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i LÍDIA DORNELAS DE FARIA TERAPIA POR ONDAS DE CHOQUE ELETROHIDRÁULICAS AUMENTA A ATIVIDADE DA ERK-1/2 E Akt EM TÍBIAS ÍNTEGRAS DE RATOS POR 21 DIAS APÓS ESTÍMULO INICIAL CAMPINAS 2015

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  • i

    LÍDIA DORNELAS DE FARIA

    TERAPIA POR ONDAS DE CHOQUE

    ELETROHIDRÁULICAS AUMENTA A ATIVIDADE DA

    ERK-1/2 E Akt EM TÍBIAS ÍNTEGRAS DE RATOS

    POR 21 DIAS APÓS ESTÍMULO INICIAL

    CAMPINAS

    2015

  • ii

  • iii

    Universidade Estadual de Campinas

    Faculdade de Ciências Médicas

    LÍDIA DORNELAS DE FARIA

    TERAPIA POR ONDAS DE CHOQUE ELETROHIDRÁULICAS

    AUMENTA A ATIVIDADE DA ERK-1/2 E Akt EM TÍBIAS ÍNTEGRAS

    DE RATOS POR 21 DIAS APÓS ESTÍMULO INICIAL

    Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências

    Médicas da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos

    exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências, área de concentração

    em Fisiopatologia Cirúrgica

    Orientadora: Prof. Dr. William Dias Belangero

    CAMPINAS

    2015

    Este exemplar corresponde à versão final da dissertação

    defendida pela aluna LÍDIA DORNELAS DE FARIA e

    orientada pelo PROF. DR. WILLIAM DIAS BELANGERO

    Assinatura do Orientador

  • IV

  • V

  • VI

  • vii

    RESUMO

    A Terapia por ondas de choque (TOC) é uma alternativa não invasiva utilizada

    como método de indução a formação óssea que consiste em pulsos sonoros de

    alta energia transmitidas de modo focal a um tecido específico.

    Artigos demonstram aumento de vascularização, que ativação de proteínas como

    BMP (bone morphogenic protein) e Erk (extracellular signal-regulated kinase)

    induzindo diferenciação osteogênica após sua utilização no tecido ósseo.

    O presente estudo visou avaliar os níveis das proteínas Erk e Akt

    (akutely transforming), envolvidas na cascata protéica responsiva a deformação

    celular gerada por estímulo mecânico e consequente transformação em estímulo

    bioquímico induzindo a osteogênese.

    Os animais selecionados para o estudo foram anestesiados e divididos em

    dois diferentes grupos, onde no dia 1, o primeiro grupo foi submetido a TOC em

    sessão única de 500 impulsos gerados por aparelho eletrohidráulico a

    0,12mJ/mm² na tíbia intacta e o segundo não recebeu TOC. Na sequência,

    os animais foram divididos em 3 subgrupos para cada tempo de segmento de

    7, 14 e 21 dias

    A determinação dos níveis das proteínas propostas foi realizada por meio de

    immunoblotting. A fosforilação das proteínas Erk e Akt dos tecidos ósseos das

    tíbias extraídas dos ratos aumentou nos grupos submetidos a TOC após

    7, 14 e se manteve elevado até o 21° dia quando comparado ao controle.

  • viii

  • ix

    ABSTRACT

    Extracorporeal shock wave therapy (ESWT) is a non-invasive alternative used as a

    method for inducing bone formation that consists of high-energy acoustic pulses

    transmitted in a focal way to a specific tissue. Studies show increase in

    vascularization and expressions of angiogenic growth factors which activate

    proteins such as BMP (bone morphogenical protein) and Erk (extracellular

    signal-regulated kinase), inducing osteogenic differentiation after its use in the

    bone tissue.

    The present study aimed at evaluating the levels of Erk and Akt (acutely

    transforming) proteins involved in the protein cascade responsive to cell

    deformation in biochemical stimulus inducing osteogenesis.

    Thirty male Wistar rats were selected randomly and divided in two different groups.

    The control group received anesthesia and the treated group was submitted to

    anesthesia and shock wave therapy in a single 500 pulse-session generated by an

    electrohydraulic device at 0,12mJ/mm² in intact tibia and fibula and the second did

    not receive ESWT. Then the animals were divided into 3 sub-groups, one for each

    segment times of 7, 14 and 21 days.

    Immunoblotting analysis was performed to determine the levels of the proposed

    proteins. The Erk and Akt protein phosphorylation of the bone tissues of extracted

    tibia from the animals increased in the groups submitted to ESWT and kept

    elevated until the 21st day when compared to the control group.

  • x

  • xi

    SUMÁRIO

    Pág.

    RESUMO...................................................................................................... vii

    ABSTRACT.................................................................................................. ix

    DEDICATÓRIA............................................................................................ xiii

    AGRADECIMENTOS................................................................................... xv

    LISTA DE FIGURAS.................................................................................... xvii

    LISTA DE TABELA..................................................................................... xix

    LISTA DE ABREVIATURAS....................................................................... xxi

    1- INTRODUÇÃO......................................................................................... 1

    1.1- Tecido ósseo - Composição.......................................................... 1

    1.1.1- Matriz Óssea.......................................................................... 2

    1.1.2- Células ósseas....................................................................... 3

    1.2- Formação óssea.............................................................................. 5

    1.2.1- A célula mecanosensora........................................................ 6

    1.2.2- Mecanotransdução................................................................. 10

    1.2.3- Integrinas e quinase de adesão focal (Fak)........................... 12

    1.3- As vias das proteínas Erk e Akt.................................................... 12

    1.4- Terapia por ondas de choque....................................................... 14

    1.4.1- Princípios da geração das ondas de choque........................ 15

    1.4.2- Aplicabilidade em patologias ósseas..................................... 15

  • xii

    2- OBJETIVOS............................................................................................. 18

    2.1- Geral................................................................................................. 18

    2.2- Específico........................................................................................ 18

    3- MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 19

    3.1- Animais............................................................................................ 19

    3.2- Métodos........................................................................................... 20

    3.2.1- Estímulo por ondas de choque............................................... 20

    3.2.2- Extração do tecido ósseo....................................................... 21

    3.3- Immunoblotting............................................................................... 23

    3.3.1- Expressão das proteínas totais e fosforiladas (Erk e Akt)

    envolvidas no processo de mecanostransdução do tecido

    ósseo.....................................................................................

    23

    3.3.1.1- Eletroforese.............................................................. 23

    3.3.1.2- Immunoblotting......................................................... 25

    3.4- Análise Estatística......................................................................... 26

    4- RESULTADOS........................................................................................ 27

    4.1- Expressão das proteínas totais e fosforiladas (Erk e Akt)

    envolvidas na sinalização do estímulo mecânico nos ossos

    das tíbias........................................................................................

    27

    5- DISCUSSÃO............................................................................................ 31

    6- CONCLUSÕES........................................................................................ 36

    7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 37

    8- ANEXOS.................................................................................................. 44

  • xiii

    Aos meus pais,

    Dirceu e Rosa Maria

    pelo amor incondicional.

    Ao meu namorado

    sempre presente,

    Sandro

    por todo apoio e compreensão,

    Ao meu irmão,

    Diego

    pela amizade.

    Aos animais,

    minha fonte de inspiração.

  • xiv

  • xv

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço primeiramente a Deus por me proporcionar saúde e

    sabedoria durante as horas de estudo.

    Ao meu orientador, Dr. William pela confiança, oportunidade e

    ensinamentos de realizar o mestrado e colaboração neste trabalho.

    À grande amiga, Juliana Vecina pela amizade, acolhimento, paciência e

    disposição em me ensinar e ajudar a qualquer momento, além dos conselhos e

    incansáveis horas de laboratório.

    A Capes pela bolsa concedida para que o projeto fosse realizado com

    sucesso.

    À Nilza, grande amiga e companheira, fundamental para que esse

    trabalho pudesse ser realizado durante todos os momentos dessa jornada.

    Alexandre Gabarra pelos ensinamentos e incentivos.

    Ao Dr. Mário Abdalla Saad pela disponibilidade de sua estrutura de

    laboratório e auxílio de seus alunos durante o experimento.

    Ao Mariolani, pelo convívio e ajuda profissional.

    Ao amigo Vinícius Gusmão por ter me passado sua experiência e ajuda

    no processo do presente estudo.

    A grande amiga Valéria, incentivadora do meu ingresso na Unicamp.

    Ao meu namorado e grande incentivador de todas as horas, Sandro.

    Pela paciência nos momentos de ausência e apoio incondicional nesse trabalho.

    Aos meus pais pelo dom da vida e por terem me proporcionado amparo

    emocional e estabilidade para que eu pudesse prosseguir em meus sonhos.

  • xvi

  • xvii

    LISTA DE FIGURAS

    Pág.

    Figura 1 Esquema representativo das células ósseas (Junqueira e

    Carneiro, 2004)........................................................................

    4

    Figura 2 Esquema ilustra a amplificação do estímulo mecânico.......... 9

    Figura 3 Esquema da disposição das integrinas.................................... 11

    Figura 4 Representação esquemática do desenho do estudo............. 14

    Figura 5 Procedimento onda de choque: (a) aparelho de onda de

    choque (b) procedimento de terapia de onda de choque na

    tíbia no rato sob anestesia.......................................................

    19

    Figura 6 Procedimento de extração ósseo: (a) osso da tíbia e fíbula

    extraídos (b) adição do nitrogênio líquido (c) masseração do

    osso (d) osso masserado (e) masseração no cadinho

    (f) politronagem do material masserado com Triton.................

    20

    Figura 7 Esquema representativo do processo de pipetagem do gel

    de acrilamida, seguido da eletroforese e transferência para a

    membrana de nitrocelulose, adição dos anticorpos dos

    anticorpos e por fim representação após procedimento de

    revelação.................................................................................

    22

    Figura 8 Gráficos e Blots demonstram a fosforilação em tecido ósseo

    de pAkt e Akt em 7, 14 e 21 dias..............................................

    26

    Figura 9 Gráficos e Blots demonstram a fosforilação em tecido ósseo

    de pErk e Erk em 7, 14 e 21 dias.............................................

    29

  • xviii

    Figura 10 Efeito do estímulo mecânico produzido pela terapia por

    ondas de choque, onde Blots representativos demonstram a

    fosforilação em tecido ósseo de pErk Os resultados

    representam a média ± DP de 5 animais/grupo.......................

    30

  • xix

    LISTA DE TABELA

    Pág.

    Tabela 1 Apresentação dos valores numéricos da medida em pixels da

    densitometria óptica das diferentes bandas e suas

    respectivas médias e desvio padrão.........................................

    28

  • xx

  • xxi

    LISTA DE ABREVIATURAS

    Akt Akutely transforming

    AMPc Monofosfato cíclico de adenosina

    ANOVA Análise de variância

    ATP Adenosina trifosfato

    BMP Bone morphogenic protein

    BMP-2 Bone morphogenic protein-2

    CEMIB Centro Multidisciplinar para Investigação Biológica

    CEUA/IB Comissão de Ética em Experimentação Animal

    DP Desvio padrão

    Erk Extracellular signal-regulated kinase

    Fak Quinase de adesão focal

    FCM Faculdade de Ciências Médicas

    FDA Food and Drug Administration

    GC Grupo controle

    GT Grupo tratado

    IGF-1 insuline-like growth factor

    ip Intra peritoneal

  • xxii

    JNK c-Jun amino (N)-terminal kinases

    kDa Kilo Daltons

    LICRI Laboratório de Investigação Clínica de Resistência à Insulina

    MAPK Mitogen-activated protein kinase

    MEC Membrana extracelular

    MPa Mega Pascals

    NF-κB Fator nuclear kappa B

    NO Óxido nítrico

    PCR Polymerase chain reaction

    PGE Prostaglandina

    PI3K Fosfoinositídeo 3-quinase

    RAKNL Receptor de ativação do fator nuclear kappa B

    Tc-DPD Technetium 3.3-diphosphono-1.2-propandicarbon acid

    TGF-β1 Fator de transformação de crescimento β1

    TOC Terapia por ondas de choque

    USbp Ultrassom de baixa potência

    VEGF vessel endothelial growth factor

  • 1

    INTRODUÇÃO

    O osso apresenta como principal função o suporte da carga do corpo, é

    responsável também por proteção dos órgãos, armazenar cálcio, nutrientes e

    realizar hematopoiese por ter em seu interior a medula óssea, responsável pela

    produção das células vermelhas do sangue (Ham, 1983, Carvalho, 2003,

    Junqueira e Carneiro, 2004), fatores endógenos como hipotiroidismo (Chow et al.,

    1997), tumores (Marx, 1997), osteoporose e o desbalanço nos níveis de cálcio,

    podem interferir no metabolismo do tecido ósseo (Frost, 1973, Oliveira, 2003,

    Coleman, 2006, Hughes e Petit, 2010)

    O osso responde dinamicamente as alterações da carga mecânica,

    sendo, portanto o fundamental mecanismo para que ocorram a formação e a

    degradação ósseas balanceadas em formato e micro arquitetura (Duncan e

    Turner, 1995, Marx, 1997, Carvalho, 2003, Oliveira e Guimarães, 2003) .

    1.1- Tecido ósseo - Composição

    O tecido ósseo maduro é classificado como um tecido conjuntivo

    especializado constituído por células e uma matriz extracelular mineralizada,

    a matriz óssea e suas duas principais formas são imaturo (não lamelar) ou maduro

    (lamelar). O esqueleto embrionário é formado pelo osso membranoso, o qual

    persiste até a idade dos 4 anos e também em calo ósseo de fraturas de adultos e

    crianças. Os ossos longos como o fêmur e tíbia e os chatos que são os ossos do

    crânio e escápula são os dois tipos presentes na estrutura do corpo humano

    (Marx, 1997, Oliveira e Guimarães, 2003, Gartner e Hiatt, 2007, Young et al.,

    2007).

    O osso longo é composto pelas epífises, localizadas em suas

    extremidades as quais são recobertas por cartilagem e logo abaixo, as metáfises

    que durante a fase de crescimento possuem cartilagem de crescimento. A região

  • 2

    epífise-metafisária é composta por osso trabecular ou esponjoso, que consiste em

    uma rede de finas pontes ósseas chamadas trabéculas, sendo essa, uma região

    rica em tecido medular hematopoiético e de intensa atividade metabólica

    (Gartner e Hiatt, 2007).

    Entre as metáfises, há uma porção chamada diáfise ou corpo do osso,

    por onde passa o canal medular, região essa que é formada por osso cortical e é

    externamente revestida pelo periósteo e internamente por tecido mesenquimal

    chamado endósteo. No interior das diáfises há uma rede de condutos para os

    vasos sanguíneos, nutrientes e nervos, denominados canais de Havers,

    dispostos longitudinalmente e os canais de Volkman transversalmente

    (Marx, 1997, Oliveira e Guimarães, 2003, Gartner e Hiatt, 2007, Young et al.,

    2007).

    1.1.1- Matriz óssea

    A matrix extracelular é formada por duas partes, a inorgânica e a

    orgânica. A porção inorgância corresponde a 65% do peso seco total do osso e é

    constituída por bicarbonato, citrato, magnésio, sódio e potássio,

    mas por principalmente, cálcio e fósforo em formato de cristais de hidroxiapatita

    Ca10(PO4)6(OH)2 (Gartner e Hiatt, 2007). O componente orgânico é composto por

    95% de colágeno tipo I e pequenas quantidades de glicoproteínas e

    proteoglicanos, sendo em sua totalidade, constituinte de 35% do peso seco do

    tecido (Gartner e Hiatt, 2007). A associação da hidroxiapatita com o colágeno é o

    que torna o osso elástico e resistente (Marx, 1997).

    O tecido ósseo apresenta em sua composição os canais de Havers,

    e perpendicularmente a eles, os espaços vasculares chamados canais de

    Volkmann. Cada canal haversiano possui osteoblastos em sua periferia interna e

    abriga células osteoprogenitoras (Gartner e Hiatt, 2007). O osso apresenta em sua

    estrutura uma grande quantidade de canalículos, os quais são responsáveis pela

  • 3

    nutrição e troca de íons entre a corrente sanguínea e os osteócitos,

    as células mais numerosas nesse tecido (Junqueira e Carneiro, 2004).

    1.1.2- Células ósseas

    Os osteoblastos se localizam de forma perfilada na superfície óssea,

    onde assumem aparência cuboide e possuem intensa atividade de síntese da

    porção orgânica e de mineralização da matriz óssea, possuem grande importância

    na formação óssea por meio da produção da fosfatase alcalina e osteocalcina.

    No entanto quando sua atividade é diminuída, assumem a forma achatada e são

    aprisionados pela matriz óssea dando origem aos osteócitos (Figura 1) (Oliveira e

    Carvalho, 2003, Junqueira e Carneiro, 2004). Os osteócitos são células pequenas

    e estreladas, as quais comunicam entre si por meio de prolongamentos

    citoplasmáticos delgados em diversas direções localizados em lacunas na matriz

    óssea, apresentam pouca atividade metabólica, mas importante papel na

    manutenção óssea por emitirem sinais entre si quando o osso é submetido ao

    estresse mecânico (Marx, 1997, Oliveira e Carvalho, 2003).

  • 4

    Figura 1- Osteoblastos localizados na periferia do canalículo sintetizam a matriz

    orgânica (em sua maioria colágeno tipo I), após a mineralização da

    matriz óssea, dão origem aos osteócitos. Os osteoclastos se encontram

    na periferia da matriz óssea (Junqueira e Carneiro, 2004).

    Os osteoclastos são as células responsáveis pela reabsorção da matriz

    óssea dos osteócitos, devido as vilosidades para o transporte iônico presentes em

    sua estrutura, onde há concentração de anidrase carbônica, ajuda a acidificar a

    superfície, induzindo a reabsorção e apoptose dos osteócitos, dessa forma,

    novos osteblastos são gerados (Ham, 1983, Marx, 1997, Carvalho, 2003).

    Segundo Hughes e Petit (2010), o osteócito é a principal célula óssea

    capaz de responder ao estímulo mecânico, pois apresenta receptores em formato

    de cílios que são mecanosensíveis, tendo papel fundamental na renovação

    celular. Há quarenta anos, com o auxílio da microscopia eletrônica, foi provado

    que as células ósseas apresentam cílios, no entanto somente na última década foi

    confirmada a correlação dessas estruturas com a regulação da homeostase e

    formação óssea (Revisado por Hoey et al., 2012). Os cílios são estruturas finas

  • 5

    que projetam do citoplasma, geralmente numerosas e curtas constituídas por

    microtúbulos, que possuem subunidades proteicas α e β tubulina, apresentam

    comprimentos variados de 2 a 10μm e de forma coordenada, permite que

    correntes de fluidos impulsionem o contato entre si (Junqueira e Carneiro, 2004).

    1.2- Formação óssea

    O crescimento ósseo compõem um processo fisiológico e controlado

    decorrente da ativação e subsequente formação celular. Esse processo,

    inicialmente descrito por Harold Frost em 1964, ocorre de forma simultânea em

    todo o esqueleto e é composto por três fases principais: crescimento, remodelação

    e modelagem (Frost, 1973, Duncan e Turner, 1995, Hughes, 2010).

    O esqueleto maduro por sua vez, passa por constante reabsorção e

    formação em resposta ao estímulo mecânico por sofrer desgaste como qualquer

    outra estrutura, a sua renovação é baseada na permanente remoção constante da

    matriz óssea que envolve os osteócitos, os quais são substituídos ao longo de

    meses por osteoblastos que promovem a síntese de matriz óssea e a formação de

    um novo osso, dessa forma, o osso está em contínuo processo de remodelação

    com simultânea formação óssea osteoblástica e reabsorção osteoclástica.

    Caso uma dessas vias, absorção e formação, forem alteradas, tal processo é

    afetado levando a diminuição da densidade óssea (Neto, 2003, Carvalho, 2003,

    Gartner e Hiatt, 2007).

    Crescimento: ocorre até os 20 anos de idade, regulado principalmente

    por hormônios e consiste no crescimento trabecular em tamanho do esqueleto

    (Oliveira e Guimarães, 2003, Hughes, 2010).

    Remodelação: ocorre no osso adulto durante toda a vida do indivíduo,

    devido ao desgaste natural e micro lesões induzidas pela contínua variedade de

    estímulos mecânicos oriundos de atividade física e força gravitacional,

    o que incorre na remodelação óssea. Esse processo leva a reabsorção dos

  • 6

    osteócitos pelos osteoclastos e a renovação do tecido ósseo, gerando novos

    osteoblastos (Oliveira e Guimarães, 2003, Hughes, 2010, Little et al., 2011).

    Tal ciclo dura cerca de 3 a 4 meses, sendo influenciado pelo desuso e pelo

    exercício físico, promovendo a reabsorção e formação respectivamente.

    Modelagem: Corresponde ao processo biológico que mantém a forma,

    resistência e tamanho do osso, ou seja, consiste em uma segunda fase que ocorre

    após o remodelamento. Após uma fratura ser consolidada, e o calo ósseo ser

    formado, ocorre o modelamento do calo ósseo, em que os osteoclastos absorvem

    o tecido antigo e os osteoblastos promovem novo tecido ósseo a ser mineralizado

    em sincronia, organizando a fratura que muitas vezes está em desvio (Oliveira e

    Guimarães, 2003, Hughes, 2010).

    Por outro lado, as vias pelas quais estas células entram em apoptose

    devido ao desuso ainda não são totalmente conhecidas (Hughes e Petit, 2010).

    Relatos demonstraram que a falta de aporte nutricional decorrente da pressão

    irregular de fluidos associados à alteração na remoção de toxinas induz a

    apoptose prematura dos osteócitos, resultando em balanço negativo e aumento da

    porosidade óssea (Bonewald, 2006).

    1.2.1- A célula mecanossensora

    Todas as células ósseas são sensíveis a estímulos do meio ambiente,

    tais força gravitacional e atividade física diária, os quais têm ação sobre o

    metabolismo ósseo (Temiyasathit, 2010). Julius Wolff em 1892 descreveu a Lei de

    Wolff, que inicialmente propôs que o tecido ósseo possuía a capacidade de

    adaptar-se a diversas solicitações mecânicas ou cargas, e que responde com

    formação, se houver estresse mecânico ou reabsorção em consequência da

    diminuição do mesmo (Rice 1988, Frost, 2003, Frost, 2004, Little 2011).

  • 7

    Em 1964, Frost lançou a teoria do mecanostato, em que o tecido ósseo

    possui um sensor de deformações que dirige a resposta celular para

    dois caminhos, o da formação ou o da reabsorção, assim deformações relativas

    menores do que 50-100μstrain (1-2Mpa=0,1-0,2kg/mm2) seriam consideradas

    insuficientes e promoveriam a reabsorção óssea enquanto que deformações entre

    1500 até 3000μstrain (60MPa=6kg/mm2) produziriam microfraturas e estimulariam

    a sua neoformação. Para que se tenha uma ideia destes valores fraturas são

    produzidas por pelo menos 25.000μstrain (120MPa=12kg/mm2) (Duncan e Turner,

    1995, Frost, 2003, Scott et al., 2008).

    Os osteoblastos, precursores dos osteócitos, são responsáveis pela

    produção de componentes orgânicos proteicos e RANK (receptor de ativação do

    fator nuclear kappa B), assim como a osteocalcina e osteopontina, responsáveis

    por formação e mineralização ósseas (Gartner e Hiatt, 2007). Os fatores

    endócrinos paratormônio, vitamina D3, prostaglandina 2 e interleucinas 1 e 2,

    secretados naturalmente pelo organismo, estimulam a produção de RANK-L

    (receptor de ativação do fator nuclear kappa B ligante), o fator de diferenciação

    dos osteoclastos. O RANK-L é produzido na superfície dos osteoblastos e ao se

    ligar ao receptor (RANK) na superfície dos osteoclastos imaturos, estimula a

    diferenciação dos mesmos e consequente reabsorção óssea. No entanto para que

    haja o equilíbrio da reabsorção, a osteoprotegerina, também produzida pelos

    osteoblastos, atua competindo pelo sítio de RANK-L e limita a diferenciação dos

    osteoclastos (Little et al., 2011).

    Por muitos anos, os osteoblastos foram estudados como efetores na

    renovação celular e os osteoclastos pela reabsorção. No entanto, os osteócitos

    (célula mais numerosa no tecido ósseo), ganharam repercussão no processo da

    osteogênese, pois estão envolvidos de forma direta no reconhecimento do

    estímulo mecânico, devido a suas propriedades físicas de sustentação e

    bioquímicas de renovação celular mediante a estímulos mecânicos (Burger et al.,

    1995, Martin, 2007, Bonewald, 2006).

  • 8

    Os osteócitos são células que respondem aos estímulos mecânicos ou

    de cisalhamento que ocorrem na sua parede pelo fluxo de líquido que existe nos

    canalículos que ligam estas células entre si, causando assim, uma série de

    reações bioquímicas a nível intracelular responsáveis pela ativação das células

    mesenquimais. Esse processo mecânico e bioquímico ou biológico é denominado

    de mecano transdução. Em resposta a esse estímulo, os osteócitos liberam

    osteocalcina, AMPc (monofosfato cíclico de adenosina) e fatores de crescimento,

    promovendo manutenção da homeostase e saúde ósseas (Gartner e Hiatt, 2007).

    A presença de BMP (bone morphogenic protein), importante proteína reguladora

    da proliferação e diferenciação celular, observada in vitro após o estímulo por fluxo

    de fluido contínuo, também reforça a hipótese de que os osteócitos sejam

    considerados células primárias na mecanotransdução óssea (Santos et al., 2011).

    Ao contrário dos osteoblastos (localizados na periferia do tecido ósseo),

    os osteócitos estão presentes em torno do sistema canalicular distribuídos pela

    estrutura lamelar e próximos entre si, dessa forma, devido a seu grande número e

    localização, estes desempenham importante papel na manutenção da matriz

    óssea por possuírem maior comunicação intercelular. Apresentam

    prolongamentos citoplasmáticos semelhantes a cílios que são sensibilizados

    durante a deformação mecânica e a sua mobilização promove o contato e

    comunicação entre as células vizinhas, o que leva a ativação dos mecanismos

    osteogênicos dos osteoblastos e geram novos osteócitos (Gusmão e Belangero,

    2009).

    Os prolongamentos citoplasmáticos estão permeados pelo fluido

    intersticial, o que favorece a mobilidade e o contato entre os cílios adjacentes, que

    quando submetidos ao estresse mecânico, de forma que um gradiente de pressão

    é gerado movendo este fluido, o qual pressiona as áreas de tensão promovendo o

    contato entre os mesmos e então a amplificação do estímulo mecânico e ativação

    dos osteócitos (Tate, 2003) (Figura 2), o que desencadeia a mobilização

    intracelular de óxido nítrico (NO), prostaglandina (PGE) e adenosina trifosfato

    (ATP) (Hughes e Petit, 2010).

  • 9

    Figura 2- Esquema ilustra a amplificação do estímulo mecânico no espaço

    pericelular (PEM) na membrana extracelular (MEC) permeado por

    fluido onde se localizam os processos citoplasmáticos dos osteócitos,

    permitindo a comunicação entre essas células e levando ao

    desencadeamento da resposta bioquímica intracelular (Modificado de

    Gusmão e Belangero, 2009).

    Para elucidar como a presença dos processos citoplasmáticos é capaz

    de induzir a osteogênese por meio do estímulo mecânico (Reinholt et al., 1990,

    Choi et al., 2008), estudos in vitro simulam o efeito semelhante por meio do fluxo

    de fluido, processo de agitação induzindo pressão de fluidos em células em cultivo

    (Weinbaum et al., 1994). Dentre esses estudos, Malone e col. (2007) utilizaram a

    osteopontina, proteína estrutural extracelular óssea, que está envolvida na cascata

    proteica de ativação da remodelação, para avaliar a resposta dos cílios dos

    osteoblastos ao estímulo por fluxo de fluido. Diante a esse estímulo, foi observado

    o aumento da expressão gênica dessa mesma proteína, no entanto, o mesmo não

    aconteceu em modelos celulares em que os processos citoplasmáticos foram

    previamente removidos pela utilização de cloro hidratado.

  • 10

    1.2.2- Mecanotransdução

    O processo de interação entre um estímulo mecânico,

    gerando deformação do tecido ósseo em nível de membrana plasmática,

    sua transmissão pelo citoesqueleto e a consequente reação bioquímica

    intracelular, é denominada mecanotransdução, o que promove o equilíbrio entre a

    apoptose e a proliferação celular óssea (Gusmão e Belangero, 2009). O estresse

    mecânico ou elétrico ao ser aplicado em um tecido ósseo, gera o aumento da

    pressão de fluidos, e a consequente comunicação intercelular óssea, que por sua

    vez ativa fatores de crescimento em osteoblastos e consequentemente dos

    osteócitos (Mikic e Carter, 1995, Hung, et al., 1996).

    Quando esse estímulo mecânico é aplicado sobre o tecido ósseo,

    e é formada a força de arrasto no meio fluido pericelular, ocorre a amplificação

    desse estresse em 20 a 100 vezes. Isso demonstra que a célula necessita de uma

    deformação relativa ou strain maior do que o tecido ósseo como um todo para

    responder e desempenhar seu papel na mecanotransdução. Essa formação óssea

    ocorrerá após 3 a 5 dias do estímulo aplicado, tempo esse, o necessário para que

    ocorra toda a transmissão da deformação e diferenciação das células

    osteoprogenitoras em novos osteoblastos. (Duncan e Turner, 1995).

    É conhecido que a carga e a atividade física estimulam a renovação

    óssea (Carvalho, 2003), no entanto, métodos geradores de estímulos físicos como

    ultrassom terapêutico e a terapia por ondas de choque (TOC) também são

    capazes de gerar o estímulo de deformação mecânico o qual será amplificado no

    sistema canalicular por meio do fluxo de fluidos levando ao desencadeamento da

    resposta bioquímica intracelular (Rockett e Sousa, 2007, Gusmão et al, 2010).

    Este processo é regulado pela mecanotransdução, ou seja, pela ação

    dos osteócitos que funcionam como sensores mecânico biológicos que a partir de

    um estímulo mecânico induzem respostas biológicas mediadas por proteínas que

    atuam no interior das células do tecido ósseo regulando em parte, a remodelação

    do esqueleto (Duncan e Turner, 1995, Gartner e Hiatt, 2007, Gusmão e Belangero,

    2009, Temiyasathit, 2010).

  • 11

    A resposta celular decorrente do processo da mecanotransdução,

    é iniciada por meio de muitas proteínas transmembrana, dentre elas os canais

    iônicos e integrinas (Figura 3), além de proteínas do citoesqueleto associadas à

    liberação de fatores de crescimento (Wang et al., 2007), esse sistema gerado

    entre a matriz extracelular, integrinas e citoesqueleto interage com o núcleo e

    permite a transmissão do estímulo mecânico gerado no tecido ósseo, o que gera

    deformação da membrana extracelular até o núcleo (Duncan e Turner, 1995).

    De acordo com a disposição dessas estruturas, ocorre um sistema de alavancas,

    de forma em que cada uma se conecte com a outra e permita interações

    sincronizadas da transmissão da deformação mecânica recebida (Gusmão e

    Belangero, 2009).

    Figura 3- Esquema da disposição das integrinas apresentando os dois

    heterodímero α e β localizados no espaço transmembrana compondo

    o citoesqueleto. Actina, vinculina e Paxilina também compõe o

    citoesqueleto e apresentam relevante função na adesão local

    (Adaptado de Turner e Pavalko, 1998).

  • 12

    1.2.3- Integrinas e quinase de adesão focal (Fak)

    As integrinas estão dispostas na membrana plasmática das células,

    e conectam o citoesqueleto a estruturas da matriz extracelular, como colágeno e

    fibronectina. Apresentam-se em heterodímeros compostos por cadeias

    glicoprotéicas α e β os quais se ligam a α-actina do citoesqueleto, dessa forma,

    permitem a migração das células ao longo da matriz extracelular (Gartner e Hiatt,

    2007).

    A transdução dos sinais bioquímicos para o meio intracelular também é

    função das integrinas, as mesmas são ativadas pela FAK (focal adhesion kinase),

    que quando sofrem a deformação mecânica, ativam as cascatas de sinalização de

    diversas proteínas no meio intracelular, promovendo assim a ativação do ciclo

    celular, regulação da expressão gênica, incluindo regulação de apoptose celular e

    reorganização do citoesqueleto (Gartner e Hiatt, 2007).

    Segundo Gusmão e Belangero (2009), esta deformação mecânica

    estimula a Fak (focal adhesion kinase), que ao sofrer deformação mecânica,

    sofre autofosforilação no resíduo de tirosina-397 (Tyr-397) e ativa as cascatas de

    sinalização de diversas proteínas no meio intracelular, dentre elas as vias Akt

    (akutely transforming) Fak/PI3K/Akt/NF-κB e da Erk (extracellular signal-regulated

    kinase) por meio de FAK-Src/Grb2/Sos/Ras-Raf/Mek/Erk-1/2.

    1.3- As vias das proteínas Erk e Akt

    As proteínas do grupo das MAPK (Mitogen-activated protein kinase) são

    responsáveis por reconhecer o estímulo mecânico externo e convertê-los em

    resposta celular. Suas vias estão presentes em todas as células eucarióticas e

    envolvidas nos processos de mitose, motilidade, expressão de genes,

    diferenciação, sobrevivência e apoptose. Dentre as mais estudadas desse grupo

    estão as JNK (c-Jun amino (N)-terminal kinases), p-38 e Erk (Cargnello, 2011).

  • 13

    A Erk é uma proteína efetora que pode exercer suas funções no

    citoplasma e núcleo, isto é a indução da migração, proliferação e diferenciação

    celular, além da inibição da apoptose. Sua ativação ocorre pelos receptores

    tirosina quinase na superfície celular (Cargnello e Roux, 2011). Apresenta várias

    isoformas, destacando-se Erk-1 (44 kDa) e Erk-2 (42KDa), esta última sendo a

    mais importante na resposta ao estímulo mecânico (Gusmão et al., 2010).

    Akt é uma proteína efetora da via Fak, localizada na membrana

    plasmática e responsiva à deformação mecânica, podendo exercer suas funções

    no citoplasma e núcleo da célula óssea. Seu peso molecular é 60 kDa e apresenta

    3 isoformas, entretanto não há descrição de qual é mais importante para a

    resposta ao estímulo mecânico (Gusmão e Belangero, 2009). Estudo demonstrou

    que a Akt fosforilada é capaz de aumentar a permeabilidade da membrana

    plasmática de osteócitos in vitro após o estímulo mecânico, promovendo a

    formação óssea (Batra et al., 2014).

    Trabalhos realizados com a utilização de meios físicos como ultrassom

    terapêutico (Gusmão et al., 2010), terapia por ondas de choque (TOC) (Rockett e

    Sousa, 2007) ou pela atividade física sugerem que os meios físicos estimulam a

    renovação óssea (Carvalho, 2003).

  • 14

    Figura 4- Esquema que demonstra a cascata de sinalização das proteínas Erk1/2

    e Akt e a consequente indução aos fatores da osteogênese.

    1.4- Terapia por ondas de choque

    As ondas de choque (TOC) foram inicialmente utilizadas na medicina

    para fragmentação de cálculos renais em 1980 e posteriormente passaram a ser

    usadas no tratamento de doenças musculoesqueléticas. Dentre as indicações da

    terapia, as principais são a fascite plantar, a epicondilite lateral do cotovelo,

    as tendinoses calcificadas e as pseudoartroses (Rockett e Souza, 2007,

    Scott et al., 2008, Xu et al., 2009).

  • 15

    1.4.1- Princípios da geração das ondas de choque

    O tratamento se caracteriza por aplicar no local da lesão uma

    sequência de pulsos mecânicos sonoros de alta energia com alto gradiente de

    pressão (positiva acima de 100 MPa seguida por uma queda brusca até

    -5 a 10 MPa), em curto espaço de tempo em um ponto específico do corpo

    (Rockett e Souza, 2007).

    Dentre os métodos de geração de ondas de choque focalizadas,

    estão relacionados os aparelhos que emite m as ondas sonoras por meio de

    princípios piezoelétrico, eletromagnético e eletro-hidráulico. A forma de geração

    das ondas de choque eletro-hidráulicas, representam a primeira geração de

    aparelhos utilizados na medicina, no ano 2000 a FDA (Food an Drug

    Administration) norte americana, inicialmente aprovou a utilização da tecnologia

    como tratamento de patologias ortopédicas, e em 2002 a tecnologia

    eletromagnética também se tornou reconhecida (Ogden, 2001, Wang, 2012).

    Além dessas formas de se obter onda sonora com aplicabilidade

    terapêutica na medicina atual, encontra-se a onda de pressão radial, um método o

    qual não é capaz de exceder a barreira do som e possui característica radialmente

    divergente do foco (Rockett e Sousa, 2007).

    1.4.2- Aplicabilidade em patologias ósseas

    Sua ação nos tecidos muscular e tendíneo promove o aumento da

    vascularização (Wang et al., 2003) e nova celularidade com reparação fibro

    conectiva (Alves et al., 2005, Neuland et al., 2008). No osso condral também é

    possível observar células semelhantes aos tecidos moles. Logo, a indução de

    nova inflamação em um tecido inflamatório crônico, pode criar uma nova

    oportunidade de reparação dessa condição anormal da estrutura

    musculoesquelética. Efeitos adversos, tais como sinais de necrose ou displasia

    celular não foram observados nos pacientes tratados com TOC (Brañes e

    Guiloff, 2007). Além disso, estudos clínicos em animais mostraram alinhamento e

  • 16

    neoangiogênese em tendões, após 2-4 semanas e 4-8 semanas de aplicações de

    TOC, respectivamente. (Alves, et al., 2005, Wang et al., 2002).

    O mecanismo celular para a consolidação de fraturas e cicatrização de

    tendões ainda não está totalmente esclarecido. No entanto, relatos da literatura

    evidenciam que a TOC pode promover o crescimento e a diferenciação celular da

    medula óssea (Wang, et al., 2002). Wang e colaboradores (2001) mostraram que

    sua aplicação em fraturas de tíbia de cães, foi capaz de promover a consolidação

    mais eficiente e com maior formação de osso cortical após 12 semanas da terapia.

    Outros estudos obtiveram 75% de sucesso no tratamento de não uniões ósseas e

    fraturas em atraso, o que demonstra que o método pode ser uma excelente

    escolha na consolidação destas patologias (Schaden et al., 2001, Xu et al. 2009).

    Sabe-se que o estímulo mecânico gerado pela força gravitacional e

    atividade física são essenciais para manutenção da homeostase (formação e

    reabsorção) óssea (Duncan e Turner, 1995, Frajacomo et al., 2013). Neste sentido

    a TOC tem sido utilizada nos últimos anos como método alternativo de estímulo

    mecânico inclusive para estimular a consolidação óssea em pacientes com

    pseudoartrose (Schaden et al., 2011, Xu et al., 2009). A consolidação óssea por

    meio do estímulo da TOC ocorre pela expressão de IGF-1 (insuline-like growth

    factor), VEGF (vessel endothelial growth factor), NO (nitric oxide), TGF-β1 (tumor

    growth factor-β1) e BMP-2 (bone morphogenic protein-2), que contribuem para o

    desencadeamento de fatores angiogênicos, secreção do fator

    pro-osteoclastogênico e proliferação e diferenciação das células ósseas (Wang

    et al., 2002, Wang et al., 2003, Tamma et al., 2009, Nortanicola et al., 2011).

    Alguns estudos in vitro investigaram o efeito da TOC na atividade da

    FAK e ERK-1/2, mas nenhum estudo in vivo foi encontrado (Chen et al., 2004,

    Wang et al., 2002, Xu et al., 2009). Por isso, é questionado se a atividade da FAK,

    ERK-1/2 e Akt aumentam após TOC eletro-hidráulicas em ossos íntegros de ratos

    saudáveis. Neste estudo, as tíbias e fíbulas íntegras de ratos Wistar machos foram

    estimuladas com ondas de choque eletrohidráulicas uma única vez para investigar

    a atividade da FAK, ERK-1/2 e Akt após 7, 14 e 21 dias do estímulo inicial.

  • 17

    Levando-se em consideração estes aspectos, o objetivo deste estudo

    foi verificar se o estímulo mecânico produzido por ondas de choque do tipo

    eletro-hidráulico poderiam induzir a formação das proteínas Akt e Erk em ratos

    Wistar, e assim confirmar ou não o efeito que este tipo de tratamento pode ter no

    processo de remodelação do tecido ósseo.

  • 18

    OBJETIVOS

    2.1- Objetivo geral

    Para o presente estudo, propõe avaliar o aumento da expressão de

    proteínas que estimulam a osteogênese em tíbias e fíbulas intactas de ratos após

    7, 14 e 21 dias do tratamento por ondas de choque.

    2.2- Objetivos específicos

    ✓ avaliar a presença da Erk e Akt por meio de immunoblotting nas tíbias e

    fíbulas hígidas dos ratos

  • 19

    MATERIAL E MÉTODOS

    3.1- Animais

    Foram tratados 30 ratos brancos machos (Rattus novergicus) da

    linhagem Unib: W-H, fornecidos pelo Centro Multidisciplinar para Investigação

    Biológica (CEMIB) da Unicamp, com 12 (±2) semanas de idade e massa corpórea

    de aproximadamente 300 gramas (±20). Os animais foram mantidos sob

    condições estáveis de temperatura em estante ventilada a 22°C em ciclos

    claro/escuro de 12 horas controlados, com livre acesso à água e alimentação

    ad libitum. Todo experimento foi conduzido de acordo com protocolo n° 2861-1

    submetido e aprovado pela Comissão de Ética em Experimentação Animal

    (CEUA/IB - Unicamp). Os animais foram divididos em dois grupos: controle (GC-

    somente anestesiados) e tratado (GT) (n=15), e subdivididos de acordo com o

    tempo de seguimento pré-estabelecido em: 7, 14 e 21 dias (Figura 5).

    Figura 5- Representação esquemática do desenho do estudo.

  • 20

    3.2- Métodos

    3.2.1- Estímulo por ondas de choque

    Os animais foram previamente pesados e anestesiados com xilazina

    (5 a 15μg/Kg) e quetamina (80 a 100μg/Kg), via intra peritoneal (ip). Conforme

    Figura 5, foi realizada a tricotomia da região das tíbias bilateralmete em todos os

    animais. Os ratos do GC foram anestesiados, segundo protocolo acima,

    foi realizada a tricotomia e mantidos sem outras intervenções a fim de

    recuperarem-se. O GT, após a aplicação de gel de contato a base de água

    (meio de condução para transmissão da onda de som), receberam estímulo único

    de 500 impulsos a 0,12mJ/mm2 por tíbia aparelho eletro-hidráulico

    (Switech Medical, Activator Vet, 2009) (Figura 6), como descrito previamente por

    Wang et al., 2003. Após o procedimento de estímulo por ondas de choque,

    os ratos foram acondicionados em gaiolas coletivas para 5 animais, como descrito

    no item 3.1.

    Figura 6- Procedimento de TOC: (A) Aparelho Vetgold120 (adaptado do manual

    do fabricante) utilizado para a TOC; (B) Demonstração da aplicação das

    ondas de choque com o animal anestesiado e o transdutor na face

    lateral do membro posterior (500 impulsos a 0,12mJ/mm2) do rato dos

    grupos de estudo (GT; n=5 animais por grupo).

  • 21

    3.2.2- Extração do tecido ósseo

    Este estudo foi realizado no Laboratório de Investigação Clínica de

    Resistência à Insulina (LICRI), na Faculdade de Ciências Médicas (FCM),

    sob a coordenação do Prof. Dr. Mário José Abdalla Saad.

    Decorrido cada tempo de seguimento pré-estabelecido (7, 14 e 21 dias)

    para análise da expressão das proteínas, os animais foram anestesiados por via

    IP (intraperitoneal) sendo protocolo citado acima (item 3.2.1), após a perda dos

    reflexos podal e corneano, as tíbias foram expostas com o auxílio de bisturi,

    os joelhos desarticulados e com auxílio de tesoura apropriada realizou-se a

    osteotomia das diáfises das tíbias e fíbulas, as quais foram imediatamente

    colocadas em um recipiente contendo nitrogênio líquido, fragmentadas e

    homogenizadas (máxima velocidade por 30 segundos; Polytron PTA 20S,

    modelo PT 1035; Brinkmann Instruments) em tampão de extração,

    conforme representado em Figura 4. Em todas as amostras foi adicionado

    triton X-100 1% e as mesmas permaneceram no gelo por 40 minutos.

    Todos os animais foram sacrificados por aprofundamento anestésico após a

    extração das tíbias.

  • 22

    Figura 7- Extração e politronagem: tíbia extraída do animal vivo, adição de

    nitrogênio líquido utilizando cadinho para masseração da tíbia e fíbula,

    procedimento de politronagem do tecido ósseo adicionado a tampão

    de extração, em seguida processo de centrifugação sob refrigeração e

    após obtenção da separação do sedimento e sobrenadante,

    é realizada a quantificação das proteínas utilizando o teste do Biureto.

    O material extraído foi então centrifugado na velocidade de 11.000rpm

    por 40 minutos a 4°C, para remover o material insolúvel. O sobrenadante foi

    utilizado para as etapas seguintes: uma pequena parte para determinar a

    concentração proteica de cada amostra pelo método colorimétrico de biureto em

    comprimento de onda a 540nm e a outra parte foi utilizada para avaliação do

    extrato total, ou seja, separação das proteínas em gel de dodecil sulfato de sódio e

    poliacrilamida (SDS-PAGE), com tampão de Laemmli, acrescido de DTT 200mM,

  • 23

    em proporção de 5:1, mantido sempre a 4ºC até o momento de submeter à fervura

    a 100ºC durante 5 minutos. As técnicas de immunoblotting estão descritas a

    seguir.

    3.3- Immunoblotting

    3.3.1- Expressão das proteínas totais e fosforiladas (Erk e Akt) envolvidas no

    processo de mecanostransdução do tecido ósseo:

    3.3.1.1- Eletroforese: Os aparelhos e reagentes para eletroforese em

    SDS-PAGE foram da Bio-Rad® (Richomond, C.A.), e

    Metanohidroximetilamina (TRIS), fenilmetilsulfonilfluoreto

    (PSMF), aprotinina e ditiotreitol (DTT) foram da Sigma

    Chemical Co. (St. Louis Mo). A membrana de nitrocelulose BA

    85, 0,2μm foi proveniente de Schleider e Schuell.

    Os anticorpos anti-Akt e anti-p-Akt, anti-Erk e anti-p-Erk foram

    obtidos da Santa Cruz Biotechnology Inc®.

    As soluções empregadas no experimento estão descritas abaixo.

    . Tampão de extração: Continha: trisma base 100mM, EDTA 10mM,

    pirofosfato de sódio 100mM, fluoreto de sódio 10mM, ortovanadato de sódio

    10mM, PMSF 2mM (diluído em álcool etílico), triton X 100 1%, aprotimina 10 3%

    (0,1mg/mL). Esta solução foi mantida a 4ºC. O ortovanadato, PSMF e aprotinina

    foram acrescidos no momento do uso.

    . Tampão de Laemmli (5x): Foi utilizado para estocar o material extraído e para

    aplicação no gel de poliacrilamida. Continha: Azul de bromofenol 0,1%,

    fosfato de sódio 1M pH 7,0, glicerol 50% e SDS 20%.

  • 24

    . Solução tampão para eletroforese em gel (SDS-PAGE): Foi utilizada para a

    realização da eletroforese das proteínas extraídas no gel SDS-PAGE.

    A solução foi diluída 1:4. Continha: Trisma base 0,2M, glicina 1,52M,

    EDTA 7,18M e SDS 0,4%.

    . Solução tampão para transferência: Foi utilizada para a transferência das

    proteínas separadas no SDS-PAGE para a membrana de nitrocelulose.

    Continha: Trisma base 25mM, glicina 129mM, Metanol 20% e SDS 0,02% para

    facilitar a eluição de proteínas de alto peso molecular. Foi ser estocada a 4ºC.

    . Solução tampão para SDS-PAGE, gel de resolução (resolving): Foi utilizada

    para o preparo do SDS-PAGE, gel de resolução. Continha: EDTA 4mM, SDS

    25% e trisma base 1,5M. O pH da solução foi ajustado para 8,9 com ácido

    clorídrico.

    . Solução tampão para SDS-PAGE, gel de empilhamento (stacking): Foi utilizada

    no preparo do SDS-PAGE, gel de empilhamento das proteínas. Continha:

    EDTA 4mM, SDS 2% e trisma base 10mM. O pH foi ajustado para 6,7 com

    ácido fosfórico.

    . Solução basal: Solução básica foi utilizada para o manuseio da membrana de

    nitrocelulose após transferência das proteínas. Continha: cloreto de sódio

    0,12M, trisma base 0,01M, Tween 20 0,05%.

    . Solução bloqueadora: Foi utilizada para incubar a membrana de nitrocelulose

    logo após a transferência. Continha: 5% de leite em pó desnatado (Molico®) e

    azida sódica 0,02% dissolvidas em solução basal.

    . Solução para anticorpos: Solução onde foram diluídos os anticorpos

    específicos. Continha: 0,3% de soro albumina bovino (BSA) e azida sódica

    0,02% diluídos em solução basal.

  • 25

    3.3.1.2- Procedimento de Immunoblotting

    Foram aplicados no SDS-PAGE de 1,5mm, 200µg de proteína por

    amostra, sendo o gel balizado por marcador de alto peso molecular comercial,

    para gel de poliacrilamida, da Bio Rad®: PageRuler (Thermo Scientific®).

    A eletroforese foi efetuada em cuba de minigel Mini- PROTEAN® II Cell da

    Bio Rad®, com solução tampão para eletroforese previamente diluída.

    O SDS-PAGE foi inicialmente submetido a 20 volts, até a passagem da linha

    demarcada pela fase de empilhamento (stacking) e 100 volts até o final do gel de

    resolução (resolving).

    A seguir, as proteínas separadas no SDS-PAGE, foram transferidas

    para membrana de nitrocelulose, utilizando-se o equipamento de

    eletrotransferência do minigel da Bio Rad®. Durante a transferência, a cuba foi

    mantida a 120 volts por 150 minutos (Towbin et al., 1979). Para evitar aumento

    excessivo da temperatura, foram efetuadas trocas sucessivas da forma de gelo

    durante a transferência.

    As membranas com as proteínas transferidas foram incubadas em

    solução bloqueadora por duas horas à temperatura ambiente, e depois lavadas

    em solução basal por três sessões de dez minutos para subsequente incubação

    com anticorpo específico. Tal incubação foi feita overnight a 4ºC, sob agitação

    constante e, novamente, as membranas foram lavadas com solução basal por

    quatro sessões de dez minutos. A seguir, utilizando-se a diluição 1:1 dos

    reagentes do kit comercial Pierce Western Blot Signal Enhencer (Thermo

    Scinetific®, Illinois, EUA) adicionou-se 2mL por membrana e incubou-se

    1 a 2 minutos. Após a incubação as membranas foram reveladas com auxílio do

    fotodocumentador ChimioDoc MP (Bio-Rad® Laborarie, Hercules, CA-EUA) uma

    vez identificadas, as bandas, a leitura foi feita por meio de densitometria óptica

    (Un-Scan-It® gel 6.1), quantificando suas áreas. A partir de então, foi realizada a

    análise dos dados, comparando o valor obtido no tecido ósseo do animal controle

    com o submetido à TOC, de forma que sempre haja controle dentro de um

    experimento.

  • 26

    Figura 8- Esquema representativo do processo de pipetagem do gel de

    acrilamida, seguido da eletroforese e transferência para a membrana

    de nitrocelulose, adição dos anticorpos dos anticorpos e por fim

    representação após procedimento de revelação.

    3.4- Análise Estatística

    O immunoblotting foi realizado em triplicata para cada amostra de proteína

    e o resultado final para cada espécime considerado, foi a média dos valores

    obtidos em cada uma das três análises. O resultado final para cada grupo foi dado

    pela média ± desvio-padrão dos resultados de cada espécime intragrupos.

    A comparação entre o GT e seu respectivo GC foi realizada empregando-se

    one-way ANOVA (α=0,05), seguido do teste de Bonferroni com auxílio do

    programa Minitab®17 (Minitab Inc, State College, PA).

  • 27

    4- RESULTADOS

    4.1- Expressão das proteínas totais e fosforiladas (Erk e Akt) envolvidas na

    sinalização do estímulo mecânico nos ossos das tíbias

    Após a aplicação de um único estímulo da TOC, pode-se observar por

    meio da avaliação das médias dos valores numéricos da medida em pixels da

    densitometria óptica das diferentes bandas (Tabela 1) em relação a Erk e Akt o

    seguinte:

    Com relação a Akt houve a modulação de sua expressão no tecido

    ósseo após avaliação por meio de immunoblotting. A atividade de Akt aumentou

    1,77 vezes após 7 dias (p=0.005); 2,8 vezes após 14 dias (p

  • 28

    Tabela 1- Apresentação dos valores numéricos da medida em pixels da

    densitometria óptica das diferentes bandas e suas respectivas médias

    e desvio padrão para os ratos dos GC e GT com sete, 14 e 21 dias de

    seguimento (n=5).

    pAkt Grupo Controle médias/SD Grupo Tratado médias/SD

    7 dias 27,14 23,5 20,97 20,06 15,66 21,47±4,25 51,15 35,49 36,74 38,9 27,39 37,93±9,35*

    14 dias 27,05 21,12 21,11 9,51 25,87 20.93±6,93 51,19 59,3 53,88 54,13 74,47 58,59±13,66*

    21 dias 38,81 19,89 31,59 30,95 39,95 32,24±8,02 62,56 65,9 35,9 41,71 41,65 49,54±13,66*

    pErk1/2 Grupo Controle médias/SD Grupo Tratado médias/SD

    7 dias 15,03 13,15 16,57 22,49 21,19 17,69±4,01 31,73 32,94 34,63 35,42 37,61 34,47±2,27*

    14 dias 6,46 1,82 0,45 1,23 2,13 2,42±2,35 14,84 13,46 16,39 14,19 22 16,18 ±3,43*

    21 dias 54,14 72,13 65,08 78,65 72,84 68,57±9,39 77,77 91,29 81,25 77,44 83,6 82,27 ±5,65*

    *p

  • 29

    *p

  • 30

    #p

  • 31

    DISCUSSÃO

    Segundo Tuner e Pavalko (1998), o processo de formação óssea é

    complexo e mediado por proteínas cuja expressão pode ser induzida por

    estímulos mecânicos externos. Tais estímulos atingem a membrana plasmática

    das células levando a ativação do sistema de proteínas integrina-citoesqueleto-

    núcleo. Dentre as proteínas envolvidas nesse processo, tem-se as vias da Erk e

    da Akt com grande relevância na conversão do estímulo mecânico em biológico no

    interior das células e consequente liberação dos fatores de crescimento e

    osteogênese (Cargnello e Roux, 2011).

    Com o objetivo de avaliar a expressão de Erk e Akt mediante estímulos

    e deformação mecânica, neste estudo foi utilizado a TOC (terapia por ondas de

    choque), alternativa segura e não invasiva utilizada no tratamento de não união

    óssea (Schaden et al., 2001, Rockett e Souza, 2007, Xu et al., 2009).

    O mecanismo de ação pelo qual a TOC estimula a consolidação óssea é pelo o

    aumento da vascularização e consequente aumento do aporte nutricional,

    (Wang et al., 2003). Embora experimentos in vitro tenham demonstrado sua

    eficácia por meio da diferenciação de células osteoprogenitoras, o mecanismo de

    ação pelo qual a onda mecânica ativaria o processo de neoformação óssea ainda

    não está completamente entendido (Tamma et al., 2009, Yu et al., 2014).

    Acredita-se que os estímulos mecânicos gerados pela TOC sejam

    altamente eficientes no processo de estimulação do sistema de

    integrinas/citoesqueleto/núcleo, corroborando com Harold Frost, que em 1964

    lançou a teoria do mecanostato. Para Frost, o tecido ósseo possui um sensor de

    deformações que dirige a resposta celular para dois caminhos, o da formação ou o

    da reabsorção, assim deformações relativas menores do que 50-100μstrain

    (1-2 Mpa=0,1-0,2kg/mm2) seriam consideradas insuficientes e promoveriam a

    reabsorção óssea enquanto que deformações entre 1500 até 3000μstrain

    (60MPa=6kg/mm2) produziriam microfraturas e estimulariam a sua neoformação.

  • 32

    A título de quantificação, fazendo uma analogia, fraturas são produzidas por pelo

    menos 25.000μstrain (120MPa=12kg/mm2) (Duncan e Turner, 1995, Fritton et al.,

    2000, Scott et al., 2008).

    Mais recentemente You e colaboradores (2001) mostraram que a

    deformação relativa para o estímulo celular deve ser de aproximadamente

    10.000 a 100.000μstrain, ou seja, mais de 30 vezes maior do que o suportado pelo

    tecido ósseo. Deste modo, autores sugeriram que a estrutura composta pelos

    canalículos ligando os osteócitos e o citoesqueleto de actina e permeados por

    fluido no espaço pericelular, que é responsável pela amplificação do estímulo

    mecânico (Tate, 2003). Embora ainda não exista comprovação experimental

    definitiva, os osteócitos seriam as células responsáveis por este controle da

    remodelação óssea (Neve et al., 2012). Com base na teoria do mecanostato,

    faz-se possível aventar que o estímulo promovido pela TOC tenha sido

    amplificado de modo a manter a modulação da osteogênese por meio da

    expressão das proteínas Erk e Akt até 21 dias após uma única aplicação de

    500 pulsos a 0,12mJ/mm2.

    Ao fazer uma comparação com o ultrassom de baixa potência (USbp),

    utilizado por Gusmão e colaboradores (2010) com o objetivo similar de induzir

    proteínas envolvidas na osteogênese por meio de estímulo mecânico, o efeito da

    onda de choque tende a ser mais prolongado e possivelmente mais eficiente.

    Uma vez que o estímulo único promovido pela TOC manteve níveis elevados da

    expressão de Erk1/2 e da Akt mesmo após 21 dias o USbp embora tenha tenha

    induzido a expressão de Fak e Erk 1/2 após sete e 14 dias de estímulo diário,

    os níveis não se mantiveram elevados aos 21 dias de estímulo contínuo,

    não havendo assim efeito cumulativo da terapia.

    O protocolo estabelecido para tratamento com USbp é de um estímulo

    diário (Gusmão et. al., 2010 Xue et al., 2013), ao passo que o protocolo da TOC é

    de um único estímulo (Wang et al., 2003). Comparando-se os resultados do

    estudo de Gusmão e colaboradores (2010) com o presente estudo, observa-se

    que o tratamento com USbp aumentou a atividade da Erk somente por 14 dias nos

  • 33

    ossos íntegros de ratos. Provavelmente, 14 dias não é tempo suficiente para

    aumentar a massa óssea de forma significativa, o que pode justificar a

    superioridade da TOC para aumentar a massa óssea nos ossos íntegros sadios,

    com osteoporose e com deficiência de estrógeno (Van der Jagt et al., 2009,

    Van der Jagt et al., 2013).

    A diferença entre a atividade da Erk após TOC comparada com a

    atividade da Erk após estímulo com USbp é consistente com os achados de

    Tam e col. (2008) que compararam, num modelo in vitro, a resposta de células

    periosteais humanas após TOC e USbp isoladamente e em conjunto. Os autores

    observaram que o USbp aumenta a proliferação celular, atividade da fosfatase

    alcalina e mineralização óssea após 6 dias de estímulo diário e que as amostras

    submetidas a TOC só iniciam esse aumento 18 dias após estímulo único.

    Os autores relacionaram a resposta tardia da TOC ao fato do aumento da

    permeabilidade de membrana e liberação das citocinas terem seu pico nesse

    período (Wang et al., 2003), enquanto o efeito não acumulativo do USbp, por não

    permanecer aumentado até o 180 dia, o que consiste com o estudo de Winter e

    col. (2003) em que o estímulo mecânico contínuo in vitro diminui o cálcio,

    fosfatase alcalina e a atividade do DNA celular dos osteoblastos. Em adição,

    nesse mesmo estudo observou-se que a TOC provoca, inicialmente, morte celular

    e diminuição da atividade de fosfatase alcalina (Tam et al., 2008). Em contra

    partida, o presente estudo contrapõe os achados acima descritos, em que se

    obteve como resultado a expressão precoce já aos sete dias da atividade proteica

    e consequente osteogênese. Uma hipótese à distinção dos resultados dever-se-á

    as diferentes metodologias empregadas nos estudos sendo um modelo in vivo e

    outro in vitro, o que sugere novos estudos para melhor entendimento.

    Corroborando os achados deste trabalho, o estudo de Wang e col.

    (2003) utilizando o mesmo protocolo (0,12mJ/mm²), demonstrou que os níveis dos

    fatores angiogênicos NO (óxido nítrico), VEGF (fator de crescimento endotelial

    vascular) e BMP-2 (proteína morfogênica óssea-2), mantiveram-se expressos

    entre a primeira e a oitava semanas após estímulo único de TOC nas junções

  • 34

    tendão-osso intactos, o que reforça o efeito cumulativo da expressão desses

    fatores após estímulo único da TOC. No entanto, Maier e col. (2002), ao utilizar

    energia menor (0,05 e 0,09mJ/mm²) do que a utilizada no presente estudo,

    encontrou que o estímulo biológico produzido pela TOC em estímulo único com

    aplicada em ossos íntegros de coelhos vivos, não estimulou a vascularização e

    nem foi detectada após 10 dias cintilografia óssea utilizando marcador Tc-DPD

    (technetium 3.3-diphosphono-1.2-propandicarbon acid).

    Wang e col. (2002) observaram em cultivo celular de medula óssea de

    ratos, que a diferenciação osteogênica foi induzida por meio da fosforilação da Erk

    mediada pelo superóxido (O2-) após 1h do estímulo de TOC. Além disso,

    há relatos que a Erk já pode ser detectada em osteoblastos cultivados in vitro,

    10 minutos após a estimulação pela TOC, sendo um método eficaz e rápido no

    recrutamento de fatores pró-apoptóticos que promove proliferação e diferenciação

    dos mesmos (Tamma et al., 2009). Estes achados podem fortalecer e explicar os

    resultados do presente estudo ao serem encontrados níveis altos de Erk aos dias

    após a aplicação singular do estímulo.

    Ao apresentar aumento da atividade da Erk e Akt por 21 dias após

    única sessão de TOC, o presente estudo assemelha-se aos resultados de Chen e

    colaboradores (2004) que demonstraram aumento da atividade de Erk e p38 por

    42 dias após TOC em ossos de ratos num modelo experimental de defeito

    segmentar. Apesar da possibilidade do modelo de defeito segmentar ser similar a

    uma situação de osso com fratura, no estudo de Chen e colaboradores (2004),

    a TOC foi realizada 8 semanas após a produção do defeito ósseo, quando o osso

    já está consolidado. Desse modo, acredita-se que seus resultados podem ser

    comparados com os resultados deste estudo, onde foram utilizados membros

    intactos, aproximando dessa forma os resultados e dando mais consistência a

    terapia por ondas de choque no processo de ganho de massa óssea.

    A Akt é encontrada no citoplasma e participa na sinalização dos fatores

    de crescimento que promovem a sua modulação e diferenciação e previne a

    apoptose durante o processo de renovação celular (Heron-Milhavet et al., 2011).

  • 35

    Este efeito foi demonstrado no estudo de Yu e colaboradores (2014),

    no qual mioblastos de linhagem celular H9c2 em isquemia/hipóxia induzida,

    foram submetidos à TOC, e foi observado que a capacidade de atenuar a

    apoptose ocorreu mediada pela ativação da via PI3K/Akt, entretanto, o efeito

    protetor da musculatura cardíaca não foi observado de forma significativa pela via

    da Erk em relação ao controle. Moon e col. (2011) observaram o aumento da

    expressão de Akt durante osteoclastogênese como sugerido no presente estudo,

    onde foi observado o aumento da fosforilação dessa mesma proteína no tecido

    ósseo extraído das tíbias e fíbulas dos ratos estimulados pela TOC.

    Neste experimento, a atividade da Akt permaneceu aumentada por

    21 dias após uma única sessão de ondas de choque. Na literatura consultada,

    não foram encontrados estudos abordando o efeito da TOC sobre a Akt do tecido

    ósseo, no entanto, estudo de Tam e col. (2008) observaram que a viabilidade

    celular diminuiu 6 dias após a TOC, mas aumentou 18 dias depois. O aumento da

    viabilidade celular observado naquele estudo pode estar relacionado com o

    aumento da atividade de Akt observado neste estudo, que ocorreu sete dias após

    a TOC.

    Vale a pena ressaltar que os resultados podem apresentar algum viés

    já que do ponto de vista metodológico, a extração das proteínas apesar de ter sido

    exaustivamente planejada e treinada em estudo piloto, pode interferir

    negativamente nos resultados (Gusmão et al., 2010) devido ao grande número de

    etapas em que podem ocorrer variações no processamento manual das amostras

    e da resposta individual de cada animal ao estímulo. Dessa forma faz-se

    necessária a utilização de outras metodologias, dentre elas o PCR (polymerase

    chain reaction) para aumentar a especificidade e sensibilidade da mensuração dos

    níveis das proteínas, dessa forma, futuros trabalhos se fazem necessários para a

    compreensão do completo mecanismo de ação da TOC no metabolismo ósseo.

  • 36

    CONCLUSÕES

    Concluímos que o estímulo mecânico gerado pela TOC de forma

    percutânea nas tíbias e fíbulas dos animais ativa a resposta bioquímica

    intracelular (deformação mecânica da MEC/Integrina/Fak), onde houve a

    fosforilação de Erk e Akt no grupo tratado em relação ao grupo controle.

    Os resultados desse estudo contribuirão para melhorar o entendimento

    dos efeitos das deformações mecânicas no tecido ósseo e para o aperfeiçoamento

    do tratamento de patologias do aparelho locomotor como a osteoporose e fraturas.

    6.1- Sugestões para trabalhos futuros

    Testar um maior número de proteínas [dentre elas: IRS1

    (insulin receptor substrate 1), JNK e p38] para comprovar com melhor eficácia a

    resposta do tecido ósseo ao estímulo mecânico. E a utilização de outros métodos

    de avaliação como por meio de PCR, onde pode ser observado a expressão

    gênica das proteínas a serem pesquisadas.

  • 37

    REFERÊNCIAS

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  • 43

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    accelerates tooth movement via activation of the BMP-2 signaling pathways.

    plosone.org. 2013;8(7):1-10.

  • 44

    ANEXO I

    Carta de submissão do artigo (20 de janeiro de 2015)

    Sta Lídia Dornelas de Faria,

    Agradecemos a submissão do seu manuscrito "Terapia por ondas de

    choque eletrohidráulicas aumenta a atividade da ERK-1/2 e Akt em tíbias íntegras

    de ratos por 21 dias após estímulo inicial." para Acta Ortopédica Brasileira.

    Através da interface de administração do sistema, utilizado para a submissão, será

    possível acompanhar o progresso do documento dentro do processo editorial,

    bastando logar no sistema localizado em:

    URL do Manuscrito:

    http://submission.scielo.br/index.php/aob/author/submission/145023

    Login: lidiadornelas

    Em caso de dúvidas, envie suas questões para este email.

    Agradecemos mais uma vez considerar nossa revista como meio de transmitir ao

    público seu trabalho.

    Fernanda Colmatti

    Acta Ortopédica Brasileira

    Acta Ortopédica Brasileira

    http://submission.scielo.br/index.php/aob

    Fernanda Colmatti / Arthur Tadeu de Assis.

    Atha Comunicação e Editora Ltda.

    Fone/ Fax: 55 11 5087-9502/ 5579-5308

    http://submission.scielo.br/index.php/aob/author/submission/145023http://submission.scielo.br/index.php/aob

  • 45

    ANEXO II

    Artigo submetido em 20 de janeiro de 2015.

    Terapia por ondas de choque eletrohidráulicas aumenta a atividade da ERK-

    1/2 e Akt em tíbias íntegras de ratos por 21 dias após estímulo inicial

    Extracorporeal Shock wave therapy increases ERK-1/2 and Akt activity of

    intact rat tibia for 21 days following primary stimulation

    Lídia Dornelas de Faria¹, Alexandre Gabarra Oliveira², Juliana Falcato Vecina²,

    Mario Jose Abdalla Saad², Carlos Vinícius Buarque de Gusmão¹, William Dias

    Belangero¹

    1-Laboratório de Biomateriais em Ortopedia (LABIMO) - Departamento de

    Ortopedia e Traumatologia - Faculdade de Ciências Médicas - Universidade

    Estadual de Campinas (Unicamp)

    2-Laboratório de Investigação Clínica em Resistência à Insulina (LICRI) -

    Departamento de Medicina Interna - Faculdade de Ciências Médicas -

    Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

  • 46

    RESUMO

    Objetivo: Determinar se a atividade da FAK (focal adhesion kinase),

    ERK-1/2 (extracellular signal-regulated kinase) e Akt aumentam após terapia por

    ondas de choque (TOC) eletrohidráulicas em ossos íntegros de ratos saudáveis.

    Métodos: Quinze ratos Unib: WH machos foram submetidos à TOC em uma única

    sessão em que foram aplicados 500 pulsos a 4 Hz e 0,12mJ/mm² nas patas

    posteriores direita e esquerda. Após 7, 14 ou 21 dias, a atividade da FAK, ERK-1/2

    e Akt das tíbias e fíbulas desses animais foram avaliadas por immunoblotting.

    Outros quinze ratos foram falsamente estimulados e serviram como grupo

    controle. Resultados: A atividade da ERK-1/2 e Akt aumentaram em todos os

    grupos, porém a FAK não foi identificada em nenhum espécime.

    Conclusões: A TOC aumenta a atividade da ERK-1/2 e Akt por 21 dias,

    mas não é capaz de aumentar a atividade nem a expressão da FAK a partir de

    7 dias do estímulo inicial. Nível de Evidência II, Estudo Prospectivo e Comparativo.

    Descritores: Terapia por ondas de choque, mecanotransdução, osteogênese,

    FAK, ERK, Akt.

    ABSTRACT

    Purpose: Determine whether FAK (focal adhesion kinase), ERK-1/2 (extracellular

    signal-regulated kinase) and Akt activation are increased by extracorporeal shock

    wave therapy (ESWT) in intact and healthy rat tibia. Methods: Each hindlimb of

    15 Unib: WH male rats received 500 impulses of shock waves at 4 Hz and

    0.12mJ/mm2. Seven, 14 or 21 days following that single stimulation, FAK, ERK-1/2

    and Akt activities were assessed by immunoblotting. Fifteen rats received sham

    ESWT and were assigned to the control group. Results: Increased ERK-1/2 and

    Akt activation were observed in the treatment groups, but FAK expression and

    activation were not detected in any specimen. Conclusions: ESWT increases

  • 47

    ERK-1/2 and Akt activation for 21 days, but fails to increase FAK expression and

    activity 7 days following primary stimulation. Evidence level II, Prospective and

    Comparative Study.

    Keywords: Extracorporeal shockwave therapy, mechanotransduction,

    osteogenesis, FAK, ERK, Akt.

    INTRODUÇÃO

    Terapia por ondas de choque (TOC) e ultrassom de baixa potência

    (USbp) são métodos físicos não invasivos utilizados na prática ortopédica para

    acelerar a consolidação óssea e tratar pseudoartrose(2,12,14,15). As ondas

    mecânicas produzidas por esses aparelhos deformam as células ósseas e ativam

    proteínas que promovem proliferação celular, migração celular e inibição da

    apoptose. Baseado principalmente em estudos in vitro, advoga-se que a FAK

    (focal adhesion kinase) é uma das primeiras e principais proteínas ativadas pelas

    deformações mecânicas, funcionando como um conversor da deformação

    mecânica em sinal biológico. Após ativação, a FAK ativa vias de sinalização

    celular nas quais ERK-1/2 (extracelluar signal-regulated