tese adriano ribeiro santos .cd para a cnen

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COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais ESTUDO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE COLUNAS DE FLOTAÇÃO UTILIZANDO TÉCNICAS NUCLEARES ADRIANO RIBEIRO SANTOS Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, como requisito parcial à obtenção do Grau de Mestre - Aplicações de Técnicas Nucleares Orientador: Prof. Rubens Martins Moreira Co-orientador: José Aury de Aquino Belo Horizonte 2005

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Page 1: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais

ESTUDO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE COLUNAS DE FLOTAÇÃO UTILIZANDO

TÉCNICAS NUCLEARES

ADRIANO RIBEIRO SANTOS

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, como requisito parcial à obtenção do Grau de Mestre

- Aplicações de Técnicas Nucleares

Orientador: Prof. Rubens Martins Moreira

Co-orientador: José Aury de Aquino

Belo Horizonte

2005

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Page 3: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

Á meus pais: José Fausto (in memorian)

e Maria das Graças.

Page 4: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

“Basta ser sincero e desejar profundo

Você será capaz de sacudir o mundo”

Page 5: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos à:

Deus, familiares, amigos e a minha namorada Armanda, esta pelo companheirismo, carinho e

incentivo constantemente demonstrados;

Rubens Martins Moreira, não só pela orientação, mas principalmente pelos conhecimentos

transmitidos ao longo desses dois anos;

José Aury de Aquino, pelas excelentes condições de trabalho oferecidas além das sugestões e

conhecimentos transmitidos;

Todo o setor de Tecnologia Mineral do CDTN/CNEN, em especial a: Furquim, Rodrigo,

Plínio, Eder, Waldeir, Reynaldo Turbino, José Donato, Mário, Chico, Vicente, Luis Carlos,

Liliani e Chico Caldeira;

Maria Lúcia, pelo incentivo para o ingresso no mestrado do CDTN\CNEN;

Jeaneth, pela orientação acadêmica no início do curso;

Todo o setor de supervisão de reator e radioanálise, em especial a: Zildete Rocha, Ângela

Amaral, Pith, Luiz e Paulo;

Namir e Queirós, pela ajuda em Araxá;

Nívia e Virgínia, pela atenção e boa vontade;

Todos os professores do CPG CDTN\CNEN;

Demais colegas de mestrado;

BUNGE fertilizantes nas pessoas de Rogério Contato Guimarães e Reinaldo Resende;

CDTN/CNEN pela oportunidade e pela bolsa de mestrado;

Page 6: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................1

2 OBJETIVOS.............................................................................................................2

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................3

3.1 Flotação ............................................................................................................................................................ 3 3.1.1 Reagentes................................................................................................................................................... 3

3.2 Colunas de flotação.......................................................................................................................................... 5 3.2.1 Principais variáveis que afetam o processo................................................................................................ 8

3.2.1.1 Vazão de ar (Qar)................................................................................................................................ 8 3.2.1.2 Bias .................................................................................................................................................. 10 3.2.1.3 Água de lavagem.............................................................................................................................. 11 3.2.1.4 Altura da camada de espuma............................................................................................................ 11 3.2.1.5 Altura da zona de recuperação ......................................................................................................... 12 3.2.1.6 Tempo de residência ........................................................................................................................ 12

3.3 Recuperação em colunas de flotação............................................................................................................ 13 3.3.1 Interação entre as duas zonas................................................................................................................... 13 3.3.2 Recuperação de partículas finas............................................................................................................... 14

3.3.2.1 Arraste hidráulico............................................................................................................................. 15 3.3.3 Cálculo da recuperação do processo ........................................................................................................ 16

3.4 Dispersão axial em colunas de flotação........................................................................................................ 17 3.4.1 Efeito da dispersão sobre a recuperação .................................................................................................. 18 3.4.2 Modelos empíricos para estimativa do coeficiente de dispersão axial (D) .............................................. 20

3.5 Distribuição de tempos de residência (DTR)............................................................................................... 22

3.6 Reatores de mistura perfeita ........................................................................................................................ 23

3.7 Reatores de fluxo de pistão ........................................................................................................................... 25

3.8 Modelo da dispersão axial............................................................................................................................. 28 3.8.1 O escoamento não-ideal........................................................................................................................... 28 3.8.2 Dispersão de pequena intensidade (Pe > 0,01) ........................................................................................ 30 3.8.3 Dispersão de grande intensidade (Pe < 0,01).......................................................................................... 30

3.9 Sistema aberto................................................................................................................................................ 31

3.10 Sistema fechado ........................................................................................................................................... 32 3.10.1 Condições de contorno para sistemas fechados ..................................................................................... 33 Condição de entrada (Z=0), Dentrada = 0 ............................................................................................................ 33 Condição de saída (Z=L) , Dsaída = 0................................................................................................................. 34 3.10.2 Reações de primeira ordem (sistema fechado) ...................................................................................... 34

3.11 Soluções para diferentes sistemas .............................................................................................................. 36

3.12 Método dos traçadores ................................................................................................................................ 39 3.12.1 Traçadores radioativos........................................................................................................................... 40 3.12.2 Método do impulso e resposta ............................................................................................................... 41 3.12.3 Uso de sondas de NaI (Tl) para detecção “in situ” de raios gama em experimentos com traçadores. ... 42 3.12.4 Tratamento de dados em experimentos com traçadores radioativos...................................................... 44

Page 7: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

3.12.4.1 Correção do background ................................................................................................................ 44 3.12.4.2 Correção do decaimento radioativo ............................................................................................... 47 3.12.4.3 Extrapolação .................................................................................................................................. 47 3.12.4.4 Normalização ................................................................................................................................. 48

3.13 Produção de radioisótopos.......................................................................................................................... 49 3.13.1 Reações nucleares (n, γ)......................................................................................................................... 49

4 MATERIAIS E METODOLOGIA ............................................................................52

4.1 Amostra de minério....................................................................................................................................... 52 4.1.1 Caracterização química............................................................................................................................ 52 4.1.2 Classificação granulométrica................................................................................................................... 53

4.2 A coluna piloto e o circuito ........................................................................................................................... 54

4.3 Testes na coluna piloto .................................................................................................................................. 57 4.3.1. Seleção e produção do traçador da fase líquida ...................................................................................... 58

4.3.1.2 Testes de marcação da fase líquida .................................................................................................. 59 4.3.2 Seleção e produção do traçador da fase sólida......................................................................................... 59

4.4 Testes em escala industrial............................................................................................................................ 63 4.4.1 Características dos sistemas..................................................................................................................... 63 4.4.2 Traçador da fase líquida........................................................................................................................... 66 4.4.3 Cálculo da atividade a ser injetada.......................................................................................................... 66

4.4.3.1 Coluna de flotação ........................................................................................................................... 67 4.4.3.2 Tanque condicionador...................................................................................................................... 69

4.5 Intercalibração das sondas ........................................................................................................................... 70

4.6 Aquisição, armazenamento e correção dos dados....................................................................................... 72

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................74

5.1 Considerações iniciais ................................................................................................................................... 74

5.2 Modelagem dos dados ................................................................................................................................... 74

5.3 Comprovação do pulso de entrada............................................................................................................... 75

5.4 Região da entrada da alimentação à saída do rejeito ................................................................................. 76 5.4.1 Testes de marcação da fase líquida.......................................................................................................... 76

5.4.1.1 Relação entre o tempo médio de residência, a recuperação e o teor ................................................ 80 5.4.1.2 Efeito da dispersão sobre a recuperação global ............................................................................... 80 5.4.1.3 Efeito das condições de mistura sobre a recuperação na zona de coleta .......................................... 82 5.4.1.4 Comparação dos resultados com a literatura.................................................................................... 83

5.4.2 Testes de marcação da fase sólida ........................................................................................................... 86 5.4.2.1 Efeito da granulometria no tempo médio de residência ................................................................... 90 5.4.2.2 Influência da granulometria sobre a dispersão................................................................................. 91 5.4.2.3 Relação entre a amplitude da faixa granulométrica e a dispersão.................................................... 95 5.4.2.4 Cálculo das constantes cinéticas da zona de coleta por fração granulométrica................................ 98

5.4.3 Comparação entre os resultados da fase líquida e sólida ......................................................................... 99

5.5 Região da entrada da alimentação a saída do concentrado ..................................................................... 102 5.5.1 Testes de marcação da fase líquida........................................................................................................ 102 5.5.2 Testes de marcação da fase sólida ......................................................................................................... 105

5. 6 Testes em escala industrial......................................................................................................................... 108

Page 8: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

5.6.1 Condicionador industrial........................................................................................................................ 108 5.6.2 Coluna industrial.................................................................................................................................... 111

6. CONCLUSÕES ...................................................................................................114

6.1 Sugestão para trabalhos futuros ................................................................................................................ 115

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................116

Anexos ................................................................................................................................................................ 120 Anexo 1 Condições operacionais dos testes de flotação na coluna piloto ...................................................... 120

Testes de marcação da fase líquida ............................................................................................................ 120 Testes de marcação da fase sólida.............................................................................................................. 126

Anexo 2 Plano de proteção radiológica para os testes realizados na BUNGE em Araxá-MG ....................... 128

Page 9: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

LISTA DE FIGURAS Figura 1- Cronograma de desenvolvimento e aplicação de colunas de flotação (adaptado de

CETEM, 2004). ------------------------------------------------------------------------------------- 6 Figura 2- Esquema geral de uma coluna de flotação. ------------------------------------------------ 7 Figura 3- Representação esquemática da interação entre a zona de coleta e a camada de

espuma em uma coluna de flotação (adaptado de DOBBY & FINCH, 1990). ----------- 13 Figura 4- Correlação entre a recuperação de água e de sílica para três frações granulométricas

(adaptado de BORGES, 1993). ----------------------------------------------------------------- 15 Figura 5- Recuperação em função do produto K. t para diferentes valores do Número de

Peclet (adaptado de MANKOSA et al, 1992). ------------------------------------------------ 19 Figura 6 - Balanço de massa em um típico reator de mistura perfeita. -------------------------- 23 Figura 7- Representação de um modelo de tanques de mistura perfeita em série. ------------- 25 Figura 8- Balanço de massa em um volume infinitesimal de um reator de fluxo de pistão. -- 26 Figura 9 - Distribuição simétrica de traçador em um sistema onde ocorre dispersão de

pequena intensidade ( LEVENSPIEL, 1999).------------------------------------------------- 30 Figura 10 - Sistema aberto com dispersão axial. --------------------------------------------------- 31 Figura 11- Sistema Fechado com dispersão axial.(Nauman & Buffham, 1983). --------------- 32 Figura 12- Curvas de saída de sistemas fechados para vários graus de mistura (LEVENSPIEL,

1999).----------------------------------------------------------------------------------------------- 36 Figura 13– Esquema de um experimento com traçador pelo método do impulso e resposta. 41 Figura 14 - Pulso ideal de entrada de um traçador.------------------------------------------------- 42 Figura 15- Diagrama esquemático de um detector de cintilação. -------------------------------- 43 Figura 16 - Corte lateral em uma sonda de NaI (Tl). (1) Capa de proteção, (2) tubo

fotomultiplicador, (3) circuito elétrico para multiplicação de fotoelétrons, (4) cilindro contendo o cristal de Iodeto de Sódio. --------------------------------------------------------- 43

Figura 17 - Dados brutos e dados corrigidos após correção do background (adaptado de

AIEA, 2004). -------------------------------------------------------------------------------------- 44 Figura 18- Correção do aumento do background com linha de base linear (adaptado de AIEA,

2004).----------------------------------------------------------------------------------------------- 45 Figura 19- Pertubação devido a deposição de traçador próxima ao sistema de detecção.----- 46

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Figura 20- Efeito da correção do decaimento radioativo (adaptado de AIEA, 2004). --------- 47 Figura 21 – Composição química da alimentação. ------------------------------------------------- 53 Figura 22 - Sistema de injeção e detecção do traçador radioativo na entrada da coluna piloto.

------------------------------------------------------------------------------------------------------ 54 Figura 23 - Fluxograma do circuito da flotação direta de P2O5 apatítico. ----------------------- 56 Figura 24- Fotografia do circuito de condicionamento e alimentação da coluna utilizado nos

testes: 1) Silo; 2) Tanque (% sólidos =50%);3) Condicionador CN-1; 4) Condicionador CN-2; 5) Funil de alimentação(% sólidos = 25%); 6) Bomba peristáltica da alimentação; 7) Bombas de reagentes. ------------------------------------------------------------------------- 57

Figura 25- Resultado da contagem das frações irradiadas através da sonda de cintilação de

NaI(Tl).--------------------------------------------------------------------------------------------- 61 Figura 26- Parte do espectro gerado pelo minério ativado no software MAESTRO

explicitando a presença de 140La através no pico de energia 816 kev. --------------------- 62 Figura 27- Fluxograma do circuito de beneficiamento da usina da Bunge S/A.---------------- 64 Figura 28– Vista de topo da coluna de flotação de apatita grossa da Bunge. ------------------- 65 Figura 29– Vista de topo do condicionador de minério.------------------------------------------- 66 Figura 30- Sistema de aquisição e armazenamento de dados. ------------------------------------ 72 Figura 31- Entrada em pulso do traçador em um dos testes de marcação da fase líquida. ---- 75 Figura 32- Entrada em pulso do traçador em um dos testes de marcação da fase sólida. ----- 75 Figura 33- Curvas de DTR da fase líquida, experimentais e ajustadas ao modelo fechado-

fechado. -------------------------------------------------------------------------------------------- 77 Figura 34- Curvas de DTR da fase líquida, experimentais e ajustadas ao modelo aberto-

fechado. -------------------------------------------------------------------------------------------- 78 Figura 35– Efeito das vazões de polpa do rejeito e da alimentação no tempo de residência da

fase líquida.---------------------------------------------------------------------------------------- 79 Figura 36– Relação entre o tempo médio de residência, o teor e a recuperação global de P2O5

apatítico. ------------------------------------------------------------------------------------------- 80 Figura 37– Relação entre os coeficientes de dispersão axial e a recuperação global do

processo. ------------------------------------------------------------------------------------------- 81 Figura 38- Relação entre o número de Peclet e a recuperação global.--------------------------- 81

Page 11: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

Figura 39- Efeito das condições de mistura sobre a recuperação na zona de coleta da coluna.------------------------------------------------------------------------------------------------------ 83

Figura 40- Comparação entre os coeficientes de dispersão axial obtidos experimentalmente e os obtidos pela literatura. ------------------------------------------------------------------------ 85

Figura 41- Comparação entre os números de Peclet obtidos experimentalmente e os obtidos

pela literatura. ------------------------------------------------------------------------------------- 85 Figura 42- Efeito da granulometria e do bias no tempo de residência da fase sólida. -------- 91 Figura 43- Efeito da granulometria e da água de lavagem no coeficiente de dispersão axial

(sistema fechado-fechado). ---------------------------------------------------------------------- 91 Figura 44- Efeito da granulometria e da água de lavagem no coeficiente de dispersão axial

(sistema aberto-fechado). ------------------------------------------------------------------------ 92 Figura 45- Efeito da granulometria e da água de lavagem na dispersão axial, em uma visão

adimensional (sistema fechado-fechado). ----------------------------------------------------- 92 Figura 46- Efeito da granulometria e da água de lavagem na dispersão axial, em uma visão

adimensional (sistema aberto-fechado). ------------------------------------------------------- 93 Figura 47- Variação da velocidade superficial da partícula (up)e do coeficiente de dispersão

axial (D) com a granulometria. ----------------------------------------------------------------- 94 Figura 48- Ação da água de lavagem na relação u/D para ambos os modelos aberto-fechado e

fechado-fechado.---------------------------------------------------------------------------------- 95 Figura 49- Relação entre as faixas granulométricas e o coeficiente de dispersão axial (sistema

fechado-fechado).--------------------------------------------------------------------------------- 96 Figura 50- Relação entre as faixas granulométricas e o coeficiente de dispersão axial (sistema

aberto-fechado).----------------------------------------------------------------------------------- 96 Figura 51- Relação entre as faixas granulométricas e a dispersão axial numa visão

adimensional (sistema fechado-fechado). ----------------------------------------------------- 97 Figura 52- Correlação entre as faixas granulométricas e a dispersão axial numa visão

adimensional (sistema aberto-fechado). ------------------------------------------------------- 97 Figura 53- Curvas E(t) x t de resposta aos pulsos de injeção das fases sólida e líquida.---- 100 Figura 54-Comparação entre o tempo médio de residência da fase sólida (tp) e líquida (tl). 101 Figura 55- Comparação entre o grau de mistura da fase líquida e sólida na zona de coleta.- 101 Figura 56- Representação esquemática do modelo ajustado aos dados com detecção na saída

do flotado. Nesse caso tem-se Q2 = α.Q1, sendo α o coeficiente de recirculação. ---- 102

Page 12: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

Figura 57- Curvas E(t) x t de resposta aos pulsos de injeção da fase sólida com detecção na saída do concentrado no teste sem água de lavagem. --------------------------------------- 105

Figura 58- Curvas E(t) x t de resposta aos pulsos de injeção da fase sólida com detecção na

saída do concentrado no teste com água de lavagem.--------------------------------------- 106 Figura 59- Corrida 01 com ajuste do modelo de tanques em série ----------------------------- 109 Figura 60- Corrida 02 com ajuste do modelo de tanques em série. ----------------------------- 109 Figura 61- Comparação entre o resultado das duas injeções na coluna de flotação. ---------- 112

Page 13: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

LISTA DE TABELAS Tabela 1- Composição química do minério da alimentação.-------------------------------------- 52 Tabela 2- Distribuição granulométrica da alimentação. ------------------------------------------- 53 Tabela 3– Principais picos encontrados na amostra de fração fina do minério. --------------- 62 Tabela 4- Parâmetros para o cálculo da atenuação da radiação nos equipamentos estudados. 68 Tabela 5- Contagens medidas na intercalibração das sondas de NaI(Tl). ----------------------- 71 Tabela 6- Resultado dos testes com marcação da fase líquida com detecção na saída do

rejeito. ---------------------------------------------------------------------------------------------- 76 Tabela 7- Interação entre a camada de espuma e a zona de coleta em termos de recuperação de

P2O5 apatítico.------------------------------------------------------------------------------------- 82 Tabela 8- Coeficientes de dispersão axial experimentais e calculados com base na literatura.84 Tabela 9– Resultados dos testes com marcação da fase sólida, sem água de lavagem. ------- 86 Tabela 10- Resultados dos testes com marcação da fase sólida, com água de lavagem. ------ 87 Tabela 11- Teores e recuperação granulométrica do teste sem água de lavagem -------------- 98 Tabela 12- Teores e recuperação granulométrica do teste com água de lavagem -------------- 98 Tabela 13- Constantes cinéticas e parâmetros de interação entre as duas regiões da coluna para

as diferentres frações granulométricas com diferentes condições de contorno. ---------- 99 Tabela 14- Comparação entre os tempos médios de residência da fase líquida e sólida. ----- 100 Tabela 15– Resultado dos testes de injeção da fase líquida com detecção na saída do

concentrado. -------------------------------------------------------------------------------------- 103 Tabela 16– Resultado dos testes de injeção da fase sólida com detecção na saída do

concentrado. -------------------------------------------------------------------------------------- 106 Tabela 17- Parâmetros utilizados no ajuste do modelo de tanques em série. ------------------ 108 Tabela 18- Dados das injeções na coluna industrial. ---------------------------------------------- 113

Page 14: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

LISTA DE NOTAÇÕES

Eg = Hold up do ar.

ρp = Densidade da polpa.

Qar = Vazão de ar na coluna.

Var =Velocidade superficial de ar.

Ac = Área transversal da coluna.

B = Bias.

Qp rej = Vazão volumétrica de polpa da fração não flotada.

Qp al = Vazão volumétrica de polpa da alimentação.

Hc = Altura da coluna.

Dc = Diâmetro da coluna.

Rc = Recuperação da zona de coleta da coluna.

Rf = Recuperação da camada de espuma da coluna.

Rg = Recuperação global da coluna.

R =Recuperação metalúrgica de um dado mineral.

C = Massa ou vazão mássica do concentrado.

A = Massa ou vazão mássica da alimentação.

c, a e r = Teores do concentrado, alimentação e rejeito respectivamente.

D = Coeficiente de dispersão axial.

ui = Velocidade superficial de determinada fase.

L = Comprimento característico da entrada à saída de um sistema.

Pe = Número de Peclet.

K= Constante cinética de uma reação.

EK =Eficiência de coleta.

db = diâmetro de bolhas.

t = tempo médio de residência no sistema.

Dl e Dp = Coeficientes de dispersão axial da fase líquida e sólida respectivamente.

Dentrada = Coeficiente de dispersão na entrada do sistema.

Dsaída =Coeficiente de dispersão na saída do sistema.

S = Percentagem de sólidos da alimentação.

Vl = Velocidade superficial de descida do líquido.

Nd = Número de dispersão.

Page 15: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

r = termo de geração ou desaparecimento.

x =Notação da posição na forma adimensional : LZx = .

BKGS = Sobre-background.

21t = Tempo de meia-vida de um radionuclídeo.

A = Atividade de um composto ou radionuclídeo.

M = massa molar.

H = abundância isotópica do nuclídeo A.

NAv= número de avogrado.

t´= tempo de repouso, que é o tempo decorrido entre o fim da irradiação e o uso do

radiotraçador.

Vw = Velocidade superficial de água de lavagem.

LETRAS GREGAS

Φ = Fluxo (número de partículas por área por unidade de tempo).

θ = Notação do tempo na forma adimensional: tt=θ .

σ= Seção de choque para nêutrons térmicos de um determinado elemento (Barn=10-24cm2).

λ = Constante de decaimento de um radionuclídeo (t-1).

ε = erro de ajuste normalizado entre o modelo e os dados experimentais obtido pelos mínimos

quadrados entre as contagens experimentais e as modeladas.

α = coeficiente de recirculação, definido pelo percentual da vazão de entrada que retorna para

o tanque anterior.

Page 16: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

RESUMO

Nesse trabalho foi realizado um estudo do comportamento dinâmico de uma coluna de

flotação piloto através do uso da técnica de traçadores radioativos emissores gama. Também

foi avaliada a aplicação da técnica em um condicionador e uma coluna de flotação em escala

industrial.

Como a flotação em coluna é um sistema trifásico (ar, água e partículas minerais), foi

determinada a distribuição dos tempos de residência (DTR) tanto para a fase líquida quanto

para a sólida, sendo as medições nesta última realizadas em quatro diferentes frações

granulométricas. Foram feitas injeções pulsadas do traçador no fluxo de alimentação e

registradas suas respostas usando detectores de cintilação de iodeto de sódio ativados com

tálio, NaI (Tl), devidamente colimados posicionados às saídas do rejeito e do concentrado da

coluna. Isto possibilitou a identificação direta da DTR dessas regiões sem nenhuma

interferência sobre o seu regime de operação. Todas as informações sobre as condições

operacionais da coluna durante os experimentos foram devidamente registradas.

Para a injeção do traçador foi desenvolvido um sistema injetor na tubulação da alimentação,

imediatamente antes da entrada na coluna, garantindo um pulso instantâneo o mais próximo

possível do ideal (função Delta de Dirac). Este desempenho foi comprovado posicionando um

terceiro detector de NaI (Tl) logo após o sistema de injeção.

Alguns parâmetros como o número de Peclet (Pe) e o tempo médio de residência ( t ) foram

determinados através de ajustes dos dados experimentais aos modelos de dispersão axial, com

as condições de contorno descritas na literatura: aberto-aberto, fechado-fechado, aberto-

fechado. Esses parâmetros permitiram demonstrar a influência das condições de mistura da

zona de coleta da coluna sobre a recuperação metalúrgica do processo.

Foi quantificada a influência da granulometria no comportamento hidrodinâmico do minério e

as diferenças entre o comportamento deste e o da fase líquida.

Os parâmetros determinados na marcação da fase sólida permitiram que a constante cinética

da zona de coleta fosse determinada através da solução da equação da dispersão axial para o

sistema fechado-fechado e aberto-fechado.

Page 17: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

Ficou demonstrada também a influência da água de lavagem no comportamento das distintas

frações granulométricas marcadas.

Em escala industrial foi possível diagnosticar informações importantes a cerca dos sistemas

em estudo como a presença de regiões de fluxo estagnado e a confirmação das operações em

estado estacionário.

Os traçadores da fase líquida e sólida foram produzidos através da exposição destes a um

fluxo de nêutrons no reator nuclear TRIGA do CDTN/CNENPara marcação da fase líquida

foi utilizado o radioisótopo 56Mn na forma de um sal (MnCl2) diluído em água. Para a fase

sólida, uma alíquota do próprio minério processado foi irradiada no reator. Os radioisótopos 140La e 153Sm foram os principais emissores gama detectados no minério ativado.

Page 18: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

ABSTRACT

The dynamic behavior of a pilot flotation column has been studied using the tracer technique.

Radioactive tracers emitting gamma radiation have been used for this purpose.

Since this is a three-phase system (air, water, and solid particles), having one entrance port

and two exit flows, the residence time distribution (RTD) has been determined for both the

liquid and solid phases. Moreover, the solids RTD has also been separately measured for four

distinct size fractions, i.e. four determinations in all. Instantaneous pulse injections were

performed in the feed flow and detected by scintillation probes with sodium iodide crystals

doped with thallium, NaI(Tl), adequately collimated and placed at the tails and concentrate

exit sections. The detector signals were duly counted, processed, and stored by a computer.

This setup allowed the RTD identification at the concentration and washing sections of the

column to be directly obtained from the detector responses, without any interference

whatsoever with the column operation regime. All the plant operational parameters were duly

logged.

An injection device was designed to introduce the tracer as close as possible to the column

entrance and as instantaneously as feasible, thus simulating a Dirac delta impulse. A probe

placed immediately downstream the injection position has been used to check its

performance.

The Peclet number (Pe) and the average residence time ( t ) were the system parameters

determined by fitting the axial dispersion model to the experimental data. The model

boundary conditions tested corresponded to the closed-closed, and open-closed B.C.’s

simulating the entrance-exit boundaries. It was demonstrated that recovery decreases with

increasing the collect zone degree of mixing.

By labeling both phases, the influence of the particle size distribution on the hydrodynamic

behavior of the solids, as well as on the divergent behavior of the solid and liquid phases, has

also checked.

The closed-closed and open-closed boundary parameters obtained with experimental data

allowed the collect zone rate constant determination.

Wash water influence in solids hydrodynamic behavior was also checked.

Page 19: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

Industrial tests allowed confirming the steady state operation conditions of the studied

systems and observing stagnant zones inside them.

The solid and liquid phase tracers were produced by irradiation under a neutron flux inside the

IPR-R1 TRIGA MARK II nuclear reactor at CDTN/CNEN. For labeling the liquid phase,

56Mn has been chosen for pilot scale, and 82Br for industrial scale. For the solid phase the

irradiated ore itself has been used. 140La and 153Sm were the two main gamma emitter

radioisotopes detected in the activated ore.

Page 20: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

1

1 INTRODUÇÃO

Normalmente, uma coluna de flotação industrial opera sob determinadas condições

otimizadas e preestabelecidas através de trabalhos realizados em planta piloto: vazão de ar,

hold up, taxa de alimentação, percentagem de sólidos, dosagem de reagentes, tempo médio de

residência dentre outros.

A determinação do tempo médio de residência não é tão óbvia quanto parece do ponto de

vista fluidodinâmico, já que se analisarmos o sistema, este consiste de um fluxo entrada e dois

fluxos de saída, possuindo também duas regiões de fluxo e cinéticas diferentes: a zona de

coleta e a camada de espuma, além de tratar-se de um sistema trifásico (água, ar e partículas

minerais).

O "grau de mistura" a que essas três fases estão expostas, na zona de coleta da coluna,

provoca uma dispersão nos tempos de residência da água e das partículas minerais, dispersão

esta que se torna o parâmetro mais difícil de ser reproduzido em scale up de colunas de

flotação, mas que constitui um parâmetro muito importante para o bom desempenho do

equipamento e conseqüentemente para a recuperação metalúrgica do processo. A maior

dificuldade na reprodução dessa condição de mistura no scale up encontra-se nas diferentes

relações geométricas existentes entre a coluna piloto e a industrial.

Além disso, é importante lembrar que as partículas minerais e a água apresentam

comportamentos fluidodinâmicos distintos, devendo possuir, na maioria dos casos, tempos

médios de residência diferentes. Interessa ao projetista conhecer as condições de mistura das

partículas minerais na zona de coleta da coluna. O ideal é que se tenha um tempo de

residência ótimo, de forma que todas as partículas sejam expostas suficientemente para que se

realize sua coleta, entretanto, sem excessiva dispersão em torno do tempo médio e sem

permanecer um tempo muito longo na coluna, já que o processo é contínuo.

O método dos traçadores radioativos é uma ferramenta poderosa para a determinação de

tempos médios de residência, tanto da fase sólida quanto líquida, em equipamentos de

processamento permitindo também, através de modelos matemáticos, que se quantifique

numericamente a dispersão ou o "grau de mistura" a que estas fases estão expostas.

Page 21: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

2

2 OBJETIVOS

O objetivo principal do trabalho é a determinação dos tempos de residência das fases líquida e

sólida e das condições de mistura destas em uma coluna de flotação piloto instalada no

Serviço de Tecnologia Mineral do CDTN/CNEN através do uso da técnica de traçadores

radioativos. Procurou-se quantificar a importância de algumas variáveis do processo e da

granulometria do minério sobre o comportamento fluidodinâmico da coluna e a influência

desse comportamento na recuperação final do processo.

Como objetivo secundário procurou-se determinar a distribuição de tempos de residência em

uma coluna de flotação em escala industrial e no condicionador dessa coluna, o qual consiste

de quatro tanques agitados em série, já que as eficiências de ambos os processos, flotação e

condicionamento, dependem diretamente da distribuição dos tempos de residência das

partículas minerais nesses reatores.

O trabalho também teve por objetivo o ajuste de modelos matemáticos conhecidos na

literatura aos diferentes dados obtidos com as injeções de radiotraçadores, bem como a

determinação dos parâmetros que regem esses modelos.

Page 22: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 FLOTAÇÃO

O processo de flotação é um método de concentração mineral que utiliza a diferença entre as

propriedades de superfície das partículas minerais como meio de separação. Foi desenvolvido

no início do século passado e tem sido economicamente utilizado para concentração de

minérios complexos, com baixos teores dos minerais de interesse, levando a bons rendimentos

metalúrgicos. Sua aplicação estende-se a uma grande variedade de minérios com diferentes

granulometrias, composições químicas e mineralógicas e, principalmente, diferentes

propriedades físico-químicas de superfície dos minerais constituintes (PENNA et al, 2003).

Em um processo de flotação estão presentes três fases distintas:a fase gasosa (ar), que pode

ser dito como hidrofóbica, a fase líquida (água), que é uma espécie hidrofílica e a fase sólida,

que são as partículas minerais. Nesse caso a separação se dá quando um fluxo de ar é injetado

em meio a uma solução de água e partículas minerais (polpa). Teoricamente, as partículas

hidrofóbicas seriam carreadas pelo ar enquanto as hidrofílicas permaneceriam na solução.

(PEREZ et al, sd).

O conceito de hidrofobicidade de uma partícula está associado à sua umectabilidade ou

afinidade pela água, ou seja, partículas mais hidrofóbicas são menos ávidas por água.

Devido ao fato de na natureza existirem poucas espécies que são naturalmente hidrofóbicas,

como exemplo a grafita (C) e a molibdenita (MoS2), e da necessidade do processo de flotação

apresentar uma alta recuperação sem que seja comprometida a seletividade do processo,

alguns reagentes são adicionados à polpa antes do início do processo. A essa mistura de

reagentes com a polpa dá-se o nome de condicionamento.

3.1.1 REAGENTES

Coletores: são reagentes que atuam na interface sólido-líquido com a função de alterar a

superfície de determinados minerais, que passam de caráter hidrofílico para hidrofóbico.

Esses coletores apresentam uma estrutura molecular característica, composta de uma porção

de natureza molecular (apolar) e de outra porção de natureza iônica (polar). Em solução, a

porção de natureza molecular, que não é ionizável devido às características elétricas das

Page 23: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

4

ligações covalentes, tem maior afinidade pela fase gasosa que pela líquida, enquanto a porção

de natureza polar é ionizada em solução. Dessa forma, havendo no sistema uma interface

sólido-gás, a molécula do coletor tende a se posicionar nessa interface.

Depressores: também conhecidos como moduladores de coleta, os depressores têm a função

de deprimir a ação do coletor nas partículas indesejadas, “hidrofilizando” a superfície dos

minerais, que se destinam ao afundado. A importância do depressor está ligada à seletividade

do processo, principalmente quando se utiliza um coletor muito energético, que tem a

tendência de recobrir indiferentemente todas as espécies minerais presentes.

Espumantes: são compostos orgânicos heteropolares cuja estrutura se assemelha aos

coletores. A diferença está no fato da porção polar da cadeia desses espumantes ter afinidade

pela água, tendendo portanto a migrar para a interface líquido-gás do sistema.

Reguladores de pH: são reagentes utilizados para se obter controle sobre o pH da polpa, já

que este está diretamente relacionado com o estado de agregação da polpa.

Além desses reagentes, podem ser empregados outros tipos de substâncias como os

floculantes e dispersantes, utilizados para controle do estado de agregação da polpa.

(CHAVES & SALLES, 2003)

Um reator de flotação pode ser definido basicamente como sendo do tipo célula mecânica,

onde o ar é injetado junto a um sistema de agitação mecânica, ou do tipo flotação em coluna.

Nas colunas, nenhum tipo de agitação é requerido, e a turbulência do sistema deve-se apenas

ao próprio contato em contra corrente do fluxo descendente de polpa com o fluxo ascendente

de ar que é injetado no fundo da coluna (MAVROS et al, 1995).

A flotação em coluna apresenta algumas vantagens em relação às células convencionais,

principalmente no tratamento de minérios de granulometria mais fina, onde o arraste de

partículas finas de ganga é um problema. Além do aspecto físico do próprio reator, outro fator

que difere a flotação em coluna das células convencionais é que água é adicionada ao sistema

(água de lavagem) no topo da coluna, o que faz com que as partículas de ganga arrastadas

para a zona de limpeza retornem para a zona de coleta (DOBBY & FINCH, 1985).

As colunas de flotação têm substituído as células mecânicas em diversas unidades de

tratamento mineral, principalmente pela produção de concentrados com teor médio elevado e

Page 24: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

5

sua aplicação mais eficaz no beneficiamento de minérios finos. As colunas apresentam

também baixo consumo de energia e simplicidade no controle do processo (DENG et al,

1996).

3.2 COLUNAS DE FLOTAÇÃO

As colunas de flotação representam hoje um importante avanço no setor de concentração

mineral, sendo notável o número de instalações industriais com esse equipamento e o número

de publicações existentes a respeito dessa técnica de concentração mineral. A primeira

instalação industrial de uma coluna de flotação foi realizada na década de 1980, e alguns

estudos relatam uma substancial melhoria dos concentrados obtidos através das colunas em

diversas unidades industriais de várias partes do mundo para os mais variados tipos de

minério (AQUINO, OLIVEIRA, FERNANDES, 2004).

Existem vários modelos de colunas de flotação: coluna canadense, Norton-Leeds, Flotaire,

Hidrochem, “ packed bed column”, Jameson, dentre outras. No entanto, a coluna canadense,

que será referida apenas como coluna de flotação, é a que tem apresentado maior aplicação no

Brasil e no mundo (GUIMARÃES 1997).

A coluna de flotação foi patenteada ainda nos anos 1960 pelos canadenses Boutin e Tremblay

(patentes canadenses 680,576 e 694,547), daí o fato de ter sido denominada anteriormente de

coluna canadense.

A ênfase dada à coluna canadense se deve ao maior número de publicações e ao maior

número desse modelo de coluna atualmente em operação em inúmeras plantas de

beneficiamento de diversos bens minerais espalhadas pelo mundo (DOBBY & FINCH, 1990).

A Figura 1 representa um cronograma relativo aos eventos considerados importantes para a

implantação da coluna de flotação no mercado nacional e internacional.

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6

Coluna Ken-Float

Livro de Flotação em Coluna

Célula Hidrochem

1960 1970 20001980 1990

Patente Boutin Tremblay

Testes em laboratório (Wheeler)

Células Deister

1aInstalação Industrial Les Mines Gaspé

Mount Isa Scale up

Coluna Microcel

Coluna de Recheio

Célula Jameson

Testes Industriais Dobby e Yianatos

Implantação de unidades industriais no Brasil

Simpósio de Flotação em Coluna

Aerador USBM

Unidades industriais da Gibraltar Mines

Início dos estudos piloto no Brasil

Figura 1- Cronograma de desenvolvimento e aplicação de colunas de flotação (adaptado de CETEM, 2004).

No Brasil, mesmo com diversos estudos realizados em colunas e com a experiência

acumulada nas colunas industriais, a técnica de flotação em coluna pode ser considerada uma

tecnologia relativamente nova, já que os primeiros estudos em escala piloto datam de 1985,

no setor de Tecnologia Mineral do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear

(CDTN/CNEN). Esta instituição já realizou diversos projetos em escala piloto, sendo também

responsável pelo projeto e pré-operação de algumas unidades industriais.

O esquema básico de uma coluna de flotação está representado a seguir, na Figura 2.

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7

Água de Lavagem

Interface

Alimentação Flotado

Não Flotado

Ar

Aerador

ZONA DE LIMPEZ A

ZONA DE COLETA OU RECUPERAÇÃO

Figura 2- Esquema geral de uma coluna de flotação.

Numa coluna de flotação duas regiões podem ser identificadas:

• Zona de coleta (também conhecida como zona de recuperação), situada entre a entrada de

ar e a interface polpa-espuma, onde ocorre o processo de coleta das partículas

hidrofóbicas;

• Zona de limpeza (também conhecida como camada de espuma), situada da interface

polpa-espuma até a descarga do concentrado.

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8

3.2.1 PRINCIPAIS VARIÁVEIS QUE AFETAM O PROCESSO

O processo de flotação em coluna é influenciado por um grande número de variáveis, com

destaque para as características intrínsecas de cada tipo de minério (granulometria,

hidrofobicidade, grau de liberação, etc) , os tipos de reagentes utilizados, as condições de

condicionamento do minério e as condições de operação da coluna. Nesse capítulo será dada

ênfase às variáveis operacionais da coluna, que são:

3.2.1.1 Vazão de ar (Qar)

É uma das variáveis mais importantes do processo, posto que está diretamente associada à

velocidade superficial, ao Hold up (definido a seguir) e ao diâmetro médio de bolhas de ar. O

controle da vazão de ar tem um efeito significativo na recuperação do mineral flotado. A

recuperação é crescente com o aumento da vazão de ar até que atinja um valor máximo. O

aumento na recuperação deve-se ao aumento do número e da área superficial de bolhas de ar

introduzidas na coluna. Entretanto, um aumento significativo da vazão de ar pode gerar

turbulência ou formação de espuma na zona de coleta da coluna, prejudicando o desempenho

do equipamento.

Velocidade superficial de ar

A velocidade superficial de ar (Var) é definida pela relação entre a vazão de ar nas CNTP e a

área transversal da coluna.

c

arar A

QV = (3.5)

Em condições normais de operação a velocidade superficial do ar situa-se entre 1 e 3 cm/s.

Uma alto valor de velocidade superficial de ar pode acarretar em problemas no desempenho

da coluna, tais como:

• arraste de líquido da zona de coleta para a zona de limpeza, reduzindo a concentração de

sólidos do flotado e causando uma redução na vazão volumétrica de polpa da fração não

flotada, podendo torná-la menor que a da alimentação (perda do bias positivo);

• mudança do regime de fluxo de pistão para mistura perfeita;

Page 28: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

9

• perda da interface polpa-espuma podendo ocorrer espuma em toda a coluna;

• aumento do diâmetro médio de bolhas, reduzindo a eficiência de coleta das partículas;

(AQUINO, OLIVEIRA, FERNANDES, 2004).

Hold up do ar

O hold up do ar em uma coluna de flotação (Eg) corresponde à fração volumétrica que o ar

ocupa na zona de coleta da coluna. O complemento ( 1- gε ) corresponde ao volume ocupado

pela polpa na zona de coleta.

O hold up do ar pode ser medido por várias maneiras. Nos testes realizados neste trabalho foi

utilizado o sistema de medida por diferença de pressão. Neste caso, o hold up do ar é

determinado entre dois pontos da zona de coleta da coluna através de tomadas de pressão

desses pontos, conforme descrito a seguir:

Sejam A e B dois pontos situados em posições diferentes na zona de coleta da coluna. A

pressão hidrostática nesses dois pontos é dada por:

( )gAApA LgP ερ −= 1.. (3.1)

( )gBBpB LgP ερ −= 1.. (3.2)

onde pρ é a densidade da polpa, gAε e gBε correspondem ao hold up nos pontos A e B,

respectivamente, e o produto ( )gL ε−1 é a altura equivalente de polpa sem ar. A diferença de

pressão entre A e B, P∆ é:

( )gg LgP ερ −∆=∆ 1.. (3.3)

Logo, o hold up de ar na zona de coleta é estimado a partir da seguinte expressão:

LgP

slg ..

ε ∆−= (3.4)

onde:

Page 29: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

10

P∆ é a diferença de pressão entre dois pontos da zona de coleta (KPa);

slρ é a densidade da polpa (g/cm3);

L é a distância entre as medidas de pressão (m);

g é a aceleração da gravidade (m/s2);

O hold up do ar é um parâmetro que depende da vazão de ar, do tamanho de bolhas, da

densidade da polpa, do carregamento de sólidos nas bolhas e da velocidade descendente de

polpa (DOBBY & FINCH, 1990).

Tamanho das bolhas

O tamanho médio das bolhas de ar tem um efeito direto na eficiência da coleta e no transporte

das partículas para a zona de limpeza. Bolhas pequenas apresentam maior área superficial por

volume de ar, acarretando uma cinética de coleta e de transporte de sólidos mais elevada. No

entanto, bolhas muito reduzidas podem apresentar uma velocidade de ascensão inferior à

velocidade descendente de polpa, acarretando assim perdas de partículas hidrofóbicas

coletadas. Em condições normais de operação o tamanho médio de bolhas varia de 0,5 a 2,0

mm. (AQUINO, OLIVEIRA, FERNANDES, 2004).

3.2.1.2 Bias

Representa a fração residual de água de lavagem que flui através da coluna, sendo o principal

responsável pela ação de limpeza (rejeição de partículas hidraulicamente arrastadas).

Convencionou-se que o bias será positivo quando a vazão de água de lavagem for suficiente

para substituir a água da alimentação que flui para a fração flotada e promover o

deslocamento de uma fração de água nova para a base da coluna. (AQUINO, OLIVEIRA,

FERNANDES, 2004).

É comum estimar o bias ( )B pela razão entre a vazão volumétrica de polpa da fração não

flotada ( ).rejQp e a vazão volumétrica de polpa da alimentação ( ).alQp , ou seja B > 1→ Bias

positivo.

.. alQrejQB pp= (3.6)

Page 30: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

11

Entretanto, o valor mais preciso do bias é calculado pela diferença entre a vazão de água de

lavagem e a vazão de água no flotado.

3.2.1.3 Água de lavagem

Uma das vantagens da coluna de flotação em relação às células mecânicas, principalmente no

tratamento de minérios mais finos, é a água de lavagem adicionada no topo da coluna, que

tem a função de levar de volta para a zona de coleta as partículas hidrofílicas que foram

arrastadas para a camada de espuma, tornando o processo mais seletivo sem perda de

recuperação (DOBBY & FINCH, 1985). Além disso, a água de lavagem tem outras funções

importantes:

• aumentar a altura e a estabilidade da camada de espuma;

• reduzir a coalescência das bolhas através da formação de um leito de bolhas empacotadas;

• provocar um fluxo descendente de água na zona de coleta da coluna (bias), que tem a

função de minimizar os efeitos do arraste hidráulico;

(AQUINO, OLIVEIRA, FERNANDES, 2003).

Não é recomendável uma vazão de água de lavagem muito alta, pois acarretaria uma

diminuição do tempo de residência das partículas na zona de coleta, diminuindo a

recuperação, além de uma eventual perda de teor no concentrado devido ao aumento do grau

de mistura na camada de espuma (DOBBY & FINCH, 1990).

3.2.1.4 Altura da camada de espuma

A camada de espuma pode ser dividida em três seções:

• leito de bolhas expandidas: situado acima da interface polpa-espuma, sendo resultado dos

choques das bolhas contra a interface, que geram uma onda de choques e,

conseqüentemente, a coalescência das bolhas.

• leito de bolhas empacotadas: estende-se desde o topo da primeira seção até o ponto de

introdução da água de lavagem. Apresenta coalescência moderada e as bolhas possuem

um formato esférico;

Page 31: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

12

• espuma de drenagem convencional: ocorre imediatamente acima do ponto de introdução

de água de lavagem. As bolhas apresentam uma forma hexagonal e um baixo conteúdo

fracional de líquido;

As colunas de flotação trabalham com camadas de espuma que variam normalmente de 0,5 a

1,5 m. A definição da altura está relacionada diretamente com a velocidade superficial de ar.

Para baixas velocidades (< 1,5 cm/s), uma camada relativamente baixa pode ser suficiente, já

que o arraste é eliminado próximo à interface (AQUINO, OLIVEIRA, FERNANDES, 2004).

3.2.1.5 Altura da zona de recuperação

A altura da zona de recuperação é uma variável associada diretamente às condições de

mistura nessa região e ao tempo de residência das partículas. Quanto maior sua relação com o

diâmetro da coluna ( )CC DH menor a turbulência na região quando o sistema tende ao fluxo

de pistão e maior o tempo médio de residência. Entretanto, existem limitações para valores

muito elevados de CC DH , como o fato de que para uma dada velocidade superficial de ar

constante, uma redução na área transversal da coluna acarreta uma diminuição da vazão de

ar, diminuindo assim a capacidade de transporte do mesmo (AQUINO, OLIVEIRA,

FERNANDES, 2003).

3.2.1.6 Tempo de residência

A definição de tempo médio de residência para um sistema de uma só fase é lógica:

corresponde à razão entre o volume e a vazão do recipiente. Como a flotação é um sistema

trifásico em contracorrente, cada fase apresenta um tempo médio de residência relacionado ao

volume ocupado por ela, o que do ponto de vista prático não é possível de se medir

(YIANATOS & BERGH, 1992).

Uma partícula que entra pela alimentação da coluna pode seguir diferentes caminhos: pode vir

a ser coletada instantaneamente, pode seguir diretamente para o fundo da coluna ou pode

sofrer várias coletas e “descoletas” até que saia da coluna. Além disso, as características

intrínsecas (granulometria, forma, densidade, etc) de cada partícula são responsáveis pelo seu

comportamento no sistema. Portanto, conforme Nauman (1983), o que é constante é o fluxo

(número de partículas por área por unidade de tempo), pois se em um dado instante fosse

retirada uma alíquota na saída do rejeito da coluna, ali se encontrariam partículas com

diferentes tempos de residência. Este fato se deve à não-idealidade do fluxo que provoca uma

Page 32: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

13

dispersão no tempo de residência das partículas, fato este que será tratado com mais detalhes

em outro capítulo.

O tempo de residência é um fator que altera tanto o teor como a recuperação do material

flotado, uma vez que, teoricamente, quanto mais tempo a partícula permanece na zona de

coleta da coluna maior o a chance desta ser coletada.

3.3 RECUPERAÇÃO EM COLUNAS DE FLOTAÇÃO

3.3.1 INTERAÇÃO ENTRE AS DUAS ZONAS

A recuperação global do processo de flotação em coluna está diretamente relacionada à

performance das duas regiões (zona de coleta e camada de espuma) que compõem o

equipamento e à interação existente entre elas. Cada região apresenta uma recuperação para

cada tipo de mineral, relativa à alimentação dessa zona. Essa interação está demonstrada a

seguir na Figura 3, onde Rc e Rf correspondem respectivamente à recuperação na zona de

coleta e na camada de espuma da coluna.

1

ZONA DELIMPEZA

ZONA

DE

COLETA

ALIMENTAÇÃO

( )fc RR −1

fcRR

cR

cR−1

Figura 3- Representação esquemática da interação entre a zona de coleta e a camada de espuma em uma coluna de flotação (adaptado de DOBBY & FINCH, 1990).

Page 33: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

14

Para um dado mineral, a recuperação global da coluna (Rg) é dada pela expressão a seguir:

cfc

fcg RRR

RRR

−+=

1.

. (3.7)

Na camada de espuma, um fenômeno importante é a coalescência de bolhas, responsável pela

redução da recuperação nessa região. A coalescência de duas ou mais bolhas provoca uma

diminuição na área específica, resultando na “descoleta” de partículas hidrofóbicas

anteriormente coletadas.

Cem por cento do tempo original de retenção das partículas na zona de coleta estão

disponíveis para as partículas rejeitadas da camada de espuma realizarem sua “recoleta”. Isto

não ocorre nas células mecânicas, onde o tempo disponível para a “recoleta” decresce com a

progressão da partícula para o fundo da célula. (DOBBY & FINCH, 1990).

3.3.2 RECUPERAÇÃO DE PARTÍCULAS FINAS

A recuperação em minérios mais finos ocorre devido a três formas distintas de transporte da

partícula da zona de coleta para a camada de espuma: flotação verdadeira, arraste

hidrodinâmico e aprisionamento. O aprisionamento ocorre quando partículas finas são

aprisionadas dentro de aglomerados de partículas grossas ou em aglomerados de partículas e

bolhas. Na flotação verdadeira as partículas são flotadas através do mecanismo de adesão

partícula-bolha, sendo necessário que as partículas apresentem superfícies hidrofóbicas

(naturais ou induzidas através de reagentes químicos). O arraste hidráulico, ou simplesmente

arraste, ocorre quando as partículas são “arrastadas” da polpa para a camada de espuma pela

água (GEORGE, NGUYEN, JAMESON, 2004).

A flotação verdadeira é um processo seletivo, enquanto o arraste e o aprisionamento, mesmo

que tenham sua parcela de contribuição na recuperação global do processo, não são seletivos,

sendo muitas vezes responsáveis pelo aumento do teor de contaminantes no concentrado.

Page 34: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

15

3.3.2.1 Arraste hidráulico

Ocorre quando as partículas são transportadas pelos fluxos ascendentes através do mecanismo

de arraste para dentro da camada de espuma.

Com a diminuição do tamanho e da massa das partículas minerais, o efeito da força

gravitacional se torna desprezível, fazendo com que as partículas não se sedimentem e passem

a fazer parte da fase líquida. Dessa forma, ficam diretamente relacionadas com a partição do

fluxo de água no sistema, existindo assim uma correlação entre a recuperação de água no

flotado e o arraste (Figura 4). A contribuição do arraste no produto flotado é significativo,

especialmente quando partículas finas estão presentes no sistema em quantidade considerável

(BORGES, 1993).

Figura 4- Correlação entre a recuperação de água e de sílica para três frações granulométricas (adaptado de BORGES, 1993).

Page 35: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

16

3.3.3 CÁLCULO DA RECUPERAÇÃO DO PROCESSO

O cálculo da recuperação pode ser feito a partir dos teores da alimentação, concentrado e

rejeito pela seguinte expressão:

( )( )rca

racRg −

−= x 100 (%) (3.8)

onde c, a e r representam respectivamente os teores no concentrado, alimentação e rejeito.

Por outro lado, a recuperação pode ser dada também em função da massa ou vazão mássica da

alimentação e do concentrado através da seguinte expressão:

AaCc

Rg = x 100 (%) (3.9)

onde C e A correspondem às massas ou vazões mássicas do concentrado e da alimentação.

O resultado obtido nas equações (3.8) e (3.9) deveria ser idêntico, o que não acontece na

prática devido a erros de amostragem ou de análises químicas. Se o fechamento fosse perfeito,

então:

0=−− RrCcAa

Devido aos erros descritos anteriormente tem-se que:

∆=−− RrCcAa , onde ∆ é o erro de fechamento.

Nesse caso é necessário que se faça um ajuste de dados, o qual pode ser feito pelo método dos

mínimos quadrados.

Page 36: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

17

3.4 DISPERSÃO AXIAL EM COLUNAS DE FLOTAÇÃO

É comum assumir a dispersão em uma coluna de flotação como sendo unidimensional, no

sentido longitudinal (o sentido do fluxo), em função da relação altura/diâmetro da coluna ser

consideravelmente alta.

Considerando-se o fluxo descendente da água ou das partículas minerais na zona de coleta de

uma coluna de flotação, a equação de transporte de massa pode ser descrita como:

02

2

=−−dtdc

dxdc

udx

cdD i (3.10)

Onde D é o coeficiente de dispersão axial [L2.t-1] devido à turbulência e difusão molecular;

iu é a velocidade do líquido ou da partícula [L.t-1]; x corresponde à direção axial da zona de

coleta e c é a concentração de uma determinada fase (líquida ou sólida), ou de um

determinado componente (em qualquer destas fases), ou ainda de um traçador num

determinado tempo t (MANQIU et al,1991).

A dispersão em um sistema atravessado por um fluxo de material pode ser quantificada

através de um termo adimensional conhecido como número de Peclet (Pe), definido por:

DLu

Pe i= (3.11)

onde iu é a velocidade característica de uma determinada fase; L é o comprimento

característico e D é o coeficiente de dispersão axial, que pode ser obtido através de

experimentos que fornecem dados relativos à distribuição de tempos de residência no sistema

em estudo. No estudo da dispersão das partículas da fase sólida, na zona de coleta em uma

coluna de flotação, iu é a velocidade da partícula, L é a altura da zona de coleta e D pode ser

obtido através do uso de traçadores que representem o comportamento da fase sólida.

Sistemas que teoricamente funcionem como fluxo de pistão, onde não há uma dispersão dos

tempos de residência das fases presentes, apresentam Pe = ∞. Neste caso, o sistema apresenta

um fluxo ordenado no qual as partículas, tanto da fase sólida quanto líquida, saem do reator

da mesma forma que entraram. Em outro caso extremo encontram-se os reatores de mistura

Page 37: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

18

perfeita, onde existe uma distribuição dos tempos de residência das partículas dentro do

sistema e onde a concentração destas é a mesma em qualquer ponto do sistema.

Nesse caso tem-se Pe = 0. A coluna de flotação é um tipo de reator que se encaixa entre esses

dois extremos (MANKOSA et al, 1992). Pode-se dizer que uma coluna de flotação é um

reator que opera numa espécie de fluxo de pistão com uma dispersão superposta.

3.4.1 EFEITO DA DISPERSÃO SOBRE A RECUPERAÇÃO

A condição de mistura em que se encontram as fases na zona de coleta de uma coluna de

flotação é um fator preponderante para a recuperação do processo. Entende-se que quanto

menor a turbulência melhor o desempenho da coluna. Essa condição de mistura da zona de

coleta é um dos principais fatores, uma vez que afeta tanto a coleta quanto o desprendimento

da partícula mineral pela bolha. Um alto grau de mistura é, portanto, prejudicial ao

desempenho do equipamento (MAVROS, 1993).

Segundo DOBBY & FINCH (1986), a recuperação em uma coluna de flotação é função de

três fatores: a constante cinética (K), o tempo de residência médio das partículas na zona de

coleta e as condições de mistura na zona de coleta, onde a constante cinética é definida por:

b

kar

dEV

K5.1

= (3.12)

Sendo Var a velocidade superficial do gás, db o diâmetro médio das bolhas e kE a eficiência

de coleta que é definida como a fração de todas as partículas que colidem, se prendem e

permanecem presas á bolha até que o conjunto partícula/bolha atinja a zona de limpeza. A

eficiência de coleta é uma função de vários parâmetros como diâmetro da partícula, diâmetro

da bolha e hidrofobicidade da partícula.

O objetivo de se medir os parâmetros de mistura na zona de coleta de uma coluna de flotação

é conhecer o seu efeito na recuperação do processo (DOBBY E FINCH, 1985).

De acordo com LEVENSPIEL (1999), o rendimento de uma reação de primeira ordem em um

reator químico é dada em função do número de Peclet , da constante cinética e do tempo

médio de residência :

Page 38: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

19

( )( ) ( )[ ] ( ) ( )[ ]ee

ec

PaaPaaPa

R2exp12exp1

2exp41 22 −−−+

−= (3.13)

onde ePtKa 41+= (3.14)

K é a constante cinética da reação e t é o tempo de residência de um determinado

componente no sistema.

Assumindo-se que o processo da recuperação de um componente na flotação obedece a uma

cinética de primeira ordem, a equação anterior pode ser usada para se prever a recuperação

final na zona de coleta de uma coluna de flotação, sendo K a constante cinética deste processo

(O’CONNOR; MILLS;CILLIERS, 1995).

MANKOSA et al (1992), plotaram a equação (3.13) para vários valores de Pe em função da

variável adimensional K. t , como mostra a Figura 5:

Figura 5- Recuperação em função do produto K. t para diferentes valores do Número de Peclet (adaptado de MANKOSA et al, 1992).

Page 39: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

20

Nota-se que, a um determinado tK. fixo, a recuperação aumenta com o aumento do número

de Peclet, ou seja, à medida que o comportamento fluidodinâmico da coluna se aproxima do

sistema de fluxo de pistão. Com Pe fixo, a recuperação aumenta à medida que o produto K. t

se torna maior. Nesse caso, t pode aumentar com o aumento do volume do reator; mas não se

deve esperar 100% de recuperação para um tempo médio de residência infinito (O’CONNOR;

MILLS;CILLIERS, 1995).

Portanto, para que se possa quantificar o efeito da dispersão na recuperação do processo é

necessário que se conheça o tempo médio de residência das fases presentes. Uma alternativa

para se avaliar os tempos médios de residência das fases líquida e sólida é o uso de traçadores

radioativos emissores de raios gama, que podem ser detectados na parte exterior da coluna

sem interferir nas condições operacionais do processo. Esse método, que será descrito

posteriormente, é conhecido como método do impulso e resposta.

3.4.2 MODELOS EMPÍRICOS PARA ESTIMATIVA DO COEFICIENTE DE DISPERSÃO AXIAL (D)

Alguns modelos empíricos foram formulados de forma a se determinar o coeficiente de

dispersão axial, ou seja, prever o grau de mistura dos escoamentos em colunas de flotação.

1. DOBBY (1984), em sua tese de doutorado, através de testes com traçadores em colunas

de flotação industriais, deduziu uma expressão para estimativa de D para colunas com

grandes diâmetros, operando com baixas velocidades superficiais de ar. Essa relação

empírica foi considerada válida para ambas as fases sólida e líquida.

)/(063.0 2 smdD c= (3.15)

onde cd é o diâmetro da coluna em metros.

2. DOBBY & FINCH (1986) estimaram experimentalmente o coeficiente de dispersão axial

das fases líquida e sólida a partir de experimentos com traçadores: um corante para a fase

líquida e óxido de manganês (MnO2) para a fase sólida. Os experimentos foram realizados

utilizando-se colunas com diâmetros de 0,45 m e 0,90 m. O coeficiente de dispersão

axial, linearmente dependente do diâmetro da coluna, foi expresso pela seguinte relação

empírica:

Page 40: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

21

)/(6.1

063.0 23.0

smV

dDD arcpl �

���

�== (3.16)

onde cd é o diâmetro da coluna, arV é a velocidade superficial de ar e lD e pD são os

coeficientes de dispersão axial das fases líquida e sólida, respectivamente.

3. LAPLANTE et al (1988) relacionaram o coeficiente de dispersão axial com a

percentagem de sólidos da alimentação ( S ), o diâmetro da coluna ( cd ) e a velocidade

superficial de ar ( arV ) através da seguinte relação empírica:

( )scmeVdDD Sarclp /98.2 2025.033.031.1 −== (3.17)

4. Posteriormente, XU & FINCH (1991) recomendaram a seguinte relação proposta por

LUTTRELL et al, 1990.

63.0

85.1 ��

����

������

���==

l

arc

id V

VL

dLu

DN (3.18)

onde Vl é a velocidade superficial de descida do líquido (cm/s) e Nd é o número de dispersão.

5. LUTTRELL et al (1992), utilizando uma solução de KCl como traçador em colunas de 5

e 10 cm, chegaram a uma expressão que quantifica a dispersão como função da relação

altura/diâmetro (L/D) da coluna e das velocidades superficiais do ar e da fase líquida:

( )[ ]5,063,0 .)(7,0 arlc VVdLDuL

Pe == (3.19)

6. MILLS, YIANATOS e O’ CONNOR (1992) sugeriram a seguinte modificação na relação

empírica sugerida por LAPLANTE et al (1988), quando se trata do coeficiente de

dispersão axial da fase sólida:

( ) )/(98.225.1 2025.033.031.1 scmeVdD Sarcp

−= (3.20)

Page 41: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

22

7. MAVROS (1993) estimou experimentalmente o coeficiente de dispersão axial em função

do diâmetro da coluna ( cd ) e da velocidade superficial de ar ( arV ):

( ) 603.01.303.9 arc VdD −= ( )scm /2 (3.21)

8. MAVROS & DANILLIDOU (1993), utilizando colunas com diâmetros que variaram de

2,5 a 11 cm, propuseram a seguinte expressão para o coeficiente de dispersão da fase

líquida:

( ) lCd VdN 267,0exp0194,0= (3.22)

onde lV é a velocidade superficial do líquido

Nota-se que foram pré-estabelecidos vários modelos para a estimativa do grau de mistura dos

escoamentos em colunas de flotação, no entanto cada qual tem a sua restrição, uma vez que

cada minério apresenta características diferentes e o processo ocorre em colunas com

características próprias (diferentes diâmetros, alturas, hold up, tamanho de bolhas,

percentagem de sólidos, vazões de água de lavagem, etc).

3.5 DISTRIBUIÇÃO DE TEMPOS DE RESIDÊNCIA (DTR)

Os conceitos e as modelagens da distribuição de tempos de residência em equipamentos de

processo foram desenvolvidos e organizados por Danckwerts (1953) e outros. O tempo de

residência de uma partícula é o tempo decorrido entre a entrada desta em um sistema e o

tempo em que ela deixa o sistema (HIMMELBLAU & BISCHOFF, 1967).

Para aplicação da teoria da distribuição de tempos de residência é necessário que sejam

cumpridas algumas condições:

• as partículas são conservadas (não se transformam física ou quimicamente via reações

químicas, adsorção nas paredes, precipitação, aglutinação, etc.) enquanto fluem pelo

sistema;

• nenhuma partícula deve entrar no sistema anteriormente ao tempo em que se inicia a

contagem, assim como nenhuma deve permanecer infinitamente no sistema;

Page 42: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

23

• o sistema deve consistir de um volume conhecido e finito;

• as partículas têm idade zero quando entram pela primeira vez no sistema, adquirindo

idade a uma taxa igual ao tempo de residência no sistema. A contagem de tempo só

termina quando a partícula deixa o sistema, mas retorna ao valor anterior se a partícula

reentrar no sistema.

Experimentos com traçadores fornecem curvas de distribuição de tempos de residência em um

sistema. Através dessas distribuições obtêm-se informações sobre o que acontece no interior

do sistema, podendo-se, assim, prever seu desempenho como reator para as mais variadas

aplicações (LEVENSPIEL, 1999).

Dentre os vários modelos de reatores existentes, dois modelos ideais têm a maior importância

teórica, por delimitarem a faixa de mistura atingível nos casos práticos: o reator de mistura

perfeita e o reator de fluxo de pistão.

3.6 REATORES DE MISTURA PERFEITA

Nesse tipo de reator as partículas que entram são instantaneamente dispersas por todo o

volume do reator, não havendo assim gradientes de concentração dentro do sistema. Logo, a

concentração de qualquer material que deixa o reator é exatamente igual à concentração em

qualquer ponto do reator naquele mesmo instante (TCHOBANOGLOUS & SCHROEDER,

1987).

Seja o balanço de massa de um dado material A num tanque de mistura perfeita de volume V

(Figura 6).

Figura 6 - Balanço de massa em um típico reator de mistura perfeita.

Page 43: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

24

VrQCQCVdt

dCAAA

Asaídaent

+−=.

(3.23)

onde:

AC é a concentração do material A no tanque;

Q é a vazão volumétrica do material A;

saídaAC é a concentração do material A na saída do tanque;

Ar é o termo de geração ou desaparecimento do material A no tanque;

V é o volume do tanque;

Supondo que a reação que ocorre obedece a uma cinética de primeira ordem, tem-se que

AA KCr −= , onde K é a constante cinética da reação e CA é a concentração do componente sob

observação (reagente, traçador, etc., no mesmo instante). t é o tempo médio teórico de

residência, dado pela relação entre o volume do reator e a vazão das partículas: QV

t = .

Rearranjando os termos da equação (3.23) e integrando de C=0 até C= CA e de t=0 até t=t tem-

se:

( ) =+−

tC

AA

A dtttKCC

dCA

saídaent

00

11

.

(3.24)

( )tt

C

CtKC

tKent

saídaent

A

AA =���

� +−+

−.

..1

ln1

1 (3.25)

( )( )tK

eCC

tttKA

Aent

saída +−

=+−

1

1 .1. (3.26)

Em um processo que ocorre em regime permanente tem-se que ∞→t , logo:

tK

CC ent

saída

AA .1

.

+= (3.27)

(TCHOBANOGLOUS & SCHROEDER, 1987)

Page 44: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

25

A importância desse tipo de reator na flotação está associada a dois casos distintos:

condicionamento das partículas minerais e flotação convencional (células mecânicas).

DOBBY & FINCH (1990) utilizaram a dedução matemática anterior para o cálculo da

recuperação de um dado mineral em uma célula mecânica de flotação:

( ) 1.11 −+−= tKR (3.28)

onde K é a constante cinética de um dado mineral (t-1), e t é o tempo de residência das

partículas minerais na célula (t).

O modelo de tanques em série (Figura 7) é o mais indicado para representar e modelar um

banco de células mecânicas, ou alguns tipos de condicionamento, como é o caso do

condicionador onde foram realizadas algumas injeções que fizeram parte desse trabalho.

Figura 7- Representação de um modelo de tanques de mistura perfeita em série.

3.7 REATORES DE FLUXO DE PISTÃO

São conhecidos como reatores de fluxo de pistão ou reatores tubulares aqueles nos quais não

ocorre dispersão longitudinal. Dessa forma, as partículas deixam o sistema da mesma forma

que entraram, umas em relação às outras. Um sinal de um determinado traçador na entrada do

sistema fornece outro sinal com a mesma forma na saída deste (TCHOBANOGLOUS &

SCHROEDER, 1987).

Page 45: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

26

O balanço de massa nesse caso deve ser feito em um volume infinitesimal (∆V = A ∆X),

conforme o esquema a seguir (Figura 8):

Figura 8- Balanço de massa em um volume infinitesimal de um reator de fluxo de pistão.

VrQCQCVt

CAXXAXA

A ∆+−=∆∂

∂∆+.

(3.29)

onde:

AC é a concentração do material A no volume V;

Q é a vazão volumétrica do material A;

.AC é a concentração do material A no volume infinitesimal ∆V ;

Page 46: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

27

Ar é o termo de geração ou desaparecimento do material A;

Sendo XAV ∆=∆ , e utilizando o limite de 0→∆X , a equação (3.29) toma a seguinte forma:

AAA r

XC

AQ

tC +

∂∂−=

∂∂

(3.30)

Sendo constante a vazão volumétrica Q, pode ser feita a seguinte transformação no segundo

termo da equação (3.30):

tC

XQC

AXC

AQ AAA

∂∂

=∂

∂=

∂∂ 1

(3.31)

pois: tQ

XA ∂=∂

Em regime permanente 0=∂

∂t

CA , logo a equação (3.30) se reduz à seguinte forma:

AA r

dtdC = (3.32)

Para uma reação que obedece a uma cinética de primeira ordem tem-se que AA KCr −= , onde

K é a constante cinética da reação.

AA KC

dtdC −= (3.33)

Sejam os limites de integração .entACC = , ACC = e 0=t , tt = :

−=A

entA

C

CA

A tdKCdC

. 0

τ (3.34)

Logo:

tKAA eCC

ent

..

−= (3.35)

Page 47: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

28

O rendimento de uma reação em um reator (ou a recuperação para uma coluna de flotação)

que opera nas condições de fluxo de pistão é a máxima possível, sendo dada pela seguinte

expressão (TCHOBANOGLOUS & SCHROEDER, 1987; DOBBY & FINCH, 1990):

( )tKR .exp1 −−= (3.36)

Nesse caso, existe um gradiente de concentração do reagente (ou do mineral flotável no caso

da coluna) ao longo do eixo axial do reator. Colunas piloto apresentam um fluxo que se

aproxima bem do fluxo de pistão, enquanto nas colunas industriais as fases líquida e sólida

são transportadas em condições intermediárias entre os fluxos de pistão e de mistura perfeita

(DOBBY & FINCH, 1986).

3.8 MODELO DA DISPERSÃO AXIAL

3.8.1 O ESCOAMENTO NÃO-IDEAL

O escoamento em um equipamento de processo é dito como não-ideal quando se encontra em

meio aos extremos do reator de mistura perfeita e do reator de fluxo em pistão (todos os

escoamentos reais são mais ou menos não-ideais). Essa não-idealidade de fluxo pode ser

causada pela formação de canais preferenciais, recirculação de fluido, existência de regiões

estagnadas no sistema e outros fatores. Os problemas do escoamento não-ideal estão

intimamente ligados ao aumento de escala, pois o scale up de reatores químicos envolve o

controle de todas as variáveis que afetam o processo. Freqüentemente, o fator não controlado

no aumento de escala é a grandeza de não-idealidade do escoamento, o que pode levar a erros

de projeto (LEVENSPIEL, 1999).

O modelo da dispersão axial se aplica a sistemas de fluxo onde coexistem advecção e difusão.

Esse modelo é descrito segundo a seguinte equação diferencial parcial:

rZC

DZC

utC =

∂∂−

∂∂+

∂∂

2

2

(3.37)

sendo ( )ZtCC ,=

Page 48: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

29

O primeiro termo da equação tC

∂∂

representa a dependência com o tempo. O segundo termo,

ZC

u∂∂

, corresponde ao fluxo advectivo na direção Z . Em um sistema sem variação da área da

secção transversal, u é constante e representa a velocidade média de uma determinada fase. O

terceiro termo, 2

2

ZC

D∂∂

, representa o processo de dispersão. O quarto termo da equação, r , é

uma constante cinética de reação, que será positivo para partículas que são conservadas no

sistema e negativo para partículas consumidas. Pode também ser positivo quando representa

um fenômeno de formação ou geração. Assim, para reações que obedecem a uma cinética de

primeira ordem, tem-se: kCr ±= .

A equação (3.37) pode ser escrita na forma adimensional pela utilização dos seguintes grupos

adimensionais: Ltutt ==τ e LZx = .

rtxC

PexCC =

∂∂−

∂∂+

∂∂

2

21τ

(3.38)

onde DuL

Pe = é um número adimensional conhecido como número de Peclet (NAUMAN,

1983).

Page 49: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

30

3.8.2 DISPERSÃO DE PEQUENA INTENSIDADE (Pe > 0,01)

Se for injetado um pulso (de traçador, por exemplo) a um fluido que escoa em um sistema, a

dispersão modificará a forma desse pulso. Na dispersão de pequena intensidade (Pe elevado)

a curva do traçador (Figura 9) não muda sua forma significativamente à medida que passa no

ponto de detecção (MACHADO, 1994).

Figura 9 - Distribuição simétrica de traçador em um sistema onde ocorre dispersão de pequena intensidade ( LEVENSPIEL, 1999).

Nessas condições, a solução para a equação (3.38) corresponde a uma curva simétrica, C, que

representa uma família de curvas gaussianas com média igual a � e variância 2(uL/D) = 2 Pe

(LEVENSPIEL, 1999):

( )( )( )��

� −=uLDuLD

C41

exp2

1 2τπτ (3.39)

3.8.3 DISPERSÃO DE GRANDE INTENSIDADE (Pe < 0,01)

Nesse caso, a curva medida não é simétrica e apresenta um prolongamento em forma de

cauda. As condições de contorno (no ponto de injeção e de detecção) influirão na forma da

curva obtida.

A solução para a equação da dispersão é importante para se prever o comportamento de um

dado sistema através da interpretação de experimentos com traçadores. A maior dificuldade

de se usar o modelo da dispersão consiste na escolha correta das condições de contorno e

Page 50: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

31

inicial que representem a real situação do sistema e em se encontrar a solução da equação para

essas condições (ZUBER & KREFT, 1978).

Vários modelos são possíveis com as diferentes condições de contorno. A solução para alguns

casos será apresentada posteriormente. Antes, é conveniente apresentar brevemente os

principais tipos de sistema: sistema aberto e sistema fechado.

3.9 SISTEMA ABERTO

O sistema aberto é constituído por uma seção, 0 < Z < L, onde a velocidade u e o coeficiente

de dispersão D são constantes (Figura 10). Na região anterior à entrada do sistema (Z < 0)

existe dispersão, 0>entradaD , e para simplificar admite-se que o fluido nessa região tenha a

mesma velocidade u. Similarmente, na saída do sistema (Z > 0) tem-se 0>saídaD com

velocidade constante u. No caso especial em que .entD = D = saídaD o sistema é dito

uniformemente aberto.

De uma maneira geral, o sistema é dito aberto se uma partícula é livre para deixar o sistema e

reentrar nele em qualquer intervalo de tempo ( NAUMAN, 1981).

Sistema Saída Entrada

Z = 0 Z = L

0>entradaD 0>D 0>saídaDu

Figura 10 - Sistema aberto com dispersão axial.

Page 51: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

32

3.10 SISTEMA FECHADO

O sistema é dito fechado quando o fluxo de pistão prevalece na entrada e na saída do sistema,

ou seja, 0== saídaentrada DD . Portanto, as partículas entram ou saem com um perfil de

velocidade plano. Na entrada ou na saída do sistema não há variação de velocidade,

ocorrência de difusão ou de turbilhões (LEVENSPIEL, 1999). A Figura 11 a seguir ilustra um

sistema fechado.

0, >Du

LZ =0=Z

( )+0,θC

( )−0,θC

( )+LC ,θ

( )−LC ,θ

( )θSaídaC( )θ.entC 0=SaídaD0=entradaD

Figura 11- Sistema Fechado com dispersão axial.(Nauman & Buffham, 1983).

Sejam as condições de contorno abaixo para uma injeção dita “em degrau (step) negativo”.

Nesse caso havia um aporte constante de traçador, Cent > 0 (quando t < 0), e no tempo t = 0

esse aporte foi cortado:

( ) 10, =−tC , 0<t (3.40)

( ) 00, =−tC 0>t (3.41)

Page 52: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

33

3.10.1 CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA SISTEMAS FECHADOS

CONDIÇÃO DE ENTRADA (Z=0), DENTRADA = 0

A relação entre C(t,0-), medida imediatamente antes da entrada do sistema, e C(t,0-), medida

imediatamente após a entrada, determina as condições de contorno para a equação (3.38).

Uma primeira condição de contorno, conhecida como continuidade da concentração, supõe

que ( )−0,tC = ( )+0,tC . Entretanto, para um sistema fechado governado pelo modelo da

dispersão axial, ( )+0,tC , diferentemente de ( )−0,tC , não tende a zero imediatamente após

0=t , permanecendo positivo devido à difusão das partículas nessa interface do sistema.

Portanto, conclui-se que a concentração não é contínua em 0=X , o que é contínuo é o fluxo

Φ , que corresponde ao número de partículas por área por unidade de tempo. A continuidade

do fluxo é representada por:

( ) ( )+Φ=−Φ 0,0, tt para todo t . (3.42)

Para o modelo da dispersão axial o fluxo representa a soma do fluxo convectivo e do fluxo

difusivo, da seguinte forma:

ZC

DuC∂∂−=Φ (3.43)

A combinação das equações (3.42) e (3.43) fornece a condição de contorno na entrada do

sistema em termos da concentração (Condição de Contorno de Danckwerts):

( ) ( ) ( )+∂

∂−+=−=0

. 0,0,ZC

DtuCtuCtuCent (3.44)

Nesse caso, o termo ( ) ( )−= 0,. tuCtuCent representa o fluxo puramente convectivo do tubo de

entrada dos sistema, enquanto o lado direito da equação (3.44) representa a combinação de

convecção e difusão que prevalece dentro do sistema.

Na forma adimensional a equação (3.44) toma a seguinte forma:

( ) ( ) ( )+∂

∂−+=−=0

.

10,0,

xC

PCCC

eent θθθ (3.45)

Page 53: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

34

CONDIÇÃO DE SAÍDA (Z=L) , DSAÍDA = 0

Combinando-se a condição de saída com a condição de continuidade do fluxo (equação 3.42)

tem-se, em termos de concentração (Condição de Contorno de Danckwerts):

( ) ( )+=∂∂−−

−LtuC

ZC

DLtuCL

,, (3.46)

Admitindo-se que na saída, ao contrário da entrada, haja continuidade de concentração, ou

seja, ( ) ( )+=− LtCLtC ,, , a equação anterior se reduz á seguinte forma:

0=∂∂

−LZC

(3.47)

Dessa forma, há somente um fluxo advectivo dentro desse volume de controle de saída,

resultando assim em um gradiente de concentração nulo. Na forma adimensional a condição

de contorno de saída é:

01

=∂∂

−xC

para todo θ . (3.48)

As equações (3.45) e (3.48) são as condições de contorno para o modelo da dispersão axial

em sistemas fechados operando em regime permanente ou não, sendo válidas em sistemas

com ou sem reações químicas. Dada uma condição inicial em 0=θ , a equação (3.38) pode

ser resolvida para ( )xC ,θ e a concentração na saída, ( ) ( )+= 1,θθ CCsaída , pode ser avaliada.

3.10.2 REAÇÕES DE PRIMEIRA ORDEM (SISTEMA FECHADO)

Em um sistema operando em regime permanente a equação (3.38) se reduz à seguinte equação

diferencial ordinária:

( ) 01

2

2

=+− CrtdxdC

dxCd

Pe

(3.49)

Para uma reação de primeira ordem ( ) kCCr −= . Esta equação é linear e sua solução com as

condições de contorno expressas nas equações (3.45) e (3.48) é:

( )[ ]( ) ( ) ( )aPaa

aPaCC

e

e

entrada

saída

−−−+−

=exp11

21exp422

(3.50)

Page 54: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

35

onde

ePtk

a4

1+= (3.51)

Nota-se que essa equação é utilizada para representar a recuperação na zona de coleta de uma

coluna de flotação, admitindo-se que o processo obedece à uma cinética de primeira ordem.

Se 0→eP o sistema tende para o modelo do misturador perfeito. Nesse caso, de acordo com

a equação (3.50), a relação entre a concentração de partículas que saem e que entram no

sistema passa a ser dada por:

tkC

C

entrada

saída

+=

11 (3.52)

Se ∞→eP o sistema tende para o modelo do fluxo de pistão, de forma que a equação (3.50)

se reduz a (NAUMAN & BUFFHAM, 1983):

( )tkCC

entrada

saída −= exp (3.53)

A Figura 12 mostra curvas de resposta C para sistemas fechados. À medida que eP diminui, a

curva se torna mais oblíqua e se prolonga em forma de cauda, conforme previsto para

sistemas com dispersão de grande intensidade.

Page 55: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

36

Figura 12- Curvas de saída de sistemas fechados para vários graus de mistura (LEVENSPIEL, 1999).

3.11 SOLUÇÕES PARA DIFERENTES SISTEMAS

Em um reator de fluxo contínuo, com uma distribuição de tempos de residência E(t) no qual

se processa uma reação cuja cinética é de primeira ordem, C.KdtdC −= , a concentração

média do reagente na saída é da dada por:

( ) dttEeCC Ktentradasaída

∞ −=0

Observa-se que a integral no lado direito da expressão acima é formalmente idêntica à

transformada de Laplace da função DTR, que é chamada de função de transferência do

sistema (no domínio da variável de Laplace). Assim, o rendimento do reator com reações de

primeira ordem pode ser obtido de tabelas da função de transferência (DTSPRO , 2000;

VILLERMAUX, 1995).

Page 56: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

37

A seguir são apresentadas as soluções para o rendimento de reações de primeira ordem de

alguns tipos de sistemas, com diferentes condições de contorno, onde ME e MS designam as

posições onde se medem Centrada e Csaída , respectivamente, e sendo:

ePtKa ..41+=

DuL

Pe =

Reator com dispersão axial, aberto à dispersão na entrada e na saída:

ME MS

SISTEMA

Rendimento: Rc = 1 - ( )��

� −= aP

expaC

C e

entrada

saída 12

1 (3.54)

Reator com dispersão axial, aberto à dispersão na entrada e na saída, com medição a

montante da entrada:

ME

Entrada

MS

SISTEMA

Rendimento: Rc = 1 - ( )��

� −= aP

expCC e

entrada

saída 12

(3.55)

Page 57: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

38

Reator com dispersão axial parcialmente fechado à dispersão.

Pode haver dois casos:

Sistema fechado-aberto.

Sistema aberto-fechado.

SISTEMA

SISTEMA

ME MS

Entrada fechada

Entrada aberta Saída

fechada

Saída aberta

Rendimento: Rc = 1 - =entrada

saída

CC

( )

a

aP

exp e

+

��

� −

1

12

2 (3.56)

Reator com dispersão axial fechado à difusão.

MS

SISTEMA

ME

Rendimento: Rc = 1 - ( )[ ]( ) ( ) ( )aPexpaa

aPexpaCC

e

e

entrada

saída

−−−+−

=22 11

214 (3.57)

Page 58: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

39

Tanques de mistura perfeita em série

N células MS ME

Rendimento: Rc = 1 - N

entrada

saída

Nt.K

CC −

��

� += 1 (3.58)

3.12 MÉTODO DOS TRAÇADORES

Desde sua proposição por George Hevesy em 1923, a técnica dos traçadores tem sido uma

importante ferramenta para pesquisas nas mais diversas áreas (DALIA, 2001).

O método é utilizado para se obter informações de um dado sistema, ou parte deste, através da

observação do comportamento de uma substância específica agregada ao processo. Em geral,

o princípio básico do método dos traçadores consiste em “marcar” uma substância, objeto ou

fase de um sistema e observar seu comportamento através do sistema em estudo. No estudo de

processos industriais é necessário que o traçador cumpra alguns requisitos básicos:

• comportar-se similarmente ao material do sistema em estudo;

• ter pelo menos uma propriedade que o distinga do restante do material do

sistema;

• ser facilmente detectado em baixas concentrações;

• poder ser injetado, detectado ou amostrado com mínima ou nula perturbação

no sistema.

Os traçadores podem ser classificados em três classes principais (AGÊNCIA

INTERNACIONAL DE ENERGIA ATÔMICA, 2000):

1. traçadores estáveis: são geralmente corantes, fluorescentes, sais químicos ou isótopos

estáveis de um elemento em estudo;

Page 59: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

40

2. traçadores ativáveis: são compostos estáveis que são detectados após a amostragem,

quando são irradiados e radioativados. Devem, portanto, apresentar uma seção de choque

favorável à irradiação;

3. traçadores radioativos.

3.12.1 TRAÇADORES RADIOATIVOS

Os traçadores radioativos emissores de radiações gama, seja para uma fase sólida, líquida ou

gasosa, cumprem bem as determinações descritas anteriormente, pelo fato de normalmente

poderem ser detectados "in situ", evitando-se assim erros e trabalhos relacionados com a

amostragem e análises químicas.

Um fator importante para obtenção de bons resultados no uso de traçadores radioativos é a

seleção do traçador adequado, já que existe uma grande quantidade de radioisótopos

candidatos (principalmente artificiais). Os fatores a serem levados em consideração na seleção

de um traçador radioativo são descritos a seguir:

Meia vida: deve ser suficientemente grande com relação à duração do trabalho, incluindo aí o

transporte para o local do mesmo, mas não tanto que perdure por um tempo muito superior ao

correspondente à sua utilização.

Atividade: é muito importante que a atividade do traçador seja suficiente para ser detectada e

medida com um erro estatístico aceitável, já que tem que ser levada em conta a diluição e as

possíveis dispersões as quais estará sujeito o traçador.

Tipo da radiação: a escolha do tipo de radiação está associada diretamente às condições de

trabalho no experimento. Devido ao seu alto poder de penetração, os emissores de radiação

gama são os únicos que podem ser usados quando se deseja realizar uma detecção "in situ",

com o detector colocado externamente ao equipamento sob teste. Em outros casos, como

estudos de poços de petróleo ou datação de lençóis freáticos, emissores beta são muito

utilizados. Emissores alfa, devido à sua alta toxidade e difícil detecção, praticamente não são

utilizados.

Energia da radiação: é importante quando se leva em consideração o tipo de equipamento de

detecção, já que, por regra geral, quanto maior a energia mais fácil é a sua detecção,

Page 60: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

41

especialmente em detecções "in situ" (AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA

ATÔMICA, 2000).

3.12.2 MÉTODO DO IMPULSO E RESPOSTA

O método do impulso e resposta é um procedimento de identificação dinâmico que consiste

na injeção de uma pequena quantidade, bem determinada, de um traçador em um ponto P1 do

sistema operando em estado constante e na sua observação\detecção em um outro ponto P2 do

sistema, normalmente a jusante de P1 (AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA

ATÔMICA, 2000). A resposta corresponde a uma função de transferência do processo de

transporte existente entre esses pontos do sistema. Isto é importante para a identificação

dinâmica, modelagem e estudo de um procedimento para o controle de sistemas.

(YIANATOS & BERGH; 1992).

Em uma coluna de flotação que opera em regime permanente a distribuição dos tempos de

residência (RTD) pode ser obtida experimentalmente com a introdução de um distúrbio

(pulso) e com o posterior monitoramento da resposta desse sistema (MAVROS &

DANILIDOU , 1993). O método está esquematizado na Figura 13.

Injeção do traçador

Detecção do traçador

ENTRADA

SAÍDA

SIST

EM

A

C0

t

C

t

Figura 13– Esquema de um experimento com traçador pelo método do impulso e resposta.

Page 61: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

42

É necessário que a injeção seja instantânea, de forma que se possa obter um pulso ideal, o

qual deve cumprir as seguintes condições descritas abaixo e ilustradas na Figura 14.

C(t)Cmáx

t t+∆∆∆∆t

C(t) = 0 para t < t

C(t) = Cmáx para t < t < t + ∆∆∆∆t

C(t) = 0 para t > t + ∆∆∆∆t

Figura 14 - Pulso ideal de entrada de um traçador.

Na prática nunca se consegue um pulso ideal, mas para fins práticos é apenas necessário que

o tempo de injeção seja insignificante perante o tempo de residência médio do sistema em

estudo.

3.12.3 USO DE SONDAS DE NaI (TL) PARA DETECÇÃO “IN SITU” DE RAIOS GAMA EM EXPERIMENTOS COM TRAÇADORES.

Vários materiais inorgânicos são capazes de converter a radiação emitida por radioisótopos

em fótons. Isso inclui cristais como o NaI, CsI, LiI, Bi4Ge3O12, BaF2, CsF, ZnS, etc. A

interação da radiação com esses materiais está relacionada à estrutura do cristal (ZEMEL,

1995).

Dentre os sistemas de detecção de raios gama, destaca-se o cristal inorgânico NaI (Tl). A

utilização deste cristal para este fim se deve à sua densidade e número atômico relativamente

altos (PRICE, 1964), além de sua excelente capacidade de produção de luz (KNOLL, 1999).

A detecção de raios gama pelo princípio da cintilação está associada à transferência de toda

ou parte da energia do raio incidente a um foto-elétron gerado no detector, e com a posterior

ampliação da corrente elétrica assim produzida até atingir um nível que possa ser medido em

um circuito elétrico.

Page 62: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

43

Assim, através de um tubo de luz e de um refletor, uma grande fração da radiação emitida é

transmitida para um fotocatodo de um tubo fotomultiplicador. Os fotoelétrons emitidos no

fotocatodo são multiplicados por meios de uma seção de multiplicação de elétrons, que se dá

por um aumento de voltagem nessa seção. O pulso de corrente resultante produz um sinal na

entrada de um pré-amplificador, que após passar por um discriminador é detectado por um

contador eletrônico. (Figuras 15 e 16)

Pré-amplificadorPré-amplificador Discriminador Contador

eletrônico

Tubofotomultiplicador

Fotocatôdo

CintiladorNaI(TL)

Gerador de altavoltagemRefletor de

luz

Raios gamaTubo de Luz

Figura 15- Diagrama esquemático de um detector de cintilação.

Figura 16 - Corte lateral em uma sonda de NaI (Tl). (1) Capa de proteção, (2) tubo

fotomultiplicador, (3) circuito elétrico para multiplicação de fotoelétrons, (4) cilindro contendo o cristal de Iodeto de Sódio.

Sondas detectoras de NaI(Tl) devidamente colimadas podem ser posicionadas na parte

exterior de sistemas, de forma a se obter respostas on-line de traçadores radioativos

Page 63: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

44

transitando internamente no sistema a ser avaliado. Essas sondas devem estar ligadas a

sistemas de coleta e armazenamento de dados (computadores) para posterior tratamento de

dados de experimentos com radioisótopos.

3.12.4 TRATAMENTO DE DADOS EM EXPERIMENTOS COM TRAÇADORES RADIOATIVOS

O tratamento de dados de experimentos com radiotraçadores pode requerer vários estágios,

apesar de que o estágio fundamental no tratamento de qualquer experimento com traçadores é

a normalização (IAEA, 2004). A seguir são descritos alguns desses estágios.

3.12.4.1 Correção do background

Existe um background de radiação natural em qualquer ambiente independentemente da

presença do radiotraçador. Por isso, antes da injeção do traçador, é necessário que se meça

esse nível de radiação nas posições do sistema onde será feita a detecção, nas mesmas

condições do experimento. A medida do background (isto é, a média de uma série

significativa de contagens da radiação ambiente) deve ser subtraída das contagens registradas

durante a passagem do radiotraçador. Esta é a primeira correção a se fazer sobre os dados

brutos registrados representada pela Figura17.

Figura 17 - Dados brutos e dados corrigidos após correção do background (adaptado de AIEA, 2004).

Page 64: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

45

Porém, esta correção nem sempre é trivial como pode parecer à primeira vista, pois

comumente observam-se variações no background durante a condução dos testes com

radiotraçadores. Obtém-se então um “sobre-background”, BKGs, variável, de tal modo que

pode-se representar a situação pela expressão BKGtotal = BKGambiente + BKGs (t). As

circunstâncias que geram essas variações e as correspondentes estratégias de correção do

background são comentadas a seguir.

É comumente observado que o nível do background se eleva durante os testes. Como os

detectores são ativados previamente ao instante da injeção, isso fica patente nos registros: a

série de contagens que imediatamente antecede a injeção comumente indica contagens

inferiores à série de contagens registradas após a passagem do traçador. A razão dessa

divergência pode ser facilmente entendida ao se considerar que o escoamento inevitavelmente

deixa algumas de suas partículas aderidas às paredes internas do sistema. A presença dessas

partículas é detectada em função da elevada sensibilidade dos detectores de radiação

É razoável supor que essa “contaminação” se faz de maneira gradual, de modo linear. Assim,

a correção pode ser processada supondo que o “sobre-background” varia segundo uma linha

de base retilínea BKGs (t) = a + b t, na qual os coeficientes a e b são determinados obrigando

a reta a passar pelos pontos do registro imediatamente antes e depois da passagem do

traçador, conforme representado na Figura 18.

Figura 18- Correção do aumento do background com linha de base linear (adaptado de AIEA, 2004).

Page 65: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

46

Pode-se também utilizar outra formas como a linha de base quadrática BKGs (t) = a + bt + c

t2 ou exponencial BKGs (t) = a (1 - e-bt). Mas na prática a diferença entre essas formas da linha

de base é mínima, posto que os valores das contagens são normalmente muito superiores às

do sobre-background. Mais importante é a definição do término da passagem do traçador.

Em certas circunstâncias pode ocorrer a redução do background durante a execução do

experimento. Uma delas, não muito rara, é devida ao próprio traçador. Depois de ter sido

retirado de sua blindagem, durante a manipulação antecedente à injeção, e mesmo após a

injeção, quando já está no interior do equipamento, não tendo ainda alcançado as estações de

medição, os detectores já acusam sua presença no sistema.

Em alguns casos, por exigências de proteção radiológica, pode ser necessária a estocagem do

efluente em um recipiente pulmão, que esteja situado nas proximidades do local do teste. A

Figura 19 ilustra essa situação.

SISTEMA

Detector

Deposiçãodo traçador

Figura 19- Pertubação devido a deposição de traçador próxima ao sistema de detecção.

Nesses casos o sobre-background deve assumir uma forma semelhante às anteriores, ou seja:

BKGs (t) = a - b t ou BKGs (t) = a - bt - c ou BKGs (t) = a e-bt.

Quando o sistema é de dimensões reduzidas, os efeitos desse comportamento do sobre-

background não são negligenciáveis. Na prática são minimizados, mas nunca integralmente

eliminados, pelo uso de colimadores que recobrem a extremidade sensível dos detectores.

Page 66: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

47

3.12.4.2 Correção do decaimento radioativo

Como os traçadores radioativos decaem exponencialmente com o tempo, é necessário aplicar

a correção às medidas dos detectores, principalmente quando o tempo de meia-vida do

traçador é significativo perante o tempo médio estimado de trânsito do experimento. A

correção consiste em calcular as contagens que seriam registradas se o traçador não sofresse

decaimento, o que equivale a transportá-las todas de volta para um tempo to comum,

aplicando-se a expressão: c(to) = c(to) ( )otte − . O instante to é tomado convenientemente como

sendo o da injeção. A Figura 20 ilustra esta correção.

Figura 20- Efeito da correção do decaimento radioativo (adaptado de AIEA, 2004).

Nos casos em que o tempo de meia vida do traçador é muito longo, comparado ao tempo

médio de trânsito, a correção torna-se praticamente desnecessária.

3.12.4.3 Extrapolação

A extrapolação de dados é requerida quando, por razões alheias à vontade do operador, não se

consegue detectar o final da curva de resposta, seja em função de tempos de passagem

excessivamente longos, interrupções na operação, panes do sistema de contagem, ou outros. É

Page 67: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

48

então feita a extrapolação dos últimos dados registrados, obedecendo-se a tendência por eles

indicada, de modo tal que as contagens tendam a zero. A exponencial ( ) ( ) ( )fttff etctc −−=ˆ é

usada para o cálculo da contagen extrapolada ( )tc em um tempo t > tf , sendo ( )ff tc a

última contagem, que foi registrada ao tempo tf.

De qualquer forma é aconselhável checar se as contagens registradas efetivamente decrescem

exponencialmente no período antecedente ao do fim do experimento. A extrapolação é

continuada até que as contagens calculadas apresentem valores suficientemente pequenos.

Sendo assim, uma função de decaimento exponencial deve ser ajustada ao final da curva. O

número de pontos extrapolados deve ser cuidadosamente escolhido (o nível de cuidado tem a

ver com a precisão desejada). A questão crítica para este procedimento é quantos e quais os

pontos a se considerar para o ajuste da exponencial. Esta questão pode ser respondida

tentando-se o ajuste a diferentes números de pontos finais e observando-se qual o conjunto

deles que mais se aproxima da forma exponencial.

3.12.4.4 Normalização

A significativa utilidade da normalização da área sob a curva de resposta registrada reside na

eliminação da influência dos fatores que afetam a amplitude das curvas, mas não a sua forma.

Esses fatores podem ser, por exemplo, a atividade injetada, a espessura das paredes do

sistema, a geometria nas estações de detecção, a eficiência dos detectores e outros. O primeiro

dos fatores citados diferencia as respostas de experimentos, ainda que as condições

operacionais permaneçam rigorosamente inalteradas. Os dois outros introduzem divergências

nas respostas de um mesmo experimento, que são devidas apenas a condições de detecção

mais ou menos propícias nas várias estações de medição.

A resposta registrada é normalizada dividindo-se cada ponto pela área abaixo da curva, ou

seja:

( ) ( )( )

∞=

0dttc

tctE (3.59)

onde ( )tc é a contagem real e ( )tE é a função normalizada. Se a injeção do traçador é

considerada uma função delta de Dirac, a função ( )tE fornece diretamente a RTD ou a função

de transferência naquele ponto do sistema (AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA

ATÔMICA, 2004).

Page 68: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

49

A normalização é uma ferramenta fundamental para a comparação de sistemas com

dimensões distintas (scale-up). Em se tratando de testes em um mesmo sistema ela possibilita

analisar respostas medidas em diferentes posições de um mesmo sistema ou as diferenças de

comportamentos introduzidas por variações nos parâmetros hidráulicos, cinéticos e físicos do

sistema.

3.13 PRODUÇÃO DE RADIOISÓTOPOS

Radioisótopos artificiais são produzidos em reatores nucleares através da neutron-ativação ou

em aceleradores (cíclotrons), bombardeando-se com partículas neutras ou carregadas um alvo

contendo o nuclídeo pai.

3.13.1 REAÇÕES NUCLEARES (n, γγγγ)

As reações nucleares são a fonte de obtenção de traçadores radioativos e os traçadores

emissores gama são basicamente produzidos pela reação nuclear (n, γ), através de nêutrons

térmicos em reatores nucleares. Para se obter um determinado radionuclídeo por essa reação,

uma quantidade determinada do nuclídeo pai é exposta a um fluxo de nêutrons conhecido em

um reator nuclear (ZEMEL, 1995).

Seja um nuclídeo pai, A, exposto a um fluxo conhecido de nêutrons em um reator nuclear.

Para a reação geral A + n � B + �, a taxa de formação do radionuclídeo filho, B, é

proporcional à seção de choque σ efetiva do nuclídeo A, ao fluxo de nêutrons térmicos Φ e

ao número de átomos de A irradiados, AN . Assim:

AB N

dtdN Φ= σ (3.60)

Sendo B radioativo, deve-se considerar seu decaimento durante o período de irradiação.

Assim, a equação (3.60) toma a forma:

BAB NN

dtdN λσ −Φ= (3.61)

onde λ é a constante de decaimento do radionuclídeo B formado:

Page 69: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

50

2/1

2lnt

=λ (3.62)

e t1/2 é a meia-vida de B. Integrando-se entre os limites NB (0) = 0 e NB (t), tem-se:

( ) ( )tAB e

NtN λ

λσ −−Φ= 1 (3.63)

Como é mais prático indicar a quantidade de radionuclídeo formado em termos da atividade,

A (decaimento do radionuclídeo B por unidade de tempo), desprezando-se o número de

átomos transformados tem-se:

( ) Bdt

dNA B

t λ=−= (3.64)

Assim, de (3.64) e (3.63):

( ) ( )tAt eNA λσ −−Φ= 1 (3.65)

A quantidade da substância A irradiada é usualmente dada em termos da massa m:

mHM

NN Av

A = , (3.66)

onde:

M é a massa molar.

H é a abundância isotópica do nuclídeo A.

NAv é o número de avogrado.

m é a massa do elemento irradiado.

Dessa forma, a equação (3.65) passa a ser escrita como:

( ) ( )tAvt e

MNHm

A λσ −−Φ= 1 (dps) (3.67)

onde as unidades são dadas em desintegrações por segundo, dps ou becquerel.

Page 70: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

51

Na maioria das vezes não é possível ou não se deseja trabalhar com a amostra imediatamente

ao fim da irradiação, mas só depois de decorrido um tempo t’. Por isso, há que se considerar o

decaimento da atividade formada ( )tA durante esse tempo. A atividade de uma substância

irradiada em um período t depois de um tempo t’ após o fim da irradiação será (KELLER,

1981):

( )Tt

Tt

Avtt ee

MNHm

A'

.2ln.2ln

', .1−−

���

����

�−Φ= σ

(3.68)

Dessa forma, é possível otimizar o tempo de irradiação e de espera, a quantidade do nuclídeo

alvo e o fluxo de nêutrons (o qual é diretamente proporcional à potência do reator), em função

da atividade requerida para a utilização do radioisótopo em um determinado experimento.

Page 71: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

52

4 MATERIAIS E METODOLOGIA

4.1 AMOSTRA DE MINÉRIO

Para a realização deste trabalho foi utilizada uma amostra da fração grossa do minério

fosfático da Bunge Fertilizantes S/A, localizada em Araxá-MG. Essa amostra foi deslamada e

classificada na Bunge e enviada para o setor de Tecnologia Mineral do CDTN/CNEN em

Belo Horizonte, onde o material foi secado, homogeneizado e quarteado, obtendo-se amostras

representativas para a caracterização granulométrica e química, em adição à realização dos

testes de flotação com emprego dos traçadores.

4.1.1 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA

A Tabela 1 e a Figura 21 apresentam os resultados da análise química de uma amostra da

alimentação utilizada nos testes de flotação em coluna. Esses resultados foram fornecidos

pela Bunge Fertilizantes, que utilizou o método de fluorescência de raios-X.

Tabela 1- Composição química do minério da alimentação.

Elemento Teor (%)

P2O5 18,78

Cao 24,77

Fe2O3 17,44

SiO2 18,69

Al2O3 2,00

MgO 2,58

BaSO4 0,76

Page 72: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

53

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

Teor

(%)

P2O

5

CaO

Fe2O

3

SiO

2

Al2

O3

MgO

BaS

O4

Figura 21 – Composição química da alimentação.

4.1.2 CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA

A seguir está apresentada a distribuição granulométrica da alimentação de um dos testes

realizados nesse trabalho (Tabela 2). Foram utilizadas peneiras da série Tyler em um

peneiramento a seco de 20 minutos.

Tabela 2- Distribuição granulométrica da alimentação.

Tamanho Massa

malhas (#) micra % simples % acumulada

35 420 0,8 0,8

48 297 1,9 2,7

65 210 5,0 7,7

100 149 14,9 22,6

150 105 12,8 35,4

200 74 13,8 49,2

325 44 16,7 65,9

400 37 2,1 68,0

-400 -37 32,0 100,0

Page 73: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

54

4.2 A COLUNA PILOTO E O CIRCUITO

Para realização dos testes foi utilizada uma unidade piloto de flotação do Setor de Tecnologia

Mineral do CDTN/CNEN.

A coluna piloto é constituída de nódulos de acrílico com 10,2 cm de diâmetro interno, sendo a

espessura da parede de 1,0 cm. A altura total da coluna é de 570,0 cm, sendo 167,0 cm do

transbordo da fração flotada até o ponto da alimentação e 380 cm do ponto de alimentação até

a entrada de ar na base da coluna.

Na entrada da alimentação da coluna foi desenvolvido um sistema para injeção do traçador

radioativo. Trata-se de um tipo de seringa, fabricada em PVC, acoplada a uma válvula,

conforme mostra a Figura 22, de forma que a injeção é feita sem perturbar o regime da coluna

operando a vazão constante.

Figura 22 - Sistema de injeção e detecção do traçador radioativo na entrada da coluna piloto.

Page 74: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

55

Foram também construídos suportes fixos para as sondas de NaI(Tl) de detecção do

radiotraçador, que foram posicionadas em três pontos da coluna (entrada da alimentação,

saída do flotado e saída do rejeito). Foram ainda utilizados colimadores de chumbo,

especialmente fabricados para a ocasião do trabalho, que têm a função de fazer com que a

sonda só detecte a passagem do traçador no nível em que está instalada, sem sofrer

interferência do material radioativo transitando em outros pontos da coluna (Figura 22).

O fluxograma do processo e uma fotografia do circuito de condicionamento estão

apresentados nas figuras 23 e 24. O minério fosfático é alimentado a uma taxa constante

através de um silo, de onde flui por gravidade para o tanque TQ-1, que é também alimentado

com água para obtenção de uma polpa com 50% de sólidos. Do tanque a polpa flui para o

condicionador CN-1, onde são adicionados o depressor (amido de milho) e o regulador de pH

(hidróxido de sódio). Do condicionador CN-1 a polpa flui para outro condicionador, o CN-2,

onde são adicionados o agente coletor (Flotinor-GA1) e o espumante (Flotanol 123/93).

Finalmente, adiciona-se novamente água, de forma a se obter uma polpa com 25% de sólidos

em peso, que é bombeada até o orifício da alimentação da coluna.

As condições operacionais para a flotação direta de apatita foram implantadas na coluna a

partir de resultados obtidos anteriormente pelo setor de Tecnologia Mineral do CDTN\CNEN

em uma coluna de 2 polegadas de diâmetro por 6 m de altura.

Especificação dos reagentes utilizados nos testes

• Amido de milho (C6H10O5)n.

• Hidróxido de sódio (NaOH) - solução 50% fabricada pela SULFAL.

• Flotinor GA1- derivado de ácido graxo, fabricado pela CLARIANT.

• Flotanol 123/93 - eterpolialquilenoglicol, fabricado pela CLARIANT.

Page 75: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

56

TQ-1

M

ALIMENTAÇÃO

Amido de Milho

M

CN-1

M

CO-1

Água de Lavagem

AR

BO-1

BO-2

Água

REJEITO

CONCENTRADO

Água

M

CN-2

Soda

Flotinor GA-1

SL-1

M

Flotanol 123/93

Figura 23 - Fluxograma do circuito da flotação direta de P2O5 apatítico.

Page 76: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

57

Figura 24- Fotografia do circuito de condicionamento e alimentação da coluna utilizado nos testes: 1) Silo; 2) Tanque (% sólidos =50%);3) Condicionador CN-1;

4) Condicionador CN-2; 5) Funil de alimentação(% sólidos = 25%); 6) Bomba peristáltica da alimentação; 7) Bombas de reagentes.

4.3 TESTES NA COLUNA PILOTO

Em todos os testes de injeção dos traçadores, as condições operacionais da coluna, como

hold up e velocidade superficial do ar, dosagem dos reagentes, velocidade superficial de água

de lavagem, bias e altura da camada de espuma foram registradas ou determinadas

posteriormente. Também foram realizadas três amostragens do fluxo de concentrado e do

rejeito em cada teste, além de uma do fluxo da alimentação, ao final de cada teste, para se

obter as vazões nos diferentes pontos do circuito.

Foram feitas análises químicas do concentrado, do rejeito e da alimentação, para

determinação da distribuição de P2O5 apatítico, uma vez que este é o mineral de interesse no

processo. A técnica utilizada nessas análises foi a espectrofotometria de absorção molecular,

que apresenta uma precisão aproximada de ± 3%.

Page 77: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

58

4.3.1. SELEÇÃO E PRODUÇÃO DO TRAÇADOR DA FASE LÍQUIDA

Devido à alta solubilidade em água, seção de choque para nêutrons, facilidade de obtenção e

ao tempo de meia-vida apropriado, foi escolhido como traçador da fase líquida o MnCl2.

Nesse caso, o radioisótopo desejado através da reação (n, γ) é o 56Mn, que apresenta um

tempo de meia-vida de 2,58 horas. Uma amostra de 2 g de cloreto de manganês tetrahidratado

(MnCl2.4H2O 98-101%, fabricado pela ACS), que estequiometricamente apresenta 0,55 g de 55Mn, foi submetida a um fluxo conhecido de 6,6 x 1011 n/cm2.s na mesa giratória do reator de

pesquisa TRIGA IPR-R1 do CDTN/CNEN.

Dados da Irradiação:

Fluxo de nêutrons (Φ) do reator TRIGA na mesa giratória: 6,60 x 1011 nêutrons/cm2/s.

Tempo de irradiação (t): 15 minutos.

Tempo de repouso no reator após término da irradiação: 3,73 h = 13.428 s.

Dados do radioisótopo e do isótopo alvo:

Massa (m) do isótopo alvo (55Mn): 0,55 g .

Seção de choque (σ) do 55Mn: 13,3 barn ou 1,33 x 10-23 cm2.

Massa molar (M) do 55Mn: 54,95 g.

Abundância isotópica (H) do 55Mn: 100 %.

Constante de Avogadro (NAV): 6,022 x 1023 .

Tempo de meia-vida (t1/2) do Mn56: 2,58 h = 9288 s.

Fonte: Radiological Health, 1960.

Pelas equações 3.67 e 3.68 da seção 3.13.1 obtém-se respectivamente:

Atividade após a irradiação: ≈ 9,07 x 10-2 Ci, ou 90,7 mCi.

Atividade após o repouso: ≈ 3,33 x 10-2 Ci, ou 33,3 mCi.

Page 78: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

59

Esse tempo de repouso deve-se ao fato de que na irradiação também ocorre formação do

radioisótopo emissor gama 38Cl, cujo tempo de meia-vida é de 37,3 minutos. Admite-se que

decorridas 6 t1/2 desse radioisótopo a sua atividade torna-se desprezível se comparada à

atividade do 56Mn.

Decorrido o tempo de repouso, a amostra de 2 g do composto, com a atividade estimada em

torno de 33,3 mCi, foi rápida e integralmente dissolvida em 100 ml de água em um béquer de

500 ml, com a ajuda de um bastão de vidro. Com uma pipeta automática (Gilson 10,00 ml),

10 ml da solução foram injetados na coluna pelo sistema injetor enquanto a coluna operava

em regime. Dessa forma, cada pulso de traçador consistiu de uma atividade em torno de 3,33

mCi.

4.3.1.2 Testes de marcação da fase líquida

As corridas para os testes de marcação da fase líquida pelo radioisótopo 56Mn foram

realizadas em duplicata e em dias distintos. Durante os testes alternou-se a vazão mássica de

sólidos da alimentação em 50, 75 e 100 kg/h., de forma que sempre se procurou obter uma

percentagem de sólidos na alimentação em torno de 25%, com uma camada de espuma de 80

cm.

A polpa proveniente do concentrado e do rejeito contendo o traçador foi estocada em um

repositório lacrado, estando devidamente isolada do contato de outras pessoas da usina. As

medidas de radioproteção foram sempre observadas (uso de monitores individuais e de área,

E.P.I´s específicos, pinças, blindagens e proteção dos pisos e demais superfícies). O ambiente

era sempre monitorado ao final de cada dia de trabalho.

4.3.2 SELEÇÃO E PRODUÇÃO DO TRAÇADOR DA FASE SÓLIDA

Na marcação da fase sólida o próprio minério fosfático foi utilizado como traçador, tornando

os resultados obtidos ainda mais representativos.

Para avaliar o potencial do minério a ser utilizado como traçador, foram realizadas irradiações

de três frações granulométricas do minério no reator TRIGA do CDTN/CNEN. Uma amostra

do rejeito de um teste inicial na coluna foi dividida nas seguintes frações:

Page 79: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

60

• fração fina (< 74 µm);

• fração intermediária (> 74 <210 µm);

• fração grossa (>210 µm).

Um grama de cada fração foi irradiado no tubo central do reator ( Φ = 1012 n/cm2/s) durante

2:27 horas, o que eqüivale a 16 horas de irradiação na mesa giratória. Foram realizadas

diversas contagens das amostras em tempos diferentes por meio do Espectrômetro Gama

Canberra com detector de germânio (modelo GC1020 - criostato modelo7500SL – pré-

amplificador modelo 2002CSL).

Pelas análises do espectro gerado pôde-se verificar que as maiores contagens correspondem

aos picos de energia dos radioisótopos 140La e 153Sm.

Tanto o 140La quanto o 153Sm apresentam potencial para serem bons traçadores, pois além de

serem emissores gama apresentam tempos de meia-vida apropriados para o experimento

conforme descrito na Seção 3.15. Os tempos de meia-vida do 140La e do 153Sm são

respectivamente 1,7 e 1,95 dias.

Também foram feitas contagens das amostras utilizando-se uma das sondas de NaI(Tl)

utilizadas no experimento em coluna (Figura 25). Com essas contagens pôde-se verificar que

a atividade produzida na irradiação é, neste caso, inversamente proporcional à granulometria,

fato este que pode ser explicado pela maior superfície específica de argilo-minerais existentes

na fração mais fina, culminando em uma maior adsorção de metais com boa seção de choque

para reações (n, γ).

Page 80: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

61

5 10 15 20

Tempo após a irradiação (dias)

1000

10000

100000C

onta

gens

po

segu

ndo

Fração fina Fração média Fração grossa

Figura 25- Resultado da contagem das frações irradiadas através da sonda de cintilação de NaI(Tl).

É possível notar que a constante global de decaimento do minério ativado se modifica à

medida em que vão desaparecendo os elementos de meia-vida curta. Assim, a inclinação da

reta torna-se mais suave à medida que há predominância de elementos de meia-vida mais

longa.

Na Tabela 3 é apresentada a análise dos principais picos encontrados no espectro gerado pela

irradiação de uma amostra de 1 g do minério utilizado na flotação, através da contagem com

um detector de germânio. A distância do detector à fonte foi de 30 cm. A contagem foi feita 4

dias após a irradiação do minério.

Page 81: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

62

Tabela 3– Principais picos encontrados na amostra de fração fina do minério.

Energia (Kev) Radioisótopo t1/2 (dias) CPS

104 153Sm 1,95 443,31

328 140La 1,7 147,22

431 140La 1,7 18,11

487 140La 1,7 249,64

752 140La 1,7 16,28

816 140La 1,7 77,78

1596 140La 1,7 185,29

Na Figura 26 observa-se parte do espectro gerado pela irradiação de um grama do minério

no reator de pesquisa TRIGA do CDTN/CNEN. A contagem foi feita pelo mesmo detector de

Ge descrito anteriormente, utilizando o software EG& G Orec, MaestroTM IIA64-BIV1.40.

Figura 26- Parte do espectro gerado pelo minério ativado no software MAESTRO explicitando a presença de 140La através no pico de energia 816 kev.

Page 82: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

63

4.4 TESTES EM ESCALA INDUSTRIAL

Os testes em escala industrial foram realizados na usina de beneficiamento da empresa Bunge

Fertilizantes S/A. O objetivo foi diagnosticar a distribuição dos tempos de residência em três

compartimentos de uma coluna industrial e no condicionador dessa coluna. Este

condicionador é internamente compartimentado em quatro tanques agitados percorridos

serialmente pelo fluxo da polpa.

4.4.1 CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS

A usina da Bunge Fertilizantes, localizada em Araxá-MG, possui uma unidade de tratamento

do minério de fosfato que prepara o insumo para a unidade de fertilizantes fosfatados. Um

fluxograma da unidade de tratamento de minério é apresentado na Figura 27 a seguir. Os

testes foram efetuados na coluna de flotação da fração grossa do minério fosfático (apatita

grossa) e no tanque condicionador da polpa de alimentação desta.

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64

Figura 27- Fluxograma do circuito de beneficiamento da usina da Bunge S/A.

Page 84: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

65

As colunas, de seção retangular, são seccionadas internamente, formando um conjunto de seis

compartimentos (sub-colunas) verticais. As dimensões de cada uma das sub-colunas são: 14,5

m de altura e 3 m x 4,5 m de secção, resultando em um volume de 196 m3 (Figura 28). A

polpa, com uma percentagem de sólidos em torno de 32 %, é alimentada a aproximadamente

9,7 m de altura, através de dois distribuidores que alimentam três compartimentos da coluna

separadamente. A vazão de polpa da alimentação é de aproximadamente 180 m3/h.

Figura 28– Vista de topo da coluna de flotação de apatita grossa da Bunge.

O tanque de condicionamento, com secção horizontal de 3,5 x 3,5 m e 2,5 m de altura,

apresenta quatro compartimentos internos, percorridos serialmente pelo fluxo através de

comunicações entre os compartimentos alternadamente por cima e por baixo. Seu volume

total é de 30,6 m3 e o de cada compartimento é 7,7 m3 (Figura 29). A polpa, com percentagem

de sólidos em torno de 58 %, flui através de uma tubulação, até ser descarregada acima de um

dos quatro tanques. A vazão de polpa é de aproximadamente 250 m3/h.

Page 85: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

66

Figura 29– Vista de topo do condicionador de minério.

4.4.2 TRAÇADOR DA FASE LÍQUIDA

Devido à sua elevada solubilidade em água e ao tempo de meia-vida apropriado à escala do

experimento, foi escolhido como traçador da fase líquida o KBr. O radioisótopo desejado

através da ativação neutrônica é o 82Br, emissor gama que apresenta um tempo de meia-vida

de 35,34 h.

4.4.3 CÁLCULO DA ATIVIDADE A SER INJETADA

Considerando a diversidade das situações de aplicação (sistemas, estados físicos,

composições, geometrias, etc.), não existe nenhuma maneira padronizada para se calcular com

precisão a atividade a ser injetada em um estudo desta natureza - ou seja, a atividade ideal

(necessária e suficiente) para se ter boas estatísticas de contagens. Um nível de contagens

adequado precisa ser grande o suficiente para fornecer valores precisos, mas não grande

demais de modo a criar problemas de proteção radiológica.

Os níveis de contagem obtidos (que inclusive variam durante a passagem da nuvem de

traçador) dependem dos parâmetros da dinâmica de transporte através do equipamento, que é

justamente o que se quer determinar. Para levantar esta indeterminação só procedendo com

Page 86: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

67

base na experiência adquirida em testes anteriores, aliada, quando possível e cabível, a

tentativa e erro.

No caso em questão, a definição foi facilitada devido justamente à experiência obtida com os

testes na coluna piloto. Há de se levar em conta o fator de diluição do traçador, que na escala

industrial é muito maior, e também a natureza do material da parede através do qual será feita

a detecção da radiação gama. No caso da coluna piloto as paredes são de PVC e na industrial

de aço.

A seguir são indicados os cálculos para determinação da atividade injetada na coluna

industrial e no tanque condicionador.

4.4.3.1 Coluna de flotação

Dados:

Atividade injetada em escala piloto: Ap = 3,3 mCi.

Vazão de polpa da coluna piloto: Qp = 0,33 m3/h.

Vazão de polpa na escala industrial: QI = 180 m3/h.

Tem-se então a relação Qi/Qp = 180 / 0,33 = 545.

Em termos de uma proporcionalidade das atividades: P

IPI Q

xQAA = = 1800 mC i = 1,8 Ci

Levando-se em conta os coeficientes de atenuação mássica nas duas situações:

xeoII

ρρµ−

= (4.1)

onde � é o coeficiente de atenuação linear da radiação gama pelo material da parede do

sistema; �, a densidade deste material e x a espessura da parede. Tem-se no presente caso os

valores tabelados abaixo.

Page 87: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

68

Tabela 4- Parâmetros para o cálculo da atenuação da radiação nos equipamentos estudados.

Parâmetro PVC * Aço

ρµ (m2/g)** 0,78 0,67

ρ (g/cm3) 1,0 7,8

x (cm) ~ 0,25 ~ 0,35

(*) – coeficiente de atenuação e densidade supostos iguais aos da água (**) – estimado para a energia da radiação mais abundante

(FONTE: RADIOLOGICAL SAFETY HDBK.)

Estima-se, então, que a razão entre as atenuações no protótipo industrial (Ii) e na coluna piloto

(Ip) será:

3exp1 ≈

��

��

�−= ii

ipp

p

p

p

i xi

xBI

I ρρµρ

ρµ

(4.2)

onde B é o fator de build up, aplicável ao aço, estimado como: B = x / λ, sendo λ o livre

caminho médio da radiação gama no absorvedor (KNOLL, 2000).

Assim, com um fator de segurança de 3x, relativo ao material de que é feita a coluna

industrial, a atividade a ser injetada passa a ser 5,4 Ci.

Entretanto, como o detector na aplicação industrial não foi colimado (frontalmente), a relação

entre as contagens aumenta na proporção entre os volume “enxergados” pelo detector nas

duas situações (IAEA, 2004). Esta relação é dada por:

p

i

p

i

p

i

ll

dd

VV

2

��

��

�= (4.3)

onde d é o diâmetro da tubulação; l a dimensão representativa do colimador, com os

subscritos i e p referindo-se à situação industrial e piloto, respectivamente. Sendo di / dp � 6 e

li / lp � 10, estima-se que a atividade pode ser reduzida da razão Vi / Vp = 360. Assim, a

atividade a ser injetada na coluna industrial é estimada em 5,4 / 360 ≈ 0,015 Ci ≈ 15 mCi.

Page 88: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

69

4.4.3.2 Tanque condicionador

Sendo os volumes do tanque condicionador e das colunas, 30 m3 e 200 m3, respectivamente,

estimou-se ser suficiente injetar no primeiro uma atividade de 15 x 30/200 = 2,25 � 2,5 m Ci.

Dados da irradiação

Fluxo de nêutrons (Φ) do reator TRIGA na mesa giratória: 6,60 x 1011 nêutrons/cm2/s.

Tempo de irradiação (t): 150 minutos.

Tempo de repouso (intervalo entre o final da irradiação e a hora da aplicação): 48 h.

Dados do radioisótopo e do isótopo alvo:

Massa (m) do isótopo alvo (Br) para a coluna de flotação: 5 g.

Massa (m) do isótopo alvo (Br) para o condicionador: 0,87 g.

Seção de choque (σ) do 81Br: 2,6 barn ou 2,6 x 10-24 cm2.

Massa molar (M) do 81Br: 79,92 g.

Abundância isotópica (H) do 81Br: 49,4 %.

Constante de Avogadro (NAV): 6,022 x 1023.

Tempo de meia-vida do 82Br: 35,9 h.

Fonte: Radiological Health, 1960.

Pelas equações 3.67 e 3.68 obtém-se:

Coluna de flotação

Atividade após a irradiação: ≈ 3,8 x 10-2 Ci ou 38 mCi.

Atividade após o repouso: ≈1 ,5 x 10-2 Ci ou 15 mCi.

Page 89: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

70

Condicionador industrial

Atividade após a irradiação: ≈ 6,53 mCi.

Atividade após o repouso: ≈ 2,6 mCi.

È importante salientar que durante as operações de transporte, manuseio e injeção do traçador,

todas as normas de segurança exigidas pela prática da proteção radiológica foram seguidas

(ver plano de proteção radiológica em anexo).

4.5 INTERCALIBRAÇÃO DAS SONDAS

Para que se fossem comparados com maior precisão os dados das diferentes injeções na

coluna piloto, foram sempre utilizadas as mesmas sondas com os mesmos colimadores nas

mesmas posições da coluna.

Mesmo que as três sondas de NaI (Tl) utilizadas nos experimentos da coluna piloto, assim

como na coluna e no condicionador industrial, do mesmo fabricante, tenham as mesmas

especificações e sejam aparentemente idênticas, elas inevitavelmente apresentam pequenas

diferenças intrínsecas, que resultarão em taxas de contagens distintas de uma mesma fonte

gama. O ideal é que seja feito um balanço de massa do traçador da seguinte forma:

∞ ∞ ∞

+=0 0 0 Re )()()( dttCdttCdttC jConcAl (4.4)

ou seja: toda a quantidade de traçador que entrou na alimentação sai ou no flotado ou no

rejeito da coluna. Entretanto, interferências nas contagens das sondas medindo as contagens

no flotado e na alimentação impediram que pudesse ser feito um balanço de massa do

traçador. Essas interferências originaram-se da proximidade entre a entrada da alimentação e a

saída do concentrado. A sonda no flotado pode ter sofrido pequena influência da atividade

sendo injetada, mas esta foi desprezível. Contudo, a influência da solução injetada sobre as

contagens acusadas pela sonda na linha de alimentação, antes e durante a injeção (isto é

durante a rápida manipulação e introdução na seringa injetora), foi inquantificável.

Dada a proximidade entre a seringa injetora e a sonda na entrada da alimentação (vide Figura

22) foi impossível ao colimador eliminar esta interferência. Mesmo assim, a intercalibração

Page 90: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

71

das sondas foi importante para se obter uma idéia da variação entre as médias das taxas de

contagens das três sondas.

Na calibração de cada sonda foi utilizada uma fonte selada de 137Cs com uma atividade

estimada em torno de 16 µCi, posicionada a uma distância de 8,2 cm das sondas. As

distâncias e posições das sondas e da fonte foram preservadas em todas as medidas. As

medidas, feitas com as sondas com e sem colimadores, estão apresentadas na Tabela 5. O

tempo de contagem foi de 600 s e já estão subtraídos os valores de background para cada

sonda.

Tabela 5- Contagens medidas na intercalibração das sondas de NaI(Tl).

Sonda Cont. mínima (cps) Cont. máxima (cps) Média (cps) σ

206 c/ colimador 510,61 655,61 585,18 24,19

208 c/ colimador 369,75 507,75 442,21 21,03

209 c/ colimador 519,86 661,86 593,46 24,36

206 s/ colimador 1476,85 1712,85 1626,35 40,33

208 s/ colimador 1573,83 1811,83 1699,65 41,23

209 s/ colimador 1665,49 1898,49 1787,35 42,28

É necessário frisar que mesmo que as energias das emissões gama do radioisótopo 137Cs não

sejam as mesmas do 82Br ,56Mn e dos radioisótopos presentes no minério ativado, essa foi

uma forma que, com alguns erros desprezíveis, foi utilizada para se verificar as diferentes

eficiências de contagem de cada sonda, uma vez que essas diferenças poderiam interferir nas

comparações entre as diversas medidas. Entretanto, os resultados mostram que foram mínimas

essas diferenças.

Page 91: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

72

4.6 AQUISIÇÃO, ARMAZENAMENTO E CORREÇÃO DOS DADOS

Os sinais das sondas, após serem adequadamente conformados, foram contados, pré-

processados e armazenados por um computador. O sistema de aquisição de dados compreende

assim: as sondas de cintilação com cristais de iodeto de sódio dopados com tálio, o conversor

analógico digital e modulador dos pulsos, o computador responsável pelo controle do sistema,

armazenamento dos dados e exibição dos resultados em tempo real através do software

LATIM 2000. A Figura 30 mostra os dois últimos módulos em posição na Usina Piloto de

Flotação do CDTN/CNEN.

Figura 30- Sistema de aquisição e armazenamento de dados.

Antes de cada injeção foi determinado o background para cada uma das sondas, sendo os

dados corrigidos através do software DTSPRO segundo a necessidade de cada experimento.

Nas injeções da fase líquida, como o depositório localizado próximo à saída do rejeito elevou

os níveis de radiação, foram realizadas as seguintes correções:

Page 92: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

73

1. Correção do background

2. Correção do decaimento radioativo

3. Correção do aumento do background (linha de base linear)

4. Normalização

Nos testes de marcação da fase sólida o traçador foi depositado em um tanque de rejeitos,

distante da coluna piloto, de forma que as contagens ao fim de cada experimento

praticamente voltaram para os valores iniciais. Nesse caso fizeram-se necessárias apenas as

seguintes correções:

1. Correção do background

2. Normalização

Nos testes em escala industrial foram realizadas as seguintes correções:

1. Correção do background

2. Correção do decaimento radioativo

3. Normalização

Page 93: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

74

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os dados obtidos com as injeções dos radiotraçadores foram ajustados a modelos matemáticos

comuns na literatura através do software DTSPRO. É importante lembrar que, mais que um

simples ajuste matemático, essa modelagem precisa ser compatível com as características

físicas e com as supostas condições de contorno do sistema modelado, já que o ajuste dos

dados experimentais a modelos matemáticos é um processo puramente interativo.

5.2 MODELAGEM DOS DADOS

Como nos testes em escala piloto foram posicionadas três sondas de NaI(Tl) (uma na saída do

concentrado, outra na saída do rejeito e uma imediatamente após a entrada do traçador), duas

regiões distintas foram modeladas:

1. Região da entrada da alimentação à saída do rejeito

2. Região da entrada da alimentação à saída do concentrado

O tempo médio de residência, com base tanto nos dados experimentais quanto nos modelos

ajustados, foram determinados através do método dos momentos, sendo que o tempo médio

de residência t eqüivale ao momento de ordem 1.

=tf n

n dttCtM0

)(

logo:

==tf

tdttCtM01 )(.

onde C(t) é a contagem (ou concentração) normalizada, ao tempo t: ( ) ( )( )

=tf

dttC

tCtC

0

, o

símbolo ( )tC�

designando as contagens efetivamente registradas.

Page 94: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

75

5.3 COMPROVAÇÃO DO PULSO DE ENTRADA

A sonda postada imediatamente após a injeção do traçador serviu para confirmar a entrada

pulsada do traçador em todos os testes, permitindo que todos os dados fossem modelados a

partir de uma função Delta de Dirac de entrada.

As Figuras 31 e 32, onde o eixo das ordenadas corresponde às contagens por segundo e o eixo

das abicissas representa o tempo (s) ilustram esta constatação.

Figura 31- Entrada em pulso do traçador em um dos testes de marcação da fase líquida.

Figura 32- Entrada em pulso do traçador em um dos testes de marcação da fase sólida.

Page 95: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

76

5.4 REGIÃO DA ENTRADA DA ALIMENTAÇÃO À SAÍDA DO REJEITO

Nesse caso, baseando-se em uma interpretação puramente física do sistema e em

interpretações de outros autores sobre o comportamento do fluxo nessa região, é coerente

concluir que a região em estudo comporta-se similarmente ao modelo da dispersão axial

(fluxo de pistão com dispersão).

Quanto às condições de contorno, a única certeza é que o sistema é fechado na saída. Dessa

forma, os dados experimentais foram ajustados aos modelos aberto-fechado e fechado-

fechado.

5.4.1 TESTES DE MARCAÇÃO DA FASE LÍQUIDA

A Tabela 6 apresenta os parâmetros obtidos com as corridas e com a modelagem realizada

nesta região.

Tabela 6- Resultado dos testes com marcação da fase líquida com detecção na saída do rejeito.

Qsólidos Corridas )(st Qp rej (L/h) C C )(mod st D (cm2/s) Pe ε

S.F 593 65,79 3,64 5,73E-05 1 603,00 166,20

S.P.A 608 57,84 4,14 4,45E-05 S.F 592 60,88 4,00 7,57E-05

50 Kg/h 2 593,00 170,40

S.P.A 614 54,84 4,44 6,68E-05 S.F 530 99,48 2,62 4,36E-05

1 554,00 250,80 S.P.A 554 86,31 3,02 4,04E-05 S.F 509 88,32 3,00 6,46E-05

75 Kg/h 2 545,00 247,80

S.P.A 531 82,28 3,22 5,30E-05 S.F 501 141,90 2,06 5,25E-05

1 494,00 316,20 S.P.A 497 101,14 2,89 5,20E-05 S.F 505 129,97 2,20 4,86E-05

100 Kg/h 2 505,00 317,40

S.P.A 494 102,86 2,78 5,78E-05

t e modt correspondem ao tempo médio real de passagem do traçador e ao tempo médio dos modelo ajustados, sendo ambos obtidos pelo método dos momentos. Qp rej é a vazão de polpa na saída do rejeito. CC são as condições de contorno utilizadas: S. F (sistema fechado-fechado) e S.P.A (sistema aberto-fechado). D é o coeficiente de dispersão axial. Pe é o número de Peclet ajustado pelo modelo. ε corresponde ao erro de ajuste normalizado entre o modelo e os dados experimentais obtido pelos mínimos quadrados entre as contagens experimentais e as modeladas.

Page 96: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

77

As Figuras 33 e 34 mostram algumas curvas E(t) normalizadas obtidas pelas injeções de

marcação da fase líquida bem como os modelos ajustados. É possível visualizar que foi

conseguido um ótimo ajuste a todas as injeções, fato este também demonstrado na Tabela 6

acima pelo método dos mínimos quadrados.

Figura 33- Curvas de DTR da fase líquida, experimentais e ajustadas ao modelo fechado-fechado.

Page 97: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

78

Figura 34- Curvas de DTR da fase líquida, experimentais e ajustadas ao modelo aberto-fechado.

Page 98: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

79

Com os resultados foi possível correlacionar o tempo médio e os coeficientes de dispersão

(D), obtidos pelo método dos traçadores, com a recuperação metalúrgica e os teores obtidos

nos concentrados. Em anexo encontram-se as condições operacionais em que foram

realizados os testes, os teores de P2O5 apatítico nos diferentes pontos da coluna e os resultados

dos cálculos da recuperação mássica e metalúrgica obtidos no processo.

Como esperado, o tempo médio de residência ( t ) obtido pela passagem do traçador decresce

com o aumento da vazão de polpa alimentada, na mesma proporção em que cresce a vazão de

polpa do rejeito, já que o fluxo de bias foi semelhante em todos os testes. A Figura 35 ilustra

esse comportamento, através dos resultados dos testes com taxa de alimentação de sólidos de

50, 75 e 100 kg/h.

500 600 700

Tempo médio (s)

100

150

200

250

300

350

Q p

olpa

(l/h

)

150

200

250

300

350

Q p

olpa

do

reje

ito (l

/h)

Alimentação

Rejeito

Figura 35– Efeito das vazões de polpa do rejeito e da alimentação no tempo de residência da fase líquida.

Page 99: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

80

5.4.1.1 Relação entre o tempo médio de residência, a recuperação e o teor

A Figura 36 demonstra que o resultado dos testes seguiu o padrão esperado, já que a

recuperação na zona de coleta, e conseqüentemente a global, são diretamente proporcionais ao

tempo médio de residência das partículas minerais na zona de recuperação da coluna (seção

3.2.1.8). Com o aumento do tempo médio de residência aumenta-se entretanto a chance de

que partículas mistas sejam coletadas, provocando uma diminuição no teor do concentrado.

480 520 560 600

Tempo médio (s)

0

20

40

60

80

100

Rec

uper

ação

(%)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Teo

r (%

)

Recuperação

Teor

Figura 36– Relação entre o tempo médio de residência, o teor e a recuperação global de P2O5 apatítico.

5.4.1.2 Efeito da dispersão sobre a recuperação global

A Figura 37 a seguir correlaciona o coeficiente de dispersão (D) com a recuperação global

obtida através das médias dos testes de marcação da fase líquida. É possível observar que,

mesmo sendo diferentes quantitativamente, os parâmetros ajustados aos modelos fechado-

fechado e aberto-fechado seguiram a mesma tendência face às variações ocorridas no sistema.

Page 100: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

81

80 85 90 95 10050

60

70

80

90

100

110

120Sistema fechado-fechadoSistema aberto-fechado

D (c

m / s

)

Recuperação (%)

2

Figura 37– Relação entre os coeficientes de dispersão axial

e a recuperação global do processo.

Conforme demonstrado pelas Figuras 36 e 37 a recuperação global (Rg) cresce

proporcionalmente com o tempo médio de residência e inversamente com o coeficiente de

dispersão (D). Uma forma de se sobrepor estes efeitos é correlacionar a recuperação com o

número de Peclet (Pe), visto que este número adimensional é função tanto do coeficiente de

dispersão (D) quanto do tempo médio de residência (Figura 38).

80 85 90 95 1000

1

2

3

4

5Sistema aberto-fechadoSistema fechado-fechado

Recuperação (%)

Núm

ero

de p

ecle

t

Figura 38- Relação entre o número de Peclet e a recuperação global.

Page 101: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

82

5.4.1.3 Efeito das condições de mistura sobre a recuperação na zona de coleta

De acordo com a Seção 3.4.1, a recuperação na zona de coleta (Rc) é função do tempo médio

de residência, da constante cinética (K) e das condições de mistura na zona de coleta da

coluna, fato este ilustrado pela equação 3.13 da seção 3.5.1, a qual corresponde à solução da

equação da dispersão axial para sistemas fechados.

Cálculo de (Rc)

Conforme visto anteriormente, a recuperação global do processo (Rg) está diretamente

relacionada com as recuperações na zona de coleta (Rc) e na camada de espuma. Equação 3.7

da seção 3.3.1.

Segundo YIANATOS, BERGH e CORTÉS (1998), a recuperação na camada de espuma (Rf)

é função da altura da camada de espuma (Hf), da velocidade superficial de ar (Var) e da

velocidade superficial de água de lavagem (Vw) através da seguinte relação empírica:

32 )31(

10*44,1exp(95ar

wff

V

VHR

+−= − ) (5.3)

Desta Equação, e correlacionando as equações 3.7 e 5.3 através da média dos resultados dos

testes de marcação da fase líquida, obtêm-se os seguintes resultados (Tabela. 7).

Tabela 7- Interação entre a camada de espuma e a zona de coleta em termos de recuperação de P2O5 apatítico.

Q sólidos Rg (%) Rf (%) Rc (%)

50 96 39,5 98,38

75 86 39,5 93,96

100 84 39,5 93,00

Na Figura 39 (médias dos testes) é possível observar a influência da dispersão axial sobre a

recuperação na zona de coleta, confirmando os conceitos discutidos na seção 3.5.1 deste texto.

Page 102: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

83

0 1 2 3 4 5 690

91

92

93

94

95

96

97

98

99

100Sistema fechado-fechado Sistema aberto-fechado

R c

(%)

Número de Peclet

Figura 39- Efeito das condições de mistura sobre a recuperação na zona de coleta da coluna.

Nota-se que a recuperação aumenta à medida que o sistema tende para o perfeito fluxo de

pistão (Pe → ∞), diminuindo quando este se aproxima do misturamento perfeito (Pe → 0). É

importante frisar que mesmo tendo sido quantificada a dispersão axial da fase líquida na polpa

nestes testes, é possível estender este comportamento à fase sólida, já que ambos se

encontram sobre as mesmas condições de mistura. O que não pode ser tratado igualmente são

os tempos médios de residência, fato este comprovado experimentalmente e que será

discutido posteriormente.

5.4.1.4 Comparação dos resultados com a literatura

Na Tabela 8 são apresentados os resultados experimentais obtidos e os calculados para alguns

modelos empíricos descritos na literatura (ver seção 3.4.2)

Destes modelos, apenas três quantificam o coeficiente de dispersão axial na zona de coleta da

coluna em função da vazão de polpa, mais exatamente em função da velocidade superficial de

descida do líquido ( )lV .

Page 103: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

84

Tabela 8- Coeficientes de dispersão axial experimentais e calculados com base na literatura.

Vl (cm/s) Dexp S.F Dexp S.P.A D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7

0,63 65,79 57,84 60,66 68,11 72,25 50,68 85,04 76,56 44,57

0,64 60,88 54,84 60,66 68,12 72,67 51,08 85,06 76,56 45,99

0,69 99,48 86,31 60,66 68,08 74,72 53,03 84,98 76,56 53,46

0,7 88,32 82,28 60,66 68,09 75,12 53,42 85 76,56 55,02

0,77 141,9 101,14 60,66 68,09 77,82 56,02 85 76,56 66,58

0,75 129,97 102,86 60,66 68,09 77,06 55,29 85,01 76,56 63,16

Vl =é a velocidade superficial do líquido. D exp S.F e Dexp S.P.A são os coeficientes de dispersão axial ajustados aos dados experimentais através dos modelos dos sistemas fechado-fechado e aberto-fechado respectivamente ambos em (cm2/s). D1, D2, D3, D4, D5, D6, D7 correspondem respectivamente aos coeficientes de dispersão axial obtidos nos testes através das equações desenvolvidas respectivamente pelos autores DOBBY & FINCH (1986), LAPLANTE et al (1988), XU & FINCH (1991), LUTTRELL et al (1992), MILLS, YIANATOS e O’ CONNOR (1992), MAVROS (1993), MAVROS & DANILLIDOU (1993).

Dessa forma, D1 e D6 não se alteram, por serem função apenas do diâmetro da coluna,

enquanto que D2 e D5 sofrem uma pequena alteração em função de variações nas percentagens

de sólidos que alimentaram a coluna. Já D3, D4 e D7 aumentam à medida que aumenta a

velocidade superficial de descida do líquido, assim como os coeficientes de dispersão

determinados experimentalmente.

A Figura 40 disposta a seguir ilustra as comparações com esses modelos sensíveis a variações

da velocidade:

Page 104: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

85

0,6 0,65 0,7 0,75 0,8

V superficial líquido (cm/s)

0

50

100

150

D exp (S.P.A)D exp (S.F)

XU & FINCH (1991) LUTTRELL et al, (1992) MAVROS & DANILLIDOU(1993)

D (c

m /s

)2

Figura 40- Comparação entre os coeficientes de dispersão axial obtidos experimentalmente e os obtidos pela literatura.

Observa-se que o modelo empírico elaborado por MAVROS & DANILLIDOU (1993) foi o que

melhor se adequou ao comportamento fluidodinâmico da coluna nos testes realizados. Essa

observação se torna mais visível quando estes modelos são comparados aos experimentais,

através da quantidade adimensional Pe (Figura 41).

0,6 0,65 0,7 0,75 0,8

V superficial líquido (cm/s)

0

1

2

3

4

5

6

Núm

ero

de P

ecle

t

Pe exp (S.P.A)Pe exp (S.F)

XU & FINCH (1991)LUTTRELL et al, (1992)

MAVROS & DANILLIDOU (1993)

Figura 41- Comparação entre os números de Peclet obtidos experimentalmente e os obtidos pela literatura.

Page 105: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

86

Apenas no modelo desenvolvido por MAVROS & DANILLIDOU (1993) observa-se um

comportamento semelhante aos resultados experimentais; ou seja: Pe decresce com o

aumento da vazão de polpa e conseqüentemente com o aumento da velocidade superficial de

descida do líquido (Vl).

Isto demonstra que os modelos de Xu & Finch e de Luttrell et al. não levam devidamente em

conta a influência da hidrodinâmica sobre as condições de mistura na zona de recuperação da

coluna.

5.4.2 TESTES DE MARCAÇÃO DA FASE SÓLIDA

No estudo do comportamento hidrodinâmico e da distribuição dos tempos de residência da

fase sólida, além da granulometria do minério, procurou-se obter uma informação direta do

efeito da água de lavagem no comportamento das partículas. As injeções foram realizadas

com a coluna operando com e sem água de lavagem.

As Tabelas 9 e 10 a seguir apresentam os parâmetros obtidos com as corridas e com a

modelagem realizada nesta região.

Tabela 9– Resultados dos testes com marcação da fase sólida, sem água de lavagem.

Fração granulométrica )(st Qp rej (L/h) C C )(mod st D (cm2/s) Pe ε

S.F 350 125,40 3,29 4,91E-05 Fina (< 74 µm) 350 259,52

S.P.A 350 104,71 3,94 4,90E-05

S.F 195 161,03 4,27 1,71E-04 Média (>74, < 210 µm) 210 259,52

S.P.A 192 145,37 4,73 1,71E-04

S.F 89 174,12 6,53 6,98E-04 Grossa (> 210 µm) 127 259,52

S.P.A 96 173,06 6,57 6,19E-04

S.F 259 238,99 2,28 1,21E-04 Toda a fração 265 259,52

S.P.A 258 187,90 2,9 1,20E-04

Page 106: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

87

Tabela 10- Resultados dos testes com marcação da fase sólida, com água de lavagem.

Fração granulométrica )(st Qp rej (L/h) C C )(mod st D (cm2/s) Pe ε

S.F 280 130,58 3,88 6,61E-05 Fina (< 74 µm) 285 328,93

S.P.A 280,1 114,89 4,41 6,06E-05

S.F 154 188,81 4,78 1,88E-04 Média (>74, < 210 µm) 160 328,93

S.P.A 153 156,14 5,78 1,95E-04

S.F 79,8 213,55 6,9 8,34E-04 Grossa (> 210 µm) 98 328,93

S.P.A 79,4 193,88 7,6 8,42E-04

S.F 204 294,86 2,31 1,48E-04 Toda a fração 212 328,93

S.P.A 207 230,89 2,95 1,48E-04

Em ambos os casos tem-se: t e modt são correspondentes ao tempo médio real de passagem do traçador e ao tempo médio dos modelos ajustados, sendo ambos obtidos pelo método dos momentos. Qp rej é a vazão medida na saída do rejeito. CC são as condições de contorno utilizadas S. F (sistema fechado-fechado) e S.P.A (sistema aberto-fechado). D é o coeficiente de dispersão. Pe é o número de Peclet ajustado pelo modelo. ε corresponde ao erro de ajuste normalizado entre o modelo e os dados experimentais obtido pelos mínimos quadrados entre as contagens experimentais e as modeladas.

A seguir são apresentadas as curvas E(t) normalizadas, obtidas com a marcação da fase

líquida, bem como os modelos ajustados, sendo que as 4 primeiras correspondem ao sistema

fechado-fechado enquanto as 4 últimas ao sistema aberto-fechado . Nestes casos, mais uma

vez obteve-se um ótimo ajuste, fato este também demonstrado anteriormente nas Tabelas 9 e

10 acima, pelo método dos mínimos quadrados.

Page 107: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

88

Page 108: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

89

Page 109: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

90

5.4.2.1 Efeito da granulometria no tempo médio de residência

Com os resultados obtidos, pode-se concluir que o tempo médio de residência é inversamente

proporcional ao tamanho da partícula mineral e é significativamente dependente do bias, que

foi negativo no teste realizado sem água de lavagem. A Figura 42 ilustra esses resultados.

Page 110: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

91

37 142 3150

100

200

300

400

500

Tamanho médio (µµµµm)

Sem água de lavagem

Com água de lavagem

Tem

po m

édio

(s)

Figura 42- Efeito da granulometria e do bias no tempo de residência da fase sólida.

5.4.2.2 Influência da granulometria sobre a dispersão

As Figuras 43 e 44 a seguir correlacionam as médias aritméticas das faixas granulométricas

(fina, média e grossa) marcadas com o coeficiente de dispersão axial D (cm2/s) nos testes com

e sem água de lavagem para os modelos fechado-fechado e aberto-fechado.

37 142 3150

100

200

300

Tamanho médio (µµµµm)

Com água de lavagem

Sem água de lavagemD (c

m /s

)2

Figura 43- Efeito da granulometria e da água de lavagem no coeficiente de dispersão axial (sistema fechado-fechado).

Page 111: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

92

37 142 3150

100

200

300

D (c

m /s

)

Tamanho médio (µµµµm)

Com água de lavagem

Sem água de lavagem

2

Figura 44- Efeito da granulometria e da água de lavagem no coeficiente

de dispersão axial (sistema aberto-fechado).

Nesse caso, é possível observar a influência da água de lavagem no coeficiente de dispersão

das partículas minerais. Os resultados indicam que a água de lavagem tem como efeito o

aumento da dispersão na zona de coleta. Nota-se também que em ambos as situações (com e

sem a água de lavagem) e em ambos os modelos o coeficiente de dispersão axial aumenta

com o tamanho das partículas.

Entretanto, analisando a dispersão na forma adimensional (Peclet) em função da

granulometria, conforme mostrado nas Figuras 45 e 46, há uma aparente inversão dessa

tendência, pois Pe é inversamente proporcional ao coeficiente de dispersão D.

37 142 3150

2

4

6

8

10

Tamanho médio (µµµµm)

Com água de lavagem

sem água de lavagem

Núm

ero

de P

ecle

t

Figura 45- Efeito da granulometria e da água de lavagem na dispersão axial,

em uma visão adimensional (sistema fechado-fechado).

Page 112: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

93

37 142 3150

2

4

6

8

10

Tamanho médio (µµµµm)

Com água de lavagem

Sem água de lavagem

Núm

ero

de P

ecle

t

Figura 46- Efeito da granulometria e da água de lavagem na dispersão axial,

em uma visão adimensional (sistema aberto-fechado).

Essa inversão ocorre entre as correlações da granulometria com o coeficiente de dispersão

axial (D) e com o número de Peclet. Tanto o coeficiente de dispersão axial como o número de

Peclet aumentam com a granulometria, resultando em conclusões aparentemente

contraditórias, uma vez que quanto maior Peclet menor a dispersão.

Isso se deve, contudo, ao fato de que o aumento da velocidade superficial (u) dos sólidos com

o aumento da granulometria é proporcionalmente maior que o aumento do coeficiente de

dispersão com o tamanho médio da partícula, conforme demonstrado na Figura 47.

Page 113: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

94

0 50 100 150 200 250 300 350 4000

50

100

150

200

250

0

0,8

1,6

2,4

3,2

Tamanho médio (µµµµ m)

u p

(cm

/s)

D (c

m /s

)

D (sem água de lavagem)

D (com água de lavagem)

up (sem água de lavagem)

up (com água de lavagem)

2

Figura 47- Variação da velocidade superficial da partícula (up)e do coeficiente de dispersão axial (D) com a granulometria.

As inclinações dos gráficos de D e u em função do tamanho médio deixam visível o quanto é

maior a variação da velocidade com a granulometria do minério.

Dessa forma, pode-se concluir que a fração grossa apresenta um melhor comportamento

fluidodinâmico em se tratando de dispersão axial, enquanto que a fina apresenta um tempo

médio de residência mais propício a uma melhor recuperação.

É extremamente trabalhoso provar experimentalmente essa tendência em uma coluna de

flotação, uma vez que além desses dois fatores ( Pe e t ), a recuperação é também função do

grau de liberação, e conseqüentemente, da hidrofobicidade da partícula, os quais também

variam com a granulometria.

Analisando a questão da água de lavagem, é possível notar que também há uma aparente

contradição, uma vez que o teste realizado com água de lavagem apresenta maiores

coeficientes de dispersão e números de Peclet que o teste sem água de lavagem. Isso se deve

ao fato de que a relação u/D se torna consideravelmente maior com a presença da água de

lavagem, causando assim uma inversão no sentido dos valores, já que DuL

Pe = (Figura 48).

Page 114: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

95

0 50 100 150 200 250 300 3500,005

0,01

0,015

0,02

Sem água de lavagemCom água de lavagem

Com água de lavagemSem água de lavagem (Sistema aberto-fechado)

(Sistema fechado-fechado)

u/D

Tamanho médio (µµµµm)

Figura 48- Ação da água de lavagem na relação u/D para ambos os modelos aberto-fechado e fechado-fechado.

Dessa forma, conclui-se que com o aumento da vazão na zona de coleta provocado pelo fluxo

descendente de bias houve, numa visão adimensional, um decréscimo da dispersão axial nessa

região.

5.4.2.3 Relação entre a amplitude da faixa granulométrica e a dispersão

Além dos testes com a marcação exclusiva de cada uma das três frações granulométricas

descritas anteriormente, também foi efetuado um teste em que todas as faixas granulométricas

foram marcadas (via irradiação de uma amostra não peneirada do minério), para se determinar

a RTD com toda a faixa granulométrica do minério. Neste teste pôde ser se constatado que a

dispersão da fase sólida foi maior se comparada às corridas nas quais se tinha marcado frações

de menor amplitude granulométrica. Este fato é explicado pelo comportamento hidrodinâmico

distinto das partículas com diferentes tamanhos médios que compõem o minério. A dispersão

global obviamente aumenta à medida que aumenta a amplitude da distribuição de

granulometrias.

Page 115: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

96

As Figuras 49, 50, 51 e 52 que se seguem ilustram esse comportamento dos parâmetros

obtidos pelo ajuste a ambos os modelos (fechado-fechado e aberto-fechado), tanto em relação

ao coeficiente de dispersão axial D quanto ao número de Peclet.

Fina Média Grossa Toda a fração0

100

200

300

400 Com água de lavagem Sem água de lavagem

Fração granulométrica

D (c

m /s

)2

Figura 49- Relação entre as faixas granulométricas e o coeficiente

de dispersão axial (sistema fechado-fechado).

Fina Média Grossa Toda a fração0

100

200

300

400 Com água de lavagem Sem água delavagem

Fração granulométrica

D (c

m /s

)2

Figura 50- Relação entre as faixas granulométricas e o coeficiente

de dispersão axial (sistema aberto-fechado).

Page 116: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

97

Toda a fração Fina Média Grossa0

2

4

6

8

10 Com água de lavagem Sem água de lavagem

Fração granulométrica

Núm

ero

de P

ecle

t

Figura 51- Relação entre as faixas granulométricas e a dispersão axial numa visão adimensional (sistema fechado-fechado).

Toda a fração Fina Média Grossa0

2

4

6

8

10 Com água de lavagem Sem água de lavagem

Fração granulométrica

Núm

ero

de P

ecle

t

Figura 52- Correlação entre as faixas granulométricas e a dispersão axial numa visão adimensional (sistema aberto-fechado).

Page 117: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

98

Diante desta comprovação, e supondo constantes hidrofobicidade e grau de liberação das

partículas, uma redução na amplitude da faixa granulométrica que alimenta a coluna

acarretaria em um aumento na recuperação da zona de coleta e, conseqüentemente, na

recuperação global do processo.

Além disso, é possível notar que quanto menor a granulometria mais o sistema tende para

mistura perfeita o que acarretaria em um pior desempenho em termos de comportamento

hidrodinâmico.

5.4.2.4 Cálculo das constantes cinéticas da zona de coleta por fração granulométrica

Foram realizados peneiramentos e análises químicas das amostras do concentrado, do rejeito

e da alimentação nos testes de marcação da fase sólida, de forma a possibilitar a determinação

da recuperação por fração granulométrica nesses testes. Os teores, bem como as recuperações,

estão dispostos a seguir nas Tabelas 11 e 12.

Tabela 11- Teores e recuperação granulométrica do teste sem água de lavagem

Fração granulométrica Grossa Média Fina Geral

Concentrado 29,7 28,9 23,4 28,1 Rejeito 11,5 6,32 1,8 5,27 Teor de P2O5 apatítico

Alimentação 15,9 17,1 14,7 16,56

Recuperação (%) P2O5 apatítico 45,16 80,69 95,07 83,91

Tabela 12- Teores e recuperação granulométrica do teste com água de lavagem

Fração granulométrica Grossa Média Fina Geral

Concentrado 31,49 30,14 26,21 29,93 Rejeito 11,67 6,61 3,02 7,04 Teor de P2O5 apatítico

Alimentação 16,68 18,13 15,07 17,55

Recuperação (%) P2O5 apatítico 47,72 81,39 90,37 78,30

Admitindo que a recuperação na camada de espuma não se altera com a granulometria do

mineral, e com base nas equações 3.56, 3.57 e 5.3, foi possível determinar as constantes

cinéticas da zona de coleta (Kc) para os testes de marcação da fase sólida para ambas as

Page 118: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

99

condições de contorno: aberto-fechado e fechado-fechado. Os resultados estão apresentados

na Tabela 13 a seguir.

Tabela 13- Constantes cinéticas e parâmetros de interação entre as duas regiões da coluna para as diferentres frações granulométricas com diferentes condições de contorno.

Observação Fração granulométrica Rf (%) Rc (%) K S.F (s-1) K S.P.A (s-1)

Fina 57,60 90,05 0,016 0,013 Média 57,60 97,04 0,020 0,017

Sem água de Lavagem

Grossa 57,60 88,02 0,018 0,016 Geral 57,60 58,52 0,019 0,018

Fina 39,50 89,86 0,020 0,016 Média 39,50 95,80 0,021 0,018 Grossa 39,50 91,52 0,028 0,026

Com água de Lavagem

Geral 39,50 70,03 0,029 0,029

Rf é a recuperação na camada de espuma Rc é a recuperação na zona de coleta K é a constante cinética de P2O5 apatítico na zona de coleta. Os índices S.F e S.P.A representam respectivamente sistema fechado-fechado e sistema aberto-fechado.

Como pode ser observado, em ambos os casos a variação nos valores da constante cinética de

P2O5 apatítico foi mínima, fato este que pode ser devido à compensação existente na relação

tPe : nas diferentes frações. Ao mesmo tempo em que houve um aumento do número de

Peclet, houve um decréscimo no tempo médio de residência da partícula.

5.4.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DA FASE LÍQUIDA E SÓLIDA

Foi possível também comparar os resultados dos testes com marcação das fases líquida e

sólida , posto que um dos testes de marcação da fase líquida ocorreu sob as mesmas condições

operacionais que um teste de marcação da fase sólida. A Figura 53 a seguir ilustra as curvas

E(t) normalizadas em função do tempo (t) para as quatro frações granulométricas marcadas e

para a fase líquida sobrepostas no mesmo plano cartesiano.

Page 119: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

100

Figura 53- Curvas E(t) x t de resposta aos pulsos de injeção das fases sólida e líquida.

As curvas de resposta apresentam tempos de residência bem distintos entre a fase sólida, para

as frações granulométricas marcadas, e a fase líquida, conforme ilustra a Tabela 14.

Tabela 14- Comparação entre os tempos médios de residência da fase líquida e sólida.

Teste de marcação )(st C.C D (cm2/s) Pe

S.F 130,58 3,88 Fração fina 285

S.P.A 114,89 4,41 S.F 188,81 4,78

Fração média 160 S.P.A 156,14 5,78 S.F 213,55 6,90

Fração grossa 98 S.P.A 193,88 7,60 S.F 294,86 2,31

Toda a fração 212 S.P.A 230,89 2,95 S.F 129,97 2,20

Fase líquida 505 S.P.A 102,86 2,78

t corresponde ao tempo médio real de passagem do traçador , obtido pelo método dos momentos. CC são as condições de contorno utilizadas: S. F (sistema fechado-fechado) e S.P.A (sistema aberto-fechado). D é o coeficiente de dispersão axial. Pe é o número de Peclet ajustado pelo modelo.

Page 120: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

101

Foi possível constatar uma diferença significativa entre o comportamento da fase sólida e da

líquida, uma vez que a fração fina, que foi aquela que mais se aproximou da fase líquida em

termos de tempo médio de residência, apresentou um tempo médio cerca de 56 % do tempo

médio da fase líquida (Figura 54).

Em termos de dispersão axial, entretanto, quando comparados os valores de Peclet, é possível

observar uma grande semelhança entre o comportamento da fase líquida e da sólida, quando

esta foi representada por toda a fração granulométrica. (Figura 55).

37 142 3150

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Tamanho médio (µµµµm)

t p/t

l

Figura 54-Comparação entre o tempo médio de residência da fase sólida (tp) e líquida (tl).

Fração grossa Fração média Fração fina Toda a fração Fase líquida0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10Sistema aberto-fechado Sistema fechado-fechado

Núm

ero

de P

ecle

t

Figura 55- Comparação entre o grau de mistura da fase líquida e sólida na zona de coleta.

Page 121: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

102

5.5 REGIÃO DA ENTRADA DA ALIMENTAÇÃO A SAÍDA DO CONCENTRADO

Essa é uma região mais complexa do ponto de vista fluidodinâmico, por ser composta por

duas sub-regiões, com distintos comportamentos, interligadas: uma região de polpa e uma

região de espuma.

O modelo ajustado para essa região foi um sistema de um perfeito fluxo de pistão associado

em série com tanques em série com recirculação, ilustrado pela Figura 56 a seguir.

Figura 56- Representação esquemática do modelo ajustado aos dados com detecção na saída do flotado. Nesse caso tem-se Q2 = αααα.Q1, sendo αααα o coeficiente de recirculação.

GOODALL & O’ CONNOR (1992) utilizaram um modelo parecido para descrever o

comportamento nessa região. Trata-se de um perfeito fluxo de pistão com recirculação.

Embora tenha sofrido alguma interferência, a sonda postada na saída do concentrado pôde

fornecer as informações que serão discutidas a seguir.

5.5.1 TESTES DE MARCAÇÃO DA FASE LÍQUIDA

A Tabela 15 apresenta o resultado dos parâmetros determinados e ajustados com a injeção do

traçador.

Page 122: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

103

Tabela 15– Resultado dos testes de injeção da fase líquida com detecção na saída do concentrado.

Q sólidos Corridas Q p flot (L/H) )(st τ F.P(s) τ REC(S) )(mod st N α ε

1 67,14 279,0 28,0 244,0 265,0 1,25 1,35 1,53E-04 50 Kg/h

2 66,15 297,0 28,0 260,0 278,0 1,35 1,23 1,38E-04

1 71,55 346,0 12,0 345,0 322,0 1,35 1,80 1,39E-04 75 kg/h

2 73,78 328,0 12,1 326,6 314,0 2,10 2,76 1,02E-04

1 88,16 304,0 7,0 304,0 314,0 2,50 3,80 1,06E-04 100 Kg/h

2 86,70 294,0 6,7 310,0 296,0 2,42 3,85 1,13E-04

t e modt correspondem ao tempo médio real de passagem do traçador e ao tempo médio dos modelos ajustados, sendo ambos obtidos pelo método dos momentos. Q p flot é a vazão de polpa medida na saída do flotado. τF.P e τ Rec correspondem ao tempo de passagem nos modelos fluxo de pistão e tanques em série com recirculação respectivamente. N é o número de tanques em série ajustado ao modelo. α = coeficiente de recirculação, definido pelo percentual da vazão de entrada que retorna para o tanque anterior. ε corresponde ao erro de ajuste normalizado entre o modelo e os dados experimentais obtido pelos mínimos quadrados entre as contagens experimentais e as modeladas.

Mesmo obtendo um bom ajuste entre os dados experimentais e o modelo, torna-se difícil

padronizar o comportamento do traçador nessa região, uma vez que pelo modelo ela apresenta

duas regiões de fluxos distintos (fluxo de pistão e tanques em série com recirculação) e

também duas regiões distintas do ponto de vista físico (zona de polpa e camada de espuma).

A dificuldade consiste em definir onde prevalece o fluxo de pistão e onde prevalece o

comportamento dos tanques em série, uma vez que isso pode variar inclusive de um teste para

outro sob distintas condições.

O que pode ser observado é uma influência pouco significativa da região onde houve

predomínio do fluxo de pistão sobre o tempo médio total de passagem do traçador, essa

influência se torna ainda menor com o aumento da vazão.

Por outro lado, com o aumento da vazão há um aumento no número de tanques em série do

modelo. Isto significa que a região mais misturada tende a se aproximar de um

comportamento próximo ao fluxo de pistão (ou seja: diminui o grau de misturamento) à

medida que aumenta a vazão.

Page 123: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

104

A seguir são apresentadas algumas curvas E(t) normalizadas x tempo, obtidas através das

corridas com marcação da fase líquida. São apresentadas também as curvas dos modelos

ajustados.

Page 124: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

105

5.5.2 TESTES DE MARCAÇÃO DA FASE SÓLIDA

As observações feitas sobre a modelagem dos dados da fase líquida na saída do flotado

também são válidas para esta seção, uma vez que o modelo utilizado foi o mesmo na

marcação da fase sólida dessa região.

Em ambos os testes (com e sem água de lavagem) a presença do traçador foi detectada

principalmente na marcação da fração fina e na marcação de toda a fração granulométrica.

Este resultado demonstra uma maior recuperação de partículas finas, fato este que ocorreu

também pelo efeito do arraste, uma vez que o minério usado como traçador era em sua grande

parte não flotável. O sinal de resposta da marcação de toda a fração foi também devido em

grande parte à presença do minério ativado de fração fina presente no conjunto.

As Figuras 57 e 58 ilustram esse resultado. Nelas estão as curvas E(t) x t do traçador que foi

detectado na saída do concentrado.

Figura 57- Curvas E(t) x t de resposta aos pulsos de injeção da fase sólida com detecção na saída do concentrado no teste sem água de lavagem.

Page 125: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

106

Figura 58- Curvas E(t) x t de resposta aos pulsos de injeção da fase sólida com detecção na saída do concentrado no teste com água de lavagem.

A Tabela 16 apresenta os resultados das injeções da fração fina e de toda a fração, bem como

os parâmetros utilizados no ajuste ao modelo escolhido.

Tabela 16– Resultado dos testes de injeção da fase sólida com detecção na saída do concentrado.

Condição Q p flot (L/H) Fração granulométrica )(st τ F.P(s) τ REC(s) )(mod st N α ε

71,99

Fina (< 74 µm)

311 12,0 290 289 1,80 1,22 1,26E-04 Sem água

de lavagem

Toda a fração (< 420 µm)

265 20,0 232 247 1,90 1,20 2,60E-04

74,52

Fina (< 74 µm)

280 8,0 290 280 1,91 1,10 1,23E-04 Com água de

lavagem Toda a fração (< 420 µm)

244 13,0 235 237 2,0 1,39 3,12E-04

t e modt são correspondentes ao tempo médio real de passagem do traçador e ao tempo médio dos modelos ajustados, sendo ambos obtidos pelo método dos momentos. τF.P e τ Rec correspondem ao tempo de passagem nos modelos fluxo de pistão e tanques em série com recirculação respectivamente. N é o número de tanques em série ajustado ao modelo. α = coeficiente de recirculação, definido pelo percentual da vazão de entrada que retorna para o tanque anterior. ε corresponde ao erro de ajuste normalizado entre o modelo e os dados experimentais obtido pelos mínimos quadrados entre as contagens experimentais e as modeladas.

Page 126: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

107

A seguir são apresentadas as curvas E(t) normalizadas x tempo das corridas de marcação da

fração fina e de toda a fração granulométrica. São apresentadas também as curvas dos

modelos ajustados.

Page 127: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

108

5. 6 TESTES EM ESCALA INDUSTRIAL

5.6.1 CONDICIONADOR INDUSTRIAL

Foram realizadas duas injeções junto à alimentação de polpa do condicionador, com a

detecção realizada em um ponto na tubulação de descarga, bem próximo à saída do

condicionador. A sonda de NaI (Tl) estava devidamente colimada, de forma a não sofrer

interferência, através das paredes do tanque, da radiação ainda dentro do condicionador.

As respostas aos pulsos nas duas injeções foram muito semelhantes, tornando bastante

confiáveis os resultados. O modelo de tanques em série foi utilizado para representar o

sistema. A Tabela 17 mostra os parâmetros utilizados no ajuste, onde t designa o tempo

médio de residência dentro do sistema.

Tabela 17- Parâmetros utilizados no ajuste do modelo de tanques em série.

Corrida Volume (m3) Vazão (m3/s) (min)t (min)modt N ε

1 35,71 250 8,57 8,64 3,33 2,99E-04

2 35,75 250 8,58 8,64 3,2 1,70E-04

t e modt são correspondentes ao tempo médio real de passagem do traçador e ao tempo médio dos modelos ajustados, sendo ambos obtidos pelo método dos momentos. N é o número de tanques em série ajustado ao modelo. ε corresponde ao erro de ajuste normalizado entre o modelo e os dados experimentais obtido pelos mínimos quadrados entre as contagens experimentais e as modeladas.

Page 128: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

109

As Figuras 59 e 60 ilustram os valores experimentais e o modelo ajustado a estes. Nestes

gráficos E(t) designa a contagem normalizada registrada no instante t após a injeção.

Figura 59- Corrida 01 com ajuste do modelo de tanques em série.

Figura 60- Corrida 02 com ajuste do modelo de tanques em série.

Page 129: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

110

O condicionador analisado se assemelha bastante ao modelo ideal dos tanques em série. Este

modelo contém dois parâmetros: o número de tanques N e o tempo médio de residência em

cada tanque (igual em todos os tanques): NQVti = .

Tem-se:

- Volume total de projeto do condicionador: V = 30,625 m3

- Vazão medida da polpa bruta nas condições do teste: Q = 250 m3/h

Com estes valores obtém-se um tempo médio de residência teórico no condicionador:

t = 30,625 / 250 = 0,1225 h = 7,35 min

A Tabela 17 mostra que o tempo médio de residência real, medido pelo traçador, é t = 8,575

min e que o número de tanques em série que melhor representa a resposta é 3,265; o volume

médio calculado com estes valores é 35,73 m3 (valores médios para as duas corridas). Este

volume é consideravelmente superior ao volume de projeto, e que, portanto, parece não ser

explicável apenas por uma elevação do nível em função de se ter uma vazão maior.

A explicação mais plausível é que haja volumes “mortos”, ou de fluxo relativamente

estagnado, onde as partículas do fluxo penetram e são lentamente liberadas. A fração destes

volumes mortos pode ser estimada conforme indicado a seguir. Sejam:

teort é o tempo médio de residência teórico ou de projeto = 7,35 min;

realt é o tempo médio de residência real, medido com o traçador = 8,575 min;

rvarV é o volume varrido pelo fluxo.

mortoV = volume morto

Logo, Q

Vt rvar

teor = e Q

VVt mortorvar

real

+= .

Rearranjando essas equações tem-se:

teor

teorreal

r

morto

ttt

VV −

=var

Page 130: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

111

Desta forma, é possível estimar a fração de volume morto no condicionador, nas condições do

teste:

rvar

morto

VV

= 0,167 = 17 %

Na realidade, os volumes “mortos” são regiões do sistema onde a turbulência e o

misturamento são menos efetivos do que nas regiões mais “ativas”; se estes volumes fossem

inteiramente impermeáveis ao flux o ter-se-ia realt < teort . A ocorrência de tais volumes é

inevitável em um sistema com a geometria do tanque condicionador, onde existem muitas

quinas vivas; o valor acima não pode ser considerado anormal. Ele inclusive varia com a

vazão, podendo diminuir com um decréscimo da vazão, na medida em que isto elevaria o

tempo de residência em cada compartimento do tanque.

O fato do número de tanques em série acusado pelo modelo ser ligeiramente inferior ao

número de compartimentos é explicado pelo aproveitamento não integral do volume

preenchido pelo líquido.

5.6.2 COLUNA INDUSTRIAL

Foram realizadas também duas injeções na coluna de grossos da usina de beneficiamento

mineral da Bunge. O pulso foi introduzido diretamente no distribuidor de polpa da coluna que

alimenta três compartimentos de um total de seis compartimentos no total. Na saída do rejeito

de cada um dos três compartimentos foram posicionadas sondas de NaI(Tl) devidamente

colimadas com revestimentos de chumbo blindando as laterais de seus cristais.

Os resultados das duas injeções também foram semelhantes. Entretanto, o comportamento do

traçador nos três compartimentos foi totalmente distinto . Em um deles o traçador passou pelo

sistema inicialmente em um tempo muito curto, enquanto o restante produziu uma cauda com

a forma de um comportamento exponencial. Em outro compartimento, o traçador também

passou mais rápido no início, também apresentando depois uma cauda, só que esta mais

desordenada, aumentando assim o tempo médio de residência do traçador neste

compartimento. No terceiro compartimento a sonda não detectou nenhuma presença de

traçador. De uma injeção para a outra foram invertidas as posições das sondas para validar

ainda mais os resultados das duas injeções. É possível notar visualmente a semelhança entre o

Page 131: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

112

comportamento do traçador nas duas injeções (Figura 61). Os três compartimentos da coluna

foram aqui tratados de A, B, C.

Figura 61- Comparação entre o resultado das duas injeções na coluna de flotação.

Page 132: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

113

Depois de efetuada a correção dos dados, foi determinado o tempo médio de residência nos

compartimentos A e B da coluna (Tabela 18).

Tabela 18- Dados das injeções na coluna industrial.

Corrida Compartimento (min)t

A 18,4 1

B 10,05

A 18,7 2

B 12,12

Foi tentado o ajuste de vários modelos às respostas obtidas na coluna de flotação, envolvendo

diferentes modelos matemáticos, mas sem muito sucesso.

Contudo, o resultado das duas injeções na coluna e no condicionador em intervalos de tempo

diferentes comprova a operação em estado estacionário, uma vez que tanto o tempo médio de

residência quanto a forma das curvas E(t) pouco se modificaram.

Page 133: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

114

6. CONCLUSÕES

O método dos traçadores radioativos é uma ferramenta poderosa na identificação de sistemas

em escala piloto e industrial, e mesmo quando não é possível obter ajustes matemáticos, os

resultados podem fornecer informações importantes a respeito dos sistemas e fluidos

estudados, como a existência de regiões de fluxos estagnados e/ou preferenciais dentro dos

sistemas

Em escala piloto a atividade injetada deve ser bem estimada para evitar problemas de

interferência nas sondas, se estas estiverem próximas do ponto de injeção do traçador. Pode

ser inclusive recomendável o uso de um traçador não radioativo, tal como um sal detectável

por uma sonda de condutividade, desde que não interfira com os processos operantes na

coluna.

O aumento da vazão de polpa que alimenta a coluna resulta em um acréscimo do grau de

mistura axial na zona de coleta e em um decréscimo do tempo médio de passagem de polpa,

cujos resultados somados resultam em uma perda na recuperação metalúrgica do processo.

Em termos adimensionais, pôde-se concluir que quanto maior a dispersão axial na zona de

coleta menor a recuperação metalúrgica do processo.

Em termos qualitativos, ambos os sistemas fechado-fechado e aberto-fechado podem ser

utilizados para simular matematicamente a zona de coleta de flotação pelo modelo da

dispersão axial.

O tempo médio de residência na zona de recuperação é inversamente proporcional ao

tamanho médio da partícula, enquanto que a dispersão axial diminui com o aumento do

tamanho médio das partículas. Este fato resulta em fator de compensação em termos de

constante cinética na zona de coleta para minerais de granulometrias diferentes.

A água de lavagem altera o comportamento hidrodinâmico das partículas minerais na zona de

coleta da coluna, diminuindo o seu tempo médio de passagem, e provocando um decréscimo,

em termos do número de peclet, na dispersão axial nessa região.

Page 134: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

115

A amplitude da fração granulométrica é um fator preponderante para controle da dispersão

axial das partículas minerais na zona de coleta da coluna, uma vez que quanto maior essa

amplitude mais partículas com comportamentos distintos estarão presentes, contribuindo

assim para um aumento da dispersão axial nessa região.

6.1 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

Quantificação da dispersão axial para amplitudes granulométricas distintas alimentadas na

coluna através do método dos traçadores de forma a se correlacionar com a recuperação

metalúrgica do processo.

Determinação experimental da constante cinética da zona de coleta da coluna, para posterior

determinação da recuperação na camada de espuma e, conseqüentemente, na zona de coleta,

através dos parâmetros obtidos com as injeções dos traçadores.

Page 135: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

116

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Page 139: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

120

ANEXOS

ANEXO 1 CONDIÇÕES OPERACIONAIS DOS TESTES DE FLOTAÇÃO NA COLUNA PILOTO

Testes de marcação da fase líquida

P R O J E T O T R A Ç A D O R RA D I O A T I V O

T e s t e: T.r 50 1

O b j e t i v o: Det. RTD da fase líquida com alimentação de 50Kg/h de minério

C O N D I Ç Õ E S O P E R A C I O N A I S

E t a p a V a r i á v e l V a l o r

CN-1 * Tempo de residência (min) 15,6

* Percentagem de sólidos 49,6

* Hidróxido de sódio (g/t) 1.903,5

* Amido de milho (g/t) 251,2

CN-2 * Tempo de residência (min) 16,6

* Percentagem de sólidos 49,6

* Flotinor GA-1 (g/t) 237,9

* Flotanol 123/93 (g/t) 46,3

Condicionamento

* pH da polpa 11,4

* Água de diluição (L/h) 100,0

** Ar 1,32

* Velocidade Superficial ** Água de lavagem 0,25

(cm/s) ** Polpa 0,59

* Percentagem de sólidos na alimentação 23,7

* Altura da camada de espuma (cm) 80,0

* Tempo de residência da polpa (min) 12,5

* Bias 1,04

* Capacidade de transporte (g/cm2.min) 7,2

Flotação

* Hold up do ar (%) 9,5

R E S U L T A D O S

Produto Vazão (Kg/h) Teor de Recuperação (%)

Sólidos Polpa P2O5 (%) Massa P2O5

Concentrado 35,31 91,82 24,90 77,8 96,6

Rejeito 10,08 173,17 3,10 22,2 3,4

Alimentação 45,39 191,51 20,06 100,0 100,0

Page 140: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

121

P R O J E T O T R A Ç A D O R RA D I O A T I V O

T e s t e: T.r 50 2

O b j e t i v o: Det. RTD da fase líquida com alimentação de 50Kg/h de minério

C O N D I Ç Õ E S O P E R A C I O N A I S

E t a p a V a r i á v e l V a l o r

CN-1 * Tempo de residência (min) 14,7

* Percentagem de sólidos 46,9

* Hidróxido de sódio (g/t) 1.955,6

* Amido de milho (g/t) 258,0

CN-2 * Tempo de residência (min) 15,6

* Percentagem de sólidos 46,9

* Flotinor GA-1 (g/t) 244,5

* Flotanol 123/93 (g/t) 47,5

Condicionamento

* pH da polpa 11,4

* Água de diluição (L/h) 100,0

** Ar 1,32

* Velocidade Superficial ** Água de lavagem 0,25

(cm/s) ** Polpa 0,60

* Percentagem de sólidos na alimentação 22,7

* Altura da camada de espuma (cm) 80,0

* Tempo de residência da polpa (min) 12,2

* Bias 1,05

* Capacidade de transporte (g/cm2.min) 7,0

Flotação

* Hold up do ar (%) 9,3

R E S U L T A D O S

Produto Vazão (Kg/h) Teor de Recuperação (%)

Sólidos Polpa P2O5 (%) Massa P2O5

Concentrado 34,24 90,08 24,50 77,5 96,5

Rejeito 9,94 177,66 3,04 22,5 3,5

Alimentação 44,18 194,22 19,67 100,0 100,0

Page 141: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

122

P R O J E T O T R A Ç A D O R RA D I O A T I V O

T e s t e: T.r 75.1 FL

O b j e t i v o: Det. RTD da fase líquida com alimentação de 75Kg/h de minério

C O N D I Ç Õ E S O P E R A C I O N A I S

E t a p a V a r i á v e l V a l o r

CN-1 * Tempo de residência (min) 9,4

* Percentagem de sólidos 51,6

* Hidróxido de sódio (g/t) 900,5

* Amido de milho (g/t) 236,4

CN-2 * Tempo de residência (min) 10,0

* Percentagem de sólidos 51,6

* Flotinor GA-1 (g/t) 192,1

* Flotanol 123/93 (g/t) 39,4

Condicionamento

* pH da polpa 11,4

* Água de diluição (L/h) 150,0

** Ar 1,32

* Velocidade Superficial ** Água de lavagem 0,25

(cm/s) ** Polpa 0,94

* Percentagem de sólidos na alimentação 26,2

* Altura da camada de espuma (cm) 85,0

* Tempo de residência da polpa (min) 7,9

* Bias 1,01

* Capacidade de transporte (g/cm2.min) 8,5

Flotação

* Hold up do ar (%) 12,1

R E S U L T A D O S

Produto Vazão (Kg/h) Teor de Recuperação (%)

Sólidos Polpa P2O5 (%) Massa P2O5

Concentrado 41,72 100,70 28,59 52,2 84,3

Rejeito 38,24 277,76 5,80 47,8 15,7

Alimentação 79,96 304,96 17,69 100,0 100,0

Page 142: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

123

P R O J E T O T R A Ç A D O R R A D I O A T I V O

T e s t e: T.r 75.2 FL

O b j e t i v o: Det. RTD da fase líquida com alimentação de 75Kg/h de minério

C O N D I Ç Õ E S O P E R A C I O N A I S

E t a p a V a r i á v e l V a l o r

CN-1 * Tempo de residência (min) 9,5

* Percentagem de sólidos 50,6

* Hidróxido de sódio (g/t) 937,0

* Amido de milho (g/t) 246,0

CN-2 * Tempo de residência (min) 10,1

* Percentagem de sólidos 50,6

* Flotinor GA-1 (g/t) 199,9

* Flotanol 123/93 (g/t) 41,0

Condicionamento

* pH da polpa 11,4

* Água de diluição (L/h) 150,0

** Ar 1,32

* Velocidade Superficial ** Água de lavagem 0,25

(cm/s) ** Polpa 0,92

* Percentagem de sólidos na alimentação 25,5

* Altura da camada de espuma (cm) 85,0

* Tempo de residência da polpa (min) 8,1

* Bias 1,00

* Capacidade de transporte (g/cm2.min) 8,9

Flotação

* Hold up do ar (%) 11,1

R E S U L T A D O S

Produto Vazão (Kg/h) Teor de Recuperação (%)

Sólidos Polpa P2O5 (%) Massa P2O5

Concentrado 43,40 104,10 27,98 56,5 88,7

Rejeito 33,44 271,24 4,63 43,5 11,3

Alimentação 76,84 301,84 17,82 100,0 100,0

Page 143: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

124

P R O J E T O T R A Ç A D O R RA D I O A T I V O

T e s t e: T.r.100.1 FL

O b j e t i v o: Det. RTD da fase líquida com alimentação de 100Kg/h de minério

C O N D I Ç Õ E S O P E R A C I O N A I S

E t a p a V a r i á v e l V a l o r

CN-1 * Tempo de residência (min) 7,1

* Percentagem de sólidos 50,4

* Hidróxido de sódio (g/t) 991,2

* Amido de milho (g/t) 247,8

CN-2 * Tempo de residência (min) 7,6

* Percentagem de sólidos 50,4

* Flotinor GA-1 (g/t) 200,6

* Flotanol 123/93 (g/t) 39,5

Condicionamento

* pH da polpa 11,4

* Água de diluição (L/h) 200,4

** Ar 1,32

* Velocidade Superficial ** Água de lavagem 0,25

(cm/s) ** Polpa 1,20

* Percentagem de sólidos na alimentação 25,3

* Altura da camada de espuma (cm) 85,0

* Tempo de residência da polpa (min) 6,5

* Bias 0,96

* Capacidade de transporte (g/cm2.min) 10,5

Flotação

* Hold up do ar (%) 8,8

R E S U L T A D O S

Produto Vazão (Kg/h) Teor de Recuperação (%)

Sólidos Polpa P2O5 (%) Massa P2O5

Concentrado 51,36 124,05 29,37 50,5 84,0

Rejeito 50,34 351,75 5,72 49,5 16,0

Alimentação 101,70 402,30 17,66 100,0 100,0

Page 144: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

125

P R O J E T O T R A Ç A D O R RA D I O A T I V O

T e s t e: T.r.100.2 FL

O b j e t i v o: Det. RTD da fase líquida com alimentação de 100Kg/h de minério

C O N D I Ç Õ E S O P E R A C I O N A I S

E t a p a V a r i á v e l V a l o r

CN-1 * Tempo de residência (min) 7,1

* Percentagem de sólidos 50,0

* Hidróxido de sódio (g/t) 1.007,8

* Amido de milho (g/t) 251,9

CN-2 * Tempo de residência (min) 7,6

* Percentagem de sólidos 50,0

* Flotinor GA-1 (g/t) 204,0

* Flotanol 123/93 (g/t) 40,2

Condicionamento

* pH da polpa 11,4

* Água de diluição (L/h) 200,4

** Ar 1,32

* Velocidade Superficial ** Água de lavagem 0,25

(cm/s) ** Polpa 1,20

* Percentagem de sólidos na alimentação 25,0

* Altura da camada de espuma (cm) 85,0

* Tempo de residência da polpa (min) 6,5

* Bias 0,96

* Capacidade de transporte (g/cm2.min) 10,5

Flotação

* Hold up do ar (%) 8,5

R E S U L T A D O S

Produto Vazão (Kg/h) Teor de Recuperação (%)

Sólidos Polpa P2O5 (%) Massa P2O5

Concentrado 51,30 122,55 29,37 51,3 84,7

Rejeito 48,72 351,57 5,57 48,7 15,3

Alimentação 100,02 400,62 17,78 100,0 100,0

Page 145: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

126

Testes de marcação da fase sólida

P R O J E T O T R A Ç A D O R RA D I O A T I V O

T e s t e: T.r.Fs 1

O b j e t i v o: Det. RTD fase sólida (sem água de lavagem)

C O N D I Ç Õ E S O P E R A C I O N A I S

E t a p a V a r i á v e l V a l o r

CN-1 * Tempo de residência (min) 7,1

* Percentagem de sólidos 50,7

* Hidróxido de sódio (g/t) 1.136,5

* Amido de milho (g/t) 236,0

CN-2 * Tempo de residência (min) 7,6

* Percentagem de sólidos 50,7

* Flotinor GA-1 (g/t) 198,2

* Flotanol 123/93 (g/t) 40,8

Condicionamento

* pH da polpa 11,4

* Água de diluição (L/h) 200,4

** Ar 1,32

* Velocidade Superficial ** Água de lavagem 0,00

(cm/s) ** Polpa 1,01

* Percentagem de sólidos na alimentação 25,5

* Altura da camada de espuma (cm) 90,0

* Tempo de residência da polpa (min) 7,8

* Bias 0,78

* Capacidade de transporte (g/cm2.min) 10,4

Flotação

* Hold up do ar (%) 9,5

R E S U L T A D O S Produto Vazão (Kg/h) Teor de Recuperação (%)

Sólidos Polpa P2O5 (%) Massa P2O5

Concentrado 50,93 107,58 28,10 49,5 83,9

Rejeito 52,02 295,97 5,27 50,5 16,1

Alimentação 102,95 403,54 16,56 100,0 100,0

Page 146: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

127

P R O J E T O T R A Ç A D O R RA D I O A T I V O

T e s t e: T.r.Fs 2

O b j e t i v o: Det. RTD fase sólida (com água de lavagem)

C O N D I Ç Õ E S O P E R A C I O N A I S

E t a p a V a r i á v e l V a l o r

CN-1 * Tempo de residência (min) 7,2

* Percentagem de sólidos 49,4

* Hidróxido de sódio (g/t) 1.234,1

* Amido de milho (g/t) 255,4

CN-2 * Tempo de residência (min) 7,6

* Percentagem de sólidos 49,4

* Flotinor GA-1 (g/t) 210,0

* Flotanol 123/93 (g/t) 41,4

Condicionamento

* pH da polpa 11,4

* Água de diluição (L/h) 200,4

** Ar 1,32

* Velocidade Superficial ** Água de lavagem 0,25

(cm/s) ** Polpa 1,24

* Percentagem de sólidos na alimentação 24,5

* Altura da camada de espuma (cm) 80,0

* Tempo de residência da polpa (min) 6,3

* Bias 1,00

* Capacidade de transporte (g/cm2.min) 9,6

Flotação

* Hold up do ar (%) 8,8

R E S U L T A D O S

Produto Vazão (Kg/h) Teor de Recuperação (%)

Sólidos Polpa P2O5 (%) Massa P2O5

Concentrado 46,98 107,35 29,93 48,1 79,7

Rejeito 50,74 364,47 7,04 51,9 20,3

Alimentação 97,72 398,30 18,05 100,0 100,0

Page 147: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

128

ANEXO 2 PLANO DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA PARA OS TESTES REALIZADOS NA BUNGE EM ARAXÁ-MG

1. ÓRGÃOS EXECUTORES

Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear - CDTN/CNEN, Divisão da Tecnologia

das Radiações – TR1.

2. LOCAL

Usina da Bunge Fertilizantes S/A, em Araxá - MG

3. OBJETIVO DO TRABALHO

Estudo da distribuição de tempos de passagem no tanque condicionador e nas colunas

industriais de minério de fosfato na usina de beneficiamento da Bunge S/A, através de

injeções de pulsos de radiotraçador para a marcação das fases líquidas de cada um dos

flotadores e detecção via sondas de cintilação de NaI(Tl) nos respectivos dutos de saída da

polpa de minério concentrado.

Este estudo está previsto dentro de um projeto dissertação de mestrado do Curso de Pós-

Graduação do CDTN, contando com o apoio e o interesse da Bunge Fertilizantes S/A e dos

Serviços de Tecnologia Mineral - EC4 e de Meio Ambiente e Técnicas Nucleares - TR1. O

objetivo geral deste projeto é a verificação de possíveis heterogeneidades no comportamento

de diferentes frações granulométricas submetidas à floculação em colunas; sendo que no cso

específico da presente aplicação pretende-se comparar os desempenhos em escala piloto e em

protótipo industrial.

Será utilizado o traçador radioativo, 82Br, a ser produzido no Reator TRIGA IPR-R1 do

CDTN sob a forma de brometo de potássio (KBr), na sua forma sólida.

Page 148: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

129

4.CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA A SER TESTADO

A usina de Araxá da Bunge Fertilizantes possui uma unidade de tratamento do minério de

fosfato que prepara o insumo para a unidade de fertilizantes fosfatados. Um fluxograma da

unidade de tratamento de minério é mostrado na página a seguir.

Os testes serão efetuados em uma das colunas de flotação e no tanque condicionador da polpa

de alimentação.

As colunas, de secção retangular, são seccionadas internamente formando um conjunto de seis

compartimentos (sub-colunas) verticais. As dimensões de cada uma das sub-colunas são: 14,5

m de altura e 3 m x 4,5 m de secção, resultando em um volume de 196 m3. A vazão de

alimentação de polpa é 120 ton/h. O tempo médio de residência é, portanto, da ordem de t =

1/2 h e a duração de cada determinação de distribuição de tempos de residência será ~ 3 t =

1,5 h.

Das 120 ton/h da alimentação, são produzidas 35/40 ton/h de flotado (concentrado) e 80/85

ton/h de rejeito. O teor de sólidos nestes fluxos é:

Alimentação: 35-38 %

Concentrado: 35-40 %

Rejeito: 25-28 %

observando-se assim concentrações das fases particuladas razoavelmente homogêneas nos três

fluxos.

O tanque de condicionamento é paralepipédico, com quatro compartimentos internos,

percorridos serialmente pelo fluxo, através de comunicações entre os compartimentos

alternadamente por cima e por baixo. Seu volume total é de 30.6 m3 e o de cada

compartimento é 7,7 m3. O tempo médio de residência total é t �15 min, sendo ~ 4 min em

cada compartimento. Deste modo os tempos de duração de cada detecção serão,

respectivamente, 45 min e 12 min.

Page 149: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

130

5. CARACTERÍSTICAS DO RADIOISÓTOPO A SER EMPREGADO

O 82Br é um emissor gama, cobrindo razoavelmente larga uma faixa de energias. Suas

características de interesse para a aplicação são listadas na Tabela da página a seguir

[DAMRI, 1991; US DHEW, 1960; IAEA, 1982].

6. RISCOS RADIOLÓGICOS E DOSIMETRIA

O 82Br é classificado como radionuclídeo de relativa toxicidade na Norma CNEN NE 6.02

(1984).

Prevê-se três testes nas colunas de flotação e outros três testes no tanque condicionador,

visando melhor estatística. Conforme estimativa desenvolvida no documento “Estudo da

Distribuição dos Tempos de Residência em uma Coluna de Flotação e um Condicionador em

Escala Industrial com o Uso de Traçadores Radioativos - Aspectos de Proteção Radiológica”,

anexo a este PPR, serão injetados, em cada teste,15 mCi nas colunas de flotação e 2,5 mCi no

tanque condicionador.

A duração de cada experimento (corrida) nas colunas de flotação é estimada em 1,5 h, a um

fluxo de material nas colunas de 85 ton/s. Logo, a atividade específica do radionuclídeo

homogeneizada na polpa após esta deixar a unidade de flotação será da ordem de:

gBq

hshtongstonCiBqCi

0012,036005,11085

107,3015,06

10

=×××

××

Já a atividade que será injetada no tanque de condicionamento, após transitar pela coluna, gerará:

gBq

hshtongstonCiBqCi

0002,036005,11085

107,30025,06

10

=×××

××

Como serão feitas três injeções em cada um destes equipamentos, obter-se-á:

gBq

0042,00002,030012,03 =×+×

Page 150: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

131

Esta é pois a estimativa de atividade específica na unidade de filtração, ou seja: nos

espessadores ou nos equipamentos de filtragem (vide fluxograma). A mesma Norma CNEN

NE 6.02 estabelece que instalações que envolvam atividades específicas inferiores a 100 Bq/g

estão isentas de processo de licenciamento. Vê-se que a atividade específica resultante após as

corridas, sem levar em conta o decaimento, será cerca de 24.000 vezes inferior a aquele

limite.

Parâmetro 82Br

Eγ (KeV)

221,48 (2,3 %) 554,34 (70,6 %) 606,33 (1,3 %)

619,10 (43,3 %) 698,37 (28,4 %) 776,51 (83,4 %) 827,83 (24,1 %) 1007,54 (1,3 %)

1044,00 (27,5 %) 1317,48 (27,0 %) 1474,88 (16,4 %)

Eβ-Max (KeV) 265 (1,4 %) 447,7 1,4 %)

Eβ-méd (KeV) 75,7 (1,4 %) 137,7 (1,4 %)

Meia-vida física (1,471 ± 0,001) d

LIA 1 x 108 (oral) 2 x 108 (inalação)

CAD 6 x 104 (inalação)

Reação de formação 81Br (n, γ) 82Br

Outros radionuclídeos produzidos 80mBr (4,42 h)

80Br (17,6 min)

Forma química K82Br

Forma física Sólido

Solubilidade em água 535 g/L (0°C)

Atividade por injeção Colunas: 15 mCi (3x) Condicionador: 2,5 mCi (3 x)

Atividade total no dia de trabalho: 52,5 mCi

Atividade total ao final da irradiação: 134 mCi

Atividade total no dia do transporte B.H.-Araxá 83 mCi

Page 151: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

132

7. DATA DA UTILIZAÇÃO:

A injeção nas colunas de flotação e no tanque condicionador está programada para o dia 16/02/05. Estima-se a duração total dos testes em cerca de 7 horas, envolvendo as montagens, transferências, preparações e detecções.

8. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS:

Como serão feitas 6 injeções (3 na coluna e 3 no condicionador), seis tubos de polietileno de

irradiação devidamente identificados serão preparados, cada qual com uma massa

predeterminada de KBr, de modo que possam ser simultaneamente irradiados durante um

mesmo tempo, sendo as atividades finais proporcionais às respectivas massas.

A irradiação será feita na mesa giratória do Reator IPR-R1, seguindo os procedimentos usuais

de manipulação, transferência e monitoração. Os frascos irradiados não serão abertos no

CDTN; serão colocados diretamente na blindagem de transporte.

O deslocamento para Araxá se dará no dia seguinte ao da irradiação, e anterior ao da

utilização, por transporte rodoviário.O cilindro contendo os traçadores radioativos será

embalado segundo as normas pertinentes em blindagens de chumbo fixadas dentro de caixotes

de madeira, próprios e licenciados para o transporte de 82Br.

O veículo do CDTN/CNEN, devidamente sinalizado e conduzido por motorista treinado para

a função, além de acompanhado da equipe que responsável pelo trabalho, seguirá diretamente

para a usina da Bunge em Araxá, onde se darão os experimentos.

No dia do experimento, o ambiente onde se fará a injeção dos traçadores será inicialmente

monitorado, com os cintilômetros portáteis, para verificação do background existente.O local

nas imediações da alimentação das torres (a alimentação é feita no topo das torres, que é

aberta para o exterior) onde será feita a dissolução do KBr será forrado com plástico e

recoberto por material absorvedor, como precaução quanto a eventuais vazamentos de

traçador. Será montada uma blindagem com tijolos de chumbo para a proteção dos operadores

da injeção. A blindagem de transporte contendo os respectivos frascos de irradiação será

posicionada bem próxima à blindagem de tijolos de chumbo.Para os testes no tanque

condicionador as condições são semelhantes.

Page 152: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

133

Será isolada a área de trabalho, numa extensão suficiente para evitar que indivíduos do

público, e trabalhadores não diretamente envolvidos com a injeção se aproximem. Isto não

acarretará quaisquer dificuldades posto que neste local não circula o pessoal da usina.

A blindagem de transporte será aberta, os frascos de irradiação serão retirados com pinças,

rapidamente abertos, e seu conteúda vertido em um becker contendo cerca de 1000 ml de

água. Com um bastão de vidro manipulado por detrás da blindagem o conteúdo do becker será

periodicamente agitado até a dissolução total do KBR, o que se dará em muitos poucos

minutos. O operador responsável usará luvas,avental, dosímetro digital e TLD de anel. O

nível de radiação na posição do operador será continuamente monitorado por um detector de

cintilação portátil.

A injeção será feita seguindo-se rigorosamente os procedimentos de segurança, usando-se

avental e luvas. O acompanhamento da injeção será feito através do cintilômetro portátil. O

Becker será retirado da blindagem de tijolos de chumbo com auxílio de uma pinça e

rapidamente posicionado junto ao jorro da alimentação, onde o seu conteúdo será vertido para

o interior da torre. Ressalta-se que a distância entre a blindagem de dissolução e o ponto de

injeção é de poucos metros. Destas operações somente participarão os técnicos do CDTN,

munidos do necessário equipamento de radioproteção, luvas e aventais ou macacões. A área

de trabalho será isolada durante as manipulações e injeção e somente liberada depois de

monitorada. Todo o equipamento utilizado será reembalado pelo pessoal do CDTN e

despachado de volta para Belo Horizonte.

Caso ocorram quaisquer acidentes durante o transporte ou o experimento, serão seguidos os

procedimentos detalhados no documento “Estudo da Distribuição dos Tempos de Residência

em uma Coluna de Flotação e um Condicionador em Escala Industrial com o Uso de

Traçadores Radioativos - Aspectos de Proteção Radiológica” preparado pelos aplicadores e

anexo a este PPR.

Page 153: TESE Adriano Ribeiro Santos .cd para a CNEN

134

9. DETECÇÃO DO TRAÇADOR

Em se tratando de um radiotraçador emissor gama não serão necessárias amostragens, a

detecção de sua passagem nos dutos de saída das torres de floculação serão feitas

posicionando detectores de NaI(Tl) colimados diretamente nas paredes externas das

respectivas tubulações. As contagens serão processadas e analisadas preliminarmente por um

sistema de aquisição de dados acoplado aos detectores.O processamento final dos dados será

efetuado no CDTN após o regresso da equipe do campo.

10. RESPONSÁVEL PELO EXPERIMENTO

Rubens Martins Moreira - Matricula CNEN 60426

11. REFERÊNCIAS

DAMRI - Départment des Applications et de la Métrologie des Rayonnements Ionisants -

CEA, “Radionucleides”, Gif-sur-Yvette Cedex (1991).

IAEA - International Atomic Energy Agency, “Basic Safety Standards for Radiation

Protection”, Safety Series No. 9, Vienna (1982).

IAEA, “Radiotracer Applications in Industry: a Guidebook”, Technical Report Series no. 423,

Vienna, 2004.

KNOLL, G.F., “Radiation Detection and Measurement”, J. Wiley & Sons, Inc., Hoboken,

N.J. (2000)

Perry, RH., Green, D.W., Maloney, J.O, (Eds.), “Perry´s Chemical Engineering Handbook”,

6th. Edition, McGraw-Hill Book Company, N. York (1984).

SEELMANN-EGGEBERT, W., PFENNIG, G., MÜNZEL, H., “Nuklidkarte”, 4. Auflage,

Kernforschungs-zentrum Karlsruhe, Ernst Klett Druckerei, Stuttgart (1974).

US-DHEW, “Radiological Health Handbook”, U.S. Department of Health Education and

Welfare, Washington (1960).