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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FISIOTERAPIA ANALU TOLEDO MARINHO LEANDRO HERMISDORFF BERNARDO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE DOIS A SEIS MESES DE IDADE DE LACTENTES EGRESSOS DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL. Juiz de Fora 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FISIOTERAPIA

ANALU TOLEDO MARINHO LEANDRO HERMISDORFF BERNARDO

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE DOIS A SEIS MESES DE IDADE DE LACTENTES EGRESSOS DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL.

Juiz de Fora 2010

ANALU TOLEDO MARINHO LEANDRO HERMISDORFF BERNARDO

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE DOIS A SEIS MESES DE IDADE DE LACTENTES EGRESSOS DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito para a obtenção da aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Área de concentração: Saúde Materno-Infantil.

Orientadora: Profa. Dra. Jaqueline da Silva Frônio Co-Orientador: Andrea Januário da Silva

Juiz de Fora 2010

Marinho, Analu Toledo.

Desenvolvimento motor de dois a seis meses de idade de lactentes egressos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal / Analu Toledo Marinho, Leandro Hermisdorff Bernardo. – 2010. 76 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)—Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.

1. Recém-nascidos. 2. Puericultura - Crescimento. I. Bernardo,

Leandro Hermisdorff. II. Título.

CDU 616-083:613.95

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas contribuíram, direta ou indiretamente, para que chegássemos

até aqui, e por isso não poderíamos deixar de agradecê-las.

Primeiramente a Deus, que foi a nossa força e amparo desde o início, sendo

o principal responsável por esta conquista.

A nossa orientadora Jaqueline que sempre acreditou no nosso potencial e

trabalhou arduamente junto conosco para que este projeto se tornasse um trabalho

brilhante. Obrigado Jaque pela perfeição, zelo e dedicação. Você é um exemplo de

profissional e pessoa a se seguir.

A nossa co-orientadora Andrea que deu início a esse projeto e nos confiou

este trabalho se mostrando sempre solícita na resolução de nossas dúvidas.

A nossa equipe “Morbi”: Andrea, Luana e Fabiane por terem tornado este

trabalho uma tarefa muito menos árdua e muito mais prazerosa. Obrigado meninas

pelo apoio de sempre... Nada teria acontecido sem vocês!

As famílias que nos receberam, sendo parte fundamental deste estudo.

Aos nossos familiares, amigos e amores Thiago e Renata, obrigado pelo

apoio, incentivo, compreensão e por existirem nas nossas vidas, tornando nossa

caminhada muito mais leve!

Á Pollyanny e Ana Paula por se mostrarem sempre dispostas a nos ajudar.

Obrigada a todos que de alguma forma contribuíram! Nossa caminhada teria

sido muito mais árdua e bem menos divertida sem a presença e imensa ajuda de

vocês! Depois de dois anos de trabalho nos resta a certeza de que o esforço e

dedicação valeram a pena e hoje colhemos o fruto, um trabalho brilhante.

RESUMO

O desenvolvimento infantil é resultado da interação de fatores intrínsecos,

como fatores biológicos e do próprio organismo, e extrínsecos, como questões

sociais e ambientais. O objetivo do estudo foi avaliar o desenvolvimento motor de

dois a seis meses de idade de lactentes que permaneceram em UTIN e os possíveis

fatores e características que podem estar associados ao mesmo, como sua

condição motora no momento da alta da UTI, além da idade gestacional, tempo de

ventilação mecânica, peso ao nascimento e tempo de internação; e verificar o poder

preditivo, de dois aos seis meses de vida, e o melhor ponto de corte do TIMP,

quando aplicado na alta da UTIN. A amostra foi composta por 54 lactentes (19 do

sexo feminino e 35 do masculino). Os participantes foram avaliados no momento da

alta da UTIN com o Test of Infant Motor Performance (TIMP) e acompanhados

através da Alberta Infant Motor Scale (AIMS) de dois a seis meses de idade

corrigida. Para análise, foram utilizados os testes não paramétricos: Qui-Quadrado e

Mann-Whitney, considerando estatisticamente significativos valores de p<0,05 e

tendências os inferiores a 0,10. A maior parte dos lactentes apresentou desempenho

na AIMS abaixo do percentil 27 nos meses estudados, sendo também encontrado

grande percentual de classificações alteradas (entre 18 e 25%). Foi observada

tendência de associação no quinto mês (p=0,08) entre as classificações do TIMP e

da AIMS, sendo encontrados valores superiores a 72% na especificidade, VP

negativo e na acurácia em todos os meses estudados considerando-se o ponto de

corte de -2 DP no TIMP. Também foram encontradas diferenças significativas entre

os grupos normal e alterado, segundo a classificação no TIMP, e o percentil exato

da AIMS no quinto (p=0,012) e sexto mês (p=0,009). Observou-se uma possível

influência nos achados do tempo de internação aos dois (p= 0,05) e três meses

(p=0,08). Quando incluídas em um modelo de regressão logística multivariada,

apresentaram diferenças significativas ou tendências de diferenciação as variáveis

de controle: idade gestacional (p=0,002), tempo de ventilação mecânica (p=0,008) e

tempo de internação (p=0,06) aos dois meses; idade gestacional aos três, quatro e

seis meses (p=0,04, 0,02 e 0,03, respectivamente); e o peso ao nascimento aos seis

meses (p=0,08). Concluiu-se que a maioria dos participantes apresentou baixo

desempenho na AIMS dos dois aos seis meses de idade corrigida, sendo que os

possíveis fatores e características que podem estar associados ao mesmo são o

desempenho motor no TIMP, o tempo de internação, o peso ao nascimento, a idade

gestacional e o tempo em ventilação mecânica. Apresentar desempenho normal no

TIMP parece ser uma forte evidência de que o lactente apresentará desenvolvimento

motor grosso adequado nos seis primeiros meses de vida. Quanto ao valor preditivo,

o melhor ponto de corte a ser utilizado no momento da alta da UTIN parece ser o de

-2 DP.

Palavras chaves: Desenvolvimento infantil. UTI neonatal. Lactente. Fatores de

risco.

ABSTRACT

Child development is a result of the interaction of intrinsic factors, such as

biological factors and the organism itself, and extrinsic factors, such as social and

environmental issues. The purpose of this study was to evaluate the motor

development from two to six months of age in infants who remained in the NICU and

the possible factors and characteristics that may be associated with it, as his motor

condition at discharge from NICU, and gestational age, duration of mechanical

ventilation, birth weight and length of stay, and verify the predictive power of two to

six months of life, and the best cutoff point of TIMP, when applied to the discharge

from the NICU. The sample consisted of 54 infants (19 females and 35 males).

Participants were evaluated at discharge from the NICU with the Test of Infant Motor

Performance (TIMP) and followed through the Alberta Infant Motor Scale (AIMS)

from two to six months of corrected age. For statistical analysis, it used non

parametric tests: Chi-square and Mann-Whitney, considering statistically significant

values p<0.05 and trends in the lower to 0.10. Most infants presented in the AIMS

performance below the 27th percentile in the months studied, but also found a high

percentage of ratings changes (between 18 and 25%). A trend of association in the

fifth month (p=0.08) between the ratings of TIMP and the AIMS, with values

exceeding 72% in specificity, accuracy and VP negative in all months studied by

considering the point -2 SD cut in TIMP. Also significant differences were found

between normal and abnormal groups as classified in TIMP and the AIMS percentile

accurate in the fifth (p = 0.012) and sixth months (p = 0.009). There was a possible

influence on the findings of the time of admission to the two (p=0.05) and three

months (p=0.08). When included in a multivariate logistic regression model showed

significant differences or trends of differentiation control variables: gestational age

(p=0.002), duration of mechanical ventilation (p=0.008) and length of stay (p=0.06) to

two months, gestational age at three, four and six months (p=0.04, 0.02 and 0.03,

respectively) and birth weight at six months (p=0.08). It was concluded that most

participants had low performance on the AIMS from two to six months of corrected

age, and the possible factors and characteristics that may be associated with it are

motor performance in the TIMP, the time of admission, the weight birth, gestational

age and time on mechanical ventilation. Present in normal TIMP performance seems

to be strong evidence that the infant will present appropriate gross motor

development in the first six months of life. Regarding the predictive value, the best

cutoff to be used at the time of discharge from the NICU seems to be 2 SD.

Keywords: Child Development. NICU. Infant. Risk factors.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 10

2 OBJETIVOS.................................................................................................... 13

2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................... 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................ 13

3 METODOLOGIA............................................................................................. 14

3.1DESENHO DE ESTUDO............................................................................... 14

3.2 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES E CASUÍSTICA.................................... 14

3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS........................................ 15

3.4 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................ 18

REFERÊNCIAS.................................................................................................. 20

4 ARTIGO CIENTÍFICO..................................................................................... 23

APÊNDICES...................................................................................................... 46

APÊNDICE I TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO......... 46

APENDICE II CARTÃO DE REGISTRO DOS DADOS INDIVIDUAIS............... 48

ANEXOS............................................................................................................ 49

ANEXO I PROJETO “MORBI-MORTALIDADE DOS NEONATOS

EGRESSOS DE UTI NEONATAL EM JUIZ DE FORA”.....................................

49

ANEXO II PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA......................... 63

ANEXO III ALBERTA INFANT MOTOR SCALE(AIMS)..................................... 64

ANEXO IV TEST OF INFANT MOTOR PERFORMANCE (TIMP)......………… 70

ANEXO V CONCORDÂNCIA COM OS AUTORES DO TIMP........................... 76

11

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o crescente avanço tecnológico na área da saúde,

principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), vem refletindo

uma diminuição da taxa de mortalidade, porém o índice de morbidade infantil não

acompanhou tal queda, mantendo-se praticamente constante em vários centros de

referência em todo o mundo 1,2.

Lactentes são considerados de risco para alterações no desenvolvimento

quando expostos a determinados fatores que impliquem em maior probabilidade

deles apresentarem problemas perinatais e sequelas futuras 1,2

O desenvolvimento infantil é resultado da interação de fatores intrínsecos,

como fatores biológicos e do próprio organismo, e extrínsecos, como questões

sociais e ambientais. Desta forma, recém nascidos e lactentes que permanecem na

UTIN podem ser considerados como de risco para alterações no desenvolvimento

neuropsicosensoriomotor por apresentarem intercorrências ou fatores biológicos,

como o baixo peso e prematuridade, em associação com fatores externos (como o

pouco contato com a mãe, a carência de estímulos adequados)3. O próprio

ambiente no qual está inserido (UTIN) representa um potencial gerador de estresse,

devido a drástica mudança que o recém nascido (RN) experimenta ao fazer a

transição do ambiente intra-uterino para o hospitalar, onde normalmente

permanecerá por longos períodos 4 .

Assim, tendo em vista as situações nas quais os RN estão submetidos,

especificamente dentro do contexto que o levou à UTIN, pode-se esperar maior

predisposição para desenvolver alterações no desenvolvimento

neuropsicosensoriomotor. Desta forma, é fundamental identificar, desde o berçário,

os neonatos que são de risco para alterações no desenvolvimento, antes de sua

alta1,2.

Han e colaboradores 5 estudaram o desenvolvimento aos três anos de idade

de 437 nascidos pré-termo. A freqüência de paralisia cerebral (PC) foi de 40% nos

nascidos com peso <1.000 g e de 16,2% nos com peso entre 1.000 e 1.500g.

Estudos indicam que, nascidos com extremo baixo peso (<1.000 g) têm um risco 70

12

vezes maior de desenvolvimento de PC quando comparado ao nascimento com

peso > 2.500 g e menor chance de se graduar, possuem menor quociente de

inteligência (QI) e têm maior incidência de intercorrências médicas crônicas, em

parte por alterações neurosensoriais e peso abaixo do normal 6,7. Entre os quatro

domínios (cognitivo, neuromotor, audição e visão) que devem ser acompanhados de

perto nessas crianças, a incapacidade mais comum ocorre no componente cognitivo

8,9,10. A dificuldade de aprendizado pode persistir até a adolescência e ocorre mesmo

em crianças que têm inteligência e desenvolvimento neuromotor normais em fases

anteriores 7.

Associado aos fatores externos e internos relacionados ao período de

permanência na UTI pode-se somar o fato de, muitas vezes, os lactentes não

receberem a estimulação necessária, nos diferentes estágios do desenvolvimento,

para a aquisição de habilidades nestas áreas11, 12.

Além dos aspectos já referidos, sabe-se que a alta da UTIN não significa,

necessariamente, que o lactente tenha se recuperado completamente. De acordo

com Mancini e colaboradores13, o fisioterapeuta tem papel fundamental no

acompanhamento desses recém nascidos egressos dos serviços especializados de

UTIN desde o momento da alta, onde poderiam encaminhar o lactente para os

programas de seguimento, a fim de se detectar precocemente alterações que

poderão se manifestar em etapas específicas do desenvolvimento.

Estudos mostram que o processo de triagem permite identificar um maior

número de crianças com suspeita de atraso no desenvolvimento auxiliando no

processo de diagnóstico e intervenção precoce14,15. Porém observa-se que na

prática essas crianças podem ser encaminhadas tardiamente para os serviços de

atendimento especializado. Um estudo realizado por Bailey e colaboradores 16

demonstrou que a preocupação da família com o desenvolvimento da criança se

inicia apenas por volta do sétimo mês de vida. O diagnóstico é feito, em média, um

mês e meio depois e a criança será encaminhada para intervenção em média cinco

meses após feito o diagnóstico. Nesse contexto, torna-se útil o uso de testes e

escalas de desenvolvimento, os quais constituem instrumentos de avaliação

específicos que facilitam a detecção precoce de desvios, o planejamento do

tratamento e a implementação das condutas necessárias17.

13

Não foram encontrados estudos na literatura atual que relacionassem o

desempenho motor na alta da UTIN e nos meses subsequentes com a população

brasileira de lactentes de risco por meio de escalas padronizadas. Também não

existem estudos documentando e analisando o desenvolvimento motor nos

primeiros meses de vida de lactentes de risco da cidade de Juiz de Fora, Minas

Gerais e região.

Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o desenvolvimento motor dos dois

aos seis meses de idade de lactentes que permaneceram em UTIN e os possíveis

fatores e características que podem estar associados ao mesmo, como idade

gestacional, peso ao nascimento, tempo de internação e de ventilação mecânica,

além da condição motora no momento da alta da UTIN. Através destes estudos

pretende-se identificar o mais cedo possível os efeitos destas complicações no

desenvolvimento dos lactentes e indicar métodos simples e confiáveis de avaliação

da movimentação do lactente, permitindo, se necessário, a adoção de medidas

adequadas para a melhora do quadro clínico futuro.

14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar o desenvolvimento motor de lactentes egressos de UTIN dos dois

aos seis meses de idade e comparar com seu desempenho motor no momento da

alta.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar e classificar o desempenho motor dos participantes dos dois aos seis

meses de vida através da aplicação da Alberta Infant Motor Scale (AIMS).

Verificar se existe associação entre a pontuação obtida pelos participantes no

Test of Infant Motor Performance (TIMP), realizado no momento da alta da UTIN, e

suas pontuações na AIMS dos dois aos seis meses de vida.

Avaliar como as variáveis tempo de internação, peso ao nascimento, idade

gestacional, relação peso/idade gestacional e tempo de ventilação mecânica

interferem no desempenho motor dos participantes.

Verificar o poder preditivo de dois a seis meses de vida e o melhor ponto de

corte do TIMP, quando aplicado no momento da alta da UTIN.

15

3.1 DESENHO DE ESTUDO

Foi realizado estudo prospectivo, analítico comparativo, de uma coorte de

lactentes egressos de três Unidades de Terapia Intensiva Neonatal da cidade de

Juiz de Fora, Minas Gerais avaliados dos dois aos seis meses de idade corrigida. Os

resultados obtidos na escala de avaliação do desenvolvimento escolhida (AIMS)

foram comparados com o escore obtido no TIMP realizada no momento da alta da

UTIN.

3.2 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES E CASUÍSTICA

Foram convidados a participar, todos os lactentes que fizeram parte do grupo

de estudo do projeto “MORBI-MORTALIDADE DOS NEONATOS EGRESSOS DE

UTI NEONATAL EM JUIZ DE FORA” (ANEXO I), onde os mesmos foram avaliados

no momento da alta da UTIN através do TIMP e recrutados no período de agosto a

dezembro de 2009.

Foram encontradas 107 participantes em potencial. Desses, 24 não puderam

ser contactados, por dados incorretos nos registros hospitalares, três foram a óbito e

26 não aceitaram participar. Obteve-se, então, uma amostra de 54 participantes para

o estudo.

Foram excluídos do presente estudo, neonatos que apresentaram

malformações congênitas, síndromes genéticas, doenças progressivas, alterações

ortopédicas com necessidade de cirurgias e/ou imobilizações e lesões do sistema

nervoso periférico.

O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres

Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora – CEP/UFJF em 18 de junho de

2009, sob o parecer n° 121/2009 (ANEXO II).

16

3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

3.3.1 Seleção e acompanhamento dos participantes

Após a alta hospitalar, os participantes foram convidados a participar do

estudo por meio de contato telefônico, onde foi agendada uma visita ao domicílio

dos pais para esclarecimentos sobre a pesquisa e assinatura do TCLE (APÊNDICE

I). As avaliações foram marcadas nos meses programados nas datas de aniversário

dos lactentes (considerando a idade corrigida, com possível variação de sete dias

para mais e para menos) e realizadas por uma equipe previamente treinada, na

residência do participante. Os participantes foram acompanhados através da AIMS

dos dois aos seis meses de idade corrigida, com base na idade gestacional referida

na folha de admissão dos pacientes na UTIN.

3.3.2 Treinamento da equipe

O treinamento da equipe constou de teoria e prática sobre a aplicação da

AIMS e foi ministrado pela Profª. Drª. Jaqueline da Silva Frônio da Faculdade de

Fisioterapia da UFJF, o ICC atingido foi de 0.99 por todos avaliadores (quatro), com

base em dez avaliações de lactentes de diferentes faixas etárias.

3.3.3 Instrumentos e Medidas

Cada lactente foi avaliado por um dos membros da equipe através da AIMS,

desenvolvida por Piper e Darrah em 1994 18. A AIMS é uma escala observacional

17

que avalia o desenvolvimento motor global do nascimento até os 18 meses de idade

ou até a aquisição da marcha independente. Ela é composta por 58 itens divididos

em quatro subescalas: prona, supina, sentada e de pé. O avaliador observa o

desempenho motor do lactente e realiza a pontuação de cada subescala em uma

folha de registro, de acordo com critérios que avaliam a postura, a descarga de peso

e os movimentos espontâneos antigravitacionais, atribuindo um ponto para cada

item observado. O escore total, formado pela soma da pontuação das subescalas, é

então associado à idade cronológica ou corrigida, para determinar a posição do

lactente em um gráfico composto por curvas normativas. A validade científica, o

baixo custo e a facilidade de aplicação fazem com que esta escala seja bastante

utilizada para a avaliação e acompanhamento do desenvolvimento motor de

lactentes 17, tanto em pesquisas quanto na prática clínica 4, 18, 20.

Os materiais necessários para a aplicação da AIMS são: uma superfície

estável e ampla o suficiente para a realização livre das mudanças de decúbito (foi

levado um tapete de EVA desmontável), brinquedos apropriados para as idades dos

dois aos seis meses, folhas de registro e gráficos da AIMS (ANEXO III).

Os participantes foram avaliados quanto a performance motora no momento

da alta da UTIN através do Test of Infant Motor Performance- TIMP 21,(ANEXO IV)

por terem sido participantes do grupo de estudo do projeto já em andamento e citado

no item 3.2 (ANEXO I). Esta avaliação foi feita por pesquisadora que passou por

treinamento, avaliação e obteve índice de concordância (ANEXO V) diretamente

com as autoras do teste. O TIMP é um teste baseado na avaliação de posturas e de

controle motor seletivo necessário para a performance funcional durante as

atividades de vida diária na primeira infância. Os itens do teste são apresentados

como o resultado das demandas de movimentos experimentados pelos lactentes

durante as interações naturais com seus cuidadores como tomar banho, vestir e

brincar 22. Os itens do teste foram submetidos a Rasch Psychometric Analysis; e

esta indicou que eles fornecem alto grau de precisão para detectar pequenas

diferenças nas habilidades dos lactentes e formam uma escala hierárquica de alta

consistência interna e precisão para mensurar a performance motora21. Os

resultados de pesquisas com o TIMP sustentam sua validade em demonstrar

mudanças no desenvolvimento com a intervenção (84% dos itens) e é útil para

18

detectar desvios no desenvolvimento de forma precoce nos lactentes (96% dos

itens). O TIMP apresenta alta sensibilidade na relação idade e mudanças na

performance motora (r = 83) e é capaz de discriminar crianças com muitas

complicações clínicas, que tem baixas pontuações, daquelas saudáveis 22.

Para registro dos participantes, foi utilizado um protocolo de registro com

informações referentes à identificação e dados do paciente, pontuação do TIMP e a

pontuação da AIMS (APÊNDICE II).

3.3.4 Variáveis estudadas e conceitos

Para a análise dos dados e interpretação dos resultados foram utilizados os

seguintes critérios e parâmetros:

3.3.5 Variáveis independentes

• Idade

Foi considerada a idade, corrigida para os nascidos prematuros, do lactente

em meses permitindo uma variação de sete dias para mais ou para menos das datas

previstas para as avaliações (dos dois aos seis meses de idade)23.

• Desenvolvimento motor avaliado pelo TIMP.

Para a análise do desempenho foi considerado o percentil exato e a seguinte

categorização 24.

Desempenho adequado: acima de -2 desvio padrão (DP)

Desempenho inadequado: abaixo de -2 desvio padrão (DP)

Para verificar qual o melhor ponto de corte a ser utilizado no momento da alta da

UTIN, foram testados os valores preditivos considerando-se -0,5, -1 e -2 DP.

19

3.3.6 Variáveis dependentes

• Desenvolvimento motor avaliado pela AIMS

Para a análise do desempenho foi considerada a pontuação bruta e a seguinte

categorização 3 :

Desempenho adequado: acima do percentil 10.

Desempenho inadequado: abaixo do percentil 10

3.3.7 Variáveis de Controle

Foram consideradas como variáveis de controle: Peso ao nascimento; Idade

Gestacional; Tempo de Ventilação Mecânica (VM); Relação peso/ idade gestacional;

Tempo de internação; Sepse neonatal; Hemorragia Peri-Intraventricular e

Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica.

3.4 ANÁLISE DE DADOS

Os dados individuais coletados foram registrados no cartão de registro dos

participantes (APÊNDICE II) e posteriormente arquivados no programa SPSS 14. 0.

Para descrever o perfil da amostra segundo as variáveis em estudo, foram

confeccionadas tabelas de freqüência das variáveis categóricas, com freqüência

absoluta (n) e percentual (%), e estatísticas descritivas das variáveis contínuas, com

valores de média, mediana, desvio padrão, valores mínimo e máximo.

20

Com o objetivo de verificar as possíveis influências das variáveis de controle

nos achados, estas foram inicialmente inseridas em um modelo de regressão

logística uni e multivariada.

Para a análise estatística, foi realizada a testagem da hipótese de

normalidade dos dados através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Como os dados

não satisfizeram os critérios de normalidade, para comparação entre grupos,

segundo a classificação obtida no TIMP no momento da alta da UTIN, foi utilizado o

teste não paramétrico de Mann-Whitney. Para comparar as variáveis categóricas

entre os grupos foi utilizado o teste exato de Fisher ou o teste Qui-Quadrado. O nível

de significância adotado para os testes estatísticos foi p<0,05, sendo consideradas

tendências aqueles inferiores a 0,10.

Para a análise da performance motora avaliada pela AIMS, foi considerado o

percentil exato e como ponto de corte foi adotado o percentil 10, classificando-se

como desempenho “normal” os lactentes que obtiveram pontuação maior ou igual ao

percentil 10 e “alterado” aqueles que permaneceram abaixo deste valor.

Para cálculo da sensibilidade, especificidade, acurácia, valor preditivo positivo

e negativo (VP+ e VP-) do TIMP referente aos meses estudados, foram utilizadas as

fórmulas adaptadas de Stangler e colaboradores25. Os valores preditivos foram

calculados para três pontos de corte no desempenho do TIMP: -0,5, -1 e -2 DP.

Porém para análise da classificação do TIMP com os desempenhos na AIMS,

através dos testes Qui-Quadrado e Mann-Whitney, foi considerado apenas o ponto

de corte de -2 DP.

Os resultados, a discussão e a conclusão serão apresentados em formato de

artigo (Capítulo 4), que será enviado para possível publicação na revista

Developmental Medicine and Child Neurology e será adequado às normas do

periódico após sugestões da banca.

21

REFERÊNCIAS

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Recém Nascido de Alto Risco. Comitê de Follow-up do RN de Alto Risco da SOPERJ (1992-1994), editado pelo Serviço de Informação Científica da Nestlé em 1995.

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20. Almeida KM, Dutra MVP, Mello RR, Reis ABR, Martins PS. Validade concorrente e confiabilidade da Alberta Infant Motor Scale em lactentes nascidos prematuros. J de Pediatr.84(5):442-8, 2008.

21. Campbell SK. The Test of Infant Motor Performance: test user’s manual version 2.0. Chicago, 2005.

22. Campbell SK, Hedeker D. Validity of the Test of Infant Motor Performance for discriminating among infants with varying risk for poor motor outcome. The Journal of Pediatrics.139: 546-51, 2001.

23. Organização Mundial de Saúde. CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças e problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo. vol.1, 1997.

24. Campbell S. The Test of Infant Motor Performance, Test User´s Manual Version 2.0, Chigago, 37p. 2005.

25. Stangler SR, Huber C.J, Routh DK. Screening growth and development of preschool children: a guide for test selection. MacGraw-Hill Inc., New York, p. 51-5, 1980.

24

4 ARTIGO CIENTÍFICO

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE DOIS A SEIS MESES DE IDADE DE

LACTENTES EGRESSOS DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL

Introdução

Lactentes são considerados de risco para alterações no desenvolvimento,

quando expostos a determinados fatores que impliquem em maior probabilidade de

apresentarem problemas perinatais e sequelas futuras1. Assim, o desenvolvimento

infantil é resultado da interação de fatores intrínsecos, como fatores biológicos e do

próprio organismo, e extrínsecos, como questões sociais e ambientais. Desta forma,

recém nascidos e lactentes que permanecem na Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal (UTIN), podem ser considerados como de risco para alterações no

desenvolvimento neuropsicosensoriomotor por apresentarem intercorrências ou

fatores biológicos, como o baixo peso e prematuridade, em associação com fatores

externos, como o pouco contato com a mãe e carência de estímulos adequados2. O

próprio ambiente no qual está inserido (UTIN) representa um potencial gerador de

estresse, devido a drástica mudança que o recém nascido (RN) experimenta ao

fazer a transição do ambiente intra-uterino para o hospitalar, onde normalmente

permanecerá por longos períodos3. .

Han e colaboradores 4 estudaram o desenvolvimento aos três anos de idade

de 437 nascidos pré-termo. A freqüência de paralisia cerebral (PC) foi de 40% nos

nascidos com peso <1.000 g e de 16,2% nos com peso entre 1.000 e 1.500g.

Estudos indicam que, nascidos com extremo baixo peso (<1.000 g) têm um risco 70

vezes maior de desenvolvimento de PC quando comparado ao nascimento com

peso > 2.500 gramas. Além disso, possuem menor chance de se graduar,

apresentando menor quociente de inteligência (QI) e têm maior incidência de

intercorrências médicas crônicas, em parte por alterações neurosensoriais e peso

25

abaixo do normal5,6. Entre os quatro domínios (cognitivo, neuromotor, audição e

visão) que devem ser acompanhados de perto nessas crianças, a incapacidade mais

comum ocorre no componente cognitivo7,8,9. A dificuldade de aprendizado pode

persistir até a adolescência e ocorre mesmo em crianças que têm, aparentemente,

inteligência e desenvolvimento neuromotor normais em fases anteriores6.

Desta forma, a alta da UTIN não significa, necessariamente, que o lactente

tenha se recuperado completamente. De acordo com Mancini e colaboradores 10, o

fisioterapeuta tem papel fundamental no acompanhamento desses recém nascidos

egressos dos serviços especializados de UTIN desde o momento da alta, onde

poderiam encaminhar o lactente para os programas de seguimento, a fim de se

detectar precocemente alterações que poderão se manifestar em etapas específicas

do desenvolvimento. Associado aos fatores externos e internos relacionados ao

período de permanência na UTI pode-se somar o fato de, muitas vezes, os lactentes

não receberem a estimulação necessária, nos diferentes estágios do

desenvolvimento, para a aquisição de habilidades nestas áreas11, 12.

Estudos mostram que o processo de triagem permite identificar um maior

número de crianças com suspeita de atraso no desenvolvimento auxiliando no

processo de diagnóstico e intervenção precoce13,14. Porém observa-se que na

prática essas crianças podem ser encaminhadas tardiamente para os serviços de

atendimento especializado. Um estudo realizado por Bailey e colaboradores 15

demonstrou que as preocupações das famílias com o desenvolvimento da criança se

iniciam apenas por volta do sétimo mês de vida. O diagnóstico é feito, em média, um

mês e meio depois e a criança será encaminhada para intervenção em média cinco

meses depois de feito o diagnóstico. Nesse contexto, torna-se útil o uso de testes e

escalas de desenvolvimento, os quais constituem instrumentos de avaliação

específicos que facilitam a detecção precoce de desvios, o planejamento do

tratamento e a implementação das condutas necessárias16.

Não foram encontrados estudos na literatura atual que relacionassem o

desempenho motor na alta da UTIN e nos meses subsequentes com a população

brasileira de lactentes de risco por meio de escalas padronizadas. Também não

existem estudos documentando e analisando o desenvolvimento motor nos

26

primeiros meses de vida de lactentes de risco da cidade de Juiz de Fora, Minas

Gerais e região.

Assim, os objetivos deste trabalho foram: avaliar o desenvolvimento motor

dos dois aos seis meses de idade de lactentes que permaneceram em UTIN,

verificando sua possível associação com os achados da performance motora no

momento da alta (TIMP) e outros fatores potencialmente influenciadores desta

interação, como idade gestacional, tempo em ventilação mecânica, peso ao

nascimento e tempo de internação. Outro objetivo foi verificar o poder preditivo dos

achados do TIMP com os da AIMS, de dois a seis meses de vida, bem como o

melhor ponto de corte a ser utilizado no momento da alta da UTIN.

Através de estudos deste tipo pretende-se contribuir para a identificação o

mais cedo possível dos efeitos de fatores de risco no desenvolvimento nos primeiros

anos de vida, indicar métodos simples e confiáveis de avaliação da movimentação

do lactente, permitindo, se necessário, a adoção de medidas adequadas para a

melhora do quadro clínico futuro.

Métodos

Foi realizado estudo prospectivo, analítico comparativo, de uma coorte de

lactentes egressos de três Unidades de Terapia Intensiva Neonatal da cidade de

Juiz de Fora, avaliados dos dois aos seis meses de vida. Os resultados obtidos na

escala de avaliação do desenvolvimento escolhida (Alberta Infant Motor Scale-

AIMS) foram comparados com a classificação obtida no Test of Infant Motor

Performance (TIMP) realizado no momento da alta da UTIN.

Foram convidados a participar do estudo, os egressos das três UTIN públicas

da cidade de Juiz de Fora, que foram avaliados pelo TIMP no momento da alta da

UTIN, recrutados no período de agosto a dezembro de 2009, onde encontrou-se 107

participantes em potencial. Desses, 24 não puderam ser contatados, por dados

incorretos nos registros hospitalares, três foram a óbito e 26 não aceitaram

participar. Obteve-se, então, uma amostra de 54 participantes para o estudo.

27

Não foram incluídos no presente estudo neonatos que apresentaram

malformações congênitas, síndromes genéticas, doenças progressivas, alterações

ortopédicas com necessidade de cirurgias e/ou imobilizações e lesões do sistema

nervoso periférico.

O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres

Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora – CEP/UFJF em 18 de junho de

2009, sob o parecer n° 121/2009.

Após a alta hospitalar, os participantes foram convidados a participar do

estudo por meio de contato telefônico, onde foi agendada uma visita ao domicílio

dos pais para esclarecimentos sobre a pesquisa e assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido (TCLE). As avaliações foram marcadas nos meses

programados nas datas de aniversário dos lactentes (considerando a idade

corrigida, com sete dias para mais e para menos) e realizadas por um membro de

uma equipe de avaliadores, na residência do participante. Os participantes foram

avaliados através da AIMS dos dois aos seis meses de idade, corrigida para os

prematuros com base na idade gestacional referida na folha de admissão na UTIN.

Os quatro avaliadores envolvidos no estudo foram previamente treinados para a

aplicação da AIMS, tendo todos atingido ICC de 0.99.

A AIMS17 é uma escala observacional que avalia o desenvolvimento motor

global do nascimento até os 18 meses de idade ou até a aquisição da marcha

independente, sendo divida em quatro subescalas: prono, supino, sentado e de pé.

A validade científica, o baixo custo e a facilidade de aplicação fazem com que esta

escala seja bastante utilizada para a avaliação e acompanhamento do

desenvolvimento motor de lactentes em vários países, inclusive no Brasil, tanto em

pesquisas quanto na prática clínica3, 17, 18.

Os participantes foram avaliados quanto à performance motora no momento

da alta da UTIN através do Test of Infant Motor Performance- TIMP19. Esta avaliação

foi feita por pesquisadora que passou por treinamento, avaliação e obteve índice de

concordância e autorização para aplicação do teste diretamente com as autoras. O

TIMP é um teste baseado na avaliação de posturas e de controle motor seletivo

necessário para a performance funcional durante as atividades de vida diária na

primeira infância. Os itens do teste são apresentados como o resultado das

28

demandas de movimentos experimentados pelos lactentes durante as interações

naturais com seus cuidadores como tomar banho, vestir e brincar 20.

Foi utilizado um protocolo para registro dos dados individuais dos

participantes e sua pontuação no TIMP e na AIMS. Estes dados foram

posteriormente arquivados e analisados no programa SPSS 14.0. Para descrever o

perfil da amostra segundo as variáveis em estudo, foram feitas tabelas de freqüência

das variáveis categóricas, com os valores de freqüência absoluta (n) e percentual

(%), e estatísticas descritivas das variáveis contínuas, com valores de média,

mediana, desvio padrão, valores mínimo e máximo. Com o objetivo de verificar as

possíveis influências das variáveis de controle nos achados, estas foram inseridas

em modelo de regressão logística uni e multivariada.

Para a análise estatística, foi feita a testagem da hipótese de normalidade dos

dados através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Como os dados não satisfizeram os

critérios de normalidade, para comparação entre grupos segundo a classificação

obtida no TIMP no momento da alta da UTIN, foi utilizado o teste não paramétrico de

Mann-Whitney. Para comparar as variáveis categóricas entre os grupos foi utilizado

o teste exato de Fisher ou o teste Qui-Quadrado. O nível de significância adotado

para os testes estatísticos foi p<0,05, sendo consideradas tendências aqueles

inferiores a 0,10.

Para a análise da performance motora avaliada pela AIMS, foi considerado o

percentil exato e como ponto de corte foi adotado o percentil 10, classificando-se

como “normal” os lactentes que obtiveram pontuação maior ou igual ao percentil 10

e “alterado” aqueles que permaneceram abaixo deste valor.

Para cálculo da sensibilidade, especificidade, acurácia, valor preditivo positivo

e negativo (VP+ e VP-) do TIMP referente aos meses estudados, foram utilizadas as

fórmulas adaptadas de Stangler e colaboradores 21. Os valores preditivos foram

calculados para três pontos de corte no desempenho do TIMP: -0,5, -1 e -2 DP.

Porém para análise da classificação do TIMP com os desempenhos na AIMS,

através dos testes Qui-Quadrado e Mann-Whitney, foi considerado apenas o ponto

de corte de -2 DP.

29

Resultados

A amostra do estudo foi composta por 54 lactentes, sendo 19 (35,1%) do

sexo feminino e 35 (64,9%) do sexo masculino e suas características estão descritas

na Tabela 1.

Na análise descritiva das variáveis categóricas dos participantes, foi

observado que a maioria apresentava peso abaixo de 2499 gramas (61,1%), sendo

classificados como adequados a idade gestacional (81,4%) e com idade gestacional

inferior a 37 semanas (70,4%), onde grande parte nasceu entre 33 e 36 semanas de

gestação (42,6%). Quanto ao tempo de internação, 50% dos participantes

permaneceram mais de 20 dias e a a maioria (54,7 %) fez uso de ventilação

mecânica. Quanto à classificação da performance motora avaliada pelo TIMP,

quando considerado o ponto de corte de -0,5 DP, 54,9% da amostra obtiveram

desempenho alterado, considerando -1 DP e -2 DP, 39,2% e 9,2% receberam esta

classificação respectivamente. Quanto à presença ou não de intercorrências, nove

participantes apresentaram Hemorragia Intra-Craniana, dois Leucomalácia Peri-

ventricular, quatro Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica e três Sepse.

Algumas variáveis conínuas encontram-se descritas na Tabela 2. Observa-se

que nas variáveis idade gestacional, peso ao nascimento e idade gestacional no

TIMP a distribuição ocorreu de forma mais homogênea, uma vez que as médias e

medianas apresentaram valores próximos e os desvios-padrão (DP) foram de

pequena magnitude. Já nas variáveis tempo de internação, tempo em ventilação

mecânica e z-escore não houve distribuição homogênea dos dados, uma vez que na

primeira e segunda variáveis as médias e medianas se mostraram distantes (31,52 X

20 e 4,0 X 1, respectivamente) com altos DP (25,09 e 7,48) e na terceira variável o

desvio padrão foi alto (0.99) em relação a média e mediana.

30

Tabela 1- Distribuição de freqüência das características dos participantes do estudo.

Variáveis ƒ (%) Variáveis ƒ (%)

Peso (gramas) IG (semanas)

<1500 13 (24,1) < 33 15 (27,8)

>=1501 a <=2499 20 (37,0) >=33 a <=36 23 (42,6)

≥ 2.500 21 (38,9) >=37 16 (29,6)

Adequação Peso-IG Tempo Internação (d)

PIG 05 (9,3) 0 a 20 26 (50,0)

AIG 44 (81,4) 21 a 40 11 (21,2)

GIG 05 (9,3) > 41 15 (28,8)

Classificação TIMP (- 1 DP)* Classificação TIMP (- 2 DP)*

Normal 31 (60,8) Normal 46 (90,8)

Alterado 20 (39,2) Alterado 5 (9,2)

Classificação TIMP (-,5 DP)* HIC**

Normal 23 (45,1) Apresentou 9 (36,0)

Alterado 28 (54,9) Não apresentou 16 (64,0)

Sepse** Tempo em VM (d)**

Apresentou 3 (6,0) 0 dias 24 (45,3)

Não apresentou 47 (94,0) Até 1 dia 5 (9,4)

EHI** De 2 a 5 dias 10 (18,9)

Apresentou 4 (14,3) De 6 a 10 dias 10 (18,9)

Não apresentou 24 (85,7) Acima de 11 dias 4 (7,5)

f = frequência; d= dias; IG=idade gestacional; AIG=Adequado para a IG; PIG= Pequeno para a IG; GIG=Grande para a IG; VM= ventilação mecânica; DP=desvio padrão;HIC=Hemorragia Intra-Craniana;EHI=Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica. * Três participantes não foram avaliados por estarem com IG inferior a 34 semanas; ** Só foram computados os casos onde foi feita a investigação e que havia registro no prontuário da UTIN.

31

Tabela 2- Características dos participantes do estudo (variáveis contínuas)

Variáveis n Média ± DP Mín. P25 Median. P75 Máx.

IG (sem.) 54 34,52 ± 3,50 28 32 35 37 42

Peso nascim. (g) 54 2257,50 ± 812,1 880 1.582 2.335 2.840 3775

IG no TIMP (sem.)* 51 37,41 ± 2,75 34 36 37 39 44

Tempo de Internação (dias)** 52 31,52 ± 25,09 4 14 20 44 106

z-escore* 51 -0,673 ± 0.99 -3,13 -1,26 -0,64 -0,06 1,57

Tempo em VM (d)** 53 4,0 ± 7,48 0 0 1 6 45

n=número de participantes; DP=desvio padrão; Mín.=mínimo; Max.=máximo; Median.=mediana; P25 e P75=percentil 25 e 75; IG=idade gestacional; sem.=semanas; nascim.= nascimento; g=gramas; VM= ventilação mecânica; d=dias; * Três participantes não foram avaliados por estarem com IG inferior a 34 semanas; ** Alguns dados não foram computados devido a falta de registro nos prontuários da UTIN.

O número de participantes avaliados pela AIMS variou em cada mês

estudado, pois não foi possível realizar a avaliação dentro do prazo previsto em

alguns casos, mas por ter sido feita apenas análise transversal, estes dados

puderam ser considerados.

Considerando as classificações obtidas na AIMS, conforme mostrado na

Tabela 3, pelo menos 18% da amostra ficou abaixo do percentil 10 (P10th) nos

meses estudados, sendo classificados, portanto, como com desempenho alterado,

onde aos seis meses de idade corrigida, ¼ da amostra recebeu esta classificação.

32

Tabela 3- Avaliações da AIMS dos participantes

Ponto de Corte/ Avaliação n >= P10th/ ƒ (%) <P10th/ ƒ (%)

2 meses 32 26 (81,2%) 6 (18,8%)

3 meses 38 29 (76,3%) 9 (23,7%)

4 meses 42 34 (81,0%) 8 (19,0%)

5 meses 39 30 (76,9%) 9 (23,1%)

6 meses 40 30 (75,0%) 10 (25,0%)

n=número de participantes avaliados em cada mês; f = frequência; P10th= percentil 10.

Os valores de média, desvio padrão, valores mínimo, P25, mediana, P75 e

valores máximos obtidos pelos participantes na AIMS (percentil exato), encontram-

se na Tabela 4. Nota-se que não há distribuição homogênea dos dados nos meses

estudados uma vez que os DP são altos em todos eles (sendo em alguns casos

superiores à mediana) e as médias apresentam valores distantes às medianas,

principalmente nas avaliações aos quatro (respectivamente 35,3 e 25) e seis meses

(respectivamente 36,61 e 27,1).

Tabela 4- Características dos participantes do estudo segundo a AIMS (Índice Percentil)

Variáveis n Média ± DP Mín. P25 Mediana P75 Máx.

IP AIMS- 2 m 32 30,02 ± 22,88 3,2 10,0 25,0 40,6 90,0

IP AIMS- 3 m 38 34,64 ± 26,02 4,4 9,8 27,5 50,0 90,0

IP AIMS- 4 m 42 35,30 ± 25,92 3,4 10,2 25,0 50,0 90,4

IP AIMS- 5 m 39 27,38 ± 23,71 0 10,0 23,2 30,2 91,4

IP AIMS- 6 m 40 36,61 ± 29,57 0 10,3 27,1 60,4 93,8

n=número de participantes avaliados em cada mês; DP=desvio padrão; Min.=mínimo; Max.=máximo; P25 e P75=percentil 25 e 75; m=meses; IP= Indice Percentil.

33

Os achados sobre as possíveis associações entre a classificação do

TIMP e a classificação do desenvolvimento motor pela AIMS podem ser

visualizados na Tabela 5. Para esta análise, bem como para a descrita na

Tabela 6, foi considerado como ponto de corte no TIMP apenas o valor de -2

DP, sendo que os participantes que tiveram o desempenho acima deste valor

foram considerados como com desempenho normal e os que tiveram abaixo,

alterados. Foi encontrada uma tendência de associação, no quinto mês

(p=0,080), onde 33% dos lactentes apresentaram desenvolvimento motor

alterado pelas duas escalas. Apesar disto, pode-se observar que a maioria dos

participantes que apresentaram desenvolvimento normal pela AIMS aos dois

(91,7%), três (92,6%), quatro (96,8%), cinco (92,6%) e seis meses (92,6%),

também haviam sido classificados como normais pelo TIMP.

34

Tabela 5- Associação entre a pontuação obtida no TIMP (considerando -2 DP)

e na AIMS.

* Fisher’s Exact Test; f= Frequência

Quando analisado o desempenho dos participantes na AIMS como variável

contínua (percentil exato) segundo a classificação obtida no TIMP (normal ou

alterado), foram encontradas diferenças estatisticamente significativas aos cinco e

seis meses (Tabela 6), com desempenho superior para o grupo que recebeu

classificação normal no momento da alta da UTIN.

TIMP

p-valor

Normal Alterado Total

f (%) f (%)

AIMS (2 Meses) Normal 22 (91,7) 2 (8,3) 24

0,169* Alterado 4 (66,7) 2 (33,3) 6

AIMS (3 Meses) Normal 25 (92,6) 2 (7,4) 27

0,553* Alterado 7 (87,5) 1 (12,5) 8

AIMS (4 Meses) Normal 30 (96,8) 1 (3,2) 31

0,101* Alterado 6 (75,0) 2 (25,0) 8

AIMS (5 Meses) Normal 25 (92,6) 2 (7,4) 27

0,088* Alterado 6 (66,7) 3 (33,3) 9

AIMS (6 Meses) Normal 25 (92,6) 2 (7,4) 27

0,110* Alterado 7 (70,0) 3 (30,0) 10

35

Tabela 6- Associação entre a classificação no TIMP (considerando -2 DP) e o

percentil exato na AIMS

TIMP

Normal Alterado

n Rank

Médio

Média ± DP

n Rank

Médio

Média ± DP p-valor

AIMS 2 26 15,6 29,7 ± 21,1

4 14,7 34,9 ± 40,4 0,883

AIMS 3 32 17,7 34,7 ± 26,4

3 21,1 44,1 ± 34,1 0,595

AIMS 4 36 20,6 37,0 ± 26,5

3 11,6 20,9 ± 25,3 0,208

AIMS 5 31 20,2 30,0 ± 24,7

5 7,8 8,3 ± 10,0 0,012*

AIMS 6 32 20,7 40,6 ± 30,0

5 7,6 9,2 ± 12,3 0,009*

* Teste de Mann – Whitney; n=número de participantes; DP=desvio padrão.

Para verificar as possíveis influências das variáveis de controle nos achados,

estas foram inicialmente inseridas em um modelo de regressão logística univariada.

Observou-se uma possível influência das seguintes variáveis: tempo de internação

aos dois (p= 0,05) e três meses (p=0,08). Quando incluídas em um modelo de

regressão logística multivariada, apresentaram diferenças significativas ou tendências

de diferenciação as variáveis: idade gestacional (p=0,002), tempo de ventilação

mecânica (p=0,008) e tempo de internação (p=0,06) aos dois meses; idade

gestacional aos três, quatro e seis meses (p=0,04, 0,02 e 0,03, respectivamente); e o

peso ao nascimento aos seis meses (p=0,08). Aos cinco meses não houve valores

estatisticamente significativos ou tendências de diferenciação.

36

Considerando-se os três possíveis pontos de corte (-0,5, -1 e -2 DP), os

valores preditivos do TIMP realizado no momento da alta da UTIN para os meses

estudados podem ser visualizados na Tabela 7.

Com -2 DP, foram encontrados valores superiores a 72% na especificidade,

VP- e na acurácia em todos os meses estudados. Apesar disso, não foram

encontrados níveis aceitáveis de sensibilidade e especificidade simultaneamente

com nenhum ponto de corte, sendo que valores de sensibilidade aceitáveis foram

encontrados apenas no segundo mês considerando -0,5 DP (0,71) e -1 DP (0,83).

37

Tabela 7- Valores preditivos da AIMS nos diferentes pontos de cortes utilizados no

TIMP no momento da alta da UTIN.

Idade Ponto de corte Sensibilidade (%) Especificidade(%) VP+ (%) VP−(%) Acurácia (%)

2 M - 2 DP 33 91 50 84 80

-1 DP 83 62 35 93 66

-0,5 DP 71 41 26 83 48

3 M - 2 DP 12 95 33 78 74

-1 DP 37 59 21 76 54

-0,5 DP 50 40 20 73 42

4 M - 2 DP 25 96 66 83 82

-1 DP 37 64 21 80 58

-0,5 DP 50 45 19 77 46

5 M - 2 DP 33 92 60 80 77

-1 DP 33 59 21 72 52

-0,5 DP 44 40 20 68 41

6 M - 2 DP 30 92 60 78 75

-1 DP 40 66 30 75 59

-0,5 DP 40 48 22 68 45

VP+= valor preditivo positivo; VP−= valor preditivo negativo; M= meses; DP= Desvio Padrão

38

Discussão

O presente estudo teve como principal objetivo verificar o desenvolvimento

motor de lactentes egressos de UTIN dos dois aos seis meses de idade e comparar

com seu desempenho motor no momento da alta. Desta forma, os resultados podem

contribuir para os conhecimentos na área, uma vez que existe literatura insuficiente

sobre este tema, principalmente acerca de lactentes brasileiros.

O desempenho da população do estudo na AIMS foi baixo, nos meses

estudados, o que seria esperado por se tratar de amostra de egressos de UTIN e,

portanto, de lactentes de risco, onde os valores das medianas indicam que metade

da população do estudo apresentou desempenho na AIMS próximo ao percentil 25

nos meses estudados. A porcentagem de lactentes com desempenho alterado,

apesar de representativa em todos os meses, foi menor aos dois meses (18,8%) e

maior aos seis (25%), o que pode indicar que os possíveis efeitos dos fatores de

risco foram melhor percebidos pela AIMS no final do primeiro semestre de vida. Em

um estudo feito por Campbell e colaboradores22 , 28,0% dos lactentes ficaram abaixo

do percentil 10 aos seis meses de idade corrigida na AIMS, freqüência muito

parecida com a encontrada no presente estudo, sendo a amostra de ambos incluiu

lactentes com diferentes graus de risco.

Nas associações entre o TIMP e a AIMS, houve uma tendência de associação

no quinto mês, e a grande maioria dos participantes com classificação normal pelo

TIMP também foi classificada como tal pela AIMS nos meses estudados, o que

sugere que apresentar desempenho normal no momento da alta da UTIN aumenta a

probabilidade do lactente manter esta classificação nos meses subsequentes. Tal

resultado se assemelha aos de Campbell e colaboradores22, que refere que um

lactente com um bom desempenho no TIMP aos três meses de vida possui 98% de

chances de obter uma pontuação acima do percentil 5 aos 12 meses de vida na

AIMS. Segundo os autores, isso ocorre devido ao fato do TIMP ter sido desenvolvido

de forma abrangente, no que se refere a funcionalidades dos indivíduos testados,

investigando de forma pormenorizada alguns aspectos do desenvolvimento motor,

39

como reações de retificação e controle seletivo, mesmo em idades precoces,

tornando mais difícil de ser atingido o critério para classificação do desempenho

como normal.

Quando analisados os valores dos percentis exatos encontrados nas

avaliações pela AIMS, segundo a classificação no TIMP, foram encontradas

diferenças estatisticamente significativas entre os grupos aos cinco e seis meses,

onde aqueles que tiveram desempenho normal no TIMP obtiveram valores

superiores na AIMS. Desta forma, com a eliminação do ponto de corte, a AIMS

parece perceber diferenças mais sutis que podem estar relacionadas ao

desempenho motor presente no momento da alta, sugerindo que os fatores que

levaram a um mau desempenho no TIMP na alta da UTIN ainda exercem efeitos na

capacidade motora no final do primeiro semestre de vida, mesmo nos indivíduos que

permaneceram acima do ponto de corte.

Como o desempenho no TIMP não esteve associado à classificação ou ao

desempenho dos lactentes na AIMS em alguns meses estudados, foram controladas

algumas variáveis com o objetivo de verificar suas possíveis influências. No presente

estudo as variáveis que parecem estar mais associadas ao desfecho, quando

considerada a classificação inicial no TIMP, são: o tempo de internação, o peso ao

nascimento, o tempo de ventilação mecânica e a idade gestacional. A influência

dessas variáveis corrobora os achados da literatura científica.

Quanto à idade gestacional estudos mostram que a frequência de morbidades

é maior quanto menor a idade gestacional, os prematuros apresentam um

desenvolvimento diferenciado com maiores desvios e atrasos quando comparados

aos nascidos a termo23,24. Estudos que relacionam o peso ao nascimento e o

desenvolvimento motor, relatam que crianças de baixo peso tendem a apresentar

um desempenho inferior no desenvolvimento neuropsicomotor e sensorial23,25. O uso

prolongado da ventilação mecânica tem indicado maior incidência de lesões

cerebrais severas em lactentes26,27. Já com relação ao tempo de internação, a

hospitalização neonatal por mais do que cinco dias tem sido considerado um fator de

risco para complicações neonatais e alterações no desenvolvimento24,25. Isto porque,

somada às características inerentes da prematuridade e do baixo peso ao nascer, a

permanência no hospital aumenta a probabilidade de ocorrência de condições

40

crônicas e infecções, propiciada pela maior imaturidade destes recém nascidos,

inclusive imunológica.

As demais variáveis de controle cruzadas, dentre elas a sepse neonatal,

hemorragia peri-intraventricular e a encefalopatia hipóxico-isquêmica não

apresentaram valores estatisticamente significativos ou tendências de diferenciação

na interação com a AIMS e o TIMP. A literatura também aponta estes como fatores

de risco28,29, mas acredita-se que devido ao baixo número de lactentes que

apresentaram estas intercorrências na presente amostra, estas possíveis influências

não puderam ser percebidas pelos testes estatísticos empregados.

O fato de não terem sido encontradas variáveis de controle associadas ao

desempenho na AIMS no quinto mês, pode indicar que o desempenho motor no

momento da alta da UTIN é um importante fator a ser considerado no

acompanhamento dos egressos de UTIN, uma vez que foram encontrados valores

estatisticamente significativos entre as duas escalas.

A realização de pesquisas sobre o valor preditivo de escalas de avaliação do

desenvolvimento contribui de forma significativa para a prática clínica, permitindo

que sejam identificados instrumentos de avaliação específicos, respaldados em

dados científicos, que facilitem a detecção precoce a médio e longo prazo de

alterações no desenvolvimento do lactente. No presente estudo avaliou-se o poder

preditivo do TIMP quando aplicado no momento da alta da UTIN para os achados no

desenvolvimento motor de dois a seis meses de idade (corrigida para os pretermos).

Como não há ainda consenso na literatura quanto ao melhor ponto de corte a

ser utilizado, foram testados os pontos de -0,5, -1 e -2 DP a fim de identificar a

melhor correspondência com os resultados da AIMS nos meses estudados.

Quando utilizado o ponto de corte -2 DP, os valores de especificidade e VP-

foram melhores em todos os meses estudados, ficando acima de 72%. Desta forma,

o lactente apresentar desempenho normal pelo TIMP no momento da alta da UTIN

indica fortemente que ele apresentará desempenho motor grosso normal no primeiro

semestre de vida. O fato de não terem sido encontrados simultaneamente níveis

aceitáveis de sensibilidade e especificidade em um mesmo mês com nenhum dos

três pontos de corte, não indica que este não é um bom parâmetro inicial, mas sim

que este achado deve ser considerado de forma ponderada, não devendo ser

41

utilizado como critério único para o encaminhamento ou não para a intervenção

precoce.

Em um estudo feito por Campbell e colaboradores22, foi pesquisada a

validade preditiva em um grupo de 96 crianças com diferentes graus de risco, entre

as medidas relativas do TIMP aos sete, 30, 60 e 90 dias após o nascimento e a

AIMS aos seis, nove e 12 meses. Foi encontrado que o ponto de corte -1 DP

maximizou a acurácia, classificando corretamente 84% e 88% das crianças aos seis

e 12 meses respectivamente. Já o ponto de corte -0,5 DP, no entanto, maximizou a

sensibilidade chegando a 92% aos 12 meses.

Desta forma, a adoção de um ponto de corte específico pode variar de acordo

com o objetivo pretendido. Quando pretende-se classificar corretamente um maior

número de lactentes e/ou identificar os que apresentarão desenvolvimento motor

normal no primeiro semestre de vida, deve-se utilizar pontos de corte com valores

mais altos de acurácia e valor preditivo negativo. Para a identificação de um maior

número de recém nascidos que apresentarão alterações no desenvolvimento, o

melhor a ser utilizado é o ponto de corte com mais alto valor de sensibilidade.

De acordo com os resultados, o ponto de corte -2 DP foi o que apresentou

melhor capacidade preditiva entre os achados das duas escalas, pois o total de

classificações corretas (acurácia) foi igual ou superior a 74% em todos os meses

estudados. Apesar disto, acredita-se que o momento em que foi aplicado o TIMP

(alta da UTIN) pode não ser o melhor para a discriminação dos lactentes que

apresentarão alterações no desenvolvimento de dois a seis meses de idade, já que

não foram encontrados níveis aceitáveis de sensibilidade e especificidade

simultaneamente nos meses estudados. Uma das possíveis explicações para este

achado seria que a UTIN por si só já é um fator gerador de estresse adicional que

poderia afetar o desempenho do lactente1, onde o neonato é privado da presença

dos pais, sendo submetido a manuseios excessivos e desgastantes, além de muitas

vezes serem utilizadas medicações que podem alterar seu metabolismo e sua

fisiologia. Quando se realiza o teste próximo à alta da UTIN, o lactente ainda está

sob estas influências, podendo levar então, naquele momento, a um mascaramento

do verdadeiro potencial do lactente.

42

Segundo Campbell e colaboradores22 lactentes com complicações perinatais

podem ter mau desempenho no TIMP quando aplicado com menos de três meses,

mesmo naqueles que mostram recuperação do desempenho motor no segundo,

terceiro ou quarto trimestre de vida.

Vale ressaltar que, com base nos achados do presente estudo e nos de

Campbell e colaboradores22, pontuações altas no TIMP com menos de três meses

de idade podem ser utilizados para tranqüilizar os pais quanto ao desenvolvimento

do seu filho, pois é muito provável que este continue com um desenvolvimento

normal nos meses subsequentes.

Como limitações do estudo, podemos citar a grande perda de possíveis

participantes (22,4%) devido à impossibilidade de localização dos mesmos, por

dados incorretos constantes nos prontuários das UTIN, e o tempo de

acompanhamento dos participantes, até o sexto mês de idade corrigida. O tipo, a

freqüência, a idade de início e a qualidade da intervenção recebida pelo lactente e

seus familiares, vêem sendo indicados pela literatura científica como fatores

importantes do desenvolvimento subsequente 30,31,32. No presente estudo não foi

possível controlar estas variáveis. Desta forma, estudos adicionais com maior

representatividade percentual dos egressos de UTIN, com período mais prolongado

de acompanhamento e que considere as possíveis intervenções recebidas nos

primeiros meses de vida são recomendáveis para confirmar ou não as evidências

aqui apresentadas.

Concluindo, a maioria dos participantes apresentou desempenho motor

abaixo do esperado segundo a normatização da AIMS dos dois aos seis meses de

idade corrigida, sendo que os possíveis fatores e características que podem estar

associados ao mesmo são o desempenho motor no TIMP, o tempo de internação, o

peso ao nascimento, a idade gestacional e o tempo em ventilação mecânica.

Apresentar desempenho normal no TIMP parece ser uma forte evidência de que o

lactente apresentará desenvolvimento motor grosso adequado nos seis primeiros

meses de vida. Quanto ao valor preditivo, o momento da alta da UTIN parece não

ser o melhor para discriminação dos indivíduos que apresentarão desenvolvimento

alterado nos primeiro semestre de vida, mas o ponto de corte que permitiu o maior

número de classificações corretas foi -2 DP.

43

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47

APÊNDICE I: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) PROJETO: DESENVOLVIMENTO MOTOR DE LACTENTES EGRESSOS DE UTI-NEONATAL AOS 2, 3, 4, 5 E 6 MESES DE VIDA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA PESQUISADOR RESPONSÁVEL: PROF. DRª. JAQUELINE DA SILVA FRÔNIO FST. ANDREA JANUÁRIO DA SILVA ENDEREÇO: UFJF- Campus Universitário - FACULDADE DE MEDICINA - DEPTO. FISIOTERAPIA, Bairro Martelos, Juiz de Fora-MG, CEP: 36036-330 FONE: (32) 30617926/ (32)99826326 E-MAIL: [email protected] Nome do Responsável pelo lactente: ____________________________________ Endereço: _________________________________________________________ Nome da Criança: ___________________________________________________ Data de Nasc.: ____/____/____ Instituição:______________________ Número de registro no hospital: __________

O (A) seu (sua) filho (a) está sendo convidado (a) a participar como voluntário (a) da pesquisa “DESENVOLVIMENTO MOTOR DE LACTENTES EGRESSOS DE UTI-NEONATAL AOS 2, 3, 4, 5 E 6 MESES DE VIDA”. O objetivo do presente estudo é verificar como é o desenvolvimento e a movimentação nos primeiros seis meses de vida de bebês que apresentaram complicações ao nascimento e permaneceram na Unidade de Terapia Intensiva, como é o caso do seu filho. Além disto, pretende-se verificar se as condições apresentadas pelo mesmo na alta da UTI podem ajudar a prever como será o seu desenvolvimento neste período. Através destes estudos pretende-se identificar o mais cedo possível os efeitos destas complicações no desenvolvimento da criança e indicar métodos simples e confiáveis de avaliação da movimentação do bebê, permitindo, se necessário, a adoção de medidas adequadas para a melhora do quadro clínico futuro.

Para isto, pedimos que nos permita avaliar seu filho aos 2, 3, 4, 5 e 6 meses com o teste denominado AIMS (Alberta Infant Motor Scale), que consiste na observação de posturas que são comuns aos bebês. Para isto, o bebê será posicionado por você (pais/responsável) em um colchonete ou cama para que o teste comece. A partir daí o pesquisador observará a movimentação do bebê quando deitado de barriga para baixo, deitado de barriga para cima, sentado e de pé, bem como a forma como ele muda de uma posição para outra, sendo dados estímulos com alguns brinquedos. O procedimento terá duração aproximada de 10 a 20 minutos e não oferece risco à integridade física e psíquica do bebê, além dos riscos habituais que ele está sujeito durante o tempo que brinca em casa. Apesar disto, havendo acidentes comprovadamente relacionados à realização dos testes, os pesquisadores se comprometem a tomar as devidas providências, assumindo os custos e encaminhando aos tratamentos necessários. A avaliação será realizada em sua própria residência, em dia e horário previamente combinado, buscando não alterar a rotina de alimentação e cuidados do bebê, e será aplicada por uma equipe de profissionais previamente treinados sob a orientação da Drª Jaqueline da Silva Frônio (Prof.a do Departamento de Fisioterapia da UFJF).

Na presente pesquisa utilizaremos também dados referentes a situação clinica de seu filho durante a internação, o peso ao nascimento, o tempo de gestação, o tempo de internação e seu desempenho na avaliação fisioterapeutica realizada em sua alta da UTI, dados coletados previamente no estudo MORBI-MORTALIDADE DE NEONATOS EGRESSOS DE UTI NEONATAL EM JUIZ DE FORA, do qual seu filho participou.

48

Para efeito de registro e acompanhamento da evolução do bebê, algumas avaliações serão filmadas e/ou fotografadas. O pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo e as informações serão utilizadas apenas para fins científicos, sendo a identidade da criança mantida em absoluto sigilo. O material armazenado no registro de dados ficará guardado com os pesquisadores por 5 (cinco) anos e depois será incinerado. Esclarecemos ainda que os resultados encontrados serão comunicados aos senhores, pensando assim retribuir, em parte, a colaboração que estão prestando.

Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido o seu bebê. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelos pesquisadores responsável, no departamento de Fisioterapia, da Faculdade de Medicina da UFJF e a outra será fornecida a você. Eu, ____________________________________________, portador do documento de Identidade ___________________,_ responsável por ___________________________________________, fui informado (a) dos objetivos do estudo “DESENVOLVIMENTO MOTOR DE LACTENTES EGRESSOS DE UTI-NEONATAL AOS 2, 3, 4, 5 E 6 MESES DE VIDA”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar. Estou ciente ainda que poderei ter esclarecimentos antes e durante o desenvolvimento da pesquisa e poderei ver o que está sendo feito com o bebe, acompanhando o exame. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 200. Nome Assinatura participante Data Nome Assinatura pesquisador Data Nome Assinatura testemunha Data Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o CEP- COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF - PRÓ-REITORIA DE PESQUISA CEP 36036.900 FONE: 32 3229 3788

49

APÊNDICE II: CARTÃO DE REGISTRO DOS DADOS INDIVIDUAIS COLETADOS

DESENVOLVIMENTO MOTOR AOS 2, 3, 4, 5 E 6 MESES DE VIDA DE LACTENTES EGRESSOS DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL.

Cartão de Registro dos Dados Individuais Coletados

Nome:_____________________________________________Número de Registro:___ Data de Nascimento: __/__/__ Instituição de Internação: _____________________ Data da Alta: __/__/__ Nome do responsável: ____________________________Data de Nascimento: __/__/__ Endereço: ____________________________________ Bairro:___________________ Telefone 1: (___) ____-____ Telefone 2: (___) ____-____ Celular: (___) ____-____ Dados do Lactente: Peso ao nascimento: ___________ Idade Gestacional (IG):__________________ Classificação Peso/IG: () AIG () PIG () GIG Apgar: 1ºmin......... 5º min .......... Tempo de Internação:_____________ VM: ( ) Não ( ) Sim nº dias: .......... Icterícia: ( ) Não ( ) Sim: nº dias em foto: .......... Ex-sanguineo? ( ) Não ( ) Sim Sepse neonatal: ( ) Não ( ) Sim Tipo:.................................. Confirmada? ( ) Não ( ) Sim Presença de convulsões: ( ) Não ( ) Sim Fez exame de Neuro-imagem? ( ) Não ( ) Sim- Tipo:_____________ Resultado: ( ) normal ( ) alterado:.................................................................... Displasia Broncopulmonar? ( ) Não ( ) Sim Hemorragia Peri-Intraventricular? ( ) Não ( ) Sim- Grau:________ Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica? ( ) Não ( ) Sim- Grau:___________

TIMP Escore Bruto Ìndice Percentil

Observações:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Avaliação AIMS

Data/idade

Escore Bruto

Índice Percentil

50

ANEXO I: Projeto “MORBI-MORTALIDADE DOS NEONATOS EGRESSOS DE UTI NEONATAL EM JUIZ DE FORA”

1. Justificativa/Caracterização do Problema

O desenvolvimento infantil pode ser otimizado a partir da identificação

precoce de alterações no bebê, o encaminhamento para a estimulação do mesmo e

da implementação de um trabalho conjunto com os pais. Os recém nascidos e

lactentes são identificados como de risco para alteração na performance motora na

Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) se tiveram injúria ao nascimento

ou no período neonatal, mal-formação, baixo peso, prematuridade, e devem ser

encaminhados para serviços de seguimento após a alta.

Estudos multicêntricos realizados em centros de terapia intensiva neonatal

têm mostrado significantes diferenças nas características dos recém nascidos de

muito baixo peso, na morbidade, mortalidade e intervenções antenatais (VOHR,

2004).

Com o aumento do número de Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal e

mudanças no atendimento perinatal, neonatos e lactentes cada vez menores tem

sobrevivido e isso tem trazido aumento da morbidade muitas vezes com seqüelas

evitáveis.

Nos países mais desenvolvidos, a investigação clínica de colaboração

multicêntrica de recém nascidos de muito baixo peso tem permitido quantificar a

eficácia das intervenções, assim como estabelecer sistemas de informações para

melhorar a qualidade dos serviços que não obtém os melhores resultados.

Um desses sistemas de colaboração multicêntrica foi desenvolvido pela

Vermont Oxford Network (VON) com o objetivo de melhorar a efetividade e eficácia

dos cuidados na assistência dos recém nascidos de muito baixo peso e suas

famílias por meio de programas coordenados de investigação, educação e projetos

de melhora da qualidade da atenção. A VON tem sido considerada como boa

referência para comparar resultados da atenção neonatal em países em

desenvolvimento, já que essas UTIN têm contribuído substancialmente para a

51

redução da morbi-mortalidade dos recém nascidos prematuros de muito baixo peso

nas últimas décadas, mediante o uso adequado de intervenções.

Por intermédio do banco de dados da VON, as informações obtidas das

unidades de tratamento intensivo neonatais são fundamentais para se tornar

conhecido o cenário epidemiológico no qual cada unidade está inserida.

Desde os anos 90, a mortalidade neonatal tem sido motivo de crescente

preocupação para a saúde pública no Brasil, quando passou a ser o principal

componente da mortalidade infantil, em decorrência da redução mais acentuada da

mortalidade pós-neonatal. A taxa de mortalidade neonatal vem se mantendo

estabilizada em níveis elevados, com pouca modificação do componente neonatal

precoce, ocupando importante papel na taxa de mortalidade infantil no País

(MARANHÃO; SZWARCWALD apud CASTRO, 2005). A diminuição das taxas de

mortalidade infantil é uma das metas mais anunciadas nos planos de saúde do

governo. E a redução da taxa de mortalidade neonatal contribui significativamente

para que isso ocorra.

Existem diferenças nas taxas de mortalidade neonatal entre as unidades de

terapia intensiva neonatal, que não podem apenas ser explicadas pelas diferenças

nas características dos recém nascidos quando da admissão na UTI, sugerindo que

a eficácia dos cuidados de assistência varia entre as unidades (HORBAR, 1997

apud CASTRO, 2005).

Considerando as elevadas taxas de mortalidade perinatal no Brasil e a

evitabilidade da ocorrência da maioria dos óbitos, Lansky et al. (2002) recomendam

que é fundamental avaliar não apenas a prevenção pela melhoria da qualidade da

assistência clínica, seja no pré-natal, no momento do parto e ao recém nascido, mas

também a organização da assistência nos seus diversos níveis. É atribuição dos

gestores de saúde prover para a população uma rede de assistência integrada com

sistemas regionalizados e hierarquizados na área obstétrica e neonatal, capazes de

assegurar o acesso da gestante e do recém nascido em tempo oportuno a serviços

de qualidade (CASTRO, 2005).

NEVES (2001) mostrou que na cidade de Juiz de Fora os principais fatores

de risco para óbito neonatal precoce eram malformação congênita, baixo peso ao

nascer, hemorragias no terceiro trimestre de gestação, freqüência reduzida ás

52

consultas no pré-natal, prematuridade. Neves et al (2004) mostraram que as

principais causas de morte fetal em Juiz de Fora podem ser evitadas porque são

decorrentes de doenças que acometem as mulheres durante o período de gravidez.

E que um melhor acompanhamento pré-natal, com continuidade e qualidade, assim

como a expansão da cobertura destas ações, sejam medidas eficazes e eficientes

na redução da natimortalidade.

Em juiz de Fora, é crescente o número de unidades de tratamento intensivo

neonatal, por isso, tornam-se necessários estudos para controle da assistência

prestada a gestante, ao recém nascido e lactente no atendimento pré-hospitalar,

hospitalar e ambulatorial, conhecimento das taxas de mortalidade, da incidência de

morbidade, para a elaboração de planos que objetivem a melhoria na atenção aos

neonatos e lactentes e para a intervenção preventiva e assistencial o mais cedo

possível.

Questionamentos são feitos a respeito do modelo da assistência a gestante e

ao recém nascido (RN) no Brasil. Os esforços são despendidos na tentativa de

identificar indicadores de qualidade direto e indireto inclusive para explicar a

variação da morbi-mortalidade.

A morbidade infantil gera custos adicionais ao Sistema Único de Saúde que

deve que manter a integralidade da assistência às necessidades especiais destes

sujeitos e de seus cuidadores. E muitas vezes, a internação dos mesmos é

prolongada ou repetida o que, além de onerar o sistema e sobrecarregar a família,

cria um ciclo vicioso por que limita o número de vagas hospitalares a neonatos que

ficam mais tempo sem assistência adequada piorando assim seu prognóstico.

A proposta deste trabalho é verificar a morbidade de neonatos e lactentes, sua

incidência e a relação com as principais patologias encontradas no período neonatal;

a taxa de mortalidade, morbi-mortalidade comparadas à VON e à OMS; classificar a

performance motora de egressos das unidades de tratamento intensivo desta

cidade. Caracterizar a população de usuários e egressos das UTIN do município e

conhecer os determinantes etiológicos e prognósticos desta população.

53

2. Objetivos

2.1 - Objetivos Gerais

2.1.1 - Caracterizar a população de usuários e egressos das UTIN da cidade de Juiz

de Fora;

2.1.2 - Conhecer os determinantes etiológicos e prognósticos desta população.

2.2 - Objetivos específicos

2.2.1 - Verificar os tipos e a frequência de morbidades presentes em usuários e

egressos das UTI Neonatais da cidade de Juiz de Fora e comparar ao preconizado

pela Rede Colaborativa de Vermont Oxford Network, dos Estados Unidos (VON) e

Organização Mundial de Saúde (OMS);

2.2.2 - Verificar a mortalidade nas UTIN da cidade de Juiz de Fora e comparar ao

preconizado pela VON e OMS;

2.2.3 - Verificar e classificar a performance motora destes neonatos e lactentes no

momento da alta da UTI ou aos quatro meses de idade corrigida;

2.2.4 - Levantar possíveis fatores de risco do mau desempenho motor destes

neonatos no contexto observado;

2.2.5 - Determinar fatores de risco para a necessidade de internação em UTIN;

2.2.6 - Determinar fatores prognósticos dos usuários.

54

3. Metodologia e Estratégias de Ação

3.1 - Desenho do estudo: Estudo analítico-descritivo; caso-controle de recém

nascidos (RN) que tiveram indicação para UTIN e coorte dos egressos dessas

unidades;

3.2 - Local do estudo: maternidades e UTIN da cidade de Juiz de Fora;

3.3 - População do estudo: todos os casos e controles selecionados

(aproximadamente 500 recém nascidos);

3.3.1 - Casos: RN que tiveram indicação para internação em UTIN;

3.3.2 - Controles: dois RN que nasceram imediatamente depois do

caso,independente da condição clínica desde que não seja caso, na mesma

maternidade;

3.3.3 - Critérios de inclusão: neonatos e lactentes que nasceram na cidade, que são

residentes da mesma e necessitaram de internação em UTIN, durante o período do

estudo, e com até a idade pós-concepção de quatro meses de idade corrigida;

3.3.4 - Critérios de exclusão: malformações congênitas, síndromes genéticas,

doenças progressivas, alterações ortopédicas com necessidade de cirurgias e/ou

imobilizações, lesões do sistema nervoso periférico;

3.4 - Aspectos éticos: o estudo terá início após autorização formal de todos os

hospitais envolvidos na pesquisa e aprovação do projeto pelo comitê de ética da

Universidade Federal de Juiz de Fora. A participação no estudo estará condicionada

à assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido por um dos pais ou

responsáveis legais. Para efeito de registro e acompanhamento da evolução do

bebê, algumas avaliações serão filmadas e/ou fotografadas. As informações serão

utilizadas apenas para fins científicos sendo a identidade da criança mantida em

absoluto sigilo. O material armazenado no registro de dados ficará guardado com a

pesquisadora por 5 (cinco) anos e depois será incinerado;

3.5 - Variáveis:

55

3.5.1 - Independentes (fatores etiológicos e prognósticos): idade, peso ao nascer,

sexo, idade gestacional, instituição de nascimento, pré-natal, idade da mãe, doenças

maternas, drogas na gravidez, indicação de internação em UTIN, APGAR,

reanimação na sala de parto, asfixia, oxigenioterapia (ventilação mecânica,

CPAP/BIPAP, hood, cateter nasal, outra), horas de vidas X internação na UTIN,

doenças respiratórias (síndrome do desconforto respiratório, doença de membrana

hialina, pneumotórax, síndrome da aspiração de mecônio, pneumonias), persistência

do canal arterial, enterocolite necrotizante, sepse suspeita, sepse confirmada

(tardia/precoce: o diagnóstico de sepse considerado será a presença de quadro

clínico associado à hemocultura positiva), hemorragia

perintraventricular,icterícia,anemia;

3.5.2 - Dependentes (desfecho):

3.5.2.1 - performance Motora: será realizada avaliação da performance motora

através do Test of Infant Motor Performance-TIMP (CAMPBELL, 2005). É um teste

baseado na avaliação de posturas e de controle motor seletivo necessário para a

performance funcional durante as atividades de vida diária na primeira infância. Os

itens do teste são apresentados como o resultado das demandas de movimentos

experimentados pelos lactentes durante as interações naturais com seus cuidadores

como tomar banho, vestir e brincar (CAMPBELL, 2005). Os itens do teste foram

submetidos a Rasch Psychometric Analysis; e esta indicou que eles fornecem alto

grau de precisão para detectar pequenas diferenças nas habilidades dos lactentes e

formam uma escala hierárquica de alta consistência interna e precisão para

mensurar a performance motora (CAMPBELL, 2005). Os resultados de pesquisas

com o TIMP sustentam a validade em demonstrar mudanças no desenvolvimento

com a intervenção (84% dos itens) e é útil para detectar desvios no desenvolvimento

de forma precoce nos lactentes (96% dos itens). O TIMP apresenta alta

sensibilidade na relação idade e mudanças na performance motora (r = .83) e é

capaz de discriminar crianças com muitas complicações clínicas, que tem baixas

pontuações, daquelas saudáveis (CAMPBELL e HEDEKER, 2001);

3.5.2.2- displasia broncopulmonar (oxigênio as 36 semanas de idade gestacional

corrigida);

3.5.2.3 - retinopatia;

56

3.5.2.4 - lesão do sistema nervoso central em ultrassom transfontanela, tomografia

computadorizada, RNM;

3.5.2.5 - hipertensão arterial;

3.5.2.6 - taxa de mortalidade na UTIN;

3.7 - Coleta de dados:

3.7.1 - registro de nascimentos das maternidades e pedido de vaga para internação

em UTIN;

3.7.2 - cartão de pré-natal, prontuário da mãe;

3.7.3 - identificação dos neonatos e lactentes na UTIN a partir do livro de registro de

internação;

3.7.4 - prontuário do RN na maternidade e na UTIN;

3.7.5 - formulário utilizado nas Unidades de Cuidados Neonatais da Rede

Colaborativa Vermont Oxford Network;

3.7.6 - avaliação TIMP;

3.8 - Análise dos dados:

Os dados serão armazenados em banco de dados do programa Epi-Info-2000

versão 3.1. (A) Estatísticas descritivas: para descrever o perfil da amostra

segundo as variáveis em estudo, serão feitas tabelas de freqüência das variáveis

categóricas, com os valores de freqüência absoluta (n) e percentual (%) e das

variáveis contínuas, com valores de média, desvio padrão, valores mínimo e

máximo, mediana, percentis 25 e 75. (B) Análises bivariadas: para comparar as

variáveis categóricas entre os grupos será utilizado o teste exato de Fisher ou o

teste Qui-Quadrado. Para comparação das variáveis contínuas serão utilizados

testes não paramétricos de Mann-Whitney e Wilcoxon. Análise multivariada: para os

fatores significativos A. B. O nível de significância adotado para os testes estatísticos

será de 5%, ou seja, p<0.05.

57

4 . Resultados e os impactos esperados

Espera-se que a caracterização de morbi-mortalidade e de fatores

etiológicos/prognósticos desta população possa auxiliar a elaborar estratégias de

prevenção, acolhimento, tratamento e acompanhamento desta população.

Fornecer dados para a melhoria da qualidade dos serviços pré-natal, perinatal, da

UTIN e de seguimento.

58

5 . Cronograma

Temp

o

(mes

es)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11/1

2

Levantamento/

Leitura

bibliográfica.

7

Treinamento da

equipe para coleta

de dados.

2

Seleção dos

Partici-pantes/

Coleta do TCLE

7

Coleta de dados

Elaboração do

relatório parcial.

1

Armazenamento

das variáveis no

banco de dados.

5

Relatórios diários.

7

Análise dos dados.

2

Elaboração do

relatório final.

3

59

6. Orçamento

ITEM QUANTIDADE VALOR

UNITÁRIO

VALOR

TOTAL

Folhas sulfite 2000 R$ 0,02 R$ 40,00

Cartucho de

impressão

4 R$ 75,00 R$ 300,00

Total R$ 340,00

Os custos acima descritos serão assumidos pelo pesquisador responsável pelo

projeto.

60

7. Referências Bibliográficas

BARBOSA, V.M. et al. Comparison of Test of Infant Motor Performance (TIMP) Intem

Responses Among Children with Cerebral Palsy, Developmental Delay, and Typical

Development. The American Journal of Occupational Therapy. 59(4): 446-456,

2005.

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promulgada em 5 de outubro de 1988. Título VIII, Seção II, artigos 196-200, da

Saúde. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990.

168 p. (Série Legislação Brasileira).

BRASIL. Lei n. 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos

serviços correspondentes e dá outra providencias.

BRASIL. Lei n. 8142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da

comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde e sobre as transferências

intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e da outras

providencias.

61

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de 2001. Norma Operacional da Assistência a Saúde. Serie A. Normas e Manuais

Técnicos. Brasília, p.116.

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Básica do Sistema Único de Saúde. Brasília, 1997.

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Massachusetts Medical Society. 352(1): 71-72, 2005.

64

ANEXOII: PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

65

III: ALBERTA INFANT MOTOR SCALE (AIMS)

66

67

68

69

70

71

ANEXO IV: TEST OF INFANT MOTOR PERFORMANCE (TIMP)

72

73

74

75

76

77

ANEXO V – CONCORDÂNCIA COM OS AUTORES DO TESTE DA PERFORMANCE MOTORA DE BEBÊS (TIMP) Foi feita previamente ao exame dos sujeitos da pesquisa, a avaliação e obtenção

de.concordância com os autores do TIMP conforme orientação e análise de Pai-jun M. Liao

e Suzann K. Campbell em 25 de março de 2008.

O relatório de confiabilidade apresenta uma análise da pontuação dos 4 testes TIMP e tem

três tipos de informações a respeito do desempenho do examinador na pontuação.

(1) A confiabilidade entre avaliadores - mostra uma lista de itens específicos que você

pontuação diferente de avaliadores de confiança para que as áreas problemáticas

específicas, podem ser identificados para um estudo mais aprofundado. Para ser

considerado um avaliador confiável, menos de 5% de erro nas avaliações são obrigatórios.

(2) consistência rater Geral - mostra a contagem observada de quantos itens que você

classificou, e sua avaliação Infit Mean Square. O Infit Mean Square reflete o grau em que as

respostas diferem dos valores esperados. Para ser considerado como tendo consistência

aceitável no uso de descrições de item para marcar o TIMP, seu Infit Mean Square deve ser

inferior a 1,3.

(3) gravidade Rater - Uma medida de viés sistemático de itens de forma consistente de

pontuação superior ou inferior a avaliadores outros (os números mais altos indicam

avaliadores mais grave, os números mais baixos indicam avaliadores mais brandos). Seu

nível de gravidade rater (tendência a maior pontuação ou inferior a avaliadores outros) é

mostrado em uma régua, em comparação com os avaliadores de confiança.

A avaliação da confiabilidade do TIMP usa análise Rasch, através do programa de

computador Facet. A lógica subjacente a análise Rasch é que a pontuação de uma pessoa

em qualquer item depende do nível de dificuldade desse item e o nível de habilidade da

pessoa. Os bebês de quatro fitas de vídeo de avaliação da confiabilidade ajustam-se ao

modelo de Rasch (isto é, crianças mais capazes tendem a passar pelos itens mais difíceis e

vice-versa), portanto, as pontuações de cada avaliador podem ser analisadas como uma

fonte de resposta inesperada ou inconsistentes (fiabilidade) e ser avaliado para viés

sistemático (gravidade) em relação a outros leitores.