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PROCEDIMENTO DE PREPARAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DE OBRA Vanessa Leitão Tomásio Ferreira Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Prof. Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito Orientador: Prof. Francisco José Loforte Teixeira Ribeiro Co-orientador: Eng. Ângelo Ribeiro Batista Vogais: Prof. Alberto Martins Pereira da Silva Setembro 2008

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PROCEDIMENTO DE PREPARAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DE

OBRA

Vanessa Leitão Tomásio Ferreira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Prof. Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito

Orientador: Prof. Francisco José Loforte Teixeira Ribeiro

Co-orientador: Eng. Ângelo Ribeiro Batista

Vogais: Prof. Alberto Martins Pereira da Silva

Setembro 2008

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i

Aos meus Pais por todo o carinho e apoio ao longo da minha vida.

Obrigada por tudo.

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ii

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iii

Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço ao Prof. Francisco Loforte Ribeiro pela forma como orientou o

meu trabalho e pela disponibilidade demonstrada ao longo deste percurso.

Gostaria também de expressar um agradecimento muito especial ao Eng.º Ângelo Batista pela

oportunidade para desenvolver esta dissertação na Tecnovia e por todo o apoio prestado.

Agradeço ainda a todos aqueles dentro da empresa que contribuíram para a realização deste

trabalho, em particular ao Eng.º Luís Serra, à Eng.ª Ana Rita Trindade, ao Eng.º Paulo Salgado e

ao Eng.º Sérgio Conceição.

Ao Mestre Paulo Vaz Serra e às antigas colegas Mónica Vera-Cruz e Sílvia Chaves agradeço

a disponibilidade para esclarecer dúvidas e partilhar conhecimentos.

Um agradecimento muito especial aos meus Pais, a quem dedico esta dissertação, pela

compreensão e incentivo constantes, sem os quais não teria sido possível chegar até aqui.

Por fim, agradeço aos meus amigos e colegas pela alegria nas horas boas e pelo apoio nas

menos boas, especialmente ao Daniel, à Maria Manuel, à Elisa, à Ana Marçal, à Inês Rita e à

Ana Rita Nascimento.

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v

Resumo

Na indústria da construção, o produto final resulta da conjugação de vários factores, pelo que

é cada vez mais importante antecipar situações desfavoráveis e prever soluções mais adequadas.

Neste contexto, o processo de preparação de obra e a reutilização do conhecimento interno das

organizações surgem como ferramentas fundamentais para optimizar soluções, reduzir os

imprevistos e minimizar os erros, aumentando assim a probabilidade de sucesso durante a

execução das obras.

O modelo proposto nesta dissertação, desenvolvida em parceria com a empresa Tecnovia -

Sociedade de Empreitadas S.A, pode ser aplicado a qualquer tipo de obra, com o intuito de

melhorar o seu processo de preparação. Para tal, apresenta-se uma metodologia e uma check-list,

compostas pelos principais aspectos a abordar na realização deste processo, o qual é

complementado pela consulta de informação relevante compilada na Base de Conhecimento,

elaborada em Microsoft Access 2007. Esta Base de Conhecimento é composta por sete

formulários e quatro modelos de relatório. Desta forma, é possível editar, consultar e imprimir

informação, resultante do conhecimento e das experiências adquiridas nas obras executadas

anteriormente, que pode ser útil para a adopção de medidas estratégicas e resolução de

problemas, quer na fase de preparação quer na de execução das obras futuras.

Um maior controlo do desenvolvimento da obra e a redução dos riscos de imprevistos são as

principais vantagens resultantes da implementação do modelo proposto, o qual foi testado e

validado através da aplicação a uma obra real, já executada pela empresa cooperante.

Palavras-chave: Preparação de obra, gestão do conhecimento, reutilização do conhecimento,

Base de Conhecimento, Microsoft Access

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vi

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vii

Abstract

In the construction industry, the final product is yielded by a combination of several factors,

which is why it is more and more important to anticipate adverse situations and foresee the most

suitable solutions. This is where preparation of works and the re-use of internal knowledge,

within organizations, come into their own as basic tools for optimizing solutions, reducing the

occurrence of the unexpected and minimizing errors, thereby increasing the likelihood of success

during the execution of construction projects.

The model proposed in this dissertation has been developed in partnership with Tecnovia –

Sociedade de Empreitadas SA and can be applied to construction projects of any kind, as an aid

to the preparation of works. It comprises a methodology and a check-list composed of the chief

issues to be addressed by the process. It is complemented by consulting the relevant information

compiled in the Knowledge Base, developed in Microsoft Access 2007. This Knowledge Base

consists of seven forms and four report templates. It is therefore possible to edit, consult and

print information provided by the knowledge and experience acquired in already-completed

construction projects. This can help in the adoption of strategic measures and problem resolution,

at the preparation stage and during the execution of future similar construction projects.

Greater control over the progress of works and reduction of the risk of unforeseen events

occurring are the main advantages of implementing the proposed model. It has been tested and

validated by applying it to a real construction project, which the partner company has already

finished.

Keywords: Preparation of works; knowledge management; re-use of knowledge; Knowledge

Base, Microsoft Access.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil ix

Índice

1. Introdução ................................................................................................................................... 1

1.1. Justificação ..................................................................................................................... 1

1.2. Campo de aplicação ........................................................................................................ 1

1.3. Objectivos ....................................................................................................................... 2

1.4. Metodologia de investigação .......................................................................................... 3

1.5. Organização da dissertação ............................................................................................ 4

2. Estado do Conhecimento ............................................................................................................ 5

2.1. Introdução ....................................................................................................................... 5

2.2. Processo de pesquisa implementado .............................................................................. 6

2.3. Análise da informação .................................................................................................... 7

2.3.1. Preparação de obra ...................................................................................................... 8

2.3.1.1. Principais conceitos .................................................................................................. 8

2.3.1.2. Processo de preparação de obra .............................................................................. 11

2.3.1.3. Regulamentação ..................................................................................................... 21

2.3.2. A gestão do conhecimento na construção ................................................................. 24

2.3.2.1. Definição de conhecimento .................................................................................... 24

2.3.2.2. Reutilização do conhecimento no contexto da preparação de obra ........................ 26

2.4. Conclusão ..................................................................................................................... 30

3. Estudo de Casos ........................................................................................................................ 33

3.1. Introdução ..................................................................................................................... 33

3.2. Metodologia de investigação ........................................................................................ 34

3.2.1. Metodologia de observação directa - Fichas de caso de estudo ................................ 34

3.2.2. Metodologia de observação indirecta - Questionários .............................................. 39

3.3. Procedimento e práticas em vigor na empresa ............................................................. 41

3.4. Descrição dos casos de estudo ...................................................................................... 44

3.5. Análise e interpretação da informação recolhida ......................................................... 47

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Índices

x Instituto Superior Técnico

3.5.1. Procedimento de preparação de obra actualmente em vigor na empresa .................. 48

3.5.2. Desempenho das obras .............................................................................................. 49

3.5.3. Principais dificuldades e problemas recorrentes ....................................................... 50

3.5.4. Aspectos a melhorar .................................................................................................. 54

3.5.5. Factores de sucesso.................................................................................................... 54

3.5.6. Base de Conhecimento/Banco de Memória .............................................................. 55

3.6. Conclusões .................................................................................................................... 57

4. Modelo Proposto ....................................................................................................................... 59

4.1. Introdução ..................................................................................................................... 59

4.2. Metodologia de Preparação de Obra ............................................................................ 60

4.2.1. Procedimento ............................................................................................................. 60

4.2.2. Documentos ............................................................................................................... 66

4.2.3. Check-list ................................................................................................................... 66

4.3. Modelo de uma Base de Conhecimento de apoio à Preparação de Obra ..................... 69

4.3.1. Bases do modelo ........................................................................................................ 69

4.3.1.1. Modelo Relacional.................................................................................................. 72

4.3.1.2. Modelo Entidade-Relacionamento (E-R) ............................................................... 75

4.3.2. Descrição do modelo ................................................................................................. 76

4.3.2.1. Formulários............................................................................................................. 76

4.3.2.2. Relatórios ................................................................................................................ 84

4.4. Campo de aplicação ...................................................................................................... 85

4.5. Conclusões .................................................................................................................... 85

5. Teste e Validação do Modelo ................................................................................................... 87

5.1. Introdução ..................................................................................................................... 87

5.2. Requisitos e aplicação do modelo ................................................................................ 87

5.3. Teste e validação .......................................................................................................... 88

5.3.1. Menu inicial ............................................................................................................... 89

5.3.2. Identificação da obra ................................................................................................. 90

Page 13: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil xi

5.3.3. Descrição sumária ..................................................................................................... 90

5.3.4. Aspectos de execução ................................................................................................ 91

5.3.5. Análise económica..................................................................................................... 92

5.3.6. Consulta de obras por grupo ...................................................................................... 94

5.3.7. Consulta de obras por tipo ......................................................................................... 95

5.3.8. Relatório Pontos de melhoria - Materiais .................................................................. 97

5.3.9. Relatório Pontos de melhoria – Soluções construtivas.............................................. 97

5.3.10. Relatório Pontos de melhoria – Soluções técnicas .................................................. 98

5.3.11. Relatório Identificação da obra ............................................................................... 99

5.4. Teste de técnicas de programação - Análise de desempenho ..................................... 100

5.5. Conclusões .................................................................................................................. 101

5.6. Propostas de melhoria ................................................................................................. 102

6. Conclusão ................................................................................................................................ 103

6.1. Introdução ................................................................................................................... 103

6.2. Avaliação dos resultados ............................................................................................ 103

6.3. Contribuição e aspectos inovadores ........................................................................... 104

6.3.1. Contribuição para o conhecimento .......................................................................... 104

6.3.2. Contribuição para a indústria ................................................................................... 106

6.4. Limitações .................................................................................................................. 107

6.5. Trabalhos futuros ........................................................................................................ 107

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 109

Anexos ......................................................................................................................................... A1

Anexo I – Fichas de caso de estudo (Preparação de obra) ................................................. A3

Anexo II – Fichas de caso de estudo (Acompanhamento de obra) .................................... A7

Anexo III – Questionários ................................................................................................ A13

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Índices

xii Instituto Superior Técnico

Índice de figuras

Figura 1.1 – Metodologia da investigação ...................................................................................... 3

Figura 2.1 – Geração e reutilização do conhecimento .................................................................... 8

Figura 2.2 – Diligências para um empreendimento [5] ................................................................ 10

Figura 2.3 – Organização do plano de trabalhos para a construção [15] ...................................... 20

Figura 2.4 – Actividades da gestão do conhecimento................................................................... 25

Figura 2.5 – Ciclo da gestão do conhecimento ............................................................................. 26

Figura 3.1 – Âmbito da investigação ............................................................................................ 33

Figura 3.2 – Metodologia de investigação .................................................................................... 34

Figura 3.3 – Organograma das fichas de recolha de dados das obras executadas ........................ 37

Figura 3.4 - Organograma das fichas de recolha de dados das obras em preparação ................... 38

Figura 3.5 - Organograma dos questionários ................................................................................ 41

Figura 3.6 - Processo de preparação de obra desde a proposta à execução .................................. 43

Figura 4.1 – Articulação do procedimento de preparação de obra com a Base de Conhecimento59

Figura 4.2 – Processo de preparação de obra ................................................................................ 60

Figura 4.3 – Ciclo dados-conhecimento-decisão [39] .................................................................. 69

Figura 4.4 - Arquitectura do modelo de Base de Conhecimento .................................................. 70

Figura 4.5 - Fases de desenvolvimento de uma Base de Conhecimento [39]............................... 70

Figura 4.6 – Modelo relacional ..................................................................................................... 74

Figura 4.7 – Diagrama Entidade-Relacionamento [retirado do Microsoft Access 2007] ............. 75

Figura 5.1 – Características de qualidade exigidas pela norma ISO/IEC 9126 [40] .................... 88

Figura 5.2 – Formulário Menu inicial ........................................................................................... 89

Figura 5.3 – Formulário Identificação da obra ............................................................................ 90

Figura 5.4 – Formulário Descrição sumária................................................................................. 91

Figura 5.5 – Formulário Aspectos de execução ............................................................................ 92

Figura 5.6 – Formulário Análise económica ................................................................................. 93

Figura 5.7 – Janela de selecção do grupo a consultar ................................................................... 94

Figura 5.8 – Formulário Consulta de obras por Grupo (Alentejo) .............................................. 94

Figura 5.9 - Formulário Consulta de obras por Grupo (Algarve) ................................................ 94

Figura 5.10 - Formulário Consulta de obras por Grupo (Sede) ................................................... 95

Page 15: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil xiii

Figura 5.11 - Formulário Consulta de obras por Grupo (Viseu) ................................................. 95

Figura 5.12 - Janela de selecção do tipo de obra a consultar ........................................................ 95

Figura 5.13 - Formulário Consulta de obras por tipo (Requalificação urbana) ........................... 96

Figura 5.14 - Formulário Consulta de obras por tipo (Vias de comunicação – Estrada Nacional)

....................................................................................................................................................... 96

Figura 5.15 - Formulário Consulta de obras por tipo (Vias de comunicação – Itinerário

Complementar) ............................................................................................................................. 96

Figura 5.16 - Janela para introdução do número da obra .............................................................. 97

Figura 5.17 – Relatório Pontos de melhoria - Materiais .............................................................. 97

Figura 5.18 - Janela para introdução do número da obra .............................................................. 98

Figura 5.19 - Relatório Pontos de melhoria – Soluções construtivas ........................................... 98

Figura 5.20 - Janela para introdução do número da obra .............................................................. 98

Figura 5.21 - Relatório Pontos de melhoria – Soluções técnicas ................................................. 98

Figura 5.22 - Janela para selecção da obra pretendida .................................................................. 99

Figura 5.23 - Relatório Identificação da obra .............................................................................. 99

Figura 5.24 – Objectos da Base de Conhecimento analisados.................................................... 100

Figura 5.25 – Ideias de optimização apresentadas pelo Analisador de desempenho.................. 101

Page 16: Tese 22,5 MB

Índices

xiv Instituto Superior Técnico

Índice de quadros

Quadro 2.1 – Classificação dos riscos segundo Wideman [18] .................................................... 18

Quadro 3.1 – Casos de estudo ....................................................................................................... 35

Quadro 3.2 – Número de inquéritos distribuídos .......................................................................... 39

Quadro 3.3 – Caracterização da amostra ...................................................................................... 47

Quadro 3.4 - Obras com prorrogação legal do prazo de execução ............................................... 49

Quadro 3.5 - Distribuição das dificuldades pelas obras em estudo .............................................. 51

Quadro 3.6 – Principais actividades críticas ................................................................................. 53

Page 17: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil xv

Índice de gráficos

Gráfico 3.1 – Experiência profissional dos entrevistados ............................................................. 47

Gráfico 3.2 – Classificação do desempenho das obras ................................................................. 49

Gráfico 3.3 – Principais dificuldades encontradas ........................................................................ 51

Gráfico 3.4 – Utilidade da Base de Conhecimento e dos relatórios de fecho de obra e

disponibilidade para colaborar ...................................................................................................... 56

Page 18: Tese 22,5 MB

Índices

xvi Instituto Superior Técnico

Índice de tabelas

Tabela 4.1 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário

Datas ............................................................................................................................................. 77

Tabela 4.2 – Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulário

Identificação da obra .................................................................................................................... 77

Tabela 4.3 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário

Principais quantidades finais ....................................................................................................... 78

Tabela 4.4 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulário

Descrição sumária ........................................................................................................................ 78

Tabela 4.5 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário

Pontos de melhoria – Materiais .................................................................................................... 79

Tabela 4.6 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário

Pontos de melhoria – Soluções construtivas ................................................................................ 79

Tabela 4.7 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário

Pontos de melhoria – Soluções técnicas ....................................................................................... 79

Tabela 4.8 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulário Aspectos

de execução ................................................................................................................................... 80

Tabela 4.9 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário

Actividades críticas ....................................................................................................................... 80

Tabela 4.10 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário

Quadro comparativo ..................................................................................................................... 81

Tabela 4.11 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulário Análise

económica ..................................................................................................................................... 82

Tabela 4.12 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário

Actividades positivas ..................................................................................................................... 83

Page 19: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 1

1. Introdução

1.1. Justificação

Na indústria, em especial na da construção, o produto final resulta da conjugação de vários

factores como a selecção das tecnologias de construção, as particularidades do projecto, a

localização geográfica, a meteorologia, entre outros. Assim, existem inúmeras condicionantes

que podem influenciar o desempenho das obras, tanto pela positiva como pela negativa, pelo que

é cada vez mais importante antecipar os riscos e prever soluções mais adequadas. Neste contexto,

o processo de preparação de obra surge como uma ferramenta crucial.

Por outro lado, a elevada competitividade dos mercados actuais faz com que as empresas já

não encontrem vantagens competitivas no exterior das mesmas, pois o acesso aos meios

necessários a esta actividade está facilitado. Então, a verdadeira vantagem competitiva resulta do

conhecimento interno das próprias organizações, o qual é único, raro e valioso. A reutilização

deste conhecimento no processo de preparação de obra permite optimizar as práticas das

empresas e minimizar os erros, aumentando assim a probabilidade de sucesso das obras.

1.2. Campo de aplicação

Este projecto de investigação foi desenvolvido em parceria com a empresa Tecnovia,

Sociedade de Empreitadas S.A, pelo que o modelo desenvolvido e apresentado nos Capítulos 4 e

5 surge no seguimento das práticas e procedimentos em vigor na empresa, ainda que possa ser

aplicado a qualquer tipo de obra além das de vias de comunicação, caso se efectuem algumas

adaptações.

Page 20: Tese 22,5 MB

Capítulo 1 – Introdução

2 Instituto Superior Técnico

1.3. Objectivos

A presente dissertação tem como objectivo contribuir para a consolidação do procedimento de

preparação das obras, especialmente rodoviárias, assim como o acompanhamento e

implementação de uma Base de Conhecimento de boas práticas construtivas, na empresa

cooperante – a Tecnovia.

No que se refere ao procedimento de preparação de obra, pretende-se minimizar os riscos de

imprevistos na execução das obras e estabelecer bases de partida, para uma consistente gestão de

recursos e adequado controlo físico e económico do projecto, face às metas e objectivos

previamente traçados.

Por outro lado, pretende-se compilar de forma ordenada os aspectos mais relevantes

identificados durante o período de execução das obras, através da criação da Base de

Conhecimento/Banco de Memória, de modo a, no futuro mais ou menos próximo, ser consultada

para adopção de medidas estratégicas, de situações idênticas, quer em fase de orçamentação,

quer em fase de execução.

Para atingir estes objectivos é necessário:

- efectuar uma pesquisa e análise bibliográfica das técnicas, conceitos e regulamento

relacionados com a preparação de obra, especialmente das obras rodoviárias;

- proceder ao levantamento e abordagem do procedimento existente e aplicado na empresa até

à data;

- identificar e recolher a informação necessária para a elaboração da Base de Conhecimento;

- desenvolver o sistema de gestão de conhecimento (Base de Conhecimento) através da

compilação de informação relevante para a preparação de futuras obras;

- implementar e promover o recurso à Base de Conhecimento como prática fundamental no

complemento aos processos de preparação e execução da obra.

Page 21: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 3

1.4. Metodologia de investigação

A presente dissertação resulta de um trabalho de investigação de aproximadamente um ano,

realizado em parceria com a empresa Tecnovia, Sociedade de Empreitadas S.A.

A Figura 1.1 mostra as principais etapas desta investigação. O primeiro passo consistiu na

realização de algumas reuniões com vista a identificar as necessidades da empresa no âmbito

desta temática e estabelecer os objectivos do estudo e o seu planeamento. Seguidamente,

efectuou-se uma pesquisa e consequente análise da bibliografia relevante para a elaboração do

fundamento teórico, no qual esta dissertação se baseia. Simultaneamente, foi-se tomando

conhecimento e acompanhando as práticas da empresa. Após a determinação do estado do

conhecimento, procedeu-se à recolha e análise de dados na empresa, relativos às obras pré-

seleccionadas, para identificar os pressupostos e oportunidades nos quais o modelo desenvolvido

assenta. Por fim, testou-se o modelo proposto para aperfeiçoamento e validação, através da sua

aplicação a uma das obras em estudo.

Figura 1.1 – Metodologia da investigação

Integração na empresa e definição dos objectivos

Pesquisa e análise bibliográfica

Levantamento das práticas e procedimentos em vigor na empresa

rRecolha, tratamento estatístico e análise dos dados relativos às obras em estudo

Desenvolvimento do modelo proposto

Teste e validação do modelo

Page 22: Tese 22,5 MB

Capítulo 1 – Introdução

4 Instituto Superior Técnico

1.5. Organização da dissertação

A organização desta dissertação reflecte a metodologia de investigação seguida, pelo que está

organizada em seis capítulos. Assim, a estrutura do trabalho é:

• Capítulo 1 – introdução, objectivos e metodologia da investigação e organização da

dissertação;

• Capítulo 2 – análise da informação relevante, como conceitos, modelos e estudos,

resultantes da pesquisa bibliográfica efectuada, com vista a estabelecer a base teórica

desta dissertação;

• Capítulo 3 – levantamento das práticas e procedimentos em vigor na empresa

cooperante e recolha e análise dos dados relativos às obras pré-seleccionadas em

estudo;

• Capítulo 4 – descrição do modelo proposto, onde se inclui uma metodologia para a

realização da preparação de obra, uma check-list e uma Base de Conhecimento/Banco

de Memória, desenvolvido com base na análise bibliográfica e nos casos de estudo;

• Capítulo 5 – teste do modelo proposto, através da sua aplicação a um caso de estudo e

apresentação dos resultados para consequente demonstração da validação do modelo;

• Capítulo 6 – avaliação do cumprimento dos objectivos propostos, apresentação das

limitações da investigação, descrição do contributo deste trabalho para a comunidade

científica e para a indústria e exposição de sugestões de trabalhos futuros.

Page 23: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 5

2. Estado do Conhecimento

2.1. Introdução

O presente capítulo constitui o fundamento teórico, baseado em trabalhos e conhecimentos

anteriores, imprescindível para a elaboração do restante estudo.

Esta dissertação desenrola-se segundo duas vertentes que se complementam, pois ainda que se

pretenda aperfeiçoar o procedimento de preparação de obra existente na empresa cooperante, tal

só é possível através de um maior conhecimento interno, resultante da análise dos dados relativos

às obras já executadas. Assim sendo, decidiu-se organizar a informação resultante da pesquisa

bibliográfica em dois subtemas.

Primeiramente, abordou-se a temática da preparação de obra, expondo modelos defendidos

por alguns autores sobre os elementos e etapas que este procedimento deve englobar. Para

melhor compreender este tema, apresenta-se uma síntese dos principais conceitos que importa

conhecer para desenvolver este processo e efectua-se um breve enquadramento regulamentar,

realçando os artigos fundamentais respeitantes a esta prática.

No segundo subtema, explorou-se a aplicação da gestão do conhecimento à metodologia da

preparação de obra. Analogamente à estrutura adoptada no subtema anterior, também aqui se

desenvolveu uma secção onde se apresentam as definições mais relevantes neste contexto, como

sejam a de conhecimento e os seus tipos, bem como o papel que este desempenha e a sua

importância. Em seguida, expõem-se alguns modelos de sistemas de gestão do conhecimento no

âmbito da construção, estabelecidos por especialistas internacionais. Deste modo, é possível

efectuar uma análise crítica, demonstrando, de uma forma explícita e objectiva, a aplicabilidade

desta temática à construção, nomeadamente, à metodologia da preparação de obra.

Na secção seguinte, explicita-se o processo de pesquisa desenvolvido, com vista à recolha de

informação relevante para a elaboração deste estudo.

Page 24: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

6 Instituto Superior Técnico

2.2. Processo de pesquisa implementado

No âmbito da temática em questão, realizou-se uma pesquisa bibliográfica dividida em duas

componentes, de acordo com os subtemas considerados.

O primeiro passo consistiu na procura em sites de referência, nomeadamente no Science

Direct, de artigos de revistas conceituadas no meio científico, recorrendo a palavras-chave

relacionadas com a preparação de obra e a gestão do conhecimento na construção. É de salientar

a dificuldade em encontrar literatura actual e internacional relativa ao primeiro tema, pelo que foi

necessário efectuar uma pesquisa mais aprofundada, recorrendo a outros meios, especialmente

livros técnicos existentes nas bibliotecas do Instituto Superior Técnico e do Laboratório Nacional

de Engenharia Civil, nas livrarias nacionais e on-line. Simultaneamente, utilizaram-se os motores

de busca da Biblioteca do Conhecimento Online e de outras bibliotecas de universidades e

institutos do país. Foram também consultados estudos e trabalhos, sobretudo teses de mestrado

de autores nacionais, bem como os decretos-lei mais relevantes, associados à preparação de obra.

No que se refere ao subtema da gestão do conhecimento, constatou-se existir pouca literatura

portuguesa sobre o assunto, visto tratar-se de um tema inovador. Assim, a principal fonte de

informação foram os artigos de revistas e jornais de referência internacionais, onde se destacam

o International Journal of Project Management, o Automation in Construction e o Journal of

Knowledge Management.

Nesta selecção foi dada preferência às publicações mais recentes, com vista à recolha da

informação mais actualizada.

Após triagem das publicações com interesse para este trabalho, efectuou-se a leitura e

identificação dos conceitos, definições e modelos, resultando na análise que em seguida se

expõe.

Page 25: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 7

2.3. Análise da informação

A elevada competitividade dos mercados tem vindo a tornar cada vez mais importante a

difusão do conhecimento interno nas organizações. À medida que as técnicas e processos vão

evoluindo e o acesso aos meios vai sendo mais fácil, aumenta a dificuldade em encontrar

vantagens competitivas no exterior das organizações, pelo que estas se viraram para si próprias,

em busca de uma aprendizagem interna que lhes permitisse aperfeiçoar e melhorar

continuamente os seus desempenhos. É neste contexto que a gestão do conhecimento ganha uma

importância crescente.

No caso específico da construção, o produto final são as obras, ou seja, a concretização dos

projectos, os quais, segundo a Association for Project Management [1] consistem num “conjunto

de actividades coordenadas com instantes de início e fim bem definidos, executadas por uma

dada entidade individual ou colectiva com vista à realização de um objectivo bem definido,

dentro de determinadas restrições de tempo, orçamento e performance”. Por seu turno Walker

[2] definiu as obras como “objectos com características individuais únicas na concepção e

execução”.

Deste modo, cada obra apresenta características específicas, resultantes de diversos factores,

tais como: as particularidades do projecto, a utilização, os processos construtivos e a localização.

Esta última condicionante influencia não só a natureza do terreno, mas também as condições em

que os trabalhos vão ser executados. De acordo com Domingues [3], cada obra como “única nas

suas características e especificidades, apresenta um grau elevado de incerteza”, que se traduz

numa vasta gama de situações e imprevistos com potenciais impactos negativos no processo de

execução da obra. Assim, é compreensível que as empresas procurem cada vez mais, prevenir e

minimizar todas as situações que possam ter efeitos nefastos no seu desempenho, bem como

assegurar o sucesso das actividades mais favoráveis através de preparações de obra mais

completas e eficazes.

Page 26: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

8 Instituto Superior Técnico

Preparação de obra

Acompanhamento da execução da obra

Fecho da obra

Conhecimento

Para servir tal objectivo, há que evitar incorrer nos mesmos erros e aprender com a

experiência para optimizar os resultados. A Figura 2.1 mostra como o conhecimento gerado ao

longo de todo o processo de execução das obras constitui um factor chave na melhoria da

preparação das obras futuras.

Figura 2.1 – Geração e reutilização do conhecimento

2.3.1. Preparação de obra

2.3.1.1. Principais conceitos

Quando se aborda a temática da preparação de obra, é necessário ter presente os

principais conceitos e definições que lhe estão associados.

Pela designação de obra entende-se “todo o trabalho de construção, reconstrução,

restauro, ampliação, alteração, reparação, conservação ou adaptação e demolição de bens

imóveis” [4]. Estas podem ser públicas ou particulares, consoante se trate de um dono de obra

público ou particular, ou seja, consoante a pessoa, individual ou colectiva, proprietária dos bens e

que executa ou manda executar a obra, seja pública ou não.

Por outro lado, o empreiteiro corresponde “à entidade responsável pela execução de uma

obra em regime de contrato de empreitada” [4]. Note-se que podem existir várias empreitadas

numa mesma obra, pois uma empreitada é a forma de contrato pelo qual uma das partes se obriga

Page 27: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 9

em relação à outra a executar um conjunto de trabalhos, mediante um preço, os quais podem

englobar ou não a totalidade da obra. Existe ainda a figura do subempreiteiro, correspondente a

“pessoa singular, ou colectiva, autorizada a exercer a actividade de empreiteiro de obras

públicas ou de industrial de construção civil, que executa parte da obra mediante contrato com

a entidade executante” [5].

A realização de uma obra divide-se em várias fases:

� Concurso/Convite – processo através do qual as propostas apresentadas pelos

concorrentes são avaliadas, de modo a seleccionar os empreiteiros que irão executar a

obra;

� Adjudicação – nesta fase, após a análise das propostas, o dono da obra decide contratar

com o concorrente que apresentou a proposta mais vantajosa, notificando-o e dando

seguimento ao processo que conduz à assinatura do contrato;

� Consignação – acto pelo qual o representante do dono da obra faculta ao adjudicatário os

locais e as peças escritas ou desenhadas complementares do projecto e necessários à

execução da obra;

� Preparação – de acordo com a definição dada por Correia dos Reis [5], consiste na

elaboração de um conjunto de documentos que possibilitam a programação das acções a

empreender no decorrer da execução da obra;

� Execução – corresponde à realização física da obra, segundo o plano anteriormente

estabelecido e que vai sendo adaptado à medida que vão surgindo condicionantes

diferentes das consideradas inicialmente;

� Recepção – esta última etapa tem duas componentes: uma provisória e outra definitiva. A

recepção provisória, na qual a obra é entregue ao cliente, ocorre após a realização da

vistoria final pela fiscalização, com a assistência do empreiteiro, e caso não se verifiquem

deficiências resultantes de infracção às obrigações contratuais e legais do empreiteiro. A

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Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

10 Instituto Superior Técnico

recepção definitiva é formalizada quando na nova vistoria, efectuada após decorrido o

prazo de garantia, não se detectarem deficiências.

Na Figura 2.2 apresenta-se todo o processo desde a detecção das necessidades que

originam o projecto até à entrada em funcionamento da obra construída.

Figura 2.2 – Diligências para um empreendimento [5]

Em geral, a preparação de obra é realizada pelo director técnico da obra, ou seja, pelo

técnico designado pelo dono da obra, quando se trate de uma obra dividida em várias

empreitadas ou pelo técnico do empreiteiro, nos casos em que tal é previsto no contrato. Para

Alves Dias [4], o papel do preparador consiste na orientação do modo de execução da obra,

planeando as acções que irão constituir as linhas gerais da realização da obra, em conjunto com

os seus colaboradores. Adicionalmente, Correia dos Reis [5] considera que o estudo do projecto,

a detecção de erros e a proposta de soluções ou alterações também se englobam nas tarefas do

responsável pela preparação de obra.

Detecção de necessidades

Estudos Técnico-Económicos Estudos prévios de Engenharia

Estudo de mercado

Anteprojecto Projecto de execução e programa de concurso

Anúncio do Concurso ou Convite

Orçamento Proposta

Recepção das propostas

Análise das propostas

Contrato

Adjudicação

Consignação

Execução

Preparação

Funcionamento

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 11

2.3.1.2. Processo de preparação de obra

É frequente assumir que a preparação de obra se limita ao planeamento da mesma, o que

não corresponde de todo à verdade. Uma boa e eficiente preparação de obra engloba muitos

outros aspectos, ainda que se baseie em apenas quatro pilares fundamentais:

1 – a identificação dos trabalhos e das suas principais características;

2 – a programação prévia, correspondente ao plano de trabalhos;

3 – a previsão dos recursos, tanto de equipamentos como de materiais;

4 – o reorçamento.

Para Mourão Reis [6], a preparação de obras de construção, públicas ou privadas, é uma

actividade complexa, cujo principal objectivo passa por “fornecer às várias frentes de trabalho

elementos gráficos que permitam compreender, de forma clara e exacta, o que se pretende

construir.” Esta actividade deve ser metódica e sistemática, sempre focada no objectivo, visto

que se existirem erros, a preparação de obra torna-se ineficaz. Assim sendo, este processo só se

apresenta vantajoso quando resolve e colmata as insuficiências do projecto, constituindo neste

caso uma das mais importantes actividades da construção. Também Cardoso [7] realça a

importância deste procedimento, na medida em que permite corrigir e ultrapassar dificuldades e

deficiências, antecipando-as. Assim, não só se evitam os resultados negativos e incumprimento

de prazos, que levam ao aumento dos custos, como também permite melhorar os resultados

positivos.

Segundo Alves Dias [4], a preparação de obra compreende a organização de um conjunto

de elementos que permitam executar a obra nas melhores condições de qualidade, segurança,

prazo e custo. Por seu turno, para Correia dos Reis [5], a preparação de obra visa optimizar um

conjunto de factores, como qualidade, segurança, prazo, custo e ambiente, sendo por isso um

processo complexo, devido à interligação entre eles. Contudo, todas estas condições devem ser

verificadas, de modo a que a obra atinja o desempenho esperado. Para tal, é necessário saber o

que se pretende construir e de que forma, o que implica o estudo do projecto e do regime

pretendido para a construção, bem como o conhecimento de todas as condições de execução.

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Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

12 Instituto Superior Técnico

Todavia, é na prática que se encontram os fundamentos para um bom trabalho de

preparação de obra, visto que todos os conhecimentos relativos à execução, materiais e

problemas se adquirem apenas na obra, através da observação e aprendizagem. [6]

A lista que se segue, compilada por Alves Dias [4], apresenta os principais elementos que

devem ser preparados antes do início da execução da obra:

- Organização do dossier de empreitada;

- Preparação do livro de registo de obra;

- Análise do contrato e caderno de encargos da obra;

- Estudo do projecto da obra e respectivas especificações técnicas;

- Estudo dos processos construtivos mais adequados;

- Identificação dos fornecedores de materiais, subempreiteiros e tarefeiros;

- Projecto do estaleiro;

- Projecto de sinalização de carácter temporário;

- Plano de demolição;

- Plano de escavação e contenção periférica;

- Projecto de implantação e piquetagem da obra;

- Plano definitivo de trabalhos;

- Plano de pagamentos e cronograma financeiro da obra;

- Diagramas de cargas da mão-de-obra por especialidades;

- Cronograma da mão-de-obra total;

- Curva de progresso físico da obra;

- Lista de erros e omissões do projecto (no caso de empreitadas por preço global);

- Plano de utilização dos equipamentos de estaleiro afectos à obra;

- Sistema de gestão ambiental;

- Sistema de gestão da qualidade;

- Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho;

- Procedimentos de execução dos trabalhos;

- Sistema de controlo de subcontratados;

- Sistema de controlo de custos;

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 13

- Sistema de controlo de tempos de execução;

- Reorçamento da obra.

O dossier da empreitada serve de apoio ao controlo técnico, económico e administrativo

da obra, através da compilação de informação relativa à mesma, como: ficha de empreitada,

contrato, auto de consignação, proposta do empreiteiro, lista de preços unitários contratuais,

plano de trabalhos, plano de pagamentos, cronograma financeiro e matriz de definição de tarefas

e respectivas competências.

O livro de registo de obra, obrigatório pela regulamentação, consiste num conjunto de

folhas numeradas e rubricadas pelo empreiteiro e pela fiscalização na data da assinatura do auto

de consignação, contendo informação organizada e de fácil consulta dos acontecimentos mais

significativos relativos à execução dos trabalhos.

Com vista à elaboração de todos os documentos necessários para o início da execução

dos trabalhos, Mourão Reis [6] considera fundamental a leitura antecipada e procura de

diferenças entre as informações contidas nas Peças Escritas e Desenhadas, bem como eventuais

pedidos de esclarecimento ao dono da obra.

De acordo com Correia dos Reis [5], o processo de preparação de obra deve assentar nas

seguintes etapas:

- Compilação e estudo de toda a documentação do projecto, de modo a completar

eventuais elementos em falha;

- Organização dos planos de execução dos trabalhos;

- Revisão rigorosa das medições e do orçamento apresentado, estabelecendo

rectificações;

- Realização do planeamento da obra, atendendo às disponibilidades de equipamento do

empreiteiro e aos programas de execução.

Cardoso [7] define o processo de preparação de obra como a adaptação do projecto à

obra, decompondo-a nos seguintes aspectos:

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Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

14 Instituto Superior Técnico

- Eliminação de dúvidas, erros e omissões;

- Análise das Peças Escritas e Desenhadas para a definição das fases e métodos de

execução;

- Elaboração de desenhos distintos de fabrico e colocação, pormenores de execução, de

modo legível e adequado aos conhecimentos de quem vai executar os diferentes trabalhos;

- Medição e rectificação das quantidades de trabalho a executar de cada tarefa;

- Elaboração de notas explicativas dos aspectos particulares, pouco usuais ou

desconhecidos.

A comparação das quantidades nos desenhos com a lista de quantidades do Articulado é

crucial, pois não são raras as vezes em que se verificam discrepâncias, sendo nesses casos

necessário accionar o processo de erros e omissões com a maior celeridade possível, dado

existirem prazos estabelecidos para o efeito. Pretende-se assim rectificar as diferenças, de modo

a que o empreiteiro não seja prejudicado, ao incorrer em custos não previstos resultantes destas

incorrecções.

Salienta-se também, tal como defende Mourão Reis [6], a importância das Peças Escritas,

na medida em que o seu conhecimento é fundamental para que o responsável pela preparação de

obra complemente os seus desenhos de execução com toda a informação necessária às frentes de

obra. Ainda que os encarregados tenham acesso aos elementos do projecto, são os desenhos do

preparador os mais significativos na obra, pois corrigem o projecto, constituindo o guia para a

execução dos trabalhos.

Paralelamente às etapas acima mencionadas, este autor refere ainda outras actividades

relevantes neste processo, tais como:

- Organização e separação da informação do projecto necessária às várias consultas e

encomendas;

- Procura de informação necessária, tanto na Internet como através de outros meios, para

complementar as informações do projecto, nos casos em que este se apresente insuficiente em

determinados aspectos;

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 15

- Gestão das preparações desenvolvidas pelos respectivos subempreiteiros, fornecendo-

lhes todos os dados relevantes actualizados e notificando-os de todas as condicionantes relativas

a outras subempreitadas susceptíveis de criar conflitos;

- Proposta de soluções alternativas.

Este último ponto requer alguns cuidados. Por um lado, se depois do estudo aprofundado

das possíveis soluções, houver uma alternativa favorável à obra, a sua escolha deve ser encarada

com seriedade. Contudo, ao propor soluções alternativas, a responsabilidade da concepção é

transferida para o empreiteiro, além da óbvia responsabilidade pela execução da obra,

implicando maiores responsabilidades durante o período de garantia da empreitada. Assim, antes

de efectuar propostas de soluções alternativas, há que assegurar a sua aplicabilidade e viabilidade

no contexto da obra em causa. Adicionalmente, o empreiteiro pode ainda ser responsabilizado

pela aplicação de materiais ou técnicas de execução inapropriadas, sem ter tido o cuidado de

alertar o dono da obra sobre as possíveis consequências ou prejuízos daí decorrentes.

Dada a constante evolução das tecnologias no sector da construção, existem diversas

alternativas para a execução de uma mesma actividade, as quais, de acordo com Fonseca [8],

podem influenciar o custo, o rendimento, a disponibilidade e a fiabilidade, pelo que as diferentes

hipóteses devem ser sempre analisadas. Para Cardoso [7], a selecção dos processos construtivos

constitui um dos passos imprescindíveis no processo de preparação de obra, uma vez que assim

se podem obter significativas economias, “quer directamente através da escolha, em cada caso,

do método mais adequado à execução da obra, quer indirectamente através do aumento da

produtividade” e consequente redução de prazos. Também Hendrickson e Au [9] referem a

escolha dos métodos e técnicas a utilizar na execução de uma obra como um dos factores cruciais

para assegurar o cumprimento dos objectivos estabelecidos.

Quando se perspectiva o início de uma obra há outras etapas a ter em conta com vista a

uma eficaz preparação dessa obra, sendo uma delas as visitas ao local da obra [10]. A

necessidade da sua realização advém da possibilidade de recolha de dados relativos ao local da

construção, destacando-se aspectos como a topografia do terreno e o seu estado, os acessos por

estrada e caminho-de-ferro, os abastecimentos de água, energia e materiais, o recrutamento de

Page 34: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

16 Instituto Superior Técnico

mão-de-obra, facilidades de comunicações por telefone e correio e a existência de linhas de água,

que possam interferir na execução da obra. Correia dos Reis [5] refere a natureza do terreno

como outro dos factores a analisar, não só para avaliar as suas características, mas também o seu

comportamento superficial nos períodos de chuva, o que poderá ter consequências no rendimento

ou andamento dos trabalhos.

Por seu turno, Ruíz [11] acrescenta ainda a verificação das dimensões do terreno, de

forma a evitar conflitos com os proprietários dos terrenos confinantes. Por vezes, é mesmo

necessário chegar a um acordo relativo à ocupação parcial dessas propriedades para instalação de

oficinas e contentores ou para a utilização destas para acesso. A visita ao local é também crucial

para a elaboração do plano do estaleiro e para averiguar o tipo de ocupação da propriedade,

determinando assim a necessidade de demolições ou decapagens.

Este autor evidencia também a consulta, junto das autarquias ou semelhantes entidades

locais, de elementos adicionais que permitam um melhor conhecimento da zona, nomeadamente

a proximidade a pontos de fornecimento de materiais, a abundância de mão-de-obra, as

distâncias a percorrer até vazadouros e o clima da região. Maria [10] sugere mesmo o recurso à

Internet para consultar as previsões meteorológicas, visto que o estado do tempo pode influenciar

consideravelmente o andamento dos trabalhos, pelo que se deve conhecer tais previsões quando

se efectua o planeamento das actividades. Além disso, alguns trabalhos ou materiais requerem

condições específicas que têm maior probabilidade de ocorrência nalgumas épocas do ano, o que

também deve ser tido em consideração no planeamento.

Naturalmente, estas considerações têm maior expressão nas obras situadas fora das zonas

urbanas.

Como se verificou pelo exposto acima o processo de preparação de obra engloba vários

aspectos, mas dois deles, nomeadamente o reorçamento e o planeamento, revestem-se de uma

especial importância em qualquer obra.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 17

Reorçamento:

O reorçamento assemelha-se ao orçamento ideal, na medida em que traduz a adaptação

do orçamento comercial à obra, com o objectivo de minimizar os custos. Assim, o orçamento

comercial tem de ser trabalhado, procurando aplicar processos construtivos e materiais que se

apresentem mais vantajosos, bem como a utilização dos equipamentos que melhor se adequam

aos trabalhos a executar, de modo a optimizar o planeamento e consequentemente, o orçamento.

Desta forma, é possível maximizar o resultado económico final, ou seja, o lucro, que constitui o

objectivo último de qualquer empresa.

Segundo Cardoso [7], é importante descriminar o mapa orçamental, o que facilita a

detecção dos possíveis erros de orçamentação ou incoerências face à realidade da obra,

permitindo antecipar derrapagens. Assim, é possível procurar, na fase de preparação de obra,

alternativas ou soluções que minimizem esses efeitos.

A optimização dos custos deve ser alcançada através da minimização dos preços secos,

ou seja, os preços sem margem, correspondentes apenas à execução do trabalho, de modo a

aumentar as respectivas margens relativamente aos preços de venda.

A estrutura de custos de uma obra é a seguinte:

Valor de Venda = Custos + Margem

Custos = Custo Industrial + Custo Não Industrial

Custo Industrial = Custos Directos + Custos Indirectos

Custos Directos = Mão-de-Obra + Materiais + Equipamentos + Subempreitadas +

Diversos

Custos Indirectos = englobam todos os encargos que dizem respeito à empreitada e

que não incidem directa e exclusivamente sobre a execução das várias actividades que

constituem a obra

Custo Não Industrial = Encargos de Estrutura + Encargos Industriais

Page 36: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

18 Instituto Superior Técnico

Planeamento:

Segundo Raz, Shenhar e Dvir [12], os projectos de construção acarretam um elevado

risco, visto que demasiados factores podem provocar atrasos, custos excessivos, resultados

insatisfatórios ou até mesmo falhar por completo os objectivos. Adicionalmente, Flanagan [13]

afirma que as especificidades dos projectos de construção, como o prazo de execução, as

condições meteorológicas, as condicionantes financeiras e a complexidade tecnológica também

são factores causadores de riscos. Assim, é lógico que as empresas procurem aumentar a

probabilidade de sucesso das suas obras e projectos, implementando um planeamento mais

eficaz. Para atingir este objectivo, Smith [14] afirma que é necessário saber gerir a incerteza e

conhecer os eventuais imprevistos, pelo que a identificação e avaliação antecipada dos

problemas é essencial.

Rodrigues [15] definiu o planeamento como “uma actividade fundamental para a gestão

e execução dos projectos de construção. Envolve por isso, a escolha da tecnologia de

construção, a definição de actividades, a estimação de durações e recursos necessários para as

tarefas e a identificação das suas inter-relações.” Por seu turno, Kerzner [16] defende a redução

do grau de incerteza como uma das razões fundamentais para se proceder ao planeamento de

uma obra.

O planeamento assume desta forma um papel crucial, pois, de acordo com Zwikael e

Sadeh [17], é nesta fase que os riscos devem ser identificados e analisados. O Quadro 2.1 mostra

a classificação dos riscos, em cinco grupos, estabelecida por Wideman [18].

Quadro 2.1 – Classificação dos riscos segundo Wideman [18]

Riscos

Externos - imprevisíveis e incontroláveis

Externos – previsíveis e incontroláveis

Internos – não técnicos e controláveis

Internos – técnicos e controláveis

Legais e controláveis

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 19

Por sua vez, Abdou [19] classificou os riscos na construção em três categorias:

- financeiros,

- associados aos prazos,

- de projecto.

Uma das ferramentas mais importantes nesta fase é o plano de trabalhos, o qual, de

acordo com o artigo 159º do Decreto-Lei nº59/99 de 2 de Março [20], “ se destina à fixação da

sequência, prazo e ritmo de execução de cada uma das espécies de trabalhos que constituem a

empreitada e à especificação dos meios com que o empreiteiro se propõe executá-los”. Para

Cardoso [7], o planeamento do trabalho consiste na definição da ordem e da forma como este vai

ser executado e em que tempo, permitindo assim evitar interrupções, repetições e incrementos de

custos, o que requer um “estudo metódico, organizado e aprofundado aos pormenores na

procura de soluções que, adoptadas, conduzam a uma execução racional dos diferentes

trabalhos.” Assim sendo, há que ter em consideração todos os factores que podem influenciar a

execução da obra, sobretudo a duração das actividades, a qual é função da natureza dos trabalhos

de construção, pelo que a prática e experiência do responsável por esta fase assume especial

importância.

Um conceito relevante para a determinação das durações dos trabalhos é o de rendimento,

o qual traduz, de acordo com Alves Dias [4], a quantidade de tempo de trabalhador/máquina,

necessária à realização de uma unidade de trabalho. Inversamente, a produtividade representa a

quantidade de trabalho produzida por determinada equipa/máquina num dado intervalo de tempo.

Silva [21] defende que os métodos mais frequentemente usados na determinação das

durações das actividades são: o Critical Path Method (CPM) e o Program Evaluation and

Review Technique (PERT). A principal diferença entre estas metodologias reside no facto de no

CPM se admitirem durações determinísticas, enquanto no PERT estas são consideradas

probabilísticas e resultantes da combinação de três durações possíveis: uma optimista (duração

da actividade caso tudo corra bem – valor mínimo), uma mais provável (duração normal da

actividade) e outra pessimista (duração da actividade se tudo correr mal – valor máximo). Ambos

se baseiam no conceito de caminho crítico, ou seja, o caminho composto pelas actividades

Page 38: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

20 Instituto Superior Técnico

Plano de Trabalhos da Construção

Orientação para custos

Custos Directos Custos Indirectos

Orientação para calendarização

Durações (Definição do

Caminho Crítico)

Recursos (Calendarização de

utilização de recursos)

críticas. Estas actividades têm folga nula, pelo que qualquer atraso na sua execução condiciona

directamente o prazo final. Por actividades não críticas entenda-se as que têm alguma folga, isto

é, têm alguma margem para atrasos na sua execução, sem afectar a data de conclusão da obra.

Segundo o mesmo autor [21], “a duração do caminho crítico define a duração do projecto.”

Resta salientar que o plano de trabalhos elaborado na fase de preparação de obra visa

maximizar o lucro que a empresa pode obter, através da redução do tempo de execução, o que

implica uma diminuição dos custos associados ao estaleiro. Contudo, para reduzir o prazo pode

ser necessário aumentar os recursos, o que nem sempre é viável. Assim, há que encontrar o ponto

de equilíbrio no qual o benefício resultante da redução do prazo é superior ao custo do aumento

dos recursos. A Figura 2.3 mostra as duas vertentes de orientação do plano de trabalhos.

Figura 2.3 – Organização do plano de trabalhos para a construção [15]

Em suma, o planeamento constitui a base para uma boa orçamentação e calendarização

dos trabalhos.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 21

2.3.1.3. Regulamentação

No processo de preparação de obra importa conhecer as principais directrizes legais e

regulamentares que regem a actividade da construção, o que permite ao empreiteiro não só

exercer os seus direitos, mas também estar ciente das suas responsabilidades.

Em seguida, apresenta-se uma síntese dos principais artigos considerados relevantes para

o enquadramento deste estudo.

A legislação portuguesa estipula que, para a execução das obras, as empresas podem

constituir agrupamentos temporários de três tipos:

• Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) – consiste num contrato

constitutivo entre as empresas agrupadas que regula a actividade comum a desenvolver.

Este agrupamento possui personalidade jurídica, mantendo os seus membros

individualidade jurídica e podendo ser constituído com ou sem capital próprio. [22]

• Consórcio: neste tipo de contrato os seus membros obrigam-se a realizar de forma

concertada uma actividade, não possuindo personalidade jurídica. [22]

- Interno – quando: “ (i) as actividades ou os bens são fornecidos a um

dos membros do consórcio e só este estabelece relações com terceiros; (ii) as actividades

ou os bens são fornecidos directamente a terceiros por cada um dos membros do

consórcio, sem expressa invocação dessa qualidade.”

- Externo – quando “as actividades ou os bens são fornecidos

directamente a terceiros por cada um dos membros do consórcio, com expressa invocação

dessa qualidade. Neste caso, os membros do consórcio deverão designar um chefe de

consórcio ao qual competirá, entre outras funções que lhe sejam atribuídas, coordenar a

actividade do consórcio.”

• Associação em participação – consiste na associação de uma pessoa (associada) a

uma actividade económica exercida por outra (associante), ficando a associada a

Page 40: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

22 Instituto Superior Técnico

participar nos lucros ou nos lucros e perdas que desse exercício resultarem para a

segunda. [22]

Note-se que as empreitadas podem ser de um de três tipos existentes:

• Por preço global – o montante da remuneração a receber pelo empreiteiro,

correspondente à realização de todos os trabalhos necessários para a execução da obra

objecto do contrato, é previamente fixado;

• Por série de preços – a remuneração do empreiteiro resulta da aplicação dos preços

unitários, estabelecidos no contrato para cada espécie de trabalho a realizar, às

quantidades desses trabalhos realmente executadas;

• Por percentagem – o empreiteiro compromete-se a executar a obra pelo preço

correspondente ao seu custo, acrescido de uma percentagem relativa aos encargos de

administração e à remuneração da empresa.

No âmbito da preparação de obra, os conceitos anteriores reflectem-se no modo de

resolução das questões respeitantes aos custos a mais a assumir em determinadas situações.

Como o regime mais frequente é o de preço global, serão as disposições que lhe correspondem as

abordadas a seguir.

Um prazo que assume especial relevância é o relativo a reclamações quanto a erros e

omissões do projecto. De acordo com o Decreto-Lei nº18/2008 de 29 de Janeiro [38], o

empreiteiro deve reclamar contra erros ou omissões do projecto ou contra erros de cálculo, erros

de materiais e outros erros num prazo estabelecido para o efeito no caderno de encargos, em

geral de um mês contados a partir da data da consignação. Outra noção importante é a de

trabalhos a mais, definida no artigo 370º do mesmo decreto-lei, os quais correspondem aos

trabalhos cuja espécie ou quantidade não tenha sido prevista ou incluída no contrato, mas se

tenham tornado necessários devido à ocorrência de uma circunstância imprevista e não possam

Page 41: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 23

ser técnica ou economicamente separáveis do objecto do contrato sem inconvenientes graves ou,

sendo separáveis, sejam estritamente necessários para a conclusão da obra.

No que se refere às responsabilidades do empreiteiro, o artigo 350º do decreto-lei acima

mencionado [38] estabelece que este é obrigado a realizar à sua custa os trabalhos preparatórios

ou acessórios necessários à execução da obra, como seja a montagem e desmontagem do

estaleiro, o restabelecimento das servidões e serventias alteradas ou destruídas para a execução

dos trabalhos, a construção dos acessos ao estaleiro, entre outros. O artigo 35º do Decreto-Lei

nº59/99 de 2 de Março [20] também estipula as responsabilidades do empreiteiro no que se refere

a erros de execução, sendo este responsável por todas as deficiências e erros relativos à execução

dos trabalhos ou à qualidade, forma e dimensões dos materiais aplicados, caso o projecto não

fixe as normas a aplicar ou estes difiram dos aprovados. Nas situações em que o empreiteiro é

autor do projecto, deverá também responder pelas deficiências técnicas e erros de concepção

deste.

Independentemente do tipo de empreitada, o Decreto-Lei nº18/2008 de 29 de Janeiro [38]

estabelece que o contrato entre o empreiteiro e o dono da obra deve ser assinado no prazo de 30

dias contados a partir da data de aceitação da respectiva minuta e da prestação da caução, a qual

deve ser prestada pelo concorrente preferido, num prazo de 10 dias, após a notificação pelo dono

da obra (artigo 90º). Após a celebração do contrato há que proceder à consignação da obra num

prazo máximo de 30 dias, na falta de estipulação contratual (artigo 359º). É esta a data a partir da

qual se inicia a contagem do prazo para a apresentação do plano definitivo de trabalhos, para o

início dos trabalhos e do prazo, fixado no contrato, para a execução da obra (artigo 362º).

Todavia, sempre que se verifiquem trabalhos a mais, quer por imposição do dono da obra quer

por deferimento de reclamação do empreiteiro, o prazo contratual para a execução da obra pode

ser prorrogado a requerimento do empreiteiro (artigo 374º). O auto de consignação assume assim

um papel preponderante não só para a contagem dos prazos, mas também porque todas as

reclamações do empreiteiro devem ser exaradas neste documento. Caso contrário, assumir-se-ão

como definitivos os resultados deste auto, à excepção das reclamações contra erros ou omissões

do projecto.

Page 42: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

24 Instituto Superior Técnico

Por fim, a regulamentação em vigor estabelece que antes de iniciar qualquer elemento da

obra, o empreiteiro deve ter em sua posse, devidamente autenticados, todos os documentos e

indicações necessárias para a perfeita identificação e execução da mesma.

2.3.2. A gestão do conhecimento na construção

2.3.2.1. Definição de conhecimento

Na economia tradicional, o conhecimento sempre foi visto como um factor externo e sem

ligação ao processo económico, tal como refere Beijerse [23]. Todavia, Civi [24] e outros autores

defendem que a única vantagem competitiva que as organizações terão no século XXI será o

conhecimento e a forma como o utilizam. Então, é possível afirmar que o verdadeiro valor e

sucesso das empresas advém do conhecimento que reside nas mentes dos seus colaboradores,

resultante das experiências e ideias destes. De acordo com Bollinger e Smith [25], o

conhecimento organizacional é uma mais-valia estratégica, visto ser valioso, raro, inimitável e

insubstituível.

Por conhecimento entende-se informação relevante, já processada pela mente humana e

que acrescenta algum tipo de valor. Por seu turno, Davenport e Prusak [26] definem

conhecimento como a combinação da experiência dos especialistas, dos valores, da informação

adquirida em determinados contextos e das competências profissionais. Deste modo, o

conhecimento assume um papel fundamental no processo de tomada de decisões e acções, pelo

que, de acordo com Carneiro [27], a sua integração e divulgação entre departamentos deve ser

incentivada.

Existem dois tipos de conhecimento: tácito e explícito. Polanyi [28] definiu o

conhecimento tácito como “altamente pessoal, enquadrado num contexto específico e como tal,

de difícil formalização e comunicação.” Este tipo de conhecimento reside na mente humana e

resulta da experiência dos indivíduos. Segundo Nevo e Chan [29], o conhecimento tácito pode

ser de carácter técnico, representando competências e engenho, ou cognitivo, referenciando

Page 43: Tese 22,5 MB

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Criação

• Recolha• Conjugação• Selecção

Administração

crenças, ideias e modelos mentais. Por outro lado, o conhecimento explícito pode ser expresso

através de uma representação formal, como a linguagem

e Takeuchi [30], este conhecimento pode ser “

eficazmente aplicado.” O conhecimento explícito resulta de dados concretos e acessíveis,

podendo ser articulado, codificado e formalizado quer de uma forma física,

documentos, quer electronicamente.

O facto do conhecimento tácito ser difícil de capturar e não poder ser documentado numa

linguagem formal, torna fundamental a distinção entre estes dois tipos de conhecimento, visto

que cada um tem de ser tratado de

conhecimento tácito ou implícito em conhecimento explícito é fundamental para pôr em prática a

gestão do conhecimento e para manter esse conhecimento como propriedade da empresa.

A gestão do conhecimento

organizado de geração e disseminação de informação

explícito são seleccionados e dissecados, com vista “

usada pela organização para alcançar uma vantagem competitiva no mercado

Kasvi, Vartiainen e Hailikari

actividades:

Figura 2.

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Administração

• Compilação• Organização

Disseminação

crenças, ideias e modelos mentais. Por outro lado, o conhecimento explícito pode ser expresso

através de uma representação formal, como a linguagem, e facilmente transmitido. Para Nonaka

], este conhecimento pode ser “representado, armazenado, partilhado e

.” O conhecimento explícito resulta de dados concretos e acessíveis,

podendo ser articulado, codificado e formalizado quer de uma forma física,

documentos, quer electronicamente.

O facto do conhecimento tácito ser difícil de capturar e não poder ser documentado numa

linguagem formal, torna fundamental a distinção entre estes dois tipos de conhecimento, visto

que cada um tem de ser tratado de forma diferente. Assim, a recolha e conversão do

conhecimento tácito ou implícito em conhecimento explícito é fundamental para pôr em prática a

gestão do conhecimento e para manter esse conhecimento como propriedade da empresa.

A gestão do conhecimento foi definida, por Hult [31] como um “processo sistemático e

organizado de geração e disseminação de informação”, no qual os conhecimentos tácito e

explícito são seleccionados e dissecados, com vista “à criação de uma mais

usada pela organização para alcançar uma vantagem competitiva no mercado

Kasvi, Vartiainen e Hailikari [32], a gestão do conhecimento é composta por quatro grupos de

Figura 2.4 – Actividades da gestão do conhecimento

e Acompanhamento de Obra

25

Utilização

• Integração nos produtos e decisões

• Aplicação noutros projectos

crenças, ideias e modelos mentais. Por outro lado, o conhecimento explícito pode ser expresso

e facilmente transmitido. Para Nonaka

representado, armazenado, partilhado e

.” O conhecimento explícito resulta de dados concretos e acessíveis,

podendo ser articulado, codificado e formalizado quer de uma forma física, como seja através de

O facto do conhecimento tácito ser difícil de capturar e não poder ser documentado numa

linguagem formal, torna fundamental a distinção entre estes dois tipos de conhecimento, visto

forma diferente. Assim, a recolha e conversão do

conhecimento tácito ou implícito em conhecimento explícito é fundamental para pôr em prática a

gestão do conhecimento e para manter esse conhecimento como propriedade da empresa.

processo sistemático e

”, no qual os conhecimentos tácito e

à criação de uma mais-valia que possa ser

usada pela organização para alcançar uma vantagem competitiva no mercado.” De acordo com

], a gestão do conhecimento é composta por quatro grupos de

Page 44: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

26 Instituto Superior Técnico

Aquisição Extracção/ Recolha

Armazenamento/ Compilação Partilha Actualização

Relativamente ao ciclo da gestão do conhecimento, Lin e Tserng [33] identificaram cinco

fases:

Figura 2.5 – Ciclo da gestão do conhecimento

Adicionalmente, Kasvi, Vartiainen e Hailikari [32] referem outros dois conceitos

importantes associados à temática da reutilização do conhecimento:

• Project Memory (Memória do projecto) – os autores [32] definem como sendo “a

informação retirada do histórico de um projecto que pode ser trazida para aplicação ao

presente”.

• Project Organisation Memory (Memória organizacional) – “conhecimento acumulado

dos anteriores projectos da empresa que é trazido para aplicação ao presente”[32].

Em suma, o conhecimento quando visto como um objecto, pode ser uma ideia,

competência, know-what, know-how ou qualquer tipo de informação relevante que possa ser

usada para alcançar os objectivos estabelecidos.

2.3.2.2. Reutilização do conhecimento no contexto da preparação de obra

Os projectos de construção são complexos e consomem muito tempo, devido à

complexidade e diversidade dos processos que envolvem. Actualmente, as empresas estão

sujeitas a enormes pressões para obter melhores resultados em menos tempo, com menores

custos e a mesma qualidade. Na indústria da construção, uma das formas de alcançar melhores

resultados consiste na reutilização do conhecimento proveniente de obras já concluídas, evitando

a repetição dos erros do passado, pois a natureza dos projectos de construção (limite de prazos e

recursos, elevada pressão, grau de dificuldade e constante formação de novas equipas) adequa-se

Page 45: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 27

à aprendizagem. Adicionalmente, Tserng e Lin [33] afirmam que a partilha de experiências e a

reutilização do conhecimento auferem outras vantagens, como minimizar a necessidade de

consultar projectos anteriores, melhorar a qualidade das soluções e reduzir o tempo e o custo

associados à resolução de problemas, pois evita que se esteja constantemente a procurar soluções

para as mesmas questões.

Para Edum-Fotwe e McCaffer [34] a competência profissional na gestão de projectos

resulta da integração e aplicação do conhecimento existente, adquirido através do estudo, e das

competências desenvolvidas com a experiência, em projectos semelhantes. Assim, o know-how

e a experiência dos engenheiros de obra é muito valiosa, porque a sua acumulação é um processo

moroso, que envolve não só recursos humanos como também acarreta custos. Recentemente, a

literatura também tem vindo a dar uma importância crescente ao know-why, além do know-how,

pois é a combinação de ambos que permite encontrar respostas para as questões ou problemas

que surgem durante a preparação ou no decurso das obras.

A identificação do conhecimento relevante e a capacidade para o usar constituem assim

um desafio para qualquer empresa de projectos, pelo que é necessária uma gestão do

conhecimento excepcionalmente eficiente para poder aprender com as suas experiências.

Todavia, nem sempre é fácil recolher a informação apreendida, sobretudo no que se

refere ao conhecimento tácito. Este está, por definição, ligado às pessoas directamente

envolvidas nos correspondentes processos de resolução de problemas, pelo que na maior parte

dos casos é difícil obter a colaboração dos profissionais mais experientes, que sentem as suas

posições e a sua utilidade na empresa ameaçadas. Outros problemas na recolha do conhecimento

passam pela falta de vontade para aprender com os erros dos outros colaboradores, falhas na

divulgação da experiência adquirida devido a falsa modéstia e a inexistência de métodos e

procedimentos para recolha de conhecimento, constantes da política da empresa.

Segundo Lin e Tserng [33], a maior parte da aquisição do conhecimento é efectuada nos

escritórios, ainda que a principal fonte de geração de conhecimento seja a obra. Toda a

informação e conhecimento tácito que é enviado da obra para a sede deve ser transformado em

conhecimento explícito para que possa ser reutilizado. Nos estudos desenvolvidos por Kasvi,

Page 46: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

28 Instituto Superior Técnico

Vartiainen e Hailikari [32], as fontes de conhecimento explícito e tácito mais importantes são,

respectivamente, os documentos em papel (relatórios) e a interacção com os colegas. Contudo,

esta aprendizagem só se verifica enquanto a obra está em curso, pois quando esta termina os

conhecimentos dispersam-se e por vezes perdem-se, devido à criação de novas equipas. Por este

motivo, é fundamental proceder a uma recolha sistemática do conhecimento e das competências

adquiridos nas várias obras. Assim, os autores Schindler e Eppler [35] defendem a

implementação de técnicas como o debriefing, que consiste numa retrospectiva da obra, ou seja,

na análise detalhada dos factores de sucesso e insucesso, no final de cada obra. Também Lin,

Wang e Tserng [36] defendem a elaboração de registos relativos a todas as obras, quer estas

sejam bem ou mal sucedidas, com vista a identificar as melhores e piores práticas das empresas.

Na sequência destes estudos, surge o conceito de lessons learned (lições aprendidas), que

Schindler e Eppler [35] definiram como “as experiências-chave de projecto que apresentam uma

certa relevância para a generalidade dos futuros projectos”.

A retenção sistemática da experiência da obra possibilita a comparação entre obras e a

identificação dos mecanismos de resolução de problemas mais eficientes. Se juntamente com

este conhecimento se registarem as falhas, os erros e as potenciais más práticas, está-se a

contribuir para reduzir o risco associado às obras e a poupar à empresa elevados custos,

resultantes da realização de trabalho redundante e da repetição de erros. Além disso, contribuir-

se-á grandemente para que os processos de preparação de obra decorram de uma forma mais

sustentada e informada, permitindo assim prever eventuais problemas e encontrar soluções

antecipadamente, sem que estes cheguem a ter impactos negativos na execução da obra.

Adicionalmente, o registo das soluções alternativas permite desenvolver as obras mais

rapidamente, com menores custos e a mesma qualidade, logo com maior probabilidade de

sucesso e aumento do lucro.

Em seguida, apresentam-se alguns modelos de sistemas de reutilização do conhecimento

na construção.

Page 47: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 29

Lin, Wang e Tserng [36] estudaram a aplicação da gestão do conhecimento às obras de

construção. Para tal, desenvolveram um sistema baseado em mapas de gestão do conhecimento,

o qual permite ao utilizador o acesso fácil e rápido a conceitos-chave, a identificação dos

processos e ferramentas utilizadas e o conhecimento das condicionantes das obras, consoante o

contexto em que se inserem. Esta rede de mapas de conhecimento é composta por três

componentes:

- a representação gráfica do conhecimento através de nós (obras), sub-nós

(conhecimento apreendido) e ligações;

- a descrição do item;

- um pacote de outros ficheiros ilustrativos desse conhecimento.

Este sistema foi desenvolvido com base em seis casos de estudo, relativos à construção de

fábricas de alta-tecnologia localizadas em Taiwan e tendo como principal fonte de conhecimento

o know-how resultante da experiência dos engenheiros seniors.

Tserng e Lin [33] também elaboraram um modelo de gestão do conhecimento baseado

nas actividades de construção. Todo o conhecimento tácito e explícito relativo a cada actividade

é recolhido e guardado numa categoria diferente. O conhecimento tácito abrange registos de

processos, problemas encontrados e respectivas soluções, sugestões dos colaboradores, know-

how, alternativas inovadoras e testemunhos de experiências vividas. No que respeita ao

conhecimento explícito, são armazenados contratos, especificações, relatórios, desenhos e outros

dados relevantes. Para que o sistema fosse efectivamente útil, estabeleceram-se ligações entre

actividades correntes e de obras semelhantes já terminadas. Este modelo foi desenvolvido com

base no caso da construção de uma auto-estrada em Taiwan.

Em 2001, a construtora Skanska estabeleceu uma rede interna de conhecimento, através

da qual os colaboradores podem ter acesso a informação relativa a projectos anteriores,

desenvolvidos em qualquer parte do mundo onde a empresa actue. Posteriormente, foi

desenvolvido o Banco de Informação, contendo detalhadas descrições das obras e os contactos

Page 48: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

30 Instituto Superior Técnico

dos profissionais com experiência em cada tipo de obras. Desta forma, este modelo funciona

como um sistema de recolha de conhecimento. [37]

Por último, apresenta-se o exemplo do banco suíço UBS. Ainda que não se trate de uma

empresa ligada à indústria da construção, serve para demonstrar como a necessidade de

documentar e reutilizar o conhecimento e a experiência adquiridos no desenvolvimento dos

projectos já tinha sido identificada há mais tempo e, nalgumas situações, até posta em prática. No

caso do UBS, a recolha e compilação das lições aprendidas é um requisito do manual de

procedimento de projecto, implementado na empresa, e constitui um dos elementos do relatório

de projecto final, obrigatório para todos os tipos de projecto. Deste modo, pretende-se promover

a transferência de conhecimento para os projectos seguintes, visto que estes relatórios incluem

conclusões e recomendações, sintetizando o que pode ser melhorado no futuro. [35]

2.4. Conclusão

A partir da análise acima apresentada é possível conhecer os principais conceitos, modelos e

ideias sobre as temáticas abordadas, bem como a importância do papel que desempenham no

sucesso das obras.

No que se refere à preparação de obra, conclui-se que esta não se limita ao planeamento e ao

reorçamento, os quais são etapas fundamentais neste processo, mas que não constituem a sua

totalidade. Uma correcta e completa preparação de obra envolve muitos outros elementos, como

sejam: a elaboração de toda a documentação necessária à abertura do dossier de obra, o estudo

do projecto e soluções alternativas, a procura de informação para complementar as Peças

Desenhadas, a selecção dos processos construtivos e tecnologias mais adequados, o

reconhecimento do local da obra e respectivas características, a identificação e prevenção dos

problemas mais frequentes no tipo de obra em causa, a elaboração e aplicação dos diversos

planos associados às obras, a potenciação dos factores de sucesso, entre outros.

Page 49: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 31

A elaboração desta análise permitiu compreender o verdadeiro valor deste procedimento, cuja

correcta realização e com a devida antecedência contribui substancialmente para o bom resultado

das obras, o que nem sempre é tido em consideração por parte dos profissionais desta área.

Por outro lado, é de realçar que o sucesso e a eficácia do processo de preparação de obra não

se esgota no procedimento em si, mas também abrange o conhecimento e as competências dos

colaboradores.

Ainda que muitos factores difiram entre si, a complexidade, a pressão, as limitações de tempo

e recursos e a constante formação de novas equipas associadas às obras, tornam-nas

especialmente vocacionadas para a aprendizagem, a qual funciona como veículo de melhoria

contínua. Daí resulta a necessidade de aumentar o conhecimento interno das organizações, o qual

é composto por duas parcelas: uma de conhecimento tácito, resultante das experiências e

competências dos colaboradores e outra explícita, constante dos documentos e registos e como

tal, mais facilmente acessível. Assim, há que apreender ambos os tipos de conhecimento para

que a aprendizagem seja completa, pois estes complementam-se. Conclui-se então, que a

aprendizagem sistemática com as obras executadas permite que as empresas desenvolvam

competências que conduzem a uma sustentável vantagem competitiva. Assim, torna-se óbvia a

importância que a reutilização do conhecimento pode ter no processo de preparação de obra, na

medida em que quanto mais completos, realistas e sustentados forem os conhecimentos que estão

na origem da elaboração deste procedimento, mais correcta, eficaz e fiável será a preparação de

obra e como tal, maior a probabilidade de alcançar os objectivos estabelecidos.

Em síntese, o aperfeiçoamento do procedimento de preparação de obra deve resultar não só da

melhoria do procedimento em si, mas também de um maior conhecimento e aprendizagem

internos, juntamente com a consciencialização dos colaboradores para a sua importância.

Page 50: Tese 22,5 MB

Capítulo 2 – Estado do Conhecimento

32 Instituto Superior Técnico

Page 51: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 33

Melhoria do procedimento de preparação de obra e

desenvolvimento de Banco de Memória

Obras em preparação

Oportunidades de melhoria

Obras em execução ou executadas

Feedback

3. Estudo de Casos

3.1. Introdução

No seguimento da análise efectuada no capítulo anterior, conclui-se que o elevado grau de

incerteza associado às actividades relacionadas com a construção leva a que as empresas

procurem, cada vez mais, melhorar os seus procedimentos de preparação de obra, através de um

maior conhecimento interno, de modo a prevenir eventuais problemas e a minimizar os seus

impactes.

O principal objectivo desta investigação consiste, como mostra a Figura 3.1, na identificação

de oportunidades de melhoria do procedimento de preparação de obra existente na empresa

Tecnovia, Sociedade de Empreitadas S.A bem como o desenvolvimento de uma Base de

Conhecimento/Banco de Memória para aumentar e divulgar o conhecimento interno sobre os

problemas e soluções relativos às obras, de modo a que o processo de preparação de obra se

efectue de forma mais informada e consistente com a realidade.

Figura 3.1 – Âmbito da investigação

Para tal, apresenta-se no presente capítulo o estudo de cinco casos, representativos da

realidade, os quais consistem em obras executadas ou em execução pela empresa cooperante e

são:

Page 52: Tese 22,5 MB

Capítulo 3 – Estudo de Casos

34 Instituto Superior Técnico

- Caso 1 – Acesso de Viseu ao IP3;

- Caso 2 – Construção de Tratamento e Valorização da Frente Urbana Nascente

- Caso 3 – EN 390 e 393

- Caso 4 – Requalificação das Praias de Carcavelos e Parede

- Caso 5 – Passeio marítimo de S. João das Maias

3.2. Metodologia de investigação

A metodologia de investigação adoptada é composta por duas técnicas de observação, como

mostra a Figura 3.2: uma directa, baseada na recolha do conhecimento explícito e outra indirecta,

com vista à extracção do conhecimento implícito. Por sua vez, a metodologia de observação

directa desenvolve-se segundo uma de duas vertentes, consoante se trate de uma obra em fase de

preparação ou já em execução/terminada.

Figura 3.2 – Metodologia de investigação

3.2.1. Metodologia de observação directa - Fichas de caso de estudo

O intuito da observação directa consiste na recolha de dados objectivos que caracterizem os

casos de estudo, representativos da realidade sobre a qual se pretende intervir. Deste modo, era

necessário analisar obras em execução e obras em preparação. Assim, seleccionaram-se três

obras em execução, que fossem representativas da actividade da empresa e cujo estado de

Metodologia de investigação

Observação directa: fichas de caso de estudo

Obras em preparaçãoObras em execução ou já

terminadas

Observação indirecta: questionários

Page 53: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 35

desenvolvimento já fosse avançado à data da realização desta investigação. Quanto às obras em

preparação, foram seleccionadas duas obras do mesmo tipo, neste caso de requalificação urbana,

e cuja localização permitisse o acompanhamento do desenvolvimento dos trabalhos. O Quadro

3.1 apresenta as cinco obras em estudo.

Quadro 3.1 – Casos de estudo

Caso de estudo Tipo de obra Estado de desenvolvimento

Caso 1 Vias de comunicação Executada

Caso 2 Requalificação urbana Em execução

Caso 3 Vias de comunicação Em execução

Caso 4 Requalificação urbana Em preparação/Início dos trabalhos

Caso 5 Requalificação urbana Em preparação/Início dos trabalhos

No âmbito da observação directa pretendia-se registar todos os dados que permitissem

caracterizar a obra e compreender o seu desempenho, tanto a nível económico como de

execução. Como se trata de conhecimento explícito, a sua extracção torna-se mais fácil, pois este

tipo de informação consta de documentos. Assim, era necessário elaborar uma ficha de caso de

estudo com vista a seleccionar os dados a recolher e a assegurar a objectividade do processo.

Contudo, duas das obras seleccionadas encontravam-se em fase de preparação e as restantes

já em execução ou terminadas, pelo que havia que fazer esta distinção, pois os dados e a

informação que interessa recolher difere em cada uma das situações. Assim, optou-se por

desenvolver dois modelos de ficha de recolha de dados, os quais seriam aplicados consoante o

estado de desenvolvimento da obra em estudo.

A Figura 3.3 mostra a estrutura das fichas de caso de estudo das obras em execução ou já

executadas (Anexo I), a qual se divide em cinco partes:

1 - dados gerais, que permitem a identificação da obra;

2 - breve descrição da obra e dos principais trabalhos;

3 - aspectos de execução, como as principais dificuldades encontradas e as oportunidades de

melhoria referentes a materiais, soluções construtivas e soluções técnicas;

Page 54: Tese 22,5 MB

Capítulo 3 – Estudo de Casos

36 Instituto Superior Técnico

4 - análise económica da obra, com vista a compreender quais as actividades que mais

influenciaram o resultado final da obra, tanto positiva como negativamente. Através desta

análise, procura-se também identificar as discrepâncias entre o orçamento e o reorçamento e os

respectivos motivos, de modo a estabelecer se os pressupostos tidos em conta na elaboração do

orçamento comercial correspondem ou não à realidade da obra;

5 - conclusões, onde se registam os factores de sucesso a potenciar e divulgar, os factores de

insucesso a corrigir e as lições aprendidas que podem ser úteis na preparação e execução de

obras futuras.

Note-se que as partes três e quatro constituem a essência deste processo, pois permitem

avaliar o que correu bem, o que efectivamente correu mal e deve ser melhorado e os motivos

para tal.

Page 55: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 37

Figura 3.3 – Organograma das fichas de recolha de dados das obras executadas

Por outro lado, pretende-se determinar as práticas de preparação de obra mais frequentes,

através do estudo das obras em preparação. A Figura 3.4 mostra as principais componentes

destas fichas de caso (Anexo II), cuja estrutura se divide em quatro secções:

1 - identificação da obra;

2 - avaliação da utilização do actual procedimento de preparação de obra da empresa e registo

dos dados relativos ao orçamento e ao reorçamento;

3 - identificação dos principais problemas recorrentes neste tipo de obras;

Page 56: Tese 22,5 MB

Capítulo 3 – Estudo de Casos

38 Instituto Superior Técnico

4 - conclusões, onde se registam os pontos fracos e fortes das práticas em vigor, outros pontos

a considerar e os problemas mais significativos.

Figura 3.4 - Organograma das fichas de recolha de dados das obras em preparação

Nas obras em fase de execução ou já terminadas, a investigação centrou-se na análise dos

mapas económicos e dos relatórios de actividades críticas fornecidos pelo sector financeiro, na

consulta dos dossiers de preparação de obra, bem como dos vários documentos que compõem as

propostas.

Relativamente às obras cujo procedimento de preparação de obra se acompanhou, os dados

foram recolhidos directamente assistindo às reuniões de passagem da obra do sector comercial

Page 57: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 39

para a direcção da obra, de preparação de obra e reorçamento e consultando os dossiers de

preparação de obra.

Adicionalmente, alguns dados foram transmitidos em conversas informais com os

responsáveis pelas obras em análise, durante as visitas às mesmas.

3.2.2. Metodologia de observação indirecta - Questionários

No âmbito da observação indirecta elaboraram-se questionários com vista a recolher a

informação sobre aspectos fundamentais que os colaboradores da empresa têm em relação quer

ao procedimento e às práticas de preparação de obra em vigor, quer ao desempenho das obras em

curso, resultantes da sua experiência profissional.

Inicialmente, estes questionários tinham como destinatários os cinco directores de obra e os

restantes elementos pertencentes aos quadros técnicos das obras em estudo, tendo sido,

posteriormente, alargados a outros directores de obra da empresa. O Quadro 3.2 mostra o número

de inquéritos distribuídos e a função dos inquiridos.

Quadro 3.2 – Número de inquéritos distribuídos

Função do inquirido Nº de inquéritos distribuídos

Director de obra 9

Elemento do quadro técnico da obra 1

A Figura 3.5 mostra o organograma dos questionários (Anexo III), os quais são compostos

por quatro partes:

1 - identificação do entrevistado;

2 - identificação da obra;

3 - preparação de obra: avaliação do procedimento actualmente em vigor, procurando

determinar o seu grau de utilização e eficácia, bem como os aspectos que podem ser melhorados

e adicionados. Também se pretende determinar a necessidade de informação adicional presente e

futura;

Page 58: Tese 22,5 MB

Capítulo 3 – Estudo de Casos

40 Instituto Superior Técnico

4 - acompanhamento de obra: avaliação do desempenho da obra que acompanha e eventuais

sugestões de melhoria, assim como a identificação dos factores de sucesso e dos problemas

recorrentes no tipo de obra em causa. As últimas questões referem-se à utilidade da Base de

Conhecimento/Banco de Memória e a disponibilidade do inquirido para contribuir com a sua

experiência.

A maioria das perguntas são fechadas, ou seja, o inquirido apenas tem que seleccionar a

resposta que mais se aproxime da sua opinião, de entre as opções dadas. Assim, recorreu-se à

escala de Likert para medir as atitudes dos inquiridos, atribuindo a cada resposta um valor de 1

(nada importante) a 5 (muito importante), com vista a medir o grau de importância da resposta.

Deste modo, pretendeu-se facilitar e estimular o preenchimento do questionário e também

aumentar a objectividade na análise das respostas.

Para completar esta recolha de dados, elaboraram-se ainda questões de resposta aberta,

possibilitando assim o registo das sugestões e opiniões mais abrangentes dos inquiridos.

Page 59: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 41

Figura 3.5 - Organograma dos questionários

Antes de se proceder à recolha de dados, foi necessário efectuar o levantamento das práticas

e do procedimento de preparação de obra em vigor na empresa. Para tal, acompanhou-se o

processo de preparação das obras 4 e 5 e desenvolveram-se diversas conversas informais com os

responsáveis das várias áreas envolvidas.

3.3. Procedimento e práticas em vigor na empresa

A Tecnovia é uma empresa do sector da construção civil e obras públicas, cuja origem

remonta a 7 de Fevereiro de 1973. No seu conjunto, o grupo Tecnovia está presente em Portugal

Page 60: Tese 22,5 MB

Capítulo 3 – Estudo de Casos

42 Instituto Superior Técnico

Continental, Açores, Madeira, Angola, Marrocos e Brasil e atinge um volume de negócios anual

aproximadamente de 250 milhões de euros. A Tecnovia, Sociedade de Empreitadas S.A é uma

das sociedades do grupo cuja área de negócios abrange sobretudo a engenharia e construção,

nomeadamente: vias de comunicação (auto-estradas e estradas), construção e renovação de vias

ferroviárias, obras de arte (túneis, viadutos, obras de arte correntes, etc.), obras de ambiente,

requalificação urbana, obras aeroportuárias, terraplanagens, obras marítimas e portuárias, obras

hidráulicas, obras de infra-estruturas e arranjos exteriores.

Em 2005, a Tecnovia, Sociedade de Empreitadas S.A. implementou o procedimento de

preparação de obra actualmente em vigor. O procedimento em causa é composto por três partes:

1 – abertura de obra – onde se registam os dados gerais que permitem a caracterização e

identificação da obra;

2 – check-list – consiste na verificação dos principais elementos e etapas a considerar na

preparação da obra;

3 – metodologia – traduz-se num guia para o estudo mais detalhado da preparação da obra

que inclui o plano de estaleiro, o plano de trabalhos, a gestão dos recursos (subempreitadas,

equipamentos, mão-de-obra e materiais), a sinalização provisória, a análise de processos

construtivos alternativos, o reorçamento e os diversos planos de inspecção e ensaio, qualidade,

segurança e gestão ambiental.

Inicialmente, o departamento comercial efectua algumas etapas importantes, como o

orçamento, uma estimativa do planeamento e uma prospecção de materiais e subempreiteiros,

para a elaboração da proposta.

Após a adjudicação da obra, acciona-se o mecanismo de passagem da obra do departamento

comercial para a direcção de obra, através de um conjunto de reuniões. Na primeira reunião, a

obra é apresentada pelo departamento comercial aos responsáveis pela sua preparação, com vista

à realização do procedimento de preparação de obra, o qual é em geral desenvolvido pelo futuro

director da obra e adjuntos. Em seguida e à medida que o processo vai avançando, são realizadas

outras reuniões nas quais se debatem os pressupostos tidos em conta na elaboração da proposta,

assim como a abordagem inicial à obra e se comparam os valores comerciais com os do

Page 61: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 43

Proposta - Departamento comercial

Reunião de passagem do departamento comercial para a direcção da obra

Preparação de obra

Reunião de reorçamento e preparação de obra

Início dos trabalhos

reorçamento, efectuando os ajustes necessários, sobretudo no que se refere aos custos e ao

planeamento.

A Figura 3.6 mostra as várias fases que compõem o processo de preparação de obra, desde a

elaboração da proposta pelo departamento comercial até à execução dos trabalhos, passando pela

preparação da obra sob a responsabilidade da direcção de obra.

Figura 3.6 - Processo de preparação de obra desde a proposta à execução

Durante e após a fase de execução, o controlo financeiro das obras é efectuado pelo

departamento de controlo de obra com recurso aos mapas económicos fornecidos pelo software

CDP, onde são lançados os diversos dados como as horas de trabalho dos recursos humanos e

dos equipamentos, as subempreitadas, os materiais, a produção efectuada e respectivos custos.

Estes mapas económicos referem-se à produção mensal e permitem comparar o orçamento

previsto com o real, fornecendo também indicadores de desempenho, como os rácios da

produção real face à prevista e dos custos reais face aos previstos. A partir deste controlo

económico é possível identificar as actividades críticas.

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Capítulo 3 – Estudo de Casos

44 Instituto Superior Técnico

Todavia, a empresa dispõe ainda de outra ferramenta para monitorizar estas actividades, que

são os relatórios de actividades críticas (RAC). Estes documentos são elaborados mensalmente e

permitem controlar as actividades que apresentam valores críticos quer de custo quer de

execução face ao orçamento e ao planeamento, bem como analisar os motivos desses resultados

e sugerir medidas correctivas. Adicionalmente, realizam-se reuniões onde se analisam as causas

e se procura implementar acções correctivas para minimizar ou corrigir esses desvios.

Por fim, resta referir que, actualmente, a empresa não dispõe de nenhum tipo de registo final

das obras, ou seja, não está implementada nenhuma técnica de debriefing.

3.4. Descrição dos casos de estudo

Os casos de estudo são cinco obras pré-seleccionadas. Tal como referido anteriormente, duas

delas encontram-se em fase de preparação e início dos trabalhos, uma já está concluída e as

restantes estão em fase de execução.

Caso de estudo 1:

� Designação: “Acesso de Viseu ao IP3”

� Localização: Viseu

� Tipo de obra: Vias de comunicação – Estrada Nacional

� Construção em consórcio: Não

� Estado actual: Recepção provisória efectuada

� Descrição sumária: Esta obra era composta por três troços, prevendo–se o alargamento

de dois desses troços e a construção de três rotundas em cada um deles. O terceiro troço

foi construído na íntegra e incorporava também uma rotunda com dois restabelecimentos.

Esta empreitada incluía trabalhos de natureza diversa, sendo os mais significativos os

trabalhos de terraplenagens, pavimentação, drenagem, integração paisagística, guardas de

segurança, sinalização horizontal e vertical, assim como a instalação de serviços de

interesse público e reposição de serviços afectados.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 45

Caso de estudo 2:

� Designação: “Construção de Tratamento e Valorização da Frente Urbana Nascente”

� Localização: Albufeira (zona antiga)

� Tipo de obra: Requalificação urbana

� Construção em consórcio: Sim

� Estado actual: Primeira fase em acabamentos; segunda fase em execução

� Descrição sumária: Nesta obra, proceder-se-á à reconversão global da actual praia do

INATEL, reconstituindo o areal e reabilitando a sua frente urbana. Também se prevê o

reordenamento dos acessos viários e a remodelação do Largo do Pau da Bandeira e da

Av. Gago Coutinho. Adicionalmente, será construído um novo estacionamento e um eixo

pedonal com ciclovia entre a Oura e o INATEL, incluindo o arranjo paisagístico do Vale

e a integração da ETAR.

Caso de estudo 3:

� Designação: "EN 390 e 393"

� Localização: Cercal / Vila Nova de Milfontes / Odemira

� Tipo de obra: Vias de comunicação – Estrada Nacional

� Construção em consórcio: Não

� Estado actual: Em execução

� Descrição sumária: Esta obra, com cerca de 34 km de extensão, compreende o

alargamento da plataforma da estrada e a construção de dez ligações de nível, com

repavimentação total. Prevê também a implementação de sistema de sinalização e

segurança novos.

Caso de estudo 4:

� Designação: "Requalificação das Praias de Carcavelos e Parede"

Page 64: Tese 22,5 MB

Capítulo 3 – Estudo de Casos

46 Instituto Superior Técnico

� Localização: Carcavelos / Parede

� Tipo de obra: Requalificação urbana

� Construção em consórcio: Sim

� Estado actual: Início dos trabalhos

� Descrição sumária: Esta obra consiste na recuperação e requalificação dos elementos de

arquitectura paisagista e na adequação das infra-estruturas de acessos e pavimentos;

contemplando também o alargamento do Passeio Marítimo, a construção de escadas,

rampas de acesso ao areal e muretes banco e ainda a construção e reabilitação de muros

de suporte. Adicionalmente, prevê-se a extensão da rede de abastecimento de água

existente e a execução de ramais para ligação do novo concessionário e dos conjuntos

bebedouro, duches e lava-pés ao colector de drenagem de águas residuais domésticas

existente. Por fim, realizar-se-á uma série de intervenções na rede de drenagem de águas

pluviais e uma remodelação das redes de energia eléctrica, iluminação pública e

telecomunicações.

Caso de estudo 5:

� Designação: "Passeio marítimo de S. João das Maias"

� Localização: Oeiras

� Tipo de obra: Requalificação urbana

� Construção em consórcio: Não

� Estado actual: Início dos trabalhos

� Descrição sumária: Esta obra visa a reabilitação e construção do Passeio Marítimo, entre

Santo Amaro de Oeiras e a Direcção de Faróis, pelo que engloba essencialmente

trabalhos de regularização e pavimentação, bem como a construção de muros de

protecção, na frente marítima e a tardoz. Nos primeiros troços prevê-se a construção de

uma calçada em fundação reforçada e de muretes, bem como a instalação de uma

drenagem de fundo e respectiva iluminação. Por fim, na zona da praia, prevê-se o

alargamento do passeio limitado por muretes baixos; a ligação por escadaria entre o nível

do passeio e o da plataforma, criando igualmente uma segunda rampa inferior de ligação

Page 65: Tese 22,5 MB

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil

33%

ao areal; a repavimentação, alargamento e requalificação geral (iluminação, mobiliário,

sinalética) do acesso à galeria da Passagem Inferior.

3.5. Análise e interpretação da informação recolhida

Recolhidos os dados, procede

efectuar uma breve caracterização dos inquiridos que constituem a amostra.

A taxa de resposta dos questionários foi de 60%, o que

tempo dos inquiridos. No Quadro 3.

função dos inquiridos.

Director de obr

Elemento do quadro técnico da obra

Foram preenchidos seis questionários, cinco por directores de obra da empresa e um por um

elemento da equipa técnica de uma das obras em estudo.

inquiridos distribui-se como mostra o

Gráfico 3.

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil

17%

33%33%

17%0%

Nº anos:

0-5

5-10

10-

15-

> 20

repavimentação, alargamento e requalificação geral (iluminação, mobiliário,

sinalética) do acesso à galeria da Passagem Inferior.

terpretação da informação recolhida

Recolhidos os dados, procede-se então à análise da informação obtida, mas não sem antes

efectuar uma breve caracterização dos inquiridos que constituem a amostra.

A taxa de resposta dos questionários foi de 60%, o que se deve frequentemente à falta de

Quadro 3.3 efectua-se a caracterização da amostra de acordo com a

Quadro 3.3 – Caracterização da amostra

Amostra

Director de obra 5

Elemento do quadro técnico da obra 1

Total 6

questionários, cinco por directores de obra da empresa e um por um

elemento da equipa técnica de uma das obras em estudo. A experiência profissional dos

o mostra o Gráfico 3.1.

Gráfico 3.1 – Experiência profissional dos entrevistados

e Acompanhamento de Obra

47

Nº anos:

5

10

-15

-20

> 20

repavimentação, alargamento e requalificação geral (iluminação, mobiliário,

se então à análise da informação obtida, mas não sem antes

efectuar uma breve caracterização dos inquiridos que constituem a amostra.

se deve frequentemente à falta de

se a caracterização da amostra de acordo com a

questionários, cinco por directores de obra da empresa e um por um

A experiência profissional dos

Experiência profissional dos entrevistados

Page 66: Tese 22,5 MB

Capítulo 3 – Estudo de Casos

48 Instituto Superior Técnico

A maioria dos inquiridos tem entre cinco e quinze anos de experiência profissional.

Relativamente às habilitações académicas, todos os entrevistados são licenciados em Engenharia

Civil.

3.5.1. Procedimento de preparação de obra actualmente em vigor na empresa

No que se refere à preparação de obra, todas as obras seguiram o procedimento actualmente

em vigor, através da verificação da check-list por parte dos respectivos directores de obra, ainda

que nalguns casos não exista tal registo, sob a forma do dossier de preparação de obra. Tal facto

deve-se à frequentemente tardia elaboração da preparação de obra. Quanto à aplicabilidade e

eficácia do procedimento, as respostas foram unânimes: todos os entrevistados assinalaram o

grau 4 da escala de Likert, ou seja, consideram-no eficaz. Como nenhum dos inquiridos sugeriu

algum aspecto em concreto a melhorar ou a adicionar aos existentes, admite-se que os pontos do

procedimento em vigor são correctos e eficazes, mas podem não ser suficientes, denotando assim

uma oportunidade de melhoria. Pela análise das fichas de caso de estudo das obras em

preparação, constatou-se que nas obras em que o procedimento foi seguido, todos os pontos

foram verificados, o que sustenta a conclusão anterior de que estes estão correctos mas podem

não ser suficientes.

Quando inquiridos sobre o tipo de informação adicional que poderia ser útil conhecer

durante a fase de preparação de obra, os entrevistados sugeriram:

- Base da negociação na fase comercial;

- Faseamentos totais necessários à execução da obra, face à dificuldade em lidar com

algumas condicionantes, sobretudo os casos em que há tráfego intenso.

Ainda que nenhum dos directores de obra entrevistados tenha consultado outras obras do

mesmo tipo, durante a fase de preparação, para recolher informação, todos reconhecem que a

reutilização, nas obras futuras, da experiência e das lições aprendidas é muito importante (grau 5

na escala de Likert).

Da mesma forma, é unânime a opinião que uma boa preparação de obra é muito importante

para o sucesso da fase de execução, pois permite conhecer eventuais condicionantes, determinar

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 49

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5

Respostas (%

)

Grau de satisfação crescente

Desempenho geral

Em relação aos custos

Em relação aos prazos

melhores soluções e ajustar prazos face à realidade, o que justifica a preocupação da empresa em

torno desta temática.

3.5.2. Desempenho das obras

O Gráfico 3.2 mostra o grau de satisfação atribuído ao desempenho geral das obras em

estudo, bem como ao desempenho em relação aos prazos e aos custos.

Gráfico 3.2 – Classificação do desempenho das obras

Como se pode constatar pela observação do Gráfico 3.2, as obras apresentam um bom

desempenho geral, na medida em que o produto final corresponde ao esperado e apresenta

qualidade.

Relativamente aos prazos também não se verificam grandes dificuldades no seu

cumprimento, apesar de algumas obras beneficiarem de prorrogações legais, como se apresenta

no Quadro 3.4.

Quadro 3.4 - Obras com prorrogação legal do prazo de execução

Sim Não

Obra 1 – Viseu x

Obra 2 – Albufeira x

Obra 3 - Odemira/Cercal x

Obra 4 – Carcavelos x

Obra 5 – Oeiras x

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Capítulo 3 – Estudo de Casos

50 Instituto Superior Técnico

Todavia, uma análise mais atenta das fichas de caso de estudo, realça a discrepância entre as

datas em que os trabalhos estão terminados e as datas dos autos de recepção provisória. Tal facto,

deve-se sobretudo à desmobilização demasiado cedo dos recursos das obras, ou seja, quando a

obra se aproxima do final e assim que a grande maioria dos trabalhos está concluída, inicia-se a

desmobilização. Consequentemente, os poucos trabalhos e até, por vezes, apenas acabamentos

em falta, demoram muito mais tempo, arrastando o fecho da obra e incorrendo em custos

desnecessários. Assim, torna-se necessário destacar este facto para evitar que a situação se repita

no futuro.

No que respeita aos custos, o desempenho varia consoante o grau de complexidade da obra e

as dificuldades encontradas durante a sua execução. Para melhorar os resultados obtidos, há que

prever todas as situações passíveis de afectar negativamente o resultado económico das obras,

pelo que quando estas apresentam um grau de dificuldade acrescido, este aspecto acarreta uma

importância ainda maior, daí ser fundamental conhecer os problemas recorrentes neste tipo de

obra, como se verá em seguida.

3.5.3. Principais dificuldades e problemas recorrentes

As diversas visitas permitiram observar as principais dificuldades encontradas nas obras em

curso, sendo as restantes relatadas pelos directores de obra em conversas informais.

O Quadro 3.5 apresenta uma síntese das principais dificuldades registadas por obra.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 51

0 1 2 3 4 5

Ciclos das marésComplexidade do projecto

Elevado grau de qualidade e segurança exigidoErros de orçamentação

Erros de projectoEscavações em rocha

Gestão trânsitoProblemas de expropriações/demolições

Transporte de blocos de pedra de grandes dimensões

Nº de obras em estudo em que são referidas

Quadro 3.5 - Distribuição das dificuldades pelas obras em estudo

Através da análise do Quadro 3.5, constatou-se que, numa amostra de cinco obras, os

problemas de expropriações/demolições e as escavações em rocha são referidos em três das

obras analisadas, o que se traduz numa elevada probabilidade de ocorrência. Então, para melhor

compreender as dificuldades mais vezes referidas nas obras em estudo, ou seja, os problemas

mais frequentemente encontradas nestas obras, elaborou-se o Gráfico 3.3.

Gráfico 3.3 – Principais dificuldades encontradas

Pela observação do Gráfico 3.3, verificou-se que os problemas relacionados com

expropriações e demolições surgem como os mais frequentes, ainda que muitas dessas situações

Obra 1

Obra 2

Obra 3

Obra 4

Obra 5

Ciclos das marés x x

Complexidade do projecto x

Elevado grau de qualidade e segurança exigido x

Erros de orçamentação x

Erros de projecto x

Escavações em rocha x x x

Gestão trânsito x

Problemas de expropriações/demolições x x x

Transporte de blocos de pedra de grandes dimensões x

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Capítulo 3 – Estudo de Casos

52 Instituto Superior Técnico

não dependam directamente da empresa, mas sim de outras entidades, como o dono de obra, o

qual tem muitas vezes a responsabilidade de efectuar tais acções e falha no seu cumprimento.

Seguidamente, as escavações em rocha surgem como outro dos problemas mais vezes

mencionado, o que se justificará, por um lado, pela dificuldade em obter bons rendimentos face

aos estimados quando se opta por meios mecânicos e, por outro lado, pela complexidade que

reveste o processo de utilização de explosivos.

O caso dos ciclos das marés é mais específico dado o contexto em que as obras 4 e 5 se

inserem e como tal, não pode ser tido em consideração com a mesma relevância que os restantes,

visto ser apenas aplicável a obras junto à costa. Todavia, quando de tal caso se tratar, esta

constituirá, claramente, uma das maiores dificuldades e condicionantes deste tipo de obras, como

se verifica nas obras dos dois passeios marítimos em estudo (obras 4 e 5).

Os restantes problemas referidos são menos recorrentes no conjunto de obras em análise, na

medida em que se verificaram apenas numa delas. Contudo, admitindo que as obras

seleccionadas constituem uma amostra da realidade das obras, a sua importância destaca-se na

medida em que traduzem uma gama de dificuldades que podem ser encontradas nas obras em

geral.

Principais actividades críticas:

Um dos aspectos fundamentais nesta análise consiste na identificação das actividades

críticas, com vista a determinar as actividades que repetidamente apresentam resultados

desfavoráveis. Para tal, consultaram-se os mapas económicos mais recentes e os relatórios de

actividades críticas de cada uma das obras em execução ou já terminadas (obras 1, 2 e 3),

procedendo-se em seguida à selecção das actividades com pior desempenho, num máximo de

dez, como mostra o Quadro 3.6.

Page 71: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 53

Quadro 3.6 – Principais actividades críticas

Obra 1 Obra 2 Obra 3

Escavação: mecânica e com explosivos

Trabalhos preparatórios Regularização de taludes

Limpeza/Regulariz./Trab.Complem.

Desmatação/Demolição Decapagem Vaz./Depósito

Movimentos de terras: escavação com meios mecânicos

Escavação/Vazadouro

Escav. Empréstimo/Aterro Movimentos de terras: transporte a

vazadouro Escavação em Alargamento

Colocação em : vazadouro, aterro

Drenagem de águas pluviais Passagens Hidráulicas/Bocas

Drenos de plataforma Lancis de calcário Serventias em Valetas

Drenagem longitudinal Vedações em rede Tout Venant

Tout Venant Tout Venant Betuminosos

Remoção de pavimentos Leito Pavimento Lancis

Sinalização temporária

Sinalização Temporária

Paisagismo

Ambiente/Arqueologia

Estaleiro/Custos Indirectos

Actividades relativas às escavações Actividades relativas às drenagens

Actividades relativas aos movimentos de terras Actividades relativas à colocação de Tout-Venant

As actividades referentes aos movimentos de terras, sobretudo a escavação com meios

mecânicos e o transporte a vazadouro/aterro, assim como as drenagens de águas pluviais e a

colocação de tout venant surgem na lista das principais actividades críticas das três obras. Assim,

é possível afirmar que são as actividades mais problemáticas, pelo que é necessário analisar as

suas causas, de modo a evitar incorrer nos mesmos erros.

Relativamente às escavações, os motivos que levam ao insucesso destas actividades são

muitas vezes os anteriormente mencionados, juntamente com a frequente ausência de estudos

geológicos. Por seu turno, a derrapagem da actividade de transporte a vazadouro é, na maioria

Page 72: Tese 22,5 MB

Capítulo 3 – Estudo de Casos

54 Instituto Superior Técnico

dos casos, devida aos elevados tempos de percurso, pois nem sempre se encontram vazadouros

às distâncias pretendidas. Quanto às drenagens de águas pluviais, salienta-se a utilização de

materiais que podem não ser a opção mais económica, face à propagação dos colectores em

materiais poliméricos, os quais apresentam custos bastante competitivos e desempenhos

satisfatórios. No que se refere à actividade de colocação de tout venant em obra, é necessário

realçar as elevadas quantidades geralmente associadas a este material, pelo que qualquer deslize

face ao previsto apresenta impactes bastante significativos.

3.5.4. Aspectos a melhorar

Quando inquiridos sobre os aspectos que poderiam ser melhorados nas obras futuras, os

entrevistados sugeriram:

- Mais celeridade nas adjudicações das actividades principais;

- Iniciar as obras com Encarregados à altura da complexidade destas;

- Orçamentos mais realistas com a complexidade das obras.

Esta última referência destaca a importância de um maior conhecimento interno, ou seja, um

maior conhecimento das dificuldades, dos materiais, das técnicas e até dos próprios rendimentos

obtidos para determinadas soluções e condições. Só assim se poderiam obter orçamentos mais

realistas e adequados à complexidade das obras. Contudo, a divulgação das experiências em

obras com elevado grau de dificuldade e complexidade, permitiria resolver os problemas de uma

forma mais célere e possivelmente mais adequada, o que também poderia contribuir para a

obtenção de resultados económicos mais próximos dos orçamentos, os quais têm que ser

competitivos por natureza.

3.5.5. Factores de sucesso

Nos inquéritos preenchidos foram referidos os seguintes principais factores de sucesso que

importa divulgar e potenciar para aplicação no futuro:

- Planeamento e organização;

- Melhoria contínua.

Page 73: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 55

É de salientar que o planeamento e a organização estão fortemente relacionados com a

preparação de obra, pelo que quando esta é correctamente realizada, a probabilidade de sucesso é

maior.

Por outro lado, através da análise das fichas de caso de estudo, verificou-se que os principais

factores de sucesso observados são:

- Procura de alternativas, quando necessárias, que contemplam o cumprimento dos prazos e

custos previstos;

- Qualidade final das obras assegurada, apesar das muitas dificuldades frequentemente

encontradas.

Estes factores são igualmente importantes, na medida em que o primeiro visa assegurar o

orçamento previsto e o segundo valoriza a imagem da empresa junto dos donos de obra e público

em geral.

3.5.6. Base de Conhecimento/Banco de Memória

Por fim, procurou-se determinar a opinião dos entrevistados em relação à criação de uma

Base de Conhecimento/Banco de Memória e/ou à implementação de relatórios de fecho de obra,

os quais constituem uma técnica de debriefing que se considerou adequada à actividade da

empresa. Também se procurou avaliar a disponibilidade dos entrevistados para contribuir com a

sua experiência no enriquecimento da Base de Conhecimento/Banco de Memória. O Gráfico 3.4

mostra os resultados obtidos.

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Capítulo 3 – Estudo de Casos

56 Instituto Superior Técnico

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5

Respostas (%

)

Grau de utilidade/disponibilidade crescente

Utilidade da Base de Conhecimento

Utilidade dos relatórios de fecho de obra

Disponibilidade para contribuir para a Base de Conhecimento

Gráfico 3.4 – Utilidade da Base de Conhecimento e dos relatórios de fecho de obra e disponibilidade para

colaborar

Todos os entrevistados mostram-se muito disponíveis para colaborar e contribuir com a sua

experiência para a Base de Conhecimento, pois esta é considerada de grande utilidade. No que se

refere à utilidade dos relatórios de fecho de obra, as opiniões oscilam entre útil (33%) e muito

útil (67%). Esta dispersão de opiniões pode ser devida ao facto de ainda não existir nenhum

modelo determinado e como tal, ser mais difícil avaliar o grau de utilidade da informação aí

constante.

Adicionalmente, inquiriram-se os entrevistados sobre o tipo de informação a compilar na

Base de Conhecimento, obtendo-se as seguintes respostas:

- Informação sobre as principais actividades que tenham corrido bem ou mal;

- As falhas mais graves que foram cometidas, tanto a nível de orçamento comercial, como a

nível de execução da obra.

Note-se que foi feita referência não apenas aos aspectos que correram mal, mas também ao

que correu bem, pois é necessário evitar incorrer nos mesmos erros e simultaneamente, divulgar

e partilhar as experiências positivas e as lições aprendidas. Assim, verifica-se que a empresa está

mobilizada e disposta a aumentar o seu conhecimento interno através da aprendizagem conjunta

e mútua entre os seus colaboradores.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 57

3.6. Conclusões

Após a análise dos dados e resultados obtidos, verifica-se que o procedimento de preparação

de obra em vigor na empresa contribui significativamente para o sucesso das obras,

especialmente para o sucesso da fase de execução, o que posteriormente se traduz em bons

resultados finais.

Assim, conclui-se ser indispensável a existência de um correcto e muito eficaz procedimento

de preparação de obra, pois ainda que os pontos constantes do actual procedimento sejam

considerados eficazes podem ser aperfeiçoados ou acrescentados outros que se considerem

relevantes e complementares. Todavia, será sempre necessário consciencializar os directores de

obra para a sua realização com a devida antecedência, pois só nestes termos se beneficiará em

pleno de uma correcta preparação de obra.

Através do levantamento dos procedimentos implementados na empresa, constatou-se existir

uma ferramenta de controlo e monitorização das actividades críticas, ou seja, os relatórios de

actividades críticas (RAC). Esta ferramenta visa encontrar soluções e medidas, para as

actividades já em execução e que apresentam resultados desfavoráveis a nível de custos ou

prazos, de modo a minimizar esses desvios. Contudo, alguns desses problemas poderiam ser

evitados, caso existisse um sistema que os pudesse prever, o que só seria possível através de um

maior conhecimento das dificuldades encontradas nas obras já executadas, ou seja, resultante da

experiência e das lições aprendidas. Então, considera-se que o desenvolvimento de um registo

relativo ao fecho das obras, como por exemplo relatórios de fecho de obra, poderia ser útil no

sentido de efectuar um balanço dos factores de sucesso e insucesso face ao resultado final, com

vista a uma aprendizagem e partilha de experiências entre os colaboradores da empresa. Desta

forma, aproveitar-se-ia esta oportunidade de melhoria para implementar um sistema de

debriefing, visto não existir nenhum em vigor, actualmente.

Em síntese, é legítimo concluir que o desenvolvimento de uma Base de Conhecimento e/ou a

implementação de relatórios de fecho de obra, nos quais se registe apenas informação relevante e

Page 76: Tese 22,5 MB

Capítulo 3 – Estudo de Casos

58 Instituto Superior Técnico

de modo sintético, constituem uma necessidade urgente da empresa. Adicionalmente, a

articulação deste sistema com o procedimento de preparação de obra, após efectuados os devidos

aperfeiçoamentos, permitirão iniciar o processo de aprendizagem interna da empresa, com vista à

obtenção de melhores resultados finais nas obras.

Page 77: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 59

4. Modelo Proposto

4.1. Introdução

O principal objectivo deste estudo consiste no aumento do sucesso das obras através da

reutilização do conhecimento interno da organização, resultante da aprendizagem e partilha de

experiências, bem como na realização de adequadas preparações de obra. Para tal, apresenta-se

no presente capítulo uma metodologia que visa melhorar o processo de preparação das obras.

Este modelo é composto por um procedimento, o qual requer a elaboração de vários documentos,

uma check-list e ainda uma Base de Conhecimento/Banco de Memória, sob a forma de sistema

dinâmico, que permite compilar de forma sintética e objectiva o conhecimento resultante da

execução das obras.

A articulação entre estas ferramentas ocorrerá da seguinte forma: na fase de abertura da obra,

durante a sua execução e na altura do fecho serão fornecidos dados para enriquecer a Base de

Conhecimento (inputs). Esta, por sua vez, será consultada durante o processo de preparação das

obras futuras (outputs), beneficiando assim do conhecimento proveniente das obras já

executadas, o que resulta em preparações de obra mais eficazes, tal como mostra a Figura 4.1.

Figura 4.1 – Articulação do procedimento de preparação de obra com a Base de Conhecimento

Execução da Obra

Fecho de Obra

Abertura de Obra

Procedimento de Preparação de Obra

Check-list

Preparação de Obra

Fornecimento de dados

Fornecimento de dados

Consulta de elementos

Base de Conhecimento/

Banco de Memória Fornecimento de dados

Page 78: Tese 22,5 MB

Capítulo 4 – Modelo Proposto

60 Instituto Superior Técnico

Recepção do dossier do Departamento Comercial e Análise do Projecto

Planeamento do Estaleiro

Planeamento dos Trabalhos

Gestão dos recursos

Planeamento Qualidade/ Ambiente

/ Segurança

Reorçamento

Estudo preliminar

Reconhecimento do local

Erros e omissões

Estudo de processos construtivos

4.2. Metodologia de Preparação de Obra

As recomendações que a seguir se descrevem resultam não só da recensão bibliográfica

efectuada no Capítulo 2, mas também das sugestões de melhoria e das necessidades transmitidas

nos questionários e no contacto com os colaboradores da empresa.

4.2.1. Procedimento

O procedimento implementado e actualmente em vigor na empresa é composto por um

conjunto de temas que devem ser desenvolvidos segundo a metodologia preconizada. Nesta

secção abordam-se apenas os pontos fulcrais, indicados na Figura 4.2, para os quais se

apresentam recomendações de melhoria.

Figura 4.2 – Processo de preparação de obra

Page 79: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 61

� Recepção do projecto de execução da obra:

Aquando da passagem da obra do Departamento Comercial para a Direcção de Produção, o

responsável pelo processo de preparação da obra deverá proceder à identificação e compilação

de toda a documentação do projecto, de modo a completar eventuais elementos em falta.

� Estudo preliminar:

Após a recepção do projecto de execução da obra, há que efectuar um breve estudo

introdutório que permita ao responsável pelo processo de preparação de obra, compreender o

âmbito da mesma, bem como os conceitos que deverão servir de base à execução da empreitada.

Esta análise preliminar deverá reger-se pelas seguintes linhas principais de orientação:

- Em que consiste a obra;

- Quais as bases de elaboração do projecto, normalmente descritas na Memória Descritiva;

- Qual o regime pretendido para a construção;

- As principais actividades, não só pelas quantidades, como também pelo valor parcial de

venda ou de fabrico;

- Conhecimento de todas as condições de execução;

- Se existem prazos intercalares impostos pelo Dono de Obra;

- Quais os constrangimentos naturais ou outros que condicionam o desenvolvimento dos

trabalhos;

- Serviços afectados significativos;

- Outros aspectos que tenham ressaltado na análise.

� Reconhecimento do local:

Uma das etapas cruciais deste processo é o reconhecimento do local, na medida em que

permitirá ao responsável pela preparação da obra confrontar os pressupostos tidos em conta no

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Capítulo 4 – Modelo Proposto

62 Instituto Superior Técnico

projecto com a realidade física do terreno onde a obra será executada. Além disso, estas visitas

facilitam a determinação da localização das instalações de apoio.

Assim sendo, esta análise deverá contemplar duas abordagens: uma orientada para o futuro

estaleiro e outra focada nos aspectos relativos à execução da obra.

i.) Estaleiro

Deverá ser verificada a disponibilidade das zonas para instalação de estaleiros,

considerando:

- Áreas necessárias para escritórios, laboratório, oficina mecânica, dormitórios, refeitório,

armazéns, parque de equipamentos, carpintaria, preparação de armaduras, centrais de betão e

betuminosos, centrais temporárias de britagem, pré-fabricação, etc.;

- Indicação no próprio Programa de Concurso/Caderno de Encargos, de que o Dono de Obra

disponibiliza áreas de estaleiro;

- Avaliação da disponibilidade para ocupar os terrenos e da existência de áreas

condicionadas e respectiva previsão de entrega;

- Ocupação de parcelas sobrantes expropriadas (ou a expropriar), pelo Dono de Obra no

âmbito da obra e a serem disponibilizadas na Consignação (procurar confirmar esta hipótese);

- Possibilidade de arrendamento ou cedência gratuita temporária de terrenos particulares;

- Verificação das dimensões do terreno, de forma a evitar conflitos com os proprietários dos

terrenos confinantes.

ii.) Execução da Obra

- Empréstimos e/ou Vazadouros: localização (distâncias a percorrer até Empréstimos e/ou

Vazadouros), volumes disponíveis (estimativa), acessibilidades, condições de exploração,

caracterização dos materiais, implicações ambientais;

Page 81: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 63

- Obstáculos naturais ou outros, como poços ou minas aparentes, elementos de interesse

arqueológico ou histórico e construções existentes, situados em plena zona de intervenção ou na

sua periferia;

- Outras condicionantes, como:

- Intensidade do tráfego rodoviário na zona - determinar se este pode constituir uma

condicionante ao andamento dos trabalhos ou à definição das fases de execução da

obra,

- Natureza do terreno - avaliar as suas características, mas também o seu

comportamento superficial nos períodos de chuva e os métodos mais adequados para

escavação,

- Tipo de ocupação/utilização dos terrenos - determinar a necessidade de efectuar

demolições ou decapagens,

- Risco de desmoronamentos,

- Clima da região - identificar condicionantes à utilização de determinados materiais

ou equipamentos, determinar a melhor altura do ano para a execução de certos

trabalhos que possam ser afectados pelas condições meteorológicas ou que só possam

ser realizados em épocas específicas do ano;

- Identificação/confirmação da existência de fornecedores locais (ou próximos) e

determinação da abundância de mão-de-obra na região.

Uma vez realizada esta visita, dever-se-á analisar a metodologia construtiva contemplada na

Memória Descritiva da Proposta, com o intuito de estabelecer as fases da obra e verificar a

aplicabilidade dos métodos de execução seleccionados, de forma a introduzir as necessárias

alterações de conceitos, aquando da elaboração do Plano de Trabalhos definitivo e respectiva

memória.

Page 82: Tese 22,5 MB

Capítulo 4 – Modelo Proposto

64 Instituto Superior Técnico

� Erros e omissões:

Após a compilação de todos os elementos do projecto e efectuado o reconhecimento do

local, o responsável pela preparação da obra está em condições de prosseguir o estudo segundo

duas vertentes.

Por um lado, deverá preparar, no prazo legal, eventuais pedidos de esclarecimento ao dono

da obra, de modo a eliminar quaisquer dúvidas, erros e omissões resultantes de:

- Leitura e procura de diferenças entre as informações contidas nas Peças Escritas e

Desenhadas;

- Confronto entre projecto de concurso e condições reais de execução;

- Revisão rigorosa das medições, estabelecendo rectificações;

- Comparação das quantidades apresentadas nas Peças Desenhadas com a lista de

quantidades do Articulado.

Por outro lado, nesta fase já é possível organizar os planos de execução dos trabalhos, assim

como o planeamento da obra, atendendo às disponibilidades de equipamento e aos programas de

execução.

Note-se que, de acordo com o Decreto-Lei nº18/2008 de 29 de Janeiro [38], o empreiteiro

deve reclamar contra erros ou omissões do projecto ou contra erros de cálculo, erros de materiais

e outros erros ou omissões de folhas de medições num prazo estabelecido para o efeito no

caderno de encargos. Caso tal não esteja definido, este é em geral de um mês contado a partir da

data da consignação.

� Planeamento do Estaleiro e Seguros:

A elaboração do Plano de Estaleiro deverá incluir uma planta do mesmo, onde se represente:

- Implantação geral do estaleiro;

- Tipo de vedações e placas identificadoras da empresa ou outras;

- Acessos (entrada e saída de pessoas e viaturas) e circulações dentro do estaleiro;

- Instalações sociais (instalações sanitárias, refeitório e dormitórios), devidamente cotadas;

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 65

- Instalações industriais (escritórios, ferramentaria, oficinas de aço, cofragem e armazéns),

devidamente cotadas;

- Implantação de equipamentos (gruas, geradores, máquinas de ferro, centrais de betão,…);

- Implantação do posto de combustíveis;

- Implantação de báscula de pesagem;

- Sinalização de trânsito e de segurança.

Nesta fase, o responsável pela direcção da obra deverá proceder à requisição do

fornecimento das Redes Públicas (águas, esgotos, electricidade e telefones) ao futuro Estaleiro.

Também se recomenda a obtenção ou confirmação da existência dos seguros obrigatórios

(Acidentes de trabalho, Responsabilidade Civil, Execução da Obra) ou outros necessários. As

licenças, nomeadamente para uso de explosivos nas escavações, deverão ser requeridas junto da

Câmara Municipal e da Polícia de Segurança Pública, com a devida antecedência.

� Plano de Trabalhos:

Na elaboração do Plano de Trabalhos deve-se procurar identificar potenciais actividades

críticas, tanto a nível de execução como de custo.

� Estudo de Processos Construtivos:

Para determinadas actividades específicas, cuja execução constitua um processo mais

complexo ou de maior custo, o responsável pela preparação da obra deverá estudar os métodos

de execução indicados no projecto e outros alternativos, que tenham como objectivo rentabilizar

os trabalhos, facilitar a sua execução e diminuir os custos. Nos casos em que tal se justifique e

com vista a fornecer toda a informação necessária às frentes da obra, deverão ser elaborados

desenhos distintos de fabrico e colocação, assim como pormenores de execução, de modo legível

e adequado aos conhecimentos de quem vai executar os diferentes trabalhos. Estes devem ser

Page 84: Tese 22,5 MB

Capítulo 4 – Modelo Proposto

66 Instituto Superior Técnico

complementados com notas explicativas dos aspectos particulares, pouco usuais ou

desconhecidos.

� Consulta de informação complementar:

Com vista a completar a informação disponível e rentabilizar o processo de preparação de

obra, é aconselhável a consulta da Base de Conhecimento, de modo a não repetir erros do

passado e beneficiar de soluções de execução alternativas ou inovadoras.

4.2.2. Documentos

Além da documentação indispensável a qualquer obra, como o Plano de Trabalhos

definitivo, o Plano de Segurança e Saúde, o Plano da Qualidade, o Plano de Sinalização

Temporária e Desvios de Trânsito, também se recomenda a elaboração de documentos

complementares que possam auxiliar a execução da obra.

Assim, salientam-se:

- Plano de Demolições;

- Plano de Escavações e Contenção Periférica;

- Plano de Inspecção e Ensaio;

- Estudos Laboratoriais;

- Projecto de Implantação e Piquetagem da Obra.

4.2.3. Check-list

O processo de preparação de obra também inclui uma check-list com os principais pontos a

abordar. Cada ponto deve ser desenvolvido de acordo com a metodologia para a qual foram

descritas as recomendações acima mencionadas.

Esta lista é composta por onze temáticas, como se mostra em seguida.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 67

Continua na página seguinte

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Capítulo 4 – Modelo Proposto

68 Instituto Superior Técnico

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 69

Utilizador

Dados

InformaçãoConhecimento

Tomada de decisões

4.3. Modelo de uma Base de Conhecimento de apoio à Preparação de Obra

4.3.1. Bases do modelo

O ciclo da informação, apresentado na Figura 4.3, inicia-se com a aplicação da inteligência

do utilizador sobre os dados, gerando informação. Esta, por sua vez, leva ao conhecimento, o

qual auxilia a tomada de decisões.

Figura 4.3 – Ciclo dados-conhecimento-decisão [39]

Para que a informação seja disponibilizada de forma compreensível e de fácil utilização

dentro das organizações, cada vez mais se recorre a sistemas de bases de dados.

Na presente dissertação, dadas as limitações existentes, optou-se por uma base de dados

como forma de materialização da Base de Conhecimento de apoio à preparação de obra, ou seja,

para armazenar o conhecimento (dados) resultante das obras executadas pela empresa e facilitar

a sua consulta, a qual pode ser útil durante o processo de preparação das obras futuras. A Figura

4.4 mostra a arquitectura deste modelo.

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Capítulo 4 – Modelo Proposto

70 Instituto Superior Técnico

Figura 4.4 - Arquitectura do modelo de Base de Conhecimento

De acordo com Carvalho, Azevedo e Abreu [39], o desenvolvimento de uma base de dados

deste tipo é composto por várias etapas, tal como mostra a Figura 4.5.

Figura 4.5 - Fases de desenvolvimento de uma Base de Conhecimento [39]

Feedback

Estudo preliminar

Identificação de requisitos

Análise detalhada

Desenho

Codificação

Teste e implantação

Manutenção

Obras executadas

Obras em execução

Conhecimento

Base de Conhecimento Formulários e

Relatórios

Preparação das obras futuras

Page 89: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 71

No presente capítulo abordam-se as fases de:

- análise detalhada, procurando estabelecer regras e procedimentos para organizar os dados

num modelo lógico;

- desenho dos processos e especificações técnicas que compõem o modelo;

- codificação, na qual se constrói a aplicação pretendida através de um Sistema de Gestão de

Bases de Dados (SGBD).

Os SGBD dispõem de mecanismos simples de consulta e manutenção de dados, assim como

um conjunto de funcionalidades importantes, que visam garantir a integridade dos dados

armazenados. A maioria destes sistemas utiliza a Structured Query Language, que consiste numa

linguagem de pesquisa declarativa para bases de dados relacionais, baseada na álgebra relacional.

O SGBD escolhido para desenvolver a Base de Conhecimento/Banco de Memória foi o

Microsoft Access 2007, devido à facilidade de utilização e interacção deste software, tanto na

óptica do programador como na do utilizador.

O primeiro passo para o desenvolvimento da Base de Conhecimento em causa, passa pela

definição do modelo lógico de base de dados a usar, o qual segundo Carvalho, Azevedo e Abreu

[39], consiste num conjunto de estruturas lógicas usadas para representar a estrutura dos dados e

as relações entre estes na base de dados.

Existem dois tipos de modelos:

- conceptuais ou de alto nível, como o modelo Entidade-Relacionamento (E-R), os quais são

usados para obter uma descrição lógica do sistema, focando o que a base de dados representa;

- físicos ou de implementação, sendo um exemplo o modelo Relacional, que descreve a

forma como os dados estão representados na base de dados e o modo como as estruturas de

dados são implementadas.

Page 90: Tese 22,5 MB

Capítulo 4 – Modelo Proposto

72 Instituto Superior Técnico

4.3.1.1. Modelo Relacional

Neste modelo os dados são representados como um conjunto de estruturas lógicas,

compostas por tabelas com linhas e colunas. Assim, toda a informação que se pretende

armazenar na base de dados é guardada nestas relações ou tabelas.

Para elaborar e estruturar as relações é necessário conhecer alguns conceitos básicos, tais

como:

- Classe – colecção de objectos semelhantes que partilham a mesma estrutura e o mesmo

comportamento;

- Objecto – representação conceptual de uma entidade do mundo real sobre a qual se

pretende armazenar informação na base de dados;

- Entidade – conjunto de pessoas, lugares, objectos, acontecimentos ou conceitos;

- Atributo – característica específica de uma entidade.

Nas tabelas, cada linha representa um registo e cada coluna um atributo. Então, para

interligar as diferentes tabelas é necessário que existam atributos comuns entre elas. Contudo,

existe outro problema, como distinguir os vários registos de uma tabela. A solução passa por

identificar cada registo de modo único. Assim, surge a noção de chave primária, que consiste

num atributo ou conjunto de atributos, cujo valor permite identificar de forma unívoca cada linha

da tabela. Com o intuito de assegurar a integridade de entidade da base de dados, os atributos

chave são sempre campos de preenchimento obrigatório e os SGBD não permitem que dois

registos da mesma tabela apresentem igual valor nos atributos chave. Para fácil identificação e

procura de dados numa tabela, deve-se escolher para chave primária, atributos com um tamanho

pequeno, como por exemplo um código identificador.

Quando um atributo ou conjunto de atributos de uma tabela corresponde também à chave

primária de outra tabela, então este designa-se por chave estrangeira. De acordo com a regra da

integridade referencial, uma chave estrangeira não pode ter um valor que não tenha

Page 91: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 73

correspondência na tabela relacionada, mas tal não implica que seja de preenchimento

obrigatório.

O tipo de campo de um atributo determina os dados que nele se podem armazenar e

podem ser:

- texto - qualquer conjunto de n caracteres até um máximo de 255;

- memo – qualquer conjunto de n caracteres até um máximo de 64.000 (mais indicado

para campos com textos mais longos, como descrições);

- número - um valor real;

- data - um valor de data (engloba o dia, o mês e o ano);

- numeração automática – um valor numérico definido automaticamente quando é

adicionado um registo;

- sim/não – valores booleanos (para campos que só podem ter uma de duas opções);

- objecto OLE – imagens, gráficos e outros dados binários.

A Figura 4.6 mostra o modelo relacional da base de dados desenvolvida. Os atributos

assinalados com a expressão <pk> fazem parte da chave primária (primary key) e os atributos

assinalados com a expressão <fk> correspondem a chaves estrangeiras (foreign key). Por sua

vez, as setas representam os relacionamentos entre as tabelas, ligando as chaves estrangeiras de

uma tabela à chave primária correspondente, de outra tabela.

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Capítulo 4 – Modelo Proposto

74 Instituto Superior Técnico

Figura 4.6 – Modelo relacional

Page 93: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 75

4.3.1.2. Modelo Entidade-Relacionamento (E-R)

Este modelo baseia-se nos conceitos de entidade, atributo e relacionamentos, pois

representa os relacionamentos entre essas entidades.

Um relacionamento é uma associação útil entre duas entidades, ou seja, é um conjunto de

ligações entre dois ou mais objectos que permite impor algumas restrições. A cardinalidade do

relacionamento corresponde ao número de registos de uma entidade associado a um dado

número de registos de outra entidade e pode ser de três tipos:

- um para um (1:1) – a cada registo de uma tabela está associado apenas um registo de

outra tabela, por exemplo: cada obra tem apenas uma análise económica;

- um para muitos (1:∞) – a cada registo de uma tabela podem corresponder vários registos

de outra tabela, por exemplo: a cada grupo de produção estão associadas várias obras;

- muitos para muitos (∞:∞) – por exemplo, para cada obra foram usados vários tipos de

materiais e cada tipo de material pode ser usado em diversas obras.

A Figura 4.7 mostra o modelo Entidade-Relacionamento da base de dados em estudo.

Figura 4.7 – Diagrama Entidade-Relacionamento [retirado do Microsoft Access 2007]

Page 94: Tese 22,5 MB

Capítulo 4 – Modelo Proposto

76 Instituto Superior Técnico

4.3.2. Descrição do modelo

Para simplificar a interacção do utilizador com os dados armazenados nas tabelas foram

criados sete formulários. Adicionalmente, também se definiram quatro estruturas de relatório, de

modo a permitir a impressão da informação mais significativa.

4.3.2.1. Formulários

Os formulários, também designados por ecrãs de apresentação, são interfaces mais

sofisticados que permitem ao utilizador inserir, alterar ou visualizar os registos da base de dados

de uma forma mais simples.

A Base de Conhecimento criada é composta por um total de sete formulários de três

tipos:

- quatro formulários para edição e visualização dos dados (Identificação da obra,

Descrição sumária, Aspectos de execução e Análise económica),

- dois formulários para efectuar consultas por selecção (Consulta de obras por tipo e

Consulta de obras por grupo),

- um formulário correspondente ao menu inicial da base de dados.

Todos os formulários de edição e visualização de dados dispõem, junto ao cabeçalho, de

um conjunto de botões para facilitar a navegação entre registos, um botão para voltar ao menu

inicial e um campo que permite procurar um registo pelo número da obra.

� Identificação da obra

Este formulário contém um conjunto de campos que permitem efectuar a caracterização

geral da obra e um subformulário com as principais datas e prazos.

Page 95: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 77

Tabela 4.1 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário Datas

Campo Tipo de campo Tipo de dados Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório

Datas

Data da proposta Manual Data Datas

Data do contrato Manual Data Datas Data da consignação Manual Data Datas

Prazo de execução inicial (contratual) – duração

Manual Memo Datas

Prazo de execução inicial (contratual) – data

Manual Data Datas

Prazo de execução final (sem penalizações) - duração

Manual Memo Datas

Prazo de execução final (sem penalizações) – data

Manual Data Datas

Recepção provisória - pedido Manual Data Datas

Recepção provisória - auto Manual Data Datas

Desvio entre prazo de execução final e data do auto de recepção

Manual Memo Datas

Observações Manual Memo Datas

Tabela 4.2 – Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulário Identificação da

obra

Campo Tipo de campo Tipo de dados Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório

Obras

Designação Manual Texto Obras

Localização Manual Texto Obras

Grupo Caixa de combinação Texto Grupo

Cliente/Promotor Manual Memo Obras Tipo de obra Caixa de combinação Texto Tipo de obra

Construção em consórcio/ACE

Caixa de verificação Sim/Não Obras

Identificação do consórcio

Manual Memo Obras

% Tecnovia Manual Número Obras Valor do contrato Manual Número Obras

Page 96: Tese 22,5 MB

Capítulo 4 – Modelo Proposto

78 Instituto Superior Técnico

� Descrição sumária

Este formulário é composto por um campo com a descrição sumária da obra, uma

imagem representativa e um subformulário com a lista dos principais materiais utilizados.

Tabela 4.3 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário Principais

quantidades finais

Campo Tipo de campo Tipo de dados Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório Quantidades finais

Material Manual Memo Quantidades finais

Quantidade Manual Memo Quantidades finais

Código quantidade Automático Numeração automática

Preenchimento obrigatório Quantidades finais

Tabela 4.4 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulário Descrição

sumária

Campo Tipo de campo Tipo de dados Propriedades Tabela/Fonte Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório Obras

Descrição sumária Manual Memo Obras

Imagem Manual Objecto OLE Obras

� Aspectos de execução

Este formulário apresenta um campo para o registo das principais dificuldades

encontradas e soluções sugeridas para o futuro e outro campo com as soluções construtivas

inovadoras utilizadas. Adicionalmente, contém ainda três subformulários com as listas de

materiais, soluções construtivas e soluções técnicas executadas e respectivas alternativas.

Page 97: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 79

Tabela 4.5 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário Pontos de

melhoria – Materiais

Campo Tipo de campo Tipo de dados Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório

Melhoria materiais

Material utilizado Manual Memo Melhoria materiais Alternativa possível Manual Memo Melhoria materiais

Diferença de custo unitário

Manual Texto Melhoria materiais

Quantidade Manual Texto Melhoria materiais

Código material Automático Numeração automática

Preenchimento obrigatório

Melhoria materiais

Tabela 4.6 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário Pontos de

melhoria – Soluções construtivas

Campo Tipo de campo

Tipo de dados Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório

Melhoria soluções construtivas

Solução construtiva executada

Manual Memo Melhoria soluções construtivas

Alternativa possível Manual Memo Melhoria soluções construtivas

Código sol construtiva Automático Numeração automática

Preenchimento obrigatório

Melhoria soluções construtivas

Tabela 4.7 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário Pontos de

melhoria – Soluções técnicas

Campo Tipo de campo

Tipo de dados Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório

Melhoria soluções técnicas

Solução técnica executada

Manual Memo Melhoria soluções técnicas

Alternativa possível Manual Memo Melhoria soluções técnicas

Código sol técnica Automático Numeração automática

Preenchimento obrigatório

Melhoria soluções técnicas

Page 98: Tese 22,5 MB

Capítulo 4 – Modelo Proposto

80 Instituto Superior Técnico

Tabela 4.8 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulário Aspectos de

execução

Campo Tipo de campo

Tipo de dados

Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório Obras

Soluções construtivas inovadoras

Manual Memo Obras

Principais dificuldades encontradas e soluções sugeridas para o futuro

Manual Memo Obras

� Análise económica

Este formulário é composto por um conjunto de campos para o registo dos principais

dados económicos, um quadro comparativo que apresenta a evolução económica da obra e

dois subformulários com a listagem das actividades críticas e das actividades mais bem

sucedidas e respectiva análise.

Tabela 4.9 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário Actividades

críticas

Campo Tipo de campo Tipo de dados Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório

Actividades críticas

Actividade crítica Manual Memo Actividades críticas

Custo orçamentado Manual Número Actividades críticas

Custo real Manual Número Actividades críticas

Motivos Manual Memo Actividades críticas

Código actividade crítica Automático Numeração automática

Preenchimento obrigatório

Actividades críticas

Page 99: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 81

Tabela 4.10 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário Quadro

comparativo

Campo Tipo de campo

Tipo de dados

Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório

Quadro comparativo

% MO – orçamento comercial Manual Memo Quadro comparativo

% MO – orçamento preparação obra Manual Memo Quadro comparativo

% MO – último reorçamento Manual Memo Quadro comparativo

% MO – posição final Manual Memo Quadro comparativo

Desvio MO (final-comercial) Manual Memo Quadro comparativo

% EQ – orçamento comercial Manual Memo Quadro comparativo

% EQ – orçamento preparação obra Manual Memo Quadro comparativo

% EQ – último reorçamento Manual Memo Quadro comparativo

% EQ – posição final Manual Memo Quadro comparativo

Desvio EQ (final-comercial) Manual Memo Quadro comparativo

% MT – orçamento comercial Manual Memo Quadro comparativo

% MT – orçamento preparação obra Manual Memo Quadro comparativo

% MT – último reorçamento Manual Memo Quadro comparativo

% MT – posição final Manual Memo Quadro comparativo

Desvio MT (final-comercial) Manual Memo Quadro comparativo

% SB – orçamento comercial Manual Memo Quadro comparativo

% SB – orçamento preparação obra Manual Memo Quadro comparativo

% SB – último reorçamento Manual Memo Quadro comparativo

% SB – posição final Manual Memo Quadro comparativo

Desvio SB (final-comercial) Manual Memo Quadro comparativo

Page 100: Tese 22,5 MB

Capítulo 4 – Modelo Proposto

82 Instituto Superior Técnico

Tabela 4.11 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do formulário Análise

económica

Campo Tipo de campo

Tipo de dados

Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório

Análise económica

Valor de venda comercial Manual Número Análise económica

Custo industrial do orçamento comercial

Manual Número Análise económica

Custo total do orçamento comercial Manual Número Análise económica

Margem do orçamento comercial Manual Memo Análise económica

Valor de venda do orçamento da preparação de obra

Manual Número Análise económica

Custo industrial do orçamento da preparação de obra

Manual Número Análise económica

Custo total do orçamento da preparação de obra

Manual Número Análise económica

Margem do orçamento da preparação de obra

Manual Memo Análise económica

Data do último reorçamento (Mês/Ano)

Manual Memo Análise económica

Valor de venda do último reorçamento

Manual Número Análise económica

Custo industrial do último reorçamento

Manual Número Análise económica

Custo total do último reorçamento Manual Número Análise económica

Margem do último reorçamento Manual Memo Análise económica

Data da posição final (Mês/Ano) Manual Memo Análise económica

Valor de venda da posição final Manual Número Análise económica

Custo industrial da posição final Manual Número Análise económica

Custo total da posição final Manual Número Análise económica

Margem da posição final Manual Memo Análise económica

Evolução do orçamento comercial-reorçamento: comentários

Manual Memo Análise económica

Evolução do reorçamento-posição final: comentários

Manual Memo Análise económica

Page 101: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 83

Tabela 4.12 - Campos, tipo de campo, tipo de dados, propriedades e fontes do subformulário Actividades

positivas

Campo Tipo de campo Tipo de dados Propriedades Tabela/Fonte

Nº obra Manual Número Preenchimento obrigatório

Actividades positivas

Actividade positiva Manual Memo Actividades positivas

Custo orçamentado Manual Número Actividades positivas

Custo real Manual Número Actividades positivas

Observações Manual Memo Actividades positivas

Código actividade positiva

Automático Numeração automática

Preenchimento obrigatório

Actividades positivas

� Consulta de obras por Grupo

Este formulário está associado a uma consulta, ou seja, a base de dados pergunta ao

utilizador qual o grupo que pretende consultar e apresenta um formulário com a listagem das

obras que pertencem ao grupo seleccionado. Além do número e da designação, também

mostra os campos com a localização e o tipo de cada obra, de modo a que o utilizador possa

facilmente identificar qual a obra que contém a informação que mais lhe convém.

� Consulta de obras por Tipo

Analogamente ao formulário Consulta de obras por Grupo, também este formulário está

associado a uma consulta, que permite ao utilizador escolher o tipo de obras que pretende

visualizar. Seleccionado o tipo de obra, a Base de Conhecimento apresenta um formulário

com a lista dos números, designações, localizações e breves descrições das obras que

correspondem ao critério de selecção.

Page 102: Tese 22,5 MB

Capítulo 4 – Modelo Proposto

84 Instituto Superior Técnico

� Menu inicial

O Menu inicial é um formulário um pouco mais complexo, composto por dois

separadores:

- Introdução e consulta de dados, que dá acesso aos vários formulários através de um

conjunto de botões que estabelecem essas ligações;

- Relatórios, que permite escolher e aceder aos quatro modelos de relatório criados.

Este menu dispõe ainda de um botão, no separador Introdução e consulta de dados, que

permite fechar a aplicação.

4.3.2.2. Relatórios

Com o intuito de facilitar a impressão dos dados mais relevantes, foram definidos quatro

relatórios-tipo.

Tendo em atenção que a informação que pode ser mais útil ao utilizador é a relacionada

com os aspectos de execução das obras, optou-se por dividi-la em três relatórios:

- Pontos de melhoria – Materiais;

- Pontos de melhoria – Soluções Construtivas;

- Pontos de melhoria – Soluções Técnicas.

Cada um destes relatórios apresenta, para uma obra individual, o conjunto de campos que

compõem os respectivos formulários.

Adicionalmente, foi criado o relatório Identificação da obra, composto pelos principais

campos que permitem efectuar a caracterização geral de cada obra e que são: nº de obra,

designação, localização, grupo, director de obra, cliente, tipo de obra, construção em consórcio

(identificação e % da Tecnovia), valor do contrato, descrição sumária, soluções construtivas

inovadoras, dificuldades e soluções sugeridas para o futuro.

Page 103: Tese 22,5 MB

Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 85

Todos os relatórios mostram, no cabeçalho, a data e a hora da impressão.

4.4. Campo de aplicação

Este modelo serve de suporte à criação de uma aplicação informática para a gestão do

conhecimento resultante da execução das obras, com vista a complementar a metodologia de

preparação de obra. Para tal, procurou-se estabelecer uma estrutura que permitisse que os

formulários de fecho de obra pudessem ser aplicados a qualquer tipo de obra.

4.5. Conclusões

A Base de Conhecimento/Banco de Memória permite, em tempo real, a consulta e edição de

conhecimentos resultantes das obras executadas pela empresa, bem como a sua partilha por toda

a organização.

O preenchimento do formulário Aspectos de execução permite efectuar, em simultâneo, uma

análise a posteriori das decisões e opções tomadas em obra e propor alternativas viáveis. Desta

forma, introduz-se a prática de debriefing, até à data inexistente na empresa. Salienta-se ainda a

importante contribuição desta técnica para evitar a repetição dos erros no futuro e diminuição do

tempo de resolução de problemas.

A análise individual das actividades críticas possibilita à empresa compreender quais as

actividades que apresentam maiores dificuldades e, assim, agir em conformidade, definindo

acções correctivas e/ou preventivas e procurando aplicar soluções potencialmente mais

adequadas. Analogamente, através da análise das actividades positivas, a empresa pode

determinar quais as práticas mais bem sucedidas e incentivar a sua aplicação.

Por fim, a consulta da Base de Conhecimento, durante o processo de preparação de obra,

juntamente com metodologia apresentada permitem preparar de forma mais sustentada e realista

as futuras obras a executar. Deste modo, lançam-se as bases para diminuir os factores de risco e

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Capítulo 4 – Modelo Proposto

86 Instituto Superior Técnico

incerteza associados à preparação das obras e para aumentar a probabilidade de sucesso na fase

de execução, dando origem a um ciclo de melhoria contínua e obtendo resultados económicos

finais mais satisfatórios.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 87

5. Teste e Validação do Modelo

5.1. Introdução

Após desenvolver o modelo para realização do procedimento de preparação de obra, onde se

inclui a Base de Conhecimento de apoio, é necessário avaliar se esta satisfaz as necessidades

identificadas anteriormente. No presente capítulo, procede-se ao teste e validação da Base de

Conhecimento através da sua aplicação a situações reais, ou seja, às obras apresentadas no

Capítulo 3, nomeadamente o caso de estudo 1.

Desta forma, pretende-se não só apresentar a aplicação informática (Base de Conhecimento)

incluída no modelo apresentado no Capítulo 4, mas também testá-la e validá-la.

A Base de Conhecimento desenvolvida é dinâmica, pelo que pode ser melhorada ou alterada

para responder a novas necessidades. Em qualquer altura, podem ser elaborados mais

formulários ou relatórios, com vista à manipulação e consulta dos dados armazenados nas tabelas

e até criadas novas tabelas.

5.2. Requisitos e aplicação do modelo

Para efectuar o teste e validação da Base de Conhecimento, há que estabelecer os requisitos a

verificar.

A validação da aplicação requer o teste do produto final nas suas várias componentes, como

testes ao programa incluindo a interface do utilizador, testes ao código fonte, testes à

documentação e eventualmente, testes aos dados armazenados. As técnicas para efectuar estes

testes podem ser: inspecções manuais, testes das funções dos programas ou testes baseados no

fluxo de dados.

Relativamente à qualidade da aplicação informática Base de Conhecimento, a Figura 5.1

mostra as principais características exigidas pela norma ISO/IEC 9126 [40].

Page 106: Tese 22,5 MB

Capítulo 5 – Teste e validação do modelo

88 Instituto Superior Técnico

Figura 5.1 – Características de qualidade exigidas pela norma ISO/IEC 9126 [40]

Assim, foram realizados testes de funcionalidade baseados em fluxos de dados, com o intuito

de verificar se todas as funções do programa estão em conformidade, incluindo as interfaces dos

utilizadores e testes às técnicas de programação, para determinar se a aplicação informática Base

de Conhecimento funciona de forma robusta e de confiança.

Para tal, recorreu-se, como referido acima, a uma das obras apresentadas no Capítulo 3,

nomeadamente o caso de estudo 1 que consiste no alargamento de dois troços de uma estrada

nacional e na construção integral de um terceiro troço, incluindo três rotundas por troço.

5.3. Teste e validação

O primeiro passo consiste em abrir a Base de Conhecimento, em formato Microsoft Access

2007, visualizando de imediato o menu inicial e procedendo ao teste de todas as funções dos dois

separadores.

Para verificar se os formulários estão em conformidade com os requisitos, procedeu-se à

introdução dos dados referentes ao caso de estudo 1, preenchendo primeiro o formulário de

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 89

Identificação da obra, seguido da Descrição sumária, passando para os Aspectos de execução e

por fim, o formulário relativo à Análise económica.

Seguidamente, procedeu-se à consulta de dados através dos formulários de consulta, os quais

envolvem listas de obras, pelo que se procedeu à introdução prévia dos dados relativos aos

restantes casos de estudo, segundo um processo análogo ao descrito para o caso de estudo 1, de

modo a verificar a conformidade destes formulários.

Por último, imprimiram-se os diversos modelos de relatório para a obra em questão.

Resta salientar que, por se tratar de dados confidenciais da empresa cooperante, os testes

foram realizados com valores económicos e nomes fictícios, sendo reais as restantes informações

relativas à execução das obras.

5.3.1. Menu inicial

Ao iniciar a aplicação, abre-se automaticamente um formulário com o menu inicial, onde se

pode escolher o tipo de acção a desenvolver, dispondo para tal de botões que estabelecem a

ligação aos vários formulários e modelos de relatório da Base de Conhecimento, como mostra a

Figura 5.2. Assim, procedeu-se ao teste de todas as hiperligações associadas aos botões e estando

estas em pleno funcionamento, considera-se o menu inicial tecnicamente validado.

Figura 5.2 – Formulário Menu inicial

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Capítulo 5 – Teste e validação do modelo

90 Instituto Superior Técnico

5.3.2. Identificação da obra

Para introduzir os dados relativos a uma nova obra, nomeadamente o caso de estudo 1,

seleccionou-se no Menu inicial o formulário Identificação da obra como mostra a Figura 5.3.

Figura 5.3 – Formulário Identificação da obra

5.3.3. Descrição sumária

Para abrir o formulário Descrição sumária e introduzir os respectivos dados, como mostra a

Figura 5.4, recorreu-se ao botão respectivo no separador Introdução e consulta de dados do

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 91

menu inicial. Para voltar a aceder ao Menu inicial utilizou-se o botão correspondente no

formulário Identificação da obra.

Figura 5.4 – Formulário Descrição sumária

5.3.4. Aspectos de execução

Para aceder ao formulário Aspectos de execução, como se apresenta na Figura 5.5, retornou-

se ao Menu inicial e uma vez aí utilizou-se o botão do formulário pretendido.

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Capítulo 5 – Teste e validação do modelo

92 Instituto Superior Técnico

Figura 5.5 – Formulário Aspectos de execução

5.3.5. Análise económica

Para aceder ao formulário Análise económica, apresentado na Figura 5.6, de modo a

introduzir os dados relativos aos resultados económicos da obra em questão, repetiu-se o

procedimento utilizado para abrir os formulários anteriores.

Note-se que em todos os formulários foi testado o funcionamento dos botões de navegação

existentes na parte superior dos mesmos.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 93

Figura 5.6 – Formulário Análise económica

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Capítulo 5 – Teste e validação do modelo

94 Instituto Superior Técnico

5.3.6. Consulta de obras por grupo

Para testar os formulários de consultas por selecção, retornou-se ao Menu inicial e

seleccionou-se o botão referente à Consulta de obras por Grupo, surgindo de imediato a janela

para introduzir o nome do grupo pretendido, como se apresenta na Figura 5.7.

Figura 5.7 – Janela de selecção do grupo a consultar

Ao seleccionar o grupo, a Base de Conhecimento abre o formulário com a lista das obras

correspondentes. Este procedimento foi repetido para todos os grupos, como mostram as Figuras

5.8 a 5.11.

Figura 5.8 – Formulário Consulta de obras por Grupo (Alentejo)

Figura 5.9 - Formulário Consulta de obras por Grupo (Algarve)

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 95

Figura 5.10 - Formulário Consulta de obras por Grupo (Sede)

Figura 5.11 - Formulário Consulta de obras por Grupo (Viseu)

5.3.7. Consulta de obras por tipo

Para testar o formulário de Consulta de obras por Tipo, retornou-se ao Menu inicial e

seleccionou-se o botão respectivo, abrindo de imediato a janela para introduzir o tipo de obra

pretendido, como se apresenta na Figura 5.12.

Figura 5.12 - Janela de selecção do tipo de obra a consultar

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Capítulo 5 – Teste e validação do modelo

96 Instituto Superior Técnico

Ao seleccionar o tipo de obra, a Base de Conhecimento abre o formulário com a lista das

obras correspondentes. Este procedimento foi repetido para todos os tipos de obra dos casos de

estudo, como mostram as Figuras 5.13 a 5.15.

Figura 5.13 - Formulário Consulta de obras por tipo (Requalificação urbana)

Figura 5.14 - Formulário Consulta de obras por tipo (Vias de comunicação – Estrada Nacional)

Figura 5.15 - Formulário Consulta de obras por tipo (Vias de comunicação – Itinerário Complementar)

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 97

5.3.8. Relatório Pontos de melhoria - Materiais

Para visualizar e imprimir o relatório Pontos de melhoria - Materiais, retornou-se ao menu

inicial e seleccionou-se o botão correspondente no separador Relatórios, surgindo de imediato a

janela para introduzir o número da obra pretendida, como se apresenta na Figura 5.16.

Figura 5.16 - Janela para introdução do número da obra

Seleccionada a obra pretendida, a Base de Conhecimento abre o respectivo relatório, como

mostra a Figura 5.17.

Figura 5.17 – Relatório Pontos de melhoria - Materiais

5.3.9. Relatório Pontos de melhoria – Soluções construtivas

Para visualizar e imprimir o relatório Pontos de melhoria – Soluções construtivas, repetiu-se

o procedimento seguido para o relatório anterior, como mostram as Figuras 5.18 e 5.19.

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Capítulo 5 – Teste e validação do modelo

98 Instituto Superior Técnico

Figura 5.18 - Janela para introdução do número da obra

Figura 5.19 - Relatório Pontos de melhoria – Soluções construtivas

5.3.10. Relatório Pontos de melhoria – Soluções técnicas

Para visualizar e imprimir o relatório Pontos de melhoria – Soluções técnicas, seguiu-se o

procedimento anteriormente descrito, como apresentam as Figuras 5.20 e 5.21.

Figura 5.20 - Janela para introdução do número da obra

Figura 5.21 - Relatório Pontos de melhoria – Soluções técnicas

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 99

5.3.11. Relatório Identificação da obra

Para aceder e imprimir o relatório Identificação da obra, seguiu-se um procedimento

análogo ao dos relatórios anteriores, como se apresenta nas Figuras 5.22 e 5.23.

Figura 5.22 - Janela para selecção da obra pretendida

Figura 5.23 - Relatório Identificação da obra

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Capítulo 5 – Teste e validação do modelo

100 Instituto Superior Técnico

5.4. Teste de técnicas de programação - Análise de desempenho

O Microsoft Access 2007 tem uma ferramenta, denominada Analisador de desempenho, que

permite testar as técnicas de programação utilizadas no desenvolvimento da Base de

Conhecimento e corrigir eventuais erros.

Assim sendo, seleccionaram-se todos os objectos da Base de Conhecimento, designadamente

formulários, consultas, relatórios, tabelas e respectivas ligações, para serem analisados, tal como

mostra a Figura 5.24.

Figura 5.24 – Objectos da Base de Conhecimento analisados

Após seleccionar os objectos a analisar, executou-se esta ferramenta, obtendo-se uma lista de

ideias e sugestões de optimização da Base de Conhecimento, como se pode constatar na Figura

5.25.

Todas as ideias apresentadas foram tidas em consideração e analisadas.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 101

Figura 5.25 – Ideias de optimização apresentadas pelo Analisador de desempenho

5.5. Conclusões

A implementação da Base de Conhecimento permite uma nova abordagem aos problemas

ocorridos quer na fase de preparação quer na fase de execução das obras.

Note-se que, através do formulário Aspectos de execução e do registo comentado das

actividades críticas e das actividades positivas, é possível conhecer as principais dificuldades e

recomendações baseadas na experiência dos restantes colaboradores da empresa, possibilitando

assim prever e identificar medidas de prevenção face a eventuais situações desfavoráveis e até

mesmo evitá-las.

Por outro lado, os subformulários Pontos de melhoria de Materiais, Soluções construtivas e

Soluções técnicas, bem como o campo Soluções inovadoras apresentam alternativas às opções

tradicionalmente tomadas, o que se traduz na rentabilização do processo de procura de soluções.

Saliente-se ainda, que todo o conhecimento relevante pode ser impresso sob a forma dos

modelos de relatório estruturados.

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Capítulo 5 – Teste e validação do modelo

102 Instituto Superior Técnico

Os formulários de Identificação e Descrição sumária das obras constituem uma forma de

listagem e arquivo das obras executadas, sendo a pesquisa de obras facilitada pelos dois tipos de

consulta disponibilizados.

Finalmente, a realização dos vários testes ao modelo de Base de Conhecimento desenvolvido,

permitiu constatar que todas as ligações, interfaces e relatórios funcionam correctamente, tendo

sido efectuados os devidos ajustes ou melhorias à medida que o processo de teste se ia

desenrolando.

Assim, conclui-se que a Base de Conhecimento foi testada e validada com sucesso.

5.6. Propostas de melhoria

As principais condicionantes ao aprofundamento da presente dissertação foram a escassez de

tempo e recursos para a sua elaboração, pelo que se apresentam, nesta secção, algumas propostas

de melhoria da Base de Conhecimento. Assim sendo, sugere-se:

� A inserção de autorizações, de modo a limitar e diferenciar o acesso dos diferentes

utilizadores, tendo uns autorização para introdução e alteração dos dados e outros apenas

permissão para efectuar consultas, assegurando assim a integridade dos dados.

� A introdução de caixas de listagem que permitam visualizar, nas janelas de selecção

associadas às consultas de obras por grupo ou tipo, os vários grupos e tipos de obra

existentes para escolha.

� A elaboração de uma lista com os contactos dos directores de obra, a partir da tabela

criada, com vista a promover e facilitar a partilha de conhecimento dentro da organização.

� O estudo aprofundado, em retrospectiva, de todas as dificuldades, soluções e opções

tomadas nas obras executadas, com vista a procurar alternativas inovadoras e mais

rentáveis que possam aumentar o sucesso da preparação e execução das obras futuras.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 103

6. Conclusão

6.1. Introdução

Tendo em consideração as actuais restrições do sector da construção e o aumento significativo

da concorrência, as construtoras são obrigadas a procurar mais-valias que permitam fazer face às

condições do mercado. Actualmente, a competitividade das empresas depende da sua

produtividade e capacidade de executar as empreitadas em prazos cada vez mais apertados e com

maior sucesso, tanto a nível do produto final como do ponto de vista económico. Assim sendo, é

imprescindível valorizar o processo de preparação das obras, de modo a minimizar os riscos de

imprevistos, inerentes à actividade da construção, e estabelecer bases de partida para uma

consistente gestão de recursos e adequado controlo físico e económico.

Neste contexto, surge a necessidade de desenvolver estudos sobre a temática da preparação de

obra, na qual se centra a presente dissertação. O modelo desenvolvido é composto por uma

completa metodologia de preparação de obra, onde se inclui uma check-list e um sistema de

gestão do conhecimento, a Base de Conhecimento. Desta forma, beneficia-se da experiência e

know-how dos colaboradores da empresa e incentiva-se a aprendizagem interna, através da

recolha e partilha do conhecimento, o que resultará na melhoria contínua do desempenho das

obras.

6.2. Avaliação dos resultados

Numa análise geral do trabalho desenvolvido e exposto ao longo dos vários capítulos, é

legítimo constatar que foram alcançados com sucesso todos os objectivos propostos.

A primeira etapa consistiu na pesquisa e análise bibliográfica sobre preparação de obra e

gestão do conhecimento na indústria da construção. Através deste estudo, tomou-se

conhecimento de várias metodologias de preparação de obra, bem como dos principais conceitos

e legislação aplicável. Dada a dificuldade em encontrar informação sobre a temática da

Page 122: Tese 22,5 MB

Capítulo 6 – Conclusões

104 Instituto Superior Técnico

preparação de obra, conclui-se que é dada pouca importância a tal matéria, sendo frequentemente

ignorada pelas empresas. Relativamente à gestão do conhecimento, constatou-se existir uma

vasta investigação internacional sobre o tema, apesar de ser uma área ainda pouco desenvolvida

em Portugal.

O segundo objectivo, que passava pelo levantamento dos procedimentos e práticas

implementados na empresa até à data, foi alcançado através da realização de inquéritos e do

preenchimento de fichas de caso relativas às cinco obras em estudo. A integração na empresa e a

participação dos seus colaboradores foi crucial para a recolha da informação necessária não só

para a descrição criteriosa dos procedimentos em vigor, mas também para o desenvolvimento e

validação do modelo proposto.

Seguidamente, desenvolveu-se o modelo de procedimento de preparação de obra, o qual é

composto por:

- uma metodologia para a realização da preparação de obra,

- uma check-list e

- uma Base de Conhecimento (em Microsoft Access 2007).

Desta forma, cumpre-se o objectivo principal desta dissertação, que consistia na consolidação

e desenvolvimento do procedimento de preparação de obra, assim como o acompanhamento e

implementação de uma Base de Conhecimento de boas práticas construtivas para consulta tanto

na fase de preparação da obra como na de execução.

6.3. Contribuição e aspectos inovadores

6.3.1. Contribuição para o conhecimento

A preparação de obra constitui uma temática pouco abordada e muitas vezes desprezada

pelas empresas, que na maior parte dos casos cingem o processo de preparação de obra ao seu

planeamento e à elaboração do reorçamento. A partir da recensão bibliográfica efectuada,

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 105

conclui-se que uma adequada preparação de obra envolve muitos outros elementos e a sua

correcta realização, com a devida antecedência, contribui substancialmente para o bom resultado

das obras, o que nem sempre é tido em consideração por parte dos profissionais da área.

Todavia, o sucesso e a eficácia do processo de preparação de obra não se esgota no

procedimento em si, resultando ainda do conhecimento e das competências dos colaboradores.

Assim, surge a abordagem à gestão do conhecimento, a qual consiste num tema pouco

desenvolvido em Portugal, mas com bastante aceitação no meio científico internacional e que já

conta com diversos estudos nas várias áreas a que pode ser aplicado. No presente trabalho,

apresentam-se os principais conceitos associados à gestão do conhecimento, incluindo a

distinção entre os dois tipos de conhecimento existentes (tácito e explícito), bem como um

levantamento das práticas e sistemas implementados por organizações internacionais, mostrando

desta forma a importância do conhecimento e o seu valor para as empresas.

No caso da construção, ainda que muitos factores difiram entre si, a natureza e as

características da actividade associada à execução das obras, tornam-nas especialmente

vocacionadas para a aprendizagem sistemática, o que permite desenvolver competências que se

traduzem numa sustentável vantagem competitiva. Assim, torna-se óbvio o papel que a

reutilização do conhecimento pode ter no processo de preparação de obra, na medida em que

permite evitar a repetição de erros, implementar soluções inovadoras e optimizar a resolução dos

problemas. Desta forma, obtêm-se preparações de obra mais eficazes e fiáveis e como tal,

aumenta a probabilidade de alcançar os objectivos estabelecidos.

Assim, a presente dissertação constitui um documento inovador, que pode servir de referência

e apoio a eventuais trabalhos futuros, quer na área da preparação de obra quer na da gestão do

conhecimento, pois o levantamento do estado da arte abrange ambas as temáticas e o modelo

proposto inclui não só uma metodologia para a realização da preparação das obras, mas também

uma Base de Conhecimento.

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Capítulo 6 – Conclusões

106 Instituto Superior Técnico

6.3.2. Contribuição para a indústria

A mais-valia da elaboração desta dissertação resulta não só da apresentação de um modelo

para a realização da preparação das obras, mas sobretudo do facto de este incluir uma Base de

Conhecimento. Esta ferramenta constitui uma inovação na medida em que permite adaptar a

gestão do conhecimento à indústria da construção e, simultaneamente, implementar na empresa

cooperante ou outras do ramo, a prática do debriefing, crucial para recolher e compilar o

conhecimento interno das organizações. Através desta técnica é possível efectuar uma

retrospectiva crítica das opções e medidas aplicadas em cada obra, para determinar quais as

actividades ou áreas que apresentam mais dificuldades ou que têm maior sucesso. Deste modo,

as empresas podem definir uma nova estratégia, estabelecendo acções correctivas ou preventivas,

procurando soluções mais adequadas e incentivando a aplicação das práticas mais bem

sucedidas. Simultaneamente, a Base de Conhecimento permite, em tempo real, a consulta e

edição do conhecimento resultante da experiência que os colaboradores adquiriram nas obras

executadas, bem como a sua partilha por toda a organização.

Por outro lado, com a realização da preparação das obras de acordo com a metodologia

proposta no modelo, obtém-se um maior controle sobre o desenvolvimento da obra, podendo-se

antecipar e corrigir situações desfavoráveis. Adicionalmente, a consulta da Base de

Conhecimento durante este processo permite preparar de forma mais sustentada e realista as

futuras obras a executar, na medida em que se minimizam os factores de risco e incerteza

associados à actividade da construção. Deste modo, os custos serão menores e os prazos mais

facilmente cumpridos, o que se traduz numa maior probabilidade de sucesso na fase de execução.

Assim sendo, conclui-se ter sido dado o primeiro passo para o início de um ciclo de

melhoria contínua, baseado na reutilização do conhecimento e que originará resultados

económicos mais satisfatórios.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 107

6.4. Limitações

Um das principais limitações desta dissertação foi a escassez de tempo, pois foi necessário

despender um tempo considerável para aprender a trabalhar com o software escolhido (Microsoft

Access 2007), visto este não fazer parte do currículo do mestrado. Além disso, a recolha de dados

na empresa nem sempre foi imediata, pois havia que conciliar as disponibilidades dos

colaboradores.

Como o processo de preparação de obra é muitas vezes desprezado pelas construtoras,

existem poucos estudos sobre o assunto, o que dificultou substancialmente a pesquisa

bibliográfica tanto a nível nacional como internacional. Tal facto, prende-se a diversos motivos,

sendo o mais frequente o atraso no início das obras e sua constante prorrogação, fruto da

escassez de meios e recursos, assim como o curto intervalo de tempo disponibilizado para o

estudo das obras, desde que o director de obra termina uma obra e inicia outra.

Outra das condicionantes para o desenvolvimento deste trabalho foi a falta de recursos, o que

impossibilitou a utilização de programas mais completos e avançados como o Microsoft

SharePoint Server 2007, tendo-se por isso escolhido o Microsoft Access 2007.

Por fim, salienta-se a ainda fraca consciencialização e sensibilidade por parte da maioria dos

profissionais do sector para o tema, por medo de serem julgados ou perderem valor, apesar das

chefias compreenderem a sua importância e incentivarem a sua aplicação.

6.5. Trabalhos futuros

O sucesso das obras depende não só de uma adequada preparação, mas também da sua

correcta execução, resultando num produto final com qualidade. Assim, propõe-se a inclusão, na

Base de Conhecimento, de campos relativos à verificação da qualidade das obras, pois o

derradeiro sucesso é sempre a satisfação do cliente.

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Capítulo 6 – Conclusões

108 Instituto Superior Técnico

Note-se que para que qualquer sistema de gestão do conhecimento seja eficaz, é necessário o

envolvimento dos colaboradores. Para tal, sugere-se que o modelo proposto esteja disponível

tanto através da Intranet da empresa como da Internet, de modo a que seja possível reunir mais

conhecimentos e mais facilmente disseminá-los por toda a organização e todas as obras,

independentemente do local geográfico em que se situem. Além disso, seria proveitoso efectuar

avaliações periódicas do modelo implementado, com o intuito de medir o seu grau de eficácia ao

longo do tempo e recolher as sugestões de melhoria por parte dos utilizadores.

Outra forma de promover a partilha de conhecimento seria a concepção de fóruns de

discussão online entre membros de equipas de trabalho diferentes.

Por fim, considera-se que a evolução natural do estudo realizado na presente dissertação teria

em vista a implementação de sistemas de gestão documental e de gestão da informação, o que

constituiria um importante complemento ao modelo proposto, completando assim o ciclo da

informação.

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil 109

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112 Instituto Superior Técnico

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Anexos

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil A3

Anexo I – Fichas de caso de estudo (Preparação de obra)

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Anexos

A4 Instituto Superior Técnico

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil A5

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Anexos

A6 Instituto Superior Técnico

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil A7

Anexo II – Fichas de caso de estudo (Acompanhamento de obra)

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Anexos

A8 Instituto Superior Técnico

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil A9

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Anexos

A10 Instituto Superior Técnico

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil A11

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Anexos

A12 Instituto Superior Técnico

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil A13

Anexo III – Questionários

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Anexos

A14 Instituto Superior Técnico

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Procedimento de Preparação e Acompanhamento de Obra

Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil A15