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COMISSÃO DE AVERIGUAÇÃO PRELIMINAR FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação) - CÂMPUS de BAURU PROCESSO Nº 935/15 1 RELATÓRIO FINAL Aos vinte e três dias do mês de setembro do corrente ano, na sala de Reuniões do Departamento de Comunicação Social, reuniu-se a comissão de apuração preliminar, e o representante da OAB, para oferecer relatório final, que segue lançado nos termos abaixo alinhavados. O presente procedimento foi instaurado em razão de notícia trazida pelo Prof. Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier, em ofício datado de 24 de julho de 2015. Segundo relato, houve a prática de pichações racistas em face de sua pessoa, contra mulheres negras da instituição e coletivos de jovens afrodescendentes. O referido ofício informa que tais atos foram praticados no banheiro masculino de uso comum do DCSO, com juntada de fotografias, conforme se verifica as folhas de número 03 a 13. Expedida a portaria FAAC n.64 de 27 de julho de 2015 (fls.14), foi juntado aos autos ofício n.65/2015 da ordem dos Advogados do Brasil, 21 ª Subseção Bauru, com indicação do Dr. Antônio Carlos da Silva Barros para acompanhar os trabalhos (fls.16). Em razão de novos fatos verificados no Campus, o vice-diretor da FAAC determinou a juntada de novos documentos, como se verifica as folhas 17 a 23 apresentadas pelo discente Pedro Borges Franco Zimmerman do Nascimento, do curso de jornalismo. Diante de pedido formalizado pela servidora Adriana Marineli Gonçalves Alves de Souza, a autoridade expediu portaria complementar, com indicação da servidora Natalia Martin Viola para secretariar a comissão (fls. 24/26). Em complemento foi juntado outros documentos (Ata de reunião aberta da Congregação da FAAC do dia 30 de julho de 2015 fls. 27/30; Moção do Departamento de Educação Física fls. 31; Moção de Repúdio da Diretoria da FAAC - fls. 32 e 32vv; Nota do Diretor da FAAC à comunidade em geral - fls. 33; Nota do GAC - fls.34; Proposta de Congregação Aberta do Prof. Clodoaldo M. Cardoso - fls. 35). No dia 06 de agosto de 2015 a comissão se reuniu para instalar os trabalhos, ocasião em que deliberada a tomada de depoimentos como testemunhas: Prof. Dr.

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COMISSÃO DE AVERIGUAÇÃO PRELIMINAR – FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação) - CÂMPUS de BAURU

PROCESSO Nº 935/15

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RELATÓRIO FINAL

Aos vinte e três dias do mês de setembro do corrente ano, na sala de Reuniões

do Departamento de Comunicação Social, reuniu-se a comissão de apuração

preliminar, e o representante da OAB, para oferecer relatório final, que segue lançado

nos termos abaixo alinhavados.

O presente procedimento foi instaurado em razão de notícia trazida pelo Prof.

Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier, em ofício datado de 24 de julho de 2015. Segundo

relato, houve a prática de pichações racistas em face de sua pessoa, contra mulheres

negras da instituição e coletivos de jovens afrodescendentes. O referido ofício informa

que tais atos foram praticados no banheiro masculino de uso comum do DCSO, com

juntada de fotografias, conforme se verifica as folhas de número 03 a 13.

Expedida a portaria FAAC n.64 de 27 de julho de 2015 (fls.14), foi juntado aos

autos ofício n.65/2015 da ordem dos Advogados do Brasil, 21ª Subseção Bauru, com

indicação do Dr. Antônio Carlos da Silva Barros para acompanhar os trabalhos (fls.16).

Em razão de novos fatos verificados no Campus, o vice-diretor da FAAC

determinou a juntada de novos documentos, como se verifica as folhas 17 a 23

apresentadas pelo discente Pedro Borges Franco Zimmerman do Nascimento, do

curso de jornalismo.

Diante de pedido formalizado pela servidora Adriana Marineli Gonçalves Alves

de Souza, a autoridade expediu portaria complementar, com indicação da servidora

Natalia Martin Viola para secretariar a comissão (fls. 24/26).

Em complemento foi juntado outros documentos (Ata de reunião aberta da

Congregação da FAAC do dia 30 de julho de 2015 – fls. 27/30; Moção do

Departamento de Educação Física – fls. 31; Moção de Repúdio da Diretoria da FAAC -

fls. 32 e 32vv; Nota do Diretor da FAAC à comunidade em geral - fls. 33; Nota do GAC -

fls.34; Proposta de Congregação Aberta do Prof. Clodoaldo M. Cardoso - fls. 35).

No dia 06 de agosto de 2015 a comissão se reuniu para instalar os trabalhos,

ocasião em que deliberada a tomada de depoimentos como testemunhas: Prof. Dr.

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Juarez Tadeu de Paula Xavier; funcionária da empresa terceirizada, Sra. Maria Santos

Pereira; a coordenadora do GT do NUPE, Profª. Dra. Andresa Ugaya; representantes

dos coletivos “Kimpa”, “Abre Alas” e “Prisma” (fls.36).

Deferida ainda, a participação dos representantes da OAB/SP, Seccional Bauru,

Dr. Luiz Eduardo Penteado Borgo (OAB 259861/SP) e Dr. Antônio Carlos da Silva Barros

(OAB 114467/SP).

Expedidas as notificações (fls. 37/50), a comissão solicitou a prorrogação dos

trabalhos (fls. 51) com indicação das tarefas realizadas, com deferimento pela

autoridade conforme despacho de fls. 51vv. Na mesma data, a presidente da comissão

encaminhou pedido com solicitações especificas conforme de verifica nas fls. 52,

sendo que a autoridade comunicou as medidas adotadas, conforme despacho de fls.

52vv.

Ainda no dia 31 de agosto de 2015, a comissão realizou oitivas das

testemunhas:

Prof. Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier (fls.53/57);

Funcionária da empresa terceirizada, Sra. Maria Santos Pereira (fls. 58/59);

Funcionária da empresa terceirizada, Sra. Cristiane Aparecida Neves da Silva

(fls. 60/61);

Coordenadora do NUPE, Profª. Dra. Andresa Ugaya (fls. 62/64);

Representante do coletivo “Kimpa”, Leticia Lucas de Maceno (fls.65/66);

Representante do coletivo “Kimpa”, Ana Carolina Moraes (fls. 67/68);

Representante do coletivo “Abre-Alas”, Julia Vieira da Conceição (fls.

69/70);

Além disto, a comissão registrou a ausência de representante do Coletivo

“Prisma” muito embora devidamente notificado (fls. 71); e ainda indicou pontuar

correções e medidas a serem realizadas (fls. 72/73).

Encaminhada a solicitação (fls. 74) foi juntada aos autos a resposta com

documentos (fls. 75/77).

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A comissão tomou conhecimento informal de que a secretária Natalia possuía

informações relevantes pelo que colhido seu depoimento às fls. 78/80, com juntada de

fotografias às fls. 81/85.

Esses foram os trabalhos desenvolvidos pela comissão que passa a relatar e

opinar.

AÇÕES RACISTAS OCORRIDAS NO ESPAÇO DO CÂMPUS BAURU DA UNESP

A Comissão de Apuração Preliminar (CAP), de natureza investigativa em razão

dos fatos e atos racistas praticados no Campus de Bauru e que deram origem ao

Processo nº 935/15, instruído conforme relatos formalizados na documentação que o

institui, através da Portaria FAAC nº 64 de 27 de julho de 2015 e alterada pela Portaria

FAAC nº 69 de 18 de agosto de 2015, composta pelos membros: professora Adjunta

Maria Cristina Gobbi (Departamento de Comunicação Social), professor Dr. Clodoaldo

Meneguello Cardoso (Departamento de Ciências Humanas); servidor Edvaldo José

Scoton (Departamento de Ciências Humanas), servidora Adriana Marineli Gonçalves de

Souza (Observatório de Educação em Direitos Humanos), que por afastamento médico

foi substituída pela servidora Natalia Martin Viola (Departamento de Comunicação

Social), Dr. Luiz Fernando Barcellos (Procurador da Universidade), dos representantes

da Seccional Bauru da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Dr. Luiz Eduardo

Penteado Borgo e Dr. Antônio Carlos da Silva Barros, sob a Presidência da professora

Adjunta Maria Cristina Gobbi, foi instalada no dia 06 de agosto de 2015, na sala 69 da

Central de Salas da UNESP, para averiguar, no prazo de 30 (trinta) dias, a denúncia de

atos racistas ocorridos no mês de julho no banheiro masculino próximo ao

Departamento de Comunicação Social, conforme ofício enviado em pelo professor Dr.

Juarez Tadeu de Paula Xavier, chefe do Departamento de Comunicação Social e

diretamente citado nas inscrições racistas, sem prejuízo da apuração/investigação de

fatos que se ligam ao objeto principal, notadamente na seara dos Direitos Humanos.

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Com essa finalidade, foi estabelecido um plano de trabalho que abrangeu sete

eixos:

Oitiva do professor Dr. Juarez de Paula Xavier;

Oitiva das funcionárias terceirizadas, responsáveis pela limpeza dos

banheiros;

Oitiva dos representantes dos coletivos KIMPA, ABRE-ALAS E PRISMA;

Oitiva do representante do NUPE;

Oitiva de servidores;

Análise do material coletado e definição de ações para o relatório final;

Fechamento do relatório.

Desde a instalação da Comissão várias discussões e propostas de

encaminhamento foram desenvolvidas com o objetivo de averiguar as causas, razões e

consequências das ações de racismo ocorridas no banheiro masculino próximo ao

Departamento de Comunicação Social, buscando definir mecanismos para a completa

extinção de atos dessa gravidade no Câmpus Bauru da UNESP.

A Comissão esteve, durante todo o período, atenta e realizando um esforço

considerável para desdobrar essas atividades de maneira que permitisse a escuta de

todos os interessados e envolvidos no tema: vítimas; profissionais da limpeza,

estudantes, professores, funcionários e todos aqueles que, de alguma forma, tiveram a

disposição para colaborar com a Comissão. Com essa finalidade, os diálogos sempre

foram viabilizados e realizados.

O objetivo das atividades foi o de aprofundar o contato da Comissão com a

realidade, entendendo as ações realizadas, como por exemplo, a limpeza de algumas

inscrições do banheiro e a fixação de cartazes pelo Campus da UNESP. Além disso,

serviram para compartilhar a responsabilidade com todos os membros da Comissão e

permitir uma escuta ativa da maior quantidade possível de pessoas que sentiram

ofendidas ou participaram de forma direta ou indireta em algumas ações referente ao

episódio citado. Nestas oportunidades, foi possível ouvir testemunhos de pessoas que

se sentiram diretamente ofendidas e tomar contato direto com alguns dos problemas

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enfrentados pela comunidade do Câmpus em relações as diversas formas de

preconceitos e discriminação (racial, religioso, de gênero, classe social, homossexual

etc).

Ao vislumbramos o final dos trabalhos dessa Comissão, resta-nos a percepção

de que há muito por ser realizado. Por esse motivo a CAP recomenda diversas

iniciativas para dar sequência a esta trabalho. É notável a falta de um plano de ação,

em nível institucional, ou mesmo de políticas internas para coibir atitudes como as

constatadas e paralelamente realizar ações propositivas no sentido de esclarecer a

comunidade do Câmpus quanto à gravidade dos episódios e desenvolver mecanismos

didático-pedagógicos que possam trazer temas dessa relevância para a discussão

ampla e aberta com toda a Comunidade do Câmpus. Este relatório foi, portanto,

preparado para sintetizar uma quantidade enorme de informação que chegou à

Comissão e recomendar encaminhamentos para toda a Comunidade do Câmpus da

UNESP de Bauru.

É importante reforçar que os atos de racismo averiguados por essa Comissão

teve lugar em uma IES (Instituição de Ensino Superior) pública, no espaço próximo ao

Departamento de Comunicação, onde existem os cursos de Jornalismo, Rádio e

Televisão e Relações Públicas. Embora essa comissão defenda que toda forma de

preconceito e discriminação, praticados em qualquer espaço, seja público ou privado é

abominável, o fato ocorrido dentro de uma IES, em ambiente de formação de

profissionais da área da Comunicação, acende o alerta vermelho de que se faz

realmente necessário e urgente trazer para a discussão e para o debate no espaço

universitário esses temas transversais.

É fato que o Brasil tem, desde 2002, trabalhado com iniciativas e desenvolvido

açõesa na tentativa de promover a igualdade de oportunidade e de inserção de grupos

socialmente excluídos ou discriminados. Uma das ações mais discutidas recentemente

foram as cotas para negros, indígenas e estudantes de escolas públicas. Em 2012 foi

sancionada a Lei 12.711/2012, conhecida como a Lei de Cotas, que garantiu nas

instituições de ensino superior público federal 50% das matrículas por curso e turno

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para essa parcela da população. Como resultado as IES estão recebendo cada vez mais

estudantes oriundos dessa parcela da população. Isso tem possibilitado ampliar

também o número de docentes, estudantes, servidores e funcionários oriundos das

camadas sociais antes excluídas dessa possibilidade.

Do mesmo modo, a sociedade se alimenta cotidianamente de informações

geradas por diversos veículos comunicativos, e o discurso midiático tem um papel

importante na produção e na manutenção de vários tipos de preconceito. Isso reforça

o desenvolvimento de ações afirmativas a serem realizadas no espaço de todas as

Unidades, especialmente por existir no Câmpus de Bauru os cursos de Jornalismo,

Relações Públicas, Rádio e Televisão, e os comunicadores egressos são formadores de

opinião e atores principais na construção subjetiva da realidade midiática.

Para Borges (2012, p. 187-189), por exemplo, o discurso encontrado na mídia

sobre o negro traz uma conotação estereotipada e carregada de estigmas. Para ele,

pensar as representações do negro nos meios de comunicação de massa é uma “[...]

tarefa urgente para a construção de novos códigos identitários que recobrem fatias

expressivas da população. [...] A despeito de algumas mudanças a respeito da imagem

do negro, existe uma matriz que se replica, um padrão que define o lugar do negro no

sistema de representação”. No Brasil tais espaços podem ser estremados como no

esportivo (futebol) e na música (samba), por exemplo. A imagem associada ao negro é

quase sempre ligada à força muscular e na mídia, frequentemente, estão nas páginas

da seção policial ou quando representada nos filmes, minisséries, telenovelas, entre

outras formas de entretenimento, estão em posições de inferioridade em relação aos

demais protagonistas.

Embora atualmente já seja possível encontrar negros trabalhando na imprensa,

isso de maneira alguma pode ser atribuído ao fim do preconceito ou das produções

preconceituosas por parte dos veículos comunicativos. Um exemplo recente, datado

de julho de 2015, foram os comentários racistas expresso na página do Jornal Nacional

no “facebook” contra a jornalista Maria Júlia, da Rede Globo. Outro fato foi a

condenação, em 2009, do jornalista Paulo Henrique Amorim por injuria racial cometida

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contra o colega e também jornalista Heraldo Pereira. Ou ainda o caso das bananas

atiradas no senegalês nas ruas de São Paulo, em setembro de 2015. E poderiam ser

citados muitos outros casos. Isso somente demonstra que o racismo ainda persiste no

Brasil, podendo ocorrer de forma explicita ou velada, através daquilo que chamamos

racismo camuflado.

Diferente fator, igualmente importante e que deve ser mencionado, é que o

relato desses crimes, embora possa parecer amplo e constante, de maneira alguma

ocupam as pautas dos veículos de comunicação, podendo ser considerado incomum,

condenando todo um grupo a uma espécie de ‘invisibilidade’ social. “Não existe uma

cobertura diária sobre o fato de que mais de 841 milhões de brasileiros são tratados de

forma inferior, têm os piores empregos e os piores salários, são barrados ao longo da

vida inteira por barreiras fortes, poderosas e invisíveis a olho nu” (LEITÃO, 2007, p. 44).

Se, por um lado, afiançam alguns pesquisadores, na década de 1960 o espaço

midiático do negro ficava restrito aos papéis de escravos, ‘malandros’ ou profissionais

“[...] com baixo prestígio social, como empregada doméstica ou motorista”, na década

seguinte, “[...] o número de atores negros começou a aumentar” (MIRANDA,

GRIGOLETI; MONEZZI, 2010, p. 3).

Mas foi somente a partir dos anos de 1980, com os processos de

redemocratização, que “(...) a imprensa passou a mudar sua postura. Livre da censura

da ditadura, a mídia assumiu um caráter denunciativo” (MIRANDA, GRIGOLETI;

MONEZZI, 2010, p. 2), onde alguns atos de racismo ocorridos em espaços como

indústria, escolas, praças públicas, cinemas, teatros etc. denunciavam de forma

contundente a violência contra os negros. Assim, com diversas contradições e em

menor ou maior escala, dependendo do veículo midiático, desde a década de 1980 a

mídia vem ampliando a participação do negro em seus produtos jornalísticos e/ou de

entretenimento e as agências de publicidade têm desenvolvido campanhas para esse

segmento. Mas o que se pode assinalar é que muito ainda precisa ser feito.

1 Atualizado para os dias de hoje podemos falar em mais de 100 milhões.

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Outra ação importante ocorrida nessa mesma época foi quando da

comemoração do centenário da abolição dos escravos, o combate ao racismo foi

tratado como tema na Campanha da Fraternidade da Igreja Católica e a “[...]

vencedora do carnaval carioca foi a escola de samba Vila Isabel, que falou do

movimento negro, além de todo um movimento internacional liderado pela ONU para

o fim do Apartheid na África do Sul”. Também a Constituição brasileira de 1988 “[...]

passou a considerar o racismo como crime, o que foi regulamentado no ano seguinte,

pela a Lei 7.716/89 (Lei Caó), do deputado Carlos Alberto Caó”. (MIRANDA, GRIGOLETI;

MONEZZI, 2010, p. 4)

Uma forma de combate ao preconceito é através da ampla discussão e da

reflexão crítica sobre o tema, sendo a universidade e os cursos de comunicação

espaços privilegiados para o desenvolvimento dessas ações. “Quando a mídia opta por

não falar de racismo, deixa de prestar um grande serviço à sociedade no sentido de

contribuir para que o Brasil assuma seus preconceitos [...] falar sobre o preconceito

étnico-racial é um tabu na sociedade brasileira e esse tabu se reflete na mídia”.

(SANTOS, 2014, p. 5). É fundamental que a sociedade entenda que a imagem, por

vezes negativa do negro é uma questão histórica e cultural e “[...] após a abolição, os

negros foram jogados para fora do mercado de trabalho e passaram de escravos para

desempregados, ociosos, inferiores. Nossa cultura construiu o negro numa condição

submissa" (ARAÚJO, 2006, p. 53).

É importante mencionar o fato de que a UNESP aderiu (somente) a partir de

2014 a Política de Cotas, seguindo o modelo das IES federais, para inserção de forma

gradativa de alunos pertencentes a esse segmento social, bem como para aos

estudantes de escola públicas (o ápice de 50% será atingido em 2018). Porém, é

fundamental ressaltar que se trata ainda da única universidade estadual de São Paulo

a adotar o sistema de Cotas para alunos de escola pública, negros e indígenas.

Não obstante, são amplamente conhecidos os episódios de racismo e

discriminação ocorridos na UNESP, em seus diversos Câmpus. Assim, não é possível

esconder que há uma problemática que deve ser amplamente debatida por toda a

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comunidade do Campus de Bauru. “Há um silêncio na universidade. O silêncio faz

parte da estratégia. Só pode mudar se a universidade inteira se mobilizar. Quer dizer, a

pressão dos alunos negros, brancos da escola pública, os professores entrarem no

debate, os departamentos, as faculdades, os próprios conselhos da universidade. As

universidades que entraram nas cotas fizeram isso”. (MUNANGA, 2010, p. 60-61)

Para Barbosa (2011), o tratamento dado ao tema está diretamente ligado às

políticas públicas ou mesmo a falta delas, que estão em uma crescente tensão na

sociedade. “A proposição de políticas públicas feitas pelo governo vem provocando um

deslocamento dos modelos hegemônicos. As ações afirmativas e as cotas chegaram

como um novo fator de tensão e confrontam conceitos como o mito da democracia

racial, racismo e miscigenação. O debate retira o tema do anonimato e envolve a

sociedade. O que causa tensão é a maneira como a mídia aborda o assunto, por meio

de um discurso carregado de ideologia que, conforme Marx tem a função de fazer com

que o homem não se reconheça como sujeito”. (BARBOSA, 2011, p.9)

Finalmente, de acordo com o Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito

destinada a apurar as causas, razões, consequências, custos sociais e econômicos da

violência, morte e desaparecimento de jovens negros e pobres no Brasil - CPI –

VIOLÊNCIA CONTRA JOVENS NEGROS E POBRES, divulgado no segundo semestre de

2015 na internet, outras ações igualmente importantes vem sendo realizadas desde os

anos de 1980, como por exemplo: a) Marcha Zumbi de Palmares contra o Racismo,

pela Cidadania e a Vida, em 1995, ano de comemoração do tricentenário da morte do

líder negro quilombola Zumbi dos Palmares; b) O Jornal Nacional do Movimento Negro

Unificado - MNU (1985) com a Campanha Reaja a Violência Racial; c) O Jornal Irohín

que denunciou o assassinato de jovens negros, e trouxe a pauta uma concepção de

extermínio da população negra; e d) a participação brasileira na III Conferência

Mundial Contra o Racismo a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerância Correlata

em 2001 – Durban, África do Sul. (CPI, 2015, 44)

Igualmente, a criação, em 2003, “da SEPPIR – Secretaria de Políticas de

Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e lhe confere o status de

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Ministério. Bem como avanços nas políticas de direitos humanos, o que possibilitou a

ocorrência de outras mudanças, [...] como a criação da Secretaria Nacional da

Juventude, Secretaria Nacional de Direitos Humanos e Secretaria de Políticas para as

Mulheres. Deu-se início à consolidação de um modelo de participação e controle social

das políticas públicas pela realização de conferências e pelo estabelecimento dos

conselhos de direitos. A forte e vigorosa participação do movimento negro vem

garantindo a permanência do debate das ações afirmativas na pauta política nacional e

a necessidade de aprofundar a reflexão sobre a realidade das juventudes brasileiras

tendo os movimentos sociais de jovens e jovens negros como principais

protagonistas”. (CPI, 2015, 45)

Também o SINAPIR - Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que

foi “Instituído pelo Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010), o Sistema

Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR) foi regulamentado pelo Decreto

n° 8136/2013, assinado pela presidenta Dilma Rousseff na abertura da III Conferência

Nacional de Promoção da Igualdade Racial (III CONAPIR), que ocorreu de 5 a 7 de

novembro de 2013, e pela Portaria SEPPIR n.º 8, de 11 de fevereiro de 2014”. (CPI,

2015, 45)

Há outras ações igualmente importantes, como “(...) o movimento “Reaja ou

será morto, reaja ou será morta”, o ENJUNE – Encontro Nacional de Juventude Negra,

e os blogs e páginas dos movimentos negros nas redes sociais”. (CPI, 2015, 45)

No Câmpus Bauru da UNESP, do mesmo modo, algumas ações vem sendo

realizadas, como a criação dos coletivos KIMBA, ABRE-ALAS e PRISMA, a reorganização

do NUPE, com o apoio da UNESP e da FAAC, a realização do VIII Encontro de Direitos

Humanos da UNESP, ocorrido durante a XVII Jornada Multidisciplinar, no período de 11

a 13 de agosto de 2015, que gerou a “Carta Aberta do VIII Encontro de Direitos

Humanos da UNESP”; os cartazes informativos espalhados pelos Coletivos,

conclamando a comunidade para reflexão dos temas ligados as várias formas de

preconceito e discriminação no Câmpus, entre outras. Também, não se desconhece

que no Estado de São Paulo estão sendo implementadas diversas ações para coibir

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fatos semelhantes que tem ocorrido em todo o Estado, entre as quais o programa de

inclusão de mérito das instituições de ensino superior paulista. Deste modo,

reforçamos que essas ações devem ser ampliadas e a questão do preconceito e da

discriminação, todos os seus efeitos e consequências devem ser debatidos

amplamente.

É importante mencionar que os fatos averiguados são atos que ofendem a

pessoa humana e se constituem em crime, de acordo com a legislação vigente no País.

No caso do professor Juarez, citado nominalmente nas pichações, faz-se basilar

destacar que o mesmo presta relevantes serviços para a comunidade unespiana e

local. No período em que está na UNESP foi coordenador do curso de jornalismo e

atualmente é chefe de departamento, membro atuante de diversas instâncias

colegiadas e responde pela coordenação executiva do NUPE (Núcleo Negro da UNESP

para Pesquisa e Extensão). Sua trajetória contempla, ainda, destacada participação nos

movimentos de combate às diversas formas de preconceito e discriminação, além de

representar a Universidade Estadual Paulista no Conselho Municipal de Cultura. O

professor Juarez apresentou com veemência, para essa Comissão, sua indignação

diante dos fatos. Igualmente importantes e relevantes no cenário de nossa unidade

estão os trabalhos realizados pelas senhoras da limpeza e das alunas que são membros

dos Coletivos, todas ouvidas pela Comissão, que da mesma forma demonstraram

inquietação com as inserções feitas, com a compreensão de que algumas das

expressões pichadas se referiam (individualmente) a cada uma delas, gerando com isso

um sentimento de indignação, revolta e tristeza.

A menção a esses sentimentos se fez necessária, pois a CAP entende e reforça

que a situação ocorreu em um ambiente universitário, espaço privilegiado para

atitudes de respeito à pessoa humana em todos os âmbitos e níveis. Ao mesmo tempo,

é um cenário que oportuniza o desenvolvimento de ações que objetivam o bem

comum e o combate a todas as formas de preconceito, injúria, intolerância e

discriminação, tanto no âmbito da comunidade local interna e externa, como da

sociedade.

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Sob esse prisma, a Comissão, destaca de que foram cometidos dois (02) crimes,

a saber:

a) Injúria Racial constante do artigo 140, § 3º do código penal em face do

Professor Juarez Tadeu de Paula Xavier, em razão da menção de seu nome em uma das

inscrições;

b) Racismo conforme Lei Federal 7716/89 nos termos do artigo 20, diante da

inscrição genérica de intolerância racial.

Defendemos que, de alguma forma, as proposições aqui elencadas possam

colaborar para a definitiva erradicação dos atos de racismo, xenofobia, discriminação

de gênero, opção religiosa e sexual, e de toda espécie de intolerância e discriminação,

no âmbito do Câmpus de Bauru e quiçá que os resultados possam em curto e médio

prazos contribuir para uma sociedade mais justa, inclusiva, cidadã, solidária e

democrática.

Descritas as etapas percorridas e os trabalhos realizados pela Comissão, além

de algumas ponderações sobre conceitos que estão direta ou indiretamente ligados

aos atos de racismo, discriminação e/ou preconceito ocorridos no espaço do Câmpus

da UNESP, em Bauru, a Comissão de Averiguação Preliminar, elenca:

1 Recomendação ao Professor Dr. Juarez de Paula Xavier

Registrar Boletim de Ocorrência e abertura de Inquérito Policial, devidamente

acompanhado do Jurídico da Instituição, referente ao crime de Injúria Racial,

enviando cópias do presente feito para o Delegado Seccional de Polícia, para as

providências cabíveis (Art. 140, § 3º do Código Penal Brasileiro).

Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

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§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem: (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena – reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)

2 Recomendação à Assessoria Jurídica da Unesp Bauru

Realizar Boletim de Ocorrência e abertura de Inquérito Policial por parte do

Jurídico da Instituição, referente ao crime de Racismo, enviando cópias do

presente feito para o Delegado Seccional de Polícia, para as providências

cabíveis (Lei 7716/89, artigo 20).

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,

religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97).

Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de

15/05/97).

§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos,

distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de

divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97).

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios

de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº

9.459, de 15/05/97).

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério

Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de

desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97).

I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material

respectivo; (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97).

II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da

publicação por qualquer meio; (Redação dada pela Lei nº 12.735, de 2012) (Vigência).

III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede

mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência).

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3 Recomendações no âmbito da direção das três Faculdades do Câmpus de Bauru: FE

(Faculdade de Engenharia), FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação),

FC (Faculdade de Ciências) e ao GAC (Grupo Administrativo do Câmpus)

Instituir um canal de comunicação direto com a Comunidade do Campus para a

realização de denúncias sobre crimes raciais e outras formas de preconceito

e/ou discriminação;

Divulgar amplamente informações sobre as ouvidorias da FAAC e da UNESP no

site institucional e em outros canais de comunicação;

Dar maior visibilidade ao Código de Ética da UNESP, com ênfase às relações

interpessoais democráticas e solidárias na vida acadêmica, envolvendo

professores, alunos e funcionários;

Apoiar ações e iniciativas do NUPE, dos Coletivos e de outros núcleos da

Unidade para o desenvolvimento de atividades acadêmicas, científicas e

culturais, como cursos, workshops, grupos de discussão, seminários, encontros,

entre outros, que possibilitem a discussão ampla e aberta da questão do

preconceito em todos os seus âmbitos, envolvendo alunos, professores e

funcionários técnico-administrativos;

Estimular, promover e apoiar cursos de formação continuada em temas como

as Leis 10.639/03 e 11.645/08, o Estatuto da Igualdade Racial e demais

temáticas relativas à diversidade étnico-racial, com ênfase no enfrentamento

às situações de abuso, discriminação e violências nas abordagens à população

negra do Câmpus;

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Garantir, no âmbito das unidades, toda a assistência e os encaminhados

internos e externos para os casos de denúncia sobre preconceito ou qualquer

outra forma de discriminação;

Incluir nos conteúdos dos concursos públicos matérias relacionadas ao Estatuto

da Igualdade Racial, Lei Maria da Penha, tratados dos Direitos Humanos e

outras leis no âmbito dos direitos das minorias;

Incentivar os diretórios e centros acadêmicos do Câmpus para que apresentem

novas propostas de prevenção e combate à discriminação, ao preconceito e ao

racismo;

Incentivar projetos artístico-culturais nas unidades que promovam atitudes

críticas à cultura da violência e violação de Direitos Humanos na sociedade

brasileira.

4 Recomendações no âmbito da FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e

Comunicação)

Estimular campanhas, programas e projetos nos espaços da Rádio e da

Televisão UNESP, voltados à promoção da igualdade racial e ao combate a

todas as formas de discriminação e preconceito;

Dar ciência das conclusões da comissão ao interessado.

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5 Recomendação no âmbito das CPP (Comissões Permanente de Pesquisa) do

Câmpus de Bauru

Estimular e a apoiar o desenvolvimento de pesquisas cientificas, nos vários

âmbitos (Graduação e Pós-Graduação), envolvendo docentes e discentes,

sobre a temática.

6 Recomendação no âmbito de Conselhos de Cursos

Promover estudos e debates, em nível de Conselhos de Curso, sobre a

dimensão ética-política do PPP (Projeto Político Pedagógico) de todos os

cursos da universidade (graduação e pós), tendo como base as Diretrizes

Nacionais de Educação em Direitos Humanos (MEC-2012).

7 Recomendação no âmbito do curso de Jornalismo do Campus de Bauru

Estimular a produção por docentes e discentes de artigos que possam

pautar a mídia local e quiçá a nacional sobre a temática.

8 Recomendação no âmbito do NUPE

Estimular a participação de docentes, discentes e servidores técnico-

administrativos nos conselhos da cidade de Bauru que tratam da questão

racial.

9 Recomendação no âmbito dos coletivos

Em função de outras denuncias relatadas para a comissão, que essas sejam

formalizadas em órgãos competentes, como na OAB.

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10 Recomendações à OAB - Subseção de Bauru

Considerando informações relativas a acompanhamento de alunos e alunas

com referência a outros atos ocorridos no âmbito da Universidade ou não,

no sentido de instrumentalização de uma Ouvidoria Externa, composta de

Denúncia a ser objeto de verificação pela OAB, encaminhamento de cópias

do presente feito à Ordem dos Advogados do Brasil, 21ª. Subseção de

Bauru, ao Presidente Dr. Alessandro Biem Cunha Carvalho, visando

abertura de Procedimento junto à Comissão do Negro e Assuntos

Antidiscriminatórios;

Envio de informações sobre os procedimentos desenvolvidos nesta

Instituição à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, ao SOS

Racismo para medidas posteriores junto à Comissão da Instituição

responsável pelo acompanhamento de fatos semelhantes.

Finalmente, a Comissão informa que não logrou êxito em identificar a autoria

das inserções, razão pela qual, recomenda o arquivamento dos autos.

À consideração superior.

Bauru, 23 de setembro de 2015.

COMISSÃO DE AVERIGUAÇÃO PRELIMINAR (CAP)

_____________________________________

Profa. Adj. Maria Cristina Gobbi

Presidente da Comissão de Apuração

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_____________________________________

Prof. Dr. Clodoaldo Meneguello Cardoso

Membro da Comissão de Apuração

_____________________________________

Servidor Edvaldo José Scoton

Membro da Comissão de Apuração

_____________________________________

Servidora Natalia Martin Viola

Secretária da Comissão de Apuração

_____________________________________

Dr. Luiz Fernando Barcellos

Assessor Jurídico

_____________________________________

Dr. Antônio Carlos da Silva Barros

Advogado da OAB-Bauru

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Referências

ARAÚJO, Joel Zito. “Estratégias e políticas de combate à discriminação racial na mídia”. MUNANGA, Kabengele (org). In: Estratégias e políticas de combate ao racismo. São Paulo: Universidade de São Paulo: Estação Ciência, 1996. p. 243–251. BARBOSA, Zilda Martins. Cotas raciais: luta pela auto representação na esfera pública. 2010. Artigo escrito para o VI Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. BORGES, Rosane da Silva. Mídia, racismos e representações do outro. In: BORGES, Roberto Carlos da Silva e BORGES, Rosane. (Org.) Mídia e racismo. Petrópolis, RJ: DP et all; Brasília, DF: ABPN, 2012, p. 180 – 202 CPI - CÂMARA DOS DEPUTADOS. Comissão parlamentar de inquérito destinada a apurar as causas, razões, consequências, custos sociais e econômicos da violência, morte e desaparecimento de jovens negros e pobres no Brasil. CPI – VIOLÊNCIA CONTRA JOVENS NEGROS E POBRES. CD157806818471. RELATÓRIO FINAL COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO HOMICÍDIOS DE JOVENS NEGROS E POBRES. Presidente: Deputado REGINALDO LOPES. Relatora: Deputada ROSANGELA GOMES. Brasília, julho de 2015 MUNANGA, Kabengele. Revista Adusp 2010, São Paulo, p. 61, set. 2010. Disponível em <http://www.adusp.org.br/files/revistas/48/r48a10.pdf>. Acesso em: out. 2012 LEITÃO, Mírian. Como o racismo opera na imprensa. In. RAMOS, Silvia. (Org.) Mídia e racismo. Rio de Janeiro: Pallas, 2007. p. 42 – 50. MIRANDA, Giovani Vieira; SILVA, Millena Grigoleti; MONEZZI, Paula Pinto. A identidade do negro e a questão das cotas raciais na mídia brasileira. Trabalho da disciplina de História da Comunicação, ministrada pela professora Dra. Maria Cristina Gobbi, para o curso de Jornalismo do DCSO, FAAC, Unesp, em 2014. SANTOS, Mariza Fernandes dos. Política de cotas nas universidades brasileiras: novo elemento no debate sobre o ensino de Jornalismo e o preconceito étnico-racial no Brasil. Trabalho apresentado no GT de Historia de la Comunicación. Trabalho apresentado no GT de Historia de la comunicación, realizado no Uruguai, no ano de 2014.