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Setor de Recursos Extraordinários e Especiais Criminais – Modelo da Tese nº 332 1 OBS: Na jurisprudência citada, sempre que não houver indicação do tribunal, entenda-se que é do Superior Tribunal de Justiça. Índices Ementas – ordem alfabética Ementas – ordem numérica Índice do “CD” Tese 332 EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – POSSE DE ENTORPECENTE PARA USO PRÓPRIO ESTABELECIMENTO PRISIONAL CARACTERIZAÇÃO A posse de substância entorpecente, no interior de estabelecimento prisional, caracteriza falta grave, nos moldes do artigo 52 da LEP. (D.O.E., 27/04/2011, p.46)

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Setor de Recursos Extraordinários e Especiais Criminais – Modelo da Tese nº 332

1

OBS: Na jurisprudência citada, sempre que não houver indicação do tribunal, entenda-se que é do Superior Tribunal de Justiça.

Índices

Ementas – ordem alfabética

Ementas – ordem numérica

Índice do “CD”

Tese 332

EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – POSSE DE ENTORPECENTE

PARA USO PRÓPRIO – ESTABELECIMENTO PRISIONAL –

CARACTERIZAÇÃO

A posse de substância entorpecente, no interior de estabelecimento

prisional, caracteriza falta grave, nos moldes do artigo 52 da LEP.

(D.O.E., 27/04/2011, p.46)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DA

SEÇÃO CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO

ESTADO DE SÃO PAULO

Acompanha o presente, acórdão proferidAcompanha o presente, acórdão proferidAcompanha o presente, acórdão proferidAcompanha o presente, acórdão proferido pelo Colendo Superior o pelo Colendo Superior o pelo Colendo Superior o pelo Colendo Superior

Tribunal de Justiça, nos autos de habeas corpus nº Tribunal de Justiça, nos autos de habeas corpus nº Tribunal de Justiça, nos autos de habeas corpus nº Tribunal de Justiça, nos autos de habeas corpus nº 109.145/SP, Rel. /SP, Rel. /SP, Rel. /SP, Rel.

Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julg em Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julg em Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julg em Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julg em 19/11/2009, obtido na , obtido na , obtido na , obtido na

Revista Eletrônica do Superior Tribunal de Justiça.Revista Eletrônica do Superior Tribunal de Justiça.Revista Eletrônica do Superior Tribunal de Justiça.Revista Eletrônica do Superior Tribunal de Justiça.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE

SÃO PAULO, nos autos do Agravo em Execução nº

990.10.337919-5, Comarca de São Paulo, em que é

agravante E.S.C.G., vem perante Vossa Excelência,

com fundamento no artigo 105, III, “c”, da Constituição

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da República, artigo 255, § 2o , do RISTJ e artigo 26 da

Lei nº 8.038/90, interpor RECURSO ESPECIAL para o

Colendo Superior Tribunal de Justiça, pelos motivos

adiante aduzidos:

1. A HIPÓTESE EM EXAME.

Consoante documentos carreados aos autos, no dia

03 de Junho de 2009, o sentenciado E. S. da C. G. praticou falta

disciplinar de natureza grave consistente em possuir substância

entorpecente no interior de estabelecimento prisional.

A defesa sustentou que o entorpecente - encontrado

dentro do colchão, na cela - se destinava para uso próprio, não

podendo ser considerada a falta como grave.

A autoridade judiciária afastou a alegação de atipicidade

da conduta e determinou a anotação da prática da falta grave e a

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perda de todos os dias eventualmente remidos antes da prática da falta

grave (fls. 66).

Interposto agravo em execução, a Colenda 10ª. Câmara

do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por votação

unânime, deu provimento ao agravo para cancelar a falta grave

imposta ao preso, afirmando que a conduta do sentenciado não se

mostra grave o bastante para justificar a condenação por falta dessa

natureza (fls. 138/139).

Foram os seguintes os fundamentos da v.

Decisão da qual ora se recorre, em voto conduto do

Eminente Juiz Relator Carlos Bueno:

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Decidindo dessa forma, a douta Turma Julgadora

dissentiu de julgados do Colendo Superior Tribunal de

Justiça:

HABEAS CORPUS Nº 109.145 - SP (2008/0135238-6) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO EMENTA HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. POSSE DE ENTORPECENTE EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. PERDA TOTAL DOS DIAS REMIDOS ATÉ A DATA DA INFRAÇÃO DISCIPLINAR. REINÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO PARA A CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS QUE DEPENDAM DE LAPSOS DE TEMPO DE EXECUÇÃO DA PENA. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. PARECER MINISTERIAL PELA CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM. WRIT DENEGADO.

1. A posse de substância entorpecente no interior do estabelecimento prisional, ainda que para uso próprio, constitui falta grave (art. 52 da LEP). A conduta prevista no art. 28 da nova de Lei de Drogas é crime, tendo havido, tão somente, sua despenalização, com a exclusão de penas privativas de liberdade como sanção principal ou substitutiva da infração penal.

2. O cometimento de falta grave pelo sentenciado no curso da execução da pena, nos termos do art. 127 da Lei 7.210/84,

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implica a perda integral dos dias remidos pelo trabalho, além de nova fixação da data-base para concessão de benefícios relativos à execução da pena. 3. Referido entendimento não traduz ofensa aos princípios do direito adquirido, da coisa julgada, da individualização da pena ou a dignidade da pessoa humana. Precedentes do STF e do STJ.

4. Ordem denegada, em consonância com o parecer ministerial

AINDA,

HABEAS CORPUS Nº 116.531 - SP (2008/0213223-4) RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ IMPETRANTE : ALANDESON DE JESUS VIDAL - DEFENSOR PÚBLICO IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : ANDERSON CARLOS DE SOUZA RIBEIRO EMENTA HABEAS CORPUS . EXECUÇÃO PENAL. PORTE ILÍCITO DE ENTORPECENTES. NATUREZA JURÍDICA. CRIME. APLICABILIDADE DO ART. 52 DA LEP. FALTA GRAVE. LEGALIDADE. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.

1. A Lei de Execução Penal (n.º 7.210/84), em seu art. 52, caput , considera como falta grave

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o condenado que pratica fato previsto como crime doloso.

2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por

ocasião do julgamento de Questão de Ordem suscitada nos autos do RE 430105 QO/RJ, rejeitou as teses de abolitio criminis e infração penal sui generis para o crime previsto no art. 28 da Lei 11.343/06, firmando a natureza de crime da conduta perpetrada pelo usuário de drogas, não obstante a despenalização.

3. Ademais, o entendimento desta Corte é no

sentido de que o porte ilícito de entorpecentes, configura falta disciplinar de natureza grave.

4. Ordem denegada.

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Daí a interposição do presente Recurso

Especial, com fulcro no artigo 105, inciso III, alínea

“c” da Constituição Federal, para que seja reformado

o v. acórdão, restabelecendo-se a decisão de

primeiro grau.

2 - DO DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL

A tese acolhida pela r. decisão recorrida

dissente da decisão do Colendo Superior Tribunal de

Justiça , nos autos de HABEAS CORPUS Nº

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109.145 - SP (2008/0135238-6), RELATOR :

MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO:

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Emerge patente, assim, a instauração de

dissídio pretoriano, causada pela prolação em 10ª.

Câmara do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de

São Paulo.

3. - DEMONSTRAÇÃO ANALÍTICA

Como se verifica pela transcrição ora feita, é

evidente o paralelismo entre os casos tratados no julgado

trazido à colação e a hipótese decidida nos autos: nos dois

processos houve decisão sobre a falta disciplinar praticada

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pelo sentenciado que é surpreendido no interior de

estabelecimento prisional portando ou guardando

substância entorpecente.

Porém, as soluções aplicadas apresentam-se opostas.

Segundo o teor do acórdão impugnado:

(..) “ o artigo 52 da Lei das Execuções Penais dispõe que a

prática de fato previsto como crime doloso constitui tal falta grave.

“não é exagerado, assim, equiparar a intensidade da

injustiça do fato ao mesmo grau das mais tênues contravenções

penais”...

“... a conduta imputada ao sentenciado não se mostra grave o

bastante para justificar a condenação por falta dessa natureza, tendo

sido encontrada no colchão 0,42 gms de maconha, quantidade ínfima e

que admite trazer à baila o art. 28 da Lei nº 11.343/06, sem maiores

considerações”

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Enquanto para o paradigma:

A posse de substância entorpecente no interior do estabelecimento prisional, ainda que para uso próprio, constitui falta grave (art. 52 da LEP). A conduta prevista no art. 28 da nova de Lei de Drogas é crime, tendo havido, tão somente, sua despenalização, com a exclusão de penas privativas de liberdade como sanção principal ou substitutiva da infração penal.

“...Seria até grotesco afirmar-se que a

posse de entorpecente em estabelecimento prisional,

aquela para qualquer finalidade, não fosse ato

atentatório ao recolhimento de agente que lesiona a

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sociedade, representando falta grave de conduta

prisional”.

Nas duas situações discute-se sobre a infração

disciplinar praticada pelo sentenciado encontrado na guarda

ou posse de drogas para uso próprio.

Para o julgado recorrido a conduta do

sentenciado deve ser equiparada “às mais tênues

contravenções penais” e abstratamente menos

reprovável”.

Já para o acórdão trazido à colação, a

“posse de substância entorpecente no interior do

estabelecimento prisional, ainda que para uso

próprio, constitui falta grave”...

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Nítida, pois, a semelhança das situações

cotejadas e manifesta a divergência de soluções.

Sendo assim, mais correta, ao nosso ver, a

solução encontrada pela decisão do Colendo Superior

Tribunal de Justiça.

4. RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO RECORRIDA.

Ante o exposto, patenteando-se a divergência

jurisprudencial, aguarda o Ministério Público do Estado de

São Paulo seja deferido o processamento do presente

recurso especial por Essa Egrégia Presidência, bem como

seu ulterior conhecimento e provimento pelo Superior

Tribunal de Justiça, para que seja cassada a decisão

impugnada, e, conseqüentemente, seja restabelecida a

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decisão de primeiro grau proferida pelo juízo da Vara das

Execuções Penais de São Paulo (Capital).

São Paulo, 26 de janeiro de 2.011

MARIA APARECIDA BERTI CUNHA

Procuradora de Justiça

Índices

Ementas – ordem alfabética

Ementas – ordem numérica

Índice do “CD”