partículas de segunda fase (NbC).

♦-

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 81

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.16. Micrografia das partículas do aço 15Kh2MFA com adição de NbC após 0,5

horas de moagem.

Figura 4.17. Micrografia ampliada da Figura 4.16 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

após 0,5 horas de moagem.

Superfície do cavaco Carbetos de nióbio

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 82

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Após 2,5 horas de moagem, as partículas apresentam-se na forma de placas e uma

significante diferença no tamanho das partículas, conforme visto na Figura 4.18. De forma

similar ao ocorrido com o pó moído na Condição 1 por 2,5 horas, as partículas adquirem uma

forma de placas devido à deformação plástica promovida pelo impacto das bolas de encontro

com o pó e as paredes do cadinho. Esta morfologia é muito diferente daquela encontrada nos

primeiros 30 minutos de moagem, porém ainda existem partículas de grande tamanho. A

Figura 4.19 mostra uma microscopia eletrônica de varredura de elétrons retroespalhados, onde

não é mais possível distinguir a fase carbeto de nióbio do aço devido à alta dispersão dessas

fases.

Figura 4.18. Micrografia das partículas do aço 15Kh2MFA com adição de NbC moído por 2,5

horas.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 83

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Figura 4.19. Micrografia ampliada da Figura 4.18 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

após 2,5 horas de moagem.

Diferente das partículas do pó de aço 15Kh2MFA sem adição de NbC e moído por 5

horas (Figura 4.13), o pó do aço 15Kh2MFA com adição do NbC, moído por esse mesmo

tempo, possui um tamanho de partícula muito menor e com tamanho de partícula mais

uniforme, conforme visto na Figura 4.20. Neste momento, o processo de cominuição

mecânica se sobrepõe aos processos de deformação e soldagem das partículas. O encruamento

das partículas leva a diminuição do tamanho de partículas com o tempo de moagem. A Figura

4.21 mostra uma ampliação da imagem anterior. Observa-se alta homogeneidade do tamanho

de partículas e partículas ainda na forma de placas.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 84

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Figura 4.20. Micrografia das partículas do aço 15Kh2MFA com adição de NbC moído por 5

hroas.

Figura 4.21. Micrografia ampliada da Figura 4.20 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

após 5 horas de moagem.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 85

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A Figura 4.22 mostra uma ampliação das partículas vistas na Figura 4.21. Nesta figura

observa-se que há uma aglomeração das partículas. Um perfil granulométrico deste pó está

apresentado na Figura 4.23. Nesta figura, observa-se uma grande variação do tamanho das

partículas e um gráfico trimodal. Este comportamento pode estar relacionado ao estado de

aglomeração das partículas, visto que não foi possível dispersar completamente as partículas

através do ultrassom e utilizando sabão neutro. O tamanho médio encontrado por esta técnica

para este pó é de 21,44 µm com tamanhos de partículas variando entre 3 µm e 60 µm.

Figura 4.22. Micrografia ampliada da Figura 4.21 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

após 5 horas de moagem.

Placas deformadas formando

partículas compósitas

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 86

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Figura 4.23. Distribuição granulométrica do pó de aço 15Kh2MFA com adição de NbC após

5 horas de moagem.

Padrões de difração de raios x do aço 15Kh2MFA como recebido e dos pós do aço

15Kh2MFA com adição de NbC moídos durante 0,5, 2,5 e 5 horas são apresentados na Figura

4.24. De forma similar ao observado no aço 15Kh2MFA puro apresentado na Figura 4.15, a

altura dos picos diminuem e os alargamentos aumentam com o tempo de moagem, tanto para

o aço, bem como para o carbeto de nióbio, mas ambos permanecem cristalinos. Este

comportamento sugere que está havendo uma diminuição do tamanho de cristalito, bem como

a deformação da estrutura cristalina. Para o aço, os picos característicos identificados são os

mesmos mostrados na Tabela 4.2. Possivelmente, os elementos químicos Mn, Cr, Mo e V

podem atuar de forma substitucional ao ferro contido na estrutura cristalina (TIMOFEEV,

BRUMOVSKY e VON ESTORFF, 2010) e (MAALEKIAN, 2007). A Figura 4.25 mostra o

alargamento dos picos dos difratogramas de raios x mostrados na Figura 4.24, para os picos

principais do carbeto de nióbio. Observa-se que os picos de NbC sofrem uma diminuição em

sua altura. Isto indica que tal constituinte está entrando em solução sólida no aço (WANG, QI,

et al., 2001) e (ZUHAILAWATI e YONG, 2009).

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 87

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30 40 50 60 70 80 90 100

(d)

(c)

(b)

Aço

(2 2

0)

Aço

(2 1

1)

Aço (

2 0

0)

Aço (1 1 0)

Nb

C (

3 1

1)

NbC

(2

2 0

)

Nb

C (

2 0

0)

Inte

nsid

ade

(u

.a.)

Ângulo (2θ)

Nb

C (

1 1

1)

(a)

Figura 4.24. Difratogramas de raios x dos pós do aço 15Kh2MFA puro como recebido (a),

moído com adição de NbC por 30 minutos (b), moído com adição de NbC por 2,5 horas (c) e

moído com adição de NbC por 5 horas (d).

32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42

Nb

C (

2 0

0)

(d)

(c)

(b)

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Ângulo (2θ)

(a)

Nb

C (

1 1

1)

Figura 4.25. Ampliação nos difratogramas de raios x mostrando o alargamento dos picos dos

pós do aço 15Kh2MFA puro como recebido (a), moído com adição de NbC por 30 minutos

(b), moído com adição de NbC por 2,5 horas (c) e moído com adição de NbC por 5 horas (d).

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 88

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4.3 Caracterização das amostras sinterizadas e normalizadas

A seguir, serão discutidos os resultados das amostras sinterizadas a 1150 e 1250°C por

60 minutos e normalizadas a 950°C com resfriamento ao ar para os pós do aço 15Kh2MFA

sem adição de NbC e do aço 15Kh2MFA com adição de NbC.

4.3.1 Efeito da dispersão e da adição de NbC nas estruturas sinterizadas e

normalizadas dos pós de aço 15Kh2MFA com e sem adição de NbC

Após definir as temperaturas de sinterização através das técnicas de dilatometria e

análise térmica diferencial, discutiremos o comportamento do aço puro e do compósito

sinterizados em conformidade com as técnicas de caracterização abordadas a seguir:

A Figura 4.26 mostra uma micrografia do aço 15Kh2MFA puro após ter sido

sinterizado a 1150°C por 60 minutos. Observa-se um grande número de poros. Isto indica que

a rota utilizada não foi adequada. Ou seja, a temperatura de sinterização e o tempo de

isoterma não foram suficiente para densificar à amostra. Uma microestrutura semelhante é

observada na Figura 2.25 (SANTOFIMIA, ZHAO e SIETSMA, 2009).

Figura 4.26. Micrografia da amostra do aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min.

Poros

Precipitados Ferrita

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 89

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

A Figura 4.27 mostra uma ampliação da estrutura vista na Figura 4.26. Nesta figura,

observa-se com detalhes carbetos precipitados. A Figura 4.28 mostra uma ampliação da

Figura 4.26 e é possível observar a presença de uma fase intermetálica. Nesta fase

intermetálica foi realizado uma análise química. A Figura 4.29 e a Figura 4.30 mostram uma

análise química em duas regiões, a primeira na ferrita e a segunda na fase intermetálica. No

aquecimento do aço, os elementos químicos substitucionais e intersticiais (Cr, V, Mo, Mn)

que estavam dissolvidos na estrutura cristalina do aço em solução sólida, passam a precipitar

nos poros (ANDRADE, 2006).

Figura 4.27. Uma ampliação da Figura 4.26 de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a

1150°C/60min.

Ferrita

Carbetos precipitados

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 90

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.28. Uma ampliação da Figura 4.26 de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a

1150°C/60min.

Figura 4.29. Análise química (EDS) do aço puro sinterizado a 1150°C/60min apresentado na

Figura 4.27 na região onde não há uma fase intermetálica.

Fase intermetálica

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 91

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.30. Microscopia eletrônica de varredura (BSE) e análise química (EDS) do aço puro

sinterizado a 1150°C/60min apresentado na Figura 4.27 na região onde há a fase

intermetálica.

A Figura 4.31 mostra a micrografia do aço 15Kh2MFA após ter sido sinterizado a

1250°C por 60 minutos. Nesta micrografia observa-se que não há uma grande diferença na

porosidade quando comparado com a Figura 4.26, o aumento da temperatura de sinterização

não é suficiente para fechar por completo os poros. Também é possível perceber que há uma

redução dos precipitados. Isto ocorre devido à solubilização destes na matriz austenítica

(TIMOFEEV, BRUMOVSKY e VON ESTORFF, 2010).

Figura 4.31. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1250°C/60min.

Ferrita

Precipitados

Poros

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 92

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.32. Uma ampliação da Figura 4.31 de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a

1250°C/60min.

A Figura 4.33 mostra a micrografia do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

sinterizado a 1150°C durante 60 minutos. Observa-se nesta micrografia que há uma

densificação maior nesta amostra do que na amostra sinterizada com as mesmas condições de

sinterização sem adição de NbC apresentada na Figura 4.26. Uma ampliação da Figura 4.33 é

mostrada na Figura 4.34. Nesta imagem, é possível ainda identificar a presença da fase ferrita,

de carbetos e da fase intermetálica que compõe esta microestrutura. Os carbetos precipitados

apresentados na Figura 4.27 e Figura 4.32 já não são aqui observados.

Carbetos precipitados

Ferrita

Fase intermetálica

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 93

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.33. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a

1150°C/60min.

Figura 4.34. Uma ampliação da Figura 4.33 de aço 15Kh2MFA sinterizado a 1150°C/60min.

Ferrita

Fase

intermetálica

Poros

Carbetos

Carbetos Ferrita

Poros

Fase

intermetálica

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 94

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

A Figura 4.35 mostra uma análise química linear da estrutura vista na Figura 4.33 do

aço 15Kh2MFA com NbC sinterizado a 1150°C por 60 minutos. Observa-se que no ponto A

há forte presença dos elementos químicos nióbio e molibdênio, que tem suas quantidades

reduzidas ao passar pelo ponto A. Neste caso, pode conter também cromo, vanádio e ferro.

Assim, é sugerido que há a formação de uma fase intermetálica. Ao chegar ao ponto B

observa-se que o nióbio tem sua quantidade bastante reduzida, bem como o molibdênio. Em

seguida, ao chegar no ponto C o nióbio, junto com o molibdênio voltam a aumentar sua

intensidade, bem como o carbono, já que este compõe o carbeto. Este fato sugere que possa

estar havendo a formação de carbetos mistos no ponto C (KUZUCU, AKSOY e KORKUT,

1997).

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 95

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.35. Análise química (EDS linear) do aço 15Kh2MFA sinterizado a 1150°C/60min.

A Figura 4.36 mostra a micrografia da estrutura do aço 15Kh2MFA com adição de

NbC sinterizado a 1250°C durante 60 minutos. De forma qualitativa, a densificação da

estrutura é evidentemente maior, quando comparado com todas as outras sinterizações

discutidas anteriormente. É interessante ressaltar que os precipitados estão com tamanho

maior do que para a amostra sinterizada a 1150°C por 60 minutos vistos na Figura 4.33. A

A B C

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 96

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Figura 4.37 mostra uma ampliação da Figura 4.36. Nesta imagem é observado com detalhes a

estrutura perlítica, os carbetos e uma fase intermetálica.

Figura 4.36. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a

1250°C/60min.

Ferrita

Estrutura

Perlítica

Precipitados

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 97

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Figura 4.37. Uma ampliação da Figura 4.36 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

sinterizado a 1250°C/60min.

Figura 4.38. Uma ampliação da Figura 4.36 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

sinterizado a 1250°C/60min.

Carbetos

Estrutura

Perlítica

Ferrita

Carbetos

Fase

intermetálica

Fase

intermetálica

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 98

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

A Figura 4.39 mostra a análise química linear da estrutura vista na Figura 4.38 do aço

15Kh2MFA com NbC sinterizado a 1250°C por 60 minutos. Nesta análise, de forma similar

ao observado para aquela amostra sinterizada a 1150°C por 60 minutos apresentada na Figura

4.35, temos que no ponto A existe a presença de uma fase intermetálica que contém os

elementos nióbio, molibdênio e ferro, podendo conter também, cromo e vanádio. A redução

da quantidade de ferro detectada neste ponto A está em função da estequiometria química que

compõe esta fase intermetálica. No ponto B a quantidade do ferro é aumentada e no ponto C

este volta a ter sua quantidade reduzida novamente. Neste mesmo ponto C há uma intensidade

maior do nióbio, do carbono e do molibdênio, isto sugere que há formação de um carbeto

misto, o mesmo comportamento encontrado na Figura 4.35. Na imagem desta análise,

observa-se que a fase intermetálica circunda o carbeto. Isto sugere que estes carbetos podem

crescer com a contribuição de elementos químicos que estão presentes nesta fase

intermetálica.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 99

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.39. Análise química (EDS linear) do aço 15Kh2MFA sinterizado a 1250°C/60min.

A Figura 4.40 mostra a retração do diâmetro das amostras após a sinterização e a

Figura 4.41 mostra a densidade em função da temperatura de sinterização. Nestes gráficos

observa-se que, ao adicionar o carbeto de nióbio, a retração da amostra é aumentada. Esta

retração é função da densificação do material. Com o aumento da temperatura, houve uma

maior densificação. O carbeto de nióbio tem uma contribuição fundamental para o aumento

desta densidade, pois ajuda a fechar a porosidade (GORDO, VELASCO, et al., 2000),

A B C

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 100

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

(SUSTARSIC, JENKO e GODEC, 2003), (SAUTEREAU e MOCELLIN, 1974) e

(KUZUCU, AKSOY e KORKUT, 1997). Estes valores de densificação estão de acordo com

as microestruturas encontradas para as amostras do aço 15Kh2MFA e do aço 15Kh2MFA

com adição do NbC sinterizados a 1150°C e 1250°C durante 60 minutos.

1150 1200 1250

0,450

0,455

0,460

0,465

0,470

0,475

0,480

0,485

0,490

0,495

0,500

0,505

Diâ

me

tro fin

al (c

m)

Temperatura (°C)

15H2MFA

15H2MFA + NbC

1,96%

3,92%

5,88%

9,80%

Figura 4.40. Gráfico da retração do diâmetro em função da temperatura para os aços puro e

com NbC após as sinterizações. O diâmetro inicial das amostras era de 0,51 cm.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 101

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

1150 1200 1250

6,6

6,8

7,0

7,2

7,4

7,6

7,8

8,0

15Kh2MFA

15Kh2MFA + NbCD

ensid

ad

e d

o s

inte

riza

do

(g/c

m³)

Temperatura (°C)

6,62g/cm³

7,04g/cm³

6,74g/cm³

7,86g/cm³

Figura 4.41. Gráfico da densidade das amostras sinterizadas em função da temperatura para os

aços puro e com NbC após as sinterizações. A densidade do aço 15Kh2MFA recebido é de

7,81g/cm³.

Os padrões de difração de raios x apresentados na Figura 4.42 mostram que os picos

do aço estão bem definidos. O pico principal da Figura 4.42 (a) é mais intenso que o da

Figura 4.42 (b), este fato se deve a maior temperatura de sinterização tornar o aço com um

maior ordenamento da estrutura cristalina, principalmente quando comparado com os picos

dos padrões de raios x encontrados após a moagem (Figura 4.15). Vale ressaltar que estes

picos não estão tão intensos como aqueles encontrados na Figura 4.4 para o aço 15Kh2MFA

inicial. Este fato sugere que o tamanho dos cristalitos após a moagem e sinterização pode ser

menor. As fases identificadas nas difrações de raios x da Figura 4.42 estão descritas na Tabela

4.3.

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 102

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

30 40 50 60 70 80 90 100

10000

20000

30000

40000

50000

Aço

(2

2 0

)

Aço

(2

1 1

)

Aço

(2

0 0

)

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

Ângulo (2θ)

Aço

(1

1 0

)

Aço

(2

2 0

)

Aço

(2

1 1

)

Aço

(2

0 0

)

Aço

(1

1 0

)

30 40 50 60 70 80 90 100

10000

20000

30000

40000

50000

Ângulo (2θ)

Figura 4.42. Difratogramas de raios x do aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min

(a) e sinterizado a 1250°C/60min (b).

Tabela 4.3. Caracterização por difração de raios x do aço 15Kh2MFA puro sinterizado a

1150°C/60min (a) e sinterizado a 1250°C/60min (b).

Fases identificadas Parâmetros de rede (Apêndice)

♦- Ferro Manganês Figura A - 1 do Apêndice

♦- Ferro Cromo Figura A - 2 do Apêndice

♦- Ferro Molibdênio Figura A - 3 do Apêndice

♦- Ferro Cromo Vanádio Figura A - 7 do Apêndice

♦- Ferrita Figura A - 8 do Apêndice

Carbeto de Ferro (Fe7 C3) Figura A - 10 do Apêndice

Os padrões de DRX da Figura 4.43 mostram que com o aumento da temperatura de

sinterização, há um aumento na altura dos picos indicando que pode estar havendo uma

ordenação maior das fases durante o processo. É possível identificar também picos do carbeto

de nióbio, e estes tiveram o mesmo comportamento. Na Tabela 4.4 temos a identificação das

estruturas cristalinas dos padrões de raios x apresentados na Figura 4.43. Observa-se nestes

(a) (b)

♦- Aço 15Kh2MFA ♦- Aço 15Kh2MFA

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 103

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

difratogramas que há o aparecimento do carbeto de nióbio com uma estrutura cristalina

diferente daquela do carbeto inicial apresentado (Figura 4.8). Isto indica que existe a

possibilidade do carbeto ter sido dissociado, quando a temperatura foi elevada e, no

resfriamento, houve condições favoráveis para o carbeto precipitar novamente, como

comentado na curva da análise térmica diferencial para o aço 15Kh2MFA com adição de NbC

apresentado na Figura 3.4 (DEARDO, 2002) e (SCHIAVO, GONZALEZ, et al., 2011).

30 40 50 60 70 80 90 100

0

10000

20000

30000

40000

Nb

C (

3 1

1)

Nb

C (

2 2

0)

Nb

C (

2 0

0)

Nb

C (

1 1

1)

Nb

C (

3 1

1)

Nb

C (

2 2

0)

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

Ângulo (2θ)

30 40 50 60 70 80 90 100

0

10000

20000

30000

40000

Nb

C (

2 0

0)

Ângulo (2θ)

Aço

(2

2 0

)

Aço

(2

1 1

)

Aço

(2

0 0

)

Aço

(1

1 0

)

Aço

(2

2 0

)

Aço

(2

1 1

)

Aço

(2

0 0

)

Aço

(1

1 0

)

Nb

C (

1 1

1)

Figura 4.43. Difratogramas de raios x do aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a

1150°C/60min (a) e sinterizado a 1250°C/60min (b).

(a) (b)

♦- Aço 15Kh2MFA ♦- Aço 15Kh2MFA

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 104

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Tabela 4.4. Caracterização por difração de raios x do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

sinterizado a 1150°C/60min (a) e sinterizado a 1250°C/60min (b).

Fases identificadas Parâmetros de rede (Apêndice)

♦- Ferro Manganês Figura A - 1 do Apêndice

♦- Ferro Cromo Figura A - 2 do Apêndice

♦- Ferro Molibdênio Figura A - 3 do Apêndice

♦- Cromo Ferro Vanádio Figura A - 7 do Apêndice

♦- Ferrita Figura A - 8 do Apêndice

Carbeto de Ferro (Fe7 C3) Figura A - 10 do Apêndice

Carbeto de nióbio (Nb C0,87) Figura A - 13 do Apêndice

Carbeto de nióbio (Nb4 C3) Figura A - 14 do Apêndice

Carbeto de cromo-nióbio (Cr1,0 Nb0,9 C) Figura A - 15 do Apêndice

Molibdênio Figura A - 16 do Apêndice

4.3.2 Efeito do tratamento térmico de normalização nas estruturas sinterizadas

do aço 15Kh2MFA com e sem adição de NbC

Com objetivo de melhorar as propriedades mecânicas das amostras sinterizadas, foram

realizados tratamentos térmicos de normalização.

A Figura 4.44 apresenta a microestrutura do aço 15Kh2MFA puro, sinterizado a

1150°C por 60 minutos e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar. Nesta figura

observamos que, de forma qualitativa, o grau de porosidade é bem próximo daquele

observado, para a mesma amostra sem ter sido normalizada apresentada na Figura 4.26. É

evidente que a normalização não tem por objetivo fechar os poros, mas sim favorecer a

formação da microestrutura bainítica desejada. Desta forma, torna-se dispensável avaliar a

porosidade das amostras. Nesta microestrutura a bainita é a fase predominante. . A Figura

4.45 é uma ampliação da micrografia anterior. Nesta micrografia podemos ver com detalhes a

bainita formada durante o tratamento térmico de normalização. Esta microestrutura é similar à

apresentada anteriormente na Figura 2.19 (a).

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 105

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.44. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min e

normalizado a 950°C com resfriamento ao ar.

Figura 4.45. Uma ampliação da micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA mostrado na

Figura 4.44.

Poros

Bainita

Bainita

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 106

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

A Figura 4.46 mostra a microestrutura do aço 15Kh2MFA sinterizado a 1250°C por 60

minutos e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar. Diferente do visto na estrutura da

Figura 4.44, aqui existe uma concorrência entre duas fases, a bainita e a ferrita. O

aparecimento da fase ferrita, neste caso, pode estar associado à descarbonetação do aço,

quando este foi submetido a uma temperatura mais elevada. É sabido que para formar a

bainita é necessário carbono na microestrutura e com a ausência deste, será reduzida a

quantidade de bainita formada (LIU, 1991) e (COBOS, 2003). A Figura 4.47 observa-se a

presença de uma fase intermetálica presente nos poros e a microestrutura bainítica é parecida

com aquela discutida no item 2.8.3 (b), Figura 2.19 (a).

Figura 4.46. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1250°C/60 min e

normalizado a 950°C com resfriamento ao ar.

Ferrita

Bainita Fase intermetálica nos poros

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 107

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.47. Uma ampliação da Figura 4.46 mostrando a estrutura bainítica e a presença da

fase intermetálica nos poros.

A Figura 4.48 mostra uma micrografia do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

sinterizado a 1150°C por 60 minutos e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar. Esta

amostra teve o comportamento parecido com aquele encontrado para o aço 15Kh2MFA com

adição de NbC apenas sinterizado nas mesmas condições. Nesta micrografia constata-se que

não há a presença da bainita e que há a formação da fase intermetálica que preenchem os

poros. Neste caso, com o tratamento térmico de normalização não foi possível obter uma

estrutura bainítica. Uma possível explicação é que, quando aquecido até a temperatura de

sinterização, o carbeto de nióbio é dissolvido parcial ou totalmente na austenita (DEARDO,

2002) e (SCHIAVO, GONZALEZ, et al., 2011). Com o Nb e o C dissolvidos na austenita,

quando o aço é resfriado, há a precipitação de carbetos de nióbio (DEARDO, 2002) e de

outros carbetos (CHERUVU, 1989) e a possibilidade da formação de uma fase intermetálica

entre o Nb e outros elementos contidos no aço (TIMOFEEV, BRUMOVSKY e VON

ESTORFF, 2010) e (MAALEKIAN, 2007). O nióbio que resta, liga-se novamente com o

carbono para a formação de carbeto de nióbio (DEARDO, 2002). Elementos de liga como Mo

e Mn, que retardam a transformação austenita � ferrita, por deslocar efetivamente o campo

ferrítico dos diagramas TTT (Figura 2.18) para a direita, favorecem a transformação da

Fase intermetálica

Bainita

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 108

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

austenita superesfriada em bainita, formando a fase intermetálica (WANG, 1992) e

(MAALEKIAN, 2007). Com menos elementos que favoreçam a transformação austenita-

bainita, neste caso, há uma dificuldade para que ocorra esta transformação.

Figura 4.48. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a

1150°C/60min e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar.

A Figura 4.49 apresenta uma micrografia do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

sinterizado a 1250°C por 60 minutos e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar. Esta

amostra teve o comportamento parecido com aquele encontrado para o aço 15Kh2MFA com

adição de NbC apenas sinterizado nas mesmas condições. Nesta figura, observa-se que houve

um crescimento dos carbetos. Uma ampliação desta micrografia é dada na Figura 4.50. Nesta

figura é observada uma estrutura lamelar característica da perlita. Esta estrutura pode estar

associada à forma com que as partículas foram formadas na moagem. A Figura 4.22 mostra

uma partícula do carbeto de nióbio. Esta estrutura lamelar pode estar associada com a forma

das partículas na moagem. Uma possível explicação para esta estrutura lamelar é que, quando

sinterizado a temperaturas mais altas, os espaços podem ter sido preenchidos por uma fase

intermetálica dando um aspecto perlítico à microestrutura. A Figura 4.51 mostra uma análise

Ferrita

Carbetos

Fase intermetálica

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 109

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

química em cima de um carbeto (a) e em cima de uma lamela da perlita (b) identificados na

Figura 4.50. Observa-se que na estrutura da perlita, há um aumento na quantidade de Fe, Mn,

Cr e uma quantidade menor de Mo e Nb. Isto indica que estas lamelas que constituem a

perlita podem ser uma fase intermetálica que levam estes elementos químicos em sua

composição.

Figura 4.49. Micrografia da amostra de aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a

1250°C/60 minutos e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar.

Carbetos

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 110

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Figura 4.50. Uma ampliação da Figura 4.49 do aço 15Kh2MFA com adição de NbC

sinterizado a 1250°C/60min e normalizado a 950°C com resfriamento ao ar.

Figura 4.51. (a) Análise química (EDS) no em cima de um carbeto e (b) análise química

(EDS) em cima da estrutura perlítica.

O comportamento da estrutura cristalina observado nos difratogramas de raios x para

as amostras normalizadas apresentados na Figura 4.52 e na Figura 4.53 são os mesmos

encontrados para aquelas amostras sinterizadas sem terem sido normalizadas apresentadas na

Figura 4.42 e na Figura 4.43. A Tabela 4.3 e a Tabela 4.4 contemplam as mesmas estruturas

cristalinas encontradas respectivamente para o aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C e

1250°C por 60 minutos e normalizado ao ar e para o aço 15Kh2MFA com adição de NbC

sinterizado a 1150°C e 1250°C por 60 minutos normalizado ao ar.

(a) (b)

Carbetos

Perlita

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 111

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

30 40 50 60 70 80 90 100

10000

20000

30000

40000

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

Ângulo (2θ)

30 40 50 60 70 80 90 100

10000

20000

30000

40000

Aço

(2

2 0

)

Aço

(2

2 0

)Aço

(2

1 1

)

Aço

(2

1 1

)

Aço

(2

0 0

)

Aço

(2

0 0

)

Aço

(1

1 0

)

Ângulo (2θ)

Aço

(1

1 0

)

Figura 4.52. Difratogramas de raios x do aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C/60min e

normalizado a 950°C (a) e sinterizado a 1250°C/60min e normalizado a 950°C (b).

30 40 50 60 70 80 90 100

0

10000

20000

30000

40000

Nb

C(2

2 0

)

Nb

C(3

1 1

)

Nb

C(2

0 0

)N

bC

(1 1

1)

Aço

(2

2 0

)

Aço

(2

1 1

)

Aço

(2

0 0

)

Aço

(2

2 0

)

Aço

(2

1 1

)

Aço

(2

0 0

)

Aço

(1

1 0

)

Nb

C(3

1 1

)

Nb

C(2

2 0

)

Nb

C(2

0 0

)

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

Ângulo (2θ)

Nb

C(1

1 1

)A

ço

(1

1 0

)

30 40 50 60 70 80 90 100

0

10000

20000

30000

40000

Ângulo (2θ)

Figura 4.53. Difratogramas de raios x do aço 15Kh2MFA com adição de NbC sinterizado a

1150°C/60min e normalizado a 950°C (a) e sinterizado a 1250°C/60min e normalizado a

950°C (b).

(a) (b)

(a) (b)

♦- Aço 15Kh2MFA ♦- Aço 15Kh2MFA

♦- Aço 15Kh2MFA ♦- Aço 15Kh2MFA

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 112

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

As propriedades mecânicas foram avaliadas através de ensaios de microdureza. Os

valores de microdureza são uma resposta para aquelas microestruturas encontrada nas

diferentes condições de sinterização e normalização que os aços foram submetidos.

A Tabela 4.5 apresenta os valores de microdureza das amostras moídas, sinterizadas e

normalizadas do aço 15Kh2MFA sem e com adição do NbC. Para cada condição exposta na

tabela, foram feitos ensaios de microdureza em três amostras distintas. Em cada amostra

foram realizados dez indentações para obter os valores de microdureza. Para o aço

15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C por 60 minutos, quando a temperatura foi elevada,

apesar de elevar também a densidade, o valor da microdureza caiu, esta queda está associada a

menor quantidade de precipitados, como discutido para a Figura 4.26 e para a Figura 4.31.

Quando foi adicionado ao aço 15Kh2MFA o carbeto de nióbio, com a temperatura de

sinterização de 1150°C, observou-se que não houve um aumento significativo do valor de

microdureza. Isto ocorre porque a adição do NbC evitou a formação do carbetos precipitados

indicados na Figura 4.26 e na Figura 4.31. Ao aumentar a temperatura para este aço que teve

adição de NbC, houve um aumento da microdureza. Este comportamento pode estar associado

a dois fatores: aumento na densificação da amostra e formação de uma fase perlítica.

Para a amostra do aço 15Kh2MFA puro sinterizado a 1150°C e normalizado, houve

um ganho considerável no valor de microdureza. Este ganho está associado ao fato de que

toda a microestrutura passou a ser bainítica. Porém para aquela amostra sinterizada a

temperatura de 1250°C, houve uma ligeira queda no valor da microdureza, este

comportamento pode estar relacionado à descarbonetação do aço, levando a formação de uma

quantidade menor de bainita. Para as amostras do aço 15Kh2MFA com adição de carbeto

normalizadas, não houve praticamente alteração nos valores de microdureza.

Tabela 4.5. Microdureza das amostras moídas, sinterizadas e em seguida normalizadas do aço

15Kh2MFA puro e do aço 15Kh2MFA com adição de NbC. O valor de microdureza do aço

15Kh2MFA que foi recebido é de 212 HV ± 9,7.

Sinterizado Normalizado (950°C)

15Kh2MFA

Puro

15Kh2MFA

+ NbC

15Kh2MFA

Puro

15Kh2MFA

+ NbC

1150°C/60min 120 HV ± 8,4 116 HV ± 7,4 212 HV ± 7,2 115 HV ± 5,5

1250°C/60min 115 HV ± 6,5 154 HV ± 13,5 182 HV ± 8,7 156 HV ± 10,1

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113

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos e discutidos neste trabalho, é possível relacionar as

seguintes conclusões, para a preparação do pó do aço 15Kh2MFA puro e do compósito deste

aço com a adição de carbeto de nióbio, bem como a sinterização destes e posterior

normalização.

5.1 Preparação do pós compósitos

• A moagem produziu partículas a partir do cavaco;

• A adição de NbC acelera o processo de formação de partículas e diminuição de

seu tamanho e a moagem de alta energia produz solução sólida do NbC no aço

15Kh2MFA;

• Para as moagens do aço 15Kh2MFA com e sem adição de NbC, verifica-se que

ocorre a distorção da estrutura cristalina e a diminuição do tamanho de partícula.

Pelos difratogramas de raios x, observa-se que o aço com NbC obteve uma

maior distorção da estrutura cristalina maior do que o aço sem o NbC. A

diminuição do tamanho de partícula ocorre depois de 2,5 horas de moagem;

• Para o aço com carbeto de nióbio, cinco horas de moagem são suficientes para

produzir pós com tamanho de partícula abaixo de 60 µm e com uma boa

dispersão destes carbetos na matriz metálica do aço. Para o aço sem adição

carbeto de nióbio, com o mesmo tempo de moagem, ainda existem partículas

com tamanho de 100µm.

5.2 Sinterização dos pós compósitos em forno a vácuo

• A sinterização à temperatura de 1250°C possibilitou elevada densificação. O

carbeto de nióbio contribuiu de forma significativa para o aumento desta

densidade (7,86g/cm³ para o aço com adição de 3% de NbC e 7,04g/cm³ para o

aço sem NbC), elevando-a para valores superiores a aqueles obtidos com o aço

fundido no estado de recebimento (7,81g/cm³).

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CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES 114

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

• Para as amostras do aço sem adição do carbeto de nióbio, sinterizadas a 1150°C

e a 1250°C, apenas nas amostras sinterizadas a 1250°C houve dissolução dos

carbetos precipitados. Devido a esta dissolução, apesar destas amostras terem

atingido valores de densidade maiores do que as sinterizadas a 1150°C

(6,62g/cm³ para amostra sinterizada a 1150°C e 7,04/cm³ para amostra

sinterizada a 1250°C), não foi possível obter valores de dureza também maiores.

Isto pode ter acontecido devido ter havido uma diminuição na quantidade destes

precipitados com o aumento da temperatura.

• A O carbeto de nióbio adicionado ao aço impediu a precipitação de outros

carbetos em detrimento das propriedades mecânicas para as temperaturas de

sinterização experimentadas (1150°C e 1250°C). Observou-se que houve um

crescimento do tamanho dos carbetos e o aparecimento de uma fase

intermetálica que circunda alguns carbetos. Com o aumento da temperatura de

1150°C para 1250°C, estes carbetos também tiveram seu tamanho aumentado e

também foi formada uma estrutura perlítica.

• Nas amostras com adição de NbC, para as duas temperaturas de sinterização

experimentadas, foi observado, através das análises por difração de raios x, que

houve a precipitação de dois tipos de carbetos de nióbio diferentes (NbC0,87 e

Nb4C3) . Isto sugere que, na sinterização, houve uma dissolução destes carbetos

e no resfriamento foi formado carbetos com estequiometrias diferentes. Com o

aumento da temperatura de 1150°C para 1250°C, foi observado que houve um

aumento no valor de microdureza de 116HV±7,4 para 154HV±13,5,

respectivamente. Este aumento pode estar associado a dois fatores: aumento na

densificação da amostra e formação de uma fase perlítica.

5.3 Tratamento térmico de normalização

• Para o aço 15Kh2MFA puro, o tratamento térmico de normalização foi

suficiente para a obtenção da estrutura bainítica, apesar de que, quando a

temperatura foi aumentada, o valor de microdureza diminuiu. Isto pode estar

associado à descarbonetação do aço;

• Após a normalização, a adição do carbeto de nióbio no aço 15Kh2MFA não

influenciou de forma significativa os valores de microdureza e microestrutura

das amostras que foram apenas sinterizadas.

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SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A fim de preencher as lacunas que ainda existem a cerca deste tema, a seguir serão

relacionadas algumas sugestões para trabalhos futuros:

• Utilizar atmosfera carbnonizante como, por exemplo, o gás metano para evitar

a descarbonetação do sistema;

• Estudar diferentes quantidades de NbC neste aço para avaliar o efeito nas

propriedades mecânicas e na microestrutura;

• Utilizar outros carbetos como o carbeto de titânio, carbeto de molibdênio e

carbeto de tungstênio para observar se estes terão o mesmo comportamento do

carbeto de nióbio;

• Utilizar um forno a plasma para avaliar a influência da taxa de aquecimento e o

comportamento da sinterização;

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SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

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128

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

APÊNDICE – PARÂMETROS DE REDE

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Im-3m.

Figura A - 1. Parâmetros de rede para o Ferro-Manganês (Fe19Mn). Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Im-3m.

Figura A - 2. Parâmetros de rede para o Ferro-Cromo (Cr0,03Fe0,97).

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APÊNDICE – PARÂMETROS DE REDE 129

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Im-3m.

Figura A - 3. Parâmetro de rede para o Ferro-Molibdênio (Fe9,7Mo0,3).

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Im-3m.

Figura A - 4. Parâmetros de rede para o Ferro-Vanádio (Fe9V).

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APÊNDICE – PARÂMETROS DE REDE 130

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Im-3m.

Figura A - 5. Parâmetros de rede para o Ferro (Fe).

Sistema cristalino tetragonal com grupo espacial I4/mmm.

Figura A - 6. Parâmetros de rede para a Martensita (C0,07Fe1,93).

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APÊNDICE – PARÂMETROS DE REDE 131

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Im-3m.

Figura A - 7. Parâmetro de rede para o Cromo-Ferro-Vanádio (VCrFe8).

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Im-3m.

Figura A - 8. Parâmetro de rede para a Ferrita (Fe).

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APÊNDICE – PARÂMETROS DE REDE 132

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Sistema cristalino ortorrômbico com grupo espacial Pnma.

Figura A - 9. Parâmetros de rede para o Carbeto de Ferro (Fe3C).

Sistema cristalino hexagonal com grupo espacial P63mc.

Figura A - 10. Parâmetros de rede para o Carbeto de Ferro (Fe7C3).

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APÊNDICE – PARÂMETROS DE REDE 133

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Fm-3m.

Figura A - 11. Parâmetro de rede para o Carbeto de Tântalo (TaC).

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Fm-3m.

Figura A - 12. Parâmetros de rede para o Carbeto de Nióbio (NbC).

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APÊNDICE – PARÂMETROS DE REDE 134

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Fm-3m.

Figura A - 13. Parâmetros de rede para o Carbeto de Nióbio (NbC0,87).

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Pm-3m.

Figura A - 14. Parâmetros de rede para o Carbeto de Nióbio (Nb4C3).

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APÊNDICE – PARÂMETROS DE REDE 135

SILVA Jr, J. F. – TESE DE DOUTORADO – PPgCEM/UFRN – 2012

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Fm-3m.

Figura A - 15. Parâmetros de rede para o Carbeto de Nióbio-Cromo (Cr0,1Nb0,9C).

Sistema cristalino cúbico com grupo espacial Im-3m.

Figura A - 16. Parâmetros de rede para o Molibdênio (Mo).